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INFLAMAÇÃO AGUDA

O que é inflamação?
É uma resposta que ocorre devido uma agressão no corpo que pode ser de natureza física,
química ou biológica.

Exemplos:
- Origem física: um soco no braço que causaria um trauma mecânico no corpo.
- Origem química: hidróxido de sódio (soda cáustica) onde teremos uma lesão que decorrerá uma
inflamação.
- Origem biológica: é o grupo responsável pela grande maioria dos processos de inflamação.
Os agentes biológicos são representados pelos agentes infecciosos (fungos, vírus e bactérias).
Os fungos podem estar presentes no tecido desencadeando uma resposta inflamatória na forma
de corpo vegetativo (hifas do fungo) ou ainda podemos ter os esporos do fungo gerando a lesão,
sendo essa a forma mais comum de encontrar o fungo. A maioria das lesões de origem
inflamatória de caráter infeccioso são de etiologia bacteriana, depois viral.

Métodos de coloração:
• Coloração PAS
(ácido – periódico - Schiff): usado para identificar fungos.
• Coloração Grocott: cora o esporo do fungo.
• Coloração Ziehl Neelsen: evidência o bacilo da tuberculose.
• PCR (reação em cadeia da polimerase): é um método muito utilizado nos dias atuais por
apresentar um grau muito alto de confiabilidade dos resultados.

Qual é o dogma da inflamação que nós nunca podemos esquecer?


É que a inflamação só ocorre, só acontece onde há tecido conjuntivo vascularizado. A pele é
formada por diversas camadas, sendo que a camada basal/epiderme não é vascularizada, então
para manter o tecido vivo é necessário que essa área receba sangue da camada abaixo da
epiderme à derme por transporte passivo, por esse motivo quando ocorre uma inflamação na pele
se diz dermatite (inflamação da pele) e não epidermite já que a inflamação só pode ocorrer onde é
vascularizado.

Qual o sufixo que indica inflamação?


É a terminação das palavras com ITE. Ex: Hepatite (inflamação do fígado), esplenite (inflamação
do baço), colecistite (inflamação da vesícula biliar na maioria das vezes por cálculo), enterite
(inflamação do intestino delgado), colite (inflamação do intestino delgado), meningite (inflamação
das meninges) encefalite (inflamação do cérebro), mielite (inflamação da medula espinhal),
meningoencefalite (inflamação do cérebro e dos tecidos circundantes), meningoencefalomielite
(inflamação do cérebro das meninges e da medula espinhal), etc. Quando falamos de inflamação
devemos levar em conta os seguintes eventos que vão ocorrer:
• Eventos vasculares
• Eventos de quimiotaxia
• Eventos de fagocitose
• Eventos celulares
Como consequência desses eventos surgiram o que denominamos de sinais cardinais na fase
aguda da resposta inflamatória, sendo eles:
• Dor
• Tumor/ edema ou inchaço
• Rubor/ vermelhidão
• Calor
• Perda da função

Durante a inflamação, além da aparição dos sinais cardiais teremos o aumento da temperatura
do corpo, da permeabilidade dos vasos (causando o extravasamento de líquidos corpóreos no
local afetado) e a liberação de substâncias químicas mediadoras da inflamação. Essas
substâncias são responsáveis pelo aumento da permeabilidade dos vasos. Ex: A histamina que
é um mediador químico que aumenta a permeabilidade do vaso.

O que vai acontecer com o líquido extravasado que promoveu o aumento de volume
durante a inflamação em uma determinada região do corpo?
Isso vai fazer com que as terminações nervosas próximas a região inflamada sejam espremidas
causando dor. Também temos um mediador químico que causa dor chamado bradicinina que
tem sua origem no plasma sanguíneo.
*grande chance de cair na prova
Quando ocorre o extravasamento de líquidos no local da inflamação estão aparecendo diversos
elementos como a cinina no local inflamado. Essas cininas extravasadas vão dar origem a
bradicinina que representa o principal mediador químico responsável pela dor na inflamação, ou
seja, não é só a compressão dos nervos que causa a dor. As prostaglandinas também serão
mediadores químicos responsáveis por causar dor, pois vão causar o extravasamento dos vasos
(vasodilatação) comprimindo as terminações nervosas.

A dor presente na fase aguda da resposta inflamatória deve se a ação de quais mediadores
químicos da inflamação?
Deve-se a bradicinina e as prostaglandinas, pois potencializam o edema (aumento do volume
da região afetada).

Onde se encontra localizado no sistema nervoso central o termostato do corpo?


Localizado no hipotálamo. O hipotálamo possui receptores para as prostaglandinas e além dessa
substância também teremos outras sendo liberadas por células inflamatórias, sobretudo liberadas
pelos macrófagos chamadas de citocinas. As citocinas que temos fazendo parte da hipertermia da
inflamação são as IL-1, IL- 6 e o TNF (fator de necrose tumoral), ou seja, quando nós aferimos a
temperatura de um animal e ele apresenta hipertermia isso significa que lá no hipotálamo está
ocorrendo a ação de mediadores químicos tais como a IL-1, IL-6 e o TNF. Os mediadores
químicos podem apresentar uma multiplicidade de ações como a prostaglandina que age na dor,
na febre e na vasodilatação dos vasos sanguíneos.
Mais importantes mediadores químicos na inflamação:
Promovem vasodilatação
• Prostaglandina: apresenta multiplicidade de ações e ON (óxido nítrico): substância
produzida pelo endotélio vascular
Promovem febre
• Prostaglandinas e IL-1, IL-6 e TNF
Promovem dor
• Prostaglandinas e Bradicinina

Quais são os vasos que nos interessam na resposta inflamatória?


São os vasos da microcirculação (capilares, vênulas e arteríolas).

Como a histamina/mediador químico age na fase aguda da resposta inflamatória?


Ela promove aumento de permeabilidade venular e vasodilatação arteriolar, ou seja, age na
microcirculação e é produzida pelos mastócitos (célula produtora de grânulos onde cada grânulo
possui uma única substância, essa célula está presente no tecido conjuntivo, mas tem sua origem
na medula óssea por meio da diferenciação de uma célula tronco). O aumento de permeabilidade
vai fazer com que ocorra o extravasamento do plasma sanguíneo e esse plasma carrega com ele
todos os elementos que estão presentes dentro do vaso sanguíneo, como os anticorpos e isso
permitirá no contexto da inflamação que cada um desses elementos sejam utilizados.

Qual atividade importante na inflamação é exercida pelos glóbulos brancos?


