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TÉCNICAS E

PROCEDIMENTOS
DE PRIMEIROS
SOCORROS
PROFESSORES
Dra. Sabrina Weiss Sties
Me. Xana Raquel Ortolan

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TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação
Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


STIES, Sabrina Weiss; ORTOLAN, Xana Raquel.
Técnicas e procedimentos de primeiros socorros. Sabrina Weiss Sties;
Xana Raquel Ortolan.
Maringá - PR.:Unicesumar, 2019. Reimpressão 2021.
180 p.
“Graduação em Educação Física - EaD”.
1. Técnicas. 2. Procedimentos. 3. Primeiros socorros. 4. EaD. I. Título.

ISBN 978-85-459-1780-9 CDD - 22ª Ed. 610


Impresso por: CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828

DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação e
Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design
Educacional Débora Leite, Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de
Curadoria e Inovação Jorge Luiz Vargas Prudencio de Barros Pires, Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Gerência de Processos
Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Giovana Costa Alfredo, Supervisão do
Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard.
Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração
Victor Augusto Thomazini, Designer Educacional Lilian Vespa, Revisão Textual Érica Fernanda Ortega,
Ilustração Bruno Pardinho, Marta Sayuri Kakitani, Marcelo Yukio Goto, Fotos Shutterstock.

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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10
com princípios éticos e profissionalismo, não maiores grupos educacionais do Brasil.
somente para oferecer uma educação de qualidade, A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão soluções inteligentes para as necessidades de todos.
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- Para continuar relevante, a instituição de educação
nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
e espiritual. coragem e compromisso com a qualidade. Por
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro do ensino presencial e a distância.
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. do conhecimento, formando profissionais cidadãos
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais que contribuam para o desenvolvimento de uma
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos sociedade justa e solidária.
pelo MEC como uma instituição de excelência, com Vamos juntos!
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Kátia Solange Coelho


Janes Fidélis Tomelin Diretoria de Graduação
Pró-Reitor de Ensino de EAD
e Pós-graduação

Débora do Nascimento Leite Leonardo Spaine


Diretoria de Design Educacional Diretoria de Permanência

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autores

Dra. Sabrina Weiss Sties


Doutorado (2016) e Mestrado (2013) em Ciências do Movimento Humano pela
Universidade Estadual de Santa Catarina. Especialização em Fisioterapia Cardior-
respiratória pela Universidade Tuiuti do Paraná (2008), Licenciatura em Ciências
Biológicas pela Faculdade Avantis (2017). Possui Graduação em Fisioterapia
pela Universidade do Vale do Itajaí (2007). Membro da Brigada de incêndio, da
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA – e do Comitê de Biosse-
gurança da Faculdade Avantis. Participa de treinamentos e eventos científicos
relacionados à atuação em situações de urgência e emergência. Profere palestras
para Capacitação em urgências e emergências, com ênfase em ressuscitação
cardiopulmonar. Participa de ações de extensão e do grupo de pesquisa do
Núcleo de Cardiologia e Medicina do Exercício, Florianópolis. Atua na área
de Reabilitação Cardiopulmonar e Metabólica (RCPM). Docente do Curso de
Educação Física Bacharelado e Licenciatura, do Curso de Fisioterapia, do Curso
de Odontologia e do curso de Pós-graduação-Especialização em Fisiologia do
exercício e Coordenadora do Curso de Fisioterapia da Faculdade Avantis. Atua
há cinco anos como docente das disciplinas de urgência e emergência para
diversos cursos da área da saúde.

Currículo Lattes da professora disponível em: <http://lattes.cnpq.


br/1247690965577240>
autores

Me. Xana Raquel Ortolan


Mestrado em Ciências Farmacêuticas pela Universidade do Vale do Itajaí (2013).
Licenciatura em Ciências Biológicas pela Faculdade Avantis (2017). Possui Gra-
duação em Enfermagem pela Universidade do Vale do Itajaí (2010), atuou como
enfermeira assistencial na atenção terciária, participando de equipes multidis-
ciplinares da área da saúde. Além disso, participa de pesquisas nas áreas de
Biologia e Comportamento e Histologia. Atualmente, preside o Comitê de Ética
e o Comitê de Biossegurança da Faculdade Avantis, além de ser membro da
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA. Docente dos cursos de
graduação de Fisioterapia, Enfermagem e Odontologia da Faculdade Avantis
e Coordenadora do Curso de Enfermagem da Faculdade Avantis. Atualmente
leciona disciplinas relacionadas à Biossegurança, Ergonomia, Saúde do Traba-
lhador e aos Primeiros Socorros.

Currículo Lattes da professora disponível em: <http://lattes.cnpq.


br/0235772875783640>
apresentação do material

TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS


SOCORROS
Sabrina Weiss Sties; Xana Raquel Ortolan

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)!


Este material que o(a) acompanhará na disciplina “Técnicas e Procedimentos
de Primeiros Socorros” foi elaborado com muito cuidado para que possa servir
de base para os seus conhecimentos na área.
Ao longo dos anos, avanços relevantes na área dos primeiros socorros leva-
ram ao reconhecimento da importância do atendimento imediato às vítimas que
apresentam condições de agravo à saúde, que podem causar risco de morte.
Diante deste cenário, diversos protocolos foram desenvolvidos como referência
para a condução destes procedimentos iniciais, os quais são apresentados ao
longo desta obra.
Desta maneira, este livro tem como principal escopo informar e orientar
você, acadêmico(a) do curso de Educação Física, sobre as condutas que devem
ser seguidas diante de situações de urgência e emergência. Para tanto, serão
apresentadas, durante as unidades deste material, situações que podem ocorrer
no seu dia a dia e durante a sua atuação profissional, assim como as condutas
para o atendimento de primeiros socorros.
Você conhecerá um grupo de situações clínicas importantes, abrangendo os
tipos mais frequentes na prática do Profissional de Educação Física, no ambiente
escolar, academias, centros de treinamento, entre outros.
apresentação do material

A primeira unidade aborda temas que servem de base para o desenvolvimen-


to da disciplina, como a relevância da sua relação com o(a) aluno(a) ou atleta.
Destacamos os aspectos legais relacionados aos atendimentos de primeiros
socorros. Faremos uma reflexão sobre o preparo do Profissional de Educação
Física frente aos quadros de urgência e/ou emergência e sobre as formas de
prevenir essas situações. No último tópico, trataremos dos procedimentos gerais
para a avaliação da vítima.
Após você obter os conhecimentos sobre estes aspectos gerais do atendi-
mento, na Unidade II, estudaremos os eventos cardiovasculares e respiratórios
que podem levar à síncope (desmaio), ao aumento ou à diminuição da pressão
arterial e situações que podem causar uma parada cardíaca e/ou respiratória.
Em seguida, na Unidade III, serão abordados os eventos metabólicos, como
as alterações nos níveis de glicemia e situações que podem acometer o siste-
ma neurológico, como convulsões, acidente vascular encefálico, traumatismo
cranioencefálico e raquimedular.
Na Unidade IV, verificaremos as características dos acidentes por envenena-
mento e intoxicação e enfatizar as lesões que causam hemorragia e queimaduras.
E, para finalizar, na Unidade V você conhecerá as lesões musculoesqueléticas,
que são peculiares à prática esportiva, as quais serão divididas em lesões do
tórax, do abdômen, da coluna, dos membros superiores e inferiores.

Um forte abraço e bons estudos!


sum ário

UNIDADE I UNIDADE II
ASPECTOS GERAIS DO ATENDIMENTO À URGÊNCIA URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES
E EMERGÊNCIA E RESPIRATÓRIAS
16 Relação Profissional de Educação Física–Aluno 50 Lipotimia e Síncope
18 Incidência de Situações de Urgência 52 Hipertensão Arterial Sistêmica, Crise Hiper-
e Emergência na Prática Esportiva tensiva e Hipotensão
20 Aspectos Legais e Órgãos Competentes 54 Aterosclerose, Doença Arterial Coronariana
(DAC) e Angina
22 Urgência e Emergência
55 Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)
24 Introdução aos Primeiros Socorros
56 Parada Cardiorrespiratória (PCR)
26 Preparo do Profissional de Educação Física
Frente aos Quadros de Urgência 62 Obstrução das Vias Aéreas (OVA)
e/ou Emergências Médicas
65 Síndrome de Hiperventilação
28 Prevenção das Emergências Médicas
66 Crise Asmática
30 Avaliação da Vítima
68 Afogamentos
42 Referências
78 Referências
45 Gabarito
81 Gabarito
s um á r io

UNIDADE III UNIDADE V


URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS EM ATIVIDADES
METABÓLICAS E NEUROLÓGICAS FÍSICAS
86 Hiperglicemia e Hipoglicemia 148 Lesões Musculoesqueléticas em Atividades
Físicas
90 Convulsão e Epilepsia
152 Lesões na Coluna
94 Ataque Isquêmico Transitório (AIT)
154 Lesões no Tórax e Abdômen
96 Acidente Vascular Encefálico (AVE)
156 Lesões Musculoesqueléticas em Membros
100 Traumatismo Cranioencefálico (TCE)
Superiores
102 Traumatismo Raquimedular (TRM)
160 Lesões Musculoesqueléticas em Membros
110 Referências Inferiores
113 Gabarito 175 Referências
179 Gabarito
UNIDADE IV
ACIDENTES E LESÕES EM GERAL 180 CONCLUSÃO GERAL
118 Hemorragia Interna e Externa
122 Queimaduras
126 Choque Elétrico
128 Insolação
130 Intoxicação e Envenenamento
134 Lesões nos Olhos, Orelhas e Dentes
141 Referências
143 Gabarito
ASPECTOS GERAIS DO ATENDIMENTO
À URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

Professora Dra. Sabrina Weiss Sties


Professora Me. Xana Raquel Ortolan

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Relação profissional de Educação Física-Aluno
• Incidência de situações de urgência e emergência na prática esportiva
• Aspectos legais e órgãos competentes
• Urgência e emergência
• Introdução aos primeiros socorros
• Preparo do profissional de Educação Física frente aos quadros de urgência e/ou emergências
médicas
• Prevenção das emergências médicas
• Avaliação da vítima

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender a importância do bom relacionamento entre o profissional de Educação Física e
o aluno.
• Conhecer as situações de urgência e emergência mais prevalentes durante a atividade física.
• Analisar os aspectos legais em relação ao atendimento de primeiros socorros.
• Entender a diferença entre as situações de urgência e emergência.
• Compreender o significado de primeiros socorros.
• Refletir sobre o preparo do profissional de Educação Física frente aos quadros de urgências e
emergências mais frequentes.
• Conhecer as condutas voltadas à prevenção de urgências e emergências.
• Aprender sobre os procedimentos relacionados à avaliação da vítima e as técnicas corretas
para avaliação dos sinais vitais.
unidade

I
INTRODUÇÃO

Q
ualquer indivíduo está sujeito a sofrer acidentes ou lesões, e po-
dem ocorrer independentemente do ambiente em que se en-
contra, seja na escola, universidade, na rua seja até mesmo em
casa. A falta de conhecimento em relação aos procedimentos de
primeiros socorros pode provocar sequelas irreversíveis nas vítimas de
situações de urgência ou emergência. Em casos mais graves, o óbito pode
ocorrer, especialmente, quando há demora entre a ocorrência do evento
e a chegada do serviço especializado.
Não é novidade que, em locais onde há prática de atividade física, a
incidência de acidentes e lesões pode aumentar, consideravelmente. Nes-
te sentido, o(a) profissional de Educação Física tem um papel fundamen-
tal na promoção da saúde dos seus alunos e atletas e na prevenção de
urgências e emergências que possam ocorrer no ambiente de trabalho.
Baseando-se nessa premissa, é que se torna importante o conhecimento
sobre primeiros socorros.
Considerando a responsabilidade dessa profissão, a maioria dos cur-
sos de graduação em Educação Física, nas modalidades de licenciatura e
bacharelado, tem implementado em sua grade curricular disciplinas que
abordam os primeiros socorros. Portanto, a falta de conhecimento em
relação a este tema não pode ser uma justificativa para a omissão do so-
corro ou para a adoção de técnicas inadequadas diante de situações de
urgência ou emergência. Enquanto profissionais, temos responsabilidade
sobre nossas intervenções e não podemos admitir que nossas atitudes
sejam equivocadas, devido à utilização de condutas impróprias ou da so-
licitação desnecessária da assistência especializada em emergência.
Por conseguinte, caro(a) aluno(a), esperamos que você faça uma leitura
atenta desta unidade e aproveite as sugestões de reflexão e aprofunda-
mento apresentadas ao longo deste caderno e no material complementar.
E aí, vamos começar?
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS

Relação Profissional
de Educação Física–Aluno

16
EDUCAÇÃO FÍSICA

Manter uma boa relação entre você e o(a) aluno(a) é empatia e afetividade. Além disso, deve haver coe-
imprescindível para que possa conhecê-lo(a) e obter rência entre o seu discurso e os seus atos.
informações sobre seu histórico de saúde e persona- Lembre-se de transmitir tranquilidade e segu-
lidade. Estes aspectos podem contribuir na preven- rança, pois são condutas fundamentais para garantir
ção de acidentes ou de eventos que coloquem a vida um atendimento de qualidade em casos de urgência
em risco. ou emergência e prevenir complicações futuras.
A qualidade dos relacionamentos está direta- Contudo, caro(a) aluno(a), você sabe quais são
mente relacionada à integridade e à capacidade de as lesões mais comuns relacionadas à prática espor-
os indivíduos inspirarem confiança. Em eventos de tiva que poderá presenciar no seu dia a dia? Vamos
urgência ou emergência, a vítima, normalmente, conhecê-las?
encontra-se fragilizada, portanto, quando falar com
a vítima, procure resgatar a confiança adquirida ao
longo do tempo, demonstre convicção quanto ao co-
nhecimento dos primeiros socorros e explique com
clareza que a ajudará.
Visto que o processo de interação humana en-
contra-se presente em todos os ambientes e que o
ser humano é um ser sociável e depende de boas re-
lações para a sua sobrevivência, a maneira como se
dão essas interações determina o nível de confian-
ça entre os indivíduos.
Neste contexto, durante a prática de ativida-
des físicas, a figura do profissional de Educa-
ção Física é fundamental, pois envolve o elo
afetivo e permite, por meio das atividades
corporais esportivas, culturais e coope-
rativas, experiências positivas que en-
sinam a conviver, harmoniosamente,
uns com os outros (CASTAGNOLI,
2009). Entretanto o desafio de manter
um bom relacionamento entre profes-
sor(a)-aluno(a) é grande, pois dentro
de um mesmo ambiente social estão inse-
ridas pessoas diferentes em vários aspectos.
As competências que são consideradas relevan-
tes para estabelecer essa relação são: comunicação,
liderança, equilíbrio emocional, autoconhecimento,

17
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS

Incidência de Situações de Urgência


e Emergência na Prática Esportiva

18
EDUCAÇÃO FÍSICA

As lesões mais típicas relacionadas à prática esporti- musculoesqueléticas variadas, também estão vulne-
va podem ser diferenciadas em: traumáticas e clíni- ráveis a complicações. De fato, tem-se o entendimen-
cas. As fraturas, ferimentos, hemorragias, traumas de to de que situações de emergência, durante ou após
crânio, tórax e coluna são consideradas as principais o exercício físico, dependem de fatores, como idade,
lesões traumáticas. Já as lesões clínicas, destacam-se gênero, comorbidades e tipo de esporte praticado.
o mal súbito, o desmaio, a crise convulsiva, o infarto Ademais, naqueles indivíduos que já apresentam
e a parada cardiorrespiratória (CREF4, 2014). distúrbios cardiovasculares e quadro clínico instável,
No que se refere às crianças, devido às suas caracte- o esforço físico acima de determinada intensidade é
rísticas anatômicas, menor coordenação e habilidade extremamente perigoso, podendo levar às arritmias
motora, maior impulsividade e baixo reconhecimen- ventriculares, isquemia miocárdica, parada cardior-
to dos riscos, elas se tornam suscetíveis aos acidentes, respiratória e ao óbito (ALBERT et al., 2000).
frequentemente graves, no ambiente escolar. Como professor(a), em algum momento, você,
Estudos desenvolvidos em nível mundial demons- provavelmente, estará envolvido em situações que
traram que as quedas são os acidentes mais frequentes requerem a prestação de primeiros socorros. Por-
com crianças e adolescentes em espaço escolar, repre- tanto, lembre-se de que o profissional de Educação
sentando, em 2011, uma taxa de 55% do total de aci- Física deve assegurar a seus beneficiários um serviço
dentes escolares ocorridos (CRISTO, 2011). Esse tipo profissional seguro, competente e atualizado, pres-
de acidente é a principal causa de lesões traumáticas tado com o máximo de conhecimento, habilidade e
cerebrais, com risco significativo de sequelas crônicas experiência. Isso também se aplica às situações que
demandando custos consideráveis (WHO, 2008). necessitam de cuidados emergenciais, as quais estão
Os atletas e frequentadores de academia e centros previstas em diversas normas e leis que regem os as-
de treinamento, porém, além de apresentarem lesões pectos relacionados aos primeiros socorros.

19
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS

Aspectos Legais
e Órgãos Competentes

A prestação dos primeiros socorros ainda é motivo tando de cuidados e omitir socorro em situações em
de dúvidas para o cidadão e os profissionais. Qual é que não haja risco pessoal, são condutas que carac-
a nossa responsabilidade diante de uma vítima que terizam crime perante a legislação brasileira.
necessita de auxílio durante as situações de urgência O Código Civil Brasileiro (BRASIL, 2002, on-
e emergência? Você, enquanto profissional de Edu- -line) destaca, no Artigo 186, que o indivíduo que,
cação Física, deve conhecer as leis, os códigos de “por ação ou omissão voluntária, negligência ou
ética e as normas relacionadas às intervenções em imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
primeiros socorros. ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
O fato de ofender a integridade corporal ou saú- Por sua vez, de acordo com o Código Penal Bra-
de de outrem, abandonar pessoa que está necessi- sileiro, Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940, qual-

20
EDUCAÇÃO FÍSICA

quer indivíduo, mesmo o leigo, tem o dever de ajudar Por outro lado, destaca-se que a vítima não pode
a pessoa acidentada ou simplesmente chamar ajuda. ser forçada a receber os primeiros socorros. Em mui-
Do contrário, sofrerá sanções penais (BRASIL, 1940). tos casos, ela tem direito de recusar o atendimento,
Neste sentido, sabe-se que todo profissional que seja por crença religiosa ou por falta de confiança no
tenha obrigatoriedade de prestar socorro, como o(a) prestador do serviço.
educador(a) físico(a), está sujeito aos estatutos legais Em adultos, o direito existe quando estiverem
que regem a prestação de socorro. Nos casos omis- conscientes, ou caso a vítima esteja impedida de
sos, o profissional sofrerá processos penais e respon- falar em decorrência do acidente, como um trau-
derá pela consequência de sua omissão. ma na boca, mas demonstre através de sinais que
O Artigo 135, do Código Penal (BRASIL, 1940), não aceita o atendimento, fazendo uma negativa
fixa que deixar de prestar assistência, quando possível com a cabeça ou empurrando a mão do prestador
fazê-lo sem risco pessoal, à pessoa inválida ou ferida, de socorro. Nessas situações, você deve certificar-
deixando-o ao desamparo ou em grave e iminente pe- -se que o socorro especializado foi solicitado e
rigo, ou não pedir o socorro da autoridade pública é continuar monitorando a vítima. Por outro lado,
crime. A penalidade pode ser pagamento de multa ou em crianças, a recusa do atendimento pode ser fei-
detenção, que varia de um a seis meses, podendo ser ta pelo pai, mãe ou responsável legal. Se a criança
aumentada em metade caso haja omissão que resulte é retirada do local do acidente antes da chegada do
em lesão corporal grave; e triplicada, se houver morte. socorro especializado, o prestador deverá, se pos-
Para o Conselho Federal de Educação Física, as sível, arrolar testemunhas que comprovem o fato
responsabilidades com os alunos que praticam al- (SILVEIRA; MOULIN, 2003).
guma atividade física seguem alinhadas aos direitos
constitucionais, civis, penais e, sobretudo, à ética REFLITA
profissional (CONFEF, 2008). Compete a esse pro-
fissional, a avaliação do aluno, além de coordenação,
A principal causa de morte fora dos hospi-
organização, planejamento e supervisão da aula/ tais é a falta de atendimento e a segunda é
treino e, ocupando lugar de destaque, deve, entre to- o socorro inadequado. As pessoas morrem
das as atividades, ter um conhecimento prático dos porque ninguém faz nada ou porque alguém
não capacitado resolveu fazer algo.
procedimentos que devem ser adotados em situação
de urgência e emergência (BRASIL, 2010). (Marta Peres Sobral Rocha)

Sendo assim, é de suma importância que o(a)


profissional esteja preparado para as exigências de
qualidade e de ética profissional nas intervenções Nas situações em que a pessoa não possui um trei-
que realizar. Ele deverá estar treinado para agir em namento específico ou não se sente confiante para
diversas situações de emergência, para compreen- atuar, o fato de chamar o socorro especializado já
der, analisar e aplicar o seu conhecimento, em luga- descaracteriza a ocorrência de omissão de socorro.
res onde pode haver a intervenção desse profissional Ressalta-se que cada pessoa deve agir conforme seus
(STEINHILBER, 2002). conhecimento e limites.

21
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS

Urgência
e Emergência

22
EDUCAÇÃO FÍSICA

A área de urgência e emergência exige do profissio- As situações de emergência, porém, compre-


nal qualificação para oferecer os cuidados instantâ- endem uma ameaça iminente à vida, sofrimento
neos e seguros à vítima, independentemente do seu intenso ou risco de lesão permanente, havendo
estado. Nesse sentido, saber diferenciar os dois é o necessidade de tratamento médico imediato. Essas
primeiro passo para compreender o planejamento condições podem levar a danos irreversíveis e até
do atendimento à vítima. a óbito (GIGLIO-JACQUEMONT, 2005). Como
Devido aos conceitos de urgência e emergência exemplo temos: o infarto agudo do miocárdio
não serem aplicados apenas à área da biomédica, a (IAM), parada cardiorrespiratória (PCR) e hemor-
leitura das definições, por vezes, não expressa com ragias intensas.
clareza a diferença destes termos. É por isso que, fre- A partir disso podemos considerar que para
quentemente, há uma dúvida sobre a determinação cada situação existe uma opção de protocolo di-
de situações que configuram urgência ou emergência. ferenciado. Nos casos de menor gravidade, como
É verdade que os atendimentos urgentes ou dores leves, ferimentos superficiais, síncopes etc.,
emergentes são, frequentemente, interligados, mas a vítima pode ser encaminhada às Unidade Bási-
ainda assim não são sinônimos. Inicialmente, pode- cas de Saúde. Por outro lado, em casos de emer-
-se dizer que a detecção do risco de morte iminente gência, como dores no tórax, acidente vascular
ou do perigo que ameaça a manutenção das funções encefálico, traumatismo raquimedular ou parada
vitais é um dos critérios básicos para distinguir as cardiorrespiratória, a vítima deverá receber as-
situações de emergência e urgência. sistência em Unidades Móveis de Urgência ou, se
Baseado nestas informações, agora, você conse- possível, deverá ser levada ao pronto socorro. Vale
gue diferenciar situações de Urgência e Emergência? ressaltar que situações de urgência podem tornar-
Caro(a) aluno(a), vamos compreender os aspectos -se casos de emergência se não conduzidas de ma-
que definem e caracterizam cada situação. neira adequada.
As situações de urgência exigem assistência ime- Portanto, caro(a) aluno(a), saber classificar essas
diata, no menor tempo possível, com o objetivo de evi- ocorrências tornará possível determinar a aplicação
tar complicações e sofrimento. São caracterizadas por de condutas apropriadas, prevenindo possíveis com-
processo agudo clínico ou cirúrgico, sem risco de mor- plicações, além de garantir a celeridade na procura
te iminente (GIGLIO-JACQUEMONT, 2005). Alguns de serviços especializados, o que possibilita a assis-
exemplos são: lipotimia, síncope e hipoglicemia. tência adequada e eficaz.

23
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS

Introdução aos
Primeiros Socorros

24
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os primeiros socorros são considerados como “se- que sofrem estresse emocional, causado por experi-
gundos de ouro”. Compreendem os cuidados que mentar ou testemunhar um trauma ou evento.
devem ser prestados, imediatamente, à vítima cujo Segundo a Associação Americana do Coração
estado físico põe em perigo a sua vida, com o obje- (AHA, 2010), as avaliações e intervenções em pri-
tivo de garantir a manutenção das funções vitais e meiros socorros podem ser realizadas por uma pes-
evitar o agravamento das condições, aplicando me- soa presente, com equipamento mínimo ou nenhum.
didas e procedimentos até a chegada de assistência Vale ressaltar que há redução da morbidade e
qualificada (BRASIL, 2003). mortalidade, em até 7,5%, em situações de emergên-
A American Red Cross Scientific Advisory cia pré-hospitalar, mesmo quando a primeira ajuda
Council, a Cruz Vermelha americana (2010) ca- for prestada por leigos com treinamento nesta área
racteriza os Primeiros Socorros como a assistência (VALÉRIO, 2010). No entanto no que concerne,
prestada rapidamente a uma pessoa doente ou feri- efetivamente, aos procedimentos de primeiros so-
da até chegar o serviço de emergência. São caracte- corros, destaca-se que, no âmbito dos locais onde a
rizados pelo atendimento não apenas de lesões físi- prática de exercício físico é frequente, o alcance de
cas ou doenças, mas também por outros cuidados seus objetivos depende do preparo dos profissionais
iniciais, incluindo apoio psicossocial para pessoas de Educação Física.

Segundo a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho


- IFRCRCS (2016) os objetivos dos primeiros socorros são:

Prevenir mais doenças


Preservar a vida.
ou lesões.

Aliviar o sofrimento. Promover a recuperação.

25
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS



Preparo do Profissional
de Educação Física
Frente aos Quadros de Urgência
e/ou Emergências Médicas

26
EDUCAÇÃO FÍSICA

Há uma constante preocupação dos especialistas da


área da saúde em relação aos acidentes ocorridos
durante a prática do exercício físico, já que a demo-
ra na busca de assistência especializada ou o aten-
dimento inadequado podem causar danos maiores
e até irreversíveis, interferindo na recuperação do
aluno ou na qualidade de vida.
Como citado anteriormente, o professor de
Educação Física deve ter conhecimentos quanto às
noções básicas de primeiros socorros para agir cor-
retamente sempre que for necessário. Entretanto Si-
queira et al. (2011) mostra que os professores (pelo
menos 30% deles) não se sentem preparados para
agir em situações de emergência. Outro estudo des-
taca que a maioria dos profissionais não estão capa-
citados para atender a um mal súbito ou intervir em
situações de parada cardiorrespiratória (CASSOTE
et al., 2005).
Nesta perspectiva, pode-se observar que você
precisa estar preparado(a) para lidar com os pri-
meiros socorros, pois o primeiro atendimento é
fundamental para salvar vidas. Assim, você, como
futuro(a) profissional, conhecendo as técnicas de
primeiros socorros, estará mais capacitado(a) e pre-
parado(a) para ministrar suas aulas em qualquer
ambiente, obterá uma visão clínica/periférica com
base no estado e integridade física de seus beneficiá-
rios e terá a capacidade de minimizar a probabilida-
de de acidentes.

27
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS

Prevenção das
Emergências Médicas

28
EDUCAÇÃO FÍSICA

É de suma importância levar em conta a prevenção Flegel (2015) descreve alguns tópicos que o
de acidentes e lesões no ambiente esportivo. Os fato- profissional deve seguir a fim de minimizar riscos
res de riscos podem ser extrínsecos ou intrínsecos. de lesões: planejar de forma correta as atividades,
Quando são relacionados ao ambiente, ao tipo de fornecendo as devidas orientações sobre os riscos
modalidade, às vestimentas, à orientação inadequa- inerentes aos exercícios; supervisionar o praticante
da são considerados extrínsecos. No entanto carac- durante as atividades; utilizar os princípios do trei-
terísticas, como idade, sexo, condicionamento físico namento para a prescrição de exercícios, respeitan-
e presença de doenças são fatores intrínsecos, ou do a individualidade de cada indivíduo.
seja, do próprio praticante. Neste contexto, uma boa anamnese fornece in-
Para prevenir os fatores de risco ambientais, as formações sobre o estado de saúde do praticante,
instalações e os equipamentos envolvidos na prá- torna a prática esportiva mais segura, diminuindo,
tica de atividades físicas devem estar em bom es- assim, a ocorrência de situações emergenciais.
tado e garantir segurança. Em academias, ambien- É imprescindível dar atenção adequada ao exa-
tes aquáticos e ginásios esportivos, o piso deve ser me físico, especialmente quando se trata da popula-
revestido com material antiderrapante para evitar ção idosa, que tem como característica a heteroge-
quedas. É importante que os equipamentos e ma- neidade, com diferenças em diversos aspectos, como
quinários estejam a uma distância apropriada de condições gerais de saúde, estado cognitivo, dentre
paredes e colunas. Além disso, todos os ambientes outras características intrínsecas ao processo de en-
devem ser providos de uma boa ventilação para velhecimento (HUPP; ELLIS; TUCKER, 2009).
evitar distúrbios relacionados com o desequilíbrio A classificação do estado físico do praticante de-
térmico do praticante. pende dos seus hábitos de vida, das doenças e comor-
O tipo de atividade praticada pode impor bidades. Sendo assim, é possível verificar que, para
maior risco, sendo que a especificidade da moda- prevenir as situações de urgência e emergência, você
lidade está diretamente associada a determinados precisa estar preparado para atuar diante de relatos,
riscos de acidentes ou lesões. As roupas e calçados como uso de álcool, drogas, diabetes mellitus, hiper-
também são fatores relevantes, recomenda-se que tensão arterial sistêmica entre outras. Lembrando,
sejam adequados, produzidos com tecidos que per- também, que estes hábitos e estas doenças podem
mitam a evaporação e que liberem o calor produ- ser verificados tanto em adultos como em crianças.
zido pelo organismo, considerando o conforto. É Contudo, conhecer o(a) seu(sua) aluno(a) ou atle-
indicado que os calçados tenham solado aderente e ta, tomar os devidos cuidados e oferecer orientações
sistema de amortecimento para absorção de impac- sobre a prática esportiva, pode minimizar os riscos
tos (SILVA, 1998). de acidentes e lesões e salvar vidas.

