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Método Freudiano

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Formação Completa em Psicanálise

Apostila de Teoria Psicanalítica

Curso: Baroni Educar


Prof.: Luisa Baroni

Método Freudiano

Atos casuais e sintomáticos

No trabalho “psicopatologias da vida cotidiana”, Freud se propõe a estudar


as manifestações do inconsciente no dia a dia das pessoas saudáveis. Nesse
texto ele fala sobre atos causais e sintomáticos.

“Quase sempre eu descubro uma influência perturbadora de algo fora


do discurso pretendido” [...] “O elemento perturbador é um único
pensamento inconsciente, que vem à luz através do engano especial.”
- A Psicopatologia da Vida Cotidiana, 1901.

Os atos causais e sintomáticos ocorrem de forma espontânea e podem ser


interpretados, possibilitando assim que a intenção do inconsciente seja
compreendida. É muito importante não se precipitar na interpretação de
qualquer falha na ação, na fala ou na escrita. Existem também os atos
descuidados que não revelam manifestação do inconsciente. Dentro do
trabalho terapêutico, um ato sintomático é diferenciado de um descuido pela
sua frequência e regularidade. Atos isolados não podem ser considerados
causais.

Um ato causal e sintomático é uma ação interna ou externa que foge ao


nosso controle consciente. A pessoa não reconhece esses atos, o que costuma
gerar a sensação de estranheza. Porém, apesar de não parecer fazer sentido,
os atos sintomáticos têm como função desenvolver um equilíbrio mental e são
despertados por uma incongruência entre consciente e inconsciente. Sendo
assim, esses atos servem como válvula de escape de pulsões, permitindo
assim a manutenção da saúde mental.

Em um artigo chamado “Uma nota sobre o inconsciente na psicanálise”,


Freud conta como exemplo uma mulher que, acreditando estar grávida,
começou a ter crises de vômito. Seu inconsciente relacionou a gravidez com o
vômito. Dessa forma, o vômito foi a maneira que seu inconsciente encontrou
para lidar com uma possível gravidez e com a maternidade.

Freud fala sobre os principais atos causais e sintomáticos que aparecem


na vida cotidiana. São eles:

1. Esquecimentos
 Esquecimento de nomes próprios
 Esquecimento de palavras estrangeiras
 Esquecimento de nomes e sequências de palavras

2. Lembranças de Infância e Lembranças encobridoras

3. Lapsos de Leitura e Lapsos de Escrita


 Lapsos de Leitura
 Lapsos de Escrita

4. Esquecimento de Impressões e Intenções


 Esquecimento de Impressões
 Esquecimento de Intenções
 Equívocos na ação
 Atos casuais e sintomáticos
 Erros
 Atos falhos
 Determinismo, crença no acaso e superstição
O Método Psicanalítico de Freud

Em 1904 Freud escreveu “O método psicanalítico de Freud”, texto onde


descreve técnicas e métodos para conhecer e trabalhar o inconsciente. Freud
se dedicou a este estudo após abandonar a hipnose como forma de
investigação e tratamento das histerias.

O método psicanalítico freudiano tem como objetivo trazer a consciência,


impulsos e sentimentos aos quais normalmente não temos acesso. Os meios
de acesso a esses impulsos e sentimentos que estão no inconsciente se
manifestam através de:
 sonhos
 associação livre no diálogo
 atos falhos
 chistes - um a graça que tem como objetivo descarregar alguma
emoção reprimida.
 testes projetivos - é um tipo de teste psicológico que se baseia na
interpretação de informações, projetando aspectos de sua própria
personalidade.
 história de sintomas neuróticos e psicóticos

Com essas ferramentas é possível identificar conteúdos expressos pelo


inconsciente e pré-consciente.

Após estipular os modos de acesso, Freud passa a usar a nomenclatura


ICs para denominar o inconsciente, PCs para o pré-consciente e Cs para o
consciente. O método psicanalítico se baseia em provocar o inconsciente para
trazer a tona para o pré-consciente e processar pelo consciente.

pré-
inconsciente consciente
consciente
No entanto, Freud notou que este percurso nem sempre ocorria de maneira
eficaz. Era como se existissem algumas barreiras que o impedisse ou o
limitasse. Notando isto, Freud percebeu que além das instâncias de
armazenamento dos dados psíquicos existiam forças de formações psíquicas e
as chamou de Id, Ego e Superego. Essas instâncias estariam presentes dentro
do sistema topográfico, sendo que apenas parte do ego e do superego se
encontram no consciente e o Id fica completamente imerso no inconsciente,
como mostra o desenho abaixo:

