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Mariana Santos Marques

Engenharia de transportes
Transporte aquaviário

Síntese – Hidrovias no Brasil: perspectiva histórica, custos e institucionalidade

O transporte aquaviário é considerado o meio de transporte mais eficiente e de menor


custo, principalmente para o transporte de grandes volumes e escoamento da produção
agrícola. O Brasil está cercado por uma extensa costa marítima e possui inúmeros rios
caudalosos, porém apenas 15% do seu transporte de cargas é realizado por esse meio.

O estilo português de ocupação do território brasileiro resultou no isolamento da


população em ilhas e na criação de arquipélagos econômicos que intercalavam áreas povoadas
e vazios demográficos. Isso trouxe a necessidade de integração da colônia para consolidar o
império luso-brasileiro.

O comércio nessa época era realizado todo através de vias terrestres. A interiorização
do território, principalmente na região sudeste, fez com que as expedições exploratórias
buscassem meios mais adequados para a comunicação entre Minas Gerais, Rio de Janeiro, Sul
da Bahia e Espirito Santo e assim descobriram ser possível fazer o escoamento da produção
mineira pelos rios Doce, Paraíba do sul, Pardo, Pomba, Mucuri e São Francisco. A interiorização
chegou até a capitania de Goiás, que por conta de suas características de colonização, não
estava conseguindo se integrar ao resto do país. Para que isso acontecesse o estado interviu e
abriu a navegação dos rios Tocantins e Maranhão, além de transferir a sede do governo para
essa região.

A ideia de integração do território brasileiro se iniciou em 1799 com a idealização da


ligação do continente de norte a sul através da união de bacias hidrográficas. Em 1828 surgiu a
primeira tentativa de estabelecer uma política de transporte, com legislação intermodal e
concessões. O formato dessas concessões já demonstrava o início de um planejamento de
transporte, definindo regras e rotas para seu uso.

A definição das vias a serem implantadas ocorria tanto em função das considerações
estratégicas do poder publico quanto de razões econômicas e comerciais. Entende-se como
hidrovia um rio navegável que conta com intercepções diversas e normatizações necessárias
para garantir, além de segurança para a navegação, a sustentabilidade do recurso e o uso
múltiplo das águas.

Em 2012 o país tinha disponível 27,5 km de vias fluviais navegáveis e isso representava
apenas 64% do potencial total navegável. Entre os produtos transportados e a região
hidrográfica da navegação interior destaca-se o granel sólido e as hidrovias amazônicas. A cana
de açúcar, a soja e o milho podem se beneficiar ainda mais com a exploração do transporte
fluvial, pois o custo desse modal é muito mais apropriado para a competitividade de produtos
com menos valor agregado.

Os custos dos modais ferroviários e hidroviários são inferidos envolvendo os custos


com veículos, combustível, transbordo, pessoal e os relacionados a infraestrutura. Podem
incluir também os custos com gestão, manutenção e operação. Em comparação ao rodoviário,
as ferrovias se tornam competitivas quando são transportados um volume acima de 350 mil
toneladas mensais.

Nas seguintes análises entre os custos do transporte ferroviário e hidroviário, foram


considerados um volume de 5 milhões a 10 milhões de toneladas/ano e a distância de 1 mil
km.

• Comparação de custos entre ferrovia e rio navegável

5 milhões t/ano 10 milhões t/ano


Ferrovia R$ 57,00 R$ 35,00
Hidrovia R$ 16,00 R$ 16,00
(R$/tonelada)

• Comparação de custos entre ferrovia e hidrovia

5 milhões t/ano 10 milhões t/ano


Ferrovia R$ 57,00 R$ 35,00
S/ eclusa R$ 25,00 R$ 21,00
+1 eclusa R$ 51,00 R$ 47,00
Hidrovia
+2 eclusas R$ 55,00 R$ 51,00
+3 eclusas R$ 60,00 R$ 56,00

A comparação dos custos do transporte hidroviário com o ferroviário demonstra que o


modo mais adequado para receber recursos públicos para implantar sua infraestrutura,
aproveitando as condições de navegação naturais dos rios e lagos brasileiros, é o hidroviário.
Apesar de simplificada, a análise indica que mesmo hidrovias que demandem a implantação de
eclusas apresentam custo total de transporte menor que as ferrovias.

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