Defender o corpo. Ex: se tivermos uma bactéria causando um processo inflamatório infeccioso
bacteriano na região de matriz extracelular, isso vai fazer com que os leucócitos (glóbulos brancos)
presentes no interior do vaso (compartimento intracelular) movam-se para fora do vaso em direção
a bactéria. Na fase aguda da resposta inflamatória há infiltrado inflamatório composto
predominantemente de polimorfonucleares (PMN/ grupo de células formado em sua maioria de
neutrófilos). Para que haja uma grande quantidade de polimorfonucleares na área da inflamação
essas células de defesa precisam ser atraídas para o local onde há o agente da lesão, nesse caso
as bactérias que vão acabar exercendo uma ação de atração para que esse tipo de célula presente
no sangue (neutrófilo) abandonei a circulação sanguínea e vá para a matriz extracelular. A
substância que vai atrair os neutrófilos é liberada pela bactéria e é conhecido como quimiotático.

Eventos de quimiotáxia na inflamação: nada mais é do que uma ação de atração. Com o aumento
da permeabilidade devido os mediadores químicos também teremos a saída dos anticorpos
pertencentes ao grupo das gama globulinas (IgG, IgA, IgM, IgE e IgD produzidas pelos plasmócitos
antigos linfócitos B que se diferenciaram). A imunoglobulina IgG é a que vai se ligar as bactérias
(opsonização) e também teremos o macrófago se aproximando dessa bactéria.

O que é que temos na face externa da membrana do macrófago?


Teremos o receptor para a fração FC da imunoglobulina G que se encontra ligada a bactéria. A
opsonização que ocorreu entre o antígeno e o anticorpo vai facilitar a fagocitose que tem por
objetivo eliminar o agente da lesão. As células de modo geral presentes no interior do vaso
sanguíneo se deslocam em sua maioria no eixo axial do vaso (eixo central). Os neutrófilos
apresentam em sua membrana externa moléculas de adesão que são utilizadas quando o mesmo
percebe substâncias quimiotáticas que o fazem sair do eixo central para ir em direção a superfície
da célula endotelial.
O que tem na face interna da membrana da célula endotelial?
Existem receptores para as moléculas de adesão do neutrófilo. A partir do momento em que essas
moléculas se ligam ao seu receptor o neutrófilo também estará ligado a membrana da célula
endotelial e ele iniciará um movimento de rolamento até encontrar uma junção de duas células
endoteliais onde pela ação de mediadores químicos começam a abrir formando uma portinha por
onde o neutrófilo por movimentos celulares se desloca da circulação sanguínea para a matriz
extracelular com o objetivo de fagocitar a bactéria.

Qual é o nome que se dá quando ocorre imigração da célula ou transmigração?


Diapedese.

Qual é a denominação que se dá ao líquido de natureza inflamatória?


É chamado de exsudato, mas é importante saber que existem diferentes tipos de exsudato
podendo ser do tipo: seroso (líquido que parece água), purulento ou fibrinoso. Também podemos
ter junções desses exsudatos como o exsudato fibrinopurulento.

Quando teremos exsudatos do tipo purulento?


Quando tivermos bactérias piogênicas, pois fomaram pús.

Quando teremos exsudato do tipo fibrinogênico?


Para termos esse exsudato precisamos que a fibrina acabe se depositando na região inflamada.

Qual é a denominação que se dá ao líquido de natureza NÃO inflamatória?


Transudato.

Notas da aula:
• Ao analisar uma lâmina histológica de um órgão inflamado agudamente o que vai permitir dizer
se é uma inflamação aguda é a grande presença de polimorfonucleares (principalmente os
neutrófilos).
• Existem processos inflamatórios onde se nota no filtrado inflamatório uma presença até maior
de eosinófilos do que neutrófilos. Quando estamos olhando uma lâmina que apresenta um
grande número de eosinófilos na inflamação isso vai significar que a inflamação é de origem
parasitária.
AULA PRÁTICA – INFLAMAÇÃO AGUDA

Quais são as características da inflamação aguda que vamos observar na


lâmina? Vasos congestos (dilatados) e grande quantidade de polimorfonuclear
(predominância de infiltrado neutrofílico).

Pulmão normal

Brônquiolo (presença de peças de cartilagem/área amarela circulada).

Saco alveolar (área azul). Entre os alvéolos vamos ter vasos sanguíneos pequenos
(área vermelha)

Pulmão alterado - pneumonia

Geralmente as inflamações pulmonares tem qual local de origem? Dentro dos


alvéolos, pois vão entrar por meio da respiração pulmonar.

Nesta imagem existe uma Inflamação aguda pneumonia purulenta. Devido ao brônquiolo


(presença de peças de cartilagem/área amarela circulada) podemos dizer que o órgão é o
pulmão. Nesta imagem os alvéolos estão tão cheios de neutrófilos que fica difícil de
percebe-los. 

Vaso congesto devido a inflamação permitindo assim que as células de defesa, em sua


maioria neutrófilos cheguem na lesão (área vermelha). No vaso temos células de defesa
se direcionando para a margem do vaso já que elas precisam se deslocar para fora do
capilar (seta amarela/congestão de leucócitos)

Qual é o processo patológico da lâmina da figura 4? Por que você pode concluir
isso? É uma Inflamação aguda devida a grande presença de polimorfonucleares, cogesta
de vasos e marginação de leucócitos.

Rim normal

Região cortical (presença de glomérulos)

Rim inflamado - Pielonefrite aguda

De onde vem o agente agressor que desencadeia uma infecção urinária? Os


agentes causadores de infecções do sistema urinário vão ser ascendentes, sendo
assim, os agentes vão ter sua origem na uretra e a partir disso passar pela vesícula
urinária, ureter e finalmente chegar aos rins, ou seja, esses agentes vão estar nos
túbulos do rim e devido isso vamos ter polimorfonucleares dentro dos túbulos também. 
Região cortical (presença de glomérulos/área amarela) e região medular (presença
apenas de túbulos renais/área azul).

Vasos congestos 

Região medular mostrando Infiltrado de polimorfonucleares (neutrófilos/na seta amarela)


e vasos sanguíneos congestos (área vermelha).

Nota: como a lâmina é 2D nem sempre vamos conseguir ver o núcleo dos leucócitos
(na maioria neutrófilos já que é uma inflamação aguda) com sua estrutura comum de
três núcleos.

INFLAMAÇÃO CRÔNICA
Definição:
Lesão de duração prolongada (que pode durar semanas a meses);
Inflamação + lesão + marcadas por tentativas de reparo.
Sucede à inflamação aguda ou pode iniciar como uma resposta de baixo grau
e latente, sem nenhuma manifestação prévia de reação aguda.
Essa é a principal diferença com a inflamação aguda, já que nela não dá
tempo do organismo tentar reparar.Quando se olha no microscópio a
inflamação crônica, se vê sinais de reparo.