Freud elabora uma metodologia que inicia com uma entrevista preliminar,
onde o paciente traz a sua queixa e o psicanalista o deixa falar, utilizando-se
de técnica da livre associação. Após essa primeira entrevista o psicanalista
passa a formular uma ou, às vezes, algumas hipóteses sobre a estrutura
psíquica do paciente. Identificando se pode ser uma neurose, perversão ou
psicose. Através da linguagem verbal e não verbal do paciente. A saber:

Neurose: histeria, obsessão e compulsão


Características:
 Frustração
 Depressão
 Repetição

Perversão: degeneração
Características:
 Fetiche
 Negação
Psicose: paranoia, autismo e esquizofrenia
Características:
 Alterações de humor
 Confusão nos pensamentos
 Alucinações
 Mudanças repentinas nos sentimentos

A partir da hipótese criada, o psicanalista desenvolve uma linha de


atendimento para as sessões seguintes, que vai sendo ajustada com o
encaminhar das sessões e a resposta de cada paciente à sessão anterior.
Esse processo é a analise propriamente dita.

O objetivo fim da analise é a remoção da causa do problema relatado e não


a pacificação dos sintomas. Dessa forma, não se trata aquilo que o paciente
relata como desconforto, mas a neurose, perversão ou psicose que originou
esse desconforto, podendo assim livrar definitivamente o paciente daquele
problema.

Ensaios sobre a Teoria Sexual

Freud observou que as crianças mesmo bem antes da puberdade já


apresentavam instintos sexuais. Ele relacionou uma série de práticas infantis e
percebeu o desenvolvimento da sexualidade.

Esses comportamentos observados foram unidos com a teoria do


inconsciente e a “interpretação dos sonhos”, escrito em 1899, que já colocava a
sexualidade como força motriz das ações e desejos humanos. Em “Ensaio
sobre a teoria sexual”, 1905, Freud elabora suas principais teorias sobre o
desenvolvimento psicológico humano como a inveja do pênis, complexo de
Édipo, síndrome da castração e complexo de Édipo e as fases do
desenvolvimento psicossexual.
Teoria da Libido

A Psicanálise de Freud se sustenta pela teoria da libido. Freud entendia a


libido não só como o desejo sexual, mas como a energia que orienta as
relações pessoais e a constituição da família. Libido é uma energia que se
dirige aos objetos de nossos desejos. Nossos interesses de desejo sempre
visam a autoconservação, podendo ser física, biológica, intelectual etc. Em
suma, a Libido é a energia em direção àquilo que gera prazer. É um esforço
que busca a satisfação na ligação com o objeto.

Ansiedade, por exemplo, está relacionada com algum impulso libidinoso


insatisfeito, exacerbando seus anseios e medos em busca da sobrevivência
como um desejo não resolvido de um amor não correspondido, um objetivo não
alcançado ou o medo de perder ou de não repetir aquele prazer conhecido.

Sendo assim, nossos esforços são sempre em prol de organizarmos as


melhores e mais simples formas de encontrarmos prazer, desenvolvendo um
cálculo de o máximo de prazer pelo mínimo de esforço (dor). Freud chamou
esse cálculo de Teoria da economia de nossos afetos.

Algumas pessoas orientam o objeto de prazer para si, sendo o que deseja
e o desejado. Essa forma de distribuir a libido se chama narcisismo e se
define pelo encontro do prazer em si mesmo e não no outro. Como
consequência os outros são menos relevantes já que não são meios de prazer,
uma vez que o objeto sexual não é externo e o impulso em direção ao objeto
sexual rege todo o comportamento humano.

Porém todos os impulsos da libido passam pela repressão do superego,


construído socialmente. Isso porque as “regras” impostas pelo superego são de
ordem social e quando não cumpridas geram retaliação, logo, dor. O cálculo da
teoria da economia dos afetos sempre busca o máximo de prazer com o
mínimo de dor. Sendo assim, diante de uma dor que pode ser intensa, é
preferível reprimir a libido a fim de evitá-la.

Quando esse cálculo entre prazer e dor feito pelo ego se perde, ocorre as
neuroses e perversões. Todo ser humano, por mais mentalmente saudável que
pareça ser, é neurótico e pervertido. Mas a intensidade e quantidade de
neuroses e perversões separam o homem saudável do patológico. Dessa
forma, todas as pessoas não psicóticas estão entre a patologia e a
normalidade.

