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Súmulas STJ Atualizado
Súmulas STJ Atualizado
Questões de concurso.
Inclusão de explicação na Súmula 195 do STJ (Fonte: Buscador DOD: 04/06/21)
Inclusão de explicação nas Súmula 132 e 336 do STJ (Fonte: Buscador DOD: 25/05/21)
Inclusão de explicação na Súmula 641 do STJ (Fonte: Buscador DOD: 23/05/21)
Atualização na explicação da Súmula 113 do STJ (Fonte: Buscador DOD: 11/05/21)
Cancelamento da Súmula 343 do STJ (03/05/21)
Inclusão da Súmula 649 do STJ (29/04/21)
Inclusão da Súmula 648 do STJ (21/04/21)
Inclusão de explicação na Súmula 640 do STJ (Fonte: DOD – 09/04/21)
Atualização na explicação das Sumula 377 e 552 do STJ (Fonte: DOD - 03/04/21)
Outras Súmulas superadas: nº 06, 11, 30, 75, 90, 119, 172, 244, 294, 472, 510 e 521 do STJ.
Cancelamento das Súmulas 61, 68, 94, 343, 408 e 469 do STJ.
Orientações:
Fontes: Site Buscador do Dizer o Direito e Site do DOD; questões de concurso; julgados do STJ
e STF.
Súmula 649: Não incide ICMS sobre o serviço de transporte interestadual de mercadorias destinadas
ao exterior.
Súmula 647: São imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes de
atos de perseguição política com violação de direitos fundamentais ocorridos durante o regime
militar.
Súmula 646: É irrelevante a natureza da verba trabalhista para fins de incidência da contribuição ao
FGTS, visto que apenas as verbas elencadas em lei (artigo 28, parágrafo 9º, da Lei 8.212/1991), em rol
taxativo, estão excluídas da sua base de cálculo, por força do disposto no artigo 15, parágrafo 6º, da
Lei 8.036/1990.
Súmula 645: O crime de fraude à licitação é formal, e sua consumação prescinde da comprovação do
prejuízo ou da obtenção de vantagem.
Súmula 644: O núcleo de prática jurídica deve apresentar o instrumento de mandato quando
constituído pelo réu hipossuficiente, salvo nas hipóteses em que é nomeado pelo juízo.
Súmula 643: A execução da pena restritiva de direitos depende do trânsito em julgado da
condenação.
Súmula 642: O direito à indenização por danos morais TRANSMITE com o falecimento do titular,
possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir na ação
indenizatória. (Proc.-TC/DF-2021)
Fases do PAD: Segundo o art. 151 da Lei nº 8.112/90, o processo disciplinar possui três fases:
FASES DO PAD
1) INSTAURAÇÃO 2) INQUÉRITO 3) JULGAMENTO
ADMINISTRATIVO
Ocorre com a publicação de Nesta etapa ocorrerá: A autoridade julgadora, no
um ato (portaria) indicando • a instrução (oitiva de prazo de 20 dias após receber o
os membros da comissão testemunhas, perícias etc.); processo (com o relatório), irá
processante. • o indiciamento; proferir a sua decisão.
• a apresentação de defesa e
• a elaboração de um relatório
pela comissão processante.
Obs: na portaria de Obs: relatório é o documento no Obs: o PAD se encerra com o
instauração do processo qual a comissão expõe as suas julgamento do feito pela
administrativo disciplinar conclusões sobre as provas autoridade competente, que
não precisa constar a a produzidas e a defesa poderá absolver ou condenar o
exposição detalhada dos apresentada pelo acusado. servidor.
fatos a serem apurados. O relatório deve ser motivado e A autoridade poderá acolher ou
conclusivo, ou seja, precisa não as conclusões expostas no
apontar se a comissão relatório da comissão.
recomenda a absolvição do • Se decidir acolher: não
servidor ou a sua condenação, precisará motivar essa decisão,
sugerindo a punição aplicável. podendo encampar a
Esse relatório será encaminhado fundamentação exposta no
à autoridade competente para o relatório.
julgamento, segundo a estrutura • Se decidir não acolher: nesse
hierárquica do órgão. caso, é indispensável a
motivação, demonstrando que o
relatório contraria as provas dos
autos.
Veja a redação literal do art. 151 da Lei nº 8.112/90:
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes fases:
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão;
II - inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa e relatório;
III - julgamento.
Instauração. Como é instaurado o processo administrativo disciplinar? O PAD é instaurado por
meio de uma portaria. Nesta portaria constarão os nomes de três servidores estáveis que irão
formar a comissão que conduzirá os trabalhos do processo disciplinar. Veja o que diz a doutrina
sobre o conteúdo da portaria:
“O ato publicado deve indicar os membros da comissão, e já então seu presidente. Esse ato
deverá também indicar sucintamente dados essenciais ao processo, como o seu número,
eventualmente o servidor envolvido, a acusação que se lhe faz e o seu enquadramento
legal, o nome da repartição, a data e a assinatura da autoridade responsável.” (RIGOLIN,
Ivan Barbosa. Comentários ao Regime Único dos Servidores Públicos Civis. 7ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2012, p. 379)
Na portaria de instauração do PAD, é necessário que seja feita uma exposição detalhada dos
fatos que serão apurados? NÃO.
Súmula 641-STJ: A portaria de instauração do processo administrativo disciplinar
prescinde da exposição detalhada dos fatos a serem apurados. STJ. 1ª Seção. Aprovada em
18/02/2020, DJe 19/02/2020.
Por quê? O objetivo principal da portaria de instauração, prevista no art. 151, I, da Lei) é dar
publicidade à constituição da comissão processante, ou seja, informar quem serão os servidores
responsáveis pela instrução do feito. Somente após a instrução probatória é que a Comissão
Processante terá condições de fazer um relato circunstanciado das condutas supostamente
praticadas pelo servidor indiciado, capitulando as infrações porventura cometidas. Desse modo, a
descrição minuciosa dos fatos se faz necessária apenas quando o servidor for indiciado (etapa de
indiciamento), não sendo imprescindível que conste da portaria de instauração.
Jurisprudência em Teses do STJ (ed. 05)
Tese 3: A portaria de instauração do processo disciplinar prescinde de minuciosa descrição
dos fatos imputados, sendo certo que a exposição pormenorizada dos acontecimentos se
mostra necessária somente quando do indiciamento do servidor.
E quando ocorre esse “indiciamento”? Após a instrução, ou seja, depois da produção das provas.
Depois de terem sido produzidas as provas, a comissão processante irá tipificar a infração
disciplinar, ou seja, especificar os fatos imputados ao servidor e as respectivas provas. É nesse
momento, portanto, que será feita a descrição minuciosa dos fatos (e não na portaria de
instauração).
Depois desse indiciamento, será dada oportunidade de o servidor apresentar sua defesa. Veja o
que diz o art. 161 da Lei nº 8.112/90:
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indiciação do servidor, com a
especificação dos fatos a ele imputados e das respectivas provas.
§ 1º O indiciado será citado por mandado expedido pelo presidente da comissão para
apresentar defesa escrita, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do processo
na repartição.
§ 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e de 20 (vinte) dias.
§ 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para diligências reputadas
indispensáveis.
§ 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia da citação, o prazo para
defesa contar-se-á da data declarada, em termo próprio, pelo membro da comissão que fez
a citação, com a assinatura de (2) duas testemunhas.
Súmula 640: O benefício fiscal que trata do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários
para as Empresas Exportadoras (REINTEGRA) alcança as operações de venda de mercadorias de
origem nacional para a Zona Franca de Manaus, para consumo, industrialização ou reexportação
para o estrangeiro.
OBS:
Zona Franca de Manaus (ZFM): A Amazônia é uma região de enorme relevância para o Brasil e o
mundo em razão de sua biodiversidade. Em razão disso, existe uma grande pressão interna e até
estrangeira para que essa área seja preservada. O Governo Federal chegou à conclusão de que
precisava tomar medidas para evitar que a Floresta Amazônica fosse devastada. No entanto, ao
mesmo tempo, seria necessário garantir que a população que vive na região tivesse uma
alternativa econômica, ou seja, pudesse trabalhar e ter renda sem precisar desmatar. Diante desse
cenário, decidiu-se que seria interessante criar um polo industrial em Manaus, capital do
Amazonas, a fim de permitir que as pessoas tivessem emprego e não precisassem explorar, de
forma desordenada, os recursos naturais existentes principalmente no interior no Estado. Ocorre
que Manaus é distante dos grandes centros consumidores do Brasil (exs: SP, RJ, MG), de sorte que
não havia motivos econômicos que justificassem uma indústria decidir se instalar no Amazonas.
Para o setor industrial, seria muito mais vantajoso se manter nos Estados do centro-sul do país.
Nesse contexto, o Governo Federal percebeu que seria indispensável fomentar a instalação das
indústrias no Amazonas. Para fazer isso, mostrou-se imprescindível conceder incentivos fiscais,
ou seja, a isenção ou redução drástica de impostos. Assim, quando uma indústria estivesse
decidindo onde ficaria a sua unidade produtiva, poderia escolher se instalar em Manaus, já que,
estando lá, pagaria menos impostos. Desse modo, em 1957, foi editada a Lei nº 3.273/57 criando
uma zona franca na cidade de Manaus. Os incentivos, contudo, ainda eram muito restritos e não
surtiram tanto efeito prático. Dez anos mais tarde, o Governo Federal publicou o Decreto-Lei nº
288/1967 ampliando bastante o modelo e estabelecendo que a Zona Franca de Manaus seria uma
área de livre comércio. Veja o art. 1º:
Art. 1º A Zona Franca de Manaus é uma área de livre comércio de importação e exportação
e de incentivos fiscais especiais, estabelecida com a finalidade de criar no interior da
Amazônia um centro industrial, comercial e agropecuário dotado de condições econômicas
que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distância, a que
se encontram, os centros consumidores de seus produtos.
As indústrias que se instalam na Zona Franca de Manaus gozam de incentivos fiscais, como a
isenção total ou parcial de alguns impostos e contribuições federais, como é o caso do IPI, do
imposto de importação, do imposto de renda e do PIS/PASEP. Conforme já expliquei, essa Zona
Franca foi criada com o objetivo de levar o desenvolvimento para a Amazônia, fomentando a
formação de um centro industrial e comercial na região. Com isso, os habitantes da localidade
possuem alternativas econômicas para não precisarem utilizar, de forma devastadora, os recursos
ambientais.
A Zona Franca de Manaus não viola esse princípio porque se enquadra na parte final do inciso I
do art. 151, ou seja, a concessão dos incentivos tem por objetivo desenvolver uma região do País
que precisa de um tratamento diferenciado em razão de suas peculiaridades geográficas. Além
disso, quando a CF/88 foi editada, a Zona Franca de Manaus (que já existia desde 1957) foi
incluída no art. 40 do ADCT:
Art. 40. É mantida a Zona Franca de Manaus, com suas características de área livre de
comércio, de exportação e importação, e de incentivos fiscais, pelo prazo de vinte e cinco
anos, a partir da promulgação da Constituição.
Parágrafo único. Somente por lei federal podem ser modificados os critérios que
disciplinaram ou venham a disciplinar a aprovação dos projetos na Zona Franca de
Manaus.
O legislador constituinte optou por essa medida para que não houvesse dúvidas de que ela está de
acordo com o princípio da uniformidade geográfica ou uniformidade tributária. Assim, a Zona
Franca de Manaus é CONSTITUCIONAL porque foi mantida pela própria CF/88 (art. 40 do
ADCT) e também porque se enquadra na parte final do art. 151, I, acima destacado.
Prazo de duração da ZFM: A ZFM é temporária. A ideia é a de que, com o tempo, a região se
desenvolva, encontre outras matrizes econômicas e não precise mais dos incentivos fiscais.
Infelizmente, contudo, essa alternativa econômica ainda não aconteceu. Em virtude disso,
recentemente, o prazo de duração da ZFM foi prorrogado por mais 50 anos pela EC 83/2014.
Assim, pelo texto constitucional, a ZFM irá durar até o ano de 2073.
Este programa prevê que a empresa que exporte bens terá direito a créditos. Esses créditos serão
apurados mediante a aplicação de um percentual sobre a receita auferida com a exportação. Esse
percentual poderia variar entre 0,1% e 3%:
Art. 22. No âmbito do Reintegra, a pessoa jurídica que exporte os bens de que trata o art. 23
poderá apurar crédito, mediante a aplicação de percentual estabelecido pelo Poder
Executivo, sobre a receita auferida com a exportação desses bens para o exterior.
§ 1º O percentual referido no caput poderá variar entre 0,1% (um décimo por cento) e 3%
(três por cento), admitindo-se diferenciação por bem. (...)
Assim, o art. 22, § 1º, da Lei nº 13.043/2014 determina que o Poder Executivo estabeleça o fator
percentual de cálculo do valor do crédito, o qual pode variar entre 0,1% e 3%.
As empresas nacionais que vendem mercadorias para a Zona Franca de Manaus são beneficiadas
com o benefício fiscal do REINTEGRA? SIM. É o teor da Súmula 640 do STJ.
Por quê? O art. 4º do Decreto-Lei nº 288/1967, recepcionado expressamente pelo art. 40 do ADCT,
e o art. 506 do Decreto nº 6.759/2009 dizem que se uma mercadoria é vendida para a Zona Franca
de Manaus isso é como se fosse uma exportação, ou seja, uma venda para o exterior. Confira:
DL 288/1967 (regula a ZFM)
Art. 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização
na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos
fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o
estrangeiro.
Assim, a venda de mercadorias para empresas situadas na Zona Franca de Manaus equivale, para
efeitos fiscais, à exportação de produto brasileiro para o exterior, de modo que o contribuinte
enquadrado nessas condições faz jus ao benefício fiscal instituído pelo REINTEGRA.
Súmula 639: Não fere o contraditório e o devido processo legal a decisão que, sem ouvida prévia da
defesa, determine transferência ou permanência de custodiado em estabelecimento federal.
OBS: Importante.
Presídios federais: A quase totalidade dos presídios existentes no Brasil é estadual. Com isso,
mesmo as pessoas presas por conta de processos que tramitam na Justiça Federal, em regra, ficam
custodiadas em presídios estaduais. Na atualidade, existem cinco presídios federais: i)
Penitenciária Federal de Catanduvas (PR); ii) Penitenciária Federal de Campo Grande (MS); iii)
Penitenciária Federal de Porto Velho (RO); iv) Penitenciária Federal de Mossoró (RN); e v)
Penitenciária Federal de Brasília (DF). Cada penitenciária dessas possui um juiz federal
corregedor, responsável pela unidade e com competências previstas em lei.
Base legal: A transferência e inclusão de presos em estabelecimentos penais federais são reguladas
pela Lei 11.671/08. Além disso, podem ser citados outros instrumentos infralegais importantes: i)
Decreto nº 6.877/2009; ii) Decreto nº 6.049/2007; e iii) Resolução nº 557-CJF.
Segurança máxima: Os estabelecimentos penais federais são considerados, pela lei, como de
segurança máxima.
Quem pode ser recolhido em presídio federal? Poderão ser recolhidos em presídio federal: i) presos
provisórios ou condenados; e ii) presos estaduais ou federais.
Preso por “crime federal” ou “crime estadual”: O presídio federal pode receber tanto presos
acusados e condenados por crimes de competência da Justiça Federal como da Justiça Estadual.
Desse modo, o critério para abrigar presos em estabelecimentos prisionais federais não é a
competência para julgamento dos fatos por eles praticados, mas sim a necessidade de uma
custódia de segurança máxima por razões ligadas à segurança pública ou do próprio preso.
Motivos que autorizam o recolhimento do preso em presídio federal: A lei é muito vaga quanto a
isso (art. 3º), afirmando que serão recolhidos em presídios federais aqueles cuja medida se
justifique por conta do interesse: i) da segurança pública; ou ii) do próprio preso.
Segundo o art. 3º do Decreto nº 6.877/2009, para a inclusão ou transferência, o preso deverá
possuir, ao menos, uma das seguintes características:
• ter desempenhado função de liderança ou participado de forma relevante em organização
criminosa;
• ter praticado crime que coloque em risco a sua integridade física no ambiente prisional de
origem;
• estar submetido ao Regime Disciplinar Diferenciado — RDD;
• ser membro de quadrilha ou bando, envolvido na prática reiterada de crimes com violência ou
grave ameaça;
• ser réu colaborador ou delator premiado, desde que essa condição represente risco à sua
integridade física no ambiente prisional de origem; ou
• estar envolvido em incidentes de fuga, de violência ou de grave indisciplina no sistema prisional
de origem.
Quem tem legitimidade para pedir a inclusão do preso no Sistema Penitenciário Federal? i)
Autoridade administrativa (exs.: delegado de polícia, secretário de segurança pública, secretário
de justiça etc.); ii) Ministério Público; e iii) o próprio preso.
A quem é endereçado o pedido de transferência para o presídio federal? O requerimento de
transferência deve ser endereçado ao juízo responsável pelo preso (juízo federal ou juízo
estadual, a depender do caso), e nunca diretamente ao juiz federal corregedor da penitenciária
federal. A competência para decidir se haverá a transferência, conforme veremos mais abaixo, é
uma decisão tanto do juízo de origem como do juízo federal corregedor do presídio.
Oitiva prévia: Após o requerimento ser recebido, é formado um processo de transferência. O juiz
deverá determinar, de imediato, que sejam ouvidas, no prazo de 5 (cinco) dias cada:
• a autoridade administrativa;
• o MP;
• a defesa; e
• o Departamento Penitenciário Nacional — DEPEN (a quem é facultado indicar o
estabelecimento penal federal mais adequado).
Na hipótese de imprescindibilidade de diligências complementares, o juiz federal ouvirá, no prazo
de 5 (cinco) dias, o MPF e a defesa e, em seguida, decidirá acerca da transferência no mesmo
prazo.
É possível a transferência ou manutenção do preso em presídio federal mesmo sem a oitiva da
defesa? SIM. A Lei 11.671/08 prevê que, havendo extrema necessidade, o juiz federal poderá
autorizar a imediata transferência do preso e, após o preso estar incluído no sistema penitenciário
federal, ouvir as partes interessadas e decidir pela manutenção ou revogação da medida adotada.
Desse modo, em caso de situações emergenciais, o contraditório será diferido.
Nesse sentido já decidiu o STF:
A transferência de preso para presídio federal de segurança máxima sem a sua prévia
oitiva, desde que fundamentada em fatos caracterizadores de situação emergencial, não
configura ofensa aos princípios do devido processo legal, da ampla defesa, da
individualização da pena e da dignidade da pessoa humana. STF. 1ª T. HC 115539/RO, Rel.
Min. Luiz Fux, j. 3/9/13 (Info 718).
É também a posição do STJ:
A jurisprudência do STJ consolidou-se no sentido de não haver malferimento ao
contraditório e à ampla defesa pela não oitiva prévia da defesa da decisão que determina
tanto a transferência quanto a permanência do custodiado em estabelecimento
penitenciário federal. Precedentes. STJ. 5ª T. RHC 46.786/MS, Rel. Min. Felix Fischer, j.
03/02/15.
No Decreto Federal nº 6.877/09, outrossim, não há previsão de oitiva prévia da defesa,
quando a transferência do preso, entre as unidades integrantes do sistema penitenciário
federal, for requerida pela autoridade administrativa ou pelo Ministério Público. Na
ausência de previsão legal específica, não é de se impor a oitiva prévia da defesa, como
requisito para a transferência do apenado entre estabelecimentos penais federais, sendo
sempre possível que o apenado, em momento posterior e valendo-se dos meios cabíveis,
insurja-se contra qualquer ilegalidade praticada pela administração da justiça, no caso
concreto. STJ. 5ª T. AgRg no RHC 73261/SP, Rel. Min. Felix Fischer, j. 18/04/17.
O Decreto nº 6.877/09 prevê que a transferência poderá ocorrer mediante requerimento da
autoridade administrativa ou do Ministério Público dirigido ao juiz federal corregedor,
sem exigir previa oitiva da defesa, bastando que o pleito seja instruído com os fatos
motivadores. STJ. 6ª T. AgRg no RHC 49.440/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j.
14/11/17.
De quem é a competência para decidir se um preso deve ou não ser incluído no Sistema
Penitenciário Federal? Inicialmente, o juízo de origem (federal ou estadual), isto é, o juízo
responsável pelo preso, faz um juízo de admissibilidade sobre o requerimento de transferência.
• Se nesse juízo de admissibilidade, o pedido for indeferido: encerra-se o processo de
transferência. Há possibilidade de recurso.
• Se houver concordância com o pedido: o próprio juízo de origem formulará requerimento ao
juízo federal competente pelo presídio federal, encaminhando os autos do processo de
transferência.
O juiz federal corregedor do presídio federal irá, então, decidir, de forma fundamentada, se aceita
ou não o preso. Desse modo, a inclusão dependerá de duas decisões:
• do juízo de origem (estadual ou federal, a depender do caso);
• do juízo federal corregedor do presídio.
O que o juízo federal corregedor do presídio analisa para decidir se haverá ou não a inclusão do
preso? Apenas a regularidade formal da solicitação. Segundo entende o STJ:
Ao Juízo Federal não compete realizar juízo de valor sobre as razões de fato emanadas
pelo Juízo solicitante, sendo-lhe atribuído pelo art. 4.º da Lei n.º 11.671/2008, tão somente,
o exame da regularidade formal da solicitação. STJ. 3ª S. CC 168.595/RJ, Rel. Min. Laurita
Vaz, j. 11/03/20.
Prevalece, no STJ, o entendimento no sentido de que, acaso devidamente motivado pelo
Juízo estadual o pedido de manutenção do preso em presídio federal, não cabe ao
Magistrado Federal exercer juízo de valor sobre a fundamentação apresentada, mas
apenas aferir a legalidade da medida. STJ. 3ª S. AgRg no CC 169.736/RJ, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, j. 12/02/20.
Não cabe ao Juízo Federal discutir as razões do Juízo Estadual, quando solicita a
transferência de preso para estabelecimento prisional de segurança máxima, assim quando
pede a renovação do prazo de permanência, porquanto este é o único habilitado a declarar
a excepcionalidade da medida. STJ. 3ª S. AgRg no CC 160.401/PR, Rel. Min. Antonio
Saldanha Palheiro, j. 10/04/19.
O que acontece se o juízo federal corregedor do presídio não admitir a transferência do preso?
Rejeitada a transferência, o juízo de origem poderá suscitar o conflito de competência perante o
tribunal competente, que o apreciará em caráter prioritário. Enquanto não decidido o conflito de
competência e sendo caso de renovação, o preso permanecerá no estabelecimento penal federal.
No julgamento dos conflitos de competência, a lei afirma que o tribunal competente (no caso, o
STJ) deverá negar a transferência em caso de o presídio federal já estar com lotação máxima.
Qual é a natureza jurídica desse conflito de competência? A Lei fala expressamente que se trata
de conflito de competência (posição que deve ser adotada nas provas, especialmente em testes
objetivos). No entanto, em uma prova discursiva ou oral, você pode ser indagado ou, então, pode
acrescentar a informação extra de que existem julgados que criticam essa nomenclatura,
afirmando que teria havido um erro do legislador ao falar em conflito. Veja esse precedente do
TRF da 1ª Região:
PROCESSUAL PENAL. INCLUSÃO DE PRESO EM ESTABELECIMENTO PENAL
FEDERAL DE SEGURANÇA MÁXIMA. INDEFERIMENTO DE PRORROGAÇÃO. LEI
11.671/08 (ART. 10, § 5º). CONFLITO IMPRÓPRIO DE COMPETÊNCIA (RECURSO DE
OFÍCIO). 1. Rejeitada a renovação da permanência de preso em estabelecimento penal
federal de segurança máxima, o juízo de origem poderá suscitar conflito de competência,
que o tribunal apreciará em caráter prioritário (Lei 11.671/08 — art. 10, § 5º). 2. Não há
(firmada a situação), na realidade, nenhum conflito de competência, somente existente
quando "duas ou mais autoridades judiciárias se considerarem competentes, ou
incompetentes, para conhecer do mesmo fato criminoso", ou "quando entre elas surgir
controvérsia sobre unidade de juízo, junção ou separação de processos" (art. 114, I e II —
CPP). Regência semelhante contém o Código de Processo Civil (art. 115). 3. O erro técnico
do legislador, numa situação apenas de divergência de entendimento, sem disputa de
competência, expressa a sua intenção em dispor que, rejeitada a renovação, o juízo de
origem mandará o processo para o Tribunal, numa espécie de recurso de oficio, chamado
pelo texto de "conflito" — na verdade, divergência de entendimento na solução de um caso
concreto — para que reveja (ou não) a decisão do juiz federal corregedor do presídio. 4. No
impasse, e em face da necessidade de solucionar a questão, é de se conhecer da
manifestação do juízo de origem como um “conflito impróprio de competência",
entendido, em essência, como um recurso de oficio. 5. Remessa conhecida como "conflito
impróprio de competência" (recurso de ofício). Determinação para que o preso permaneça
no Presídio Federal de Porto Velho/RO por mais 360 dias, até o final do prazo anterior.
(CC 0058415-54.2013.4.01.0000 / AM, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL CÂNDIDO
RIBEIRO, Rel. Acor. DESEMBARGADOR FEDERAL OLINDO HERCULANO DE
MENEZES, SEGUNDA SEÇÃO, e-DJF1 p.25 de 11/12/2013)
Quem julga esse conflito de competência?
Quem julgará
Se o juízo de origem for
o conflito?
Juiz estadual STJ
Juiz federal vinculado a um TRF diferente do juiz
federal corregedor do presídio.
Ex.: quem solicitou foi o juiz federal do Rio de Janeiro STJ
(TRF2) e quem rejeitou foi o juiz federal de Porto
Velho (TRF1).
Juiz federal vinculado ao mesmo TRF do juiz federal
Corregedor do presídio.
TRF respectivo
Ex.: quem solicitou foi o juiz federal de Manaus (TRF1)
(no exemplo dado será o TRF1)
e quem rejeitou foi o juiz federal de Porto Velho
(TRF1).
Colaborou com a atualização do post: Ruidiney Nunes.
NOVIDADE LEGISLATIVA (2019): LEI 13.964/19 (PACOTE ANTICRIME): ALTERAÇÃO NA LEI
DOS PRESÍDIOS FEDERAIS (LEI 11.671/2008): A Lei 13.964/19 promoveu algumas alterações na
Lei nº 11.671/2008.
Quem é o responsável pela execução penal no presídio federal? O juiz federal da seção ou subseção
judiciária em que estiver localizado o presídio federal. É o que prevê o art. 2º da Lei nº
11.671/2008:
Art. 2º A atividade jurisdicional de execução penal nos estabelecimentos penais federais
será desenvolvida pelo juízo federal da seção ou subseção judiciária em que estiver
localizado o estabelecimento penal federal de segurança máxima ao qual for recolhido o
preso.
A Lei nº 13.964/2019 acrescenta um parágrafo único neste art. 2º com a seguinte redação:
Art. 2º (...) Parágrafo único. O juízo federal de execução penal será competente para as
ações de natureza penal que tenham por objeto fatos ou incidentes relacionados à execução
da pena ou infrações penais ocorridas no estabelecimento penal federal.
Assim, imagine que um detento que está em um presídio federal cometa um crime lá dentro. Essa
infração penal será julgada pelo juízo federal responsável pelo presídio.
Inclusão no presidio federal:
Art. 3º Serão incluídos em estabelecimentos penais federais de segurança máxima
aqueles para quem a medida se justifique no interesse da segurança pública ou do próprio
preso, condenado ou provisório. (Redação dada Lei nº 13.964/2019)
Características do cumprimento de pena no estabelecimento penal federal:
Art. 3º (...) § 1º A inclusão em estabelecimento penal federal de segurança máxima, no
atendimento do interesse da segurança pública, será em regime fechado de segurança
máxima, com as seguintes características:
I - recolhimento em cela individual;
II - visita do cônjuge, do companheiro, de parentes e de amigos somente em dias
determinados, por meio virtual ou no parlatório, com o máximo de 2 (duas) pessoas por
vez, além de eventuais crianças, separados por vidro e comunicação por meio de interfone,
com filmagem e gravações;
III - banho de sol de até 2 (duas) horas diárias; e
IV - monitoramento de todos os meios de comunicação, inclusive de correspondência
escrita.
(Parágrafo incluído pela Lei nº 13.964/2019)
Monitoramento de áudio e vídeo no parlatório:
Art. 3º (...) § 2º Os estabelecimentos penais federais de segurança máxima deverão dispor
de monitoramento de áudio e vídeo no parlatório e nas áreas comuns, para fins de
preservação da ordem interna e da segurança pública, vedado seu uso nas celas e no
atendimento advocatício, salvo expressa autorização judicial em contrário. (Incluído pela
Lei 13.964/2019)
Configura o crime do art. 325 do Código Penal (violação de sigilo funcional), a violação ao
disposto neste § 2º acima transcrito.
Violação de sigilo funcional
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em
segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais
grave.
Gravações só poderão ser utilizadas como meio de prova de infrações penais praticadas após o
ingresso do preso no estabelecimento prisional:
Art. 3º (...) § 3º As gravações das visitas não poderão ser utilizadas como meio de prova de
infrações penais pretéritas ao ingresso do preso no estabelecimento. (Incluído pela Lei
13.964/2019)
Assim, por exemplo, mesmo que o preso confesse para sua visita que matou uma pessoa antes de
entrar no presídio e que essa confissão fique gravada, ela não poderá ser utilizada como meio de
prova.
Suspensão ou restrição do direito de visitas:
Art. 3º (...) § 4º Os diretores dos estabelecimentos penais federais de segurança máxima ou
o Diretor do Sistema Penitenciário Federal poderão suspender e restringir o direito de
visitas previsto no inciso II do § 1º deste artigo por meio de ato fundamentado. (Incluído
pela Lei 13.964/2019)
Prazo máximo de permanência no presídio federal:
• Antes: era de 360 dias.
• Agora: é de 3 anos.
LEI DE TRANSFERÊNCIA E INCLUSÃO DE PRESOS EM ESTABELECIMENTOS PENAIS
FEDERAIS DE SEGURANÇA MÁXIMA
Antes da Lei 13.964/2019 ATUALMENTE
Art. 10. (...) Art. 10. (...)
§ 1º O período de permanência não poderá ser § 1º O período de permanência será de até 3
superior a 360 (trezentos e sessenta) dias, (três) anos, renovável por iguais períodos,
renovável, excepcionalmente, quando quando solicitado motivadamente pelo juízo
solicitado motivadamente pelo juízo de origem, de origem, observados os requisitos da
observados os requisitos da transferência. transferência, e se persistirem os motivos que
a determinaram.
Decisões relacionadas com o presídio federal poderão ser colegiadas: Muitas vezes a decisão sobre
a transferência ou prorrogação da permanência de um preso no presídio federal é algo
extremamente arriscado considerando que contraria os interesses de organizações criminosas
perigosas. Pensando nisso, o legislador incluiu o art. 11-A dizendo que essa decisão poderá ser
tomada por um colegiado:
Art. 11-A. As decisões relativas à transferência ou à prorrogação da permanência do preso
em estabelecimento penal federal de segurança máxima, à concessão ou à denegação de
benefícios prisionais ou à imposição de sanções ao preso federal poderão ser tomadas por
órgão colegiado de juízes, na forma das normas de organização interna dos tribunais.
Presídios e segurança máxima estaduais:
Art. 11-B. Os Estados e o Distrito Federal poderão construir estabelecimentos penais de
segurança máxima, ou adaptar os já existentes, aos quais será aplicável, no que couber, o
disposto nesta Lei.
OBS: Importante.
Penhor civil: Penhor é o direito real pelo qual o devedor ou terceiro transfere ao credor, em
garantia do débito, a posse de uma coisa móvel. A coisa dada em penhor é “empenhada” ou
“apenhada”. Não se pode confundir penhor (garantia real) com penhora (ato do processo de
execução).
Penhor de joias: A Caixa Econômica Federal oferece uma forma de conferir empréstimo de modo
mais ágil e sem burocracia. Trata-se do empréstimo com penhor. A pessoa interessada em obter
um empréstimo procura a CEF e obtém o empréstimo, oferecendo, como garantia, joias, pedras
preciosas, canetas, relógios etc. Quando a pessoa paga o empréstimo, recebe de volta o bem
empenhado. Se o mutuário não quitar o empréstimo, a coisa apenhada é leiloada.
Imagine agora a seguinte situação hipotética: Pedro, precisando de dinheiro, resolve tomar um
empréstimo na CEF e, como garantia, entrega o seu anel de formatura. No contrato assinado,
havia uma cláusula que dizia que, em caso de roubo, furto ou extravio da joia empenhada, a CEF
deveria pagar ao mutuário, a título de danos materiais e morais, o valor máximo de 1,5 vezes da
quantia pela qual foi avaliado o bem. Ex: se o bem tivesse sido avaliado em R$ 10 mil, a CEF
pagaria, no máximo, R$ 15 mil de indenização. Uma semana após Pedro dar o bem em garantia,
houve um furto na agência da CEF e levaram o anel, que estava guardado em um cofre.
A CEF deverá indenizar Pedro por esse furto? SIM. O furto ocorrido deve ser entendido como
fortuito interno, inerente à atividade explorada pelo banco. Assim, a instituição financeira é
responsável por furtos ou mesmo roubos em seus cofres (STJ. 4ª T. REsp 1.250.997/SP, Rel. Min.
Marco Buzzi, j. 5/2/13).
Essa cláusula que limita o valor da indenização é válida? NÃO. O CDC prevê, em seu art. 51, I:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de
qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de
direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a
indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
O que fazer, então, no caso concreto? O juiz deverá reconhecer que a cláusula é nula de pleno
direito, nos termos do art. 51, I, do CDC, devendo condenar à CEF a pagar um valor justo de
indenização, que atenda estritamente aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.
Deve-se salientar que, além dos danos materiais, a CEF deverá ser condenada a pagar também
danos morais, uma vez que o consumidor que decide pelo penhor assim o faz pretendendo
receber o bem de volta, e, para tanto, confia que o mutuante o guardará pelo prazo ajustado. Se a
coisa empenhada fosse para o proprietário um bem qualquer, sem nenhum valor sentimental,
provavelmente o consumidor optaria pela venda da joia, e, certamente, obteria um valor maior.
Qual é o prazo prescricional para o ajuizamento dessa ação de indenização? 5 anos, nos termos
do art. 27 do CDC:
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do
produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do
prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
Súmula 637: O ente público detém legitimidade e interesse para intervir, incidentalmente, na ação
possessória entre particulares, podendo deduzir qualquer matéria defensiva, inclusive, se for o caso,
o domínio.
OBS: Importante.
Imagine a seguinte situação hipotética: João ajuizou ação de reintegração de posse contra Pedro
alegando que o réu invadiu o seu sítio. Foi, então, que o INCRA (autarquia federal) apresentou
oposição alegando que nenhum dos dois (nem autor nem réu) tinha direito. Isso porque o terreno
em discussão pertenceria a ele (INCRA), de forma que os particulares em questão não teriam a
posse sobre o bem. O juiz não admitiu a intervenção do INCRA no processo alegando que, em
ação possessória não se admite oposição, mesmo que se trate de bem público, porque nesse tipo de
demanda discute-se a posse do imóvel, de forma que o INCRA não poderia intervir discutindo o
domínio (propriedade). O magistrado invocou, como fundamento legal, o art. 557 do CPC/2015:
Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor
ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira
pessoa.
O argumento utilizado pelo magistrado é aceito pela jurisprudência atual do STJ? NÃO. Em ação
possessória entre particulares é cabível o oferecimento de oposição pelo ente público, alegando-se
incidentalmente o domínio de bem imóvel como meio de demonstração da posse. STJ. Corte
Especial. EREsp 1.134.446-MT, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 21/03/2018 (Info 623).
Acesso à justiça: O STJ afirmou que, neste caso, não se deve aplicar o art. 557 do CPC/15, sob
pena de o Poder Público ficar sem ter como defender sua propriedade , o que violaria a garantia
constitucional de acesso à justiça (art. 5º, XXXV, CF). Não se poderia conceber que o Poder
Público, sendo titular do bem público, possa ser impedido de postular em juízo a observância do
seu direito simplesmente pelo fato de que particulares se anteciparam e estão discutindo entre eles
a posse.
Oposição discute também posse e, apenas incidentalmente, o domínio do bem público: Quando se
trata de bens públicos, não se pode exigir da Administração Pública que demonstre o poder
físico sobre o imóvel, para que se caracterize a posse sobre o bem. Esse procedimento é
incompatível com a amplitude das terras públicas, notadamente quando se refere a bens de uso
comum e dominicais. A posse do Estado sobre seus bens deve ser considerada permanente,
independendo de atos materiais de ocupação, sob pena de tornar inviável conferir aos bens do
Estado a proteção possessória. Disso decorre que a ocupação dos bens públicos por particulares
não significa apenas um ato contrário à propriedade do Estado, mas também um verdadeiro ato
de esbulho contra a posse da Administração Pública sobre esses bens. Desse modo, se dois
particulares estão discutindo a posse de um bem público e há a oposição do Poder Público, este
também estará discutindo a posse do Estado sobre a área.
Não significa que o proprietário irá vencer: Não se está a afirmar que o proprietário haverá de se
sagrar sempre vencedor da demanda possessória. Tanto assim que o parágrafo único do art. 557
do CPC/15 veio a dispor que “Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de
propriedade ou de outro direito sobre a coisa”. Com efeito, a tutela possessória há de ser concedida
àquele que tenha melhor posse, que poderá ser não o proprietário, mas o arrendatário, o
cessionário, o locatário, o depositário etc.
OBS: Importante.
Este critério trifásico, elaborado por Nelson Hungria, foi adotado pelo Código Penal, sendo
consagrado pela jurisprudência pátria (STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1021796/RS, Rel. Min.
Assusete Magalhães, julgado em 19/03/2013).
Maus antecedentes: Na primeira fase, as chamadas circunstâncias judiciais analisadas pelo juiz são
as seguintes: a) culpabilidade, b) antecedentes, c) conduta social, d) personalidade do agente, e)
motivos do crime, f) circunstâncias do crime, g) consequências do crime, h) comportamento da
vítima.
Antecedentes são as anotações negativas que o réu possua em matéria criminal. Se o juiz
entender que o réu possui maus antecedentes, ele irá aumentar a pena-base imposta ao
condenado. Trata-se, portanto, de uma circunstância analisada na 1ª fase da dosimetria. O STJ
afirma que, em face do princípio da presunção de não culpabilidade, os inquéritos policiais e
ações penais em curso não podem ser considerados maus antecedentes.
Súmula 444-STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para
agravar a pena-base.
Esse é também o entendimento do STF:
A existência de inquéritos policiais ou de ações penais sem trânsito em julgado não
podem ser considerados como maus antecedentes para fins de dosimetria da pena. STF.
Plenário. RE 591054/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 17/12/14 (repercussão geral) (Info
772).
Exemplo de maus antecedentes: Em 5/5/12, Pedro cometeu um roubo. Em 6/6/13, ele foi
condenado pelo roubo, mas recorreu contra a sentença. Em 7/7/13, Pedro praticou um furto,
iniciando outro processo penal. Em 8/8/13, a condenação pelo roubo transitou em julgado. Em
9/9/13, Pedro é condenado pelo furto. Na sentença condenatória pelo furto, o juiz não poderá
considerar Pedro reincidente (art. 61, I, do CP). Isso porque quando praticou o segundo crime
(furto), a condenação pelo delito anterior (roubo) ainda não havia transitado em julgado. Logo,
não se enquadra na definição de reincidência. Por outro lado, na sentença condenatória pelo furto,
o juiz poderá considerar a condenação pelo roubo, já transitada em julgado, como circunstância
judicial negativa. Vejamos os seguintes julgados:
A condenação por fato anterior ao delito que se julga, mas com trânsito em julgado
posterior, pode ser utilizada como circunstância judicial negativa, a título de antecedente
criminal. STJ. 5ª T. HC n. 210.787/RJ, Min. Marco Aurélio Bellizze, DJe 16/9/2013.
Uma vez existente condenação transitada em julgado por fato anterior ao cometimento do
delito sub examine, mostra-se correta a conclusão pela existência de maus antecedentes.
STJ. 6ª T. HC 399.029/PE, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/06/2018.
Reincidência: A definição de reincidência, para o Direito Penal brasileiro, é encontrada a partir
da conjugação do art. 63 do CP com o art. 7º da Lei de Contravenções Penais . Com base nesses
dois dispositivos, podemos encontrar as hipóteses em que alguém é considerado reincidente para
o Direito Penal (inspirado no quadro contido no livro de CUNHA, Rogério Sanches. Manual de
Direito Penal. Salvador: JusPodivm, 2013, p. 401):
Se a pessoa é condenada E depois da condenação Qual será a consequência?
definitivamente por definitiva pratica novo(a)
CRIME
CRIME REINCIDÊNCIA
(no Brasil ou exterior)
CRIME CONTRAVENÇÃO
REINCIDÊNCIA
(no Brasil ou exterior) (no Brasil)
CONTRAVENÇÃO CONTRAVENÇÃO
REINCIDÊNCIA
(no Brasil) (no Brasil)
NÃO HÁ reincidência.
CONTRAVENÇÃO
CRIME Foi uma falha da lei.
(no Brasil)
Mas gera maus antecedentes.
NÃO HÁ reincidência.
CONTRAVENÇÃO
CRIME ou CONTRAVENÇÃO Contravenção no estrangeiro
(no estrangeiro)
não influi aqui.
A reincidência é uma agravante da pena: Se o réu for reincidente, sofrerá diversos efeitos
negativos no processo penal. O principal deles é que, no momento da dosimetria da pena em
relação ao segundo delito, a reincidência será considerada como uma agravante genérica (art. 61,
I do CP), fazendo com que a pena imposta seja maior do que seria devida caso ele fosse
primário.
Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:
I — a reincidência;
Outras consequências da reincidência: Além de ser uma agravante, a reincidência produz
inúmeras outras consequências negativas para o réu. Vejamos as principais:
a) torna mais gravoso o regime inicial de cumprimento de pena (art. 33, § 2º, CP);
b) o reincidente em crime doloso não tem direito à substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos (art. 44, II);
c) o reincidente em crime doloso não tem direito à suspensão condicional da pena – sursis
(art. 77, I), salvo se condenado apenas a pena de multa (§ 1º do art. 77);
d) o réu reincidente não poderá ser beneficiado com o privilégio no furto (art. 155, § 2º), na
apropriação indébita (art. 170), no estelionato (art. 171, § 1º) e na receptação (art. 180, § 5º,
do CP);
e) a reincidência impede a concessão da transação penal e da suspensão condicional do
processo (arts. 76, § 2º, I e 89, caput da Lei nº 9.099/95);
f) no concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado
pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos
determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência (art. 67 do CP);
g) influencia no tempo necessário para a concessão do livramento condicional (art. 83);
h) o prazo da prescrição executória aumenta em 1/3 se o condenado é reincidente (art. 110)
(obs.: não influencia na prescrição da pretensão punitiva);
i) é causa de interrupção da prescrição executória (art. 117, VI);
j) é causa de revogação do sursis (art. 81, I e § 1º), do livramento condicional (art. 86, I e II, e
art. 87) e da reabilitação, se a condenação for a pena que não seja de multa (art. 95).
Imagine agora a seguinte situação hipotética: Na sentença condenatória, o juiz, no momento da
dosimetria da pena, majorou a pena-base, assim fundamentando sua decisão: “O réu ostenta maus
antecedentes, conforme demonstrado pela folha de antecedentes criminais juntada aos autos pelo Ministério
Público às fls. 111-112, razão pela qual majoro a pena-base, fixando-a em...” A defesa apelou alegando
que os “maus antecedentes” e a “reincidência” somente podem ser comprovados mediante
certidão cartorária, não sendo suficiente a mera juntada de folha de antecedentes considerando
que esta poderia conter erros, não sendo confiável.
A tese da defesa é acolhida pelo STJ? A comprovação dos maus antecedentes e da reincidência
precisa ser feita, obrigatoriamente, por meio de certidão cartorária? NÃO. Para o STJ, a
comprovação dos maus antecedentes ou a comprovação da reincidência pode ser feita com a
juntada da mera folha de antecedentes criminais do réu.
(...) a folha de antecedentes criminais é documento hábil e suficiente à comprovação da
existência de maus antecedentes e reincidência, não sendo, pois, imprescindível a
apresentação de certidão cartorária. (...) STJ. 6ª T. AgRg no REsp 1716998 RN, Rel. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, j. 08/05/2018.
O registro de condenação transitada em julgado em folha de antecedentes criminais é
suficiente para a caracterização da reincidência, não sendo obrigatória a apresentação de
certidão cartorária. STJ. 6ª T. HC 212789 SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. 07/10/2014.
Assim, a folha de antecedentes criminais é documento hábil à comprovação tanto dos maus
antecedentes como da reincidência.
Por que? Porque a folha de antecedentes criminais já possui fé pública e valor probante para o
reconhecimento das informações nela certificadas. (STJ. 6ª Turma. HC 272899 SP, Rel. Min.
Rogerio Schietti Cruz, j. 18/9/14). A folha de antecedentes criminais expedida contém a
identificação do réu, o crime que o condenou e a data do trânsito em julgado da condenação. Essas
informações já são suficientes para o reconhecimento da circunstância judicial dos “maus
antecedentes” ou para a agravante da “reincidência”, não sendo necessário, portanto, nenhum
documento a mais (STJ. 5ª Turma. REsp 285750/DF, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 7/10/03).
Esta súmula trata apenas sobre aspectos formais: Vale ressaltar que a Súmula 636 do STJ versa
unicamente sobre a forma de comprovação dos registros criminais que existem contra o réu, ou
seja, ele trata apenas de aspectos formais. Este enunciado não dispõe sobre os registros que se
enquadram ou não juridicamente como “maus antecedentes” ou como “reincidência”. Em outras
palavras, ela não discute o conteúdo do conceito desses institutos. Logo, a Súmula 444 do STJ
não foi afetada e continua sendo plenamente aplicável: “É vedada a utilização de inquéritos policiais
e ações penais em curso para agravar a pena-base”. A Súmula 636 do STJ diz apenas o seguinte: os
registros criminais do réu podem ser comprovados pela “folha de antecedentes”. Os registros
que estão, portanto, na folha de antecedentes são presumivelmente verdadeiros e produzem
efeitos para o processo. A partir daí, se tais registros serão, ou não, considerados como maus
antecedentes ou reincidência não é assunto tratado pela Súmula 636.
Ex: imaginemos que o MP junta, no processo criminal, a folha de antecedentes do réu e que nela
consta a existência de um inquérito instaurado contra ele. Esse documento (folha de antecedentes)
é válido e eficaz para o processo. No entanto, apesar desse registro ser verídico – a folha de
antecedentes comprovou validamente que existe um inquérito contra o réu – isso não servirá para
aumentar a pena-base.
Presunção relativa: Vale ressaltar que a folha de antecedentes faz presunção relativa de
veracidade. Assim, a defesa poderá provar, por exemplo, que alguma informação que ali consta
está incorreta.
##Atenção: Vide art. 64, I do CP: “Art. 64 - Para efeito de reincidência: I - não prevalece a condenação
anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período
de tempo superior a 5 anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se
não ocorrer revogação;”
Súmula 635: Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei nº 8.112/1990 iniciam-se na data em
que a autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo toma conhecimento
do fato, interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido - sindicância de caráter punitivo
ou processo disciplinar - e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a interrupção.
OBS: Importante.
Processo administrativo disciplinar: Esta súmula trata sobre processo administrativo disciplinar
dos servidores públicos federais. O processo administrativo disciplinar dos servidores públicos
federais encontra-se previsto nos arts. 143 a 182 da Lei nº 8.112/90.
Quais os prazos prescricionais aplicáveis às sanções administrativas? O art. 142 da Lei 8.112/90
prevê os prazos de prescrição disciplinar:
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
I — em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de
aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão;
II — em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
III — em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. (...)
§ 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações disciplinares
capituladas também como crime.
Para que o prazo prescricional tenha início, é necessário que a irregularidade praticada pelo
servidor chegue ao conhecimento da autoridade competente para instaurar o PAD ou o prazo já
se inicia caso outras autoridades do serviço público saibam do fato? O termo inicial da
prescrição é a data do conhecimento do fato pela autoridade competente para instaurar o
Processo Administrativo Disciplinar e não a ciência de qualquer autoridade da Administração
Pública:
O art. 142, § 1º da Lei 8.112/90 prevê que o prazo prescricional da ação disciplinar “começa
a correr da data em que o fato se tornou conhecido”. O termo inicial da prescrição é a data
do conhecimento do fato pela autoridade competente para instaurar o Processo
Administrativo Disciplinar (PAD) e não a ciência de qualquer autoridade da
Administração Pública. STJ. 1ª S. MS 20.615/DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 8/3/17.
Um exemplo para você entender melhor: No dia 02/02, é protocolizado um ofício no Ministério do
Trabalho narrando supostas irregularidades que teriam sido praticadas contra o servidor do
órgão. Ocorre que, por uma falha do protocolo, esse ofício somente é encaminhado ao setor
competente (corregedoria) seis meses depois, ou seja, em 02/08. Neste caso, o termo inicial do
prazo prescricional será 02/08 (e não 02/02). Vejamos:
O mero recebimento de ofício no protocolo do Ministério do Trabalho não pode ser
considerado como conhecimento da autoridade competente para a instauração do
Processo Administrativo Disciplinar. O prazo prescricional somente se inicia no dia em
que a Corregedoria do Ministério do Trabalho recebe a “denúncia” contra o servidor,
considerando que esta é a autoridade competente para instauração do PAD. STJ. 1ª T.
AgInt nos EDcl no AgInt nos EDcl no MS 23.582/DF, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 22/5/19.
Em suma, a 1ª parte da súmula diz o seguinte: Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei
nº 8.112/90 iniciam-se na data em que a autoridade competente para a abertura do procedimento
administrativo toma conhecimento do fato.
A fluência desse prazo prescricional sofre alguma interrupção? SIM. A fluência do prazo
prescricional é interrompida com o primeiro ato de instauração válido:
• instauração de sindicância de caráter punitivo (porque aqui tem contraditório); ou
• instauração de processo administrativo disciplinar propriamente dito.
Eis, portanto a 2ª parte da súmula: “(...) interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido
- sindicância de caráter punitivo ou processo disciplinar (...)”.
O que significa essa “interrupção”? Essa interrupção aqui, na verdade, significa que o prazo é
“zerado” e fica sem correr. Ex: o corregedor do órgão foi informado em 02/02 de que
determinado servidor cometeu uma infração administrativa cuja lei prevê “advertência” como
punição; o prazo prescricional é de 180 dias; no 170º dia, o corregedor instaura uma sindicância de
caráter punitivo; isso significa que o prazo prescricional foi interrompido (“zerado”).
Depois de ser interrompido (“zerado”), o prazo prescricional pode voltar a correr em algum
momento? SIM. Essa interrupção não é definitiva, considerando que, se passarem 140 dias sem
que a sindicância ou o PAD sejam julgados, o prazo prescricional recomeça a correr por inteiro:
STJ. 1ª So. MS 21.669/DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 23/08/2017.
Essa é a 3ª parte da súmula: “(...) e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a
interrupção.”
Por que 140 dias? De onde vem esse prazo? A lei não prevê expressamente esse prazo para a
retomada do prazo prescricional. Trata-se de uma “construção” do STJ. Na verdade, 140 dias é o
prazo máximo fixado pela lei para conclusão e julgamento do PAD a partir de sua instauração
(art. 152 c/c art. 167):
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não excederá 60 (sessenta) dias,
contados da data de publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua
prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem.
• Prazo para conclusão do PAD: 60 dias prorrogável por mais 60 dias, totalizando 120 dias (art.
152).
OBS: Importante.
Para entender bem a súmula o Dizer o Direito dividiu o estudo em duas partes. Primeiramente,
iremos verificar quem é o “particular” na prática do ato de improbidade administrativa e, em
seguida, vamos analisar os aspectos da prescrição nas ações de improbidade.
Prescrição: Se um direito é violado, o titular deste direito passa a ter a pretensão de buscar
judicialmente a reparação do dano (de forma específica ou pelo equivalente em dinheiro). Essa
pretensão, contudo, deve ser exercida dentro de um prazo previsto na lei. Esgotado esse prazo,
extingue-se a pretensão. A extinção dessa pretensão pelo decurso do prazo é chamada de
prescrição. Isso está previsto no art. 189 do Código Civil, valendo, como regra geral:
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela
prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
A prescrição tem como fundamentos a pacificação social e a segurança jurídica. Se não existisse
prazo para o titular do direito exercer a sua pretensão, todas as relações jurídicas seriam sempre
marcadas pela incerteza e instabilidade, considerando que um fato ocorrido há anos ou mesmo
décadas poderia ser questionado. A prescrição está presente nos diversos ramos do Direito,
inclusive no Direito Administrativo.
Para facilitar o entendimento do texto legal, veja esta tabela com as principais regras sobre o termo
inicial da prescrição nos atos de improbidade administrativa:
E no caso dos terceiros (particulares)? Qual é o prazo prescricional das ações de improbidade com
relação aos particulares (chamados pela lei de “terceiros”)? O art. 23 da Lei 8.429/92 falhou ao
não prever expressamente regras de prescrição para o terceiro (particular) que participa do ato de
improbidade administrativa em conjunto com o agente público. Diante disso, a doutrina
majoritária defende que o prazo deverá ser o mesmo previsto para o agente público que
praticou, em conjunto, o ato de improbidade administrativa. Assim, as regras de prescrição em
improbidade administrativa aplicáveis aos particulares que participam do ato ímprobo são as
mesmas do agente público também envolvido. É a posição, por exemplo, de Emerson Garcia e
Rogério Pacheco Alves. Foi também o entendimento acolhido pelo STJ:
(...) II - A teor do art. 3º da LIA, “As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber,
àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de
improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta”. Portanto, as
regras da Lei de Improbidade, por força do preceituado nos seus arts. 2º e 3º, alcançam
também os particulares que, de qualquer forma, tenham concorrido para o ato acoimado
de ímprobo. III - Logo, não têm os particulares que concorreram, “em tese”, para a prática
do ato ímprobo o direito à contagem individualizada dos prazos prescricionais,
aplicando-se a eles os prazos e termos iniciais previstos na LIA. (...) STJ. 2ª T. REsp
1789492/PR, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 16/05/2019.
Aplica-se aos particulares, réus em ação de improbidade, a mesma sistemática cabível aos
agentes públicos, prevista no art. 23, I e II, da Lei 8.429/92, para fins de fixação do termo
inicial da prescrição. STJ. 2ª T. AgRg no REsp 1159035 MG, Rel. Min. Eliana Calmon, j.
21/11/13.
Depois de vários julgados no mesmo sentido, o STJ editou a súmula 634 espelhando esse
entendimento.
Uma das sanções acima é imprescritível: o ressarcimento integral do dano. O fundamento para
isso está na parte final do § 5º do art. 37 da CF/88:
Art. 37 (...)
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a
perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma
e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente,
servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
ressarcimento.
Vale ressaltar, no entanto, que o STF fez uma “exigência” a mais que não está explícita no art. 37,
§ 5º da CF/88. O STF afirmou que somente são imprescritíveis as ações de ressarcimento
envolvendo atos de improbidade administrativa praticados DOLOSAMENTE. Assim, se o ato
de improbidade administrativa causou prejuízo ao erário, mas foi praticado com CULPA, então,
neste caso, a ação de ressarcimento será prescritível e deverá ser proposta no prazo do art. 23 da
LIA. A tese fixada pelo STF foi a seguinte:
São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso
tipificado na Lei de Improbidade Administrativa. STF. Plenário. RE 852475/SP, Rel. orig.
Min. Alexandre de Moraes, Rel. para acórdão Min. Edson Fachin, j. 08/08/2018 (Info 910).
Súmula 633: A Lei 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para
REVISÃO DE ATOS ADMINISTRATIVOS, no âmbito da administração pública federal, PODE
SER APLICADA DE FORMA SUBSIDIÁRIA aos Estados e municípios SE INEXISTENTE norma
local e específica regulando a matéria.
OBS: Importante.
A Administração Pública pode anular seus próprios atos quando estes forem ilegais? SIM. Trata-
se do princípio da autotutela (ou poder de autotutela), segundo o qual a Administração tem o
poder-dever de controlar seus próprios atos, com a possibilidade de anular aqueles que forem
ilegais e revogar os que se mostrarem inconvenientes ou inoportunos, sem precisar recorrer ao
Poder Judiciário. Existem duas súmulas do STF que preveem esse princípio:
Súmula 346-STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios
atos.
Súmula 473-STF: A administração pode anular os seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
em todos os casos, a apreciação judicial.
Lei 9.784/99 e prazo decadencial para o exercício da autotutela: A Lei 9.784/99 regula o processo
administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. Esta Lei prevê expressamente a
possibilidade de o Poder Público exercer a autotutela:
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de
legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos.
Logo, em seguida, a Lei 9.784/99 estabelece um prazo decadencial para a revisão de atos
administrativos no âmbito da Administração Pública federal, ou seja, um prazo para o exercício da
autotutela.
Qual o prazo de que dispõe a Administração Pública federal para anular um ato administrativo
ilegal?
Regra 5 anos, contados da data em que o ato foi praticado.
Em caso de má-fé.
Exceção 1 Se ficar comprovada a má-fé, não haverá prazo, ou seja, a Administração Pública
poderá anular o ato administrativo mesmo que já tenha se passado mais de 5 anos.
Em caso de afronta direta à Constituição Federal.
O prazo decadencial de 5 anos do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se aplica quando o ato
a ser anulado afronta diretamente a Constituição Federal.
Exceção 2
Trata-se de exceção construída pela jurisprudência do STF. Não há previsão na lei
desta exceção 2.
STF. Plenário. MS 26860/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 2/4/2014 (Info 741).
O prazo decadencial para a revisão dos atos administrativos no âmbito da Administração Pública
federal está previsto no art. 54 da Lei nº 9.784/99:
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram
efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que
foram praticados, salvo comprovada má-fé.
Estados e Municípios podem dispor de forma diferente da Lei nº 9.784/99: Os Estados e Municípios
possuem autonomia (art. 18 da CF). Uma das decorrências da autonomia dos Estados e
Municípios é a capacidade que eles possuem de editar suas próprias normas. Desse modo,
Estados e Municípios podem editar leis dizendo como será o processo administrativo na
Administração Pública estadual ou municipal. Em outras palavras, assim como a União fez a Lei
9.784/99, Estados e Municípios também podem editar suas próprias leis de processo
administrativo. Nessa lei estadual ou municipal poderá ser previsto um prazo diferente da Lei
nº 9.784/99. Exemplo: o Estado do Mato Grosso editou a Lei 7.692/02 no qual estabeleceu que “ o
direito de a Administração Pública Estadual invalidar os atos administrativos de que decorram efeitos
favoráveis para os destinatários decai em 10 (dez) anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má fé” (art. 26). Portanto, tenha atenção quando fizer concurso para a PGE ou PGM
porque algumas leis estaduais ou municipais estabelecem prazos maiores, normalmente 10 anos.
E se o Estado ou o Município não estipular um prazo em sua legislação? Se não houver lei
estadual ou municipal fixando um prazo para o exercício da autotutela, será possível aplicar, por
analogia integrativa, o prazo de 5 anos do art. 54 da Lei 9.784/99? SIM. É isso que preconiza a
súmula 633 do STJ.
Vale ressaltar que, se houver lei local disciplinando o processo administrativo, não se aplica a
Lei 9.784/99. A aplicação da Lei federal é subsidiária, ou seja, apenas e unicamente se não existir
norma local e específica que regule a matéria (STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 393378 DF, Rel.
Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 06/02/2014).
Em suma: O art. 54 da Lei 9.784/99 prevê que a Administração Pública federal possui o prazo de 5
anos para anular um ato administrativo ilegal, salvo comprovada má-fé (quando, então, não
haverá prazo). Trata-se de um prazo para o exercício da autotutela. A Lei 9.784/99, em princípio,
deveria regular apenas e unicamente o processo administrativo no âmbito da Administração
Federal direta e indireta. O processo administrativo na esfera dos Estados e dos Municípios deve
ser tratado por meio de legislação a ser editada por cada um desses entes, em virtude da
autonomia legislativa que gozam para regular a matéria em seus territórios. No entanto, o STJ
entende que, se o Estado ou o Município não possuir em sua legislação previsão de prazo
decadencial para a anulação dos atos administrativos, deve-se aplicar, por analogia integrativa, o
art. 54 da Lei 9.784/99. Essa conclusão é baseada nos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade.
Súmula 632: Nos contratos de seguro regidos pelo Código Civil a correção monetária sobre
indenização securitária incide a partir da contratação até o efetivo pagamento.
OBS: Importante.
Imagine a seguinte situação hipotética: Em 5/5/15, João faz um seguro de vida em favor de seu
filho Lucas. A apólice do seguro previa que a seguradora deveria pagar R$ 100 mil ao beneficiário
em caso de morte do segurado. Esses R$ 100 mil é a indenização securitária. Em 8/8/18, João
faleceu. Isso significa que a seguradora terá que pagar a indenização securitária a Lucas. Ocorre
que a seguradora, alegando descumprimento de certas obrigações contratuais, não efetuou
espontaneamente o pagamento da indenização securitária. Diante disso, em 2/2/19, Lucas teve
que ajuizar uma ação de cobrança, que foi julgada procedente, tendo o juiz condenado a
seguradora a pagar a indenização securitária.
A seguradora terá que pagar o valor da indenização securitária (R$ 100 mil) acrescida de correção
monetária? SIM.
Qual é o termo inicial dessa correção monetária? Ela será calculada a partir de quando? A data
da contratação. Os valores da cobertura do seguro de vida devem ser acrescidos de correção
monetária contada a partir da data em que celebrado o contrato entre as partes (em nosso,
exemplo, 05/05/2015).
A incidência da correção monetária termina quando? Somente no dia em que a indenização for
efetivamente paga. Assim, o termo inicial é o dia da contratação e o termo final o efetivo
pagamento. O objetivo disso é preservar o valor aquisitivo (“poder de compra”) do valor
contratado. Nesse sentido:
A correção monetária incide desde a data da celebração do contrato até o dia do efetivo
pagamento do seguro, pois a apólice deve refletir o valor contratado atualizado. STJ. 3ª T.
AgRg no REsp 1328730/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 21/06/16.
O juiz deve condenar a seguradora a pagar também juros de mora? Eles são contados desde
quando? SIM. Nas ações que buscam o pagamento de indenização securitária, os juros de mora
devem incidir a partir da data da citação da seguradora, visto se tratar de eventual ilícito
contratual. STJ. 4ª T. AgInt no AREsp 1167778/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 7/12/17.
Por que a súmula fala em “contratos de seguro regidos pelo Código Civil”? Apenas para deixar
claro que não se está tratando aqui da indenização decorrente do seguro DPVAT, que é regido
pela Lei nº 6.194/74. A correção monetária do seguro DPVAT possui regra própria, consagrada
em enunciado do STJ:
Súmula 580-STJ: A correção monetária nas indenizações do seguro DPVAT por morte ou
invalidez, prevista no § 7º do art. 5º da Lei nº 6.194/1974, redação dada pela Lei nº
11.482/2007, incide desde a data do evento danoso.
OBS: Importante.
A extinção da punibilidade pelo indulto não afasta os efeitos da condenação, dentre eles a
reincidência, uma vez que só atinge a pretensão executória. STJ. 6ª T. AgRg no HC
409.588/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 12/12/2017.
Exemplos de situações que não serão afetadas mesmo tendo havido o indulto:
• as anotações do crime continuarão nos cartórios e ofícios distribuidores;
• nome do condenado continua incluído no “rol dos culpados”;
• a condenação que foi objeto de indulto continua tendo força para gerar reincidência (a
reincidência não é afastada com a concessão do indulto);
• se o indivíduo havia sido condenado a perder bens e valores, o indulto não irá alterar isso;
• condenado continua com a obrigação de indenizar a vítima.
Não confundir:
ANISTIA GRAÇA E INDULTO
Extingue o efeito primário da condenação Extingue o efeito primário da condenação
(pretensão executória). (pretensão executória).
Extingue também os efeitos secundários NÃO extingue os efeitos secundários penais
penais da condenação (ex: reincidência). da condenação.
Não extingue os efeitos secundários NÃO extingue os efeitos secundários
extrapenais da condenação (ex: tornar certa a extrapenais da condenação (ex: tornar certa a
obrigação de indenizar, perda da função obrigação de indenizar, perda da função
pública). Os efeitos de natureza civil pública). Os efeitos de natureza civil
permanecem íntegros. permanecem íntegros.
Dito de outro modo:
• Efeitos primários da condenação: anistia, graça e indulto extinguem.
OBS: Importante.
Atenção: Como o último julgado do STF sobre o tema é relativamente antigo (2013), em provas, é
mais provável que seja cobrado o entendimento do STJ. Fique atenta(o), contudo, à redação do
enunciado.
Confissão retratada: A chamada confissão retratada ocorre quando o agente confessa a prática do
delito e, posteriormente, se retrata, negando a autoria. Ex: durante o inquérito policial, João
confessa o crime, mas em juízo volta atrás e se retrata, negando a imputação e dizendo que foi
torturado pelos policiais. O agente confessa na fase do inquérito policial e, em juízo, se retrata,
negando a autoria. O juiz condena o réu fundamentando sua sentença, dentre outros argumentos
e provas, na confissão extrajudicial.
Se a confissão foi retratada e o juiz a considerou no momento da condenação , este magistrado
deverá fazer incidir a atenuante na fase da dosimetria da pena?
Para o STJ: SIM.
Se a confissão do réu foi utilizada para corroborar o acervo probatório e fundamentar a
condenação, deve incidir a atenuante prevista no art. 65, III, "d", do Código Penal, sendo
irrelevante o fato de que tenha havido posterior retratação, ou seja, que o agente tenha
voltado atrás e negado o crime. STJ. 6ª T. AgRg no REsp 1712556/SP, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, j. 11/06/2019.
Existem alguns julgados do STF em sentido contrário:
A retratação em juízo da anterior confissão policial obsta a invocação e a aplicação
obrigatória da circunstância atenuante referida no art. 65, inc. III, alínea ‘d’, do Código
Penal (STF. 2ª T. HC 118375, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 8/4/14.
Em suma, na sentença, o juiz poderá utilizar a confissão parcial, a confissão qualificada ou a
confissão com retratação posterior para, em conjunto com outras provas, condenar o réu? SIM.
Neste caso, o juiz deverá aplicar a atenuante do art. 65, III, “d”, do CP? SIM. Para o STJ, é
irrelevante que a confissão tenha sido parcial ou total, condicionada ou irrestrita, com ou sem
retratação posterior. Se a confissão foi utilizada pelo juiz como fundamento para a condenação,
deverá incidir a atenuante do art. 65, III, “d”, do Código Penal.
Entendimento sumulado: O STJ resumiu seus entendimentos sobre a confissão com a súmula 545:
Súmula 545-STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do
julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.
Desse modo, a Súmula 545 do STJ vale tanto para casos de confissão parcial, de confissão
qualificada e confissão com retratação posterior. Em suma, se o juiz utilizou a confissão como
fundamento (elemento de argumentação) para embasar a condenação, ele, obrigatoriamente,
deverá aplicar a atenuante prevista no art. 65, III, “d”, do CP. A confissão é um fato processual
que gera um ônus e um bônus para o réu. O ônus está no fato de que isso será utilizado contra ele
como elemento de prova no momento da sentença. O bônus foi concedido pela lei e consiste na
atenuação de sua pena. Para o STJ, não seria justo que o magistrado utilizasse a confissão apenas
para condenar o réu, sem lhe conferir o bônus, qual seja, o reconhecimento da confissão.
CONFISSÃO, TRÁFICO DE DROGAS E POSSE DE DROGAS PARA CONSUMO PRÓPRIO
Imagine a seguinte situação hipotética: João foi preso, em uma viagem de ônibus, com uma
grande quantidade de cocaína em sua mochila. O MP denunciou João pela prática do crime do art.
33 da Lei 11.343/06. No interrogatório, João admitiu que a droga era sua, mas alegou que ela seria
utilizada exclusivamente para seu próprio consumo. Disse, em suma, que é usuário de drogas,
afirmando ter adquirido o entorpecente em grande quantidade para evitar ter que ir várias vezes à
“boca-de-fumo”. A defesa alegou que João deveria ser condenado pela prática do crime previsto
no art. 28 da Lei 11.343/06:
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
O juiz, contudo, não acolheu o pedido e condenou o réu por tráfico de drogas, nos termos do art.
33:
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à
venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil
e quinhentos) dias-multa.
Suponhamos que, na sentença, havia um trecho dizendo o seguinte: “não há dúvidas de que a
droga pertencia ao acusado, considerando que ele próprio confessa que a bolsa sua”. Neste caso,
como o réu admitiu a propriedade da droga, ele terá direito à atenuante da confissão espontânea
ao ser condenado por tráfico? NÃO. Isso porque ele confessou a posse da droga para fins de
consumo (e não para tráfico). A atenuante da confissão espontânea pressupõe que o réu
reconheça a autoria do fato típico que lhe é imputado. Ocorre que, no caso, o réu não admitiu a
prática do tráfico, pois afirmou que a droga era exclusivamente para seu consumo próprio,
numa clara tentativa de desclassificar a sua conduta para o crime do art. 28 da Lei nº
11.343/2006. Nesse caso, em que se nega a prática do tipo penal apontado na peça acusatória, não é
possível o reconhecimento da circunstância atenuante. Para o STJ, não incide a atenuante da
confissão espontânea quando o réu não admite a autoria do exato fato criminoso que lhe é
imputado:
O reconhecimento da atenuante genérica prevista no art. 65, III, “d”, do Código Penal exige
que o réu confesse os fatos pelos quais está sendo devidamente processado. STJ. 6ª T. HC
326.526/MS, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, j. 4/4/17.
Em se tratando do crime de tráfico de entorpecentes, a confissão espontânea do acusado
que admite a propriedade da droga, no entanto afirma ser destinada a consumo próprio,
sendo mero usuário, impossibilita o reconhecimento da atenuante prevista no art. 65,
inciso III, alínea “d”, do CP. STJ. 5ª T. HC 488.991/PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, j.
26/3/19.
Sabe-se que nos casos em que a confissão do agente é utilizada como fundamento para
embasar a conclusão condenatória, a atenuante prevista no art. 65, inciso III, alínea “d”, do
CP, deve ser aplicada em seu favor, pouco importando se a admissão da prática do ilícito
foi espontânea ou não, integral ou parcial ou se houve retratação posterior em juízo.
Entretanto, in casu, não obstante o agravante tenha admitido a propriedade da droga, não
reconheceu a traficância, afirmando que o estupefaciente encontrado seria para uso
pessoal, sendo, portanto, insuficiente para reconhecer a incidência da referida atenuante.
STJ. 5ª T. AgRg no AREsp 1308356 MG, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 7/8/18.
Vale ressaltar que não se pode dizer que houve confissão parcial neste caso porque o réu
admitiu a prática de um fato diferente:
(...) a incidência da atenuante da confissão espontânea, prevista no art. 65, III, alínea d, do
Código Penal, no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da
traficância pelo acusado, não sendo apta para atenuar a pena a mera admissão da
propriedade para uso próprio. Nessa hipótese, inexiste, nem sequer parcialmente, o
reconhecimento do crime de tráfico de drogas, mas apenas a prática de delito diverso. (...)
STJ. 5ª T. AgRg no AREsp 1408971/TO, Rel. Min. Felix Fischer, j. 07/05/2019.
Não confundir:
Réu confessa a prática de outro tipo penal
Confissão parcial
diverso daquele narrado na denúncia.
Réu confessa apenas parcialmente os fatos Ex.: réu é acusado de tráfico de drogas (art. 33 da
narrados na denúncia. LD); ele confessa que a droga era sua, negando,
Ex.: réu foi acusado de furto qualificado; porém, a traficância. Isso significa que ele
confessa a prática do furto, mas nega a confessou a prática de um outro crime, qual seja,
qualificadora do rompimento de obstáculo. o porte para consumo pessoal (art. 28 da LD).
Deverá incidir a atenuante da confissão Não deverá incidir a atenuante da confissão
espontânea (STJ HC 328.021-SC). espontânea, considerando que o réu não
reconheceu a autoria do fato típico imputado.
O entendimento da súmula 630 do STJ também é adotado pelo STF:
Não é de se aplicar a atenuante da confissão espontânea para efeito de redução da pena se
o réu, denunciado por tráfico de droga, confessa que a portava para uso próprio. STF. 1ª
T. HC 141487, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Ac. Min. Rosa Weber, julgado em
04/12/2018.
Admitir-se a incidência da atenuante genérica da confissão (CP, art. 65, III, d), com a
consequência de redução da pena, quando as próprias declarações do condenado não
coincidiram com o propósito maior do instituto, o de facilitar a atuação da justiça criminal,
representaria, por certo, verdadeiro contrassenso. No caso, o paciente assumiu a
propriedade da substância entorpecente para fins de consumo próprio, dissimulando o
propósito da traficância, reconhecido ulteriormente em sentença condenatória. STF. 2ª T.
HC 135345, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 26/10/2016.
O entendimento da súmula 630 do STJ não é aplicável para situações envolvendo roubo e furto:
MP oferece denúncia contra o acusado imputando-lhe a prática de roubo. O réu se defende
admitindo a subtração, mas negando o emprego de violência ou grave ameaça. Em outras
palavras, o acusado admitiu a prática de um furto (e não de roubo). Nesses casos, o STJ tem
admitido a incidência da atenuante afirmando que se está diante de confissão parcial:
Embora a simples subtração configure crime diverso - furto -, também constitui uma das
elementares do delito de roubo - crime complexo, consubstanciado na prática de furto,
associado à prática de constrangimento, ameaça ou violência, daí a configuração de
hipótese de confissão parcial. STJ. 5ª T. HC 299.516/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, j. 21/6/18. STJ. 6ª T. AgRg no HC 452.897/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, j. 7/8/18.
OBS: Importante.
Imagine que determinada empresa causou grave dano ambiental. O MP (ou outro legitimado)
poderá ajuizar ação civil pública pedindo que essa empresa seja condenada a recompor o meio
ambiente (obrigação de fazer)? SIM.
Além disso, é possível que, na ACP, seja pedida a condenação da empresa ao pagamento de danos
morais em favor da coletividade (obrigação de indenizar)? Em outras palavras, em caso de dano
ambiental, é cabível a cumulação da obrigação de fazer (ou não fazer) com a obrigação de
indenizar? SIM. É perfeitamente possível que o poluidor seja condenado, cumulativamente, a
recompor o meio ambiente e a pagar indenização pelos danos causados. Isso porque vigora, em
nosso sistema jurídico, o princípio da reparação integral do dano ambiental, de modo que o
infrator deverá ser responsabilizado por todos os efeitos decorrentes da conduta lesiva ,
permitindo-se que haja a cumulação de obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar.
Lei 7.347/85 (Lei da ACP): O art. 3º da Lei 7.347/85 afirma que a ACP “poderá ter por objeto a
condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer”. Para o STJ, essa
conjunção “ou” – contida no citado artigo, tem um sentido de adição (soma), não representando
uma alternativa excludente. Em outras palavras, será possível a condenação em dinheiro e
também ao cumprimento de obrigação de fazer/não fazer.
Veja precedente nesse sentido:
(...) Segundo a jurisprudência do STJ, a logicidade hermenêutica do art. 3º da Lei 7.347/85
permite a cumulação das condenações em obrigações de fazer ou não fazer e indenização
pecuniária em sede de ação civil pública, a fim de possibilitar a concreta e cabal reparação
do dano ambiental pretérito, já consumado. Microssistema de tutela coletiva. (...) STJ. 2ª
Turma. REsp 1269494/MG, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 24/09/2013.
Cumpre esclarecer que não há “bis in idem” neste caso, considerando que as condenações
possuem finalidades e naturezas diferentes. Vale ressaltar, por fim, que, apesar dessa
possibilidade existir em tese, a condenação, no caso concreto, e o seu eventual valor dependerão
da situação:
O STJ tem entendimento consolidado segundo o qual é possível a cumulação de
obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar nos casos de lesão ao meio ambiente,
contudo, a necessidade do cumprimento de obrigação de pagar quantia deve ser aferida
em cada situação analisada. STJ. 1ª T. AgInt no REsp 1538727/SC, Rel. Min. Regina Helena
Costa, j. 07/08/18.
(TJPA-2019-CESPE): Associação civil de defesa do meio ambiente fundada em 2015 propôs uma
ação civil pública contra determinada indústria de produção de vinagre que causara grave
degradação ambiental. Na ação, solicita-se a condenação da obrigação de fazer, materializada na
limpeza do rio, cumulada com a de reparar os danos causados ao rio, em razão da morte de duas
toneladas de peixes. Nessa situação hipotética, segundo a jurisprudência do STJ, a associação civil
de defesa do meio ambiente pleiteou corretamente, cumulativa e simultaneamente, a obrigação de
fazer e a de reparar os danos causados ao rio. BL: S. 629, STJ.
OBS: Importante.
Autoridade coatora: O MS é impetrado contra o ato de uma autoridade coatora. Nesse sentido,
veja o que diz o art. 5º, LXIX, da CF/88:
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;
Petição inicial: Na petição inicial do MS deverá ser expressamente indicada quem é a autoridade
coatora:
Art. 6º A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei
processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a
primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa
jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.
Teoria da encampação: Situações como a acima expostas, não se revelam razoáveis, tendo em vista
que o mandado de segurança é um remédio constitucional idealizado para a garantia de direitos,
não podendo seu acesso ser inviabilizado por dificuldades burocráticas de se identificar o
verdadeiro autor do ato impugnado na Administração Pública. Diante desse cenário, há muitos
anos, a doutrina e a jurisprudência idealizaram a chamada “teoria da encampação”, por meio da
qual se busca relativizar esse “erro” na indicação da autoridade coatora, desde que cumpridos
determinados requisitos.
Requisitos: O STJ, ao apreciar este caso acima relatado (RMS 12.779/DF), afirmou que são três os
requisitos para aplicação da teoria da encampação no mandado de segurança:
a) existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou informações e a que
ordenou a prática do ato impugnado;
b) manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e
c) ausência de modificação de competência estabelecida na Constituição Federal.
b) defesa do mérito do ato: O segundo requisito para a aplicação da teoria é que a autoridade que
foi indicada no MS e que apresentou as informações tenha se manifestado a respeito do mérito
do ato impugnado. Esse requisito também foi preenchido, considerando que o Ministro afirmou,
expressamente, que o ato praticado foi legal e que a impetrante não teria direito.
No caso concreto acima explicado (RMS 12.779/DF), este terceiro requisito não foi preenchido e,
por isso, a teoria da encampação não pode ser aplicada. O MS contra o Ministro da Previdência
era de competência do STJ. Por outro lado, o MS contra o Chefe de Arrecadação Previdenciária
deveria ter sido impetrado perante um juiz federal de 1ª instância (art. 109, VIII, da CF/88). Logo,
se fosse admitida a teoria da encampação, teríamos uma modificação da competência que é
prevista na Constituição Federal.
Emenda da inicial ou correção de ofício: Outra situação importante e que deve ser destacada aqui
é que, algumas vezes, o órgão julgador já percebe, no momento da propositura, que a indicação da
autoridade coatora foi incorreta. Nestes casos, o órgão julgador (juiz ou Relator) deverá
determinar a emenda da inicial ou, se o erro for escusável, fazer a correção de ofício , desde que
isso não implique modificação de competência. Ex: candidato aprovado dentro do número de
vagas para o concurso de professor estadual impetra MS contra o Secretário de Educação pedindo
a nomeação. Ocorre que não é o Secretário quem nomeia, mas sim o Governador do Estado. O
Relator deverá determinar que o autor emende a Inicial para corrigir a autoridade coatora. Vale
ressaltar que isso é possível porque, em regra, o MS impetrado tanto contra o Governador como
contra o Secretário é julgado pelo TJ. Veja precedente do STJ nesse sentido:
(...) O STJ tem entendimento de que "considerando a finalidade precípua do mandado de
segurança que é a proteção de direito líquido e certo, que se mostre configurado de plano,
bem como da garantia individual perante o Estado, sua finalidade assume vital
importância, o que significa dizer que as questões de forma não devem, em princípio,
inviabilizar a questão de fundo gravitante sobre ato abusivo da autoridade.
Consequentemente, o Juiz, ao deparar-se, em sede de mandado de segurança, com a
errônea indicação da autoridade coatora, deve determinar a emenda da inicial ou, na
hipótese de erro escusável, corrigi-lo de ofício, e não extinguir o processo sem
julgamento do mérito" (REsp 865.391/BA, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe
7/8/2008. 2. Recurso Ordinário provido. STJ. 2ª Turma. RMS 55.062/MG, Rel. Min.
Herman Benjamin, j. 3/4/18.
Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da
relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as
despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de
indicação.
§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da
petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art.
338.
§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para
incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.
Leonardo da Cunha defende que esses dispositivos também devem ser aplicados para o
processo de mandado de segurança, “permitindo que se corrija a autoridade coatora ou, até
mesmo, a pessoa jurídica da qual ela faz parte. Assim, se a parte impetrou mandado de segurança,
por exemplo, contra o Governador do Estado, mas a autoridade impetrada seria o Secretário de
Estado, é possível corrigir. De igual modo, se impetrou contra o Governador do Estado, mas
deveria ter indicado, como autoridade, o diretor de determinada autarquia, poderá haver a
correção tanto da autoridade como da pessoa jurídica de cujos quadros faça parte.” (CUNHA,
Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em juízo. São Paulo: Forense, 2016, p. 534).
Com a mesma conclusão: “Enunciado 511-FPPC: A técnica processual prevista nos arts. 338 e 339 pode
ser usada, no que couber, para possibilitar a correção da autoridade coatora, bem como da pessoa jurídica, no
processo de mandado de segurança.”
##Atenção: A partir do fato trazido pela questão, a banca queria saber o seguinte:
1º) Se o candidato sabia que a competência originária do STJ para processar e julgar MS refere-se
somente aos atos de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica ou do próprio Tribunal.
2º) Se o candidato se atentou que, como o ato foi praticado exclusivamente por um servidor
subordinado ao ministro e ocupante do cargo de chefe de divisão na pasta ministerial, a
competência para processamento e julgamento do MS não poderia ser do STJ.
3º) Se o candidato sabia que, para aplicar a teoria da encampação ao mandado de segurança,
deveria estar presentes 03 requisitos cumulativos:
Vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou as informações e a que ordenou a
prática do ato impugnado;
Manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e
Ausência de modificação de competência estabelecida na CF/88.
Súmula 627: O contribuinte faz jus à concessão ou à manutenção da isenção do imposto de renda,
não se lhe exigindo a demonstração da contemporaneidade dos sintomas da doença nem da recidiva
da enfermidade.
OBS:
Isenção de imposto de renda sobre os proventos da aposentadoria para doentes graves: O imposto
de renda é regido pela Lei 7.713/88. Esta Lei prevê que as pessoas portadoras de neoplasia
maligna ou outras doenças graves e, que estejam na inatividade, não pagarão imposto de renda
sobre os rendimentos recebidos a título de aposentadoria, pensão ou reforma (art. 6º, XIV). Em
palavras mais simples :pessoas portadoras de doenças elencadas pela legislação não pagarão
imposto de renda sobre os rendimentos que receberem a título de aposentadoria, pensão ou
reforma. Para ter direito à isenção do imposto de renda é necessária a cumulação de dois
requisitos pelo contribuinte:
a) receber proventos de aposentadoria, pensão ou reforma; e
b) estar acometido de uma das doenças arroladas no dispositivo legal.
Imagine agora a seguinte situação hipotética: João, aposentado, estava apresentando problemas
de saúde e foi internado em um hospital particular. Fez diversos exames nos quais ficou
constatado que ele está com neoplasia maligna (câncer). Diante disso, ele requereu isenção do
imposto de renda sobre os valores que ele recebe a título de aposentadoria. Para tanto, ele juntou
todos os laudos dos exames que realizou, assim como uma declaração do médico do hospital. A
Receita Federal, contudo, indeferiu o pedido alegando que, para ter direito à isenção, seria
indispensável a apresentação de um laudo médico oficial. Inconformado, João ingressou com ação
judicial pedindo o reconhecimento de seu direito à isenção com base nos inúmeros laudos
médicos particulares que examinaram a sua situação e que atestaram a existência da moléstia.
O juiz poderá acolher o pedido de João? O magistrado pode reconhecer o direito à isenção do
Imposto de Renda de que trata o art. 6º, XIV, da Lei 7.713/88 apenas com base em documentos
médicos particulares (sem um laudo médico oficial)? SIM. A comprovação da moléstia grave para
fins de isenção de imposto de renda não precisa ser comprovada mediante laudo médico
OFICIAL podendo o magistrado valer-se de outras provas produzidas.
Súmula 598-STJ: É desnecessária a apresentação de laudo médico oficial para o
reconhecimento judicial da isenção do Imposto de Renda, desde que o magistrado entenda
suficientemente demonstrada a doença grave por outros meios de prova.
Voltando ao exemplo de João: suponhamos que ele fez quimioterapia e outros tratamentos e ficou
aparentemente curado, não apresentando mais qualquer sintoma do câncer. Também não há
qualquer sinal de recidiva, ou seja, de reaparecimento da doença. Mesmo assim, João terá direito
à isenção do imposto? SIM. Mesmo que a lesão tenha sido aparentemente curada e que o
paciente não apresente sinais de recidiva, o STJ entende que é devida a isenção do imposto de
renda em favor dos inativos portadores de moléstia grave. Isso porque o objetivo da isenção é
diminuir o sacrifício do aposentado, aliviando os encargos financeiros que ele ainda terá para
fazer acompanhamento médico e continuar tomando as medicações ministradas. O portador de
uma doença grave, como aquelas listadas no art. 6º, XIV, da Lei 7.713/88, mesmo aparentemente
curado e assintomático, nunca mais poderá deixar de fazer acompanhamento médico periódico,
tendo, muitas vezes, que tomar medicações para o resto da vida. Além disso, há cuidados
adicionais com a saúde. Desse modo, as razões protetivas que justificaram a edição da norma
ainda permanecem. Vale frisar que esse entendimento já era pacífico no STJ: "A isenção do
imposto de renda incidente sobre os proventos de aposentadoria percebidos por portadores de
moléstias-graves nos termos art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713/88 independe da
contemporaneidade dos sintomas", vide os precedentes: RESP 1125064/DF, 2ª Turma, Rel. Min.
Eliana Calmon, DJe 14/4/10; RESP 967693/DF, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJ
18/9/07; RESP 734541/SP, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ 20/2/06; MS 15261/DF, 1ª Seção, Rel.
Min. Mauro Campbell Marques, j. 22.9.10; RMS 57.058; Proc. 2018/0078361-9; GO; 2ª Turma; Rel.
Min. Mauro Campbell Marques; j. 6/9/18.
Em suma: O contribuinte tem direito à concessão ou direito de manter (se já havia sido
concedido) a isenção do imposto de renda de que trata o art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713/88 mesmo
que atualmente (contemporaneamente) ele não esteja mais apresentando sintomas da doença
nem sinais de recidiva (volta da enfermidade).
Súmula 626: A incidência do IPTU sobre imóvel situado em área considerada pela lei local como
urbanizável ou de expansão urbana NÃO ESTÁ CONDICIONADA à existência dos melhoramentos
elencados no art. 32, § 1º, do CTN.
OBS: Importante.
IPTU: Significa imposto sobre propriedade territorial urbana de bens imóveis, sendo tributo de
competência dos Municípios. O IPTU está previsto no art. 156, I, da CF/88:
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
I - propriedade predial e territorial urbana;
Normas que regem o IPTU:
• CF/88 (arts. 156, I, e § 1º; art. 182, § 4º, II);
•CTN (arts. 32 a 34);
• Estatuto da Cidade – Lei federal nº 10.257/2001 (art. 7º);
• Lei municipal que institua o imposto (verificar a lei local).
Características: Trata-se de um imposto:
• Real: incide sobre uma coisa (propriedade imobiliária urbana);
• Direto: o próprio contribuinte é quem suporta o encargo financeiro da tributação (não há
repercussão econômica);
• Fiscal: a função precípua deste imposto é a arrecadação (imposto fiscal). Vale ressaltar, no
entanto, que, em alguns casos, ele poderá assumir também um caráter extrafiscal (forma de
estimular o cumprimento da função social da propriedade);
• Progressivo: pode ser progressivo no tempo caso a propriedade não esteja cumprindo sua
função social (art. 182, § 4º), além de poder ser progressivo em razão do valor do imóvel (art. 156,
§ 1º, I);
Fato gerador:
- de bem imóvel
• propriedade
O fato gerador - por natureza ou
• domínio útil
do IPTU é a... - por acessão física
• posse
- localizado na zona urbana.
IPTU x ITR: O IPTU incide sobre imóveis urbanos. O ITR recai sobre imóveis rurais. Assim, em
regra, o ITR incide apenas sobre imóveis rurais. Se o imóvel for urbano, o imposto devido é o IPTU. O
conceito de imóvel rural é dado por exclusão. O CTN, em seu art. 32, §§ 1º e 2º, explica em que
consiste o imóvel urbano para fins de incidência do IPTU. Se o imóvel não se enquadrar em tais
critérios, será considerado rural.
Por que se falou “em regra”? Existe alguma exceção? Existe hipótese em que o ITR incidirá sobre
imóvel localizado em zona urbana? SIM. Segundo o STJ, incide o ITR (e não o IPTU) sobre
imóveis comprovadamente utilizados para exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou
agroindustrial, ainda que localizados em áreas consideradas urbanas pela legislação municipal.
Nesse sentido:
Não incide IPTU, mas ITR, sobre imóvel localizado na área urbana do Município, desde
que comprovadamente utilizado em exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou
agroindustrial. STJ. 1ª Seção. REsp 1112646/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 26/8/09.
O fundamento para essa decisão do STJ está no art. 15 do DL 57/66:
Art. 15. O disposto no art. 32 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (artigo do CTN que
fala sobre o fato gerador do IPTU), não abrange o imóvel de que, comprovadamente, seja
utilizado em exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial, incidindo
assim, sobre o mesmo, o ITR e demais tributos com o mesmo cobrados.
O que é um imóvel urbano, para fins de incidência do IPTU? Imóvel urbano, para fins de
incidência de IPTU, é aquele localizado na zona urbana. O CTN, nos §§ 1º e 2º do art. 32, traz os
critérios para essa definição. Ele diz, basicamente, o seguinte:
• A Lei municipal irá definir o que é a zona urbana daquele respectivo Município.
• No entanto, a lei municipal só poderá incluir, como sendo zona urbana, as áreas da cidade que
tiverem, no mínimo, dois dos seguintes “melhoramentos” construídos ou mantidos pelo Poder
Público:
a) meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
b) abastecimento de água;
c) sistema de esgotos sanitários;
d) rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;
e) escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do
imóvel considerado.
• A lei municipal poderá prever, no entanto, um outro conceito, qual seja, o de área “urbanizável
ou de expansão urbana”.
• Segundo o § 2º do art. 32 do CTN, áreas urbanizáveis (ou de expansão urbana) são aquelas que
abrangem loteamentos aprovados pelos órgãos competentes e que são destinados à habitação, à
indústria ou ao comércio, mas que não se enquadram na definição do § 1º do art. 32. Para você
entender melhor, é como se fossem áreas para onde a “cidade” está crescendo (expandindo) e que,
por estar no início da expansão, ainda não há tantos melhoramentos feitos pelo Poder Público.
Apesar disso, já pode cobrar IPTU, até para ter recursos para conseguir fazer os referidos
melhoramentos.
IPTU Para ser zona Área urbanizável ou de Área urbanizável ou de
Recai sobre urbana, a região da expansão urbana: é uma expansão urbana:
imóveis cidade deve ter, no área que, mesmo sem loteamentos aprovados
localizados na: mínimo, 2 dos ter os 2 melhoramentos, pelos órgãos
melhoramentos pode ser incluída na competentes e que são
ZONA URBANA previstos no § 1º do esfera de tributação do destinados à habitação,
art. 32 do CTN. IPTU. à indústria ou ao
A zona urbana é comércio.
definida por lei
municipal.
Desse modo, o IPTU incide sobre:
1) Imóveis localizados na 2) Imóveis localizados na
zona urbana área urbanizável ou de expansão urbana
Locais onde possuem, no mínimo, 2 dos São loteamentos aprovados pelos órgãos
melhoramentos do § 1º do art. 32 do CTN. competentes e destinados à habitação, à
indústria ou ao comércio.
Art. 32 (...) Não possuem os 2 dos melhoramentos do § 1º,
§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende- mas mesmo assim irão ser objeto de IPTU,
se como zona urbana a definida em lei desde que previstas na lei municipal. Isso
municipal; observado o requisito mínimo da porque são áreas que o CTN autorizou que a lei
existência de melhoramentos indicados em municipal considerasse como urbanas, apesar
pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, de não terem os melhoramentos.
construídos ou mantidos pelo Poder
Público: Art. 32 (...)
I - meio-fio ou calçamento, com canalização § 2º A lei municipal pode considerar urbanas as
de águas pluviais; áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana,
II - abastecimento de água; constantes de loteamentos aprovados pelos
III - sistema de esgotos sanitários; órgãos competentes, destinados à habitação, à
IV - rede de iluminação pública, com ou sem indústria ou ao comércio, mesmo que
posteamento para distribuição domiciliar; localizados fora das zonas definidas nos termos
V - escola primária ou posto de saúde a uma do parágrafo anterior.
distância máxima de 3 (três) quilômetros do
imóvel considerado.
Assim, o que diz a súmula: Pode incidir IPTU sobre imóvel situado em área urbanizável ou de
expansão urbana mesmo que ainda não existam os melhoramentos previstos no art. 32, § 1º do
CTN. O exemplo típico são os sítios de recreio:
É legal a cobrança do IPTU dos sítios de recreio, localizados em zona de expansão urbana
definida por legislação municipal, mesmo que não contenha os melhoramentos previstos
no art. 31, § 1º, do CTN. STJ. 2ª T. AgRg no REsp 783.794/SP, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, j. 15/12/09.