29
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS

Avaliação
da Vítima

30
EDUCAÇÃO FÍSICA

Inicialmente, antes de abordar uma vítima, será pre- Os protocolos para atendimento necessitam de
ciso verificar o local para garantir a sua segurança atitude rápida e seguem as diretrizes para procedi-
durante o atendimento. Caso o ambiente não esteja mentos baseados nas melhores evidências cientí-
adequado, em algumas situações, por exemplo, você ficas. Estes permitem maior qualidade do trabalho
pode desligar a rede elétrica antes de prestar os pri- desenvolvido, aquisição de maior confiança no pro-
meiros socorros. É importante frisar que a sua segu- cesso de tomada de decisão e maior eficácia nos des-
rança deve estar em primeiro lugar. fechos.
Portanto, ao realizar os procedimentos, você Neste contexto, podemos citar o Suporte Básico
deve utilizar materiais e equipamentos que sirvam de Vida (SBV), no qual a sequência de procedimen-
como barreiras para evitar o contato direto com san- tos tem como objetivo promover oxigenação e per-
gue e outros fluidos que possam transmitir doenças fusão aos órgãos vitais (AHA, 2010) em vítimas de
contagiosas, como as luvas descartáveis, máscaras parada cardiorrespiratória (PCR).
faciais e óculos de proteção. É importante lembrar que a sequência de atendi-
Em ambientes de prática de atividades físicas, é mento à vítima sofreu alteração. Anteriormente, era
extremamente importante ter à disposição um kit de considerada como o ABC da ressuscitação (abertu-
primeiros socorros. Além dos dispositivos de barrei- ra de via aérea, ventilação e compressões torácicas).
ra citados anteriormente, este kit deve conter: Atualmente, a sequência recomendada é CAB (com-
Quadro 1 - Kit de primeiros socorros pressões torácicas, abertura de via aérea e ventila-
Sabão ou lenços antibacterianos
ção). Esta mudança é devido às evidências de que,
apesar de a ventilação ser importante, as compres-
Tesoura
sões são imprescindíveis na RCP e não podem ser
Gazes esterilizadas
postergadas (GONZÁLEZ et al., 2013).
Esparadrapo
Os procedimentos de SBV contemplam o reco-
Ataduras
nhecimento imediato de parada cardíaca, o acio-
Tipoia
namento do serviço de atendimento móvel de ur-
Termômetro oral
gência, a realização das manobras de ressuscitação
Sacos plásticos para gelo ou bolsa de gel
cardiopulmonar (RCP) e uso do desfibrilador ex-
Estetoscópio
terno automático (DEA). As ações de SBV devem
Esfigmomanômetro
ser realizadas de maneira adequada para aumentar
Fonte: a autora.
a possibilidade de sobrevivência de uma vítima em
Agora que você já conheceu os cuidados que devem situação de emergência.
ser tomados antes do atendimento, verificaremos Diante disto, é necessário utilizar a “corrente da
como devemos proceder na avaliação e no atendi- sobrevivência” para realizar passo a passo as con-
mento nos casos de urgência ou emergência. A se- dutas durante o atendimento. Esta corrente, para o
guir, nós descrevemos os procedimentos de modo adulto (Figura 1), é composta por cinco elos que são
geral, mas, a partir da Unidade 2, você verificará as relacionados ao suporte básico e avançado de emer-
definições e condutas nas situações específicas. gência e cuidados pós-PCR (AHA, 2015).

31
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS

Figura 1 - Cadeia de sobrevivência, parada cardiorrespiratória extra-hospitalar (PCREH)


Fonte: adaptada de AHA (2015).

A corrente de sobrevivência pediátrica (Figura 2), no entanto, apresenta sequência diferen-


te da corrente do adulto. O primeiro elo refere-se à prevenção de acidentes, seguido pela
ressuscitação cardiopulmonar precoce e efetiva, acionamento imediato ao serviço móvel de
urgência, medidas de suporte avançado de vida e cuidados pós-ressuscitação (AHA, 2010).
O primeiro elo é o mais relevante visto que o desfecho de PCR em crianças, geralmente, é
muito ruim (QUILICI; TIMERMAN, 2011).

Figura 2 - Cadeia de sobrevivência pediátrica


Fonte: AHA (2010, on-line).

Na Unidade II, nós estudaremos de maneira mais específica os conceitos de PCR e outros
aspectos relevantes no atendimento desta situação (como realizar as compressões e ventila-
ções e utilizar o DEA).
A avaliação primária da vítima deve ser completada em, no máximo, 30 segundos, tendo
por objetivo avaliar as condições de risco e a necessidade do início precoce do suporte básico
de vida. Você precisa determinar se o(a) aluno (a) encontra-se estável, ou seja, se apresenta
condições e sinais vitais equilibrados e constantes ou se está instável caso apresente alterações
gradativas ou súbitas das condições e dos sinais vitais.

32
EDUCAÇÃO FÍSICA

Entendemos os sinais como sendo as alterações de alterações no padrão respiratório, como apneia
que podem ser verificadas por meio de avaliação (ausência periódica da respiração), bradipneia (res-
(por exemplo: pulso, coloração da pele e sudorese). piração lenta) e taquipneia (respirações rápidas e
No entanto os “sintomas” são relatados pela própria profundas), podemos verificar a frequência respira-
vítima, de acordo com sua percepção (por exemplo: tória (FR), ou seja, contar o número de incursões por
tontura, fraqueza e náusea). minuto. Para isto, você deverá observar a respiração
Ao abordar a vítima, você precisa checar a responsi- do(a) aluno(a), verificando a elevação do tórax.
vidade. Para isso, precisa aproximar-se e ajoelhar próxi- No caso de vítima não responsiva, deve verificar
mo da cabeça, colocando a mão sobre os ombros da se há elevação do tórax em menos de 10 segundos, não
vítima e chamar por ela. Se ela responder, apresente-se perca tempo contando as respirações por minuto. Se
e pergunte se precisa de ajuda. Se ela não responder e identificar que ela apresenta respiração, fique ao seu
não reagir, significa que está irresponsiva (SBC, 2015). lado monitorando a evolução, e, caso seja necessário,
chame o serviço móvel de urgência (GONZÁLEZ et
al., 2013). Na tabela a seguir, você pode observar os
valores da frequência respiratória em repouso.

Tabela 1 - Frequência respiratória em repouso/

até 1 ano até 60 mpm

de 1 a 5 anos até 40 mpm

de 6 a 8 anos até 30 mpm


Figura 3 - Avaliação da responsividade

Ao checar o estado geral, será possível determinar a


acima de 8 anos até 20 mpm
orientação temporal e espacial da vítima, o nível de
consciência e os sinais vitais. A checagem dos sinais
vitais contempla a verificação da respiração, pulso, adultos de 12 a 20 mpm

pressão arterial e temperatura. Esta avaliação possi-


Fonte: Brasil (2012); FIZTGERALD (1995).
bilita a identificação de possíveis problemas fisioló-
gicos e facilita o monitoramento do(a) aluno(a) que Para a avaliação do pulso, você deve pressionar le-
apresenta uma situação de urgência ou emergência. vemente a artéria com os dedos indicador e médio.
É importante lembrar que a verificação dos sinais vi- As artérias utilizadas para a avaliação são: carótida,
tais difere de acordo com a classificação do risco ou braquial, radial ou femoral. Em crianças, cheque o
do estado da vítima. pulso carotídeo ou femoral (AHA, 2015). Esta con-
Portanto, para a avaliação da respiração, no duta permitirá que você identifique se o pulso está
caso de vítimas responsivas, além da identificação forte ou fraco, e se o ritmo está regular.

33
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS

Em vítimas não responsivas, verifique o pulso Nas vítimas que não estão em situação de emergên-
central (carotídeo) em adultos (Figura 4), em crian- cia, você terá tempo para avaliar a frequência cardía-
ças o pulso central ou femoral (Figura 5): este pro- ca, a qual se refere ao número de batimentos por mi-
cedimento deve ser rápido, entre 5 e 10 segundos. nuto (bpm). Os locais podem ser os mesmos citados
Caso não detecte pulso ou esteja com dificuldade anteriormente para avaliação do pulso. Na tabela a
para avaliar, inicie as compressões e ventilações seguir, você pode observar os valores da frequência
(GONZÁLEZ et al., 2013). cardíaca em repouso.
Tabela 2 - Frequência cardíaca em repouso

até 1 ano de 94 a 169 bpm

de 1 a 5 anos de 89 a 137 bpm

de 5 a 12 anos de 65 a 130 bpm

de 12 a 16 anos de 60 a 120 bpm

Figura 4 - Avaliação do pulso carotídeo


adultos de 50 a 100 bpm

Fonte: adaptada de Pastore et al. (2009; 2016).

Embora a medida da pressão arterial (PA) faça parte


da avaliação dos sinais vitais, não está incluída nos
procedimentos de SBV. Entretanto essa avaliação é
importante para proceder em outros casos de urgên-
cia ou emergência. Tanto os procedimentos para a
medida da pressão arterial quanto os valores de re-
ferência descritos a seguir seguem a VII Diretriz de
Hipertensão Arterial (MALACHIAS et al., 2016).
Para realizar a avaliação, você precisa instruir o(a)
aluno(a) a não conversar durante a medição. O ideal
é que não esteja com a bexiga cheia e que não tenha
praticado exercícios físicos na última hora. Quanto
ao posicionamento, o(a) avaliado(a) deve estar sen-
tado(a), com as pernas descruzadas, pés apoiados no
solo, encostado(a) na cadeira e relaxado(a). O braço
Figura 5 - Avaliação do pulso femoral deve ser posicionado na altura do coração e apoiado,
Fonte: as autoras. com a palma da mão voltada para cima.

34
EDUCAÇÃO FÍSICA

Inicialmente, é necessário verificar a circunfe- É fato que, em determinadas situações, isso não
rência do braço no ponto médio entre acrômio e será possível, pois a vítima pode não conseguir per-
olécrano; selecionar o manguito de tamanho ade- manecer na posição sentada, como nos casos de sín-
quado; colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 cope (desmaio). Então, você poderá verificar a pressão
cm acima da linha cubital; estimar o nível da pressão em decúbito dorsal, mas utilizando o mesmo posicio-
arterial sistólica (PAS) pela palpação do pulso radial; namento do braço e seguir as demais recomendações.
colocar a campânula ou o diafragma do estetoscópio Em crianças, é recomendado que a medição da
sem compressão excessiva sobre a artéria braquial; PA seja realizada em toda avaliação médica após os
inflar até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estima- três anos de idade, uma vez ao ano, pois faz parte do
do da PAS obtido pela palpação; iniciar a deflação atendimento pediátrico primário (TRUELSEN et al.,
lentamente; determinar a PAS pela ausculta do pri- 2007). No entanto os valores de PA para crianças e
meiro som (fase I de Korotkoff ) e a pressão arterial adolescentes levam em consideração a idade, sexo e
diastólica (PAD) no desaparecimento dos sons (fase altura, conforme disponíveis em tabelas específicas
V de Korotkoff ) (MALACHIAS et al., 2016). ou aplicativos para smartphones.

35
TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE PRIMEIROS SOCORROS

SAIBA MAIS Quanto à classificação para as crianças e adolescen-


tes, são considerados hipertensos quando apresen-
tam PAS e/ou PAD superiores ao percentil (p) 95,
Caro(a) aluno(a), acesse o link da 7ª Diretriz
Brasileira de Hipertensão Arterial e veja as conforme idade, sexo e percentil de altura em, pelo
tabelas de referência para avaliação da pres- menos, três momentos distintos (MALACHIAS et
são arterial nas páginas 55 a 58. Disponível no
link: <http://publicacoes.cardiol.br/2014/dire-
al., 2016).
trizes/2016/05_HIPERTENSAO_ARTERIAL.pdf>. Para finalizar as avaliações dos sinais vitais, ve-
remos os métodos para verificar a temperatura. Para
Fonte: as autoras.
isso, você precisa de um termômetro e, inicialmente,
será necessário higienizá-lo com algodão e álcool,
No que se refere à avaliação da PA em idosos, há carac- agitando até que acuse temperatura igual ou infe-
terísticas peculiares ao processo de envelhecimento, o rior a 35º C (95º F). Feito isso, seque a axila do(a)
que pode causar maior frequência do hiato ausculta- avaliado(a), posicione corretamente o termômetro
tório (desaparecimento dos sons durante a deflação do na axila, com o braço pressionado contra o corpo,
manguito), resultando em níveis falsamente baixos na segurando a extremidade oposta ao reservatório
PAS e falsamente altos na PAD (Malachias et al., 2016). (GONÇALVES; GONÇALVES, 2009). Caso o ter-
Por outro lado, o posicionamento recomendado mômetro não seja digital, aguarde durante cinco mi-
para as gestantes deve ser sentada ou em posição de nutos antes da leitura. A temperatura axilar normal
decúbito lateral esquerdo, ambos os métodos trans- é de 36,5ºC. Na tabela a seguir, pode ser observada a
mitirão os mesmos resultados (OLIVEIRA, 2000). classificação de estado febril.
Agora que você já tem conhecimento para medir
Tabela 4 - Classificação de estado febril
a pressão arterial, verifique, na tabela a seguir, a clas-
Subfebril 37 a 37,5ºC
sificação da PA, a partir de 18 anos de idade, segun-
do a VII Diretriz de Hipertensão Arterial (2016). Febre baixa 37,5 a 38,5ºC

Tabela 3 - Classificação da PA de acordo com a medição casual ou no


Febre moderada 38,5 a 39,5ºC
consultório a partir de 18 anos de idade
Febre alta 39,5 a 40ºC
Classificação PAS (mm Hg) PAD (mm Hg) Fonte: adaptada de Gonçalves e Gonçalves (2009).
Normal ≤ 120 ≤ 80
Nesta unidade, verificamos os procedimentos gerais
Pré-hipertensão 121-139 81-89
para avaliação da vítima, e estes conhecimentos se-
Hipertensão estágio 1 140-159 90-99
rão necessários para você compreender os conteú-
Hipertensão estágio 2 160-179 100-109
dos das demais unidades.
Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110
Vamos verificar os conceitos e outros detalhes
Quando a PAS e a PAD situam-se em categorias diferentes,
relacionados às situações de urgência e emergência
a maior deve ser utilizada para classificação da PA.
que você poderá presenciar?
Fonte: Malachias et al. (2016).

36
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), ao longo desta unidade, destacamos o papel importante
que o(a) profissional de Educação Física possui frente às situações de ur-
gência e emergência. Você deve ter se dado conta da sua responsabilidade,
acima de tudo como cidadão, mas também como professor(a) diante de
lesões ou eventos que coloquem em risco a vida do(a) aluno(a).
Neste sentido, nesta unidade, buscamos trazer informações relacionadas à im-
portância que você tem diante da construção de uma boa relação com o(a) aluno(a),
pois ela se configura como o primeiro passo no atendimento de primeiros socorros.
O relacionamento interpessoal concreto e efetivo desenvolve o vínculo de confiança
e segurança entre os sujeitos perante essas situações.
Em um segundo momento, caro(a) aluno(a), existe a necessidade de avaliar cor-
retamente o local e as vítimas do acidente ou lesão, garantindo que a sua segurança
esteja preservada, e isso permite o gerenciamento adequado dessas condições. Des-
ta maneira, buscamos trazer os fatores que interferem no atendimento inicial e os
principais equipamentos que podem ser utilizados nessas situações. Adicionalmente,
você pode adquirir conhecimentos em relação à identificação dos sinais e sintomas
que auxiliam na classificação do evento, possibilitando um atendimento mais rápido
e eficaz, e sobre as técnicas corretas em relação à verificação dos sinais vitais.
Por fim, destacamos que o conhecimento sobre primeiros socorros não se resu-
me a essa unidade. Ainda há muito para aprender. Verifique também o material e
leitura completar e aproveite nossas atividades de estudos. Bons estudos!

37
atividades de estudo

1. Os atendimentos de primeiros socorros na área de urgência e emergência são compe-


tências do Profissional de Educação Física. As responsabilidades com os indivíduos que
praticam alguma atividade física seguem alinhadas aos direitos constitucionais, civis,
penais e, sobretudo, à ética profissional. Segundo a Resolução nº 1451/95 do Conselho
Federal de Medicina, a constatação de condições de agravo à saúde que impliquem
risco iminente de morte ou sofrimento intenso indica uma situação de:
a) Caráter menos imediatista.
b) Urgência.
c) Síndrome do jaleco branco.
d) Emergência.
e) Síncope.

2. Enquanto profissionais, temos responsabilidade sobre nossas intervenções e não pode-


mos admitir que nossas atitudes diante de situações de urgência ou emergência sejam
equivocadas. Avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas:
I - Aproximar o Profissional de Educação Física das técnicas de primeiros socorros é
imprescindível para oferecer informação atualizada sobre os diversos episódios de
urgência e emergência na prática profissional
PORQUE
II - Conhecer os riscos e medidas preventivas bem como os protocolos de atendimento
permitem agir com mais segurança, qualidade e competência.

A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta:


a) As asserções I e II são verdadeiras, e a II é justificativa da I.
b) As asserções I e II são verdadeiras, mas a II não é justificativa da I.
c) As asserções I e II são proposições falsas.
d) A asserção II é proposição falsa, mas a I é proposição verdadeira.
e) A asserção I é proposição falsa, mas a II é proposição verdadeira.

38
atividades de estudo

3. Você está em uma quadra esportiva preparando o ambiente para a prática de vôlei e se
depara com uma vítima jovem, do sexo masculino, inconsciente, seu primeiro procedi-
mento será:
a) Realizar as manobras de ressuscitação cardiopulmonar.
b) Realizar a manobra de desobstrução das vias aéreas.
c) Avaliar os sinais vitais.
d) Avaliar a responsividade da vítima.
e) Verificar a sua segurança antes de realizar o atendimento.

4. A hipertensão arterial, frequentemente chamada de pressão alta, é uma doença multifa-


torial e sistêmica. Segundo a VII Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, é considerada
hipertensão arterial estágio I em indivíduos acima de 18 anos, quando a pressão:
a) Sistólica é < que 120 mmHg, e a diastólica < que 80 mmHg.
b) Sistólica é > que 130 mmHg, e a diastólica < que 90 mmHg.
c) Sistólica é ≥ a 140 mmHg, e a diastólica ≥ que 90 mmHg.
d) Sistólica está 140-159 mmHg, e a diastólica 90-99 mmHg.
e) Sistólica é igual a 139 mmHg, e a diastólica igual a 85 mmHg.

5. O Profissional de Educação Física deve estar apto a reconhecer as situações que põem a
vida em risco assim como os procedimentos de primeiros socorros, pois são importan-
tes para manter a vítima em melhor condição possível até que se obtenha atendimento
médico. Portanto, este profissional tem como objetivo(s), nos primeiros socorros:
I - Diagnosticar as doenças.
II - Solicitar assistência médica e serviço de emergência.
III - Minimizar o risco de outras lesões e complicações.
IV - Evitar infecções.

É correto o que se afirma em:


a) I, II, III e IV, apenas.
b) I, II e III, apenas.
c) II, III e IV, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, apenas.

39
LEITURA
COMPLEMENTAR

Caro(a) aluno(a), o artigo apresentado “A importância do treinamento em primeiros so-


corros no trabalho”, dos autores Alvaro Ragadali Filho, Nerdilei Aparecida Pereira, Ivonilde
Leal, Quesia da Silva dos Anjos e Janaina Teodosio Travassos Loose (2015), publicado na Re-
vista Saberes, vem ao encontro de nossas discussões realizadas nesta unidade de estudo.
O documento tem como objetivo reforçar a importância do treinamento de primeiros so-
corros, explicando o conceito e objetivo dos primeiros socorros, demonstrando ações e
procedimentos referentes às situações de urgência/emergência e avaliando o processo de
treinamento de primeiros socorros.
Embora o artigo tenha um enfoque relacionado ao trabalho, você perceberá, ao longo da
leitura, que as informações e condutas demonstradas no texto se aplicam também à nossa
vida cotidiana. Ademais, os autores promovem uma reflexão muito pertinente sobre a im-
portância de se manter atualizado sobre as condutas de primeiros socorros, sugerindo, até,
que o estudo deste tema seja aplicado também às crianças, já no ensino fundamental. E aí,
você concorda?
A seguir, confira o resumo do artigo:
“Os acidentes de trabalho são acontecimentos que ocorrem independentemente da von-
tade do trabalhador e, em sua maioria, causam lesões físicas e psicológicas à vítima, que
dependendo da gravidade do fato passa a necessitar de socorro imediato por parte de ou-
tras pessoas para manter seus sinais vitais, evitando sequelas e aumentando suas chances
de sobrevivência até que receba atendimento especializado. Os primeiros socorros são
técnicas empregadas em prol da vida da vítima e podem ser realizados por qualquer pes-
soa, desde que esta tenha conhecimentos e habilidades para agir adequadamente. Desta
forma, este trabalho objetivou realizar um estudo literário acerca da importância do trei-
namento de primeiros socorros no trabalho, pois é de suma importância que a sociedade
se conscientize quanto ao valor de realizar um curso básico de primeiros socorros mesmo
que não faça parte das exigências de sua profissão, tendo em vista que em qualquer lugar
que estiver, alguém poderá precisar de ajuda”.
O artigo está disponível, na integra em: <https://facsaopaulo.edu.br/wp-content/uploads/
sites/16/2018/05/ed3/10.pdf>.
Caro(a) aluno(a), não perca esta oportunidade. Faça uma análise do artigo e reflita sobre
esta questão. Boa leitura!

Fonte: as autoras.

40
material complementar

Indicação para Ler

Primeiros Socorros nos Esportes


Melinda J. Flegel
Editora: Manole
Sinopse: ser um treinador bem-sucedido requer um conhecimento que vai além
das habilidades e estratégias do esporte. Inclui também ser capaz de ensinar téc-
nicas e táticas, motivar os atletas e gerenciar uma série de detalhes. Além disso,
envolve desempenhar de forma competente a função de ser o primeiro profissio-
nal a prestar ajuda em caso de lesões e doenças dos alunos ou atletas. Ainda que
esses problemas não sejam frequentes, você deverá estar preparado para pres-
tar primeiros socorros de maneira rápida e adequada quando ocorrerem, pois
isso pode salvar a vida de um indivíduo. Para ajudar você a lidar com o desafio
de administrar os primeiros socorros às vítimas lesionadas, esta obra abrange os
seguintes aspectos: a) o trabalho de equipe e a preparação necessária para uma
conduta eficiente de primeiros socorros no esporte; condução de etapas de ação
de emergência; b) condução da avaliação da vítima e administração de primeiros
socorros nas mais variadas situações de urgência e emergência.

Indicação para Acessar

O Dr. Drauzio Varella fala sobre a importância do conhecimento em primeiros socorros. Ao final, ele dá
dica de um aplicativo gratuito, disponível para Android e IOS. Baixe em seu celular, ele pode ajudar nos
estudos.
Web: <https://www.youtube.com/watch?v=fsnv8b1vNUY>.

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44
gabarito

1. D.
2. A.
3. E.
4. D.
5. C.

45
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS
CARDIOVASCULARES E RESPIRATÓRIAS

Professora Dra. Sabrina Weiss Sties


Professora Me. Xana Raquel Ortolan

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Lipotimia e síncope
• Hipertensão arterial sistêmica, crise hipertensiva e hipotensão
• Aterosclerose, doença arterial coronariana (DAC) e angina
• Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)
• Parada Cardiorrespiratória (PCR)
• Obstrução das Vias Aéreas (OVA)
• Síndrome de hiperventilação
• Crise asmática
• Afogamentos

Objetivos de Aprendizagem
• Conceituar lipotimia e síncope e descrever os primeiros socorros.
• Conceituar hipertensão arterial sistêmica, crise hipertensiva e hipotensão e descrever os
protocolos de atendimento.
• Conceituar aterosclerose, doença arterial coronariana e angina.
• Descrever o infarto agudo do miocárdio.
• Conceituar parada cardiorrespiratória e apresentar o protocolo para realização da
ressuscitação cardiopulmonar.
• Identificar a obstrução das vias aéreas e descrever o protocolo para atendimento.
• Conceituar a síndrome de hiperventilação e descrever as condutas de primeiros socorros.
• Identificar a crise asmática e saber realizar os procedimentos de primeiros socorros.
• Descrever o afogamento e descrever as condutas de primeiros socorros.
unidade

II
INTRODUÇÃO

C
aro(a) acadêmico(a), bem-vindo(a) à Unidade II do nosso ma-
terial. Agora que você já conhece os procedimentos para ava-
liar os sinais vitais, nesta unidade, abordaremos situações que
podem ser decorrentes, ou que podem ocasionar eventos que
promovam alterações nos sistemas cardiovascular e respiratório. Após
identificar cada situação, apresentaremos os protocolos indicados para o
atendimento das vítimas.
Inicialmente, caro(a) acadêmico(a), descreveremos as situações mais
comuns, como a lipotimia e a síncope, as quais costumam ser de curta
duração e podem ocorrer em indivíduos de qualquer faixa etária.
Você também aprenderá a reconhecer quando o indivíduo apresenta
hipertensão arterial sistêmica, crise hipertensiva ou hipotensão e quais
são os posicionamentos indicados e demais condutas que devem ser rea-
lizadas nestes casos.
Para que você, acadêmico(a) do curso de Educação Física, possa com-
preender melhor como e por que ocorre o infarto agudo do miocárdio e a
parada cardíaca, abordaremos os aspectos relacionados à aterosclerose e
à doença arterial coronariana, as quais, entre outros fatores, podem cau-
sar IAM e PCR.
Por fim, serão relatados os conceitos e procedimentos relacionados
aos casos que provocam alterações respiratórias, como a obstrução das
vias aéreas, que ocorre frequentemente, devido ao engasgo com alimen-
tos ou aspiração de líquido por submersão ou imersão; a síndrome de
hiperventilação e a crise asmática presenciada, geralmente, nos casos de
ansiedade.
Caro(a) aluno(a), aproveite o conteúdo desta unidade e lembre de
verificar os tópicos que trazem indicações para o aprofundamento do seu
estudo. Bons estudos! E então, vamos começar?
Lipotimia e
Síncope

Figura 2 - Síncope

Figura 1 - Lipotimia

50
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os conhecimentos sobre os procedimentos gerais Entre estas, a causa mais frequente é a diminui-
para avaliação das vítimas em situações de urgên- ção da atividade cerebral. Para manter a oxigenação
cia e emergência que abordamos na Unidade I se- no cérebro, o corpo desfalece e mantém um metabo-
rão complementados pelos conteúdos desta e das lismo basal, ou seja, realiza a mínima atividade com
próximas unidades. Desta forma, iniciaremos pe- o mínimo gasto de energia. Estas situações podem
los conceitos e condutas relacionadas a lipotimia e ocorrer também devido à queda súbita da pressão ar-
síncope. terial (hipotensão) em consequência da dor, emoção
A lipotimia é caracterizada por alteração da intensa, esforço físico, fobia de ambientes fechados,
consciência (sem perda total dela) em cuja situação calor excessivo e ao ver sangue (MORAES, 2010).
a vítima relata a sensação de desmaio. No entanto, Segundo Gonçalves e Gonçalves (2009), os si-
na síncope, há perda súbita da consciência e, conse- nais e sintomas destas situações são:
quentemente, o desmaio. Ambas as situações são de • Sensação de fraqueza.
curta duração, e a recuperação da consciência geral- • Escurecimento da visão.
mente é espontânea. • Náuseas, vômito.
A lipotimia e a síncope podem ocorrer em de- • Pele fria e pegajosa.
corrência de diversas situações. As causas mais co- • Pulso rápido e fraco.
muns estão relacionadas à desidratação, à anemia, à • Extremidades dos pés e mãos geladas.
diminuição de fluxo sanguíneo e ao oxigênio no cé- • Extremidades cianóticas (coloração azul-ar-
rebro, aos traumas na cabeça, aos problemas neuro- roxeada).
lógicos ou devido à hipoglicemia, que, geralmente,
ocorre em indivíduos que não se alimentaram, estão Os primeiros socorros dependerão se o indivíduo
fazendo regimes sem orientação ou em diabéticos está, ou não, consciente. Apresentaremos, no quadro
(GONÇALVES; GONÇALVES, 2009). a seguir, quais devem ser os procedimentos.

