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QU ES TÃ O DE AU LA – Sequência 1 Lírica e sátira galego-portuguesas

Questão de aula – Sequência 1A


Lírica e sátira galego-portuguesas
Lê o seguinte texto de Martin de Padrozelos.

Eu, louçana1, en quant’ eu viva for,


nunca já mais creerei per amor,
pois [que] me mentiu o que namorei,
nunca já mais per amor creerei,
5 pois que mi mentiu o que namorei.

E, pois m’ el foi a seu grado mentir,


des oimais2 me quer’ eu d’ amor partir,
pois [que] me mentiu o que namorei,
nunca já mais per amor creerei,
10 pois que mi mentiu o que namorei.

E direi-vos que lhi farei por en3:


d’ amor non quero seu mal, nen seu ben,
pois [que] me mentiu o que namorei,
nunca já mais per amor creerei,
15 pois que mi mentiu o que namorei.
Martin de Padrozelos (CV 843, CBN 1186), in FERREIRA, Maria Ema
Tarracha, 1991. Antologia Literária Comentada – Idade Média. Lisboa:
Ulisseia (5.ª ed.)

1. bela; 2. des oimais: doravante; 3. por en: por isso.

Apresenta as respostas aos itens de forma bem estruturada.


1. Menciona os sentimentos do sujeito lírico, fundamentando a tua resposta em elementos textuais.
2. Descreve o desenvolvimento temático ao longo da cantiga.
3. Explicita o valor do recurso expressivo utilizado na expressão “nunca já mais” repetida ao longo da
composição.

Sugestão de resolução
1. O sujeito lírico feminino encontra-se revoltado com a inconstância do amigo e descrente no amor (“nunca já mais
creerei per amor,”, v. 2), sentindo-se traído pela mentira intencional do amado (“pois m’ el foi a seu grado mentir,”, v. 6).
2. No primeiro dístico, o “eu” lírico exprime o grito da alma, a sua revolta, como conclusão de uma experiência
sentimental infeliz, cujos antecedentes nos são explicados nos dísticos seguintes: a mentira do amigo e a descrença no
amor.
3. Trata-se de um pleonasmo (uma dupla negativa de reforço), que intensifica expressivamente a desilusão e a
descrença no amor.

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