Sobre a Teoria Sexual das Crianças

Desde que começaram os estudos sobre a sexualidade humana, Freud


observou a manifestação libidinal em crianças e elaborou a teoria
do desenvolvimento psicossexual. De acordo com essa teoria, a
manifestação libidinal em crianças ocorreria em etapas, estando elas ligadas à
área na qual a libido está mais concentrada. Segundo Freud, existem seis
fases: a fase oral, a fase anal, a fase fálica, o período de latência e a fase
genital.

A fase oral se inicia com o feto ainda do útero. É possível identificar que
mesmo na barriga da mãe, bebês chupam dedos das mãos e até dos pés.
Nessa fase o prazer é percebido pela boca. Isso é vital para que a criança
sugue e se alimente do leite materno. Obtendo prazer ao colocar coisas na
boca, o ato de mamar é intensamente prazeroso o que motiva a criança a
mamar com mais frequência o que o torna forte e bem alimentado.

A segunda fase é a anal, onde o foco do prazer está na recém adquirida


capacidade de controlar a bexiga e a evacuação, essa capacidade gera prazer
ao evacuar e urinar. Nessa época, a criança já é capaz de controlar essas
ações e por isso começa a ser ensinada a largar as fraldas e usar o vaso
sanitário. Nesse momento, a criança descobre uma luta entre o id (prazer) e o
superego (necessidade). É o inicio do desenvolvimento do superego dentro da
topografia mental humana. Porém, ao desenvolver o controle e a aprovação
externa, a criança sente prazer pelo sentimento de independência e realização
e também o de frustração quando não consegue realizar as demandas sobre
ela (fazer xixi na cama, por exemplo).
Na fase fálica o prazer está em conhecer e tocar o órgão genital. Nessa
fase, a criança percebe a diferença entre menino e menina, homem e mulher,
pênis e vagina. Nessa fase acontece a síndrome da castração, inveja de falo
e complexo e Édipo/Electra.

A dor causada pelo complexo de Édipo/Electra faz com que o nosso ego
encontre um caminho para evitá-la. Nesse período aprendemos a sublimá-la
em coisas mais prazerosas, voltando nossa libido mais para objetos de prazer
externos e menos para os internos. Nessa fase, a criança tem um grande
desenvolvimento intelectual e social.

A última fase começa no início da adolescência, quando a pessoa entra na


puberdade. Nessa fase, seu corpo é banhado por hormônios sexuais e seu
objeto de prazer passa a ser o corpo do outro. Essa fase é chamada de fase
genital. O prazer passa a estar no controle do gozo e na penetração.

Romances Familiares

Após passar pelo complexo de Édipo e sublimar essa libido no período de


latência, a fase genital chega e o jovem sente a necessidade de se portar como
adulto, querendo se tornar independente dos pais. Esse desejo por liberdade é
a concretização final do complexo edipiano. Em vez de substituir os pais passa-
se a querer superá-los. Dessa forma, a criança não precisa matar o pai, mas
sim desafiá-lo, reconhecendo-o como um grande adversário e, dessa forma,
aprendendo a valorizá-lo. Esse sentimento gera reações dúbias quanto aos
pais, ora desafiadoras, ora dependentes.

Essa superação/valorização dos pais é fundamental para todo o


desenvolvimento da sociedade humana e da construção de família. Quando o
ego fracassa nessa tarefa, o complexo de Édipo não é superado e há uma
disputa do ego que continua desejando substituir o pai. Isso pode se manifestar
na vida adulta com a procura de um par sexual que lembre a mãe ou no
comportamento violento, fruto da vontade não realizada de matar o pai. É
comum um espelhamento dessas emoções em outras famílias, tendo uma
busca erótica por mulheres que são mães ou um ódio instintivo por homens
que são pais/maus pais.

Esse desenvolvimento do complexo de Édipo aparece em o “romance


familiar” (1908). Essa atividade emerge inicialmente no brincar das crianças e
depois, mais ou menos a partir do período anterior à puberdade, passa a
ocupar-se das relações familiares que podem durar muito além da puberdade.
Assim, se baseia na fantasia de substituir seus pais por outros melhores. O
valor de melhor vai depender da criança, mas varia entre mais ricos, bonitos ou
com um estilo de vida mais apreciado pelo adolescente.

É possível que essas fantasias ganhem outras direções, como sonhar que
é filho biológico de outro pai ou até de mãe diferentes. Elucubrar sobre
infidelidade dos pais também passa pela cabeça do filho, tanto que, por muitas
vezes o adolescente chega a desejá-la.