OBS: Importante.
Repetição de indébito: Ação de repetição de indébito (ou ação de restituição de indébito) é a ação
na qual o requerente pleiteia a devolução de determinada quantia que pagou indevidamente. A
ação de repetição de indébito não é restrita ao direito tributário. Assim, por exemplo, se um
consumidor é cobrado pelo fornecedor e paga um valor que não era devido, poderá ingressar com
ação de repetição de indébito para pleitear valor igual ao dobro do que pagou em excesso,
acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável (art. 42, §
único do CDC). No âmbito tributário, o contribuinte que pagar tributo indevido (exs: pagou
duas vezes, pagou imposto que era inconstitucional, houve erro na alíquota etc.) terá direito à
repetição de indébito, ou seja, poderá ajuizar ação cobrando a devolução daquilo que foi pago.
As hipóteses em que o contribuinte terá direito à repetição de indébito, no âmbito tributário, estão
previstas no art. 165 do CTN:
Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição
total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o
disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos:
I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face
da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato
gerador efetivamente ocorrido;
II - erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo
do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao
pagamento;
III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória.
O mencionado art. 165 afirma que o sujeito passivo tem direito à restituição, independentemente
de prévio protesto (isto é, mesmo que na hora de pagar não tenha “reclamado” do tributo
indevido ou tenha feito qualquer ressalva; não interessa o estado de espírito do sujeito passivo no
momento do pagamento, ou seja, se sabia ou não que o pagamento era indevido). Pagou
indevidamente, tem direito de receber de volta a fim de evitar o enriquecimento sem causa da
outra parte (no caso, o Fisco).
Qual é o prazo prescricional para a ação de repetição de indébito tributário? 5 anos. O CTN
prevê o prazo prescricional de 5 anos para que o contribuinte ajuíze a ação de repetição de
indébito tributário pedindo a restituição das quantias que pagou indevidamente:
Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco)
anos, contados:
I - nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário;
II - na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão
administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado,
revogado ou rescindido a decisão condenatória.
##Atenção: Vou abrir um parêntese para relembrar o que é a compensação no direito tributário:
ocorre quando o contribuinte possui um crédito a receber do Fisco, podendo ser feito o encontro
de contas do valor que o sujeito passivo tem que pagar com a quantia que tem a receber da
Administração. Trata-se de causa de extinção da obrigação tributária (art. 156, II do CTN).
O Fisco, contudo, em 2016, dá a resposta, negando o pedido do contribuinte. O que isso significa?
Que houve a prescrição da pretensão para o ajuizamento da ação de repetição de indébito
tributário de que trata o art. 168 do CTN. Isso porque o STJ entende que o “pedido administrativo
de compensação” não interrompe o prazo prescricional de 5 anos que o contribuinte tem para
ajuizar a ação de repetição de indébito tributário.
Pedido administrativo de restituição também não interrompe o prazo: A mesma situação ocorre
nos casos de pedido administrativo de restituição. No exemplo acima, suponhamos que João não
tivesse esse débito de taxa de lixo. Assim, em 2015, pouco antes de completar 5 anos, ele lembra
que tinha esse “crédito” do IPTU de 2010 pago a mais. Diante disso, formula um pedido
administrativo de restituição. Em 2015, o Fisco nega a restituição pleiteada. Isso significa que o
prazo prescricional continuou correndo e que não foi interrompido com o requerimento
administrativo. João não poderá mais entrar com a ação de repetição de indébito de que trata o
art. 168 do CTN.
Por que não há a interrupção? O STJ entende que, em se tratando de créditos e débitos
tributários, as hipóteses de interrupção de prescrição são apenas aquelas listadas no parágrafo
único do art. 174 do CTN. O pedido administrativo de compensação e o pedido administrativo
de restituição não foram previstos neste rol. Logo, não têm o condão de interromper a prescrição.
Veja a redação legal:
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da
data da sua constituição definitiva.
Parágrafo único. A prescrição se interrompe:
I -pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;
II - pelo protesto judicial;
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento
do débito pelo devedor.
Logo, por ausência de previsão legal, não se pode admitir que a formalização de pedido de
restituição/compensação interrompa o prazo prescricional.
João ainda tem alguma possibilidade de resguardar seu direito? SIM. Em tese, ele poderá, ainda,
ajuizar ação anulatória buscando desconstituir a decisão administrativa que negou o seu
pedido. Esta ação é disciplinada pelo art. 169 do CTN:
Art. 169. Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a
restituição.
Parágrafo único. O prazo de prescrição é interrompido pelo início da ação judicial,
recomeçando o seu curso, por metade, a partir da data da intimação validamente feita ao
representante judicial da Fazenda Pública interessada.
Nesse sentido:
O contribuinte que formula pleito de compensação na via administrativa dispõe de dois
anos, a contar da ciência da resposta que o denega, para ingressar em juízo com a
respectiva pretensão anulatória, nos termos do art. 169 do CTN. STJ. 1ª Turma. REsp
1180878/RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 6/2/18.
Assim, não se deve confundir o prazo prescricional do art. 168 do CTN, que versa sobre o direito
que o contribuinte possui de pleitear a restituição (repetição/compensação) diretamente na via
judicial, daquela contemplada no art. 169, que cuida do prazo extintivo de ação anulatória, na qual
o contribuinte se insurge contra decisão administrativa do Fisco.
A Súmula 625 versa apenas do prazo prescricional do art. 168 do CTN, não tratando sobre a ação
anulatória do art. 169.
O que quer dizer a parte final da súmula: “nem o da execução de título judicial contra a Fazenda
Pública”? É o caso, por exemplo, em que o contribuinte teve reconhecido seu direito à restituição
tributária por meio de decisão judicial transitada em julgado. Ex: a empresa “X” pagou
determinado tributo; posteriormente ingressou com ação judicial pedindo o reconhecimento de
que ela não estava obrigada a pagar e que a exigência do Fisco foi indevida; o juízo acolhe o
pedido da contribuinte e há o trânsito em julgado; com o trânsito em julgado tem início o prazo
para a ação de repetição do indébito; se a empresa optar por pedir a restituição na via
administrativa ou formular pedido administrativo de compensação, deverá estar ciente de que
esses pedidos não irão interromper o prazo que ela possui para executar o título judicial contra
a Fazenda Pública. É sobre isso que fala a parte final da súmula. Veja precedente do STJ no
mesmo sentido:
(...) a ação de repetição do indébito tributário foi ajuizada após o transcurso do prazo de
cinco anos, cujo termo inicial coincide com a data do trânsito em julgado da ação
mandamental que reconheceu a inexigibilidade do imposto cobrado, de modo que
configurada a prescrição. II - O pedido administrativo de compensação constitui meio
inidôneo para interromper a fluência da prescrição para ajuizamento da respectiva ação de
repetição. (...) STJ. 1ª T. AgRg no REsp 1.276.022/RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, j.
19/5/15.
Súmula 624: É possível cumular a indenização do dano moral com a reparação econômica da Lei n.
10.559/2002 (Lei da Anistia Política).
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João foi vítima de intensa perseguição política praticada
pelo governo federal durante a época da ditadura militar instalada no Brasil em 1964. O art. 8º do
ADCT concede anistia política a pessoas que foram prejudicadas por perseguições decorrentes de
motivação política no período de 18/9/46 até a data de promulgação da CF/88. Há previsão
também de que o anistiado receba uma reparação de natureza econômica, a ser paga pela União, em
alguns casos nos quais fique demonstrado que ele sofreu prejuízos em sua atividade laboral. A Lei
10.559/02 regulamentou o art. 8º do ADCT e a concessão dessa reparação econômica para os
anistiados. Veja:
ADCT
Art. 8º. É concedida anistia aos que, no período de 18 de setembro de 1946 até a data da
promulgação da Constituição, foram atingidos, em decorrência de motivação
exclusivamente política, por atos de exceção, institucionais ou complementares, aos que
foram abrangidos pelo Decreto Legislativo nº 18, de 15 de dezembro de 1961, e aos
atingidos pelo Decreto-Lei nº 864, de 12 de setembro de 1969, asseguradas as promoções,
na inatividade, ao cargo, emprego, posto ou graduação a que teriam direito se estivessem
em serviço ativo, obedecidos os prazos de permanência em atividade previstos nas leis e
regulamentos vigentes, respeitadas as características e peculiaridades das carreiras dos
servidores públicos civis e militares e observados os respectivos regimes jurídicos.
Lei nº 10.559/02
Art. 1º O Regime do Anistiado Político compreende os seguintes direitos:
I - declaração da condição de anistiado político;
II - reparação econômica, de caráter indenizatório, em prestação única ou em prestação
mensal, permanente e continuada, asseguradas a readmissão ou a promoção na
inatividade, nas condições estabelecidas no caput e nos §§ 1º e 5º do art. 8º do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias; (...)
Art. 3º A reparação econômica de que trata o inciso II do art. 1º desta Lei, nas condições
estabelecidas no caput do art. 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,
correrá à conta do Tesouro Nacional. (...)
O art. 8º do ADCT determina que seja paga reparação econômica para aquelas pessoas que
sofreram prejuízos na sua esfera profissional e, por consequência, patrimonial. A Lei 10.559/02,
ao regulamentar o art. 8º do ADCT, restringiu-se a estipular os direitos profissionais do
anistiado político e suas repercussões econômicas. Analisando os arts. 4º e 5º da Lei, fica ainda
mais claro que essa reparação econômica tem natureza patrimonial e se destina a compensar o
anistiado pelo fato de ele não mais ter podido exercer suas atividades laborais.
Desse modo, o recebimento da reparação econômica de que trata a Lei 10.559/02 não exclui, por
si só, o direito de o anistiado buscar na via judicial, em ação autônoma e distinta, a reparação
dos danos morais que tenha sofrido em decorrência da mesma perseguição política geradora da
anterior reparação administrativa (art. 5º, V e X, da CF/88), pois distintos se revelam os
fundamentos que amparam cada uma dessas situações.
OBS: Importante.
Imagine a seguinte situação hipotética: João possuía uma fazenda e parte dela, estava em área de
preservação permanente. Em 2015, João fez um desmatamento em sua propriedade e parte das
árvores derrubadas estavam na área de preservação permanente. Vale ressaltar que isso foi feito
sem qualquer autorização das autoridades ambientais. Em 2016, João vendeu o imóvel a Pedro.
Em 2017, foi constado o desmatamento ilegal. Diante disso, o MP ajuizou ação civil pública
pedindo que Pedro seja condenado a fazer a recomposição florestal.
Pedro demonstrou, por meio de fotos e perícia que, quando ele comprou a fazenda, a situação já
estava daquele jeito e o desmatamento já havia sido realizado. Com isso, ele ficará desobrigado
de reparar os danos ambientais? NÃO. As obrigações ambientais (ex: obrigação de reparar os
danos ambientais) são propter rem. Isso significa que as obrigações ambientais aderem ao título
de domínio ou posse e se transferem ao atual proprietário ou possuidor, ainda que eles não
tenham sido os responsáveis pela degradação ambiental. Vale ressaltar também que não
interessa discutir a boa ou má-fé do adquirente, considerando que não se está no âmbito da
responsabilidade subjetiva, baseada em culpa.
Aplica-se também para multas: Em 2016, a empresa “X” comprou um hotel da empresa “Y”. Em
2017, houve uma fiscalização do IBAMA no local e se constatou que uma lagoa foi aterrada
irregularmente, causando degradação ambiental. A empresa “X” demonstrou que esse aterro foi
realizado em 2013, ou seja, antes que ela tivesse adquirido o imóvel. Mesmo assim, a empresa “X”
poderá ser autuada e receber uma multa por infração ambiental. Nesse sentido:
(...) Independentemente de não se poder constatar quem foi o autor do dano ambiental,
sua reparação adere à propriedade como obrigatio propter rem, o que legitima o IBAMA
a responsabilizar o atual proprietário pela conduta dos anteriores, no esteio da
jurisprudência desta Corte. (...) STJ. 1ª T. AgInt no AREsp 268.217/PE, Rel. Min. Gurgel de
Faria, j. 30/11/17.
Escolha do credor: Vale ressaltar que o mais comum é que a obrigação ambiental seja exigida do
possuidor ou proprietário atual em virtude da facilidade de localização e maior efetividade em
caso de execução. No entanto, existe uma solidariedade entre o atual e os anteriores, de forma
que o credor pode escolher aqueles que serão acionados.
(MPSC-2019): As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-
las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor. BL: S. 623, STJ.
##Atenção: Cumpre advertir que a questão cobrada no concurso gerou bastante polêmica pela
ausência trazidos no enunciado, porém é possível concordar com o gabarito oficial. A partir da
leitura da Súmula 623 do STJ, podemos dizer, em outros termos, que a responsabilidade do antigo
e do atual proprietários é SOLIDÁRIA, operando-se LITISCONSÓRCIO PASSIVO
FACULTATIVO, pois será possível litigar apenas contra o atual proprietário, apenas contra o
antigo proprietário, ou contra ambos simultaneamente. Todavia, apesar de a questão parecer
incompleta por não trazer outros dados, conclui-se também que a responsabilidade do atual
proprietário do imóvel NÃO SERÁ EXCLUSIVA. Acrescente-se, ainda, o STJ entende que “A
obrigação de recuperar a degradação ambiental é do TITULAR da propriedade do imóvel,
MESMO QUE não tenha contribuído para a deflagração do dano, tendo em conta sua natureza
PROPTER REM” (Jurisprudência em Teses/STJ, 30ª Ed. Tese 09).1 Portanto, as obrigações
1
(TRF2-2018): No que se refere à responsabilidade ambiental decorrente do dano relativo à degradação
ambiental, assinale a alternativa correta: a obrigação de recuperar a degradação ambiental é do
ambientais, como a de recuperar a degradação ambiental são propter rem, de modo que elas
aderem ao título de domínio ou posse e se transferem ao atual proprietário ou possuidor, ainda
que eles não tenham sido os responsáveis pela degradação ambiental.
Súmula 622: A notificação do auto de infração FAZ CESSAR a contagem da decadência para a
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO; exaurida a instância administrativa com o
decurso do prazo para a impugnação ou com a notificação de seu julgamento definitivo e esgotado o
prazo concedido pela Administração para o pagamento voluntário, inicia-se o prazo prescricional
para a cobrança judicial.
OBS: Importante.
Fato gerador e obrigação tributária: O contribuinte realiza o fato gerador do tributo (exs.: adquire
renda, faz uma doação, chega no dia 01/01 sendo proprietário de um bem imóvel etc.). Quando o
contribuinte realiza o fato gerador, torna-se sujeito passivo de uma obrigação tributária principal,
ou seja, passa a ter a obrigação de pagar o tributo.
Constituição do crédito tributário: Diante dessa situação, o Fisco irá praticar um ato chamado de
“lançamento tributário”. O lançamento é, portanto, o ato por meio do qual o Auditor Fiscal
constata que ocorreu um fato gerador de tributo. Ele, então, identifica quem é o sujeito passivo
(contribuinte), calcula o quanto do tributo é devido (aplicando a alíquota sobre a base de cálculo) e
inclui também a multa (se for o caso). O crédito tributário é constituído (nasce) com um ato do
Fisco chamado de “lançamento”. O lançamento confere exigibilidade à obrigação tributária. Com
o lançamento, a obrigação tributária transforma-se em crédito tributário. Só depois que a
obrigação tributária se transforme em crédito tributário é que ela se torna líquida e exigível e
poderá ser executada. O Fisco possui, no entanto, um prazo para efetuar o lançamento. Se não
fizer no prazo, haverá decadência.
Notificação do auto de infração: Imagine que a empresa “X” deixou de pagar um tributo federal,
que venceu em setembro/2000. Vale ressaltar que esse tributo era sujeito a lançamento de ofício.
Isso significa que a Receita Federal tinha 5 anos para fazer esse lançamento, iniciando-se o prazo
em 1º de janeiro de 2001, conforme prevê o art. 173 do CTN:
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5
(cinco) anos, contados:
I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado;
Em outras palavras, em 01/01/01 iniciou o prazo decadencial para que a Fazenda Pública fizesse
o lançamento do tributo. Esse prazo se encerraria em 01/01/06. Assim, se o Fisco não fizesse o
lançamento até essa data (01/01/06), haveria a decadência, que é uma causa de extinção do
crédito tributário (art. 156, V, do CTN). Suponhamos, contudo, que o Fisco lavrou o auto de
infração em 05/12/05. No entanto, o Fisco terá ainda que notificar a empresa contribuinte sobre
esse auto de infração.
proprietário do bem imóvel, mesmo que não tenha contribuído para a deflagração do dano, devido à sua
natureza propter rem.
Notificação do lançamento: Após o Fisco realizar o lançamento, ele precisa comunicar que fez isso
ao sujeito passivo para que este possa pagar o tributo ou impugná-lo, caso não concorde com o
que está sendo cobrado. “É a notificação que confere efeitos ao lançamento realizado, pois antes
daquela não se conta prazo para pagamento ou impugnação.” (ALEXANDRE, Ricardo. Direito
tributário esquematizado. 10ª ed., São Paulo: Método, 2016, p. 377).
Assim, o contribuinte receberá a notificação do auto de infração, que terá um texto mais ou menos
assim:
“Fica o autuado intimado do conteúdo deste auto de infração para efetuar o pagamento ou
apresentar impugnação, no prazo de 30 dias, na forma da Lei XXX”.
Pagamento: Se o contribuinte pagou, fica extinto o crédito tributário (art. 156, I, do CTN).
No âmbito federal, depois que o contribuinte é notificado de que “perdeu” por decisão definitiva,
ele ainda terá um prazo de 30 dias concedido pela Administração para pagamento voluntário. Isso
está previsto no art. 43 c/c art. 21 do Decreto 70.235/72:
Art. 43. A decisão definitiva contrária ao sujeito passivo será cumprida no prazo para
cobrança amigável fixado no artigo 21, aplicando-se, no caso de descumprimento, o
disposto no § 3º do mesmo artigo.
Art. 21. Não sendo cumprida nem impugnada a exigência, a autoridade preparadora
declarará a revelia, permanecendo o processo no órgão preparador, pelo prazo de trinta
dias, para cobrança amigável. (...)
§ 3º Esgotado o prazo de cobrança amigável sem que tenha sido pago o crédito tributário, o
órgão preparador declarará o sujeito passivo devedor remisso e encaminhará o processo à
autoridade competente para promover a cobrança executiva.
Assim, com a notificação do contribuinte de que houve o julgamento definitivo e esgotado o prazo
concedido pela Administração para o pagamento voluntário (30 dias), só resta agora ao Fisco
executar judicialmente o crédito. Começa, então, o prazo prescricional para a Fazenda ajuizar a
execução fiscal.
Inércia: Passado o prazo de 30 dias sem que o contribuinte tenha pagado nem impugnado:
começa o prazo prescricional para o Fisco ajuizar a execução fiscal. Assim, esgotado o prazo para
impugnar ou pagar, inicia-se o prazo prescricional para a cobrança judicial do crédito tributário.
Segunda parte da súmula: A segunda parte da súmula trata, portanto, do caso em que a
impugnação é julgada improcedente ou da hipótese na qual o contribuinte fica inerte. Veja:
“(...) exaurida a instância administrativa com o decurso do prazo para a impugnação ou
com a notificação de seu julgamento definitivo e esgotado o prazo concedido pela
Administração para o pagamento voluntário, inicia-se o prazo prescricional para a
cobrança judicial.”
OBS: Importante.
Imagine o seguinte exemplo hipotético: Gabriel ingressou com ação de alimentos contra Rui, seu
pai. O juiz, na sentença, fixou os alimentos em R$ 4 mil. Após pagar alguns meses, Rui mostrou-se
inadimplente, razão pela qual Gabriel iniciou a execução dos alimentos. Rui, por sua vez, propôs
ação de redução de alimentos. Gabriel foi citado na ação de revisão no dia 01/07 e, no dia 31/12, o
juiz prolatou a sentença, reduzindo a obrigação alimentícia para R$ 1 mil mensais. Rui estava
atrasado em 4 meses (setembro a dezembro), ou seja, deixou de pagar 4 meses de pensão
(equivalente a um total de R$ 16 mil).
Recapitulando:
•Antes da execução, Rui estava pagando 4 mil por mês.
•01/09 a 31/12: Rui não pagou nada (ficou devendo 4 meses = 16 mil).
•Gabriel ajuizou execução de alimentos.
•Rui ajuizou ação de revisão de alimentos.
•01/07: Gabriel foi citado para a ação de redução de alimentos.
•31/12: transitou em julgado a sentença do juiz reduzindo os alimentos para 1 mil mensais.
Tese do alimentante: Enquanto era julgada a revisional, a execução proposta por Gabriel
continuava tramitando. O valor cobrado na execução era de R$ 16 mil (4 meses de 4 mil cada).
Depois do trânsito em julgado da revisional, o advogado de Rui apresentou uma petição no
processo executivo afirmando que seu cliente não precisa mais pagar os R$ 16 mil que estavam
sendo cobrados porque foi proferida uma sentença de redução de alimentos. Alegou que a
sentença na ação de revisão retroage à data da citação, conforme prevê o § 2º do art. 13 da Lei nº
5.478/68 (Lei de Alimentos):
Art. 13 (...) § 2º Em qualquer caso, os alimentos fixados retroagem à data da citação.
Logo, o valor que estava sendo cobrado (16 mil) foi reduzido para 4 mil. Isso porque o valor da
prestação mensal deixou de ser 4 mil e passou a ser 1 mil.
A tese alegada pelo advogado de Rui está correta? A decisão que revisa a obrigação alimentícia
possui efeito retroativo? SIM. Os efeitos da sentença proferida em ação de revisão de alimentos
(seja em caso de REDUÇÃO, MAJORAÇÃO ou EXONERAÇÃO) retroagem à data da citação,
conforme prevê o art. 13, § 2º, da Lei nº 5.478/68. Essa solução tem por objetivo evitar o
enriquecimento sem causa do credor dos alimentos, porque o entendimento contrário – sentença
de redução ou exoneração dos alimentos produzindo efeitos somente após o seu trânsito em
julgado – ensejaria a inusitada consequência de submeter o alimentante à execução das parcelas
pretéritas não adimplidas (por qualquer razão), mesmo estando ele amparado por decisão judicial
transitada em julgado que diminuiu ou até mesmo eliminou o encargo.
Em julho e agosto, Rui pagou R$ 4 mil em cada mês e, posteriormente, esse valor foi reduzido
para R$ 1 mil mensais. Ele poderá pedir de volta esses R$ 6 mil que pagou a mais para Gabriel
(seu filho) (3 mil a mais em cada mês)? NÃO. A decisão na revisão de alimentos é
RETROATIVA, no entanto, os valores adimplidos são irrepetíveis, ou seja, as parcelas que já
foram pagas não podem ser pedidas de volta. É vedada (proibida) a repetibilidade. Isso porque o
direito presume, de forma absoluta (presunção jure et jure), que as quantias recebidas a título de
alimentos foram utilizadas para o sustento da pessoa, isto é, foram efetivamente consumidas, não
sendo, portanto, legítimo que o beneficiário seja obrigado a devolver por conta de uma decisão
posterior.
Rui poderá utilizar esse valor pago a mais (R$ 6 mil) como crédito e compensá-lo (abatê-lo) das
prestações futuras? NÃO. A decisão na revisão de alimentos é RETROATIVA, no entanto,
mesmo que isso gere um “crédito” em favor do alimentante, ele não poderá utilizar esse saldo
positivo para abater (fazer a compensação) dos valores que ele ainda tem que pagar . Em outras
palavras, ele não pode compensar o excesso do que foi pago com prestações vincendas. É vedada
a compensação.
OBS: Importante.
Imagine a seguinte situação hipotética: João fez um seguro de vida, por meio do qual paga R$ 50
por mês (prêmio) e, se vier a falecer na vigência do contrato, a seguradora terá que pagar R$ 500
mil reais (indenização) ao seu filho (beneficiário). Determinado dia, João, após sair de uma festa
completamente embriagado, perdeu o controle sobre o carro e o colidiu contra um poste,
falecendo no local. A seguradora se negou a pagar o valor da apólice, ao argumento de que houve
agravamento intencional do risco (embriaguez ao volante). A seguradora afirmou que existe
cláusula contratual prevendo a exclusão de cobertura nestes casos. Confira:
Cláusula 2.3.1 – Há perda do direito à indenização no caso de morte ocorrida em acidente
cuja consequência direta ou indireta tenha sido decorrente de ingestão, por parte do
segurado, de álcool, de drogas, entorpecentes ou substâncias tóxicas.
a finalidade do contrato.
A jurisprudência do STJ entende que a cláusula presente no contrato de seguro de vida que
exclua a cobertura em caso de morte decorrente de embriaguez é uma cláusula muito restritiva
que acaba contrariando a própria finalidade do contrato. Essa é também a posição da
Superintendência de Seguros Privados, que editou a Carta Circular SUSEP/DETEC/GAB n°
08/07 orientando que as seguradoras não incluam cláusulas excluindo a cobertura na hipótese de
sinistros ou acidentes decorrentes de atos praticados pelo segurado em estado de insanidade
mental, de alcoolismo ou sob efeito de substâncias tóxicas.
Situação diferente no caso de seguro de veículos: No caso de seguro de veículos, o STJ e a SUSEP
entendem que é válida a cláusula contratual que preveja a exclusão da indenização caso os
danos ao automóvel tenham sido causados pela embriaguez do segurado.
Compare:
No SEGURO DE VIDA (seguro de pessoas) é No SEGURO DE AUTOMÓVEL (seguro de
devida a indenização securitária mesmo que o bens) celebrado por uma empresa com a
acidente que vitimou o segurado tenha seguradora, é devida a indenização securitária se
decorrido de seu estado de embriaguez? o condutor do veículo estava embriagado?
SIM. É vedada a exclusão de cobertura do • Em regra: NÃO.
seguro de vida na hipótese de sinistro ou • Exceção: será devido o pagamento da
acidente decorrente de atos praticados pelo indenização se o segurado conseguir provar que
segurado em estado de embriaguez. STJ. 3ª T. o acidente ocorreria mesmo que o condutor não
REsp 1.665.701-RS, Rel. Min. Ricardo Villas estivesse embriagado.
Bôas Cueva, j. 9/5/17 (Info 604). STJ. 2ª Seção. Não é devida a indenização securitária decorrente
EREsp 973.725-SP, Rel. Min. Lázaro Guimarães de contrato de seguro de automóvel quando o
(Des. Convocado do TRF 5ª Região), j. 25/4/18 causador do sinistro (condutor do veículo
(Info 625). segurado) estiver em estado de embriaguez, salvo
se o segurado demonstrar que o infortúnio
ocorreria independentemente dessa circunstância.
STJ. 3ª T. REsp 1.485.717-SP, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, j. 22/11/16 (Info 594).
OBS: Importante.
Esta orientação é acolhida pela jurisprudência, conforme aconteceu quando o STF reconheceu
que os bens dos Correios (empresa pública federal) são impenhoráveis:
Os bens, as rendas e os serviços da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos são
impenhoráveis e a execução deve observar o regime de precatórios. STF. 1ª T. RE 393032
AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 27/10/09.
Além disso, no caso da TERRACAP, o STJ, há muito tempo, consolidou o entendimento de que
seus bens são públicos, considerando que eram bens do Distrito Federal e que foram
transferidos à NOVACAP e depois para a TERRACAP a fim de serem administrados
descentralizadamente. Logo, permaneceram com a mesma característica:
Os imóveis administrados pela Companhia Imobiliária de Brasília (TERRACAP) são
públicos. STJ. 4ª T. AgRg no AREsp 762.197/DF, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, j.
1/9/16.
Desse modo, os ocupantes terão que realmente deixar o imóvel. No entanto, indaga-se: eles
poderão pedir indenização ao Poder Público pelas acessões e benfeitorias que fizeram no imóvel
(exs: as casas, os galinheiros, as plantações etc.)? Eles poderão se valer do direito de retenção,
permanecendo no imóvel enquanto o Poder Público não pagar a indenização devida? NÃO.
Vamos entender com calma os argumentos do STJ:
O legislador brasileiro, ao adotar a teoria objetiva de Ihering, definiu a posse como o exercício
de algum dos poderes inerentes à propriedade:
Art. 1.196 do CC. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou
não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
O art. 1.219 do CC reconheceu, ao possuidor de boa-fé, o direito à indenização pelas benfeitorias
úteis e necessárias, além do direito de retenção:
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e
úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o
puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das
benfeitorias necessárias e úteis.
Apesar de o art. 1.219 do CC mencionar apenas “benfeitorias”, a doutrina majoritária e o STJ
entendem que o direito de retenção abrange também as acessões (como é o caso de uma casa
construída em um terreno). Nesse sentido: STJ. 3ª T. Resp 1.316.895/SP, julgado em 11/06/2013.
Configurada a ocupação indevida de bem público, não há falar em posse, mas em mera
detenção, de natureza precária, o que afasta direitos típicos de posseiro. STJ. 2ª Turma.
REsp 1762597/DF, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 16/10/18.
Mas os invasores estavam de boa-fé...: Se o imóvel é público, não interessa a discussão sobre a
existência ou não de boa-fé. Isso porque a detenção, mesmo que de boa-fé, não gera indenização
por acessões e benfeitorias. Não havendo direito à indenização, por consequência, também não
existe direito de retenção.
As realizações feitas no imóvel nem geram benefício ao Poder Público: Ressalta-se que,
juridicamente, os argumentos acima expostos já seriam suficientes para afastar o direito à
indenização e à retenção por parte dos detentores. Ressalte-se, no entanto, que alguns julgados do
STJ mencionam ainda outro aspecto: as construções feitas pelos invasores (exs: casas, barracos,
galinheiros etc.), não geram qualquer utilidade para o poder público, que terá, ainda, que
demolir tudo a fim de permitir que o imóvel seja utilizado para a finalidade ao qual estava
prevista (ex: construção de uma repartição pública, de uma praça etc). Assim, seria incoerente
impor à Administração a obrigação de indenizar por construções feitas irregularmente no
imóvel público, considerando que tais obras não terão qualquer utilidade para o poder público e,
ao contrário, gerarão gastos de recursos do erário para a sua demolição. Alguns Ministros
chegam a afirmar nos votos que “a indenização, na hipótese, é devida pelo invasor, não pelo
Poder Público.” (Min. Herman Benjamin).
Mas o Poder Público foi omisso e permitiu que os invasores ficassem anos no local…: “O imóvel
público é indisponível, de modo que eventual omissão dos governos implica responsabilidade
de seus agentes, nunca vantagem de indivíduos às custas da coletividade. Invasores de áreas
públicas não podem ser considerados sócios ou beneficiários da omissão, do descaso e da inércia
daqueles que deveriam zelar pela integridade do patrimônio coletivo. (...) Entender de modo
2
(TRF1-2011-CESPE): Assinale a alternativa correta: Segundo o STJ, na hipótese em que o particular ocupa
irregularmente área pública, não é cabível o pagamento de indenização por acessões ou benfeitorias,
tampouco o direito de retenção, sob pena de ofensa aos princípios da indisponibilidade do patrimônio
público e da supremacia do interesse público.
diverso é atribuir à detenção efeitos próprios da posse, o que enfraquece a dominialidade pública,
destrói as premissas básicas do Princípio da Boa-Fé Objetiva, estimula invasões e construções
ilegais, e legitima, com a garantia de indenização, a apropriação privada do espaço público. (...)
Saliente-se que o Estado pode – e deve – amparar aqueles que não têm casa própria, seja com a
construção de habitações dignas a preços módicos, seja com a doação pura e simples de residência
às pessoas que não podem por elas pagar. É para isso que existem as Políticas Públicas de
Habitação federais, estaduais e municipais. O que não se mostra razoável é torcer as normas
que regram a posse e a propriedade para atingir tais objetivos sociais e, com isso, acabar por dar
tratamento idêntico a todos os que se encontram na mesma situação de ocupantes ilegais
daquilo que pertence à comunidade e às gerações futuras – ricos e pobres.” (Min. Herman
Benjamin, no Resp 945.055/DF).
Conclusões:
A tese da empresa foi acolhida pelo STJ? Não. O STJ decidiu que os particulares podem sim
ajuizar ação possessória para resguardar o livre exercício do uso de via municipal (bem público
de uso comum do povo) instituída como servidão de passagem. STJ. 3ª T., REsp 1.582.176-MG,
Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 20/9/16 (Info 590).
Realmente, o STJ possui inúmeros julgados afirmando que a ocupação irregular de bem público
dominical não caracteriza posse, mas mera detenção, hipótese que afasta o reconhecimento de
direitos em favor do particular com base em alegada boa-fé.
Assim, por exemplo, se o particular invade um bem público que não é utilizado para nada (ex:
um terreno baldio), a jurisprudência entende que ele não é considerado possuidor, mas mero
detentor. Nesse sentido é a Súmula 619-STJ. Logo, o invasor não poderá invocar a proteção
possessória contra o Poder Público.
Esse entendimento, porém, não se aplica para o caso de um particular que está defendendo seu
direito de usar um bem público de uso comum do povo. No caso de bens públicos de uso
comum do povo, podemos sim falar em posse e o particular poderá defendê-la em juízo.
O ordenamento jurídico não permite que o particular que ocupa um bem público possa
pedir proteção possessória contra o Poder Público, considerando que a sua relação com
o bem configura mera detenção;
É possível, no entanto, que particulares exerçam proteção possessória para garantir seu
direito de utilizar bens de uso comum do povo, como é o caso, por exemplo, da tutela
possessória para assegurar o direito de uso de uma via pública.
2) Particular que ocupa bem público dominical poderá ajuizar ações possessórias para defender a
sua permanência no local?
Imagine a seguinte situação hipotética: João mora em uma chácara há 20 anos. Ele ajuizou ação de
reintegração de posse contra Pedro alegando que o requerido invadiu metade do terreno em que
vive. O DF pediu a sua intervenção no feito alegando que a chácara em que João mora pertence ao
Poder Público, em nome de quem está registrada. Trata-se, portanto, de bem público e, sendo
assim, não pode ser objeto de proteção possessória por parte do particular. Isso porque o
particular que ocupa um bem público não tem a posse deste imóvel, mas sim a mera detenção.
A tese do Distrito Federal foi acolhida pelo STJ? NÃO. O STJ entendeu que é possível o manejo
de interditos possessórios em litígio entre particulares sobre bem público dominical. STJ. 4ª
Turma. REsp 1.296.964-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 18/10/16 (Info 594).
Em suma, o ocupante de bem público é considerado mero detentor da coisa e, por conseguinte,
não há que se falar em proteção possessória nem em indenização por benfeitorias ou acessões
realizadas, por configurar desvio de finalidade (interesse particular em detrimento do interesse
público), além de violação aos princípios da indisponibilidade do patrimônio público e da
supremacia do interesse público.
Em razão disso, é juridicamente impossível que um particular que esteja ocupando irregularmente
um bem público ajuíze ação de reintegração ou de manutenção de posse contra o Poder Público,
por exemplo.
Ocorre que o STJ, no REsp 1.296.964-DF, disse que essa posição (invasor como mero detentor)
possui uma exceção: se dois particulares estão litigando sobre a ocupação de um bem público, o
STJ passou a entender que, neste caso, é possível que, entre eles, sejam propostas ações
possessórias (reintegração, manutenção, interdito proibitório). Assim, é cabível o ajuizamento de
ações possessórias por parte de invasor de terra pública, desde que contra outros particulares.
Existem decisões das duas Turmas do STJ nesse sentido: STJ. 3ª T. REsp 1.484.304-DF, Rel. Min.
Moura Ribeiro, j. 10/3/16 (Info 579). STJ. 4ª T. REsp 1.296.964-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j.
18/10/16 (Info 594).3-4
Duas situações: Importante destacar mais uma vez que são duas situações que devem ter
tratamentos diferentes:
1) particular invade imóvel público e deseja 2) particular invade imóvel público e deseja
proteção possessória em face do proteção possessória em face de outro
PODER PÚBLICO: PARTICULAR:
Não terá direito à proteção possessória. Terá direito, em tese, à proteção possessória.
Não poderá exercer interditos possessórios É possível o manejo de interditos possessórios
porque, perante o Poder Público, ele exerce mera em litígio entre particulares sobre bem público
detenção. dominical, pois entre ambos a disputa será
relativa à posse.
Voltando ao exemplo dado: O argumento invocado pelo DF não poderá ser acolhido e o juiz
decidirá qual dos dois particulares tem a posse: João ou Pedro.
No entanto, se o DF ajuizar uma ação possessória contra João, este poderá invocar que tinha a
posse e pedir indenização ou a retenção das benfeitorias realizadas no local? Não. Isso porque,
conforme vimos acima, se o litígio for contra o Poder Público, a ocupação de área pública pelo
particular será considerada mera detenção, que não gera direitos de indenização ou retenção,
não havendo proteção possessória ao particular, neste caso. Assim, o particular tem apenas
detenção em relação ao Poder Público, não se cogitando de proteção possessória.
3
(DPEAM-2018-FCC): Em relação à posse, considere o enunciado seguinte: É possível o manejo de
interditos possessórios em litígio entre particulares sobre bem público dominical, pois entre ambos a
disputa será relativa à posse. BL: Info 594, STJ.
(DPEPR-2017-FCC): A respeito dos procedimentos especiais, é correto: Embora o STJ possua orientação
de que constitui mera detenção a ocupação por particular de área pública sem autorização expressa e
legítima do titular do domínio, entende cabível o manejo dos interditos possessórios em face de outros
particulares para a defesa da posse. BL: Info 594, STJ.
4
##Atenção: Tema cobrado nas seguintes provas: i) MPBA-2018 e ii) MPMS-2018.
Súmula 618: A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA APLICA-SE às ações de degradação
ambiental. (TRF2-2018) (MPGO-2019) (MPSC-2019)
OBS: Importante.
Imagine a seguinte situação hipotética: A empresa “XXX”, após vencer a licitação, construiu uma
usina hidrelétrica no rio Paranapanema, que faz a divisa dos Estados de São Paulo e Paraná. João é
pescador artesanal e vivia da pesca que realizava no rio Paranapanema. Ocorre que, segundo
alega João, após a construção da usina, houve uma grande redução na quantidade de peixes
existentes no rio, em especial “pintados”, “jaú” e “dourados”. Diante deste fato, João ajuizou ação
de indenização contra a empresa sustentando que a construção da usina causou degradação
ambiental com terríveis impactos no ecossistema. Na ação, o autor pediu a inversão do ônus da
prova mediante a aplicação, por analogia, da regra do art. 6º, VIII, do CDC:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: (...)
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a
seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
É possível a inversão do ônus da prova nas ações que se pede a reparação econômica pelos danos
causados ao meio ambiente? SIM. A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação
ambiental.
Princípio da precaução: Uma das razões que justifica essa inversão do ônus da prova é o princípio
da precaução. Por meio do princípio da precaução, entende-se que o meio ambiente deve ter em
seu favor o benefício da dúvida no caso de incerteza. Em outras palavras, se existe uma
desconfiança, um risco de que determinada atividade pode gerar um dano ambiental ao meio
ambiente e à saúde humana, deve-se considerar que esta atividade acarreta sim este dano. Logo, é a
empresa-ré (empresa poluidora) quem tem o ônus de provar que a atividade econômica por ela
desempenhada não gerou o dano ambiental que foi alegado pelo autor na ação de reparação. Nesse
sentido:
O princípio da precaução pressupõe a inversão do ônus probatório, competindo a quem
supostamente promoveu o dano ambiental comprovar que não o causou ou que a
substância lançada ao meio ambiente não lhe é potencialmente lesiva. STJ. 2ª Turma. REsp
1.060.753/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 1/12/09.5
Qual é a consequência prática disso? O autor precisará provar apenas que existe um nexo de
causalidade provável entre a atividade exercida e a degradação ambiental. Sendo isso provado,
fica transferido para a concessionária o encargo (ônus) de provar que sua conduta não ensejou
riscos ou danos para o meio ambiente. STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 1311669/SC, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 3/12/018. No mesmo sentido: Aquele que cria ou assume o risco de
danos ambientais tem o dever de reparar os danos causados e, em tal contexto, transfere-se a ele
todo o encargo de provar que sua conduta não foi lesiva. STJ. 1ª Turma. REsp 1.049.822/RS, Rel.
Min. Francisco Falcão, j. 23/4/09.
Seja o poluidor ente público ou empresa privada: Vale ressaltar que essa inversão do ônus da
prova ocorre tanto nos casos em que o degradador é uma pessoa jurídica de direito público como
também nas hipóteses em que se trata de pessoa jurídica de direito privado. Assim já decidiu o
STJ:
A responsabilidade civil pelo dano ambiental, qualquer que seja a qualificação jurídica
do degradador, público ou privado, é de natureza objetiva, solidária e ilimitada, sendo
regida pelos princípios poluidor-pagador, da reparação in integrum, da prioridade da
reparação in natura e do favor debilis, este último a legitimar uma série de técnicas de
facilitação do acesso à justiça, entre as quais se inclui a inversão do ônus da prova em favor
da vítima ambiental. STJ. 2ª T. REsp 1.454.281/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe
9/9/2016.
Os princípios poluidor-pagador, reparação in integrum e prioridade da reparação in natura e do
favor debilis são, por si sós, razões suficientes para legitimar a inversão do ônus da prova em
favor da vítima ambiental. STJ. 2ª T. AgInt no AREsp 620.488/PR, Rel. Min. Og Fernandes, j.
04/09/18.
Seja em ACP, seja em ação individual: Importante também destacar que essa inversão do ônus da
5
(TRF2-2018): A respeito do princípio da precaução em relação ao Direito Ambiental, é correto afirmar
que: compete a quem supostamente promoveu o dano ambiental comprovar que não o causou ou que a
substância lançada ao meio ambiente não lhe é potencialmente lesiva. BL: Entend. Jurisprud.
prova pode ocorrer tanto em ação civil pública como em ação individual, desde que relacionada
com degradação ambiental.
A inversão é cabível mesmo que o autor da ação seja o MP: A inversão do ônus da prova deve ser
também admitida em caso de ação civil pública proposta pelo Ministério Público pedindo a
recomposição e/ou a reparação decorrente de degradação ambiental. Isso porque, por mais que o
Ministério Público não possa ser considerado hipossuficiente, ele atua em juízo como substituto
processual e a vítima (substituída) é toda a sociedade que, em se tratando de dano ambiental, é
considerada hipossuficiente do ponto de vista de conseguir produzir as provas. STJ. 2ª Turma.
REsp 1235467/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 20/08/2013.
Previsão do princípio da precaução: O princípio da precaução tem origem na “Carta Mundial da
Natureza”, de 1982, cujo princípio n. 11, “b”, estabeleceu a necessidade de os Estados
controlarem as atividades potencialmente danosas ao meio ambiente, ainda que seus efeitos
não fossem completamente conhecidos. Esse princípio foi posteriormente incluído na Declaração
do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92). Além desses documentos, o
princípio da precaução está contido, implicitamente, no art. 225, § 1º, IV e V, da CF/88:
Art. 225 (...)
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (...)
IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora
de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que
se dará publicidade;
V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias
que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
Regra de instrução: A inversão do ônus da prova de que trata o art. 6º, VIII, do CDC é REGRA DE
INSTRUÇÃO, devendo a decisão judicial que determiná-la ser proferida preferencialmente na fase
de saneamento do processo ou, pelo menos, assegurar à parte a quem não incumbia inicialmente o
encargo a reabertura de oportunidade para manifestar-se nos autos. Nesse sentido: STJ. 2ª Seção.
EREsp 422.778-SP, Rel. para o acórdão Min. Maria Isabel Gallotti, julgados em 29/2/2012.
OBS: Válida.
O que é livramento condicional? Livramento condicional é...
- um benefício da execução penal
- concedido ao condenado preso,
- consistindo no direito de ele ficar em liberdade,
- mesmo antes de ter terminado a sua pena,
- assumindo o compromisso de cumprir algumas condições,
- desde que preencha os requisitos previstos na lei.
O indivíduo que está no gozo do livramento condicional desfruta de uma liberdade antecipada,
condicional e precária. Entenda:
• antecipada: porque o condenado é solto antes de ter cumprido integralmente a pena.
• condicional: uma vez que, durante o período restante da pena (chamado de período de prova),
ele terá que cumprir certas condições fixadas na decisão que conceder o benefício.
• precária: tendo em vista que o benefício poderá ser revogado (e ele retornar à prisão) caso
descumpra as condições impostas.
(MASSON, Cleber. Direito Penal esquematizado. 8. ed., São Paulo: Saraiva, 2014, p. 808).
Previsão legal: As regras sobre o livramento condicional estão elencadas nos arts. 83 a 90 do CP e
arts. 131 a 146 da LEP.
Requisitos
Para que o condenado tenha direito ao livramento condicional, deverá atender aos seguintes
requisitos:
Requisitos O condenado deve ter:
OBJETIVOS 1) sido sentenciado a uma pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 anos;
2) reparado o dano causado com o crime, salvo se for impossível fazê-lo;
3) cumprido parte da pena, quantidade que irá variar conforme ele seja reincidente ou
não:
• condenado não reincidente em crime doloso e com bons antecedentes: basta cumprir mais de
1/3 (um terço) da pena. É chamado de livramento condicional SIMPLES;
• condenado reincidente em crime doloso: deve cumprir mais de 1/2 (metade) da pena
para ter direito ao benefício. É o livramento condicional QUALIFICADO;
• condenado por crime hediondo ou equiparado, se não for reincidente específico em crimes
dessa natureza: deve cumprir mais de 2/3 (dois terços) da pena. É o livramento
condicional ESPECÍFICO;
• condenado por crime hediondo ou equiparado, se for reincidente específico em crimes dessa
natureza: não terá direito a livramento condicional.
O condenado deve ter:
1) bom comportamento carcerário, a ser comprovado pelo diretor da unidade
prisional;
2) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído;
Requisitos 3) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;
SUBJETIVOS 4) para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de
condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.
Competência para deferir: A concessão do livramento competirá ao juiz da execução da pena que
o condenado estiver cumprindo. Antes de decidir, o magistrado deverá:
• requerer um parecer do diretor do estabelecimento sobre o comportamento carcerário do
apenado;
• ouvir o Ministério Público e a defesa.
O ato do juiz que concede ou nega o livramento condicional é uma sentença, que deverá ser
sempre motivada.
O juiz tem que ouvir o Conselho Penitenciário? NÃO. Não se exige a prévia oitiva do Conselho
Penitenciário para fins de concessão do livramento condicional, segundo a nova redação do art.
112 da LEP dada pela Lei nº 10.792/2003. STJ. 5ª Turma. HC 350.902/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
julgado em 21/06/2016.
Legitimidade para instaurar o procedimento: O livramento condicional poderá ser concedido
mediante:
• requerimento do sentenciado;
• requerimento o cônjuge ou de parente em linha reta do sentenciado;
• proposta do diretor do estabelecimento penal; ou
• por iniciativa do Conselho Penitenciário.
Obs: apesar de não estar previsto na lei, entende-se que o juiz pode conceder de ofício.
Condições: O juiz, ao conceder o livramento condicional, irá impor ao condenado algumas
condições, ou seja, obrigações que ele terá que cumprir. Existem algumas condições que são
obrigatórias, ou seja, a própria lei diz que todo condenado deverá cumprir (art. 132, § 1º da LEP).
Por outro lado, há determinadas condições que são facultativas, isto é, são obrigações que o
magistrado poderá ou não impor ao condenado, a depender do caso concreto (art. 132, § 2º, LEP).
O livramento condicional consiste na última etapa da execução da pena, visando à
ressocialização do apenado, quando ele é colocado em liberdade mediante o cumprimento
de determinadas condições previstas nos arts. 83, do CP e 132, § 1º, da LEP, algumas
obrigatórias, outras facultativas. STJ. 5ª T. HC 235.480/SP, Rel. Min. Gilson Dipp, j.
26/06/12.
Vejamos quais são essas condições:
CONDIÇÕES DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
OBRIGATÓRIAS FACULTATIVAS
Serão sempre impostas ao liberado condicional Poderão ainda ser impostas ao liberado
as seguintes obrigações: condicional, entre outras obrigações, as
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo seguintes:
razoável se for apto para o trabalho; a) não mudar de residência sem comunicação ao
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua Juiz e à autoridade incumbida da observação
ocupação; cautelar e de proteção;
c) não mudar do território da comarca do Juízo b) recolher-se à habitação em hora fixada;
da execução, sem prévia autorização. c) não frequentar determinados lugares.
As condições obrigatórias são apenas essas, que As condições facultativas estão previstas em um
estão previstas taxativamente no art. 132, § 1º da rol exemplificado no art. 132, § 2º da LEP. Isso
LEP. significa que o juiz poderá estabelecer outras,
desde que razoáveis. São chamadas por alguns
autores de “condições judiciais” (art. 85 do CP).
Ex: juiz pode determinar que o condenado
frequente tratamento para viciados em droga.
Cerimônia do livramento condicional: O livramento condicional é concedido em uma
“cerimônia” (uma espécie de audiência admonitória) realizada no próprio estabelecimento onde o
condenado está preso. Apesar de não se verificar isso na prática, é importante que você conheça o
art. 137 da LEP para fins de concurso:
Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será realizada solenemente no dia
marcado pelo Presidente do Conselho Penitenciário, no estabelecimento onde está sendo
cumprida a pena, observando-se o seguinte:
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos demais condenados, pelo Presidente
do Conselho Penitenciário ou membro por ele designado, ou, na falta, pelo Juiz;
II - a autoridade administrativa chamará a atenção do liberando para as condições impostas
na sentença de livramento;
III - o liberando declarará se aceita as condições.
§ 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo subscrito por quem presidir a cerimônia
e pelo liberando, ou alguém a seu rogo, se não souber ou não puder escrever.
§ 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz da execução.
Quanto tempo dura o livramento condicional? O livramento condicional perdura durante o
tempo que restante da pena. Ex: João foi condenado a uma pena de 6 anos de reclusão. Após
cumprir 2 anos e 1 dia de pena (ou seja, mais de 1/3), ele requereu e foi concedido o benefício.
Este livramento condicional irá durar pouco menos de 4 anos, isto é, o período que falta para ele
terminar a pena. Conforme já explicado, no período do livramento condicional, o condenado
ficará em uma época de “teste” no qual se irá analisar se ele cumpre as condições impostas e se ele
não pratica nenhum ato que configure motivo para revogar o benefício. Assim, o tempo em que o
apenado está em livramento condicional é chamado de “período de prova”. O benefício poderá
ser revogado (e ele retornar à prisão) caso descumpra as condições impostas. Se isso acontecer,
significa que ele terá falhado na “prova”.
Revogação do livramento: A lei prevê situações que, se acontecerem, o livramento condicional
deverá ser obrigatoriamente revogado (causas de revogação obrigatória – art. 86, CP). Há também
outros casos que se ocorrerem, o juiz pode avaliar a situação concreta e decidir se irá revogar o
benefício ou se dará uma chance para o apenado de continuar no livramento condicional (causas
de revogação facultativa – art. 87, CP). A revogação será decretada:
• a requerimento do Ministério Público;
• mediante representação do Conselho Penitenciário; ou
• de ofício, pelo Juiz.
O condenado deverá ser ouvido previamente.
Causas de revogação OBRIGATÓRIA:
1) Se o agente for condenado definitivamente à pena privativa de liberdade por crime cometido
durante a vigência do benefício.
• Situação muito grave; o apenado recebeu uma chance, ou seja, ficou em liberdade antes de
terminar a pena e, apesar disso, praticou um crime durante o período de prova.
• O condenado irá “perder” esse tempo em que ficou no livramento condicional, ou seja, o
tempo em que ele ficou em liberdade não será computado (descontado) na pena a cumprir . Ex:
ele recebeu livramento condicional quando ainda faltavam 4 anos de pena; depois de 2 anos no
livramento condicional, ele praticou e foi condenado por novo crime; esses 2 anos serão
desconsiderados; ele voltará para a prisão e terá que cumprir os 4 anos que ainda faltavam mais a
nova pena fixada;
• Não será permitido novo livramento para o crime revogado. Pode ser concedido, no entanto,
para a nova condenação (quando ele completar os requisitos);
• O novo livramento não permite soma da pena do crime anterior (assim, se o novo crime for
menor que 2 anos, não caberá livramento nem para o segundo crime).
2) Se o agente for condenado definitivamente à pena privativa de liberdade por crime anterior à
vigência do benefício.
• Computa-se, na pena a cumprir, o tempo de liberdade. Ex: ele recebeu livramento condicional
quando ainda faltavam 4 anos de pena; depois de 2 anos no livramento condicional, veio a
condenação transitada em julgado por crime praticado antes do benefício; esses 2 anos que ele
ficou cumprindo corretamente o livramento condicional serão “aproveitados” e poderão ser
descontados da pena que ainda falta ele cumprir; assim, este apenas voltará para a prisão e terá
que cumprir apenas 2 anos da primeira condenação e mais a nova pena fixada;
• Será permitido novo livramento, inclusive para o crime revogado;
• Cabe a soma das penas.
Veja o que dizem os arts. 141 e 142 da LEP e o art. 87 do CP:
Art. 141. Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência do livramento,
computar-se-á como tempo de cumprimento da pena o período de prova, sendo permitida,
para a concessão de novo livramento, a soma do tempo das 2 (duas) penas.
Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não se computará na pena o tempo em
que esteve solto o liberado, e tampouco se concederá, em relação à mesma pena, novo
livramento.
Art. 88. Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a
revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta
na pena o tempo em que esteve solto o condenado.
Causas de revogação FACULTATIVA:
1) Se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença;
2) Se o liberado for condenado definitivamente por crime ou contravenção e não receber pena
privativa de liberdade. Ex: recebeu pena restritiva de direitos.
Obs: se o juiz decidir manter o livramento condicional, na hipótese da revogação facultativa, ele
deverá advertir o liberado ou agravar as condições que já tinham sido impostas (art. 140,
parágrafo único da LEP).
Suspensão do livramento condicional: No caso da prática de crime ou contravenção penal, a
legislação exige, como condição para a revogação, que haja sentença judicial transitada em
julgado. Ocorre que o trânsito em julgado e uma condenação criminal pode demorar anos para
acontecer. Diante disso, em tais casos, o juiz deve determinar a suspensão cautelar do
livramento condicional enquanto se aguarda a decisão final do processo criminal. Assim, se o
indivíduo que estava em liberdade condicional praticar uma infração penal durante o período de
prova, não se poderá revogar imediatamente o benefício, mas o juiz deverá suspender o
livramento, mandando o condenado de volta para a prisão enquanto se aguarda o desfecho do
processo penal. É o que prevê o art. 145 da LEP:
Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá ordenar a sua prisão,
ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo o curso do
livramento condicional, cuja revogação, entretanto, ficará dependendo da decisão final.
Fique atento para o fato de que a suspensão cautelar do livramento só pode ocorrer para o caso
de cometimento de outra infração penal. Assim, não é o descumprimento de toda e qualquer
condição que gera a possibilidade de suspensão do livramento.
Se ocorrer alguma causa de revogação do livramento condicional durante o período de prova, o
juiz somente poderá revogar ou suspender o benefício antes do término do cumprimento da pena:
Imagine a seguinte situação hipotética: Pedro cumpria pena por extorsão. O juiz concedeu
livramento condicional a Pedro no dia 5/5/12. O período de prova terminaria dia 10/7/17,
quando se encerraria o tempo que falta para cumprimento da pena. No dia 5/5/17, ou seja, três
anos depois do início do livramento, Pedro praticou um roubo. Ocorre que o juiz da execução não
foi informado imediatamente sobre o fato e, por isso, não determinou a suspensão do livramento
condicional. Em 5/7/17, o MP ofereceu denúncia contra Pedro pelo cometimento do roubo e
pediu para que o juízo da execução penal fosse informado sobre a ocorrência deste novo delito.
Em 15/7/17 o juiz da execução penal foi comunicado de que o condenado Pedro praticou outro
crime durante o livramento condicional e está respondendo ao processo penal.
O juiz da execução, ao receber essa comunicação, poderá revogar o livramento condicional,
determinando que Pedro volte a cumprir a pena, descontado o período em que ficou gozando do
benefício? NÃO. Isso porque já se encerrou o período de prova sem que tenha havido suspensão
ou revogação do livramento. Logo, se essas providências não foram tomadas durante o período
de prova, não podem ser feitas agora, depois que já se encerrou o prazo do livramento
condicional.
Mas o novo crime foi praticado durante o período de prova, ou seja, enquanto o condenado ainda
cumpria o livramento condicional... Como a nova infração penal foi cometida durante o
livramento condicional (antes de o benefício acabar), não seria possível considerar que, com a
prática do novo crime, houve a prorrogação automática do período de prova, nos termos do art.
89 do CP? NÃO. O art. 89 do CP prevê o seguinte:
Art. 89. O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a
sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do
livramento.
O art. 89 do CP traz a possibilidade de ser prorrogado o prazo do livramento em caso de crime
cometido durante o gozo do benefício. Contudo, essa prorrogação do período de prova não pode
ser automática. Assim, ocorrendo novo delito durante o período de prova do livramento
condicional, é necessária a suspensão cautelar do benefício, sob pena de ser declarada extinta a
pena após o término do prazo do livramento.
O que o juiz da execução deve fazer, então? Como não houve decisão determinado a suspensão ou
revogação do período de prova durante o prazo do livramento condicional, somente resta agora
ao juiz proferir sentença declarando a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da
pena (em relação ao crime de extorsão). Pedro irá continuar respondendo pelo delito de roubo,
mas a pena pelo crime de extorsão já foi cumprida. Essa é a interpretação que é dada pelo STJ ao
art. 90 do CP:
Art. 90. Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena
privativa de liberdade.
“Expirado o prazo do livramento condicional sem a sua suspensão ou prorrogação (art. 90 do CP),
a pena é automaticamente extinta” (STJ. 5ª T. HC 279.405/SP, Rel. Min. Felix Fischer, DJe
27/11/14).
Conclusões:
• se o réu cometeu crime durante a vigência do livramento condicional, não haverá a suspensão,
prorrogação ou revogação automática do benefício;
• em caso de prática de crime durante o período de prova, o juiz deverá determinar: 1) a
suspensão do livramento condicional (caso o processo criminal pelo segundo delito ainda não
tenha se encerrado) ou 2) a sua revogação (caso já tenha sentença condenatória transitada em
julgado);
• se o juiz suspender nem revogar expressamente o livramento condicional durante o período de
prova, não poderá mais fazê-lo depois que esgotado esse prazo;
• se o período de prova transcorrer sem decisão formal do juiz suspendendo ou revogando o
livramento, considera-se que houve o cumprimento integral da pena, não havendo outra solução a
não ser reconhecer a extinção da punibilidade;
• logo, a ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes do término do
período de prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena;
• decorrido o período de prova do livramento condicional sem que seja proferido uma decisão
formal e expressa de suspensão ou revogação do benefício, a pena deve ser extinta, nos termos do
art. 90 do CP.
Posição do STF: Vale ressaltar que o STF possui o mesmo entendimento que é manifestado na
súmula:
(...) À luz do disposto no art. 86, I, do Código Penal e no art. 145 da Lei das Execuções
Penais, se, durante o cumprimento do benefício, o liberado cometer outra infração penal, o
juiz poderá ordenar a sua prisão, suspendendo o curso do livramento condicional, cuja
revogação, entretanto, aguardará a conclusão do novo processo instaurado.
3. A suspensão do livramento condicional não é automática. Pelo contrário, deve ser
expressa, por decisão fundamentada, para se aguardar a apuração da nova infração penal
cometida durante o período de prova, e, então, se o caso, revogar o benefício. Precedente.
4. Decorrido o prazo do período de prova sem ter havido a suspensão cautelar do
benefício, tampouco sua revogação, extingue-se a pena privativa de liberdade. Precedentes.
5. Ordem concedida, para reconhecer a extinção da pena privativa de liberdade imposta ao
paciente quanto ao primeiro crime cometido.
STF. 1ª Turma. HC 119938, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 03/06/2014.
Súmula 616: A indenização securitária é devida quando ausente a comunicação prévia do segurado
acerca do atraso no pagamento do prêmio por constituir requisito essencial para suspensão ou
resolução do contrato de seguro.
OBS: Importante.
Indenização securitária: É o valor pago pela seguradora caso o risco coberto se concretize
(sinistro). Ex: João faz um seguro de vida em favor de seus filhos; se ele morre, o risco se
concretizou, e a seguradora terá que pagar a indenização securitária aos beneficiários da apólice
(filhos de João).
Prêmio: É a quantia paga pelo segurado para que a seguradora aceite assumir o risco. Ex: João
faz um seguro de vida em favor de seus filhos. Ele combinou de pagar à seguradora, como
prêmio, R$ 1 mil por mês. Em palavras simples, o prêmio é a contraprestação paga à seguradora e
que foi combinada no contrato. O valor do prêmio é fixado a partir de cálculos atuariais e o seu
valor leva em consideração os riscos cobertos. Ex: se João tem 40 anos, o prêmio a ser pago será
menor do que se ele tiver 80.
Se o segurado atrasa o pagamento do prêmio, o que a seguradora deve fazer? A seguradora deverá
constituir o segurado em mora, mediante interpelação extrajudicial. Em outras palavras, a
seguradora deverá notificar o segurado informando a ele que está em mora (em atraso). Assim,
não basta o atraso no pagamento de parcela do prêmio para o desfazimento automático do
contrato de seguro, sendo necessária a prévia constituição em mora, por meio de notificação ou
interpelação específica. Ex: João deixou de pagar as “parcelas do seguro”, ou seja, o prêmio
mensal que havia sido ajustado. Já estava devendo três meses. Apesar disso, a seguradora não
notificou o segurado. João morreu; os beneficiários do contrato terão direito à indenização
securitária porque não houve comunicação prévia da seguradora informando o segurado sobre o
atraso. Foi esse o entendimento consolidado pelo STJ nesta Súmula 616: a indenização
securitária é devida quando ausente a comunicação prévia do segurado acerca do atraso no
pagamento do prêmio. Isso porque essa comunicação prévia (interpelação) é considerada
requisito essencial para a suspensão ou resolução do contrato de seguro.
A interpretação dada pela doutrina e pelo STJ é a de que a constituição em mora de que trata o
art. 763 do CC exige prévia interpelação. Nesse sentido:
Enunciado n. 376 Jornada de Direito Civil CJF: Para efeito de aplicação do art. 763 do
Código Civil, a resolução do contrato depende de prévia interpelação.
Desse modo, pode-se dizer que a mora, no contrato de seguro, é classificada como ex persona (e
não ex re). Relembre a diferença:
Súmula 615: Não pode ocorrer ou permanecer a inscrição do município em cadastros restritivos
fundada em irregularidades na gestão anterior quando, na gestão sucessora, são tomadas as
providências cabíveis à reparação dos danos eventualmente cometidos.
OBS: Importante.
Imagine a seguinte situação adaptada: O Estado do Amapá celebrou convênio com a União
(Ministério das Cidades). Por meio desse convênio, o Estado receberia determinadas verbas para
realizar projetos de interesse social, assumindo o compromisso de prestar contas junto ao
Ministério e ao TCU da utilização de tais valores. A União detectou supostas irregularidades no
convênio e, em razão disso, o Estado foi inserido no SIAF, que é uma espécie de cadastro federal
de inadimplência. Com a referida inscrição, o Estado-membro ficou impedido de contratar
operações de crédito, celebrar convênios com órgãos e entidades federais e receber transferências
de recursos. O Estado-membro não concordou com a inclusão no cadastro e ajuizou ação ordinária
contra a União alegando que houve violação ao princípio da intranscendência subjetiva das
sanções, uma vez que o inadimplemento ocorreu em gestão anterior (era outro Governador).
Súmula 614: O locatário NÃO POSSUI LEGITIMIDADE ATIVA para discutir a relação jurídico-
tributária de IPTU e de taxas referentes ao imóvel alugado NEM para repetir indébito desses
tributos. (TJRO-2019)
OBS: Importante.
O fato gerador do IPTU é a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel localizado na
zona urbana do Município.
O locatário não possui legitimidade ativa para discutir a relação jurídico-tributária de IPTU e
de taxas referentes ao imóvel alugado (1ª parte da súmula)
Imagine a seguinte situação hipotética: João (proprietário) alugou seu imóvel para Pedro
(inquilino). No contrato, havia uma cláusula prevendo que a obrigação pelo pagamento do IPTU
do imóvel competia a Pedro (locatário). Houve um aumento do valor do IPTU por meio de
decreto do Prefeito. Diante disso, Pedro ajuizou ação contra o Município alegando que este
aumento violou o princípio da legalidade tributária e pedindo a volta do antigo valor. Esta ação
terá êxito? NÃO. Pedro não tem legitimidade ativa para a causa, uma vez que ele não é o
proprietário do imóvel. O locatário não possui legitimidade ativa para discutir a relação jurídico-
tributária de IPTU e de taxas referentes ao imóvel alugado (1ª parte da súmula).
O locatário não possui legitimidade ativa para pedir a repetição de indébito do IPTU e das taxas
referentes ao imóvel alugado (2ª parte da súmula)
Exemplo: a empresa JM Ltda. é locatária de um imóvel. Pelo contrato, a obrigação de pagar o IPTU
é dela. Durante três anos, a JM Ltda. pagou ao Município o IPTU. Ocorre que a lei municipal que
fundamentava a cobrança do imposto foi declarada inconstitucional pelo Tribunal de Justiça. Com
base nisso, a JM Ltda. ajuizou ação ordinária contra o Município pedindo a restituição dos valores
indevidamente recolhidos a título de IPTU nos anos de 2012, 2013 e 2014 em virtude da
inconstitucionalidade da lei. Esta ação não será conhecida, considerando que a JM Ltda. é mera
locatária. O locatário não possui legitimidade ativa para pedir a repetição de indébito do IPTU e
das taxas referentes ao imóvel alugado (2ª parte da súmula)
Mas, nos dois casos, o contrato de locação diz que a responsabilidade pelo pagamento do IPTU e
das taxas é do locatário... O locatário é quem está pagando os tributos... : Isso não importa. O
Fisco não tem nada a ver com isso, ele não participou desse ajuste. Um contrato entre particulares
não tem a força de interferir na relação jurídico-tributária com o Fisco. É o que prevê o art. 123
do CTN:
Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à
responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública,
para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias
correspondentes.
Em outras palavras, não se pode invocar contra o ente público o contrato firmado entre locador e
locatário, sendo o proprietário do imóvel o sujeito passivo da obrigação tributária.
Correta interpretação do art. 34 do CTN: O art. 34 do CTN prevê quem são os contribuintes do
IPTU:
Art. 34. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil,
ou o seu possuidor a qualquer título.
Diante disso, alguns leitores podem estar pensando: o locatário detém a posse do imóvel. Logo,
ele também poderia ser considerado contribuinte do IPTU. Sendo contribuinte do imposto, teria
legitimidade para ajuizar ações questionando esse tributo. Essa interpretação, contudo, não é
acolhida pela jurisprudência.
O STJ, ao interpretar o art. 34 do CTN, afirma que a posse tributária é a que exterioriza o
domínio, não aquela exercida pelo locatário ou pelo comodatário. Assim, o possuidor até pode
ser considerado contribuinte do IPTU, mas, para isso, é necessário que ele seja um possuidor
que tenha animus domini.
Posse animus domini (com ânimo de dono) é aquela posse demonstrada por quem se considera o
dono do imóvel. É a posse que gera direito à usucapião. Mesmo que o contrato de locação dure
20 anos e que o locatário permaneça todo esse tempo no imóvel, ele não terá direito de adquiri-lo
por usucapião. Isso porque a sua posse não tem animus domini, ou seja, ele sabe que não é o
proprietário do imóvel e que só está na posse em virtude do contrato. Logo, a súmula 614 do STJ
não é incompatível com o art. 34 do CTN.
Seria possível que o locatário pedisse a repetição de indébito do IPTU com base no art. 166 do
CTN, alegando que foi ele quem sofreu o encargo econômico do tributo? NÃO. O art. 166 do CTN
prevê o seguinte:
Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do
respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido
encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado
a recebê-la.
Ocorre que este art. 166 do CTN é aplicado apenas para tributos indiretos, não sendo regra
válida para os tributos diretos, como é o caso do IPTU e das taxas que incidem sobre o imóvel.
Nesse sentido:
O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento de que o art. 166 do CTN não tem
aplicabilidade aos tributos diretos, como via de regra, são o IPTU e as taxas incidentes
sobre o imóvel, vez que referidas exações não podem ser enquadradas no rol de tributos
que comportem, por sua natureza, transferência do referido encargo. STJ. 1ª Turma. AgRg
no AgRg no REsp 1294961/RJ, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 12/04/2016.
OBS: Importante.
O que é a teoria do fato consumado? Segundo a teoria do fato consumado, as situações jurídicas
consolidadas pelo decurso do tempo, amparadas por decisão judicial, não devem ser
desconstituídas, em razão do princípio da segurança jurídica e da estabilidade das relações
sociais (STJ. REsp 709.934/RJ). Assim, de acordo com essa posição, se uma decisão judicial
autorizou determinada situação jurídica e, após muitos anos, constatou-se que tal solução não era
acertada, ainda assim não deve ser desconstituída, para que não haja insegurança jurídica. Em
suma, trata-se de uma espécie de convalidação da situação pelo decurso de longo prazo.
A teoria do fato consumado não se aplica para violações ao meio ambiente: Ex: João construiu
uma casa em uma área de proteção ambiental (APA), com a autorização do Município. Muitos
anos mais tarde, o MP ajuizou ação civil pública requerendo a demolição da construção e a
recomposição da vegetação do local. João não poderá invocar a teoria do fato consumado. Se
fosse aceita essa teoria, isso significaria que se estaria admitindo a perpetuação do direito de
poluir, degradar o meio ambiente. Nesse sentido: STJ. 2ª T. AgInt no REsp 1355428/MS, Rel. Min.
Francisco Falcão, j. 12/12/17. Esse é também o entendimento do STF: RE 609748 AgR, Rel. Min.
Luiz Fux, 1ª T., j. 23/08/11.
Haverá a demolição mesmo que a construção irregular tenha sido feita com autorização dos
órgãos ambientais? SIM. Constatado que houve edificação irregular em área de preservação
permanente, o fato de ter sido concedido licenciamento ambiental, por si só, não afasta a
responsabilidade pela reparação do dano causado ao meio ambiente, mormente quando
reconhecida a ilegalidade do aludido ato administrativo (STJ. 2ª T. AgInt nos EDcl no AREsp
359.140/MS, Rel. Min. Assusete Magalhães, j. 07/12/17). 6
O STJ possui precedentes negando a aplicação da teoria mesmo em casos envolvendo residências
familiares localizadas em área de proteção ambiental:
(...) 1. Os impetrantes buscam o reconhecimento da ilegalidade no procedimento de
desocupação perpetrado pelo Secretário de Administração de Parques do Distrito Federal,
objetivando que a autoridade coatora abstenha-se de praticar qualquer ato tendente a
remover os moradores do Parque das Copaíbas. (...) 6. Não prospera também a alegação de
aplicação da teoria do fato consumado, em razão de os moradores já ocuparem a área,
com tolerância do Estado por anos, uma vez que tratando-se de construção irregular em
Área de Proteção Ambiental-APA, a situação não se consolida no tempo. Isso porque, a
aceitação da teoria equivaleria a perpetuar o suposto direito de poluir, de degradar, indo
de encontro ao postulado do meio ambiente equilibrado, bem de uso comum do povo
essencial à qualidade sadia de vida. (...) STJ. 1ª T. AgRg no RMS 28.220/DF, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, j.18/04/17. 7
(TRF2-2018): No âmbito do Direito Ambiental, é correto afirmar que: não se admite a aplicação da
teoria do fato consumado. BL: S. 613, STJ.
Súmula 612: O certificado de entidade beneficente de assistência social (CEBAS), no prazo de sua
validade, possui natureza declaratória para fins tributários, retroagindo seus efeitos à data em que
demonstrado o cumprimento dos requisitos estabelecidos por lei complementar para a fruição da
imunidade.
OBS: Válida.
Efeito ex tunc do CEBAS: O certificado que reconhece a entidade como filantrópica, de utilidade
pública, tem efeito ex tunc, por se tratar de ato declaratório. Assim, as entidades beneficentes
possuem direito à imunidade desde quando preencheram os requisitos previstos na lei
complementar (e não desde a data em que foi conferido o CEBAS).
Ex: se o CEBAS só foi concedido em março de 2018, mas desde agosto de 2017 a entidade já havia
preenchido os requisitos previstos na lei, a imunidade deve ser reconhecida desde agosto de 2017.
Isso porque, como já dito, o CEBAS tem natureza declaratória (e não constitutiva).
O STJ possui precedentes afirmando, inclusive, que o fato de a entidade “não possuir o
Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS), não é suficiente a impedir o
reconhecimento da imunidade tributária no caso concreto pois, a teor da jurisprudência desta
Corte, referido certificado trata-se de ato declaratório.” (STJ. 1ª Turma. REsp 1517801 SC, Rel.
Min. Benedito Gonçalves, julgado em 17/09/2015).
No mesmo sentido:
Se a instituição de assistência social conseguiu, por meio de uma perícia contábil, provar
que atende os requisitos do art. 150, VI, “c”, da CF/88 e do art. 14, do CTN, ela terá direito
à imunidade tributária, mesmo que não apresente certificado de entidade de assistência
social, documento emitido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome. Não é possível condicionar a concessão de imunidade tributária prevista para as
instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos à apresentação de
certificado de entidade de assistência social na hipótese em que prova pericial tenha
demonstrado o preenchimento dos requisitos para a incidência da norma imunizante .
STJ. 1ª T. AgRg no AREsp 187.172-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 18/2/14
(Info 535).
Súmula 611: Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância, é
possível a instauração de processo administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em
face do poder-dever de autotutela imposto à Administração.
OBS: Importante.
O que é a chamada "denúncia anônima"? Denúncia anônima ocorre quando alguém, sem se
identificar, relata para as autoridades que determinada pessoa praticou uma infração, um ilícito.
Essa “denúncia anônima” pode relatar a ocorrência de crimes e/ou de infrações administrativas.
Ex1: uma pessoa liga para a polícia e avisa que em determinado local está ocorrendo o comércio
ilegal de drogas (denúncia anônima de um crime).
Ex2: uma pessoa envia mensagem para a ouvidoria do órgão público, sem se identificar, relatando
que o servidor João não trata os usuários do serviço com urbanidade e gentileza (trata-se de uma
denúncia anônima envolvendo a prática de uma infração administrativa).
Ex3: um indivíduo envia mensagem para a corregedoria do Fisco, sem se identificar, narrando um
episódio no qual o Fiscal exigiu vantagem ilícita para não fazer o lançamento tributário (neste
caso, teremos uma denúncia anônima revelando uma infração administrativa que também
configura crime).
É possível instaurar processo administrativo disciplinar com base em “denúncia anônima”? SIM,
mas a jurisprudência afirma que, antes, a autoridade deverá realizar uma investigação preliminar
ou sindicância para averiguar o conteúdo e confirmar se a “denúncia anônima” possui um
mínimo de plausibilidade.
Lei nº 8.112/90: Isso que foi explicado acima vale para todas as esferas da administração pública
(União, Estados/DF e Municípios). No caso da União, contudo, é importante ressaltar que existe
previsão expressa na Lei nº 8.112/90:
Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a
promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo
disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa.
Desse modo, a Lei nº 8.112/90 prevê dois instrumentos para a apuração das infrações
administrativas praticadas pelos servidores públicos federais:
a) a sindicância e
b) o processo administrativo disciplinar.
Como explica Ivan Barbosa Rigolin, existem situações que são tão graves e evidentes “que nem
mesmo é preciso a sindicância para apontar a necessidade de processo disciplinar. Nessa hipótese, deve ser
logo de início instaurado aquele processo, convocando-se todas as pessoas, bem como invocando-se todos os
meios de provas necessários à boa condução do trabalho e à elucidação do fato apontado.” (Comentários ao
Regime Único dos Servidores Públicos Civis. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 350).
Denúncia anônima exige prévia sindicância ou investigação prévia: O STJ afirmou que, no caso de
denúncia anônima, não se deve instaurar imediatamente (diretamente) o processo
administrativo disciplinar. Antes disso, por precaução e prudência, o administrador deverá
realizar uma sindicância, ou seja, uma investigação prévia para examinar se essa denúncia
anônima não é completamente infundada. Ex: chega à Administração Pública a denúncia
anônima de que Pedro, fiscal do Município, teria recebido vantagem indevida para a emissão de
alvará de funcionamento da empresa X. A informação que chegou foi apenas esta. O
administrador público deverá instaurar para confirmar minimamente a procedência dos fatos.
Durante essa investigação prévia, constata-se que Pedro nunca atuou neste processo. Logo, a
sindicância será arquivada e não será instaurado processo administrativo disciplinar.
Cuidado com a redação do art. 144 da Lei nº 8.112/90: O art. 144 da Lei nº 8.112/90 prevê o
seguinte:
Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de apuração, desde que
contenham a identificação e o endereço do denunciante e sejam formuladas por escrito,
confirmada a autenticidade.
Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar evidente infração disciplinar ou
ilícito penal, a denúncia será arquivada, por falta de objeto.
Esse art. 144 era muito utilizado como tese de defesa para tentar invalidar os processos
administrativos iniciados com base em denúncia anônima. O STJ, contudo, afasta esse argumento
e afirma que:
(...) 3. Conquanto a Lei 8.112/90, no art. 144, preveja a formulação por escrito, com
identificação e endereço do denunciante, não há expressa determinação legal para que
denúncias anônimas sejam ignoradas e simplesmente arquivadas, uma vez que a
Administração dispõe do poder-dever de autotutela. (...) STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp
1126789/RS, Rel. Min. Og Fernandes, j. 6/8/13.
Em suma, mesmo com o art. 144 da Lei nº 8.112/90, admite-se a denúncia anônima.
CGU: Vale ressaltar que a CGU possui um enunciado administrativo semelhante ao entendimento
do STJ:
Enunciado nº 3-CGU: A delação anônima é apta a deflagrar apuração preliminar no
âmbito da Administração Pública, devendo ser colhidos outros elementos que a
comprovem.
Súmula 610: O SUICÍDIO NÃO É COBERTO nos dois primeiros anos de vigência do contrato de
seguro de vida, RESSALVADO o direito do beneficiário à devolução do montante da RESERVA
TÉCNICA FORMADA. (TJSC-2019)
OBS: Importante.
O beneficiário não terá direito ao capital estipulado quando o segurado se suicida nos primeiros
dois anos de vigência inicial do contrato ou nos dois primeiros anos depois de o contrato ter sido
reiniciado (recondução) depois de um tempo suspenso (art. 798 do CC).
Obs: o beneficiário não terá direito à indenização, mas receberá o valor da reserva técnica já
formada, ou seja, terá direito à quantia que o segurado pagou a título de prêmio para a
seguradora. A seguradora será obrigada a devolver ao beneficiário o montante da reserva técnica
já formada mesmo que fique provado que o segurado premeditou o suicídio.
Se o suicídio ocorrer depois dos dois primeiros anos do contrato será devida a indenização, ainda
que exista cláusula expressa em contrário.
Obs: é nula a cláusula contratual que exclua a indenização da seguradora em caso de suicídio
ocorrido depois dos dois primeiros anos (art. 798, parágrafo único). Assim, se o suicídio ocorre
depois dois primeiros anos, é devida a indenização ainda que exista cláusula expressa dizendo
que a seguradora não deve indenizar.
Principal precedente que deu origem à súmula: STJ. 2ª Seção. REsp 1.334.005-GO, Rel. originário
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em
8/4/2015 (Info 564).
Está cancelada a Súmula 61 do STJ e encontram-se superados a Súmula 105 do STF e o Enunciado
187 da Jornada de Direito Civil.
(MPSC-2019): Segundo entendimento do STJ, o suicídio não é coberto nos dois primeiros anos de
vigência do contrato de seguro de vida, ressalvado o direito do beneficiário à devolução do
montante da reserva técnica formada. BL: S. 610, STJ.
Súmula 609: A recusa de cobertura securitária sob alegação de doença pré-existente é ilícita se não
houve a exigência de exames prévios à contratação ou a demonstração de má-fé do segurado.
OBS:
Dever de informar doenças preexistentes: No momento em que a pessoa vai contratar um seguro,
ela preenche uma ficha na qual será perguntado a ela se possui alguma doença preexistente.
Assim, caso o contratante tenha alguma enfermidade, ele é obrigado a informar essa situação à
seguradora no momento da assinatura do contrato.
O que é considerado doença preexistente?
No caso de seguro de vida, é a doença que o segurado sabia que possuía no momento
da assinatura do contrato e que mesmo assim não declarou na proposta de contratação
(art. 62 da Circular SUSEP nº 302 de 19/09/2005).
No caso dos seguros e planos de saúde, doença preexistente é aquela “que o beneficiário
ou seu representante legal saiba ser portador ou sofredor, no momento da contratação
ou adesão ao plano privado de assistência à saúde” (art. 2º da Resolução Normativa
162/2007 da ANS.
Por que o consumidor tem esse dever de informar? Porque os contratos de seguro de danos
pessoais (morte, invalidez e acidentes pessoais) preveem cláusula que exclui cobertura
securitária em caso de dano causado por doença preexistente. Ex: no contrato de seguro de vida,
há uma cláusula dizendo que se o segurado falecer em decorrência de doença preexistente, o
beneficiário da apólice não terá direito ao recebimento da indenização.
Nos seguros e planos de saúde não há exclusão, mas existem cláusulas que estipulam uma
carência de até 24 meses, período durante o qual o contratante não terá direito a procedimentos
mais complexos relacionados ao tratamento de tais doenças. Ex: a pessoa possui câncer e contrata
um plano de saúde (ou seguro-saúde); o contrato poderá prever que ela estará sujeita a uma
carência de 24 meses, de forma que, neste período, não terá direito a cirurgia ou internação
decorrente deste câncer.
E se o consumidor sabe que possui essa doença, mas omite tal informação no momento da
assinatura do contrato? Em outras palavras, se o contratante omite a doença preexistente? Neste
caso, o consumidor age de má-fé e não terá direito à cobertura securitária, conforme prevê o art.
766 do Código Civil:
Art. 766. Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer declarações inexatas
ou omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do
prêmio, perderá o direito à garantia, além de ficar obrigado ao prêmio vencido.
Exames médicos prévios: A demonstração de que o segurado agiu com má-fé e que não declarou a
doença preexistente é difícil de ser feita. Diante disso, como cautela, antes de ser assinado o
contrato de seguro, algumas seguradoras exigem que o usuário seja submetido a exames médicos
para verificar se ele apresenta ou não alguma enfermidade física ou psíquica. Não há ilegalidade
da operadora na conduta de exigir esses exames médicos prévios. Isso é permitido.
A seguradora pode se recusar a arcar com a cobertura securitária sob a alegação de que o sinistro
ocorreu em virtude de doença preexistente? SIM. Essa recusa será considerada lícita, no entanto,
para isso, é necessário que a operadora:
1) Tenha realizado exames médicos no usuário antes da assinatura do contrato,
constatando-se que ele possuía essa doença; ou
2) Se a operadora não fez esses exames prévios, ela terá que provar agora (já
durante o contrato) que o consumidor agiu de má-fé e ocultou intencionalmente a
existência da doença.
Em outras palavras, antes de concluir o contrato, a seguradora pode exigir do segurado a
realização de exames médicos para constatação de sua efetiva disposição física e psíquica. Se a
operadora não realizou os exames no contratante, ela assumiu os riscos por essa sua postura.
Logo, somente poderá recusar o tratamento se provar que o segurado agiu de má-fé.
Má-fé = omissão intencional de doença preexistente.
Vejamos um exemplo para ilustrar melhor: João contratou seguro de vida. No momento da
assinatura, ele informou que não possuía qualquer enfermidade. Passados alguns meses, João
morre de bronquite crônica. A viúva requer o pagamento da indenização securitária. A
seguradora nega, afirmando que se tratava de doença preexistente. Essa recusa pode ser
considerada lícita? Depende:
1) Se a seguradora fez exames antes da assinatura e detectou que João estava com bronquite : ela
poderá recusar o pagamento da indenização porque a morte foi decorrente dessa doença
preexistente. A recusa será lícita.
2) Se a seguradora não fez os exames prévios, haverá duas possibilidades:
2.1) Seguradora consegue provar que o segurado agiu de má-fé, ou seja, sabia que estava doente
e omitiu essa informação para poder conseguir assinar o seguro de vida: neste caso, a seguradora
poderá recusar a cobertura. A recusa será lícita.
2.2 ) Seguradora não consegue reunir provas de que o segurado agiu de má-fé: neste caso, a
seguradora não poderá recusar a cobertura securitária. A recusa será ilícita.
Precedentes que deram origem à súmula: A maioria dos precedentes que deram origem à súmula
estão relacionados com contratos de seguro de vida. No entanto, o entendimento vale também para
contratos de seguro saúde e até para contratos de planos de saúde, nos quais se pode exigir uma
carência de até 24 meses para doenças preexistentes. Confira:
Seguro de vida:
A seguradora que não exigiu exames médicos previamente à contratação, não
pode descumprir a obrigação indenizatória sob a alegação de que houve omissão
de informações pelo segurado quanto à doença preexistente, salvo quando ficar
provado que o contratante agiu de má-fé. STJ. 3ª Turma. AgRg no REsp 1.286.741-SP,
Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 15/8/13 (Info 529).
Seguro saúde:
A jurisprudência desta Corte firmou entendimento de que é ilícita a recusa da
cobertura securitária, sob a alegação de doença preexistente à contratação do
seguro-saúde, se a seguradora não submeteu o segurado a prévio exame de saúde
e não comprovou má-fé. STJ. 4ª Turma. EDcl nos EDcl no AREsp 567.144/PR, Rel.
Min. Raul Araújo, julgado em 15/03/2016.
Plano de saúde:
Não se justifica a recusa à cobertura de tratamento necessária à sobrevida do
segurado, ao argumento de se tratar de doença pré-existente, quando a
administradora do plano de saúde não se precaveu mediante realização de exames
de admissão no plano ou prova inequívoca de má-fé a qual não ocorreu. STJ. 4ª
Turma. AgInt no AREsp 998.163/DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
21/02/2017.
Exceção à má-fé: Como vimos, em regra, se o segurado omitir, de má-fé, que possuía alguma
doença preexistente, a seguradora poderá recusar a cobertura. Existe, no entanto, uma exceção a
essa regra. Há uma situação na qual mesmo que o segurado omita doença preexistente, ainda
assim ele terá direito à cobertura securitária. Trata-se da hipótese na qual essa doença somente
vem a se manifestar e exigir alguma providência por parte da seguradora muitos anos após a
assinatura do contrato. Neste caso, fica demonstrado que o contratante, mesmo apresentando a
doença, estava em boas condições de saúde. Veja:
(...) 1. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de não ser possível à
seguradora eximir-se do dever de pagamento da cobertura securitária sob a
alegação de omissão de informações por parte do segurado, se dele não exigiu
exames médicos prévios à contratação do seguro. Precedentes. 1.1. Consoante
cediço no STJ, a suposta má-fé do segurado (decorrente da omissão intencional de
doença preexistente) será, excepcionalmente, relevada quando, sem sofrer de
efeitos antecipados, mantém vida regular por vários anos, demonstrando que
possuía razoável estado de saúde no momento da contratação/renovação da
apólice securitária. (...) STJ. 4ª Turma. AgRg no REsp 1359184/SP, Rel. Min. Marco
Buzzi, julgado em 06/12/2016.
Súmula 608: APLICA-SE o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde,
SALVO os administrados por entidades de autogestão. (TJMT-2018) (MPBA-2018) (DPEPE-2018)
(TJPA-2019) (TJRO-2019) (MPPI-2019)
OBS:
Plano de saúde de autogestão: Planos de saúde de autogestão (também chamados de planos
fechados de saúde) são criados por órgãos, entidades ou empresas para beneficiar um grupo
restrito de filiados com a prestação de serviços de saúde. Tais planos são mantidos por
instituições sem fins lucrativos e administrados paritariamente, de forma que no seu conselho
deliberativo ou de administração, há representantes do órgão ou empresa instituidora e também
dos associados ou usuários. O objetivo desses planos fechados é baratear para os usuários o custo
dos serviços de saúde, tendo em vista que não visam ao lucro. Exemplo: CASSI (Caixa de
Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil).
(MPMS-2018): Não se aplica o CDC às relações entre operadoras de plano de saúde constituídas
sob a modalidade de autogestão e seus filiados, por operar plano de assistência à saúde com
exclusividade para um público determinado de beneficiários, mesmo que sem fins lucrativos. BL:
S. 608, STJ.
Súmula 607: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei 11.343/06) SE
CONFIGURA com a prova da destinação internacional das drogas, AINDA QUE NÃO
CONSUMADA a TRANSPOSIÇÃO DE FRONTEIRAS. (TJSP-2018) (MPPB-2018) (MPPI-2019)
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João foi preso em flagrante delito, no Aeroporto
Internacional de Guarulhos/SP, na fila do check in do voo da companhia aérea South African, com
destino a Johannesburg/África do Sul, levando consigo cerca de 2kg de cocaína amarrada em seu
corpo. O agente foi denunciado pela prática de tráfico transnacional de drogas (art. 33 da Lei
11.343/06), com a incidência de duas causas de aumento previstas no art. 40, III e V:
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois
terços, se:
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias
do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito; (...)
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos
prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais,
recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se
realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de
dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em
transportes públicos;
A defesa alegou que o agente não chegou a atravessar a fronteira de nenhum país, de forma que
não houve transnacionalidade. Logo, não deveria incidir a causa de aumento do inciso I. Essa
tese é aceita pela jurisprudência? Para incidir essa causa de aumento, é necessário que o agente
atravesse a fronteira? NÃO.
No caso em tela, a pessoa que encomendou a droga praticou o verbo “importar”, que significa
“fazer vir de outro país, estado ou município; trazer para dentro.” Logo, pode-se afirmar que o
delito se consumou no instante em que o produto importado tocou o território nacional , entrada
essa consubstanciada na apreensão da droga.
Vale ressaltar que, para que ocorra a consumação do delito de tráfico transnacional de drogas, é
desnecessário que a correspondência chegue ao destinatário final. Se chegar, haverá mero
exaurimento da conduta. Também não importa, para fins de consumação e competência, se a
pessoa que encomendou a droga já foi identificada ou não pela polícia. A consumação
(importação) ocorreu quando a encomenda entrou no território nacional.
Dessa forma, o delito se consumou em São Paulo, local de entrada da mercadoria, sendo esse o
juízo competente, nos termos do art. 70 do CPP.
Súmula 606: Não se aplica o princípio da insignificância aos casos de transmissão clandestina de
sinal de internet via radiofrequência que caracterizam o fato típico previsto no artigo 183 da lei
9.472/97.
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: Os fiscais da Agência Nacional de Telecomunicações
(ANATEL) constataram que João mantinha um provedor de internet, via rádio, no qual os clientes
pagavam a ele mensalmente e recebiam em suas casas o sinal da internet. Ocorre que João não
tinha autorização da ANATEL para exploração desse serviço. Foi, então, lavrado auto de infração
e encaminhada notícia do fato ao MPF. O Procurador da República denunciou João pela prática do
delito do art. 183 da Lei nº 9.472/97:
Art. 183. Desenvolver clandestinamente atividades de telecomunicação:
Pena - detenção de dois a quatro anos, aumentada da metade se houver dano a terceiro, e
multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Segundo a tese do MPF, o provedor de acesso à Internet via radiofrequência (internet via rádio)
desenvolve dois serviços:
• um serviço de telecomunicações (Serviço de Comunicação Multimídia); e
• um Serviço de Valor Adicionado (Serviço de Conexão à Internet).
Dessa forma, a chamada “internet via rádio” pode ser considerada também um serviço de
telecomunicação.
A jurisprudência acolhe a tese do MPF? A conduta de transmitir sinal de internet, via rádio, como
se fosse um provedor de internet, sem autorização da ANATEL, configura algum crime? Amolda-se
ao art. 183 da Lei 9.472/97? SIM. É pacífico no STJ que a transmissão clandestina de sinal de internet,
via radiofrequência, sem autorização da ANATEL, caracteriza, em tese, o delito previsto no art. 183
da Lei 9.472/97. Não há se falar em atipicidade do delito pela previsão de que se trata de serviço de
valor adicionado, uma vez que referida característica não exclui sua natureza de efetivo serviço de
telecomunicação. STJ. 5ª T. AgRg no AREsp 1077499/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j.
26/9/17. STJ. 6ª T. AgRg no AREsp 971.115/PA, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, j. 27/4/17.
E no STF? Apesar de existir um recente julgado em sentido contrário (STF. 1ª Turma. HC 127978,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 24/10/2017. Info 883), o entendimento que prevalece no STF é
o mesmo do STJ. Veja:
O desenvolvimento clandestino de atividade de transmissão de sinal de internet, via rádio,
comunicação multimídia, sem a autorização do órgão regulador, caracteriza, por si só, o tipo
descrito no art. 183 da Lei 9.472/97, pois se trata de crime formal, inexigindo, destarte, a
necessidade de comprovação de efetivo prejuízo. STF. 1ª T. HC 152118 AgR, Rel. Min. Luiz
Fux, j. 7/5/18.
Em sua defesa, João invocou o princípio da insignificância, considerando que seu provedor
operava com a potência de 0,5 Watts, que é muito baixa. Tal alegação é aceita pela jurisprudência
majoritária? NÃO. Não é possível a aplicação do princípio da insignificância no crime do art. 183
da Lei 9.472/97. Isso porque a instalação de estação clandestina de radiofrequência, sem
autorização, já é, por si, suficiente para comprometer a segurança, a regularidade e a
operabilidade do sistema de telecomunicações do país, não podendo, portanto, ser vista como
uma lesão inexpressiva. Diante do entendimento pacificado, o STJ editou a Súmula 606. Essa é
também a posição do STF: 1ª Turma. HC 118400/RO, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
04/10/2016 (Info 842).
O acusado argumentou também que não deveria ser condenado, considerando que não ficou
provado que ele causou prejuízo, seja para os clientes, seja para os serviços de telecomunicações.
