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Introdução

O presente trabalho aborda sobre a literatura moçambicana, onde a Literatura de


Moçambique é, geralmente, a literatura escrita em língua portuguesa - vulgarmente
misturada com expressões moçambicanas -, por autores moçambicanos. É ainda muito
jovem, mas já conta com exímios representantes como José Craveirinha, Paulina
Chiziane e Mia Couto, sendo vital na exigente Literatura Lusófona.
Literatura

A Literatura é a técnica de compor e expor textos escritos, em prosa ou em verso, de


acordo com princípios teóricos e práticos; o exercício dessa técnica ou da eloquência
e poesia.

A palavra Literatura vem do latim "litteris" que significa "Letras", e possivelmente uma


tradução do grego "grammatikee". Em latim, literatura significa uma instrução ou um
conjunto de saberes ou habilidades de escrever e ler bem, e se relaciona com as técnicas
da gramática, da retórica e da poética. Por extensão, se refere especificamente à arte
ou ofício de escrever. O termo Literatura também é usado como referência a um
conjunto escolhido de textos como, por exemplo a literatura portuguesa, a literatura
espanhola, a literatura inglesa, a literatura brasileira, a literatura japonesa, etc.

Mais produtivo do que tentar definir Literatura talvez seja encontrar um caminho para


decidir o que torna um texto, em sentido lato, literário. A definição de literatura está
comumente associada à ideia de escrita de letras. Entretanto, nem todo texto é literário.
A própria natureza do caráter estético, contudo, reconduz à dificuldade de elaborar
alguma definição verdadeiramente estável para o texto literário. Para simplificar, pode-
se exemplificar através de uma comparação por oposição. Vamos opor o
texto científico ao texto literário: o texto científico emprega
as palavras sem preocupação com a beleza, o efeito emocional. No texto literário, ao
contrário, essa será a preocupação maior do escritor (autor). É óbvio que também
o escritor busca instruir, e perpassar ao leitor uma determinada ideia; mas,
diferentemente do texto científico, o texto literário une essa instrução à necessidade à
recepção. O texto científico emprega as palavras no seu sentido dicionarizado,
denotativamente, enquanto o texto literário busca empregar as palavras com liberdade,
preferindo o seu sentido conotativo, figurado. O texto literário é, portanto, aquele que
pretende emocionar e que, para isso, emprega a língua com liberdade e beleza,
utilizando-se, muitas vezes, do sentido metafórico das palavras.

A compreensão do fenômeno literário tende a ser marcada por alguns sentidos, alguns


marcados de forma mais enfática na história da cultura ocidental, outros diluídos entre
os diversos usos que o termo assume nos circuitos de cada sistema literário particular.

Assim encontramos uma concepção "clássica", surgida durante o Iluminismo (que


podemos chamar de "definição moderna clássica", que organiza e estabelece as bases de
periodização usadas na estruturação do cânone ocidental); uma definição "romântica" (na qual
a presença de uma intenção estética do próprio autor torna-se decisiva para essa
caracterização); e, finalmente, uma concepção "crítica" (na qual as definições estáveis tornam-
se passíveis de confronto, e a partir da qual se buscam modelos teóricos capazes de localizar o
fenômeno literário e, apenas nesse movimento, "defini-lo"). Deixar a cargo do leitor individual
a definição implica uma boa dose de subjetivismo (postura identificada com a matriz
romântica do conceito de "Literatura"); a menos que se queira ir às raias do  solipsismo,
encontrar-se-á alguma necessidade para um diálogo quanto a esta questão. Isto pode,
entretanto, levar ao extremo oposto de considerar como literatura apenas aquilo que é
entendido como tal por toda a sociedade ou por parte dela, tida como autorizada à definição.
Esta posição não só sufocaria a renovação na arte literária, como também limitaria
excessivamente o corpus já reconhecido.

De qualquer forma, destas três fontes (a "clássica", a "romântica" e a "crítica") surgem


conceitos de literatura, cuja pluralidade não impede de prosseguir a classificações de gênero e
exposição de autores e obras.

Diferença entre literatura e ficção

A diferenca entre literatura e ficção é:

 Literatura é qualquer criação escrita. A ficção é um trabalho criativo de escrita.


 Embora a literatura tenha várias formas literárias, como romance, prosa, peça de
teatro, etc., a ficção se refere a um romance ou conto imaginado pelo autor.
 Embora as universidades e faculdades realizem cursos de literatura, elas
oferecem apenas diplomas em redação criativa. Ficção se enquadra na categoria
de escrita criativa.