Quadro 1 - Procedimentos nos casos de lipotimia e síncope

Se o(a) aluno(a)/atleta estiver consciente Se o(a) aluno(a)/atleta estiver inconsciente

• Ajude-o a sentar em uma cadeira. • Inicialmente, verifique o pulso e respiração.


• Oriente que coloque a cabeça entre os joelhos, fa- • Eleve os membros inferiores cerca de 20 cm.
zendo uma pressão com as mãos na região cervical. • Coloque-o em posição de recuperação (se não esti-
• Se já estiver ao chão, eleve os membros inferiores ver lesionado), com a cabeça lateralizada.
cerca de 20 cm. • Afrouxe as roupas.
• Afrouxe as roupas. • Você deve monitorar os sinais vitais.
• Você deve monitorar os sinais vitais. • Caso verifique alteração dos sinais vitais e não ocor-
• Caso verifique alteração dos sinais vitais e não ocor- ra recuperação dentro de alguns minutos, chame o
ra recuperação dentro de alguns minutos, chame o serviço de urgência.
serviço de urgência.

Fonte: adaptado de Flegel (2008), Moraes (2010) e Varella e Jardim (2011).

51
Figura 3 - Posicionamento da vítima consciente Figura 4 - Posicionamento da vítima inconsciente
Fonte: Flegel (2008, p. 114).

Geralmente, ao presenciar estas situações, são to- nagre, água sanitária (hipoclorito de sódio), entre
madas condutas equivocadas e erradas, como: jo- outros, para tentar acordar a vítima. No entanto as
gar água no rosto da vítima, oferecer líquido ou condutas devem ser baseadas em protocolos, e não
comida, utilizar produtos com odor forte, como vi- em conhecimento popular.

Hipertensão Arterial Sistêmica,


Crise Hipertensiva e Hipotensão
Caro(a) aluno(a), na Unidade I, verificamos a classi- aos fatores de risco, como obesidade abdominal,
ficação da pressão arterial e os procedimentos para dislipidemia e diabetes mellitus. Além disso, está
avaliar a PA. Nesta unidade, abordaremos os concei- associada a eventos, como acidente vascular ence-
tos e as condutas nos casos de alteração da PA. fálico (AVE), doença renal crônica, infarto agudo
Neste contexto, podemos citar a hipertensão do miocárdio (IAM), insuficiência cardíaca (IC)
arterial (HA), é considerada uma doença multi- e morte súbita (MALACHIAS et al., 2016). Por
fatorial em que há elevação sustentada dos níveis sua vez, nas crianças, as taxas de hipertensão são
pressóricos. Geralmente, está associada a alte- maiores quando apresentam obesidade, distúr-
rações metabólicas, funcionais e/ou estruturais bios respiratórios do sono ou doença renal crônica
de órgãos-alvo. A HA pode ser agravada, devido (FLYNN et al., 2017).

52
EDUCAÇÃO FÍSICA

Durante os primeiros socorros: ocorrer por diversos motivos que causam a perda
• Mantenha o(a) aluno(a)/atleta em repouso do controle do fluxo de sangue e a hipovolemia (di-
absoluto, de maneira confortável (sentado ou minuição de sangue no corpo). Entre estes, jejum
semi-sentado). prolongado, desidratação, uso de diuréticos e troca
• Afrouxe as roupas. repentina de posição (hipotensão postural ou ortos-
• Monitore os sinais vitais. tática) (VARELLA, 2018, on-line)1.
• Se necessário, acione o SAMU. A vítima com hipotensão pode apresentar: ton-
• A elevação dos membros inferiores neste tura, visão embaçada, náuseas, vômitos síncope,
caso, está contraindicada.
pulso rápido ou irregular, fadiga, confusão e disp-
Dentre os casos de elevação da PA, encontra-se a neia (MION, 2016, on-line)2.
crise hipertensiva, a qual pode ser classificada como Durante os primeiros socorros:
urgência hipertensiva ou emergência hipertensi- • Mantenha o(a) aluno(a)/atleta em repouso,
va. Estas são situações clínicas sintomáticas em que deitado(a) de maneira confortável com os
é observada elevação acentuada da pressão arterial membros inferiores elevados.
diastólica (≥ 120 mmHg), sendo que na urgência hi- • Afrouxe as roupas.
pertensiva há elevação da PA superior ao percentil 99. • Monitore os sinais vitais.
Nestes casos, pode ocorrer acometimento neurológi- • Se necessário, acione o SAMU.
co, renal, hepático, insuficiência miocárdica, convul- É recomendado para hipertensos que possuam mais
sões e alterações visuais (MALACHIAS et al., 2016). de três fatores de risco, diabetes ou cardiopatias, re-
As condutas têm ênfase em prestar os primeiros alizar o teste ergométrico antes de realizar atividades
socorros realizando a rápida identificação da crise físicas. Além disso, antes de esses indivíduos começa-
hipertensiva e remoção da vítima, para isso, acione rem a praticar esportes competitivos ou de alta perfor-
o serviço de emergência (BRASIL, 2003). mance, é recomendada uma avaliação cardiovascu-
Outra alteração da pressão arterial bas- lar completa (MALACHIAS et al., 2016).
tante comum é a hipotensão, a qual apre- Nas crianças e adolescentes, a medição da
senta níveis de pressão abaixo do normal pressão arterial na escola pode ser uma
com PAS < 90 mmHg (JENSEN, 2013). ferramenta importante para identificar
Não é considerada uma doença, porém os que necessitam de avaliação
pode estar relacionada com diabetes formal, bem como para mo-
mellitus, infarto do miocárdio entre nitorar a pressão arterial
outros. As quedas da pressão podem (FLYNN et al., 2017).

Figura 5 - Elevação dos membros inferiores

53
Aterosclerose, Doença Arterial
Coronariana (DAC) e Angina

Os protocolos para o atendimento de eventos car- A aterosclerose ocorre devido à resposta da pa-
diovasculares passam por revisões e atualizações, rede arterial a diversos agentes agressores, na qual há
frequentemente. Portanto, você encontrará con- deposição de lípides, inflamação e evolução da placa
teúdo com os mais recentes consensos e diretrizes aterosclerótica (placa de gordura). A aterosclerose
disponíveis para que possa dispor de uma fonte tem início quase concomitante à formação do próprio
confiável de consulta e estudo. Além disso, utiliza- corpo humano. As lesões iniciais podem ser identifi-
mos uma proposta prática e concisa dos principais cadas em fetos de mães com altos níveis de colesterol
assuntos que envolvem este tema. Iniciaremos pela e em crianças na primeira infância. A evolução das
aterosclerose. lesões continua até desenvolver o ateroma, em torno

54
EDUCAÇÃO FÍSICA

da quinta década de vida (MARTINS et al., 2009). O com DAC podem experimentar episódios de angina
ateroma pode causar obstrução do fluxo sanguíneo e, (dor ou desconforto na região torácica).
consequentemente, doença arterial coronariana. Nestes casos, você deve ligar para o serviço de
A DAC é considerada a principal causa de óbi- urgência e recomendar que a pessoa utilize os pró-
to no mundo. A cada ano, mais de sete milhões de prios medicamentos enquanto aguarda o atendi-
indivíduos morrem em decorrência desta doença mento. Esta situação pode progredir para infarto
(MORAES, 2015). Há comprometimento do fluxo agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral ou
sanguíneo nas artérias coronárias e, consequente- morte súbita, por isso, é extremamente relevante
mente, redução da chegada do oxigênio ao coração monitorar os sinais vitais e realizar os procedimen-
(PINHO et al., 2010). Por conta disto, os indivíduos tos, conforme indicados nos próximos tópicos.

Infarto Agudo
do Miocárdio (IAM)
A maioria das mortes relacionadas ao IAM ocorre Os sintomas são desconforto ou dor opressiva na
fora dos hospitais e, geralmente, não é assistida pe- região torácica anterior e/ou posterior, com sensa-
los profissionais da saúde. Grande parte das vítimas ção de queimação e sufocamento, dor na mandíbula,
morrem nas primeiras 24 horas após o evento, sen- na região cervical, no ombro, nos membros superio-
do 50% na primeira hora por taquiarritmia ventri- res (geralmente o esquerdo) e no epigástrio. Pode
cular (PIEGAS et al., 2015; MORAES, 2015). Logo, ocorrer parestesia no membro superior (geralmente
essa situação deve ser reconhecida rapidamente. esquerdo) e a vítima, geralmente, apresenta sudore-
Quando há ativação inflamatória, agregação se, dispnéia e náuseas (SBC, 2013a).
plaquetária, vasoconstrição e trombose da co- O IAM pode levar a uma parada cardíaca e é
ronária, a oclusão coronariana por algum tempo considerado uma das principais causas de PCR. Na
provocará o infarto. Esta isquemia que ocorre no suspeita de infarto, deve-se chamar o serviço de
músculo cardíaco e promove injúria ou necrose é emergência e monitorar os sinais vitais. Se o quadro
denominada infarto do miocárdio (GONZALEZ evoluir para uma parada cardíaca, realizam-se os
et al., 2013). procedimentos de ressuscitação cardiopulmonar.

55
Parada
Cardiorrespiratória (PCR)

A situação de maior emergência é a parada cardior- cada minuto, após o evento sem ressuscitação car-
respiratória (PCR) (MORAES, 2015), devido à parada diopulmonar (RCP) e desfibrilação, as chances de
do funcionamento do coração e dos pulmões, o que sobrevivência da vítima diminuem de 7 a 10%. Por-
resultará em morte caso não sejam realizados os pro- tanto, é extremamente relevante a RCP, pois, quando
cedimentos de primeiros socorros. As características realizada, as chances de sobrevida diminui 3 a 4% a
da vítima em PCR são: perda da consciência, gasping cada minuto de PCR (MORAES, 2015).
(respiração de forma anormal), ausência da responsi- Os protocolos descritos nas diretrizes de Ressus-
vidade, perda da respiração e do pulso (SBC, 2013a). citação Cardiopulmonar são destinados tanto aos
A taquicardia ventricular sem pulso e a fibrila- profissionais da saúde quanto para leigos. No entan-
ção ventricular são consideradas as principais causas to, é importante ficar atento(a), pois livros, artigos e
deste evento em ambiente extra-hospitalar (GON- diretrizes mais antigas trazem uma sequência dife-
ZALEZ et al., 2013). As PCRs são mais frequentes rente de procedimentos para RCP. A recomendação
em adultos, mas também ocorrem em crianças. A é utilizar sempre os materiais mais atuais.

56
EDUCAÇÃO FÍSICA

As novas diretrizes internacionais não adiciona- Para utilizar o DEA, você precisa ligar o aparelho,
ram muitas modificações no atendimento às vítimas apertando o botão ON - OFF (alguns equipamen-
de PCR, mas enfatizam as compressões torácicas tos ligam, automaticamente, ao abrir a tampa). As
como a chave para o sucesso da ressuscitação e ten- pás (eletrodos) devem ser colocadas no tórax da
do como principal objetivo minimizar atrasos na in- vítima, nas próprias pás há o desenho instruindo
tervenção (GONZALEZ et al., 2013). o posicionamento. Caso o choque seja indicado, o
Na Unidade I, abordamos a sequência de pro- aparelho avisará “choque recomendado, afaste-se”.
cedimentos para realizar o suporte básico de vida e Você precisará pressionar o botão indicado para
a corrente da sobrevivência, agora, você verificará aplicar o choque.
como executar estes procedimentos, conforme a I A RCP deverá ser iniciada imediatamente após o
Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuida- choque e, caso o aparelho não indique o choque, deve
dos Cardiovasculares de Emergência da Sociedade realizar a RCP imediatamente. Se a vítima retomar a
Brasileira de Cardiologia (GONZALEZ et al., 2013) consciência, o aparelho não deverá ser desligado ou
e as Diretrizes da American Heart Association de retirado até a chegada do serviço de emergência.
2015 para RCP e ACE (AHA, 2015). Quanto ao posicionamento das pás, quatro posi-
Após avaliar a responsividade e reconhecer a ções são aceitas: anterolateral, anteroposterior, ante-
PCR (presença de gasping ou ausência de pulso), rior-esquerda infraescapular, anterior-direita infra-
você deverá: escapular.
• Ligar para o Sistema de Atendimento Móvel
de Urgência – SAMU 192 – e estar prepara-
do(a) para responder informações sobre local
da ocorrência, os sinais e sintomas da vítima.
• Solicitar, se disponível no local, um desfibri-
lador externo automático.

SAIBA MAIS

Desfibrilador é um equipamento utilizado


no tratamento da fibrilação ventricular e da
taquicardia ventricular sem pulso. O desfibri-
lador externo automático (DEA) reconhece Figura 6 - Utilização do desfibrilador externo automático
o ritmo e avisa se o choque elétrico é reco-
mendado. No entanto, nesse equipamento, a Em crianças e bebês, o DEA pode ser utilizado com
decisão de deflagrar o choque é dependente pás (eletrodos) pediátricas e/ou atenuador de carga.
do operador.
Caso o kit do DEA não possua esta opção, podem
Fonte: as autoras. ser utilizadas as mesmas pás do adulto, com o po-
sicionamento anteroposterior. Em seguida, deve

57


iniciar imediatamente os ciclos de 30 compressões contato da mão com o esterno. Os tempos de com-
torácicas e 2 ventilações. pressão e descompressão devem ser similares. Nas
Para realizar as compressões em adultos e crian- crianças, a profundidade da compressão é de, pelo
ças (verifique a Figura 7), deixe a vítima deitada em menos, um terço do diâmetro anteroposterior do tó-
decúbito dorsal sobre local rígido. Você deve estar rax, portanto, também será cerca de 5 cm.
posicionado entre a cabeça e o corpo da vítima (ve-
rifique as imagens), expor o tórax (retirando as rou-
pas) e colocar a base de uma das mãos (região hipo-
tenar) sobre o tórax e a base da outra mão sobre a
primeira mão. Com os braços estendidos, posicione
suas mãos com os dedos abertos entrelaçados na me-
tade inferior do esterno (fora do alcance das coste-
las). Os ombros devem estar alinhados com as mãos.
Realize uma pressão para deprimir o esterno 5
cm, comprimindo o coração em direção à coluna
vertebral (Figura 8) e descomprima, sem perder o Figura 7 - Compressões torácicas

Esterno
Pericárdio

Corpo vertebral
Figura 8 - Compressão do esterno
Fonte: Resgate Federal ([2018], on-line)3.

58
EDUCAÇÃO FÍSICA

Nos lactentes, a compressão torácica deve ser um Após realizar as 30 compressões, proceda com a
terço do diâmetro anteroposterior do tórax, o que abertura das vias aéreas, utilizando a manobra de
representa cerca de 4 cm. Você pode utilizar as extensão da cabeça.
mãos na lateral do tórax e comprimir com os pri- Existem diferentes formas para realizar as venti-
meiros dedos (Figura 9), ou utilizar apenas o segun- lações. Podem ser aplicadas por meio de ventilação
do e terceiro dedo para realizar as compressões logo boca a boca (Figura 11), com máscara/lenço facial
a seguir da linha mamilar (Figura 10). A relação com válvula antirrefluxo, máscara de bolso (pocket-
compressão-ventilação em crianças e lactentes, se -mask) (Figura 12) ou bolsa-válvula-máscara (Figura
tiver um socorrista, é de 30:2, mas, se houver dois 13). No entanto, é indicado que você utilize mecanis-
ou mais socorristas, deve ser 15:2. mos de barreira para aplicar as ventilações, devido
ao risco de contaminação na ventilação boca a boca
(GONZALEZ et al., 2013).

Figura 9 - Compressões torácicas no bebê

Figura 11 - Ventilação boca a boca

O lenço facial é descartável. Este material contém


uma válvula unidirecional que impede o retorno
do ar pela boca, protegendo quem está realizan-
do o procedimento. Para utilizá-lo, após realizar
a abertura da via aérea, você precisa estabilizar a
mandíbula vedando o lenço facial o máximo pos-
sível na boca da vítima, pinçando o nariz e asso-
Figura 10 - Compressões torácicas no bebê prando na válvula.

59
Por outro lado, com a máscara de bolso ou dicador e os posicione acima da máscara, realizando
pocket-mask, que também contém uma válvula pressão contra a face da vítima. Posicione os outros
unidirecional, você deve envolver a boca e nariz três dedos na mandíbula para estabilizá-la e pressione
da vítima, realizar uma letra “C” com os dedos in- a bolsa durante 1 segundo para cada ventilação (com
dicador e polegar de uma das mãos e posicionar, pressão suficiente para elevar o tórax) (Figura 13).
na parte superior da máscara, e, com a outra mão,
posicionar o polegar na região inferior da máscara
e os outros dedos na mandíbula (Figura 12).

Figura 13 - Ventilação com bolsa-válvula-máscara

Para realizar a ressuscitação de forma correta, ga-


ranta fluxo sanguíneo e oxigenação, alguns cuidados
são relevantes para que as compressões e ventilações
sejam efetivas e de alta qualidade. Desta forma, de-
vem ser realizadas, no mínimo, 100 compressões
por minuto e, no máximo, 120, comprimindo rapi-
damente. A profundidade das compressões não deve
Figura 12 - Ventilação com a máscara de bolso ou pocket-mask ser superior a 6 cm, após cada compressão deve-se
permitir o retorno total do tórax, sendo que as in-
Outra maneira de realizar as ventilações é utilizando terrupções nas compressões devem ser minimizadas
a bolsa-válvula-máscara ou ventilador/ressuscitador (AHA, 2015).
manual. Para realizar o procedimento com uma das No quadro a seguir, apresentamos um resumo
mãos, faça uma letra “C” com os dedos polegar e in- dos componentes da RCP.

60
EDUCAÇÃO FÍSICA

Quadro 2 - Componentes da RCP de alta qualidade

Crianças Bebês
Componente Adultos e adolescentes (1 ano de idade à (menos de 1 ano de idade,
puberdade) excluindo recém-nascidos)
Segurança do local Verifique se o local é seguro para os socorristas e a vítima.
Verifique se a vítima responde.
Reconhecimento
Ausência de respiração ou apenas gasping.
da PCR
Nenhum pulso sentido em 10 seg.
Se estiver sozinho, deixe a vítima
Colapso presenciado: siga as etapas utilizadas
e acione o 192; obtenha DEA,
em adultos e adolescentes
Acionamento do antes de iniciar a RCP. Do con-
Colapso não presenciado: execute 2 minutos
serviço médico de trário, peça que alguém chame o
de RCP; deixe a vítima para acionar o 192 e bus-
emergência 192 e inicie a RCP imediatamente;
car o DEA; retorne à criança e reinicie a RCP; use
use o DEA assim que ele estiver
o DEA assim que ele estiver disponível.
disponível.
Relação
1 socorrista = 30:2
compressão-ventilação 1 ou 2 socorristas = 30:2
2 ou mais socorristas = 15:2
sem via aérea avançada
Relação
Compressões contínuas a uma frequência de 100 a 120/min.
compressão-ventilação
Administre 1 ventilação a cada 6 segundos (10 respirações/min).
com via aérea avançada
Frequência
100 a 120/min.
de compressão
Pelo menos 1/3 do
Pelo menos 1/3 do diâ-
Profundidade diâmetro antero-
No mínimo 5 cm. metro anteroposterior do
de compressão posterior do tórax;
tórax; cerca de 4 cm.
cerca de 5 cm.
1 socorrista: 2 dedos no
centro do tórax, logo abaixo
da linha mamilar.
Posicionamento 2 mãos sobre a metade inferior
2 mãos ou 1 mão. 2 ou mais socorristas:
das mãos do esterno.
técnica dos dois polegares
no centro do tórax, logo
abaixo da linha mamilar.
Aguarde o retorno do tórax, após cada compressão; não se apoie sobre o tórax após
Retorno do tórax
cada compressão.
Minimizar
Limite as interrupções nas compressões torácicas a menos de 10 segundos.
interrupções
Fonte: adaptado de AHA (2015).

Caso a vítima apresente pulso e respiração normal, é indicado colocá-la em posição de recuperação (se não
houver suspeita de trauma).

61
Obstrução das
Vias Aéreas (OVA)

62
EDUCAÇÃO FÍSICA

A obstrução de vias aéreas é considerada qualquer si- sinais que a vítima está apresentando. Para vítimas
tuação que impede, totalmente ou de forma parcial, o conscientes, adultas ou crianças, deve ser realizada
fluxo de ar até os alvéolos pulmonares. A obstrução (em pé) a manobra de Heimlich (Figuras 14 e 15), ex-
leve pode provocar dispneia e tosse. A obstrução gra- ceto para gestantes e obesos, pois, nestes casos, estão
ve pode levar à cianose nos lábios e face, alteração da indicadas as compressões torácicas (Figura 16).
consciência, inspiração respiratória com ruído. A ob- De acordo com SBC (2015), para realizar a ma-
servação da expressão de angústia com a boca aberta, nobra de Heimlich é necessário:
mãos sobre o pescoço, são sinais característicos do • Posicionar-se atrás da vítima.
engasgo (MORAES, 2010). • Abraçá-la com suas mãos em frente ao corpo.
A vítima de OVA pode apresentar obstrução, • Fechar uma das mãos e colocar o lado do
devido a causas intrínsecas, como por relaxamento polegar da mão fechada contra o abdômen,
da língua, devido ao rebaixamento do nível de cons- na linha média, logo acima do umbigo e bem
abaixo do osso esterno.
ciência (oclui a hipofaringe), ou extrínsecas, devido
• Deve envolver a mão fechada com a outra
a aspiração de algum corpo estranho, como à aspira-
mão e pressionar contra o abdômen, reali-
ção de alimentos, deslocamento de próteses dentárias
zando compressão rápida e forte para dentro
ou presença de fragmentos dentários (QUILICI; e para cima (em “J”).
TIMERMAN, 2011).
Os traumas diretos sobre as vias aéreas também Nas crianças, você deve posicionar-se atrás dela, na
podem causar OVA, devido a hemorragias, edema ou mesma altura, ou ficar ajoelhado(a). Em seguida,
fraturas da árvore laringotraqueobrônquica ou bronco- execute os mesmos procedimentos da manobra de
aspiração de dentes. Outras causas de OVA podem ser Heimlich nos adultos. As compressões devem ser
decorrentes de queimaduras, as quais podem promover repetidas até que o objeto seja expelido ou a crian-
inflamação e edema de glote e de reações alérgicas cau- ça pare de responder. Caso a criança não responda,
sadas por alguns alimentos, produtos ou picadas de in- deve-se acionar o SAMU e iniciar, imediatamente, o
setos, que desencadeiam reações alérgicas, acometendo SBV (GONZALEZ et al., 2013).
a glote e causando edema (MORAES, 2010).
A manutenção ou restauração da permeabilidade
das vias aéreas é essencial e deve ser realizada rapi-
damente para não resultar asfixia e morte. Enquanto
a vítima ainda está consciente e apresenta obstrução
parcial, o fluxo de ar está presente; se esta for capaz de
emitir sons, você deve solicitar para a vítima realizar
uma tosse forçada e a respiração espontânea. Caso a
obstrução permaneça, acione o serviço de emergên-
cia (SBC, 2013a).
Os métodos para desobstrução de vias aéreas po-
dem ser realizados de diversas formas, conforme os Figura 14 - Manobra de Heimlich

63
Na manobra de Heimlich, a compressão realizada ele-
va o diafragma, aumentando a pressão na via aérea.
Por conta disto, esta manobra pode ser eficaz para
criar uma tosse artificial e auxiliar a vítima a expelir o
corpo estranho (QUILICI; TIMERMAN, 2011).
Nas pessoas inconscientes realizam-se compres-
sões abdominais em decúbito dorsal (Figura 17).
Realize as compressões abdominais acima da cica-
triz umbilical, utilizando uma mão sobre a outra;
comprima o abdômen em direção anteroposterior e
em direção ao tórax; verifique a respiração e o pulso,
na ausência destes ligue para o SAMU (192) e ini-
Figura 15 - Manobra de Heimlich em criança
cie o protocolo para ressuscitação cardiopulmonar
Fonte: MEDLINEPLUS (2017, on-line)4.
(SBC, 2015).
Nos bebês, a desobstrução deve ser realizada,
colocando-o em decúbito ventral (Figura 18). Para
realizar a manobra, sente-se e posicione o corpo do
bebê em direção ao chão (cabeça mais baixa do que
o corpo). Você deve sustentar a cabeça com uma
mão e apoiar o tórax sobre o seu antebraço. É reco-
mendado aplicar cinco golpes na região entre as es-
cápulas. Se o lactente não apresentar melhora, e você
detectar ausência de pulso, inicie RCP e monitore os
sinais vitais (GONZALEZ et al., 2013).
Figura 16 - Compressões torácicas para gestantes e obesos
Fonte: adaptada de SBC (2013a).

Figura 17 - Compressões abdominais (paciente inconsciente/não res-


ponsivo) Figura 18 - Manobra de desobstrução para lactentes
Fonte: adaptada de Heimlich ([2019], on-line)5.

64
EDUCAÇÃO FÍSICA

Síndrome de
Hiperventilação
A hiperventilação é caracterizada pelo aumento da lentas. Solicite que permaneça calmo e respirando
quantidade de ar inalada e exalada por minuto, que naturalmente. Em seguida, retire o saco de papel
excede a quantidade necessária para o metabolis- e peça para a vítima respirar lentamente. Instrua
mo celular normal (PAPP et al., 1997). A síndrome para que realize algumas técnicas de respiração,
de hiperventilação causa alterações complexas com como expirar com os lábios fortemente pressiona-
interação entre distúrbios orgânicos, respiratórios, dos e inspirar com o nariz aberto e a boca fechada
psiquiátricos e fisiológicos (GARDNER, 1996). Os para controlar a falta de ar e diminuir o ritmo res-
transtornos de ansiedade, como o de pânico, estão piratório (BFA, 2016, on-line)8.
associados à hiperventilação leve e a outros padrões
respiratórios anormais. A hiperventilação pode, por-
tanto, ser considerada uma causa, um correlato e uma
consequência dos ataques de pânico (SARDINHA et
al., 2009). No entanto a respiração rápida e profunda
pode ser sinal de estresse, dor intensa, hemorragias,
problemas cardíacos ou pulmonares, infecções entre
outros (BEST DOCTORS, [2018], on-line)6.
Os sinais e sintomas característicos de hiperven-
tilação são: confusão, sudorese, tontura, fraqueza,
dormência ou sensação de formiga-
mento nos braços ou boca, es-
pasmos musculares nas mãos e
pés, dor no peito e palpitação
(CFAC, 2013, on-line)7.
Nestes casos, você deve re-
comendar que a vítima respire
em um saco ou sacola de papel
limpo (evite usar sacos de plástico)
para reutilizar o dióxido de carbono (Figura 19). A
boca e o nariz devem estar cobertos completamen-
te com o saco, o indivíduo precisa apertar o saco,
ligeiramente, você deve orientá-lo para que inicie
inspiração e expiração, fazendo 6-12 respirações Figura 19 - Respiração com sacola de papel

65
Crise
Asmática

66
EDUCAÇÃO FÍSICA

A asma é uma doença crônica, que promove estrei-


tamento das vias aéreas e inflamação. Esta inflama-
ção está associada à hiperresponsividade das vias
aéreas inferiores em decorrência do resultado de
estimulação química, emocional, infecciosa, imu-
nológica ou da associação desses fatores (HUPP;
ELLIS; TUCKER, 2015).
Os sinais e sintomas são: respiração rápida e
curta – aumento da frequência respiratória –, tosse,
dificuldade para respirar e falar, cianose, desconfor-
to torácico e sibilos (chiados no tórax). Os sintomas
são mais intensos, ocorrem à noite e nas primeiras
horas da manhã. Podem ocorrer em resposta à ex-
posição a alérgenos, à prática de exercícios físicos,
à poluição ambiental e mudanças climáticas. Entre
os aspectos ambientais, estão, também, a exposição
aos ácaros e fungos e infecções virais (agentes cau-
sadores de pneumonia e resfriado). Adicionalmen-
te, os fatores genéticos contribuem quando há his-
tórico familiar de asma ou rinite (BRASIL, 2017).
Nos casos de crise asmática, é recomendado
acalmar a vítima, colocá-la em posição confortável,
sentada ou semissentada, chamar o resgate ou en-
caminhar para o hospital (QUILICI; TIMERMAN,
2011). Caso a vítima utilize e tenha disponível um
broncodilatador aerossol, auxilie a fazer a autoadmi-
nistração do medicamento.