Essa alegação é acolhida pelos Tribunais? NÃO. O delito do art. 183 da Lei nº 9.427/97 é crime de
perigo abstrato. Isso significa que, para a sua consumação, basta que alguém desenvolva de forma
clandestina as atividades de telecomunicações, sem necessidade de demonstrar prejuízo concreto
para o sistema de telecomunicações (STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1560335/MG, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 21/06/2016).
OBS: Válida.
Ato infracional: Quando uma criança ou adolescente pratica um fato previsto em lei como crime
ou contravenção penal, esta conduta é chamada de “ato infracional”. Assim, juridicamente, não se
deve dizer que a criança ou adolescente cometeu um crime ou contravenção penal, mas sim ato
infracional.
O que é criança e adolescente, para os fins legais?
• Criança: é a pessoa que tem até 12 anos de idade incompletos.
• Adolescente: é a pessoa que tem entre 12 e 18 anos de idade.
Quando uma criança ou adolescente pratica um ato infracional, não receberá uma pena (sanção
penal), considerando que não pratica crime nem contravenção. O que acontece então?
• Criança: receberá uma medida protetiva (art. 101 do ECA).
• Adolescente: receberá uma medida socioeducativa (art. 112 do ECA) e/ou medida protetiva
(art. 101).
Adulto Adolescente
Igual ou maior que 18 anos. De 12 até 18 anos.
Obs: se a pessoa cometer o fato no dia do seu 18º
aniversário, já é considerada adulta, não sendo
mais adolescente.
Comete crime e contravenção penal. Pratica ato infracional.
Recebe pena (sanção penal). Recebe medida socioeducativa.
A execução da pena é regulada pela Lei A execução da medida socioeducativa é regulada
7.210/84. pela Lei 12.594/2012.
Quais são as medidas socioeducativas? O rol de medidas socioeducativas está previsto no art. 112
do ECA. Assim, quando um adolescente pratica um ato infracional ele poderá receber as seguintes
medidas:
I – advertência;
II – obrigação de reparar o dano;
III – prestação de serviços à comunidade;
IV – liberdade assistida;
V – inserção em regime de semiliberdade;
VI – internação em estabelecimento educacional;
VII – qualquer uma das medidas protetivas previstas no art. 101, I a VI do ECA (exs:
orientação, matrícula obrigatória em escola, inclusão em programa comunitário, entre
outras).
Procedimento aplicável no caso de apuração de ato infracional: A apuração de ato infracional
praticado por criança ou adolescente é regulada por alguns dispositivos do ECA. No entanto,
como o Estatuto não tratou de forma detalhada sobre o tema, o art. 152 determina que sejam
aplicadas subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação processual pertinente.
No caso de apuração de ato infracional, aplica-se subsidiariamente o CPP ou o CPC? Depende.
Aplica-se:
• o CPP para o processo de conhecimento (representação, produção de provas, memoriais,
sentença);
• o CPC para as regras do sistema recursal (art. 198 do ECA).
Resumindo:
1ª opção: normas do ECA.
Na falta de normas específicas:
• CPP: para regular o processo de conhecimento.
• CPC: para regular o sistema recursal.
Imagine agora a seguinte situação hipotética: João, com 17 anos e 11 meses de idade, praticou ato
infracional equiparado a roubo. O Promotor de Justiça ofereceu representação ao Juiz, propondo a
instauração de procedimento para aplicação da medida socioeducativa (art. 182, ECA). A
“representação” de que trata o ECA é como se fosse a “denúncia” do processo penal. O Juiz
entendeu que não era o caso de rejeição da representação e, assim, designou audiência de
apresentação do adolescente. Na audiência de apresentação, o Juiz ouviu o adolescente e seus
pais. Em seguida, o juiz, por entender que não era o caso de conceder remissão judicial,
determinou o prosseguimento do processo com a realização de instrução. Depois da instrução foi
realizado o debate entre MP e defesa. Chegou o momento de o Juiz proferir a sentença. Ocorre que
o magistrado verificou que, em virtude da demora na tramitação do processo, João já está
atualmente com 19 anos.
Diante disso, surgiu a dúvida: é possível que João continue sendo julgado pelo juízo da Vara de
Infância e Adolescência mesmo já tendo atingido a maioridade penal (18 anos)? É possível que o
magistrado aplique alguma medida socioeducativa em relação a João mesmo ele já sendo adulto
(maior de 18 anos)? SIM. A medida socioeducativa pode ser aplicada ao indivíduo maior de 18
anos, desde que o ato infracional tenha sido praticado antes, ou seja, quando ele ainda era
adolescente. A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional
nem na aplicabilidade de medida socioeducativa.
Outra situação: Pedro, com 17 anos de idade, recebeu medida socioeducativa de internação pela
prática de ato infracional. Ele está cumprindo medida em uma unidade de internação de
adolescentes infratores. Ocorre que Pedro completou 18 anos. Ele pode continuar cumprindo a
internação? SIM. A superveniência da maioridade penal não interfere na aplicabilidade de
medida socioeducativa. Em palavras mais simples: o fato de o adolescente ter completado 18 anos
durante o cumprimento da medida socioeducativa não faz com que essa execução tenha que ser
encerrada. Ela continuará normalmente até o Juiz entenda que a medida já cumpriu a sua
finalidade ou até que o indivíduo complete 21 anos. Se o interno completar 21 anos, deverá ser
obrigatoriamente liberado, encerrando o regime de internação.
Mas o ECA pode ser aplicado para maiores de 18 anos? Existe possibilidade legal para isso? SIM.
Essa autorização encontra-se prevista no art. 2º, § único e no art. 121, § 5º do ECA:
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às
pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
Desse modo, um exemplo desse § único do art. 2º do ECA é justamente a possibilidade de
aplicação e cumprimento de medida socioeducativa para pessoas entre 18 e 21 anos, desde que o
fato tenha sido praticado antes de atingida da maioridade penal, ou seja, antes dos 18 anos.
Idade na data do fato: O que interessa para saber se a pessoa deve responder por ato infracional é
considerar a sua idade na data do fato, e não na data do julgamento ou do cumprimento da
medida (respeitada a idade máxima de 21 anos). Veja o que diz o ECA:
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas
previstas nesta Lei.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente à
data do fato.
Assim, se data do fato, o adolescente tinha menos de 18 anos, nada impede que permaneça no
cumprimento de medida socioeducativa imposta, ainda que implementada a sua maioridade
penal.
Internação até 21 anos: Vale ressaltar o art. 121 do ECA, que trata sobre a internação, prevê
expressamente a possibilidade de o indivíduo permanecer cumprindo a medida até 21 anos .
Confira:
Art. 121 (...)
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.
O art. 121, § 5º dispõe sobre a internação. Essa possibilidade de o indivíduo cumprir medida
mesmo até os 21 anos vale para a medida de semiliberdade? SIM. Existe previsão expressa
afirmando que as regras da internação, incluindo o art. 121, § 5º, podem ser aplicadas, no que
couber, à medida de semiliberdade:
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma
de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas,
independentemente de autorização judicial. (...)
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as
disposições relativas à internação.
O ECA, ao tratar sobre a liberdade assistida, não traz um dispositivo como esse do art. 120, § 2º
acima transcrito. Em razão disso, vários doutrinadores sustentaram que, para a liberdade
assistida, o cumprimento deveria ficar restrito até os 18 anos por ausência de previsão legal. Essa
tese prevaleceu? NÃO. A jurisprudência entendeu que, mesmo sem regra expressa, deve ser
permitido o cumprimento da liberdade assistida até os 21 anos, assim como ocorre com a
internação e a semiliberdade. Não há qualquer fundamento jurídico ou lógico que autorize uma
diferença de tratamento. Isso porque a internação e a semiliberdade são medidas mais gravosas
que a liberdade assistida. Desse modo, seria ilógico considerar que é possível a incidência das
medidas mais gravosas e, ao mesmo tempo, proibida a aplicação das mais brandas. Assim, o STJ
possui o entendimento pacífico de que o art. 121, § 5º do ECA admite a possibilidade da
extensão do cumprimento da medida socioeducativa até os 21 anos de idade, abarcando
qualquer que seja a medida imposta ao adolescente.
Posição do STF: O STF possui o mesmo entendimento manifestado na Súmula 605 do STJ.
Confira:
O disposto no § 5º do art. 121 da Lei 8.069/90, além de não revogado pelo art. 5º do Código
Civil, é aplicável à medida socioeducativa de semiliberdade, conforme determinação
expressa do art. 120, § 2º, do ECA. Em consequência, se o paciente, à época do fato, ainda
não tinha alcançado a maioridade penal, nada impede que ele seja submetido à
semiliberdade, ainda que, atualmente, tenha mais de dezoito anos, uma vez que a liberação
compulsória só ocorre aos vinte e um. STF. 2ª T. HC 94939, Rel. Min. Joaquim Barbosa, j.
14/10/08.
Medidas socioeducativas em meio aberto:
• Prestação de serviços à comunidade;
• Liberdade assistida.
Prestação de serviços à comunidade (art. 117, ECA): A prestação de serviços comunitários consiste
na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto
a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em
programas comunitários ou governamentais. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do
adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos
sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola
ou à jornada normal de trabalho.
Liberdade assistida (art. 118, ECA): “Baseada no instituto norte-americano do probation system,
consiste em submeter o adolescente, após sua entrega aos pais ou responsável, a uma vigilância
e acompanhamentos discretos, a distância, com o fim de impedir a reincidência e obter a
ressocialização. Na prática, consiste na obrigação de o adolescente infrator e seus responsáveis
legais comparecerem periodicamente a um posto predeterminado e, ali, entrevistarem-se com os
técnicos para informar suas atividades.” (Eduardo Roberto Alcântara Del-Campo e Thales Cezar
de Oliveira).
Medidas socioeducativas que implicam privação de liberdade:
• Semiliberdade;
• Internação.
Semiliberdade (art. 120, ECA): Pelo regime da semiliberdade, o adolescente realiza atividades
externas durante o dia, sob supervisão de equipe multidisciplinar, e fica recolhido à noite. O
regime de semiliberdade pode ser determinado como medida inicial imposta pelo juiz ao
adolescente infrator, ou como forma de transição para o meio aberto (uma espécie de
“progressão”).
Internação (art. 121, ECA): Por esse regime, o adolescente fica recolhido na unidade de
internação. A internação constitui medida privativa da liberdade e se sujeita aos princípios de
brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
Pode ser permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade,
salvo expressa determinação judicial em contrário. A medida não comporta prazo determinado,
devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis
meses. Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos. Se o interno
completar 21 anos, deverá ser obrigatoriamente liberado, encerrando o regime de internação.
Súmula 604: Mandado de segurança NÃO SE PRESTA para atribuir EFEITO SUSPENSIVO a
recurso criminal interposto pelo Ministério Público. (TJAL-2019)
OBS:
Efeito devolutivo: Significa dizer que, quando o recurso é interposto, a análise da questão
discutida é “devolvida” para a apreciação do Poder Judiciário, que irá proferir um novo
julgamento, mantendo ou não a decisão anterior. Todo recurso possui efeito devolutivo.
Efeito suspensivo: Se um recurso tem efeito suspensivo, isso significa que a sua interposição
impede a eficácia/aplicabilidade da decisão recorrida. Em outras palavras, a decisão recorrida
não produzirá efeitos (não poderá ser executada) enquanto o recurso não for julgado. Nas
palavras de Renato Brasileiro, o efeito suspensivo “consiste na impossibilidade de a decisão
impugnada produzir seus efeitos regulares enquanto não houver a apreciação do recurso
interposto.” (LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 3ª ed. Salvador: JusPodivm,
2015, p. 1664).
Exemplo de recurso com efeito suspensivo: Apelação contra a sentença condenatória.
Exemplos de recursos sem efeito suspensivo:
Recurso em sentido estrito (em regra).
Agravo em execução (art. 197 da LEP), salvo no caso de decisão que determina a
desinternação ou liberação de quem cumpre medida de segurança.
Imagine agora a seguinte situação hipotética: João encontra-se em presídio federal. Terminou o
prazo para a sua permanência e a consequência natural disso é que ele retornaria para o presídio
estadual. O MP requereu a renovação de sua permanência na unidade prisional federal. O juiz,
contudo, negou o pedido e determinou o encaminhamento de João ao presídio estadual. Contra
essa decisão, o MP interpôs agravo em execução ao Tribunal de Justiça. O agravo em execução é
um recurso que possui efeito meramente devolutivo, ou seja, não goza de efeito suspensivo. Isso
significa que a decisão determinando o retorno de João ao presídio estadual já poderia produzir
efeitos. Diante desse cenário, o MP, além de interpor o agravo em execução, impetrou também
um mandado de segurança no próprio TJ, distribuído por dependência para o Desembargador
Relator do agravo em execução, pedindo a concessão de efeito suspensivo para o recurso
interposto. Em outras palavras, o MP afirmou: eu sei que o agravo em execução não possui efeito
suspensivo ope legis (por força de lei), portanto, estou pedindo nesse mandado de segurança, que
seja atribuído efeito suspensivo ope iudicis (efeito suspensivo impróprio), ou seja, por decisão do
magistrado, segundo a análise do caso concreto considerando que a transferência do preso
poderia gerar dano irreparável ou de difícil reparação à sociedade.
Esse mandado de segurança poderá ser concedido? É possível a impetração de mandado de
segurança nesses casos? NÃO. O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito
suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério Público. Se a lei não confere efeito
suspensivo para aquele recurso, não se pode dizer que a parte tenha direito líquido e certo de
obtê-lo. Logo, se não existe direito líquido e certo, não é caso de concessão de mandado de
segurança. Nesse sentido:
A jurisprudência do STJ é firme no sentido do descabimento de mandado de segurança
para conferir efeito suspensivo a recurso em sentido estrito interposto à decisão que
concede liberdade provisória, por ausência de amparo legal e por tal manejo refugir ao
escopo precípuo da ação mandamental. STJ. 6ª T. AgRg no HC 384.863/SP, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, j. 05/10/2017.8
Outro argumento invocado pela jurisprudência para não admitir o MS nesses casos é o de que,
“por observância ao princípio constitucional do devido processo legal, não pode o Parquet
buscar restringir o direito do acusado além dos limites conferidos pela legislação de regência”
(Min. Felix Fischer).
Exemplo comum no qual o MP tenta o MS e a jurisprudência rechaça: O juiz defere a liberdade
provisória em favor do réu e o MP interpõe RESE contra essa decisão (art. 581, V, CPP). Ocorre
que esse recurso não tem efeito suspensivo. Logo, mesmo ainda estando pendente o RESE, o réu já
será colocado em liberdade (a decisão concessiva de liberdade já será imediatamente executada).
Tentando evitar isso, o MP impetra mandado de segurança pedindo a concessão de efeito
suspensivo. Esse pedido, contudo, não terá êxito. Isso porque a jurisprudência entende que não é
cabível a impetração de mandado de segurança para fins de conferir efeito suspensivo a recurso
em sentido estrito interposto contra decisão que defere a liberdade provisória.
Por que a súmula fala apenas em “Ministério Público” (e não inclui a defesa do réu)? Porque, no
caso do réu, o instrumento cabível não seria o mandado de segurança, mas sim o habeas corpus
para evitar a execução provisória de uma decisão que lhe é desfavorável.
Já que não cabe mandado de segurança, qual seria o instrumento cabível a ser manejado pelo
MP? O MP poderia propor uma medida cautelar para tentar obter efeito suspensivo do recurso.
É o que ocorre, por exemplo, no caso dos recursos especial e extraordinário.
(MPMT-2019-FCC): Na fase de execução penal, foi proferida decisão que concedeu progressão de
regime ao condenado. O órgão do Ministério Público interpôs recurso de agravo, nos termos do
art. 197, da Lei de Execuções Penais e Mandado de Segurança, objetivando dar efeito suspensivo
ao agravo em execução. Em relação ao Mandado de Segurança interposto é correto afirmar: O
Mandado de Segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo ao agravo em execução
interposto. BL: S. 604, STJ.
Súmula 603: É vedado ao banco mutuante reter em qualquer extensão o salário, os vencimentos e/ou
proventos de correntista para adimplir o mútuo comum contraído, ainda que haja cláusula
contratual autorizativa, excluído o empréstimo garantido por margem salarial consignada, com
desconto em folha de pagamento, que possui regramento legal específico e admite a retenção de
percentual. (CANCELADA)
OBS: A Súmula 603 do STJ, que havia sido aprovada em 22/02/2018, foi CANCELADA hoje
(22/08/2018), apenas quatro meses após a sua edição.
Por que a súmula foi cancelada em tão pouco tempo? O STJ entendeu que a redação dada à
súmula não foi a mais adequada e que ela estava gerando interpretações equivocadas por partes
dos juízes e Tribunais.
O que o STJ queria dizer com a Súmula 603? Que o banco não pode “invadir” a conta do
8
(MPRO-2008-CESPE): Com relação ao mandado de segurança em matéria penal, assinale a opção correta
à luz do entendimento do STJ: O MP não possui legitimidade para propor ação mandamental com o fim
de conferir efeito suspensivo a recurso de agravo em execução. BL: Entend. Jurisprud.
correntista e se apropriar do salário/remuneração ali depositado para salvar uma dívida que esse
cliente tenha com a instituição financeira. A conduta de instituição financeira que desconta o
salário do correntista para quitação de débito contraria o art. 7º, X, da Constituição Federal e o art.
833, IV, do CPC, pois estes dispositivos visam à proteção do salário do trabalhador, seja ele
servidor público ou não, contra qualquer atitude de penhora, retenção, ou qualquer outra conduta
de restrição praticada pelos credores, salvo no caso de prestações alimentícias. A instituição
financeira terá que buscar a satisfação de seu crédito pelas vias judiciais próprias (ajuizar ação de
cobrança, monitória ou de execução, a depender do caso concreto).
Exemplo do que a súmula queria proibir: João é servidor público aposentado e recebe seus
proventos no banco “Moreal”. João fez contrato de mútuo com o banco, tendo tomado emprestado
R$ 40 mil. O mutuário pagou quase todo o empréstimo, mas ficou devendo R$ 11 mil. Ocorre que,
em vez de buscar os meios judiciais para receber a dívida, o banco passou a reter o valor de toda a
aposentadoria de João (R$ 1.500) todas as vezes que ela era depositada, até quitar integralmente a
dívida. A conduta do banco não foi lícita. É ilegal a conduta do banco de se apropriar do salário
do cliente, depositado na conta-corrente, ainda que seja para pagar um mútuo (empréstimo)
contraído com esta instituição financeira.
Como a súmula estava sendo interpretada? Os juízes e Tribunais estavam entendendo que a
súmula proibiu todo e qualquer desconto realizado em conta corrente, mesmo em conta que não é
salário, mesmo que exista prévia e atual autorização concedida pelo correntista.
Exemplo do que a súmula NÃO queria proibir, mas que estava sendo vedado com base nela: João é
servidor público aposentado e recebe seus proventos no banco “BB”. João fez contrato de mútuo
com o banco e as parcelas são descontadas diretamente de conta-corrente todas as vezes em que é
depositado algum dinheiro.
OBS:
Cooperativas habitacionais: Existem determinados empreendimentos habitacionais que são
planejados, construídos e comercializados por sociedades cooperativas. Um exemplo famoso é o
da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop). A Bancoop foi criada com o
objetivo de construir e vender imóveis (em geral, apartamentos) para os trabalhadores bancários.
A ideia das cooperativas habitacionais é nobre, considerando que o objetivo, em tese, é o de
facilitar que um grupo de pessoas consiga adquirir sua casa própria de forma facilitada, com
preços menores, juros mais baixos e prazo mais extenso para pagamento. Isso porque, na teoria, a
cooperativa não possui finalidade de lucro. Sua finalidade seria apenas a de facilitar para que
aquele grupo de pessoas consiga atingir seu objetivo, que, no caso, seria construir um
empreendimento imobiliário para moradia. Algumas vezes, contudo, os fins originais das
cooperativas habitacionais foram desvirtuados, sendo comum notícias de irregularidades e até
mesmo de crimes cometidos por determinados dirigentes de sociedades cooperativas. Assim,
infelizmente, aconteceram vários casos de sociedades cooperativas que atrasaram a entrega ou
mesmo não entregaram os empreendimentos habitacionais que lançaram e pelos quais as pessoas
pagaram com o objetivo de ali morarem.
Essas questões foram levadas até o Judiciário e surgiu a seguinte dúvida: os adquirentes desses
imóveis podem ser considerados consumidores? As cooperativas habitacionais podem ser
classificadas como fornecedoras? Essa relação jurídica é regida pelo Código de Defesa do
Consumidor? SIM. O STJ, há muito tempo, firmou a posição de que a cooperativa que promove
um empreendimento habitacional assume posição jurídica equiparada a uma incorporadora
imobiliária, estando sujeita, portanto, às disposições do CDC. Quando lança um plano
habitacional, a cooperativa age como prestadora de serviços, e os seus cooperados (adquirentes) se
equiparam a consumidores. Os cooperados adquirem o imóvel como destinatários finais e são
considerados vulneráveis, razão pela qual se enquadram no conceito de consumidores.
Súmula 601: O Ministério Público TEM LEGITIMIDADE ATIVA para atuar na defesa dos direitos
difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, AINDA QUE DECORRENTES da
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS. (MPMS-2018) (TJBA-2019) (TJRJ-2019) (MPGO-2019)
(MPMT-2019) (MPPI-2019) (MPPR-2019)
OBS:
Legitimidade do MP para a ACP: O MP está legitimado a promover ação civil pública para a
defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos. No entanto, o MP somente terá
representatividade adequada para propor a ACP se os direitos/interesses discutidos na ação
estiverem relacionados com as suas atribuições constitucionais, que são previstas no art. 127 da
CF:
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do
Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis.
Desse modo, indaga-se: o MP possui legitimidade para ajuizar ACP na defesa de qualquer direito
difuso, coletivo ou individual homogêneo? O entendimento majoritário está exposto a seguir:
“A tutela efetiva de consumidores possui relevância social que emana da própria Constituição
Federal (arts. 5º, XXXII, e 170, V).” (STJ. 3ª Turma. REsp 1254428/MG, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, julgado em 02/06/2016).
Assim, “o Ministério Público ostenta legitimidade ativa para a propositura de Ação Civil
Pública objetivando resguardar direitos individuais homogêneos dos consumidores.” (STJ. 2ª
Turma. AgInt no REsp 1569566/MT, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 7/3/17).
Os direitos dos consumidores muitas vezes são disponíveis (ex: direitos patrimoniais). Mesmo
assim, o Ministério Público terá legitimidade para a ação civil pública em tais casos? O MP tem
legitimidade para a defesa de direitos individuais homogêneos de consumidores mesmo que estes
sejam direitos disponíveis? SIM. O MP tem legitimidade ativa para a propositura de ação civil
pública destinada à defesa de direitos individuais homogêneos de consumidores, ainda que
disponíveis, pois se está diante de legitimação voltada à promoção de valores e objetivos
definidos pelo próprio Estado (STJ. 3ª Turma. REsp 1254428/MG, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, j. 02/06/2016).
A relação de consumo pode se dar com o Poder Público. Em outras palavras, o Estado presta
serviços públicos a uma infinidade de consumidores. Neste caso, o Ministério Público possui
legitimidade para a defesa em juízo dos direitos individuais homogêneos desses consumidores?
SIM. Com mais razão ainda. O MP possui legitimidade para promover ação civil pública para
tutelar não apenas direitos difusos ou coletivos de consumidores, mas também direitos
individuais homogêneos, inclusive quando decorrentes da prestação de serviços públicos (STJ.
1ª Turma. REsp 929.792/SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 18/02/2016).
Ex: ACP proposta pelo MP contra o Município e contra a empresa concessionária do serviço
público de transporte de passageiros questionando o reajuste da tarifa de ônibus, que teria sido
abusivo, violando os direitos individuais homogêneos dos consumidores.
A explicação da súmula já acabou. Vamos agora relembrar o que são direitos difusos, coletivos e
individuais homogêneos:
Gênero: os direitos ou interesses coletivos (lato sensu) são o gênero. Eles são chamados de
direitos ou interesses transindividuais, metaindividuais ou supraindividuais.
Espécies: esses direitos coletivos (em sentido amplo) são divididos em três espécies:
COLETIVOS INDIVIDUAIS
DIFUSOS
(em sentido estrito) HOMOGÊNEOS
Ex: determinado lote de um
Ex: direito ao meio ambiente Ex: reajuste abusivo das
remédio causou lesão a alguns
ecologicamente equilibrado. mensalidades escolares.
consumidores.
São classificados como direitos
São classificados como direitos São classificados como direitos ACIDENTALMENTE
ESSENCIALMENTE ESSENCIALMENTE COLETIVOS (isso porque são
COLETIVOS. COLETIVOS. direitos individuais, mas tratados
como se fossem coletivos).
Há uma transindividualidade
ARTIFICIAL, formal ou
São transindividuais (há uma São transindividuais (há uma
relativa (são direitos individuais
transindividualidade real ou transindividualidade real ou
que, no entanto, recebem
material). material).
tratamento legal de direitos
transindividuais).
Têm natureza INDIVISÍVEL. Têm natureza DIVISÍVEL.
Têm natureza INDIVISÍVEL.
Tais direitos pertencem a todos
O resultado será o mesmo para O resultado da demanda pode
de forma simultânea e
aqueles que fizerem parte do ser diferente para os diversos
indistinta.
grupo, categoria ou classe de titulares (ex: o valor da
O resultado será o mesmo para
pessoas. indenização pode variar).
todos os titulares.
Os titulares são pessoas: Os titulares são pessoas: Os titulares são pessoas:
• indeterminadas e • indeterminadas, • determinadas; ou
• indetermináveis. • mas determináveis. • determináveis.
Não se tem como determinar Os titulares são, a princípio,
(dizer de maneira específica) indeterminados, mas é
quem são os titulares desses possível que eles sejam
direitos. Isso porque são identificados.
direitos que não pertencem a Os titulares fazem parte de um
apenas uma pessoa, mas sim à grupo, categoria ou classe de
coletividade. pessoas.
Caracterizam-se, portanto, pela Caracterizam-se, portanto, pela Caracterizam-se, portanto, pela
indeterminabilidade indeterminabilidade DETERMINABILIDADE.
ABSOLUTA. RELATIVA.
Os titulares desses direitos
NÃO possuem relação EXISTE uma relação jurídica
jurídica entre si. base entre os titulares.
Os titulares não são ligados
entre si, mas seus interesses
Os titulares são ligados por Os titulares são ligados entre si
decorrem de uma ORIGEM
CIRCUNSTÂNCIAS DE ou com a parte contrária em
COMUM.
FATO. virtude de uma RELAÇÃO
Os titulares se encontram em JURÍDICA BASE.
uma situação de fato comum.
Outros exemplos:
interesses ligados aos
membros de um mesmo
sindicato ou partido;
integrantes de um mesmo Outros exemplos:
Outros exemplos: patrimônio
conselho profissional (ex: Ex: pílula de farinha como
histórico; moralidade
OAB). anticoncepcional: só tem direito
administrativa; publicidade
a mulher que comprovar que
enganosa divulgada pela TV.
O MP tem legitimidade para tomou o remédio daquele lote.
promover ACP cujo
fundamento seja a ilegalidade
de reajuste de mensalidades
escolares (Súmula 643-STF).
Atenção: a definição legal dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos é
fornecida pelo art. 81, parágrafo único do CDC.
Súmula 600: Para configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei
11.340/2006, Lei Maria da Penha, NÃO SE EXIGE A COABITAÇÃO entre autor e vítima. (MPPB-
2018) (DPEPE-2018) (TJAC-2019) (MPPI-2019)
OBS:
Requisitos para que se configure a violência doméstica e familiar prevista na Lei Maria da Penha:
a) sujeito passivo (vítima) deve ser pessoa do sexo feminino (não importa se criança,
adulta ou idosa, desde que seja do sexo feminino);
b) sujeito ativo pode ser pessoa do sexo masculino ou feminino;
c) ocorrência de violência baseada em relação íntima de afeto, motivação de gênero ou
situação de vulnerabilidade, nos termos do art. 5º da Lei.
Coabitação significa morar sob o mesmo teto. É possível a aplicação da Lei Maria da Penha (Lei
11.340/06) mesmo que não haja coabitação entre autor e vítima? SIM. É possível que haja
violência doméstica mesmo que agressor e vítima não convivam sob o mesmo teto (não morem
juntos). Isso porque o art. 5º, III, da Lei afirma que há violência doméstica em qualquer relação
íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
independentemente de coabitação.
Exemplos:
Ex1: violência praticada por irmão contra irmã, ainda que eles nem mais morem sob o
mesmo teto (STJ. 5ª T. REsp 1239850/DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/02/2012);
Ex2: é possível que a agressão cometida por ex-namorado configure violência doméstica
contra a mulher ensejando a aplicação da Lei nº 11.340/2006 (STJ. 5ª T. HC 182.411/RS, Rel.
Min. Adilson Vieira Macabu (Des. Conv. do TJ/RJ), j. 14/8/12).
A intenção do legislador, ao editar a Lei Maria da Penha, foi de dar proteção à mulher que
tenha sofrido agressão decorrente de relacionamento amoroso, e não de relações
transitórias, passageiras, sendo desnecessária, para a comprovação do aludido vínculo, a
coabitação entre o agente e a vítima ao tempo do crime. STJ. 6ª T. HC 181.246/RS, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, DJe 06/09/2013.
A caracterização da violência doméstica e familiar contra a mulher não depende do fato de agente
e vítima conviverem sob o mesmo teto. Assim, embora a agressão tenha ocorrido em local público,
ela foi nitidamente motivada pela relação familiar que o agente mantém com a vítima, sua irmã,
circunstância que dá ensejo à incidência da Lei Maria da Penha. STJ. 5ª Turma. HC 280.082/RS,
Rel. Min. Jorge Mussi, j. 12/2/15.
(MPMT-2019-FCC): De acordo com o entendimento do STJ sobre a aplicação da Lei 11.340/06 (Lei
Maria da Penha): É possível a aplicação da Lei Maria da Penha para violência praticada por irmão
contra irmã, ainda que eles nem mais morem sob o mesmo teto. BL: S. 600, STJ.
OBS:
Princípio da insignificância: Quem primeiro tratou sobre o princípio da insignificância no direito
penal foi Claus Roxin, em 1964. Também é chamado de “princípio da bagatela” ou “infração
bagatelar própria”. O princípio da insignificância não tem previsão legal no direito brasileiro.
Trata-se de uma criação da doutrina e da jurisprudência. Para a posição majoritária, o princípio da
insignificância é uma causa supralegal de exclusão da tipicidade material. Se o fato for penalmente
insignificante, significa que não lesou nem causou perigo de lesão ao bem jurídico. Logo, aplica-se
o princípio da insignificância e o réu é absolvido por atipicidade material, com fundamento no art.
386, III do CPP. O princípio da insignificância atua, então, como um instrumento de interpretação
restritiva do tipo penal.
O princípio da insignificância pode ser aplicado aos crimes contra a Administração Pública? Para
o STJ, não. Não se aplica o princípio da insignificância aos crimes contra a Administração Pública,
ainda que o valor da lesão possa ser considerado ínfimo. Segundo o STJ, os crimes contra a
Administração Pública têm como objetivo resguardar não apenas o aspecto patrimonial, mas,
principalmente, a moral administrativa. Logo, mesmo que o valor do prejuízo seja insignificante,
deverá haver a sanção penal considerando que houve uma afronta à moralidade administrativa,
que é insuscetível de valoração econômica.
O STF concorda com a Súmula 599 do STJ? NÃO. No STF, há julgados admitindo a aplicação do
princípio mesmo em outras hipóteses além do descaminho, como foi o caso do HC 107370, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/04/2011 e do HC 112388, Rel. p/ Acórdão Min. Cezar
Peluso, julgado em 21/08/2012.
Segundo o entendimento que prevalece no STF, a prática de crime contra a Administração Pública,
por si só, não inviabiliza a aplicação do princípio da insignificância, devendo haver uma análise
do caso concreto para se examinar se incide ou não o referido postulado.
Súmula 598: É desnecessária a apresentação de laudo médico oficial para o reconhecimento judicial
da isenção do Imposto de Renda, desde que o magistrado entenda suficientemente demonstrada a
doença grave por outros meios de prova.
OBS:
Isenção de imposto de renda sobre os proventos da aposentadoria para doentes graves: O imposto
de renda é regido pela Lei nº 7.713/88. Esta Lei prevê que as pessoas portadoras de neoplasia
maligna ou outras doenças graves e que estejam na inatividade não pagarão imposto de renda
sobre os rendimentos recebidos a título de aposentadoria, pensão ou reforma (art. 6º, XIV). Em
palavras mais simples: pessoas portadoras de doenças elencadas pela legislação não pagarão
imposto de renda sobre os rendimentos que receberem a título de aposentadoria, pensão ou
reforma. Para ter direito à isenção do imposto de renda é necessária a cumulação de dois
requisitos pelo contribuinte:
a) receber proventos de aposentadoria, pensão ou reforma; e
b) estar acometido de uma das doenças arroladas no dispositivo legal.
Imagine agora a seguinte situação hipotética: João, aposentado, estava apresentando problemas
de saúde e foi internado em um hospital particular. Fez diversos exames nos quais ficou
constatado que ele está com neoplasia maligna (câncer). Diante disso, ele requereu isenção do
imposto de renda sobre os valores que ele recebe a título de aposentadoria. Para tanto, ele juntou
todos os laudos dos exames que realizou, assim como uma declaração do médico do hospital. A
Receita Federal, contudo, indeferiu o pedido alegando que, para ter direito à isenção, seria
indispensável a apresentação de um laudo médico oficial, conforme exige o art. 30 da Lei nº
9.250/95:
Art. 30. A partir de 1º de janeiro de 1996, para efeito do reconhecimento de novas isenções
de que tratam os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988,
com a redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, a moléstia
deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Inconformado, João ingressou com ação judicial pedindo o reconhecimento de seu direito à
isenção com base nos inúmeros laudos médicos particulares que examinaram a sua situação e que
atestaram a existência da moléstia.
O juiz poderá acolher o pedido de João? O magistrado pode reconhecer o direito à isenção do
Imposto de Renda de que trata o art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713/88 apenas com base em documentos
médicos particulares (sem um laudo médico oficial)? SIM. A comprovação da moléstia grave para
fins de isenção de imposto de renda não precisa ser comprovada mediante laudo médico OFICIAL
podendo o magistrado valer-se de outras provas produzidas. Esse entendimento reiterado do STJ
deu origem à Súmula 598.
E o art. 30 da Lei 9.250/95? O STJ entende que a norma prevista no art. 30 da Lei 9.250/95 é uma
regra aplicável apenas para a Administração Pública, de forma que ela não vincula (limita) o
juiz. Isso porque o magistrado, no momento de julgar, goza do “livre convencimento motivado”
(persuasão racional), podendo apreciar, de forma motivada, as provas produzidas, conforme
autorizado pelos arts. 371 e 479 do CPC/2015:
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a
tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento.
Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto no art. 371, indicando
na sentença os motivos que o levaram a considerar ou a deixar de considerar as conclusões
do laudo, levando em conta o método utilizado pelo perito.
Nesse sentido: STJ. 1ª T. AgRg no AREsp 533.874/RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j.
16/5/17.
Obs: alguns autores afirmam que, com o novo CPC, não seria mais correto falar em “livre”
convencimento motivado. É o caso, por exemplo, de Fredie Didier:
“Todas as referências ao ‘livre convencimento motivado’ foram extirpadas do texto do
Código. O silêncio é eloquente. O convencimento do julgador deve ser racionalmente
motivado: isso é quanto basta para a definição do sistema de valoração da prova pelo juiz adotado
pelo CPC-2015. Não é mais correta, então, a referência ao ‘livre convencimento motivado’ como
princípio fundamental do processo civil brasileiro; não é dogmaticamente aceitável, do mesmo modo,
valer-se desse jargão para fundamentar as decisões judiciais. (...)” (DIDIER, Fredie. Curso de
Direito Processual Civil. Vol. 2., Salvador: Juspodivm, 2015, p. 102-103).
Apesar dessa relevantíssima posição doutrinária acima, é importante registrar que, para a maioria
da doutrina e da jurisprudência, continua sendo possível falar em livre convencimento
motivado. O próprio STJ permanece utilizado essa nomenclatura:
(...) O art. 370 do Novo Código de Processo Civil (art. 130 do CPC/1973) consagra o
princípio do livre convencimento motivado, segundo o qual o magistrado fica habilitado a
valorar, livremente, as provas trazidas à demanda. (...) STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp
1169112/SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 27/6/17.
Súmula 597: A cláusula contratual de plano de saúde que PREVÊ carência para utilização dos
serviços de assistência médica nas situações de emergência ou de urgência É CONSIDERADA
ABUSIVA SE ULTRAPASSADO o prazo máximo de 24 horas, contado da data da contratação.
(TJMT-2018) (MPMS-2018) (TJPR-2019) (MPGO-2019)
OBS:
O que é carência nos contratos de plano de saúde? Carência é o tempo que a pessoa terá que
esperar para poder gozar dos serviços oferecidos pelo plano de saúde. Esse prazo normalmente
varia de acordo com o procedimento médico ou hospitalar. Ex: consultas médicas, sem carência;
partos – carência de 300 dias etc. Os prazos de carência devem estar previstos no contrato.
É lícita a cláusula contratual do plano de saúde que estabeleça prazos de carência? Em regra, sim,
desde que respeitados os limites máximos estabelecidos pela Lei nº 9.656/98.
Imagine agora a seguinte situação hipotética: João, há dois meses, contratou o plano de saúde
“X”. João estava se sentindo mal e foi até o hospital conveniado ao plano. Constatou-se que ele
necessitava de internação em caráter de urgência/emergência, porque estava com suspeita de
AVC. O plano de saúde negou a autorização para internação alegando que existe uma cláusula no
contrato prevendo carência de 180 dias para que o usuário tenha direito à internação.
Foi lícita a conduta do plano de saúde de negar a internação? NÃO. A seguradora tinha a
obrigação de arcar com a internação, mesmo estando no período de carência. Em se tratando de
procedimento de emergência ou de urgência, ou seja, de evento que se não for realizado
imediatamente implica em risco concreto de morte ou lesão irreparável para o paciente, deve ser
adotado o prazo de carência de vinte e quatro horas e não o de cento e oitenta dias , sob pena de
violação à legítima expectativa do consumidor ao celebrar o contrato para preservar a sua vida,
sua saúde e sua integridade física. Nesse sentido: STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1448660/MG, Rel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 04/04/2017.
A legislação permite que o contrato estipule prazo de carência (art. 12, da Lei 9.656/98). No
entanto, mesmo havendo carência, os planos de saúde e seguros privados de saúde são obrigados
a oferecer cobertura nos casos de urgência e emergência a partir de 24 horas depois de ter sido
assinado o contrato (art. 12, V, c).
Os arts. 18, § 6º, III, e 20, § 2º, do CDC, preveem a necessidade da adequação dos produtos e
serviços à legítima expectativa do consumidor de, em caso de pactuação de contrato oneroso de
seguro de assistência à saúde, não ficar desamparado no que tange a procedimento médico
premente e essencial à preservação de sua vida.
Súmula 596: A OBRIGAÇÃO ALIMENTAR dos avós TEM natureza complementar e subsidiária,
SOMENTE SE CONFIGURANDO no caso da IMPOSSIBILIDADE TOTAL ou PARCIAL de seu
cumprimento pelos pais. (TJMG-2018) (MPMS-2018) (TJAC-2019) (TJRO-2019) (MPSC-2019)
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João é um jovem rico empresário. Ele é casado e possui
duas filhas deste casamento. Além disso, possui também um terceiro filho (Bernardo), caçula,
fruto de um relacionamento extraconjugal. João pagava 5 salários-mínimos de pensão alimentícia
para o filho. Ocorre que, determinado dia, o empresário sofreu um acidente e faleceu. Com a
morte, foi aberto inventário judicial para apurar quais foram os bens deixados pelo falecido e,
após isso, realizar a partilha entre os herdeiros. Vale ressaltar que, como o patrimônio deixado por
João é grande, é provável que o inventário demore alguns anos para ser concluído. Um mês após a
morte, Bernardo, representado por sua mãe, ajuizou ação de alimentos contra o pai de João,
alegando que, com a morte deste, a criança ficou desassistida e precisa urgentemente da quantia
que já era paga para suas necessidades diárias. Segundo alegou Bernardo, diante da morte de seu
pai, a obrigação de prestar os alimentos deverá ser transmitida automaticamente para seu avô
paterno, que é um rico empresário, detentor de grande fortuna. O pedido de Bernardo foi
fundamentado no art. 1.696 do Código Civil:
Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a
todos os ascendentes (ex: avós), recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em
falta de outros.
O pedido de Bernardo deverá ser acolhido? NÃO. A obrigação dos avós de prestar alimentos tem
natureza complementar e subsidiária e somente exsurge se ficar demonstrada a impossibilidade
de os dois genitores proverem os alimentos dos filhos, ou de os proverem de forma suficiente.
Assim, morrendo o pai que pagava os alimentos, só se poderá cobrar alimentos dos avós se ficar
demonstrado que nem a mãe nem o espólio do falecido têm condições de sustentar o filho. Não
tendo ficado demonstrada a impossibilidade ou a insuficiência do cumprimento da obrigação
alimentar pela mãe, como também pelo espólio do pai falecido, não há como reconhecer a
obrigação do avô de prestar alimentos.
O falecimento do pai do alimentante não implica a automática transmissão do dever alimentar
aos avós. Nesse sentido: STJ. 4ª Turma. REsp 1.249.133-SC, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Rel.
para acórdão Min. Raul Araújo, j. 16/6/2016 (Info 587).
Demonstrar a impossibilidade da mãe: A primeira questão a ser ressaltada é que, para a ação de
alimentos ajuizada contra os avós ter êxito, é indispensável que se demonstre que nem o pai nem a
mãe têm condições de sustentar o alimentando. No caso concreto, o pai já era falecido, mas o autor
(Bernardo) teria que demonstrar que a sua mãe também não tinha condições de sustentar o filho.
Isso porque a obrigação alimentar avoenga (entre avós e netos) tem natureza complementar e
subsidiária. Confira:
(...) A obrigação alimentar dos avós apresenta natureza complementar e subsidiária,
somente se configurando quando pai e mãe não dispuserem de meios para promover as
necessidades básicas dos filhos. 2. Necessidade de demonstração da impossibilidade de
os dois genitores proverem os alimentos de seus filhos. 3. Caso dos autos em que não
restou demonstrada a incapacidade de a genitora arcar com a subsistência dos filhos. 4.
Inteligência do art. 1.696 do Código Civil. (...) STJ. 3ª T. REsp 1.415.753/MS, Rel. Min. Paulo
de Tarso Sanseverino, j. 24/11/2015.
Demonstrar a impossibilidade do espólio: Além disso, para intentar a ação contra o avô, o autor
também teria que ter demonstrado que o espólio de seu pai não tinha condições de continuar
pagando a pensão alimentícia.
Obs: o espólio é o ente despersonalizado que representa a herança em juízo ou fora dele. Mesmo
sem possuir personalidade jurídica, o espólio tem capacidade para praticar atos jurídicos (ex.:
celebrar contratos no interesse da herança) e tem legitimidade processual (pode estar no polo ativo
ou passivo da relação processual) (FARIAS, Cristiano Chaves. et. al., Código Civil para concursos.
Salvador: Juspodivm, 2013, p. 1396).
Ação deveria ter sido dirigida contra o espólio: Desse modo, no caso concreto, Bernardo deveria
ter ajuizado a ação de alimentos contra o espólio de seu pai. O alimentando é herdeiro do
falecido e, por isso, deveria ter pedido alimentos ao espólio de seu pai.
Não há transmissão automática do dever de alimentar aos avós: Não é correta, portanto, a
afirmação de que o dever de alimentar transmite-se automaticamente aos avós em caso de
falecimento do pai que pagava a pensão.
(MPMS-2018): Assinale a alternativa correta: A obrigação alimentar dos avós tem natureza
complementar e subsidiária, somente se configurando no caso de impossibilidade total ou parcial
de seu cumprimento pelos pais. BL: S. 596, STJ.
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: João matriculou-se na primeira turma do curso de
bacharelado em Direito da UNISABES (Universidade do Saber). Quando João se formou, em 2010,
a Universidade ainda não havia conseguido obter o reconhecimento do curso junto ao Ministério
da Educação, de forma que ela não pode emitir os diplomas de Bacharel em Direito. Assim, apesar
de aprovado no exame da OAB, João não pode obter a sua inscrição como advogado. A situação
somente foi resolvida 18 meses depois. Diante disso, o ex-aluno ingressou com ação de
indenização por danos morais e materiais contra a UNISABES. Vale ressaltar que no momento em
que o curso foi oferecido não se informou aos alunos que a Universidade ainda não havia
conseguido o reconhecimento.
Qual é a natureza da relação jurídica firmada entre João e o Instituto? Relação de consumidor e
fornecedor. A relação jurídica firmada entre o aluno e a instituição de ensino particular é uma
relação de índole consumerista considerando que o aluno é o destinatário final dos serviços
prestados pela faculdade. Além disso, o aluno possui vulnerabilidade jurídica frente à instituição.
Assim, “a instituição de ensino superior responde objetivamente pelos danos causados ao aluno
em decorrência da falta de reconhecimento do curso pelo MEC, quando violado o dever de
informação ao consumidor.” (STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp 651.099/PR, Rel. Min. Marco Buzzi,
j. 26/5/15).
Em caso de informação prévia, não se pode dizer que os alunos foram surpreendidos com a
situação, tendo sido enganados pela instituição ao longo dos anos de curso. Não houve engodo ou
violação do dever de informação. A situação do curso era conhecida por todos e as providências
cabíveis foram tomadas pela Instituição, razão pela qual não há direito à indenização.
Súmula 594: O Ministério Público TEM legitimidade ativa para ajuizar AÇÃO DE ALIMENTOS
em proveito de criança ou adolescente INDEPENDENTEMENTE do exercício do poder familiar
dos pais, ou do fato de o menor se encontrar nas situações de risco descritas no art. 98 do Estatuto
da Criança e do Adolescente, ou de quaisquer outros questionamentos acerca da existência ou
eficiência da Defensoria Pública na comarca. (MPSC-2016) (MPMS-2018) (TJBA-2019) (MPSP-
2019)
OBS:
O MP pode ajuizar ação de alimentos em favor de criança ou adolescente? SIM. O MP tem
legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou adolescente. Nesse
caso, o MP atua como substituto processual, ou seja, ele irá propor a ação em nome próprio
defendendo direito alheio (da criança/adolescente). Vale ressaltar que o MP tem legitimidade
ativa para ajuizar a ação de alimentos ainda que em proveito de uma única criança. Ficará assim
na petição inicial:
“MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO XX, por intermédio do Promotor de Justiça que ao final
subscreve, vem ajuizar a presente AÇÃO DE ALIMENTOS em favor da criança XXX, contra
FULANO DE TAL (...)”
Fundamento legal
Compete ao Ministério Público promover e acompanhar as ações de alimentos em favor de
crianças e adolescentes (art. 201, III, do ECA).
O Ministério Público pode ajuizar ação de alimentos em favor de criança ou adolescente mesmo
que na localidade exista Defensoria Pública instalada e funcionando? SIM. O Ministério Público
tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou adolescente
independentemente de existir ou não Defensoria Pública no local. Isso porque as atuações dos
órgãos não se confundem, não sendo idênticas.
Existia uma posição sustentando que o MP somente poderia ajuizar ação de alimentos se a mãe
da criança ou do adolescente não estivesse exercendo o poder familiar, uma vez que, em caso
contrário, ela deveria tomar essa providência. Essa posição prevaleceu? NÃO. O Ministério
Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou
adolescente, independentemente do exercício do poder familiar dos pais. Em suma, a mãe e o
pai podem estar no pleno exercício do poder familiar e mesmo assim a ação ser proposta pelo
Parquet.
Existia uma posição sustentando que o MP somente poderia ajuizar ação de alimentos se ficasse
caracterizado que a criança ou o adolescente estivesse em situação de risco (art. 98 do ECA). Essa
posição prevaleceu? NÃO. O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de
alimentos em proveito de criança ou adolescente mesmo que a criança ou adolescente não se
encontre nas situações de risco descritas no art. 98 do ECA. Vigora em nosso ordenamento a
doutrina da proteção integral da criança e do adolescente. Como decorrência lógica dessa
doutrina, o ECA adota, em seu art. 100, parágrafo único, VI, o princípio da intervenção precoce,
segundo o qual a atuação do Estado na proteção do infante deve ocorrer antes que o infante caia
no que o antigo Código de Menores chamava de situação irregular, como nas hipóteses de maus-
tratos, violação extrema de direitos por parte dos pais e demais familiares.
(TJPA-2019-CESPE): O Ministério Público terá legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos
em proveito de criança ou adolescente se o menor necessitar dos alimentos, ainda que exista
Defensoria Pública na comarca. BL: S. 594, STJ.
(MPMS-2018): Assinale a alternativa correta: O Ministério Público tem legitimidade ativa para
ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou adolescente, independentemente do exercício
do poder familiar dos pais, ou do fato de o menor se encontrar nas situações de risco descritas no
art. 98 do ECA, ou de quaisquer outros questionamentos acerca da existência ou eficiência da
Defensoria Pública na comarca. BL: S. 594, STJ.
OBS:
A Lei 12.015/09 acrescentou o art. 217-A ao Código Penal, criando um novo delito, chamado de
“estupro de vulnerável”:
Estupro de vulnerável
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze)
anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
Antes do art. 217-A, ou seja, antes da Lei 12.015/09, as condutas de praticar conjunção carnal ou
ato libidinoso com menor de 14 anos já eram consideradas crimes? SIM. Tais condutas poderiam
se enquadrar nos crimes previstos no art. 213 c/c art. 224, “a” (estupro com violência presumida
por ser menor de 14 anos) ou art. 214 c/c art. 224, “a” (atentado violento ao pudor com violência
presumida por ser menor de 14 anos), todos do CP, com redação anterior à Lei 12.015/09. Desse
modo, apesar dos arts. 213, 214 e 224 do CP terem sido revogados pela Lei 12.015/09, não houve
abolitio criminis dessas condutas, ou seja, continua sendo crime praticar estupro ou ato
libidinoso com menor de 14 anos. No entanto, essas condutas, agora, são punidas pelo art. 217-A
do CP. O que houve, portanto, foi a continuidade normativa típica, que ocorre quando uma
norma penal é revogada, mas a mesma conduta continua sendo crime no tipo penal revogador,
ou seja, a infração penal continua tipificada em outro dispositivo, ainda que topologicamente ou
normativamente diverso do originário.
Antes da Lei 12.015/09, se o agente praticasse atentado violento ao pudor (ex: coito anal) com um
adolescente de 13 anos, haveria crime mesmo que a vítima consentisse (concordasse) com o ato
sexual? Haveria crime mesmo que a vítima já tivesse tido outras relações sexuais com outros
parceiros anteriormente? Essa presunção de violência era absoluta? SIM. A presunção de
violência nos crimes contra os costumes cometidos contra menores de 14 anos, prevista na antiga
redação do art. 224, alínea “a”, do CP (antes da Lei 12.015/09), possuía caráter absoluto, pois
constituía critério objetivo para se verificar a ausência de condições de anuir com o ato sexual.
Assim, essa presunção absoluta não podia ser afastada (relativizada) mesmo que a vítima tivesse
dado seu “consentimento” porque nesta idade este consentimento seria viciado (inválido). Logo,
mesmo que a vítima tivesse experiência sexual anterior, mesmo que fosse namorado do autor do
fato, ainda assim haveria o crime. A presunção de violência era absoluta nos casos de
estupro/atentado violento ao pudor contra menor de 14 anos. Nesse sentido: STJ. 3ª Seção. EREsp
1152864/SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 26/02/2014.
E, atualmente, ou seja, após a Lei 12.015/09? Continua sendo crime praticar conjunção carnal ou
qualquer outro ato libidinoso contra menor de 14 anos. Isso está expresso no art. 217-A do CP e
não interessa se a vítima deu consentimento, se namorava o autor do fato etc. A discussão sobre
presunção de violência perdeu sentido porque agora a lei incluiu a idade (menor de 14 anos) no
próprio tipo penal. Manteve relação sexual com menor de 14 anos: estupro de vulnerável. A Lei
12.015/09 acrescentou o art. 217-A ao Código Penal, criando um novo delito, chamado de
“estupro de vulnerável”:
Estupro de vulnerável
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze)
anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
A fim de que não houvesse mais dúvidas sobre o tema, o STJ pacificou a questão editando a
Súmula 593.
Em algumas localidades do país (ex: determinadas comunidades do interior), seria possível dizer
que não há crime, considerando que é costume a prática de atos sexuais com crianças? É possível
excluir o crime de estupro de vulnerável com base no princípio da adequação social? NÃO.
Segundo afirmou o Min. Rogério Schietti, a prática sexual envolvendo menores de 14 anos não
pode ser considerada como algo dentro da "normalidade social". Não é correto imaginar que o
Direito Penal deva se adaptar a todos os inúmeros costumes de cada uma das microrregiões do
país, sob pena de se criar um verdadeiro caos normativo, com reflexos danosos à ordem e à paz
públicas. Ademais, o afastamento do princípio da adequação social aos casos de estupro de
vulnerável busca evitar a carga de subjetivismo que acabaria marcando a atuação do julgador
nesses casos, com danos relevantes ao bem jurídico tutelado, que é o saudável crescimento
físico, psíquico e emocional de crianças e adolescentes. Esse bem jurídico goza de proteção
constitucional e legal, não estando sujeito a relativizações.
Na sentença, durante a dosimetria, o juiz pode reduzir a pena-base do réu alegando que a vítima
(menor de 14 anos) já tinha experiência sexual anterior ou argumentando que a vítima era
homossexual? Claro que NÃO.
Em se tratando de crime sexual praticado contra menor de 14 anos, a experiência sexual
anterior e a eventual homossexualidade do ofendido não servem para justificar a
diminuição da pena-base a título de comportamento da vítima. A experiência sexual
anterior e a eventual homossexualidade do ofendido, assim como não desnaturam
(descaracterizam) o crime sexual praticado contra menor de 14 anos, não servem também
para justificar a diminuição da pena-base, a título de comportamento da vítima. STJ. 6ª
Turma. REsp 897.734-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. 3/2/15 (Info 555).
O que acontece se um garoto de 13 anos praticar sexo consensual com a sua namorada de 12
anos? Haverá o que a doutrina denomina de estupro bilateral. Assim, ocorre o “estupro bilateral”
quando dois menores de 14 anos praticam conjunção carnal ou outro ato libidinoso entre si. Em
outras palavras, tanto o garoto como a garota, neste exemplo, serão autores e vítimas, ao mesmo
tempo, de ato infracional análogo ao crime de estupro de vulnerável.
Em que consiste a chamada “exceção de Romeu e Julieta”? Trata-se de uma tese defensiva
segundo a qual se o agente praticasse sexo consensual (conjunção carnal ou ato libidinoso) com
uma pessoa menor de 14 anos, não deveria ser condenado se a diferença entre o agente e a
vítima não fosse superior a 5 anos. Ex: Lucas, 18 anos e 1 dia, pratica sexo com sua namorada de
13 anos e 8 meses. Pela “exceção de Romeu e Julieta” Lucas não deveria ser condenado por
estupro de vulnerável (art. 217-A do CP). A teoria recebe esse nome por inspiração da peça de
Willian Shakespeare na qual Julieta, com 13 anos, mantém relação sexual com Romeu. Assim,
Romeu, em tese, teria praticado estupro de vulnerável. A “exceção de Romeu e Julieta” não é
aceita pela jurisprudência, ou seja, mesmo que a diferença entre autor e vítima seja menor que 5
anos, mesmo que o sexo seja consensual e mesmo que eles sejam namorados, há crime.
(TJPA-2019-CESPE): No início de 2018, Ricardo, com dezenove anos de idade, começou a namorar
Joana, de doze anos de idade. Com o consentimento dela, mantiveram conjunção carnal no dia em
que ela completou treze anos de idade. Ricardo sabia que Joana completava treze anos de idade na
data em que mantiveram conjunção carnal. Ao descobrirem o relacionamento, os pais de Joana
comunicaram os fatos ao MP, que ofereceu denúncia contra Ricardo. Na instrução processual,
demonstrou-se que Joana já havia mantido conjunção carnal com outro homem, antes de conhecer
Ricardo. Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta de acordo com a
jurisprudência do STJ: Ricardo praticou o crime de estupro de vulnerável contra Joana. BL: S. 593,
STJ.
OBS:
Processo administrativo disciplinar: O processo administrativo disciplinar dos servidores
públicos federais encontra-se previsto nos arts. 143 a 182 da Lei nº 8.112/90.
Depois disso, a autoridade julgadora terá 20 dias para proferir sua decisão (art. 167).
Excesso de prazo: Tanto o STJ como o STF entendem que o excesso de prazo para a conclusão do
processo administrativo disciplinar não gera, por si só, qualquer nulidade no feito. O excesso de
prazo só tem a força de invalidar o processo administrativo se ficar comprovado que houve
fundado e evidenciado prejuízo à defesa do servidor. Se não há prejuízo, não há razão para se
declarar a nulidade do processo. É a aplicação do princípio do pas de nullité sans grief (não há
nulidade sem prejuízo). No âmbito federal, a Lei nº 8.112/91 é expressa nesse sentido:
Art. 169 (...)
§ 1º O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do processo.
Atenção: A súmula 592 aplica-se não apenas para processos administrativos disciplinares de
servidores públicos federais, mas também para servidores estaduais e municipais.
OBS: Importante.
Prova emprestada: Em regra, a prova que será utilizada pelas partes e pelo juiz no processo é
produzida dentro do próprio processo. É possível, no entanto, que uma prova que foi produzida
em um processo seja levada (“transportada”) para ser utilizada em outro processo. A isso a
doutrina chama de “prova emprestada”.
“Prova emprestada é a prova de um fato, produzida em um processo, seja por documentos,
testemunhas, confissão, depoimento pessoal ou exame pericial, que é trasladada para outro
processo sob a forma documental.” (DIDIER JR. Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA,
Rafael. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 2. Salvador: Juspodivm, 2013, p. 52).
“A utilização de prova já produzida em outro processo responde aos anseios de economia processual,
dispensando a produção de prova já existente, e também da busca da verdade possível, em especial
quando é impossível produzir novamente a prova.” (NEVES, Daniel Assumpção. Manual de
Direito Processual Civil. São Paulo: Método, 2013, p. 430).
A prova emprestada ingressa no processo com que natureza? A prova que veio de outro processo
entra no processo atual como “prova documental”, independentemente da natureza que ela tinha
no processo originário.
Ex.1: foi colhido o depoimento de uma testemunha no processo 1. Trata-se de prova
testemunhal. Se essa inquirição for “emprestada” (trasladada) para o processo 2, ela
ingressará no feito como prova documental (e não mais como prova testemunhal).
Ex.2: a perícia realizada no processo 1, se for emprestada para o processo 2, ingressará
como prova documental (e não mais como prova pericial).
Obs: apesar de ser menos comum, em tese, também é possível emprestar para o processo
administrativo provas produzidas em uma ação cível.
Este “empréstimo” da prova é permitido mesmo que o processo penal ainda não tenha transitado
em julgado? SIM. É possível a utilização, em processo administrativo disciplinar, de prova
emprestada validamente produzida em processo criminal, independentemente do trânsito em
julgado da sentença penal condenatória. Isso porque, em regra, o resultado da sentença proferida
no processo criminal não repercute na instância administrativa, tendo em vista a independência
existente entre as instâncias (STJ. 2ª Turma. RMS 33.628-PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado
em 2/4/2013. Info 521).
OBS: A questão espelha a posição adotada pelo STJ e pelo STF (STF. AI 769.094/MT, rel. Min.
Cármen Lúcia, j. 21/10/09). Vejamos o seguinte julgado do STJ: "É possível a utilização da prova
colhida em persecução penal no processo em que se imputa a prática de ato de improbidade administrativa,
desde que assegurado o contraditório e a ampla defesa no processo em que for utilizada. Precedentes.” (REsp
1529688/SP, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, 1ª Turma, j. 9/8/16).
Súmula 590: Constitui acréscimo patrimonial a atrair a incidência do Imposto de Renda, em caso de
liquidação de entidade de previdência privada, a quantia que couber a cada participante, por rateio
do patrimônio, superior ao valor das respectivas contribuições à entidade em liquidação,
devidamente atualizadas e corrigidas.
OBS: Importante.
O princípio da insignificância pode ser aplicado aos delitos praticados em situação de violência
doméstica? NÃO. Não se aplica o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais
praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas. Os delitos praticados com violência
contra a mulher, devido à expressiva ofensividade, periculosidade social, reprovabilidade do
comportamento e lesão jurídica causada, perdem a característica da bagatela e devem submeter-se
ao direito penal. Assim, o STJ e o STF não admitem a aplicação dos princípios da insignificância
aos crimes e contravenções praticados com violência ou grave ameaça contra a mulher, no
âmbito das relações domésticas, dada a relevância penal da conduta.
Surgiu uma tese defensiva afirmando que se o casal se reconciliasse durante o curso do processo
criminal, o juiz poderia absolver o réu com base no chamado “princípio da bagatela imprópria”.
Essa tese é aceita pelos Tribunais Superiores? NÃO. Assim como ocorre com o princípio da
insignificância, também não se admite a aplicação do princípio da bagatela imprópria para os
crimes ou contravenções penais praticados contra mulher no âmbito das relações domésticas,
tendo em vista a relevância do bem jurídico tutelado (STJ. 6ª T. AgInt no HC 369.673/MS, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 14/02/2017).
O fato de o casal ter se reconciliado ou de a vítima ter perdoado não importará na absolvição do
réu. Nesse sentido:
O princípio da bagatela imprópria não tem aplicação aos delitos praticados com violência à
pessoa, no âmbito das relações domésticas, dada a relevância penal da conduta, não
implicando a reconciliação do casal em desnecessidade da pena. STJ. 6ª T. AgRg no REsp
1463975/MS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. 09/08/2016.
Portanto, nem o princípio da insignificância nem o princípio da bagatela imprópria são aplicados
aos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações
domésticas. A súmula 589 do STJ deixou isso expresso quanto ao princípio da insignificância.
##Atenção: A Súmula 589 do STJ traduz o entendimento de que o princípio da insignificância não
pode ter aplicação no caso de crimes ou contravenções penais praticados no ambiente doméstico
contra a mulher. Desse modo, não se pode negar, de forma absoluta, a possibilidade de aplicação
do princípio da insignificância nos crimes de violência doméstica quando a vítima for homem.
Cumpre registrar que a questão de concurso não especificou a qualidade da vítima.
Súmula 588: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave
ameaça no ambiente doméstico IMPOSSIBILITA a SUBSTITUIÇÃO da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos. (TJCE-2018) (MPPB-2018) (TJSC-2019) (MPCE-2020)
OBS: Importante.
Discussão sobre a aplicação das penas restritivas para infrações praticadas no âmbito da
violência doméstica: O art. 17 da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) prevê o seguinte:
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher,
de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de
pena que implique o pagamento isolado de multa.
Veja, portanto, que esse dispositivo proíbe que o juiz aplique as seguintes penas restritivas de
direitos à pessoa que praticou violência doméstica e familiar contra a mulher:
Pena de "cesta básica";
Quaisquer espécies de prestação pecuniária (art. 45, §§ 1º e 2º);
Pagamento isolado de multa (art. 44, § 2º do CP).
Diante disso, alguns doutrinadores sustentaram a tese de que o art. 17, ao proibir apenas esses
tipos de penas, teria, a contrario sensu, permitido que fossem aplicadas outras espécies de penas
restritivas de direitos.
Essa interpretação foi aceita pela jurisprudência do STJ? É possível a aplicação de penas
restritivas de direito para os crimes cometidos contra a mulher com violência ou grave ameaça no
ambiente doméstico? NÃO. O STJ pacificou o entendimento de que não cabe a substituição da
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos nos crimes ou contravenções penais
cometidos contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico. O STJ editou
a súmula 588 para espelhar essa sua posição consolidada.
E o art. 17 da Lei nº 11.340/2006? A interpretação que prevaleceu foi a seguinte: além das sanções
previstas no art. 17, são proibidas quaisquer penas restritivas para os condenados por violência
doméstica e familiar contra a mulher. Isso porque o art. 44, I, do CP veda penas restritivas de
direito em caso de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa. Nesse sentido:
(...) Embora a Lei 11.340/06 não vede a substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos, obstando apenas a imposição de prestação pecuniária e o pagamento
isolado de multa, o art. 44, I, do CP proíbe a conversão da pena corporal em restritiva de
direitos quando o crime for cometido com violência à pessoa (...) STJ. 5ª T. AgRg no REsp
1521993/RO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, j. 04/08/2016.
Vale ressaltar que a Lei 9.099/95 não se aplica para os delitos praticados com violência doméstica
contra a mulher, por força do art. 41 da Lei nº 11.340/2006:
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de
1995.
O STJ e a 1ª Turma do STF fazem, portanto, uma ampliação do inciso I do art. 44 do CP para
abranger também os casos de contravenção penal praticados com violência ou grave ameaça (STJ.
6ª T. AgRg no REsp 1607382/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 27/09/16). A 2ª Turma do STF
não admite essa ampliação e trabalha com o texto literal do art. 44, I, do CP.
Resumindo: É possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos nos
casos de crimes ou contravenções praticadas contra a mulher com violência ou grave ameaça no
ambiente doméstico?
1) Crime: NÃO. Posição tanto do STJ como do STF.
2) Contravenção penal:
2ª Turma do STF: entende que é possível a substituição.
1ª Turma do STF e STJ: afirmam que também não é permitida a substituição.
ATENÇÃO: Em concursos, se o enunciado não estiver fazendo qualquer distinção, fiquem com a
posição exposta na súmula e que também é adotada pela 1ª Turma do STF.
(TJPA-2019-CESPE): Tendo como referência o dispositivo da Lei Maria da Penha, assinale a opção
correta, de acordo com a jurisprudência do STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a
mulher no âmbito doméstico, com violência ou grave ameaça, impossibilita a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos. BL: S. 588, STJ.
Súmula 587: Para a incidência da majorante prevista no artigo 40, V, da Lei 11.343/06, É
DESNECESSÁRIA a EFETIVA transposição de fronteiras entre estados da federação, SENDO
SUFICIENTE a demonstração inequívoca da intenção de realizar o TRÁFICO INTERESTADUAL.
(TJSP-2018) (PGETO-2018) (MPMT-2019) (MPPI-2019) (TJMS-2020)
OBS: Importante.
Imagine a seguinte situação hipotética: João pegou um ônibus em Campo Grande (MS) com
destino a São Paulo (SP). Ocorre que algumas horas depois, antes que o ônibus cruzasse a
fronteira entre os dois Estados, houve uma blitz da polícia no interior do coletivo, tendo sido
encontrados 10kg de cocaína na mochila de João, que confessou que iria levá-la para um traficante
de São Paulo. O agente foi denunciado pela prática de tráfico de drogas (art. 33 da Lei 11.343/06),
com a incidência de duas causas de aumento previstas no art. 40, III e V:
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois
terços, se: (...)
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos
prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais,
recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se
realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de
dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em
transportes públicos; (...)
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal;
Quando caracterizado o tráfico entre estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal, o
réu deverá sofrer uma sanção maior do que aquele que, por exemplo, vende entorpecente a um
usuário local. Isso está de acordo como princípio da individualização da pena (art. 5º, XLVI, da
CF/88).
A defesa alegou que o agente não chegou a atravessar a fronteira de nenhum Estado, de forma que
não houve tráfico "entre Estados da Federação". Logo, não deveria incidir a causa de aumento do
inciso V. Essa tese é aceita pela jurisprudência? Para incidir essa causa de aumento, é necessário
que o agente atravesse as fronteiras? NÃO.
Para que incida a causa de aumento de pena prevista no inciso V do art. 40, não se exige a
efetiva transposição da fronteira interestadual pelo agente, sendo suficiente a
comprovação de que a substância tinha como destino localidade em outro Estado da
Federação. STF. 1ª T. HC 122791/MS, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 17/11/15 (Info 808). STJ. 6ª
T. REsp 1370391/MS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 3/11/15.
APROFUNDANDO: O que você estudou acima é o suficiente para entender a súmula 587 do STJ.
No entanto, acho importante para alertar sobre um tema correlato: a necessidade de demonstração
da intenção do agente de pulverizar a droga em mais de um Estado para que se caracterize a causa
de aumento de pena do art. 40, V, da Lei de Drogas. Veja abaixo:
Imagine a seguinte situação hipotética: Pablo comprou cocaína na Bolívia e a trouxe para o Brasil,
entrando em nosso país por meio do Município de Corumbá, em Mato Grosso do Sul. De
Corumbá, Pablo pegou um ônibus com destino a Brasília, onde iria comercializar a droga. O
ônibus passou pelo Estado de Goiás e, quando chegou no Distrito Federal, Pablo foi preso em uma
fiscalização de rotina da Polícia Rodoviária Federal. Pablo confessou a prática do crime relatando
que adquiriu o entorpecente na Bolívia e que pretendia vendê-lo para um cliente em Brasília.
De quem é a competência para julgar este delito? Justiça Federal, considerando que ficou
provado o caráter transnacional do delito, nos termos do art. 109, V, da CF/88 e art. 70 da Lei nº
11.343/2006:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução
no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se
caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal.
Voltando ao exemplo: Pablo foi denunciado e condenado pela prática de tráfico de drogas (art. 33
da Lei nº 11.343/2006) com as causas de aumento da transnacionalidade (art. 40, I) e da
interestadualidade (art. 40, V):
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois
terços, se:
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias
do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito; (...)
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal;
A defesa recorreu alegando que não restou provada a interestadualidade prevista no art. 40, V.
O STJ concordou com a tese da defesa? SIM. O magistrado fez incidir a causa de aumento do art.
40, V, sob o argumento de que a droga atravessou mais de um Estado da Federação, considerando
que entrou no Brasil no Estado do Mato Grosso do Sul, passou pelo Estado de Goiás e chegou até
o Distrito Federal. Ocorre que não existe nenhum indício de que a intenção do agente fosse
difundir o entorpecente em mais de um Estado da Federação. A droga, adquirida na Bolívia,
atravessou a fronteira com o MS e perpassou outro Estado rumo ao DF (destino final), por
imperativos de ordem geográfica e pela própria lógica da importação, de modo que, sem a
existência de elementos concretos acerca da intenção do paciente de pulverizar a droga em
outros Estados do território nacional, não há como condenar o réu pela majorante do inciso V
do art. 40 da Lei 11.343/06 em concomitância com a causa especial de aumento relativa à
transnacionalidade do delito, sob pena de bis in idem.
Resumindo:
As causas especiais de aumento da pena relativas à transnacionalidade e à
interestadualidade do delito, previstas, respectivamente, nos incisos I e V do art. 40 da Lei
de Drogas, até podem ser aplicadas simultaneamente, desde que demonstrada que a
intenção do acusado que importou a substância era a de pulverizar a droga em mais de um
Estado do território nacional. Se isso não ficar provado, incide apenas a transnacionalidade.
Assim, é inadmissível a aplicação simultânea das causas de aumento da
transnacionalidade (art. 40, I) e da interestadualidade (art. 40, V) quando não ficar
comprovada a intenção do importador da droga de difundi-la em mais de um Estado-
membro. O fato de o agente, por motivos de ordem geográfica, ter que passar por mais
de um Estado para chegar ao seu destino final não é suficiente para caracterizar a
interestadualidade. STJ. 6ª T. HC 214.942-MT, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 16/6/16
(Info 586).
(MPPB-2018-FCC): A Lei de Drogas estabelece que a pena prevista no art. 33 será aumentada de
um sexto a dois terços se caracterizado o tráfico entre Estados da Federação. De acordo com o
entendimento sumulado do STJ, é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras, sendo
suficiente a demonstração inequívoca da intenção do agente de realizar o tráfico interestadual. BL:
S. 587, STJ.
Súmula 586: A exigência de acordo entre o credor e o devedor na escolha do agente fiduciário aplica-
se, exclusivamente, aos contratos não vinculados ao Sistema Financeiro da Habitação - SFH.
OBS: Importante.
Vale ressaltar que a propriedade do veículo automotor não se transfere com a comunicação de que
trata o art. 134 do CTB. Assim, a exigência de encaminhamento do comprovante de transferência
não se caracteriza como condição nem como ato constitutivo da transferência da propriedade.
Logo, mesmo sem a comunicação do art. 134, o domínio do carro já é do novo proprietário e,
portanto, ele é o contribuinte do IPVA.
Súmula 584: As sociedades corretoras de seguros, que não se confundem com as sociedades de
valores mobiliários ou com os agentes autônomos de seguro privado, estão fora do rol de entidades
constantes do art. 22, § 1º, da Lei n. 8.212/1991, não se sujeitando à majoração da alíquota da Cofins
prevista no art. 18 da Lei n. 10.684/2003.
OBS: Lei 10.684/03: A Lei 10.684/03 aumentou a alíquota da COFINS de 3% para 4% para
determinados contribuintes:
Art. 18. Fica elevada para quatro por cento a alíquota da Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social — COFINS devida pelas pessoas jurídicas
referidas nos §§ 6º e 8º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998.
Lei 9.718/98 O § 6º do art. 3º da Lei 9.718/98, por sua vez, remete ao § 1º do art. 22 da Lei nº
8.212/91. O § 8º fala em pessoas jurídicas que tenham por objeto a securitização de créditos
imobiliários, financeiros e agrícolas. Veja:
§ 6º Na determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e
COFINS, as pessoas jurídicas referidas no § 1º do art. 22 da Lei nº 8.212, de 1991,
além das exclusões e deduções mencionadas no § 5º, poderão excluir ou deduzir: (...)
Conjugando os dispositivos acima listados, pode-se concluir que o art. 18 da Lei 10.684/03
aumentou a alíquota da COFINS para as entidades constantes do art. 22, § 1º, da Lei 8.212/91. São
elas:
bancos comerciais;
bancos de investimentos;
bancos de desenvolvimento;
caixas econômicas;
sociedades de crédito, financiamento e investimento;
sociedades de crédito imobiliário;
sociedades corretoras;
distribuidoras de títulos e valores mobiliários;
empresas de arrendamento mercantil;
cooperativas de crédito;
empresas de seguros privados e de capitalização;
agentes autônomos de seguros privados e de crédito; e
entidades de previdência privada abertas e fechadas.
As sociedades corretoras de seguros estão incluídas no rol do art. 22, § 1º, da Lei nº 8.212/91? As
sociedades corretoras de seguros sofreram aumento da alíquota da COFINS promovida pelo art.
18 da Lei nº 10.684/2003? NÃO. Não cabe confundir as “sociedades corretoras de seguros” com as
“sociedades corretoras de valores mobiliários” (regidas pela Resolução BACEN 1.655//89) ou
com os “agentes autônomos de seguros privados” (representantes das seguradoras por contrato
de agência).
Assim, por ausência de enquadramento legal, as "sociedades corretoras de seguros" estão fora do
rol de entidades constantes do art. 22, § 1º, da Lei 8.212/91. Assim, o aumento de 3% para 4% da
alíquota da COFINS promovido pelo art. 18 da Lei 10.684/03 não alcança as sociedades corretoras
de seguros.
Nesse sentido: STJ. 1ª Seção. REsp 1.391.092-SC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Primeira
Seção, julgado em 22/4/2015 (recurso repetitivo) (Info 576).
Súmula 583: O arquivamento provisório previsto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, dirigido aos
débitos inscritos como dívida ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por
ela cobrados, não se aplica às execuções fiscais movidas pelos conselhos de fiscalização profissional
ou pelas autarquias federais.
OBS:
Em suma: o art. 20 da Lei 10.522/02 não se aplica às execuções de créditos das autarquias federais,
cobrados pela Procuradoria-Geral Federal.
Súmula 582: CONSUMA-SE o CRIME DE ROUBO com a inversão da posse do bem mediante
emprego de violência ou grave ameaça, AINDA QUE por breve tempo e em seguida à perseguição
imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, SENDO PRESCINDÍVEL a posse mansa e
pacífica ou desvigiada. (TJRS-2016) (TJPR-2017) (MPRS-2017) (DPESC-2017) (DPEPE-2018) (TJCE-
2018) (TJAL-2019) (MPGO-2019) (MPMT-2019) (MPSC-2019)
OBS: Importante.
Em que momento se consuma o crime de roubo? Existem quatro teorias sobre o tema:
1ª) Contrectacio: segundo esta teoria, a consumação se dá pelo simples contato entre o agente e a
coisa alheia. Se tocou, já consumou.
2ª) Apprehensio (amotio): a consumação ocorre no momento em que a coisa subtraída passa para
o poder do agente, ainda que por breve espaço de tempo, mesmo que o sujeito seja logo
perseguido pela polícia ou pela vítima. Quando se diz que a coisa passou para o poder do agente,
isso significa que houve a inversão da posse. Por isso, ela é também conhecida como teoria da
inversão da posse. Vale ressaltar que, para esta corrente, o crime se consuma mesmo que o
agente não fique com a posse mansa e pacífica. A coisa é retirada da esfera de disponibilidade da
vítima (inversão da posse), mas não é necessário que saia da esfera de vigilância da vítima (não se
exige que o agente tenha posse desvigiada do bem).
3ª) Ablatio: a consumação ocorre quando a coisa, além de apreendida, é transportada de um lugar
para outro.
4ª) Ilatio: a consumação só ocorre quando a coisa é levada ao local desejado pelo ladrão para tê-la
a salvo.
Qual foi a teoria adotada pelo STF e STJ? A teoria da APPREHENSIO (AMOTIO). Nos países
cujos Códigos Penais utilizam expressões como “subtrair” ou “tomar” para caracterizar o furto e o
roubo (Alemanha e Espanha, por exemplo), predomina, na doutrina e na jurisprudência, a
utilização da teoria da apprehensio (ou amotio). Foi a corrente também adotada no Brasil.
Exemplo concreto: João apontou a arma de fogo para a vítima e disse: “perdeu, passa a bolsa”. A
vítima entregou o aparelho e o assaltante subiu em cima de uma moto e fugiu. Duas ruas depois,
João foi parado em uma blitz da polícia e, como não conseguiu explicar o motivo de estar com
uma bolsa feminina e uma arma de fogo, acabou confessando a prática do delito. Assim, por ter
havido a inversão, ainda que breve, da posse do bem subtraído, o fato em tela configura roubo
consumado.
OBS: Importante.
A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das execuções nem
induz suspensão ou extinção de ações ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou
coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou fidejussória, pois não se lhes aplicam a
suspensão prevista nos arts. 6º, caput, e 52, inciso III, ou a novação a que se refere o art. 59,
caput, por força do que dispõe o art. 49, § 1º, todos da Lei 11.101/2005. STJ. 2ª Seção. REsp
1.333.349-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/11/2014 (recurso repetitivo) (Info
554).
A aprovação do plano de recuperação judicial opera a novação das dívidas do devedor, nos
termos do art. 59 da Lei 11.101/05). Entretanto, dispõe o art. 49, §1º que “os credores do devedor em
recuperação judicial conservam seus direitos e privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de
regresso”. Ao interpretando os dois dispositivos, o STJ entende, por meio da Súmula 581, que as
ações movidas em face dos coobrigados não são afetadas pela recuperação judicial.
Súmula 580: A correção monetária nas indenizações do seguro DPVAT por morte ou invalidez,
prevista no § 7º do art. 5º da Lei n. 6.194/1974, redação dada pela Lei n. 11.482/2007, incide desde a
data do evento danoso.
OBS: Importante.
Imagine o seguinte exemplo hipotético: João é o autor de uma ação contra Pedro. O pedido foi
julgado parcialmente procedente em 1ª instância e ambas as partes apelaram ao Tribunal de
Justiça, que manteve a sentença. O acórdão do TJ foi publicado no dia 22/04/2015.
Quais os recursos que as partes poderiam interpor contra este acórdão do TJ? Em tese, tanto João
como Pedro poderiam interpor os seguintes recursos:
• Recurso especial;
• Recurso extraordinário; e
• Embargos de declaração.
No dia 24/04/2015, João interpôs recurso especial alegando que a decisão do TJ violava lei
federal. No dia 25/04/2015, Pedro opôs embargos de declaração afirmando que a decisão do TJ foi
omissa quanto a alguns pontos.
Quem julgará estes recursos e qual deles deverá ser apreciado por primeiro? O REsp é julgado
pelo STJ e os embargos de declaração pelo próprio TJ. Justamente por isso, os embargos devem ser
julgados em primeiro lugar e só depois os autos serão remetidos ao STJ para apreciação do REsp.
Os embargos de declaração foram julgados conhecidos e improvidos (rejeitados) em 20/5/15 e o
acórdão publicado no dia 23/5/15.
Diante disso, indaga-se: O recurso que havia sido interposto antes da decisão dos embargos de
declaração continua valendo e poderá ser conhecido pelo Tribunal ad quem ou a parte que o
ajuizou deverá ratificá-lo (confirmá-lo) após os embargos serem julgados? Não é necessária a
ratificação do recurso interposto na pendência de julgamento de embargos de declaração
quando, pelo julgamento dos aclaratórios, não houver modificação do julgado embargado . STJ.
Corte Especial. REsp 1.129.215-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/9/2015 (Info
572).
Novo CPC: O NCPC reforça a conclusão acima exposta ao trazer a seguinte regra:
Art. 1.024 (...)
§ 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do
julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do
julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente de
ratificação.
Súmula 418-STJ: O entendimento acima explicado é recente. Durante muito tempo o STJ decidiu
de forma oposta, tendo, inclusive, editado uma súmula espelhando essa posição. Veja:
Súmula 418-STJ: É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do
acórdão dos embargos de declaração, sem posterior ratificação.
O STJ cancelou formalmente a súmula 418 e, em seu lugar, editou outro enunciado que agora
espelha o entendimento atual do Tribunal:
Súmula 579-STJ: Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do
julgamento dos embargos de declaração, quando inalterado o resultado anterior.
A Súmula 579 fala que não é necessário ratificar o "recurso especial". O mesmo raciocínio ali
presente pode ser aplicado também para o recurso extraordinário? SIM. Antes do CPC/2015, o
tema era polêmico no STF e havia decisões afirmando que a ratificação era indispensável e outras
sustentando que era desnecessária, em regra.
Súmula 578: Os empregados que laboram no cultivo da cana-de-açúcar para empresa agroindustrial
ligada ao setor sucroalcooleiro detêm a qualidade de rurícola, ensejando a isenção do FGTS desde a
edição da Lei Complementar n. 11/1971 até a promulgação da Constituição Federal de 1988.
Súmula 577: É possível reconhecer o tempo de serviço rural anterior ao documento mais antigo
apresentado, desde que amparado em convincente prova testemunhal colhida sob o contraditório.
Súmula 576: Ausente requerimento administrativo no INSS, o termo inicial para a implantação da
aposentadoria por invalidez concedida judicialmente será a data da citação válida.
Súmula 575: CONSTITUI CRIME a conduta de PERMITIR, CONFIAR ou ENTREGAR a
DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR a pessoa que não seja habilitada, ou que SE
ENCONTRE em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, INDEPENDENTEMENTE
da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo. (MPRS-2016) (TJPR-
2017) (MPPI-2019)
OBS: Importante.
Imagine a seguinte situação hipotética: João, 55 anos, entregou seu carro para que seu filho Igor
(17 anos) fosse a uma festa. Na volta para casa, Igor foi parado em uma blitz. Além de aplicar a
multa, os agentes de trânsito encaminharam cópia do processo administrativo para o Ministério
Público, que denunciou João pela prática do crime previsto no art. 310 do CTB:
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não
habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a
quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em
condições de conduzi-lo com segurança:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Em sua defesa, João alegou que Igor não causou nenhum tipo de perigo porque sabe dirigir há
anos e estava em velocidade compatível no local, não tendo os agentes de trânsito observado
qualquer condução irregular do veículo por sua parte.
Os argumentos da defesa poderão ser aceitos? NÃO. Para o STJ, o delito previsto no art. 310 do
CP é crime de perigo ABSTRATO. Assim, não é exigível, para o aperfeiçoamento do delito, a
ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na conduta de quem permite, confia ou
entrega a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o
direito de dirigir suspenso, ou ainda a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por
embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança.
O art. 310, mais do que tipificar uma conduta idônea a lesionar, estabelece um dever de garante ao
possuidor do veículo automotor. Neste caso, estabelece-se um dever de não permitir, confiar ou
entregar a direção de um automóvel a determinadas pessoas, indicadas no tipo penal, com ou sem
habilitação, com problemas psíquicos ou físicos, ou embriagadas, ante o perigo geral que encerra a
condução de um veículo nessas condições. STJ. 3ª Seção. REsp 1.485.830-MG, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 11/3/2015 (recurso
repetitivo) (Info 563). STJ. 6ª Turma. REsp 1.468.099-MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. 19/3/15 (Info
559). Este entendimento foi materializado na Súmula 575 do STJ.
(TJBA-2019-CESPE): Pedro, mesmo sabendo que seu amigo Jaime se encontrava embriagado e
com a CNH vencida, entregou-lhe a condução de seu veículo automotor. Jaime, tão logo assumiu
a direção do veículo, provocou um acidente de trânsito que causou lesões corporais em Maria.
Nessa situação hipotética, conforme a jurisprudência pertinente e a Lei n.º 9.503/97, Pedro
responderá pelo crime de entrega da direção de veículo automotor a pessoa sem condições de
conduzi-lo com segurança, o qual se teria configurado ainda que não tivesse sido demonstrado o
perigo concreto de dano a terceiros. BL: S. 575, STJ e art. 310, CTB.
(MPDFT-2015): Quanto aos crimes previstos na Lei 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro),
assinale a opção correta: O crime de entregar a direção de veículo automotor a pessoa não
habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, é de perigo abstrato,
conforme entendimento do STJ. BL: art. 575, STJ e art. 310, CTB.
Súmula 574: Para a configuração do delito de violação de direito autoral e a comprovação de sua
materialidade, é suficiente a perícia realizada por amostragem do produto apreendido, nos
aspectos externos do material, e é desnecessária a identificação dos titulares dos direitos autorais
violados ou daqueles que os representem.
A pessoa que vende CD ou DVD “pirata” pratica qual fato típico? Essa conduta amolda-se ao § 2º
do art. 184 do CP:
Violação de direito autoral
Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. (...)
§ 2º Na mesma pena do § 1º incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto,
distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em
depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com
violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do
direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra
intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou
de quem os represente.
Não se pode invocar o princípio da adequação social: Como essa prática é cada vez mais comum,
havendo, inclusive, “feiras” fiscalizadas pelo Poder Público onde esse comércio ocorre livremente,
é possível afirmar que não haveria crime com base no princípio da adequação social? NÃO, não é
possível afirmar isso. Tanto o STF como o STJ entendem que é típica, formal e materialmente, a
conduta de expor à venda CDs e DVDs falsificados. Em suma, é crime.
O fato de, muitas vezes, haver tolerância das autoridades públicas em relação a tal prática não
significa que a conduta não seja mais tida como típica, ou que haja exclusão de culpabilidade,
razão pela qual, pelo menos até que advenha modificação legislativa, incide o tipo penal, mesmo
porque o próprio Estado tutela o direito autoral. Não se pode considerar socialmente tolerável
uma conduta que causa sérios prejuízos à indústria fonográfica brasileira e aos comerciantes
legalmente instituídos, bem como ao Fisco pelo não pagamento de impostos. Nesse sentido: STF
HC 98898, julgado em 20/04/2010.
Justamente para que não houvesse mais dúvidas, o STJ editou a Súmula 502-STJ.
Outra tese alegada pela defesa é a de que deveria ser aplicado o princípio da insignificância. Tal
argumentação é aceita pelos Tribunais? NÃO. Não se aplica o princípio da insignificância ao
crime de violação de direito autoral. Em que pese a aceitação popular à pirataria de CDs e DVD’s,
com certa tolerância das autoridades públicas em relação a tal prática, a conduta, que causa sérios
prejuízos à indústria fonográfica brasileira, aos comerciantes legalmente instituídos e ao Fisco, não
escapa à sanção penal, mostrando-se formal e materialmente típica (STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp
1380149/RS, Rei. Min. Dg Fernandes, julgado em 27/08/2013).
Pena: A pena prevista para esse crime é de 2 a 4 anos. Trata-se de reprimenda desproporcional
para esse tipo de conduta? NÃO. Segundo o STJ, não há desproporcionalidade da pena prevista,
pois o próprio legislador, atento aos reclamos da sociedade que representa, entendeu merecer tal
conduta pena considerável, especialmente pelos graves e extensos danos que acarreta, estando
geralmente relacionada a outras práticas criminosas, como a sonegação fiscal e a formação de
quadrilha (HC 191568/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, j. 7/2/13).
Ação penal: Qual é a ação penal nos crimes previstos no art. 184 do CP?
Art. 184, caput: ação penal privada.
Art. 184, §§ 1º e 2º (ex: venda de DVD pirata): ação pública incondicionada.
Art. 184, § 3º: ação penal pública condicionada.
Delito do art. 184, caput, do CP: aplicam-se as regras dos arts. 524 a 530 do CPP.
Voltando ao nosso exemplo hipotético: Os peritos fizeram a perícia em apenas alguns DVD’s, por
amostragem, e esse exame se limitou a analisar os elementos externos dos DVD's apreendidos,
como a impressão da capa, o código de barras, o nome do fabricante etc. A Defensoria Pública
questionou a validade dessa perícia, afirmando que: 1) o art. 530-D do CPP exige que a perícia
seja feita sobre TODOS os bens apreendidos, não podendo ser realizada por amostragem; 2) a
perícia deveria ter examinado o conteúdo de cada um dos DVD’s (e não apenas os aspectos
exteriores); 3) para a configuração do delito em questão, é necessária a identificação dos titulares
dos direitos autorais violados.
As teses suscitadas pela defesa são aceitas pela jurisprudência do STJ? NÃO.
1) É válida a perícia por amostragem: Realmente, a redação literal do art. 530-D do CPP afirma
que a perícia deve ser realizada "sobre todos os bens apreendidos". Apesar disso, o STJ relativiza
essa exigência e admite que a perícia seja feita por amostragem. Assim, basta que haja a apreensão
de um único objeto e se a perícia realizada sobre ele constatar a falsidade, estará configurado o
delito do art. 184, § 2º do CP. Entender de forma diversa apenas dificultaria a apuração do delito e
retardaria o término do processo judicial, em inobservância ao princípio constitucional da
razoável duração do processo. Assim, a exigência do legislador de que a perícia seja realizada
sobre todos os bens apreendidos se presta, na verdade, não para fins de comprovação da
materialidade delitiva, mas para fins de dosimetria da pena, mais especificamente para a
exasperação da reprimenda-base, uma vez que se mostra mais acentuada a reprovabilidade do
agente que reproduz, por exemplo, com intuito de lucro, 500 obras intelectuais do que aquele que,
nas mesmas condições reproduz apenas 20.
3) É dispensável a identificação individualizada dos titulares dos direitos autorais violados: Para
a configuração do crime em questão, é dispensável a identificação individualizada dos titulares
dos direitos autorais violados ou de quem os represente. Isso porque a violação de direito autoral
extrapola a individualidade do titular do direito, devendo ser tratada como ofensa ao Estado e a
toda a coletividade, visto que acarreta a diminuição na arrecadação de impostos, reduz a oferta de
empregos formais, causa prejuízo aos consumidores e aos proprietários legítimos e fortalece o
poder paralelo e a prática de atividades criminosas conexas à venda desses bens, aparentemente
inofensiva. Além disso, o tipo penal do art. 184, § 2º, do CP, é crime de ação penal pública
incondicionada, de modo que não é exigida nenhuma manifestação do detentor do direito autoral
violado para que se dê início à ação penal. Consequentemente, não é coerente se exigir a sua
individualização para a configuração do delito em questão. Ademais, o delito previsto no art. 184,
§ 2º, do CP é de natureza formal. Portanto, não é necessária, para a sua consumação, a ocorrência
de resultado naturalístico, o que reforça a prescindibilidade (desnecessidade) de identificação dos
titulares dos direitos autorais violados para a configuração do crime.
Súmula 573: Nas ações de indenização decorrente de seguro DPVAT, a ciência inequívoca do caráter
permanente da invalidez, para fins de contagem do prazo prescricional, depende de laudo médico,
exceto nos casos de invalidez permanente notória ou naqueles em que o conhecimento anterior
resulte comprovado na fase de instrução.
OBS:
Caso a pessoa beneficiária do DPVAT não receba a indenização ou não concorde com o valor
pago pela seguradora, ela poderá buscar auxílio do Poder Judiciário? Sim. A pessoa poderá
ajuizar uma ação de cobrança contra a seguradora objetivando a indenização decorrente de
DPVAT.
Qual é o prazo para as ações decorrentes do DPVAT? A ação de cobrança do seguro obrigatório
DPVAT prescreve em 3 anos (Súmula 405-STJ).
A partir de quando se inicia a contagem desse prazo no caso da invalidez? Súmula 278-STJ: O
termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve
ciência inequívoca da incapacidade laboral.
Dessa forma, exceto nos casos de invalidez permanente notória, ou naqueles em que o
conhecimento anterior resulte comprovado na fase de instrução, a ciência inequívoca do caráter
permanente da invalidez depende de laudo médico.
##Atenção: Embora o cheque seja uma ordem de pagamento à vista, na prática, é muito comum
sua utilização como pós-datado. Nesse sentido, a doutrina e jurisprudência aceitam a modalidade
do cheque pós-datado, consignando que a apresentação antecipada do cheque para pagamento
pelo beneficiário acarreta dano moral ao emitente (sacador). Tal entendimento encontra-se
pacificado na Súmula 370 do STJ. Todavia, para que se configure o dano moral é necessário que
conste no local do vencimento, a data que o emitente quer que o cheque seja apresentado (1 de
novembro). Como o emitente inseriu no cheque a data de 10 de outubro, não haverá indenização
por dano moral se for apresentado para pagamento a partir dessa data.