Na verdade, segundo a tendência atual, a ficção é composta principalmente pelo


romance. Em outras palavras, todos os romancistas são chamados de escritores de
ficção. Todos os romancistas também contribuíram para a literatura correspondente.
Assim, a ficção torna-se o subconjunto da literatura. Estas são as principais diferenças
entre as duas palavras, a saber, literatura e ficção.

Vida e obra dos autores Moçambicanos

Mia Couto
Mia Couto (Antônio Emílio Leite Couto) é um escritor moçambicano, nascido em 5 de
julho de 1955, na cidade de Beira. Trabalhou como jornalista durante quase 10 anos,
porém ingressou na Faculdade de Biologia e, posteriormente, tornou-se professor
universitário, profissão que concilia com a sua carreira de escritor. Assim, em 1983,
publicou seu primeiro livro de poesias — Raiz de orvalho.

Já seu primeiro romance — Terra sonâmbula — foi publicado, em 1992, com


grande sucesso de público e crítica. Ganhador do Prêmio Camões em 2013, Mia Couto é
um autor da literatura contemporânea, e suas obras são caracterizadas, principalmente,
pelo resgate da tradição cultural moçambicana por meio de uma linguagem marcada por
neologismos.

Biografia de Mia Couto

Mia  Couto (Antônio Emílio Leite Couto) nasceu em 5 de julho de 1955, em Beira,


cidade moçambicana. Aos 14 anos, o escritor publicou seus primeiros textos
literários no jornal Notícias da Beira. Desse modo, iniciou seu processo
de escrita literária por meio da poesia. Em 1972, ingressou na Faculdade de Medicina
em Maputo, onde estudou por dois anos. Assim, em 1974, abandonou o curso para
trabalhar como jornalista.

O escritor foi diretor da Agência de Informação de Moçambique, em 1976, além de


trabalhar na revista Tempo, de 1979 a 1981, e no jornal Notícias, de 1981 a 1985.
Seu primeiro livro de poesias — Raiz de orvalho — foi publicado em 1983. O poeta
deixou o jornalismo, em 1985, para fazer Faculdade de Biologia e trabalhar como
professor de Ecologia na Universidade Eduardo Mondlane.

Em 1992, publicou o seu primeiro romance — Terra sonâmbula —, eleito como um


dos melhores livros africanos do século XX durante a Feira do Livro de Zimbabwe.
Além disso, em 1996, foi um dos fundadores da Impacto, empresa de consultoria
ambiental. E, em 1998, ele se tornou o segundo escritor africano a ser eleito para
a Academia Brasileira de Letras, como sócio correspondente. O primeiro foi o
senegalês Léopold Sédar Senghor (1906-2001), eleito em 1966.

Obras de Mia Couto


Poesia

 Raiz de orvalho (1983)

 Raiz de orvalho e outros poemas (1999)

 Idades, cidades, divindades (2007)

 Tradutor de chuvas (2011)

Contos

 Vozes anoitecidas  (1987)

 Cada homem é uma raça (1990)

 Estórias abensonhadas (1994)

 Contos do nascer da Terra (1997)

 Na berma de nenhuma estrada (1999)

 O fio das missangas (2003)

Crônicas

 Cronicando (1991)

 O país do queixa andar (2003)

 Pensatempos. Textos de opinião (2005)

 E se Obama fosse africano? e outras interinvenções (2009)

 Pensageiro frequente (2010)

Romances

 Terra sonâmbula (1992)

 A varanda do frangipani  (1996)

 Vinte e zinco (1999)

 Mar me quer (2000)

 O último voo do flamingo (2000)

 Um rio chamado Tempo, uma casa chamada Terra  (2002)

 O outro pé da sereia (2006)
 Venenos de Deus, remédios do diabo (2008)

 Jesusalém  (2009)

 A confissão da leoa  (2012)

 Vagas e lumes (2014)

 Mulheres de cinzas (2015)

 A espada e a azagaia (2016)

 O bebedor de horizontes (2017)

Literatura infantil

 O gato e o escuro (2001)

 A chuva pasmada (2004)

 O beijo da palavrinha (2006)

 O menino no sapatinho (2013)

José Craveirinha

Biografia
José Craveirinha nasceu no Xipamanine, em Lourenço Marques (atual Maputo), em 28 de
maio de 1922, filho de pai algarvio (de Aljezur)[2] e mãe ronga. Viveu com a mãe, pai e
madrasta.

