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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CATALÃO


UNIDADE DE BIOTECNOLOGIA
CURSO DE MEDICINA
CIÊNCIA, TECNOLOGIA EM SAÚDE, ADOECIMENTO E CUIDADO

MÓDULO: Ciência, Tecnologia em Saúde, Adoecimento e Cuidado 7 (CTSAC).


PERÍODO: Sétimo Período (2022/2).
DOCENTES: Profa. Dra. Fernanda Vieira Rodovalho Callegari, Prof. Rodrigo e Prof.
Edgar.
DISCENTES: André Cardoso de Oliveira, Camila de Araújo Coelho, Déborah Évelin de
Alcântara Pereira, Felipe Cruvinel Lemes, Giovanna de Moraes Pereira, Isabelle
Helena Rodrigues Bertuol, Kleysson Gonçalves de Souza, Victoria Barbaresco Rocha.

FISIOPATOLOGIA DA DOR

QUESTÕES NORTEADORAS

1. Classificar e diferenciar a dor quanto ao tipo de fibra nervosa aferente envolvida.


2. Classificar e diferenciar a dor de acordo com a fase fisiológica que a produz.
3. Discutir a escala de dor.
4. Elencar as principais classes de medicamentos disponíveis para o tratamento da
dor (analgésicos não opiáceos, AINES e analgésicos opiáceos), exemplificando.
5. Quais os sintomas clássicos da gravidez ectópica e as principais abordagens
medicamentosas utilizadas.
6. Quais os sintomas clássicos da doença inflamatória pélvica (DIP) e as principais
abordagens medicamentosas utilizadas.
7. Quais os sintomas clássicos da torção anexial e as principais condutas utilizadas.

QUESTÃO 1 - FIBRA NERVOSA AFERENTE DA DOR

● Dor Somática ou Parietal: origina-se de nervos aferentes do sistema nervoso


somático, que inerva o peritônio parietal, pele, músculos e tecidos subcutâneos.
● Dor Visceral: tem origem em fibras aferentes do sistema nervoso autônomo, que
transmite informações das vísceras e do peritônio visceral. Essas fibras são
esparsas e, por isso, o estímulo sensorial é difuso.
● Dor Referida: quando a dor é percebida em um local diferente daquele que
ocorreu a lesão.
● Dor Nociceptiva: ocorre devido à ativação dos nociceptores; início simultâneo ao
fator causador e aliviada com a retirada do mesmo; sem déficit sensorial;
distribuição da dor é equivalente à distribuição das fibras; quando somática
superficial, é localizada; quando é visceral, é difusa.
● Dor Neuropática: ocorre devido à lesão do sistema nervoso central e/ou periférico;
etiologia variada; há perda sensorial; inicia tempos após instalação do fator causal.
○ Desaferentação → hipersensibilidade;

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○ Intermitente → cicatriz no foco lesional ou efapse;


○ Evocadas → rearranjos sinápticos devido desaferentação.
● Fibras:

QUESTÃO 2 - FISIOLOGIA DA DOR

● Dor Fisiológica (Nocicepção):


○ Ocorre a partir de processos de transdução, transmissão e modulação de
sinais em resposta a estímulos nocivos.
○ Condução do impulso por cadeia de três neurônios:
■ Neurônio de 1ª ordem (da periferia para a medula espinal);
■ Neurônio de 2ª ordem (conexões na coluna dorsal da medula e
ascensão pela medula);
■ Neurônio de 3ª ordem (projeção para o córtex cerebral);
○ Mediada principalmente por receptores NMDA e opióides.
■ Ativação de receptores opióides antagoniza ou inibe receptores
NMDA, impedindo a despolarização e transmissão do impulso da dor.
○ Estímulos mecânicos, térmicos e químicos são codificados em impulsos
elétricos a partir dos nociceptores, que são terminações livres dos neurônios
de 1ª ordem.
● Dor Patológica:
○ Ocorre por estímulo nocivo não transitório, geralmente associado a
inflamação ou lesão nervosa significativa.
○ Ocorrem alterações no processamento da informação nociva, provocando
desconforto e sensibilidade anormal na sintomatologia clínica da dor.
○ Pode ser classificada quanto a sua origem:
■ Inflamatória (parte de estruturas somáticas ou viscerais);
■ Neuropática (parte de lesões do sistema nervoso).
○ Também pode ser descrita quanto a sua caracterização temporal:
■ Aguda;
■ Crônica.