Súmula 571: A taxa progressiva de juros não se aplica às contas vinculadas ao FGTS de trabalhadores
qualificados como avulsos.
OBS: Importante.
Imagine a seguinte situação adaptada: João cursava uma faculdade, na modalidade à distância,
tendo concluído integralmente o curso e colado grau. Apesar disso, ele não consegue obter o
diploma devidamente registrado, em virtude de a instituição de ensino não estar credenciada pelo
Ministério da Educação, órgão da União. João quer ajuizar uma ação para conseguir a entrega do
diploma de conclusão do curso devidamente registrado e para receber indenização por danos
morais em virtude dos transtornos que sofreu.
Contra quem e em qual juízo deverá ser proposta esta demanda? Contra a instituição de ensino
superior e contra a União, em litisconsórcio passivo, sendo demanda de competência da Justiça
Federal.
Assim, se for proposta ação na qual se discuta a dificuldade do aluno de obter o diploma do curso
à distância que realizou por causa da ausência/obstáculo de credenciamento da instituição
particular junto ao MEC, haverá nítido interesse da União, que deverá compor a lide no polo
passivo da demanda, já que é ela quem credencia as instituições.
No STJ, este tema já havia sido pacificado por meio de recurso especial repetitivo: STJ. 1a Seção.
REsp 1344771/PR, Rei. Min. Mauro Campbel1 Marques, j. 24/04/13. Existe também precedente
do STF no mesmo sentido: STF. 2° Turma. ARE 750186 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, j.
24/06/14.
E se João propusesse a ação pedindo unicamente a indenização por danos morais? Neste caso, a
9
Súmula 370-STJ: Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.
ação teria que ser proposta somente contra a instituição de ensino, e a competência seria da
Justiça Estadual. Nesse sentido: (...) No caso em análise, não há interesse jurídico da União a
ensejar o deslocamento do feito para a Justiça Federal, uma vez que a autora não pleiteou a
emissão do diploma, somente a reparação dos supostos danos morais e materiais sofridos em
decorrência da conduta da parte ré. (...) (STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1553120/PR, Rei. Min.
Mauro Campbell Marques, julgado 17/11/2015).
(TRF5-2017-CESPE): Com base na jurisprudência STJ, julgue o seguinte item, no que concerne à
competência: A justiça federal possui competência para julgar demanda proposta por estudante
acerca de credenciamento de instituição privada de ensino superior junto ao Ministério da
Educação, com vistas à expedição de diploma de ensino a distância ao autor. BL: S. 570, STJ.
OBS: Comprovação de quitação de tributos federais: Para que o contribuinte possa receber
incentivos ou benefícios fiscais relacionados com tributos federais, ele não pode estar em débito
com o Fisco federal. Assim, ao requerer o incentivo ou benefício, o contribuinte deverá apresentar
uma certidão negativa comprovando que todos os tributos federais estão quitados. Tal exigência
encontra-se prevista no art. 60 da Lei nº 9.069/95 e no art. 47, I, “a”, da Lei nº 8.212/91:
Art. 60. A concessão ou reconhecimento de qualquer incentivo ou benefício fiscal,
relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal
fica condicionada à comprovação pelo contribuinte, pessoa física ou jurídica, da
quitação de tributos e contribuições federais.
Drawback: É uma palavra de origem inglesa, cuja tradução literal seria algo como "arrastar de
volta". Trata-se de uma operação pela qual o contribuinte se compromete a importar a mercadoria,
beneficiá-la e, depois, mandá-la de volta ao exterior (exportá-la). Nas palavras do Min. João
Otávio de Noronha, "drawback" é a operação mediante a qual o contribuinte, para fazer jus a
incentivos fiscais, importa mercadoria com o compromisso de exportá-la após o beneficiamento."
(STJ REsp 385634/BA).
Drawback: ato complexo: O argumento do STJ para que a certidão negativa seja exigida somente
uma vez está no fato de que o drawback é uma operação única que, no entanto, se divide em três
momentos distintos: a) quando a mercadoria ingressa no território nacional; b) quando a
mercadoria, no País, sofre o beneficiamento; e c) quando a mercadoria beneficiada vai ser
reexportada (REsp 240.322/RS). Assim, o drawback é um ato complexo, que se forma a partir da
conjugação dessas três fases, não sendo lícito exigir-se a certidão negativa em cada uma de suas
etapas.
Outra razão invocada pelo STJ está na redação do art. 60 da Lei 9.069/95. Isso porque o referido
dispositivo afirma que a comprovação, pelo contribuinte, da quitação de tributos federais deve
ocorrer no momento da “concessão ou reconhecimento” de qualquer incentivo ou benefício
fiscal. Dessa forma, a certidão é exigida em um momento ou no outro. E não nos dois. Assim,
quando o Fisco aceitou o compromisso do contribuinte de fazer o drawback, ele já concedeu o
benefício, exigindo, para tanto, a certidão negativa. Logo, não é devida nova exigência no
momento do desembaraço.
OBS: Importante. O novo CPC previu, em seu art. 932, uma lista de poderes outorgados ao relator
do processo que tramita nos Tribunais (Turmas Recursais – por analogia, Tribunais de Justiça,
Tribunais Regionais Federais, Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal).
Alteração do Regimento Interno do STJ: O STJ realizou diversas alterações em seu regimento
interno como forma de se adequar ao NCPC. Tais mudanças foram materializadas por meio da
emenda regimental n.º 22/16. Dentre as modificações efetuadas, o STJ atualizou a redação do art.
34 do Regimento Interno, que trata sobre os poderes dos Ministros Relatores, a fim de
compatibilizá-lo com o art. 932, III a V, do CPC 2015:
Art. 34. São atribuições do relator:
XVIII - distribuídos os autos:
a) não conhecer do recurso ou pedido inadmissível, prejudicado ou daquele que não
tiver impugnado especificamente todos os fundamentos da decisão recorrida;
b) negar provimento ao recurso ou pedido que for contrário a tese fixada em
julgamento de recurso repetitivo ou de repercussão geral, a entendimento firmado
em incidente de assunção de competência, a súmula do Supremo Tribunal Federal
ou do Superior Tribunal de Justiça ou, ainda, a jurisprudência dominante acerca do
tema;
c) dar provimento ao recurso se o acórdão recorrido for contrário a tese fixada em
julgamento de recurso repetitivo ou de repercussão geral, a entendimento firmado
em incidente de assunção de competência, a súmula do Supremo Tribunal Federal
ou do Superior Tribunal de Justiça ou, ainda, a jurisprudência dominante acerca do
tema;
Detalhando as novas atribuições do Relator: O Ministro do STJ que for sorteado como relator do
processo poderá tomar as seguintes decisões monocráticas, ou seja, sem levar o caso à apreciação
do colegiado:
OBS: Importante.
Se o agente praticou uma conduta que é descrita na lei como crime, mas o meio que ele escolheu
para praticar o delito é ineficaz, ele deverá responder pelo delito? Ex.: João, pretendendo matar
Pedro, pega uma arma que viu na gaveta e efetua disparos contra a vítima; o que João não sabia é
que a arma tinha balas de festim, razão pela qual Pedro não morreu. O agente responderá por
tentativa de homicídio?
Se o agente praticou uma conduta que é descrita na lei como crime, mas o objeto material (a
pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta) é inexistente, ele deverá responder pelo delito? Ex.:
João pretende matar Pedro; ele avista seu inimigo deitado no sofá e, pensando que este estivesse
dormindo, dispara diversos tiros nele; o que João não sabia é que Pedro havia morrido 15 minutos
antes de parada cardíaca; João atirou, portanto, em um cadáver, em um corpo sem vida. Logo, não
foram os tiros que mataram Pedro. O agente responderá por tentativa de homicídio?
Para discutir as perguntas acima, os estudiosos do Direito Penal desenvolveram algumas teorias
trotando sobre o “'crime impossível”: Vejamos:
1) TEORIA SUBJETIVA: Os que defendem a teoria subjetiva afirmam que não importa se o meio
ou o objeto são absoluta ou relativamente ineficazes ou impróprios. Para que haja crime, basta que
a pessoa tenha agido com vontade de praticar a infração penal. Tendo o agente agido com
vontade, configura-se a tentativa de crime mesmo que o meio seja ineficaz ou o objeto seja
impróprio. É chamada de subjetiva porque, para essa teoria, o que importa é o elemento
subjetivo. Assim, o agente é punido pela sua intenção delituosa, mesmo que, no caso concreto,
não tenha colocado nenhum bem em situação de perigo.
2) TEORIAS OBJETIVAS: Os que defendem essa teoria afirmam que não se pode analisar apenas
o elemento subjetivo para saber se houve crime. É indispensável examinar se está presente o
elemento objetivo. Diz-se que há elemento objetivo quando a tentativa tinha possibilidade de
gerar perigo de lesão para o bem jurídico. Se a tentativa não gera perigo de lesão, ela é inidônea.
A inidoneidade pode ser:
a) absoluta (aquela conduta jamais conseguiria fazer com que o crime se
consumasse); ou
b) relativa (a conduta poderia ter consumado o delito, o que somente não ocorreu
em razão de circunstâncias estranhas à vontade do agente).
Qual foi a teoria adotada pelo Brasil? A teoria OBJETIVA TEMPERADA. Veja o que diz o art.
17 do CP:
Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
Ineficácia absoluta do meio: Ocorre quando o meio empregado jamais poderia levar à
consumação do crime. Trata-se de um meio absolutamente ineficaz para aquele crime. Ex.1: uma
pessoa diz que vai fazer uma feitiçaria para que a outra morra. Não há crime de ameaça por
absoluta ineficácia do meio. É crime impossível. Ex.2: tentar fazer uso de documento falso com
uma falsificação muito grosseira.
Impropriedade absoluta do objeto: A palavra objeto, aqui, significa a pessoa ou coisa sobre a qual
recai a conduta criminosa. Diz-se que há impropriedade absoluta do objeto quando ele não existe
antes do início da execução ou lhe falta alguma qualidade imprescindível para configurar-se a
infração. Ex.1: João quer matar Pedro, razão pela qual invade seu quarto e, pensando que a vítima
está dormindo, nela desfere três tiros. Ocorre que Pedro não estava dormindo, mas sim morto,
vítima de um ataque cardíaco. Dessa forma, João atirou em um morto. Logo, trata-se de crime
impossível, porque o objeto era absolutamente inidôneo. Ex.2: a mulher, acreditando
equivocadamente que está grávida, toma medicamento abortivo.
Ineficácia ou impropriedade relativas = crime tentado: Como no Brasil adotamos a teoria objetiva
temperada, se a ineficácia do meio ou a impropriedade do objeto forem relativas, haverá crime
tentado.
A tese da defesa é aceita pela jurisprudência do STJ? O simples fato de o estabelecimento contar
com sistema de segurança ou vigilância eletrônica (câmera) já é suficiente para caracterizar o
crime impossível? NÃO. A existência de sistema de segurança ou de vigilância eletrônica não
torna impossível, por si só, o crime de furto cometido no interior de estabelecimento comercial.
Existem muitas variáveis que podem fazer com que, mesmo havendo o equipamento, ainda assim
o agente tenha êxito na conduta. Exs.: o equipamento pode falhar, o vigilante pode estar desatento
e não ter visto a câmera no momento da subtração, o agente pode sair rapidamente da loja sem
que haja tempo de ser parado etc.
É certo que, na maioria dos casos, o agente não conseguirá consumar a subtração do produto por
causa das câmeras; no entanto, sempre haverá o risco de que, mesmo com todos esses cuidados, o
crime aconteça.
Desse modo, concluindo: na hipótese aqui analisada, não podemos falar em ABSOLUTA
ineficácia do meio. O que se tem, no caso, é a inidoneidade RELATIVA do meio. Em outras
palavras, o meio escolhido pelo agente é relativamente ineficaz, visto que existe sim uma
possibilidade (ainda que pequena) de o delito se consumar.
Sendo assim, se a ineficácia do meio deu-se apenas de forma relativa, não é possível o
reconhecimento do instituto do crime impossível previsto no art. 17 do CP. STJ. 3ª Seção. REsp
1.385.621-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 27/5/2015 (recurso repetitivo) (Info
563).
(TJDFT-2016-CESPE): Assinale a opção correta relativa a juros, encargos moratórios e taxas dos
contratos bancários: A cobrança de taxa de cadastro só é permitida no primeiro contrato celebrado
pelo consumidor com a instituição financeira, não podendo ser cobrada nos posteriores. BL: S.
566, STJ.
Súmula 565: A pactuação das tarifas de abertura de crédito (TAC) e de emissão de carnê (TEC), ou
outra denominação para o mesmo fato gerador, é válida apenas nos contratos bancários anteriores ao
início da vigência da Resolução-CMN n. 3.518/2007, em 30/4/2008. (DPERN-2015) (Cartórios/TJRJ-
2017)
OBS: Importante.
Imagine a seguinte situação: o escritório “A”, desejando adquirir 50 computadores e sem possuir
capital para tanto, faz um contrato de arrendamento mercantil financeiro (leasing financeiro) com
o Banco “Y” para que este compre os equipamentos e os arrende para que o escritório fique
utilizando os equipamentos. O escritório é o arrendatário e o Banco o arrendador. Os bens foram
adquiridos pelo Banco por R$ 150 mil. O VRG foi fixado em R$ 120 mil, que deveria ser pago, de
forma diluída durante o contrato, em 24 parcelas de R$ 5 mil. O valor do aluguel foi estipulado em
R$ 2 mil. Segundo o contrato, o escritório teria que pagar o valor do aluguel dos computadores e
mais o VRG diluído entre as parcelas. Em outras palavras, o arrendatário, por força do pacto, já
era obrigado a antecipar o VRG e, assim, quando o contrato de leasing chegasse ao final, ele seria o
dono dos computadores. Em suma, por mês, o escritório teria que pagar R$ 7 mil (2 mil de aluguel
mais 5 mil de VRG diluído). O contrato tinha duração de 24 meses. Ocorre que, a partir do 16º
mês, o escritório tornou-se inadimplente. Ao longo do contrato, o arrendatário pagou R$ 32 mil a
título de aluguéis e R$ 80 mil como antecipação do VRG. Desse modo, o arrendador recebeu R$
112 mil no total.
Se o arrendatário não paga as prestações do leasing, qual é a ação que deverá ser proposta pelo
arrendador? Ação de reintegração de posse. Logo, o Banco intentou ação de reintegração de posse
contra o escritório. O juiz expediu uma liminar determinando que os 50 computadores fossem
entregues ao arrendador. Ao final, a ação foi julgada procedente e o autor ficou na posse plena dos
bens.
O arrendador, que ficou com a posse dos bens por conta da reintegração, poderá vendê-los? SIM.
Os bens pertencem ao arrendador e ele poderá vendê-los. Aliás, no leasing financeiro, na quase
totalidade dos casos, o arrendante irá alienar os bens, pois ele é uma instituição financeira que
somente adquiriu a coisa arrendada por causa do interesse do arrendatário.
A pergunta que surge e é respondida pela súmula é a seguinte: o arrendador tem a obrigação de
devolver as quantias pagas, antecipadamente, pelo arrendatário, a título de Valor Residual
Garantido (VRG), nos casos em que o produto objeto do leasing foi apreendido na ação de
reintegração de posse e depois alienado para um terceiro? Depende:
1) Se o VRG pago pelo arrendatário somado com o valor obtido pelo arrendador com a
venda do bem for maior que o VRG total previsto no contrato: o arrendatário terá direito
de receber a diferença. Isso porque, neste caso, o arrendador terá recebido o valor total do
VRG, não tendo porque ele ficar o dinheiro conseguido a maior.
2) Se o VRG pago pelo arrendatário somado com o valor obtido pelo arrendador com a
venda do bem NÃO for superior ao VRG total previsto no contrato: o arrendatário não
irá receber nada.
Mesmo na hipótese 1, o contrato poderá prever que, antes de devolvida a diferença para o
arrendatário, o arrendador terá direito de descontar, previamente, outras despesas que tenha
tido ou encargos contratuais.
O escritório ficou inadimplente, razão pela qual os computadores foram retomados. O Banco
vendeu os computadores para um terceiro. O arrendatário terá direito de receber de volta alguma
quantia?
1) Se os computadores foram vendidos por mais de R$ 40 mil = SIM.
2) Se os computadores foram vendidos por menos de R$ 40 mil = NÃO.
Ex1: computadores foram vendidos por R$ 60 mil. VRG pago (80) + valor da venda (60) = R$ 140
mil. Como o VRG previsto no contrato era de R$ 120 mil, o arrendatário irá receber esta diferença
(20 mil).
Ex2: computadores foram vendidos por R$ 30 mil. VRG pago (80) + valor da venda (30) = R$ 110
mil. Como o VRG previsto no contrato era de R$ 120 mil, o arrendatário não terá diferença para
receber.
Mesmo no caso do exemplo 1, o contrato de leasing poderia prever que, antes de devolvida a
diferença para o arrendatário, o arrendador teria direito de descontar previamente despesas ou
encargos contratuais que tenha tido.
OBS: Importante.
TRABALHO EXTERNO: O preso que está cumprindo pena no regime semiaberto pode trabalhar.
Esse trabalho pode ser:
a) interno (intramuros): é aquele que ocorre dentro da própria unidade prisional.
b) externo (extramuros): é aquele realizado pelo detento fora da unidade prisional. O reeducando
é autorizado a sair para trabalhar, retornando ao final do expediente.
A pergunta que surge é a seguinte: A remição pelo trabalho abrange apenas o trabalho interno ou
também o externo? Se o preso que está no regime fechado ou semiaberto é autorizado a realizar
trabalho externo, ele terá direito à remição? SIM. É possível a remição de parte do tempo de
execução da pena quando o condenado, em regime fechado ou semiaberto, desempenha atividade
laborativa extramuros (trabalho externo).
A LEP, ao tratar sobre a remição pelo trabalho, não restringiu esse benefício apenas para o
trabalho interno (intramuros). Desse modo, mostra-se indiferente o fato de o trabalho ser
exercido dentro ou fora do ambiente carcerário. Na verdade, a lei exige apenas que o condenado
esteja cumprindo a pena em regime fechado ou semiaberto para que ele tenha direito à remição
pelo trabalho. Esta tese já havia sido definida pelo STJ em sede de recurso especial repetitivo (3ª
Seção. REsp 1.381.315RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 13/5/15) e agora transformou-se em
súmula.
A súmula, com outras palavras: O condenado que estiver em regime fechado ou semiaberto, se
trabalhar dentro (intramuros) ou fora (extramuros) da unidade prisional, terá direito à remição da
pena (abatimento de parte da pena). O reeducando que cumpre pena em regime aberto não possui
direito à remição pelo trabalho (mas poderá remir caso estude).
##Atenção: Vide art. 128, LEP: “Art. 128. O tempo remido será computado como pena cumprida, para
todos os efeitos.”
Súmula 561: Os Conselhos Regionais de Farmácia possuem atribuição para fiscalizar e autuar as
farmácias e drogarias quanto ao cumprimento da exigência de manter profissional legalmente
habilitado (farmacêutico) durante todo o período de funcionamento dos respectivos
estabelecimentos. (PGEPE-2018)
OBS: Importante.
O art. 185-A do CTN é mais amplo e mais invasivo ao patrimônio do devedor do que a mera
penhora “on line” disciplinada pelo CPC. Isso porque o art. 185-A do CTN prevê a
indisponibilidade universal dos bens e direitos do executado. Como pontua o STJ: "O bloqueio
universal e bens e de direitos, previsto no art. 185-A do CTN, não se confunde com a penhora de
dinheiro aplicado em instituições financeiras, por meio do sistema Bacen Jud, disciplinada no art.
655-A do CPC (redação conferida pela Lei 11.382/2006)" (STJ. 2ª Turma. AgRg no Ag 1164948/SP,
Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 02/02/2011).
Requisitos: Por ser uma medida muito grave, a indisponibilidade de que trata o art. 185-A do
CTN só pode ser decretada se forem preenchidos três requisitos que podem ser extraídos da
própria redação do dispositivo. São eles:
1) Citação do devedor. A indisponibilidade só pode ser decretada se o executado já foi
citado (“devidamente citado”).
Repare na letra “b” que basta que a Fazenda Pública tenha feito pesquisas de bens nos registros
públicos localizados no domicílio do executado (cartórios existentes na cidade do devedor).
Assim, não se exige que a Fazenda Pública realize busca em todos os registros de imóveis do País,
por exemplo.
Resumindo: O art. 185-A do CTN prevê a possibilidade de ser decretada a indisponibilidade dos
bens e direitos do devedor tributário na execução fiscal.
Vale ressaltar, no entanto, que a indisponibilidade de que trata o art. 185-A do CTN só pode ser
decretada se forem preenchidos três requisitos:
1) deve ter havido prévia citação do devedor;
2) o executado deve não ter pago a dívida nem apresentado bens à penhora no prazo legal;
3) não terem sido localizados bens penhoráveis do executado mesmo após a Fazenda Pública
esgotar as diligências nesse sentido.
Obs.: para que a Fazenda Pública prove que esgotou todas as diligências na tentativa de achar
bens do devedor, basta que ela tenha adotado duas providências:
a) pedido de acionamento do Bacen Jud (penhora “on line”) e consequente determinação pelo
magistrado;
b) expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado e ao Departamento
Nacional ou Estadual de Trânsito - DENATRAN ou DETRAN.
Nesse sentido: STJ. 1ª Seção. REsp 1.377.507-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 26/11/2014
(recurso repetitivo) (Info 552).
Súmula 559: Em ações de execução fiscal, é desnecessária a instrução da petição inicial com o
demonstrativo de cálculo do débito, por tratar-se de requisito não previsto no art. 6º da Lei nº.
6.830/1980. (TJRS-2016) (MPF-2017)
OBS: Importante.
Imagine a seguinte situação: determinado Município ajuizou execução fiscal contra João, devedor
de IPTU. O juiz indeferiu a petição inicial da execução alegando que a Fazenda Pública não juntou
o demonstrativo de cálculo do débito, conforme exige o art. 798, I, "b", do CPC 2015:
Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente:
I - instruir a petição inicial com: (...)
b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da ação, quando se tratar
de execução por quantia certa;
Agiu corretamente o magistrado? NÃO. O art. 6º da Lei 6.830/80 (LEF) trata sobre os requisitos da
petição inicial na execução fiscal e não exige que o exequente instrua a petição inicial com o
demonstrativo de cálculo do débito.
Princípio da especialidade: Diante da diferença entre a Lei nº 6.830/80 e o CPC, o STJ entende
que deve prevalecer a LEF, já que se trata de norma especial, que prepondera sobre a norma geral.
CDA já discrimina o débito: Além disso, a própria Certidão da Dívida Ativa que embasa a
execução já discrimina a composição do débito, considerando que todos os elementos que
compõem a dívida estão arrolados no título executivo (que goza de presunção de liquidez e
certeza).
Súmula 558: Em ações de execução fiscal, a petição inicial não pode ser indeferida sob o
argumento da falta de indicação do CPF e/ou RG ou CNPJ da parte executada. (TJRS-2016) (MPF-
2017)
OBS: Importante. O art. 6° da Lei n" 6.830/80 (LEF), que trata sobre os requisitos da petição inicial
na execução fiscal, não exige que o exequente faça a indicação de RG, CPF ou CNPJ do executado.
Art. 6°- A petição inicial indicará apenas:
I – o Juiz a quem é dirigida;
II - o pedido; e
III - o requerimento para a citação.
Novo CPC: O novo CPC exige que a qualificação das partes venha acompanhada da indicação do
CPF/CNPJ, mas há a ressalva de que a petição inicial pode ser recebida apesar da ausência de
algumas informações. Isso está no art. 319, 11 e §§ 1° e 2°.
Súmula 557: A renda mensal inicial (RMI) alusiva ao benefício de aposentadoria por invalidez
precedido de auxílio-doença será apurada na forma do art. 36, § 7º, do Decreto nº. 3.048/1999,
observando-se, porém, os critérios previstos no art. 29, § 5º, da Lei nº. 8.213/1991, quando
intercalados períodos de afastamento e de atividade laboral.
OBS:
Súmula 555: Quando NÃO HOUVER declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o
Fisco constituir o crédito tributário CONTA-SE EXCLUSIVAMENTE na forma do art. 173, I, do
CTN, nos casos em que a legislação ATRIBUI ao sujeito passivo o DEVER DE ANTECIPAR O
PAGAMENTO sem prévio exame da autoridade administrativa. (TJDFT-2014) (MPSC-2014)
OBS: Importante. O crédito tributário é constituído (nasce) com um ato do Fisco chamado de
“lançamento”. Só depois que a obrigação tributária se transforme em crédito tributário é que ela
se torna líquida e exigível e poderá ser executada. O Fisco possui, no entanto, um prazo para
efetuar o lançamento. Se não fizer no prazo, haverá decadência.
Existem três espécies de lançamento:
a) LANÇAMENTO DE OFÍCIO (DIRETO): ocorre quando o Fisco, sem a ajuda do
contribuinte, calcula o valor do imposto devido e o cobra do sujeito passivo. Ex: IPTU.
b) LANÇAMENTO POR DECLARAÇÃO (MISTO): ocorre quando, para que o Fisco
calcule o valor devido, é necessário que o contribuinte forneça antes algumas informações
sobre matéria de fato. Aqui o contribuinte não antecipa o pagamento. Apenas fornece esses
dados e aguarda o valor que lhe vai ser cobrado. Ex: ITBI.
c) LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO ("AUTOLANÇAMENTO"): será visto
abaixo.
A lei é que determina qual modalidade de lançamento é aplicável para cada imposto.
Será tácita quando o Fisco não examinar o pagamento no prazo legal. Aí neste caso, o pagamento
é homologado tacitamente porque a Fazenda perde o direito de questionar o valor pago. A
homologação tácita está prevista no § 4º do art. 150:
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência
do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado,
considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se
comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
Havendo a homologação (expressa ou tácita) ocorre a extinção do crédito tributário (art. 156, VII,
do CTN). Vale ressaltar que a extinção não acontece com o pagamento antecipado, mas sim com
a homologação.
O que acontece se o sujeito passivo antecipa o pagamento no prazo fixado pela lei, mas o Fisco
constata que o contribuinte pagou menos do que seria devido? Em caso de pagamento menor do
que o devido, o Fisco possui um prazo de 5 anos para apurar eventual diferença nos valores
recolhidos e efetuar, de ofício, o lançamento suplementar daquilo que faltar. Esse prazo de 5
anos é contado do dia em que ocorreu o fato gerador, na forma do § 4º do art. 150.
Conforme explica Ricardo Alexandre, "o prazo decadencial é contado exatamente da data da
ocorrência do fato gerador. Entende-se que não se justificaria esperar um prazo razoável para o
início da contagem de prazo (conforme ocorre na regra geral) porque a antecipação do pagamento
provoca imediatamente o Estado a verificar sua correção, de forma que a inércia inicial já
configura cochilo." (Direito Tributário esquematizado. São Paulo: Método, 2012).
Passados os 5 anos, se o Fisco não realizou o lançamento das diferenças, ele perderá o direito de
fazê-lo porque terá havido decadência e homologação tácita e a Fazenda Pública terá que se
contentar com o valor que foi pago pelo contribuinte.
E se o sujeito passivo não antecipar o pagamento no prazo fixado pela lei? Se ele não pagar nada,
o que acontece? Aqui o Fisco também deverá fazer o lançamento de ofício. Assim, se a lei prevê
que o contribuinte deveria ter feito o pagamento antecipado do imposto e, mesmo assim, o sujeito
passivo não o realiza, não fazendo a declaração prévia do débito, então, neste caso, a
Administração Tributária deverá fazer o lançamento direto substitutivo (art. 149, V, do CTN). O
Auditor Fiscal irá identificar quem é o sujeito passivo, calcular o quanto do tributo é devido e o
valor da multa aplicável. Dessa forma, o lançamento era inicialmente por homologação, mas como
o sujeito passivo não fez o pagamento, o Fisco passa a ter o poder dever de agir e cobrar o imposto
diretamente, por meio do lançamento de ofício.
Vale ressaltar que, se o contribuinte não paga nada, significa que é praticamente certo que ele
também não fez a "declaração do débito". Isso porque no lançamento por homologação, o
contribuinte declara o quanto acha que deve e antecipa o pagamento para só depois isso ser
analisado pelo Fisco. Se ele não pagou nada, é intuitivo que também não tenha declarado o débito.
Vimos acima que, no caso de pagamento PARCIAL, o termo inicial do prazo para a realização do
lançamento de ofício é a data da ocorrência do fato gerador (§ 4º do art. 150). Na hipótese de
ausência de pagamento, aplica-se esta mesma regra? Qual é o termo inicial do prazo decadencial
para lançamento de ofício no caso de AUSÊNCIA DE PAGAMENTO antecipado? NÃO. O termo
inicial no caso de pagamento parcial é diferente da hipótese de ausência de pagamento.
Se o contribuinte não antecipa o pagamento, ou seja, se ele não paga nada, o prazo decadencial
para que o Fisco faça o lançamento de ofício não será calculado com base no § 4º do art. 150, mas
sim de acordo com o inciso I do art. 173 do CTN:
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5
(cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado;
Quando o inciso I fala em "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento
poderia ter sido efetuado" ele quer dizer primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato
gerador (REsp 973.733-SC). Assim, se o fato gerador ocorreu em 15 de março de 2015 e o
contribuinte não apresentou a declaração do débito e não fez a antecipação do pagamento, o Fisco
terá 5 anos para realizar o lançamento de ofício, sendo que este prazo se iniciou em 01 de janeiro
de 2016.
Comparando:
Tributo sujeito à lançamento por homologação
Se o sujeito passivo antecipa o pagamento, Se o sujeito passivo não antecipa nada do
mas paga menos do que deveria: pagamento (não paga nada):
O Fisco terá o poder-dever de realizar o O Fisco terá o poder-dever de fazer o
lançamento de ofício cobrando as diferenças. lançamento de ofício cobrando todo o valor que
não foi pago.
O prazo decadencial para o lançamento de ofício
é de 5 anos. O prazo decadencial para o lançamento de ofício
é de 5 anos.
O termo inicial do prazo é a data do fato
gerador. O termo inicial do prazo será o primeiro dia do
ano seguinte àquele em que ocorreu o fato
gerador.
Aplica-se a regra do art. 150, § 4º do CTN.
Aplica-se a regra do art. 173, I, do CTN.
Vale ressaltar que, se ficar comprovado que o
contribuinte pagou apenas parte do valor, mas Obs: chamo a atenção novamente para o fato de
agiu com dolo, fraude ou simulação, ficará que o prazo é de 5 anos. Digo isso porque o
afastada a regra do § 4º do art. 150 (mais benéfica Fisco, durante um bom tempo, defendeu a tese
ao contribuinte), devendo ser aplicado o art. 173, de que, no caso de não pagamento, o prazo
I, do CTN (um pouco mais favorável ao Fisco, decadencial seria de 10 anos (a Fazenda queria
que ganhará um tempo maior para lançar). somar o prazo do art. 150, § 4º com o do art. 173,
I). Após um tempo de polêmica, esta tese, foi
finalmente rechaçada pelo STJ (REsp 973.733-
SC).
Este é o entendimento exposto pela doutrina: "No caso dos tributos sujeitos a lançamento por
homologação, podem ocorrer duas hipóteses quanto à contagem do prazo decadencial do Fisco
para a constituição de crédito tributário: 1) quando o contribuinte efetua o pagamento no
vencimento, o prazo para o lançamento de ofício de eventual diferença a maior, ainda devida, é de
cinco anos contados da ocorrência do fato gerador, forte no art. 150, § 4º, do CTN; 2) quando o
contribuinte não efetua o pagamento no vencimento, o prazo para o lançamento de ofício é de
cinco anos contado do primeiro dia do exercício seguinte ao de ocorrência do fato gerador, o que
decorre da aplicação, ao caso, do art. 173, I, do CTN. Importante é considerar que, conforme o
caso, será aplicável um ou outro prazo; jamais os dois sucessivamente, pois são excludente um do
outro. Ou é o caso de aplicação da regra especial ou da regra geral, jamais aplicando-se as duas no
mesmo caso." (PAULSEN, Leandro. Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à luz da
doutrina e da jurisprudência, 9ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007, p. 1109).
##Atenção: Em se tratando de tributo lançado por homologação que não foi pago e nem
declarado, aplica-se, para o prazo decadencial, o disposto do art. 173, I do CTN, amparado na
Súmula 555 do STJ. No caso concreto, como o fato gerador ocorreu em 1º/3/04, o prazo
decadencial para a constituição do crédito se contará a partir do primeiro dia do exercício seguinte
(01/05/05). E, como o prazo é de 5 anos, a decadência somente estaria consumada em 01/10/10.
Desse modo, como o lançamento foi feito em 3/6/09, não há se falar em decadência. Por outro
lado, a prescrição de 5 anos somente se iniciaria da data da constituição definitiva do crédito
tributário pelo lançamento, nos termos do art. 174 do CTN. Logo, no caso em tela, não houve nem
decadência nem prescrição.
A sucessora terá que pagar apenas os tributos ou também as multas tributárias que a sucedida
tivesse contra si? As empresas argumentavam que a sucessora deveria pagar apenas os tributos,
estando dispensadas de arcar com o pagamento das multas. Isso porque os arts. 132 e 133, que
tratam sobre a responsabilidade tributária na sucessão empresarial, falam expressamente apenas
em tributos. Veja:
Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou
incorporação de outra ou em outra é responsável pelos TRIBUTOS devidos (...)
Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por
qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou
profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob
firma ou nome individual, responde pelos TRIBUTOS, relativos ao fundo ou
estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato:
Outro argumento dos responsáveis era o de que a multa, por possuir caráter de sanção, seria
pessoal e, por isso, não se transmitiria a terceiros.
10
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos,
contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;
(...)
11
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua
constituição definitiva.
A tese das empresas foi acolhida pela jurisprudência? NÃO. O STJ decidiu que, na hipótese de
sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos
pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores
ocorridos até a data da sucessão.
Dívidas de valor que acompanham o patrimônio passivo transmitido ao sucessor : Segundo o STJ,
as multas moratórias ou punitivas representam dívida de valor e, como tal, acompanham o
passivo do patrimônio transmitido ao sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a
data da sucessão.
Abrange multas moratórias e punitivas: Vale chamar a atenção para o fato de que a multa será
devida pelo sucessor, não importando se ela é de caráter moratório ou punitivo. Havia
divergência quanto a isso e agora está pacificado. As multas moratórias, também chamadas de
multas administrativas, são aquelas impostas ao contribuinte pelo fato de ele ter atrasado o
pagamento do tributo. As multas punitivas, também denominadas de multas de ofício, são
aquelas impostas pelo descumprimento de uma obrigação acessória do contribuinte. O exemplo
típico está no art. 44 da Lei nº 9.430/96.
Multa continua sendo diferente de tributo: Por fim, uma última observação: multa não é tributo.
O conceito de tributo é previsto no art. 3º do CTN e nele é previsto expressamente que tributo não
constitui "sanção de ato ilícito". A multa é uma sanção por ato ilícito e, portanto, está fora da
definição de tributo. Apesar de multa não ser tributo, ela também é transmitida para o sucessor
em caso de sucessão empresarial. Essa transmissão ocorre porque a multa é uma dívida de valor
que faz parte do patrimônio passivo do sucedido e, como tal, transfere-se ao sucessor.
Súmula 553: Nos casos de empréstimo compulsório sobre o consumo de energia elétrica, é
competente a Justiça estadual para o julgamento de demanda proposta exclusivamente contra a
Eletrobrás. Requerida a intervenção da União no feito após a prolação de sentença pelo juízo
estadual, os autos devem ser remetidos ao TRF competente para o julgamento da apelação, se
deferida a intervenção. (M)
Nisso consiste o empréstimo compulsório, que é uma espécie de tributo prevista no art. 148 da
CF/88:
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra
externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional,
observado o disposto no art. 150, III, "b".
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será
vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.
A lei complementar que instituir o empréstimo compulsório já deverá fixar o seu prazo e as
condições de resgate (art. 15, parágrafo único, do CTN).
Empréstimo compulsório sobre o consumo de energia elétrica: A súmula 553 trata a respeito de
um empréstimo compulsório que foi instituído sobre o consumo de energia elétrica. Esse
empréstimo compulsório foi criado pela Lei 4.156/62 com o objetivo de financiar a expansão e a
melhoria do setor elétrico brasileiro em uma época onde em muitos lugares do país não havia
energia elétrica. Assim, na conta de luz do consumidor, além da tarifa normal, era cobrado
determinado valor a título de empréstimo compulsório.
Esse empréstimo compulsório foi exigido até 1993. O valor arrecadado era destinado à Eletrobrás
(Centrais Elétricas Brasileiras), sociedade de economia mista federal responsável pela expansão da
oferta de energia elétrica no país.
Divergências quanto à devolução dos valores: No prazo previsto na lei, a Eletrobrás efetuou a
devolução dos valores cobrados dos clientes como empréstimo compulsório. No entanto, surgiram
várias divergências acerca da quantia que seria realmente devida. Isso porque diversos
consumidores questionaram os índices de correção monetária e juros que foram utilizados pela
empresa para a devolução, especialmente por causa da alta inflação vivenciada no período. Além
disso, parte desses valores foram devolvidos em forma de ações preferenciais da Eletrobrás, o que
também gerou inúmeros conflitos quanto ao preço dessas ações, que não teria se baseado no valor
real de mercado. Enfim, todos esses problemas acabaram se transformando em milhares de ações
judiciais propostas pelos consumidores contra a Eletrobrás.
Vimos que o dinheiro arrecadado com o empréstimo compulsório era repassado à Eletrobrás, que
tinha a obrigação de investir na expansão da rede elétrica e, no final do prazo previsto na lei,
devolver aos consumidores a quantia tomada emprestada. E a União, qual era o papel que a lei
estabeleceu para ela? A União instituiu o empréstimo compulsório e, segundo a lei, ela seria
responsável solidária, juntamente com a Eletrobrás, pela devolução dos valores aos
consumidores (art. 4º, § 3º da Lei nº 4.156/62). Em outras palavras, a obrigação de devolver os
valores do empréstimo compulsório era solidária da União e da Eletrobrás.
Diante disso, surgiu uma dúvida: de quem é a competência para julgar as demandas envolvendo
cobrança de valores relacionados com o empréstimo compulsório sobre o consumo de energia
elétrica? Depende:
1) Se o consumidor propõe a ação contra a Eletrobrás e a União, em litisconsórcio : Justiça
FEDERAL. Vimos acima que a União responde solidariamente pelo empréstimo compulsório, nos
termos do art. 4º, § 3º, da Lei 4.156/62. Desse modo, sendo caso de responsabilidade solidária, o
autor (credor) poderá ajuizar a ação contra os dois devedores solidários (União e Eletrobrás) em
litisconsórcio. Se assim o fizer, a competência será da Justiça Federal, com base no art. 109, I, da
CF/88.
2.2 EXCEÇÃO: se a União intervier na lide, a competência será da Justiça FEDERAL. Como a
União é devedora solidária, ela possui interesse jurídico e poderá pedir para intervir na lide .
Ocorrendo esta situação, o juiz de direito (juiz estadual) que estava apreciando a lide contra a
Eletrobrás deverá declinar a competência para a Justiça Federal, nos termos do art. 109, I, da
CF/88. Importante esclarecer que não cabe ao juiz de direito dizer se há ou não interesse da
União. Pedindo a União para intervir, o magistrado estadual deverá declinar a competência para
que a Justiça Federal aprecie o pedido da União (Súmula 150-STJ).
Esse pedido de intervenção da União pode ocorrer após o juiz já ter sentenciado a lide? Ex: o
consumidor ingressou, na Justiça Estadual, com ação exclusivamente contra a Eletrobrás. Em um
primeiro momento, a União não pediu para intervir na lide. O juiz de direito sentenciou
condenando a Eletrobrás. Ao saber da sentença, a União pede para intervir. Isso é possível? O que
acontecerá neste caso? SIM, é possível que a União requeira sua intervenção na lide mesmo
após a sentença já ter sido prolatada. Neste caso, os autos deverão ser remetidos ao Tribunal
Regional Federal competente para que este analise em um primeiro momento o pedido de
ingresso da União e, se deferida a intervenção, faça o julgamento da apelação. Trata-se de uma
interessante hipótese em que o TRF irá julgar, em apelação, uma sentença proferida por juiz
estadual (juiz de direito). Vale ressaltar que, quando a sentença foi prolatada pelo juiz direito, ele
era competente para julgar a causa, já que só havia a Eletrobrás na lide. Assim, a sentença não
poderá ser anulada por incompetência. Somente a partir do momento em que ocorre a
intervenção da União é que a competência muda para a Justiça Federal, ocasionando o
deslocamento da competência, mas sem a anulação dos atos praticados pelo juízo estadual
anteriormente competente (STJ 1.111.159/RJ).
Súmula 552: O portador de SURDEZ UNILATERAL NÃO SE QUALIFICA como pessoa COM
DEFICIÊNCIA para o fim de disputar as vagas reservadas em concursos públicos.
OBS: Importante.
A CF/88 determina que um percentual das vagas dos concursos públicos deve ser destinado aos
candidatos com deficiência. Ex.: em um concurso para analista judiciário, são oferecidas 100 vagas.
A lei dessa carreira determina que 10% das vagas sejam destinadas a portadores de necessidades
especiais (PNEs). Logo, 10 vagas desse concurso deverão ser ocupadas por PNEs. Se não houver
candidatos deficientes aprovados em número suficiente para preencher essas vagas, o edital
poderá prever que essas vagas serão ocupadas por candidatos que não sejam pessoas com
deficiência.
Percentual no caso de concursos públicos federais: Nos concursos públicos realizados no âmbito
do Poder Executivo federal, a legislação determina que o edital deverá prever um percentual de,
no mínimo 5% e, no máximo, 20% das vagas às pessoas com deficiência. Caso a aplicação do
percentual resulte em um número fracionado, este deverá ser elevado até o primeiro número
inteiro subsequente, desde que respeitado o limite máximo de 20% das vagas ofertadas. Ex.:
concurso público para 12 vagas; edital prevê 10% para pessoas com deficiência (1,2 vagas); logo, 2
vagas serão para PNEs. Além disso, é indispensável que a deficiência apresentada não seja
incompatível com o cargo. Tais regras estão previstas no art. 5º, § 2º da Lei nº 8.112/90 e no art. 1º,
§1º do Decreto nº 9.508/18.
A pessoa que possui audição em apenas um dos ouvidos (surdez unilateral) pode ser considerada
deficiente para fins de reserva de vaga em concurso público? NÃO. Segundo a jurisprudência do
STJ, candidato em concurso público com surdez unilateral NÃO tem direito a participar do
certame na qualidade de deficiente auditivo.
Por quê? O Decreto nº 3.298/99 regulamentou a Lei nº 7.853/89, que dispõe sobre a Política
Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Em seu art. 4º, o Decreto assim
define a deficiência auditiva:
Art. 4º É considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes
categorias:
II — deficiência auditiva — perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB)
ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz;
(Redação dada pelo Decreto nº 5.296/2004)
Perceba, portanto, que, para o Decreto, a deficiência auditiva é a perda bilateral da audição. A
redação atual foi dada pelo Decreto nº 5.296/2004, que expressamente acrescentou a palavra
“bilateral”.
Vale ressaltar que existe um precedente da 2ª Turma do STF no mesmo sentido: MS 29.910 AgR,
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/06/2011.
A pessoa que possui visão em apenas um dos olhos (visão monocular) pode ser considerada
deficiente para fins de reserva de vaga em concurso público? SIM. Existe a Súmula 377 do STJ
espelhando essa conclusão. Esse é também o entendimento do STF: RMS 26071, Rel. Min. Carlos
Britto, j. 13/11/2007.
Diferença de tratamento entre as duas situações: Essa distinção acima existe porque o Decreto nº
3.298/99 exige expressamente, para que seja considerada deficiência auditiva, que a surdez seja
bilateral (art. 4º, II). Este mesmo Decreto, ao definir deficiência visual (art. 4º, III), não exige que a
cegueira seja nos dois olhos. Em outras palavras, o art. 4º do Decreto nº 3.298/99 proíbe que a
pessoa com surdez unilateral seja considerada deficiente auditiva, mas permite que a pessoa com
visão monocular seja enquadrada como deficiente visual. Dessa forma, a diferença de tratamento
foi fixada pelo Decreto com base, supostamente, em critérios técnicos. Para nós, leigos, contudo,
resta a sensação de que não há muita razoabilidade nesta distinção.
Em suma:
a) Surdez unilateral: NÃO é considerada deficiência para fins de concurso público.
b) Cegueira unilateral: é considerada deficiência para fins de concurso público.
(MPGO-2019): A respeito dos direitos da pessoa com deficiência, assinale a alternativa correta:
Segundo entendimento do STJ, em concurso público, o portador de surdez unilateral não se
qualifica como pessoa com deficiência para o fim de disputar as vagas reservadas, enquanto o
portador de visão monocular tem direito de concorrer às vagas reservadas à pessoa com
deficiência. BL: S. 377 e 552, STJ.
(MPMS-2018): Em atenção ao Direito das Pessoas com Deficiência, é correto afirmar: De acordo
com o STJ, o portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com deficiência para o
fim de disputar vagas reservadas em concursos públicos. BL: S. 552, STJ.
Súmula 551: Nas demandas por complementação de ações de empresas de telefonia, admite-se a
condenação ao pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio independentemente de
pedido expresso. No entanto, somente quando previstos no título executivo poderão ser objeto de
cumprimento de sentença.
OBS: O juiz pode condenar ao pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio mesmo que
não tenha havido pedido expresso na petição inicial da demanda de complementação de ações.
No entanto, se a sentença foi omissa, tais verbas não poderão ser exigidas no momento do
cumprimento de sentença.
OBS: Importante.
Imagine a seguinte situação hipotética: Pedro aluga seu apartamento para Rui (locatário). João,
melhor amigo de Rui, aceita figurar no contrato como fiador. Após um ano, Rui devolve o
apartamento, ficando devendo, contudo, quatro meses de aluguel. Pedro propõe uma execução
contra Rui e João cobrando o valor devido. O juiz determina a penhora da casa em que mora João
e que está em seu nome. É possível a penhora da casa de João, mesmo sendo bem de família? SIM.
A impenhorabilidade do bem de família não se aplica no caso de dívidas do fiador decorrentes
do contrato de locação. Veja o que diz a Lei nº 8.009/90:
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal,
previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.
Esse inciso VII do art. 3º é constitucional? Ele é aplicado pelo STF e STJ? SIM. O STF decidiu que
o art. 3º, VII, da Lei 8.009/90 é constitucional, não violando o direito à moradia (art. 6º da CF/88)
nem qualquer outro dispositivo da CF/88. O Tribunal, no julgamento do Recurso Extraordinário
nº 407.688-8/SP, declarou a constitucionalidade do inciso VII do artigo 3º da Lei 8.009/90, que
excepcionou da regra de impenhorabilidade do bem de família o imóvel de propriedade de fiador
em contrato de locação (STF. 1ª Turma. RE 495105 AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 5/11/13).
OBS: Importante.
Se o devedor paga a dívida, a quem caberá informar o SPC ou a SERASA dessa situação para que
seja retirado o nome do devedor? Cumpre ao CREDOR (e não ao devedor) providenciar o
cancelamento da anotação negativa do nome do devedor em cadastro de proteção ao crédito,
quando paga a dívida.
Vale ressaltar que é inclusive crime, previsto no CDC, quando o fornecedor deixa de comunicar o
pagamento ao cadastro de proteção ao crédito:
Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação sobre consumidor constante de
cadastro, banco de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata:
Pena — Detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa.
Qual é o prazo que tem o credor para retirar (dar baixa) do nome do devedor no cadastro
negativo? 5 (cinco) dias úteis. Assim, mesmo havendo regular inscrição do nome do devedor em
cadastro de órgão de proteção ao crédito, após o integral pagamento da dívida, incumbe ao
CREDOR requerer a exclusão do registro desabonador, no prazo de 5 dias úteis, a contar do
primeiro dia útil subsequente à completa disponibilização do numerário necessário à quitação
do débito vencido. STJ. 2ª S. REsp 1.424.792-BA, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 10/9/14 (recurso
repetitivo) (Info 548).
Qual foi o fundamento para se encontrar esse prazo? O STJ construiu este prazo por meio de
aplicação analógica do art. 43, § 3º do CDC:
Art. 43 (...) § 3º. O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e
cadastros, poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco
dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas.
Qual é o termo inicial para a contagem? Este prazo começa a ser contado da data em que houve
o pagamento efetivo. No caso de quitações realizadas mediante cheque, boleto bancário,
transferência interbancária ou outro meio sujeito à confirmação, o prazo começa a ser contado do
efetivo ingresso do numerário na esfera de disponibilidade do credor.
Estipulação de prazo diverso mediante acordo entre as partes: É possível que seja estipulado entre
as partes um outro prazo diferente desses 5 dias, desde que não seja abusivo.
O que acontece se o credor não retirar o nome do devedor do cadastro no prazo de 5 dias? A
manutenção do registro do nome do devedor em cadastro de inadimplentes após esse prazo
impõe ao credor o pagamento de indenização por dano moral, independentemente de
comprovação do abalo sofrido.
##Atenção: Além da súmula 385 do STJ, que fundamenta o indeferimento do pedido de reparação
de dano moral pela empresa Juliett, a questão também exige o conhecimento da súmula 548 do
STJ: Incumbe ao credor a exclusão do registro da dívida em nome do devedor no cadastro de
inadimplentes no prazo de cinco dias úteis, a partir do integral e efetivo pagamento do débito. A
manutenção indevida do nome do consumidor do órgão de proteção ao crédito enseja a reparação
de dano moral, razão pela qual Bravo deve pagar indenização.
Súmula 547: Nas ações em que se pleiteia o ressarcimento dos valores pagos a título de participação
financeira do consumidor no custeio de construção de rede elétrica, o prazo prescricional é de vinte
anos na vigência do Código Civil de 1916. Na vigência do Código Civil de 2002, o prazo é de cinco
anos se houver previsão contratual de ressarcimento e de três anos na ausência de cláusula nesse
sentido, observada a regra de transição disciplinada em seu art. 2.028.
Súmula 546: A competência para processar e julgar o CRIME DE USO DE DOCUMENTO FALSO
É FIRMADA em razão da entidade ou órgão ao qual FOI APRESENTADO o documento público,
NÃO IMPORTANDO a qualificação do órgão expedidor. (PCGO-2018) (TJBA-2019) (MPGO-2019)
OBS: Importante.
Imagine a seguinte situação hipotética: João e Ricardo já haviam feito inúmeras vezes o exame de
direção para tirar carteira de motorista, mas nunca passavam. Decidiram, então, comprar de Pedro
(conhecido falsário) a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) falsificada, uma para cada.
FALSIFICAÇÃO COMETIDA POR PEDRO: Alguns meses depois, Pedro, que continuava
falsificando carteiras para vender, foi preso em flagrante, tendo sido denunciado por falsificação
de documento público (art. 297 do CP).
De quem será a competência para julgar Pedro? Justiça Estadual. Isso porque a Carteira
de Habilitação, quando verdadeira, é um documento expedido pelo DETRAN, conforme
previsto no art. 22, II, da Lei nº 9.503/97 (CTB). O DETRAN possui natureza jurídica de
órgão ou de autarquia estadual (a depender da legislação de cada Estado). Logo, quando
o agente falsifica uma Carteira de Habilitação, ele está lesando um serviço de interesse
estadual.
USO DE DOCUMENTO FALSO POR JOÃO: Determinado dia, João, em uma blitz do órgão
municipal de trânsito, apresentou sua Carteira de Habilitação falsificada. O agente de trânsito,
percebendo a falsificação, chamou um PM e João foi preso em flagrante por uso de documento
falso (art. 304 do CP).
De quem será a competência para julgar João? Justiça Estadual. Isso porque o uso do
documento falso foi feito para iludir o serviço de segurança viária realizado pelo
Município. Logo, não há nenhum interesse federal no crime praticado, não sendo
competência da Justiça Federal por não se enquadrar em nenhuma das hipóteses do art.
109 da CF/88.
USO DE DOCUMENTO FALSO POR RICARDO: Mais alguns meses depois, Ricardo foi viajar de
carro para outro Estado e, na fiscalização montada pela Polícia Rodoviária Federal, foi solicitado a
ele que apresentasse a habilitação, o que foi feito. Ao consultar no sistema informatizado, o
Policial Rodoviário Federal constatou que se tratava de documento falsificado, uma vez que o
número não constava nos registros do DENATRAN. Ricardo foi preso em flagrante por uso de
documento falso (art. 304 do CP).
Para o STJ, no caso do crime de uso de documento falso, a qualificação do órgão expedidor do
documento público é irrelevante para determinar a competência. No uso de documento falso, o
critério a ser utilizado para definir a competência é analisar a natureza do órgão ou da entidade a
quem o documento foi apresentado, considerando que são estes quem efetivamente sofrem os
prejuízos em seus bens ou serviços. Assim, se o documento falso é apresentado perante um órgão
ou entidade federal, a vítima é este órgão ou entidade que teve seu serviço ludibriado.
Quadro-resumo:
Competência para julgar a FALSIFICAÇÃO do documento: definida em razão do órgão
expedidor.
Competência para julgar o USO do documento falso: definida em razão do órgão a
quem é apresentado.
Regras para definir a competência nos crimes contra a fé-pública: De forma bem completa, Renato
Brasileiro (Manual de Processo Penal. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 426429) elenca quatro regras
para se determinar a competência nos crimes contra a fé pública:
1) Em se tratando de falsificação, em qualquer uma de suas modalidades, a competência será
determinada pelo ente responsável pela confecção do documento.
2) Em se tratando de crime de uso de documento falso (art. 304 do CP), por terceiro que não
tenha sido responsável pela falsificação do documento, é irrelevante a natureza desse documento
(se federal ou estadual), pois a competência será determinada em virtude da pessoa física ou
jurídica prejudicada pelo uso.
3) Em caso de uso de documento falso pelo próprio autor da falsificação, estará configurado um
só delito (o de falsificação), sendo o uso considerado como mero exaurimento da falsificação
anterior (post factum impunível), com base na aplicação do princípio da consunção. Assim, a
competência será determinada pela natureza do documento (regra 1), independentemente da
pessoa física ou jurídica prejudicada pelo seu uso.
4) Em se tratando de crimes de falsificação ou de uso de documento falso cometidos como meio
para a prática de um crime-fim, sendo por este absorvidos, a competência será determinada pelo
sujeito passivo do crime-fim.
##Atenção: Perceba que o diploma falsificado foi apresentado perante o Governo do Estado do
Mato Grosso. Portanto, de acordo com o entendimento sumulado, pouco importa a qualificação
do suposto orgão expedidor (Universidade Federal), devendo, outrossim, o crime ser julgado
perante a Justiça Estadual do MT.
OBS1: Importante.
Confissão espontânea: A confissão espontânea é atenuante genérica prevista no art. 65, III, “d”, do
CP:
Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
III - ter o agente:
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
Como se trata de atenuante, a confissão serve para diminuir a pena do condenado, o que é feito na
2ª fase da dosimetria da pena.
Confissão parcial: Ocorre quando o réu confessa apenas parcialmente os fatos narrados na
denúncia. Ex.: o réu foi denunciado por furto qualificado pelo rompimento de obstáculo (art. 155,
§ 4º, I, do CP). Ele confessa a subtração do bem, mas nega que tenha arrombado a casa.
Confissão qualificada: Ela ocorre quando o réu admite a prática do fato, no entanto, alega em
sua defesa um motivo que excluiria o crime ou o isentaria de pena . Ex: eu matei sim, mas foi em
legítima defesa. Obs: por serem muito próximos os conceitos, alguns autores apresentam a
confissão parcial e a qualificada como sinônimas.
OBS: O STF possui precedentes em sentido contrário: “(...) A confissão qualificada não é suficiente
para justificar a atenuante prevista no art. 65, III, “d”, do Código Penal (...)” STF. 1ª T. HC 119671, Rel.
Min. Luiz Fux, julgado em 05/11/2013.
ATENÇÃO: Como o último julgado do STF sobre o tema é relativamente antigo (2013), em
provas, é mais provável que seja cobrado o entendimento do STJ.
Confissão retratada: A chamada confissão retratada ocorre quando o agente confessa a prática
do delito e, posteriormente, se retrata, negando a autoria. Ex: durante o inquérito policial, João
confessa o crime, mas em juízo volta atrás e se retrata, negando a imputação e dizendo que foi
torturado pelos policiais. O agente confessa na fase do inquérito policial e, em juízo, se retrata,
negando a autoria. O juiz condena o réu fundamentando sua sentença, dentre outros argumentos
e provas, na confissão extrajudicial.12
Deverá incidir a atenuante? SIM. Se a confissão do agente é utilizada pelo magistrado como
fundamento para embasar a condenação, a atenuante prevista no art. 65, inciso III, alínea
“d”, do CP deve ser aplicada em favor do réu, não importando que, em juízo, este tenha se
retratado (voltado atrás) e negado o crime (STJ. 5ª T. HC 176.405/RO, Rel. Min. Jorge Mussi,
j. 23/4/13).
Neste caso, o juiz deverá aplicar a atenuante do art. 65, III, “d”, do CP? SIM. (...) A orientação
desta Corte é pela irrelevância de ser a confissão parcial ou total, condicionada ou irrestrita, com
ou sem retratação posterior, devendo incidir a atenuante do art. 65, III, "d", do Código Penal ,
desde que utilizada como fundamento para a condenação. (...) STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp
1450875/SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 04/08/2015.
ATENÇÃO: Como o último julgado do STF sobre o tema é relativamente antigo (2014), em
provas, é mais provável que seja cobrado o entendimento do STJ.
Desse modo, o Súmula 545 do STJ vale tanto para rasos de confissão parcial, de confissão
qualificada e confissão com retratação posterior. Em suma, se o juiz utilizou a confissão como
fundamento (elemento de argumentação) para embasar a condenação, ele, obrigatoriamente,
deverá aplicar a atenuante prevista no art. 65, inciso 111, alínea "d': do CP.
A confissão é um fato processual que gera um ônus e um bônus para o réu . O ônus está no fato
de que isso será utilizado contra ele como elemento de prova no momento da sentença. O bônus
foi concedido pela lei e consiste na atenuação de sua pena. Não seria justo que o magistrado
utilizasse a confissão apenas para condenar o réu, sem lhe conferir o bônus, qual seja, o
reconhecimento da confissão.
Advertência: em provas de concurso, Dizer o Direito acredita que irão cobrar, durante um bom
tempo, a mera redação da Súmula 545 do STJ. Algo como: “segundo o entendimento sumulado do
STJ...”.
(MPGO-2019): Sobre a questão da pena, assinale a alternativa correta: Tem prevalecido no STJ o
entendimento no sentido de que a confissão espontânea, quando utilizada para a formação do
convencimento do julgador, dá ensejo à incidência da atenuante prevista no art .65, III, “d”, do CP,
mesmo que a confissão tenha sido qualificada. Não obstante essa posição do STJ, há na doutrina
relevantes autores que sustentam que a confissão qualificada não atenua a pena, já que neste caso
o acusado não estaria propriamente colaborando com a Justiça para a descoberta da verdade real,
mas sim agindo no exercício de sua autodefesa. Essa linha e entendimento, inclusive, foi
recentemente prestigiada pelo STF, em julgado de 2019, no qual se decidiu que a natureza
qualificada da confissão afasta a possiblidade de aplicação da circunstância atenuante prevista no
art. 65, III, “d” , do CP. BL: S. 545, STJ e Entend. Jurisprud do STF.
##Atenção: ##STF: A confissão qualificada ocorre quando o agente admite o fato, mas alega causa
impeditiva ou modificativa do direito de punir, como, por exemplo, excludentes de ilicitude ou de
culpabilidade (CUNHA, 2020, p. 541). De fato, a jurisprudência do STJ se consolidou no sentido de
que a confissão, ainda que qualificada, deve atenuar a pena, conforme se conclui a partir da leitura
do enunciado 545 da súmula deste tribunal. Contudo, há uma segunda corrente que defende que a
confissão qualificada não induz à aplicação da atenuante descrita pelo art. 65, inciso III, alínea "d",
do CP, pois o réu, ao sustentar qualquer tese exculpatória ou justificadora de sua ação, na
12
##Atenção: Tema cobrado na prova da DPEDF-2019 (CESPE).
verdade, nega a prática do crime imputado, uma vez que a conduta se tornaria autorizada ou
tolerada pela norma penal. Foi esse o entendimento manifestado pelo STF no HC 119671. Segundo
o teor da assertiva, o tema é controvertido na doutrina e na jurisprudência do STF, conforme se
percebe a partir de recente julgado, vejamos. “(...) 13.b.7) A natureza qualificada da confissão – a
partir da negativa do aspecto criminoso da conduta – afasta a possibilidade de aplicação da
circunstância atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código Penal. (...)” STF. 1ª T. AP 892, Rel.
Min. Luiz Fux, j. 26/02/19.
##Atenção: Uma das características da confisão é a sua retratabilidade. Isso significa dizer que, em
Juízo, o acusado pode negar o fato, desacreditando a admissão de culpa por ele feita. Acontece
que, mesmo assim, o juiz não fica vinculado à retratação feita, podendo, inclusive, utilizar tal
elemento de convicção para formação do seu livre convencimento motivado. Todavia, “quando a
confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no
artigo 65, III, d, do Código Penal.” (Súmula 545, STJ). Nesse sentido, vejamos também o seguinte
julgado do STF: “Se a confissão do agente é utilizada pelo magistrado como fundamento para
embasar a condenação, a atenuante prevista no art. 65, inciso III, alínea “d”, do CP deve ser aplicada
em favor do réu, não importando que, em juízo, este tenha se retratado (voltado atrás) e negado o
crime”. (STJ. 5ª T. HC 176.405/RO, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 23/4/13)
Súmula 544: É válida a utilização de tabela do Conselho Nacional de Seguros Privados para
estabelecer a proporcionalidade da indenização do seguro DPVAT ao grau de invalidez também na
hipótese de sinistro anterior a 16/12/2008, data da entrada em vigor da Medida Provisória n.
451/2008.
OBS:
Tabelas do CNSP: A Lei 6.194/74 foi lacunosa e não previu os critérios para se graduar a
indenização a ser paga em caso de invalidez permanente. Diante dessa omissão da lei, o Conselho
Nacional de Seguros Privados (CNSP) elaborou uma tabela prevendo limites indenizatórios de
acordo com as diferentes espécies de sinistros. Essa tabela previa, por exemplo: a) Perda total da
visão de um olho: a vítima receberá X% do valor da indenização; b). Fratura não consolidada do
maxilar inferior: a vítima receberá Y% do valor da indenização. Como essa tabela não estava
prevista em lei, ela era muito questionada. As vítimas que sofriam invalidez permanente, mas não
recebiam o valor máximo, ingressavam com ações afirmando que tal escalonamento feito pelo
CNSP violava o princípio da legalidade.
Mas e na época em que a tabela não era prevista em lei, mas apenas no ato do CNSP, ela era
válida? Dito de outro modo, no caso de acidentes ocorridos antes da MP 451/2008 (16/12/2008),
era possível aplicar as tabelas do CNSP? SIM. O STJ decidiu que mesmo em caso de acidentes de
trânsito ocorridos antes da MP 451/08 (16/12/08), já era válida a utilização da tabela do CNSP
para se estabelecer proporcionalidade entre a indenização a ser paga e o grau da invalidez. Esse
entendimento foi pacificado pela 2ª Seção no REsp 1.303.038-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, j. 12/3/14 (recurso repetitivo) (Info 537), sendo este julgado o principal precedente
que deu origem à Súmula 567.
Qual foi o fundamento utilizado pelo STJ para validar a tabela do CNSP mesmo antes da MP
451/2008? Segundo afirmou o Min. Sanseverino, a declaração de invalidade da tabela não seria a
melhor solução, pois a ausência de percentuais previamente estabelecidos para o cálculo da
indenização causaria grande insegurança jurídica, uma vez que o valor da indenização passaria
a depender exclusivamente de um juízo subjetivo do magistrado. Além disso, os valores
estabelecidos pela tabela para a indenização proporcional pautavam-se por um critério de
razoabilidade em conformidade com a gravidade das lesões corporais sofridas pela vítima do
acidente de trânsito.
Mas o CNSP poderia ter editado um ato normativo como esse? SIM. O art. 7º do Decreto-Lei
73/66 prevê que “Compete privativamente ao Governo Federal formular a política de seguros
privados, legislar sobre suas normas gerais e fiscalizar as operações no mercado nacional”. Essa
competência normativa foi recepcionada pela CF/88 e, com base nela, foi que o CNSP editou a
referida tabela. Vale ressaltar, ainda, que a tabela do CNSP não era de observância sempre
obrigatória. Era prevista a possibilidade de o magistrado, diante das peculiaridades do caso
concreto, fixar indenização segundo outros critérios.
OBS: Importante.
Essa cláusula é válida? NÃO. É abusiva a cláusula de distrato, fixada no contrato de promessa de
compra e venda imobiliária, que estabeleça a possibilidade de a construtora vendedora promover
a retenção integral ou a devolução ínfima do valor das parcelas adimplidas pelo consumidor
distratante. O art. 53 do CDC veda a retenção integral das parcelas pagas:
Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em
prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de
pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em
benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a
retomada do produto alienado.
Desse modo, o art. 53 do CDC afirma que é nula de pleno direito a cláusula de decaimento.
O que é cláusula de decaimento? É aquela que estabelece que o adquirente irá perder todas as
prestações pagas durante o contrato caso se mostre inadimplente ou requeira o distrato.
Devolução de uma parte ínfima das prestações pagas: Como o CDC foi expresso ao proibir a
retenção integral do valor pago pelo adquirente, as construtoras passaram a tentar burlar essa
vedação legal e começaram a prever que, em caso de distrato, seria feita a devolução das parcelas
pagas, fazendo-se, contudo, a retenção de determinados valores a título de indenização pelas
despesas experimentadas pela construtora. Ocorre que diversos contratos previram que essa
devolução seria de valores ínfimos, ou seja, muito pequenos, ficando a construtora com a maior
parte da quantia já paga pelo adquirente. Essa prática também foi rechaçada pela jurisprudência.
Assim, a devolução de uma parte ínfima das prestações também é vedada pelo CDC por colocar
o consumidor em uma situação de desvantagem exagerada:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor
em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;
Mas a construtora poderá reter, em caso de distrato, uma parte do valor que já foi pago pelo
adquirente caso este desista do negócio? SIM. A resolução do contrato de promessa de compra e
venda de imóvel por culpa (ou por pedido imotivado) do consumidor gera o direito de retenção,
pelo fornecedor, de parte do valor pago. Assim, o STJ entende que é justo e razoável que o
vendedor retenha parte das prestações pagas pelo consumidor como forma de indenizá-lo pelos
prejuízos suportados, especialmente as despesas administrativas realizadas com a divulgação,
comercialização e corretagem, além do pagamento de tributos e taxas incidentes sobre o imóvel, e
a eventual utilização do bem pelo comprador. Existem precedentes do STJ afirmando que o
percentual máximo que o promitente-vendedor poderia reter seria o de 25% dos valores já
pagos, devendo o restante ser devolvido ao promitente comprador.
Tais cláusulas são válidas? NÃO. Em contrato de promessa de compra e venda de imóvel
submetido ao CDC, é abusiva a cláusula contratual que determine, no caso de resolução, a
restituição dos valores devidos somente ao término da obra ou de forma parcelada,
independentemente de qual das partes tenha dado causa ao fim do negócio. A restituição dos
valores deverá ser imediata, mesmo que o "culpado" pelo desfazimento do negócio tenha sido o
consumidor (promitente comprador).
Qual é o fundamento para essa conclusão? Não existe um dispositivo no CDC que afirme
expressamente que a devolução das parcelas deve ser imediata. No entanto, para o STJ tais
cláusulas violam o art. 51, II e IV, do CDC:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
II — subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos
previstos neste Código;
IV — estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor
em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;
Resumindo:
1) O desfazimento do contrato ocorreu por culpa exclusiva do promitente vendedor: as
parcelas pagas deverão ser INTEGRALMENTE devolvidas.
2) O desfazimento do contrato ocorreu por culpa exclusiva do consumidor: as parcelas
pagas deverão ser PARCIALMENTE devolvidas.
Lei nº 13.786/2018: A Lei 13.786/18 acrescentou o art. 67-A à Lei 4.591/64 prevendo o seguinte:
Art. 67-A. Em caso de desfazimento do contrato celebrado exclusivamente com o
incorporador, mediante distrato ou resolução por inadimplemento absoluto de obrigação
do adquirente, este fará jus à restituição das quantias que houver pago diretamente ao
incorporador, atualizadas com base no índice contratualmente estabelecido para a correção
monetária das parcelas do preço do imóvel, delas deduzidas, cumulativamente:
I - a integralidade da comissão de corretagem;
II - a pena convencional, que não poderá exceder a 25% (vinte e cinco por cento) da quantia
paga. (...)
§ 5º Quando a incorporação estiver submetida ao regime do patrimônio de afetação, de que
tratam os arts. 31-A a 31-F desta Lei, o incorporador restituirá os valores pagos pelo
adquirente, deduzidos os valores descritos neste artigo e atualizados com base no índice
contratualmente estabelecido para a correção monetária das parcelas do preço do imóvel,
no prazo máximo de 30 (trinta) dias após o habite-se ou documento equivalente expedido
pelo órgão público municipal competente, admitindose, nessa hipótese, que a pena referida
no inciso II do caput deste artigo seja estabelecida até o limite de 50% (cinquenta por cento)
da quantia paga.
§ 6º Caso a incorporação não esteja submetida ao regime do patrimônio de afetação de que
trata a Lei nº 10.931, de 2 de agosto de 2004, e após as deduções a que se referem os
parágrafos anteriores, se houver remanescente a ser ressarcido ao adquirente, o pagamento
será realizado em parcela única, após o prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da data
do desfazimento do contrato.
§ 7º Caso ocorra a revenda da unidade antes de transcorrido o prazo a que se referem os §§
5º ou 6º deste artigo, o valor remanescente devido ao adquirente será pago em até 30
(trinta) dias da revenda. (...)
Compare a posição do STJ com a redação da Lei:
Em caso de resolução do contrato, em quanto tempo a incorporadora
deverá promover devolução dos valores ao adquirente?
Posição do STJ: imediatamente Lei nº 13.786/2018:
Súmula 543-STJ: Na hipótese de resolução • Quando a incorporação estiver submetida ao
de contrato de promessa de compra e regime do patrimônio de afetação: o incorporador
venda de imóvel submetido ao Código de restituirá os valores pagos pelo adquirente no prazo
Defesa do Consumidor, deve ocorrer a máximo de 30 dias após o habite-se ou documento
imediata restituição das parcelas pagas equivalente expedido pelo órgão público municipal
pelo promitente comprador - competente.
integralmente, em caso de culpa exclusiva
do promitente vendedor/construtor, ou • Caso a incorporação não esteja submetida ao regime
parcialmente, caso tenha sido o comprador do patrimônio de afetação: o pagamento será
quem deu causa ao desfazimento. realizado em parcela única, após o prazo de 180 dias,
contado da data do desfazimento do contrato.
Perceba, portanto, que os §§ 5º e 6º do art. 67-A, com redação dada pela Lei 13.786/18, afrontam o
teor da Súmula 543 do STJ. Veremos com a jurisprudência irá encarar essa novidade legislativa.
Súmula 542: A ação penal relativa ao CRIME DE LESÃO CORPORAL resultante de violência
doméstica contra a mulher É PÚBLICA INCONDICIONADA. (TJDFT-2014) (MPPE-2014) (TJPI-
2015) (MPAM-2015) (MPPR-2016) (MPRO-2017) (MPRR-2017) (MPRS-2017) (DPEAL-2017)
(MPMG-2017/2018) (TJCE-2018) (MPPB-2018) (DPEPE-2018) (TJSC-2019) (TJPA-2019) (MPMT-
2019) (TJMS-2020)
(TJRJ-2016-VUNESP): A, casada com B, durante uma discussão de casal, levou um soco, sendo
ameaçada de morte. Diante dos gritos e ameaças, os vizinhos acionaram a Polícia que, ao chegar
ao local, conduziu todos à Delegacia. A, inicialmente, prestou depoimento na Delegacia e
manifestou o desejo de que o marido fosse processado criminalmente pelos crimes de lesão
corporal leve e ameaça. Entretanto, encerradas as investigações policiais e remetidos os autos ao
Fórum, em sede de audiência preliminar, A informou o Juízo que havia se reconciliado com B, não
desejando que o marido fosse processado por ambos os crimes. Diante da nova manifestação de
vontade de A, é correto afirmar que o procedimento terá seguimento quanto ao crime de lesão
corporal, visto que a ação penal é pública incondicionada, por ter se dado em âmbito doméstico. Já
quanto ao crime de ameaça, a retratação de A obsta o prosseguimento, visto que a ação penal
continua condicionada à representação, ainda que praticada em âmbito doméstico. BL: S. 542, STJ
e art. 147, § único, CP.
##Atenção: No caso em tela, temos a configuração de dois delitos: lesão corporal e ameaça. Os
referidos crimes repercutem de forma diversa no deslinde da problemática. Vejamos dois aspectos
importantes:
i) LEGITIMIDADE ATIVA: No que tange ao crime de lesão corporal leve, como
praticada em âmbito violência doméstica contra a mulher, aplica-se o disposto na Súmula
542 do STJ. Quanto ao delito de ameaça, ainda que praticado em âmbito de violência
doméstica contra a mulher, trata-se de ação penal pública condicionada à representação
(art. 147, § único do CP). Logo, é errado afirmar que todos os crimes praticados contra a
mulher, em sede de violência doméstica, serão de ação penal incondicionada.
ii) PRAZO PARA A RETRATAÇÃO: Quanto ao prazo de retratação, os dois delitos
também possuem uma peculiaridade. Pelo fato de o delito de lesão corporal leve
resultante de violência doméstica contra a mulher ser de ação penal pública
incondicionada, não se pode cogitar em retratação da representação. Vale lembrar que para
as ações penais públicas vige o princípio da obrigatoriedade: presentes as condições da
ação e havendo justa causa, o MP está obrigado a denunciar - exceto se presente alguma
causa extintiva da punibilidade se fizer presente. Logo, não há discricionariedade na
atuação do MP. Por isso, para o crime de lesão corporal, é irrelevante o fato de o casal ter se
reconciliado. Diversamente, o crime de ameaça, é condicionado à representação. Assim, é
possível que haja a retratação. E qual é o momento para a retratação? Depende: a) no CPP
(art. 25): "A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia."; b) no âmbito
da lei 11340/2006 (art. 16): até audiência preliminar, antes do recebimento da denúncia.
(TJRS-2016-Faurgs): De acordo com o STF e com o STJ, ação penal relativa ao crime de lesão
corporal, mesmo que de natureza leve ou culposa, praticado contra a mulher em âmbito
doméstico, é pública incondicionada. BL: S. 542, STJ.
OBS: Importante. O crime de lesões corporais está previsto no art. 129 do Código Penal. Dentro
desse artigo existem várias espécies de lesão corporal.
Logo, se formos analisar unicamente o texto do CP, deveríamos entender que o crime de lesões
corporais é sempre de ação pública incondicionada. Isso porque não existe nenhum dispositivo do
CP que afirme o contrário. Por essa razão, até 1995, sempre se entendeu que todas as espécies de
lesão corporal (incluindo a leve e a culposa) seriam crimes de ação penal pública incondicionada.
Lei 9.099/95 veio alterar esse cenário: Ocorre que, em 1995, foi editada a Lei dos Juizados Especiais
(Lei 9.099/95). Essa Lei, com o objetivo de instituir medidas despenalizadoras, afirmou que os
delitos de lesões corporais leves e de lesões corporais culposas deveriam ser crimes de ação
penal pública condicionada. Veja a redação do art. 88 da Lei 9.099/95:
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de
representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
Assim, por exemplo, quando, em uma briga de bar, João desfere um soco em Ricardo, causando-
lhe lesões corporais leves, este crime é de ação penal pública condicionada, ou seja, qualquer
providência para apurar este delito e para dar início ao procedimento criminal só se inicia se o
ofendido (no caso, Ricardo) tiver interesse e provocar os órgãos públicos (procurar a polícia ou o
Ministério Público).
Repita-se que, se não houvesse este art. 88 da Lei 9.099/95, a ação penal nos crimes de lesões
corporais leves e culposas seria pública incondicionada, considerando que o CP não exige
representação para este crime (art. 129 c/c art. 100, § 1º do CP).
As lesões corporais leves e culposas praticadas contra a mulher no âmbito de violência doméstica
são de ação pública incondicionada ou condicionada? Em outras palavras, este art. 88 da Lei
9.099/95 também vale para as lesões corporais leves e culposas praticadas contra a mulher no
âmbito de violência doméstica? NÃO. Qualquer lesão corporal, mesmo que leve ou culposa,
praticada contra mulher no âmbito das relações domésticas é crime de ação penal
INCONDICIONADA, ou seja, o Ministério Público pode dar início à ação penal sem
necessidade de representação da vítima. O art. 88 da Lei 9.099/95 NÃO vale para as lesões
corporais praticadas contra a mulher no âmbito de violência doméstica.
Por quê? Porque a Lei 9.099/95 NÃO se aplica aos crimes de violência doméstica e familiar
contra a mulher. Veja o que diz o art. 41 da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06):
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995.
Desse modo, a Lei 11.340/06 exclui de forma absoluta a aplicação da Lei 9.099/95 aos delitos
praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas e familiares.
Entendimento do STF: Vale ressaltar que a Súmula nº 542-STJ reflete o entendimento do STF
construído no julgamento da ADI 4424/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, Tribunal Pleno, j. 9/02/12).
Súmula 541: A previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da
mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada. (DPEMA-2015)
(TJDFT-2016)
OBS: Importante. Vide Súmula 539 do STJ (abaixo). Comentário igual reproduzido na S. 539 do
STJ.
O STJ entende que a ressalva prevista na segunda parte do art. 4º (parte grifada) significa que a
Lei de Usura permite a capitalização anual. Em outras palavras, a Lei de Usura proibiu, em regra,
a capitalização de juros. Exceção: é permitida a capitalização de juros em periodicidade anual.
Desse modo, a capitalização anual sempre foi PERMITIDA (para todos os contratos).
A capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano (ex: capitalização mensal de juros)
é proibida também para os bancos? NÃO. A MP 1.963-17, editada em 31 de março de 2000,
permitiu às instituições financeiras a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano.
Em suma, é permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano em
contratos BANCÁRIOS celebrados após 31 de março de 2000, data da publicação da MP 1.963-
17/2000 (atual MP 2.170-36/2001), desde que expressamente pactuada. Veja a redação da MP
2.170-36/2001:
Art. 5º Nas operações realizadas pelas instituições integrantes do Sistema Financeiro
Nacional, é admissível a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano.
O STJ confirma essa possibilidade: "Nos contratos celebrados por instituições integrantes do
Sistema Financeiro Nacional, posteriormente à edição da MP 1.963-17/00 (reeditada sob o 2.170-
36/01), admite-se a capitalização mensal de juros, desde que expressamente pactuada." (STJ. 3ª
Turma, REsp 894.385/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 27.3.07, DJ 16.4.07).
Desse modo, os bancos podem fazer a capitalização de juros com periodicidade inferior a um
ano, desde que expressamente pactuada.
DESDE QUE EXPRESSAMENTE PACTUADA: Repare que a súmula 539 do STJ afirma que a
capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano só é permitida se isso for
expressamente pactuado. Na prática, observa-se que os contratos bancários não trazem uma
cláusula dizendo: “os juros vencidos e devidos serão capitalizados mensalmente” ou “fica
pactuada a capitalização mensal de juros”. O que se verifica, no dia-a-dia, é a previsão das taxas
de juros mensal e anual e o contratante, ao assinar o pacto, deverá observar que a taxa de juros
anual é superior a 12 vezes a taxa mensal, o que faz com que ela conclua que os juros são
capitalizados.
A pergunta que surge é: essa forma comum de previsão da taxa de juros dos contratos bancários é
válida? O que significa essa terminologia “desde que expressamente pactuada”? De que modo o
contrato bancário deverá informar ao contratante que está adotando juros capitalizados com
periodicidade inferior a um ano?
1ª corrente: a capitalização de juros deveria estar prevista no contrato bancário de forma
clara, precisa e ostensiva. A capitalização de juros não poderia ser deduzida da mera
divergência entre a taxa de juros anual e o duodécuplo da taxa de juros mensal (Obs:
duodécuplo significa 12 vezes maior).
2ª corrente: a capitalização dos juros em periodicidade inferior (ex: capitalização mensal) à
anual deve vir pactuada de forma expressa e clara. Ocorre que o fato de o contrato
bancário prever taxa de juros anual superior ao duodécuplo (12x) da mensal já é
suficiente para que se considere que a capitalização está expressamente pactuada . Em
outras palavras, basta que o contrato preveja que a taxa de juros anual será superior a 12
vezes a taxa mensal para que o contratante possa deduzir que os juros são capitalizados .
Na prática, isso significa que os bancos não precisam dizer expressamente no contrato que
estão adotando a “capitalização de juros”, bastando explicitar com clareza as taxas
cobradas. A cláusula com o termo “capitalização de juros” será necessária apenas para
que, após vencida a prestação sem o devido pagamento, o valor dos juros não pagos seja
incorporado ao capital para o efeito de incidência de novos juros.
Súmula 540: Na ação de cobrança do seguro DPVAT, constitui faculdade do autor escolher entre os
foros do seu domicílio, do local do acidente ou ainda do domicílio do réu.
OBS: Importante.
Imagine a seguinte situação: Ricardo, que mora em Uberlândia (MG), sofreu um acidente de
trânsito em Belo Horizonte (MG), ficou com invalidez permanente e procurou extrajudicialmente
a seguradora X, devidamente credenciada, para receber seu DPVAT. A seguradora, que é sediada
em São Paulo (SP), negou o pagamento, alegando que faltaram determinados documentos. Em
razão disso, Ricardo procura um advogado a fim de ajuizar uma ação contra a seguradora.
Essa ação, que é de competência da Justiça Estadual, deverá ser proposta em qual comarca? O
autor poderá escolher, dentre três opções, o local onde irá ajuizar a ação:
a) no foro do local do acidente (art. 100, § único do CPC 1973 / art. 53, V, do CPC
2015);
b) no foro do seu domicílio (art. 100, § único do CPC / art. 53, V, do CPC 2015); ou
c) no foro do domicílio do réu (art. 94 do CPC 1973 / art. 46 do CPC 2015).
O STJ entende que essas duas previsões acima listadas não se excluem, mas ao contrário, se
completam. Em outras palavras, são todas opções colocadas à disposição do autor. A demanda
objetivando o recebimento do seguro obrigatório DPVAT é de natureza pessoal, fazendo com que
a competência para a ação seja, em princípio, do foro do domicílio do réu (art. 53, V, do CPC 2015).
Trata-se, contudo, de uma faculdade, ou seja, uma comodidade oferecida ao lesado. Se é uma
faculdade (algo fixado em seu favor), nada impede que o beneficiário da norma especial “abra
mão” desta prerrogativa, ajuizando a ação no foro domicílio do réu, que é a regra geral (art. 94
do CPC 1973 / art. 46 do CPC 2015). Para o réu, não haverá prejuízo. Ao contrário, se ele for
demandado em seu domicílio, será até melhor para a sua defesa. Assim, estamos diante de um
típico caso de competência concorrente (STJ. 2ª Seção. REsp 1357813/RJ, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 11/09/2013).
Confira o que diz a doutrina sobre essa hipótese de competência concorrente: “A competência do
foro do lugar do acidente, ou delito, para a ação de reparação do dano por ele causado, não é
exclusiva. O parágrafo em exame a considera concorrente com a do foro do domicílio do autor,
cabendo a este optar por um desses dois foros. Tratando-se de regra criada em favor da vítima do
delito ou acidente, pode ela abrir mão dessa prerrogativa e, se lhe convier, ajuizar a ação no foro
do domicílio do réu. Como se vê há, na realidade, três foros concorrentes, à escolha do autor: o do
lugar do fato, o do domicílio do autor e o do domicílio do réu. E o réu não tem poder legal de se
opor a essa escolha.” (BARBI, Celso Agrícola. Comentários ao Código de Processo Civil. Vol. I. 13.
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008. p. 351-352).
OBS: Importante. Vide Súmula 541 do STJ (acima). Comentário igual reproduzido na S. 541 do
STJ.
Desse modo, a capitalização anual sempre foi PERMITIDA (para todos os contratos).
A capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano (ex: capitalização mensal de juros)
é proibida também para os bancos? NÃO. A MP 1.963-17, editada em 31 de março de 2000,
permitiu às instituições financeiras a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano.
Em suma, é permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano em
contratos BANCÁRIOS celebrados após 31 de março de 2000, data da publicação da MP 1.963-
17/2000 (atual MP 2.170-36/2001), desde que expressamente pactuada. Veja a redação da MP
2.170-36/2001:
Art. 5º Nas operações realizadas pelas instituições integrantes do Sistema Financeiro
Nacional, é admissível a capitalização de juros com periodicidade inferior a um
ano.
O STJ confirma essa possibilidade: "Nos contratos celebrados por instituições integrantes do
Sistema Financeiro Nacional, posteriormente à edição da MP 1.963-17/00 (reeditada sob o 2.170-
36/01), admite-se a capitalização mensal de juros, desde que expressamente pactuada." (STJ. 3ª
Turma, REsp 894.385/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 27.03.2007, DJ 16.04.2007).
Desse modo, os bancos podem fazer a capitalização de juros com periodicidade inferior a um
ano, desde que expressamente pactuada.
DESDE QUE EXPRESSAMENTE PACTUADA: Repare que a súmula 539 do STJ afirma que a
capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano só é permitida se isso for
expressamente pactuado. Na prática, observa-se que os contratos bancários não trazem uma
cláusula dizendo: “os juros vencidos e devidos serão capitalizados mensalmente” ou “fica
pactuada a capitalização mensal de juros”. O que se verifica, no dia-a-dia, é a previsão das taxas
de juros mensal e anual e o contratante, ao assinar o pacto, deverá observar que a taxa de juros
anual é superior a 12 vezes a taxa mensal, o que faz com que ela conclua que os juros são
capitalizados.
A pergunta que surge é: essa forma comum de previsão da taxa de juros dos contratos bancários é
válida? O que significa essa terminologia “desde que expressamente pactuada”? De que modo o
contrato bancário deverá informar ao contratante que está adotando juros capitalizados com
periodicidade inferior a um ano?
1ª corrente: a capitalização de juros deveria estar prevista no contrato bancário de
forma clara, precisa e ostensiva. A capitalização de juros não poderia ser deduzida da
mera divergência entre a taxa de juros anual e o duodécuplo da taxa de juros mensal
(Obs: duodécuplo significa 12 vezes maior).
2ª corrente: a capitalização dos juros em periodicidade inferior (ex: capitalização mensal)
à anual deve vir pactuada de forma expressa e clara. Ocorre que o fato de o contrato
bancário prever taxa de juros anual superior ao duodécuplo (12x) da mensal já é
suficiente para que se considere que a capitalização está expressamente pactuada. Em
outras palavras, basta que o contrato preveja que a taxa de juros anual será superior a
12 vezes a taxa mensal para que o contratante possa deduzir que os juros são
capitalizados. Na prática, isso significa que os bancos não precisam dizer expressamente
no contrato que estão adotando a “capitalização de juros”, bastando explicitar com
clareza as taxas cobradas. A cláusula com o termo “capitalização de juros” será
necessária apenas para que, após vencida a prestação sem o devido pagamento, o valor
dos juros não pagos seja incorporado ao capital para o efeito de incidência de novos
juros.
O STJ adotou a 2ª corrente: REsp 973.827-RS, 2ª Seção, julgado em 08/08/2012 (recurso
repetitivo). A Súmula 541 foi editada para espelhar, de forma mais ostensiva, essa posição.
OBS: Importante.
Imagine a seguinte situação hipotética: Pedro estava dirigindo seu veículo, quando foi abalroado
por trás pelo carro de José. Aparentemente, a culpa pelo acidente foi de José (ele foi o causador do
dano). Felizmente, José possui contrato de seguro de veículos com a “Seguradora X”. Pedro
ajuizou a ação de indenização apenas contra José cobrando as despesas do conserto. José poderá
fazer a denunciação da lide à seguradora? SIM, nos termos do art. 125, II, do CPC 2015:
Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:
II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação
regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo.
Suponhamos que a “Seguradora X” comparece em juízo aceitando a denunciação da lide feita pelo
réu, contestando o mérito do pedido do autor e assumindo, assim, a condição de litisconsorte
passiva.
O juiz entende que o pedido do autor é procedente. É admitida a condenação direta da seguradora
denunciada? Em outras palavras, a seguradora denunciada pode ser condenada a pagar
diretamente a Pedro (autor da ação), isto é, sem que José pague antes e depois o seguro faça
apenas o ressarcimento? SIM. O STJ entende que, em ação de indenização, se o réu (segurado)
denunciar a lide à seguradora, esta poderá ser condenada, de forma direta e solidária, a
indenizar o autor da ação. Há até um recurso repetitivo com esta conclusão: STJ. 2ª Seção. REsp
925.130/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 08/02/2012 (recurso repetitivo).
(TJSE-2015-FCC): C ajuizou ação contra M no âmbito da qual requereu indenização por danos
materiais em razão de acidente veicular. Citado, M denunciou a lide à Seguradora Z, a qual
apresentou resposta. De acordo com jurisprudência dominante do STJ, se o juiz se convencer da
existência dos elementos para a responsabilização civil, a Seguradora Z, pode ser condenada
direta e solidariamente junto com o segurado M a pagar indenização à vítima C, nos
limites contratados na apólice. BL: S. 537 do STJ.
Súmula 536: A SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO e a TRANSAÇÃO PENAL NÃO
SE APLICAM na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. (TJPI-2015) (TJGO-
2015) (MPAM-2015) (TJDFT-2014/2016) (TJRJ-2016) (TJSP-2017) (MPRO-2017) (MPRR-2017)
(MPRS-2017) (TJMT-2018) (MPPB-2018) (TJPR-2017/2019) (TJPA-2019) (MPMT-2019) (MPSC-2019)
(TJMS-2020)
OBS: Importante. A suspensão condicional do processo e a transação penal estão previstas na Lei
9.099/95. Ocorre que a Lei Maria da Penha expressamente proíbe que se aplique a Lei 9.099/95
para os crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher. Veja:
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995.
Vale ressaltar que a Lei 9.099/95 não se aplica NUNCA E PARA NADA que se refira à Lei Maria
da Penha.
Esse art. 41 da Lei Maria da Penha é compatível com a CF/88? O legislador poderia ter proibido
isso? SIM. O STF decidiu que este art. 41 é constitucional e que, para a efetiva proteção das
mulheres vítimas de violência doméstica, foi legítima a opção do legislador de excluir tais crimes
do âmbito de incidência da Lei nº 9.099/95 (STF. Plenário. ADI 4424/DF, rel. Min. Marco Aurélio,
9/2/12).
O art. 41 fala apenas em CRIMES. Se o agente praticar uma contravenção penal com violência
doméstica, será possível aplicar a Lei 9.099/95? É cabível a transação penal (art. 76 da Lei
9.099/95) para contravenções cometidas com violência doméstica contra a mulher? NÃO. A
transação penal NÃO é aplicável na hipótese de contravenção penal praticada com violência
doméstica e familiar contra a mulher. De fato, a interpretação literal do art. 41 da Lei Maria da
Penha poderia indicar, em uma análise rápida, a conclusão de que os institutos despenalizadores
da Lei 9.099/95, entre eles a transação penal, seriam aplicáveis às contravenções penais praticadas
com violência doméstica e familiar contra a mulher. Entretanto, em uma interpretação que
atenda os fins sociais a que a lei se destina, deve-se concluir que o art. 41 da Lei 1.340/06 afasta a
Lei 9.099/95 tanto em relação aos crimes quanto às contravenções penais praticados contra
mulheres no âmbito doméstico e familiar. Nesse sentido: STJ. 6ª T. HC 280.788-RS, Rel. Min.
Rogerio Schietti Cruz, j. 3/4/14 (Info 539).
Repetindo: a Lei nº 9.099/95 não se aplica NUNCA E PARA NADA que se refira à Lei Maria da
Penha. Nada que esteja na Lei nº 9.099/95 poderá ser utilizado para delitos praticados com
violência doméstica (outros exemplos: composição civil dos danos, termo circunstanciado de
ocorrência como substituto do flagrante etc.).
(MPCE-2020-CESPE): Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher,
admite-se suspensão condicional da pena. BL: S. 536, STJ e art. 41 da Lei 11.340/06.
(MPSP-2019): Sobre a transação penal, assinale a alternativa correta: No crime de lesão corporal
leve decorrente de violência doméstica contra a mulher, não poderá o Ministério Público oferecer
a proposta. BL: S. 536, STJ e art. 41 da Lei 11.340/06.
Súmula 535: A prática de falta grave NÃO INTERROMPE o prazo para fim de comutação de pena
ou indulto. (MPDFT-2015) (TJDFT-2016) (MPRS-2017) (TJSP-2017/2018) (MPMS-2018) (TJAL-
2015/2019) (MPSP-2015/2017/2019) (TJPR-2019) (TJSC-2019) (MPPR-2019) (MPSC-2019) (DPEDF-
2019) (DPEMG-2019)
OBS: Importante. O INDULTO é um benefício concedido por Decreto do Presidente da República
por meio do qual os efeitos executórios da condenação são apagados (deixam de existir).
Assim, temos:
a) indulto pleno: quando extingue totalmente a pena.
b) indulto parcial: quando somente diminui ou substitui a pena. Neste caso, é chamado
de comutação.
A falta grave interfere, em regra, na concessão de indulto ou comutação de pena? NÃO. Em regra,
não.
Assim, a prática de falta disciplinar de natureza grave, em regra, não interfere no lapso necessário
à concessão de indulto e comutação da pena, salvo se o requisito for expressamente previsto no
decreto presidencial.