Estudou na escola «Primeiro de Janeiro», pertencente à Maçonaria.

Como jornalista, colaborou nos periódicos moçambicanos O Brado


Africano, Notícias, Tribuna, Notícias da Tarde, Voz de Moçambique, Notícias da
Beira, Diário de Moçambique e Voz Africana. Fez campanha contra o racismo no Notícias,
onde trabalhava, tendo sido o primeiro jornalista oficialmente sindicalizado. [carece  de fontes]

Utilizou os seguintes pseudónimos: Mário Vieira, J.C., J. Cravo, José Cravo, Jesuíno
Cravo e Abílio Cossa. Foi presidente da Associação Africana na década de 1950.

Esteve preso entre 1965 e 1969 por fazer parte de uma célula da 4.ª Região Político-Militar
da Frelimo.

Foi o primeiro presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação dos Escritores


Moçambicanos, entre 1982 e 1987. Em sua homenagem, a Associação dos Escritores
Moçambicanos (AEMO), em parceria com a HCB (Hidroeléctrica de Cahora Bassa),
instituiu em 2003, o Prémio José Craveirinha de Literatura.
Obras

 Xigubo. Lisboa, Casa dos Estudantes do Império, 1964. 2.ª ed. Maputo,
Instituto Nacional do Livro e do Disco, 1980
 Cantico a un dio di Catrame (bilingue português/italiano). Milão, Lerici,
1966 (trad. e prefácio Joyce Lussu)
 Karingana ua karingana. Lourenço Marques, Académica, 1974. 2.ª ed.,
Maputo, Instituto Nacional do Livro e do Disco, 1982
 Cela 1. Maputo, Instituto Nacional do Livro e do Disco, 1980
 Maria. Lisboa, África Literatura Arte e Cultura, 1988
 Izbranoe. Moscovo, Molodoya Gvardiya, 1984 (em língua russa)
 Hamina e outros contos, 1998
 Maria. Vol.2. Maputo: Ndjira, 1998.
 Poemas da Prisão, Lisboa, Texto Editora, 2004.
 Poemas Eróticos. Moçambique Editora/Texto Editores, 2004 ( edição
póstuma, sob responsabilidade de Fátima Mendonça).

Paulina Chiziane

Biografia

Paulina Chiziane nasceu em 04 de junho de 1955, em Manjacaze, vila rural


moçambicana, mas, com seis anos de idade, mudou-se para Maputo. Seus pais eram
protestantes, portanto, o cristianismo esteve fortemente presente em sua formação.
Além disso, cresceu em um país dominado pelos portugueses.

A independência de Moçambique só ocorreria em 1975, depois de anos de luta armada


entre guerrilheiros moçambicanos e soldados portugueses. Isso explica o
anticolonialismo do pai da autora, que ensinou sua filha a se comunicar por meio do
chope, um idioma ligado ao grupo étnico ao qual pertencia a sua família.

Além disso, Chiziane aprendeu a língua ronga, em Maputo, onde iniciou seus estudos
em uma escola católica, e acabou aprendendo também o idioma português. Já sua
juventude foi marcada pela atuação na Frelimo, a Frente de Libertação de Moçambique,
responsável pela luta em prol da independência do país.
Após a independência, teve início uma guerra civil. Paulina Chiziane, então, tornou-se
voluntária na Cruz Vermelha durante o conflito, e sua atuação política não cessou após
o fim da guerra, em 1992. A autora passou a fazer parte do Núcleo das Associações
Femininas da Zambézia (Nafeza), organização não governamental criada em 1997, na
cidade de Quelimane.
Nessa época, já tinha publicado seu primeiro romance — Balada de amor ao vento —,
em 1990, mas seu sucesso como escritora chegou em 2002, com a publicação do
livro Niketche: uma história de poligamia. Por essa obra, ela ganhou o Prêmio José
Craveirinha, da Associação dos Escritores Moçambicanos.
Obras de Paulina Chiziane
 Balada de amor ao vento (1990)
 Ventos do apocalipse (1993)
 O sétimo juramento (2000)
 Niketche: uma história de poligamia (2002)
 O alegre canto da perdiz (2008)
 As andorinhas (2009)
 Eu, mulher: por uma nova visão do mundo (2013)
 Ngoma Yethu: o curandeiro e o Novo Testamento (2015)
 O canto dos escravizados (2017)

