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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL

DA COMARCA DE IGUATU CE

A PARTE AUTORA, devidamente qualificada nos presentes autos,


através de seu advogado infra-assinado, diante do conteúdo da decisão retro,
vem à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 1.009 e seguintes do
Novo Código Processo Civil, interpor tempestivamente RECURSO DE
APELAÇÃO, requerendo desde já sejam remetidas as razões recursais anexas
para o Tribunal de Justiça.
De início, dirigindo-se ao juízo de primeiro grau, a parte exequente,
ora apelante, vem demonstrar o total interesse no prosseguimento do feito,
atendendo assim, ao ato ordinatório praticado nos autos de origem.
Informa que deixa de juntar a guia de custas de preparo do recurso,
uma vez que beneficiária da justiça gratuita.

Termos em que,
Pede deferimento.

Fortaleza/CE, terça-feira, 11 de maio de 2021.


Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Ceará

Emérito(a) Desembargador(a) Relator(a),

Douto(a) Desembargador(a) Relator(a),

DO PREPARO

Informa que, deixa de recolher as custas de preparo de interposição do


presente Recurso, por ser beneficiária da justiça gratuita.

DA TEMPESTIVIDADE

Inicialmente, cumpre ressaltar a tempestividade do presente recurso,


sendo que o prazo é de 15 (quinze cinco) dias.
Portanto, é tempestivo o presente Recurso apresentado nesta data.

DA SÍNTESE PROCESSUAL

RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO

A sentença recorrida não pode prosperar, eis que totalmente incorreta


e destoante do Direito e da Justiça.
A parte Apelante é moradora de imóvel da COHAB e sua casa está
totalmente comprometida por causa da má construção e defeitos. Ademais,
sempre pagou as prestações dos imóveis onde está embutido o valor mensal do
prêmio do seguro.
A respeitável sentença exaurida pelo Juízo a quo, julgou improcedente
a ação, com base no art. 487,inciso I, do CPC por não ter sido realizada prova
pericial, elemento indispensável para o presente caso.
Na verdade, precipitou-se, transbordando os limites da sua capacidade
decisória, ferindo a lei processual civil sem que a parte fosse intimada
pessoalmente da possibilidade de dar prosseguimento ao feito, determinando a
extinção do feito.
 Na espécie, o processo foi extinto prematuramente, sem que
houvesse a exigida intimação pessoal da ora parte AUTORA para dar
prosseguimento ao feito.
Assim, socorre-se a ora PARTE AUTORA do presente recurso, a fim de
modificar o entendimento a quo, por ser medida de inteira Justiça e melhor
Direito.
No ajuizamento da ação, mais especificamente na petição inicial,
pedidos letra F, a parte apelante/autora requereu fosse procedido à produção de
prova pericial:

Sendo assim, a produção de prova pericial o instrumento hábil para


provar o estado recente que se encontra o imóvel.
Além disso, por toda a explanação nos autos, bem como os
documentos juntados, e por todos os casos semelhantes já ocorridos em
situações como essa, é possível constatar que os vícios no imóvel decorrem de
falha de construção, relativas à sua execução.
E nesse sentido, observa-se a responsabilidade da parte Apelada, que,
além de cometer falhas na construção da obra, omitiu-se, mesmo que,
parcialmente, na reparação dos vícios, atuando com desídia. E para que fique
constata toda essa irregularidade no imóvel em questão, é necessária a
realização da prova pericial.
Ora, dentre os direitos básicos do consumidor, destaca-se a proteção
contra práticas abusivas e a efetiva reparação de seus prejuízos decorrentes das
relações de consumo, conforme se vê pelo teor do art. 6º do CDC.
Compreendida nessa acepção, resta, sem dúvida, abusiva a prática de
colocar no mercado produtos inadequados aos fins a que se destinam. E a
inadequação, exteriorizada pelos vícios construtivos já demonstrados (retirados
da ação civil pública principal), impedem a fruição a contento das unidades, que
não dispõem de condições aceitáveis de solidez, higiene, qualidade e
habitabilidade.
De qualquer modo, ainda que tenha sido juntada petição que solicitou
o julgamento antecipado da lide, era obrigação do M.M. Juiz verificar os pedidos
constantes na inicial, uma vez que se faz necessário averiguar a qualidade das
construções porque a ela foi dado alocar recursos públicos na construção de
residências para a população de baixa renda, a qual, desnecessário frisar, tem o
direito à moradia constitucionalmente assegurado.
No entanto, também é sabido que a correta aplicação do direito ao
caso concreto, atividade fim do Estado juiz, passa necessariamente por uma
correta contextualização destes fatos sobpena de, ao contrário, o magistrado, ao
partir de uma premissa ainda que minimamente deturpada, o que dirá falsa, ser
levado a erro e, assim, formar a sua convicção equivocadamente, ainda que, na
pior das hipóteses, a desconhecimento seu.
Diante disso, com base no artigo 370 do CPC/2015, o juiz deveria ter
determinada a produção de prova pericial, já requerida na inicial, vejamos:
Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da
parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do
mérito.
Ou seja, o juiz é o destinatário da prova, e a ele compete convenientes
sobre a necessidade ou não de sua realização, determinando aquelas provas que
achar convenientes. Por esta razão, o M.M. Juiz deveria ter determinada a prova
pericial sem a necessidade de intimação da parte sobre novas provas, uma vez
que o pedido de prova pericial já havia sido requerido na inicial.
De plano, percebe-se nitidamente cerceamento de defesa, por ter sido
julgado o mérito da ação antes mesmo da realização da prova técnica. Além
disso, o contrato de seguro é um contrato de adesão, que deve ser interpretado
de maneira mais favorável ao consumidor. O que até o presente momento não
vem ocorrendo.
O STJ (1.837.372 ) já decidiu que impedir prova pericial em ação
securitária por vício de construção é cercear defesa:
Nancy Andrighi entende que os vícios estruturais provocam, por si
mesmos, a atuação de forças anormais sobre a edificação, pois, "se é fragilizado
o seu alicerce, qualquer esforço sobre ele é potencializado".
Os danos para os segurados, segundo Nancy Andrighi, "não são
verificados exclusivamente em razão do decurso do tempo e da utilização normal
da coisa, mas resultam de vícios estruturais de construção a que não deram
causa".
E mais:
"Em consequência ao equívoco da premissa em que se
basearam as instâncias inferiores para admitir o julgamento
antecipado da lide, sem a realização da prova pericial,
impõe-se sejam anulados o acórdão e a sentença, a fim de
que, considerado o entendimento acima esposado acerca do
tema, seja retomada a fase de instrução, permitindo à
recorrente comprovar que os danos descritos por ela na
petição inicial configuram vícios de construção, acobertados
pelo seguro habitacional obrigatório", concluiu a relatora.
Firme nessas premissas, requer-se o acolhimento da preliminar de
nulidade de sentença por cerceamento de defesa, determinando-se que o os
autos retornem à instância a quo para a realização da prova pericial requerida na
inicial.

PEDIDOS

Ex positis, a parte Apelante requer seja cassada a v. sentença,


acolhendo-se a preliminar de nulidade de sentença por cerceamento de defesa
determinando-se que o os autos retornem à instância a quo para a realização da
prova pericial e o prosseguimento do processo.

Fortaleza/CE, terça-feira, 11 de maio de 2021.

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