Redação incompleta do enunciado: Ressalte-se que a redação do enunciado, com a devida vênia,
poderia ser mais completa. Isso porque o cometimento de falta grave não interrompe o prazo para
o deferimento do indulto ou da comutação de pena. Ocorre que é possível imaginar que o
Presidente da República decida prever, no Decreto, a interrupção do prazo em caso de falta grave.
Se isso for fixado no Decreto, tal consequência poderá ser exigida. (TJPA-2019) (DPEDF-2019)
Logo, o ideal seria que a súmula tivesse dito: a prática de falta grave não interrompe o prazo para
fim de comutação de pena ou indulto, salvo disposição expressa em contrário no decreto
presidencial.
Súmula 534: A prática de falta grave INTERROMPE a contagem do prazo para a progressão de
regime de cumprimento de pena, o qual SE REINICIA a partir do cometimento dessa infração.
(TJAL-2015) (MPGO-2016) (TJSP-2017) (MPBA-2018) (DPERS-2018) (MPPR-2017/2019) (TJPA-2019)
(TJPR-2019) (TJSC-2019) (DPEDF-2019) (MPSC-2019) (DPEMG-2019)
OBS: Importante.
Vejamos o seguinte exemplo: “A” foi condenado a 6 anos por roubo (roubo não é hediondo, salvo
o latrocínio). “A” começou a cumprir a pena em 01/01/10 no regime fechado. Para progredir ao
regime semiaberto, “A” precisa cumprir 1/6 da pena (1 ano) e ter bom comportamento carcerário.
“A” completaria 1/6 da pena em 31/12/10. Ocorre que, em 30/11/10, “A” fugiu, tendo sido
recapturado em 15/12/10. A fuga é considerada falta grave do condenado (art. 50, II, da LEP).
Como “A” praticou falta grave, seu período de tempo para obter a progressão de regime irá
reiniciar do zero.
Logo, para que “A” obtenha o direito à progressão, precisará cumprir 1/6 do restante da pena
período contado a partir de 15/12/10.
Até o dia da fuga, “A” cumpriu 11 meses. Restam ainda 5 anos e 1 mês de pena. Desse período,
“A” terá que cumprir 1/6. Conta-se esse 1/6 do dia da recaptura (15/12/10).
Em suma, o cometimento de falta grave pelo apenado implica o reinício da contagem do prazo
para obter os benefícios relativos à execução da pena, inclusive para a progressão de regime
prisional.
(MPSP-2019): Quanto aos efeitos da falta grave na execução da pena, interrompe a contagem do
prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do
cometimento dessa infração, a teor da Súmula 534 do STJ. BL: S. 534, STJ.
(MPSP-2017): A decisão judicial que reconhece a prática de falta grave tem como consequência a
interrupção do período para fins de progressão de regime. BL: S. 534, STJ.
Súmula 533: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, É
IMPRESCINDÍVEL a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do
estabelecimento prisional, ASSEGURADO o direito de defesa, A SER REALIZADO POR
advogado constituído ou defensor público nomeado. (DPESP-2012) (MPRS-2014) (TJPI-2015)
(TJDFT-2014/2016) (TJSP-2017/2018) (MPMS-2018) (TJAL-2015/2019) (TJAC-2019) (MPGO-2019)
OBS: Importante.
DISCIPLINA: O condenado que está cumprindo pena, bem como o preso provisório, possuem o
dever de cumprir determinadas normas disciplinares. A LEP trata sobre o tema nos arts. 44 a 60.
Vale lembrar que a competência para legislar sobre direito penitenciário é concorrente, conforme
determina o art. 24, I, da CF/88.
Para que seja aplicada a sanção disciplinar, exige-se a realização de processo administrativo
disciplinar? SIM. A aplicação das sanções disciplinares somente poderá ocorrer após ter sido
instaurado procedimento administrativo disciplinar. Isso está previsto expressamente na LEP:
Art. 59. Praticada a falta disciplinar, deverá ser instaurado o procedimento para sua
apuração, conforme regulamento, assegurado o direito de defesa.
Parágrafo único. A decisão será motivada.
Quais sanções são essas que somente podem ser aplicadas pelo juiz da execução? Elas estão
previstas no parágrafo único do art. 48: “Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade representará
ao Juiz da execução para os fins dos artigos 118, inciso I, 125, 127, 181, §§ 1º, letra d, e 2º desta Lei.”
Regressão de regime (art. 118, I);
Perda (revogação) do direito à saída temporária (art. 125);
Perda de dias remidos pelo trabalho (art. 127);
Conversão da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade (art. 181, §§ 1º, “d” e
2º).
Antes de representar ao juiz, o diretor do presídio deve apurar a conduta do detento, identificá-
la como falta leve, média ou grave, aplicar as medidas sancionatórias que lhe compete, no
exercício de seu poder disciplinar, e, somente após esse procedimento, quando ficar constatada
a prática de falta disciplinar de natureza grave, comunicar ao juiz da Vara de Execuções Penais
para que decida a respeito das referidas sanções de sua competência , sem prejuízo daquelas já
aplicadas pela autoridade administrativa (Min. Marco Aurélio Bellizze).
Mas a SV 5-STF afirma que não é necessário advogado em processo administrativo disciplinar...
A Súmula Vinculante nº 5-STF diz o seguinte: “A falta de defesa técnica por advogado no processo
administrativo disciplinar não ofende a Constituição”.
Ocorre que o STF entende que essa SV NÃO se aplica à execução penal. Ela é aplicável apenas
em procedimentos de natureza não-criminal.
Súmula 532: CONSTITUI PRÁTICA COMERCIAL ABUSIVA o envio de cartão de crédito sem
prévia e expressa solicitação do consumidor, CONFIGURANDO-SE ATO ILÍCITO
INDENIZÁVEL e SUJEITO à aplicação de MULTA ADMINISTRATIVA. (TJDFT-2015) (DPEBA-
2016) (TRF4-2016) (MPBA-2018)
OBS: Importante.
A questão chegou ao STJ em diversas oportunidades. O que foi decidido? É permitido enviar
cartão de crédito ao cliente sem este ter solicitado? NÃO. Isso configura algo que o CDC chama
de “prática abusiva”. Trata-se, portanto, de ato ilícito porque viola o art. 39, III, do CDC:
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou
fornecer qualquer serviço;
Haverá prática abusiva mesmo se o cartão de crédito que for enviado estiver bloqueado? SIM.
Não importa que o cartão de crédito esteja bloqueado. Se ele foi enviado ao consumidor sem que
este tenha feito pedido pretérito e expresso isso já caracteriza prática comercial abusiva, violando
frontalmente o disposto no art. 39, III, do CDC (STJ REsp 1199117/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 18/12/2012).
O consumidor que recebeu o cartão de crédito terá direito de receber indenização por danos
morais? SIM. O STJ reconhece o direito do consumidor à indenização por danos morais nestes
casos.
Além disso, haverá algum outro tipo de punição para a instituição financeira? SIM. Além de
arcar com a indenização por danos morais, a instituição financeira também poderá ser
condenada a pagar multa administrativa imputada pelos órgãos de defesa do consumidor (ex:
PROCON), nos termos do art. 56, I, do CDC.
E se o consumidor, mesmo não tendo solicitado o cartão, optar por ficar com ele? Flávio Tartuce
defende que, no caso de envio de cartão de crédito sem solicitação, se o consumidor quiser com ele
permanecer, a instituição não poderá cobrar anuidade, devendo esse serviço ser considerado
como amostra grátis, com base no art. 39, parágrafo único, do CDC (Manual de Direito do
Consumidor. São Paulo: Método, 2014, p. 377).
Art. 39 (...) Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao
consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo
obrigação de pagamento.
(TJRJ-2019-VUNESP): Adão solicitou a emissão de um cartão de débito em seu nome, mas, para
sua surpresa, recebeu um cartão de débito e crédito. Em contato com a administradora de cartões,
foi informado que a função de cartão de crédito estava inativa, que a anuidade somente seria
cobrada se este fosse utilizado, e que a taxa de juro para o pagamento de parcelas mínimas seria
de 250% (duzentos e cinquenta por cento) ao ano. Considerando a posição atual dos tribunais
superiores, é correto afirmar que constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito
sem prévia e expressa solicitação do consumidor, mesmo que a função esteja inativa. BL: S. 532,
STJ e jurisprud. do STJ.
##Atenção: ##STJ: O art. 39, III, do CDC veda a prática de enviar ao consumidor produtos ou
serviços não requeridos por ele. Nesse ponto, cai por terra a alegação da parte recorrente de que o
cartão enviado estaria com a função crédito inativada, pois tal argumento é irrelevante para o
deslinde da controvérsia. Isso porque, pelo o que consta do acórdão impugnado, o pedido da
consumidora se restringiu a um cartão de débito, tão somente, não havendo registro de que
tenha havido qualquer manifestação de vontade por parte dela quanto ao cartão múltiplo. Há a
abusividade da conduta com o simples envio do cartão de crédito, sem pedido pretérito e
expresso do consumidor, independentemente da múltipla função e do bloqueio da função
crédito, pois tutelam-se os interesses dos consumidores em fase pré-contratual, evitando a
ocorrência de abuso de direito na atuação dos fornecedores na relação consumerista com esse tipo
13
Art. 66. Compete ao Juiz da execução: (...) III - decidir sobre: (...) b) progressão ou regressão nos regimes;
de prática comercial, absolutamente contrária à boa-fé objetiva. Precedentes: REsp 1199117/SP,
Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, 3ª T., j. 18/12/12; AgRg no AREsp 152.596/SP, Rel. Min.
Sidnei Beneti, 3ª T., j. 15/05/12. (...) (STJ, 2ª T., REsp 1261513/SP, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, j. 27/08/13).
(DPU-2017-CESPE): A instituição financeira que enviar cartão de crédito para correntista sem a
sua solicitação prévia e expressa cometerá prática comercial abusiva, configuradora de ato ilícito
indenizável. BL: S. 532, STJ
OBS: Importante. Vide Súmulas 299 e 503 do STJ. O cheque é título executivo extrajudicial (art. 784,
I, do CPC/15). Assim, se não for pago, o portador do cheque poderá ajuizar ação de execução contra
o emitente e eventuais codevedores (endossantes, avalistas). Essa ação de execução é conhecida
como “ação cambial”.
Qual é o prazo prescricional para a execução do cheque? 6 meses, contados do fim do prazo de
apresentação do cheque. Atente-se que o prazo prescricional somente se inicia quando termina o
prazo de apresentação, e não da sua efetiva apresentação ao banco sacado. Logo, os seis meses
iniciam-se com o fim do prazo de 30 dias (mesma praça) ou com o término do prazo de 60 dias (se
de praças diferentes).
Mesmo estando o cheque prescrito, ainda assim será possível a sua cobrança? SIM. Com o fim do
prazo de prescrição, o beneficiário não poderá mais executar o cheque. Diz-se que o cheque perdeu
sua força executiva. No entanto, mesmo assim o beneficiário poderá cobrar o valor desse cheque por
outros meios, quais sejam:
1) Ação de enriquecimento sem causa (“ação de locupletamento”): prevista no art. 61
da Lei do Cheque (Lei 7.357/85). Essa ação tem o prazo de 2 anos, contados do dia em
que se consumar a prescrição da ação executiva.
2) Ação de cobrança (ação causal): prevista no art. 62 da Lei do Cheque. O prazo é de
5 anos, nos termos do art. 206, § 5º, I, CC.
3) Ação monitória.
Desse modo, estando o cheque prescrito (sem força executiva), ele poderá ser cobrado do emitente
por meio de ação monitória? SIM. O beneficiário do cheque poderá ajuizar uma ação monitória
para cobrar do emitente o valor consignado na cártula. Existe até uma súmula que menciona isso:
Súmula 299-STJ: É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.
Na petição inicial da ação monitória fundada em cheque prescrito, é necessário que o autor
mencione o negócio jurídico que gerou a emissão daquele cheque? É necessário que o autor da
monitória indique a origem da dívida expressa no título de crédito (uma compra e venda, p. ex.)?
NÃO. Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é dispensável a
menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula. É desnecessária a demonstração da
causa de sua emissão, cabendo ao réu o ônus de provar, se quiser, a inexistência do débito. O autor
da ação monitória não precisará, na petição inicial, mencionar ou comprovar a relação causal (causa
debendi) que deu origem à emissão do cheque prescrito (não precisa explicar o motivo pelo qual o
réu emitiu aquele cheque) (STJ. 2ª Seção. REsp 1.094.571-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 4/2/2013) (recurso repetitivo).
Isso não significa uma forma de cercear o direito de defesa do réu? NÃO. Não há cerceamento de
defesa, pois o demandado poderá, nos embargos à monitória (nome da “defesa” na ação
monitória), discutir a causa debendi. Na ação monitória há inversão da iniciativa do
contraditório, cabendo ao demandado a faculdade de opor embargos à monitória, suscitando toda
a matéria de defesa, visto que recai sobre ele o ônus probatório. Cabe ao réu o ônus de provar, se
quiser, a inexistência do débito.
Qual é o prazo máximo para ajuizar a ação monitória de cheque prescrito? Súmula 503-STJ: O
prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força executiva é
quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula.
OBS: Importante.
1) se os juros cobrados estiverem acima da taxa média: o magistrado deverá reconhecer que há
uma abusividade e deverá reduzi-los para a taxa média;
2) se os juros cobrados estiverem abaixo da taxa média: o magistrado ignora a taxa média e
mantém a taxa cobrada em razão de esta ser mais vantajosa para o devedor.
OBS: Importante.
Imagine a seguinte situação hipotética: Pedro estava dirigindo seu veículo, quando foi abalroado
por trás pelo carro de José. Aparentemente, a culpa pelo acidente foi de José (ele foi o causador do
dano). Felizmente, José possui contrato de seguro de veículos com a “Seguradora X”. Pedro
(terceiro prejudicado), sabendo que José tem contrato de seguro, pode deixar de lado o causador
do dano e ajuizar ação de indenização apenas contra a “Seguradora X” cobrando seu prejuízo?
NÃO. Segundo entendimento pacífico do STJ, o terceiro prejudicado não pode ajuizar, direta e
exclusivamente, ação judicial em face da seguradora do causador do dano. STJ. 2ª S. REsp
962.230-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 8/2/12 (recurso repetitivo) (Info 490).
Atenção: A súmula fala em “seguro de responsabilidade civil facultativo” para deixar expresso
que está tratando daquele seguro que os proprietários de carro fazem espontaneamente com a
seguradora. O objetivo foi fazer com que ficasse claro que a súmula não está tratando sobre o
seguro DPVAT, que é um seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos
automotores de via terrestre.
Vejamos os principais argumentos utilizados pelo STJ para chegar à conclusão exposta na
súmula:
A obrigação da seguradora de ressarcir os danos sofridos por terceiros pressupõe a
responsabilidade civil do segurado. Em outras palavras, a seguradora só paga o terceiro
prejudicado se o segurado teve “culpa” pelo acidente. Como regra, não se pode
reconhecer a responsabilidade civil do segurado em um processo judicial sem que ele
tenha participado, sob pena de ofensa ao devido processo legal e à ampla defesa.
A obrigação da seguradora está sujeita a condição suspensiva, que não se implementa
pelo simples fato da ocorrência do sinistro, mas somente pela verificação da eventual
obrigação civil do segurado.
O seguro de responsabilidade civil facultativo não é espécie de estipulação a favor de
terceiro alheio ao negócio. O indivíduo que faz o seguro de veículos não contrata a
seguradora para pagar uma indenização em favor de terceiros. O segurado contrata a
seguradora para que esta cubra os prejuízos que ele, segurado, for obrigado a pagar.
Assim, diz-se que quem sofre o prejuízo é o causador do dano e este prejuízo é
“garantido” (pago) pela seguradora.
O ajuizamento direto e exclusivamente contra a seguradora ofende os princípios do
contraditório e da ampla defesa, pois a ré (seguradora) não teria como defender-se dos
fatos expostos na inicial, especialmente no que tange à descrição e aos detalhes do sinistro
(acidente).
O ajuizamento direto e exclusivamente contra a seguradora inviabiliza, também, que a
seguradora possa discutir no processo eventuais fatos extintivos da cobertura
securitária, pois, a depender das circunstâncias em que o segurado se envolveu no
sinistro, poderia a seguradora eximir-se da obrigação contratualmente assumida. É o
caso, por exemplo, do contrato de seguro que estipula que se o segurado estava
embriagado a seguradora se isenta da obrigação contratual. Se o segurado não está na
lide, tais discussões não poderão ser suscitadas pela seguradora.
OBS: Importante.
Imagine a seguinte situação hipotética: Pablo, que mora na Espanha, enviou de lá, por correio,
uma caixa contendo droga. O destinatário da encomenda seria alguém que mora em Londrina
(PR) e que encomendou pela internet o entorpecente. Ocorre que, ao chegar no Brasil, em um voo
que veio de Madrid e pousou em São Paulo, a caixa foi levada para inspeção no posto da Receita
Federal e lá se descobriu, por meio da máquina de raio X, a existência da droga.
Qual foi o delito em tese praticado pela pessoa que seria destinatária da droga (que encomendou
o entorpecente)? Tráfico transnacional de drogas (art. 33 c/c art. 40, I, da Lei 11.343/06). Essa
pessoa, em tese, importou a droga.
A competência para julgar será da Justiça Estadual ou Federal? Justiça Federal, nos termos do
art. 109, V, da CF/88 e art. 70 da Lei 11.343/06:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: V - os crimes previstos em
tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado
tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se
caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal.
A competência será da Justiça Federal de São Paulo ou de Londrina? Será da Justiça Federal de
São Paulo (local da apreensão). Na hipótese em que drogas enviadas via postal do exterior
tenham sido apreendidas na alfândega, competirá ao juízo federal do local da apreensão da
substância processar e julgar o crime de tráfico de drogas, ainda que a correspondência seja
endereçada a pessoa não identificada residente em outra localidade.
Por quê? O CPP prevê que a competência é definida pelo local em que o crime se consumar:
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a
infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de
execução.
A conduta prevista no art. 33, caput, da Lei 11.343/06 constitui delito formal, multinuclear, sendo
que, para sua consumação, basta a execução de qualquer das condutas previstas no dispositivo
legal.
No caso em tela, a pessoa que encomendou a droga, praticou o verbo “importar”, que significa
“fazer vir de outro país, estado ou município; trazer para dentro.” Logo, pode-se afirmar que o
delito se consumou no instante em que tocou o território nacional, entrada essa consubstanciada
na apreensão da droga.
Vale ressaltar que, para que ocorra a consumação do delito de tráfico transnacional de drogas, é
desnecessário que a correspondência chegue ao destinatário final. Se chegar, haverá mero
exaurimento da conduta. Também não importa, para fins de consumação e competência, se a
pessoa que encomendou a droga já foi identificada ou não pela polícia. A consumação
(importação) ocorreu quando a encomenda entrou no território nacional.
Dessa forma, o delito se consumou em São Paulo, local de entrada da mercadoria, sendo esse o
juízo competente, nos termos do art. 70 do CPP.
OBS: Importante. Atualmente, tanto o STJ como o STF afirmam que existe sim prazo máximo de
duração das medidas de segurança porque estas possuem caráter punitivo.
OBS: O STJ entende que a sentença que impõe medida de segurança não é marco interruptivo da
prescrição, por não estar enquadrada dentro das hipóteses do artigo 117 do CP, que
expressamente exige sentença condenatória. Os marcos interruptivos da prescrição em medida de
segurança são o recebimento da denúncia e o efetivo cumprimento da medida.
OBS: Importante.
Faltas disciplinares: Caso o indivíduo descumpra alguma das normas de disciplina impostas,
dizemos que ele praticou uma falta disciplinar. As faltas disciplinares classificam-se em: leves,
médias e graves. Faltas leves e médias: são definidas pela legislação local (estadual), que deverá
prever ainda as punições aplicáveis. Faltas graves: estão previstas nos arts. 50 a 52 da LEP.
Prática de fato previsto como crime doloso: A LEP prevê uma hipótese que constitui falta grave
tanto para condenados que estejam cumprindo pena privativa de liberdade como para os que
estejam cumprindo pena restritiva de direitos. Trata-se da prática de crime doloso, situação
trazida pelo art. 52, caput, 1° parte da LEP. Veja:
Art. 52. A prática de jato previsto como crime doloso constitui falta grave (...).
Para que o reeducando seja punido administrativamente com a sanção disciplinar da falta grave,
é necessário que, antes disso, ele já tenha sido condenado judicialmente pela prática do crime
doloso? Em outras palavras, para que se puna administrativamente a falta grave, exige-se prévia
sentença judicial condenatória? NÃO. Para que o reeducando seja punido administrativamente
com a sanção disciplinar da falta grave NÃO é necessário que, antes disso, ele seja condenado
judicialmente pela prática do crime doloso. Esse é o entendimento consolidado no STJ:
(...) O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido
como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de
sentença penal condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato.
(...) (STJ. 3° Seção. REsp 1336561/RS, Rel. p/ Acórdão Min. Maria Thereza de Assis
Moura, j. 25/09/13.Recurso repetitivo).
Com o intuito de divulgar ainda mais esse entendimento, tornando-o mais difundido e seguido
pelos juízes e Tribunais, o STJ resolveu editar a Súmula 526 espelhando tal conclusão.
Súmula 525: A Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica, apenas personalidade
judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos institucionais .
(MPMA-2014) (TJSP-2014) (TJRS-2018) (TJCE-2018)
OBS: Importante.
Personalidade judiciária: Existem alguns sujeitos que não têm personalidade jurídica (civil),
mas que podem ser parte. Nesse caso, dizemos que gozam de personalidade judiciária.
Exemplos: Ministério Público, Defensoria Pública, Tribunais de Justiça, Tribunais de Contas,
Procon, Assembleias Legislativas, Câmaras Municipais, nascituro, massa falida, comunidade
indígena.
Exemplo concreto: a Câmara dos Vereadores de determinada localidade ajuizou ação contra a
União pedindo que esta liberasse os repasses do Fundo de Participação do Município (FPM) que
tinham sido retidos. A Câmara possui legitimidade ativa para essa demanda? NÃO. Para se aferir
se a Câmara de Vereadores tem legitimação ativa, é necessário analisar se a pretensão deduzida
em juízo está, ou não, relacionada a interesses e prerrogativas institucionais do órgão . Para o
STJ, uma ação pedindo a liberação de FPM é uma pretensão de interesse apenas patrimonial do
Município e que, portanto, não está relacionado com a defesa de prerrogativa institucional da
Câmara Municipal. Não se trata de um direito institucional da Câmara (STJ. 2ª Turma. REsp
1.429.322-AL, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 20/2/14. Info 537).
Resumindo: a Câmara de Vereadores, por ser um órgão, não possui personalidade jurídica (não é
pessoa jurídica). Apesar de não ter personalidade jurídica (civil), a Câmara pode ser parte em
algumas causas judiciais em virtude de gozar de personalidade judiciária. No entanto, essa
personalidade judiciária não é ampla e ela só pode demandar em juízo para defender os seus
direitos institucionais (aqueles relacionados ao funcionamento, autonomia e independência do
órgão).
(TJAM-2013-FGV): Alguns órgãos públicos que embora não possuam personalidade jurídica, mas
possuem personalidade judiciária, podem, excepcionalmente, demandar em juízo para defender
seus direitos institucionais. BL: S. 525, STJ.
Súmula 524: No tocante à base de cálculo, o ISSQN INCIDE APENAS SOBRE A TAXA DE
AGENCIAMENTO quando o serviço prestado por sociedade empresária de trabalho temporário
FOR DE INTERMEDIAÇÃO, DEVENDO, entretanto, ENGLOBAR TAMBÉM os valores dos
salários e encargos sociais dos trabalhadores por ela contratados nas hipóteses de fornecimento de
mão de obra. (TJMG-2018)
##Atenção: Entretanto, na questão acima, a empresa pagará ISS porque esse serviço está listado
no anexo da LC 116/2003: 17.04 Recrutamento, agenciamento, seleção e colocação de mão-de-
obra.
Súmula 523: A taxa de juros de mora incidente na repetição de indébito de tributos estaduais deve
corresponder à utilizada para cobrança do tributo pago em atraso, sendo legítima a incidência da
taxa Selic, em ambas as hipóteses, quando prevista na legislação local, vedada sua cumulação com
quaisquer outros índices. (M)
OBS: Importante.
Por que a súmula diz que a SELIC não pode ser cumulada com quaisquer outros índices? Porque a
SELIC é um tipo de índice de juros moratórios que já abrange juros e correção monetária. Como
assim? No cálculo da SELIC (em sua “fórmula matemática”), além de um percentual a título de
juros moratórios, já é embutida a taxa de inflação estimada para o período (correção monetária).
Em outras palavras, a SELIC é uma espécie de índice que engloba juros e correção monetária.
Logo, se o credor exigir a SELIC e mais a correção monetária, ele estará cobrando duas vezes a
correção monetária, o que configura bis in idem. Por isso, o STJ afirma que, se a lei estadual prevê
a aplicação da SELIC, é proibida a sua cobrança cumulada com quaisquer outros índices, seja de
atualização monetária (correção monetária), seja de juros. Basta a SELIC.
Súmula 522: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial É TÍPICA,
AINDA QUE em situação de alegada autodefesa. (TJDFT-2014) (MPMG-2014) (MPDFT-2015)
(MPRS-2016) (DPEPE-2018) (TJSP-2015/2018) (TJAL-2019) (MPGO-2019) (MPMT-2019)
Assim como no caso do uso de documento falso, também na hipótese de falsa identidade, o STF
entende que há crime quando o agente, para não se incriminar, atribui a si uma identidade que
não é sua. Essa questão já foi, inclusive, analisada pelo Pleno do STF em regime de repercussão
geral:
O princípio constitucional da autodefesa (art. 5º, inciso LXIII, da CF/88) não alcança
aquele que atribui falsa identidade perante autoridade policial com o intento de ocultar
maus antecedentes, sendo, portanto, típica a conduta praticada pelo agente (art. 307 do
CP). O tema possui densidade constitucional e extrapola os limites subjetivos das partes.
STF. Plenário. RE 640139 RG, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 22/9/11.
Assim, tanto o STF como o STJ entendem que a alegação de autodefesa não serve para
descaracterizar a prática dos delitos do art. 304 ou do art. 307 do CP.
(MPSP-2017): A conduta do acusado que, ao ser preso por prática de crime contra o patrimônio, se
atribui falsa identidade, constitui crime de falsa identidade. BL: art. 307, CP c/c S. 522, STJ.
##Atenção: No caso, ele responde pelo delito contra o patrimônio + falsa identidade em concurso
MATERIAL, tendo suas penas somadas.
Súmula 521: A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em
sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública. (SUPERADA)
OBS: Superada.
Multa: é uma espécie de pena, por meio da qual o condenado fica obrigado a pagar uma quantia
em dinheiro que será revertida em favor do Fundo Penitenciário.
Pagamento da multa: A pena de multa é fixada na própria sentença condenatória. Depois que a
sentença transitar em julgado, o condenado terá um prazo máximo de 10 dias para pagar a multa
imposta (art. 50 do CP). O Código prevê a possibilidade de o condenado requerer o parcelamento
da multa em prestações mensais, iguais e sucessivas, podendo o juiz autorizar, desde que as
circunstâncias justifiquem (ex.: réu muito pobre, multa elevadíssima etc.). O parcelamento deverá
ser feito antes de esgotado o prazo de 10 dias. O Juiz, antes de decidir, poderá determinar
diligências para verificar a real situação econômica do condenado e, ouvido o Ministério Público,
fixará o número de prestações (art. 169, § 1º da LEP). Se o condenado for impontual ou se
melhorar de situação econômica, o Juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público,
poderá revogar o benefício (art. 169, § 2º da LEP).
O que acontece caso o condenado não pague nem parcele a multa no prazo de 10 dias?
1) Antes da Lei 9.268/96: se o condenado, deliberadamente, deixasse de pagar a pena de multa, ela
deveria ser convertida em pena de detenção. Em outras palavras, a multa era transformada em
pena privativa de liberdade.
2) Atualmente: a Lei 9.268/96 alterou o art. 51 do CP e previu que, se a multa não for paga, ela
será considerada dívida de valor e deverá ser exigida por meio de execução (não se permite
mais a conversão da pena de multa em detenção).
Antes da Lei 9.268/96 Depois da Lei 9.268/96 (ATUALMENTE)
Art. 51. A multa converte-se em pena de Art. 51. Transitada em julgado a sentença
detenção, quando o condenado solvente condenatória, a multa será considerada dívida de
deixa de paga-lá ou frustra a sua execução. valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive
no que concerne às causas interruptivas e
suspensivas da prescrição.
Multa permaneceu com caráter penal: Importante esclarecer que, mesmo com essa mudança
trazida pela Lei 9.268/96, a multa continua tendo caráter de sanção criminal, ou seja, permanece
sendo uma pena, por força do art. 5º, XLVI, “c”, da CF/88:
Art. 5º (...)
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
c) multa;
Assim, a única coisa que a Lei 9.268/96 fez foi mudar a forma de cobrança da multa não paga:
antes, ela virava pena de detenção; agora, deve ser cobrada por meio de execução.
ATENÇÃO: alteração recente do art. 51 pela Lei 13.964/2019 ("Pacote Anticrime"): O art. 51 do
Código Penal foi alterado para deixar expressa essa competência:
CÓDIGO PENAL
Antes da Lei 13.964/2019 ATUALMENTE
Art. 51. Transitada em julgado a sentença Art. 51. Transitada em julgado a sentença
condenatória, a multa será considerada dívida condenatória, a multa será executada perante
de valor, aplicando-se-lhes as normas da o juiz da execução penal e será considerada
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda dívida de valor, aplicáveis as normas relativas
Pública, inclusive no que concerne às causas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive
interruptivas e suspensivas da prescrição. no que concerne às causas interruptivas e
suspensivas da prescrição.
Exemplo: João foi sentenciado por roubo e o juiz de direito (Justiça Estadual) o condenou a 4 anos
de reclusão e mais 10 dias-multa no valor de meio salário mínimo cada. Depois do trânsito em
julgado, o condenado foi intimado para pagar a pena de multa no prazo de 10 dias, mas não o fez.
Diante disso, o escrivão da vara irá fazer uma certidão na qual constarão as informações sobre a
condenação e o valor da multa.
• Para o STJ, o magistrado deveria remeter a certidão para Procuradoria Geral do Estado e um
dos Procuradores do Estado iria ajuizar, em nome do Estado, uma execução fiscal que tramitaria
na vara de execuções fiscais (não era na vara de execuções penais).
• Agora, com a decisão do STF, o magistrado deverá intimar o Ministério Público e o Parquet
irá propor a execução da multa na vara de execução penal. Caso o MP, devidamente intimado,
não proponha a execução da multa no prazo de 90 dias, o juiz da execução criminal deverá dar
ciência do feito ao órgão competente da Fazenda Pública (federal ou estadual, conforme o caso)
para a respectiva cobrança na própria vara de execução fiscal, com a observância do rito da Lei
6.830/80.
Alerta: se João tivesse sido condenado pela Justiça Federal, quem iria ingressar com a
execução seria prioritariamente o MPF e, apenas subsidiariamente, a União, por
intermédio da Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN).
O que acontece com o entendimento do STJ manifestado na Súmula 521? Fica superado e a
súmula será cancelada. Isso porque a decisão do STF foi proferida em ação direta de
inconstitucionalidade possuindo, portanto, eficácia erga omnes e efeito vinculante (art. 102, § 2º,
da CF/88).
OBS: Importante. O que a Súmula 520 quer dizer não é que seja proibida a saída temporária
automatizada. O que o enunciado proíbe é apenas que o juiz delegue ao diretor do presídio a
fixação das datas da saída.
Segundo o STJ, é possível que seja fixado um calendário anual de saldas temporárias por ato
judicial único. No entanto, este calendário prévio das saídas temporárias deverá ser fixado,
obrigatoriamente, pelo Juízo das Execuções, não se lhe permitindo delegar à autoridade prisional
a escolha das datas específicas nas quais o apenado irá usufruir os benefícios (STJ. 3ª S. REsp 1-
544.036-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 14/9/16. Recurso repetitivo. lnfo 590).
Assim, a Súmula 520 do STJ mantém-se válida, proibindo que o juiz transfira para o diretor do
presídio a competência para fixar as datas das saídas temporárias.
Súmula 519: Na hipótese de rejeição da impugnação ao cumprimento de sentença, não são cabíveis
honorários advocatícios. (SUPERADA)
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: “A” ajuíza uma ação de cobrança contra “B”. O juiz julga
a sentença procedente, condenando “B” a pagar 1 milhão de reais a “A”. “B” perdeu o prazo para
a apelação, de modo que ocorreu o trânsito em julgado. “A” ingressou com uma petição
requerendo ao juízo o cumprimento da sentença. O juízo determinou a intimação do devedor, na
pessoa de seu advogado. Passaram-se os 15 dias e o devedor não fez o pagamento voluntário. Isso
significa que, a partir de agora, o credor terá, em tese, direito aos honorários advocatícios
decorrentes do cumprimento de sentença, já que não houve pagamento voluntário (Súmula 517 do
STJ). O credor formula petição ao juiz apresentando o demonstrativo do débito atualizado e
requerendo a expedição de mandado para que sejam penhorados e avaliados os bens do devedor
(art. 523, §3º, CPC/2015). O devedor oferece impugnação ao cumprimento de sentença. A
impugnação é julgada improcedente (rejeitada). O credor pede, então, que o devedor seja
condenado a pagar, além dos honorários advocatícios já fixados em virtude de ele não ter feito o
pagamento voluntário (cumprimento de sentença — Súmula 517), outro percentual de honorários
pelo fato de ter perdido a impugnação proposta. Em outras palavras, o credor pediu 10% de
honorários advocatícios por força do cumprimento de sentença (art. 523, § 1º, do CPC 2015) mais
10% de honorários por causa da impugnação rejeitada.
A tese do credor é aceita pelo STJ? Se a impugnação oferecida pelo devedor é julgada
improcedente, o devedor terá que pagar, por causa disso, novos honorários advocatícios (além
dos que já deverá pagar por força do cumprimento de sentença ter se iniciado)? NÃO. Este é o teor
da Súmula 519-STJ: “Na hipótese de rejeição da impugnação ao cumprimento de sentença, não são cabíveis
honorários advocatícios.” Assim, o devedor não terá que pagar novos honorários advocatícios pelo
fato de ter perdido a impugnação. Obs.: esse devedor continuará tendo que pagar honorários
advocatícios por não ter pago voluntariamente a obrigação, ou seja, terá que pagar honorários
advocatícios por causa do cumprimento de sentença.
Em suma:
1) Se a impugnação é rejeitada: NÃO cabem novos honorários advocatícios;
2) Se a impugnação é acolhida (ainda que parcialmente): serão arbitrados honorários em
benefício do executado, com base no art. 20, § 4°, do CPC 1973.
Não se pode confundir o raciocínio das Súmulas 517 e 519. Elas não são contraditórias. Ao
contrário, completam-se:
Para a doutrina, a Súmula 519 do STJ encontra-se superada. Veja o que diz Daniel Assumpção
Neves:
"Sendo rejeitada a impugnação, os honorários advocatícios fixados em favor do advogado do
exequente no valor de 10% sobre o valor da execução poderão ser majorados até 20% do valor
exequendo, em aplicação analógica do art. 827, § 2º, do Novo CPC." (Manual de Direito
Processual Civil. Volume único. Salvador: Juspodivm, 2017, p. 1374).
Súmula 518: Para fins do art. 105, III, a, da Constituição Federal, não é cabível recurso especial
fundado em alegada violação de enunciado de súmula. (M)
OBS: Importante. Alguns autores defendem que este entendimento deveria ser revisto em face do
art. 927, IV, do CPC 2015:
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria
constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional;
Súmula 517: SÃO DEVIDOS honorários advocatícios no cumprimento de sentença, haja ou não
impugnação, depois de escoado o prazo para pagamento voluntário, que se inicia após a intimação
do advogado da parte executada. (TRF5-2015) (TRT6-2015) (TJSC-2015) (TJPI-2015) (PGM-
Salvador/BA-2015) (Anal. Judic./TRT23-2016)
OBS: Importante. A súmula 517 foi editada antes do CPC/15, mas é compatível com o novo
Código que prevê que tais honorários advocatícios deverão ser fixados no percentual de 10%
sobre o valor do débito (art. 523, § 1º).
Assim, se o credor iniciar a fase de cumprimento de sentença e o devedor, sendo intimado para
pagar em 15 dias, efetuar o pagamento, não haverá condenação em honorários.
Por outro lado, se o devedor for intimado a pagar, e não o fizer no prazo, será multado em 10% e
ainda terá que pagar, ao final, honorários advocatícios de sucumbência ao advogado do credor.
Para que haja condenação em honorários, é necessário que o devedor tenha apresentado
impugnação? NÃO. São devidos honorários advocatícios no cumprimento de sentença, haja ou
não impugnação. Passou o prazo de 15 dias e o devedor não pagou, já incidirão os honorários e
mais a multa de 10%. Os honorários são devidos depois de escoado o prazo para pagamento
voluntário, que se inicia após a intimação do advogado da parte executada.
Resumindo:
1) Se o credor inicia o cumprimento de sentença, o devedor é intimado e paga dentro do
prazo de 15 dias, isso é considerado pelo STJ como sendo pagamento espontâneo do
devedor. Em outras palavras, há pagamento espontâneo do devedor que, intimado a fazê-
lo, cumpre a determinação dentro do prazo de 15 dias previsto no art. 523 do CPC 2015.
2) 2) Não há que se falar em cobrança de honorários advocatícios quando há cumprimento
espontâneo da obrigação. Assim, havendo o adimplemento espontâneo do devedor no
prazo de 15 dias, não são devidos honorários advocatícios, uma vez que foi desnecessária
a prática de quaisquer atos para obrigar o devedor a pagar (STJ. 4° Turma. REsp
1.264.272/ RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/5/2012).
3) Por outro lado, se o devedor foi intimado e passou o prazo de 15 dias sem que pagasse, a
partir daí já são cabíveis honorários advocatícios, haja ou não impugnação.
4) São cabíveis honorários advocatícios em fase de cumprimento de sentença, haja ou não
impugnação, depois de escoado o prazo de 15 dias para pagamento voluntário.
OBS: O entendimento que prevaleceu no STJ foi o de que a contribuição destinada ao INCRA,
devida por empregadores rurais e urbanos, não foi extinta pelas Leis 7.787/89, 8.212/91 e
8.213/91. Logo, não pode ser compensada com a contribuição destinada ao INSS. Segundo o STJ, a
quantia revertida ao INCRA possui natureza jurídica de “contribuição de intervenção no
domínio econômico” (CIDE), encontrando fundamento no art. 149 da CF/88. Não se trata,
portanto, de contribuição previdenciária. Isso porque o INCRA nunca foi responsável pela
prestação de serviços previdenciários ou de assistência social para os trabalhadores do campo. Sua
finalidade sempre esteve ligada à reforma agrária. Desse modo, quando as Leis 7.787/89, 8.212/91
e 8.213/91 unificaram a Previdência dos trabalhadores rurais e urbanos em uma só (Previdência
Social) e unificaram também o tratamento legislativo das contribuições previdenciárias, elas não
revogaram a contribuição destinada ao INCRA porque esta autarquia não tinha nenhuma relação
com Previdência Social.
Não houve revogação expressa porque tais leis não fizeram menção expressamente aos
dispositivos legais nos quais está prevista a contribuição para o INCRA; também não houve
revogação tácita, uma vez que a CIDE e as contribuições previdenciárias são exações distintas, não
sendo incompatíveis entre si.
OBS: Importante. Ainda que existam várias execuções fiscais propostas contra o mesmo devedor
e mesmo que a parte requeira a reunião dos processos, a decisão de reuni-los ou não é uma
faculdade do juiz. Logo, ele não é obrigado a atender o requerimento da parte. Assim, a reunião
de processos contra o mesmo devedor, por conveniência da unidade da garantia da execução, nos
termos do art. 28 da Lei 6.830/80, é uma faculdade outorgada ao juiz, e não um dever.
Súmula 514: A CEF é responsável pelo fornecimento dos extratos das contas individualizadas
vinculadas ao FGTS dos Trabalhadores participantes do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço,
inclusive para fins de exibição em juízo, independentemente do período em discussão.
OBS: Importante. De quem é a competência para julgar as ações envolvendo FGTS? Depende.
1) Se a ação for proposta pelo trabalhador contra o empregador envolvendo
descumprimento na aplicação da Lei 8.036/90, a competência será da Justiça do
Trabalho.
3) Se a ação for proposta pelo trabalhador contra a CEF em decorrência de sua atuação
como agente operadora dos recursos do FGTS, a competência será da Justiça Federal,
considerando que a CEF é uma empresa pública federal (art. 109, I, da CF/88).
Algumas vezes o trabalhador precisa dos extratos analíticos de sua conta de FGTS para pleitear
algum direito relacionado com o FGTS. A CEF tem o dever de fornecer esses extratos? SIM. A
CEF, por ser a agente operadora do FGTS, é responsável pelo fornecimento dos extratos das contas
individualizadas vinculadas ao FGTS dos trabalhadores participantes do Fundo.
OBS: Importante.
O Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/03), com o intuito de estimular a regularização das
armas existentes no país, trouxe a possibilidade de aqueles que tivessem armas ilegais pudessem
resolver tal situação (art. 30).
Se a arma tivesse sua numeração raspada ou fosse de uso restrito e, assim, não pudesse ser
regularizada, o indivíduo tinha a opção de entregá-la à Polícia Federal, sendo indenizado por isso.
Durante o período previsto na Lei, a pessoa que fosse encontrada em sua casa ou trabalho com
uma arma de fogo de uso permitido ou de uso restrito não cometia os crimes dos arts. 12 ou 16 do
Estatuto. Havia uma abolitio criminis temporária (também chamada de descriminalização
temporária ou vacatio legis indireta).
Segundo a redação inicial do Estatuto, a pessoa tinha até o dia 23/12/03 para regularizar ou
entregar a arma. Esse prazo foi sendo ampliado por diversas leis que se sucederam. Todas as
vezes em que ia chegando ao fim o prazo, era editada uma MP ou uma lei ampliando esse limite.
A quais crimes se aplica essa abolitio criminis temporária? No período compreendido entre
23/12/03 a 23/10/05, a abolitio criminis temporária abrangia as condutas de posse de arma de
fogo de uso permitido (art. 12) e de posse de arma de uso restrito (art. 16), incluindo as condutas
equiparadas (art. 16, § único). A partir de 23/10/05 até 31/12/09, a abolitio passou a incidir
somente sobre a conduta de posse de arma de fogo de uso permitido (art. 12).
Repetindo:
A abolitio criminis temporária abrangia quais crimes?
De 23/12/2003 a 23/10/2005 De 24/10/2005 até 31/12/2009
Arts. 12 e 16 Somente o art. 12
Posse de arma de fogo de uso permitido e Apenas a posse de arma de fogo de uso
restrito, incluindo as condutas equiparas (ex: PERMITIDO.
arma permitida com numeração raspada).
Por que houve essa mudança? Porque a MP 417/08 (convertida na Lei 11.706/08), ao revigorar o
art. 30 do Estatuto do Desarmamento e reabrir o prazo para regularização, não mais previu que os
possuidores de arma de fogo de uso restrito pudessem fazer o registro da arma. Desse modo, para
o STJ, no período compreendido entre 23/12/03 a 23/10/05, quem foi encontrado na posse de
arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido
ou adulterado, não cometia crime porque estava resguardado pela vacatio legis indireta. De
24/10/05 em diante, quem foi encontrado na posse de arma de fogo com numeração, marca ou
qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado, cometeu sim crime
porque vacatio legis indireta para o crime do art. 16 durou até 23/10/05.
OBS:
Superada pelo STF. Plenário. HC 118533, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 23/06/2016 (Info
831).
Cancelada pelo STJ. STJ. 3ª Seção. Pet 11.796-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado
em 23/11/2016 (recurso repetitivo) (Info 595).
OBS: Importante.
Furto: O crime de furto encontra-se tipificado no art. 155 do CP. No caput está previsto o furto
simples. O § 2º traz uma causa de diminuição de pena, chamada pela doutrina de “furto
privilegiado”. O § 4º, por sua vez, elenca hipóteses de “furto qualificado”.
Furto qualificado: Como já dito, no § 4º são previstas quatro hipóteses de furto qualificado:
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
Furto privilegiado: No § 2º, o CP prevê a figura do “furto privilegiado”, “furto de pequeno valor”
ou “furto mínimo”:
§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a
pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a
pena de multa.
Requisitos:
FURTO PRIVILEGIADO
1) Primariedade do agente 2) Pequeno valor da coisa furtada
O agente (criminoso) deve ser primário. Segundo a jurisprudência, para os fins do § 2° do
Primário é o indivíduo que não é reincidente, art. 155, coisa de pequeno valor é aquela cujo
nos termos do art. 63 do CP. preço, no momento do crime, não seja superior a
1 salário-mínimo.
Furto privilegiado-qualificado: É possível que um furto seja, ao mesmo tempo, privilegiado (§ 2º)
e qualificado (§ 4º)? Em outras palavras, é possível aplicar o privilégio previsto no § 2º aos casos
de furto qualificado? SIM, é possível desde que:
estejam preenchidos os requisitos do § 2º (primariedade e pequeno valor da coisa); e
a qualificadora seja de natureza objetiva.
Ex1: se o furto for qualificado por concurso de pessoas (qualificadora de índole objetiva), será
possível o privilégio (STJ. 6ª T. REsp 1370395/DF, Rel. Min. Assusete Magalhães, j. 12/11/13).
Ex2: se o furto for qualificado por abuso de confiança (qualificadora subjetiva), não será possível o
privilégio (STJ. 5ª T. AgRg no REsp 1392678/MG, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 17/12/13).
(TJDFT-2015-CESPE): No que se refere aos crimes contra o patrimônio, assinale a opção correta à
luz da jurisprudência do STJ e do STF: Se o agente for primário, a coisa for de valor reduzido e a
qualificadora incidente for de ordem objetiva, será permitido o reconhecimento de furto
privilegiado nos casos de crime de furto qualificado. BL: S. 511, STJ.
Súmula 510: A liberação de veículo retido apenas por transporte irregular de passageiros não está
condicionada ao pagamento de multas e despesas. (SUPERADA)
OBS: Acredito que a Súmula 510 do STJ esteja superada, após a vigência da Lei nº 13.855/2019,
que alterou o inciso VIII do art. 231 do CTB. Com a alteração legislativa, a medida administrativa
deixou de ser a retenção do veículo, sendo agora a "remoção do veículo". Vejamos:
Art. 231.
VIII - efetuando transporte remunerado de pessoas ou bens, quando não for licenciado
para esse fim, salvo casos de força maior ou com permissão da autoridade competente:
Infração – gravíssima; (Redação dada pela Lei nº 13.855, de 2019) (Vigência)
Penalidade – multa; (Redação dada pela Lei nº 13.855, de 2019) (Vigência)
Medida administrativa – remoção do veículo; (Redação dada pela Lei nº 13.855, de 2019)
(Vigência)
Logo, não importa mais se a única infração for a de transporte irregular, o veículo será removido
de qualquer maneira e a pessoa terá que pagar as despesas e multas, nos termos do parágrafo 1º
do art. 271 do CTB: “§ 1o A restituição do veículo removido só ocorrerá mediante prévio pagamento de
multas, taxas e despesas com remoção e estada, além de outros encargos previstos na legislação
específica.Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)”
OBS: Importante.
Agiu de maneira correta o Fisco estadual? NÃO. Segundo a jurisprudência do STJ, o comerciante
que adquire mercadoria, cuja nota fiscal (emitida pela empresa vendedora) tenha sido,
posteriormente, declarada inidônea, é considerado terceiro de boa-fé, o que autoriza o
aproveitamento do crédito do ICMS pelo princípio da não-cumulatividade, desde que
demonstrada a veracidade da compra e venda efetuada (em observância ao disposto no art. 136,
do CTN).
O ato declaratório da inidoneidade somente produz efeitos a partir de sua publicação. Assim,
somente se a distribuidora comprasse os produtos após a declaração de inidoneidade é que não
poderia ser feito o creditamento do ICMS.
(...) A jurisprudência do STJ pacificou-se no sentido de que o adquirente de boa-fé não
pode ser responsabilizado pela inidoneidade de notas fiscais emitidas pela empresa
vendedora. Nesse caso, é possível o aproveitamento de crédito de ICMS relativo às
referidas notas fiscais. Todavia, para tanto, é necessário que o contribuinte demonstre,
pelos registros contábeis, que a operação de compra e venda efetivamente se realizou,
incumbindo-lhe, portanto, o ônus da prova. (...) STJ. 1ª T. EDcl nos EDcl no REsp
623.335/PR, Rel. Min. Denise Arruda, j. 11/3/08.
Súmula 508: A isenção da Cofins concedida pelo art. 6º, II, da LC n. 70/1991 às sociedades civis de
prestação de serviços profissionais foi revogada pelo art. 56 da Lei n. 9.430/1996.
Súmula 506: A ANATEL NÃO É PARTE LEGÍTIMA nas demandas entre a concessionária e o
usuário de telefonia decorrentes de relação contratual. (TRF4-2010) (TJRJ-2014) (TJMS-2015)
Súmula 505: A competência para processar e julgar as demandas que têm por objeto obrigações
decorrentes dos contratos de planos de previdência privada firmados com a Fundação Rede
Ferroviária de Seguridade Social - REFER é da Justiça estadual.
Súmula 504: O prazo para ajuizamento de AÇÃO MONITÓRIA EM FACE DO emitente de nota
promissória SEM FORÇA EXECUTIVA É QUINQUENAL, A CONTAR do dia seguinte ao
vencimento do título. (TJMG-2012) (Cartórios/TJDFT-2014) (TRF4-2014) (PGM-Maringá/PR-2015)
(DPEAL-2017) (Cartórios/TJMG-2017) (TJSP-2018)
OBS: Importante. A nota promissória é um título de crédito no qual o emitente, por escrito, se
compromete a pagar (promessa de pagamento) uma certa quantia em dinheiro a uma outra pessoa
(tomador ou beneficiário). Trata-se de um título executivo extrajudicial (art. 784, I, CPC/15).
Assim, se não for paga, poderá ser ajuizada ação de execução cobrando o valor.
Qual é o prazo prescricional para a execução da nota promissória contra o emitente e o avalista?
Esse prazo é de 3 anos (art. 70 da Lei Uniforme).
Mesmo que tenha transcorrido esse prazo e a nota promissória tenha perdido sua força executiva
(esteja prescrita), ainda assim será possível a sua cobrança? SIM, por meio de ação monitória.
Qual é o prazo máximo para ajuizar a ação monitória de nota promissória prescrita? Esse prazo
é de 5 anos, com base no art. 206, § 5º, I, CC:
Art. 206. Prescreve:
§ 5º Em cinco anos:
I — a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou
particular;
Qual é o termo inicial desse prazo, isto é, a partir de quando ele é contado? O prazo de 5 anos
para a ação monitória é contado do dia seguinte ao vencimento do título. O prazo prescricional
de 5 (cinco) anos, a que submetida a ação monitória, se inicia, de acordo com o princípio da actio
nata, na data em que se torna possível o ajuizamento desta ação.
##Atenção: “[...] tanto o cheque quanto a promissória, cuja executividade já prescreveu, só autorizam o
ajuizamento da ação monitória no prazo de cinco anos, a contar da data da emissão do cheque ou do
vencimento da nota promissória. É o que estabelecem as Súmulas 503 e 504 do Superior Tribunal de
Justiça.” (GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 8 ed. – São
Paulo: Saraiva, 2017, p. 669.).
Súmula 503: O prazo para ajuizamento DE AÇÃO MONITÓRIA em face do emitente de cheque
sem força executiva É QUINQUENAL, A CONTAR do dia seguinte à data de emissão estampada
na cártula. (TRT6-2013) (TJPR-2014) (Cartórios/TJDFT-2014) (TRF4-2014) (TRT14-2014) (TJPI-2015)
(PFN-2015) (PGM-Maringá/PR-2015) (DPEMA-2015/2018)
OBS: Importante. O cheque é título executivo extrajudicial (art. 784, I, do CPC/15). Assim, se não
for pago, o portador do cheque poderá ajuizar ação de execução contra o emitente e eventuais
codevedores (endossantes, avalistas). Essa ação de execução é conhecida como “ação cambial”.
Qual é o prazo prescricional para a execução do cheque? 6 meses, contados do fim do prazo de
apresentação do cheque. Atente-se que o prazo prescricional somente se inicia quando termina o
prazo de apresentação, e não da sua efetiva apresentação ao banco sacado. Logo, os seis meses
iniciam-se com o fim do prazo de 30 dias (mesma praça) ou com o término do prazo de 60 dias
(se de praças diferentes).
Mesmo estando o cheque prescrito, ainda assim será possível a sua cobrança? SIM. Com o fim do
prazo de prescrição, o beneficiário não poderá mais executar o cheque. Diz-se que o cheque
perdeu sua força executiva. No entanto, mesmo assim o beneficiário poderá cobrar o valor desse
cheque por outros meios, quais sejam:
1) Ação de enriquecimento sem causa (“ação de locupletamento”): prevista no art. 61 da Lei
do Cheque (Lei 7.357/85). Essa ação tem o prazo de 2 anos, contados do dia em que se
consumar a prescrição da ação executiva.
2) Ação de cobrança (ação causal): prevista no art. 62 da Lei do Cheque. O prazo é de 5
anos, nos termos do art. 206, § 5º, I, CC.
3) Ação monitória.
Desse modo, estando o cheque prescrito (sem força executiva), ele poderá ser cobrado do emitente
por meio de ação monitória? SIM. O beneficiário do cheque poderá ajuizar uma ação monitória
para cobrar do emitente o valor consignado na cártula. Existe até uma súmula que menciona isso:
Súmula 299-STJ: É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.
Na petição inicial da ação monitória fundada em cheque prescrito, é necessário que o autor
mencione o negócio jurídico que gerou a emissão daquele cheque? É necessário que o autor da
monitória indique a origem da dívida expressa no título de crédito (uma compra e venda, p. ex.)?
NÃO. Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é dispensável
a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula. É desnecessária a demonstração
da causa de sua emissão, cabendo ao réu o ônus de provar, se quiser, a inexistência do débito. O
autor da ação monitória não precisará, na petição inicial, mencionar ou comprovar a relação
causal (causa debendi) que deu origem à emissão do cheque prescrito (não precisa explicar o motivo
pelo qual o réu emitiu aquele cheque) (STJ. 2ª S. REsp 1.094.571-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
j. 4/2/13) (recurso repetitivo).
Isso não significa uma forma de cercear o direito de defesa do réu? NÃO. Não há cerceamento de
defesa, pois o demandado poderá, nos embargos à monitória (nome da “defesa” na ação
monitória), discutir a causa debendi. Na ação monitória há inversão da iniciativa do
contraditório, cabendo ao demandado a faculdade de opor embargos à monitória, suscitando toda
a matéria de defesa, visto que recai sobre ele o ônus probatório. Cabe ao réu o ônus de provar, se
quiser, a inexistência do débito.
Qual é o prazo máximo para ajuizar a ação monitória de cheque prescrito? Súmula 503-STJ: O
prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força executiva é
quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula.
(DPECE-2014-FCC): Luiz emitiu, em Quixeramobim, cheque que deveria ser pago, a Henrique,
por agência situada em Juazeiro do Norte. O cheque não foi pago, por ausência de provisão de
fundos, além de ter perdido força executiva, em razão da prescrição. De acordo com Súmula do
STJ, o prazo para ajuizamento de ação monitória contra Luiz é de cinco anos, contados do dia
seguinte à data de emissão estampada na cártula. BL: S. 503, STJ.
OBS: Importante.
João foi preso em casa com dezenas de DVD’s piratas que ele estava comercializando. Qual
crime, em tese, ele praticou? Essa conduta amolda-se ao § 2º do art. 184 do CP:
Violação de direito autoral
Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. (...)
§ 2º Na mesma pena do § 1º incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto,
distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em
depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com
violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do
direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra
intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou
de quem os represente.
Não se pode invocar o princípio da adequação social: Como essa prática é cada vez mais comum,
havendo, inclusive, “feiras” fiscalizadas pelo Poder Público onde esse comércio ocorre livremente,
é possível afirmar que não haveria crime com base no princípio da adequação social? NÃO, não é
possível afirmar isso. Tanto o STF como o STJ entendem que é típica, formal e materialmente, a
conduta de expor à venda CDs e DVDs falsificados. Em suma, é crime.
O fato de, muitas vezes, haver tolerância das autoridades públicas em relação a tal prática não
significa que a conduta não seja mais tida como típica, ou que haja exclusão de culpabilidade,
razão pela qual, pelo menos até que advenha modificação legislativa, incide o tipo penal,
mesmo porque o próprio Estado tutela o direito autoral. Não se pode considerar socialmente
tolerável uma conduta que causa sérios prejuízos à indústria fonográfica brasileira e aos
comerciantes legalmente instituídos, bem como ao Fisco pelo não pagamento de impostos.
Nesse sentido: STF HC 98898, j. 20/4/10.
Outra tese alegada pela defesa é a de que deveria ser aplicado o princípio da insignificância. Tal
argumentação é aceita pelos Tribunais? NÃO. Não se aplica o princípio da insignificância ao
crime de violação de direito autoral. Em que pese a aceitação popular à pirataria de CDs e DVD’s,
com certa tolerância das autoridades públicas em relação a tal prática, a conduta, que causa sérios
prejuízos à indústria fonográfica brasileira, aos comerciantes legalmente instituídos e ao Fisco, não
escapa à sanção penal, mostrando-se formal e materialmente típica (STJ. 6ª T. AgRg no REsp
1380149/RS, Rel. Min. Dg Fernandes, j. 27/8/13).
A pena prevista para esse crime é de 2 a 4 anos. Trata-se de reprimenda desproporcional para esse
tipo de conduta? NÃO. Segundo o STJ, não há desproporcionalidade da pena prevista, pois o
próprio legislador, atento aos reclamos da sociedade que representa, entendeu merecer tal
conduta pena considerável, especialmente pelos graves e extensos danos que acarreta, estando
geralmente relacionada a outras práticas criminosas, como a sonegação fiscal e a formação de
quadrilha (HC 191568/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª T., j. 7/2/13).
Voltando ao nosso exemplo hipotético: os peritos fizeram a perícia em apenas alguns DVD’s, por
amostragem, e esse exame se limitou a analisar os elementos externos dos DVD's apreendidos,
como a impressão da capa, o código de barras, o nome do fabricante etc. A Defensoria Pública
questionou a validade dessa perícia, afirmando que:
1) o art. 530-D do CPP exige que a perícia seja feita sobre TODOS os bens apreendidos,
não podendo ser realizada por amostragem;
2) a perícia deveria ter examinado o conteúdo de cada um dos DVD’s (e não apenas os
aspectos exteriores);
As teses suscitadas pela defesa são aceitas pela jurisprudência do STJ? NÃO.
1) É válida a perícia por amostragem. Realmente, a redação literal do art. 530-D do
CPP afirma que a perícia deve ser realizada "sobre todos os bens apreendidos".
Apesar disso, o STJ relativiza essa exigência e admite que a perícia seja feita por
amostragem. Assim, basta que haja a apreensão de um único objeto e se a perícia
realizada sobre ele constatar a falsidade, estará configurado o delito do art. 184, § 2º
do CP. Entender de forma diversa apenas dificultaria a apuração do delito e
retardaria o término do processo judicial, em inobservância ao princípio
constitucional da razoável duração do processo. Assim, a exigência do legislador de
que a perícia seja realizada sobre todos os bens apreendidos se presta, na verdade,
não para fins de comprovação da materialidade delitiva, mas para fins de dosimetria
da pena, mais especificamente para a exasperação da reprimenda-base, uma vez que
se mostra mais acentuada a reprovabilidade do agente que reproduz, por exemplo,
com intuito de lucro, 500 obras intelectuais do que aquele que, nas mesmas
condições, reproduz apenas 20.
Em sede de recurso especial repetitivo, o STJ firmou a seguinte tese que resume essas três
conclusões: "É suficiente, para a comprovação da materialidade do delito previsto no art. 184, §
2º, do CP, a perícia realizada, por amostragem, sobre os aspectos externos do material
apreendido, sendo desnecessária a identificação dos titulares dos direitos autorais violados ou
de quem os represente." STJ. 3ª S. REsp 1.456.239-MG e REsp 1.485.832-MG, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, j. 12/8/2015 (recurso repetitivo) (Info 567).
(MPSP-2017): A simples exposição à venda de cópias não autorizadas de filmes sob a forma de
DVD constitui crime contra a propriedade imaterial. BL: art. 184, §2º, CP e S. 502, STJ.
OBS: Importante. Por conta dessa súmula, a causa de diminuição de pena prevista no § 4º do art.
33 da Lei 11.343/06 não pode ser aplicada incidindo sobre a pena do art. 12 da Lei 6.368/76.
Assim, a redução prevista no § 4º do art. 33 da Lei 11.343/06 deverá sempre incidir sobre a pena
prevista no caput do art. 33 (de 5 a 15 anos). A causa de diminuição de pena prevista no § 4º do
art. 33 da Lei 11.343/06 pode até ser aplicada a fatos ocorridos antes da sua vigência. No entanto,
para isso, é necessário que, no caso concreto, se verifique qual o percentual de redução que seria
aplicado ao réu e, então, se compare se para ele será mais vantajoso receber a pena do art. 33,
caput c/c o § 4º, da Lei 11.343/06 ou se será melhor ficar com a pena do art. 12 da Lei 6.368/76.
Súmula 500: A configuração do crime do art. 244-B do ECA INDEPENDE da prova da efetiva
corrupção do menor, por se tratar de DELITO FORMAL. (TJPI-2012) (TJSC-2013) (TJMA-2013)
(MPDFT-2013) (TJAP-2014) (TJSP-2014) (TJRJ-2014) (MPAC-2014) (MPMG-2014) (TJDFT-2015)
(MPMS-2015) (TJPR-2017) (TJRS-2018) (MPSP-2015/2019) (TJBA-2019) (MPGO-2019)
OBS: Importante. O crime de corrupção de menores era previsto no art. 1º da Lei 2.252/54:
Art. 1º Constitui crime, punido com a pena de reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa
de Cr$1.000,00 (mil cruzeiros) a Cr$10.000,00 (dez mil cruzeiros), corromper ou facilitar a
corrupção de pessoa menor de 18 (dezoito) anos, com ela praticando, infração penal ou
induzindo-a a praticá-la.
Em 2009, esse art. 1º da Lei 2.252/54 foi revogado pela Lei 12.015/09. Houve abolitio criminis?
NÃO, não houve abolitio criminis, mas sim continuidade normativo-típica, considerando que a
Lei 12.015/09, ao revogar o referido art. 1º, inseriu o mesmo crime no ECA (art. 244-B). Houve,
então, apenas uma mudança no local onde o delito era previsto, mantendo-se, contudo, a
previsão de que essa conduta se trata de crime.
Segundo o STJ, “o princípio da continuidade normativa típica ocorre quando uma norma penal é
revogada, mas a mesma conduta continua sendo crime no tipo penal revogador, ou seja, a infração
penal continua tipificada em outro dispositivo, ainda que topologicamente ou normativamente
diverso do originário.” (HC 204.416/SP, Rel. Min. Gilson Dipp, 5ª T., j. 17/5/12).
Desse modo, o art. 1º da Lei 2.252/54 foi revogado, mas a conduta de corromper menores, fazendo
com que estes pratiquem, crimes continua sendo tipificada, no entanto, agora no art. 244-B do
ECA:
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele
praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas ali
tipificadas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da
internet.
§ 2º As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um terço no caso de a
infração cometida ou induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei n. 8.072, de 25 de
julho de 1990.
O crime de corrupção de menores (art. 244-B do ECA) é FORMAL ou MATERIAL? Para que este
delito se consuma, exige-se a prova de que o menor foi corrompido? Trata-se de crime FORMAL.
Assim, NÃO se exige prova de que o menor tenha sido corrompido (obs: no crime formal, não é
necessária a ocorrência de um resultado naturalístico). Desse modo, a simples participação de
menor de 18 anos em infração penal cometida por agente imputável é suficiente à consumação do
crime de corrupção de menores (art. 244-B do ECA), sendo dispensada, para sua configuração,
prova de que o menor tenha sido efetivamente corrompido.
Na prática, qual é a diferença entre a corrupção de menores ser formal ou material? Veja o
seguinte exemplo hipotético e você irá entender: João (com 20 anos de idade) e Maikon (com 16
anos), mediante grave ameaça, subtraem a carteira da vítima. Vale ressaltar que, antes desse
evento, Maikon já respondia a cinco ações socioeducativas pela participação em outros atos
infracionais equiparados a roubo. João foi denunciado pela prática de dois crimes em concurso:
Roubo circunstanciado (art. 157, § 2º, II, do CP); e Corrupção de menores (art. 244-B do ECA). A
defesa de João pediu a sua absolvição quanto ao delito do art. 244-B do ECA, argumentando que o
tipo penal fala em “corromper” menor de 18 anos. No entanto, no caso concreto, o adolescente já
estaria “corrompido”, considerando que tinha participado de outros atos infracionais equiparados
a crime (era infrator contumaz). Logo, disse o advogado, não foi o réu (João) quem corrompeu o
menor.
A tese defensiva poderá ser aceita segundo a jurisprudência? NÃO. A configuração do crime
previsto no artigo 244-B do ECA independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se
tratar de delito formal (súmula 500 do STJ). Assim, pouco importa se houve ou não a corrupção
efetiva do menor. Basta que o MP comprove a participação do inimputável na prática delituosa na
companhia do maior de 18 anos.
Qual é a justificativa para esse entendimento? Segundo o Min. Sebastião Reis Júnior, a simples
participação do menor no ato delitivo é suficiente para a sua consumação, sendo irrelevante seu
grau prévio de corrupção, “já que cada nova prática criminosa na qual é inserido contribui para
aumentar sua degradação” (HC 164.359/DF). Dessa feita, a cada nova participação a moralidade
do menor (bem jurídico protegido) é novamente violada.
Em suma, se o art. 244-B ECA fosse material, João seria absolvido; como é formal, será condenado.
Súmula 499: As empresas prestadoras de serviços estão sujeitas às contribuições ao Sesc e Senac,
salvo se integradas noutro serviço social. (M)
Súmula 498: NÃO INCIDE IMPOSTO DE RENDA sobre a indenização por danos morais. (TJSC-
2009)
Súmula 497: Os créditos das autarquias federais PREFEREM aos créditos da Fazenda estadual
DESDE QUE COEXISTAM PENHORAS sobre o mesmo bem. (TJPB-2011) (TJRN-2013) (TJMG-
2014) (PGEAC-2014) (PGEAM-2016) (TJPR-2019)
OBS: Importante. O entendimento exposto nesta súmula é baseado no art. 187, parágrafo único,
do CTN e art. 29, da Lei 6.830/80, que estabelecem:
Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas
jurídicas de direito público, na seguinte ordem:
I - União;
II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pro rata;
III - Municípios, conjuntamente e pro rata.
Assim, verificada a pluralidade de penhoras sobre o mesmo bem em executivos fiscais ajuizados
por diferentes entidades garantidas com o privilégio do concurso de preferência, a lei prevê como
solução a preferência ao pagamento dos créditos tributários da União e suas autarquias em
detrimento dos créditos fiscais dos Estados, e destes em relação aos dos Municípios.
OBS: Importante. Os terrenos de marinha pertencem à União, por uma imposição legal, desde a
época em que o Estado brasileiro foi criado. A CF/88 apenas manteve essa situação (art. 20, VII da
CF/88). Logo, não tem qualquer validade o título de propriedade outorgado a particular de bem
imóvel situado em terreno de marinha ou acrescido.
Quando a União faz o procedimento de demarcação do terreno de marinha, ela declara que todos
os imóveis existentes naquela determinada faixa são da União e os eventuais títulos de
propriedade de particulares são também declarados nulos. Não é nem sequer necessário que a
União ajuíze uma ação específica de anulação dos registros de propriedade dos ocupantes de
terrenos de marinha. Basta o procedimento de demarcação.
Súmula 495: A aquisição de bens integrantes do ativo permanente da empresa não gera direito a
creditamento de IPI. (M)
Súmula 493: É INADMISSÍVEL a fixação de PENA SUBSTITUTIVA (art. 44 do CP) como condição
especial ao regime aberto. (MPTO-2012) (TRF4-2012) (TJPR-2013) (DPESP-2013) (TJDFT-2014)
(TJSP-2014) (TJCE-2014) (TJMT-2014) (MPAC-2014) (TJGO-2015) (MPDFT-2015) (MPF-2015)
(MPPR-2013/2016) (DPEPR-2017) (TJRS-2018)
OBS: Importante. A LEP impõe ao reeducando condições gerais e obrigatórias para que ele possa
ir do regime semiaberto para o aberto (art. 115). A Lei estabelece também que o juiz poderá fixar
outras condições especiais, em complementação daquelas previstas em lei. No entanto, a súmula
afirma que o magistrado, ao fixar essas condições especiais, não poderá impor nenhuma
obrigação que seja prevista em lei como pena restritiva de direitos (art. 44 do CP). Isso porque é
como se o juiz estivesse aplicando uma nova pena ao condenado pelo simples fato de ele estar
progredindo de regime. Haveria aí um bis in idem, importando na aplicação de dúplice sanção.
Assim, por exemplo, o juiz não pode impor que o reeducando preste serviços à comunidade como
condição especial para que fique no regime aberto.
(TJAL-2015-FCC): Segundo entendimento sumulado dos Tribunais Superiores acerca das penas
privativas de liberdade, é inadmissível a fixação de pena substitutiva como condição especial ao
regime aberto. BL: S. 493, STJ.
(MPPE-2014-FCC): A pena de prestação de serviços à comunidade não pode ser fixada como
condição especial ao regime aberto. BL: S. 493, STJ.
Súmula 492: O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, POR SI SÓ, NÃO CONDUZ
OBRIGATORIAMENTE à imposição de medida socioeducativa de INTERNAÇÃO do
adolescente. (TJGO-2009/2012) (TJRJ-2013) (TJPR-2013) (MPES-2013) (MPAC-2014) (MPPA-2014)
(TJDFT-2011/2012/2014/2015) (MPDFT-2015) (MPMS-2015) (DPESP-2015) (TJAM-2016) (TJMSP-
2016) (MPBA-2018) (TJAL-2019) (TJBA-2019) (TJPA-2019) (MPSP-2019)
OBS: Importante.
Observam-se com frequência, na prática, diversas sentenças que aplicam a medida de internação
ao adolescente pela prática de tráfico de drogas, valendo-se como único argumento, o de que tal
ato infracional é muito grave e possui natureza hedionda. O STJ não concorda com este
entendimento e tem decidido, reiteradamente, que não é admitida a internação com base
unicamente na alegação da gravidade abstrata ou na natureza hedionda do ato infracional
perpetrado. O tema revelou-se tão frequente que a Corte decidiu editar a Súmula 492 expondo
esta conclusão. O adolescente que pratica tráfico de drogas pode até receber a medida de
internação. No entanto, para que isso ocorra, o juiz deverá vislumbrar, no caso concreto, e
fundamentar sua decisão em alguma das hipóteses do art. 122 do ECA. O magistrado não poderá
utilizar, como único argumento, o fato de que esse ato infracional é muito grave e possui
natureza hedionda.
OBS: Progressão per saltum significa a possibilidade do apenado que está cumprindo pena no
regime fechado progredir diretamente para o regime aberto, ou seja, sem passar antes pelo
semiaberto. Não é admitida pelo STF e STJ.
Assim, se o apenado está cumprindo pena no regime fechado, ele não poderá ir diretamente para
o regime aberto, mesmo que tenha, em tese, preenchido os requisitos para tanto.
OBS: Polêmica.
Noções gerais sobre o reexame necessário: O chamado “reexame necessário” ou “duplo grau de
jurisdição obrigatório” é um instituto previsto no art. 496 do CPC/15 e em algumas leis esparsas:
Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de
confirmada pelo tribunal, a sentença:
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas
autarquias e fundações de direito público;
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal.
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz
ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo
tribunal avocá-los-á.
§ 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tribunal julgará a remessa necessária.
Obs: o reexame necessário não possui natureza jurídica de recurso. Desse modo, é tecnicamente
incorreto denominar este instituto de “recurso ex officio”, “recurso de ofício” ou “recurso
obrigatório”.
Exceções ao reexame necessário: O CPC prevê, em dois parágrafos, situações em que, mesmo a
sentença se enquadrando nos incisos do art. 496, não haverá a obrigatoriedade do reexame
necessário:
Art. 496 (...)
§ 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico
obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a:
I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de
direito público;
II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas
autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos
Estados;
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e
fundações de direito público.
§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em:
I - súmula de tribunal superior;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça
em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito
administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula
administrativa.
Súmula 490 do STJ: Em 2012, ou seja, antes do CPC/15, o STJ editou a seguinte súmula tratando
sobre remessa necessária:
Súmula 490-STJ: A dispensa de reexame necessário, quando o valor da condenação ou do
direito controvertido for inferior a 60 salários mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas.
Qual era o sentido dessa súmula? O CPC/73 tratava do reexame necessário no art. 475. O § 2º uma
regra dispensando o reexame necessário:
§ 2º Não se aplica o disposto neste artigo (ou seja, não se aplica o reexame necessário)
sempre que a condenação, ou o direito controvertido, for de valor certo não excedente a 60
(sessenta) salários mínimos (...)
A exceção prevista no § 2º do art. 475 do CPC/1973 exigia dois requisitos:
a) primeiro, que a condenação ou o direito controvertido tivesse valor certo; e
b) segundo, que o respectivo montante não excedesse 60 salários mínimos.
Como o § 2º do art. 475 exigia que a condenação tivesse “valor certo”, o que o STJ falou: se a
sentença é ilíquida, ela não tem valor certo e, portanto, não se enquadra nesta exceção. Logo, o STJ
disse o seguinte: se a sentença for ilíquida (não tiver valor certo), haverá reexame necessário
mesmo que o valor da condenação seja inferior a 60 salários-mínimos. Daí surgiu a súmula 490.
Perceba que as redações são parecidas, sendo que a grande novidade do CPC/15 foi ter ampliado
o limite de 60 salários-mínimos para 1.000, 500 ou 100 salários-mínimos a depender do ente
federativo condenado. Vale ressaltar, ainda, que a redação do § 3º do art. 496 foi ainda mais
enfática em dizer o a condenação tem que ser em valor líquido (ou seja, a sentença tem que ser
líquida). Por essa razão, em minha opinião, a súmula 490 do STJ permaneceria válida com o
CPC/15. No entanto, agora, o valor que o CPC/15 prevê como limite para dispensa da remessa
necessária não é mais 60 salários-mínimos. Assim, na minha opinião, a súmula permaneceria
válida, mas deveria ser lida da seguinte forma: “A dispensa de reexame necessário, nos casos do
§ 3º do art. 496, do CPC/2015, não se aplica a sentenças ilíquidas.”
A 1ª Turma do STJ, contudo, em um caso específico não entendeu dessa maneira. Vejamos.
O Juiz acolheu essa argumentação do autor. O INSS recorreu afirmando que a sentença proferida
foi ilíquida. Desse modo, sendo ilíquida cabe reexame necessário mesmo que o possível valor seja
inferior a 1.000 salários-mínimos. O INSS pediu que o STJ reconhecesse que se aplica aqui o
raciocínio da Súmula 490.
O STJ concordou com a tese do autor ou do INSS? Do autor. A 1ª Turma do STJ afirmou que
apesar da “aparente iliquidez das condenações em causas de natureza previdenciária, a
sentença que defere benefício previdenciário é espécie absolutamente mensurável, visto que
pode ser aferível por simples cálculos aritméticos, os quais são expressamente previstos na lei
de regência, e são realizados pelo próprio INSS.” Assim, para a 1ª Turma do STJ, a Súmula 490-
STJ não se aplica às sentenças ilíquidas nos processos de natureza previdenciária a partir dos
novos parâmetros definidos no art. 496, § 3º, I, do CPC/2015.
Em suma:
Após a entrada em vigor do CPC/15, é dispensável a remessa necessária nas sentenças
ilíquidas proferidas em desfavor do INSS, cujo valor mensurável da condenação ou do
proveito econômico seja inferior a mil salários mínimos. STJ. 1ª T. REsp 1.735.097-RS, Rel.
Min. Gurgel de Faria, j. 08/10/2019 (Info 658).
O STJ afirmou que a Súmula 490 do STJ está superada para todos os casos? NÃO. A decisão
explicada refere-se apenas aos processos envolvendo benefícios previdenciários. Desse modo,
não se pode, pelo menos ainda, afirmar que o STJ desconsiderou a súmula para todos os casos.
Constou na ementa:
“(...) 4. A orientação da Súmula 490 do STJ não se aplica às sentenças ilíquidas nos feitos de
natureza previdenciária a partir dos novos parâmetros definidos no art. 496, § 3º, I, do
CPC/15, que dispensa do duplo grau obrigatório as sentenças contra a União e suas
autarquias cujo valor da condenação ou do proveito econômico seja inferior a mil salários
mínimos.”
OBS: Importante. Ex.: MP-SP ajuíza ACP contra um réu na Justiça Estadual; tempos depois, o
MPF propõe, na Justiça Federal, ACP em desfavor desse mesmo requerido, com a mesma causa de
pedir, mas com pedidos menos amplos que o da primeira ação. As duas ações deverão ser
reunidas e julgadas pela Justiça Federal, mesmo não sendo este o juízo prevento.
OBS: O ente federal pode não ser parte, mas ter interesse na demanda, podendo recair sobre ele
reflexos negativos da decisão. Quanto à reunião das ACP`s, a súmula mencionada autoriza.
Súmula 488: O § 2º do art. 6º da Lei n. 9.469/1997, que obriga à repartição dos honorários
advocatícios, é inaplicável a acordos ou transações celebrados em data anterior à sua vigência.
Súmula 487: O parágrafo único do art. 741 do CPC [leia-se: §12 do art. 525 e no § 5° do art. 535 do
CPC/2015] não se aplica às sentenças transitadas em julgado em data anterior à da sua vigência.
(PFN-2015)
OBS: O parágrafo único do art. 741 do CPC/1973 foi inicialmente inserido pela Medida Provisória
2.180-35/2001 e depois tratado pela Lei n° 11.232/2005.
Se a decisão transitada em julgado (título executivo judicial) é anterior à previsão do art. 741,
parágrafo único, pode mesmo assim a Fazenda Pública opor embargos à execução alegando que o
título é inexigível por ser inconstitucional? NÃO. Segundo o entendimento do STJ, o parágrafo
único do art. 741 do CPC/1973 não se aplica às sentenças transitadas em julgado em data anterior
à da sua vigência.
Se o parágrafo único do art. 741 do CPC/1973 fosse aplicado às sentenças transitadas em julgado
antes da sua vigência, haveria uma violação ao art. 5°, inciso XXXVI, da CF/88.
O entendimento acima permanece válido. Vale ressaltar, no entanto, que o parágrafo único do
art. 741 do CPC 1973 é agora previsto no § 12 do art. 525 e no § 5° do art. 535 do CPC/2015:
Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o
prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova
intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação.
§ 1o Na impugnação, o executado poderá alegar: (...)
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
§ 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste artigo, considera-se também
inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato
normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em
aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal
como incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade
concentrado ou difuso.
Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por
carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos
próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir: (...)
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; (...)
§ 5o Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se também
inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato
normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em
aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal
como incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade
concentrado ou difuso.
Súmula 486: É IMPENHORÁVEL o único imóvel residencial do devedor que ESTEJA LOCADO a
terceiros, DESDE QUE a renda obtida com a locação SEJA REVERTIDA para a subsistência ou a
moradia da sua família. (TJSP-2013) (TJMA-2013) (TRF2-2013) (MPT-2013) (PGEAC-2014)
(PGEMS-2014) (TRT2-2016) (MPRR-2017) (MPGO-2019)
(AGU-2013-CESPE): Se o casal, em vez de utilizar como residência o único imóvel que possua,
locá-lo a terceiros, tal fato não afastará de forma automática a sua característica de bem de família,
de modo a torná-lo penhorável por dívida dos cônjuges. BL: S. 486, STJ.
OBS: Pela Lei 8009/90 (art. 5º), somente seria impenhorável o imóvel próprio utilizado pelo casal
ou pela entidade familiar para moradia permanente.
Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se residência
um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente.
Parágrafo único. Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários
imóveis utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor,
salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis e na forma do art.
70 do Código Civil.
Vejamos agora uma situação um pouco diferente: Pedro possui em seu nome um único imóvel,
qual seja, uma sala comercial que está alugada para uma empresa, que explora no local uma loja,
pagando ao proprietário R$ 2 mil. Ele e sua família, por sua vez, moram em uma casa alugada,
pagando R$ 1 mil. A renda recebida com a locação é utilizada para pagar o aluguel da sua casa e
para a subsistência da família. Pedro está sendo executado e o juiz determinou a penhora da sala
comercial que está em seu nome.
Esta penhora poderá ser desconstituída invocando a proteção do bem de família? SIM. É
impenhorável o único imóvel comercial do devedor que esteja alugado quando o valor do
aluguel é destinado unicamente ao pagamento de locação residencial por sua entidade familiar.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.616.475-PE, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 15/9/16 (Info 591).
Súmula 485: A Lei de Arbitragem aplica-se aos contratos que contenham cláusula arbitral, ainda que
celebrados antes da sua edição. (TJSC-2013)
Súmula 484: Admite-se que o preparo seja efetuado no primeiro dia útil subsequente, quando a
interposição do recurso ocorrer após o encerramento do expediente bancário. (TJAC-2012) (TJGO-
2012) (TJSC-2013) (Cartórios/TJPI-2013) (TJAP-2014) (Cartórios/TJDFT-2014) (TJPB-2015)
Exemplo: João interpôs o recurso no dia 03/11/10, às 17h 30min, ou seja, quando os bancos já
estavam fechados. Por essa razão, João não pagou a taxa judiciária e as despesas postais, não
juntando as guias de recolhimento junto com o recurso. No dia seguinte, 04/11/10, João foi até o
banco, recolheu o valor devido como preparo e juntou aos autos. O recurso interposto por João
não será considerado deserto, havendo uma mitigação à regra do art. 1.007 do CPC/2015.
Súmula 483: O INSS não está obrigado a efetuar depósito prévio do preparo por gozar das
prerrogativas e privilégios da Fazenda Pública. (M)
OBS: Essa súmula não trata de isenção do pagamento de custas ou despesas processuais para o
INSS. Ela afirma apenas que o INSS não precisa realizar o depósito prévio do preparo, podendo
fazer apenas ao final, caso seja vencido. Em outras palavras, a súmula em questão afirma que se
aplica ao INSS o art. 27 do CPC e o art. 1ºA da Lei nº 9.494/97.
E o INSS é equiparado a Fazenda Pública? SIM. O INSS é uma autarquia federal, portanto, está
englobada dentro do conceito de Fazenda Pública. Nesse sentido é também o art. 8º da Lei nº
8.620/93.
Súmula 482: A falta de ajuizamento da ação principal no prazo do art. 806 do CPC [atual art. 308
do NCPC] ACARRETA a perda da eficácia da liminar deferida e a extinção do processo cautelar.
(Cartórios/TJBA-2013) (Cartórios/TJES-2013) (DPEAM-2013) (TJSP-2013/2014) (TJSC-2013/2015)
(TCEGO-2014) (Cartórios/TJDFT-2014) (DPEMA-2015) (TRF5-2015)
OBS: Importante. A ideia geral desta súmula permanece válida, mas esta a do art. 806 do CPC
1973 é agora encontrada no art. 308 do CPC 2015. Veja:
Art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado pelo
autor no prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos mesmos autos
em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo do adiantamento de
novas custas processuais.
Súmula 481: FAZ JUS ao BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA a pessoa jurídica com ou sem fins
lucrativos que DEMONSTRAR sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.
(DPEAL-2009) (TJBA-2012) (DPEAC-2012) (DPEPR-2014) (PGEMS-2014) (TRT14-2014) (TJPB-2015)
(MPSP-2015) (DPU-2015) (DPEPE-2018)
OBS: Importante. As pessoas jurídicas de direito privado, com ou sem fins lucrativos, para
obterem os benefícios da justiça gratuita, devem comprovar o estado de miserabilidade, não
bastando a simples declaração de pobreza.
Pessoas jurídicas podem pedir o benefício da justiça gratuita? SIM, mas, diferentemente do que
ocorre com as pessoas físicas, deverão demonstrar a necessidade. O CPC/2015 confirmou este
entendimento:
Art. 99 (...) § 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida
exclusivamente por pessoa natural.
Pessoas jurídicas sem finalidade lucrativa também precisam demonstrar essa necessidade para
requererem a justiça gratuita? SIM (é necessário demonstrar). É a posição atual do STF e do STJ.
Vamos resumir o que pensa o STJ sobre o tema: as pessoas jurídicas de direito privado, com ou
sem fins lucrativos, para obter os benefícios da justiça gratuita, devem comprovar o estado de
miserabilidade, não bastando a simples declaração de pobreza. Assim, é indispensável que a
pessoa jurídica comprove a sua impossibilidade de arcar com os encargos financeiros do
processo. A prova da hipossuficiência para fins de concessão do benefício da gratuidade da justiça
incumbe à pessoa jurídica, sendo irrelevante a finalidade lucrativa ou não da entidade
requerente. Em outras palavras, para que a pessoa jurídica de direito privado obtenha o benefício
da justiça gratuita é indispensável que demonstre (comprove) sua impossibilidade de arcar com os
encargos processuais. Não se justifica realizar a distinção entre pessoas jurídicas com ou sem
finalidade lucrativa, pois, quanto ao aspecto econômico-financeiro, a diferença primordial entre
essas entidades não reside na suficiência ou não de recursos para o custeio das despesas
processuais, mas na possibilidade de haver distribuição de lucros aos respectivos sócios ou
associados. Além disso, muitas entidades sem fins lucrativos exploram atividade econômica em
regime de concorrência com as sociedades empresárias, não havendo parâmetro razoável para se
conferir tratamento desigual entre essas pessoas jurídicas (EREsp 603.137/MG).
Posição do STF: Vale ressaltar que esta também é a posição do STF: "O pedido de justiça gratuita
de pessoa jurídica de direito privado deve ser acompanhado de detalhada comprovação da
efetiva insuficiência de recursos." (AI 673934 AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, Segunda Turma, j.
23/6/09). No mesmo sentido: "Tratando-se de entidade de direito privado - com ou sem fins lucrativos
-, impõe-se-lhe, para efeito de acesso ao benefício da gratuidade, o ônus de comprovar a sua
alegada incapacidade financeira, não sendo suficiente, portanto, ao contrário do que sucede com a pessoa
física ou natural, a mera afirmação de que não está em condições de pagar as custas do processo e os
honorários advocatícios." (RE 192715 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, Segunda Turma, j. 21/11/06)
##Atenção: ##Jurisprudência em Teses do STJ: ##Edição nº 148: Tese 7) Faz jus ao benefício da
justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade
de arcar com os encargos processuais. (Súmula n. 481/STJ)
Súmula 480: O JUÍZO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL NÃO É competente para decidir sobre a
constrição de bens não abrangidos pelo plano de recuperação da empresa. (TRT5-2013)
(Cartórios/TJSE-2014) (TRF4-2014) (TJSP-2015) (PGEPA-2015) (TJAM-2016) (TJAL-2019)
A recuperação judicial surgiu para substituir a antiga “concordata” e tem por objetivo viabilizar a
superação da situação de crise do devedor a fim de permitir que a atividade empresária se
mantenha e, com isso, sejam preservados os empregos dos trabalhadores e os interesses dos
credores.
A Lei 11.101/05, em seu art. 3º, prevê que é competente para deferir a recuperação judicial o juízo
do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do
Brasil. A falência e a recuperação judicial são sempre processadas e julgadas na Justiça estadual.
Juízo universal: Com a concessão da recuperação judicial, o juízo que decretou essa recuperação
(“juízo da recuperação”) passa a ser considerado “juízo universal” uma vez que será apenas
dele a competência para realizar os atos de execução, tais como alienação de ativos e pagamento
de credores.
Na Súmula 480, o STJ afirma que, se determinados bens da empresa em recuperação não
estiverem abrangidos pelo plano de recuperação, eles poderão sofrer constrição (penhora,
arresto, sequestro etc.) por parte de outros juízos, como, por exemplo, a Justiça do Trabalho, não
havendo necessidade de que tais medidas sejam decididas pelo juízo da recuperação judicial.
##Atenção: Vale ressaltar que o STJ tem entendido que embora o juízo falimentar não tenha
competência para deliberar sobre bens não abrangidos pelo plano de recuperação, a constrição de
bens operada no âmbito de fiscal deve ser avalizada pelo juízo falimentar (STJ. 2ª Seção. AgRg
no CC 130.363/SP, rel. Min. Signei Benetti, j. 23.10.13).
OBS:
Ex1: um talão de cheques é extraviado da agência do banco, chegando às mãos de um
fraudador, que põe em circulação cheques falsificados em nome de “A” (cliente do
banco). O banco compensa os cheques, fazendo com que o saldo de “A” fique negativo e
ele seja inscrito na SERASA por força das dívidas. Esse banco responderá objetivamente
(isto é, independentemente de culpa) pelos danos materiais e morais causados ao cliente.
Ex2: determinado cracker invade o sistema do banco e consegue transferir dinheiro da
conta de um cliente. O banco responde objetivamente por esse dano.
Ex3: o cartão de crédito de um cliente é “clonado” e, por conta disso, são feitas compras
fraudulentas em seu nome. O banco responde objetivamente por esse dano.
Por que o banco responde objetivamente nesses casos? Os bancos são fornecedores de serviços e
a eles é aplicado o Código de Defesa do Consumidor (art. 3º, § 2º, do CDC; Súmula 297-STJ; STF
ADI 2591). Se ocorreu um fortuito interno na operação bancária relacionado com uma fraude ou
delito praticado por terceiro, o que houve nesse caso foi um defeito no serviço bancário, sendo isso
chamado pelo CDC de “fato do serviço”.
Fato do serviço são os danos causados aos consumidores em razão de um acidente de consumo
provocado por serviço defeituoso (art. 14 do CDC). Se ocorre um fato do serviço, o fornecedor
desse serviço é obrigado a indenizar os consumidores lesados, independentemente de culpa:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,
pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e
riscos.
Exemplo de aplicação da súmula para lesados não correntistas: José perde sua carteira com os
documentos. Pedro, experiente estelionatário, encontra. Pedro coloca a sua foto no RG de José,
treina a assinatura para imitá-la e vai até o Banco, onde consegue, com os documentos de José,
abrir uma conta-corrente e efetuar um empréstimo bancário, nunca pagando o valor. Por conta
disso, o nome de José é inscrito pelo Banco no serviço de proteção ao crédito. José, de fato, nunca
manteve qualquer relação contratual com o Banco, mas deverá ser indenizado porque houve um
fato do serviço (um defeito no serviço bancário) que fez com que ele se transformasse em vítima
desse evento (consumidor por equiparação).
Nos exemplos acima mencionados, os bancos não podem alegar culpa exclusiva de terceiro para
se isentar da responsabilidade? NÃO. De fato, o CDC prevê que a culpa exclusiva de terceiro
exclui o dever de indenizar:
Art. 14 (...) § 3º - O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
(MPGO-2019): No âmbito do Direito do Consumidor (Lei 8.078/90), assinale a alternativa que está
de acordo com posicionamento dominante no âmbito do STJ: As instituições financeiras
respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos
praticados por terceiros no ‚âmbito de operações bancárias. BL: S. 479, STJ.
(TJCE-2018-CESPE): Pedro descobriu que seu nome havia sido inscrito em órgãos de restrição ao
crédito por determinada instituição financeira em decorrência do inadimplemento de contrato
fraudado por terceiro. Nesse caso hipotético, a instituição financeira responderá civilmente na
modalidade objetiva, com base no risco do empreendimento. BL: S. 479, STJ.
(TJPR-2017-CESPE): Maria, aposentada, compareceu a uma agência bancária para sacar seu
benefício previdenciário. No entanto, ao consultar o extrato, verificou que o numerário fora
sacado por terceiro. Inconformada, procurou a defensoria pública, que ajuizou ação de
indenização, requerendo, entre outras coisas, a inversão do ônus da prova em favor de Maria. Por
sua vez, em sua resposta, a instituição financeira alegou fato exclusivo da vítima, porquanto a
operação fora realizada mediante a utilização de cartão e senha pessoal. Acerca dessa situação
hipotética, assinale a opção correta à luz da legislação aplicável ao caso e da jurisprudência do STJ:
O juiz deverá deferir o pleito de inversão do ônus da prova em favor da autora, pois cabe à
instituição financeira demonstrar a regularidade do saque. BL: art. 6º, VIII do CDC e BL: S. 479,
STJ.
Súmula 478: Na execução de crédito relativo a cotas condominiais, este tem preferência sobre o
hipotecário. (TJMA-2013) (PGEMS-2014)
Súmula 477: A DECADÊNCIA do art. 26 do CDC NÃO É APLICÁVEL à prestação de contas para
obter esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e encargos bancários. (TJMG-2012) (TRF4-
2012) (TJRJ-2014) (TJMS-2015) (MPGO-2019)
##Atenção: ##STJ: Só responde por danos materiais e morais o endossatário que recebe título de
crédito por endosso-mandato e o leva a protesto se extrapola os poderes de mandatário ou em
razão de ato culposo próprio, como no caso de apontamento depois da ciência acerca do
pagamento anterior ou da falta de higidez da cártula. STJ. 2ª S. REsp 1.063.474/RS, Rel. Min. Luís
Felipe Salomão, j. 28/9/11.
##Atenção: A Súmula 476 do STJ trata da situação do endosso-mandato, ou seja, daquela situação
de endosso impróprio em que endossatário recebe o título para dar cumprimento a mandato,
devendo agir em nome do endossante-mandante, visando o recebimento do crédito.
