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ANÁLISE DO

COMPORTAMENTO Bruno Vieira de


Macedo Cortes
UMC
UNIVERSIDADE DE MOGI DA CRUZES
Leitura
◦ LOMBARD-PLATET, V. L. V., WATANABE, O. M., & CASSETARI, L. (1998).
Psicologia experimental: manual teórico e prático de análise do
comportamento. São Paulo: EDICON.

◦ Sério, T. M. A. P., Andery, M. A., Gioia, P. S., & Micheletto, N. (2002). Controle
de estímulos e comportamento operante: uma introdução. São Paulo: EDUC.

◦ Skinner, B. F. (1974). Sobre o behaviorismo (MP Villalobos, trad.). São Paulo.


Avaliação

◦ 2 avaliações
◦ M1 = 5,0 (objetiva)
◦ M2 = 3,0 (dissertativa)

◦ Estudos dirigidos = 2,0 (13 estudos no valor de 0,16 cada);


◦ Total: 10,0
Cronograma
◦ Aula 1: Apresentação do Professor, dos alunxs, da disciplina e do Behaviorismo
Radical (17/08);
◦ Aula 2: Algumas considerações sobre a Análise do Comportamento (24/08);
◦ Aula 3: Condicionamento respondente e operante (31/08);
◦ Aula 4: Extinção, modelagem e esquemas de reforçamento (14/09);
◦ Aula 5: Discriminação e Generalização: Extensões (21/09);
◦ Aula 6: Encadeamento e fading, percepção e atenção, conhecimento, formação de
conceitos e abstração (28/09);
◦ Aula 7: Controle aversivo (05/10);
◦ Aula 8: Discriminação condicional (19/10);
Cronograma
◦ Aula 9: Comportamento Verbal (19/10);
◦ Avaliação institucional M1 (26/10);
◦ Aula 10: Operantes Verbais e Comportamento governado por regras (09/11);
◦ Aula 11: O Mundo interior da motivação e da emoção (16/11);
◦ Aula 12: O Eu e os outros(23/11);
◦ Avaliação Institucional M2 (30/11);
◦ Aula 13: A questão do controle e a evolução de uma cultura (07/12);
◦ Recuperação (14/12);
BEHAVIORISMO RADICAL
Retomada histórica, epistemológica e filosófica
Algumas Considerações
◦ Os temas discutidos nesta aula são polêmicos;

◦ Alguns deles não são consenso mesmo entre analistas do comportamento;

◦ Dar aula não me coloca em posição de conhecedor absoluto, ainda mais em relação
a temas tão polêmicos...

◦ Convido vocês a conversar, a tirar suas dúvidas e a questionar;


O Behaviorismo

◦ Filosofia da ciência;

◦ É possível uma ciência do comportamento;


Behaviorismo Radical

Análise Experimental do Análise Aplicada do


Comportamento Comportamento (ABA)

Andery & Sério, 2009


Behaviorismo Radical

Prestação
de
Análise Experimental do Análise Aplicada do
serviços
Comportamento Comportamento (ABA)
O Conhecimento
Científico
Religioso
Baseado na experimentação
Baseado na fé
Sistemático
Sistemático

Filosófico Popular
Baseado na experiência Baseado na experiência
Sistemático Assistemático

Marconi e Lakatos (2003)


Filosofia e Ciência
◦ Todas as ciências tiveram sua origem na filosofia;

◦ Astronomia - Especulações filosóficas


◦ Galileu (1564 – 1642);
◦ Isaac Newton (1642 – 1727) - Força e inércia;
Filosofia e Ciência
◦ Química - Tales, Empédocles, Aristóteles;
◦ A matéria tem propriedades – quente, frio, úmido, seco, essência calórica, flogisto;
◦ Lavoisier (1743 – 1794) - Conceito de oxigênio;

◦ Biologia – Teologia
◦ Os seres vivos tem algo diferente – alma ou vis viva;
◦ William Harvey – estudos fisiológicos do coração
◦ Charles Darwin (1809 – 1882) e Alfred Wallace (1823 - 1913).
Filosofia e ciência

Filosofia: Suposições para conclusões, verdade "absoluta";

Ciência: Observações para conclusões relacionadas à observação,


verdade relativa;
Fonte: Exame Abril
A Psicologia como Ciência
◦ Até a década de 1940, era raro uma universidade que tivesse um setor
de psicologia separado do setor de filosofia;

◦ Na segunda metade do século XIX, a psicologia era comumente


chamada de "ciência da mente";

◦ Maneiras de estudar a mente por meio da introspecção;


Psicologia objetiva
◦ Século XIX – F.C.Donders - tempo de reação;

◦ Gustav Fechner – escala baseada na menor diferença perceptível


entre duas luzes ou sons;