 Causas:
- Infecções persistentes; toda infecção que o organismo não consegue
resolver e persiste vai gerar resposta crônica. Exemplos: doenças de
hipersensibilidade: autoimunes e alérgicas.
- Exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos (exógenos e
endógenos): exemplo silicose (areia/vidro – que hoje é proibido),
aterosclerose (produção de colesterol endógeno e outros lipídios – gera
processo inflamatório crônico).

 Características Morfológicas:
- Inflamação aguda: caracterizada por alterações vasculares, edema e
infiltrado predominantemente neutrofílico (polimorfonucleares).
- Inflamação crônica:
Infiltrado de células mononucleares: macrófagos/monócitos, linfócitos e
plasmócitos.
Destruição tecidual;
Tentativas de reparo: substituição do tecido danificado por tecido
conjuntivo (fibroblasto – cheio de colágeno – consistencia firme, dura).
Inflamação crônica do pulmão: predominância de infiltrado mononuclear, destruição
alveolar (substituição por células cubóides), tecido conjuntivo (fibrose) – tentativa de
reparação.

Inflamação aguda do pulmão: predominância


de infiltrado neutrofílico e vasos congestos.

 Células e Mediadores da Inflamação Crônica:


A infiltração de mononucleares, o dano tecidual e a fibrose são
consequência da produção e ativação local de várias células e
medidadores – que é diferente da aguda para a crônica.

 A função destas células:

- Macrófagos:
Células dominantes nos processos inflamatórios crônicos;
Macrófagos ativados – que um dia foi monócito. Fagocitam
microorganismos e tecidos mortos; Iniciam o processo de reparo
tecidual; Secretam mediadores da inflamação MHC de classe II que
apresentam antígenos para os linfócitos T.
O arsenal de mediadores produzidos pelos macrófagos é fundamental
na defesa contra invasores, porém, é também responsável pela
destruição tecidual (normal) que ocorre na inflamação crônica.

- Linfócitos:
Amplificam e prolongam a inflamação crônica.
As citocinas produzidas pelos macrófagos (TNF, IL-1, Quimiocinas) 
recrutam mais leucócitos para a resposta inflamatória, especialmente
linfócitos.
Os linfócitos T helper produzem citocinas, tais como:
 IFN-gama: ativam os macrófagos;
 IL-4, IL-5, IL-13: ativam eosinífilos e macrógafos;
 IL-17 e outras citocinas: induzem a secreção de quimiocinas
que recrutam neutrófilos e monócitos.

 Os linfócitos B: Produzem anticorpos – memória futura para resposta


imunológica.
Nas respostas inflamatórias crônicas, os macrófagos, linfócitos T e B se
agrupam formando tecidos linfóides que lembram linfonodos  órgãos
linfóides terciários. Esta organogênese linfóide é comum nas articulações
(artrite reumatóide), por ex.

Eosinófilos:
São importantes nas reações de defesa contra parasitas e reações
imunológicas mediadas por IgE;
Atraídos por quimiocinas específicas (eotaxina);
Possuem grânulos contendo a proteína básica principal, que é tóxica para
parasitas, mas também causa lise de células endoteliais  contribui para a
morte parasitária e dano tecidual.

Mastócitos
São importantes nas respostas infamatórias agudas e crônicas e secretam
mediadores da inflamação.

Neutrófilos:
São as células que caracterizam a inflamação aguda;
Algumas respostas crônicas podem cursar com grande quantidade de
neutrófilos  padrão inflamatório agudo e crônico.
Induzidos por microorganismos persistentes (osteomielite crônica);
Induzido por mediadores produzidos por macrófagos (tabagismo e outros
estímulos irritantes).

 Inflamação granulomatosa:
É o modelo da inflamação crônica. É uma inflamação crônica
caracterizada por coleções de macrófagos ativos, linfócitos T e, as
vezes, associada à necrose central.
Há uma tentativa de controlar um agente invasor de difícil degradação – cria
uma resposta que isola o agressor/processo.
Intensa ativação de linfócitos T e macrófagos  que gera dano tecidual.
Macrófagos ativos podem desenvolver citoplasma abundante (por ação das
citocinas secretadas pelos linfócitos) e parecer células epiteliais, chamadas
células epitelióides.
Macrófagos ativos podem também se fundir formando células gigantes
multinucleadas (Langhans).

Existem dois tipos de granulomas:

o Granulomas de corpos estranhos: formados por corpos estranhos


inertes, na ausência de resposta por linfócitos T. Podem se desenvolver ao
redor de suturas- bem comum pois os fios de sutura pode durar mais de dois
anos; Células epitelióides e gigantes se depositam ao redor do material
estranho.

o Granulomas imunes: formados em resposta a agentes capazes de


induzir resposta imune do tipo T; Ocorre quando os agentes são difíceis de
eliminar (como tuberculose);
Macrófagos ativam céls T  produzem IL-2 e outras citocinas  ativa
outras céls T e macrófagos  perpetuação da resposta.
Não se sabe quais citocinas induzem a formação de células epitelióides e
gigantes;

Modelo clássico: tuberculose, doenças fúngicas.

oTuberculose: doença granulomatosa clássica; Foco de macrófagos ativos


(epitelióides e gigantes), envoltos por fibroblastos, linfócitos, importante necrose
central com resíduos amorfos e bacilos.
EM RESUMO...

 A inflamação crônica é uma resposta prolongada do hospedeiro a


estímulos persistentes – alérgico, imunológico, infeccioso;
 Causada por micro-organismos que resistem à eliminação, por
respostas imunológicas contra os auto-antígenos e antígenos
ambientais;
 Caracterizada pela coexistência de inflamação, lesão tecidual,
tentativa de reparo e resposta imunológica.
 O infiltrado celular consiste em macrófagos, linfócitos e outros leucócitos
– todos mononucleados. Pode ocorrer em ter polimorfonuclear em casos
de inflamação aguda e crônica (fumantes, por exemplo).
 Mediada por citocinas produzidas por macrófagos e linfócitos
(principalmente T): as interações bidirecionais entre essas células
tendem a amplificar e prolongar a reação inflamatória.
 A inflamação granulomatosa é um padrão de inflamação crônica
caracterizado pela resposta a um agente resistente à eliminação.