67
Afogamentos

A aspiração de líquidos (não-corporais) por sub- nestas situações, que a vítima encontra-se frequen-
mersão ou imersão caracteriza o afogamento. Esta temente em posição vertical, com os membros supe-
situação ocorre quando a via aérea da vítima está riores estendidos lateralmente, batendo-os na água.
abaixo do nível da superfície líquida. Caso não se- As pessoas próximas da vítima podem não perceber
jam tomadas as condutas de primeiros socorros, o que estes indivíduos estão com problemas. Devido
afogamento pode levar à morte. à respiração ser instintivamente prioridade, a víti-
Segundo crença popular, a vítima acena com a ma de submersão, na maioria das vezes, é incapaz de
mão e chama por ajuda. No entanto, é observado gritar por socorro (SZPILMAN, 2005).

68
EDUCAÇÃO FÍSICA

É importante ressaltar que você deve tomar cui- Recomenda-se que a remoção da vítima seja realiza-
dado para prestar os primeiros socorros sem se tor- da conforme o seu nível de consciência, sendo que
nar uma segunda vítima. a posição vertical deve ser adotada, com intuito de
evitar vômitos e outras complicações das vias aéreas.
REFLITA Para o transporte de vítimas inconscientes, a posi-
ção deve ser mais próxima possível da horizontal,
Para prevenir afogamentos, não deixe crian- tomando cuidado para manter a cabeça acima do
ças sozinhas dentro ou próximas da água. nível do corpo. Lembre de manter sempre as vias aé-
Diversos casos ocorrem com indivíduos que reas abertas e, ao chegar em ambiente seco, a vítima
acreditam que sabem nadar. Portanto, não
superestime a habilidade das crianças ou deve ser posicionada paralela ao espelho d’água, em
dos adultos. decúbito dorsal (Figura 20) (WATSON et al., 2001;
SZPILMAN; IDRIS; CRUZ-FILHO, 2002).

Figura 20 - Posicionamento da vítima

69
Vítimas de submersão precisam receber, rapidamente, ATENÇÃO
SBV (Figura 21), no local do acidente, e é necessário
verificar a possibilidade de trauma. Lembre-se de que A limpeza das vias aéreas e a retirada de água
as lesões neurológicas permanentes ocorrem após 5 dos pulmões são contraindicadas por não
minutos de asfixia, por isso, a rapidez no atendimento apresentarem eficácia e atrasar os procedi-
mentos de SBV. Além disso, estas manobras
será extremamente relevante para o sucesso dos proce- podem provocar aspiração do conteúdo gás-
dimentos. Portanto, retirar a vítima da água é priorida- trico. Mesmo após a vítima retornar a respi-
de. Se a vítima apresentar apneia, a ventilação deve ser rar e apresentar pulso, é necessário que seja
submetida à avaliação médica. Para evitar
iniciada ainda na água. Caso não seja detectado pulso, afogamentos de crianças, é necessária a su-
as compressões torácicas devem ser iniciadas, ime- pervisão permanente dos professores.
diatamente, após a retirada da água. As manobras de
ressuscitação reduzirão a hipóxia e minimizarão seus
efeitos deletérios (CAMPOS JÚNIOR; BURNS, 2014).

Figura 21 - Elos da corrente de sobrevida


Fonte: adaptada de Campos Júnior e Burns (2014).

70
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), nesta unidade, verificamos diversos aspectos relacionados
às urgências e emergências cardiovasculares e respiratórias, as quais po-
dem ser simples ou, até mesmo, ocasionar problemas graves e levar a óbito.
A lipotimia, a síncope e a obstrução das vias aéreas são bastante comuns e
parece que estão mais próximas entre os eventos que podem ocorrer no nosso dia a
dia. A parada cardiorrespiratória também apresenta grande incidência e é um pro-
blema mundial de saúde pública. Apesar de avanços relacionados à prevenção e ao
tratamento, diversas vidas são perdidas, anualmente, no Brasil, devido, em parte, à
falta dos primeiros socorros.
Quanto à prevenção de afogamentos, você tem um papel muito importante: além
de ensinar os alunos a nadar, é necessário sempre estar supervisionando as ativida-
des. Adicionalmente, é necessário ensinar as crianças a não correr em volta da pisci-
na, a não pular em cima de outras crianças ou empurrar os colegas.
Desta forma, é importante que este material consultivo seja relembrado ao longo
da disciplina, pois outras situações podem acabar evoluindo para uma parada cardí-
aca ou respiratória. No que diz respeito à sua aplicabilidade, servirá para situações
diversas tanto nos atendimentos voltados para lactentes como para crianças e adultos.
Lembre-se de que há diferenças nos protocolos das diretrizes e dos livros mais
antigos, por isso, é importante você procurar sempre por materiais atualizados e ela-
borados por especialistas.
Caro(a) aluno(a), o intuito desta unidade foi quebrar os obstáculos para o aten-
dimento das vítimas, trazendo, de forma simples, mas detalhada, os procedimentos
de primeiros socorros nestas situações, desde o reconhecimento das situações, até o
uso de desfibrilador externo automático, que pode e deve ser manuseado, inclusive,
por pessoas que não são da área da saúde.

71
atividades de estudo

1. A obstrução das vias aéreas (OVA) é uma emergência absoluta que, se não for re-
conhecida e resolvida, pode levar a óbito em minutos. Quando um bebê é vítima
de OVA, deve ser realizado o procedimento de:
a) Manobra de Heimlich, em posição ortostática.
b) Manobra de Heimlich, em decúbito dorsal.
c) Compressões torácicas, em posição ortostática.
d) Manobra de desobstrução, em decúbito ventral.
e) Manobra de desobstrução, em decúbito lateral.

2. A síncope é caracterizada pela perda transitória da consciência, como resultado


da baixa perfusão cerebral, geralmente, por queda temporária súbita da pressão
arterial associada à incapacidade de manter-se na posição de pé, com recupera-
ção espontânea e completa. Sobre esta situação, verifique as asserções seguin-
tes e assinale a alternativa correta:
a) São sintomas de síncope: bradicardia; palidez; sudorese e hipotensão.
b) É indicado colocar a vítima em decúbito dorsal com MMII elevados e nunca
virar a cabeça de lado.
c) É indicado colocar a vítima em decúbito dorsal com MMII elevados e virar a
cabeça de lado (para evitar que aspire secreções).
d) É indicado oferecer álcool ou amoníaco para a vítima aspirar.
e) É indicado colocar a vítima, imediatamente, na posição sentada.

72
atividades de estudo

3. Segundo as Diretrizes de Ressuscitação Cardiopulmonar da American Heart


Association (2015), para realização das compressões torácicas em adultos, na
PCR, é recomendado posicionar-se ao lado da vítima – que deve ter o tórax des-
nudo –, colocar a região hipotenar da mão sobre o esterno da vítima e a outra
mão sobre a primeira, entrelaçando-a, estendendo os braços e se posicionando
cerca de 90° acima da vítima, comprimindo, com profundidade de, no mínimo,
5 cm, e permitindo o retorno completo do tórax após cada compressão, sem
retirar o contato das mãos com ele.

SOBE
OMBROS
DESCE
SOBRE AS
MÃOS

BRAÇOS
ESTICADOS

USAR A BASE
DAS MÃOS

Em relação à frequência das compressões, estão indicadas:


a) No mínimo, 100 compressões/minuto e, no máximo, 120.
b) No mínimo, 50 compressões/minuto.
c) 5 compressões/minuto.
d) No mínimo, 80 compressões/minuto.
e) No mínimo, 200 compressões/minuto e, no máximo, 320.

73
atividades de estudo

4. As vítimas de parada cardiorrespiratória (PCR) podem apresentar o gasp agônico,


que é uma atividade semelhante à:
a) Hipotermia, pois todos os sinais e sintomas são iguais.
b) Hiperglicemia, pois todos os sinais e sintomas são iguais.
c) Anemia, podendo confundir os possíveis socorristas.
d) Hipertensão arterial sistêmica, pois os sinais são iguais.
e) Convulsão, podendo confundir os possíveis socorristas.

5. As manobras de ressuscitação para bebês podem ser necessárias, sendo essen-


cial o conhecimento e a habilidade para todos os profissionais que trabalham
com estes indivíduos, visto que podem apresentar parada cardiorrespiratória.
Analise as asserções sobre a ressuscitação cardiopulmonar em bebês e assinale
a que é indicada realizar:

a) Compressão torácica, com profundidade de 4 cm.


b) Compressão torácica, com profundidade mínima de 15 cm.
c) Uma compressão para cada 20 ventilações.
d) Uma compressão para cada 50 ventilações.
e) 50 compressões para cada 2 ventilações.

74
LEITURA
COMPLEMENTAR

Caro(a) aluno(a), verifique, a seguir, o conteúdo e outras informações da “I Diretriz de Ressusci-


tação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de
Cardiologia”.

Epidemiologia da Parada Cardiorrespiratória

Esforços no sentido de reunir o conhecimento científico a respeito da PCR (parada cardiorrespira-


tória) e de estabelecer um padrão e uniformidade para o seu tratamento vêm sendo realizados,
desde o início dos anos 1960. Com o estabelecimento do ILCOR (Aliança Internacional dos Comi-
tês de Ressuscitação), esses esforços foram sistematizados por meio de uma ampla revisão da
literatura científica publicada atinente ao tema, culminando com o primeiro consenso científico
internacional, no ano de 2000. Duas revisões deste consenso, em 2005 e em 2010, incorporaram
o vasto conhecimento científico que vem se avolumando, no decorrer dos últimos anos, a respei-
to do tema, aliás, uma das áreas de grande produção científica mundial dentro da cardiologia.
Este consenso científico internacional de 2010, atualizado com algumas novas evidências científi-
cas recolhidas dos últimos dois anos, reflete-se nas diretrizes de Emergências Cardiovasculares e
RCP da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

75
LEITURA
COMPLEMENTAR

A PCR permanece como um problema mundial de saúde pública. Apesar de avanços, nos
últimos anos, relacionados à prevenção e ao tratamento, muitas são as vidas perdidas anu-
almente, no Brasil, relacionadas à PCR, ainda que não tenhamos a exata dimensão do pro-
blema pela falta de estatísticas robustas a este respeito. Os avanços também se estendem
à legislação sobre acesso público à desfibrilação e obrigatoriedade de disponibilização de
DEAs (desfibriladores externos automáticos), bem como no treinamento em RCP (ressusci-
tação cardiopulmonar), missão esta em que a Sociedade Brasileira de Cardiologia apresen-
ta, há muitos anos, uma posição de destaque. Podemos estimar algo próximo de 200.000
PCRs ao ano, no Brasil, sendo metade dos casos ocorrendo em ambiente hospitalar, e a
outra metade em ambientes, como residências, shopping centers, aeroportos, estádios etc.
Estima-se que a maioria das PCRs em ambiente extra hospitalar sejam em decorrência de
ritmos, como fibrilação ventricular e taquicardia ventricular sem pulso, enquanto que, em
ambiente hospitalar, a atividade elétrica sem pulso e a assistolia respondam pela maioria
dos casos. A maior parte das PCRs ocorre em adultos, mas crianças também são afetadas.
O perfil etiológico/epidemiológico da criança é totalmente diferente do adulto, o que se
reflete em diferenças importantes no tratamento.

Fonte: adaptada de SBC (2013b).

76
material complementar

Indicação para Ler

Treinamento de Emergências Cardiovasculares: básico (TECA B)


Sociedade Brasileira de Cardiologia
Editora: Manole
Sinopse: este livro foi desenvolvido com base na I Diretriz Brasileira de Parada Car-
diorrespiratória e Emergência Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia
– 2012 e na diretriz mais recente do International Liaison Committee on Resusci-
tation (ILCOR). O livro foi escrito por especialistas em emergência cardiovascular,
seguindo critérios modernos de didática e treinamento, fazendo que ambos sejam
ferramentas úteis e indispensáveis nos atendimentos hospitalares e pré-hospita-
lares.
Comentário: neste livro você poderá obter mais informações sobre suporte bási-
co de vida, conceitos e procedimentos nos casos de infarto agudo do miocárdio,
parada cardiorrespiratória, acidente vascular encefálico e obstrução das vias aére-
as. Além disso, este material traz diversas ilustrações de primeiros socorros.

Indicação para Acessar

Esta publicação resume os principais pontos de discussão e alterações feitas na atualização das Diretrizes
de 2015 da American Heart Association para ressuscitação cardiopulmonar.
Web: <https://eccguidelines.heart.org/wp-content/uploads/2015/10/2015-AHA-Guidelines-Highlights-
Portuguese.pdf>.

77
referências

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sociation de 2015 para RCP e ACE. Dallas: AHA, 2015. Disponível em: <https://
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ghlights-Portuguese.pdf>. Acesso em: 17. jan. 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Funda-
ção Oswaldo Cruz, 2003. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/
manuais/biosseguranca/manualdeprimeirossocorros.pdf>. Acesso em: 19 set. 2018.
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GONZALEZ, M. M. et al. I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados
Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arquivos
Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 101, n. 2, supl. 3, p. 1-221, 2013.
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79
referências

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8
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80
gabarito

1. D.
2. C.
3. A.
4. E.
5. A.

81
URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS
METABÓLICAS E NEUROLÓGICAS

Professora Dra. Sabrina Weiss Sties


Professora Me. Xana Raquel Ortolan

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Hiperglicemia e Hipoglicemia
• Convulsão e Epilepsia
• Ataque Isquêmico Transitório (AIT)
• Acidente Vascular Encefálico (AVE)
• Traumatismo Cranioencefálico (TCE)
• Traumatismo Raquimedular (TRM)

Objetivos de Aprendizagem
• Reconhecer e atuar diante da vítima acometida por uma
emergência diabética.
• Conhecer os sinais e sintomas de convulsões e epilepsia e as
condutas de primeiros socorros.
• Compreender a atuação diante de Ataque Isquêmico Transitório
(AIT).
• Compreender a atuação diante do Acidente Vascular Encefálico
(AVE).
• Identificar os indícios de Traumatismo Cranioencefálico (TCE) e
saber atuar diante destas situações.
• Identificar os indícios de Traumatismo Raquimedular (TRM) e saber
atuar diante destas situações.
unidade

III
INTRODUÇÃO

C
aro(a) aluno(a), você, como profissional de Educação Física,
deve estar preparado(a) para atuar em todas as situações de
emergência. Para que sua conduta resulte na melhora dos sin-
tomas, no restabelecimento dos sinais vitais e na prevenção de
lesões secundárias, você precisa saber reconhecer as diferentes situações
que necessitam de atendimento em primeiros socorros. Nesta unidade,
vamos nos dedicar aos estudos das principais urgências e emergências
metabólicas e neurológicas.
Que a prática de atividade física é uma aliada à nossa saúde, todos
nós já sabemos, entretanto, durante o exercício físico, frequentemente,
deparamo-nos com situações de fadiga extrema, desmaios, dores de ca-
beça etc.; isso porque o exercício exige muito esforço e uma demanda
energética alta.
O diabetes mellitus, por exemplo, é um dos mais importantes pro-
blemas de saúde pelo alto número de pessoas afetadas, podendo causar
incapacitações físicas e motoras até a mortalidade prematura. Os esta-
dos hiperglicêmicos e hipoglicêmicos, no momento das práticas espor-
tivas, são emergências médicas muito comuns no campo das alterações
do metabolismo. Por outro lado, não podemos esquecer das emergências
neurológicas. Hoje, sabe-se que mesmo impactos leves sobre a cabeça
não somente prejudicam o cérebro, mas também podem romper o fluxo
sanguíneo, causar desequilíbrios químicos e elétricos e, possivelmente,
lesionar as células cerebrais. Da mesma maneira, um simples movimento
para rebater uma bola, um impacto direto ou um alongamento além do
normal pode lesionar a coluna e/ou nervos.
Neste sentido, tenha em mente que sua primeira abordagem de primei-
ros socorros em urgências e emergências metabólicas e neurológicas deverá
ser determinada pelos sinais e sintomas que serão descritos nesta unidade.
Vamos aos estudos?
Hiperglicemia
e Hipoglicemia

Diabetes mellitus (DM) não é uma única doença, tência à ação da insulina entre outros (SBD, 2016,
mas um grupo heterogêneo de distúrbios metabó- LYRA; CAVALCANTI; SANTOS, 2014).
licos que apresenta em comum a hiperglicemia (ex- A classificação atual do DM baseia-se na etiolo-
cesso de glicose na corrente sanguínea), resultante gia, e não no tipo de tratamento, portanto, a DM tipo
de alterações na secreção e/ou ação da insulina, que 1A está relacionada a fatores genéticos e ambientais
envolve destruição das células beta pancreáticas, e, na DM tipo 1B, a etiologia não está elucidada. O
comprometimento da secreção da insulina, resis- DM tipo 2 pode estar presente em indivíduos de

86
EDUCAÇÃO FÍSICA

qualquer idade, e o diagnóstico ocorre após os 40 Em casos diagnosticados, além da prática regu-
anos. A maioria dos casos (90 a 95%) de diabetes é lar de exercício físico e da alimentação adequada, o
ocasionada por DM2, a qual se caracteriza por defei- portador faz uso de medicamentos para o controle
tos na ação e secreção da insulina e na regulação da da glicemia e, em indivíduos com problemas graves
produção hepática de glicose. Outros aspectos tam- de diabetes, pode ser necessária a administração de
bém são correlacionados a este tipo de DM, como: insulina, por meio de injeções ou de uma bomba,
sobrepeso, obesidade, sedentarismo e dietas ricas que fornece este hormônio em doses reduzidas por
em gorduras (SBD, 2016). um pequeno tubo inserido sob a pele.
No Quadro 1, podem ser identificados os valores Sabe-se que o exercício físico pode influenciar
de glicose plasmática (em mg/dl) para diagnóstico na quantidade do hormônio que o corpo necessita,
de diabetes mellitus. é por isso que atletas diabéticos devem ser constan-
temente monitorados, especialmente aqueles que
Quadro 1 - Valores de glicose plasmática (em mg/dl) para diagnóstico
de diabetes mellitus / Fonte: adaptado de SBD (2016).
apresentam problemas para controlar o diabetes.
Neste contexto, é importante que você conheça
2h após
Categoria Jejum* 75g de Casual** os procedimentos para medição do nível de glicose
glicose capilar. Existem diversos modelos de equipamentos
Glicemia para medição da glicose sanguínea, portanto, po-
< 100 < 140
normal
dem diferir quanto a alguns procedimentos, assim,
Tolerância
≥ 100 a ≥ 140 a < é importante que você consulte o manual de cada
à glicose
126 200 equipamento. A seguir, descrevemos uma técnica
diminuída
≥ 200 (com para medição da glicose:
Diabetes
≥ 126 ≥ 200 sintomas 1. Quando possível, a vítima deve lavar e secar
Mellitus
clássicos)*** corretamente as mãos (você, assim como nos
*O jejum é definido como a falta de ingestão calórica por, no mínimo, 8h. demais procedimentos, deve usar luvas).
**Glicemia plasmática casual é aquela realizada a qualquer hora do dia,
sem se observar o intervalo desde a última refeição.
2. Você deve ligar o glicosímetro.
***Os sintomas clássicos do DM incluem poliúria, polidipsia e perda 3. Introduzir a ponta da lanceta descartável no
não explicada de peso.
dedo do indivíduo.
Nota: o diagnóstico do DM deve sempre ser confirmado pela repetição
do teste em outro dia, a menos que haja hiperglicemia inequívoca com 4. Com a fita teste você absorverá a gota de san-
descompensação metabólica aguda ou sintomas óbvios de DM.
gue.
Os sintomas clássicos da hiperglicemia são: polidip- 5. A fita teste deve ser colocada no glicosímetro.
sia (sede excessiva), poliúria (aumento da quantida- 6. Você deve aguardar alguns segundos até que
de de excreção de urina), polifagia (fome em exces- o valor de glicemia apareça no monitor do
so) e perda considerável de peso. Outros sintomas glicosímetro.
que levantam a suspeita clínica são: fadiga, fraqueza, 7. Ofereça um curativo ou algodão para o pa-
letargia e prurido cutâneo e vulvar. Entretanto deve- ciente cobrir o local perfurado.
-se destacar que o diabetes é assintomático em pro- 8. O material deve ser descartado de forma cor-
porção significativa dos casos (BRASIL, 2006). reta, conforme as normas de biossegurança.

87
Apesar dos tratamentos já bem estabelecidos para o Desta maneira, também é importante, estar aten-
controle da hiperglicemia, não é incomum nos de- to aos sinais e sintomas de hipoglicemia. O paciente
pararmos com indivíduos que apresentam o nível de apresenta palidez, sudorese fria, confusão mental,
glicose acima do recomendado. Embora saibamos delírio, nervosismo, ansiedade, taquicardia, tontura,
que uma das maneiras de diminuir a glicemia sanguí- sonolência, visão turva, sensação de formigamento
nea é por meio da prática de exercícios, a Sociedade nos lábios e na língua, fraqueza e déficit de coorde-
Brasileira do Diabetes (2017) recomenda a suspensão nação motora (SBD, 2016).
do exercício físico em caso de glicemia acima de 250 Quanto aos procedimentos para atendimento de
mg/dL, na presença de cetose, ou em caso de glicemia pacientes com hipoglicemia conscientes:
acima de 300 mg/dL, mesmo na ausência de cetose. 1. Interrompa as atividades físicas.
Assim, se você verificar que o atleta apresenta 2. Ofereça alimentos ou líquidos compostos por
um quadro de hiperglicemia: frutose, sacarose e oligossacarídeos (balas,
sucos) (AHA, 2015).
1. Afaste-o de todas as atividades e monitore os
níveis de glicose do sangue (caso ele tenha 3. Monitore os sinais vitais.
um monitor). Por outro lado, os procedimentos para pacientes hi-
2. Acione a equipe de resgate se os sinais indi- poglicêmicos que estão inconscientes são:
carem evolução para um quadro grave (con- 1. Interrompa os exercícios físicos.
fusão mental, hálito cetônico, náuseas, sede 2. Não administre nada por via oral.
excessiva; respiração ofegante).
3. Solicite o serviço de emergência.
3. Monitore os sinais vitais e realize a RCP, se 4. Monitore os sinais vitais e, se necessário, ini-
houver necessidade. cie protocolo de RCP.
Também ressalta-se que, durante a prática de ativida- A partir disso, lembre-se sempre de que para preve-
de física, pode ocorrer hipoglicemia (diminuição dos nir a hipoglicemia, a hiperglicemia e as complica-
níveis glicêmicos com valores abaixo de 60mg/dL). O ções do DM, é importante manter os níveis de glico-
exercício físico é um dos fatores precipitantes mais se dentro dos valores estabelecidos.
frequentes de hipoglicemia, que ocorre por excesso
de insulina circulante durante o exercício, seja pelo
aumento da absorção de insulina injetada no tecido
subcutâneo (induzido pela atividade física), seja pela
perda da capacidade endógena de diminuir os níveis
circulantes de insulina no exercício, prejudicando a
liberação hepática de glicose, o que predispõe o in-
divíduo a um quadro de hipoglicemia entre 20 e 60
minutos após o início do exercício (SBD, 2017).

88
EDUCAÇÃO FÍSICA

89
Convulsão
e Epilepsia

Caro(a) aluno(a), antes de iniciarmos este capítulo, rebral é afetada, ou generalizada, na qual os dois he-
você precisa entender que convulsão e epilepsia não misférios cerebrais são atingidos.
são sinônimos; a epilepsia é uma doença específica De acordo com o comprometimento dos he-
que predispõe o indivíduo a convulsões, mesmo na misférios cerebrais, o episódio pode se resumir a
ausência de problemas, como traumas na cabeça ou apenas uma crise de ausência (pequeno mal), pe-
tumores cerebrais. Então, o que é convulsão? ríodo de segundos a poucos minutos, em que a ví-
A convulsão é um episódio de atividade elétrica tima permanece com os olhos abertos e apresenta
anormal no cérebro, que pode ocasionar mudan- movimentos de automatismo, como estalar os lá-
ças repentinas no estado de alerta, comportamen- bios ou deglutir, esfregar as mãos e alisar ou pegar
to e controle muscular de um indivíduo (FLEGEL, objetos sem propósito definido, piscar de olhos.
2010). Pode ser classificada em dois tipos: parcial Entretanto as crises mais conhecidas são as cha-
(focal), na qual apenas uma parte do hemisfério ce- madas convulsões tônico-clônicas (grande mal),

90
EDUCAÇÃO FÍSICA

quando o paciente perde a consciência e apresenta


movimentos involuntários. Na fase tônica, a mus-
culatura dos membros superiores e inferiores e
tronco ficam contraídos e estendidos, e a face fica
com a cor cianótica. Na fase clônica, há contrações
simultâneas e rítmicas, repetitivas e incontrolá-
veis, a saliva pode ser abundante e ficar espumosa
(BARBÉRIO; SANTOS; MACHADO, 2013).
Esses episódios, frequentemente, são desenca-
deadas por luzes piscantes, certos tipos de ruídos,
leitura prolongada, privação de sono e fadiga. Em
casos mais graves, podem ser desencadeadas por fe-
bre alta, hipoglicemia, traumatismos cranianos aci-
dentais entre outras.
Primeiramente, diante de uma convulsão, você
deve se manter calmo(a). Embora as convulsões pa-
reçam ser preocupantes pela dramaticidade da situa-
ção, a maioria das crises cessam antes do atendimen-
to hospitalar, não necessitando qualquer tratamento
com anticonvulsivantes no serviço de emergência.
Moraes (2010) expõe que, na presença dessas si-
tuações, é preciso:
1. Proteger a vítima, removendo objetos que
possam causar ferimento.
2. Afrouxar as roupas que estejam no pescoço.
3. Colocar o paciente em posição de recupera-
ção, conforme figura a seguir.
4. Lateralizar a cabeça da vítima para evitar a
aspiração de saliva e vômito.
5. Não se oponha aos movimentos da vítima.
6. Não introduzir nenhum objeto na boca ou
colocar algum objeto entre os dentes ou ten-
tar segurar a língua da vítima; ao contrário
do que se pensa, a vítima não enrola a língua.
7. Fique ao lado da vítima durante a crise convul-
siva, verificando a respiração. Registre a dura-
ção da crise. Figura 1 - Posição de recuperação

91
É sempre importante conhecer o atleta/criança. Se
você tem certeza de que a pessoa sofre de epilepsia e
que o ataque não durou mais do que 3 minutos, é des-
necessário chamar ajuda externa, mas é fundamental
orientá-la sobre a importância do acompanhamento
médico. Caso o ataque se prolongue, seja repetitivo,
ou, caso a pessoa não recupere a consciência, solicite o
serviço de atendimento móvel de urgência.

SAIBA MAIS

Você recomendaria exercícios físicos para um


indivíduo que sofre com epilepsia? Faça uma
leitura do artigo “A prática de atividades físicas,
exercícios físicos e esportes por pacientes com
epilepsia: qual a melhor opção?” de Simone
Tiemi Kishimoto, Nathália Volpato, Fernan-
do Cendes e Paula Teixeira Fernandes. Neste
documento, os autores apresentam em uma
revisão da literatura sobre a relação entre a
prática esportiva e a epilepsia. Para saber mais,
acesse o link a seguir: <http://files.bvs.br/uplo-
ad/S/1676-2649/2013/v19n2/a4878.pdf>.

Fonte: as autoras.

92
EDUCAÇÃO FÍSICA

93
Ataque Isquêmico
Transitório (AIT)

94
EDUCAÇÃO FÍSICA

O ataque isquêmico transitório (AIT) representa


um fenômeno isquêmico cerebral focal (interrup-
ção do fluxo sanguíneo para determinada área do
cérebro) de baixa duração (de 2 a 15 minutos) e
intensidade; o que não ocasiona dano tissular irre-
versível, e o déficit neurológico súbito é passageiro.
Os sintomas mais comuns do AIT são muito parecidos
com o de um acidente vascular encefálico (AVE), mas
costumam desaparecer em 24 horas. São eles:
• Alterações da fala, fala enrolada, dificuldade
para completar as palavras ou frases.
• Alteração da força em um membro (braço ou
perna).
• Alteração da sensibilidade em um lado do corpo.
• Desvio da boca para um dos lados.
• Alteração súbita e intensa do equilíbrio.
• Alterações visuais (visão embaçada, tremida,
visão dupla).
• Sonolência de início súbito, com parada da fala.
• Convulsões e sonolência excessiva vindo juntas
e de forma súbita.
• Dor de cabeça de início súbito e muito, muito
forte.

Na presença de um atleta que esteja apresentando


um AIT, interrompa todas as atividades físicas e o
coloque em uma posição confortável. Mantenha as
vias aéreas livres e avalie os sinais vitais (frequência
cardíaca, frequência respiratória e pressão arterial).
A pressão arterial pode estar levemente aumentada
durante o episódio. A frequência cardíaca pode estar
normal ou elevada. Na ocorrência do AIT, os sinais e
sintomas clínicos (como dormência ou fraqueza das
extremidades, descritas como formigamento) desa-
parecem em poucos minutos ou horas. Cessada a
crise, obrigatoriamente, referencie-o para avaliação
médica na companhia de outro indivíduo.

