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A PSICOTERAPIA NA CONTEMPORANEIDADE: ENCONTRO DIALÓGICO OU

“OFICINA EXISTENCIAL”? A IMPORTÂNCIA DO PROCESSO NA CLÍNICA


GESTÁLTICA*
Claudia Lins Cardoso

RESUMO

Muitas vezes, a falta de sentido do homem moderno o leva a buscar


referências externas a ele, as quais promovem uma sensação ilusória e efêmera de
segurança e prazer. As experiências de vida em nossa sociedade de consumo de
massa, onde há perda e/ou inversão de valores outrora fundamentais ao ser
humano, e a velocidade alucinante das informações são apenas algumas das
situações apontadas por diversos autores como características da pós-modernidade,
gerando sintomas tais como depressão, ansiedade, síndrome do pânico e solidão.
Porém, muitas pessoas chegam aos consultórios de psicologia necessitadas de
resultados rápidos, curas milagrosas, buscando a psicoterapia como uma
oportunidade para resolverem seus problemas, tal como um carro que vai para a
oficina para consertar um problema específico, sem a necessidade de checar toda
sua engrenagem. E, desafortunadamente, muitos psicoterapeutas atuam nessa
perspectiva, como se a psicoterapia fosse uma espécie de “oficina existencial”, onde
o objetivo seria livrar a pessoa de seus males.
A proposta desse artigo é refletir sobre essa faceta do mundo
contemporâneo, enfatizando a contribuição da Gestalt-terapia para o processo de vir-
a-ser do homem em sua existência, especialmente por sua perspectiva
fenomenológica e dialógica. Também são abordados alguns cuidados inerentes ao
gestalt-terapeuta em suas atividades clínicas.

Um Vislumbre do Mundo Contemporâneo

* Artigo publicado na Revista do XI Encontro Goiano da Abordagem Gestáltica, v. 1. p. 23-34, 2005.


O mundo contemporâneo é descrito na literatura como um palco no qual a
humanidade se encontra, a cada instante, sob efeito de um ataque cerrado de
experiências carregadas de tensão, incoerências e sofrimento. As rápidas
transformações ocorridas na sociedade nos mais variados níveis, as intensas
desigualdades sociais, a inversão de valores outrora considerados básicos na
formação humana são alguns dos muitos impactos desse período pós-moderno.
Segundo dados da UNESCO, atualmente existem 193 países e 45 territórios,
divididos em 5 continentes. Ao longo da história, o número de países já foi maior. É o
homem dominando e sendo dominado. O mundo é tão complexo que nestes 238
países e territórios são falados 2653 idiomas e mais de 6000 dialetos. Além de toda
essa diversidade política, cultural, social e religiosa, soma-se a esse contexto a
estimativa de que o volume de conhecimento do ser humano duplica a cada ano e de
que em 2020, ele se duplicará a cada 73 dias.
Tomka (1997) refere-se ao mundo atual como composto por fragmentos,
apesar de toda coerência lógica, caracterizando-se pela crescente mobilidade, pela
independência dos subsistemas do mundo social, autônomo e com leis próprias, pela
onipresença do pluralismo e pela crescente concorrência das grandes culturas.
Todos esses fatores contribuíram para uma profunda transformação da convivência
humana, sendo o transitório e o contingente as características constitutivas da
sociedade e da cultura contemporâneas.
Moreira (2002), ao discorrer sobre a psicologia crítica como um esforço para
compreender o ser humano e a psicopatologia vinculados ao contexto histórico,
cultural, social e político, descreve o mundo contemporâneo ocidental como promotor
de uma permanente crise de identidade no ser humano. A autora aponta ainda o
individualismo narcisista e hedonista como sintoma social da pós-modernidade, o
qual acarreta problemas de auto-estima, típicos de uma sociedade
despotencializadora; origina desordens de personalidade (narcísica, depressiva,
sadomasoquista, anti-social, entre outras), típicas de um estilo de vida onde reinam a
descontinuidade cultural e o desenraizamento gerados pelo mundo globalizado e
sempre competitivo; leva a comportamentos de compensação vinculados ao
consumo (em especial, comprar e comer) e à deterioração das relações
interpessoais.
A desintegração da unidade psíquica, a perda do sentido da vida e a
transformação da intimidade são apontadas por Giovanetti (1999) como três
problemas existenciais contemporâneos que se configuram num grande desafio para
os psicólogos existenciais. A partir disso, estes teriam como missão ajudar o cliente
a reorganizar sua existência, auxiliando-o a descobrir o rumo profundo de sua
existência, e a buscar seu verdadeiro self, mediante o fortalecimento de seu senso
de confiança e o estabelecimento de um relacionamento interpessoal autêntico com
aqueles.
Diante desse panorama, surge a questão sobre como apreender e como
sobreviver num mundo tão rápido, tão distinto, onde tudo muda a todo instante e
como tudo isso repercute nas pessoas, em especial naquelas que buscam a
psicoterapia como uma tentativa de resgatar ou desenvolver se equilíbrio emocional.