TABELA DESCRITIVA DAS INFLAMAÇÕES


CARACTERÍSTICAS INFLAMAÇÃO AGUDA INFLAMAÇÃO CRÔNICA
Duração Poucas horas a alguns dias. Semanas ou meses.
Mediadores químicos (prostaglandina e
histamina) são secretados e causam dilatação
nas arteríulas > aumentam o fluxo sanguíneo > Ativação imune com presença dominante
retardam o fluxo sanguíneo > chegam de macrófagos > macrófagos liberam
Eventos vasculares neutrófilos > rolamento de neutrófilos pelo químicos > chegada de outras células
endotélio > passagem do neutrófilo entre as mononucleadas > tentativa de
células endotelíais > membrana basal regenera- recuperação tecidual.
se > neutróflios migram para região de
inflamação > fagocitam o MO.
Mononucleadas (principalmente
Tipos celulares predominantes Polinucleadas (principalmente neutrófilos)
macrófagos).
Mediadores inflamatórios Prostaglandina, histamina, IL-16, TNF. Citocinas (IL-1, 5, 13, 17, TNT-GAMA).
Os macrófagos iniciam o processo de
Tentativa de reparação Não há (por ser um processo rápido).
reparo tecidual.
Ocorre por causa dos invasores e dos
Dano tecidual Sim. macrófagos (através do arsenal dos
mediadores).

AULA PRÁTICA – INFLAMAÇÃO CRÔNICA


 Fios de sutura podem causar inflamação.
 Se receber um animal com cortes profundos, tem que observar os fragmentos de vidro na
ferida.
 Tuberculose é o grande exemplo de granuloma/inflamação crônica.
 Tuberculose é uma hipersensibilidade do tipo 4/tardia. *pergunta da prova*
 Como identificar Mycobacterium bovis, avium e turbeculosis?
- Com PCR é a maneira mais fidedigna.
- Com Ziehl Neesen também pode ser feito, mas só mostra se é ou não TB (tuberculose) e não
exatamente o agente etiológico.
- Peixes também podem ter um tipo específico de TB.
- É importante saber exatamente o tipo, porque se trata de maneiras diferentes.
 Testes de tuberculose e brucelose devem ser feitos regularmente em animais para corte,
pois são doenças recorrentes. Sendo o Nelore, Gir e Guizerá mais resistentes a TB. Nos gados,
é feito o teste da tuberculina como exame para se constatar tuberculose em rebanhos.
 Nos equinos é rara a tuberculose.
REPARO

"Restauração da arquitetura e da função dos tecidos após a lesão". 


Observação: essa definição de reparo não está correta, pois nem sempre
teremos a recuperação total da função ou da arquitetura original do tecido
após o reparo.

O reparo pode ocorrer por dois mecanismos:

 Regeneração;
 Cicatrização (deposição intensa de tecido conjuntivo);

Regeneração

1. Os tecidos substituem os componentes danificados por tecidos iguais ao


original retomando seu estado normal (arquitetura e função);
2.  Ocorre a proliferação de células que sobrevivem à lesão e conservam a
capacidade de proliferação.

Para que um órgão se regenere deve haver preservação da estrutura


celular, capacidade mitótica das células remanescentes e que o tecido não
tenha sofrido uma lesão muito grande, pois mesmo que haja a capacidade de
regeneração se não houver muitas células o tecido não vai se regenerar.

Cicatrização
Nesse processo teremos alteração do tecido e da função devido a deposição de tecido
conjuntivo que formará uma cicatriz, uma fibrose. 
A cicatrização ocorre quando as estruturas de suporte tecidual estão severamente lesadas.
O tecido cicatricial não é semelhante ao original, mas fornece estabilidade estrutural para
que o tecido lesado volte a funcionar.

Regeneração 
Envolve proliferação celular e desenvolvimento de células maduras a partir de células-
tronco. 
A restauração da arquitetura normal dos tecidos pode ocorrer apenas se o tecido residual
estiver estruturalmente intacto.

Regeneração hepática
O fígado possui uma capacidade notável de regeneração, sendo talvez o órgão que
mais se regenera no corpo;
A regeneração hepática vai ocorre por 2 mecanismos:

1. Proliferação dos hepatócitos remanescentes: desencadeada por citocinas e


fatores polipeptídicos que serão produzidos pela inflamação que se estabelece no
tecido lesionado.

Células de Kuppfer produzem IL-6, que sensibilizam receptores de fator de crescimento.

2. Regeneração a partir de células progenitoras: ocorrem sinais no corpo que


desencadeiam a diferenciação das células tronco em hepatócitos maduros, porém
estes sinais ainda estão sendo estudados, pois ninguém sabe como essas células
tronco amadurecem ao certo.

Cicatrização
A cicatrização vai envolver a substituição do tecido original por um tecido cicatricial. Em
uma lesão que não é possível a regeneração teremos um tecido conjuntivo diferente.
Esse processo vai ocorrer por diversas etapas, sendo estas:

1. Angiogênese: será responsável por nutrir o novo tecido.


2. Formação de tecido de granulação: é o primeiro tecido que se forma antes da
cicatriz estar completa. Esse tecido é marcado pela presença de tecido conjuntivo
frouxo e novos vasos (a secularização acarreta em uma aparência bem
avermelhado do tecido lesionado).
3. Remodelamento do tecido conjuntivo (produção de matriz fibrosa estável).
Quando falamos da cura do tecido ela pode ser por regeneração ou cicatrização, mas
também existe a cura por primeira ou por segunda intenção.

Cura por primeira intenção


Vai ocorrer quando houver apenas lesão da camada epitelial envolvendo apenas a
regeneração epitelial.
Cura por segunda intenção
Perda das células ou tecidos mais extensos devido grandes feridas, abscessos,
ulcerações e necrose exigindo mecanismos mistos de reparo (Regeneração +
cicatrização/ambos vão ocorrer juntos).
Anormalidade no reparo
Nem sempre o reparo vai ocorrer como deveria dando origem as anormalidades que
podem aparecer por:

1. Formação inadequada do tecido de granulação: como por exemplo,


a desicência de feridas e ulcerações (abertura de suturas). As feridas
contaminadas muitas vezes acabam não sofrendo suturação, pois caso seja feita
teremos a ocorrência de desicência devido a infecção.

2. Formação excessiva dos componentes do processo de reparo: são as


cicatrizes hipertróficas e quelóides (o indivíduo é propício a formação).

3. Granulação exuberante: se deve remover o excesso de angiogênese para


promover a cicatrização (feito para que ocorra uma cicatrização mais regular
esteticamente). 
DISTÚRBIOS DO DESENVOLVIMENTO,
CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO CELULARES

Alterações do desenvolvimento: são as alterações que vão ocorrer no momento


em que o tecido se desenvolve na vida embrionária, são alterações congênitas (o
indivíduo já nasce com as alterações).

Alterações do crescimento: são desordens adquiridas no crescimento celular (o


indivíduo se desenvolveu normal, porém por algum motivo ele começa a ter uma
desordem no seu crescimento).