95
Acidente Vascular
Encefálico (AVE)

O Acidente Vascular Encefálico (AVE) ou Acidente


Vascular Cerebral (AVC) é uma doença incapacitante
que pode levar ao óbito, sendo necessário interven-
ção imediata e rápido reconhecimento de seu acome-
timento. O AVE compreende uma alteração súbita da
função neurológica, acometendo um número cada
vez maior de pessoas (ROGER et al., 2012).

96
EDUCAÇÃO FÍSICA

97


O AVE, por muito tempo, foi considerado uma b. Acidente vascular encefálico hemorrágico:
condição relacionada com o envelhecimento, em ruptura de um vaso sanguíneo no cérebro, im-
que apenas pessoas com idade avançada apresenta- pedindo o fluxo de sangue normal e permitin-
riam essa doença. Entretanto, sabe-se que diversos do que ele extravase para áreas do cérebro. Pode
ser adjacente ao cérebro (hemorragia suba- rac-
casos têm ocorrido com pessoas com idade inferior
nóidea) ou dentro da massa encefálica.
a 40 anos, tornando-se uma grande preocupação
para a população em geral, especialmente para os Como já citado anteriormente, os sinais e os sintomas
professores de Educação Física, uma vez que a prá- do AVE são muito parecidos com o do AIT: cefaleia,
tica de atividade física exige grande esforço do sis- alteração da consciência, fraqueza em um dos lados
tema cardiovascular e, consequentemente, aumento do corpo, assimetria facial, vertigens, alteração da
da pressão arterial. fala, perda da visão, náuseas e vômitos (SBC, 2013).
O AVE caracteriza-se em dois tipos: Para uma avaliação pré-hospitalar, você pode
a. Acidente vascular encefálico isquêmico: utilizar a Escala Pré-Hospitalar de Cincinnati, que
quando o fluxo sanguíneo é bloqueado por consiste em avaliar face, braços e fala. Se o pacien-
um acúmulo de gordura (ateroma) dentro da te apresentar um deles alterado, tem 72% de proba-
artéria cerebral ou por coágulo que obstrui o bilidade de ser AVC; se houver as três alterações, a
vaso sanguíneo (embolia cerebral). chance de ser AVC é de 85%.

Quadro 2 - Escala Pré-Hospitalar de Cincinnati

Sinais e sintomas Como testar Normal Alterado


Um dos lados da face não
Pedir para o paciente Ambos os lados da face
Queda facial se move tão bem quanto o
mostrar os dentes e sorrir. movem-se normalmente.
outro lado (desvio de rima).
Pedir para o paciente
Ambos os braços man- Um braço não se move
fechar os olhos e manter
Debilidade dos braços têm-se esticados ou ou cai mais comparado ao
os braços estendidos na
com movimentos iguais. outro (paresia).
frente do corpo.
Pede-se para o paciente Usa palavras inelegíveis,
Usa as palavras corretas
Fala normal dizer “o rato roeu a roupa incorretas ou não consegue
com pronúncias claras.
do rei de Roma”. falar.
Fonte: adaptado de Moraes (2010)

98
EDUCAÇÃO FÍSICA

Uma dica interessante para lembrar e avaliar os si-


REFLITA
nais e sintomas do AVE é lembrar da palavra SAMU:
peça para a vítima Sorrir, Abraçar e Cantar uma
Música. Se o indivíduo apresentar alguma dificul- A principal diferença entre o AIT e o AVC é
dade para realizar algumas dessas atividades, ligue que o déficit neurológico, no AIT, é reversível
em até 24 horas. Contudo, embora as víti-
imediatamente para o serviço de Urgência. mas de AIT não fiquem com sequelas, este
No atendimento a vítima de AVE, você deve: distúrbio pode representar um indicativo
de um futuro AVC.
1. Avaliar responsividade da vítima.
2. Avaliar o nível de consciência e escala de
Cincinnati, marcar o horário que iniciou os
primeiros sinais e sintomas. Embora o AIT e o AVE sejam condições que nem
3. Solicitar, imediatamente, o serviço móvel de sempre podem ser prevenidas, pois dependem de
urgência. muitos fatores, é imprescindível que profissionais do
4. Monitorar os sinais vitais até a chegada do esporte, treinadores, professores, atletas etc. reali-
atendimento especializado. zem periodicamente exames preventivos.

Figura 2 - Identificação do AVC


Fonte: adaptada de Neuroliga (2016, on-line)1.

99
Traumatismo
Cranioencefálico (TCE)

O trauma é a principal causa de morte em indivídu- De acordo com Moraes (2010), existem três ti-
os entre 1 e 44 anos. O traumatismo cranioencefáli- pos de TCE:
co (TCE) é o principal determinante de morbidade, • Traumatismo craniano fechado: quando
incapacidade e mortalidade dentro deste grupo. O não há ferimentos no crânio, ou existe ape-
TCE grave, por exemplo, está associado a uma taxa nas uma fratura linear. Pode apresentar con-
de mortalidade de 30% a 70%, e a recuperação dos cussão, breve perda de consciência, depois
sobreviventes é marcada por sequelas neurológicas do traumatismo, geralmente se recobra a
consciência antes de seis horas.
graves e por uma qualidade de vida muito prejudica-
da (OLIVEIRA; IKUTA; REGNER, 2008). • Fratura com afundamento do crânio: o pe-
ricrânio está íntegro, porém um fragmento
O (TCE) é uma lesão do crânio e/ou do parên-
do osso fraturado está afundado e compri-
quima cerebral provocada por uma força física ex-
me e/ou lesiona o cérebro.
terna, como um choque local ou movimentos repe-
• Fratura exposta do crânio: indica que os
tidos decorrentes de impactos únicos ou múltiplos,
tecidos pericranianos foram lacerados e
resultando em compressão, expansão, aceleração,
que existe uma comunicação direta entre o
desaceleração e rotação do cérebro dentro do crânio, couro cabeludo lesionado e o parênquima
que pode ocasionar alteração do nível de consciên- cerebral por meio dos fragmentos ósseos
cia e comprometimento das habilidades cognitivas afundados ou estilhaçados e da dura-máter
ou do funcionamento físico (SILVA et al., 2017). lacerada.

100
EDUCAÇÃO FÍSICA

Além disso, o TCE pode ser classificado como ser encaminhada ao hospital mais próximo, ou o
leve, moderado e grave (GENTILE et al., 2011). serviço de emergência deve ser acionado.
Normalmente, o TCE leve é assintomático, ou a Neste sentido, Flegel (2015) orienta a seguir os
vítima pode apresentar: cefaleias, tonturas, pertur- passos a seguir:
bações da visão e lesões cranianas evidentes (ex: 1. Solicite rapidamente o serviço de emergência
lacerações e hematomas). médica.
Em casos de TCE moderado, pode ocorrer al- 2. Mantenha a cabeça e o pescoço imóveis (ex-
teração do estado de consciência, no momento do ceto em casos de suspeita de traumatismo ra-
traumatismo ou depois, que pode ir desde o estado quimedular) até que o atendimento especia-
de alerta até a ausência de resposta, passando pela lizado chegue.
desorientação no tempo e no espaço, cefaleia pro- 3. Em casos de sangramento, controle qualquer
hemorragia profusa, mas evite aplicar pres-
gressiva, convulsão, vômito, amnésia, politrauma-
são excessiva sobre uma ferida na cabeça.
tismo, traumatismo facial grave.
4. Monitore a frequência respiratória, cardíaca,
No caso grave, há alterações da simetria e da
pulso, pressão arterial e temperatura. Se ne-
reatividade à luz das pupilas, hemiplegia ou hemi- cessário, realize a RCP.
paresia, perda de líquido cefalorraquidiano ou de
sangue pelos orifícios da cabeça, nomeadamente,
nariz e ouvidos, ventilação rápida e superficial ou SAIBA MAIS

lenta com períodos de apneia quando existe com-


promisso do centro respiratório, hipertensão ar- Assistindo a uma partida de futebol, você,
terial, que surge como resposta fisiológica do or- provavelmente, já presenciou um traumatis-
ganismo tentando de manter a irrigação cerebral mo craniano ocorrido por choque da cabeça
com o chão ou por colisão entre dois atletas
na presença de aumento da pressão intracraniana ao cabecear uma bola. A decisão de voltar ao
e hipertermia por desregulação do centro termor- jogo após uma pancada na cabeça sempre
regulador. causou discussões entre médicos e árbitros
de futebol. Recentemente, a FIFA divulgou
Ainda, as fraturas, sobretudo, as que têm ori- uma nota sobre o assunto, haja vista a fre-
gem na região posterior e no fundo (base) do quência com que esses acidentes ocorrem e
crânio, podem desencadear os seguintes sinais: as divergências entre as condutas que devem
ser tomadas nesses casos.
pupilas desiguais (anisocoria); perda de líquor ou Caro(a) aluno(a), sugerimos que você faça
sangue pelas narinas ou orelhas (rinorragia e otor- uma leitura da reportagem postada no jornal
ragia); hematoma periorbitário - sinal de Panda ou Estadão, pois trata exatamente do posicio-
namento da FIFA em relação a esses aciden-
olhos de guaxinim e Sinal de Battle – hematoma na tes. Acesse o link: <http://esportes.estadao.
região mastoide (atrás da orelha). com.br/noticias/futebol,traumatismo-cra-
niano-fifa-decide-que-medico-tem-decisao-
Independentemente do grau da lesão, se o atle-
-final,1564826>.
ta exibir qualquer um dos sinais ou sintomas pre-
Fonte: as autoras.
viamente listados, afaste-o imediatamente da ati-
vidade. Em todos os casos de TCE, a vítima deve

101


Traumatismo
Raquimedular (TRM)

102
EDUCAÇÃO FÍSICA

O trauma raquimedular (TRM) é uma agressão à também: edemas, defor-


medula espinhal, que pode ocasionar sérios pro- midades, desvio de estru-
blemas neurológicos, como alterações da função tura na região do pesco-
motora, sensitiva e autônoma. As principais causas ço (desvio de traqueia) e
de lesão são os acidentes automobilísticos, quedas, presença de dor.
esportes de contato físico, acidente por mergulho Quando você sus-
em água rasa e ferimentos por arma de fogo (MAR- peitar de um trauma ra-
TINS; DAMASCENO; AWADA, 2012). quimedular, chame o ser-
As fraturas na região cervical são mais comuns viço médico de urgência
entre as vértebras C5 e C6. Lesões na vértebra cer- imediatamente. Estabilize a
vical C1-C2 ou C2-C3 com acometimento medular, vítima para evitar qualquer mo-
geralmente, são fatais, pois levam à parada respira- vimento da cabeça, pescoço ou
tória imediata. As lesões cervicais C3-C4 e C4-C5 do corpo. Você precisa manter
com acometimento da medula acarretam instabili- a vítima totalmente imóvel até
dade respiratória. As fraturas na região toracolom- que a ajuda profissional chegue.
bar correspondem a 90% dos traumas raquimedula- Não mova a vítima, a menos que
res, sendo mais afetadas a vértebra torácica T12 e as ela esteja em perigo imediato
vértebras lombares L1 e L2 (MORAES, 2010). de lesão adicional, ou se você
As sequelas estão diretamente relacionadas com precisar desobstruir uma via
o nível do traumatismo. O dano à medula espinhal respiratória para que ela pos-
varia de uma concussão transitória, da qual o pa- sa respirar. Se você perceber
ciente recupera-se completamente (contusão, lace- que a vítima não apresenta
ração e compressão da substância da medula) até pulso e não está respirando,
uma transecção completa com possível perda de inicie RCP.
movimentos (paraplegia ou tetraplegia). Jamais toque na vítima se
Os principais sinais e sintomas sugestivos de le- você não tem conhecimento
são raquimedular são: dormência ou perda de sen- de primeiros socorros para o
sibilidade dos membros superiores e/ou inferiores, atendimento em TRM. Qualquer
respiração diafragmática, hipotensão associada conduta inadequada pode piorar a
à bradicardia, priapismo. Podem ser observados situação do indivíduo.

103
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), nesta unidade discutimos um pouco sobre as principais
urgências e emergências metabólicas e neurológicas.
Os distúrbios endócrinos, especialmente os relacionados aos níveis de
glicose sanguínea, compreendem uma gama de manifestações clínicas. Nos
casos de urgência e emergência, essas condições configuram-se como potencialmen-
te fatais se não foram imediatamente reconhecidas e tratadas de maneira adequada.
Por outro lado, sabe-se que esses distúrbios compreendem sintomas muito inespecí-
ficos, o que dificulta o seu diagnóstico e torna os primeiros socorros algo complexo
e extremamente desafiador.
Da mesma maneira, caro(a) acadêmico(a), você deve ter compreendido que, em
uma emergência neurológica, existe a necessidade de uma avaliação criteriosa dos
sinais e sintomas apresentados pela vítima, uma vez que o sistema neurológico é ex-
tremamente complexo e desempenha um importante papel no controle das funções
corporais. Assim, qualquer alteração sutil pode indicar um possível agravamento da
condição da vítima. Sabe-se que o reconhecimento e uma avaliação focada dessas
condições devem ser a base das intervenções.
Portanto, caro(a) estudante, é imprescindível aprofundar seus conhecimentos a
respeito dos aspectos essenciais das situações de urgências e emergências metabóli-
cas e neurológicas, de maneira que você se torne capacitado para atuar em qualquer
situação e em qualquer ambiente, seja no meio escolar, em academias, centros de
treinamento, seja até mesmo em locais públicos.
De fato, as orientações de primeiros socorros nessas situações não devem termi-
nar aqui. É necessário ler e se atualizar constantemente acerca dessa temática. Bons
estudos!

104
atividades de estudo

1. Considerado uma das grandes epidemias mundiais do século XXI e problema de


saúde pública tanto nos países desenvolvidos como em desenvolvimento, aco-
mete, aproximadamente, 382 milhões de pessoas no mundo, devido ao estilo de
vida atual, caracterizado por inatividade física e hábitos alimentares. Possui como
principais sinais e sintomas: fome excessiva, aumento do volume urinário, sede
em demasia e fadiga.
Considerando as informações anteriores, indique qual é a doença/evento res-
ponsável por esses sinais e sintomas:
a) Hipoglicemia.
b) Diabetes mellitus.
c) Traumatismo raquimedular.
d) Epilepsia.
e) Doença arterial coronariana.

2. Recentemente, durante uma partida de futebol no campeonato amazonense, o


atacante Charles Chenko bateu a cabeça com o zagueiro Victor e desmaiou. Em
seguida, sofreu uma forte convulsão e teve que ser levado às pressas para para
o pronto atendimento mais próximo.
Considerando o caso apresentado, avalie as alternativas seguintes sobre as reco-
mendações no caso de convulsão:
I . Deitar a pessoa de lado para que não engasgue com a língua.
II . Remover todos os objetos ao redor que ofereçam risco de machucá-la.
III . Afrouxar as roupas, elevar a mandíbula para facilitar a passagem do ar e cro-
nometrar o tempo da convulsão.
IV . Tentar puxar a língua para fora.

É correto apenas o que se afirma em:

a) I e II, apenas.
b) II, III e IV, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) III, apenas.

105
atividades de estudo

3. A hipoglicemia é a diminuição dos níveis glicêmicos para valores abaixo de


60 mg/dL, que leva a manifestações de liberação do sistema simpático como
sudorese, taquicardia, apreensão e tremor. Sobre as condutas de primeiros
socorros em casos de indivíduos hipoglicêmicos, assinale a alternativa correta:
a) Se a vítima estiver consciente, peça para ela se exercitar. Os exercícios físicos
tendem a aumentar a glicemia sanguínea.
b) Se a vítima estiver consciente, solicite que ela não se alimente sob nenhuma
hipótese, pois a vítima pode desmaiar e se engasgar com a comida.
c) Se a vítima estiver inconsciente, deite-a em posição confortável até a crise pas-
sar. Não há necessidade de atendimento médico especializado, pois os sinais
e sintomas melhoram, gradativamente.
d) Se a vítima estiver consciente, interrompa as atividades físicas e ofereça ali-
mentos ou líquidos compostos por frutose, sacarose e oligossacarídeos (ba-
las, sucos). Monitore os sinais vitais.
e) Se a vítima estiver inconsciente, inicie imediatamente as manobras de RCP.

4. O Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame, é


uma das principais causas de morte e de sequelas no Brasil e no mundo. A doen-
ça cerebrovascular atinge 16 milhões de pessoas ao redor do globo a cada ano.
Dessas, seis milhões morrem. Por isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS)
recomenda a adoção de medidas urgentes para prevenção e tratamento da do-
ença. Neste sentido, julgue as afirmativas a seguir, assinalando V para verdadeiro
e F para falso:
( ) O aparecimento súbito de déficits neurológicos nos AVC isquêmico e he-
morrágico independe da região cerebral envolvida.
( ) Quando há ruptura espontânea de um vaso, com extravasamento de san-
gue para o interior do cérebro, é denominado AVC hemorrágico.
( ) Fraqueza ou paralisia de um lado do corpo, dificuldade para falar e confu-
são mental são alguns sinais do acidente vascular cerebral.
( ) O AVC não se configura como uma situação de emergência e, portanto,
não há necessidade de referência.
( ) No atendimento de primeiros socorros ao AVC, é melhor esperar os sinto-
mas passarem para, então, orientar a vítima a procurar um médico.

106
atividades de estudo

A sequência correta é:
a) V - V - V - F - V.
b) F - F - V - F - V.
c) F - F - F - F - V.
d) F - V - V - V - F.
e) F - V - V - F - F.

5. Durante a prática de uma atividade física, um indivíduo, 48 anos, sexo masculino,


hipertenso, sofreu uma queda da esteira. Ao examinar a vítima, você percebe que
ela está sonolenta e apresenta hematomas difusos na face, há alteração do diâ-
metro pupilar (anisocoria) e presença de hemorragia nasal. Mostra-se hidratada,
acianótica, FC: 120bpm, O2sat - 90%. PA: 150x90mmHg.
a) Qual é o provável diagnóstico?
b) Quais são os sinais e sintomas da patologia?
c) Quais são as condutas recomendadas frente a esta situação?

107
LEITURA
COMPLEMENTAR

Caro(a) aluno(a), o artigo apresentado “Alterações neurológicas em concussões nos espor-


tes”, do autor Cassiano Simão Assunção e colaboradores, publicado no periódico Science in
Health, em 2015, trata de um evento muito frequente durante as práticas esportivas.
A concussão cerebral compreende uma alteração provocada por um trauma que pode, ou
não, estar relacionada com a perda de consciência. Configura-se como uma lesão cerebral
leve com recuperação neurológica completa. Normalmente, a vítima apresenta-se confusa,
sente dor de cabeça, uma sonolência anormal, podendo ser acompanhada de tontura e
dificuldade de concentração. As concussões causam uma disfunção cerebral temporária,
sem apresentar fratura do crânio ou feridas na cabeça.
Embora considerado um traumatismo craniano leve, recentemente, discutem-se os efeitos
da concussão cerebral a médio e longo prazo, especialmente em relação à casuística e ao
número de concussões cerebrais sofridas, o que pode desencadear eventos graves e po-
tencialmente fatais e patologias neurodegenerativas.
Em esportes de contato, a concussão cerebral ocorre após uma pancada na cabeça. Uma
avaliação clínica correta dos sinais e sintomas associados a esse tipo de trauma e o acom-
panhamento assistencial posterior das lesões são de extrema importância para amenizar
qualquer déficit neurológico decorrente e para trazer o atleta novamente à competição
ou à prática de esportes. Desta maneira, é importante que o professor de Educação Física
saiba reconhecer tais lesões e promover, junto a profissionais da saúde, os cuidados do
retorno do atleta para as competições/atividades físicas, evitando-se, assim, lesões futuras.
Para saber mais, leia o artigo, na íntegra, que está disponível no link a seguir: <http://ar-
quivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/revista_scienceinhealth/16_jan_
abr_2015/Science_06_01_15-21.pdf>.
Aproveite a oportunidade para aprender mais sobre esse tipo de traumatismo cranioence-
fálico, muito comum na prática profissional do professor de Educação Física.

Fonte: as autoras.

108
material complementar

Indicação para Ler

Primeiros socorros
Luiz Fernando dos Reis Falcão e Julio Cezar Mendes Brandão
Editora: Martinari
Sinopse: a forma como as pessoas reagem em uma situação de emergência antes
da chegada do socorro médico costuma determinar como será a recuperação das
vítimas e, em casos extremos, pode significar a diferença entre a vida e a morte. A
primeira pessoa a chegar ao local precisa ser capaz de reconhecer as emergências
e lidar com elas de modo a proteger as vítimas. Este livro permite o acesso à infor-
mação de Primeiros Socorros.

109
referências

AHA. American Heart Association. Destaque das Diretrizes da American Heart As-
sociation de 2015 para RCP e ACE. Dallas: AHA, 2015. Disponível em: <https://
eccguidelines.heart.org/wp-content/uploads/2015/10/2015-AHA-Guidelines-Hi-
ghlights-Portuguese.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2019.
BARBÉRIO, G. S.; SANTOS, P. S. S.; MACHADO, M. A. A. M. Epilepsia: condutas
na prática odontológica. Rev. Odontol. Univ. Cid., São Paulo, v. 25, n. 2, p. 114,
maio/ago., 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Básica. Diabetes Mellitus. Cadernos de Atenção Básica, n. 16. Brasília:
Ministério da Saúde, 2006. Série A. Normas e Manuais Técnicos). Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diabetes_mellitus.PDF>. Acesso em:
17 jan. 2019.
FLEGEL, M. J. Primeiros Socorros no Esporte. 3. ed. Barueri: Editora Manole, 2010.
______. Primeiros Socorros no Esporte. 5. ed. Barueri: Manole, 2015.
GENTILE, J. K. A. et al. Condutas no paciente com trauma cranioencefálico. Ver.
Bras. Clin. Med., v. 9, n. 1, p. 74-82, 2011. Disponível em: <http://files.bvs.br/upload/
S/1679-1010/2011/v9n1/a1730.pdf> Acesso em: 18 jan. 2019.

110
referências

LYRA, R.; CAVALCANTI, N.; SANTOS, R. D. Diabetes Mellitus e Doenças Cardio-


vasculares. São Paulo: AC Farmacêutica, 2014.
MARTINS, H. S.; DAMASCENO, M. C. T.; AWADA, S. Pronto-Socorro: Medicina
de Emergência, 3. ed. São Paulo: Manole, 2012.
MORAES, M. V. Atendimento Pré-Hospitalar: Treinamento da Brigada de Emer-
gência do Suporte Básico ao Avançado. São Paulo: IÁTRIA, 2010.
OLIVEIRA, C. O.; IKUTA, N.; REGNER, A. Biomarcadores prognósticos no trau-
matismo crânio-encefálico grave. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, São Paulo,
v. 20, n. 4, out./dez. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=s-
ci_arttext&pid=S0103-507X2008000400015&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso
em: 17 jan. 2019.
ROGER, V. L. et al. Heart disease and stroke statistics 2012 update: a report from
the American Heart Association. Dallas: AHA, 2012. Disponível em: <https://circ.
ahajournals.org/content/125/1/e2.full.pdf+html>. Acesso em: 17 jan. 2019.
SILVA, J. A. et al. Traumatismo cranioencefálico no município de Fortaleza. Enfer-
magem em Foco, v. 8, n. 1, p. 22-26, 2017. Disponível em: <http://revista.cofen.gov.
br/index.php/enfermagem/article/view/724/368>. Acesso em: 17 jan. 2019.

111
referências

SBC. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Treinamento de Emergências Cardiovas-


culares: básico (TECA B). São Paulo: Manole, 2013.
SBD. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes 2015-2016. São Paulo: A. C.
Farmacêutica, 2016. Disponível em: <http://www.diabetes.org.br/sbdonline/images/
docs/DIRETRIZES-SBD-2015-2016.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2019.
______. Diretrizes 2017-2018. São Paulo: Editora Clannad, 2017. Disponível
em: <http://www.diabetes.org.br/profissionais/images/2017/diretrizes/diretrizes-
-sbd-2017-2018.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2019.

REFERÊNCIA ON-LINE

1
Em: <http://www.neuroligaunivasf.com.br/2016/10/29/dia-do-avc-2016/>. Acesso
em: 17 jan. 2019.

112
gabarito

1. B.
2. D.
3. D.
4. E.
5. a) A vítima sofreu um traumatismo craniano.
b) Além dos sinais e sintomas apresentados no caso, a vítima pode apre-
sentar: hemiplegia ou hemiparesia, convulsões; náuseas e/ou vômitos;
cefaleias e perturbações da visão, hipertermia. Em casos mais graves, al-
teração do estado de consciência e PCR.
c) Em casos de TCE, deve-se solicitar rapidamente o serviço de emergência
médica; imobilizar a cabeça e o pescoço (exceto em casos de suspeita de
traumatismo raquimedular) até que o atendimento especializado chegue.
Controlar qualquer hemorragia profusa, monitorar a frequência respira-
tória, cardíaca, pulso, pressão arterial e temperatura e, se necessário, re-
alizar a RCP.

113
ACIDENTES E LESÕES EM GERAL

Professora Dra. Sabrina Weiss Sties


Professora Me. Xana Raquel Ortolan

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Hemorragia interna e externa
• Queimaduras
• Choque elétrico
• Insolação
• Intoxicação e Envenenamento
• Lesões nos olhos, orelhas e dentes

Objetivos de Aprendizagem
• Identificar e prestar os primeiros socorros em casos de hemorragia interna e
externa.
• Compreender as condutas diante de queimaduras conforme classificação.
• Compreender o atendimento de emergências em casos de choque elétrico.
• Identificar sinais e sintomas de insolação e técnicas de atendimento às vítimas.
• Reconhecer as situações de intoxicação e envenenamento e os procedimentos
de primeiros socorros.
• Identificar as lesões nos olhos, orelhas e dentes e os procedimentos de
primeiros socorros.
unidade

IV
INTRODUÇÃO

B
em-vindo(a) a mais um capítulo do nosso livro. Nele vamos apre-
sentar os acidentes e lesões que, de maneira geral, ocorrem em nos-
so local de trabalho ou mesmo no ambiente domiciliar.
Inicialmente, vamos nos dedicar aos estudos sobre os diferentes
tipos de hemorragias, características e intervenções próprias. É provável que
você já tenha sofrido uma hemorragia, mas que não causou preocupação por
ser pequena, ou porque o trauma não atingiu um vaso importante. Entretanto
algumas hemorragias podem ser sérias e demandam atendimento imediato.
Depois, estudaremos os aspectos relacionados às queimaduras, a classifi-
cação e os métodos aceitos para calcular a superfície corporal queimada. Em-
bora os procedimentos de primeiros socorros sejam simples, as queimaduras
podem atingir estruturas além da pele, como músculos, ossos, nervos e vasos
sanguíneos, o que pode desencadear um comprometimento das vias aéreas.
No tópico seguinte, abordaremos as características do choque elétrico,
que também pode provocar queimaduras graves, devendo ser tratado com os
mesmos critérios. A insolação é outra situação de emergência que surge devi-
do ao superaquecimento do organismo, decorrente da exposição prolongada
ao calor, configurando-se como uma queimadura grave.
Descreveremos os principais casos de intoxicação e envenenamento. Sa-
be-se que reconhecer uma vítima nesta situação não é simples, pois os sinais e
sintomas variam de acordo com o tipo de substância com a qual a vítima teve
contato, entretanto, é importante que você reconheça os sinais de gravidade e
que necessitam de atendimento médico imediato.
Por fim, destacamos algumas lesões gerais que ocorrem nos olhos, nas
orelhas e nos dentes. Cada uma com sua particularidade, nem sempre são
uma condição de emergência, mas devem ser tratadas com atenção e respon-
sabilidade.
Todas as situações abordadas aqui são comuns tanto no ambiente escolar,
como em outros locais de prática de atividade física, por isso, você deve saber
como agir diante dessas situações. Vamos começar? Bons estudos a você!
Hemorragia
Interna e Externa

A hemorragia compreende a perda de volume sanguí- possível visualizar o sangue, e o socorrista deduz o
neo devido ao rompimento de veias e/ou artérias por quadro devido aos seguintes sintomas:
causas diversas, como amputações, fraturas, esmaga- • Pulso com batimento anormal (fraco ou ace-
mentos, cortes, úlceras entre outros. As hemorragias lerado).
podem ser classificadas como internas ou externas. • Pele fria.
A hemorragia interna ocorre sem que a pele seja • Sudorese abundante.
rompida. Pode ser provocada pela lesão de algum • Palidez intensa e mucosas descoradas.
órgão interno. Normalmente, esse tipo de hemorra- • Tonturas.
gia acontece imediatamente após acidentes violen- • Eliminação de sangue pela boca (junto com
tos, nos quais o corpo deve suportar pressões mui- vômito ou saliva), nas fezes e na urina.
to grandes, como: colisões; soterramentos; quedas; • Sede.
acidentes automobilísticos etc. Nesses casos, não é • Inconsciência.

