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Farmacologia da dor e da

inflamação
Dor → sensação desagradável percebida pelo individuo, associada a uma lesão
tecidual real ou em potencial, juntamente a um componente emocional regulando o
potencial do sintoma doloroso
Tipos de dor → Somáticca, Visceral e Neuropática, associada ao local e frequência da
manifestação da dor
Dor somática: constante e bem localizada, ex: dores em músculos/óssos
Dor visceral: constante e mal localizada, região dolorida sem precisão na localização.
ex: pele, síndrome torácica aguda (região do tórax)
Ambas são ligadas a ativação de nociceptores e visceral pode ter componente
autonômico.
Dor neuropática: mal localizada, não constante, em salvas ou paroxismos (picos),
parecido a choque, queimação ou disestesia. Mecanismo não nociceptivo e sim por
descargas do sistema nervoso central, periférico e do componente autonômico.
Componentes da dor:
Nocicepção → percepção de estímulos nocivos, químicos ou físicos
Reatividade emocional → componente emocional, condição psiquiátrica regula a
intensidade da dor, pessoas em situações psiquiátricas complicadas podem ampliar a
percepção da dor.
Fisiopatologia da dor → Transmissão nervosa, estímulo químico, mecânico ou térmico
que são transformados em sinal neuronal, etapa chamada de transdução do sinal
doloroso
Estímulo → conversão neurológica de sinais em estímulos elétricos → despolarização
do neurônio através da regulação do influxo de Na+/Ca2+ → excitação do neurônio
fazendo ele alcançar o limiar e propagando potencial de ação → esse estímulo
convertido em estímulo elétrico/potencial de ação vai ser conduzido até o sistema
nervoso central → transmissão pela medula espinhal, no SNC ocorre a modulação da
dor → ocorre através de sinais neurológicos inibitórios, GABA e outros

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neurotransmissores inibitórios como serotonina, (estimula liberação de endorfina,
regula a neurotransmissão por sinais inibitórios) em alguns locais.
Processo inflamatório:
Quatro sinais importantes → rubor, calor, tumor e dor
Desencadeado por lesão celular, através dessa lesão uma cascada de eventos é
disparada pelo organismo a partir de células de defesa, células de reconstrução
tecidual.
Função do processo inflamatório: destruição do local onde ocorreu inflamação seguida
de reconstrução do local, importante para remover a área lesionada e substitui-la por
uma área saudável, processo mediado por substâncias químicas liberadas por células
de defesa, mudança do ambiente do local pela ação dos mediadores químicos vai
caracterizar o processo da inflamação, mudança percebida pelos quatro sinais.
mudanças → vasodilatação: causa rubor e calor, maior fluxo de sangue a região fica
mais quente e fica mais avermelhada. exsudação (extravasamento vascular): liberação
de líquidos dos vasos sanguíneos, causa acúmulo de liquido que se desenvolve a
edema/tumor. os próprios mediadores e o tecido lesionado irão exercer pressão e ativar
os nociceptores, mediadores químicos em sua grande maioria irão sensibilizar esses
receptores e a lesão estimula os receptores ocasionando em dor. Todo processo
inflamatório pode gerar dor mas nem toda dor vem de processo inflamatório.
Dor é um sinal vital, indica a necessidade de uma verificação da situação do individuo.

Estímulo lesivo (químico, físico, térmico) → liberação de mediadores endógenos no


organismo: Autacóides: histamina, prostaglandinas, serotonina; peptídeos:
angiotensina, substância P; acidose tecidual (pela liberação de potássio e hidrogênio
pelo extravasamento) → reação inflamatória aguda: alterações morfofisiológicas →
sensibilização dos neurônios e nociceptores por substâncias algésicas → após a
inflamação existem 2 caminhos: inflamação completa seguida de restauração
removendo a lesão: resolução → inflamação não se resolve: cronificação, tecido
constantemente destruído. complicações ao atingir tecidos não regenerativos como
neurônios. Doenças neurodegenerativas associadas a processos auto-imunes são
muito graves e de difícil controle.
PROSTAGLANDINAS → MEDIADORES QUÍMICOS PRODUZIDOS POR
LEUCÓCITOS E MASTÓCITOS, autacóides sintetizados após o estímulo, não é

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armazenado no organismo, utilizada a medida que foi sintetizada. não dependem de
estímulos elétricos e agem no local de liberação.
Anti-inflamatório em maior parte atuam reduzindo a produção das prostaglandinas,
inibição da cox. São produzidas por uma cascata de eventos fisiológicos junto a outras
substâncias. Feitas a partir do ácido araquidônico (ácido graxo), presente em
fosfolipídios da membrana celular. Fosfolipase A2 (ácido graxo 2) cliva o ácido
araquidônico desse fosfolipídio. Ácido araquidônico sofre ação de outras enzimas:
cicloxigenase (produz prostaglandinas, tromboxanos e prostaciclinas) e lipoxigenase
(produz leucotrienos, mediadores inflamatórios e imunológicos, ex: LA4 envolvido em
reações alérgicas), processo inflamatório ativa essa cascata de síntese desses
mediadores. (eicosanóides: 20 carbonos)

Prostaglandinas promovem vasodilatação e aumento da permeabilidade capilar


(extravasamento), estimulam a sensibilidade dos nociceptores aumentando a reação a
dor, prostaglandinas associadas a citocinas inflamatórias podem atuar no hipotalamo,
descontrolando a regulação de temperatura causando febre associada ao processo
inflamatório, também irão diminuir a produção de ácido gástrico e aumento da
produção de muco protetor do trato gastrointestinal. Prostaciclinas e prostaglandinas
vasodilatadoras são importantes na manutenção da função renal, mantém ele
vasodilatado permitindo a irrigação sanguínea e filtração das substâncias tóxicas
provenientes do metabolismo energético. Também causam contração uterina no
processo de ovulação e no desenvolvimento fetal quando precisa de contração.