Alterações da diferenciação: podem ser congênitas ou adquiridas.

Distúrbios do desenvolvimento
Agenesia: é a ausência na iniciação do desenvolvimento, ou seja, quando ocorre
agenesia em órgão do corpo isso significa que não temos esse órgão, que ele nunca
existiu, pois nunca foi formado. Esse problema pode ser letal quando o órgão
afetado é único e essencial à vida. Exemplos: anencefalia (agenesia no encéfalo/
não tem), acrania (agenesia do crânio/ não tem), agnatia (agenesia da mandíbula/
não tem), mononefrose (um único rim), ciclopia (um único olho), amelia (ausência de
um membro).

ANENCEFÁLIA

ACRANIA
AGNATIA

CICLOPIA

Aplasia: é a ausência de formação de um órgão, porém há presença de rudimentos


do órgão ou tecido, ou seja, o processo de formação se iniciou, mas não terminou
havendo apenas pequenos rudimentos do órgão. Importante: o termo aplasia
também é utilizado na medicina para uma série de doenças podendo indicar a
tendência de um órgão de não se regenerar ou de formar um novo
tecido. Exemplo: anemia aplástica (havia uma medula normal que por algum motivo
parou de se desenvolver em células sanguíneas por causa da aplasia).
Hipoplasia: quando ocorre uma deficiência na formação, o órgão está menor e com
uma função reduzida, mas ele existe, pois iniciou o desenvolvimento, porém não o
completou. Qualquer órgão pode ter hipoplasia. Exemplos: micrognatia (mandíbula
pequena), hipoplasia renal, hipoplasia cerebelar, testicular e ovariana.

Atresia: é um problema que ocorre com certa frequência na medicina veterinária,


sendo a ausência de perfuração, uma estrutura que deveria apresentar luz, mas não
apresenta. Esse problema só ocorre em órgãos tubulares ou em orifícios naturais. 
Exemplos: atresia anal e atresia esofágica.
Distúrbios do crescimento
Os principais distúrbios do crescimento são hipertrofia e hiperplasia (as duas formas
pela qual o tecido pode crescer).
Hipertrofia: aumento do volume do órgão por que as células aumentaram o seu
tamanho pela demanda funcional (adaptação) ou por aumento dos estímulos tróficos
(exemplos: hormonais/ anabolizantes).
o Aumento do volume das células que compõem o órgão, associado ao aumento
do estroma, com o aumento da síntese celular (exemplo: músculo estriado).
A hipertrofia é uma resposta benéfica para o corpo que ocorre pela demanda
funcional sendo reversível no músculo estriado esquelético, mas pode ser uma
situação deletéria em alguns casos. O coração precisa ter uma certa elasticidade,
mas quando ocorre a hipertrofia desse tecido pela demanda a elasticidade se perde
e esse tecido também apresenta uma hipertrofia irreversível se tornando um
problema.

Hiperplasia: aumento de volume e peso de um órgão por aumento da demanda


funcional (adaptação) ou por aumento de estímulos tróficos (exemplo: hormonais)
devido ao aumento do número de células que o compõem.
o Aumento do número de células que o compõem, consequência do aumento de
mitoses.
Exemplos: hiperplasia endometrial, hiperplasia prostática, hiperplasia linfóide (nodal
e esplênica), hiperplasia nodular senil esplênica, hiperplasia gengival.
Distúrbios da diferenciação celular
Os principais distúrbios da diferenciação celular são metaplasia, displasia e
anaplasia.
Metaplasia: ocorre quando temos uma mudança na formação, na diferenciação de
um tecido. Quando ocorre a transformação de um tecido já diferenciado em um outro
diferente (mais resistente ao ambiente adverso), mas de mesma origem embrionária.
Exemplo: metaplasia escamosa, epidermóide ou córnea (todas ocorrem no epitélio).
Exemplo 2: quando o tecido respiratório sofre uma transformação do epitélio simples
pseudoestratificado colunar ciliado com células caliciformes das vias aéreas (em
fumantes crônicos e nas broncopneumonias parasitárias) em epitélio estratificado
pavimentoso (mais resistente ao ambiente adverso).

Displasia: é um distúrbio de formação que vai levar a disfunção do órgão (o órgão


não se forma corretamente), porém esse conceito na medicina é muito abrangente e
as vezes confuso já que o termo é utilizado para uma série de outras situações.
Existe uma tendência de distinguir a displasia que afeta um órgão na anatomia
patológica da displasia que afeta um tecido na histopatologia. 
Exemplos de displasia do tecido: displasia coxo-femoral, displasia fibrosa do osso,
condrodisplasia fetal ou acondroplasia: osteogênese imperfeita.
Exemplos de displasia celular: nervos cutâneos (pintas). As pintas não causam um
problema ao indivíduo, porém elas não são as células normais do tecido da pele, ou
seja, temos uma disfunção celular, mas que não está necessariamente
comprometendo a função do órgão.

 Na displasia tecidual coxo-femoral temos a malformação ou do acetábulo ou da


cabeça do fêmur. Na displasia celular coxo-femoral, as células do tecido estão
exercendo uma função diferente da que o tecido estava exercendo usualmente,
ou seja, na displasia coxo-femoral do tecido as células estão exercendo o seu
papel normal, não há a displasia celular, mas temos um órgão displásico. No
entanto, podemos ter a displasia celular neste tecido onde as células têm uma
função diferente e vão exercer um papel diferente, isto é, quando falamos de
displasia do tecido nós não estamos nos referindo a displasia celular e às vezes
a displasia celular não vai geral lesão do tecido.  Quando falamos da displasia
tecidual estamos nos referindo a alteração do órgão e quando falamos da
displasia celular as células está exercendo um papel diferente, mas na displasia
de um órgão isso não significará que teremos a displasia celular
necessariamente.

Displasia = pode ser definida como a disfunção de um órgão ou tecido basicamente.

Anaplasia: é um conceito importante. A anaplasia é quando uma célula foi normal,


se diferenciou normal, mas de repente começa a sofrer mutações que fazem com
que célula volte a parecer uma célula indiferenciável (célula tronco). Exemplo: uma
célula tronco que deu origem a uma célula da pele, mas essa célula da pele sofreu
mutações que fazem com que a célula volte a aparecer com uma célula tronco
(anaplasia/ características morfológicas que lembram uma célula tronco. Podemos
ter vários graus de anaplasia, podemos ter uma célula com poucas características
de uma célula tronco (baixo grau de anaplasia) ou uma célula muito parecida (alto
grau de anaplasia). A anaplasia é muito estudada na medicina porque o câncer às
vezes atinge características de anaplasia e quanto maior o grau, quanto mais
parecida com uma célula tronco, menos o tecido vai se comportar como uma célula
normal, ou seja, mais agressivo será o câncer. No processo de anaplasia é como se
ocorresse uma desdiferenciação, uma reversão de células adultas para sua forma
indiferenciada com aumento considerável da capacidade de multiplicação de tais
células sendo comum nas neoplasias malignas.
Teratologia: é o estudo das disontogenias que são: anomalias, defeitos e
malformações congênitas. Exemplo: uma droga teratogênica (causa a má formação
do desenvolvimento fetal).
Tipos de malformações congênitas:
Monstros (teras/teratas) - são indivíduos com deformações graves incompatíveis
com a vida, sendo chamados de teratas.

