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BOA VIDA
1. Cria vício
Entre as áreas cerebrais estimuladas pelo amor, algumas se destacam sobremaneira: são as
que formam o circuito de recompensa. Entre elas, impõe-se o chamado núcleo accumbens,
uma pequena região situada alguns centímetros atrás de seus olhos, muito sensível à
dopamina —neurotransmissor que aumenta com a paixão— e ao qual se conhece,
popularmente, como o centro do prazer. É ele que é ativado especialmente quando recebemos
um prêmio, quando temos sede e bebemos água ou quando consumimos praticamente todo
tipo de droga. Realmente, o circuito de recompensa é também o circuito do vício, daí o caráter
viciante das primeiras fases do amor. “O aumento da dopamina é muito grande no início das
relações”, comenta Larry Young, pesquisador de neurociência do comportamento da
Universidade de Emory, em Atlanta, e autor do livro Química entre nós. Amor, sexo e a ciência
da atração. “De fato, vimos que os ratos que perdem seus companheiros se deprimem de uma
forma muito parecida ao que acontece com um viciado de quem se retira a cocaína ou a
heroína”, acrescenta. Mas não só isso: o aumento da dopamina ocorre em paralelo à redução
central de outro transmissor, a serotonina, e essa falta acontece também nos transtornos
obsessivos, de cujos traços principais o amor não está muito longe.
O amor produz uma onda de estresse ao longo do tempo. Trata-se, em princípio, de uma
ativação do eixo hipotálamo-hipofisário-adrenal, o que significa, entre outras coisas, que o
cérebro manda sinais para produzir mais adrenalina. Uma interpretação que se faz é que esse
grau de estresse permite superar o medo inicial, o que se conhece como neofobia. Com os
meses, no entanto, o mecanismo diminui, dando lugar a uma sensação de tranquilidade (os
demais hormônios e circuitos envolvidos também se ajustam com o tempo). O curioso é que
este fenômeno é um dos poucos em que os acontecimentos cerebrais entre amor romântico e
maternal não se sobrepõem. Porque no cérebro de uma mãe (possivelmente também no do
pai, mas os estudos foram feitos especialmente no primeiro caso, onde as mudanças
hormonais são mais pronunciadas) também tem lugar uma ativação da área de recompensa e
um aumento de dopamina; igualmente, há um aumento claro de oxitocina e vasopressina; e
também se produz uma inibição do córtex pré-frontal (a mãe “suspende o julgamento” quando
se trata de seu filho). De fato, essa correspondência entre ambos os tipos de amor levou a
pensar que o amor romântico evoluiu que um sistema mais antigo: o do amor de uma mãe por
seu filho. Entretanto, neste caso, não há uma reação do hipotálamo, como a que ocorre nos
casais.
Em resumo, você pode estar pensando que a ciência ainda não sabe muito sobre o amor. Pode
ser. Talvez esteja convencido de que a razão não pode compreender a paixão em toda sua
complexidade. Muitos cientistas também acreditam. O próprio Larry Young, sem ir mais longe,
opina: “A ciência será capaz de nos dizer muitas coisas sobre a química e os mecanismos
cerebrais envolvidos no amor. Mas não nos fará entender sua magia. Isso só se pode entender
estando apaixonado”. E acrescenta: “É possível que sua essência seja melhor entendida com a
poesia, a música ou a arte, mas a ciência pode contribuir para compreender parte de seu
mistério”. Porque o que é óbvio é que todo sentimento tem sua contraparte física, e que, em
boa medida, esta pode ser estudada. Até onde chegará sua explicação, isso ninguém sabe.
BuenaVida
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