118
EDUCAÇÃO FÍSICA

Nos casos de hemorragia interna, você deve mo- Diante de traumatismos que apresentam hemor-
nitorar os sinais vitais e chamar, imediatamente, o ragia externa, Quilici e Timerman (2011) apontam
serviço de emergência, uma vez que uma situação como agir diante desta situação:
de hemorragia interna pode levar a vítima, rapida- 1. Verifique se o local do atendimento está se-
mente, ao estado de choque. Caso a vítima passe a guro para você.
não responder mais, iniciar RCP de imediato. 2. Solicite que alguém traga o material próprio
para atendimento de primeiros socorros.
REFLITA 3. Coloque todos os equipamentos de proteção
individual (EPI), incluindo óculos.
Você sabe o que é choque? Também conhecido 4. Se a vítima estiver consciente, peça para ela
como choque circulatório, compreende a falên- comprimir o local do sangramento com gaze
cia circulatória aguda que prejudica a oferta de ou compressa limpa enquanto você se para-
oxigênio para os tecidos. Se não tratado preco- menta.
cemente, apresenta altas taxas de mortalidade.
5. Mantenha o membro afetado elevado.
(John E. Hall e Arthur Guyton)
6. Comprima firmemente o local do sangra-
mento por 5 a 10 minutos, até que a hemor-
Por outro lado, os casos de hemorragia externa são ragia pare.
facilmente diagnosticados, pois o derramamento de 7. Se não parar, comprimir com mais força fa-
zendo uso de uma segunda gaze colocada
sangue ocorre para fora do corpo. Nessas situações,
sobre a primeira, que não deve ser retirada
há possibilidade de reconhecimento de uma hemor-
para que não ocorra remoção de coágulos já
ragia capilar, arterial ou venosa. A capilar correspon- presentes.
de a um sangramento lento, com pouco volume de
8. Verifique possíveis sinais de choque (palidez
sangue, observada em arranhões e pequenos cortes cutaneomucosa, sudorese, taquicardia, pulso
superficiais. A arterial caracteriza-se pelo fluxo em fino).
forma de esguicho intermitente (na mesma pulsação 9. Se houver sinais de choque e sangramento
das palpitações cardíacas), e a venosa apresenta flu- persistente, acione imediatamente o serviço
xo contínuo e não muito intenso (Figura 1). de atendimento especializado.

Artérias Veias Capilares

Figura 1 - Tipos de hemorragia externa

119


Ressalta-se que a grande maioria dos sangramentos nantes, antialérgicos e corticosteróides. Além disso,
externos pode ser tratada com simples tampona- o ressecamento da mucosa causado pelo clima seco
mento direto sobre o local da hemorragia, mas aten- ou pelo inverno rigoroso, exposição prolongada ao
ção: o ferimento deve estar sempre limpo, diminuin- ar condicionado ou por infecções virais e bacteria-
do, assim, a possibilidade de infecções. Se não existir nas também podem ocasionar o sangramento nasal.
gaze ou compressa esteril no local, utilize algum te- Nesses casos:
cido limpo, ou faça a compressão com a própria mão • Mantenha a vítima sentada, imóvel, inclinada
vestindo luva devidamente ajustada. para frente.
Além disso, instrumentos que estejam fincados • Realize o tamponamento de ambas as narinas
em um ferimento não devem ser retirados, devido com uma gaze/pano limpo, usando o polegar
e indicador em forma de pinça, durante 15
a possibilidade de sangramento de um grande vaso
minutos (Figura 2).
que esteja por ele tamponado. Nestes casos, mante-
• Coloque compressa com gelo sobre o nariz,
nha a vítima o mais imóvel possível até a chegada de
fazendo vasoconstricção, diminuindo o san-
atendimento especializado. gramento nasal.
Em casos de amputação de membro, deve-se
promover a compressão firme da área ferida. Não
aplique torniquetes, pois a compressão que exercem
é suficiente apenas para diminuir o retorno veno-
so e, na manutenção do fluxo arterial, promovem
aumento da hemorragia local. Os torniquetes de-
vem ser utilizados somente como último recurso,
quando outros métodos de hemostasia já tenham
falhado. Assim, deve-se sempre ter em mente que
a compressão sobre o local da hemorragia é o mais
recomendado.
Sob nenhuma hipótese despreze o membro am-
putado. A melhor forma de preservá-lo é colocá-lo
em um saco plástico e resfriá-lo em gelo. Não co-
loque o membro amputado diretamente sobre gelo
ou mergulhado em água ou outro líquido, pois isso
provoca degeneração celular do órgão.
Outra situação relativamente comum durante
o exercício físico é o sangramento nasal (epistaxe).
As causas mais comuns para a ocorrência desse tipo
de hemorragia são: traumatismos locais (mais fre- Figura 2 - Condutas no atendimento a vítima com epistaxe
quentes em crianças); o uso tópico de descongestio- Fonte: FCFRP - USP (2016).

120
EDUCAÇÃO FÍSICA

ATENÇÃO

Atenção: caso não haja êxito em 15 minutos,


se houver sangramento arterial com ou sem
comprometimento respiratório ou sinais de
choque, telefonar, imediatamente, para o
serviço médico de urgência.

Jamais peça para a vítima deitar ou manter a cabeça


inclinada para trás (hiperextensão cervical), pois isso
facilita que o sangue seja aspirado. O(A) atleta/alu-
no(a) deve ser mantido(a) com a cabeça pendida para
a frente, o que facilita a manutenção da permeabilida-
de das vias aéreas. Sangramentos nasais, hemorragias
de ferimentos bucais podem levar a comprometimen-
to das vias aéreas. Fique atento a sinais de dispneia,
como batimento da asa do nariz, tiragem intercostal
e respiração ruidosa. Vítimas conscientes queixam-
-se da dificuldade respiratória. Sangramentos pro-
duzidos por avulsão dentária devem ser tratados por
compressão. O(A) atleta/aluno(a) consciente deve ser
orientado(a) a manter a gaze colocada sobre o local
do sangramento (QUILICI; TIMERMAN, 2011).

121
Queimaduras

122
EDUCAÇÃO FÍSICA

As queimaduras são lesões decorrentes de agentes capa- Em relação à profundidade, a queimadura depende
zes de produzir calor excessivo que danifica os tecidos de dois fatores: a temperatura a qual a pele foi expos-
corporais e acarreta a morte celular (BRASIL, 2012). ta e o tempo de exposição. Nesse sentido, as lesões
No cenário atual, as queimaduras são considera- podem ser classificadas, conforme a tabela a seguir:
das um importante problema de saúde pública visto Quadro 1 - Classificação das queimadura quanto à profundidade
que acarretam graves problemas psicopatológicos, A lesão atinge a epiderme, apresenta ver-
devido às sequelas estéticas, funcionais e emocio- 1º Grau
melhidãoi e é acompanhada de dor.
nais decorrentes de limitações físicas e amputação A lesão atinge a epiderme e a derme, apre-
de membros (ANTONIOLLI et al., 2014). 2º Grau senta vermelhidão e é acompanhada de
dor e do aparecimento de bolhas.
Ademais, o trauma por queimaduras representa a
A lesão atinge todas as camadas da pele,
quarta causa de óbito no mundo, acometendo, predo-
chegando ao tecido subcutâneo.
minantemente, jovens, na faixa etária de 1 a 40 anos e 3º Grau É a forma mais grave. As lesões apresentam-
repercutindo com danos, muitas vezes, irreversíveis. -se esbranquiçadas, secas e com aspecto
carbonizado, acompanhadas de dor intensa.
No Brasil, cerca de 30% do total de vítimas queima-
das necessitam de hospitalização, sendo que o restan- Fonte: adaptado de Santos (2014, p. 114).

te corresponde a queimaduras mais leves, tratadas Nas queimaduras de primeiro grau, a cicatrização
ambulatorialmente (QUILICI; TIMERMAN, 2011). ocorre de 2 a 7 dias com a descamação da epiderme;
Nesse contexto, entende-se que as queimaduras nas de segundo grau, a cicatrização ocorre entre 10
podem variar desde lesões pequenas até catastróficas, e a 14 dias, em condições normais, sem infecção. Por
que as condutas de primeiros socorros frente a essas si- outro lado, nas de terceiro grau, a cicatrização ocor-
tuações dependem de uma análise criteriosa em relação re pelo crescimento epitelial, a partir das bordas da
ao agente causador, à profundidade ou ao grau, à exten- ferida ou por meio do autoenxerto.
são ou severidade, à localização coporal da queimadura. As queimaduras também podem ser classifica-
De acordo com Moraes (2010), as queimaduras das quanto à extensão, o que se refere à porcentagem
podem ser classificadas quanto ao agente causador: da área da superfície corporal queimada. O cálculo
• Agentes físicos: líquidos superaquecidos, va- da extensão do agravo é classificado de acordo com a
por, fogo e o gelo. idade. Nestes casos, normalmente, utiliza-se a regra
• Agentes elétricos: a energia elétrica, como as dos nove, criada por Wallace e Pulaski, que leva em
correntes de baixa voltagem (eletrodomésti- conta a extensão atingida, a chamada superfície cor-
cos), alta tensão e raio; radiantes: resultam da poral queimada (SCQ) (BRASIL, 2012).
exposição à luz solar, como os raios ultravio-
Veja, na Figura 3, a extensão da área queimada.
leta ou fontes nucleares.
Essa regra divide o corpo humano em áreas, cada
• Agentes químicos: substâncias químicas in-
dustriais, produtos de uso doméstico, como uma delas equivalente a 9%. Com essa regra, pode-
solventes, soda cáustica, alvejantes ou qual- mos ter noção da extensão e da gravidade da área
quer ácido ou álcalis. lesada. Embora a regra dos noves apresente um re-
• Agentes biológicos: seres vivos, como tatura- sultado aproximado, é de grande importância para a
nas, água-viva, urtiga. continuidade do atendimento.

123


Figura 3 - Regra dos 9


Fonte: Moraes (2010).

Para superfícies corporais de pouca extensão ou que


atinjam apenas partes dos segmentos corporais, uti-
liza-se para o cálculo da área queimada o tamanho
da palma da mão (incluindo os dedos) da vítima
(conforme Figura 4), o que é tido como o equivalen-
te a 1% da SCQ.
Ainda, as queimaduras podem ser classificadas
quanto à localização:
• Áreas críticas: face, mãos e as que envolvam
vias aéreas e genitais.
• Áreas semicríticas: todas as demais áreas
corpóreas.
Baseando-se nessa classificação, determinar a gravi-
dade da lesão depende de fatores, como: profundi-
dade; extensão; envolvimento das áreas críticas; ida-
de da vítima; presença de lesão pulmonar; presença
de outras lesões associadas, como fraturas ou outros Figura 4 - Regra da palma da mão
traumas; e doenças de base existentes. Fonte: Tobase e Tomazini (2017).

124
EDUCAÇÃO FÍSICA

Neste sentido, é fato que as condutas de primei- Dependendo da gravidade da lesão, é importante que
ros socorros dependem de uma avaliação criteriosa você fique atento(a) as queimaduras que envolvam
de todos os fatores, mas, de maneira geral, em quei- vias aéreas, queimaduras faciais, de sobrancelhas e
maduras, os princípios básicos no cuidado consis- narinas, fuligem na orofaringe, faringe avermelha-
tem em (SANTOS, 2014): da e com edema, pois causam comprometimento da
• Afastar a vítima do agente causador. respiração. Avalie também possíveis sinais de cho-
• No caso de a vítima estar em chamas, envol- que (pele fria e pegajosa, respiração rápida, fraca e
vê-la em um cobertor, deixando a região da irregular, pulso rápido e fraco, cianose, hipotensão
cabeça livre, evitando que se sufoque com a arterial etc.) e alterações no nível de consciência.
fumaça.
Nesses casos mais graves, chame imediatamente o
• Retirar acessórios, como anéis, pulseiras, re-
serviço de emergência.
lógios e outros.
• Retirar as vestimentas que não aderiram à
área queimada.
• Resfriar a área com água em abundância.
Não aplique gelo. Quando possível, aplique
compressas molhadas sobre a área lesionada.
• Se houver bolhas (flictemas), não perfurá-las,
pois o risco de infecção pode aumentar.
• Não aplicar nenhum tipo de loção, creme, in-
fusão caseira, pasta de dente, pó de café ou
produto gorduroso (graxa e óleo), pois isso
complica e interfere no tratamento.
• Se estiver consciente, dar bastante água para
beber, evitando desidratação rápida.
• No caso de queimadura química ou ácida, la-
var a área com água em abundância por mais
ou menos 10 minutos.
• No caso de queimadura por pó químico, re-
tirar primeiro o excesso e, depois, lavar com
água em abundância, pois o excesso de pó
em contato com a água pode aderir ao tecido
subcutâneo.
• Nas queimaduras por soda cáustica, tirar a
substância com um tecido limpo e, em se-
guida, lavá-lo, pois o contato da soda com
água provoca reação química com aumento
de calor.
• Providenciar transferência da vítima para um
posto médico ou hospital mais próximo.

125
Choque
Elétrico

O choque elétrico compreende uma alteração de humano aos efeitos danosos da exposição a essa
natureza e efeitos diversos, que se manifesta no corrente. Os principais efeitos fisiológicos que a
organismo humano quando este é percorrido por corrente elétrica externa produz no corpo humano
uma corrente elétrica. De acordo com Moraes são (MORAES, 2010):
(2010), no choque elétrico, a corrente fisiológica a) Tetanização: contração muscular involun-
do corpo soma-se à corrente externa desconheci- tária, causada pela circulação de corrente
da com intensidade muito maior, levando o corpo externa por meio dos nervos que controlam

126
EDUCAÇÃO FÍSICA

os músculos. A corrente supera os impulsos também para os seus pés, verifique se eles não estão
elétricos, que são enviados pelo sistema ner- molhados e se o chão está seco, já que a água, di-
voso, e os anula, levando à tetanização, a qual ferentemente da madeira, é excelente condutora de
será interrompida somente com o desliga-
corrente elétrica.
mento da fonte geradora.
Depois de ter certeza que a corrente foi desliga-
b) Fibrilação ventricular: sequência de impul-
sos cardíacos desordenados, iniciando-se da, inicie os primeiros socorros à vítima:
pelo músculo ventricular que se repete, con- 1. Cheque o nível de consciência e seus sinais
tinuamente, no mesmo músculo (o impulso vitais (respiração e pulso).
elétrico não inicia no nó sinoatrial, que é o 2. Realize massagem cardíaca externa se a víti-
comando dos impulsos elétricos). ma estiver em parada cardiorrespiratória.
c) Parada cardiorrespiratória: a corrente elétri- 3. Verifique também se há queimaduras e reali-
ca que passa pelo corpo da vítima com eleva- ze os procedimentos nas áreas lesionadas.
da intensidade em curto período pode levar à 4. Acione o serviço de emergência.
parada cardíaca. A parada cardíaca difere da
fibrilação ventricular pela ausência total dos De fato, algumas vezes, o choque elétrico pode cau-
impulsos elétricos, ou seja, o coração está em sar apenas um susto, mas dependendo da corrente
assistolia. elétrica, a vítima pode ir a óbito. Neste contexto,
d) Queimadura: a circulação da corrente elé- adote algumas condutas para evitar a ocorrência
trica no corpo da vítima é acompanhada do dessa situação:
efeito Joule, fenômeno de produção de calor, • Não mexa e não permita que alguém (espe-
levando a queimaduras graves, geralmente, cialmente crianças) toque na parte interna
de 3º grau. das tomadas, seja com os dedos seja com ob-
jetos. Proteja as tomadas com protetores es-
No atendimento a vítimas de choque elétrico, é ne-
peciais ou esparadrapo.
cessário ter cautela e atenção às condições de segu-
• Quando estiver com as mãos molhadas, não
rança para não se tornar uma segunda vítima e evi-
toque em aparelhos elétricos.
tar outros acidentes.
• Mantenha os aparelhos elétricos em bom
Imediatamente, localize a fonte que está provo- estado de conservação, realizando manuten-
cando o choque e desligue o aparelho da tomada ções preventivas.
ou a chave geral de energia. É muito comum que a • Não deixe fios elétricos à vista tampouco de-
vítima fique presa à corrente elétrica, portanto, não sencapado.
toque na vítima antes desligar a corrente. Caso con- • Não sobrecarregue as instalações elétricas
trário, você também poderá ser atingido pela des- com vários utensílios ao mesmo tempo, uti-
carga elétrica. Se não houver possibilidade de des- lizando por exemplo um “T” ou um “benja-
mim”, pois os fios podem esquentar e provo-
ligar a fonte de energia, afaste a vítima da fonte de
car incêndio.
eletricidade com um objeto seco não-condutor de
corrente (como cabo de vassoura, bastão de borra- Estas simples condutas podem prevenir grandes aci-
cha e tábua, objetos de madeira em geral). Atente-se dentes.

127


Insolação
A insolação é um mal estar causado pela ação do • Se possível, mergulhe o atleta em água fria
calor ou dos raios de sol que elevam a temperatu- (piscina ou banheira) ou borrife água fria em
todo o corpo do acidentado, delicadamente,
ra do indivíduo. Este tipo de incidente pode afetar
e aplique compressas de água fria na testa,
atletas e crianças que se expõem, excessivamente, a
pescoço, axilas e virilhas.
ambientes muito quentes ou que sofrem exposição
• Se estiver consciente, mantenha a vítima em
demorada e direta aos raios solares. repouso e recostado (cabeça elevada).
Assim, quando for realizar atividades ao ar livre, • Ofereça bastante água fria, gelada ou qual-
procure evitar horários de maior calor (entre 10h e quer líquido não alcoólico para ser bebido.
16h). Além disso, oriente seu atletas, crianças e/ou • Observe os sinais vitais.
pais, quanto à importância da aplicação do protetor • Se estiver inconsciente, eleve a cabe-
solar adequado para o tipo de pele, com reaplicação ça da vítima ou a coloque em posi-
a cada 2 ou 3 horas. Se possível, peça que usem rou- ção lateral de segurança.
pas largas e frescas, além de protetores faciais como • Se ocorrer parada respirató-
bonés e chapéus. Oriente que façam a ingestão de ria, deve-se proceder à
respiração artificial,
bastante líquido ao longo do dia.
associada à mas-
Se você identificar, entretanto, a ocorrência de
sagem cardíaca
sintomas, como cefaleia, sensação de muito calor, externa, caso ne-
náuseas, irritabilidade, fadiga e o aparecimento cessário.
dos sinais de desidratação, pele vermelha ou aver-
melhada e quente, grande elevação da temperatura É importante ressaltar
do corpo, pulsação rápida, respiração rápida, pupi- que, após um atleta ou
las contraídas, vômito, diarreia, confusão, possíveis criança ter sofrido
convulsões, possível inconsciência e parada cardior- uma insolação, não
respiratória, é possível que o individuo esteja sofren- permita que ele(a)
do uma insolação (FLEGEL, 2010). retorne às ativi-
Nesse sentido, o objetivo principal dos primei- dades físicas a
ros socorros diante da vítima que apresenta insola- menos que seja
ção é baixar a temperatura corporal, lenta e gradati- liberado(a) por
vamente. Para tanto, siga as condutas seguintes: um médico.
• Remova a vítima para um local fresco, à som-
bra e ventilado.
• Remover o máximo de peças de roupa do in-
divíduo.

128
EDUCAÇÃO FÍSICA

129
Intoxicação e
Envenenamento

130
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Não ofereça água, leite ou qualquer outro lí-


A intoxicação e o envenenamento são manifestações,
quido à vítima.
por meio de sinais e sintomas, dos efeitos nocivos
• Ligue para a assistência médica, tendo todos
produzidos em um organismo vivo como resultado os dados da ocorrência: hora da ingestão, ida-
da sua interação com alguma substância química, de da vítima, a maneira como ela se encontra
que pode ser encontrada no ambiente (água, alimen- no momento e, se possível, o nome do produ-
tos, plantas e animais peçonhentos) ou isoladas (pes- to ingerido (SILVA, [2018], on-line)1.
ticidas, medicamentos, produtos de uso industrial e
produtos de uso domiciliar) (JESUS et al., 2012). Se a intoxicação ou envenenamento ocorrerem por
Nos países desenvolvidos, o envenenamento contato, observe a presença de manchas na pele,
atinge cerca de 2% da população, e, nos países em irritação nos olhos, coceira. Na ocorrência desses
desenvolvimento, atinge, aproximadamente, 3%. No sinais e sintomas, lave o local com água corrente e
Brasil, estima-se que três milhões de pessoas são in- abundante. Se os olhos foram afetados, lave-os com
toxicadas por ano (RODRIGUES et al., 2009). água corrente durante 15 minutos e os cubra com
As intoxicações e os envenenamentos podem gaze, sem fazer pressão. Os agentes nocivos, além de
ocorrer por ingestão, inalação (normalmente de ga- serem absorvidos rapidamente pela mucosa, podem
ses e por contato com a pele ou olhos). As principais produzir irritação intensa e causar a perda da visão,
causas de envenenamento são: contato com subs- portanto, encaminhe a vítima, imediatamente, ao
tâncias corrosivas, ingestão de alimentos estragados, serviço médico.
produtos de limpeza (soda cáustica, creolina), plan- Se a exposição à substância tóxica ocorrer por
tas, remédios, bebida alcoólica em excesso e inala- inalação, a vítima poderá apresentar respiração rá-
ção de gases tóxicos. pida, tosse, pulso, normalmente, muito rápido ou
Por ingestão, os principais sinais e sintomas do muito lento. Nesses casos:
envenenamento são: lesão da pele ao redor da boca; 1. Remova a vítima para um local seguro e are-
náusea e vômito; diarreia, hálito com odor estranho; jado.
queixa de dor abdominal; queixa de dor ao engolir. 2. Se necessário, remova suas vestimentas.
Em situações mais graves, podem ocorrer convul- 3. Acione o serviço de atendimento especializa-
sões e perda da consciência. do.
Nos casos de intoxicação e envenenamento por 4. Mantenha as vias aéreas permeáveis.
ingestão, é importante saber qual substância provo- 5. Avalie sinais vitais e, se necessário, realize
manobras de ressuscitação cardiopulmonar.
cou o envenenamento. Além disso:
• Não provoque o vômito, pois se a substância É importante ressaltar que a presença de fumaça,
ingerida for corrosiva ou derivada de petró- gases ou vapores, ainda que pouco tóxicos, em am-
leo (como removedor de esmalte de unha, bientes fechados, pode ter consequências fatais por-
gasolina, querosene, amônia, soda cáustica e que estes agentes se expandem muito rapidamen-
água sanitária) pode causar queimadura no
te, toma o espaço do oxigênio, provocando asfixia
aparelho digestivo durante o vômito.
(BRASIL, 2003).

131


Outro tipo de evenenamento é pelo acidente


com animais peçonhentos e venenosos, que são cor-
riqueiros na prática do professor de Educação Física,
pois as atividades ao ar livre estão cada vez mais sen-
do utilizadas pelos profissionais. Esses acidentes têm
se configurado como um grande problema de saúde
não só pela incidência, mas principalmente pela gra-
vidade e sequelas que podem deixar.
Inicialmente, é necessário esclarecer a dife-
rença entre animais venenosos e peçonhentos. Os
animais venenosos produzem veneno, mas não
apresentam aparato (ferrões, presas etc.) para ino- Após um acidente com picadas de cobras, não há
culação. O envenenamento acontece por contato muito para ser feito, apenas
ou ingestão da substância tóxica. Os peçonhen- 1. Tranquilize a vítima até a chegada no hospital.
tos, porém, são aqueles que apresentam estrutu- 2. Evite que ela caminhe ou corra, deixando-o
ras produtoras, armazenadoras de veneno e um deitada.
aparato especializado para inoculá-lo. O envene- 3. Lave o local com água e sabão e mantenha o
namento é ativo; esses animais injetam o veneno membro elevado.
dentro do organismos de outro ser vivo (QUILICI;
TIMERMAN, 2011). Entre os peçonhentos com Não faça uso de torniquetes nem passe substân-
maior incidência de acidentes em seres humanos, cias (folhas, pó de café, couro da cobra, outras) no
pode-se destacar as cobras, as aranhas, os escor- local da picada. O único tratamento eficaz para o
piões e as abelhas. envenenamento por serpente é o soro antiofídico,
Os principais sintomas ocasionados por picadas específico para cada tipo (gênero) de serpente. Por
de cobras dependem muito da espécie envolvida. isso, se possível, leve a serpente para identificação
Em geral, podem aparecer: marcas das presas e alte- (INSTITUTO BUTANTAN, [2018]).
rações locais evidentes, dor, calor, edema e eritema Em acidentes com aranhas e escorpiões, os sin-
no local da picada, flictenas, necrose na área, náuse- tomas são muito parecidos aos da picada de cobra,
as, vômitos e muita fraqueza. Em casos mais graves, como dor local de intensidade variável, queimação,
podem ocorrer manifestações clínicas decorrentes agulhadas ou latejante, a dor aumenta de intensida-
da ação neurotóxica, miotóxica e coagulante do ve- de com a palpação e pode irradiar-se para o membro
neno, dificuldade de deglutição e insuficiência renal acometido. Frequentemente, há parestesias. O ponto
e respiratória aguda, até o choque. de inoculação do veneno pode não ser visível, en-

132
EDUCAÇÃO FÍSICA

tretanto podem ser encontrados halo eritematoso e Nos casos mais brandos, retire o ferrão e utilize
edema discretos, sudorese e piloereção. uma compressa fria com gelo para reduzir o efei-
Nesses casos, proceda da mesma maneira como to do veneno no local da picada, mas fique atento
em picadas de cobras. Ao encaminhar a vítima para para algumas das consequências resultantes de pi-
o centro de saúde mais próximo, quando possível cadas por insetos. Em algumas pessoas, a reação ao
leve o inseto ou, pelo menos, uma foto para auxi- veneno de um inseto pode assumir caráter sistêmi-
liar no tratamento. Em casos mais graves, também co, tais como: insuficiência respiratória; edema de
podem ocorrer manifestações sistêmicas, por isso, glote; broncoespasmo; edema generalizado das vias;
fique atento, pois pode haver midríase, arritmias hemólise intensa, acompanhada de insuficiência re-
respiratórias e cardíacas, taquicardia, hipertensão nal, hipertensão arterial. Muito rapidamente, estes
arterial, podendo evoluir para falência cardiocir- sintomas podem causar o óbito (BRASIL, 2003). Ao
culatória. Essa situação exige atendimento médico perceber sintomas graves, chame o socorro.
especializado (CUPO; AZEVEDO-MARQUES; Sabe-se que o perigo da picada da abelha, além
HERING, 2003) e aplicação de tratamento específi- de estar relacionada à quantidade de picadas e ao ve-
co (soro antiaracnídeo ou antiescorpiônico). neno, também está relacionado com a sensibilização
Destaca-se, também, um evento muito comum da vítima. Se ela já foi sensibilizada aos antígenos de
que é a picada de abelha. Nesses casos, a vítima apre- abelha ocorrerá um quadro alérgico típico. Do con-
senta uma reação localizada à picada, com sintomas de trário, a simples picada poderá provocar o choque
uma reação de hipersensibilidade, ou seja, edema, dor, anafilático, mesmo que seja em pequena quantidade.
prurido e hiperemia no local; o tamanho da lesão cos-
tuma ter entre 1,0 e 5,0 cm (conforme figura a seguir). SAIBA MAIS

Normalmente, esses sinais e sintomas desaparecem aos


poucos sem nenhum tipo de tratamento específico. Para saber mais sobre os fatores relacionados
aos acidentes com animais peçonhentos, o Mi-
nistério da Saúde disponibilizou, em seu site
oficial, algumas informações para a população
a respeito desses eventos. As informações a
seguir podem ajudar ainda mais nas condutas
de primeiros socorros.

Para saber mais, acesse o link: <http://por-


talms.saude.gov.br/saude-de-a-z/acidentes-
-por-animais-peconhentos>.

Fonte: as autoras.

133
Lesões nos Olhos,
Orelhas e Dentes

Os ferimentos oculares são muito comuns, durante na esclera (parte branca do olho) ou na íris. Além
as atividades físicas e, se não tratados de maneira rá- disso, há restrição dos movimentos oculares, a íris
pida e apropriada, podem levar a complicações que ou a pupila podem apresentar formas irregulares.
ameaçam a visão (LECUONA, 2009). Entre as lesões Pode ocorrer, ainda, corte na córnea, incapacida-
oculares mais comuns ocorridas, principalmente de para abrir os olhos, perda da visão periférica,
nos esportes de contato, pode-se citar a contusão, deformidade palpável dos ossos ao redor do olho
perfuração, abrasão e fratura da órbita. e sensibilidade à luz. Na ocorrência destes sinais e
A lesões contusas representam uma compres- sintomas, deve-se:
são no sentido anteroposterior, a qual empurra o • Afastar o(a) atleta/aluno(a) das atividades e,
globo ocular contra as estruturas orbitárias, como se necessário, acionar a equipe de resgate.
acontece em um soco ou bolada (CBO, [2018]). • Colocar o(a) atleta/aluno(a) sentado(a) em
Nestes casos, pode-se observar acúmulo de sangue posição ereta ou semirreclinada (45°).