Hemiterias (também chamadas de hemiteras/hemiteratas) - são indivíduos com


deformações leves, como na espinha bífida.

Anomalias tardias - o indivíduo nasce com essas características, porém a


manifestação só vai acontecer tadiamente com o desenvolvimento.

EM RESUMO...
Agenesia: não formou o órgão.
Aplasia: não formou o órgão, porém existem rudimentos.
Hipoplasia: o órgão se forma, no entanto, o crescimento é comprometido, é diminuído, é um órgão
hipofuncional.
Atresia: ocorre nos órgãos tubulares ou em orifícios naturais, sendo a ausência de perfuração nessas
estruturas.
Hipertrofia: aumento do tamanho do tecido pelo crescimento do tamanho das células.
Hiperplasia: aumento do tamanho do tecido pelo crescimento do número de células.
Metaplasia: diferenciação de um tecido por outro de mesma origem embrionária.
Displasia: disfunção que pode ser celular ou tecidual.
Anaplasia: quando as células normais passam a sofrer desdiferenciação adquirindo características de
uma célula indiferenciável (características semelhantes a uma célula tronco).
Monstros/teratas: formações incompatíveis com a vida.
Hemiterias: formações leves.
Anomalias tardias: vão aparecer com o crescimento do indivíduo.
PATOLOGIA DAS NEOPLASIAS

 É preciso cuidado ao manusear câncer.


 O ideal é sempre um oncologista trata-los, visto que clínicos gerais muitas vezes não são
certeiros, não usam técnicas adequadas.
 Nunca oferecer corticóide sem antes ter certeza que não se trata de um animal com
câncer, pois o corticóide gera resistência a multiquimioterapicos, isso pode condenar o animal e
acelerar ainda mais a doença. (Isso acontece muito com pacientes que chegam com linfoma,
linfonodos inchados, o clínico crê se tratar apenas de uma inflamação e trata com corticóide).
 São poucos os casos de câncer, em que os corticóides podem ser usados com segurança
e indicação.
 Sempre que realizer uma cirúrgia, pedir um laudo histopatológico, vale a pena ter o custo a
mais. Muitos clínicos operam o animal e descartam o tumor, o que é errado.

O que difere as neoplasias malignas e benignas?

Possivelmente benigno, Cara de maligno,


se vê mais controlado tecidos adjacentes

Diferenciação e Anaplasia – primeira coisa que vai caracterizar se é benigna ou maligna é a


desdiferenciação.
Neoplasias benignas: são bem diferenciados, semelhantes às células teciduais normais.
Neoplasias malignas: tendem a ser mais indiferenciados. Quanto mais indiferenciado, maior a
agressividade da neoplasia. Exemplo: carcinoma anaplásico de mama – nem se comporta como
célula de ducto mamário – é extremamente indiferenciado (prognóstico péssimo!). Neste caso
mesmo se o tumor tenha 0,3mm é ruim, o correto é tirar as duas cadeias mamárias, fazer
quimioterapia e ainda sim terá riscos.
O que o patologista usa para definir a anaplasia? Observa as células. Características de anaplasia:
células maiores, núcleos maiores, núcleos menos pigmentados, núcleos fragmentados, figuras de
mitose, quanto mais características de anaplasia tiverem, mais indiferenciado/desdiferenciado é.

Invasividade e metástase – outra característica avaliada.


Neoplasias benignas: crescem como massas coesas que permanecem em seu local de origem.
Neoplasias malignas: invadem tecidos adjacentes e podem fazer metástases em órgãos a
distância.
Metástase – via circulação sanguínea ou linfática a célula se desloca do órgão principal e faz focos
em outro lugar.

Carcinoma in situ – quando a camada/lâmina basal não foi rompida, geralmente tem um aspecto
melhor e isso é bom. Geralmente nesses casos, nem é preciso fazer quimioterapia, só retirando o
tumor já é o suficiente.

Nomenclatura:
Neoplasia: novo crescimento.
Neoplasma: nova formação (nomenclatura inventada por veterinários, mas que não é usada no dia-
a-dia).
Tumor: edema causado pela inflamação.
 A definição não neoplásica do termo “tumor” é, atualmente menos utilizada que a
definição neoplásica. Neste contexto, o termo tumor como sinônimo de neoplasias/neoplasma é
aceito em literatura internacional nas principais revistas de publicação em Oncologia.
 Usar tumor “benigno” é como se fosse usucapião do erro, porque é conceitualmente
errado, mas se usa. Tumor teoricamente seria um aumento de volume maior que 3cm.

Neoplasias benignas: sufixo – oma. (Tem exceções – linfomas, mieloma)


- Neoplasias mesenquimais: fibromas
- Neoplasias epiteliais: adenomas.
Neoplasias malignas:
- Neoplasias mesenquimais: sarcomas
- Neoplasias epiteliais: carcinomas.
Leucemia – câncer/tumor de medula óssea – se mostra/manifesta no sangue (tratada com
quimioterapia). É um câncer sistemico.
Linfoma – câncer nos linfócitos. É um câncer sistemico.
Angiosarcoma – muito metastatico – porque está na parede do vaso e existem vasos por todo o
corpo.
Nevo = pinta
Câncer em célular germinativas (tronco) – teratocarcinoma – muito indiferenciado, crescem coisas
loucas (como cabelos, células produtoras de leite em lugares que não é de sua origem), são bem
malignos.
Oncogênese – origem de um câncer. Anjinho virando diabinho.

