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O TRATAMENTO FISIOTERÁPICO E A PARTICIPAÇÃO FAMILIAR NA

REABILITAÇÃO DO PACIENTE COM SEQUELAS DE AVC: RELATO DE


EXPERIÊNCIA

ROCHA1, P. D. (deborarocha770@gmail.com); ARAÚJO 1, M. G.


2
(glend.m.araujo@gmail.com); VASCONCELOS , S. S.
(samilasousa@uninta.edu.br); LINHARES³, S. H. A.
(analinhares03@hotmail.com).

1
Alunas do curso de Fisioterapia do Centro Universitário INTA

2
Professora Orientadora do curso de Fisioterapia do Centro Universitário INTA

³ Preceptora do NAPI INTA

Palavras-chave: AVC; Cuidador; Família; Fisioterapia.

1. INTRODUÇÃO

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é caracterizado por uma interrupção


no fluxo sanguíneo cerebral, causando morte celular na região afetada. Divide-
se em AVC isquêmico e AVC hemorrágico onde o tipo isquêmico pode se
manifestar a partir da formação de placa aterosclerótica que, por sua vez,
acarreta no desenvolvimento de trombos (trombose). Além disso, essa variação
também pode ser manifestada quando os êmbolos cerebrais deslocam-se até
as artérias cerebrais (embólico). Já o hemorrágico, caracteriza-se pela ruptura
de um vaso em decorrência de um trauma ou quando a pressão no mesmo é
tão grande resultando em tal ruptura¹. De acordo com os dados do Ministério
da Saúde, em 2018 foram registrados 197 mil atendimentos no SUS em
decorrência do AVC além de estar em segundo lugar entre as principais
causas de morte no Brasil, atrás apenas dos óbitos por doenças cardíacas
isquêmicas².

Ademais, o AVC também pode trazer diversas sequelas nos mais variados
âmbitos da vida do indivíduo tais como perda de coordenação, sensibilidade,
hemiparesia, hemiplegia, perda de função do membro acometido, distúrbios
de linguagem e consequente dificuldade de comunicação com os demais³
além de sinais de depressão pós AVC, sobretudo em idosos, pelos quais
sentem-se inúteis seja pela perda de função motora e/ou cognitiva. Para isso,
a fisioterapia torna-se fundamental no processo de tratamento, visto que a
mesma, trabalha os estímulos e atividades necessários para a reabilitação do
paciente como um todo tais como mobilizações passivas e ativas para
prevenção de outros agravos, ganhar amplitude de movimento, melhorar a
propriocepção e equilíbrio entre outros 4.

Sobretudo, assim como os profissionais envolvidos nesse processo, a


família e/ou cuidador são consideradas ferramentas relevantes na evolução
do paciente. Para Andrade et al, o impacto na família é muito forte diante das
alterações e dependência ocasionadas pela doença incluindo alterações em
diversos âmbitos sejam eles de ordem afetiva, financeira, das relações de
poder dentre outras5.

O presente estudo tem como principal objetivo mostrar a importância da


família e/ou cuidador domiciliar além da fisioterapia na reabilitação de
pacientes com sequelas de AVC de acordo com uma vivência prática.

