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(antologia de traduções)
[1]
Oion (“O ovo”)
Tradução 1
Acolhe
da fêmea canora
este novo urdume que, animosa
Tirando-o de sob as asas maternas, o ruidoso
e mandou que, de metro de um só pé, crescesse em número
e seguiu de pronto, desde cima, o declive dos pés erradios
tão rápido, nisso, quanto as pernas velozes dos filhotes de gamo
e faz vencer, impetuosos, as colinas no rastro da sua nutriz querida,
até que, de dentro do seu covil, uma fera cruel, ao eco do balido, pule
mãe, e lhes saia célere no encalço pelos montes boscosos recobertos de neve.
Assim também o renomado deus instiga os pés rápidos da canção a ritmos complexos.
do chão de pedra pronta a pegar alguma das crias descuidosas da mosqueada
balindo por montes de rico pasto e grutas de ninfas de fino tornozelo
que imortal desejo impele, precípites, para a ansiada teta da mãe
para bater, atrás deles, a vária e concorde ária das Piérides
até o auge de dez pés, respeitando a boa ordem dos ritmos,
arauto dos deuses, Hermes, jogou-o à tribo dos mortais
e pura, ela compôs na dor estrídula do parto.
do rouxinol dórico
benévolo,
Acolhe
benévolo,
da fêmea canora
do rouxinol dórico
este novo urdume que, animosa
e pura, ela compôs na dor estrídula do parto.
Tirando-o de sob as asas maternas, o ruidoso
arauto dos deuses, Hermes, jogou-o à tribo dos mortais
e mandou que, de metro de um só pé, crescesse em número
até o auge de dez pés, respeitando a boa ordem dos ritmos,
e seguiu de pronto, desde cima, o declive dos pés erradios
para bater, atrás deles, a vária e concorde ária das Piérides
tão rápido, nisso, quanto as pernas velozes dos filhotes de gamo
que imortal desejo impele, precípites, para a ansiada teta da mãe
e faz vencer, impetuosos, as colinas no rastro da sua nutriz querida,
balindo por montes de rico pasto e grutas de ninfas de fino tornozelo
até que, de dentro do seu covil, uma fera cruel, ao eco do balido, pule
do chão de pedra pronta a pegar alguma das crias descuidosas da mosqueada
mãe, e lhes saia célere no encalço pelos montes boscosos recobertos de neve.
Assim também o renomado deus instiga os pés rápidos da canção a ritmos complexos.
(Juliana Di Fiori)
(Juliana Di Fiori)
[2]
Pelekys (“O machado”)
Tradução 1
(Juliana Di Fiori)
Tradução 2
(Juliana Di Fiori)
[3]
Pteryges Erotos (“Asas de Éros”)
Tradução 1
(Juliana Di Fiori)
Tradução 2
Tradução 1
A concubina de ninguém, a mãe do Luta-de-Longe deu à luz
o pastor ágil da que foi ama-de-leite do Trocado-por-Pedra,
não o Querastas outrora alimentado pela filha do touro
mas aquele a quem a linfa (l por n) fez arder de sede;
o dúplice animal, de nome todo, que tanto desejava
a filha da voz, irmã do vento, a jovem dos finais;
o que à Musa floricoroada a fístula infligiu
estrídula, monumento do seu amor em chamas;
o que soube dar fim à homônima arrogância
do mata-avô, dela salvando a jovem tíria;
aquele a quem Páris Simiquidas ofertou
o doce dom dos de cajado mas não cegos;
ó pisa-pedras e pedestres, ó tormento
da mulher saeta, caixipede, filho
de ladrão, filho de pai nenhum,
que com doçura e de alma alegre
possas tocar para a de lindo
rosto, a jovem muda,
a i n v i s í v e l.
(Juliana Di Fiori)
Tradução 3
(Juliana Di Fiori)
Dosíadas de Creta (s.III a.C.)