(TRF2-2014): Assinale a opção correta: No endosso para cobrança, com a cláusula “por
procuração”, tendo agido nos limites dos poderes, o endossatário não é responsável pelo dano
gerado a partir do indevido protesto do título. BL: S. 476, STJ e art. 18 da LUG.14
Súmula 475: RESPONDE pelos danos decorrentes de PROTESTO INDEVIDO o endossatário que
RECEBE por ENDOSSO TRANSLATIVO título de crédito CONTENDO vício formal extrínseco
ou intrínseco, FICANDO RESSALVADO seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas.
(PCMA-2012) (MPF-2013) (TRF2-2014) (TJAL-2015) (PGEPA-2015)
(TJPR-2019-CESPE): No que se refere a títulos de crédito, assinale a opção correta, de acordo com
a jurisprudência sumulada pelo STJ: Em caso de endosso translativo, o endossatário que
responder por dano decorrente de protesto indevido de título com vício formal tem direito de
regresso contra endossantes e avalistas. BL: S. 475, STJ.
(TRF4-2014): O endossatário que recebe, por endosso translativo, título de crédito contendo vício
formal, sendo inexistente a causa para conferir lastro à emissão de duplicata, responde pelos
danos causados diante de protesto indevido, ressalvado seu direito de regresso contra os
endossantes e avalistas. BL: S. 475, STJ.
Súmula 474: A indenização do seguro DPVAT, em caso de invalidez parcial do beneficiário, será
paga de forma proporcional ao grau da invalidez.
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Art. 18. Quando o endosso contém a menção "valor a cobrar" (valeur en recouvrement), "para cobrança"
(pour encaissement), "por procuração" (par procuration), ou qualquer outra menção que implique um
simples mandato, o portador pode exercer todos os direitos emergentes da letra, mas só pode endossá-la
na qualidade de procurador.
Os coobrigados, neste caso, só podem invocar contra o portador as exceções que eram oponíveis ao
endossante.
O mandato que resulta de um endosso por procuração não se exingue por morte ou sobrevinda
incapacidade legal do mandatário.
a) no caso de morte: R$ 13.500,00 (por vítima);
b) no caso de invalidez permanente: até R$ 13.500,00 (por vítima);
c) no caso de despesas de assistência médica e suplementares: até R$ 2.700,00 como
reembolso à cada vítima.
A Lei 6.194/74, em seu art. 3º, II, prevê que a indenização no caso de invalidez permanente será
de até R$ 13.500,00, mas não estabeleceu critérios para se graduar essa quantia. Em outras
palavras, nem toda invalidez irá gerar o pagamento do valor máximo, mas, por outro lado, a
legislação não forneceu parâmetros para se escalonar essa indenização.
O STJ afirmou que o valor da indenização deverá ser proporcional ao grau da invalidez
permanente apurada.
Súmula 473: O mutuário do SFH NÃO PODE SER COMPELIDO a contratar o SEGURO
HABITACIONAL OBRIGATÓRIO com a instituição financeira mutuante ou com a seguradora
por ela indicada. (TJMS-2015) (TJAL-2015) (TJDFT-2015)
Súmula 472: A cobrança de comissão de permanência - cujo valor não pode ultrapassar a soma dos
encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato - exclui a exigibilidade dos juros
remuneratórios, moratórios e da multa contratual. (SUPERADA)
##Atenção: Superada. Esta súmula pode ser aplicada para os contratos anteriores à 01/09/2017
(art. 5º da Resolução nº 4.558/2017).
Observação: Esta súmula pode ser aplicada para os contratos anteriores à 01/09/17. Isso porque o
art. 5º da Resolução 4.558/2017 prevê a sua incidência somente em contratos firmados a partir de
1º de setembro de 2017 (art. 5º). Desse modo, para os contratos anteriores a esta data é possível a
cobrança da comissão de permanência, com as limitações impostas pela jurisprudência do
STF/STJ.
OBS: Importante. Para os crimes hediondos ou equiparados praticados antes da Lei 11.464/07,
exige-se o cumprimento de um 1/6 da pena para a progressão de regime.
OBS: A Lei 13.964/2019 alterou o art. 112 da LEP e, consequentemente, os requisitos objetivos para
a concessão da progressão. Vale ressaltar, contudo, que essa alteração não alcança os fatos
praticados anteriores porque foi uma mudança mais gravosa.
Pacote anticrime: A Lei 13.964/2019 alterou o art. 112 da LEP e, consequentemente, os requisitos
objetivos para a concessão da progressão:
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a
transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso
tiver cumprido ao menos:
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido
cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça;
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem
violência à pessoa ou grave ameaça;
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido
cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com
violência à pessoa ou grave ameaça;
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime
hediondo ou equiparado, se for primário;
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for
primário, vedado o livramento condicional;
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa
estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime
hediondo ou equiparado;
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou
equiparado com resultado morte, vedado o livramento condicional.
OBS: É exatamente o teor da Súmula 471 do STJ. A Lei 11.464/07 alterou os prazos para a
progressão de regime de condenados por crimes hediondos. Entendeu o STJ que as disposições
acerca da progressão de regime da aludida lei têm caráter material (por regular a restrição da
liberdade do condenado), de sorte que os prazos nela contidos somente se aplicam aos
condenados posteriormente à sua vigência, em prestígio ao princípio da irretroatividade da lei
penal mais gravosa.
Súmula 470: O Ministério Público não tem legitimidade para pleitear, em ação civil pública, a
indenização decorrente do DPVAT em benefício do segurado. (*) CANCELADA!
OBS: Cancelada.
O Plenário do STF decidiu que o Ministério Público tem legitimidade para defender
contratantes do seguro obrigatório DPVAT (RE 631.111/GO, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 06 e
7/8/14. Repercussão Geral – Info 753). Por essa razão, o STJ cancelou a súmula 470 (REsp
858.056/GO – Info 563).
Súmula 468: A base de cálculo do PIS, até a edição da MP n. 1.212/1995, era o faturamento ocorrido
no sexto mês anterior ao do fato gerador.
OBS: Válida.
Súmula 466: O titular da conta vinculada ao FGTS tem o direito de sacar o saldo respectivo quando
declarado nulo seu contrato de trabalho por ausência de prévia aprovação em concurso público.
Súmula 464: A regra de imputação de pagamentos estabelecida no art. 354 do Código Civil não se
aplica às hipóteses de compensação tributária.
OBS:
Art. 354. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros
vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a
quitação por conta do capital.
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Art. 21. Prescreve em cinco anos a ação da administração objetivando apurar a prática de infrações
contra o meio ambiente, contada da data da prática do ato, ou, no caso de infração permanente ou
continuada, do dia em que esta tiver cessado.
Súmula 463: Incide imposto de renda sobre os valores percebidos a título de indenização por horas
extraordinárias trabalhadas, ainda que decorrentes de acordo coletivo.
Súmula 462: Nas ações em que representa o FGTS, a CEF, quando sucumbente, não está isenta de
reembolsar as custas antecipadas pela parte vencedora.
Súmula 461: O contribuinte PODE OPTAR por receber, por meio de precatório ou por
compensação, o indébito tributário certificado por sentença declaratória transitada em julgado.
(TRF2-2009) (TRF1-2013) (MPPE-2014) (PGEPI-2014) (TJMS-2020)
COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA
O que é compensação? É a extinção de duas ou mais obrigações, cujos credores são ao mesmo
tempo devedores um do outro. Assim, se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor
uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem (art. 368 do CC). Ex:
João deve 10 mil reais a Pedro por conta de uma obrigação (contrato de compra e venda); por
força de outra obrigação (contrato de prestação de serviços), Pedro deve 10 mil reais a João. No
exemplo referido, a compensação foi total (as dívidas eram iguais). Mas é possível (e bem mais
comum) que a compensação seja parcial (quando os valores são diferentes). Seria a hipótese caso
Pedro devesse apenas 6 mil reais a João. Logo, somente restaria um crédito de 4 mil reais.
É possível que ocorra a compensação no direito tributário? SIM. Ocorre quando o contribuinte
possui um crédito a receber do Fisco, podendo ser feito o encontro de contas do valor que o sujeito
passivo tem que pagar com a quantia que tem a receber da Administração. Trata-se de causa de
extinção da obrigação tributária (art. 156, II do CTN). Vale ressaltar, no entanto, que, para que
haja a compensação de créditos tributários, é indispensável que o ente tributante (União,
Estados/DF, Municípios) edite uma lei estabelecendo as condições e garantias em que isso
ocorre ou, então, delegando essa estipulação para uma autoridade administrativa. É o que está
previsto no CTN:
Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em
cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos
tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra
a Fazenda pública.
Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os
efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução
maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer
entre a data da compensação e a do vencimento.
MS PARA DECLARAR O DIREITO À COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA
Imagine a seguinte situação hipotética: A empresa “X” recolheu indevidamente R$ 100 mil a
título de COFINS (contribuição social de competência da União). Esta mesma empresa possui
agora débitos com relação ao Imposto de Renda. A empresa formulou requerimento
administrativo pedindo a compensação desse crédito com o débito, pedido que foi, contudo,
negado sob o argumento de que são tributos de espécies diferentes. A empresa impetrou
mandado de segurança contra esta decisão pedindo que seja reconhecido que é possível a
compensação mesmo em se tratando de tributos diferentes e que se declare que ela tem direito à
compensação.
O mandado de segurança é instrumento processual adequado para veicular essa pretensão? SIM.
Nesse sentido é o enunciado 213 do STJ:
Súmula 213-STJ: O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do
direito à compensação tributária.
MS PARA CONVALIDAR COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA EFETUADA PELO CONTRIBUINTE
Imagine agora outra seguinte situação hipotética: A empresa “Y” possui um crédito de R$ 100 mil
de ICMS. Esta empresa teria que pagar R$ 150 mil de ICMS no dia 10/03. Chegando na data do
vencimento, ela recolheu apenas R$ 50 mil sob a alegação de que, como tinha um crédito de 100,
precisaria pagar apenas 50. Em outras palavras, a empresa realizou, por conta própria, a
compensação. O Fisco autuou a empresa, exigindo o pagamento da diferença não paga (R$ 50
mil), acrescida dos encargos legais. Diante disso, a contribuinte impetrou mandado de segurança
pedindo que o Secretário de Fazenda se abstenha de exigir o recolhimento do imposto, em virtude
da compensação realizada.
O mandado de segurança é instrumento processual adequado para veicular essa pretensão? NÃO.
Súmula 460-STJ: É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação
tributária realizada pelo contribuinte.
Existem dois fundamentos jurídicos para respaldar o entendimento desta súmula:
a) para convalidar a compensação, seria necessária dilação probatória, o que é inviável
em mandado de segurança;
b) a tarefa de realizar a compensação tributária é da Administração Tributária, não
podendo o contribuinte assumir o papel do Fisco. Isso porque compete à Administração
fiscalizar a existência ou não de créditos a serem compensados, a exatidão dos números e
documentos, do quantum a compensar e da conformidade do procedimento adotado com
os termos da legislação pertinente.
Nesse sentido:
(...) 1. É cabível a impetração do mandado de segurança visando a declaração ao direito à
compensação tributária (Súmula 213/STJ). Todavia, essa ação não tem o condão de
convalidar o procedimento compensatório efetuado pelo contribuinte, tendo em vista a
necessidade de dilação probatória e por ser essa tarefa reservada à Autoridade
Administrativa competente. 2. Na espécie, há pedido expresso na ação mandamental no
sentido de que se reconheça válida a compensação efetuada pela contribuinte, por sua
conta e risco, providência que não se coaduna com a via eleita, que não comporta a dilação
probatória necessária para o reconhecimento do pleito. (...) STJ. 2ª T. AgRg no REsp
728.686/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 28/10/2008.
Conforme já explicou o Min. Luiz Fux:
(...) verifica-se dos autos que a compensação já foi efetuada pela contribuinte sponte propria,
ressoando inconcebível que o Judiciário venha a obstaculizar o Fisco de fiscalizar a
existência ou não de créditos a serem compensados, o procedimento e os valores a
compensar, e a conformidade do procedimento adotado com os termos da legislação
pertinente, sendo inadmissível provimento jurisdicional substitutivo da homologação da
autoridade administrativa, que atribua eficácia extintiva, desde logo, à compensação
efetuada. (...) (STJ. 1ª S. REsp 1124537/SP, Rel. Min. Luiz Fux, j. 25/11/2009).
Em suma:
Súmula 212-STJ Súmula 213-STJ Súmula 460-STJ
A compensação de créditos O mandado de segurança É incabível o mandado de
tributários não pode ser constitui ação adequada para a segurança para convalidar a
deferida em ação cautelar ou declaração do direito à compensação tributária realizada
por medida liminar cautelar compensação tributária. pelo contribuinte.
ou antecipatória.
Dica:
Convalidar Compensação – NÃO (Súmula 460, STJ)
Súmula 459: A Taxa Referencial (TR) é o índice aplicável, a título de correção monetária, aos débitos
com o FGTS recolhidos pelo empregador, mas não repassados ao fundo.
Súmula 458: A contribuição previdenciária incide sobre a comissão paga ao corretor de seguros.
Súmula 457: Os descontos incondicionais nas operações mercantis NÃO SE INCLUEM na base de
cálculo do ICMS. (TJMA-2013)
Súmula 456: É incabível a correção monetária dos salários de contribuição considerados no cálculo
do salário de benefício de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, pensão ou auxílio-reclusão
concedidos antes da vigência da CF/1988.
Súmula 455: A decisão que DETERMINA a PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS com base
no art. 366 do CPP DEVE SER concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o
mero decurso do tempo. (TJSC-2010) (TJPB-2011) (MPPR-2011) (DPESP-2012) (TRF4-2012) (MPF-
2012) (TJAM-2013) (TJPA-2014) (TJCE-2014) (MPMG-2014) (MPMS-2011/2015) (TRF1-2013/2015)
(MPBA-2015) (TJSP-2017) (MPRR-2017) (DPEAM-2018) (DPERS-2018) (MPPI-2019)
OBS: Se o acusado é citado por edital, mesmo assim o processo continua normalmente? O art. 366
do CPP estabelece que:
- se o acusado for citado por edital e
- não comparecer ao processo nem constituir advogado
- o processo e o curso da prescrição ficarão suspensos.
Produção antecipada de provas urgentes e prisão preventiva: O art. 366 do CPP afirma que se o
acusado, citado por edital, não comparecer nem constituir advogado, o juiz poderá determinar:
a) a produção antecipada de provas consideradas urgentes e
b) decretar prisão preventiva do acusado se estiverem presentes os requisitos do art. 312 do
CPP (o simples fato do acusado não ter sido encontrado não é motivo suficiente para
decretar sua prisão preventiva).
Produção antecipada das provas consideradas urgentes: No caso do art. 366 do CPP, o juiz poderá
determinar a produção antecipada de provas consideradas urgentes. Para que o magistrado
realize a colheita antecipada das provas, exige-se que seja demonstrada a real necessidade da
medida. Assim, toda produção antecipada de provas realizada nos termos do art. 366 do CPP
está adstrita à sua necessidade concreta, devidamente fundamentada. Nesse sentido é o teor da
Súmula 455-STJ.
A oitiva de testemunhas pode ser considerada prova urgente para os fins do art. 366 do CPP? Sim,
desde que as circunstâncias do caso concreto revelem a possibilidade concreta de perecimento. Ex:
a testemunha possui idade avançada e se encontra enferma, com possibilidade concreta de morte.
Existe um argumento no sentido de que se as testemunhas forem policiais, deverá ser autorizada
a sua oitiva como prova antecipada, considerando que os policiais lidam diariamente com
inúmeras ocorrências e, se houvesse o decurso do tempo, eles poderiam esquecer dos fatos. Esse
argumento é aceito pela jurisprudência? A oitiva das testemunhas que são policiais é considerada
como prova urgente para os fins do art. 366 do CPP? SIM. É a posição do STJ:
O STF não tem uma posição consolidada sobre o tema, havendo decisões em ambos os sentidos.
Exemplos:
não admitindo: STF. 2ª T. HC 130038/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 3/11/15;
Por quanto tempo o prazo prescricional poderá ficar suspenso? Pelo tempo de prescrição da pena
máxima em abstrato cominada ao crime. É o entendimento do STJ e do STF:
Súmula 415-STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo
da pena cominada.
Para entender melhor isso, imagine a seguinte situação hipotética: João foi acusado de estelionato
(art. 171 do CP). O juiz recebeu a denúncia e determinou sua citação. Como João não foi
encontrado, realizou-se sua citação por edital. Citado por edital, João não compareceu ao processo
nem constituiu advogado. Logo, o juiz determinou a suspensão do processo e do curso do prazo
prescricional (art. 366 do CPP).
Por quanto tempo o prazo prescricional poderá ficar suspenso? A pena do estelionato é de 1 a 5
anos. O prazo prescricional do estelionato, considerando o máximo da pena cominada (imposta), é
de 12 anos (art. 109, III, do CP). Assim, o prazo prescricional neste processo de João ficará
suspenso aguardando ele ser encontrado pelo prazo de 12 anos. Se, passados os 12 anos, ele não
for localizado, o prazo prescricional volta a correr (o que é bom para João). Depois de 12 anos
contados do dia em que o prazo prescricional voltou a tramitar, o juiz deverá declarar a prescrição
da pretensão punitiva. Em suma, neste exemplo, para que ocorra a prescrição, deverão ser
passados 24 anos: 12 anos em que o prazo prescricional ficará suspenso e mais 12 anos que
correspondem ao prazo para que a prescrição ocorra.
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(MPGO-2019): Jeremy Bentham dizia que “as testemunhas são os olhos e os ouvidos da Justiça”, afirma
que revela a importância da prova testemunhal, notadamente porque é ela, no mais das vezes, que
respalda uma sentença condenatória. Sobre a temática da prova testemunhal, assinale a alternativa correta:
Não obstante o teor da Súmula n.455/STJ (“a decisão que determina a produção antecipada de provas com base
no art. 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não justificando unicamente o mero decurso de tempo”),
tem o STJ reconhecido que não há como negar o concreto risco de perecimento da prova testemunhal,
tendo em vista a alta probabilidade de esquecimento dos fatos distanciados do tempo de sua prática,
sendo que detalhes relevantes ao deslinde dos fatos narrados na denúncia poderão ser perdidos com o
decurso do tempo. Assim, a referida Corte tem decidido que é válida a decisão que determina a produção
antecipada de provas fundamentada na possibilidade de perecimento da prova testemunhal, tanto pelo
decurso de tempo, quanto pela perda da qualidade da prova prestada pelos policiais, dada a vivência de
situações tão semelhantes no dia a dia. BL: Info 595, STJ.
Se o réu era menor que 21 anos ao tempo do crime, deverá ser aplicado o art. 115 do CP e este
prazo de suspensão ficará reduzido pela metade? SIM. Foi o que decidiu o STJ:
Constatado que o paciente tinha menos de 21 (vinte e um) anos de idade na data do fato
delituoso, aplica-se o redutor do prazo prescricional previsto no artigo 115 do Código
Penal, inclusive para a fixação do período máximo de suspensão do processo. STJ. 5ª
Turma. HC 157.212/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 09/11/2010.
(TJAL-2019-FCC): Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, o
Juiz pode determinar a produção das provas concretamente consideradas urgentes. BL: S. 455,
STJ e art. 366, CPP.
(MPCE-2011-FCC): O art. 366 do CPP, com a redação dada pela Lei 9.271, de 17 de abril de 1996,
dispõe sobre a suspensão do processo penal. Sobre esse instituto e sua aplicação é correto afirmar
que a decisão que determina a produção antecipada de provas com base no art. 366 do CPP deve
ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do tempo. BL: S.
455, STJ.
Súmula 454: Pactuada a correção monetária nos contratos do SFH pelo mesmo índice aplicável à
caderneta de poupança, incide a taxa referencial (TR) a partir da vigência da Lei n. 8.177/1991.
(TJSC-2010)
Súmula 453: Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em julgado, não
podem ser cobrados em execução ou em ação própria. (SUPERADA, em parte) (MPRO-2010)
(DPESE-2012) (MPF-2012) (PFN-2012) (TRT18-2012) (TRT1-2014) (TJPE-2015) (TRF3-2016)
OBS: Vide art. 85, §18 do NCPC: “Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quando ao direito aos
honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e cobrança”.
OBS: Dessa forma, mesmo não tendo havido condenação em honorários advocatícios e ainda que
a sentença tenha transitado em julgado, é possível a propositura de ação autônoma para sua
definição e cobrança.
Súmula 452: A extinção das ações de pequeno valor é faculdade da Administração Federal, vedada a
atuação judicial de ofício.
Súmula 450: Nos contratos vinculados ao SFH, a atualização do saldo devedor antecede sua
amortização pelo pagamento da prestação. (TJRN-2013) (TRF1-2013) (TRF3-2016)
Súmula 449: A VAGA DE GARAGEM que POSSUI matrícula própria no registro de imóveis NÃO
CONSTITUI bem de família PARA EFEITO DE PENHORA. (MPF-2012) (TJSP-2013) (MPT-2013)
(Cartórios/TJPE-2013) (TJRJ-2014) (MPPR-2014) (TJPE-2015) (TRT2-2016) (TJAC-2012/2019)
(MPGO-2019) (MPCE-2020)
OBS: Importante. Em outras palavras, se a vaga de garagem possui matrícula própria, poderá, em
tese, ser penhorada, mesmo o imóvel sendo bem de família.
Súmula 448: A opção pelo Simples de estabelecimentos dedicados às atividades de creche, pré-escola
e ensino fundamental é admitida somente a partir de 24/10/2000, data de vigência da Lei n.
10.034/2000.
Súmula 447: Os Estados e o Distrito Federal SÃO partes legítimas NA AÇÃO DE RESTITUIÇÃO
de imposto de renda retido na fonte proposta por seus servidores. (TJES-2011) (TJMT-2014) (TJPE-
2015)
Súmula 446: Declarado e não pago o débito tributário pelo contribuinte, é legítima a recusa de
expedição de certidão negativa ou positiva com efeito de negativa.
Súmula 444: É VEDADA a utilização de inquéritos policiais e ações penais EM CURSO para
agravar a pena-base. (TJMS-2008) (TJPB-2011) (TJPE-2011) (TJSP-2011) (MPCE-2011) (DPERS-2011)
(MPAL-2012) (DPESE-2012) (TJPR-2013) (MPMS-2013) (TJAM-2016) (TJRS-2016) (TJDFT-2016)
(MPGO-2016) (PCPA-2016) (TJCE-2018) (MPPR-2013/2016/2019) (TJAL-2019) (TJPA-2019) (MPMT-
2019)
OBS: Importante.
OBS: Inquéritos policiais ou ações penais sem trânsito em julgado não podem ser considerados
como maus antecedentes para fins de dosimetria da pena. Isso por causa do princípio da
presunção de não culpabilidade. Esse é o entendimento pacífico da jurisprudência. Além da
Súmula 444 do STJ, é também o entendimento do STF, vejamos: “A existência de inquéritos
policiais ou de ações penais sem trânsito em julgado não podem ser considerados como maus
antecedentes para fins de dosimetria da pena”. STF. Plenário. HC 94620/MS e HC 94680/SP, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, j. 24/6/15 (Info 791).”17
17
##Atenção: Julgado cobrado na prova do MPMT-2019 (FCC).
Súmula 443: O aumento na terceira fase de aplicação da pena no CRIME DE ROUBO
CIRCUNSTANCIADO EXIGE fundamentação concreta, NÃO SENDO suficiente para a sua
exasperação a mera indicação do número de majorantes. (TJPE-2011) (TJES-2011) (TRF5-2011)
(TJGO-2012) (TJBA-2012) (TJPR-2013) (MPMS-2013) (DPECE-2014) (TJDFT-2016) (MPSC-2016)
(TJCE-2018) (TJAL-2019) (MPPR-2019) (MPMT-2019)
##Atenção: ##STF: Se houver pluralidade de causas de aumento no crime de roubo (art. 157, § 2º
do CP), o juiz não poderá incrementar a pena aplicada com base unicamente no número de
majorantes nem se valer de tabelas com frações matemáticas de aumento. Para se proceder ao
aumento, é necessário que o magistrado apresente fundamentação com base nas circunstâncias do
caso concreto. STF. 2ª T. RHC 116676/MG, rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 20.8.13.
OBS: Importante. Devido ao fato de para o furto o concurso de agentes ser uma qualificadora,
que dobra a pena (passa de 1 a 4 para 2 a 8 anos), e no roubo apenas uma causa de aumento de
pena, surgiu entendimento doutrinário defendendo a aplicação da causa de aumento do roubo
pelo concurso de agentes ao furto praticado nas mesmas circunstâncias, por ser mais benéfico ao
agente. A questão foi pacificada com a edição da súmula pelo STJ, que vedou a aplicação.
Súmula 441: A FALTA GRAVE NÃO INTERROMPE o prazo para obtenção de livramento
condicional. (MPDFT-2011) (TJBA-2012) (MPAL-2012) (MPRJ-2012) (TJPE-2011/2013) (TJRN-2013)
(TJSP-2011/2014) (TJCE-2012/2014) (MPRS-2012/2014) (MPAC-2014) (TJGO-2012/2015) (MPMS-
2013/2015) (TRF1-2013/2015) (TJSE-2015) (MPF-2015) (TJDFT-2016) (TRF5-2017) (DPEPE-2018)
(DPERS-2018) (MPPR-2011/2012/2019) (MPSP-2013/2017/2019) (TJPR-2013/2019) (DPEDF-
2013/2019) (TJAL-2015/2019) (TJPA-2019) (TJSC-2019) (MPGO-2019) (DPEMG-2019)
OBS: Importante.
Qual é o fundamento desta súmula? Por que a falta grave não interrompe o prazo para obtenção
do livramento condicional? Porque em nenhum momento a lei previu isso. Assim, a falta grave
não interfere no livramento condicional por ausência de previsão legal, ou seja, porque a LEP
não determinou essa consequência (STJ. 5° Turma. HC 263.361/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, j.
07/05/13).
Pacote anticrime: A Lei 13.964/19 alterou o inciso III do art. 83 do Código Penal, que trata sobre
os requisitos para a concessão do livramento condicional. Veja:
CÓDIGO PENAL
Antes da Lei 13.964/2019 ATUALMENTE
Art. 83. O juiz poderá conceder livramento Art. 83. O juiz poderá conceder livramento
condicional ao condenado a pena privativa de condicional ao condenado a pena privativa de
liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde
desde que: (...) que: (...)
III - comprovado comportamento satisfatório III - comprovado:
durante a execução da pena, bom desempenho a) bom comportamento durante a execução da
no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão pena;
para prover à própria subsistência mediante b) não cometimento de falta grave nos últimos 12
trabalho honesto; (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi
atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência
mediante trabalho honesto;
Com essa alteração operada pela Lei 13.964/19, a falta grave passou a interromper o prazo para
obtenção do livramento condicional? A Lei 13.964/19 fez com que o entendimento da súmula 441
do STJ fique superado? NÃO. A súmula 441 do STJ continua válida. Praticada a falta grave, o
apenado terá que aguardar 12 meses para poder gozar do livramento condicional. O prazo do
art. 83, I, do CP, contudo, não é interrompido (não é “zerado”). Essa é a lição de Rogério Sanches:
“A falta grave interrompe o prazo para o livramento? Não. Embora o cometimento de falta grave interrompa
o prazo para a progressão de regime (Súmula 534 STJ), não o faz para fins de concessão de livramento
condicional, pois não há previsão legal a esse respeito. Nesse sentido é a súmula nº 441 do STJ, cujo
conteúdo não é incompatível com a regra imposta pela Lei 13.964/19. Embora o condenado não possa
obter o livramento se houver cometido falta grave nos doze meses anteriores à sua pretensão, o
prazo do benefício não volta a correr do começo quando cometida a infração. Praticada a falta
grave, nos 12 meses seguintes o reeducando não pode ser beneficiado com a liberdade antecipada, mesmo que
cumpra seu requisito temporal. O prazo de 12 meses, aliás, coincide com o prazo da reabilitação da falta
grave, hoje previsto na maioria dos regimentos internos das unidades prisionais dos vários estados
brasileiros.” (Pacote anticrime. Lei 13.964/2019. Salvador: Juspodivm, 2020, p. 32).
Consequências decorrentes da prática de falta grave:
EXECUÇÃO PENAL
Consequências decorrentes da prática de FALTA GRAVE:
Atrapalha Não interfere
• PROGRESSÃO: interrompe o prazo para a • INDULTO E COMUTAÇÃO DE PENA: a
progressão de regime. prática de falta grave não interrompe o prazo para
• REGRESSÃO: acarreta a regressão de fim de comutação de pena ou indulto (Súmula
regime. 535-STJ). A concessão de comutação de pena ou
• SAÍDAS: revogação das saídas temporárias. indulto deverá observar o cumprimento dos
• TRABALHO EXTERNO: revogação do trabalho requisitos previstos no decreto presidencial.
externo. • SAÍDA TEMPORÁRIA E TRABALHO
• REMIÇÃO: revoga até 1/3 do tempo remido. EXTERNO (requisito objetivo): a prática de falta
• RDD: pode sujeitar o condenado ao RDD. grave durante o cumprimento da pena não
• DIREITOS: suspensão ou restrição de acarreta a alteração da data-base para fins de saída
direitos. temporária e trabalho externo.
• ISOLAMENTO: na própria cela ou em local
adequado.
LIVRAMENTO CONDICIONAL: para ter direito ao benefício o réu não pode ter cometido falta
grave nos últimos 12 meses. Por outro lado, a falta grave não interrompe o prazo para obtenção do
livramento condicional (Súmula 441-STJ).
OBS: Por outro lado, a falta grave tem diversas consequências, quais sejam (i) interrompe o prazo
para a progressão de regime, (ii) acarreta regressão de regime, (iii) causa revogação das saídas
temporárias, (iv) pode causar a revogação de até 1/3 dos dias remidos, (v) pode sujeitar o preso ao
Regime Disciplinar Diferenciado, (vi) causa suspensão ou restrição de direitos, (vii) pode ensejar
isolamento em cela própria e (viii) pode causar a conversão da pena restritiva de direitos em pena
restritiva de liberdade. Por outro lado, a falta grave não influi no livramento condicional,
tampouco no indulto e na comutação de pena (salvo, nos dois últimos casos, se houver condição
específica de não haver o agente praticado falta grave).
OBS: Importante.
Se a pena privativa de liberdade foi fixada no mínimo legal, é possível a fixação de regime inicial
mais severo do que o previsto pela quantidade de pena? Ex.: Paulo, réu primário, foi condenado a
uma pena de seis anos de reclusão. As circunstâncias judiciais foram favoráveis. Pode o juiz fixar
o regime inicial fechado? NÃO. A posição que prevalece no STJ é a de que, fixada a pena-base no
mínimo legal e sendo o acusado primário e sem antecedentes criminais não se justifica a fixação
do regime prisional mais gravoso. STJ. 5º T. AgRg no HC 303.275/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, j.
03/02/15.
(MPGO-2016): O Juiz ao condenar o agente delituoso pela prática de um crime de roubo simples
(art. 157, “caput”, do CP), fixou a pena no mínimo legal de 04 anos de reclusão, após análise das
circunstâncias judiciais que foram todas favoráveis ao acusado, se tratando de réu primário,
possuindo endereço certo e trabalho lícito. Ao fixar o regime prisional, o Magistrado determinou o
cumprimento da pena em regime inicial fechado, fundamentando sua decisão na gravidade do
crime de roubo, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, o que demonstra a
periculosidade do agente. A defesa recorreu da sentença, somente se opondo quanto ao regime
prisional estabelecido na sentença penal condenatória, requerendo a fixação do regime aberto. Os
autos foram enviados com vista ao Ministério Público para ofertar suas Contrarrazões. O órgão de
primeiro grau deverá se manifestar, posicionando-se, no sentido de que: Veda-se o
estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta,
com base apenas na gravidade abstrata do delito, nos termos do entendimento sumulado tanto
pelo STJ quanto pelo STF. BL: Súm. 440, STJ e Súmulas 718 e 719, STF.18
##Atenção: Para a fixação do regime inicial de cumprimento de pena devem ser considerados os
seguintes aspectos: a) quantidade de pena; b) circunstâncias judiciais e c) reincidência. Deve ser
verificada, também, a espécie de pena prevista no tipo penal, eis que na reclusão se admite o início
do cumprimento de pena em qualquer dos 3 regimes (fechado, semiaberto e aberto). Já na
detenção somente em dois: semiaberto e aberto. Sendo assim, a gravidade do delito é elemento
estranho e não deve ser apreciada na fixação do regime inicial de cumprimento de pena. A
gravidade é elemento já considerado pelo legislador, na 1ª etapa de individualização da pena. Não
pode ser rediscutido pelo julgador. Desse modo, considerar a gravidade do crime para a fixação
do regime inicial de cumprimento de pena é ilegal, tal qual ocorre nos crimes de roubo, em alguns
Estados. Não cabe ao julgador examinar esta questão, e sim aplicar a lei, nos limites por ela
estabelecidos. Caso seja indevidamente analisada a gravidade do crime para a fixação de regime
inicial de cumprimento de pena mais gravoso, devem ser intentadas as medidas cabíveis, quais
sejam, interposição do recurso de apelação e impetração de ordem de habeas corpus.
18
Súmula 718-STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação
idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.
Súmula 719-STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir
exige motivação idônea.
Súmula 439: ADMITE-SE o EXAME CRIMINOLÓGICO pelas peculiaridades do caso, DESDE
QUE em decisão motivada. (TJPE-2011) (TJGO-2012) (MPAL-2012) (MPPR-2012) (TJPR-2013)
(MPMS-2013) (DPETO-2013) (TRF1-2013) (TJSP-2014) (TJMT-2014) (TJCE-2014) (MPAC-2014)
(TJAL-2015) (DPU-2015) (MPMG-2012/2017) (MPPB-2018) (DPEAM-2018) (DPEMA-2018) (TJBA-
2019) (MPSP-2019)
OBS: Importante. O art. 112 da LEP, em sua redação original, exigia, como condição para a
progressão de regime e concessão de livramento condicional, que o condenado se submetesse a
exame criminológico. A Lei 10.792/03 alterou esse art. 112 e deixou de exigir a submissão do
reeducando ao referido exame criminológico. No entanto, o exame criminológico poderá ser
ainda realizado se o juiz, de forma fundamentada e excepcional, entender que a perícia é
absolutamente necessária para a formação de seu convencimento. Em suma, a Lei 10.792/03 não
dispensou, mas apenas tornou facultativa a realização do exame criminológico, que ainda
poderá ser feito para a aferição da personalidade e do grau de periculosidade do sentenciado.
OBS: Importante.
O que é a chamada prescrição virtual? Ocorre quando o juiz, verificando que já se passaram
muitos anos desde o dia em que o prazo prescricional começou ou voltou a correr, entende que
mesmo que o inquérito ou processo continue, ele não terá utilidade, porque muito
provavelmente haverá a prescrição pela pena em concreto. Para tanto, o juiz analisa a possível
pena que aplicaria ao réu se ele fosse condenado e, a partir daí, examina se, entre os marcos
interruptivos presentes no processo, já se passou mais tempo do que o permitido pela lei.
Exemplo: João foi denunciado por furto simples, tendo a denúncia sido recebida em 2010 (marco
interruptivo da prescrição). A pena para o furto simples vai de 1 a 4 anos (art. 155 do CP). O juiz
novo chega na vara em 2015 e verifica que até agora o processo de João praticamente não evoluiu.
Nem se marcou ainda a audiência de instrução. Diante disso, ele pensa: se João for condenado a 1
ano, a prescrição pela pena em concreto será em 4 anos (art. 109, V do CP). Já se passaram mais de
5 anos desde o último dia da interrupção da prescrição. Isso significa que a instrução e a sentença
condenatória “não servirão para nada” já que, mesmo condenado, o crime estará prescrito. Se João
for condenado a 2 anos, se repetirá a mesma situação acima, porque a prescrição pela pena em
concreto também será em 4 anos (art. 109, V do CP) e já se passaram mais de 5 anos desde o
recebimento da denúncia. Logo, para que o crime não esteja prescrito, é necessário que a pena
imposta a João seja superior a 2 anos, porque aí a prescrição subiria para 8 anos (art. 109, IV, do
CP). Ocorre que, na visão do juiz, não existem circunstâncias judiciais nem agravantes nem causas
de aumento. Logo, não há motivos para que a pena de João (se ele for condenado) ultrapasse o
mínimo legal (1 ano). Mesmo que seja maior que o mínimo, não existem razões para que ela
supere 2 anos. Depois de fazer todo esse prognóstico, o juiz conclui que é inútil marcar instrução,
expedir mandados de intimação, gastar recursos com oficial de justiça, ouvir testemunhas e o réu,
sabendo (ou tendo praticamente certeza) que, mesmo se condenado, o réu não irá cumprir pena.
Diante disso, ele profere uma sentença julgando extinta a punibilidade com base na “prescrição
virtual”, afirmando que não existe interesse de agir do Estado, já que o processo penal não terá
utilidade.
OBS: Sinônimos: A prescrição virtual é também chamada de prescrição "em perspectiva'; "por
prognose'; "projetada" ou “antecipada”:
OBS: A prescrição virtual possui previsão na lei? NÃO. Apesar de ser comum na prática, a
prescrição virtual não tem previsão na lei, sendo considerada uma "criação" dos juízes e Tribunais.
OBS: A prescrição virtual é admitida pelo STF e pelo STJ? NÃO. O STF e o STJ afirmam que é
inadmissível a prescrição virtual por dois motivos principais:
a) em virtude da ausência de previsão legal;
b) porque representaria uma afronta ao princípio da presunção de não-culpabilidade.
Súmula 437: A suspensão da exigibilidade do crédito tributário superior a quinhentos mil reais para
opção pelo Refis pressupõe a homologação expressa do comitê gestor e a constituição de garantia por
meio do arrolamento de bens.
OBS: Relativamente ao valor declarado, a própria declaração de débito efetivada pelo contribuinte
constitui o crédito tributário, prescindindo de ato de lançamento. Assim, podendo desde logo ser
objeto de execução fiscal, tem-se que, nesta hipótese, não há que se falar em decadência,
porquanto já constituído o crédito, mas tão-somente em prescrição para o ajuizamento da ação
executiva (STJ, AgRg no Ag 1070751/RS).
##Atenção: Como ja houve a declaração dos débitos, eles foram corretamente constituídos,
consoante dispõe o teor da Súmula 436-STJ.
OBS: Importante.
Atenção: O STJ entende que essa Súmula aplica-se tanto para dívidas tributárias como não-
tributárias. Assim, quando a sociedade empresária for dissolvida irregularmente, é possível o
redirecionamento de execução fiscal de dívida ativa não-tributária contra o sócio-gerente da
pessoa jurídica executada, independentemente da existência de dolo (REsp 1.371.128-RS, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, j. 10/9/14).
Domicílio tributário (ou fiscal) é o lugar, cadastrado na repartição tributária, onde o sujeito
passivo poderá ser encontrado pelo Fisco. Dessa feita, se a Administração Tributária tiver que
enviar uma notificação fiscal para aquele contribuinte, deverá encaminhar para o endereço
constante como seu domicílio fiscal.
As regras para a definição do domicílio tributário estão previstas no art. 127 do CTN.
Se a empresa deixa de funcionar no seu domicílio fiscal, presume-se que ela deixou de existir (foi
dissolvida). E o pior: foi dissolvida de forma irregular, o que caracteriza infração à lei e permite o
redirecionamento da execução.
Assim, por exemplo, em uma execução fiscal, caso não se consiga fazer a citação da empresa
porque ela não mais está funcionando no endereço indicado como seu domicílio fiscal, será
possível concluir que ela foi dissolvida irregularmente, ensejando o redirecionamento da
execução, conforme entendimento da Súmula 435.
Segundo explica o Min Mauro Campbell Marques ao comentar a origem da súmula, “o sócio-
gerente tem o dever de manter atualizados os registros empresariais e comerciais, em especial quanto à
localização da empresa e a sua dissolução. Ocorre aí uma presunção da ocorrência de ilícito. Este ilícito é
justamente a não obediência ao rito próprio para a dissolução empresarial” (...) (REsp 1.371.128-RS).
(TJRS-2012): Mesmo não constando o nome do sócio na certidão de dívida ativa (CDA), pode a
execução fiscal ser contra ele direcionada, no caso de dissolução irregular da sociedade. BL: S. 435,
STJ.
Súmula 434: O pagamento da multa por infração de trânsito não inibe a discussão judicial do
débito.
Súmula 433: O produto semi-elaborado, para fins de incidência de ICMS, é aquele que preenche
cumulativamente os três requisitos do art. 1º da Lei Complementar n. 65/1991.
Súmula 432: As empresas de construção civil NÃO ESTÃO OBRIGADAS a pagar ICMS sobre
mercadorias adquiridas como insumos em operações interestaduais. (MPF-2013)
Súmula 431: É ilegal a cobrança de ICMS com base no valor da mercadoria submetido ao regime
de pauta fiscal. (TJDFT-2014) (TJPE-2015)
Súmula 430: O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade NÃO GERA, por si só, a
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA do sócio-gerente. (TRF5-2009) (TRF4-2009/2010) (DPU-2010)
(TJPA-2012) (TJPE-2013) (TJMA-2013) (Cartórios/TJPE-2013) (TJSP-2014) (PGERN-2014) (MPF-
2017) (TJMS-2020)
(TJPR-2017-CESPE): Uma sociedade limitada, tendo declarado regularmente seus tributos, deixou
de pagá-los, sem que houvesse qualquer fraude ou comportamento análogo. No momento da
inscrição em dívida ativa, apenas com base no inadimplemento, o sócio-gerente foi incluído como
responsável pelo crédito tributário. A respeito dessa situação hipotética e de aspectos diversos a
ela pertinentes, assinale a opção correta: O sócio-gerente não responde por simples
inadimplemento, devendo-lhe ser imputado, para que haja a sua responsabilização, excesso de
poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, sendo incabível a sua responsabilização no
caso em questão. BL: art. 135, III do CTN e S. 430 do STJ.
##Atenção: Para que fosse possível acionar o ex-sócio gerente ele teria que ter praticado algum ato
com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, vide art. 135, III do CTN.
Como ele não praticou, não pode ser acionado.
OBS: Importante. Quando a Fazenda Pública ajuíza uma execução fiscal contra a empresa e não
consegue localizar bens penhoráveis, o CTN prevê a possibilidade de o Fisco REDIRECIONAR a
execução incluindo no polo passivo, ou seja, como executadas, algumas pessoas físicas que
tenham relação com a empresa, desde que fique demonstrado que elas agiram com excesso de
poderes ou praticando ato que violaram a lei, o contrato social ou os estatutos, nos termos do art.
135 do CTN:
Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações
tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei,
contrato social ou estatutos:
I - as pessoas referidas no artigo anterior;
II - os mandatários, prepostos e empregados;
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.
Os sócios, como regra geral, não respondem pessoalmente (com seu patrimônio pessoal) pelas
dívidas da sociedade empresária. Isso porque vigora o princípio da autonomia jurídica da pessoa
jurídica em relação aos seus sócios. A pessoa jurídica possui personalidade e patrimônio
autônomos, que não se confundem com a personalidade e patrimônio de seus sócios. No entanto,
se o sócio praticou atos com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos
(art. 135, III), ele utilizou o instituto da personalidade jurídica de forma fraudulenta ou abusiva,
podendo, portanto, ser responsabilizado pessoalmente pelos débitos.
Vale ressaltar, no entanto, que o simples fato de a pessoa jurídica estar em débito com o Fisco
não autoriza que o sócio pague pela dívida com seu patrimônio pessoal. É necessário que ele
tenha praticado atos com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos (art.
135, III).
Súmula 429: A citação postal, quando autorizada por lei, EXIGE o aviso de recebimento. (TJPA-
2014) (TJPE-2015) (MPMS-2015)
OBS: Vide art. 248, § 4º do CPC/2015: "§ 4º Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle
de acesso, será válida a entrega do mandado a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de
correspondência, que, entretanto, poderá recusar o recebimento, se declarar, por escrito, sob as penas da lei,
que o destinatário da correspondência está ausente."
OBS: Vide Súmula 291 do STJ: “A ação de cobrança de diferenças de valores de complementação de
aposentadoria prescreve em cinco anos contados da data do pagamento.”
Súmula 426: Os juros de mora na indenização do seguro DPVAT fluem a partir da citação. (TJMA-
2013)
Súmula 425: A retenção da contribuição para a seguridade social pelo tomador do serviço não se
aplica às empresas optantes pelo Simples.
Súmula 424: É legítima a incidência de ISS sobre os serviços bancários congêneres da lista anexa ao
DL n. 406/1968 e à LC n. 56/1987.
Súmula 423: A Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) INCIDE sobre as
receitas provenientes das operações de locação de bens móveis. (TRF2-2009) (TJPA-2012)
Súmula 422: O art. 6º, e, da Lei n. 4.380/1964 não estabelece limitação aos juros remuneratórios nos
contratos vinculados ao SFH. (TRF1-2013) (TRF3-2016)
OBS:
Art. 6° O disposto no artigo anterior sòmente se aplicará aos contratos de venda, promessa
de venda, cessão ou promessa de cessão, ou empréstimo que satisfaçam às seguintes
condições: (...)
e) os juros convencionais não excedem de 10% ao ano;
Súmula 421: Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra
a pessoa jurídica de direito público à qual pertença. (PGESP-2009) (TRF4-2012) (TRT18-2012)
(DPEPE-2015) (DPEAC-2017)
(TJMG-2012-VUNESP): A Defensoria Pública pode ajuizar ação contra pessoa jurídica à qual se
encontra vinculada; nesta hipótese, contudo, não fará jus aos honorários advocatícios de
sucumbência. BL: S. 421, STJ (processo civil)
LC 80/90: A LC 80/94 prevê que são devidos honorários advocatícios em favor da Defensoria
Pública mesmo que a parte sucumbente seja um ente público:
Art. 4º (...)
XXI – executar e receber as verbas sucumbenciais decorrentes de sua atuação, inclusive
quando devidas por quaisquer entes públicos, destinando-as a fundos geridos pela
Defensoria Pública e destinados, exclusivamente, ao aparelhamento da Defensoria Pública
e à capacitação profissional de seus membros e servidores; (Incluído pela LC 132/2009).
Posição do STJ: Apesar disso, o STJ, em 03/03/2010, entendeu que não seriam devidos
honorários advocatícios e editou um enunciado espelhando essa posição:
Súmula 421-STJ: Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando
ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença.
Argumento do STJ para a súmula 421: suposta “confusão”: A justificativa para o STJ editar essa
súmula foi a de que se a Fazenda Pública fosse condenada a pagar honorários em favor da
Defensoria Pública ela estaria pagando um valor que seria para ela mesma. Isso porque o
orçamento da Defensoria Pública é oriundo do ente público. Assim, se a União fosse condenada a
pagar honorários para a DPU haveria aquilo que, no Direito Civil, chamamos de confusão (art.
381 do Código Civil), já que os recursos da DPU vêm do Governo Federal. A confusão ocorre
quando, na mesma obrigação, se reúne numa única pessoa a qualidade de credor e devedor. Ex:
falece o credor, deixando como único herdeiro o seu próprio devedor. O instituto está previsto no
Código Civil nos seguintes termos:
Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades
de credor e devedor.
Por outro lado, mesmo de acordo com o STJ, a Defensoria Pública teria direito aos honorários
caso a ação tivesse sido proposta contra o Município, por exemplo. Isso porque a Defensoria
Pública não integra a mesma pessoa jurídica do Município.
Ampliação da súmula para abranger também entidades da Administração Indireta: Logo após a
edição do enunciado, o STJ foi além e disse que o entendimento da Súmula 421 também se
aplica nas ações patrocinadas pela Defensoria Pública contra as entidades (Administração
Indireta) integrantes da mesma pessoa jurídica. O tema foi definido em recurso repetitivo:
(...) 1. "Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua
contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença"(Súmula 421/STJ). 2. Também
não são devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua contra
pessoa jurídica de direito público que integra a mesma Fazenda Pública. (...) STJ. Corte
Especial. REsp 1199715/RJ, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, j. 16/2/11.
ECs 45/04, 74/13 e 80/14: A concepção exposta na Súmula 421 do STJ parte da premissa de que a
Defensoria Pública seria um órgão subordinado do Estado ou da União, sem qualquer autonomia.
Assim, parte-se do pressuposto de que os recursos da Defensoria seriam verbas do Estado ou da
União que apenas decide repassá-las ou não à Instituição, tal qual fosse uma “Secretaria” ou
“Ministério”. Isso, contudo, não é verdade. A EC 45/04 incluiu o § 2º ao art. 134 conferindo
autonomia para as Defensorias Públicas Estaduais. Veja o dispositivo que foi acrescentado:
Art. 134 (...)
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e
administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos
na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º.
Essa autonomia já foi reconhecida pelo STF inúmeras vezes, como no exemplo abaixo:
(...) I – A EC 45/04 reforçou a autonomia funcional e administrativa às defensorias públicas
estaduais, ao assegurar-lhes a iniciativa para a propositura de seus orçamentos (art. 134, §
2º). II – Qualquer medida normativa que suprima essa autonomia da Defensoria Pública,
vinculando-a a outros Poderes, em especial ao Executivo, implicará violação à Constituição
Federal. (...) STF. Plenário. ADI 4056, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 07/03/2012.
Se você reparar bem, no entanto, verá que o § 2º somente fala em Defensorias Públicas Estaduais.
A Defensoria Pública da União e a Defensoria Pública do Distrito Federal não foram
contempladas, de modo que, mesmo após a EC 45/04, continuaram subordinadas ao Poder
Executivo. Essa injustificável distorção foi corrigida com a EC 74/13, que incluiu o § 3º ao art. 134
da CF/88 com a seguinte redação:
Art. 134 (...)
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal.
Assim, a Defensoria Pública possui orçamento próprio e autonomia para geri-lo. Dentro desse
contexto, revela-se incabível falar que existe confusão quando o Poder Público é condenado a
pagar honorários em favor da Instituição considerando que os recursos da Defensoria Pública
não se confundem com o do ente federativo.
A decisão do STF foi tomada em um caso envolvendo DPU e União. Vale ressaltar, no entanto,
que o mesmo raciocínio pode ser perfeitamente aplicado para os casos envolvendo ações
patrocinadas pela Defensoria Pública estadual contra o Estado-membro. Importante esclarecer
que o valor dos honorários não é repassado para os Defensores Públicos, sendo repassado para
um Fundo destinado, exclusivamente, ao aparelhamento da Defensoria Pública e à capacitação
profissional de seus membros e servidores.
Panorama atual da jurisprudência: Em caso de ação patrocinada pela Defensoria Pública contra
o respectivo ente (ex: ação patrocinada pela DPU contra a União), caso o Poder Público seja
sucumbente, ele deverá pagar honorários advocatícios em favor da Instituição?
Resta aguardar qual será o entendimento do STJ após este importante precedente do STF.
OBS: Importante. No mesmo sentido é a Súmula Vinculante 25 do STF, que deixa claro que não
se admite a prisão civil do depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.
O art. 5º, LXVII, da CF/88 permite, em tese, duas espécies de prisão civil:
a) devedor de alimentos;
b) depositário infiel.
Veja:
"LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;".
Ocorre que o Brasil, por meio do Decreto 678/92, promulgou a Convenção Americana de Direitos
Humanos - CADH (Pacto de San José da Costa Rica). Segundo este tratado internacional, somente
é permitida uma espécie de prisão civil: a do devedor da obrigação alimentar (artigo 7º, § 7º).
Logo, a Convenção ampliou a garantia do cidadão e diante disso passou a ser proibida a prisão do
depositário infiel.
Súmula 418: É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos
embargos de declaração, sem posterior ratificação. (CANCELADA)
OBS: Com a entrada em vigor do novo CPC ficou superada a súmula 418 do STJ. Isso porque o
CPC 2015 trouxe a seguinte regra:
Art. 1.024 (...) § 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a
conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da
publicação do julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado
independentemente de ratificação.
No dia 01/07/2016, o STJ reconheceu que o entendimento exposto no enunciado estava superado
e cancelou formalmente a Súmula 418, aprovando, em substituição, a Súmula 579.
Súmula 417: Na execução civil, a PENHORA DE DINHEIRO na ordem de nomeação de bens NÃO
TEM caráter absoluto. (TRT21-2010) (TJGO-2012) (DPERO-2012) (DPEPR-2012) (MPF-2012) (TRT3-
2013) (TCECE-2015)
OBS: Importante. O CPC/2015 trouxe a seguinte regra, que não havia no Código passado:
Art. 835 (...) § 1° É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais
hipóteses, alterar a ordem prevista no caput de acordo com as circunstâncias do caso
concreto.
Diante desta redação legal, alguns autores defendem que esta súmula deveria ser revista pelo STJ.
É o caso de Daniel Assumpção Neves, que sustenta que agora a preferência pela penhora em
dinheiro teria um caráter absoluto por imposição legal (NEVES, Daniel Assumpção Neves.
Manual de Direito Processual Civil. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 1164).
É preciso, no entanto, aguardar mais um pouco para saber qual será o entendimento do STJ
porque não é improvável que o Tribunal, mesmo com este novo dispositivo, continue entendendo
que não há caráter absoluto, mantendo-se a súmula. Fica, contudo, o alerta para discussão do tema
em uma eventual prova discursiva ou oral.
Súmula 416: É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido
essa qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data do seu
óbito. (DPU-2007) (TRF4-2009/2012) (TRF1-2013)
OBS: Importante. A súmula não é tão fácil de entender, mas com um exemplo fica melhor:
"João" foi acusado de estelionato (art. 171 do CP). O juiz recebeu a denúncia e determinou sua
citação. Como "João" não foi encontrado, realizou-se sua citação por edital. Citado por edital,
"João" não compareceu ao processo nem constituiu advogado. Logo, o juiz determinou a
suspensão do processo e do curso do prazo prescricional (art. 366 do CPP).
Assim, o prazo prescricional neste processo de "João" ficará suspenso aguardando ele ser
encontrado pelo prazo de 12 anos.
Se, passados os 12 anos, ele não for localizado, o prazo prescricional volta a correr (o que é bom
para “João”).
Depois de 12 anos contados do dia em que o prazo prescricional voltou a tramitar , o juiz deverá
declarar a prescrição da pretensão punitiva.
Em suma, neste exemplo, para que ocorra a prescrição, deverão ser passados 24 anos: 12 anos em
que o prazo prescricional ficará suspenso e mais 12 anos que correspondem ao prazo para que a
prescrição ocorra.
Obs.: A 1° Turma do STF possui um julgado afirmando que o prazo prescricional no caso do art.
366 do CPP ficaria suspenso de forma indefinida (indeterminada): RE 460.971, Rel. Min Sepúlveda
Pertence, Primeira Turma, j. 13/02/07. Na prática forense e em provas de concurso, contudo, tem
prevalecido a Súmula 415-STJ.
OBS: Importante. Para o STJ, existe uma ordem de prioridades na citação do executado na
execução fiscal. Inicialmente, deve-se tentar a citação pelo correio. Se não for possível, deve-se
buscar a citação por Oficial de Justiça. Caso esta também reste infrutífera, realiza-se a citação por
edital.
Vale ressaltar, no entanto, que não é necessário o exaurimento de todos os meios para que o
Oficial de Justiça tente localizar o paradeiro do executado para se admitir a citação por edital. O
meirinho procura o devedor em seu domicílio fiscal e, se não o encontrar, a citação por edital é
possível.
Súmula 413: O farmacêutico pode acumular a responsabilidade técnica por uma farmácia e uma
drogaria ou por duas drogarias.
OBS: O prazo prescricional para as ações de repetição de indébito relativo às tarifas de serviços de
água e esgoto cobradas indevidamente é de:
a) 20 (vinte) anos, na forma do art. 177 do Código Civil de 1916; ou
b) 10 (dez) anos, tal como previsto no art. 205 do Código Civil de 2002, observando-se a
regra de direito intertemporal, estabelecida no art. 2.028 do Código Civil de 2002.
STJ. 1ª S. REsp 1.532.514-SP, Rel. Min. Og Fernandes, j. 10/5/17 (recurso repetitivo) (Info 603).
(MPGO-2019): No âmbito do Direito do Consumidor (Lei 8.078/90), assinale a alternativa que está
de acordo com posicionamento dominante no âmbito do STJ: A ação de repetição de indébito de
tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil. BL: S. 412,
STJ.
Súmula 411: É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu
aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco.
OBS: Assim, apesar da Súmula 411 do STJ não falar expressamente em “demora” (mora) este
enunciado é aplicado por analogia também para os casos em que o Fisco aceita prontamente o
pedido de aproveitamento ou restituição, mas demora injustificadamente para efetivar na prática.
Nesse sentido: STJ. 2ª T. AgRg no AgRg no REsp 1466507/RS, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, j. 19/5/15).
OBS: Polêmica.
Para a doutrina majoritária, a Súmula 410 do STJ está superada com o CPC/15. Isso porque o § 2º
do art. 513 trata da intimação do devedor para cumprir a sentença e não exige que essa
intimação seja pessoal. Veja:
Art. 513 (...) § 2º O devedor será intimado para cumprir a sentença:
I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos;
II - por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria
Pública ou quando não tiver procurador constituído nos autos, ressalvada a hipótese
do inciso IV;
III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1º do art. 246, não tiver procurador
constituído nos autos
IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256, tiver sido revel na fase de
conhecimento.
Nesse sentido: NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. Salvador:
Juspodivm, p. 1202.
Ocorre que, para o STJ, a súmula continua válida. O STJ possui precedentes no sentido de que,
mesmo com a entrada do novo CPC, a prévia intimação pessoal do devedor constitui condição
necessária para a cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer: STJ.
4ª T. AgInt no REsp 1726817/MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, j. 4/9/18.
Súmula 409: Em EXECUÇÃO FISCAL, a prescrição ocorrida antes da propositura da ação PODE
SER DECRETADA de ofício (art. 219, § 5º, do CPC). (PGEMT-2011) (DPERO-2012) (TJDFT-2014)
(Proc./ALERJ-2017) (TJSP-2014/2018)
OBS: Importante.
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
II - decidir, de oficio ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;
Súmula 408: Nas ações de desapropriação, os juros compensatórios incidentes após a Medida
Provisória n. 1.577, de 11/06/1997, devem ser fixados em 6% ao ano até 13/09/2001 e, a partir de
então, em 12% ao ano, na forma da Súmula n. 618 do Supremo Tribunal Federal. (CANCELADA)
OBS: Segundo o
Segundo afirmou o STJ:
Cancelamento da Súmula 408/STJ, por despicienda a convivência do enunciado com tese
repetitiva dispondo sobre a mesma questão (Tese 126/STJ). Providência de simplificação
da prestação jurisdicional. STJ. 1ª S. PET 12344, Rel. Min. Og Fernandes, j. 28/10/20.
Vale ressaltar que, mesmo antes do cancelamento acima explicado, as súmulas 618-STF e 408-STJ
já haviam sido superadas com a decisão do STF na ADI 2332/DF. Entenda:
Qual é a taxa dos juros compensatórios? É importante, no entanto, fazermos um breve histórico
sobre o tema:
1941: na redação original do DL 3.365/41 não havia previsão do pagamento de juros
compensatórios nos casos de imissão provisória na posse do bem expropriado;
1963: o STF, por criação jurisprudencial, entende que devem ser pagos juros compensatórios
e edita a Súmula 164 com a seguinte redação: “No processo de desapropriação, são devidos
juros compensatórios desde a antecipada imissão de posse, ordenada pelo juiz, por motivo de
urgência.”. Como não havia um percentual previsto no DL 3.365/41, a jurisprudência
entendeu àquela época que o percentual dos juros compensatórios deveria ser fixado em 6%
ao ano, com base no Código Civil de 1916.
1984: o Brasil vivia um cenário de inflação crônica com a perda do poder aquisitivo da
moeda sem que existissem mecanismos de correção monetária. Tudo isso, aliado à excessiva
demora dos processos de desapropriação, bem como a disposição da Lei da Usura que limita a
taxa de juros ao dobro da legalmente prevista, levaram o STF a modificar a jurisprudência e
passar a entender que os juros deveriam ser fixados em 12% ao ano, correspondente ao dobro
dos juros legais do Código Civil de 1916. Foi, então, editada a Súmula 618, com a seguinte
redação: “Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros compensatórios é de 12%
(doze por cento) ao ano.”
1997 (11/06/97): o Governo editou a MP 1.577/97 reduzindo os juros compensatórios para 6%
ao ano. Nas sucessivas edições da Medida Provisória até chegar à MP 2.183-56, a redação foi
alterada para estabelecer a taxa em “até 6%”, além do ônus do proprietário de provar a perda
da renda sobre o imóvel como condição para o deferimento do pagamento dos juros
compensatórios e afastar o pagamento quando o grau de utilização e eficiência na exploração
da propriedade forem iguais a zero.
2001: o STF concedeu medida liminar nesta ADI 2332/DF declarando inconstitucional a
redução dos juros para 6% e determinando a volta da taxa fixa para 12% . A decisão do STF
foi publicada em 13/09/01. Vale ressaltar, no entanto, que essa decisão do STF foi ex nunc
(para frente). Assim, a MP 1.577/97 produziu efeitos no período de 11/06/97 a 13/09/01. Neste
período, a taxa de juros foi de 6%, voltando a 12% após a decisão liminar do STF na ADI
2332/DF. Na mesma decisão foi suspensa a eficácia dos §§1º e 2º do art. 15-A, que tratam das
condicionantes para incidência de juros compensatórios (comprovação de perda de renda e
grau de utilização).
Qual foi o novo “capítulo” desse enredo? O STF julgou o mérito da ADI 2332/DF e resolveu
alterar a decisão liminar que havia tomado em 2001. Agora, em 2018, o STF, ao julgar em
definitivo a ADI 2332/DF, decidiu que é constitucional o percentual fixo de 6% previsto no art.
15-A do DL 3.365/41. Veja a redação do dispositivo:
Art. 15-A No caso de imissão prévia na posse, na desapropriação por necessidade ou
utilidade pública e interesse social, inclusive para fins de reforma agrária, havendo
divergência entre o preço ofertado em juízo e o valor do bem, fixado na sentença, expressos
em termos reais, incidirão juros compensatórios de até seis por cento ao ano sobre o valor
da diferença eventualmente apurada, a contar da imissão na posse, vedado o cálculo de
juros compostos. (Incluído pela MP 2.183-56, de 2001)
OBS: Importante. Existe a possibilidade de que o bem do devedor que foi penhorado em uma
execução fiscal seja substituído por um precatório do qual o executado seja credor.
Ex: João é réu em uma execução fiscal proposta pela União. O automóvel do devedor foi
penhorado. Ocorre que João possui um precatório de 100 mil reais para receber da União. Assim, é
juridicamente possível que a penhora incidente sobre o carro seja substituída pela penhora desse
precatório, liberando o veículo.
Ocorre que, para isso acontecer, é necessário que a Fazenda Pública concorde. Isso porque existe
uma ordem legal de preferência para a penhora, instituída pelo art. 11 da Lei nº 6.830/1980 e que
deve ser respeitada.
Logo, a Fazenda Pública possui amparo legal para recusar a substituição da penhora.
Súmula 405: A ação de cobrança do seguro obrigatório (DPVAT) prescreve em três anos. (TJPR-
2014)
OBS: Importante. Como vimos acima, cabe ao órgão mantenedor do cadastro de proteção ao
crédito a notificação do devedor antes de proceder à inscrição.
Como é comprovada essa notificação prévia? Exige-se prova de que o consumidor tenha
efetivamente recebido a notificação? NÃO. Basta que seja provado que foi enviada uma
correspondência ao endereço do consumidor notificando-o quanto à inscrição de seu nome no
respectivo cadastro, sendo desnecessário aviso de recebimento (AR).
Súmula 403: INDEPENDE de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de
imagem de pessoa COM FINS ECONÔMICOS ou COMERCIAIS. (MPPI-2012) (MPRR-2012)
(MPF-2013) (TJSP-2015) (TRF4-2016) (DPU-2017) (MPMG-2019)
(MPF-2017): Em matéria de direitos da personalidade, é correto afirmar que os danos morais por
violação ao direito de imagem decorrem diretamente do seu uso indevido, sendo prescindível a
comprovação de outros prejuízos. BL: S. 403, STJ e do Enunciado 587, CJF.
##Atenção: Enunciado 587 do CJF: O dano à imagem restará configurado quando presente a
utilização indevida desse bem jurídico, independentemente da concomitante lesão a outro direito
da personalidade, sendo dispensável a prova do prejuízo do lesado ou do lucro do ofensor para a
caracterização do referido dano, por se tratar de modalidade de dano in re ipsa.
20
##Atenção: Tema cobrado na prova do MPMS-2018.
se aplica a Súmula 403 do STJ, não havendo direito à indenização. STJ. 3ª T. REsp
1.631.329-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, j.
24/10/17 (Info 614).
Súmula 402: O contrato de seguro por danos pessoais COMPREENDE os DANOS MORAIS, salvo
cláusula expressa de exclusão. (TJDFT-2012) (TJMS-2012) (MPRR-2012) (TJSC-2013)
(Cartórios/TJDFT-2014) (Anal./DPEAM-2018)
Súmula 401: O prazo decadencial da AÇÃO RESCISÓRIA SÓ SE INICIA quando NÃO FOR
CABÍVEL QUALQUER RECURSO do último pronunciamento judicial. (DPEAM-2011) (MPPR-
2011) (PGERS-2011) (TJDFT-2012) (DPERO-2012) (PFN-2012) (MPF-2012) (DPEPR-2014) (MPSC-
2014) (MPRS-2014) (PGEPI-2014) (Anal. Judic./TJSE-2014) (TCEPB-2014) (TJSP-2014/2015) (TJPE-
2015) (DPESP-2015) (PGEPA-2015) (PGM-Salvador/BA-2015) (Cartórios/TJMG-2015)
OBS: Novo CPC traz regra que reafirma esta súmula: "Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2
(dois) anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo."
Súmula 400: O encargo de 20% previsto no DL n. 1.025/1969 é exigível na execução fiscal proposta
contra a massa falida.
##Atenção: “(...) Como decorrência do artigo 146, III, a, da Constituição Federal, cabe exclusivamente à lei
complementar de caráter nacional a definição dos contribuintes dos impostos discriminados no texto
constitucional. Todavia, no caso do IPTU, o contribuinte foi definido de forma alternativa pelo CTN (...).
Assim, é exclusiva e excepcionalmente em face de tal alternatividade definida na lei nacional que pode ser
enxergada a possibilidade de a legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU, conforme
sumulado.” (ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário. 14ª Ed. Editora Juspodivm. 2020. p. 777).
Súmula 398: A prescrição da ação para pleitear os juros progressivos sobre os saldos de conta
vinculada do FGTS não atinge o fundo de direito, limitando-se às parcelas vencidas.
Súmula 397: O contribuinte do IPTU é notificado do lançamento pelo envio do carnê ao seu
endereço. (TJMA-2013) (TJPE-2015)
Súmula 396: A Confederação Nacional da Agricultura tem legitimidade ativa para a cobrança da
contribuição sindical rural.
OBS: Perdeu a relevância. Isso porque a Lei 13.467/17, conhecida como “Reforma Trabalhista”,
alterou os dispositivos da CLT que tratavam sobre a contribuição sindical com o objetivo de fazer
com que ela deixasse de ser compulsória e passasse a ser facultativa.
Súmula 395: O ICMS incide sobre o valor da venda a prazo constante da nota fiscal.
Súmula 392: A Fazenda Pública PODE SUBSTITUIR a CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA (CDA) até
a prolação da sentença de embargos, quando SE TRATAR de correção de erro material ou formal,
VEDADA a modificação do sujeito passivo da execução. (MPRO-2010) (TJPB-2011) (TJPA-2012)
(MPPI-2012) (MPSC-2012) (PFN-2012) (TJSC-2009/2010/2013) (Cartórios/TJPE-2013) (TJDFT-2014)
(PGEAC-2014)
(PGERN-2014-FCC): A empresa “QTN Ltda” opôs embargos à execução fiscal alegando que, na
certidão de dívida ativa que a instrui, houve erro material na grafia de seu nome, que seria, na
verdade “QTRN Ltda”. Em impugnação, o Estado requereu a substituição da certidão de dívida
ativa, com a correção do erro material. Instada a se manifestar, a empresa não concordou com o
pedido. De acordo com Súmula do STJ, o pedido do Estado deverá ser deferido, pois a certidão de
dívida ativa pode ser substituída, para correção de erro material ou formal, até a prolação da
sentença de embargos, vedada a modificação do sujeito passivo da execução. BL: S. 392, STJ.
Súmula 391: O ICMS INCIDE sobre o valor da tarifa de energia elétrica correspondente à
demanda de potência efetivamente utilizada. (TJMA-2013) (TJRN-2013)
Súmula 390: Nas decisões por maioria, em reexame necessário, não se admitem embargos
infringentes. (SUPERADA)
OBS: Para o reconhecimento de dano moral, a simples devolução indevida de cheque caracteriza
o dano moral, independentemente de prova de violação a direito da personalidade.
Súmula 387: É LÍCITA a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral. (TJMT-2009)
(TRF2-2011) (TJPR-2017)
OBS: Importante. É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral, ainda que
derivados de um mesmo fato, mas desde que um e outro possam ser reconhecidos
autonomamente, sendo, portanto, passíveis de identificação em separado (REsp 812.506/SP, j.
19/4/12).
Súmula 385: Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, NÃO CABE indenização
por dano moral, quando PREEXISTENTE LEGÍTIMA INSCRIÇÃO, RESSALVADO o direito ao
cancelamento. (TJSE-2008) (DPEES-2009) (MPES-2010) (DPEAM-2011) (TJCE-2012) (TRF4-2012)
(MPF-2012) (TJPR-2014) (TJDFT-2014) (TJMT-2014) (TJSP-2014/2015) (MPRR-2012/2017) (MPRO-
2017) (DPEAL-2017) (MPBA-2010/2018) (TJBA-2012/2019) (MPGO-2019)
OBS: Importante. A Súmula 385-STJ também é aplicada às ações voltadas contra o suposto
credor que efetivou inscrição irregular. Assim, a inscrição indevida comandada pelo credor em
cadastro de proteção ao crédito, quando preexistente legítima inscrição, não enseja indenização
por dano moral, ressalvado o direito ao cancelamento (STJ. 2ª Seção. REsp 1.386.424-MG, Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 27/4/2016.
(Info 583).
Importante ressaltar que a Súmula 385-STJ também é aplicada às ações voltadas contra o
suposto credor que efetivou inscrição irregular. Vou explicar este tema com um exemplo : João
deixou de pagar a prestação de uma geladeira. Diante disso, a loja comunicou o fato ao SERASA,
que expediu uma correspondência ao endereço do consumidor. Nesta carta, João foi informado de
que existia a referida dívida e que se ela não fosse regularizada no prazo de 10 dias, seu nome
seria inserido no cadastro negativo. Infelizmente João não tinha condições de quitar o débito e seu
nome foi incluído no banco de dados do SERASA. Passaram-se dois anos deste fato. Determinado
dia, João recebe uma nova carta do SERASA afirmando que a operadora de telefonia celular estava
pedindo a sua inclusão no banco de dados de devedores em virtude de ele ter deixado de pagar a
conta de dezembro/2015, no valor de R$ 100. O nome de João foi, então, incluído no SERASA por
essa nova conta. Diante desse fato, João propôs ação de indenização por danos morais contra a
operadora de telefonia afirmando que ela ordenou indevidamente sua inscrição no cadastro de
inadimplentes considerando que a dívida já estava paga. Em sua defesa, a companhia telefônica
afirmou que já ordenou a retirada do nome de João do SERASA, mas argumentou que não deveria
haver condenação por danos morais, tendo em vista que o consumidor já possuía outra anotação
legítima no cadastro de inadimplentes. Invoca, para fundamentar sua tese, a súmula 385 do STJ.
João, assistido pela Defensoria Pública, refutou o argumento da operadora de telefonia afirmando
que os precedentes que deram origem a essa súmula 385 foram de ações propostas pelo
consumidor contra os cadastros de inadimplência (consumidor x SERASA/SPC). Alegou,
portanto, que a súmula 385-STJ não se aplicaria para ações propostas pelo consumidor lesado
contra o próprio credor, como no caso em tela.
A tese de João foi aceita pelo STJ? A súmula 385 do STJ aplica-se apenas para os casos de ações
propostas pelo consumidor contra os cadastros de inadimplência (SPC/SERASA)? NÃO. A
Súmula 385-STJ também é aplicada às ações voltadas contra o suposto credor que efetivou
inscrição irregular. Na prática forense, esta tese levantada por João é comumente alegada pelos
Defensores Públicos e advogados e chegou até mesmo a ser acolhida em muitos julgados,
inclusive do STJ. No entanto, o Tribunal, ao reapreciar o tema em sede de recurso especial
repetitivo, pacificou o assunto em sentido contrário e definiu a seguinte tese:
A inscrição indevida comandada pelo credor em cadastro de proteção ao crédito, quando
preexistente legítima inscrição, não enseja indenização por dano moral, ressalvado o
direito ao cancelamento (STJ. 2ª S. REsp 1.386.424-MG, Rel. para acórdão Min. Maria Isabel
Gallotti, j. 27/4/2016. Info 583).
Súmula 384: CABE AÇÃO MONITÓRIA para haver saldo remanescente oriundo de venda
extrajudicial de bem alienado fiduciariamente em garantia. (PGEGO-2010) (TJPR-2011) (TJRO-
2011) (TJRS-2012) (Cartórios/TJRO-2012) (TRT20-2012) (TJAM-2013) (TJRN-2013)
Súmula 383: A competência para processar e julgar as ações conexas de interesse de menor é, em
princípio, do foro do domicílio do detentor de sua guarda. (MPRO-2010) (TJPB-2011) (DPEAM-
2011) (MPRR-2012) (MPTO-2012) (TJAM-2013) (MPPA-2014) (MPMS-2013/2015) (TJRS-2018)
(MPBA-2018)
OBS: O ECA adotou o princípio do juízo imediato, encampando no art. 147, I e II, segundo o qual
se exige uma proximidade do Juízo da Vara da Infância e da Juventude, que tem mais condições
de decidir no caso concreto, diante da facilidade da colheita da prova e contato com a criança ou o
adolescente.
Súmula 382: A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, POR SI SÓ, NÃO
INDICA ABUSIVIDADE. (TJMG-2012) (TJGO-2012) (MPRR-2012) (DPESE-2012) (TRT1-2012)
(TJAM-2013) (TRF1-2013) (TJDFT-2014) (TJSP-2013/2015) (DPERN-2015) (TRF5-2015) (DPEBA-
2016) (TJRJ-2019)
OBS: Importante. Segundo entende o STJ, os juros pactuados em limite superior a 12% ao ano
somente serão considerados abusivos quando ficar comprovado que são discrepantes em relação
à taxa de mercado, após vencida a obrigação.
Se ficar provado que os juros remuneratórios praticados são abusivos, o Poder Judiciário poderá
reduzi-los para adequá-los a taxa média do mercado (REsp 1.112.879/PR).
Aplica-se o CDC aos contratos bancários, mas no que tange à taxa de juros cobrada pelas
instituições financeiras, as regras não são as do CDC e sim as da Lei 4595/64 e da Súmula 596 do
STF.
OBS: Importante. A mera propositura de ação em que se conteste o débito não tem o condão de
descaracterizar a mora do devedor, fazendo-se necessário, para tal, em sede de decisões
antecipatórias ou cautelares, a presença dos seguintes elementos: a) contestação total ou parcial, do
débito; b) plausibilidade jurídica do direito invocado estribada em jurisprudência desta Corte ou do
STF e c) depósito de parte incontroversa do débito ou prestação de caução idônea (STJ, AgRg no
REsp 657237/RS, j. 22/02/11).
OBS: Não descaracteriza a mora o ajuizamento isolado de ação revisional, nem mesmo quando o
reconhecimento de abusividade incidir sobre os encargos inerentes ao período de inadimplência
(STJ, AgRg no REsp 1118778, j. 09/04/13).
Súmula 379: Nos contratos bancários NÃO REGIDOS por legislação específica, os JUROS
MORATÓRIOS PODERÃO SER CONVENCIONADOS até o limite de 1% ao mês. (TJGO-2012)
(TRF1-2013) (Cartórios/TJES-2013) (Proc./BACEN-2013) (TJDFT-2014)
Súmula 378: RECONHECIDO o DESVIO DE FUNÇÃO, o servidor FAZ JUS às diferenças salariais
decorrentes. (TRF4-2009) (MPF-2012) (TJMA-2013) (MPGO-2013/2019)
##Atenção: Cumpre destacar que o desvio de função ocorrido após a CF/88 confere ao servidor o
direito somente às diferenças salariais do período em que exerceu, de fato, funções do cargo
estranho (STF, RE 486.184 AgR/SP; Súmula 378 do STJ). É que a exigência constitucional de
concurso público (art. 37, II, CF/88) afasta a possibilidade de equiparação salarial “pro futuro”, não
havendo, assim, que se falar em reenquadramento ao “cargo de fato”.
(...) 1. A jurisprudência desta Corte firmou entendimento no sentido de que o servidor tem
direito, na forma de indenização, à percepção dos valores referentes à diferença da
remuneração pelo período trabalhado em desvio de função, sob pena de enriquecimento
sem causa do Estado. (...) (RE 499898 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, 1ª T, j. 26/06/02).
Súmula 377: O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às
vagas reservadas aos deficientes. (MPRS-2012) (TJPR-2014)
OBS: Importante.
Súmula 45-AGU: Os benefícios inerentes à Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora
de Deficiência devem ser estendidos ao portador de visão monocular, que possui direito de
concorrer, em concurso público, à vaga reservada aos deficientes.
OBS: Importante.
A CF/88 determina que um percentual das vagas dos concursos públicos deve ser destinado aos
candidatos com deficiência. Ex.: em um concurso para analista judiciário, são oferecidas 100 vagas.
A lei dessa carreira determina que 10% das vagas sejam destinadas a portadores de necessidades
especiais (PNEs). Logo, 10 vagas desse concurso deverão ser ocupadas por PNEs. Se não houver
candidatos deficientes aprovados em número suficiente para preencher essas vagas, o edital poderá
prever que essas vagas serão ocupadas por candidatos que não sejam pessoas com deficiência.
Percentual no caso de concursos públicos federais: Nos concursos públicos realizados no âmbito do
Poder Executivo federal, a legislação determina que o edital deverá prever um percentual de, no
mínimo 5% e, no máximo, 20% das vagas às pessoas com deficiência. Caso a aplicação do percentual
resulte em um número fracionado, este deverá ser elevado até o primeiro número inteiro
subsequente, desde que respeitado o limite máximo de 20% das vagas ofertadas. Ex.: concurso
público para 12 vagas; edital prevê 10% para pessoas com deficiência (1,2 vagas); logo, 2 vagas serão
para PNEs. Além disso, é indispensável que a deficiência apresentada não seja incompatível com o
cargo. Tais regras estão previstas no art. 5º, § 2º da Lei nº 8.112/90 e no art. 1º, §1º do Decreto nº
9.508/18.
A pessoa que possui audição em apenas um dos ouvidos (surdez unilateral) pode ser considerada
deficiente para fins de reserva de vaga em concurso público? NÃO. Segundo a jurisprudência do
STJ, candidato em concurso público com surdez unilateral NÃO tem direito a participar do certame
na qualidade de deficiente auditivo.
Por quê? O Decreto nº 3.298/99 regulamentou a Lei nº 7.853/89, que dispõe sobre a Política
Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Em seu art. 4º, o Decreto assim
define a deficiência auditiva:
Art. 4º É considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes
categorias:
II — deficiência auditiva — perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB)
ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz;
(Redação dada pelo Decreto nº 5.296/2004)
Perceba, portanto, que, para o Decreto, a deficiência auditiva é a perda bilateral da audição. A
redação atual foi dada pelo Decreto nº 5.296/2004, que expressamente acrescentou a palavra
“bilateral”.
Vale ressaltar que existe um precedente da 2ª Turma do STF no mesmo sentido: MS 29.910 AgR, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/06/2011.
A pessoa que possui visão em apenas um dos olhos (visão monocular) pode ser considerada
deficiente para fins de reserva de vaga em concurso público? SIM. Existe a Súmula 377 do STJ
espelhando essa conclusão. Esse é também o entendimento do STF: RMS 26071, Rel. Min. Carlos
Britto, j. 13/11/2007.
Diferença de tratamento entre as duas situações: Essa distinção acima existe porque o Decreto nº
3.298/99 exige expressamente, para que seja considerada deficiência auditiva, que a surdez seja
bilateral (art. 4º, II). Este mesmo Decreto, ao definir deficiência visual (art. 4º, III), não exige que a
cegueira seja nos dois olhos. Em outras palavras, o art. 4º do Decreto nº 3.298/99 proíbe que a
pessoa com surdez unilateral seja considerada deficiente auditiva, mas permite que a pessoa com
visão monocular seja enquadrada como deficiente visual. Dessa forma, a diferença de tratamento foi
fixada pelo Decreto com base, supostamente, em critérios técnicos. Para nós, leigos, contudo, resta a
sensação de que não há muita razoabilidade nesta distinção.
Em suma:
a) Surdez unilateral: NÃO é considerada deficiência para fins de concurso público.
b) Cegueira unilateral: é considerada deficiência para fins de concurso público.
(MPGO-2019): A respeito dos direitos da pessoa com deficiência, assinale a alternativa correta:
Segundo entendimento do STJ, em concurso público, o portador de surdez unilateral não se
qualifica como pessoa com deficiência para o fim de disputar as vagas reservadas, enquanto o
portador de visão monocular tem direito de concorrer às vagas reservadas à pessoa com deficiência.
BL: S. 377 e 552, STJ.
(MPGO-2014): Em relação à proteção e garantias das pessoas com deficiência, assinale a alternativa
correta: De acordo com súmula do STJ, o portador de visão monocular tem direito de concorrer, em
concurso público, às vagas reservadas aos deficientes. BL: S. 377, STJ.
(TJMS-2020-FCC): Em relação aos Juizados Especiais Criminais, correto afirmar que não cabe
recurso especial contra decisão proferida por turma recursal, competindo a esta, porém, processar e
julgar mandado de segurança contra ato de juizado especial. BL: Súmulas 20321 e 376 do STJ.
##Atenção: A Súmula 203 do STJ dispõe que não será cabível recurso especial contra decisão
proferida por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais. Cumpre ressaltar que o art. 105, III, da
CF, prevê ser cabível recurso especial de decisões de “tribunais”. Ocorre que as Turmas recursais
não são tribunais e, por este mesmo motivo, não há que se falar em cláusula de reserva de plenário,
por exemplo. Por fim, afirma a Súmula 376 do STJ que competirá à Turma Recursal processar e
julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial. Entretanto, o STJ traz um exceção: se
o mandado de segurança versar sobre a própria competência dos Juizados (STJ. Corte Especial. RMS
17.524/BA, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 02/08/2006).
##Atenção: Enunciado 88 do Fonajef: É admissível mandado de segurança para Turma Recursal de ato
jurisdicional que cause gravame e não haja recurso.
21
Súmula 203-STJ: Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos
Juizados Especiais.
##Atenção: Dicas sobre a apreciação do MS e do HC:
1) MS impetrado contra decisões proferidas pelos juizados de primeira instância devem ser
apreciados pelas Turmas Recursais;
2) MS impetrado contra decisões proferidas pelas Turmas Recursais devem ser apreciados
pelas próprias Turmas Recursais;
3) HC impetrado contra decisões proferidas pelos juizados de primeira instância devem ser
apreciados pelas Turmas Recursais;
4) HC impetrado contra decisões proferidas pelas Turmas Recursais devem ser apreciados
pelo TJ/TRF;
(TJSP-2017-VUNESP): No tocante aos juizados especiais criminais, é correto afirmar que compete à
turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial. BL: S. 376,
STJ.
##Atenção: A competência é das Turmas Recursais (súmula 376/STJ), exceto se o writ versar
justamente sobre a competência dos Juizados Especiais (STJ. Corte Especial. RMS 17.524/BA, rel.
Min. Nancy Andrighi, j. 02.08.2006).
(PGERN-2014-FCC): Em ação que tramitava perante o Juizado Especial, o Procurador do Estado foi
impedido de ter acesso aos autos, sob o argumento de que não teria procuração. Reputando a
negativa ilegal, a Procuradoria do Estado impetrou mandado de segurança, que, de acordo com
Súmula do STJ, deverá ser apreciado pela Turma Recursal. BL: S. 376, STJ.
OBS: A Súmula 375 do STJ NÃO é aplicada no caso das execuções fiscais de créditos tributários.
De acordo com o STJ, no caso de execução fiscal, incide a regra do art. 185 do CTN, que é mais
específica e não exige a prova de má-fé do terceiro adquirente. Para que se presuma a fraude,
basta que o devedor tenha alienado ou onerado os bens ou rendas após o débito ter sido inscrito
na dívida ativa e fique sem ter patrimônio para pagar a Fazenda.
OBS: De quem é o ônus de provar que o terceiro adquirente estava de má-fé? Depende:
1) Se o bem adquirido pelo terceiro era sujeito a registro (se existe um registro público onde poderão
ser averbadas a existência de processo de execução ou de constrição judicial. Exs: bens imóveis -
Registro de Imóveis; automóveis - DETRAN). Neste caso deveremos analisar:
1.1 Se o exequente fez a averbação no registro informando que havia uma execução contra o
proprietário do bem ou uma constrição judicial (ex: penhora) sobre a coisa: neste caso, a má-fé do
adquirente está provada porque o registro gera publicidade e cabia ao terceiro tê-lo consultado.
1.2 Se o exequente não fez a averbação no registro: neste caso, o exequente terá que comprovar a
má-fé do adquirente.
2) Se o bem adquirido pelo terceiro não era sujeito a registro (não existe um registro público onde
seja anotada a sua propriedade e alterações. Exs: um quadro, uma joia etc.). Nesta hipótese, o
terceiro adquirente é quem terá o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a
aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no
local onde se encontra o bem (art. 792, § 2º, do CPC/2015). Se não provar, será reconhecida a fraude
à execução e ele perderá o bem.
Confira o que diz Marcus Vinícius Gonçalves:
"Mas, e se o bem não for daqueles sujeitos a registro, como acontece com a maior parte dos bens
móveis? Como pode o exequente proteger-se da alienação, pelo devedor, de bens que não podem ser
registrados? O art. 792, § 2º, estabelece que, em se tratando de bens não sujeitos a registro, o
ônus da prova de boa-fé será do terceiro adquirente, a quem caberá demonstrar que adotou
as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes,
obtidas no domicílio do vendedor e no local em que se encontra. Se o terceiro adquirente não
fizer a comprovação de que tomou tais cautelas, presumir-se-á que adquiriu o bem de má-fé,
e o juiz declarará a fraude à execução." (GONÇALVES, Marcus Vinícius. Direito Processual
Civil esquematizado. São Paulo: Saraiva, 6ª ed., 2016, p. 1.508).
Veja a redação do § 2º do art. 792 do CPC/2015:
Art. 792 (...)
§ 2º No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de
provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões
pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem.
Sobre o tema, se você faz concursos para cartórios, é importante também conhecer a redação do art.
54 da Lei nº 13.097/2015:
Art. 54. Os negócios jurídicos que tenham por fim constituir, transferir ou modificar direitos
reais sobre imóveis são eficazes em relação a atos jurídicos precedentes, nas hipóteses em
que não tenham sido registradas ou averbadas na matrícula do imóvel as seguintes
informações:
I - registro de citação de ações reais ou pessoais reipersecutórias;
II - averbação, por solicitação do interessado, de constrição judicial, do ajuizamento de ação
de execução ou de fase de cumprimento de sentença, procedendo-se nos termos previstos do
art. 615-A da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil;
III - averbação de restrição administrativa ou convencional ao gozo de direitos registrados,
de indisponibilidade ou de outros ônus quando previstos em lei; e
IV - averbação, mediante decisão judicial, da existência de outro tipo de ação cujos resultados
ou responsabilidade patrimonial possam reduzir seu proprietário à insolvência, nos termos
do inciso II do art. 593 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
Parágrafo único. Não poderão ser opostas situações jurídicas não constantes da matrícula no
Registro de Imóveis, inclusive para fins de evicção, ao terceiro de boa-fé que adquirir ou
receber em garantia direitos reais sobre o imóvel, ressalvados o disposto nos arts. 129 e 130
da Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, e as hipóteses de aquisição e extinção da
propriedade que independam de registro de título de imóvel.
Obs: importante esclarecer que a correta interpretação do art. 792, § 2º, do CPC/2015 é objeto de
polêmica na doutrina, não havendo uma posição ainda segura sobre o tema. As conclusões acima
ainda não foram examinadas pelo STJ. Em provas de concurso, o Dizer o Direito acredita que
durante um bom tempo deverão cobrar a redação literal do art. 792, § 2º, do CPC/2015.
E a súmula 375-STJ continua válida? O Dizer o Direito acredita que sim, mas ela deve ser lida agora
com esta nova hipótese trazida pelo art. 792, § 2º do CPC.
Súmula 374: Compete à JUSTIÇA ELEITORAL processar e julgar a ação para anular débito
decorrente de multa eleitoral. (TJMS-2012)
Súmula 372: Na ação de exibição de documentos, não cabe a aplicação de multa cominatória.
(SUPERADA)
OBS: A doutrina afirma que, com a entrada em vigor do CPC/15, a súmula 372 do STJ está
SUPERADA. Nesse sentido é o enunciado nº 54 do Fórum Permanente de Processualistas Civis.
O novo CPC permite expressamente a fixação de multa de natureza coercitiva na ação de exibição
de documento. Veja:
Art. 400 (...) Parágrafo único. Sendo necessário, o juiz pode adotar medidas indutivas,
coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para que o documento seja exibido.
Art. 403 (...) Parágrafo único. Se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de
apreensão, requisitando, se necessário, força policial, sem prejuízo da responsabilidade por
crime de desobediência, pagamento de multa e outras medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar a efetivação da decisão.
Súmula 371: Nos contratos de participação financeira para a aquisição de linha telefônica, o Valor
Patrimonial da Ação (VPA) é apurado com base no balancete do mês da integralização.
##Atenção: A Lei 7.357/85, no art. 32, determina que o cheque é uma ordem de pagamento à vista,
considerando-se não escrita qualquer cláusula em sentido diverso. Por isso, a instituição financeira
deve pagar o título a qualquer momento. Aliás, o STJ entende que a Súmula 370 não é aplicável à
instituição financeira que realizou o regular pagamento e sim ao apresentante (credor) do cheque.
(Assessor Téc./ALRN-2013-FCC): A emissão de cheque pré-datado (ou pós-datado, como por vezes
é denominado) é característico de costume praeter legem, isto é, destinado a suprir a lei nos casos de
omissão, gerando efeitos de direito. BL: S. 370, STJ.
(DPEPA-2009-FCC): Por ser o cheque uma ordem de pagamento a vista, embora a pós-datação não
produza efeito cambial, pode gerar efeitos reparatórios civis se a data futura não foi obedecida pelo
beneficiário, por lesão à boa-fé objetiva. BL: art. 32 da Lei do Cheque e S. 370, STJ.
22
Art. 32. O cheque é pagável à vista. Considera-se não-estrita qualquer menção em contrário. Parágrafo
único. O cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão é pagável no dia
da apresentação..
constituí-lo em mora. (TRF5-2009) (DPESP-2010) (TRT1-2010) (TJMG-2012) (TJAM-2013) (TJSC-
2013) (TRF1-2013) (TJSP-2013/2015)
OBS: Importante.
##Atenção: Em outros termos, o que a questão quis dizer foi o seguinte: Em caso de
inadimplemento de obrigação contratual a cláusula que expressa concordância prévia do devedor
com a reintegração liminar do credor na posse do bem configura violação ao princípio da
inafastabilidade do controle judicial. Uma cláusula com esse conteúdo extrapola o autorregramento
ou autonomia privada, na medida em que concede poder desproporcional a um dos contratantes,
traduzindo verdadeira AUTOTUTELA (quando um dos conflitantes impõe a solução do conflito ao outro,
"justiça com as próprias mãos"), sem o necessário fundamento legal, e que atenta contra o Estado
democrático de direito e o princípio da inafastabilidade da jurisdição. Excepcionalmente, há
hipóteses legais de autotutela: legítima defesa (art. 188, I, CC); apreensão do bem com penhor legal
(art. 1.467, I, CC); desforço imediato no esbulho (art. 1.210, § 1º, CC). Como adendo, podemos
lembrar da teoria do adimplemento substancial dos contratos, que "visa impedir o uso desequilibrado
do direito de resolução por parte do credor, preterindo desfazimentos desnecessários em prol da avença, com
vistas à realização dos princípios da boa-fé e da função social do contrato" (STJ, REsp 1.051.270/RS).
##Atenção: Em suma, o devedor assina contrato admitindo que se deixar de pagar o bem volta à
posse do credor. Há evidentemente mais poder para o credor. O que pode violar também os
princípios da boa-fé e função social do contrato. Há que se verificar o adimplemento substancial do
contrato, sendo desproporcional o afastamento liminar da tutela jurisdicional pelo mero
inadimplemento.
##Atenção: Se o arrendatário não cumprir com o pagamento das parcelas do aluguel, não haverá
busca e apreensão (ou tutela provisória pelo NCPC), o que ocorre no caso de alienação fiduciária.
No caso do arrendamento mercantil (leasing), haverá a reintegração de posse. Entretanto, para essa
reintegração de posse é imprescindível a notificação prévia do arrendatário.
Súmula 368: COMPETE à Justiça comum estadual processar e julgar os pedidos de retificação de
dados cadastrais da Justiça Eleitoral. (TJMS-2012) (MPMS-2015)
Súmula 366: Compete à Justiça estadual processar e julgar ação indenizatória proposta por viúva e
filhos de empregado falecido em acidente de trabalho.(*) CANCELADA
OBS: Cancelada.
Ação de indenização decorrente de acidente de trabalho é julgada pela Justiça do Trabalho (art. 114,
VI da CF/88).
