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Márcia Trindade (24 anos) vai a UPA com queixa de dor pélvica há uma semana.
HISTÓRIA CLÍNICA:
Fator desencadeante: após o término do período menstrual.
Sintomas associados: inicialmente, sentiu a temperatura corporal mais alta, mas sem
aferição da temperatura; no momento, calafrios, náuseas e vômitos.
Características da dor:
o Tipo: cólica constante;
o Irradiação: sem;
o Intensidade: leve a moderada (escala: 3 e 4); intensificação abrupta da dor nas
últimas 4h (escala: 9 e 10);
o Localização: pelve; dor em baixo-ventre;
o Piora: atividade sexual e movimentos bruscos;
o Melhora: início, melhora com ibuprofeno 400 mg (8h/8h).
Vida sexual: sexualmente ativa, múltiplos parceiros.
Hist. Obstétrica: G1P0A1 (espontâneo, 1º tri), com realização de curetagem há 2 anos.
Métodos contraceptivos: nunca usou DIU; ACO (uso sistemático); uso de camisinha
(esporádico).
Dores semelhantes: não teve dor pélvica semelhante no passado; teve anteriormente uma
tricomoníase, tratada há 6 anos.
Ciclo menstrual: regular, pequeno volume menstrual.
Medicamentos em uso: ACO e ibuprofeno.
Hábitos de vida: sedentária, 3 refeições ao dia (café da manhã, almoço, jantar); dieta com
muito carboidrato, carne vermelha, poucas frutas; tabagista (½ maço/dia, desde os 18
anos); bebe socialmente (FDS).
EXAME FÍSICO:
Ectoscopia: MEG, LOTE, COLABORATIVA, hipocorada (1+/4+), desidratada (1+/4+);
enchimento capilar (3s).
Sinais Vitais: PA = 84x52mmHg; FC = 134 bpm; FR = 20 irpm; T = 38,7ºC; Sat O2 = ?
Exame Abdominal:
o Inspeção: plano, sem abaulamentos e retrações;
o Ausculta: RHA hipoativa;
o Percussão: Giordano negativo;
o Palpação: do à palpação superficial e profunda, intensa em fossa ilíaca direita; sinal
de Blumberg +; dor à palpação profunda em Hipocôndrio Direito.
Exame Ginecológico:
o Especular: colo avermelhado; presença de uma secreção amarelada, purulenta
(pus), odor forte, consistência aumentada, fluindo pelo OE; quando ocorre
manipulação, sai secreção com rajas de sangue; coleta da secreção;
o Toque: útero vol. normal; dor à mobilização anterolateral; abaulamento em fundo
de saco vaginal; muita dor à palpação; aumento da região anexial direito;
o Teste das aminas (KHO): não foi realizado.
EXAMES COMPLEMENTARES:
Beta HCG: negativo.
Hemograma: 3 milhões de hemácias; Hb = 10; Ht = 30.
Plaquetas: 135 mil.
Leucograma: 13.580 mil leucócitos; 2% metamielócitos; 10% bastonetes; 78%
segmentados; 8% linfócitos; 2% monócitos; 0% eosinófilos.
USG portátil (beira leito): visualiza uma massa cística com conteúdo espesso em topografia
de anexos direito, medindo no maior diâmetro 6 cm.
Urina: sem sinais de infecção.
VHS: 50 mm/h (VR: 0 – 25).
Eletrólitos: Na = 133; K = 3,3; Cl = 95.
Glicemia: 85.
Creatinina: 0,9.
Ureia: 30.
Bilirrubinas totais = 0,8.
TGO = 25; TGP = 27 (VR < 31).
Hemocultura; Coleta de secreção vaginal (cultura e bacterioscopia).
DIAGNÓSTICOS:
Sindrômicos: abdome agudo infeccioso em baixo-ventre; choque séptico.
Etiológico: Doença inflamatória Pélvica (DIP) grave.
CONDUTA:
Conduta expectante:
Reposição volêmica;
Monitoração, Oxigenação, acesso Venoso (MOV);
Tramal;
Antibiótico (Gram negativo, anaeróbios) – Cefalosporina de 3ª geração, Quinolona;
Na sala de Emergência para estabilização.
Transporte para hospital de alta complexidade, quando estabilizada.