Ungulane Ba Ka Cossa

Biografia

Escritor moçambicano, de nome verdadeiro Francisco Esau Cossa, nascido a 1 de


agosto de 1957, em Inhaminga, província de Sofala. Tirou o bacharelato em História e
Geografia na Faculdade de Educação da Universidade Eduardo Mondlane, exercendo a
função de professor. Iniciou a sua carreira de escritor com a publicação de alguns contos
e participou na fundação da revista Charrua na Associação de Escritores
Moçambicanos, de que é membro. Tem publicadas a seguintes
obras: Ualalapi (1987), Orgia dos Loucos (1990), Histórias de Amor e Espanto (1999)
e No Reino dos Abutres (2002).
Centrada sobre a crueldade e despotismo de Ngungunyane, o último Imperador de
Gaza, Ualalapi, a primeira das obras citadas, foi distinguida, em 1990, com o Grande
Prémio da Ficção Narrativa; em 1994 com o Prémio Nacional de Ficção e, em 2002, foi
considerada como um dos melhores livros africanos do século XX
Obras

 Ualalapi, 1987 (Romance; ganhou o grande prémio de ficção Moçambicana


em 1990);
 Orgia dos Loucos, 1990 (edição da Associação dos Escritores
Moçambicanos);
 Histórias de Amor e Espanto, 1999;
 No Reino dos Abutres, 2002;
 Os sobreviventes da noite, 2007;
 Choriro, 2009;
 Entre as Memórias Silenciadas, 2013. 
 O Rei Mocho, 2016, Brasil. Editora Kapulana;
 Orgia dos Loucos, 2016, Brasil. Editora Kapulana;
 Cartas de Inhaminga, 2017.
 Gungunhana , 2018, Porto Editora; 

Vida e Obra de Noémia de Sousa

Carolina Noémia Abranches de Sousa Soares, nasceu em Catembe em 1926 e perdeu a


sua vida em Cascais a 04 de Dezembro de 2002, foi uma poetisa, tradutora, jornalista e
militante política moçambicana.

Estudou em Brasil e começou a publicar em O Brado Africano. De 1951 e 1964 viveu
em Lisboa, onde trabalhou como tradutora, mas, em consequência da sua posição
política de oposição ao Estado Novo teve de exilar-se em Paris, onde trabalhou no
consulado de Marrocos. Começa nesta altura a adoptar o pseudónimo de era Micaia.

Poeta, jornalista de agências de notícias internacionais, viajou por toda a África durante
as lutas pela dependência de vários países, onde em 1975 regressou a Lisboa, tendo
trabalhado na Agência Noticiosa Portuguesa. Em 2001, a Associação dos Escritores
Moçambicanos publicou o livro Sangue Negro, que reúne a poesia de Noémia de Sousa
escrita entre 1949 e 1951. A sua poesia está representada na antologia de poesia
moçambicana.

Obras de Noémia de Sousa


Sangue Negro, Maputo, Associação dos Escritores Moçambicanos, 2001.
Sangue Negro, Maputo, Marimbique, 2011.

Sangue Negro, São Paulo, Kapulana, 2016, ISBN 978-85-68846-17-9

Conclusão

A literatura produzida em Moçambique, como as demais literaturas africanas nos países


colonizados por Portugal, era uma extensão da literatura portuguesa. Sob a forma
escrita, a produção literária sedimenta-se, a partir da década de 1940, por meio de
periódicos publicados por intelectuais e escritores, em geral de contestação ao
colonialismo português, a exemplo do "Brado literário" que circulou no país entre 1918
e 1974 com textos de Rui Nogar, Marcelino dos Santos, José Craveirinha, Orlando
Mendes e Virgílio Lemos, entre outros. No século XIX, a imprensa e a literatura
estiveram próximas, sendo a primeira uma alternativa profissional para os escritores que
não podiam sobreviver da produção literária. Em 1975, quando alcançou sua
independência política, Moçambique ainda era distante de um "sistema literário",
conceito criado pelo teórico Antonio Cândido, segundo o qual um sistema literário
passa a existir quando um grupo de escritores escreve para um público que reage
influenciando-os a produzir novas obras, e assim sucessivamente.
Bibliografia

Porto Editora – Ungulani Ba Ka Khosa na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult.
2021-09-14 12:17:53]. Disponível

em https://www.infopedia.pt/$ungulani-ba-ka-khosa

SOUZA, Warley. "Paulina Chiziane"; Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/literatura/paulina-chiziane.htm. Acesso em 14 de
setembro de 2021.

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