Súmula 365: A intervenção da União como sucessora da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA)
desloca a competência para a Justiça Federal ainda que a sentença tenha sido proferida por Juízo
estadual.
OBS: Importante. Em outras palavras, se a pessoa mora sozinha na casa, mesmo assim este imóvel
pode ser considerado bem de família.
Súmula 363: Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por
profissional liberal contra cliente.
Súmula 362: A CORREÇÃO MONETÁRIA do valor da indenização do dano moral INCIDE desde
a data do arbitramento. (TJMT-2009) (TJSP-2011) (MPPI-2012) (DPESE-2012) (TJDFT-2014)
(MPMS-2018)
(TJSP-2015-VUNESP): O termo a quo da correção monetária na indenização por ato ilícito é a data
do efetivo prejuízo, enquanto que na indenização por dano moral é a data do seu arbitramento.
BL: S. 362 e 43, STJ.
##Atenção:
Correção monetária e danos materiais: EFETIVO PREJUÍZO.
Correção monetária e danos morais: ARBITRAMENTO.
OBS: Vide Súmula 43 do STJ: “INCIDE CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE DÍVIDA POR ATO
ILICITO A PARTIR DA DATA DO EFETIVO PREJUIZO”.
OBS: (...) 1. Esta Corte já pacificou o entendimento de que, na intimação do protesto para
requerimento de falência, é necessária a identificação da pessoa que o recebeu, e não a
intimação na pessoa do representante legal da pessoa jurídica. Inteligência da Súmula nº 361/STJ.
(AgInt nos EDcl no REsp 1386738/CE, Rel. Min. Ricardo Villass Bôas Cueva, 3ª Turma, j.
04/05/2017).
(TJMS-2020-FCC): O contribuinte João, percebendo que deixou de recolher certo valor ao Fisco,
paga espontaneamente o tributo e os juros da mora. Considerando o fato descrito e a
jurisprudência relativa ao CTN, é correto afirmar: Caso já tenha declarado o tributo anteriormente
e o equívoco diga respeito apenas à falha de recolhimento tempestivo, o contribuinte João não
poderá se beneficiar da denúncia espontânea. BL: art. 360, STJ e art. 138, § único do CTN.23
23
Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o
caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela
autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se
considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou
medida de fiscalização, relacionados com a infração.
(TJPR-2017-CESPE): A empresa ABC declarou regularmente débito de ICMS no valor de R$ 6.000,
referente ao mês de junho de 2012, e não o pagou. Posteriormente, a empresa ABC recebeu notícia
de que haveria fiscalização em seu setor e, por isso, realizou denúncia espontânea de seu débito ao
fisco para eximir-se do pagamento da multa moratória. Acerca dessa situação hipotética e de
aspectos legais a ela pertinentes, assinale a opção correta: No caso de tributo por homologação e
com declaração regular, não cabe a denúncia espontânea, não sendo, portanto, válido o ato
praticado pelo contribuinte. BL: S. 436, STJ24 c/c S. 360, STJ.
(TJAM-2016-CESPE): A indústria R S.A., que havia declarado regularmente, mas não havia
pagado ICMS no valor de R$ 100.000, ciente de iminente fiscalização, já que havia recebido a visita
de auditor fiscal, que, no entanto, não lavrou termo algum, decidiu fazer denúncia espontânea de
sua inadimplência, tendo feito acompanhá-la de pedido de parcelamento no qual incluiu o
principal e os juros de mora, com o objetivo de ser eximida da multa de mora e de outras
penalidades. Nessa situação hipotética, não é cabível denúncia espontânea, pois trata-se de tributo
por homologação com declaração regular e pagamento a destempo. BL: S. 360, STJ.
(TJPI-2015-FCC): A empresa Soma Importadora S/A tem sede em Teresina, Piauí. No regular
exercício de suas atividades importa e comercializa produtos para revendedores e consumidores
finais localizados em Teresina e arredores e em outros Estados da federação, estando sujeita ao
pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias − ICMS nestas operações. A insuficiência
de recursos financeiros da Soma Importadora S/A fez com que, ao longo de 2013, a empresa
deixasse de recolher o ICMS declarado à fiscalização estadual por meio de documento fiscal
próprio. Após um dos sócios subscrever e integralizar o valor de suas quotas na sociedade,
capitalizando a sociedade em montante aparentemente suficiente para liquidar a dívida, a
importadora poderá parcelar o ICMS devido, sendo vedada a realização de denúncia
espontânea. BL: S. 360, STJ.
##Atenção: O instituto da denúncia espontânea (art. 138 do CTN) não se aplica nos casos de
parcelamento de débito tributário." (STJ, REsp 1102577/DF, Rel. Min. Herman Benjamin, 1ª Seção,
j. 22/04/09).
OBS: Importante.
Exceções: Existem duas exceções em que não haverá indenização por danos morais mesmo não
tendo havido a prévia comunicação do devedor:
1) Se o devedor já possuía inscrição negativa no banco de dados e foi realizada uma nova
inscrição sem a sua notificação.
Súmula 385-STJ: Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe
indenização por dano moral quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o
direito ao cancelamento.
Súmula 358: O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade ESTÁ
SUJEITO à decisão judicial, mediante contraditório, AINDA QUE nos próprios autos. (TJAL-2008)
(MPSP-2008) (DPEAM-2011) (MPAP-2012) (DPEMS-2012) (MPPA-2014) (MPSC-2014) (TJDFT-
2012/2014/2015) (TJRR-2015) (DPEES-2016) (MPRS-2016) (TJMG-2018) (MPBA-2018) (MPMS-2018)
##Atenção: "A maioridade do alimentando não é suficiente, por si só, para desconstituir a obrigação
alimentar." (STJ, HC 337.402/PA, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA
24
Súmula 436-STJ: A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito
tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.
TURMA, julgado em 14/06/2016, DJe 17/06/2016).
(DPECE-2014-FCC): Quando João completou 18 anos, Renato, seu pai, parou automaticamente de
lhe pagar pensão alimentícia sob o argumento de que o filho já seria maior de idade, além de
possuir condições para trabalhar. De acordo com Súmula do STJ, a postura de Renato é incorreta,
pois, mesmo no caso de atingimento da maioridade, o cancelamento de pensão alimentícia
demanda prévia decisão judicial. BL: S. 358, STJ.
Súmula 357: A pedido do assinante, que responderá pelos custos, é obrigatória, a partir de 1º de
janeiro de 2006, a discriminação de pulsos excedentes e ligações de telefone fixo para celular. (*)
CANCELADA
OBS: Cancelada.
Desde 1º de agosto de 2007, data da implementação total do Sistema Telefônico Fixo Comutado
(STFC) — Resolução 426, é obrigatório o fornecimento de fatura detalhada de todas as ligações na
modalidade local, independentemente de ser dentro ou fora da franquia contratada. O
fornecimento da fatura é gratuito e de responsabilidade da concessionária. A solicitação para o
fornecimento da fatura discriminada sem ônus para o assinante só precisa ser feita uma única vez,
marcando para a concessionária o momento a partir do qual o consumidor pretende obter o
serviço. Por esta razão, foi cancelada a súmula.
Súmula 356: É LEGÍTIMA a cobrança da tarifa básica pelo uso dos serviços de telefonia fixa.
(MPF-2012/2017) (MPRR-2017) (TJPR-2012/2019)
(TJSP-2015-VUNESP): Não vulnera o CDC a cobrança de tarifa básica de assinatura mensal pelo
uso dos serviços de telefonia fixa. BL: S. 356, STJ.
Súmula 355: É válida a notificação do ato de exclusão do programa de recuperação fiscal do Refis
pelo Diário Oficial ou pela Internet.
Súmula 354: A invasão do imóvel É CAUSA DE SUSPENSÃO do processo expropriatório para fins
de reforma agrária. (MPGO-2012) (TRF5-2013) (DPEMS-2014)
Súmula 351: A alíquota de contribuição para o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) É AFERIDA
pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, OU pelo grau
de risco da atividade preponderante QUANDO HOUVER apenas um registro.
Súmula 350: O ICMS NÃO INCIDE sobre o serviço de habilitação de telefone celular. (TJPR-2012)
Vale ressaltar que a própria Lei Geral de Telecomunicações prevê que o serviço de habilitação de
telefonia móvel não é atividade-fim, mas sim atividade-meio para o serviço de comunicação.
Desse modo, no ato de habilitação, não ocorre qualquer serviço efetivo de telecomunicação, sendo
apenas disponibilizado o celular para se permitir a sua utilização pelo usuário. Sendo atividade-
meio, a habilitação não pode ser enquadrada como serviço de comunicação prevista no art. 2°,
III, da LC 87/1996.
Súmula 349: Compete à Justiça Federal ou aos juízes com competência delegada o julgamento das
execuções fiscais de contribuições devidas pelo empregador ao FGTS. (TJAL-2008)
OBS: Válida.
Vale ressaltar, contudo, que a Lei 13043/14 revogou o inciso I do art. 15 da Lei 5010/66. Logo, a
partir de agora, se a União, suas autarquias e fundações ajuizarem execução fiscal elas serão
sempre processadas e julgadas pela Justiça Federal, mesmo que o executado more uma comarca
do interior onde não funcione vara da Justiça Federal. Desse modo, não mais existe a
competência delegada no caso de execuções fiscais propostas pela Fazenda Pública Federal.
Súmula 348: Compete ao Superior Tribunal de Justiça decidir os conflitos de competência entre
juizado especial federal e juízo federal, ainda que da mesma seção judiciária.(*) CANCELADA
OBS: Cancelada. A competência para decidir esse conflito é do TRF, conforme visto acima
(Súmula 428 do STJ).
Súmula 347: O conhecimento de recurso de apelação do réu INDEPENDE de sua prisão. (PCSC-
2008) (TJAP-2009) (TJSC-2009) (TJPE-2011) (DPEMA-2011) (MPRO-2013) (TRF1-2015) (TJPA-2019)
##Atenção: O art. 594, CPP, que previa a chamada prisão para apelar (o réu não poderia apelar
sem recolher-se à prisão, ou prestar fiança, salvo se primário e de bons antecedentes, assim
reconhecido em sentença condenatória, ou condenado por crime de que se livre solto) foi
25
Súmula 347-STJ: O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão.
26
CADH, Art. 8. Garantias Judiciais: (...) 2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma
sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem
direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: (...) h) direito de recorrer da sentença para
juiz ou tribunal superior.
expressamente revogado pela Lei 11.719/2008, o que também foi objeto da Súmula 347 do STJ.
Como o fato contraria diretamente o direito fundamental a liberdade e a Convenção Americana
sobre Direitos Humanos (art. 8º, “h”), norma de caráter supralegal, fica demonstrado ser causa de
nulidade absoluta com prejuízo manifesto.
Súmula 346: É vedada aos militares temporários, para aquisição de estabilidade, a contagem em
dobro de férias e licenças não-gozadas.
Súmula 345: SÃO DEVIDOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS pela Fazenda Pública nas
execuções individuais de sentença proferida em ações coletivas, ainda que não embargadas.
(PGEES-2008) (PGEGO-2010) (TJMS-2012/2015) (TJSP-2014/2015) (PGEPI-2014) (PGEPR-2015)
(TRF1-2015) (TJRO-2019)
OBS: Válida.
Leonardo Cunha defende que esta súmula se encontra superada em razão do §7º do art. 85 do
NCPC: “Não serão devidos honorários no cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública que enseje
expedição de precatório, desde que não tenha sido impugnada”.
O STJ, contudo, entende que a súmula continua válida mesmo após o CPC/2015. Confira:
"O art. 85, § 7º, do CPC/2015 não afasta a aplicação do entendimento consolidado
na Súmula 345 do STJ, de modo que são devidos honorários advocatícios nos
procedimentos individuais de cumprimento de sentença decorrente de ação
coletiva, ainda que não impugnados e promovidos em litisconsócio." STJ. Corte
Especial. REsp 1648238/RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 20/06/2018
(recurso repetitivo).
Súmula 344: A LIQUIDAÇÃO por forma diversa da estabelecida na sentença NÃO OFENDE a
coisa julgada. (TCERO-2010) (Anal./MPSP-2010) (MPSE-2010) (MPMG-2011) (DPESE-2012)
(DPERO-2012) (MPF-2012) (TRT18-2012) (MPRO-2013) (Cartórios/TJPI-2013) (Cartórios/TJPE-2013)
(DPEMS-2014) (TRF4-2012/2014) (MPSP-2015) (MPT-2015) (Cartórios/TJRS-2016) (TJRS-2016)
(Cartórios/TJAM-2018)
OBS: Cancelada.
OBS: De acordo com o STJ, não obstante o adolescente tenha confessado a prática de ato
infracional, ainda assim é necessária a produção de provas, com a oitiva de testemunhas, para que
seja aplicada medida socioeducativa, salvo nos casos em que seja possível a aplicação de remissão.
(MPPI-2012-CESPE): Com relação às regras de apuração, processamento e julgamento de ato
infracional atribuído a adolescente previstas no ECA, assinale a opção correta: Ainda que o
adolescente representado confesse a autoria da infração, o advogado de defesa não pode desistir
da produção de outras provas, sob pena de nulidade desse ato. BL: S. 342, STJ.
Súmula 341: A frequência a curso de ensino formal É CAUSA DE REMIÇÃO de parte do tempo de
execução de pena sob regime fechado ou semiaberto. (MPRN-2009) (TJSP-2011) (MPMS-2011)
(MPPR-2011) (MPPA-2014) (DPECE-2014) (TJPE-2015) (MPGO-2019)
OBS: Válida, no entanto, a súmula está, atualmente, incompleta. Segundo o § 6° do art. 126 da
LEP, incluído pela Lei 12.433/11, o condenado que cumpre pena em regime ABERTO e o
sentenciado que esteja usufruindo de LIBERDADE CONDICIONAL também poderão remir,
pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo de
execução da pena ou do período de prova.
É possível a remição para condenados que cumprem pena em regime aberto ou estejam em
livramento condicional?
1) remição pelo trabalho: NÃO;
2) remição pelo estudo: SIM.
Súmula 340: A lei aplicável à concessão de PENSÃO PREVIDENCIÁRIA POR MORTE É aquela
vigente na data do óbito do segurado. (TRF5-2009) (TRF2-2018)
OBS: Importante.
Ao analisar inúmeros casos envolvendo pensão por morte na previdência pública, o STJ firmou o
entendimento de que as regras que deverão reger o benefício são aqueles que vigoravam no
momento da concessão do benefício, não sendo aplicadas quaisquer alterações que sejam
realizadas na lei, sejam para beneficiar ou piorar a situação do pensionista. Esse entendimento é
baseado em um princípio segundo o qual tempus regit actum. Em uma tradução literal, significa "o
tempo rege o ato", ou seja, os atos jurídicos são regidos pela lei que vigorava no momento em que
eles foram editados. Em palavras mais técnicas, os benefícios previdenciários devem ser
regulados pela lei ou pelo estatuto vigentes ao tempo em que foram implementados os
requisitos necessários à consecução do direito. As normas editadas após a concessão do
benefício não podem retroagir, ainda que mais favoráveis ao beneficiário.
Súmula 339: É CABÍVEL AÇÃO MONITÓRIA contra a Fazenda Pública. (DPEMA-2009) (PGEGO-
2010) (MPAL-2012) (TRT3-2013) (DPEMG-2014) (PGEAC-2012/2014) (TJSC-2009/2015) (TJPB-2015)
(TRF5-2015) (PFN-2015) (PGESE-2017)
OBS: O teor da súmula passou a constar expressamente no § 6° do art. 700 do CPC 2015: "§ 6° É
admissível ação monitória em face da Fazenda Pública."
OBS: Importante.
O adolescente possui os mesmos direitos que os adultos, além de outros que lhe são específicos.
Nesse sentido, o adolescente também tem direito à prescrição das medidas socioeducativas. Para o
cálculo da prescrição, o STJ tem se utilizado de três critérios:
i) Se a medida aplicada possui prazo determinado, promove-se a incidência desse prazo no
art. 109 do Código Penal, e o reduz de metade por ser o agente menor de 21 anos;
ii) Se a medida não possui prazo certo, utiliza-se o prazo da internação (03 anos), incidindo-
o o art. 109 do CP, com redução de metade em razão de ser o agente menor de 21 anos;
iii) Se os critérios anteriores importarem em situação mais gravosa ao adolescente se em
comparação ao adulto, aplica-se o critério utilizado para o cálculo da prescrição para os
imputáveis (adultos).
##Atenção: Embora não haja previsão expressa na legislação, o STJ, através da Súmula 338
disciplina tal situação. Portanto, a prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas.
Vejamos o seguinte trecho de julgado do STJ: “[...] as medidas sócio-educativas, induvidosamente
protetivas, são também de natureza retributiva e repressiva, como na boa doutrina, não havendo razão para
excluí-las do campo da prescrição, até porque, em sede de reeducação, a imersão do fato infracional no tempo
reduz a um nada a tardia resposta estatal” (STJ. 6ª T. AgRg no Ag 46.691/RS, rel. Min. Hamilton
Carvalhido, j. 26.05.2004).
OBS:
DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME
Algumas vezes pode acontecer de a pessoa ser denunciada por um crime que não admite
suspensão condicional do processo (pelo fato de a pena mínima ser superior a 1 ano) e, ao final, o
juiz percebe que aquela imputação estava incorreta e que o réu praticou crime diferente, cuja pena
mínima é igual ou inferior a 1 ano.
Ex: o réu foi denunciado por contrabando, crime previsto no art. 334-A do CP. Como a pena
mínima do contrabando é de 2 anos, no momento da denúncia não cabia ao MP oferecer
suspensão condicional do processo. Houve toda a instrução e, ao final, o juiz constata que a
mercadoria importada não era proibida e que, na verdade, o agente poderia tê-la importado, mas
desde que pagasse regularmente os impostos devidos, o que não aconteceu. O magistrado
concluiu, portanto, que a conduta se amolda ao descaminho, delito que permite suspensão
condicional do processa porque a pena mínima é de 1 ano (art. 334).
Nesta situação, o juiz deverá intimar o MP para, diante da nova classificação jurídica, oferecer ao
réu a proposta de suspensão condicional do processo.
Repare que como a instrução já acabou, o magistrado poderia, em tese, condenar o réu por
descaminho. No entanto, isso não seria justo porque em virtude da imputação equivocada feito
pelo MP o acusado ficou privado de aceitar um benefício despenalizador que é, na maioria das
vezes, mais benéfico do que ser condenado.
Pensando nessa situação, o STJ editou, em 2007, a Súmula 337 afirmando que se houver
desclassificação do crime, será cabível a suspensão condicional do processo. Em 2008, o legislador,
percebendo que este entendimento jurisprudencial está correto, resolveu alterar o CPP a fim de
deixar isso expressamente previsto. Foi, então, incluído o § 1° ao art. 383, com a seguinte redação:
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá
atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena
mais grave.
§ 1º Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de
suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei.
(Incluído pela Lei n° 11.719/2008).
Ex: o MP denuncia o agente pela prática de descaminho (art. 334) em concurso formal com a
falsidade ideológica (art. 299). A pena mínima do descaminho e a pena mínima da falsidade
ideológica são iguais a 1 ano, quando isoladamente consideradas. No entanto, para fins de
suspensão, elas deverão ser contadas aplicando-se a regra do concurso formal (art. 70). Logo,
deverá haver aumento de 1/6 até 1/2. Enfim, havendo este aumento, não caberá suspensão
porque a pena mínima ultrapassa 1 ano.
Pode acontecer, no entanto, de o MP denunciar o réu por dois ou mais crimes supostamente
praticados em concurso material, formal ou em continuidade delitiva e, o juiz, ao final da
instrução, perceber que este concurso ou continuidade não cabe naquele caso concreto. Desse
modo, desaparece o óbice que havia para a concessão da suspensão condicional e o benefício
deverá ser oferecido mesmo já estando, em tese, no final do processo.
Ex: o MP denuncia o réu pela prática de descaminho (art. 334) em concurso formal com a falsidade
ideológica (art. 299). Ao final da instrução, o juiz constata que o documento falso foi utilizado
unicamente para praticar o crime de descaminho e que não poderá mais ser empregado em
nenhum outro delito (perdeu sua potencialidade lesiva). Neste caso, segundo a jurisprudência, o
falso deverá ser absorvido pelo crime-fim (descaminho). Em outras palavras, a acusação quanto à
falsidade ideológica deverá ser julgada improcedente, mantendo-se apenas a imputação de
descaminho.
Mais uma vez, não seria justo condenar direto o réu por descaminho sem lhe oferecer o benefício
da suspensão do processo já que ele só não teve direito a essa proposta por causa da imputação do
MP que foi excessiva. Pensando nessa situação, o STJ preconiza, na Súmula 337, que, em caso de
procedência parcial da pretensão punitiva, será cabível a suspensão condicional do processo.
(TJSC-2019-CESPE): Acerca do benefício do sursis processual previsto na Lei n.º 9.099/1995, é
correto afirmar que é cabível o beneficio na desclassificação do crime e na procedência parcial da
pretensão punitiva, ainda que ocorrida em grau recursal. BL: S. 337, STJ.
##Atenção: Além do fato da Súmula 337 do STJ não fazer qualquer restrição em relação à fase
processual que ela pode ser aplicada, é certo que os Tribunais de Justiça, em típica medida de
emendatio libelli, podem promover a desclassificação do delito imputado ao recorrido para outro
ou, simplesmente, podem, em sede de recurso, julgar parcialmente procedente a pretensão
punitiva estatal, fazendo, assim, com que eles devam conferir ao MP a oportunidade de se
manifestar acerca do oferecimento do benefício da suspensão condicional do processo.
(TJBA-2019-CESPE): Tendo como referência a Lei 9.099/95 — Lei dos Juizados Especiais Cíveis e
Criminais —, assinale a opção correta, acerca da suspensão condicional do processo: Em caso de
procedência parcial da pretensão punitiva, será cabível a aplicação da suspensão condicional do
processo, cuja proposta será apresentada pelo MP. BL: S. 337, STJ.
Súmula 336: A mulher que RENUNCIOU aos ALIMENTOS na separação judicial TEM DIREITO
À PENSÃO PREVIDENCIÁRIA POR MORTE do ex-marido, COMPROVADA a necessidade
econômica superveniente. (MPMS-2011) (MPAP-2012) (MPRO-2008/2013) (MPGO-2013)
OBS: Importante.
Súmula 334: O ICMS NÃO INCIDE no serviço dos provedores de acesso à Internet. (TJGO-2009)
OBS: Importante.
Lei n° 12.016/2009:
Art. 1° (...) § 2° Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial
praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e
de concessionárias de serviço público.
A súmula refere-se a atos administrativos e não a atos de gestão, razão pela qual permanece
válida.
(TJCE-2018-CESPE): Conforme a jurisprudência do STJ e a legislação pertinente, mandado de
segurança pode ser impetrado contra ato praticado em licitação promovida por sociedade de
economia mista. BL: S. 333, STJ.
Súmula 332: A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges IMPLICA a INEFICÁCIA
TOTAL da garantia. (MPRO-2008) (TJRS-2012) (MPTO-2012) (TJSP-2013) (TJSC-2013) (TJCE-2014)
(TJRJ-2019)
OBS: Válida. Art. 1647 do CC: “Ressalvado o disposto no art. 1648, nenhum dos cônjuges pode, sem
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: III prestar fiança ou aval”.
OBS: Essa Súmula não se aplica no caso de união estável (STJ, REsp 1299866/DF, j. 25/02/14).
##Atenção: A fiança e o aval dependem da outorga do outro consorte, nos termos do art. 1647,
inciso III do CC, de sorte que se admite o suprimento judicial em caso de recusa do cônjuge, sem
motivo justo ou que não possa concedê-la, consoante dispõe o art. 1648, CC.
Súmula 331: A apelação interposta contra sentença que JULGA embargos à arrematação TEM
EFEITO MERAMENTE DEVOLUTIVO.
OBS: Polêmica.
O STF possui julgados em sentido contrário a essa súmula, ou seja, afirmando que "é
indispensável a defesa prévia nas hipóteses do art. 514 do CPP, mesmo quando a denúncia é
lastreada em inquérito policial" (HC 110361, j. 05/06/12).
Apesar disso, o STJ continua aplicando normalmente o entendimento sumulado. Nesse sentido:
HC 173.864/SP, j. 03/03/2015.
Em outras palavras, não é dispensável em todos os processos por crimes funcionais, mas apenas
naqueles instruídos com inquérito policial.
Súmula 329: O MINISTÉRIO PÚBLICO TEM legitimidade para propor ação civil pública em
defesa do patrimônio público. (AGU-2009) (TCDF-2012) (MPTO-2012) (TRF2-2013) (TRF3-2013)
(MPT-2013) (MPPR-2014)
OBS: Vale ressaltar que, depois deste enunciado, foi editada a Lei 13.004/14 que acrescentou mais
um inciso ao art. 1º da Lei 7.347/85 e estabeleceu, de forma expressa, que a ação civil pública
poderá também prevenir e reparar danos morais e patrimoniais causados ao PATRIMÔNIO
PÚBLICO E SOCIAL.
OBS: Vejamos seguinte julgado do STJ: “(...) 1. Trata-se, na origem, de "Ação Civil Pública com pedido
de nulidade de atos administrativos do Poder Legislativo Municipal e restituição de valores indevidamente
recebidos por vereadores", em razão de recebimento indevido de valores referentes à chamada "abertura e
fechamento de trabalhos legislativos". 2. "O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil
pública em defesa do patrimônio público" (Súmula 329/STJ), assim entendido em sentido amplo o Erário,
bem pertencente, de modo indireto, a toda a sociedade, o que envolve, portanto, interesse difuso da
coletividade. Precedentes do STJ. 3. Não houve prequestionamento da temática do interesse de agir à luz da
existência da Execução Fiscal. Incide, portanto, a Súmula 211/STJ. (...). (AgRg no AREsp 120.979/GO,
Rel. Min. Herman Benjamin, 2ª T, j. 16/08/12, DJe 27/08/2012)”
Súmula 327: Nas ações referentes ao Sistema Financeiro da Habitação, a Caixa Econômica Federal
tem legitimidade como sucessora do Banco Nacional da Habitação.
Súmula 326: Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao
postulado na inicial NÃO IMPLICA SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. (TJDFT-2007) (TJMT-2009)
(TRT3-2013) (Anal. Judic./TREGO-2015)
OBS: Importante.
A ratio decidendi dos precedentes da Súmula 326/STJ é clara no sentido de que, nos casos de
indenização por danos morais, fixado o valor indenizatório menor do que o indicado na inicial,
não se pode, para fins de arbitramento de sucumbência, sob pena de correr o risco de gerar um
paradoxo de impor à vítima o pagamento de honorários advocatícios superiores ao deferido a
título indenizatório (STJ. 2ª T. AgInt no REsp 1710637/GO, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado
em 22/05/2018).
O CPC/15 afirma que o valor da causa na ação de danos morais deve ser a indenização
pretendida pelo autor e que deverá constar expressamente na petição inicial. Confira: "Art. 292.
O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: V — na ação indenizatória, inclusive
a fundada em dano moral, o valor pretendido;"
Apesar disso, boa parte da doutrina e da jurisprudência continua dizendo que essa súmula
permanece aplicável.
(TJDFT-2011): Tício propõe ação subordinada ao procedimento ordinário contra Caio, pedindo a
condenação deste ao pagamento de indenização por dano moral no valor de R$ 50.000,00. O
pedido é resolvido por sentença de mérito em que Caio é condenado a pagar a Tício indenização
por dano moral no valor de R$ 20.000,00. Neste caso, a condenação em indenização de valor
inferior ao pleiteado na inicial não implica sucumbência recíproca, devendo Caio pagar a
totalidade das custas processuais e os honorários advocatícios, estes considerado o valor da
condenação. BL: S. 326, STJ.
Súmula 323: A inscrição do nome do devedor PODE SER MANTIDA nos SERVIÇOS DE
PROTEÇÃO AO CRÉDITO até o prazo máximo de cinco anos, INDEPENDENTEMENTE da
prescrição da execução. (TJAP-2008) (MPF-2008) (MPCE-2009) (TJCE-2012) (MPRR-2012) (TJPR-
2014) (TJSP-2015) (TJDFT-2015) (MPRO-2017) (TJMT-2014/2018) (TJBA-2012/2019) (TJPA-2019)
OBS: Importante.
Passado esse prazo, o próprio órgão de cadastro deve retirar a anotação negativa,
independentemente de como esteja a situação da dívida (não importa se ainda está sendo cobrada
em juízo ou se ainda não foi prescrita).
A partir de quando se começa a contar este prazo de 5 anos: após a data em que houve o
vencimento da dívida ou após o dia em que o nome do devedor foi inserido no SPC/SERASA? Ex:
João deixou de pagar a conta do celular que venceu em 01 de março 2015; em 01 de julho 2015, a
operadora incluiu o devedor no SERASA; caso não pague, o nome de João sairá do cadastro
negativo em 02 de março 2020 ou em 02 de julho de 2020? Resposta: em 02 de março de 2020. O STJ
decidiu que:
O termo inicial do prazo de permanência de registro de nome de consumidor em
cadastro de proteção ao crédito (art. 43, § 1º, do CDC) inicia-se no dia subsequente ao
vencimento da obrigação não paga, independentemente da data da inscrição no cadastro.
Assim, vencida e não paga a obrigação, inicia-se, no dia seguinte, a contagem do prazo de 5
anos previsto no §1º do art. 43, do CDC, não importando a data em que o nome do
consumidor foi negativado. STJ. 3ª T. REsp 1.316.117-SC, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, Rel. para acórdão Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 26/4/16 (Info 588).
(MPGO-2019): Com o fim de limitar a atuação dos bancos de dados à sua função social - reduzir a
assimetria de informação entre o credor/vendedor para a concessão e obtenção de crédito a preço
justo o CDC estabeleceu expressamente, em seu art. 43, §1°, que os dados cadastrados de
consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão. À
doutrina perfilha essa orientação ao afirmar que “a informação falsa ou inexata simplesmente não serve
para avaliar corretamente a solvência da pessoa interessada na obtenção do crédito”. (BENJAMIN,
Antonio Herman V.; MARQUES, Claudia Lima; BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de Direito do
Consumidor. 3ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, p. 299). Acerca da temática e
do atual posicionamento sumulado do STJ, assinale a alternativa correta: A inscrição do nome do
devedor pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito até o prazo máximo de cinco anos,
independentemente da prescrição da execução. BL: S. 323, STJ e art. 43, §1º, CDC.
(TJAC-2019-VUNESP): João da Silva foi com seu afilhado comprar um presente de aniversário.
Escolhido o presente, ao tentar comprar mediante crediário, não foi possível concretizar, pois seu
nome constava no banco de dados dos serviços de proteção de crédito, em razão de ter deixado de
adimplir com as últimas três parcelas de financiamento de 24 meses realizado em outra instituição
financeira há cinco anos. Foi informado que seu nome foi incluído no cadastro há três anos. Diante
dos fatos hipotéticos, assinale a alternativa correta: Correta a manutenção de João no cadastro de
inadimplentes, pois o nome pode ser mantido nos serviços de proteção ao crédito por até cinco
anos, independentemente da prescrição da execução. BL: S. 323, STJ e art. 43, §1º, CDC.
Súmula 322: Para a REPETIÇÃO DE INDÉBITO, nos contratos de abertura de crédito em conta-
corrente, NÃO SE EXIGE a prova do erro. (Proc./BACEN-2009) (TJDFT-2015)
Súmula 321: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável à relação jurídica entre a entidade de
previdência privada e seus participantes. (CANCELADA – SUBSTITUÍDA PELA SÚMULA 563)
Súmula 320: A questão federal somente ventilada no voto vencido não atende ao requisito do
prequestionamento. (SUPERADA)
OBS: Superada pelo CPC 2015, que prevê a seguinte regra: “Art. 941 (...) § 3" O voto vencido será
necessariamente declarado e considerado parte integrante do acórdão para todos os fins legais, inclusive de
pré-questionamento”.
Súmula 318: FORMULADO pedido certo e determinado, SOMENTE o autor TEM INTERESSE
RECURSAL em argüir o vício da sentença ilíquida. (MPF-2005) (MPMT-2008) (PGEGO-2010)
(TJRO-2011) (MPRS-2012) (DPEPR-2012) (PGEAC-2012) (TJPR-2013) (Cartórios/TJES-2013) (TJSC-
2015) (TRT21-2015) (MPT-2015)
Súmula 317: É DEFINITIVA a execução de título extrajudicial, AINDA QUE PENDENTE apelação
contra sentença que JULGUE IMPROCEDENTES os embargos. (Anal. Judic./TRT9-2007) (MPRN-
2009) (DPEPR-2012) (DPESC-2012) (DPEMS-2012) (TJRJ-2013) (DPERR-2013) (TRT8-2013) (TJSP-
2013/2014)
O enunciado 317-STJ foi publicada em 18/10/05. Ocorre que a Lei 11.382/06 alterou a redação do
art. 587 do CPC e trouxe regra em sentido contrário ao que diz a súmula.
Veja o que diz o art. 587 do CPC: “É definitiva a execução fundada em título extrajudicial; é provisória
enquanto pendente apelação da sentença de improcedência dos embargos do executado, quando
recebidos com efeito suspensivo (art. 739).” (Redação dada pela Lei n° 11.382/06).
Logo, a Lei 11.382/06 mudou o art. 587 do CPC/1973 e trouxe uma exceção na qual a execução de
título extrajudicial seria provisória.
Imagine a situação criada pela Lei 11.382/06: o credor ingressa com execução de título
extrajudicial contra o devedor; esta execução é considerada definitiva considerando que a
execução de título extrajudicial é definitiva; o executado se defende apresentando embargos à
execução; o juiz reputa que estão preenchidos os requisitos legais e recebe os embargos à execução
com efeito suspensivo; após ouvir o embargado e encerrada a instrução, o magistrado entende que
o devedor não tem razão e julga os embargos improcedentes; o executado não se conforma e
interpõe apelação contra a sentença; pela redação do art. 587 do CPC/1973, enquanto não fosse
julgada a apelação, esta execução, que antes era considerada definitiva, deveria ser tratada como
provisória.
Assim, com essa mudança promovida pela Lei 11.382/06, a posição majoritária era a de que
súmula 317 do STJ estava superada. Em provas de concurso, cobrava-se exatamente a redação do
art. 587 do CPC/1973.
Ocorre que o CPC/2015 revogou o art. 587 do CPC/1973 e não previu regra semelhante. Diante
disso, a doutrina tem afirmado que agora, com o novo CPC, a execução de título extrajudicial
será sempre definitiva.
Dessa forma, com o CPC/2015 o entendimento consagrado na Súmula 317 do STJ volta a ter
aplicabilidade no ordenamento jurídico. Em outras palavras, o que o enunciado diz está
novamente de acordo com o regramento processual vigente.
Súmula 316: CABEM EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA contra acórdão que, em agravo regimental,
DECIDE recurso especial. (AGU-2007) (MPRO-2008) (DPESP-2010) (TJPA-2012) (MPMT-2012)
(Advogado-Pref. Barigui/SP-2019)
OBS: Válida. No entanto, atualmente, o recurso cabível contra a decisão que não admite recurso
especial não é o “agravo de instrumento”, mas sim o agravo de que trata o art. 1.042 do CPC.
Logo, a súmula tem que ser lida assim: não cabem embargos de divergência contra acórdão que
julga o agravo em recurso especial previsto no art. 1.042 do CPC.
(TRF4-2009): Assinale a alternativa correta: Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis,
suspende-se o processo por um ano, findo o qual se inicia o prazo da prescrição intercorrente. BL:
S. 314, STJ.
OBS: Válida, mas a interpretação desse enunciado deverá ser feita de acordo com o art. 533 do
CPC/15, devendo-se ter cuidado com a parte final da súmula. O NCPC, editado posteriormente à
súmula, autorizou a dispensa de constituição do referido capital quando o demandado for
pessoa jurídica de notória capacidade econômica, prevendo uma exceção à parte final do
enunciado ("independentemente da situação financeira do demandado"). Em suma, é importante
conhecer a Súmula 313-STJ, mas principalmente as peculiaridades trazidas pelo art. 533 do CPC
2015.
OBS: O procedimento administrativo para imposição de multa por infração de trânsito deve
englobar, sob pena de ferimento aos princípios do contraditório e da ampla defesa, duas
notificações: a primeira, no momento, da lavratura do auto de infração (art. 280, VI, CTB), ocasião
em que é aberto prazo de 30 dias para o oferecimento de defesa prévia; e a segunda, por ocasião
da aplicação da penalidade pela autoridade de trânsito (art. 281, CTB). Contudo, havendo
autuação em flagrante, torna-se desnecessária a primeira notificação, já que o infrator é
cientificado pessoalmente no momento da infração, abrindo-se, desde logo, ao recorrente, a
oportunidade de apresentação de defesa prévia (STJ, AgRg no REsp 1246124/RS, j. 1/3/12).
Súmula 309: O débito alimentar que AUTORIZA a prisão civil do alimentante é o que compreende
as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do
processo. (MPSP-2008) (DPEMT-2009) (MPES-2010) (MPSE-2010) (TJGO-2012) (TJAC-2012)
(MPAP-2012) (DPERO-2012) (DPEMS-2012) (TJMA-2013) (DPERR-2013) (DPEAM-2013) (TJPR-
2014) (TJRR-2015) (TJSP-2015) (DPESP-2015) (Anal. Judic./TJPI-2015) (Anal./CNMP-2015) (MPRS-
2017) (MPMT-2019)
OBS: Importante. O entendimento exposto neste enunciado foi acolhido expressamente pelo
CPC/15, que prevê, em seu art. 528, §7º: “O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante
é o que compreende até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no
curso do processo”.
Súmula 308: A HIPOTECA firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior
à celebração da PROMESSA DE COMPRA E VENDA, NÃO TEM EFICÁCIA perante os
adquirentes do imóvel. (TJPR-2008) (TRF1-2011) (DPEMS-2008/2012) (TJMS-2012) (TJAC-2012)
(TJSC-2013) (TJPA-2014) (MPPR-2014) (TRF2-2018)
(MPMG-2019): A respeito do direito à casa própria adquirida por meio do Sistema Financeiro de
Habitação (SFH), considere a seguinte afirmativa e, à luz da lei, da doutrina e da jurisprudência,
marque a resposta correta: A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior
ou posterior à celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os adquirentes
do imóvel. BL: S. 308, STJ.
Súmula 307: A restituição de adiantamento de contrato de câmbio, na falência, deve ser atendida
antes de qualquer crédito. (Fiscal de Rendas/RJ-2009) (AGU-2013) (TJSP-2017)
Súmula 306: Os honorários advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência
recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado à execução do saldo sem excluir a
legitimidade da própria parte. (SUPERADA)
OBS: Superada com o NCPC (Enunciado 244 do Fórum Permanente de Processualistas Civis).
OBS: Vide art. 85, §14 do NCPC: “Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza
alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a
compensação em caso de sucumbência recíproca”.
Súmula 305: É descabida a prisão civil do depositário quando, decretada a falência da empresa,
sobrevém a arrecadação do bem pelo síndico. (SUPERADA)
Súmula 304: É ilegal a decretação da prisão civil daquele que não assume expressamente o encargo
de depositário judicial.
Súmula 303: Em embargos de terceiro, quem deu causa à constrição indevida deve arcar com os
honorários advocatícios. (TRF5-2010) (TJSP-2014) (TRT23-2014)
OBS: Válida. Afasta-se a aplicação da referida súmula quando o embargado (exequente) opõe
resistência às pretensões do terceiro embargante, desafiando o próprio mérito dos embargos.
Nesse sentido: STJ. 1° T. AgRg no REsp 1282370/PE, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 1/3/12.
Súmula 302: É ABUSIVA a cláusula contratual de plano de saúde que LIMITA NO TEMPO a
internação hospitalar do segurado. (TJPI-2007) (TJRR-2008) (MPSP-2010) (TJPB-2011) (MPPR-2011)
(DPEMS-2012) (TRF1-2013) (TJRN-2013) (MPAC-2014) (TJSP-2013/2015) (MPAM-2015) (TJDFT-
2016) (MPRO-2017) (MPMS-2013/2018) (TJRJ-2014/2019) (MPSC-2019)
OBS: Lei 8.560/92, Art. 2o-A. “Na ação de investigação de paternidade, todos os meios legais, bem como
os moralmente legítimos, serão hábeis para provar a verdade dos fatos. (Incluído pela Lei nº 12.004, de
2009). Parágrafo único. A recusa do réu em se submeter ao exame de código genético - DNA gerará a
presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto probatório.”
(DPEAM-2013-FCC) A recusa ao exame de DNA, quando ordenado pelo juiz, gera presunção
relativa de paternidade. BL: S. 301, STJ.
OBS: Importante. Art. 231 do CC: Aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário não
poderá aproveitar-se de sua recusa.
##Atenção: Esse instrumento de confissão de dívida nada mais é do que um contrato entre as
partes, no qual se constituem ou se reconhecem obrigações.
OBS: Sobre o assunto, vejamos o seguinte julgado do STJ: “(...) O cheque prescrito serve como
instrumento de ação monitória, mesmo vencido o prazo de dois anos para a ação de enriquecimento (Lei
do Cheque, Art. 61), pois o Art. 1.102a. do CPC exige apenas "prova escrita sem eficácia de título
executivo". Dispensa-se a indicação da causa de emissão do cheque prescrito que instrui ação
monitória. Na ação monitória para cobrança de cheque prescrito, a correção monetária corre a partir da
data do respectivo vencimento”. (AgRg no Ag 666617/RS)
Súmula 298: O alongamento de dívida originada de crédito rural não constitui faculdade da
instituição financeira, mas, direito do devedor nos termos da lei.
(TJRR-2008-FCC): O CDC pode ser aplicado nas relações entre consumidores e instituições
financeiras. BL: S. 297, STJ, art. 3º, §2º do CDC e ADI 2591. (consumidor)
##Atenção: ##Jurisprud. Teses/STJ - Ed. nº 83: ##MPPI-2019: ##CESPE: Tese 04: As cooperativas
de crédito são equiparadas às instituições financeiras, aplicandose-lhes o Código de Defesa do
Consumidor, nos termos da Súmula n. 297/STJ.
Súmula 296: Os juros remuneratórios, não cumuláveis com a comissão de permanência, são devidos
no período de inadimplência, à taxa média de mercado estipulada pelo Banco Central do Brasil,
limitada ao percentual contratado. (DPEPA-2009) (TJSC-2010) (DPERS-2011) (MPRR-2012) (TRF4-
2012)
##Atenção: Válida. Vale ressaltar que, com a edição da Resolução 4.558/2017, acabou a
possibilidade de cobrança da comissão de permanência.
Súmula 295: A Taxa Referencial (TR) é indexador válido para contratos posteriores à Lei n. 8.177/91,
desde que pactuada.
Súmula 294: Não é potestativa a cláusula contratual que prevê a comissão de permanência,
calculada pela taxa média de mercado apurada pelo Banco Central do Brasil, limitada à taxa do
contrato. (SUPERADA)
##Atenção: Superada. Esta súmula pode ser aplicada para os contratos anteriores à 01/09/2017
(art. 5º da Resolução nº 4.558/2017).
Súmula 293: A cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) NÃO DESCARACTERIZA
o CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL. (MPSP-2006) (TJMG-2007/2012) (DPESE-
2012) (TRT1-2012) (TRF4-2012/2016) (ABIN-2018) (TJRJ-2019) (MPCE-2011/2020)
OBS: Importante.
Atenção: alguns autores fazem uma diferenciação entre valor residual e valor residual garantido
(VRG). Acredita o Dizer o Direito, contudo, que esta distinção não é importante para os fins desta
explicação até porque, na prática contratual, essa diferença não existe, não sendo explorada também
pelos julgados do STJ.
Exemplo: “A” celebra um contrato de leasing com a empresa "B" para arrendamento de um
veículo 0 km pelo prazo de 5 anos. Logo, “A” pagará todos os meses um valor a título de aluguel e
poderá utilizar o carro. A principal diferença em relação a uma locação comum é que “A”, ao final
do prazo do contrato, poderá pagar o valor residual (VRG) e ficar definitivamente com o
automóvel.
Pagamento do VRG de forma antecipada dentro das prestações mensais: É muito comum, na
prática, que o contrato já estabeleça que o valor residual será pago de forma antecipada nas
prestações do aluguel. Neste caso, o arrendatário, todos os meses, paga, além do aluguel, também
o valor residual de forma parcelada. Como dito, isso é extremamente frequente, especialmente no
caso de arrendamento mercantil (leasing) financeiro.
O STJ considera legítima essa prática de diluir o VRG nas prestações? SIM. A Súmula 293 acima
foi editada com o objetivo de deixar claro este entendimento do STJ sobre o tema.
OBS: O § 6° do art. 702 do CPC/2015 trata agora do tema nos seguintes termos: "§ 6° Na ação
monitória admite-se a reconvenção, sendo vedado o oferecimento de reconvenção à reconvenção."
Súmula 290: Nos planos de previdência privada, não cabe ao beneficiário a devolução da
contribuição efetuada pelo patrocinador.
Súmula 289: A restituição das parcelas pagas a plano de previdência privada deve ser objeto de
correção plena, por índice que recomponha a efetiva desvalorização da moeda.
Súmula 288: A Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) pode ser utilizada como indexador de correção
monetária nos contratos bancários.
Súmula 287: A Taxa Básica Financeira (TBF) não pode ser utilizada como indexador de correção
monetária nos contratos bancários.
(TJDFT-2007): Ainda que o devedor renegocie com o credor o contrato bancário, confessando
dívida, tal não se constitui em obstáculo à discussão sobre possíveis ilegalidades das avenças
anteriores. BL: S. 286, STJ.
Súmula 284: A purga da mora, nos contratos de alienação fiduciária, só é permitida quando já pagos
pelo menos 40% (quarenta por cento) do valor financiado. (SUPERADA)
OBS: Superada. A Lei 10931/04, em seu art. 56, alterou o art. 3º do Dec-Lei 911/67, não mais
estabelecendo o limite mínimo de 40% do valor financiado, a fim de permitir ao devedor a
purgação da mora. A despeito disso, o STJ entende que a Súmula 284 do STJ ainda é aplicada
aos contratos anteriores à Lei 10931/04. Para os contratos posteriores, a Súmula está superada.
Súmula 282: CABE a citação por edital em AÇÃO MONITÓRIA. (PFN-2007) (DPEMA-2009)
(PGEGO-2010) (TJDFT-2011) (TJRS-2012) (MPAL-2012) (DPEMG-2014) (Proc.-Câm. Munic.
Poá/SP-2016)
OBS: O § 7° do art. 100 do CPC 2015 encampou essa ideia e previu o seguinte: "§ 7° Na ação
monitória, admite-se citação por qualquer dos meios permitidos para o procedimento comum."
Súmula 281: A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa.
(TJAL-2008)
OBS: Deve-se ressaltar, no entanto, que, após a edição da presente súmula, o STF foi além e
decidiu que a íntegra da Lei de Imprensa (Lei 5.250/67) não foi recepcionada pela CF/88 (ADPF
130).
Súmula 280: O art. 35 do Decreto-Lei n° 7.661, de 1945, que estabelece a prisão administrativa, foi
revogado pelos incisos LXI e LXVII do art. 5° da Constituição Federal de 1988.
OBS: O art. 35 do DL 7661/45 estabelecia que o juiz poderia decretar a prisão administrativa do
falido caso ele descumprisse qualquer dos deveres impostos pela lei. Este dispositivo foi reputado
incompatível com a CF/88. Vale ressaltar que, depois da edição da Súmula 280-STJ (10/12/2003),
o DL 7661/45 também foi revogado pela Lei 11.101/05 (nova Lei de Falências).
OBS: A Lei 11.101/05 prevê a prisão preventiva do falido no art. 99, inciso VII.
Súmula 279: É CABÍVEL EXECUÇÃO POR TÍTULO EXTRAJUDICIAL contra a Fazenda Pública.
(TJPR-2008) (TRF4-2010) (TRT18-2012) (TJSP-2013) (TRT3-2013) (MPPR-2014) (PGEPI-2014)
(PGEAC-2014) (TJPB-2015) (TJRR-2015) (Proc./ALERJ-2017)
Súmula 278: O termo inicial do prazo prescricional, NA AÇÃO DE INDENIZAÇÃO, É a data em
que o segurado TEVE ciência inequívoca da incapacidade laboral. (TRF1-2011) (TJRR-2015)
(TJDFT-2016)
##Atenção: Lei nº 5.478/68: “Art. 4º As despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios
a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita.”
Súmula 276: As sociedades civis de prestação de serviços profissionais são isentas da Cofins,
irrelevante o regime tributário adotado. (*) CANCELADA
OBS: Cancelada em 12/11/2008. A referida isenção da Cofins foi revogada pelo art. 56 da Lei
9430/96, revogação julgada válida pelo STF e STJ.
OBS: Veja a Súmula 508 do STJ: “A isenção da Cofins concedida pelo art. 6º, II, da LC n. 70/1991 às
sociedades civis de prestação de serviços profissionais foi revogada pelo art. 56 da Lei n. 9.430/1996.”
Súmula 275: O auxiliar de farmácia não pode ser responsável técnico por farmácia ou drogaria.
Súmula 274: O ISS incide sobre o valor dos serviços de assistência médica, incluindo-se neles as
refeições, os medicamentos e as diárias hospitalares.
OBS: Exemplo: em um processo penal que tramita em Feira de Santana (BA), se for necessário
ouvir testemunhas ou interrogar o réu e eles residirem em Salvador (BA), como é praticado esse
ato processual?
1° opção: o juízo poderá inquirir essas testemunhas ou interrogar o réu por meio de
videoconferência (art. 185, § 2° e art. 222, § 3° do CPP);
2° opção: o juízo poderá expedir uma carta precatória para que as testemunhas ou o réu sejam
ouvidos no local em que residem pelo juízo de lá.
Suponhamos que o juízo de Feira de Santana (BA) expediu uma carta precatória para que o juízo
de Salvador (BA) ouvisse uma testemunha que lá reside. O despacho determinando a expedição
da carta precatória foi proferido em 02/03/12, tendo sido a defesa e o MP intimados sobre isso.
Caso a defesa não tivesse sido intimada da expedição da carta precatória, haveria nulidade? SIM.
No entanto, trata-se de nulidade relativa. Veja o que diz o STF:
Súmula 155-STF: É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da
expedição de precatória para inquirição de testemunha.
Chegando a carta no juízo de Salvador (BA), chamado de juízo deprecado, foi designada
audiência para oitiva da testemunha no dia 02/06/2012.
A defesa precisará ser intimada da data da audiência no juízo deprecado? NÃO. Este é o teor da
Súmula 273-STJ.
Exceção à Súmula 273-STJ: se o réu for assistido pela Defensoria Pública e, na sede do juízo
deprecado, a Instituição estiver instalada e estruturada, será obrigatória a intimação da
Defensoria acerca do dia do ato processual designado, sob pena de nulidade. Nesse sentido:
(...) 1.Jurisprudência consolidada do STF - e na mesma linha a do STJ -, no sentido de que,
intimadas as partes da expedição da precatória, a elas cabe o respectivo acompanhamento,
sendo desnecessária a intimação da data designada para a audiência no Juízo deprecado. 2.
Mitigação desse entendimento em relação à Defensoria Pública. As condições da
Defensoria são variadas em cada Estado da Federação. Por vezes, não estão
adequadamente estruturadas, com centenas de assistidos para poucos defensores, e, em
especial, sem condições de acompanhar a prática de atos em locais distantes da sede do
Juízo. Expedida precatória para localidade na qual existe Defensoria Pública estruturada,
deve a instituição ser intimada da audiência designada para nela comparecer e defender
o acusado necessitado. Não se justifica, a nomeação de defensor dativo, quando há
instituição criada e habilitada à defesa do hipossuficiente. Nulidade reconhecida. (...)
STF. 1° T. RHC 106394, Rel. Min. Rosa Weber, j. 30/10/12.
(TJDFT-2007): Expedida carta precatória para oitiva de testemunhas da acusação, foram intimadas
as partes, bem como o MP e a defesa técnica. As testemunhas foram ouvidas pelo juízo deprecado,
sem que este tenha feito qualquer intimação da data e horário da respectiva audiência. Na
ausência do advogado do acusado, designou o juízo deprecado defensor dativo, que assistiu a
oitiva das testemunhas. Juntada a precatória aos autos, proferiu o juiz sentença, condenando o
réu. Este, no recurso de apelação, levantou preliminar de nulidade do processo, em razão da falta
de intimação pelo juízo deprecado da data e horário da audiência de oitiva das testemunhas. Esta
preliminar de nulidade deve ser rejeitada, porque o que a lei exige é a intimação da expedição da
carta precatória para oitiva das testemunhas, não da data e horário em que se realizarão as
audiências no juízo deprecado. BL: S. 273, STJ.
27
Súmula 155-STF: É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da expedição de
precatória para inquirição de testemunha.
Súmula 272: O trabalhador rural, na condição de segurado especial, sujeito à contribuição obrigatória
sobre a produção rural comercializada, somente faz jus à aposentadoria por tempo de serviço, se
recolher contribuições facultativas. (MPES-2010)
Súmula 271: A correção monetária dos depósitos judiciais independe de ação específica contra o
banco depositário.
OBS: Cumpre ressaltar que a discussão quanto à remuneração dos depósitos judiciais deve ser
feita na própria demanda, ou seja, não é necessário que a parte ajuíze uma nova ação (ação
autônoma) contra o banco depositário para receber a quantia. É o teor da Súmula 271 do STJ.
Súmula 270: O protesto pela preferência de crédito, apresentado por ente federal em execução que
TRAMITA na Justiça Estadual, NÃO DESLOCA a competência para a Justiça Federal. (TRF5-2011)
(TJAM-2016)
(MPRO-2008-CESPE): Não pode ser deslocada para a justiça federal a competência relativa a
medida judicial que envolva protesto pela preferência do crédito, quando apresentado por
autarquia federal, em execução que tramita na justiça estadual. BL: S. 270, STJ.
Súmula 268: O fiador que NÃO INTEGROU a relação processual NA AÇÃO DE DESPEJO NÃO
RESPONDE pela execução do julgado. (AGU-2009) (TJGO-2012) (TJMS-2012) (TJDFT-2014)
Súmula 267: A interposição de recurso, sem efeito suspensivo, contra decisão condenatória não
obsta a expedição de mandado de prisão. (TJMG-2008)
OBS: Válida. Nos livros consta como superada. No entanto, ela voltou a vigorar com a decisão do
STF permitindo a execução provisória da pena.
Imagine a seguinte situação hipotética: João foi condenado em 1ª instância a uma pena de 8 anos
de reclusão. Suponhamos que o réu tenha respondido o processo em liberdade e na sentença o juiz
não apontou nenhum motivo que justifique a prisão preventiva. A defesa interpõe apelação contra
esta sentença. A apelação possui efeito suspensivo (art. 597 do CPP). Isso significa que a execução
da pena fica suspensa enquanto não for julgado este recurso. Em outras palavras, durante o
período em que aguarda o resultado a apelação, João não precisará iniciar o cumprimento da
pena. O Tribunal, ao julgar a apelação, manteve a condenação. Contra esse acórdão, João interpôs,
simultaneamente, recurso especial e extraordinário.
João, que passou todo o processo em liberdade, deverá aguardar o julgamento dos recursos
especial e extraordinário preso? É possível executar provisoriamente a condenação enquanto se
aguarda o julgamento dos recursos especial e extraordinário? SIM. Se o condenado está
aguardando apenas o julgamento dos recursos especial e extraordinário, ele já deverá iniciar o
cumprimento provisório da pena. Isso porque os arts. 995 e 1.029, § 5º, do CPC/15 preveem que,
em regra, os recursos especial e extraordinário não possuem efeito suspensivo. São recursos que
apresentam efeito meramente devolutivo. Apesar de estar prevista no CPC, esta regra vale
também para processos criminais.
Assim, se um acórdão é impugnado por recursos especial e extraordinário, esse acórdão deverá
ser cumprido imediatamente. É justamente isso que a súmula quer dizer:
- a interposição de recurso sem efeito suspensivo (exs: recursos especial e
extraordinário),
- contra decisão condenatória (ex: acórdão do TJ condenando o réu a 8 anos
de reclusão)
- não obsta a expedição de mandado de prisão para que seja iniciado o
cumprimento da pena.
Curiosidade: A Súmula 267-STJ foi editada em 22/05/02. Nesta época, o STF admitia a execução
provisória da pena enquanto o réu estava aguardando os recursos especial e extraordinário que
ele havia interposto. Por isso, ele podia ser imediatamente preso.
Ocorre que, em 2009, isso mudou. O STF proferiu decisão afirmando que, mesmo se o réu
condenado estivesse aguardando apenas o julgamento de recursos sem efeito suspensivo
(recursos especial e extraordinário), ainda assim ele deveria ficar em liberdade por força do
princípio da presunção de inocência (HC 84078, Rel. Min. Eros Grau, j. 05/02/09). Em outras
palavras, o STF proibiu, em 2009, a execução provisória da pena.
Com isso, a partir de 2009, a Súmula 267-STJ perdeu sua validade e deixou de ser aplicada porque
estava contrária ao entendimento do Pretório Excelso. Em 2016, o cenário é alterado novamente. O
STF volta atrás e passa a decidir que é possível sim e passa a permitir que o condenado que se
encontra aguardando apenas os recursos especial e extraordinário inicie o cumprimento
provisório da pena (STF. Plenário. HC 126292/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
17/02/2016. Info 814). Em outras palavras, o condenado terá que aguardar preso o resultado do
julgamento desses recursos que não têm efeito suspensivo. Assim, a súmula 267-STJ voltou a ser
válida.
Resumindo:
22/05/2002: é editada a Súmula 267STJ;
05/02/2009: a Súmula 267-STJ deixou de ser válida com o julgamento do HC 84078 (STF);
17/02/2016: a Súmula 267-STJ volta a ter fundamento de validade com a decisão do HC
126292/SP (STF).
Obs: não é necessário que você saiba os detalhes da evolução desta súmula.
Súmula 266: O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não
na inscrição para o concurso público.
OBS: A Súmula 266-STJ não se aplica para concursos da magistratura e MP. A comprovação do
triênio de atividade jurídica exigida para o ingresso no cargo de juiz ou membro do MP deve
ocorrer no momento da inscrição definitiva no concurso público. Nesse sentido, STF, Plenário RE
655265/DF, rel. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin. j. 13/4/16 (repercussão
geral) (Info 821).
OBS: Vale ressaltar que também existem alguns julgados do STF admitindo que a lei e o edital
exijam os requisitos para o cargo no momento da inscrição. Nesse sentido:
O STF possui jurisprudência no sentido de que o limite de idade, quando
regularmente fixado em lei e no edital de determinado concurso público, há de ser
comprovado no momento da inscrição do certame (STF, 1ª T. ARE 840592 AgR, Rel.
Min. Roberto Barroso, j. 23/06/2015).
OBS: A regressão de medida socioeducativa importa na substituição de uma medida por outra de
abrangência pedagógica mais ampla, ou, em outras palavras, em outra medida mais severa. Para
que isso seja possível, é necessária a prévia oitiva do adolescente, garantindo-lhe a ampla defesa e
o contraditório.
(TJPA-2019-CESPE): Aos dezesseis anos de idade, João praticou ato infracional análogo ao crime
de roubo e, em razão disso, foi-lhe aplicada a medida socioeducativa de internação. Após alguns
meses de internação, houve a progressão de João para o regime de semiliberdade, mas ele, fora da
unidade de internação, deixou de cumprir as obrigações desse regime e não foi mais localizado,
embora tenha sido procurado pelo juízo competente em todos os endereços existentes nos autos.
Um ano depois, quando João estava com dezessete anos de idade, o Ministério Público requereu
nos autos que fossem decretadas a busca e apreensão do adolescente e a regressão dele para
regime mais rigoroso. Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta, de acordo
com a jurisprudência do STJ: O pedido de busca e apreensão de João não ofende o princípio da
presunção de inocência; se deferido esse pedido e apreendido o menor, deverá ser feita a sua
oitiva antes da decretação de regressão do regime de cumprimento da medida socioeducativa. BL:
S. 265, STJ e art. 43, §4º da Lei 12.594/12.28
(TJDFT-2012): Será sempre necessária a prévia oitiva do adolescente para que seja decretada a
regressão de medida socioeducativa. BL: S. 265, STJ e art. 43, §4º da Lei 12.594/12.
Súmula 264: É irrecorrível o ato judicial que apenas manda processar a concordata preventiva.
OBS: Vide Súmula 293 do STJ: “A cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) não
descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil”.
Súmula 262: Incide o imposto de renda sobre o resultado das aplicações financeiras realizadas pelas
cooperativas.
Súmula 260: A convenção de condomínio aprovada, ainda que sem registro, é eficaz para regular as
relações entre os condôminos.
Súmula 259: A AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS PODE SER PROPOSTA pelo titular de
conta-corrente bancária. (MPRO-2008) (PGEMT-2011) (TJSC-2019)
OBS: O CPC/15 alterou o nome desta ação que agora se chama “ação de exigir contas” (art. 550).
28
Art. 43, § 4º da Lei 12.594/2012 - A substituição por medida mais gravosa somente ocorrerá em situações
excepcionais, após o devido processo legal, inclusive na hipótese do inciso III do art. 122 da Lei nº 8.069, de
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e deve ser: I - fundamentada em parecer
técnico; II - precedida de prévia audiência, e nos termos do § 1º do art. 42 desta Lei.
Súmula 258: A NOTA PROMISSÓRIA VINCULADA a contrato de abertura de crédito NÃO
GOZA de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou. (TJPR-2008) (TJMS-2008)
(DPEMG-2009) (DPESP-2010) (TJSC-2010) (TJRO-2011) (PGEMT-2011) (PGEPA-2011) (TJMG-
2009/2012) (MPPI-2012) (TJSP-2013) (TJMA-2013) (DPEDF-2013) (Cartórios/TJBA-2013) (AGU-2013)
(MPSP-2006/2008/2015) (TJDFT-2012/2015) (DPEPE-2015) (TRF5-2015) (TRF3-2016) (MPCE-2020)
##Atenção: Considerando que a nota promissória não circulou, é possível a discussão da causa
debendi entre o devedor e o credor originário, daí a inexigibilidade. Em essência, a nota
promissória não é um título causal. Todavia, quando vinculada a um contrato, e desde que isso
conste de forma expressa da cártula, passa a ser um título causal, despida da autonomia inerente
aos títulos, já que o terceiro, ao receber essa nota, saberá da vinculação ao contrato (negócio
jurídico subjacente).
(TRF4-2010): Os títulos de crédito são documentos que representam obrigação pecuniária. Um dos
mais conhecidos é a nota promissória, que constitui uma promessa de pagamento que uma pessoa
faz a outra. Dadas as assertivas abaixo sobre nota promissória, assinale a alternativa correta:
Conquanto a nota promissória de regra tenha autonomia, quando vinculada a contrato de
abertura de crédito ela perde esse atributo, em razão da iliquidez do título que a originou. BL: S.
258, STJ.
##Atenção: A nota promissória, quando vinculada a contrato de abertura, não possui autonomia
e, portanto, não é considerada como título de crédito. Esse entendimento resta consolidado na S.
258 do STJ.
(DPECE-2008-CESPE): Acerca dos títulos de crédito, julgue o item seguinte: Considere que, ao
celebrar contrato de abertura de crédito com certa instituição bancária, Raul tenha emitido notas
promissórias vinculadas ao referido contrato. Nessa situação, as notas promissórias estão
desprovidas de autonomia. BL: S. 258, STJ.
(TJMG-2006): Uma nota promissória emitida em branco por sociedade empresária, em garantia de
aporte de crédito bancário de R$ 50.000,00 em sua conta corrente, destinado a capital de giro, em
cujo contrato se estipularam juros remuneratórios de 3% ao mês, correção monetária pela TR, e
para o período da mora os mesmos juros remuneratórios acrescidos de multa de l0% e juros
moratórios de 2% ao mês: admite execução acompanhada do contrato, após preenchida pelo
credor, porque é possível mera operação aritmética para decote de eventual excesso de encargos
que estejam inseridos em seu valor, o que não afasta sua liquidez.
##Atenção: Na verdade, a questão não trata de contrato de abertura de crédito. Por isso, não se
aplica a Súmula 258 do STJ. Veja-se o julgado abaixo:
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE NOTA
PROMISSÓRIA. RAZÕES RECURSAIS QUE CONTRARIAM AS PREMISSAS FÁTICAS
DO ACÓRDÃO. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ. TÍTULO EXECUTIVO.
CONTRATO DE REPASSE DE EMPRÉSTIMO EXTERNO. INAPLICABILIDADE DA
SÚMULA 258/STJ. (...). 2. As notas promissórias, ainda que desacompanhadas do contrato
subjacente, prestam-se como títulos hábeis a ensejar execução. 3. O fato de ser a dívida
eventualmente acrescida de encargos, ou diminuída de amortizações, cujo valor final é
suscetível de ser demonstrado mediante operação aritmética, não torna ilíquido o débito
representado pela nota promissória. 4. O Contrato de Repasse de Empréstimo Externo não
se equipara ao contrato de abertura de crédito, porque neste último a instituição
financeira coloca à disposição do cliente, um certo numerário, conferindo-lhe a
faculdade de fazer ou não o uso da quantia, de acordo com suas necessidades, enquanto
naquele, o valores pactuados, tomados de instituição financeira estrangeira por
intermédio de banco nacional, são efetivamente entregues ao cliente, que o saldará com
os juros e encargos contratados previamente. Inaplicável ao caso, portanto, a Súmula
258/STJ. (STJ. 3ª T., AgRg no REsp 702.884/SP, Rel. Min. Vasco Della Giustina (Des. Conv.
TJ/RS), j. 26/04/11).
Súmula 257: A falta de pagamento do prêmio do seguro obrigatório de Danos Pessoais Causados
por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) não é motivo para a recusa do pagamento da
indenização. (TJPR-2014)
Súmula 256: O sistema de "protocolo integrado" não se aplica aos recursos dirigidos ao Superior
Tribunal de Justiça. (*) CANCELADA
OBS: O sistema do “protocolo integrado”, atualmente, é admitido aos recursos dirigidos ao STJ.
Entendeu-se que a Lei 10.352/01 alterou o parágrafo único do art. 547 do CPC visando a permitir
que, em todos os recursos, não só no agravo de instrumento – art. 525, §2º do CPC –, pudesse a
parte interpor sua irresignação por meio do protocolo integrado (STJ, AgRg no Ag 792.846-SP, j.
21/5/2008).
Súmula 255: Cabem embargos infringentes contra acórdão, proferido por maioria, em agravo retido,
quando se tratar de matéria de mérito. (SUPERADA)
Súmula 254: A decisão do Juízo Federal que EXCLUI da relação processual ENTE FEDERAL NÃO
PODE SER reexaminada no Juízo Estadual. (TRF4-2010) (TRF5-2011) (TJPI-2012) (Cartórios/TJES-
2013) (TJDFT-2014) (MPMG-2014) (TRF2-2014)
OBS: A decisão do Juízo Federal que exclui da relação processual ente federal não pode ser
reexaminada no Juízo Estadual porque a competência para decidir se há interesse jurídico do ente
federal permanecer na lide é da Justiça Federal por força de previsão constitucional (art. 109, I, do
CF/88).
Súmula 253: O art. 557 do CPC [atual art. 932, III e IV do CPC/15], que AUTORIZA o relator a
decidir o recurso, ALCANÇA o REEXAME NECESSÁRIO. (MPPB-2010) (PGEGO-2010) (TRF3-
2011) (TJDFT-2012) (DPEPR-2012) (TRT18-2012) (PGM-São Paulo/SP-2014) (PGM-São José do Rio
Preto/SP-2014) (TRT2-2016)
OBS: Onde se lê art. 557, leia-se agora art. 932, III e IV do CPC de 2015.
Art. 932. Incumbe ao relator: (...)
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha
impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida;
IV - negar provimento a recurso que for contrário a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do
próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de
Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
Súmula 252: Os saldos das contas do FGTS, pela legislação infraconstitucional, são corrigidos em
42,72% (IPC) quanto às perdas de janeiro de 1989 e 44,80% (IPC) quanto às de abril de 1990,
acolhidos pelo STJ os índices de 18,02% (LBC) quanto as perdas de junho de 1987, de 5,38% (BTN)
para maio de 1990 e 7,00%(TR) para fevereiro de 1991, de acordo com o entendimento do STF (RE
226.855-7-RS).
Súmula 251: A MEAÇÃO SÓ RESPONDE pelo ato ilícito quando o credor, na execução fiscal,
PROVAR que o ENRIQUECIMENTO dele resultante APROVEITOU ao casal. (MPRN-2009)
(PFN-2015)
(TJRS-2012): A meação do cônjuge somente responde pelo ilícito fiscal quando o credor, na
execução fiscal, provar que o enriquecimento dele resultante aproveitou ao casal. BL: S. 251, STJ.
Súmula 249: A Caixa Econômica Federal tem legitimidade passiva para integrar processo em que se
discute correção monetária do FGTS.
Súmula 248: COMPROVADA a prestação dos serviços, a duplicata não aceita, mas protestada, É
TÍTULO HÁBIL para instruir PEDIDO DE FALÊNCIA. (TJDFT-2007) (TJMG-2008) (TRF1-2011)
(Cartórios/TJMG-2017) (Proc./ALERJ-2017)
##Atenção: Para o pedido de falência com base na impontualidade é necessário que a soma seja
superior a 40 salários-mínimos na data do pedido de falência. A propósito, os credores poderão
reunir-se em litisconsórcio a fim de perfazer o limite mínimo de 40 salários-mínimos (art. 94, §1º,
LRF), porém, no caso apresentado, há um único credor. A questão do concurso é do ano de 2019,
quando o valor do salário-mínimo era de R$ 998,00, o qual multiplicado por 40 vezes, totaliza a
quantia de R$ 39.920,00. Assim, o valor do título deveria ser superior R$ 39.920,00. Portanto, o
título não poderia ser utilizado para o pedido de falência com base na impontualidade. Todavia, o
credor poderia ajuizar uma execução, e restando frustrada, poderia pedir a falência com base no
art. 94, II da LRF.
(TJMG-2005): Distribuidora de Bebidas São José Ltda., na data de 01.06.02, adquiriu 200 caixas de
garrafas de vinho tinto de Cia. de Bebidas Belo Vale, estabelecida em Florianópolis/SC, para
vendas em seu estabelecimento local, durante o Festival de Inverno de Ouro Preto/MG. O negócio
foi faturado para pagamento em duas duplicatas, vencíveis em 30 e 60 dias. A mercadoria foi
entregue em 05.06.02, sendo o conhecimento de transporte assinado pelo porteiro da
distribuidora. As duplicatas, apresentadas para aceite, foram retidas pela distribuidora. Marque a
alternativa CORRETA: O protesto por falta de pagamento da triplicata autoriza a ação de falência
pelo sacador. BL: S. 248, STJ c/c art. 94, I da Lei 11.101/05.
Súmula 246: O valor do seguro obrigatório DEVE SER DEDUZIDO da indenização judicialmente
fixada. (TJMT-2009) (TRF4-2009) (TRF5-2009) (TJPR-2014) (MPMS-2015)
Súmula 245: A NOTIFICAÇÃO destinada a comprovar a mora nas dívidas garantidas por
alienação fiduciária DISPENSA a indicação do valor do débito. (MPSP-2006/2008) (TJAP-2008)
(Cartórios/TJSP-2011/2012) (TRF4-2012) (TJSC-2013) (TJCE-2014)
Súmula 244: Compete ao foro do local da RECUSA processar e julgar o crime de estelionato
mediante cheque sem provisão de FUNDOS. (SUPERADA)
##Atenção: Superada.
A Súmula 244 do STJ encontra-se superada pela Lei nº 14.155/2021, que inseriu o § 4º ao art. 70 do
CPP com a seguinte redação:
Art. 70. (...)
§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal), quando praticados mediante depósito, mediante emissão de cheques sem
suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou
mediante transferência de valores, a competência será definida pelo local do domicílio da
vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção.
Vamos entender melhor com a seguinte situação hipotética: Pedro, domiciliado no Rio de Janeiro
(RJ), foi passar o fim de semana em Juiz de Fora (MG). Aproveitando que estava ali, ele foi até
uma loja da cidade e comprou inúmeras roupas de marca, que totalizaram R$ 4 mil. As
mercadorias foram pagas com um cheque de titularidade de Pedro. Vale ressaltar, no entanto, que
Pedro sabia que em sua bancária havia apenas R$ 200,00, ou seja, que não havia fundos suficientes
disponíveis. Ele agiu assim porque supôs que não teriam como responsabilizá-lo já que não
morava ali.
Qual foi o crime cometido por Pedro? Estelionato, no entanto, na figura equiparada do art. 171, §
2º, VI, do CP:
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.
(...)
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o
pagamento.
O cheque emitido por Pedro estava vinculado a uma agência bancária que se situa no Rio de
Janeiro (RJ). Tendo isso em consideração, indaga-se: de quem será a competência territorial para
julgar o delito? Aqui houve uma grande alteração promovida pela Lei nº 14.155/2021:
Antes da Lei: a competência para julgar seria do juízo do Rio de Janeiro (RJ), local onde se
situa a agência bancária que recusou o pagamento. Na teoria, o “dinheiro” que iria pagar
a loja sairia da agência bancária na qual Pedro tinha conta, ou seja, no Rio de Janeiro.
Quando a loja foi tentar sacar o cheque, lá em Juiz de Fora (MG), na teoria, a agência
bancária localizada no RJ recusou o pagamento porque informou que ali não havia saldo
suficiente. Nessas situações, a jurisprudência afirmava que a competência territorial era
do local onde se situava a agência que recusou o pagamento. É o que diziam as Súmulas
244 do STJ e 521 do STF.
Depois da Lei: a competência passou a ser do local do domicílio da vítima, ou seja, do
juízo de Juiz de Fora (MG). É o que prevê o novo § 4º do art. 70. Isso significa que a
Súmula 244 do STJ e a Súmula 521 do STF estão superadas.
(MPPR-2019): Sobre o posicionamento sumular firmado pelo STJ, quanto ao tema da suspensão
condicional do processo, analise as assertivas abaixo e assinale a correta: O benefício da suspensão
do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material,
concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório,
seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de (01) ano. BL: S. 243, STJ.
(TRF2-2018-IBFC): Para o STJ, não cabe a suspensão condicional do processo para as infrações
penais cometidas em concurso material ou em concurso formal, quando a pena mínima cominada
ultrapassar um ano em razão do somatório ou da fração incidente. BL: S. 243, STJ.
Súmula 242: CABE AÇÃO DECLARATÓRIA para reconhecimento de tempo de serviço para fins
previdenciários. (TCERO-2010) (TJDFT-2011) (TRF2-2011) (TJPR-2014)
Súmula 241: A reincidência penal NÃO PODE SER CONSIDERADA como circunstância
agravante e, SIMULTANEAMENTE, como circunstância judicial. (MPSP-2005/2006) (TJPE-2011)
(MPCE-2011) (TJAL-2015) (MPMS-2015) (TJRS-2016) (TJSP-2017) (TJBA-2019) (TJMS-2010/2020)
Súmula 240: A extinção do processo, por abandono da causa pelo autor, DEPENDE de
requerimento do réu. (MPPE-2008) (AGU-2009) (TRF4-2010) (PGEGO-2010) (TJDFT-2011) (TJPR-
2013) (DPETO-2013) (MPPR-2014) (MPAC-2014)
(TJSE-2015-FCC): G propôs ação contra J mas deixou de promover os atos e diligências que lhe
competiam, abandonando a causa por mais de 30 dias. De acordo com o CPC e com a
jurisprudência dominante do STJ, a extinção do processo, sem resolução do mérito e depende de
requerimento do réu. BL: S. 240, STJ.
OBS: Importante. A regra da súmula foi agora prevista expressamente no novo CPC: “Art. 485
(...) § 6° Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de
requerimento do réu.”
OBS: O compromisso de compra e venda pode ou não ser registrado no cartório de registro de
imóveis. Se a promessa não for registrada no cartório, ainda assim o promissário comprador
poderá ajuizar ação de adjudicação compulsória? SIM. O registro do compromisso de compra e
venda não é condição para o ajuizamento da ação de adjudicação compulsória. Mesmo sem o
registro, é possível a adjudicação compulsória.
OBS: Enunciado 95, Jornadas de Direito Civil do CJF – Art. 1.418: O direito à adjudicação
compulsória (art. 1.418 do novo Código Civil), quando exercido em face do promitente vendedor,
não se condiciona ao registro da promessa de compra e venda no cartório de registro imobiliário
(Súmula n. 239 do STJ).
Súmula 237: Nas operações com cartão de crédito, os encargos relativos ao financiamento não são
considerados no cálculo do ICMS.
Súmula 235: A CONEXÃO NÃO DETERMINA a reunião dos processos, se um deles já foi
julgado. (MPGO-2012) (MPMT-2012) (TJGO-2012) (DPEAC-2012) (DPESE-2012) (MPF-2012)
(TJMA-2013) (TJPE-2013) (DPEAM-2013) (Cartórios/TJES-2013) (TJDFT-2014) (PGEPI-2014) (Anal.
Judic./TRF4-2014) (TJPB-2015) (TRT2-2012/2015) (MPMG-2012/2019) (TJAL-2019)
OBS: Isso foi agora previsto expressamente no §1º do art. 55 do NCPC: “§1º. Os processos de ações
conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado”.
OBS: Primeiramente, cumpre ressaltar que o STF possui entendimento firmado no sentido de
assegurar a constitucionalidade da atribuição do MP para promover, por autoridade própria e
por prazo razoável, investigações de natureza penal. Por outro lado, consoante entendimento
firmado pelo STJ, a participação de membro do Parquet, na fase investigatória criminal, não
acarreta o seu impedimento ou a sua suspeição para o oferecimento da denúncia. É consolidado
nos tribunais superiores o entendimento de que a atuação de promotores auxiliares ou de grupos
especializados não ofende o princípio do promotor natural, uma vez que, nessa hipótese, amplia-
se a capacidade de investigação, de modo a otimizar os procedimentos necessários à formação da
opinio delicti do Parquet. No caso, o oferecimento da denúncia por promotores de grupo
especializado de investigação não ofende o princípio do promotor natural, tampouco nulifica a
ação penal em curso. Nesse sentido, os seguintes julgados do STF: ADI 4618, Rel. Min. Cármen
Lúcia, Tribunal Pleno, j. 1/8/18; e RE 593727, Rel. Min. Cezar Peluso, Rel. p/ Ac. Min. Gilmar
Mendes, Tribunal Pleno, j. 14/5/15.
##Atenção: O contrato de abertura de crédito rotativo, ainda que acompanhado dos extratos
relativos à movimentação bancária do cliente, não constitui título executivo. Aplica-se a Súmula
233 do STJ. STJ. 4ª Turma. REsp 1.022.034-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 12/3/13.
OBS: Importante.
O STJ já assentou, em sede de recurso especial, julgado sob o rito repetitivo, que “ descabe o
adiantamento dos honorários periciais pelo autor da ação civil pública, conforme disciplina o
art. 18 da Lei 7.347/85, sendo que o encargo financeiro para a realização da prova pericial deve
recair sobre a Fazenda Pública a que o Ministério Público estiver vinculado, por meio da
aplicação analógica da Súmula 232/STJ'” (REsp 1.253.844-SC, 1ª Seção, DJe 17/10/2013).
(MPPI-2019-CESPE): Julgue o seguinte item, acerca de ação civil pública: O STJ firmou
entendimento de que, em ação civil pública promovida pelo Ministério Público, o adiantamento
dos honorários periciais ficará a cargo da Fazenda Pública a qual está vinculado o parquet. BL: art.
18, LACP e jurisprud. e S. 232 do STJ.
(MPMG-2017): A responsabilidade pelas despesas na ação civil pública é disciplinada pelo artigo
18 da Lei 7.347/85, que estabelece, verbis: “Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de
custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação
autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais”. Assinale a
alternativa correta: Atuando no polo ativo da ação civil pública, o Ministério Público não é
responsável pelo pagamento de honorários periciais, os quais devem ser suportados pela Fazenda
Pública. BL: art. 18, LACP e jurisprud. e S. 232 do STJ.
OBS: Importante.
A confissão espontânea pode servir de fundamento para a redução da pena-base abaixo do grau
mínimo previsto em lei (Juiz Federal TRF2 2013)? NÃO. A confissão é uma atenuante (art. 65, III,
“d” do CP) e, segundo entendimento sumulado do STJ, as atenuantes não podem reduzir a pena
do réu abaixo do mínimo legal.
##Atenção: Para sintetizar o raciocínio acerca das penas, do método de aplicação: Artigo 68 - "A
pena será fixada atendendo-se ao critério do artigo 59 desde Código; em seguida serão
consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último as causas de diminuição e de
aumento.
1- Pena-base - artigo 59 do Código Penal: elementos de análise: culpabilidade, antecedentes,
conduta social, personalidade, motivos, circunstâncias e consequências do crimes, bem como o
comportamento da vítima + reprovação e prevenção do crime (prevenção geral positiva e
negativa, e prevenção especial negativa e positiva).
2 - Atenuantes e agravantes - Pode haver, nesta fase, estabelecimento de pena acima do máximo,
ou abaixo do mínimo legal previsto para o crime? Não. Enunciado 231 da Súmula do STJ;
3 - Causas de diminuição e de aumento de pena: Pode haver, nesta fase, estabelecimento de pena
acima do máximo, ou abaixo do mínimo legal previsto para o crime? Sim. (Fonte: Qconcursos).
(TJRN-2013-CESPE): Acerca da aplicação da pena, dos regimes prisionais, dos tipos de penas e
dos efeitos da condenação, assinale a opção correta: A confissão não pode ser considerada pelo
juiz como circunstância atenuante se sua consideração ensejar fixação da pena abaixo do mínimo
legal. BL: S. 231, STJ.
Súmula 230: Compete à Justiça Estadual processar e julgar ação movida por trabalhador avulso
portuário, em que se impugna ato do órgão gestor de mão-de-obra de que resulte óbice ao exercício
de sua profissão.(*) CANCELADA
(TJSP-2017-VUNESP): Pedro celebra contrato de seguro, com cobertura para invalidez total e
permanente. Em 20 de outubro de 2008, é vítima de acidente. Fica hospitalizado e passa por longo
tratamento médico. Cientificado em 20 de julho de 2010 de que é portador de incapacidade total e
permanente, formula pedido administrativo de pagamento da indenização securitária em 20 de
novembro de 2010. A seguradora alega que não há cobertura e, em 20 de setembro de 2011,
formaliza a recusa ao pagamento da indenização, cientificando o segurado. Inconformado, Pedro
propõe ação de cobrança de indenização securitária em 20 de janeiro de 2012. Assinale a
alternativa correta: A ação deve ter prosseguimento, uma vez que o prazo para propositura teve
início no momento em que Pedro teve ciência da incapacidade, que o prazo foi suspenso com a
formulação do pedido administrativo e voltou a fluir com a cientificação da recusa da seguradora,
e que na relação entre segurado e seguradora o prazo para a propositura é de 1 ano, conforme
dispõe o artigo 206, § 1°, inciso II, “b”, do Código Civil. BL: art. 206, §1º, II, “b”, CC/02 c/c S. 229,
STJ.
Súmula 228: É inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral. (TJPA-2012)
(TJAC-2012) (Cartórios/TJPE-2013) (TRF5-2015)
(TJSP-2015-VUNESP): Os direitos autorais não podem ser objeto de proteção por meio de
interdito proibitório, dada a impossibilidade do exercício da posse sobre coisas incorpóreas. BL: S.
228, STJ.
Súmula 227: A pessoa jurídica PODE SOFRER dano moral. (MPPB-2011) (DPERS-2011) (TRF3-
2011) (TJRS-2012) (MPPI-2012) (TJDFT-2011/2014) (TJPB-2015) (MPMS-2015) (PGEPR-2015) (MPF-
2017) (MPPR-2019) (PGM-Boa Vista/RR-2019)
OBS: Segundo o STJ, a pessoa jurídica pode sofrer dano moral, desde que haja ofensa à sua honra
objetiva, ou seja, ao conceito de que goza no meio social (REsp 1298689/RS, j. 09/04/13).
OBS: A pessoa jurídica de direito público não tem direito à indenização por danos morais
relacionados à violação da honra ou da imagem. Não é possível pessoa jurídica de direito público
pleitear, contra particular, indenização por dano moral relacionado à violação da honra ou da
imagem (STJ, REsp 1.258.389/PB, j. 17/12/13).
(MPMG-2017): Assinale a alternativa correta: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral, desde que
abalado o conceito social pelo ato ilícito. BL: S. 227, STJ.
(TJSP-2015-VUNESP): A pessoa jurídica de direito público não tem direito à indenização por
dano moral. BL: S. 227, STJ e Info 534, STJ.
##Atenção: Em que pese existir a previsão da Súmula 227 do STJ (A pessoa jurídica pode sofrer
dano moral), existem precedentes indicando a impossibilidade nos casos envolvendo pessoas
jurídicas de direito público como no REsp 1.258.389-PB, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 17/12/13
(Info 534).
Súmula 226: O Ministério Público TEM LEGITIMIDADE PARA RECORRER na ação de acidente
do trabalho, AINDA QUE o segurado ESTEJA ASSISTIDO por advogado. (TJSE-2008) (MPCE-
2009) (MPPI-2012) (MPBA-2018) (MPMT-2019)
Súmula 225: Compete ao Tribunal Regional do Trabalho apreciar recurso contra sentença proferida
por órgão de primeiro grau da Justiça Trabalhista, ainda que para declarar-lhe a nulidade em virtude
de incompetência.
Súmula 224: Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Estadual a declinar da
competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar conflito. (AGU-2004) (TJPI-2012)
(MPMT-2012) (MPF-2012) (Cartórios/TJES-2013) (MPMG-2014) (TRF2-2014)
OBS: Agora está expresso no §3º do art. 45, NCPC: “§3º. O juízo federal restituirá os autos ao juízo
estadual sem suscitar conflito se o ente federal cuja presença ensejou a remessa for excluído do processo”.
(MPF-2008): Assinale a alternativa correta: O juiz federal deve simplesmente restituir os autos ao
juízo estadual, e não suscitar conflito de competência, se concluir no sentido da exclusão do
processo do ente federal cuja presença motivara o juiz estadual a declinar da competência. BL: S.
224, STJ.
Súmula 223: A certidão de intimação do acórdão recorrido constitui peça obrigatória do instrumento
de agravo.
OBS: Válida. Ressalte-se, no entanto, que, com o CPC/15, a certidão de intimação pode ser
substituída por qualquer outro “documento oficial que comprove a tempestividade” (art. 1017, I).
No mesmo sentido, o STJ entende que a ausência da cópia da certidão de intimação da decisão
agravada não será óbice (empecilho) ao conhecimento do agravo de instrumento se, por outros
meios inequívocos, for possível aferir a tempestividade do recurso (STJ. 2ª Seção. REsp 1.409.357-
SC, Rel. Min. Sidnei Beneti, j. 14/5/2014. Recurso repetitivo. Info 541).
Súmula 222: Compete à Justiça Comum processar e julgar as ações relativas à contribuição sindical
prevista no art. 578 da CLT. (SUPERADA)
OBS: Enunciado 587 do CJF: O dano à imagem restará configurado quando presente a utilização
indevida desse bem jurídico, independentemente da concomitante lesão a outro direito da
personalidade, sendo dispensável a prova do prejuízo do lesado ou do lucro do ofensor para a
caracterização do referido dano, por se tratar de modalidade de dano in re ipsa.
OBS: Importante. Este Enunciado não se aplica exclusivamente à imprensa escrita, abrangendo
também outros veículos de imprensa, como rádio e televisão (REsp 1138138/SP, j. 25/09/12).
OBS: A presente Súmula incide sobre todas as formas de imprensa, alcançado, assim, também os
serviços de provedoria de informação, cabendo àquele que mantêm blog exercer o seu controle
editorial, de modo a evitar a inserção no site de matérias ou artigos potencialmente danosos.
Assim, o titular de blog é responsável pela reparação dos danos morais decorrentes da inserção,
em seu site, por sua conta e risco, de artigo escrito por terceiro (STJ, REsp 1.381.610/RS, j.
03/09/13).
OBS: O que a súmula diz é que esse aumento previsto no art. no do CP não se aplica no caso da
prescrição da pretensão punitiva.
##Atenção: O art. 110 do CP refere que a prescrição, depois de transitar em julgado a sentença
condenatória, é regulada pela pena aplicada e tem como base os prazos estabelecidos no art. 109,
os quais se aumentam de 1/3, se o condenado for reincidente. Quanto ao art. 110 do CP, tal
dispositivo não se aplica à prescrição da pretensão punitiva, o que é reforçado pelo teor da
Súmula 220 do STJ, que dispõe que “a reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão
punitiva”. Em relação à pena de multa, quando esta é a única aplicada, a reincidência também não
influi nem no prazo da prazo da prescrição executória, visto que há tratamento específico no art.
114, I do CP. Portanto, conclui-se que inexiste a "prescrição da pretensão executória penal da
multa", mas somente a prescrição tributária (em 5 anos), sendo inaplicável o acréscimo de 1/3 do
prazo prescricional do art. 110 para o caso de o réu condenado à multa ser reincidente.
Súmula 219: Os créditos decorrentes de serviços prestados à massa falida, inclusive a remuneração
do síndico, gozam dos privilégios próprios dos trabalhistas. (SUPERADA)
Súmula 218: Compete à Justiça dos Estados processar e julgar ação de servidor estadual decorrente
de direitos e vantagens estatutárias no exercício de cargo em comissão.
Súmula 217: Não cabe agravo de decisão que indefere o pedido de suspensão da execução da
liminar, ou da sentença em mandado de segurança.(*) CANCELADA
OBS: O art. 4°, § 3° da Lei 8.437/92, com redação dada pela MP n° 2.180-35/2001, estabeleceu que
caberá agravo, no prazo de cinco dias, do despacho que conceder ou negar a suspensão.
Súmula 216: A tempestividade de recurso interposto no Superior Tribunal de Justiça é aferida pelo
registro no protocolo da secretaria e não pela data da entrega na agência do correio. (SUPERADA)
OBS: O NCPC, em seu art. 1.003, § 4º prevê regra em sentido contrário à súmula:
§ 4º Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será
considerada como data de interposição a data de postagem.
Súmula 215: A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão voluntária não
está sujeita à incidência do imposto de renda.
Súmula 214: O fiador na locação NÃO RESPONDE por obrigações resultantes de ADITAMENTO
ao qual não anuiu. (TJDFT-2016) (TJRJ-2019) (PGM-Boa Vista/RR-2019)
O art. 39 da Lei 8.245/91, que aduz que qualquer garantia locatícia se estende até a efetiva
devolução do imóvel, só é aplicável para os casos de prorrogação legal do contrato de locação e
não para os casos de prorrogação convencional (STJ, AgInt no AREsp 1.471.345).
OBS: O STJ entende que não se aplica a Súmula 214 nos casos em que há cláusula prevendo a
responsabilidade do fiador até a entrega das chaves (AgRg no AREsp 47628/MG, j. 11/09/12).
Súmula 213: O mandado de segurança CONSTITUI ação adequada para a declaração do direito à
COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. (DPU-2007) (TJMS-2008) (MPPE-2008) (TRF4-2009) (TJSC-2010)
(MPRO-2010) (DPEAM-2011) (MPRR-2012) (TJMA-2013) (TJPE-2013) (TJMG-2014) (PGEAC-2014)
(PGEPI-2014) (TJSP-2015) (PGEAM-2016) (TJPR-2017) (TJRJ-2019) (MPPR-2019)
COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA
O que é compensação? É a extinção de duas ou mais obrigações, cujos credores são ao mesmo
tempo devedores um do outro. Assim, se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor
uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem (art. 368 do CC). Ex:
João deve 10 mil reais a Pedro por conta de uma obrigação (contrato de compra e venda); por
força de outra obrigação (contrato de prestação de serviços), Pedro deve 10 mil reais a João. No
exemplo referido, a compensação foi total (as dívidas eram iguais). Mas é possível (e bem mais
comum) que a compensação seja parcial (quando os valores são diferentes). Seria a hipótese caso
Pedro devesse apenas 6 mil reais a João. Logo, somente restaria um crédito de 4 mil reais.
É possível que ocorra a compensação no direito tributário? SIM. Ocorre quando o contribuinte
possui um crédito a receber do Fisco, podendo ser feito o encontro de contas do valor que o sujeito
passivo tem que pagar com a quantia que tem a receber da Administração. Trata-se de causa de
extinção da obrigação tributária (art. 156, II do CTN). Vale ressaltar, no entanto, que, para que
haja a compensação de créditos tributários, é indispensável que o ente tributante (União,
Estados/DF, Municípios) edite uma lei estabelecendo as condições e garantias em que isso
ocorre ou, então, delegando essa estipulação para uma autoridade administrativa. É o que está
previsto no CTN:
Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em
cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos
tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra
a Fazenda pública.
Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os
efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução
maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer
entre a data da compensação e a do vencimento.
MS PARA DECLARAR O DIREITO À COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA
Imagine a seguinte situação hipotética: A empresa “X” recolheu indevidamente R$ 100 mil a
título de COFINS (contribuição social de competência da União). Esta mesma empresa possui
agora débitos com relação ao Imposto de Renda. A empresa formulou requerimento
administrativo pedindo a compensação desse crédito com o débito, pedido que foi, contudo,
negado sob o argumento de que são tributos de espécies diferentes. A empresa impetrou
mandado de segurança contra esta decisão pedindo que seja reconhecido que é possível a
compensação mesmo em se tratando de tributos diferentes e que se declare que ela tem direito à
compensação.
O mandado de segurança é instrumento processual adequado para veicular essa pretensão? SIM.
Nesse sentido é o enunciado 213 do STJ:
Súmula 213-STJ: O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do
direito à compensação tributária.