No fundo existe um exercício imaginativo em prol de substituir a figura do


pai por uma melhor. O que nada mais é do que uma vontade inconsciente de
retornar a infância, quando seus pais eram vistos como heróis e perfeitos.

As Cinco Lições de Psicanálise

Em 1909, Freud foi aos Estados Unidos ministrar uma série de palestras
sobre suas descobertas. Essas palestras renderam o livro “Cinco lições de
psicanálise” (Sigmund, F., 2012) que compilam as descobertas e processos do
método psicanalítico desenvolvidos por Freud, como descritas:

Lição 1 - Trata da histeria, e perturbações psíquicas, e cura pela


conversação.
Absence = alteração da personalidade acompanhada de confusão mental.
Sintomas físicos causados por traumas psicológicos, e tratados através da
hipnose e conversação.

Os histéricos sofrem de reminiscências. Seus sintomas são resíduos de


traumas. Se prendem emocionalmente a acontecimentos traumáticos.
Lição 2 - O hipnotismo é abandonado, pois, apenas metade dos pacientes é
hipnotizável.

Fazer o paciente contar o que nem ele sabia.


Resistência do enfermo = proteção da personalidade psíquica do paciente.
Processo de repressão é isolar os pensamentos perturbadores. A hipnose
dribla a repressão. Cabe ao terapeuta, harmonizar o elemento perturbador,
com a consciência do paciente.

Alcançar uma idéia mais feliz que a repressão. Pois a repressão prende a
idéia, mas não o desejo. Caso este desejo seja repreensível, busca-se a
sublimação do desejo, ou seja redireciona para algo mais elevado, ou
reconhece a justa repulsa.

Lição 3 - liberar as idéias que vem a mente, mesmo que desconexas ou


absurdas. O terapeuta interpreta estas idéias. Interpretação de sonhos e
estudos de lapsos e atos casuais.

Interpretação dos sonhos = estrada real para interpretação do inconsciente.


Ansiedade é a resposta do ego para desejos reprimidos violentos.
Atos falhos, manias, tiques e esquecimentos, ou seja, tudo aquilo que vasa
informações inconscientes (atos que por muitas vezes deixamos
despercebidos e não damos importância) são extremamente significativos e
de interpretação fácil e segura por parte do terapeuta. Exprimem impulsos
ou intenções, desejos reprimidos ou complexos.

Lição 4 - processos patogênicos e desejos reprimidos dos neuróticos.


Relaciona sintomas mórbidos à impressões da vida erótica do doente.
Desejos patogênicos são componentes instintivos eróticos. São os desejos
duradouros da infância que ajudam a formar os traumas futuros.
Os desejos da infância são reconhecidos na generalidade como sexuais.
Auto-erotismo infantil. Em regra geral o pai tem preferência pela filha e a
mãe pelo filho.
Desprender-se dos pais é uma obrigação que não pode ser evitada, Sob
pena de grave ameaça ao futuro dos jovens. Tratamento psicanalítico,
entendido como uma forma de aperfeiçoamento educativo, destinado a
vencer os resíduos infantis.

Lição 5 - indivíduos adoecem por falta de satisfação de necessidades


sexuais, daí se refugiam na moléstia para encontrar uma satisfação
substitutiva.
Fuga da realidade insatisfatória. Achamos a realidade insatisfatória e
vivemos uma vida de fantasia.

O fenômeno da transferência = o médico traz para si a energia afetiva


liberada pelo doente durante o processo psicanalítico. A transferência é
importante para fixar um vínculo entre terapeuta e doente.
No tratamento pode-se agravar o mal buscando a cura no final.
Repressão é substituída pelo julgamento de condenação
Sublimação = permutar o fim sexual, por outro de maior valor social.

A Dinâmica da Transferência

Transferência é o processo de despersonificar o objeto de desejo reprimido


e colocá-lo em outro objeto. A transferência acontece na relação
terapeuta/paciente quando o paciente deposita suas frustrações no terapeuta,
esperando dele a reposta que deseja inconscientemente.

Em “A dinâmica da transferência” (1912) Freud coloca que “a transferência


sobre a pessoa do analista não representa o papel de uma resistência, a não
ser quando se tratar de uma transferência negativa, ou então de uma
transferência positiva composta de elementos eróticos recalcados”.

Por outro lado, a transferência positiva, em virtude da confiança do


paciente, permite que o paciente fale mais facilmente de coisas difíceis de
serem abordadas em outro contexto. Contudo, é evidente que toda
transferência é constituída simultaneamente de elementos positivos e
negativos.