134
EDUCAÇÃO FÍSICA

• Se a equipe de resgate demorar mais que 15


ocular para dentro da órbita) (CBO, [2018]). Nestes
minutos, você pode aplicar, delicadamente,
um tampão sobre ambos os olhos para limi- casos, afaste o atleta das atividades, acione a equipe
tar o movimento (FLEGEL, 2015). de resgate imediatamente e o coloque sentado em
uma posição ereta ou semirreclinada.
As perfurações oculares compreendem as lesões do As lesões nas orelhas podem decorrer de golpe
globo ocular ou anexos, causados, geralmente, por direto ou por fricção repetida da orelha em uma su-
objetos pontiagudos, como facas, madeira, prego, perfície. O indivíduo pode apresentar dor, sensação de
vidro entre outros. Nestes casos, há presença de dor, queimação, edema na parte externa da orelha, verme-
queimação, acúmulo de sangue na esclera e/ou na lhidão ou deformação. Nesses casos, aplique gelo, de-
íris, corte na córnea. É necessário acionar o serviço licadamente, durante 5 a 10 minutos e encaminhe o(a)
de resgate imediatamente, e a vítima deve permane- atleta a um pronto atendimento. Ele(ela) não poderá
cer em posição confortável. Em nenhuma hipótese, retornar às atividades até que seja examinado(a) e libe-
remova o objeto incrustado. rado(a) por um médico (FLEGEL, 2015).
Os acidentes oculares abrasivos compreendem Por último, as lesões dentárias ocorrem, fre-
arranhões na córnea que podem ser causados por quentemente, em crianças, mas podem envolver in-
sujeira, areia ou outro corpo estranho no olho. Ge- divíduos praticantes de atividades físicas que estão
ralmente, a vítima apresenta dor, queimação e sensa- em contato com outros jogadores e suscetíveis a re-
ção de estar com algo dentro de olho, vermelhidão, ceber um projétil, como uma bola.
lacrimejamento, visão embaçada e sensibilidade à Podem ocorrer fraturas, luxação ou avulsão den-
luz. Nestes casos (FLEGEL, 2015): tária (eliminação), a vítima apresentar à dor, frouxi-
• Tente remover qualquer pequena partícula dão dos dentes e hemorragia bucal. Essas situações,
que cause irritação, com exceção de vidro. geralmente, estão associadas a outras lesões de cabeça
• Coloque o(a) atleta ou aluno(a) sentado(a) e pescoço, incluindo acometimento dos ossos faciais,
em uma posição semirreclinada. concussões, abrasões, hemorragia e problemas na arti-
• Aplique, delicadamente, um tampão com culação temporomandibular (WALKER, 2010).
rolo de gaze esterilizada sobre ambos os Em caso de avulsão, o reimplante imediato é o
olhos, porque, do contrário, os movimentos melhor tratamento no local do traumatismo. Assim,
do olho não lesionado farão que o lesionado deve-se começar por manter o(a) aluno(a) calmo(a)
também se mova.
e evitar tocar na raiz do dente. Depois passar o den-
• Encaminhe o(a) atleta a um médico. te em água fria corrente, no máximo, 10 segundos, e
As fraturas da órbita são causadas por um forte im- reimplantar o dente no alvéolo. Além disso, pode-se
pacto que aumenta muito a pressão intraorbitária, instruir a vítima a morder um lenço para manter o
geralmente, ocorre no assoalho da órbita ou da pa- dente na posição desejada. Se isso não for possível,
rede lateral interna, onde a estrutura óssea é mais armazene o dente em leite, dentro da cavidade bucal
frágil. A vítima apresenta diplopia (visão dupla), (na saliva) ou em um recipiente com soro fisiológico
edema, equimose periocular, íris ou pupila de forma (CARDOSO, 2014). Encaminhe a vítima para atendi-
irregular e enoftalmo (aprofundamento do globo mento odontológico, imediatamente.

135
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), encerramos mais uma unidade de aprendizagem. Em um
primeiro momento, conhecemos os eventos que causam hemorragias in-
ternas e externas. Ambas, se não tratadas precocemente podem levar o
indivíduo à parada cardiorrespiratória e a sequelas irreversíveis causadas
pela hipóxia nos tecidos, especialmente se a hemorragia for arterial.
Consequências sérias são decorrentes de queimaduras graves, com grandes su-
perfícies corporais lesionadas, grande profundidade e áreas críticas atingidas. O
atendimento deve ser muito criterioso e sempre requer assistência médica especiali-
zada. Em queimaduras mais brandas, muitas vezes, os primeiros socorros prestados
no local do acidente, já são suficientes para controlar a situação e prevenir compli-
cações.
O mesmo ocorre em casos de vítimas que sofreram um choque elétrico. Nosso
sistema nervoso é pouco afetado em casos de uma corrente muito fraca. Quando a
corrente elétrica é mais forte, o indivíduo pode apresentar dor, queimaduras e até
uma parada cardiorrespiratória. Neste contexto, o que podemos fazer é saber reco-
nhecer e prestar o atendimento adequado.
A insolação, uma condição provocada pela exposição prolongada a ambientes
quentes e raios solares, causa um distúrbio no mecanismo de controle da temperatu-
ra corporal, causando hipertermia, pele seca e avermelhada, pulsação acelerada, falta
de ar, enjoo, vômitos, tonturas e até desmaios. Embora seja totalmente prevenível, ela
ainda é muito comum no nosso cotidiano e depende da nossa atuação para diminui-
ção dos sinais e sintomas.
Por fim, ao final da unidade, conhecemos as principais lesões nos olhos, orelhas e
dentes, as quais são muito comuns durante a prática esportiva. Além disso, compre-
endemos os fatores que causam uma intoxicação e um envenenamento, consideran-
do que os sinais e sintomas estão diretamente relacionados com o tipo de exposição
e a substância tóxica envolvida.
De fato, as situações descritas nesta unidade, dependendo das circunstâncias,
nem sempre se caracterizam como eventos de urgência e emergência. Entretanto,
se não tratadas de maneira adequada podem causar danos irreversíveis na vítima,
sejam eles físicos ou psicológicos.

136
atividades de estudo

1. As queimaduras são lesões causadas por agentes capazes de produzir calor ex-
cessivo que danifica os tecidos corporais e acarreta a morte celular. Neste con-
texto, assinale a alternativa correta sobre as queimaduras.
a) Podem ser classificadas em primeiro, segundo e terceiro grau, de acordo com
a extensão da área do corpo queimada.
b) As queimaduras de primeiro grau são as mais graves pela presença de dor
forte, destruição da epiderme e da derme e pelo aparecimento de bolhas.
c) Embora sejam mais extensas que as de primeiro e segundo grau, as queima-
duras de terceiro grau não formam bolhas.
d) A aplicação de água corrente limpa sobre a queimadura deve ser a principal
medida de primeiros socorros adotada para todas as queimaduras, pois a
água resfria a pele e alivia a dor.
e) Para diminuir o efeitos das queimaduras de primeiro grau, pode-se aplicar
creme dental para aliviar a dor local.

2. Hemorragia é a perda de sangue causada pelo rompimento de um vaso sanguí-


neo, veia ou artéria. Na hemorragia externa, o sangue extravasa a pele e, assim,
pode ser visto. Nesses casos, devem ser adotado(s) o(s) os seguintes procedi-
mento (s):
I - Lavar as mãos e utilizar luvas.
II - Comprimir o local com gaze por 5 a 10 minutos ou até cessar a hemorragia.
III - Manter o membro acometido no nível mais baixo em relação ao restante do
corpo.
IV - Realizar torniquetes.

Assinale a alternativa correta:


a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

137
atividades de estudo

3. O choque elétrico é a reação do organismo à passagem da corrente elétrica, que


pode gerar um pequeno susto ou até mesmo uma fibrilação cardíaca e morte.
Sobre os primeiros socorros na ocorrência de um choque elétrico, julgue as al-
ternativas abaixo:
( ) Interrompa a corrente elétrica por meio de um material que não seja con-
dutor antes de socorrer a vítima.
( ) Jogue água no local de contato entre a vítima e a corrente elétrica.
( ) Puxe o fio condutor da corrente elétrica rapidamente com as mãos para
afastá-lo da vítima.
( ) Se for seguro para você, desaperte as roupas da vítima e fique atento aos
sinais vitais.
( ) Em caso de parada cardiorrespiratória, inicie RCP (se for seguro para você)
e acione o serviço de emergência.
Assinale a alternativa correta:
a) V - F - F - F - V.
b) F - F - F - V - V.
c) V - V - V - V - F.
d) V - F - V - V - F.
e) V - F - F - V - V.

4. O sangramento nasal, ou epistaxe, é uma situação frequente, principalmente em


crianças, causado pelo modo de assoar o nariz, de coçar ou mesmo de colocar o
dedo no nariz, choque acidental, queda, bolada etc. Considerando o texto acima
e os procedimentos de primeiros socorros, responda as questões abaixo:
a) Recomende o posicionamento correto da criança e descreva os procedimen-
tos de primeiros socorros na ocorrência de sangramento nasal.
b) Descreva qual o posicionamento que é contraindicado nesse caso e porquê.

138
LEITURA
COMPLEMENTAR

Caro(a) aluno(a), ao encerrarmos essa unidade, indicamos para você a leitura de um artigo
que descreve o trauma dental durante a prática de atividades físicas.
É frequente nas atividades esportivas a ocorrência das lesões traumáticas dentárias, es-
pecialmente em crianças e adultos jovens, que praticam esportes de contato, nos quais
os atletas interagem fisicamente. Desta maneira, a intensidade e a frequência do contato
durante a prática desportiva podem ser os principais determinantes da lesão dentária.
As injúrias podem representar-se apenas por uma simples fratura de esmalte, até danos
mais sérios, como nos casos de intrusões e avulsões dentárias até a perda do elemento
dental. Essas condições refletem negativamente na qualidade de vida do atleta/aluno, pois
interferem no seu bem-estar físico e psicológico. Prestar os primeiros socorros adequados
em casos de traumas dentários é fundamental para minimizar as consequências da lesão.
Nesse contexto, caro(a) estudante, torna-se relevante o estudo aprofundado sobre o co-
nhecimento dos professores de educação física em relação a esse tipo de assistência. A
partir da leitura desta unidade, acreditamos que você já tenha adquirido conhecimentos
suficientes sobre as condutas no atendimento de primeiros socorros em casos de avulsão
dentária, mas o que você pensa sobre os seus colegas de profissão? Você acredita que eles
sabem o que fazer diante dessa situação?
Leia atentamente o artigo “Conhecimento de acadêmicos de Educação Física sobre a avul-
são e o reimplante dentário” de José Elvys de Souza Monteiro e colaboradores, publicado
em 2012 na RFO.
O documento está disponível para ser acessado, na íntegra, no link a seguir: <http://www.
seer.upf.br/index.php/rfo/article/view/1884/1929>.
Ao final da leitura, caro(a) aluno(a), você perceberá que os acadêmicos pesquisados de-
monstraram conhecimentos insuficientes sobre os procedimentos de urgência a serem
realizados em casos de avulsão dentária.
O que você pode sugerir que se faça para aumentar o conhecimento dos professores de
educação física em relação aos traumas dentários?

Fonte: as autoras.

139
material complementar

Indicação para Ler

Manual de Primeiros Socorros da Educação Física aos Esportes: O


Papel do Educador Físico no Atendimento de Socorro
Ednei Fernando dos Santos
Editora: Galenus
Sinopse: os acidentes não escolhem hora e lugar para acontecerem e, por isso,
deve-se ter o mínimo necessário de conhecimento em primeiros socorros. Nem
todos os professores de educação física possuem a técnica apropriada sobre aten-
dimento de socorro e geralmente quando se deparam com uma situação emer-
gencial em sua aula não sabem como proceder, optando por não fazer nada e
aguardar o socorro especializado chegar, ou ainda por agir sem conhecimento, o
que pode trazer sérios comprometimentos ao estado da vítima. Durante as aulas
de Educação Física, na escola, clube, academias entre outros, o professor é a pri-
meira pessoa a presenciar o acidente e deve prestar o socorro imediato. Portanto,
esta obra tem como principal escopo informar os profissionais de educação física
sobre as técnicas atuais e modernas, tanto teóricas quanto práticas, no atendi-
mento de primeiros socorros nas mais variadas situações.

140
referências

ANTONIOLLI, L. et al. Conhecimento da população sobre os primeiros socorros


frente à ocorrência de queimaduras. Revista Brasileira de Queimaduras, v. 13, n. 4,
p. 251-259, 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Vice Presidência de Serviços de Referência e Ambien-
te. Núcleo de Biossegurança. NUBio. Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro:
Fundação Oswaldo Cruz, 2003.
______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Aten-
ção Especializada. Cartilha para tratamento de emergência das queimaduras. Brasí-
lia: Editora do Ministério da Saúde, 2012.
CARDOSO, F. F. R. Traumatismo dentário em dentição permanente jovem. 2014.
99 f. Dissertação de Mestrado. Medicina Veterinária. Universidade Fernando Pessoa
Faculdade Ciências da Saúde Porto, 2014. Disponível em:<https://bdigital.ufp.pt/
bitstream/10284/4758/1/PPG_RaquelCardoso.pdf>. Acesso: 21 jan. 2019.
CBO. Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Manual de prevenção para acidentes
oculares. [2018]. Disponível em: <http://www.cbo.com.br/novo/medico/pdf/livre-
to_manual_de_prevencao_acidentes_oculares.pdf>. Acesso: 21 jan. 2019.
CUPO, P.; AZEVEDO-MARQUES, M. M.; HERING, S. E. Acidentes por ani-
mais peçonhentos: escorpiões e aranhas. Medicina, Ribeirão Preto, v. 36, p. 490-
497, abr./dez. 2003. Disponível em: <http://www.saudedireta.com.br/docsuploa-
d/134049908841acidentes_animais_peconhentos_escorpioes_aranhas.pdf>. Acesso
em: 21 jan. 2019.
FCFRP. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto. Primeiros Socorros
de Emergência: Brigada de incêndio e emergências médicas. Ribeirão Preto: FCFRP,
2016. Disponível em: <http://fcfrp. usp.br/cipa/brigada/curso_primeiros_socorros_
de_emergencia_fcfrp.pdf>. Acesso em 21 jan. 2019.
FLEGEL. M. J. Primeiros Socorros no Esporte. 3. ed. Barueri: Editora Manole, 2010.
______. Primeiros Socorros no Esporte. 5. ed. Barueri: Manole, 2015.

141
referências

INSTITUTO BUTANTAN. Acidentes com animais peçonhentos. [2018]. Disponí-


vel em: <http://www.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/cidadao/temas-de-saude/
animais_peconhentos.pdf>. Acesso em: 21 jan. 2019.
JESUS, H. S. et al. Avaliação do sistema de vigilância das intoxicações exógenas no
âmbito da saúde do trabalhador no Brasil entre 2007 e 2009. Cadernos Saúde Cole-
tiva, v. 20, n. 4, p. 515-24, 2012.
LECUONA, K. Avaliação e tratamento dos ferimentos oculares. Jornal de Saúde
ocular comunitária, África do Sul, v. 1, n. 1, p. 11-14, 2009. Disponível em: <https://
www.cehjournal.org/portuguese/pdf/jsoc1.1_011.pdf>. Acesso em: 21 jan. 2019.
MORAES, M. V. Atendimento Pré-Hospitalar: Treinamento da Brigada de Emer-
gência do Suporte Básico ao Avançado. São Paulo: IÁTRIA, 2010.
QUILICI, A. P.; TIMERMAN, S. Suporte Básico de Vida: Primeiro Atendimento na
Emergência para Profissionais da Saúde. Barueri: Manole, 2011.
RODRIGUES, D. S. et al. Apostila de Toxologia Básica. Centro de Informações An-
tiveneno da Bahia. Salvador: Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, 2009.
SANTOS, N. M. Enfermagem em Pronto Atendimento: Urgência e Emergência. São
Paulo: Érica, 2014.
TOBASE, L.; TOMAZINI, E. S. Urgências e Emergências em Enfermagem. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
WALKER, B. Lesões no esporte: uma abordagem anatômica. Barueri: Manole, 2010.

REFERÊNCIA ON-LINE

1
Em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/envene-
namento/57534>. Acesso em: 21 jan. 2019.

142
gabarito

1. D.
2. A.
3. E.
4. a) No caso de sangramento nasal, deve-se manter a vítima sentada, imóvel,
inclinada para frente. Além disso, deve-se realizar o tamponamento de am-
bas as narinas com uma gaze ou um pano limpo usando o polegar e indi-
cador em forma de pinça, durante 15 minutos. Se possível, pode-se colocar
compressa com gelo sobre o nariz, fazendo vasoconstricção, diminuindo o
sangramento nasal.
b) A vítima jamais deve deitar ou manter a cabeça inclinada para trás, pois isso
facilita que o sangue seja aspirado.

143
LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS
EM ATIVIDADES FÍSICAS

Professora Dra. Sabrina Weiss Sties


Professora Me. Xana Raquel Ortolan

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Lesões musculoesqueléticas em atividades físicas
• Lesões na coluna
• Lesões no tórax e abdômen
• Lesões musculoesqueléticas em membros superiores
• Lesões musculoesqueléticas em membros inferiores

Objetivos de Aprendizagem
• Conceituar o que são as lesões musculoesqueléticas em
atividades físicas.
• Descrever as lesões na coluna e os procedimentos iniciais
do atendimento.
• Identificar as lesões no tórax e abdômen e apresentar os
primeiros socorros.
• Descrever as lesões musculoesqueléticas em membros
superiores e os procedimentos de primeiros socorros.
• Identificar as lesões musculoesqueléticas em membros
inferiores e as condutas de primeiros socorros.
unidade

V
INTRODUÇÃO

C
aro(a) acadêmico(a), bem-vindo(a) à última unidade da nossa
disciplina. Aqui abordaremos as lesões musculoesqueléticas em
atividades físicas e os procedimentos nas principais situações.
As lesões podem ocorrer nas atividades físicas recreacio-
nais, durante o treinamento ou a competição. Estão principalmente rela-
cionadas ao excesso de treinamento (acima do limite do corpo) e tempo
de repouso inadequado entre as sessões de treino. Os indivíduos que re-
alizam exercícios sem preparação correta, específica e/ou sem orientação
de um profissional são os que podem apresentar maior incidência de le-
sões. Estes casos estão associados à dor, ao desconforto no membro ou
local acometido, à disfunção de movimento e incapacidade de realizar os
exercícios. Podem ocorrer em todos os praticantes de atividades físicas,
atletas profissionais ou amadores e em qualquer faixa etária.
Neste contexto, os primeiros socorros nas lesões são imprescindíveis
para que o indivíduo ou atleta retorne à atividade ou ao esporte o mais
breve possível e para que não perca a força muscular e a capacidade fí-
sica em decorrência do tempo prolongado de afastamento. Desta forma,
os atendimentos iniciais podem minimizar as consequências das lesões,
mas o tempo de reabilitação até o retorno do esporte deve sempre ser
respeitado.
Os tipos de lesões descritas nesta unidade envolvem as contusões, es-
tiramentos musculares, entorses, fraturas entre outras. Estas lesões aco-
metem músculos, tendões, ligamentos, ossos e articulações. Os tópicos
estão divididos em acometimentos que envolvem a coluna, tórax e abdô-
men. Além destes, serão descritos os casos que comprometem o quadril,
os membros superiores e inferiores.
Esperamos que você tenha bons estudos! Vamos começar?
Lesões Musculoesqueléticas
em Atividades Físicas

148
EDUCAÇÃO FÍSICA

As modalidades esportivas têm suas próprias ca- grau causa ruptura completa, perda total de movi-
racterísticas quanto à duração, gestos esportivos e mento e a dor é intensa (PRENTICE, 2011).
exigências físicas. Os praticantes destas atividades
podem apresentar modificações negativas, como as
lesões. As lesões são caracterizadas por um dano de-
vido a traumatismo físico que acomete os tecidos do
corpo (DARIO; BARQUILHA; MARQUES, 2010).
Podemos destacar como as principais lesões es-
portivas: Distenção de grau I
Músculo ou tendão
• Distensão: rompimento de fibras musculares, levemente estirado
devido a um movimento além da capacidade
elástica do músculo.
• Contusão: trauma direto aos tecidos moles,
sem ruptura da pele, com infiltração de san-
gue nos tecidos circundantes, levando à equi-
mose (sangramento no tecido subcutâneo).
• Tendinite: inflamação ou degeneração dos Distenção de grau II
tendões em decorrência do uso excessivo. Músculo ou tendão estirado
e parcialmente rompido
• Entorse: a principal característica é a lesão
dos ligamentos, sem deslocamento das su-
perfícies articulares.
• Luxação: caracterizada pela separação das
extremidades ósseas da articulação (ARBEX;
MASSOLA, 2007).
• Fratura: definida pela perda da continuidade
Distenção de grau III
de um osso e pode gerar fragmentos ósseos. Músculo ou tendão
totalmente estirado
Na distensão, podemos classificar as lesões confor- Figura 1 - Classificação das distensões / Fonte: Flegel (2015, p. 38).
me o grau de ruptura (Figura 1). A distensão de pri-
meiro grau causa lesão de algumas fibras muscula- As contusões causam comprometimento dos tecidos
res, a vítima apresenta sensibilidade e dor durante e dos capilares, provocando dor e edema. As con-
movimentos ativos. Na distensão de segundo grau, tusões profundas podem atingir músculos e ossos,
é detectado rompimento de várias fibras muscula- promovendo perda de função. A equimose é obser-
res, a contração ativa do músculo é extremamente vada por uma coloração púrpuro-azulada da pele
dolorosa, pode ser observada depressão ou volume (Figura 2) e persiste por vários dias. Geralmente, a
de dilatação no local da lesão, edema e diminuição dor diminui em alguns dias, e a coloração incomum
da amplitude de movimento. A distensão de terceiro desaparece em algumas semanas (FLEGEL, 2015).

149


Figura 2 - Exemplo de contusão

Dentre as lesões em atividades físicas, causadas por


movimentos repetitivos, a tendinite (Figura 3) é
uma das mais comuns. Esta situação ocorre, devido
à irritação e inflamação do tendão, durante a ativi-
dade muscular (contração muscular). A tendinite
causa dor durante a movimentação, edema, elevação
de temperatura local e crepitação (estalido). É ob-
servada aderência, principalmente, devido à presen-
ça de substâncias químicas da inflamação no tendão
irritado (PRENTICE, 2011).
Uma das lesões mais comuns dos ligamentos é
a entorse (Figura 4), na qual o trauma brusco, ge-
ralmente, promove o estiramento dos ligamentos
da articulação ou dos ligamentos próximos da ar-
ticulação. O estiramento dos músculos e tendões
podem estar associados a esta lesão. A vítima pode
apresentar dor intensa, edema e hematoma no local.
Ressalta-se que é difícil diferenciar a entorse de uma
fratura, diante disto, você deve evitar a movimenta-
Figura 3 - Tendinite no bíceps braquial ção da região lesionada (MORAES, 2010).

150
EDUCAÇÃO FÍSICA

De maneira geral, para todos estes casos é indica-


do repouso, aplicar bolsa de gelo ou compressa fria,
pois isso reduz o edema e a dor. A imobilização tam-
Fíbula
Tíbia bém auxiliará na diminuição da dor e pode ajudar
Complexo Ligamentar a prevenir futura lesão dos músculos, nervos, vasos
Ligamento
Medial
Tíbiofibular sanguíneos e da pele.
Anterior
As fraturas nem sempre são causadas por trau-
Ligamento
Fibulocalcâneo ma violento, um simples escorregão ou tropeço
(Lesionado)
pode ser suficiente. Grande parte das fraturas afeta
os membros superiores (clavícula, punho, antebra-
ço e cotovelo). O sintoma mais típico é a dor imi-
Ligamento Talofibular
Anterior nente causada pelo trauma, a qual piora com o mo-
(Lesionado)
vimento ou compressão da região lesionada (SBOP,
Figura 4 - Entorse de tornozelo
Fonte: IOT Blumenau (2018, on-line)1. 2018, on-line)2. A vítima também pode apresentar
hematoma, edema, crepitação, deformidade no lo-
Quando as articulações são atingidas ou torcidas, os cal e disfunção.
ossos saem da posição normal, causando a luxação As fraturas podem ser classificadas em: fechada,
(Figura 5). Este deslocamento entre os ossos per- quando não há comprometimento da pele; aberta ou
manece até que eles sejam reposicionados por um exposta, na qual a pele sofre rompimento; patológi-
médico. A luxação também causa lesão nos tecidos ca, quando há problemas prévios, como doenças; e
moles adjacentes da articulação. Nos esportes, as lu- por estresse, na qual os ossos submetidos a impactos
xações têm maior incidência no ombro, no cotovelo, repetitivos, causando a lesão.
nos dedos da mão e patela (FLEGEL, 2015). Segundo Moraes (2010), os procedimentos nos
DESLOCAMENTO PATELAR casos de fraturas são:
• Tranquilizar o(a) aluno(a)/atleta.
Tendão do • Verificar os sinais vitais e perfusão periférica.
quadríceps
• Realizar imobilização acima e abaixo do local
da fratura (duas articulações).
Patela • Realizar o enfaixamento, iniciando sempre
Ligamento
colateral medial de distal para o proximal.
Ligamento
colateral lateral • Se houver hemorragias, deve estancar.
Ligamento • Você não deve comprimir os ossos expostos,
patelar
ou tentar recolocá-los no lugar.
Tíbia • É necessário encaminhar a vítima para aten-
Posição normal Patela dimento hospitalar.
da patela deslocada

Figura 5 - Luxação da patela

151
Lesões
na Coluna

Os traumas diretos na coluna e os movimentos repe- local são menos graves, como as distensões mus-
titivos, em decorrência de flexão, extensão, cisalha- culares, que comprometem os músculos ou ten-
mento, torção, compressão ou alongamento forçado dões. Os indivíduos podem apresentar: cefaleia
podem causar diversas lesões. Entre estas, as disten- (dor na cabeça), cervicalgia (dor pescoço), dor no
sões, contusões e entorses são as mais comuns, já as ombro, estalo no pescoço, diminuição de força e
fraturas e discopatias, que são mais severas, ocorrem mobilidade. O procedimento indicado é orientar
com menor frequência (FLEGEL, 2015). o(a) atleta/aluno(a) para evitar a movimentação e
As lesões na região do pescoço podem ser procurar atendimento médico, nos casos graves,
graves, particularmente nos casos de fraturas das deve chamar o atendimento móvel de emergência
vértebras. No entanto as lesões mais comuns neste (WALKER, 2010).

152
EDUCAÇÃO FÍSICA

SAIBA MAIS
Os distúrbios da região lombar são os mais co-
Os exercícios de alongamento muscular estão muns entre as alterações que afetam a coluna. De-
entre os mais comumente utilizados na rea- pendendo do tipo da modalidade, a prevalência de
bilitação e na prática esportiva e são muito dor lombar pode chegar a 86% (LIMA et al., 2014).
estudados, porém seu efeito no desempenho
esportivo e na prevenção de lesões ainda é Além das lesões citadas anteriormente, o(a)
polêmico. Verifique, no link a seguir, um es- atleta pode apresentar espondilólise e/ou espondi-
tudo de Paulo Henrique Foppa de Almeida e lolistese (Figura 6). Geralmente, ocorrem em atletas
colaboradores sobre as implicações do alon-
gamento na performance e na prevenção de praticantes de esportes que impõem grande carga
lesões: <https://periodicos.pucpr.br/index. axial, como o golfe, halterofilismo, box e ginástica.
php/fisio/article/view/19453/18793>. Na espondilólise, há uma fratura com descon-
Fonte: as autoras. tinuidade óssea do segmento intervertebral, na
região da lâmina (entre os processos articulares
superiores e inferiores). A progressão desta situa-
Entre os acometimentos da coluna, podemos citar ção pode ocasionar espondilolistese, que é carac-
também a hérnia de disco, que é considerada uma terizada pelo deslizamento de uma vértebra sobre
protrusão (deslocamento) do núcleo discal para outra subjacente, na qual há subluxação. Ocorre,
além dos seus limites normais. Pode comprimir as principalmente, na coluna lombar, entre os ní-
raízes nervosas, causando sintomas sensitivo-moto- veis L5-S1, sobretudo, em crianças e adolescentes
res, devido à associação de alterações degenerativas (JASSI et al., 2010).
e fatores biomecânicos. Nestes casos, podem ser observadas compli-
Essas lesões podem causar dor e dificuldade de cações neurológicas importantes e dores na região
movimentação, parestesia, fraqueza, disfunção mo- lombar, que pioram durante a corrida ou quedas
tora e sensorial. Nestes casos, deve-se interromper a e melhoram com o repouso e a flexão do tronco.
atividade que está causando estresse à coluna, reco- Desta forma, é importante evitar as atividades que
mendar repouso e encaminhar para o atendimento causam impacto na coluna e desencadeiam a dor e
de profissionais especialistas (WALKER, 2010). desconforto.
Fratura interarticular Espondilólise Espondilotitese

Disco normal Hérnia de disco Estenose espinhal


Fratura interarticular Espondilólise Espondilotitese

Figura 6 - Espondilólise e espondilolistese

153
Lesões no Tórax
e Abdômen

154
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os traumatismos torácicos podem ser graves e levar


a vítima a óbito, portanto, faz-se necessário que se-
jam realizadas as condutas no atendimento pré-hos-
pitalar. Os traumas podem ser fechados ou abertos.
Nos esportes, os traumas, geralmente, são fechados e
a integridade da caixa torácica está preservada (MO-
RAES, 2010).
Estes traumas podem ocorrer em esportes de
contato, e as principais causas são a colisão entre jo-
gadores, golpes e quedas. A vítima pode apresentar
dor e sensibilidade sobre o local, dificuldade para
respirar, movimento irregular do tórax e edema.
Caso haja suspeita de fratura nas costelas, a vítima
deve receber atendimento médico. Pode-se utilizar
gelo sobre o local para aliviar a dor e realizar enfai-
xamento compressivo (WALKER, 2010).
Quanto às lesões abdominais, podem compro-
meter o peritônio e os órgãos internos, causando
sangramentos, também podem levar à morte, de-
vido às hemorragias e ao choque hipovolêmico.
Nestes casos, é importante verificar a presença de
hematomas, se há distensão abdominal, se a víti-
ma apresenta pulso, sudorese fria, palidez, cianose
de extremidades e hipotensão (MORAES, 2010). É
preciso monitorar os sinais vitais e, se necessário,
acionar o serviço médico e iniciar o SBV. Se a vítima
apresentar sinais vitais normais e sintomas leves, en-
caminhe para atendimento hospitalar.

