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Recentemente tenho percebido um grande debate a respeito da utilização dos termos negros ou pretos para designar aqueles

de pele escura, cabelos crespos e com certas características que indicariam supostamente que tiveram sua origem no
continente africano. Muito tem se falado em preconceito “racial” e tem havido manifestações contra o “racismo” no mundo
inteiro. Até em nossa constituição pode-se encontrar alusões à tais termos. Mas há raças de seres humanos?

Acompanhando todos esses debates, lembrei-me de já ter lido a respeito de estudos em genética que negam tal fato. Logo,
pensei que, neste caso, estaríamos cometendo um grotesco erro de comunicação. Neste sentido, levando em consideração as
discussões propostas na quinta aula, quis colocar uma questão mais específica... Então fiz umas buscas na internet e compilei
alguns materiais que encontrei. Embora esta minha proposição não aborde questões de gênero e opção sexual, como estamos
fazendo um curso sobre comunicação, achei muito importante que revíssemos o que pode ser um grande erro na nossa
linguagem e passemos a utilizar o termo etnia em vez de raça, pois caso contrário, só estaremos ajudando a aumentar o
preconceito e reforçando o distanciamento dos povos de pele preta em relação ao restante da humanidade. Coloco aqui a
visão da ciência, que já não é de hoje, mas de várias décadas... Os dados demonstram que esta discussão está em atraso há
muitos e muitos anos...

Segue:

EXISTE DIFERENÇA ENTRE OS TERMOS "RAÇA" E "ETNIA"?

O conceito de raças diferentes de seres humanos foi abortado pela comunidade científica na segunda metade do século XX,
pois fatores genéticos não seriam relevantes para a diversificação da raça humana em subcategorias. O genoma humano é
composto de 25 mil genes. As diferenças mais aparentes (cor da pele, textura dos cabelos, formato do nariz) são determinadas por
um grupo insignificante de genes. As diferenças entre um negro africano e um branco nórdico compreendem apenas 0,005% do
genoma humano.

Apesar de o termo raça ser utilizado no senso comum, é incorreto afirmar que a espécie humana possui diferentes raças. Isto porque
o DNA entre pessoas com diferentes características físicas varia em menos de 0,1%. Para a Ciência, isto não justifica a criação de
subespécies ou subcategorias de seres humanos.

A palavra “raça” deve ser usada apenas em seu conceito biológico, que se aplica a subgrupos de uma mesma espécie. Como a raça
humana não possui subgrupos, não existem raças de seres humanos.

Em vários momentos da história e erroneamente nos dias atuais, o termo “raça” é utilizado para distinguir um grupo de pessoas que
teria características físicas em comum. Ou seja, seriam semelhantes e, por isso, da mesma “raça”. Estas características envolveriam
a cor da pele, dos olhos, o tipo de cabelo, etc. Mas a aparência de uma pessoa não a define como sendo de uma raça diferente, pois
estudos genéticos mostram o contrário. Por exemplo, a cor da pele de um indivíduo pode mudar drasticamente em apenas 100
gerações (cerca de 2.500 anos) como resultado de influências ambientais.

O termo raça tem uma variedade de definições geralmente utilizadas para descrever um grupo de pessoas que compartilham certas
características morfológicas. A maioria dos autores tem conhecimento de que raça é um termo não científico que somente pode ter
significado biológico quando o ser se apresenta homogêneo, estritamente puro. Essas condições, no entanto, nunca são encontradas
em seres humanos. Logo, o conceito de raça na biologia não é aplicado a seres humanos, somente a algumas espécies de animais
domésticos, como cães e gatos. Há um amplo consenso entre antropólogos e geneticistas humanos de que, do ponto de vista
biológico, raças humanas não existem.

Por isso, o uso do termo apenas reforça o preconceito e o racismo. O racismo é a crença de que há “raças humanas”, mesmo que
isto não seja aceito cientificamente e isto leva à ideia de que existiriam raças de seres humanos superiores a outras.