Sendo assim, a transferência é uma dinâmica que, por um lado, permite


que o paciente se abra e fale de sentimentos mais profundos com o seu
terapeuta e, por outro, leva o paciente a relacionar as dores que está
relembrando com a figura do terapeuta. Por esse motivo, o paciente pode se
fechar, retrair e muitas vezes desistir do tratamento. Durante o processo
terapêutico, porém, essas memórias de maior resistência indicam pulsões mais
profundas e assim os principais pontos de viradas para a compreensão racional
que dá ao paciente controle sobre determinadas emoções.

Ao se falar de transferência não se pode deixar de citar a


contratransferência, onde o terapeuta acaba assumindo o papel da
personificação inconsciente do paciente, saindo do seu lugar de terapeuta. A
contratransferência impede que o terapeuta analise o paciente de forma
adequada, quebrando a dinâmica necessária para o sucesso do processo
psicoterápico.

Além de disfuncional, a contratransferência é antiética e recriminada pelos


órgãos de psicologia e psicanálise. Por isso, é de fundamental importância que
o terapeuta se afaste e interrompa o acompanhamento com seu paciente se
perceber que está contratransferindo. É fundamental compreender que o
paciente está em um estado de vulnerabilidade muito grande em relação ao
terapeuta e qualquer relação pessoal que ocorrer a partir daí é abusivo pela
condição de superioridade que o terapeuta exerce sobre o paciente.

Recordar, Repetir e Elaborar

Em “Recordar, Repetir e Elaborar (1914), Freud desenvolve algumas


técnicas para o atendimento psicanalítico. A partir do seu trabalho com Breuer,
que usa a hipnose para o método catártico. A catarse é a reprodução dos
processos mentais, trazendo do inconsciente para o consciente. Essa carga
mental pode ser elaborada.
 Recordar – trazer a tona
 Repetir – reproduzir a memória passando pelo crivo racional do
consciente.
 Elaborar – a partir da racionalização da memória, desenvolver
formas de lidar com ela.

Como a passar do tempo, Freud abandona a hipnose e passa a usar a


associação livre como método para alcançar memórias inconscientes.

Sobre os Dois Princípios do Funcionamento Mental

Os princípios do funcionamento metal elaborados por Freud em 1911 são:


o princípio de prazer e o princípio de realidade. Esse dois princípios regem a
dinâmica do funcionamento psíquico. O princípio de prazer é a busca constante
do inconsciente para conseguir o máximo de prazer e evitar ao máximo a dor
(desprazer). Evitar a dor significa afastar-se de qualquer memória que remeta
àquela dor. Isso leva a fenômenos de proteção como e esquecimento e
recalque.

O principio da realidade busca a satisfação social e se regula pelas


pressões externas que orientam o comportamento humano, possibilitando
assim a vida em sociedade. O princípio da realidade contém em si um prazer,
por isso, em muitos momentos de nossa vida, substituímos (sublimamos) a
energia libidinal em busca do prazer para o princípio de realidade. Isso é o que
acontece no período de latência durante o desenvolvimento psicossexual
infantil, por exemplo.

Freud também nota que alguns estímulos possuem relação dúbia entre
prazer e desprazer. A dor física, por exemplo, pode ser lida inicialmente como
um desprazer, mas pode revelar-se significativamente prazerosa. Assim,
algumas pessoas praticam automutilação e masoquismo. Há também ganhos
secundários, que tem o prazer como consequência de algo que pode ou não
ser desprazeroso.
Os dois princípios fundamentais geram, respectivamente, o ego-prazer e o
ego-realidade que disputam entre si as condições e consequências da
libertação ou não de nossas pulsões. É importante lembrar que Ego é a parte
na nossa estrutura psicológica que conhecemos. Sendo assim, o ego-prazer é
a parte que conhecemos e controlamos do nosso princípio de prazer que se
encontra no ID e o ego-realidade é a parte que conhecemos e controlamos do
princípio de realidade que se encontra no superego. Não temos conhecimento
das pulsões totais dos princípios fundamentais que regem nossas decisões e
pensamento sem que tomemos consciência da sua influência.

Por fim, temos que entender que, embora esses dois princípios disputem
entre si, eles também se sobrepõem, tornando o principio de um, a realização
de outro. Essas duas energias, ora contrárias, ora aliadas, desenvolvem toda a
dinâmica prazer/renúncia que constrói nossos caminhos psíquicos.

Ta faltando as referências

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