QUESTÃO 3 - ESCALA DA DOR

● Escala Numérica Verbal:


○ Crianças > 6 anos e adultos alfabetizados;
○ Nota de 0 a 10.

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● Escala de Faces:
○ Adultos e crianças > 2 anos;
○ Categorias de descrições visuais, expressões faciais, refletindo magnitudes
de intensidade de dor diferentes;
○ Paciente seleciona a face que é compatível com seu nível atual de dor;
○ 6 imagens com faces de variadas expressões.

● Escala de Painad:
○ Adultos com alterações cognitivas, períodos de confusão e demenciados.
○ Score:
■ 0 → sem dor;
■ 1 a 3 → dor fraca;
■ 4 a 6 → dor moderada;
■ 7 a 10 → dor forte.

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● Escala Aldrete Kroulick:


○ Utilizada na avaliação de recuperação pós-anestésica.
■ Dor leve → Alta para a unidade de internação.

● Escala BPS ou Comportamental:


○ Dor em pacientes adultos críticos, sedados, inconscientes ou com
dificuldade de comunicação sob ventilação mecânica invasiva;
○ Usada em conjunto com avaliação de sedação para diferenciar o estímulo
doloroso de sedação superficial.
○ Classificação:
■ 3 → sem dor;
■ 4 a 6 → dor fraca;
■ 7 a 8 → dor moderada;
■ 9 a 11 → dor forte;
■ 12 → dor insuportável.

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QUESTÃO 4 - TRATAMENTO DA DOR

● Classes disponíveis para o tratamento da Dor:


○ Anelgésicos não opiáceos:
■ Exemplos:
● Acetaminofeno (dipirona);
● Dipirona.
■ Mecanismo de ação:
● O paracetamol tem como principais efeitos a produção de
analgesia e antipirese ao inibir ciclooxigenases (COX)
presentes no sistema nervoso central (hipotálamo), sem
apresentar efeitos anti-inflamatórios ou anticoagulantes
significativos como os AINES clássicos;
● A dipirona tem efeito analgésico e antipirético por inibição de
COX, com ação tanto central quanto periférica, causando
bloqueio da síntese de tromboxano, da agregação plaquetária
promovida pelo ácido araquidônico e da síntese de
prostaglandinas.

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○ AINES:
■ Exemplos:
● Aspirina;
● Naproxeno sódico;
● Ibuprofeno;
● Diclofenaco;
● Meloxicam;
● Piroxicam;
● Cetorolaco.
■ Mecanismo de ação:
● Inibem as enzimas ciclooxigenases (COX), impedindo a
degradação de ácido araquidônico em prostaglandinas,
prostaciclina e tromboxanos;
● Prostaglandinas promovem vasodilatação e formação de
edema, sendo parte da fisiopatologia da inflamação, e também
sensibilizam nociceptores e estimulam centros hipotalâmicos
de termorregulação, aumentando a sensibilidade a dor e
promovendo a febre.
○ Analgésicos opiáceos:
■ Exemplos:
● Paracetamol + fosfato de codeína;
● Tramadol;
● Morfina;
● Metadona;
● Oxicodona;
● Fentanil;
● Sufentanil;
● Buprenorfina.
■ Mecanismo de ação:
● Ligam-se aos receptores opióides, especialmente no sistema
nervoso central;
● Ativação dos receptores opióides desencadeia cascata de
eventos que promove o fechamento de canais de cálcio
voltagem dependentes, a redução na produção de AMP e o
estímulo ao efluxo de potássio, causando hiperpolarização
celular e redução da excitabilidade neuronal, inibindo a
neurotransmissão dos impulsos nociceptivos.

QUESTÃO 5 - GRAVIDEZ ECTÓPICA

A prenhez ectópica possui como sintomas clássicos o sangramento vaginal, dor


pélvica e amenorreia, no entanto, na maioria das vezes apresenta-se de forma
inespecífica.