2. METODOLOGIA

Trata-se de um relato de experiência feito a partir de uma disciplina de


Estágio Supervisionado I do curso de Fisioterapia e orientado pelo professor
e pelo preceptor. O paciente por sua vez, é do sexo masculino, por volta dos
80 anos de idade com sequelas do segundo AVC relatado em janeiro de
2020. Dentre as principais sequelas avaliadas no primeiro atendimento,
estavam hemiplegia esquerda juntamente com padrão flexor em membro
superior esquerdo (MSE) indicando grau 0, e no membro inferior esquerdo
(MIE) grau 3 de força, de acordo com a Escala de Oxford modificada 4. Ao
todo foram realizados apenas três atendimentos de dez, uma vez que o
paciente era acompanhado por suas filhas ou filho, contudo, após o último
não pôde comparecer devido à falta de acompanhante. Na maioria dos
atendimentos, encontrava-se normotenso e cooperativo com as atividades,
porém, em um dos atendimentos estava sonolento devido ao efeito da
medicação mas nada que atrapalhasse as intervenções.
Foi possível levar como formas de intervenção a Estimulação Elétrica
Funcional (FES), Cinesioterapia com movimentos tanto ativos quanto
passivos tais como flexão de ombro (com e sem auxílio de bastão), flexão de
quadril (em decúbito dorsal), extensão de joelho com auxílio de theraband
(em decúbito dorsal) além da isometria de membros inferiores com auxílio de
bola (em decúbito dorsal) como também subir e descer degraus com ajuda do
próprio cuidador. Outro ponto importante, foram as orientações aos familiares
quanto aos estímulos que deviam ser feitos em casa com os objetos que
estivessem disponíveis tais como substituição de bastão por cabo de
vassoura e uso de bolas de borracha na isometria. Realizaram-se ainda,
orientações com incentivos para o próprio paciente em decorrência da sua
consequente ansiedade e baixa auto estima devido a perca de função de MIE
e MSE que o impossibilitaram de realizar suas AVD’s e suas atividades do
então antigo trabalho.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Embora o paciente tenha tido uma quantidade de atendimentos


consideravelmente limitada, ainda foi possível alcançar alguns objetivos iniciais
como trazer as orientações tanto para ele quanto para o cuidador (a) relatadas
anteriormente, na perspectiva de se alcançar um cuidado e atendimento de
maneira integral, visto que a participação do cuidador (a) e do próprio paciente
são essenciais nesse processo. Até porque, os cuidadores informais em sua
maioria, são membros da própria família que muitas vezes precisam desse
apoio do serviço de saúde disponível com informações claras que os ajudem
no dia-a-dia¹.

Do mesmo modo, o processo de escuta ao interagir e mostrar ao paciente a


relevância da sua participação no atendimento foram de suma importância para
a sua cooperação com os exercícios no momento das intervenções. Com isso,
coloca-se em prática a transversalidade, um dos princípios fundamentais da
PNH (Política Nacional de Humanização) que implica nessa relação entre
profissional e paciente com troca de experiências e ampliação na
intercomunicação6.
É importante destacar ainda, o quanto a família e/ou cuidador são
consideráveis nesse processo de tratamento, já que os atendimentos
fisioterapêuticos possuem tempos restritos e a família e/ou cuidador estão
presentes em tempo integral. Além disso, é fundamental mostrar a família do
paciente o relevante papel da fisioterapia, visto que o paciente em questão não
compareceu em todos os atendimentos por falta de acompanhante o que de
certa forma, interrompeu a continuidade do tratamento. Com isso, a educação
em saúde para todos os que estão presentes na vida do paciente torna-se
significativa.

4. CONCLUSÃO

Portanto, a partir dos aspectos supracitados, constata-se o quanto a


família é essencial nesse processo trazendo apoio tanto durante o
atendimento quanto após, no que se diz respeito a residência do paciente.
Ademais, cabe aos profissionais envolvidos trazer todo o suporte de
orientações possíveis resultando em uma boa relação família/terapeuta e
terapeuta/paciente na busca por um atendimento de qualidade e ainda mais
completo.

REFERÊNCIAS

¹ DIRETRIZES DE ATENÇÃO À REABILITAÇÃO DA PESSOA COM


ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL. Ministério da Saúde. Brasília-DF. 2013.

² SUPPA. C. Agência Saúde. Ministério da Saúde. 2019. Disponível em:


https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46174-ministerio-da-saude-
cria-linha-de-cuidados-para-tratar-avc

³ OLIVEIRA .C.E, et al. Cuidados pós-alta em pacientes idosos com sequelas


de acidente vascular cerebral: planejamento de alta hospitalar. Revista Saúde
e Desenvolvimento. vol.11, n.9. 2017.
4
SILVA.G.S. Fisioterapia Neurofuncional.1 ed. Rio de Janeiro: SESES, 2017.
5
ANDRADE et al. A problemática do cuidador familiar do portador de acidente
vascular cerebral. Revista Escola de Enfermagem da USP. vol.43 no.1. São
Paulo. 2009.

6
RAMOS et al. Humanização na Atenção Primária à Saúde. Revista de
Medicina. Minas Gerais. 2018.

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