155
Lesões Musculoesqueléticas
em Membros Superiores

156
EDUCAÇÃO FÍSICA

As luxações podem acometer diversas articulações tra a parte anterior do braço com o membro estendi-
e, conforme citado anteriormente, são caracteriza- do e rotação externa. Estas lesões causam dor intensa,
das pela separação das extremidades ósseas que for- principalmente quando a musculatura de suporte apre-
mam uma articulação. Na luxação de ombro, há in- senta espasmo (DUTTON, 2010). Pode haver impos-
capacidade de manter a cabeça umeral no centro da sibilidade de realizar o movimento na articulação e ser
glenoide (Figura 7) (CARTUCHO, 2015). Entre os observada deformidade acentuada no local da lesão.
diferentes tipos de instabilidade dessa articulação, a De acordo com Moraes (2010), os seguintes pro-
anterior de causa traumática é o tipo mais comum. cedimentos são indicados:
• Deixar a vítima tranquila.
• Verificar os sinais vitais e a perfusão periférica.
• Imobilizar a articulação acima e abaixo da
fratura (duas articulações).
• Iniciar o enfaixamento sempre de distal para
proximal, sem comprimir ossos expostos ou
tentar recolocá-los no lugar.
• Aquecer a vítima com manta ou outros teci-
Anatomia Deslocamento Deslocamento
dos disponíveis.
normal anterior posterior • Se houver fraturas externas, estancar as he-
Figura 7 - Luxação no ombro morragias.
• Encaminhar a vítima para o hospital.
A luxação do ombro, muitas vezes, resulta em lesão
dos nervos, vasos sanguíneos e músculos do manguito As luxações e fraturas nos ombros, clavícula e es-
rotador. Entre os mecanismos mais comuns, podemos cápula devem ser imobilizadas com bandagem
citar as quedas com as mãos espalmadas, os golpes con- triangular (Figura 8) ou tipoia (Figura 9).

Figura 8 - Bandagem triangular /


Fonte: Escoteiros do Brasil ([2018], on-line)3.

157


EPICONDILITE LATERAL

A epicondilite lateral, também denominada “cotove-


lo do tenista”, é uma lesão degenerativa que ocorre
nos tendões extensores na região do epicôndilo la-
teral (Figura 10). Na epicondilite, é observada ten-
dinose, resposta fibroblástica e vascular, as quais ca-
racterizam a degeneração. Além da associação com
a prática do tênis, pode ocorrer em outros esportes.
Esta lesão inicia com microlesões na origem do mús-
culo extensor do antebraço, sendo que o comprome-
timento do tendão extensor radial curto do carpo é
mais comum (COHEN; MOTTA FILHO, 2012).
Apesar de ser chamada de epicondilite, esta de-
nominação não reflete a realidade fisiopatológica
Figura 9 - Tipoia tipo ombreira desta lesão, pois não foram encontradas evidências
de processo inflamatório. As atividades que podem
SÍNDROME DO IMPACTO causar a epicondilite lateral são as práticas esporti-
vas nas quais são utilizados raquetes e bastões, que
Qualquer alteração que acomete a estrutura e fun- exigem impulso e intensas extensões do cotovelo ou
ção do ombro torna esta articulação alvo de diversas supinação do antebraço. Como sintomas, podemos
afecções; entre estas, a síndrome do impacto (SI) é citar dor insidiosa ou repentina e/ou sensibilidade
considerada uma das mais comuns. Esta lesão pro- no epicôndilo lateral, que se irradia para os múscu-
move uma síndrome dolorosa do ombro, geralmen- los extensores e fica mais acentuada durante os mo-
te, associada a microtraumatismos, degeneração, di- vimentos do cotovelo (SBR, 2011, on-line)4.
minuição de força muscular e tendinite do manguito
rotador (METZKER, 2010).
A SI é de caráter crônico, e o sintoma de dor é
desencadeado pela compressão do manguito rota-
dor no arco coracoacromial. Há bursite crônica e
lesão parcial ou completa do tendão supraespinhal
(SBOT, 2011).
As recomendações para atletas/alunos que apre-
sentam SI são: repouso para alívio dos sintomas,
modificação das atividades físicas e procurar atendi-
mento médico especializado. Figura 10 - Epicondilite lateral

158
EDUCAÇÃO FÍSICA

Os atletas/alunos devem receber orientações para fa- Os sintomas desta lesão são associados à degene-
zer repouso, evitar os movimentos repetitivos tanto ração do tendão, devido aos microtraumas repetiti-
nas práticas esportivas como nas atividades laborais vos, apoptose celular e morte celular. Também é ca-
e podem fazer uso de bolsas e compressas de gelo. racterizada pela proliferação de fibroblastos, presença
de colágeno desorganizado e vascularização pouco
EPICONDILITE MEDIAL funcional (TOSTI; JENNINGS; SEWARDS, 2013;
GOSENS, 2011). A dor e sensibilidade na região in-
Entre as lesões na região do cotovelo, a epicondili- terna do cotovelo podem aparecer de forma súbita ou
te medial ou “cotovelo de golfista” é uma das mais gradualmente. O atleta/aluno pode apresentar fra-
comuns. A epicondilite medial acomete os tendões queza nas mãos e pulsos, rigidez articular e parestesia
flexores do antebraço (Figura 11) (SBED, 2018, on- até a região dos dedos (SBED, 2018, on-line)5.
-line)5. Os golfistas podem ser vítimas desta lesão, As recomendações para os casos de epicondi-
porém diversas atividades que exigem o uso excessi- lite medial são as mesmas que para a lesão medial,
vo dos músculos e tendões do antebraço podem cau- ou seja, evitar as atividades que causam estresse re-
sar este tipo de epicondilite, como os movimentos petitivo ao cotovelo e utilizar compressas de gelo
de arremesso. (WALKER, 2010).

Figura 11 - Epicondilite medial

159
Lesões Musculoesqueléticas
em Membros Inferiores

160
EDUCAÇÃO FÍSICA

SÍNDROME DO TRATO ILIOTIBIAL

As lesões devido à sobrecarga na articula-


ção do quadril costumam ocorrer em pra-
ticantes de esporte. Dentre essas lesões, po-
de-se destacar a Síndrome do trato iliotibial
(STI).
A característica mais frequente é a fric-
ção da banda iliotibial na sua inserção dis-
tal, que desencadeia um quadro de dor na
região lateral do joelho (Figura 12) relacio-
nada ao atrito desta banda no côndilo late-
ral do fêmur. Este tipo de lesão é prevalente Banda Iliotibial

em ciclistas, corredores de longa distância


e jogadores de futebol (FALOTICO, 2013).
Os atletas relatam dor a 2 ou 3 cm acima
da linha articular, os sintomas se manifes-
tam durante a corrida, pioram progressiva-
mente e limitam a distância ou a velocidade.
As subidas ou descidas também provocam
dor, no entanto, depois de alguns minutos Patela
em repouso, desaparece, espontaneamente.
Se o atleta insistir em realizar as atividades
de corrida, a dor pode agravar o processo Área de
distribuição
inflamatório e desencadear irradiação para da dor
região acima ou abaixo do joelho, edema e
Figura 12 - Síndrome do trato iliotibial
crepitação (SBRATE, 2018, on-line)6. Fonte: Helen e Monique (2016, on-line)7.
Nestes casos, são indicados repouso re-
lativo, ou, até os sintomas diminuírem, con-
trole da dor utilizando gelo, exercícios de
alongamento e correção dos movimentos.
Caso os sintomas não desapareçam, deve-se
procurar atendimento especializado.

161
PUBALGIA

A pubalgia acomete a região da sínfise pú-


bica e os músculos adjacentes (Figura 13). É
caracterizada por uma lesão traumática ou
crônica, devido ao desequilíbrio muscular,
estresse repetitivo ou lesão não tratada dos
ossos ou da musculatura dessa área. As ví-
timas apresentam inflamação local e dor na
inserção dos adutores ou abdome inferior,
que aumenta durante as corridas, ao reali-
zar chutes ou mudanças rápidas de direção
(WALKER, 2010). Tenistas, jogadores de
futebol, corredores e praticantes de outras
modalidades que envolvem chutes, corridas
ou rápidos movimentos laterais estão mais
propensos a esse tipo acometimento.
A pubalgia pode estar associada a outras
alterações, como herniação, entesopatias, le-
sões musculares (abdominal ou adutor) e do-
Figura 13 - Pubalgia, local da dor
enças da articulação do quadril. Pode com- Fonte: Fisioterapia.com (2018, on-line)8.
prometer o desempenho do atleta, causando
diminuição da amplitude de movimento, for-
ça muscular e agilidade (JUNQUEIRA; CAS-
TRO; MARTINELLI, 2017). É recomendado
que haja afastamento temporário das ativida-
des esportivas, e que o atleta seja encaminha-
do para reabilitação.

162
EDUCAÇÃO FÍSICA

SÍNDROME FEMOROPATELAR

A síndrome femoropatelar é caracterizada


por dor difusa retro ou peripatelar, tipicamen-
te agravada pelas subidas e descidas de esca-
das, ao realizar agachamentos, ou permane-
cer durante muito tempo na posição sentada.
Alguns fatores podem predispor esta lesão,
como as alterações/anomalias ósseas; desali-
nhamento do membro inferior e os desequi-
líbrios dos músculos, tendões e dos tecidos
moles periarticulares (ROQUE et al., 2012).
Segundo Walker (2010), indivíduos que
apresentam aumento do ângulo Q, fraqueza
ou encurtamento do quadríceps e luxações
crônicas da patela, que realizam movimen-
tos incorretos na corrida, utilizam calçados
inadequados e praticam esportes que exigem
saltos podem apresentar este tipo de lesão. Figura 14 - Patela normal, com inflamação e degeneração

Para estes casos, é indicada a utilização de


gelo sobre o local, repouso ou diminuição
da intensidade e duração dos movimentos
esportivos.

163
LESÃO DE LIGAMENTO CRUZADO
ANTERIOR

O ligamento cruzado anterior (LCA) é o es-


tabilizador estático da articulação do joelho
contra a translação anterior da tíbia com
relação ao fêmur. Ocorrem lesões no LCA,
geralmente, em esportes que exigem diver-
sas mudanças de direção e impacto. As mo-
vimentações rápidas e mudanças abruptas,
frequentemente, causam ruptura do LCA
(Figura 15), sendo que o mecanismo mais
comum é a rotação do joelho com o pé fixo
em contato com o solo. Os sintomas são ca-
racterizados por dor aguda, imediatamente
ao trauma, associada ao edema e instabilida-
Figura 15 - Lesão de ligamento cruzado anterior
de no joelho. Com frequência, nestes casos, Fonte: OrthoInfo (2015, on-line)9.
o menisco e outros ligamentos também so-
frem lesão (WALKER, 2010).
Nestes casos, deve-se realizar imobiliza-
ção, elevação do membro e compressas com Lesão do ligamento
gelo para diminuir a dor e o edema, além dis- cruzado posterior (LCP)
so, deve-se encaminhar o(a) atleta/aluno(a)
imediatamente, para atendimento médico.

LESÃO DE LIGAMENTO CRUZADO


POSTERIOR

O ligamento cruzado posterior (LCP) resiste


à rotação interna da tíbia, limita a hiperex-
tensão do joelho, o deslocamento anterior
do fêmur e a translação posterior da tíbia na
ausência dessa sustentação. As causas de le-
são do LCP (Figura 16) são os traumatismos Figura 16 - Lesão de ligamento cruzado posterior
decorrentes de alta energia. Fonte: MeuJoelho (2018, on-line)10.

164
EDUCAÇÃO FÍSICA

FASCITE PLANTAR

A fascite plantar é caracterizada pela irritação


e inflamação da fáscia plantar em decorrên-
cia de estresse excessivo nesta região. A fáscia
estende-se da base do calcâneo até a planta
do pé. A inflamação dá-se, principalmente,
por conta do estiramento excessivo da fáscia
plantar (Figura 17) (SBED, 2018, on-line)11.
Como causas deste tipo de lesão pode-
mos citar: o encurtamento dos músculos
do tríceps sural, o impacto sobre a região,
a utilização de calçados impróprios para a
prática esportiva, as alterações no arco plan-
tar, o treinamento incorreto, o uso excessivo
e a hiperpronação. Os alunos/atletas apre- Plantar fáscia
sentam dor na região do calcâneo, que fica
acentuada após o exercício ou ao levantar-se
após repouso prolongado (WALKER, 2010).
Os procedimentos indicados são: Plantar fasciitis
• Fazer repouso e evitar atividades que Figura 17 - Lesão de ligamento cruzado posterior
desencadeiam a dor. Fonte: ORTOPediaBR (2017, on-line)12.
• Utilizar calçados adequados, com
amortecimento.
• Evitar andar sem calçados em super-
fícies rígidas.
• Utilizar compressas de gelo.
• Se persistirem os sintomas, encami-
nhar para atendimento especializado.

165
TRANSPORTE DAS VÍTIMAS

As vítimas em situação de emergência, ge-


ralmente, são transportadas pela equipe dos
serviços médicos de urgência. No entanto, se
houver necessidade de você responsabilizar
pelo transporte, verifique cada situação. A
movimentação da vítima está indicada ape-
nas se houver perigo imediato, como nos
casos de incêndio, choque elétrico, acidentes
no trânsito e situações nas quais não podem
ser realizados os primeiros socorros, devido
à localização ou posição da vítima. Contudo,
nos casos em que o indivíduo não apresenta
Figura 18 - Arrastamento pelo lençol ou cobertor
risco de morte, o transporte pode ser realiza- Fonte: UFRRJ ([2018], on-line)13.
do tomando cuidado para não movimentar
o local da lesão para evitar maior compro-
metimento e dor. Nas figuras a seguir, pode
ser observado o arrastamento pelo lençol
ou cobertor, transporte na maca, rolamento
em bloco e transporte por 3 pessoas, auxílio
com 1 pessoa, carregamento no colo, carre-
gamento em cadeira, carregamento tipo mo-
chila e carregamento tipo cadeira.

REFLITA

Um transporte das vítimas mal reali-


zado, sem a técnica correta, pode pro-
vocar mais danos à integridade física
do indivíduo. Por isso, é fundamental
que você verifique as condições espe-
cíficas para cada situação.
Figura 19 - Transporte na maca
Fonte: UFRRJ ([2018], on-line)13.

166
EDUCAÇÃO FÍSICA

Figura 20 - Transporte por 1, 2 ou 3 pessoas


Fonte: UFRRJ ([2018], on-line)13.

167
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), as lesões são acometimentos indesejáveis e desagradáveis
na vida dos praticantes de atividades físicas. Conforme verificamos ao lon-
go deste material, estas situações podem ser evitadas e prevenidas.
As lesões na coluna podem ser evitadas se conseguirmos prevenir os
traumas e os movimentos repetitivos, como a flexão, extensão, torção ou as disten-
sões. Nos esportes de contato, lembre-se de que a colisão entre jogadores, os golpes e
as quedas podem causar lesões no tórax e abdômen. Além disso, qualquer alteração
que acomete a estrutura e função das articulações torna o local alvo de novas lesões
musculoesqueléticas, seja nos membros superiores seja inferiores. Casos mal trata-
dos ou negligenciados promovem microtraumatismos, degeneração e diminuição
de força muscular. Por isso, você tem papel importante na saúde dos praticantes de
atividades físicas. Desta forma, sempre fique atento(a) quando seus alunos/atletas
relatarem dor, dificuldade de movimentação, fraqueza ou parestesia. Nestes casos,
interromper, diminuir ou adaptar a atividade física é importante.
Infelizmente, os que treinam arduamente acima do limite do corpo e não se pre-
ocupam com a preparação correta e específica, fatalmente, serão vítimas de lesões.
Evitar que os alunos e atletas sofram de dores e desconforto deve ser sua preocupa-
ção. Traçar objetivos e planos de treinamento é importante para manter os indivídu-
os treinando. É comum atletas e não atletas vivenciarem as lesões, portanto, é neces-
sário levar em consideração diversos critérios, como a capacidade física, habilidade
e idade para prevenir as lesões.
No entanto, diante de lesões, é extremamente relevante utilizar procedimentos
e procurar auxílio de outros profissionais da saúde com o objetivo de diminuir ou
eliminar a dor, restabelecer a mobilidade e a estabilidade, aumentar a capacidade
cardiorrespiratória, a flexibilidade e a força muscular, por fim, planejar o retorno das
atividades físicas/esportivas com segurança.
Caro(a) aluno(a), lembre de manter-se sempre atualizado sobre estes temas.
Aproveite as atividades a seguir para testar seus conhecimentos. Até breve!

168
atividades de estudo

1. Algumas lesões são comuns e características das atividades e fundamentos


do vôlei. Entre elas, destaca-se a Síndrome do Impacto. Verifique as asserções
seguintes:
I . Esta lesão pode promover várias alterações no ombro, que se manifestam
por inflamação, crepitação, limitação funcional, dor e sensibilidade nos movi-
mentos de elevação e rotação.
II . A etiologia da síndrome do impacto é, em geral, multifocal, e o tendão do
radial anterior é a estrutura com maior chance de ser acometida.
III . Esta afecção compromete os músculos do manguito rotador.
IV . Esta afecção possui como causa a excessiva frequência de elevações dos
membros superiores somada ao componente de força, como nos saques e
cortadas.

É correto o que se afirma em:


a) I, III e IV, apenas.
b) I, II e IV, apenas.
c) II, III e IV, apenas.
d) I e IV, apenas.
e) II, apenas.

169
atividades de estudo

2. Os atletas vêm, gradativamente, superando seus limites e, nos últimos anos, as


competições exigem cada vez mais dos jogadores e das equipes. A busca por me-
lhor desempenho requer preparação física adequada e os atletas devem receber
orientações corretas sobre a execução dos exercícios, alimentação, hidratação
e prevenção de lesões. Caso algum desses aspectos seja negligenciado, pode
predispor o praticante às lesões. Sobre as estratégias para prevenção de lesões,
verifique as seguintes afirmações:
I . Agrupar os praticantes de atividades físicas de forma correta.
II . Verificar a presença de lesão ou incapacidade física existente para evitar re-
cidivas ou novas lesões.
III . Planejar a atividade, utilizando a progressão dos exercícios, independente-
mente da condição física atual, realizar registros dos treinos e testes de ava-
liação.
IV . Supervisionar, atentamente, as atividades é importante apenas nas fases da
infância e adolescência, devido à maior incidência de lesões nessas fases.

É correto o que se afirma em:


a) I, apenas.
b) II, III e IV, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e IV, apenas.

3. Na avaliação da lesão, pode-se constatar a natureza do evento e a classificar em


traumática ou clínica. Avalie as afirmações seguintes:
I . As fraturas e luxações são exemplos de eventos clínicos.
II . É considerada traumática se a lesão for devido a uma colisão.
III . É considerada clínica se a lesão for em decorrência de doença crônica.
IV . A osteoporose é uma exemplo de evento traumático.

É correto o que se afirma em:


a) III, apenas.
b) I e IV, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, apenas.
e) IV, apenas.

170
atividades de estudo

4. Entre atletas olímpicos, encontraram-se a maioria de ginastas com alterações cons-


tatáveis ao exame de ressonância magnética, comprovando-se que, quanto mais
longo e exaustivo o treinamento, maior será a sobrecarga na coluna vertebral que
resultará em lesão neste segmento. A hiperextensão, o uso excessivo, o impacto
contra o solo na saída dos aparelhos ou o mecanismo de torções, durante os exercí-
cios, tais como os movimentos em parafuso podem causar espondilólise e espondi-
lolistese. Os sinais e sintomas são: dor, espasmos, encurtamento muscular e altera-
ções posturais. Conforme a figura a seguir, avalie as asserções e assinale a correta:

a) Na primeira imagem, está destacada a espondilólise, e, na segunda, a espon-


dilolistese.
b) Na primeira imagem, está destacada a espondilólise, e, na segunda, a hérnia
de disco.
c) Na primeira imagem, está destacada a hérnia de disco, e, na segunda, a es-
pondilolistese.
d) Na primeira imagem, está destacada a espondilólise, e, na segunda, o osteófito.
e) Na primeira imagem, está destacada a espondilolistese, e, na segunda, a es-
pondilólise.

5. A pubalgia caracteriza-se pela presença de dor, na região baixa do abdômen e na


virilha. A região do púbis é considerada o centro de gravidade do corpo. Nesta
região, ocorre a inserção e consequente tração de diversas forças musculares.
Sobre esta lesão, podemos dizer que a pubalgia ocorre devido ao desequilíbrio
muscular. Quando um dos grupos musculares se sobrepõe de forma exagerada
sobre o outro, em geral os músculos:
a) Abdominais levam vantagem sobre os adutores.
b) Adutores levam vantagem sobre os abdominais.
c) Extensores do quadril levam vantagem sobre os abdominais.
d) Extensores do quadril levam vantagem sobre adutores.
e) Flexores do quadril levam vantagem sobre os abdutores.

171
LEITURA
COMPLEMENTAR

Caro(a) aluno(a), o artigo “Fraturas por estresse: definição, diagnóstico e tratamento”, pu-
blicado por Diego Costa Astur e colaboradores, na Revista Brasileira de Ortopedia (2015),
complementa o assunto abordado ao longo desta unidade. Este trabalho aborda as fra-
turas por estresse que ocorrem devido a um número elevado de sobrecargas cíclicas de
intensidade inferior ao strength ósseo máximo sobre o tecido ósseo não patológico. O obje-
tivo do estudo foi apresentar um artigo de atualização sobre o tema e condensar as princi-
pais informações obtidas nos principais estudos publicados nos últimos anos.
A seguir, confira um trecho do material:
“Atletas corredores, militares e dançarinos são as principais vítimas da fratura por estresse.
Todos os ossos do corpo humano estão sujeitos a fratura por estresse. Ela está intima-
mente relacionada com a prática diária do atleta. A predominância de fraturas por estres-
se nos membros inferiores sobre os membros superiores reflete as sobrecargas cíclicas
tipicamente exercidas sobre ossos de sustentação do peso corporal comparadas com as
dos ossos que não têm essa função. São mais comumente diagnosticadas fraturas por es-
tresse na tíbia, seguida pelos metatarsos (segundo e terceiro principalmente) e pela fíbula.
Fraturas por estresse no esqueleto axial são infrequentes, localizam-se principalmente nas
costelas, pars interarticularis, vértebras lombares e na pelve.
Atletas de corrida têm maior incidência de fratura por estresse nos ossos longos como
a tíbia, o fêmur e a fíbula, além dos ossos do pé e do sacro. Modalidades esportivas que
usam os membros superiores como ginástica olímpica, tênis, beisebol e basquetebol po-
dem resultar em fraturas por estresse. O osso mais acometido é a ulna, principalmente
em sua porção proximal, e também o úmero em sua extremidade distal. Essa lesão ocorre
principalmente nas costelas em jogadores de golfe e remadores. Saltadores, jogadores de
boliche e bailarinos apresentam maior risco de lesão na coluna lombar e pelve.

172
LEITURA
COMPLEMENTAR

Quanto a diferença na incidência de fraturas por estresse, entre homens e mulheres atle-
tas, é mínima. Acredita-se que a intensidade e o tipo de treinamento controlado para cada
atleta e o preparo físico já existente diminuam o impacto do programa de treinos. Na po-
pulação militar, a incidência de fraturas por estresse no sexo feminino é maior do que no
masculino.
Em relação a fisiopatologia, após seis a oito semanas do aumento súbito e não gradual da
intensidade da atividade física do atleta ou do novo praticante, essa sobrecarga fisiológica
cíclica e repetitiva pode levar ao surgimento de microfraturas e não permitir que o tecido
ósseo tenha tempo suficiente para que sofra remodelação e se adapte à nova condição e
repare a microlesão. A carga aplicada é considerada insuficiente para causar uma fratura
aguda, mas a combinação de sobrecarga, movimentos repetitivos e um tempo de recupera-
ção inadequado faz dessa uma lesão crônica. Inicialmente, ocorre uma deformação elástica
que progride para deformidade plástica até que finalmente resulte em microfraturas, que,
quando não tratadas, evoluem para a fratura completa do osso acometido. O processo de
reparo ósseo na fratura por estresse é diferente do processo das fraturas agudas comuns
e ocorre unicamente por meio da remodelação óssea, ou seja, ocorre a reabsorção das
células lesadas e a substituição com novo tecido ósseo.
Markey ainda propôs que a massa muscular atua na dispersão e no compartilhamento das
cargas de impacto no tecido ósseo. Portanto, quando há fadiga, fraqueza ou despreparo
muscular, essa ação protetora é perdida e aumenta o risco de lesões do tecido ósseo”.
O artigo está disponível, na integra, no link a seguir: <https://www.sciencedirect.com/scien-
ce/article/pii/S010236161500106X>.
Caro(a) aluno(a), não perca esta oportunidade. Faça uma análise do artigo e reflita sobre
esta questão. Boa leitura!

Fonte: as autoras.

173
material complementar

Indicação para Ler

Lesões no Esporte: Uma Abordagem Anatômica


Brad Walker
Editora: Manole
Sinopse: o livro apresenta de maneira pontual exercícios de prevenção, indica-
ções de tratamento para uma recuperação total e dicas de como evitar futuras
lesões no esporte. Ilustrações coloridas apresentam de forma detalhada as lesões
no esporte e exemplificam exercícios de alongamento, de reforço muscular e de
recuperação. É uma obra de referência indispensável não apenas para profissio-
nais da área de saúde e do esporte, mas também para atletas em diversos níveis
de atuação.

Indicação para Acessar

Nesta revisão sistemática sobre a prevalência de lesões em corredores de rua e fatores associa-
dos, são descritos os tipos de lesões e as regiões mais acometidas. Leia este artigo na íntegra.
Web: <https://online.unisc.br/seer/index.php/cinergis/article/view/7798/5116>.

174
referências

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ceitos e Aplicações Dirigidos à Graduação em Educação Física. Campinas: Ipes Edi-
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11
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em: 22 jan. 2019.
12
Em: <http://www.ortopediabr.com.br/fascite-plantar-dor-sola-do-pe/>. Acesso
em: 22 jan. 2019.
13
Em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/sinais.htm>. Acesso em: 22
jan. 2019.

178
gabarito

1. A.
2. C.
3. C.
4. E.
5. B.

179
conclusão geral

Caro(a) estudante, neste livro, aprendemos um que se as condições de saúde da pessoa são compatí-
pouco mais sobre acidentes que, em geral, podem veis com os exercícios físicos que você está propondo.
acontecer no seu local de trabalho. Seja em ambien- De fato, muitas situações citadas ao longo deste
te escolar, centros de treinamento, academias, praias estudo são evitáveis, por outro lado, algumas surgem
etc., todos estão sujeitos a sofrer algum tipo de aci- inesperadamente, e você precisa estar preparado.
dente; então, é importante que saiba como prevenir Saiba reconhecer os sinais e sintomas de cada situa-
estes acontecimentos. Fique atento ao seu ambiente ção de urgência e emergência e, sobretudo, saiba atu-
de trabalho, procure por fatores que podem favorecer ar diante desses acontecimentos. Lembre-se de que o
uma situação de urgência e emergência e os corrija. Código Penal Brasileiro trata como crime os casos de
Lembre-se de que oferecer ambiente adequado para omissão de socorro.
a prática esportiva também é sua responsabilidade. Não se esqueça de que você é o(a) profissional
Além disso, é importante conhecer seus atletas/ que tem contato mais próximo com os atletas ou com
alunos, pois as condições de saúde-doença do indiví- alunos. Desta maneira, a assistência imediata pres-
duo refletem, diretamente, na possibilidade da ocor- tada por você às vítimas de acidentes pode evitar e/
rência de eventos adversos. Muitas situações podem ou minimizar futuras complicações, favorecendo o
ser evitadas pelo simples fato de tomarmos consciên- prognóstico do indivíduo, seja na sobrevida seja na
cia da história clínica do indivíduo, portanto, verifi- redução de sequelas e complicações.

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