Transgênicos não causam Mutações aleatórias, Agentes canceriogênicos/cancerígenos


câncer, tem muito mais a ver podem acontecer mesmo aumentam a chance (cigarro, antenas de
com impacto ambiental. com a vida saudável. transmissão, radiação, corante caramelo IV)

O que gera câncer é a mutação principalmente nos genes que controlam a proliferação celular,
porque isso dá abertura para várias maneiras de hiperproliferação.
Progressão tumoral: vai adquirindo mais características cancerosas, as mutações vão se
acumulando, vai ficando cada vez mais maligno a cada proliferação.
Diagnóstico do câncer
 Citologia
Se coloca uma agulha e colhe uma escama (células) do tumor;
Exame de triagem;
Sugere diagnóstico, não devendo se basear apenas nele;
Não conclusivo em alguns casos;
Baixo custo;
Não exige anestesia;
Pode ser feito em vísceras internas;
Usa-se agulha bem fina, menos traumática possível, para não vir sangue e alterar o resultado, é
para perfurar o tumor e com o ar de uma seringa joga na lâmina para correr e corar;
Geralmente na aspirativa tem chance de vir mais sangue – só deve ter feita quando não consegue
coletar material da primeira maneira.
Se cora a lâmina e vê mastócitos –
sugestão de mastocitoma, não
dá para avaliar o grau, para isso
precisa-se saber a morfologia do
tecido, e somente com a citologia
isso não é possível, precisando de
uma histopatologia.

 Histopatologia – padrão ouro.


Define realmente diagnóstico, porque retira um pedaço do tecido para olhar no microscópio.
Consegue definir grau;
Permite graduação dos tumores;
Exige anestesia.
Pode não ser conclusiva nos tumores indiferenciados – tem suas limitações;
Métodos de coleta: biópsia incisional (com paint retira um pedaço do tumor, agulha tru cut usada na
veterinária mais para ossos) ou excisional (tira todo o tumor com bisturi e manda para o laboratório –
melhor porque tem como avaliar melhor a margem cirúrgica).
 Imunohistoquímica – mais uma maneira de diagnóstico, mais ou menos 450,00R$.
Usada quando não é concluído antes o diagnóstico – tumores muito indiferenciados;
Feito com o fragmento coletado por biópsia - usar sempre formalina tamponada para guardar
amostras – ajuda no exame;
Define um padrão molecular de expressão de proteínas – avalia determinadas proteínas que são
expressas no tumor – os anticorpos determinam a ausência ou presença delas;
Existem painéis para cada tipo de proteína e é o patologista que usa e escolhe os mesmos, por
exemplo quando o tumor expressa a proteína COX-2, Her-2, ele tem pior prognóstico, ou expressa
Ki-67 mostrando que a célula está se proliferando, se houver muito é porque está se proliferando
demais, prognóstico pior;
É uma assinatura molecular do câncer associando proteínas para ajudar no diagnóstico;
Define diagnóstico quando a histopatologia não permite;
Auxilia na definição do prognóstico;
Alguns marcadores podem ter valor preditivo.

o Marcadores da Imuno-histoquímica:
A lâmina fica colorida (marrom) quando há a presença da proteína, deve-se contar quantas células
expressam essa cor e significa que são positivas para determinado marcador;
Ki-67: marcador de proliferação celular;
Her-2: associado a pior prognóstico no câncer de mama;
Receptores hormonais; tumor que expressa rh pode estar associado a pior prognóstico;
E-caderina: molécula de adesão epitelial – usado para avaliar qualquer carcinoma, se o tumor
perde a expressão de e-caderina, o tumor fica livre para metástase;
COX-2: também associado a pior prognóstico. Se um tumor expressar, pode ser usado um inibidor
de COX-2 para o tratamento.
 É possível definir a droga usada no tratamento baseado na imuno-histoquímica.
 A imuno-histoquímica tem valor prognóstico, diagnóstico e preditivo (predição de
tratamento).
 Mais de 14% de marcação = prognóstico ruim.

 Pesquisa de metástases - importante, porque se já houver metástase, não pode retirar o


tumor primário porque ele possui
Ki-67 substâncias que controlam o crescimento
COX-2 da metástase. É preciso
que se faça o estadiamento, que é saber exatamente onde esse câncer se encontra, em que estágio
está; Dependendo do tumor, os patologistas já conseguem prever onde haverá metástase, como nas
cadelas em que câncer de mama geralmente se espalha para os pulmões, já no angiosarcoma, os
lugares mais comuns de metástase são fígado e baço;

Usados para a pesquisa:


 Ultrassonografia – avaliar abdômen;
 Radiografias – tórax – para investigação de metástase é preciso três projeções;
 Tomografia – identifica tumores de 0,3mm;
 Ressonância;
 Pet Scan – (A Culpa É Das Estrelas) - usada uma glicose radioativa, esses tecidos
tumorais como consomem muita glicose por se proliferarem muito, essa glicose radioativa vai se
impregnar nesses tecidos e aparecem fluorescentes no exame;
 Tomografia e ressonância exigem contrastes – nefrotóxico – o ideal é receber
fluidoterapia para evitar.
Metástase
Ver onde o contraste parou

Estadiamento do câncer – importante.


O estadiamento permite a definição da gravidade e dos órgãos acometidos pelo câncer. Avalia
invasividade do tumor e possíveis metástases. Quanto maior o estágio/estadio, pior o prognóstico.

CARACTERÍSTICAS DO CÂNCER - HALLMARKS OF CANCER

 O Câncer é uma doença marcada por inúmeras características. Estas características


foram estudadas e publicadas em uma das maiores revistas científicas do mundo: Cell.
Dois artigos:
 Hallmarks of Cancer. 2000 – Definiram várias características.
 Hallmarks of Cancer: the next generation. 2011 – Trouxe mais
características.
Hallmarks of Cancer. 2000.
Característica 1:
 Autossuficiência de sinalização para o crescimento.
- Nenhuma célula normal se prolifera sem fatores estimulatórios. O que faz uma célula normal se
proliferar? Ela tem que se ligar, por exemplo, a um fator de crescimento e cresce, se multiplica.
- Já a célula cancerosa não precisa de um ligante para se proliferar (consegue fazer isso sozinha).
- Alguns oncogenes atuam mimetizando as vias de sinalização para a proliferação celular e por
conta disso se proliferam de forma descontrolada.
- As células podem expressar muitos receptores de fatores de crescimento (chamados receptores
de tirosina quinase – que é alvo de medicamentos inibidores de tirosina quinase, comuns na
oncologia, como Palladia, usado na Veterinária), só isso não causaria um problema porque as
células normais também possuem esses receptores, o problema é que as células neoplásicas
apresentam mutações nos genes que os codificam gerando receptores com capacidade de auto-
ativação, sem um ligante.

Característica 2:

 Insensibilidade a sinais antiproliferativos.