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Quanto à abordagem medicamentosa utiliza-se metotrexato em dose única de 50


3
mg/m ou 1 mg/kg de peso aplicado de forma a alternar os dias com o ácido fólico durante
8 dias. Para utilizá-lo é necessário que se tenha estabilidade hemodinâmica, ausência de
sinais de rotura tubária, níveis de beta-HCG menores que 5000 mUI/mL, sem que tenha
acontecido nas últimas 48 horas um aumento de 60%, bem como precisa que haja
normalidade nos exames laboratoriais (hemograma, coagulograma, função hepática e
renal).

QUESTÃO 6 - DIP

A Doença Inflamatória Pélvica (DIP) é o nome para um conjunto de processos


inflamatórios da região pélvica que ocorre por causa da ascensão e propagação de
microorganismos do colo do útero e da vagina para o endométrio, as tubas, o peritônio e
estruturas adjacentes. O quadro clínico é caracterizado por: ocorrência subaguda e
oligossintomática, sendo obrigatório a apresentação da dor abdominal, que possui
intensidade variável.

O tratamento deve ser feito o quanto antes e tem o objetivo de resolver o quadro
infeccioso e evitar complicações futuras. Assim, ele deve ser individualizado para cada
paciente e deve-se sempre rastrear a presença de outras infecções, além de orientar a
hidratação e o repouso. A seguir, segue algumas alternativas de esquemas de
antibioticoterapia.

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QUESTÃO 7 - TORÇÃO ANEXIAL

A torção anexial é uma importante causa de dor abdominal em mulheres e


comumente está associada a tumor ou cisto ovariano, no entanto, também pode ocorrer
em ovários normais. Essa torção ocorre envolvendo o ovário ou a tuba e geralmente
ambos. Os sintomas clássicos são dor aguda no baixo ventre, geralmente unilateral, de
instalação súbita, que piora de forma intermitente. Pode também ocorrer febre, o que
sugere necrose anexial, e comumente vem acompanhada de náuseas e vômitos. Pode
ser apalpada uma massa anexial e em alguns casos não. Além disso, os achados de
imagens são: massas ovarianas e aumento de volume ovariano, redução ou ausência de
vascularização no local
O objetivo do tratamento é recuperar os anexos envolvidos, realizar excisão de
cistos ou tumores associados e, em alguns casos, realizar a ooforopexia e/ou a
salpingectomia. Assim, o tratamento é baseado na analgesia e nas cirurgias (comumente
por laparoscopia), que podem ser conservadoras, ao preservar os anexos, ou definitivas,
quando a preservação não é possível.

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REFERÊNCIAS

1. ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE SÍRIA. Protocolo de dor. São Paulo, 2021.


Disponível em:
https://www.hcor.com.br/area-medica/wp-content/uploads/sites/3/2021/12/Protocolo
-de-dor-web.pdf. Acesso em: 09 dez. 2022.
2. FERNANDES, César Eduardo; SÁ, Marcos Felipe Silva de (edit). Tratado de
Ginecologia Febrasgo. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019
3. KLAUMANN, P. R.; WOUK, A. F. P. F.; SILLAS, T. Patofisiologia da dor. Archives of
Veterinary Science, v. 13, n. 1, p. 1-12, 2008. Disponível em:
https://revistas.ufpr.br/veterinary/article/viewFile/11532/8022#:~:text=O%20conheci
mento%20da%20patofisiologia%20da,fisiol%C3%B3gicos%20ou%20principal%2D
%20mente%20patol%C3%B3gicos. Acesso em: 09 dez. 2022.
4. PENICHE, Aparecida de Cassia Giani. Algumas considerações sobre avaliação do
paciente em sala de recuperação anestésica. Revista da Escola de Enfermagem
da USP, v. 32, p. 27-32, 1998. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/reeusp/a/Dc8jdgXPQPnCKkSWKskJXFr/abstract/?lang=pt.
Acesso em: 09 dez. 2022.
5. TRINDADE, Ronald Meira Castro et al. Achados da ressonância magnética na
torção anexial. Einstein (São Paulo), v. 8, p. 92-96, 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/eins/a/9gXqYWKzQyy7RnHmW9NzsLg/abstract/?lang=pt.
Acesso em: 10 dez. 2022.

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