MS PARA CONVALIDAR COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA EFETUADA PELO CONTRIBUINTE
Imagine agora outra seguinte situação hipotética: A empresa “Y” possui um crédito de R$ 100 mil
de ICMS. Esta empresa teria que pagar R$ 150 mil de ICMS no dia 10/03. Chegando na data do
vencimento, ela recolheu apenas R$ 50 mil sob a alegação de que, como tinha um crédito de 100,
precisaria pagar apenas 50. Em outras palavras, a empresa realizou, por conta própria, a
compensação. O Fisco autuou a empresa, exigindo o pagamento da diferença não paga (R$ 50
mil), acrescida dos encargos legais. Diante disso, a contribuinte impetrou mandado de segurança
pedindo que o Secretário de Fazenda se abstenha de exigir o recolhimento do imposto, em virtude
da compensação realizada.
O mandado de segurança é instrumento processual adequado para veicular essa pretensão? NÃO.
Súmula 460-STJ: É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação
tributária realizada pelo contribuinte.
Existem dois fundamentos jurídicos para respaldar o entendimento desta súmula:
a) para convalidar a compensação, seria necessária dilação probatória, o que é inviável
em mandado de segurança;
b) a tarefa de realizar a compensação tributária é da Administração Tributária, não
podendo o contribuinte assumir o papel do Fisco. Isso porque compete à Administração
fiscalizar a existência ou não de créditos a serem compensados, a exatidão dos números e
documentos, do quantum a compensar e da conformidade do procedimento adotado com
os termos da legislação pertinente.
Nesse sentido:
(...) 1. É cabível a impetração do mandado de segurança visando a declaração ao direito à
compensação tributária (Súmula 213/STJ). Todavia, essa ação não tem o condão de
convalidar o procedimento compensatório efetuado pelo contribuinte, tendo em vista a
necessidade de dilação probatória e por ser essa tarefa reservada à Autoridade
Administrativa competente. 2. Na espécie, há pedido expresso na ação mandamental no
sentido de que se reconheça válida a compensação efetuada pela contribuinte, por sua
conta e risco, providência que não se coaduna com a via eleita, que não comporta a dilação
probatória necessária para o reconhecimento do pleito. (...) STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp
728.686/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 28/10/2008.
Conforme já explicou o Min. Luiz Fux:
(...) verifica-se dos autos que a compensação já foi efetuada pela contribuinte sponte propria,
ressoando inconcebível que o Judiciário venha a obstaculizar o Fisco de fiscalizar a
existência ou não de créditos a serem compensados, o procedimento e os valores a
compensar, e a conformidade do procedimento adotado com os termos da legislação
pertinente, sendo inadmissível provimento jurisdicional substitutivo da homologação da
autoridade administrativa, que atribua eficácia extintiva, desde logo, à compensação
efetuada. (...) (STJ. 1ª Seção. REsp 1124537/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/11/2009).
Em suma:
Súmula 212-STJ Súmula 213-STJ Súmula 460-STJ
A compensação de créditos O mandado de segurança É incabível o mandado de
tributários não pode ser constitui ação adequada para a segurança para convalidar a
deferida em ação cautelar ou declaração do direito à compensação tributária realizada
por medida liminar cautelar compensação tributária. pelo contribuinte.
ou antecipatória.
Dica:
Convalidar Compensação – NÃO (Súmula 460, STJ)
##Atenção: ##STJ: ##DOD: ##RECURSO REPETITIVO: Quais são os documentos que devem
ser juntados pelo autor do mandado de segurança que pleiteia a declaração da compensação? É o
que foi decidido no Info 643 do STJ, reafirmando o seu entendimento:
Tratando-se de Mandado de Segurança impetrado com vistas a declarar o direito à
compensação tributária, em virtude do reconhecimento da ilegalidade ou
inconstitucionalidade da exigência da exação, independentemente da apuração dos
respectivos valores, é suficiente, para esse efeito, a comprovação de que o impetrante
ocupa a posição de credor tributário, visto que os comprovantes de recolhimento
indevido serão exigidos posteriormente, na esfera administrativa, quando o
procedimento de compensação for submetido à verificação pelo Fisco.
De outro lado, tratando-se de Mandado de Segurança com vistas a obter juízo específico
sobre as parcelas a serem compensadas, com efetiva investigação da liquidez e certeza
dos créditos, ou, ainda, na hipótese em que os efeitos da sentença supõem a efetiva
homologação da compensação a ser realizada, o crédito do contribuinte depende de
quantificação, de modo que a inexistência de comprovação cabal dos valores
indevidamente recolhidos representa a ausência de prova pré-constituída indispensável
à propositura da ação. STJ. 1ª S. REsp 1715256-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j.
13/2/19 (recurso repetitivo) (Info 643).
Súmula 212: A COMPENSAÇÃO de créditos tributários NÃO PODE SER DEFERIDA em ação
cautelar ou por medida liminar cautelar ou antecipatória. (TJPA-2008) (TRF4-2009/2010) (TJSC-
2010) (MPRO-2010) (MPRR-2012) (TJPE-2013) (TJAM-2016) (TJPR-2017) (TJRJ-2019)
COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA
O que é compensação? É a extinção de duas ou mais obrigações, cujos credores são ao mesmo
tempo devedores um do outro. Assim, se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor
uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem (art. 368 do CC). Ex:
João deve 10 mil reais a Pedro por conta de uma obrigação (contrato de compra e venda); por
força de outra obrigação (contrato de prestação de serviços), Pedro deve 10 mil reais a João. No
exemplo referido, a compensação foi total (as dívidas eram iguais). Mas é possível (e bem mais
comum) que a compensação seja parcial (quando os valores são diferentes). Seria a hipótese caso
Pedro devesse apenas 6 mil reais a João. Logo, somente restaria um crédito de 4 mil reais.
É possível que ocorra a compensação no direito tributário? SIM. Ocorre quando o contribuinte
possui um crédito a receber do Fisco, podendo ser feito o encontro de contas do valor que o sujeito
passivo tem que pagar com a quantia que tem a receber da Administração. Trata-se de causa de
extinção da obrigação tributária (art. 156, II do CTN). Vale ressaltar, no entanto, que, para que
haja a compensação de créditos tributários, é indispensável que o ente tributante (União,
Estados/DF, Municípios) edite uma lei estabelecendo as condições e garantias em que isso
ocorre ou, então, delegando essa estipulação para uma autoridade administrativa. É o que está
previsto no CTN:
Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em
cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos
tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra
a Fazenda pública.
Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os
efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução
maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer
entre a data da compensação e a do vencimento.
MS PARA DECLARAR O DIREITO À COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA
Imagine a seguinte situação hipotética: A empresa “X” recolheu indevidamente R$ 100 mil a
título de COFINS (contribuição social de competência da União). Esta mesma empresa possui
agora débitos com relação ao Imposto de Renda. A empresa formulou requerimento
administrativo pedindo a compensação desse crédito com o débito, pedido que foi, contudo,
negado sob o argumento de que são tributos de espécies diferentes. A empresa impetrou
mandado de segurança contra esta decisão pedindo que seja reconhecido que é possível a
compensação mesmo em se tratando de tributos diferentes e que se declare que ela tem direito à
compensação.
O mandado de segurança é instrumento processual adequado para veicular essa pretensão? SIM.
Nesse sentido é o enunciado 213 do STJ:
Súmula 213-STJ: O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do
direito à compensação tributária.
MS PARA CONVALIDAR COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA EFETUADA PELO CONTRIBUINTE
Imagine agora outra seguinte situação hipotética: A empresa “Y” possui um crédito de R$ 100 mil
de ICMS. Esta empresa teria que pagar R$ 150 mil de ICMS no dia 10/03. Chegando na data do
vencimento, ela recolheu apenas R$ 50 mil sob a alegação de que, como tinha um crédito de 100,
precisaria pagar apenas 50. Em outras palavras, a empresa realizou, por conta própria, a
compensação. O Fisco autuou a empresa, exigindo o pagamento da diferença não paga (R$ 50
mil), acrescida dos encargos legais. Diante disso, a contribuinte impetrou mandado de segurança
pedindo que o Secretário de Fazenda se abstenha de exigir o recolhimento do imposto, em virtude
da compensação realizada.
O mandado de segurança é instrumento processual adequado para veicular essa pretensão? NÃO.
Súmula 460-STJ: É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação
tributária realizada pelo contribuinte.
Existem dois fundamentos jurídicos para respaldar o entendimento desta súmula:
a) para convalidar a compensação, seria necessária dilação probatória, o que é inviável
em mandado de segurança;
b) a tarefa de realizar a compensação tributária é da Administração Tributária, não
podendo o contribuinte assumir o papel do Fisco. Isso porque compete à Administração
fiscalizar a existência ou não de créditos a serem compensados, a exatidão dos números e
documentos, do quantum a compensar e da conformidade do procedimento adotado com
os termos da legislação pertinente.
Nesse sentido:
(...) 1. É cabível a impetração do mandado de segurança visando a declaração ao direito à
compensação tributária (Súmula 213/STJ). Todavia, essa ação não tem o condão de
convalidar o procedimento compensatório efetuado pelo contribuinte, tendo em vista a
necessidade de dilação probatória e por ser essa tarefa reservada à Autoridade
Administrativa competente. 2. Na espécie, há pedido expresso na ação mandamental no
sentido de que se reconheça válida a compensação efetuada pela contribuinte, por sua
conta e risco, providência que não se coaduna com a via eleita, que não comporta a dilação
probatória necessária para o reconhecimento do pleito. (...) STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp
728.686/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 28/10/2008.
Conforme já explicou o Min. Luiz Fux:
(...) verifica-se dos autos que a compensação já foi efetuada pela contribuinte sponte propria,
ressoando inconcebível que o Judiciário venha a obstaculizar o Fisco de fiscalizar a
existência ou não de créditos a serem compensados, o procedimento e os valores a
compensar, e a conformidade do procedimento adotado com os termos da legislação
pertinente, sendo inadmissível provimento jurisdicional substitutivo da homologação da
autoridade administrativa, que atribua eficácia extintiva, desde logo, à compensação
efetuada. (...) (STJ. 1ª Seção. REsp 1124537/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/11/2009).
Em suma:
Súmula 212-STJ Súmula 213-STJ Súmula 460-STJ
A compensação de créditos O mandado de segurança É incabível o mandado de
tributários não pode ser constitui ação adequada para a segurança para convalidar a
deferida em ação cautelar ou declaração do direito à compensação tributária realizada
por medida liminar cautelar compensação tributária. pelo contribuinte.
ou antecipatória.
OBS: Razões do enunciado sumular: A compensação é causa extintiva do crédito tributário (CTN,
art. 156, II), o que tornaria definitiva a situação. Visa-se evitar que a medida liminar ou cautelar
tenha cunho satisfativo, o que tornaria o provimento irreversível. Como se sabe, um dos requisitos
das decisões liminares é a reversibilidade.
Súmula 211: INADMISSÍVEL recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de
embargos declaratórios, NÃO FOI APRECIADA pelo Tribunal a quo. (MPBA-2010) (TRT1-2010)
(PGEPR-2011) (MPRJ-2012) (MPPR-2012) (MPF-2013) (TJSP-2014) (PGM-Poá/SP-2014)
(Cartórios/TJDFT-2014) (TRF5-2015) (MPT-2015) (PFN-2015) (Anal. Judic./TJDFT-2015) (TRT2-
2015/2016) (TJAM-2016) (Advogado-Pref. Barigui/SP-2019)
OBS: Polêmico. A doutrina afirma que este enunciado está superado por força do art. 1025 do
NCPC:
Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante
suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração
sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro,
omissão, contradição ou obscuridade.
OBS: Polêmico. Essa ação de que trata a súmula é aquela proposta pelo Governo contra os
empregadores que não fizeram o recolhimento das contribuições para o FGTS. O STJ consolidou a
posição de que esse prazo seria de 30 anos porque se entendeu que a contribuição para o FGTS
não tem natureza tributária, sendo uma contribuição destinada ao trabalhador. Logo, não se
aplicaria o prazo prescricional do CTN, mas sim o trabalhista.
Ocorre que o STF, promovendo uma reviravolta na jurisprudência, decidiu que o prazo
prescricional para a cobrança judicial dos valores devidos relativos ao FGTS é de 5 anos. Isso
porque deve ser aplicado o art. 7º, XXIX, da CF/88. O art. 23, §5°, da Lei 8.036/90 e o art. 55 do
Decreto 99.684/90, que previam o prazo prescricional de 30 anos, foram julgados inconstitucionais
(STF. Plenário. ARE 709212/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 13/11/14. Repercussão geral. Info
767).
Apesar de o julgado do STF ter tratado especificamente da ação proposta pelo trabalhador contra
o empregador cobrando o não-recolhimento do FGTS, a posição pessoal do DIZER O DIREITO é a
de que essa redução no prazo prescricional também influencia nas ações intentadas pelo Governo
contra as empresas cobrando as contribuições para o FGTS. Assim, entende o Dizer o Direito que a
Súmula 210-STJ encontra-se superada.
Vale ressaltar; no entanto, que o tema é polêmico e que pode haver vozes em sentido contrário.
Qualquer novidade sobre o assunto, você será avisado no site Dizer o Direito para atualizar seu
livro.
OBS: As Súmulas 208 e 209 do STJ provêm da 3ª Seção do STJ e versam hipóteses de fixação da
competência em matéria penal, em que basta o interesse da União ou de suas autarquias para
deslocar a competência para a Justiça Federal, nos termos do inciso IV do art. 109 da CF. Logo,
não podem ser utilizadas como critério para as demandas cíveis. STJ. 1ª S. CC 142354/BA, Rel.
Min. Mauro Campbell Marques, j. 23/9/15. STJ. 1ª S. AgRg no CC 133.619/PA, Rel. Min. Sérgio
Kukina, j. 9/5/18.
OBS: As Súmulas 208 e 209 do STJ provêm da 3ª Seção do STJ e versam hipóteses de fixação da
competência em matéria penal, em que basta o interesse da União ou de suas autarquias para
deslocar a competência para a Justiça Federal, nos termos do inciso IV do art. 109 da CF. Logo,
não podem ser utilizadas como critério para as demandas cíveis. STJ. 1ª S. CC 142354/BA, Rel.
Min. Mauro Campbell Marques, j. 23/9/15. STJ. 1ª S. AgRg no CC 133.619/PA, Rel. Min. Sérgio
Kukina, j. 9/5/18.
OBS: É possível interpretar essa súmula sob o ponto de vista do processo civil e do processo
penal:
• Quanto ao processo civil, a súmula está superada considerando que o CPC/2015 acabou com os
embargos infringentes.
• Por outro lado, no processo penal continua existindo o recurso de embargos infringentes,
sendo possível aplicar esta súmula para os processos criminais.
Súmula 206: A EXISTÊNCIA DE VARA PRIVATIVA, INSTITUIDA POR LEI ESTADUAL, NÃO
ALTERA A COMPETÊNCIA TERRITORIAL RESULTANTE DAS LEIS DE PROCESSO. (AGU-
2004) (MPF-2008) (DPEAL-2009) (MPBA-2010) (PGEPR-2011) (MPMT-2012) (DPERO-2012)
(MPMS-2013)
OBS: Importante.
Ex: João, que mora em uma cidade do interior, deseja ajuizar ação de indenização contra o Estado-
membro. A Lei de Organização Judiciária (lei estadual) afirma que as demandas contra a Fazenda
Pública são propostas na Vara da Fazenda Pública estadual, localizada na capital. Diante disso, o
autor terá que propor essa demanda na capital? Não. Os Estados-Membros, suas autarquias e
fundações, não possuem foro privilegiado (privativo) na capital, podendo ser demandados em
qualquer comarca do seu território onde a obrigação tenha que ser satisfeita (art. 53, III, “d” do
CPC 2015). Assim, não é válida lei estadual que preveja foro privativo na capital para as
demandas intentadas contra o Estado-membro.
Vale ressaltar, no entanto, que se o autor propuser a ação na capital do Estado, esta deverá
tramitar na Vara Especializada da Fazenda Pública.
Súmula 205: A LEI 8.009/90 APLICA-SE A PENHORA REALIZADA ANTES DE SUA VIGÊNCIA.
(TJDFT-2011) (MPT-2013)
OBS: Importante. Os juros moratórios nas questões previdenciárias incidem a partir da citação
válida, tendo como termo final a conta de liquidação (STJ AgRg no REsp 1398994/SP, j. 21/11/13).
Súmula 203: NÃO CABE RECURSO ESPECIAL CONTRA decisão proferida por órgão de segundo
grau dos Juizados Especiais. (MPPE-2002) (TJSE-2008) (DPEPI-2009) (DPU-2010) (MPPR-2011)
(TJCE-2012) (MPAL-2012) (TRF4-2012) (PGESP-2012) (TJRJ-2013) (MPRO-2013) (Cartórios/TJPE-
2013) (MPF-2013) (TJPR-2014) (TJDFT-2015) (TJMS-2015) (TJMSP-2016) (TJSP-2017) (Advogado-
Pref. Barigui/SP-2019)
(TJMS-2020-FCC): Em relação aos Juizados Especiais Criminais, correto afirmar que não cabe
recurso especial contra decisão proferida por turma recursal, competindo a esta, porém, processar
e julgar mandado de segurança contra ato de juizado especial. BL: Súmulas 203 e 376 do STJ30.
##Atenção: A Súmula 203 do STJ dispõe que não será cabível recurso especial contra decisão
proferida por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais. Cumpre ressaltar que o art. 105, III,
da CF, prevê ser cabível recurso especial de decisões de “tribunais”. Ocorre que as Turmas
recursais não são tribunais e, por este mesmo motivo, não há que se falar em cláusula de reserva
de plenário, por exemplo. Por fim, afirma a Súmula 376 do STJ que competirá à Turma Recursal
processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial. Entretanto, o STJ traz
um exceção: se o mandado de segurança versar sobre a própria competência dos Juizados (STJ.
Corte Especial. RMS 17.524/BA, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 02/08/2006).
OBS: Enunciado 63-Fonaje: Contra decisões das Turmas Recursais são cabíveis somente os
30
Súmula 376-STJ: Compete à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de
juizado especial.
embargos declaratórios e o Recurso Extraordinário.
(TRF4-2014): Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos
juizados especiais federais. BL: S. 203, STJ.
OBS: Válida, mas com ressalvas. É entendimento do STJ que a Súmula 202 socorre tão somente
aquele que não teve condições de tomar ciência da decisão que lhe prejudicou, ficando
impossibilitado de se utilizar do recurso cabível (RMS 42.593/RJ, j. em 08/10/2013).
##Atenção: ##DPEPR-2017: ##FCC: É certo que a súmula 202, do STJ, dispõe que “a impetração da
segurança por terceiro, contra ato judicial, não se condiciona a interposição de recurso”. Todavia, não
sendo a ação de mandado de segurança substitutiva de recurso quando este é previsto em lei, o
conteúdo da súmula apenas tem aplicação quando ao terceiro não tiver sido dada ciência da
decisão que lhe prejudicou, não tendo podido, portanto, utilizar-se do recurso previsto
tempestivamente.
OBS: Importante. Este entendimento tem como fundamento o art. 7°, IV, da CF/88.
O juiz deverá conciliar o comando desta súmula com a regra do § 3° do art. 85 do CPC 2015. Isso
porque tal dispositivo do novo CPC prevê o seguinte: “§ 3° Nas causas em que a Fazenda Pública for
parte, a fixação dos honorários observará os critérios estabelecidos nos incisos I a IV do § 2° e os seguintes
percentuais: 1- mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido até 200 (duzentos) salários-mínimos; (...)”.
Súmula 197: O DIVÓRCIO DIRETO PODE SER CONCEDIDO SEM QUE HAJA PRÉVIA
PARTILHA DOS BENS.
OBS: Tanto o divórcio direto como o indireto podem ser concedidos sem que haja prévia partilha
de bens (STJ, REsp 1.281.236-SP, j. 19/03/2013.
(MPMG-2018): Em relação ao divórcio litigioso é de se afirmar: Não requer a prévia divisão
patrimonial ditada pelo regime de bens adotado no casamento. BL: art. S. 197, STJ.
Súmula 196: Ao EXECUTADO QUE, CITADO POR EDITAL ou POR HORA CERTA,
PERMANECER REVEL, SERÁ NOMEADO CURADOR ESPECIAL, COM LEGITIMIDADE para
APRESENTAÇÃO DE EMBARGOS. (TCEAP-2010) (TJRS-2012) (MPRS-2012) (Cartórios/TJPR-
2014) (TJAM-2016) (MPPR-2019)
Súmula 195: Em EMBARGOS DE TERCEIRO NÃO SE ANULA ATO JURÍDICO, POR FRAUDE
CONTRA CREDORES. (DEPBA-2010) (AGU-2009/2012) (Anal. Judic./TREMS-2013) (TRT23-2014)
(PGM-Salvador/BA-2015) (TJAM-2016) (Anal. Judic./TRE-RJ-2017)
OBS: Válida.
• Para fins de prova de concurso, contudo, o entendimento mais seguro é continuar apontando
que a súmula permanece válido.
• Curiosidade: a ação pauliana (pauliana actio) é assim denominada por ter sido idealizada no
direito romano, pelo conhecido “Pretor Paulo”.
Súmula não se aplica para simulação (art. 167 do CC): Essa súmula foi editada em 10/10/97. O
STJ possuía julgados afirmando que essa súmula, apesar de indicar, de forma específica, a fraude
contra credores, também se aplicaria a casos em que houvesse discussão acerca de simulação do
negócio jurídico. Ocorre que o CC/2002 passou a tratar a simulação como hipótese de nulidade
absoluta (reconhecível até mesmo de ofício). Assim, para casos posteriores ao CC/02, não é mais
possível aplicar o entendimento da Súmula 195 do STJ às hipóteses de simulação.
Súmula 193: O DIREITO DE USO DE LINHA TELEFÔNICA PODE SER ADQUIRIDO POR
USUCAPIÃO. (MPF-2005) (Cartórios/TJPE-2013)
(MPMS-2015): Assinale a alternativa correta: Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a
execução das penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando
recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração estadual. BL: S. 192, STJ.
(TRF4-2012): Assinale a alternativa correta: É competente o juízo das execuções penais do Estado
para a execução das penas impostas a sentenciado pela Justiça Federal quando recolhido este a
estabelecimento sujeito à administração estadual. BL: S. 192, STJ.
OBS: A doutrina afirma que está superada com o novo CPC (Enunciado nº 215 do Fórum
Permanente de Processualistas Civis) por força do art. 1.007, § 2º do CPC 2015: “A insuficiência no
valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na
pessoa de seu advogado, não vier o supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias.”
Súmula 186: NAS INDENIZAÇÕES POR ATO ILÍCITO, OS JUROS COMPOSTOS SOMENTE SÃO
DEVIDOS POR AQUELE QUE PRATICOU O CRIME. (SUPERADA)
Súmula 185: NOS DEPÓSITOS JUDICIAIS, NÃO INCIDE O IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES
FINANCEIRAS. (MPPI-2012)
Súmula 183: COMPETE AO JUIZ ESTADUAL, NAS COMARCAS QUE NÃO SEJAM SEDE DE
VARA DA JUSTIÇA FEDERAL, PROCESSAR E JULGAR AÇÃO CIVIL PUBLICA, AINDA QUE A
UNIÃO FIGURE NO PROCESSO.(*) CANCELADA
Súmula 182: É INVIÁVEL O AGRAVO DO ART. 545 DO CPC QUE DEIXA DE ATACAR
ESPECIFICAMENTE OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. (MPF-2017)
OBS: Onde se lê art. 545, leia-se agora art. 1021 do CPC 2015:
Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo
órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do
tribunal.
§ 1o Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os
fundamentos da decisão agravada.
§ 2o O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre o
recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator
levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta.
§ 3o É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada
para julgar improcedente o agravo interno.
§ 4o Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou improcedente
em votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante
a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa.
§ 5o A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio do
valor da multa prevista no § 4o, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de
gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final.
OBS: Válida, mas deve-se esclarecer que não mais existem as juntas de conciliação e julgamento.
Assim, em seu lugar deve-se ler “juiz do trabalho”.
O que a Súmula 180 do STJ quer dizer é que compete ao TRT dirimir conflito de competência
verificado entre juiz de direito investido na jurisdição trabalhista e juiz do trabalho que estejam
vinculados à mesma região.
De outro lado, compete ao TST julgar conflitos de competência estabelecidos entre juiz de direito a
quem se atribui jurisdição trabalhista e juiz do trabalho submetidos a TRT's diferentes (vide
Súmula 236 STJ: “Não compete ao Superior Tribunal de Justiça dirimir conflitos de competência entre
juízes trabalhistas vinculados a Tribunais Regionais do Trabalho diversos.”).
OBS: Isso ocorre porque as custas e emolumentos possuem natureza jurídica de taxa. As custas da
Justiça Estadual são taxas estaduais; logo, somente uma lei estadual poderia isentar o INSS do
pagamento dessa taxa, não podendo uma lei federal prever essa isenção (art. 151, III, CF).
OBS: Se o INSS estiver litigando na JF, terá isenção de custas e emolumentos (art. 39 da Lei
6830/80). O INSS é uma autarquia federal; logo, está abrangida no conceito de Fazenda Pública.
##Atenção: ##STJ: Em caso análogo, assim se posicionou o STJ (RMS 28597/GO, DJe 19/08/13):
Apesar de o Coíndice/ICMS do Estado de Goiás ser presidido pelo Secretário da Fazenda, a
competência para processar e julgar o presente mandado de segurança é do Juiz de 1º grau por
estar-se impugnando ato do órgão estadual colegiado, não sendo possível aproveitar a
prerrogativa de foro do referido secretário (art. 46, inciso VIII, alínea "o", da Constituição do
Estado de Goiás), que não praticou o ato administrativo. Aplicação, mutatis mutandis, da
orientação da Súmula 177/STJ: "O Superior Tribunal de Justiça é incompetente para processar e
julgar, originariamente, mandado de segurança contra ato de órgão colegiado presidido por
Ministro de Estado".
Súmula 175: DESCABE O DEPÓSITO PRÉVIO NAS AÇÕES RESCISÓRIAS PROPOSTAS PELO
INSS. (PGEPA-2012) (TRF4-2012) (DPERO-2012) (TJSP-2014) (PGERN-2014)
Súmula 172: COMPETE A JUSTIÇA COMUM PROCESSAR E JULGAR MILITAR POR CRIME DE
ABUSO DE AUTORIDADE, AINDA QUE PRATICADO EM SERVIÇO. (SUPERADA)
OBS: Superada.
A súmula foi superada pela Lei 13.491/2017, que alterou o art. 9º, II, do CPM. Antes da alteração,
se o militar, em serviço, cometesse, abuso de autoridade, ele seria julgado pela Justiça Comum
porque o art. 9º, II, do CPM afirmava que somente poderia ser considerado como crime militar as
condutas que estivessem tipificadas no CPM. Assim, como o abuso de autoridade não está
previsto no CPM, mas sim na Lei nº 4.898/65, este delito não podia ser considerado crime militar
nem podia ser julgado pela Justiça Militar. Isso, contudo, mudou com a nova redação dada pela
Lei nº 13.491/2017 ao art. 9º, II, do CPM.
Com a mudança, a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar com base no inciso II do
art. 9º, pode estar prevista no Código Penal Militar ou na legislação penal “comum”. Dessa
forma, o abuso de autoridade, mesmo não estando previsto no CPM pode agora ser considerado
crime militar (julgado pela Justiça Militar) com base no art. 9º, II, do CPM.
Súmula 170: COMPETE AO JUÍZO ONDE PRIMEIRO FOR INTENTADA A AÇÃO ENVOLVENDO
ACUMULAÇÃO DE PEDIDOS, TRABALHISTA E ESTATUTÁRIO, DECIDIR NOS LIMITES DA
SUA JURISDIÇÃO, SEM PREJUÍZO DO AJUIZAMENTO DE NOVA CAUSA, COM O PEDIDO
REMANESCENTE, NO JUÍZO PRÓPRIO.
OBS: Válida. Se a Justiça Comum processa e julga ação proposta por servidor público referente a
direito comum aos regimes trabalhista e estatutário e restringe a condenação a período
concernente ao último vínculo, não há ofensa à literal disposição contida no art. 114, I, da
Constituição Federal (AR 3.469/DF, j. 1412/2009).
Agora, se essa questão estivesse sendo cobrada em concurso para a área fiscal, a resposta seria
diferente. O entendimento que vem sendo adotado em todos os Estados brasileiros é de que incide
ICMS nas operações de saída de mercadorias, a qualquer título, de estabelecimento de
contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular. Tal posicionamento tem o
seguinte fundamento:
A Súmula n. 166 do STJ é anterior à Lei Kandir (LC 87/1996) que estabelece normas gerais
acerca do ICMS. Observem que a Súmula é datada do dia 23/08/1996, enquanto que a
LC 87/1996 foi publicada no dia 13/09/1996. Portanto, para o fisco, o conteúdo da
súmula está defasado.
Ainda que haja posição do Judiciário de que não incide ICMS no deslocamento de mercadoria
entre estabelecimentos de mesmo contribuinte, o Regulamento do ICMS do Estado de São Paulo
(certame onde a prova acima foi aplicada) inclui essa possibilidade como fato gerador em se artigo
2º, inciso I, nos seguintes termos:
Art. 2º - Ocorre o fato gerador do imposto (Lei 6.374/89, art. 2º, na redação da Lei
10.619/00, art. 1º, II, e Lei Complementar federal 87/96, art. 12, XII, na redação da
Lei Complementar 102/00, art. 1º):
I - na saída de mercadoria, a qualquer título, de estabelecimento de contribuinte,
ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular;
(TJGO-2009-FCC): Empresa do ramo de calçados foi autuada pelo Estado de Goiás por não
recolher o ICMS sobre a circulação dos sapatos produzidos na fábrica, localizada no município de
Rio Verde/GO para o depósito distribuidor, localizado no município de Anápolis/GO. Diante
disso, impetrou mandado de segurança para anulação do crédito tributário constituído. Com base
na jurisprudência sumulada do STJ não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de
mercadoria de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte. BL: S. 166 do STJ.
OBS: Em se tratando de pedido de expedição de alvará judicial requerido nos termos da Lei
6.858/90, ou seja, em decorrência do falecimento do titular da conta, inexiste lide a ser
solucionada. Cuida-se, na verdade, de medida de jurisdição voluntária com vistas à mera
autorização judicial para o levantamento, pelos sucessores do de cujus, de valores incontestes
depositados em conta de titularidade de pessoa falecida “independente de inventário ou
arrolamento”. Desse modo, a Caixa Econômica Federal não é parte integrante da relação
processual, mas mera destinatária do alvará judicial, razão por que deve ser afastada a
competência da Justiça federal. Trata-se de competência da Justiça estadual (CC 102.854/SP, j.
11/03/2009).
(TJPE-2013-FCC): Prefeito Municipal que entrou em exercício no dia 01/01/13 baixou um decreto
corrigindo monetariamente, conforme índice de correção lá indicado, a Planta Genérica de Valores
utilizada para apuração da base de cálculo do IPTU e sobre o ITBI. Fez constar o Prefeito que a
vigência do decreto é imediata, a partir da data da publicação, já valendo para o exercício de 2013.
Inconformados com esta medida, que acabou por majorar a base de cálculo do IPTU e do ITBI,
alguns proprietários ingressaram em juízo questionando a constitucionalidade do decreto.
Considerando-se os fatos relatados, é correto afirmar que esse decreto é constitucional porque a
correção monetária da base de cálculo não equivale a majoração, razão pela qual não se submete
às regras de anterioridade e da legalidade. BL: art. 97, §2º, CTN e Súmula 160, STJ.
##Atenção: ##STJ: Portanto, se por decreto não é possível atualizar em percentual superior, não
há impedimento para que se possa atualizar em índice não superior, como afirma a questão, que
está perfeitamente correta. Além disso, vejamos o seguinte julgado do STJ: “Nos termos da
jurisprudência pacífica desta Corte, a majoração da base de cálculo do IPTU depende da
elaboração de lei, não podendo um simples decreto atualizar o valor venal dos imóveis sobre os
quais incide tal imposto com base em uma planta de valores, salvo no caso de simples correção
monetária. Não há que se confundir a simples atualização monetária da base de cálculo do
imposto com a majoração da própria base de cálculo. A primeira encontra-se autorizada
independentemente de lei, a teor do que preceitua o art. 97, § 2º, do CTN , podendo ser realizada
mediante decreto do Poder Executivo; a segunda somente poderá ser realizada por meio de lei.
Incidência da Súmula 160/STJ: "é defeso, ao município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em
percentual superior ao índice oficial de correção monetária." STJ. 2ª T., AgRg no AREsp 66.849/MG, Rel.
Min. Humberto Martins, j. 06/12/11.
Súmula 157: É ilegítima a cobrança de taxa, pelo município, na renovação de licença para localização
de estabelecimento comercial ou industrial.(*) CANCELADA
OBS: Cancelada.
O STF e o STJ consideram constitucional a taxa, anualmente renovável, pelo exercício do poder de
polícia, se a base de cálculo não agredir o CTN (REsp 261571/SP, j. 24/04/02).
Súmula 155: O ICMS INCIDE NA IMPORTAÇÃO DE AERONAVE, POR PESSOA FÍSICA, PARA
USO PRÓPRIO. (TJAP-2009)
Súmula 154: OS OPTANTES PELO FGTS, NOS TERMOS DA LEI N. 5.958, DE 1973, TÊM DIREITO
A TAXA PROGRESSIVA DOS JUROS, NA FORMA DO ART. 4. DA LEI N. 5.107, DE 1966.
OBS: Imagine que está tramitando na Justiça Estadual um processo que não envolve nenhuma das
pessoas mencionadas no art. 109, I, da CF/88. Ocorre que a União, uma entidade autárquica ou
uma empresa pública federal decide intervir no feito na condição de autora (litisconsorte ativa), ré
(litisconsorte passiva), assistente ou oponente. Neste caso, o que acontecerá com este processo? O
Juiz de Direito responsável pelo processo, ao receber a petição requerendo a intervenção, deverá
imediatamente remeter os autos para a Justiça Federal declinando a competência.
O juiz de Direito poderá recusar a intervenção, afirmando que a União ou a entidade federal
postulante não possui interesse ou legitimidade para estar na causa? NÃO. Quem deve decidir
isso é o Juiz Federal. Nesse sentido é o enunciado 150 do STJ. Assim, não cabe ao Juiz de Direito
dizer se o ente federal requerente deve ou não intervir no feito. Trata-se de competência da
Justiça Federal.
##Atenção: ##TRF4-2011: O mero requerimento do MPF para ingressar como litisconsorte ativo
na ação, por entender estar configurado ato de improbidade administrativa, desloca a
competência para a Justiça Federal, já que só a esse Juízo compete admitir ou não a formação do
litisconsórcio, consoante o enunciado da Súmula 150/STJ. STJ. 1ª S., CC 100.300/PI, Rel. Mini.
Castro Meira, j. 13/05/09.
OBS: Importante.
Para ter direito à aposentadoria rural, a pessoa pode comprovar o exercício de atividade rurícola
com base apenas em testemunhas? NÃO. Este é o teor da Súmula 149-STJ. A prova
31
(TRF1-2013-CESPE): O MP, alegando iminente degradação ambiental, ajuizou ACP, visando obstar a
construção de um empreendimento comercial composto por dois restaurantes, uma lanchonete e uma loja
de conveniência em zona de amortecimento de parque nacional federal, gerido pelo IBAMA. A ação foi
ajuizada contra os empreendedores e contra o estado que instaurou o procedimento de licenciamento.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta: O autor da ACP preocupa-se com os
chamados efeitos de borda, que, embora decorram de atividade antrópica fora das fronteiras da unidade
de conservação, são da esfera de competência do gestor dessa unidade.
exclusivamente testemunhal é insuficiente para comprovação da atividade laborativa do
trabalhador rural, sendo indispensável que ela venha corroborada por razoável início de prova
material, conforme exige o art. 55, § 3°, da Lei n° 8.213/1991:
Art. 55 (...) § 3º A comprovação do tempo de serviço para os fins desta Lei, inclusive
mediante justificativa administrativa ou judicial, observado o disposto no art. 108 desta Lei,
só produzirá efeito quando for baseada em início de prova material contemporânea dos
fatos, não admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de motivo
de força maior ou caso fortuito, na forma prevista no regulamento. (Redação dada pela Lei
nº 13.846, de 2019)
Assim, a comprovação do tempo de serviço em atividade rural, seja para fins de concessão de
benefício previdenciário ou para averbação de tempo de serviço, deve ser feita mediante a
apresentação de início de prova material.
(MPPR-2012): Compete à Justiça Federal processar e julgar crime contra funcionário público
federal, que foi vítima de lesões corporais graves em circunstância fática relacionada ao exercício
regular de sua função pública. BL: Súmula 147, STJ e art. 109, IV da CF/88.
(TJAP-2009-FCC): O crime praticado contra servidor público federal em razão de suas funções
será de competência da Justiça Federal. BL: Súmula 147, STJ.
OBS: Importante. Resta configurada a culpa grave do condutor de veículo que transporta
gratuitamente passageiro, de forma irregular, ou seja, em carroceria aberta, uma vez que
previsível a ocorrência de graves danos, ainda que haja a crença de que eles não irão acontecer
(STJ REsp 685.791/MG, j. 18/02//2010).
##Atenção: Vejamos o teor do art. 736, caput do CC/02: “Não se subordina às normas do contrato de
transporte o feito gratuitamente, por amizade ou cortesia.”
Súmula 143: PRESCREVE EM CINCO ANOS A AÇÃO DE PERDAS E DANOS PELO USO DE
MARCA COMERCIAL. (TJAC-2012)
Súmula 142: PRESCREVE EM VINTE ANOS A AÇÃO PARA EXIGIR A ABSTENÇÃO DO USO DE
MARCA COMERCIAL.(*) . CANCELADA!
OBS: Conforme o STJ, “O fato do autor ou do réu de uma determinada ação ser índio, por si só,
não é capaz de ensejar a competência da Justiça Federal, principalmente quando a ação visar um
interesse ou direito particular”. (AgRg no CC 112.250/AM, Rel. Ministro SIDNEI BENETI,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13/10/2010, DJe 28/10/2010)
(TJTO-2007-CESPE): Considere que a Sol Locadora de Veículos Ltda. tenha firmado contrato de
arrendamento mercantil com certa arrendadora, cujo objeto são cinco veículos. Nessa situação,
assinale a opção correta acerca do contrato de arrendamento mercantil: Na operação de
arrendamento mercantil ajustada entre a Sol Locadora de Veículos Ltda. e a arrendadora incide o
imposto sobre serviços (ISS). BL: Item 15.09, LC 116 e Súmula 138 do STJ.
OBS: Vejamos o teor do Item 15.09 da Lei 116/03: “Arrendamento mercantil (leasing) de quaisquer
bens, inclusive cessão de direitos e obrigações, substituição de garantia, alteração, cancelamento e registro de
contrato, e demais serviços relacionados ao arrendamento mercantil (leasing).”
OBS: A Súmula 135 do STJ e a Súmula 662 do STF são válidas, devendo ser interpretadas da
seguinte forma:
Venda de fitas de vídeo produzidas por encomenda de forma personalizada para um
cliente: incide ISS (trata-se de prestação de um serviço).
Venda de fitas de vídeo produzidas em série e ofertadas ao público em geral: incide
ICMS (trata-se de comercialização de mercadoria).
SÚMULA Nº 662 DO STF: É LEGÍTIMA A INCIDÊNCIA DO ICMS NA
COMERCIALIZAÇÃO DE EXEMPLARES DE OBRAS CINEMATOGRÁFICAS,
GRAVADOS EM FITAS DE VIDEOCASSETE.
Súmula 134: EMBORA INTIMADO DA PENHORA EM IMÓVEL DO CASAL, O CÔNJUGE DO
EXECUTADO PODE OPOR EMBARGOS DE TERCEIRO PARA DEFESA DE SUA MEAÇÃO.
(TCETO-2009) (TRF5-2009) (Anal. Judic./TRT8-2013) (DPEMG-2014) (TJRJ-2014) (TJSP-2014)
(Anal. Judic./TRERJ-2017)
(Cartórios/TJRS-2016): João e Maria são casados pelo regime de comunhão parcial de bens. Pedro
propõe ação em face de João e obtém sentença de procedência. Em seguida ao trânsito em julgado,
Pedro pede, nos próprios autos, o cumprimento de sentença, vindo a ser penhorada casa de
veraneio de João e Maria. Inconformada com a penhora, Maria procura advogado para requerer
judicialmente o levantamento da restrição em relação à sua parte no imóvel. Sobre tal situação,
pode-se afirmar que serão cabíveis embargos de terceiro, caso Maria pretenda alegar que seu
patrimônio não responde pela dívida contraída por João. BL: S. 134, STJ.
OBS: Importante.
Dever do comprador do veículo providenciar novo CRV: O art. 123, I e § 1º do Código de Trânsito
Brasileiro (CTB) determinam que, depois que a pessoa comprar um carro, ela deverá providenciar
junto ao DETRAN, no prazo de 30 dias, a expedição de novo Certificado de Registro de Veículo
(CRV).
Dever do vendedor de comunicar ao DETRAN alienação do carro: Por outro lado, o art. 134 do
CTB determina que a pessoa que vendeu o veículo deverá encaminhar ao DETRAN, também no
prazo de 30 dias, cópia autenticada do comprovante de transferência de propriedade,
devidamente assinado e datado. Esse “comprovante de transferência da propriedade” é chamado
popularmente de DUT (documento único de transferência) e consiste em uma espécie de “recibo
de compra e venda” que consta na parte detrás do CRV. Lá existem alguns campos que são uma
autorização para a transferência de propriedade do veículo e que deverão ser preenchidos e
assinados pelo vendedor e comprador na frente do tabelião de notas a fim de que possa ser dado o
reconhecimento de firma por autenticidade nas assinaturas. Assim, depois de alienar o veículo, o
vendedor deverá entregar ao comprador o CRV assinado, mas, antes disso, é recomendável que
tire uma cópia autenticada do documento preenchido, datado e assinado para que possa
comunicar a venda ao DETRAN.
O que acontece se o comprador não cumprir a obrigação acima explicada? Ele praticará infração
grave, podendo receber multa, além de o veículo ser retido para regularização (art. 233 do CTB).
O que acontece se o vendedor não fizer a comunicação ao DETRAN? Neste caso, o vendedor
(antigo proprietário) poderá ser responsabilizado solidariamente pelas penalidades impostas e
suas reincidências até a data da comunicação. Em outras palavras, se houver alguma multa, o
DETRAN considerará o nome do “antigo” proprietário que ainda consta em seus arquivos como
sendo o dono do veículo multado. Veja a redação do art. 134 do CTB:
Art. 134. No caso de transferência de propriedade, o proprietário antigo deverá encaminhar
ao órgão executivo de trânsito do Estado dentro de um prazo de trinta dias, cópia
autenticada do comprovante de transferência de propriedade, devidamente assinado e
datado, sob pena de ter que se responsabilizar solidariamente pelas penalidades impostas e
suas reincidências até a data da comunicação.
Parágrafo único. O comprovante de transferência de propriedade de que trata o caput
poderá ser substituído por documento eletrônico, na forma regulamentada pelo Contran.
Registro no RTD: A Lei nº 6.015/73 afirma que o contrato de compra e venda de veículos deve ser
registrado no cartório de Registro de Títulos e Documentos (RTD) para produzir efeitos perante
terceiros:
Art. 129. Estão sujeitos a registro, no Registro de Títulos e Documentos, para surtir efeitos
em relação a terceiros: (...)
7º) as quitações, recibos e contratos de compra e venda de automóveis, bem como o penhor
destes, qualquer que seja a forma que revistam;
Obs: Em se tratando de shopping centers, o STJ já decidiu que é devida a indenização mesmo em
caso de tentativa de roubo armado (STJ. 4ª Turma. REsp 1.269.691-PB, j. 21/11/2013).
Justamente por isso, a Administração Pública não pode fazer a cobrança do tributo por meios
indiretos, impedindo, cerceando ou dificultando a atividade econômica desenvolvida pelo
contribuinte devedor. Quando isso ocorre, a jurisprudência afirma que o Poder Público aplicou
“sanções políticas”, ou seja, formas "enviesadas de constranger o contribuinte, por vias oblíquas,
ao recolhimento do crédito tributário” (STF ADI 173). Exs: apreensão de mercadorias, não
liberação de documentos, interdição de estabelecimentos.
A cobrança do tributo por vias oblíquas (sanções políticas) é rechaçada por quatro súmulas do STF
(nºs: 70, 323 e 547) e STJ (nº 127).
OBS: O STJ assim entende: “Consoante firme orientação jurisprudencial, não se afigura possível
apreciar, em sede de recurso especial, suposta ofensa direta a artigos da Constituição Federal. O
prequestionamento de matéria essencialmente constitucional pelo STJ implicaria usurpação da
competência do STF” (AgRg nos EDcl no REsp 1.279.753/SP, 5ª Turma, Rel. Min. Jorge Mussi, j.
02.08.2012).
O STF, por sua vez, entende: “Inobservância ao que disposto no art. 543-A, § 2º, do CPC/73, que
exige a apresentação de preliminar sobre a repercussão geral na petição de recurso extraordinário,
significando a demonstração da existência de questões constitucionais relevantes sob o ponto de
vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos das partes. A
ausência dessa preliminar na petição de interposição permite que a Presidência do STF negue,
liminarmente, o processamento do recurso extraordinário, bem como do agravo de instrumento
interposto contra a decisão que o inadmitiu na origem (13, V, c, e 327, caput e § 1º, do Regimento
Interno do STF). Cuida-se de novo requisito de admissibilidade que se traduz em verdadeiro ônus
conferido ao recorrente pelo legislador, instituído com o objetivo de tornar mais célere a prestação
jurisdicional almejada” (STF, RE-AgRg 569.476/SC, Rel.ª Min.ª Ellen Gracie, Tribunal Pleno, j.
02.04.08).”
Súmula 124: A TAXA DE MELHORAMENTO DOS PORTOS TEM BASE DE CALCULO DIVERSA
DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO, SENDO LEGITIMA A SUA COBRANÇA SOBRE A
IMPORTAÇÃO DE MERCADORIAS DE PAISES SIGNATARIOS DO GATT, DA ALALC OU
ALADI. (SUPERADA)
Súmula 123: A DECISÃO QUE ADMITE, OU NÃO, O RECURSO ESPECIAL DEVE SER
FUNDAMENTADA, COM O EXAME DOS SEUS PRESSUPOSTOS GERAIS E CONSTITUCIONAIS.
OBS: A competência da Justiça Federal é prevista na CF/88, sendo taxativa, enquanto que a
competência da Justiça estadual é residual. Assim, só será competência da Justiça Estadual
quando o crime não for previsto como de competência da Justiça Federal. Desse modo, havendo
um crime da Justiça Federal e outro da Justiça Estadual e devendo ambos ser julgados
conjuntamente, a reunião deverá ser feita na Justiça Federal, a fim de que o art. 109 da CF/88 não
seja descumprido. Com exceção de eventuais hipóteses de competência delegada (§ 3° do art. 109
da CF/88), a Justiça Estadual não poderá julgar crimes que se enquadrem nos incisos do art. 109.
Em compensação, a Justiça Federal poderá, eventualmente, julgar um delito que, originalmente,
era de competência da Justiça Estadual. É o caso, por exemplo, do crime "estadual" conexo ao
crime “federal”.
(TJSC-2019-CESPE): Caso seja verificada conexão probatória entre fatos concernentes a crimes de
competência da justiça estadual e a crimes de competência da justiça federal, é correto afirmar que
o juízo federal é o competente para o processamento e o julgamento dos crimes conexos,
independentemente da pena prevista para cada um dos delitos. BL: S. 122, STJ.
##Atenção: A melhor interpretação da Súmula 122 do STJ é a que indica que, havendo um crime
federal, com menor pena cominada abstratamente, e um crime estadual, com maior pena, ambos
conexos, o critério utilizado para a fixação não será o que considera o quantum apenatório (nos
termos do art. 78, II, “a”, CPP), mas, sim, a força atrativa exercida pela jurisdição federal. Todavia,
temos que diferenciar duas situações trazidas pela jurisprudência (STF, HC 112.574), vejamos:
I. Em ocorrendo a extinção da punibilidade do crime federal, haverá a cessação da
competência da Justiça Federal, devendo-se remeter os autos à Justiça Estadual.
32
https://www.dizerodireito.com.br/2013/10/a-justica-federal-continua-sendo.html
II. Em ocorrendo a absolvição do crime federal, a Justiça Federal permanecerá competente
para julgar o crime estadual.
II. Absolvição do Crime Federal: A justiça federal continua competente para julgar o
crime estadual conexo.
OBS: Superada.
Em provas e na prática forense, deve-se atentar, no entanto, para a regra de transição do art. 2.028
do CC-2002. Assim, as ações de desapropriação indireta propostas antes da entrada em vigor do
CC-2002 (11/01/2003) continuam observando a súmula 119 do STJ (prazo de 20 anos).
ii) Se entre a data do apossamento e a entrada em vigor do CC-2002 havia se passado menos que
10 anos: o prazo prescricional será agora o do novo Código Civil: 10 anos.
Súmula 118: O AGRAVO DE INSTRUMENTO É O RECURSO CABÍVEL DA DECISÃO QUE
HOMOLOGA A ATUALIZAÇÃO DO CALCULO DA LIQUIDAÇÃO. (TJTO-2007) (TJPR-2011)
OBS: O CPC/2015 ampliou este prazo para 5 dias, conforme o art. 935 do CPC/2015:
Art. 935. Entre a data de publicação da pauta e a da sessão de julgamento decorrerá,
pelo menos, o prazo de 5 (cinco) dias, incluindo-se em nova pauta os processos que
não tenham sido julgados, salvo aqueles cujo julgamento tiver sido expressamente
adiado para a primeira sessão seguinte.
Desse modo, a súmula contínua válida, porém agora o prazo mínimo não é de 48h, mas sim de 5
dias.
Vale ressaltar que este prazo existe para que as partes e seus advogados possam saber com um
mínimo de antecedência o dia em que será julgado o processo e, com isso, tenham condições de se
preparar para acompanhar a sessão de julgamento (ex: comprar passagens, elaborar sustentação
oral etc.).
OBS: Válida. Vale ressaltar que, atualmente no âmbito do STJ, utiliza-se a expressão “agravo
regimental” para os processos relacionados com matéria penal. Por sua vez, emprega-se termo
“agravo interno” para os processos de natureza cível.
Para o Dizer o Direito, a Súmula 116 do STJ aplica-se tanto para os casos de agravo regimental
como também de agravo interno no STJ.
Aprofundando: “O prazo em dobro previsto para a Fazenda Pública, para o Ministério Público e
para a Defensoria Pública não se aplica quando a lei estabelecer prazo próprio ou específico para
cada um deles. É o caso do agravo interno contra a decisão do presidente do tribunal que indefere
pedido de suspensão de segurança. Nesse caso, só quem pode agravar é o requerente, que será ou
a Fazenda Pública ou o Ministério Público. O prazo para o agravo será, nessa hipótese, simples, e
não em dobro.” (DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de Direito Processual
Civil. Vol. 3 13. ed. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 289).
Processo civil: Vale ressaltar que esta súmula vale para o processo civil, mas não para o processo
penal. No âmbito penal, o Ministério Público não goza de prazo em dobro, sendo intempestivo
o recurso de agravo regimental interposto fora do quinquídio previsto no art. 258 do Regimento
Interno do STJ (AgInt no REsp 1658578/MT, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/04/2018).
O prazo para interposição de agravo regimental no STF, em processos criminais, é de 5 dias
corridos (não são dias úteis, como no CPC). O MP e a Defensoria Pública possuem prazo em
dobro para interpor esse agravo?
MP: NÃO. Em matéria penal, o Ministério Público não goza da prerrogativa da
contagem dos prazos recursais em dobro. Logo, o prazo para interposição de agravo pelo
Estado-acusador em processo criminal é de 5 dias.
Defensoria Pública: SIM. Mesmo em matéria penal, são contados em dobro todos os
prazos da Defensoria Pública. Logo, o prazo para a Defensoria Pública interpor agravo
regimental é de 10 dias.
STF. 1ª Turma. HC 120275/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 15/5/2018(Info 902).
E agora, com o CPC/15, como fica a Súmula 115 do STJ? Assim que o CPC/15 foi editado, a
doutrina amplamente majoritária afirmou que o enunciado estaria superado. Nesse sentido foi
aprovado o Enunciado nº 83 do Fórum Permanente de Processualistas Civis. O STJ, no entanto,
teve uma solução mais interessante para o tema. O STJ afirmou o seguinte: a súmula 115 do STJ
permanece válida, no entanto, agora, mesmo que o recurso tenha sido interposto por advogado
sem procuração nos autos, o Ministro, antes de considerá-lo inexistente, deverá intimar a parte
para apresentar a procuração, nos termos do art. 76 c/c art. 932, parágrafo único:
Art. 76 (...)
§ 2º Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de justiça, tribunal
regional federal ou tribunal superior, o relator:
I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente;
II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao
recorrido.
Em outras palavras, não é preciso cancelar a súmula, mas tão somente interpretá-la de acordo
com o art. 76 c/c art. 932, parágrafo único. Assim, a súmula 116 do STJ deve agora ser interpretada
da seguinte maneira: “Na instância especial é inexistente recurso interposto por advogado sem
procuração nos autos”, desde que a parte, devidamente intimada para regularizar a
representação, não o faça no prazo de 5 dias.
Nesse sentido:
Intimada a regularizar a sua representação processual, nos termos do art. 932, parágrafo
único, do CPC vigente, a parte que deixa de proceder à juntada no prazo de 5 (cinco) dias,
faz incidir ao caso a Súmula 115/STJ. STJ. 3ª T. AgInt no AgInt no AREsp 1053466/MS, Rel.
Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 07/08/2018.
(...) V. Intimada a regularizar a sua representação processual, nos termos do art. 932,
parágrafo único, do CPC vigente, a parte agravante deixou transcorrer in albis o prazo para
tal. VI. Diante da ausência de correção do vício apontado - apesar de intimada a parte
recorrente para tanto -, incide, no caso, a Súmula 115/STJ. (...) STJ. 2ª T. AgInt no AgInt no
AREsp 1151581/RN, Rel. Min. Assusete Magalhães, j. 28/03/2019.
OBS: Importante.
A utilização do termo “até” para a fixação da taxa de juros a ser aplicada nos casos de imissão
provisória na posse cria insegurança jurídica e institui regime de discricionariedade injustificado.
Isso porque não faz sentido a taxa de juros ser variável sem qualquer justificativa lógica. Isso viola
a determinação do texto constitucional de que o expropriado deverá receber justa indenização.
Juros incidem sobre a diferença entre 80% do preço ofertado em juízo e o valor do bem fixado na
sentença: O STF decidiu interpretar conforme a Constituição o caput do art. 15-A do DL 3.365/41
de modo a entender que a base de cálculo dos juros compensatórios será a diferença
eventualmente apurada entre 80% do preço ofertado em juízo e o valor do bem fixado na
sentença. Isso para que não se reste vulnerado o princípio constitucional do prévio e justo preço.
Veja um exemplo para entender melhor o tema: O Estado ajuizou ação de desapropriação contra
João oferecendo R$ 100 mil pelo imóvel. O art. 33, § 2º do DL autoriza que o proprietário, mesmo
que discorde do valor, levante (saque) 80% da quantia oferecida, o que foi feito por João. O juiz
deferiu a imissão provisória na posse. Ao final, após a perícia, o juiz fixou em R$ 300 mil o valor
da indenização a ser paga ao proprietário (valor real do imóvel). Pela interpretação literal do art.
15-A, os 6% de juros compensatórios deveriam incidir sobre a diferença entre o valor fixado na
sentença (300) e o preço ofertado em juízo (100). Assim, os juros compensatórios seriam 6% de 200
(6% de 300-100). Veja a redação do dispositivo:
Art. 15-A No caso de imissão prévia na posse, na desapropriação por necessidade ou
utilidade pública e interesse social, inclusive para fins de reforma agrária, havendo
divergência entre o preço ofertado em juízo e o valor do bem, fixado na sentença,
expressos em termos reais, incidirão juros compensatórios de até seis por cento ao ano
sobre o valor da diferença eventualmente apurada, a contar da imissão na posse, vedado o
cálculo de juros compostos. (Incluído pela MP 2.183-56, de 2001)
O STF afirmou que deve ser dada uma interpretação conforme a esse dispositivo. Assim, a taxa de
juros (6%) deve incidir sobre a diferença entre o valor fixado na sentença (300) e 80% do preço
oferecido pelo Poder Público (em nosso exemplo, 80% de 100 = 80). Assim, segundo o STF, os
juros compensatórios seriam 6% de 220 (6% de 300-80). Repare que a determinação do STF protege
o proprietário do bem desapropriado e tem por base o seguinte raciocínio: ora, o proprietário só
poderá levantar 80% do preço oferecido. É esse valor que ele ficará consigo antes de o processo
terminar. Logo, se a sentença afirma que o bem vale mais que isso, significa que ele (proprietário)
ficou durante todo o processo injustamente privado dessa quantia. Dessa forma, os juros
compensatórios devem incidir sobre essa diferença. STF. Plenário. ADI 2332/DF, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 17/5/2018 (Info 902).
Súmula 111: Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, NÃO INCIDEM sobre as
prestações vencidas após a sentença. (TRF4-2010) (TRF1-2011)
Súmula 106: PROPOSTA A AÇÃO NO PRAZO FIXADO PARA O SEU EXERCÍCIO, A DEMORA
NA CITAÇÃO, POR MOTIVOS INERENTES AO MECANISMO DA JUSTIÇA, NÃO JUSTIFICA
O ACOLHIMENTO DA ARGUIÇÃO DE PRESCRIÇÃO OU DECADÊNCIA. (TJGO-2012) (TJPR-
2014) (TJDFT-2015) (TJSP-2018)
Súmula 103: INCLUEM-SE ENTRE OS IMÓVEIS FUNCIONAIS QUE PODEM SER VENDIDOS OS
ADMINISTRADOS PELAS FORÇAS ARMADAS E OCUPADOS PELOS SERVIDORES CIVIS.
OBS: Atenção.
Existe uma exceção a essa Súmula: se a parte opuser embargos contra acórdão que esteja em
conformidade com Súmula do STJ ou STF ou, ainda, com precedente julgado pelo rito dos
recursos repetitivos ou repercussão geral, esses embargos serão considerados protelatórios mesmo
que tenham sido interpostos com objetivo de prequestionamento. Nesse sentido: STJ.2° Seção.
REsp 1.410.839-SC, Rei. Min. Sidnei Beneti, j. 14/5/14 (recurso repetitivo) (Info 541).
##Atenção: O caso em tela refere-se ao crime de extorsão (falso sequestro cometido pelo telefone),
previsto no art. 158 do CP, onde um indivíduo, recolhido e cumprindo pena em um presídio da
cidade de Naviraí/MS efetua ligações telefônicas e, mediante grave ameaça de matar o filho da
vítima, exige o pagamento de vantagem indevida de uma vítima que está na cidade de Maracaju.
O delito é formal, consumando-se com o constrangimento (com a conduta da vítima no sentido de
fazer ou deixar de fazer algo), dispensando a obtenção da indevida vantagem econômica. A
obtenção da vantagem econômica é mero exaurimento. É a conclusão que se extrai do teor da
Súmula 96 do STJ33, de modo que a competência será determinada pelo local em que se consumou
a infração, nos termos do 70 do CPP. No caso concreto, o crime se consumou (resultado) na cidade
de Maracaju/MS, sendo o foro competente para julgar o crime o foro desta cidade. Para melhor
compreensão colaciona-se o seguinte trecho de julgado de um caso semelhante julgado pelo STJ:
“(...) 2. O núcleo da controvérsia consiste em saber se a competência para apurar suposta conduta
criminosa de comunicação por telefone de falso sequestro com exigência de resgate por meio de
sucessivos depósitos bancários seria do Juízo do local onde a vítima teria sofrido a ameaça por
telefone e depositado as quantias exigidas; ou o Juízo do local onde está situada a agência
bancária da conta beneficiária do valor extorquido. 3. Nos termos do art. 70 do CPP - CPP, "a
competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa,
pelo lugar em que for praticado o último ato de execução". Diante disso, para solução da controvérsia sobre a
competência é imprescindível identificar o delito em tese praticado, levando-se em consideração os fatos
apurados no inquérito policial. 4. Conforme jurisprudência do STJ, a conduta de simulação de sequestro com
o objetivo de ameaçar a vítima amolda-se ao delito de extorsão tipificado no art. 158 do CP. Isso porque, no
crime de extorsão, a vítima entrega seus bens com medo de o agente cumprir suas ameaças, ao passo que, no
estelionato, a vítima sofre o prejuízo por ser induzida a erro, mediante meio ardiloso e sem ameaças.
Precedentes: CC 129.275/RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, 3ª S., DJe 3/2/14 e CC 115.006/RJ, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, 3ª S., DJe 21/3/11) 5. No caso concreto, constata-se que o agente praticou ameaças,
as quais aterrorizaram a vítima que temeu pela morte de sua filha. Nesse contexto, configurada a prática, em
tese, do delito de extorsão, incide na espécie a Súmula 96 do STJ. (...) 6. Destarte, o crime em análise se
consumou no município de Santo Antônio das Missões - RS, onde a vítima se encontrava no
momento em que sofreu a primeira ameaça e realizou o primeiro depósito, de forma que o
recebimento da vantagem indevida pelo meliante, em agência bancária situada no Rio de Janeiro,
caracteriza mero exaurimento do delito. 7. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de
Direito da Vara de Santo Antônio da Missões - RS, o suscitado.” (STJ. 3ª S. CC 163.854/RJ, Rel. Min.
Joel Ilan Paciornik, j. 28/08/19).
OBS: Segundo decidiu o STF, o valor pago a título de ICMS não deve ser incluído na base de
cálculo do PIS/PASEP e COFINS:
33
Súmula 96-STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem
indevida.
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) não compõe a base de
cálculo para a incidência da contribuição para o PIS e da COFINS.
STF. Plenário. RE 574706/PR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/3/2017
(repercussão geral) (Info 857).
##Atenção:
• Nas cédulas de crédito rural, industrial e comercial, a legislação autoriza a capitalização
semestral dos juros (autorização ex lege), não dependendo de pactuação expressa.
• O art. 5º do DL 167/67 autoriza que a capitalização seja inferior à semestral, sendo, nesse caso,
necessária a pactuação expressa.
• A capitalização dos juros nas cédulas de crédito rural pode ser, inclusive, em periodicidade
mensal, desde que pactuada no contrato.
• A capitalização dos juros nas cédulas de crédito rural é regida pelo DL 167/67, não sendo a ela
aplicável o art. 4º do Decreto 22.626/1933 (Lei de Usura) nem a MP 1.963-17/2000 (2.170-36/2001).
STJ. 2ª Seção. REsp 1333977-MT, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 26/2/14 (recurso repetitivo)
(Info 537).
OBS: Superada.
Prevalece que a súmula foi superada pela Lei 13.491/2017, que alterou o art. 9º, II, do CPM.
Código Penal Militar
Redação original Redação dada pela Lei nº 13.491/2017
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em Art. 9º Consideram-se crimes militares, em
tempo de paz: tempo de paz:
II - os crimes previstos neste Código, embora II - os crimes previstos neste Código e os
também o sejam com igual definição na lei penal previstos na legislação penal, quando praticados:
comum, quando praticados:
O que significa essa mudança?
• Antes da Lei: para se enquadrar como crime militar com base no inciso II do art. 9º, a conduta
praticada pelo agente deveria ser obrigatoriamente prevista como crime no Código Penal Militar.
• Agora: a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar com base no inciso II do art. 9º,
pode estar prevista no Código Penal Militar ou na legislação penal “comum”.
Assim, antes da alteração, se o policial, em serviço, cometesse violação de domicílio e abuso de
autoridade, o primeiro delito seria julgado pela Justiça Militar (porque a violação de domicílio está
prevista no CPM) e o segundo crime seria julgado pela Justiça Comum (considerando que o abuso
de autoridade não está tipificado no CPM). Isso, contudo, mudou com a nova redação dada pela
Lei nº 13.491/2017 ao art. 9º, II, do CPM.
Com a mudança, a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar com base no inciso II do
art. 9º, pode estar prevista no Código Penal Militar ou na legislação penal “comum”.
Dessa forma, o abuso de autoridade, mesmo não estando previsto no CPM, mas sim na Lei nº
4.898/65, pode agora ser crime militar (julgado pela Justiça Militar) com base no art. 9º, II, do CPM
(com a nova redação dada pela Lei nº 13.491/2017). Logo, não há mais necessidade de
desmembramento, tal qual preconizava a súmula 90 do STJ.
(TJMG-2008): Quando se está diante de relações jurídicas de trato sucessivo, as prestações devidas
pela Fazenda Pública, omissa na apreciação do requerimento administrativo, prescrevem no
quinquênio anterior à propositura da ação. BL: S. 85, STJ.
OBS: “O celebrante de promessa de compra e venda tem legitimidade para proteger a posse
contra penhora incidente sobre o imóvel objeto do negócio jurídico, ainda que desprovido de
registro, desde que afastadas a má-fé e a hipótese de fraude à execução”. (STJ AgRg no AREsp
172.704/DF, julgado em 19/11/2013).
OBS: Cuidado para não confundir com a orientação dada pela Súmula 161, STJ: “É da competência
da Justiça Estadual autorizar o levantamento dos valores relativos ao PIS/PASEP e FGTS, em decorrência
do falecimento do titular da conta”.
Súmula 81: NÃO SE CONCEDE FIANÇA QUANDO, EM CONCURSO MATERIAL, A SOMA DAS
PENAS MINIMAS COMINADAS FOR SUPERIOR A DOIS ANOS DE RECLUSÃO. (SUPERADA,
por força da Lei 12.403/2001, que alterou os arts. 323 e 324 do CPP).
Súmula 77: A CAIXA ECONOMICA FEDERAL E PARTE ILEGÍTIMA PARA FIGURAR NO POLO
PASSIVO DAS AÇÕES RELATIVAS AS CONTRIBUIÇÕES PARA O FUNDO PIS/PASEP.
OBS: Superada.
Se o policial militar promove ou facilita a fuga de preso por qual crime ele responde? Depende:
Se o preso estava recolhido em quartel da corporação ou outro local sujeito à
administração militar: trata-se do crime previsto no art. 178 do CPM. Neste caso, a
competência é da Justiça Militar.
Se o preso estava recolhido em estabelecimento penal comum: a conduta amolda-se ao
art. 351 do CP. Neste caso, a Súmula 75 dizia que a competência era da Justiça Comum
Estadual.
A súmula 75 do STJ continua válida? NÃO. A súmula foi superada pela Lei 13.491/17, que
alterou o art. 9º, II, do CPM. Antes da alteração, para se enquadrar como crime militar com base
no inciso II do art. 9º, a conduta praticada pelo agente deveria ser obrigatoriamente prevista como
crime no Código Penal Militar. Como o art. 351 estava previsto no Código Penal comum,
entendia-se que a competência para julgá-lo era da Justiça Comum.
O que fez a Lei nº 13.491/2017: disse que a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar
com base no inciso II do art. 9º, pode estar prevista no Código Penal Militar ou na legislação
penal “comum”. Dessa forma, a conduta descrita no art. 351, mesmo estando prevista no Código
Penal comum, pode agora ser considerado crime militar (julgado pela Justiça Militar) com base
no art. 9º, II, do CPM.
OBS: Válida. O documento hábil ao qual a súmula faz referência não se restringe â certidão de
nascimento. Outros documentos, dotados de fé pública e, portanto, igualmente hábeis para
comprovar a menoridade, também podem atestar a referida situação jurídica, como, por exemplo,
a identificação realizada pela polícia civil (HC 134.640/DF, j. 06/08/2013).
OBS: Importante. Para a configuração do crime de moeda falsa, previsto no art. 289, caput e § 1°,
da CP, é necessário que se evidencie a chamada imitatio veri, ou seja, é preciso que a falsidade seja
apta a enganar terceiros, dada a semelhança da cédula falsa com a verdadeira. Se ficar constatada
pela perícia que a falsificação das cédulas contrafeitas poderia iludir o homem comum, como de
fato ocorreu, verifica-se, em princípio, a configuração do referido crime, cuja competência é da
Justiça Federal (CC 117-751/PR, j. em 28/03/2012).
OBS: O credor pode demonstrar a mora do devedor por meio de carta registrada com aviso de
recebimento. Não mais se exige que a carta registrada seja expedida pelo Cartório de Título e
Documentos. É dispensável que haja o protesto do título.
##Atenção: ##Jurisprud. em Teses/STJ – Ed. nº 16: Tese 03: Na ação de busca e apreensão a
comprovação da mora pode ser analisada de ofício. STJ. 4ª T., EDcl no REsp 1203163/RS, Rel. Min.
Raul Araújo, julgado em 15/08/2013.
##Atenção: Se a ação de desapropriação for proposta por uma pessoa jurídica de direito
público: não se aplica a Súmula 70 do STJ. Isso porque após o trânsito em julgado o valor fixado
na sentença será inscrito como precatório e o art. 100 da CF/88 confere um prazo mínimo para ele
ser pago. A CF/88 afirma que, uma vez inscrito até 1º de julho de um ano, o precatório deverá ser
pago até o final do ano seguinte. Logo, enquanto estiver dentro deste prazo conferido pela CF/88,
não há que se falar em mora (não sendo devidos os juros de mora). Assim, se a ação foi proposta
por pessoa jurídica de direito público, os juros moratórios serão contados a partir de 1º de janeiro
do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser efetuado, nos termos do art. 100 da
CF/88. Aplica-se aqui a regra prevista no art. 15-B do Dec-lei 3.365/41 (incluído pela MP
1577/97).
##Atenção: Se a ação de desapropriação for proposta por pessoa jurídica de direito privado
(empresas públicas, sociedades de economia mista, concessionárias, etc): aplica-se a Súmula 70
do STJ e o termo inicial dos juros moratórios será o trânsito em julgado da sentença. Isso porque as
entidades privadas não gozam dessa regra especial de pagamento por meio de precatórios.
##Atenção: No mesmo sentido, vejamos o teor das Súmula 113 e 114 do STJ: ”113 - Os juros
compensatórios, na desapropriação direta, incidem a partir da imissão na posse, calculados sobre o valor da
indenização, corrigido monetariamente.” (...) “114 - Os juros compensatórios, na desapropriação indireta,
incidem a partir da ocupação, calculados sobre o valor da indenização, corrigido monetariamente.”
Súmula 68: A PARCELA RELATIVA AO ICM INCLUI-SE NA BASE DE CALCULO DO PIS.
(CANCELADA)
OBS: Segundo decidiu o STF, o valor pago a título de ICMS não deve ser incluído na base de
cálculo do PIS/PASEP e COFINS:
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) não compõe a base de
cálculo para a incidência da contribuição para o PIS e da COFINS.
STF. Plenário. RE 574706/PR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/3/2017
(repercussão geral) (Info 857).
OBS: Os Conselhos de Fiscalização Profissional (exs: CREA, CRM, COREN, CRO, CRC etc.) são
classificados juridicamente corno "autarquias federais”. Em virtude disso, as demandas que os
envolvam são de competência da Justiça Federal, nos termos do art. 109, I, da CF/88.
OBS: Alguns autores criticam esse enunciado, como é o caso de Gustavo Badaró e Aury Lopes
Júnior. Isso poderá ser alegado em uma prova da Defensoria Pública, por exemplo. Vale ressaltar,
no entanto, que, apesar da crítica doutrinária, o STJ continua aplicando constantemente a súmula.
OBS: O enunciado é concretização do brocardo nemo turpitudinem suam audire potest (ninguém será
ouvido alegando a própria torpeza). Se a própria defesa deu causa ao excesso de prazo, não pode
ela própria se voltar contra as consequências de seus atos.
OBS: São devidos direitos autorais pela instalação de televisores dentro de quartos de hotéis ou
motéis (STJ AgRg nos EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 1145185/RS, j. em 13/11/2012).
São devidos direitos autorais pela instalação de televisores em quartos de clínicas de saúde ou
hospitais (STJ AgRg no AgRg no Ag 1061962/MT, j em 23/08/2011).
OBS: Superada. Trata-se de competência da Justiça do Trabalho por força da Lei 8984/95 e do art.
114, IX da CF/88.
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
##Atenção: ##Jurisprud. Teses/STJ – Ed. nº 46: Tese 08: Na desapropriação para instituir servidão
administrativa são devidos os juros compensatórios pela limitação de uso da propriedade.
(Súmula n. 56/STJ)
OBS: Art. 398: “Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o
praticou”.
(MPMS-2018): Os juros moratórios fluem do evento danoso tão somente nos casos de
responsabilidade aquiliana. BL: art. 398, CC e S. 54, STJ.
(TRF2-2017): Mévio ingressa com ação em face da Empresa de Correios e Telégrafos -ECT. Postula
indenização, já que foi atropelado por veículo da ré. Marque a opção correta: Julgado procedente o
pedido, o evento danoso será, no caso, o termo inicial do fluxo dos juros de mora. BL: S. 54, STJ.
[adaptada]
(TRF1-2009-CESPE): De acordo com o que dispõe o CC/02 a respeito das obrigações, assinale a
opção correta: Nas obrigações decorrentes de ato ilícito, o qual acarreta responsabilidade
extracontratual subjetiva, os juros moratórios deverão ser contados desde o instante em que se
praticou o ilícito. BL: BL: art. 398, CC e Súmula 54 do STJ.
OBS: Válida. A Justiça Militar estadual não tem competência para processar e julgar civis. Nos
termos do art. 125, §4º da CF/88, a Justiça Militar Estadual é competente para processar e julgar os
crimes militares praticados apenas pelos militares estaduais.
OBS: As súmulas 21 e 52 do STJ continuam válidas e esse entendimento é aplicado tanto pelo STJ
como pelo STF. Logo, se constarem em uma prova tais afirmações estão corretas.
No entanto, é importante esclarecer que esses enunciados, em alguns casos excepcionais, são
relativizados pelo STF e STJ quando, mesmo após a instrução ter se encerrado, o réu permanece
preso durante um longo período sem que tal demora possa ser atribuída à defesa.
Assim, em regra, encerrada a instrução criminal ou pronunciado o réu, fica superada a alegação
de constrangimento por excesso de prazo. No entanto, de forma excepcionalíssima, é possível
reconhecer esse excesso caso a demora para o término do julgamento seja muito elevada, sem que
isso possa ser atribuído à defesa.
OBS:
Não confundir:
• estelionato que ocorre por meio do saque (ou compensação) de cheque clonado,
adulterado ou falsificado: a competência é do local onde a vítima possui a conta bancária.
Isso porque, nesta hipótese, o local da obtenção da vantagem ilícita é aquele em que
se situa a agência bancária onde foi sacado o cheque adulterado, ou seja, onde a
vítima possui conta bancária.
• estelionato que ocorre quando a vítima, induzida em erro, se dispõe a fazer depósitos ou
transferências bancárias para a conta de terceiro (estelionatário): a competência é do local
onde o estelionatário possui a conta bancária.
Isso porque, neste caso, a obtenção da vantagem ilícita ocorre quando o
estelionatário efetivamente se apossa do dinheiro, ou seja, no momento em que ele é
depositado em sua conta.
(...) 2. Deve prevalecer a orientação que estabelece diferenciação entre a hipótese em que o
estelionato se dá mediante cheque adulterado ou falsificado (consumação no banco sacado,
onde a vítima mantém a conta bancária), do caso no qual o crime ocorre mediante depósito
ou transferência bancária (consumação na agência beneficiária do depósito ou transferência
bancária).
3. Se o crime de estelionato só se consuma com a efetiva obtenção da vantagem indevida
pelo agente ativo, é certo que só há falar em consumação, nas hipóteses de transferência e
depósito, quando o valor efetivamente ingressa na conta bancária do beneficiário do crime.
4. No caso, considerando que a vantagem indevida foi auferida mediante o depósito em
contas bancárias situadas em São Paulo/SP, a competência deverá ser declarada em favor
daquele Juízo (suscitado). (...) STJ. 3ª Seção. CC 169.053/DF, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, julgado em 11/12/2019.
(MPMG-2010): Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime
de estelionato mediante falsificação de cheque. BL: S. 48 do STJ.
Súmula 47: COMPETE A JUSTIÇA MILITAR PROCESSAR E JULGAR CRIME COMETIDO POR
MILITAR CONTRA CIVIL, COM EMPREGO DE ARMA PERTENCENTE A CORPORAÇÃO,
MESMO NÃO ESTANDO EM SERVIÇO. (SUPERADA)
OBS: Superada em razão de o art. 9°, II, “f”' do Código Penal Militar, ter sido revogado pela Lei n°
9299/96. Nesse sentido: FOUREAUX, Rodrigo (Justiça Militar: aspectos gerais e controversos. São
Paulo: Fiuza, 2012).
O policial militar que, embora de folga, age em razão da função, valendo-se de sua condição e
utilizando os armamentos da corporação pratica crime militar nos termos expressos do art. 9º, II, c,
do Código Militar, estando sujeito à competência da Justiça Militar. Verifica-se, in casu, que,
embora de folga, os policiais militares puseram-se em serviço e agiram em razão da função e em
nome da instituição, utilizando-se dos armamentos da corporação, tanto que efetuaram a prisão
em flagrante dos civis que supostamente praticavam o delito de tráfico de drogas.
##Atenção: Válida. Vale ressaltar, no entanto, que a Súmula 44/STJ não torna prescindível a
redução da capacidade laboral para a concessão do auxílio-acidente, ainda que seja constatada
disacusia em grau mínimo (REsp 1337206/SP, j. em 18/10/2012)
Súmula 43: INCIDE CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE DÍVIDA POR ATO ILICITO A PARTIR
DA DATA DO EFETIVO PREJUIZO. (Proc.-AL/SP-2010)
(MPMG-2017): No caso de dano ambiental, é correto afirmar: Incide a correção monetária a partir
do ato ilícito. BL: S. 43, STJ e Jurisprud. do STJ.
##Atenção: Súmula 362-STJ: A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide
desde a data do arbitramento.
##Atenção:
Correção monetária e danos materiais: EFETIVO PREJUÍZO.
Correção monetária e danos morais: ARBITRAMENTO.
As sociedades de economia mista, ainda que mantidas pela União, não são julgadas pela Justiça
Federal. Houve uma opção do constituinte de não incluir tais empresas estatais no rol do art. 109
da CF/88. Quando o enunciado 556 fala em “justiça comum”, deve-se fazer uma correção e
interpretar essa locução como sendo “justiça estadual”. Isso porque antes da CF/88, “justiça
comum” era sinônimo de “justiça estadual”. Atualmente, contudo, existe justiça comum estadual
e justiça comum federal. As “justiças especializadas” são a justiça eleitoral, do trabalho e militar.
Estas três são “justiças federais especializadas”.
O Banco do Brasil é uma sociedade de economia mista que conta com a participação majoritária
da União. Mesmo assim, as causas em que participa são julgadas, em regra, pela justiça estadual.
Isso porque, como vimos acima, as sociedades de economia mista não possuem foro na Justiça
Federal.
Súmula 39: PRESCREVE EM VINTE ANOS A AÇÃO PARA HAVER INDENIZAÇÃO, POR
RESPONSABILIDADE CIVIL, DE SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. (SUPERADA)
OBS: O STJ é firme no sentido de que o prazo de prescrição quinquenal previsto no Dec. 20910/32
não se aplica às pessoas jurídicas de Direito Privado (sociedades de economia mista, empresas
públicas e fundações), mas apenas às pessoas jurídicas de Direito Público (União, Estados e
Municípios, DF, autarquias e fundações públicas) (REsp 1247370, j 06/09/2011).
Súmula 38: COMPETE A JUSTIÇA ESTADUAL COMUM, NA VIGENCIA DA CONSTITUIÇÃO
DE 1988, O PROCESSO POR CONTRAVENÇÃO PENAL, AINDA QUE PRATICADA EM
DETRIMENTO DE BENS, SERVIÇOS OU INTERESSE DA UNIÃO OU DE SUAS ENTIDADES.
(TJPI-2007) (TJSE-2008) (TJDFT-2008) (MPRR-2008) (TJSC-2009) (TRF2-2009) (MPGO-2010)
(MPRO-2010) (MPMT-2012) (MPRJ-2012) (TRF4-2012) (TRF1-2011/2013) (TJBA-2019) (TJPA-2019)
OBS: Como se vê pela redação do art. 109, a Justiça Federal NÃO julga contravenções penais, uma
vez que esse dispositivo fala apenas em crimes.
E se a contravenção penal for conexa com crime federal? Haverá a cisão dos processos, de forma
que o crime será julgado pela Justiça Federal e a contravenção pela Justiça Estadual (STJ. CC
20454/RO. j. 3.12.1999).
A doutrina afirma que existe uma exceção na qual a Justiça Federal julgaria contravenção penal.
Trata-se da hipótese de contravenção penal praticada por pessoa com foro privativo no Tribunal
Regional Federal. Seria o caso, por exemplo, de contravenção penal cometida por Juiz Federal ou
Procurador da República. Em tais situações, o julgamento ocorreria no TRF (e não na Justiça
Estadual). É a posição, dentre outros, de Renato Brasileiro de Lima.
(MPF-2013): Não obstante evidente conexão entre crimes de competência da Justiça Federal e
contravenções penais, compete à Justiça Estadual julgar acusado da contravenção penal, devendo
haver desmembramento da persecução penal. BL: art. 109, IV, da CF e S 38, STJ.
Súmula 33: A INCOMPETÊNCIA RELATIVA NÃO PODE SER DECLARADA DE OFÍCIO. (TJSC-
2009) (MPDFT-2009) (TRF4-2012) (TJAM-2013)
OBS: Superada, em parte. O NCPC prevê uma exceção a essa súmula no §3º do art. 63, que tem a
seguinte redação: “Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada
ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do
réu”. Em regra, a incompetência relativa não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, ou seja, a
própria parte prejudicada é quem deverá alegar. Exceção: O foro de eleição é uma regra de
incompetência relativa. Mesmo assim, ela pode ser reconhecida de ofício pelo magistrado.
Súmula 32: COMPETE A JUSTIÇA FEDERAL PROCESSAR JUSTIFICAÇÕES JUDICIAIS
DESTINADAS A INSTRUIR PEDIDOS PERANTE ENTIDADES QUE NELA TEM EXCLUSIVIDADE
DE FORO, RESSALVADA A APLICAÇÃO DO ART. 15, II DA LEI 5010/66.
##Atenção: Superada. Vale ressaltar que, com a edição da Resolução 4.558/2017, acabou a
possibilidade de cobrança da comissão de permanência.
Súmula 29: NO PAGAMENTO EM JUÍZO PARA ELIDIR FALÊNCIA, SÃO DEVIDOS CORREÇÃO
MONETÁRIA, JUROS E HONORÁRIOS DE ADVOGADO.
34
Art 1º O artigo 66, da Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965, passa a ter a seguinte redação: "Art. 66. A
alienação fiduciária em garantia transfere ao credor o domínio resolúvel e a posse indireta da coisa móvel alienada,
independentemente da tradição efetiva do bem, tornando-se o alienante ou devedor em possuidor direto e depositário
com tôdas as responsabilidades e encargos que lhe incumbem de acordo com a lei civil e penal.”
Súmula 26: O AVALISTA DO TITULO DE CREDITO VINCULADO A CONTRATO DE MÚTUO
TAMBÉM RESPONDE PELAS OBRIGAÇÕES PACTUADAS, QUANDO NO CONTRATO
FIGURAR COMO DEVEDOR SOLIDÁRIO. (MPSP-2006) (TJMG-2008) (TJRS-2012)
(Cartórios/TJDFT-2014) (TJDFT-2016)
(TRF4-2010): Os títulos de crédito são documentos que representam obrigação pecuniária. Um dos
mais conhecidos é a nota promissória, que constitui uma promessa de pagamento que uma pessoa
faz a outra. Dadas as assertivas abaixo sobre nota promissória, assinale a alternativa correta: O
avalista de nota promissória vinculada a contrato de mútuo, quando figurar no contrato como
devedor solidário, também responde pelas obrigações pactuadas. BL: S. 26, STJ.
OBS: Válida.
Súmula 23: O BANCO CENTRAL DO BRASIL É PARTE LEGÍTIMA NAS AÇÕES FUNDADAS NA
RESOLUÇÃO 1154, DE 1986.
OBS: As súmulas 21 e 51 do STJ continuam válidas e esse entendimento é aplicado tanto pelo STJ
como pelo STF. Logo, se constarem em uma prova tais afirmações estão corretas. No entanto, é
importante esclarecer que esses enunciados, em alguns casos excepcionais, são relativizados pelo
STF e STJ quando, mesmo após a instrução ter se encerrado, o réu permanece preso durante um
longo período sem que tal demora possa ser atribuída à defesa. Assim, em regra, encerrada a
instrução criminal ou pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento por excesso
de prazo. No entanto, de forma excepcionalíssima, é possível reconhecer esse excesso caso a
demora para o término do julgamento seja muito elevada, sem que isso possa ser atribuído à
defesa.
##Atenção: ##STJ: A teor da Súmula n.º 21 desta Corte, “Pronunciado o réu, fica superada a alegação
do constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo na instrução.” Somente se cogita da existência
de constrangimento ilegal quando o excesso de prazo for motivado pelo descaso injustificado do
juízo, o que não ocorreu na presente hipótese. STJ. 5ª T., HC 139723/PR. Min. Rel. Laurita Vaz, j.
15/03/11.
OBS: Válida. Vale ressaltar, no entanto, que os Municípios podem legislar sobre medidas que
propiciem segurança, conforto e rapidez aos usuários de serviços bancários (STF, ARE 691591
AgR/RS, j. 18/12/12). Ex: tempo máximo de espera na fila (“lei das filas”), instalação de banheiros
e bebedouros nas agências, colocação de cadeiras de espera para idosos, disponibilização de
cadeiras de rodas, medidas para segurança dos clientes, etc.
OBS: Importante. O perdão judicial é um instituto do direito penal, segundo o qual mesmo
constatando que o fato praticado é típico, antijurídico e culpável, o juiz, com base em hipóteses
previstas na lei, deixa de punir o agente por entender que, naquele caso concreto, a punição seria
desnecessária ou ilegítima. O perdão judicial consiste em uma causa de extinção da punibilidade
(art. 107, IX, CP). A sentença que concede o perdão judicial não é considerada condenatória nem
absolutória, mas sim declaratória da extinção da punibilidade (S. 18 do STJ).
OBS: Ressalte-se que, reconhecido o perdão judicial, não subsiste nenhum efeito negativo para o
réu. Nesse sentido, veja o que diz o art. 120 do CP: “Art. 120. A sentença que conceder perdão judicial
não será considerada para efeitos de reincidência.”
##Atenção: Fala-se em sentença autofágica porque ela admite ter havido crime mas ao mesmo
tempo extingue a punibilidade do Estado. Para fins penais é como se o agente nunca tivesse sido
processado. Dito de outro modo, essa sentença não vale para antecedentes criminais, reincidência
etc. Exemplificativamente, tomemos o instituto jurídico do perdão judicial. Como pressuposto
lógico, o magistrado deve analisar o mérito da causa e reconhecer, a princípio, a culpabilidade do
agente, para, apenas depois, conceder-lhe o perdão judicial. 35
OBS: Importante. Essa súmula baseia-se no princípio da consunção e exige, para ser aplicada,
que o crime de falsidade (crime meio) fique completamente exaurido (sem potencialidade lesiva),
após ter sido empregado para a prática do estelionato (delito-fim).
Exemplo típico da súmula: João falsifica um cheque e saca o dinheiro da conta; esse falso se
esgotou (não poderá mais ser usado para nada) e o agente responderá apenas pelo crime-fim
(estelionato).
Súmula 16: A LEGISLAÇÃO ORDINARIA SOBRE CREDITO RURAL NÃO VEDA A INCIDÊNCIA
DA CORREÇÃO MONETARIA.
OBS: Válida, mas apenas nos casos de ação proposta contra o INSS pleiteando benefício
decorrente de acidente de trabalho. Vide SV 22, STF: “A Justiça do Trabalho é competente para
processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de
trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de
mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional nº 45/04.”
Segundo a jurisprudência do STF e STJ, causas decorrentes de acidente do trabalho não são apenas
aquelas em que figuram como partes o empregado acidentado e o órgão da Previdência Social,
mas também as que são promovidas pelo cônjuge, ou por herdeiros ou dependentes do
acidentado, para haver indenização por dano moral (da competência da Justiça do Trabalho - CF,
art. 114, VI), ou para haver benefício previdenciário, pensão por morte, ou sua revisão (da
competência da Justiça Estadual) (CC 121.352/SP, j. em 11/04/2012).
OBS: Superada.
O que queria dizer essa súmula? Em regra, as causas envolvendo a União, entidades autárquicas
ou empresas públicas federais são julgadas pela Justiça Federal (art. 109, I, da CF/88). A ação de
usucapião especial é uma exceção a essa regra. Isso porque a ação de usucapião especial é julgada
pelo foro da situação do imóvel, ou seja, pelo juízo do local onde estiver situado o imóvel, mesmo
que ali não tenha Justiça Federal. Em outras palavras, essa ação de usucapião especial, mesmo
tendo a presença da União, de entidade autárquica ou empresa pública federal, seria julgada pela
Justiça Estadual.
Qual era o fundamento legal desta súmula? O art. 4º, § 1º, da Lei 6.969/81 (Lei de usucapião
especial de imóveis rurais), que dizia o seguinte:
Art. 4º A ação de usucapião especial será processada e julgada na comarca da situação do
imóvel.
§ 1º Observado o disposto no art. 126 da Constituição Federal, no caso de usucapião
especial em terras devolutas federais, a ação será promovida na comarca da situação do
imóvel, perante a Justiça do Estado, com recurso para o Tribunal Federal de Recursos,
cabendo ao Ministério Público local, na primeira instância, a representação judicial da
União. (...)
Essa lei tinha fundamento na Constituição Federal? SIM. Ela tinha fundamento no art. 126 da
CF/69, vigente na época em que foi editada, que autorizava que a lei delegasse para a Justiça
Estadual o julgamento de algumas causas envolvendo a União, suas entidades autárquicas e
empresas públicas:
Art. 126. A lei poderá permitir que a ação fiscal e outras sejam promovidas no fôro de
Estado ou Território e atribuir ao Ministério Público respectivo a representação judicial da
União.
Essa previsão do art. 4º, § 1º da Lei 6.969/81 foi recepcionada pelo texto original da CF/88? SIM. O
texto original da CF/88 também previa essa possibilidade de haver a competência delegada, ou
seja, de a lei delegar para a Justiça estadual o julgamento de algumas causas que seriam
originalmente de competência da Justiça Federal:
Art. 109 (...)
§ 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados
ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado,
sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição,
a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela
justiça estadual.
EC 103/2019: Ocorre que a EC 103/2019 (Reforma da Previdência) alterou esse § 3º do art. 109:
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Antes da Reforma (EC 103/2019) ATUALMENTE
Art. 109. (...) Art. 109. (...)
§ 3º Serão processadas e julgadas na justiça § 3º Lei poderá autorizar que as causas de
estadual, no foro do domicílio dos segurados ou competência da Justiça Federal em que forem
beneficiários, as causas em que forem parte parte instituição de previdência social e
instituição de previdência social e segurado, segurado possam ser processadas e julgadas na
sempre que a comarca não seja sede de vara do justiça estadual quando a comarca do domicílio
juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei do segurado não for sede de vara federal.
poderá permitir que outras causas sejam
também processadas e julgadas pela justiça
estadual.
2) A Lei poderia permitir outras hipóteses de competência delegada para a Justiça Estadual, além
dos casos envolvendo o INSS. Isso deixou de existir.
Art. 4º, § 1º da Lei 6.969/81 não foi recepcionado pela EC 103/19: Com isso, percebe-se que o art. 4º,
§ 1º da Lei nº 6.969/81 era compatível com a redação originária do art. 109, § 3º da CF/88, no
entanto, com a mudança operada pela EC 103/2019, essa previsão legal perdeu fundamento
constitucional. O art. 4º, § 1º da Lei nº 6.969/81 não foi recepcionado pela EC 103/2019. Logo,
podemos concluir que, se a União, entidade autárquica ou empresa pública federal intervir na
ação de usucapião especial, essa demanda terá que ser julgada pela Justiça Federal, considerando
que não mais existe competência delegada da Justiça Estadual para o julgamento desta causa. A
Súmula 11 do STJ encontra-se, portanto, superada. A presença da União, de suas entidades
autárquicas ou empresas públicas, na ação de usucapião especial, atrai a competência para a
Justiça Federal, ainda que este o foro da situação do imóvel (local onde está situado o imóvel) não
seja sede de Justiça Federal.
OBS: Válida, mas deve-se esclarecer que não mais existem as juntas de conciliação e julgamento.
Assim, em seu lugar deve-se ler “juiz do trabalho”.
OBS: Súmula 347 do STJ: O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão.
OBS: Superada.
O Dizer o Direito entende que o presente enunciado foi superado com a edição da Lei nº
13.491/2017, que alterou o art. 9º, II, do CPM. Antes da alteração, para se enquadrar como crime
militar com base no inciso II do art. 9º, a conduta praticada pelo agente deveria ser
obrigatoriamente prevista como crime no Código Penal Militar.
O que fez a Lei nº 13.491/2017: disse que a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar
com base no inciso II do art. 9º, pode estar prevista no Código Penal Militar ou na legislação
penal “comum”. Dessa forma, as condutas previstas no Código de Trânsito Brasileiro podem
agora ser consideradas crimes militares (julgados pela Justiça Militar) com base no art. 9º, II, do
CPM.
Súmula 2: NÃO CABE O HABEAS DATA (CF, ART. 5º, LXXII, LETRA "A") SE NÃO HOUVE
RECUSA DE INFORMAÇÕES POR PARTE DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. (TJPA-
2012) (MPRO-2017) (TJCE-2018)
OBS: Se não houve recusa administrativa, não tem motivo para o autor propor a ação. Falta
interesse de agir (interesse processual).
Art. 5º. (...). LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público;