- Nos tecidos normais, quando uma célula começa a se proliferar, de alguma forma vai haver
algum estimulo para que ela pare, como por exemplo no fígado, quando ele perde um pedaço, as
células se proliferam até determinado ponto, quando percebem que já ocuparam o lugar que
precisavam, param. Há múltiplas vias de sinalização que impedem a proliferação celular
garantindo a quiescência das células e a homeostase do tecido.
- As células neoplásicas não são sensíveis a esses sinais, ela perde essa capacidade e se
multiplicam loucamente.
Característica 3:
 Capacidade de evasão da apoptose.
- A apoptose pode ser considerada um importante mecanismo de defesa, visto que células
anormais podem ativar vias de sinalização para apoptose, o problema é que no câncer isso não
funciona, porque essas vias são inibidas, não são sensíveis a sinais apoptóticos, a célula tumoral
possui mutações nos genes que não estimulam a apoptose ou apresenta a super expressão de
fatores antiapoptóticos.
- Não significa que no primeiro dia de câncer, será expressada todas essas características, mas
em cada mutação se soma mais e mais dessas características, sendo esses tumores os de maior
malignidade.

Característica 4:
 Potencial de replicação ilimitado.
- Todas as células normais possuem uma capacidade limitada de replicação ao longo da vida,
elas envelhecem, esta capacidade é definida pelo tamanho dos telômeros. A cada duplicação o
telômero fica menor até que esteja curto o suficiente para impedir a replicação. Isto marca a
senescência celular – ela morre.
- Nos tumores há superexpressão da enzima telomerase que impede o encurtamento dos
telômeros garantindo que ela se multiplique eternamente e também a imortalidade das células
tumorais, ou seja, não morre e não envelhece.

Característica 5:
 Angiogênese.
- É a formação de vasos.
- Com o crescimento do tecido tumoral, as células deveriam sofrer de hipóxia e isquemia, porém
os tumores produzem substâncias angiogênicas (como o fator de crescimento endotelial
vascular – VEGF) que geram a formação de novos vasos sanguíneos para garantir o
fornecimento de oxigênio e nutrientes para as células em intensa proliferação.
- Existem drogas que são inibidoras de VEGF – mas que não funcionam na veterinária.
Característica 6:
 Invasão tecidual e metástase.
- As células cancerígenas não respeitam os limites teciduais invadindo tecidos adjacentes –
podendo ser muito agressivas localmente ou fazer metástase, algumas células diminuem a
expressão de fatores responsáveis pela adesão celular e se tornam livres para alcançar as
circulações sanguínea/hematógena e linfática, atingindo outros órgãos e tecidos a distância.
- As células tumorais produzem substâncias que prepara o sítio metastático antes da metástase
chegar, por isso que quando elas se deslocam, já sabem exatamente para onde vão, usando a via
mais próxima (sanguínea ou linfática) para chegarem no sítio alvo.
- O tumor primário produz substâncias que controlam a metástase como um acordo para se manter
vivo, por isso não pode tira-lo cirurgicamente antes de saber se existe metástase.
- Toda cirurgia oncológica deve ser acompanhada da retirada dos mesmos próximos/regionais ao
tumor. Somente o oncologista possui conhecimento dos procedimentos corretos.

Característica 7:
 Instabilidade genômica.
- A proliferação celular descontrolada de uma célula cancerosa anormal e já mutada garante o
acúmulo de ainda mais mutações.
- Este fato gera a progressão tumoral, ou seja, a evolução para formas celulares mais instáveis e
agressivas.
Hallmarks of Cancer: The Next Generation 2011
Reafirmaram as características de 2000 e acrescentaram outras.

Característica 8:
 A presença de necrose no tecido tumoral gera a produção de fatores pró-
inflamatórios que funcionam como promotores de tumor.
- Quando há crescimento tumoral excessivo, pode haver necrose e inflamação e estes são fatores
promotores do crescimento tumoral, pelas citocinas da resposta inflamatória há o
crescimento das células adjacentes, ou seja, nem a necrose consegue pará-lo.

Característica 9:
 Os tumores produzem substâncias que alteram a composição do estroma (meio
extracelular) as quais podem contribuir para aumentar a invasividade e a capacidade de
metástase.
- Produzem substâncias que alteram o estroma, ou seja, se o estroma segurava essa invasão,
agora não segura mais. As células tumorais produzem citocinas que atraem macrófagos para o
estroma tumoral degradando a matriz extracelular e abrindo caminhos para a célula neoplásica
invadir tecidos vizinhos ou alcançar a circulação sanguínea.
- As células tumorais também produzem enzimas que degradam a matriz extracelular
(metaloproteínases – degradam o esqueleto do estroma).

Característica 10:
 As células tumorais produzem substâncias que preparam o sítio metastático.
- Antes de migrarem para outros tecidos, as células neoplásicas preparam o tecido ou órgão
receptor da metástase, só depois disso é que elas migram.
- Micro RNAs incorporam uma célula “x” e preparam esse sítio para receber a metástase.
Característica 11:
 As células tumorais possuem um mecanismo de reprogramação de seu metabolismo
energético.
- Células tumorais precisam de muita energia, mas as vezes não chega o necessário, então elas
reprogramam todo o metabolismo de energia para economizar em determinadas funções para
usa-la na proliferação.
- Muitas células neoplásicas conseguem sobreviver mesmo em condições de anaerobiose e
continuam vivas e se proliferando usando como fontes energéticas os subprodutos da
degradação anaeróbica da glicose, como o lactato.
- Estudos mostraram a existência de dois tipos celulares nos tumores, um tipo necessita de
oxigênio para a glicólise, o outro tipo se adaptou a produzir ATP a partir do lactato, quando há
hipóxia, o primeiro tipo celular começa a produzir lactato, o qual é usado como fonte de energia
para o segundo tipo se manter ativo e proliferando. O tumor se alimenta sozinho.
- O que cura câncer é diagnóstico precoce e cirurgia.

Característica 12:
 Evasão do sistema imune
- As células neoplásicas produzem citocinas que inibem o ataque de células de defesa e
estimulam uma resposta de linfócitos T reguladores – T supressoras, ou seja, diminuem a
resposta imunológica. O microambiente tumoral é extremamente imunossuprimido, o sistema
imune não chega lá.
Característica 13:
 Heterogeneidade celular
- Como tem muitas mutações, na biópsia, as vezes não tem a representação do “todo”, tendo
partes mais “boazinhas” e outras piores, e isso é uma representação de malignidade.
- No tecido tumoral há marcada variação de genótipos celulares com subpopulações clonais muito
diferentes.

Generalidades:
 Muitas outras características têm sido descritas!
 A cada ano muitas publicações são feitas revelando novas facetas das células
neoplásicas.
 Mas estes artigos concentraram algumas delas que marcaram uma assinatura do
câncer e permitiram a complexidade de se estabelecer um tratamento para células que
adquiriram tantas características de sobrevivência.

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