◦ Hermann Ebbinghaus – tempo que ele levava para aprender e


reaprender sílabas sem sentido;

◦ I. P. Pavlov – aprendizagem de reflexos;


Psicologia comparativa
◦ Neste período, começava-se a reconhecer que apresentamos
semelhanças com outras espécies, não só traços anatômicos, mas
também comportamentais;

◦ Noção de continuidade da espécie;

◦ Inferências sobre a consciência nos animais, que viria a ser criticada


por Watson (1879 – 1958);
A primeira versão do Behaviorismo
◦ 1913 - "Psychology as the behaviorist views it“;

◦ Evitava-se os termos relacionados à consciência;

◦ Parte de um ponto de vista alinhado a algumas versões do positivismo


lógico;

◦ Assume que estes fenômenos ditos "mentais existem, mas não podem
ser estudados devido ao seu caráter subjetivo;
O Behaviorismo Radical
◦ Contraste com a maior parte dos behavioristas;

◦ Recusa da visão do behaviorismo metodológico;

◦ Aceita-se a possibilidade de auto-observação e auto conhecimento;

◦ Sentimentos, pensamentos, consciência são eventos observáveis também,


não devem ser negligenciados pelo fato de apenas uma pessoa poder
observá-los;
O Behaviorismo Radical
◦ “A Teoria da Evolução discutiu a existência da continuidade entre as
diferentes espécies existentes, enfatizando que a diferença entre a
espécie humana e os animais inferiores seria somente em termos de
graus diferentes de desenvolvimento, levando-se em conta, e claro, a
bagagem biológica de cada espécie. (Lombard-Platet et.al. 1998, p.
168).”
Outras vantagens no uso de animais como
sujeitos experimentais:
◦ Questão ética;
◦ Comportamentos mais simples;
◦ Simplificadas as condições de observação;
◦ Controle de variáveis:
Histórica genética do organismo;
História passada do organismo;
Condições de privação e saciação;
◦ Menor interferência das relações sociais;
O Behaviorismo e o determinismo
◦ Uma premissa básica do Behaviorismo é o determinismo. Isso quer
dizer que o Behaviorismo assume que "o comportamento é
determinado unicamente pela hereditariedade e pelo ambiente (Baum,
2005, p.25)".
O Behaviorismo e o determinismo
◦ "Muita gente faz objeções ao determinismo. Ele parece ir contra as
tradições culturais de longa data, que atribuem a responsabilidade
pelos atos ao indivíduo, e não à hereditariedade e ao
ambiente.(Baum, 2005, p.25)""

◦ Em contraposição ao determinismo existe o livre-arbítrio.


O Behaviorismo e o livre arbítrio
◦ Segundo Baum (2005), o livre arbítrio supõe um terceiro elemento
além da hereditariedade e do ambiente;

◦ Catania (1980), relaciona o livre arbítrio com a possibilidade de


escolhas;

◦ Dennett (1984) define livre arbítrio como deliberação antes da ação;


Argumentos pró e contra o livre-arbítrio

◦ O determinismo é contraditório com um sistema de governo


democrático?

◦ E quanto à moral judaico-cristã?

◦ E QUANTO AO SISTEMA JUDICIÁRIO??


Argumentos pró e contra o livre-arbítrio
◦ O livre arbítrio parece ser apenas um nome para a ignorância dos
determinantes do comportamento;

◦ Apesar de o comportamento humano ser imprevisível, segundo Baum


(2005), a noção de livre arbítrio não dá conta dessa imprevisibilidade.
Argumentos pró e contra o livre-arbítrio

◦ O livre arbítrio não faz sentido segundo a teoria da evolução. Vai contra
a noção de continuidade da espécie.
O Behaviorismo Radical e seus pressupostos
teóricos
◦ O Behaviorismo Radical se diferencia do metodológico em suas bases filosóficas;

Pragmatismo Realismo
Realismo
◦ Tudo o que vejo e sinto existe de fato; Há um mundo real fora do
sujeito;

◦ As percepções, pensamentos e sentimentos estão dentro do sujeito...


Então nossas experiências do mundo existem à parte;
Realismo
◦ Visão sobre descoberta científica e verdade;
◦ Bertrand Russel propõe o conceito de "dados sensoriais";

◦ Descrição: organização dos dados sensoriais;


◦ Explicação: descoberta de como as coisas realmente são;
Pragmatismo
◦ William James (1842 – 1910)
A força da investigação científica está naquilo que podemos fazer com ela;

◦ Algumas questões nos levam a argumentos infindáveis sem consequências práticas;

◦ Não existe uma verdade final absoluta, logo uma ideia se torna mais verdadeira no
sentido de nos permitir compreender e explicar melhor nossa experiência;
◦ Teorias são aproximações da realidade;
Pragmatismo
◦ Segundo Kuhn , o aparente progresso científico é ilusório;
◦ Algumas questões são resolvidas enquanto surgem outras;