Vida e Movimento

Tudo no universo é energia, movimento. Assim também é o ser-no-mundo do


homem. Por encontrar-se, inexoravelmente, mergulhado nas dimensões de tempo e
espaço, todas as suas experiências estão submetidas às variações de contexto,
nuance, percepções, perspectivas, etc. E se ainda assim, tudo isso se mantiver, o
tempo não pára. Nada pode ser repetido obedecendo-se a uma identidade absoluta.
Nesse sentido, movimento, mudança, transformação e incompletude, de alguma
forma e em algum nível, caracterizam a condição humana.
Santin (1980) enfatiza esse inacabamento característico do ser humano
descrevendo-o como um pensador caminhante, cuja inquietude se enraíza em sua
busca perene pela presentificação e “(...) constitui o homem enquanto ele é o
peregrino, o viandante, o sem pátria obrigado a retomar, todo dia, seu caminho
fazendo-o” (p. 490). Sendo o pensamento caminho essencialmente interrogativo por
desvelar o que aparece e promover a expansão do ser, seu enclausuramento ou
fechamento leva à esterilidade e à rigidez.
O grande paradoxo do viver, entretanto, é a necessidade que sentimos em
experimentar algum tipo de segurança, a qual também pode ser traduzida como o “já
conhecido”, a certeza ou até a (muitas vezes reconfortante) mesmice,
proporcionando a ilusória sensação de controle e proteção em relação ao
desconhecido. Ribeiro (1998) atribui isso à falta de fé da pessoa em si mesma,
decorrente de uma educação autoritária típica da cultura ocidental, como fonte da
necessidade de uma “política da certeza”, promotora de verdades absolutas as quais
devem reger a sociedade em todas a suas dimensões. Assim, questionar, duvidar e
não saber são experiências, às vezes, muito desconfortáveis.
A partir desse prisma e da constatação da demanda por resultados precisos e
respostas concretas por parte de algumas pessoas que buscam a psicoterapia para
“curar” seus problemas existenciais, o presente artigo pretende oferecer algumas
reflexões acerca da concepção de processo terapêutico na abordagem gestáltica.

O Processo na Teoria da Gestalt-terapia

No âmbito da psicoterapia, especialmente aquelas de cunho existencial-


fenomenológico, a noção de processo é fundamental. Amatuzzi (2001) enfatiza o
caráter profundo e mobilizador do que ele denomina processo pessoal (distinto do
processo relacional), o qual ocorre quando a pessoa está em contato direto com seu
centro pessoal, com seu coração. Ele sustenta que:
“quando o processo se instaura, é a própria estrutura que se flexibiliza, se
transforma. Trata-se de um movimento qualitativo da pessoa, uma
mobilização interior desencadeada no contexto de uma relação interpessoal
facilitadora, muitas vezes a única coisa capaz de promover mudanças de
paradigma no funcionamento da pessoa” (p. 118).