Historicamente, a palavra etnia significa "gentio", proveniente do adjetivo grego ethnikos. O adjetivo se deriva do substantivo
ethnos, que significa gente ou nação estrangeira. É um conceito polivalente, que constrói a identidade de um indivíduo resumida em:
parentesco, religião, língua, território compartilhado e nacionalidade, além da aparência física. Etnia refere-se ao âmbito cultural;
um grupo étnico é uma comunidade humana definida por afinidades linguísticas, culturais e semelhanças genéticas.

Raça e etnia são dois conceitos relativos a âmbitos distintos. A “raça” seria definida por critérios físicos ou biológicos para
diferenciar os indivíduos. Raça refere-se ao âmbito biológico; referindo-se a seres humanos, é um termo que foi utilizado
historicamente para identificar categorias humanas socialmente definidas. As diferenças mais comuns referem-se à cor de pele, tipo
de cabelo, conformação facial e cranial, ancestralidade e genética. Portanto, a cor da pele, amplamente utilizada como característica
racial, constitui apenas uma das características que compõem uma raça.

A raça é uma categoria de seres vivos com características em comum, ou seja, são da mesma espécie. No entanto, é popularmente
utilizada a palavra “raça” para se referir grupos étnicos distintos, como brancos, negros e asiáticos e até mesmo povos de religiões e
cultura própria. Porém, tendo em consideração a genética dos seres humanos e o consenso científico de que só existe a raça humana,
é incorreto afirmar que uma pessoa branca e uma negra, por exemplo, seriam de raças diferentes. Isto porque fatores genéticos quase
não diferem entre um indivíduo e outro.

A diferença entre raça e etnia é que “etnia” determina as características de um grupo por seus aspectos socioculturais.
Neste sentido, a raça se referiria às características físicas de uma pessoa, como estrutura óssea, cor da pele, do cabelo ou dos olhos.
Enquanto isso, a etnia refere-se à fatores sociais e culturais, como tradições e linguagem.

A palavra etnia vem do grego ethnos, que deriva da palavra ethos, que significa costume. Ou seja, representa uma população que
possui uma origem em comum, as mesmas tradições, língua, cultura, religião. Neste sentido, pessoas que compõem um grupo
sociologicamente homogêneo.

Assim sendo, a palavra etnia não é considerada um sinônimo de raça, uma vez que esta última seria definida por diferenças
genéticas. Vale relembrar que os seres humanos são pertencentes a uma única raça, a humana. Entretanto, fatores socioculturais são
considerados relevantes e, por isso, etnia é o termo correto para identificar diferentes grupos de pessoas. Desta maneira, o consenso
é de que a raça humana deveria ser classificada apenas por etnias, uma vez que, neste caso, fatores sociológicos são considerados
mais relevantes que fatores genéticos. Ainda que indivíduos apresentem diferenças fenotípicas (na aparência física).

Apesar de a “raça” ser ligada a fatores biológicos, muitas vezes o termo é usado para designar grupos de culturas diferentes, o que
gera contradição. Portanto, reafirma-se, etnia é o termo correto para identificar grupos de seres humanos com diferentes
características socioculturais ou até mesmo físicas.

NÃO SE TRATA APENAS DE ENCONTRAR UM TERMO ADEQUADO PARA EXPRIMIR O PRECONCEITO ETNICO,
MAS TAMBÉM DA NECESSIDADE DE O TERMO “RACISMO” SER RESIGNIFICADO... PRECISAMOS ENTENDER QUE
O RACISMO NÃO QUER APENAS TORNAR O PRETO, O AMARELO, O VERMELHO, ETC INFERIORES, QUER TORNA-
LOS OUTRAS RAÇAS, QUANDO A HUMANIDADE É UMA RAÇA ÚNICA... ASSIM CRIANDO O MAIOR
DISTANCIAMENTO POSSÍVEL... POR VEZES ATÉ TENTANDO COLOCA-LOS COMO NÃO PARTICIPANTES DA RAÇA
HUMANA.

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