Dois tipos de cox, cox-1 e cox-2, cox-1 é constitutiva, encontrada na maioria das
células e tecidos, associada a funções fisiológicas. cox-2 tem formação induzida por

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citocinas, logo ocorrem em locais inflamatórios produzindo prostaglandinas.
Regulação fisiológica constante pela cox-1 produzindo prostaglandinas (proteção do
trato gastrointestinal), prostaciclina(proteção do trato gastrointestinal, inibidor de
agregação plaquetária, regulação do fluxo sanguíneo e função renal, vasodilatador) e
tromboxanas (função plaquetária, indução de agregação e regulação fluxo sanguíneo,
vasoconstritor)

Regulação do processo inflamatório pela cox-2 induzida: produção de prostaglandinas


e prostaciclinas → vasodilatação, hiperalgesia, febre, diurese e imunomodulação.
Tratamento da dor em três escalas (leve, moderado e grave):

1° degrau → analgésicos não opiáceos ou AINEs com ou sem adjuvantes que ajudam
na reatividade emocional
2° degrau → opióide fraco com ou sem analgésico não opiáceo ou AINE com ou sem
adjuvante

3° degrau → opióide potente com ou sem analgésico não piáceo ou AINE com ou sem
adjuvante.

Primeiro degrau → medicamentos livres de prescrição, pode ser orientado por


prescrição farmacêutica.
Avaliação da dor:

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Ações farmacológicas, intervenção em alguma das etapas no processo da dor, seja a
transmissão da dor através de sinais ou modulação da dor.

Alguns autores tratam aines e analgésicos simples juntos.

Analgésico simples → dipirona e paracetamol

Aines → aspirina (aas), diclofenaco, indometacina, ibuprofeno, naproxeno.


Diferenças: mesmo efeito analgésico (forte), mesmo efeito antipirético (forte, reduz
febre), analgésico é fraco anti-inflamatório e aine é forte anti inflamatório.

aspirina e ibuprofeno tem ação analgésica e antiinflamatória variante com a dose. AAS
500mg é analgésico 1g é antiinflamatório e analgésico potente, ibuprofeno 500mg
analgésico e 600mg+ é antiinflamatório e analgésico potente.

tipos de antiinflamatórios:
Antiinflamatórios não esteróides ou não hormonais, sem agrupamento derivado do
colesterol (cppf)

Antiinflamatório esteroides ou hormonais → glicocorticoesteróides.


AINES → inibe a ação periférica e central das ciclooxigenases, diminuindo a biosíntese
e liberação de mediadores químicos eicosanoides (prostaglandinas, prostaciclinas e
tromboxanas)
Possuem efeito antipirético pela inibição de prostaglandinas hipotalâmicas, efeito
analgésico pela inibição de prostaglandinas sensibilizantes e efeito antiinflamatório pela
inibição de prostaglandinas vasodilatadoras.

AINES:

ácido salicílico e derivados → ácido acetilsalicílico, salicilato de sódio, diflunisal

ácidos indol e indol acéticos → indometacina, sulindaco, etodolac


ácidos hetero aril-acéticos → tolmetina, diclofenaco, aceclofenaco, cetorolaco

ácidos arilpropiônicos → ibuprofeno, naproxeno, flurbiprofeno, cetoprofeno,


loxoprofeno, oxaprozina

ácidos antranílicos (fenamatos) → ácido mefanâmico, ácido meclofenâmico


ácidos enólicos → piroxicam, tenoxicam, meloxicam

alcanones (não acídicos) → nabumetona

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furarnona diaril-substituido → refecoxib

Pirazol diaril-substituido → celecoxib

Sulfonanilida → nimesulida

Boa absorção oral, biodisponibilidade não alterada na presença de alimentos, alta


ligação a proteínas plasmáticas (possível interação farmacológica), por serem ácidos
orgânicos eles irão se acumular em locais mais ácidos (locais de inflamação
decorrentes da liberação de K+ e H+ por extravasamento)

Classificação quando a seletividade pela COX


Inibidores seletivos da COX-1: aspirina em baixas doses

Inibidores não seletivos da COX: aspirina em altas doses, piroxicam, indometacina,


diclofenaco, ibuprofeno, nabumetona
Inibidores seletivos da COX-2: meloxicam, etodolaco, nimesulida, salicilato

Inibidores altamente seletivos da COX-2: celecoxibe, paracoxibe, etoricoxibe,


lumiracoxibe.
Tradicionais e convencionais são não seletivos, coxibes são seletivos para cox-2,
pouco superiores a alguns tradicionais não seletivos, alguns retirados por reações
adversas graves (efeitos trombóticos graves).

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Efeitos adversos: são relacionados com a inibição da regulação fisiológica dos
eicosanóides → efeitos no trato gastrointestinal, hemorragias, alterações de PA,
disfunção e falência renal e hepática nefrotoxicidade, diarreia com sangue. DENGUE É
DOENÇA HEMORRÁGICA, NÃO PODE TOMAR AINEs

3 principais problemas → gastropatias induzidas por AINES, nefrotoxicidade induzida


por AINEs e asma induzida por AINEs (leucotrienos são produzidos em maior
quantidade e causam efeitos alérgicos nos pulmões)

Paracetamol em excesso → hepatoxicidade.

Metabolismo do acetaminofeno produz intermediário tóxico que se não for


metabolizado por metabolismo de fase 2 irá ocasionar em morte celular

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