No sentido comum, a definição de processo refere-se a uma sucessão de


estados ou de mudanças, trazendo, implicitamente, a noção de movimento, porém
não de maneira aleatória, caótica, mas em consonância com um determinado
percurso.
No campo da Gestalt-terapia, Yontef (1998) define esse conceito da seguinte
maneira:
“Tudo e todos se movem e vêm a ser. Na orientação de um processo, tudo
é energia (movimento, ação); tudo é estruturado pelas forças dinâmicas do
campo e se move pelo tempo e pelo espaço. (...) o universo agora é
considerado expandido ou contraído. Tudo muda. Mesmo o que parece
estático está se transformando no tempo.” (p. 200)

Essa concepção está fortemente impregnada pelos conceitos da Teoria de


Campo de Kurt Lewin, pela Teoria Organísmica de Kurt Goldstein e pela
Fenomenologia. Qualquer processo ocorre num determinado campo, envolvendo
certas variáveis no tempo e no espaço e as relações intrínsecas às partes
envolvidas.
A própria concepção holística do homem, apreendido como um organismo
unificado (e não como uma estrutura composta por partes segregadas entre si), em
constante interação com o ambiente, proporcionando-lhe, a partir desta,
desenvolvimento ou estagnação, confere à fundamentação filosófica da abordagem
gestáltica um caráter evolutivo. Outros conceitos fundamentais, como os de figura-
fundo, self, contato, awareness e presentificação da experiência, bem como a ênfase
fenomenológica e dialógica da abordagem, também priorizam o caráter processual (o
modo como as pessoas estabelecem suas relações na vida) em detrimento da
ênfase nos elementos do conteúdo trazido pelo cliente.
A concepção básica de crescimento proposta por Perls, Heferline & Goodman
(1997), segundo a qual é pela assimilação do diferente que o organismo cresce e se
desenvolve, também expressa a noção de fluxo, mobilização. Coerente com essa
perspectiva, a neurose é definida nestes termos, como uma “incapacidade de
conceber a situação como estando em mutação ou sofrendo outro processo; a
neurose é uma fixação no passado que não muda.” (p. 181).
Podemos afirmar que a noção de processo é tão importante na teoria e prática
gestálticas que desconsiderá-la significa trair todos os conceitos que sustentam o
trabalho psicoterápico, pois ambas trazem, implícita ou explicitamente, a noção de
processo, mudança, transformação.