◦ Ernst Mach (1838 – 1916) e William James (1842 – 1914);


A ciência se originou da necessidade de as pessoas se comunicarem de
forma econômica e eficiente umas com as outras;
Pragmatismo
◦ Economia conceitual: conceitos científicos são formas de passar
adiante uma experiência acumulada;

◦ Segundo esta corrente, o objetivo da ciência é a descrição de um


fenômeno em termos comuns, familiares;

◦ Distinção entre objetividade e subjetividade diferente do realismo;


Pragmatismo
◦ O Behaviorismo Radical de Skinner rejeita a visão dualista do
behaviorismo de Wattson;

◦ Logo, não faz distinções entre estes dois mundos;


A ciência do comportamento

◦ "A Ciência geralmente é definida como um corpo acumulado de


conhecimentos, adquiridos através do uso do método científico, com o
objetivo de compreender; prever e controlar os fenômenos da
natureza. (Lombard-Platet et. Al 1988, p. 20)".
A ciência do comportamento
◦ Marconi e Lakatos (2003) concordam com a ideia de que, tanto o
conhecimento popular quanto o científico são objetivos, no sentido de
se adaptarem aos fatos e buscam a coerência;

◦ Porém, o ideal de objetividade, ou seja, a “construção de imagens


verdadeiras e impessoais” só pode ser alcançado por meio da
hipotetização do real e da experimentação, desenvolvida e interpretada
por meio das teorias;
A ciência do comportamento
◦ “É um engano (...) dizer que o mundo descrito pela Ciência está de
uma forma ou outra mais próximo “daquilo que realmente existe", mas
é também um engano dizer que a experiência pessoal do artista, do
compositor ou do poeta está mais próxima "daquilo que realmente
existe". Todo comportamento é determinado, direta ou indiretamente,
pelas consequências, e os comportamentos do cientista e do leigo são
modelados por aquilo que realmente existe, mas de maneiras diversas.
(Skinner, 1974, p.111);
A ciência do comportamento
◦ A ciência carrega um progresso cumulativo.

"A ciência é uma disposição a aceitar os fatos mesmo quando eles são
opostos aos desejos."

"É característica da ciência que a falta de honestidade acarreta


imediatamente em desastre."
Skinner (1953, p.11)
A ciência do comportamento
◦ Em estágio posterior, são construídos conjuntos de leis, estabelecendo
um modelo cujo objetivo é nos ajudar a lidar com o mundo de uma
forma mais eficiente.

◦ O comportamento é um processo, não uma coisa.

(Skinner, 1953)
Algumas objeções a uma ciência do
comportamento
◦ "Tem-se dito a física, por exemplo, foi incapaz de manter sua filosofia
do determinismo, particularmente no nível subatômico." (p.18)

◦ "A ciência se ocupa do geral, mas o comportamento do indivíduo é


necessariamente único." (p.19)

◦ "A previsão do que um indivíduo médio fará é, frequentemente, de


pouco ou nenhum valor ao se tratar de um indivíduo particular." (p.20)
Skinner, 1953
Algumas objeções a uma ciência
do comportamento
◦ "O comportamento é uma matéria anômala, porque uma previsão feita
a seu respeito pode alterá-lo." (P.22)

◦ Aplicações práticas - "no laboratório muitas condições são


simplificadas e as condições relevantes frequentemente delimitadas."
(p.23)

Skinner, 1953
◦ Nosso conhecimento cada vez maior do controle exercido pelo meio
ambiente torna possível examinar o efeito do mundo dentro da pele e a
natureza do autoconhecimento;
Algumas áreas de atuação
◦ Psicoterapia;
◦ Avaliação psicológica;
◦ Ensino;
◦ Acompanhamento terapêutico;
◦ Pesquisa;
Referências
◦ Baum, W. M. (2018). Compreender o Behaviorismo-: Comportamento, Cultura e Evolução. Artmed Editora.

◦ Catania, A. C. (1980). Freedom of choice: A behavioral analysis. In Psychology of Learning and


Motivation (Vol. 14, pp. 97-145). Academic Press.

◦ Lakatos, E. M., & Marconi, M. D. A. (2006). Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas,
2003. Metodologia científica: educação à distância/(coord.) Ardinete Rover.–Joaçaba: UNOESC.

◦ LOMBARD-PLATET, V. L. V., WATANABE, O. M., & CASSETARI, L. (1998). Psicologia experimental: manual
teórico e prático de análise do comportamento. São Paulo: EDICON.

◦ Skinner, B. F. (1953). Ciência e comportamento humano (JC Todorov & R. Azzi, trads.). São Paulo: EPU.

◦ Skinner, B. F. (1974). Sobre o behaviorismo (MP Villalobos, trad.). São Paulo.

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