O Processo na Prática da Gestalt-terapia


Na prática clínica contemporânea, é possível observarmos que muitas vezes
manter a fidelidade à perspectiva processual é um grande desafio. Independente da
multiplicidade de queixas, sintomas ou motivos, diversas pessoas procuram a
psicoterapia buscando a resolução de seus problemas visando apenas às ações
necessárias para alcançarem o objetivo almejado, sem a disponibilidade necessária
ao processo psicoterapêutico, ao descobrimento de si nas situações. E, em alguns
casos, se delineia também a incapacidade daquelas em se reconhecerem, em
discriminarem suas necessidades, seu potencial, suas limitações. A mensagem mais
ou menos implícita é “vim aqui para saber o que preciso fazer para mudar... ou para
resolver...”. O retorno para a conscientização de si parece perda de tempo, “papo de
psicólogo”, pois essas pessoas têm pressa, muita pressa.
Essa busca por uma cura instantânea, no estilo “controle remoto” é reforçada
pelos laboratórios farmacêuticos e por alguns profissionais da área da Saúde
mediante a prescrição excessiva de psicofármacos para combater as diversas
patologias mentais de qualquer natureza. Além disso, a falta de sentido do homem
moderno o leva a buscar referências externas a ele (ídolos, dinheiro, poder, seitas
religiosas, formas, pesos, medidas, etc.), algumas das quais trazem a sensação
ilusória e efêmera de segurança e prazer. Pode-se incluir nestas categorias as
sensações decorrentes dos estados alterados de consciência gerados pelos efeitos
do álcool e das drogas.
O tempo para o autoconhecimento e para o autocuidado esbarra na agenda
lotada das pessoas em seu cotidiano: pressa, excesso de compromissos, de
informações e demandas, necessidade de ganhar dinheiro não apenas para as
exigências de sobrevivência, mas para ser cada vez mais capaz de consumir as
infinitas ofertas da sociedade de consumo selvagem na qual estamos mergulhados.
Não raro, a pessoa com tais características, ao procurar por psicoterapia,
tem a expectativa de encontrar um psicoterapeuta possuidor do conhecimento e do
poder necessários para a realização da mudança no script a ser desempenhado por
ela em sua vida. Ao aceitar essa tarefa e esse poder, o profissional se afasta
completamente de seu papel e de suas funções originais. Um exemplo disso é o
trabalho centrado na busca de um determinado resultado (ou comportamento, ou
mudança), sem uma atenção maior à totalidade da pessoa. Em algumas situações,
pode-se somar a isso a dificuldade das pessoas de entrarem em processo.
Ribeiro (1998) tece críticas contundentes aos psicoterapeutas (ou “gurus de
plantão”, em suas palavras) que desconfirmam a pessoa do seu cliente, muitas
vezes sutilmente, desqualificando suas resistências e tentando impor seu padrão de
cura, a sua perspectiva sobre o que é melhor para ele.
Em outras palavras, na psicoterapia centrada no resultado, a mudança (em
especial, do comportamento) deixa de ser conseqüência do processo de
autodescoberta, do fortalecimento do auto-suporte da pessoa e do desenvolvimento
de suas potencialidades e espontaneidade e passa a ser seu único objetivo.
Metaforicamente, equivaleria a uma “oficina existencial”, onde o “terapeuta-
mecânico” se ocuparia da tarefa de eliminar os “sintomas-defeitos” do “cliente-
máquina”. Perls et al (1997) também se opõem a essa concepção ao afirmarem que
“a psicoterapia é um método não de correção, mas de crescimento” (p. 51)1.
Entretanto a experiência mostra que, em muitos momentos, é difícil para o
psicoterapeuta não desejar intimamente a mudança de um determinado
comportamento, especialmente se ele é, de fato, o que sustenta o sofrimento do
cliente. Afinal, também ele faz parte desse mundo contemporâneo, sofrendo do
mesmo modo que seus clientes, as mazelas impostas pela sociedade ocidental.
Apesar disso, ele não pode se deixar levar nem pelos apelos do cliente, nem pela
sua própria dificuldade em se deparar com o sofrimento e dificuldades alheias. Caso
contrário, ele não estará apto a prestar a ajuda psicoterapêutica coerente com os
objetivos da gestalt-terapia.
Por se configurar numa abordagem dialógica, a gestalt-terapia prima pela
busca de um relacionamento terapeuta-cliente facilitador do desvelar da pessoa, da
expressão de sua espontaneidade e da sua confirmação como ser-no-mundo,
através do qual a sua singularidade é valorizada. Qualquer mudança no
comportamento ou na vivência do cliente é decorrência dessa experiência dialógica
(Hycner, 1997).

1
Vale ressaltar que, apesar da publicação brasileira datar de 1997, a publicação original ocorreu em
1951.
Reflexões sobre a atuação do psicoterapeuta como facilitador do processo
vital da pessoa

Considerando-se que a noção de saúde na abordagem gestáltica é


condizente com fluidez e movimento e a estagnação é sinal de patologia (Perls et al,
1997), podemos inferir que uma das conseqüências da psicoterapia é o resgate, por
parte da pessoa, de seu processo no mundo, estando o psicoterapeuta a serviço
dessa facilitação. A qualidade da presença deste é imprescindível, como também é a
coerência de sua postura e de suas intervenções com o referencial teórico da gestalt-
terapia, evitando, dentre outras coisas, perder-se nas constantes solicitações da
pessoa para que ele assuma o papel de “salvador”.
Podemos tomar como referência o momento inicial do encontro terapêutico.
Normalmente, a pessoa apresenta uma queixa geradora de sofrimento, bem como
alguma expectativa de melhora/ajuda/cura fornecida por ele. A partir desse
momento, abrem-se possibilidades de intervenção em função do referencial teórico
do psicoterapeuta. Tratando-se de um gestalt-terapeuta, este deve assumir uma
postura compreensiva (e não explicativa ou interpretativa) e desenvolver uma escuta
fenomenológica, que priorize o vivido e os elementos reveladores das relações de
sentido e significado entre os fenômenos presentes na experiência da pessoa
(Cardoso, 2002).
Além disso, é fundamental a crença do psicoterapeuta na regulação
organísmica da pessoa e a tentativa constante de desenvolver um contexto
facilitador da expressão de suas possibilidades e sentimentos, lembrando que isso
implica no tempo da pessoa (e não daquele). Ao proceder dessa maneira, ele
valoriza o suporte existencial dela, auxiliando-a a aumentar a crença em si mesma
mediante um clima interpessoal favorável ao seu desvelamento e,
conseqüentemente, ao seu crescimento pessoal.
Outro recurso essencial ao psicoterapeuta é estar atento ao seu próprio
ritmo, às necessidades despertadas nele por aquela pessoa, naquele momento. O
que ele experimenta na fronteira de contato com o cliente? Como é tocado pelo
outro? O que tem disponível para oferecer-lhe? Como está o seu ritmo pessoal?
Questionamentos dessa natureza permitem a ele vislumbrar o encontro dialógico da
sua própria perspectiva e, com isso, reconhecer o processo desencadeado em si
mesmo. Perceber-se como um dos pólos da relação possibilita o desenvolvimento de
uma reflexão crítica constante sobre a qualidade das suas intervenções e da sua
presença na relação com a pessoa do cliente. Assumir uma postura de respeito,
acolhimento e escuta, criando um clima que a estimule a se mostrar na sua
autenticidade (sem scripts), também facilita a emergência do processo de vir-a-ser
da pessoa. Além disso, permite também vislumbrar os ecos desses apelos da
sociedade contemporânea em sua própria pessoa e, conseqüentemente, na relação
com cada um de seus clientes.
Coerente com o exposto, a natureza das intervenções realizadas junto à
pessoa merece atenção especial. Elas apontam para o movimento e impasses
daquela na situação apresentada (no sentido de resgatar a sua experiência) ou para
resultados, conjecturas, elocubrações? É fato que oferecer novos elementos os quais
possam promover um novo insight na pessoa, auxiliando-a a ampliar sua
perspectiva, pode ser terapêutico. Porém, se a ênfase maior do psicoterapeuta é
sobre os aspectos objetivos e factuais do relato, corre-se um grande risco de diminuir
o contato da pessoa com sua experiência e aumentar a sua racionalização, o que
contraria os princípios gestálticos, pois só há crescimento se houver mobilização
emocional. Além do mais, é esta última que proporciona o verdadeiro processo
terapêutico. Trabalhar gestalticamente é acompanhar a experiência do cliente.
Assim, a dimensão processual é tão importante na atuação do gestalt-
terapeuta que não há intervenção, experimento, recurso ou técnica que possa ser
efetivamente terapêutico se não for facilitador do processo da pessoa. Isso não
significa que os impasses, as resistências ou defesas precisam ser removidos. Mas
até mesmo estes passam a ser concebidos com um enfoque distinto se a perspectiva
do profissional for a favor do resgate do processo vital da pessoa. Com isso, reduzir
o trabalho terapêutico à resolução de problemas a fim de que o cliente se “cure” é
tanto desvirtuar quanto empobrecer o percurso da psicoterapia.
Concluindo, diante das rápidas mudanças sociais e culturais, é
imprescindível que os gestalt-terapeutas estejam atentos às transformações da
sociedade contemporânea sem, no entanto, sucumbir às suas exigências. Isso
requer um esforço no sentido de avaliar constantemente seu alicerce filosófico,
teórico e epistemológico, incluindo a interação com os resultados e descobertas de
outras disciplinas das Ciências Humanas, a fim de manter a atualidade de sua
metodologia em prol da manutenção e do desenvolvimento da saúde emocional do
ser humano.

Referências Bibliográficas
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