(Juliana Di Fiori)
(Juliana Di Fiori)
Júlio Vestino (s.IV d.C.)
Bomos (“Altar”)
Tradução 1
(Juliana Di Fiori)
(Juliana Di Fiori)
Carmina figurata
dos poetas metafísicos ingleses do séc. XVII
[1]
The altar (“o altar”)
Tail-poem
“Poema-cauda”
Stéphane Mallarmé (1842-1898)
Fisches Nachtgesang
“Canto noturno do peixe”
reconheça
essa adorável pessoa é você
sem o grande chapéu de palha
olho
nariz
a boca
um pouco
mais abaixo
é seu coração
que bate
aqui enfim
a imperfeita imagem
de seu busto adorado
visto como
se através de uma nuvem
Il Pleut (“chove”)
(trad. Álvaro Faleiros)
Vladímir Maiakóvski (1893-1930)
e
El Lissítzki (1890-1941)
[1]
Liubliú
“Amo”
“Todas as homenagens que o poeta rendeu a Lília [...] se resumem numa única palavra que
ele transformou no que hoje chamaríamos de poema concreto. Maiakóvski fez gravar num
anel, que deu a ela de presente, as letras ‘L’, ‘IU’ e ‘B’ – as iniciais do nome completo de
sua amada: Lília IÚrievna Brík. Em disposição circular elas formas a palavra LIUBLIÚ
(amo). [...] Em 1923, saiu em Berlim uma extraordinária coletânea de poemas de
Maiakóvski, Dliá Gólossa (Para Voz). Desenhado por El Lissitski, o livro contém
admiráveis soluções visuais, integrando textos e formas gráficas. Nele as três letras
reaparecem, numa única página, em disposição circular, respondendo no plano gráfico à
estrutura do poema-anel de Maiakóvski”
(Comentário de Augusto de Campos, em Maiakóvski: poemas. São Paulo: Perspectiva, 2008, p.159-160)
[2]
Khorócheie Otnochénie k Lochadiám
“Boa disposição para com os cavalos”
“No poema Khorócheie Otnochénie k Lochadiám (‘Boa disposição para com os cavalos’), em
que o poeta descreve seus sentimentos para com um cavalo que tomba em plena rua, é logo
projetado em corpo destacado, na metade superior da página (dupla), o jogo paronomástico
GRIB GRAB GROB GRUB, isolando-se as vogais que se permutam dentro do esquema fixo
das consoantes. Estas palavras, além de reproduzirem onomatopaicamente o rascar das patas
do cavalo que cai, convocam um âmbito semântico, fragmentário: GRIB, cogumelo, tortulho;
GRAB, imperativo, 2ª pessoa singular, de ‘grábit’, pilhar; GROB, caixão ataúde; GRUB,
grosseiro”
(Comentário de Haroldo de Campos, em Maiakóvski: poemas. São Paulo: Perspectiva, 2008, p.146)
[3]
Moi Mai
“Meu Primeiro de Maio”
“Noutro poema, ‘Meu Primeiro de Maio’, é explorada a similitude gráfica entre as palavras
MOI (meu) e MAI (maio) numa composição circular à qual o nº 1 serve de diâmetro virtual”
(Comentário de Haroldo de Campos, em Maiakóvski: poemas. São Paulo: Perspectiva, 2008, p.146)
[4]
Trietii Intiernazional
“Terceira Internacional”
“Em ‘Trietii Intiernazional’ [...], a letra T de ambas as palavras, alongada, tomando quase dois
terços da página, é que serve de suporte ao título e de umbral ao texto”
(Comentário de Haroldo de Campos, em Maiakóvski: poemas. São Paulo: Perspectiva, 2008, p.146)
[5]
Prikaz po Armii Iskusstv
“Ordem ao exército das artes”
[6]
Nieobitcháinieicheie Plikliutchênie Bívcheie so mnói, Vladímirom Maiakóvskim
“A Mui Extraordinária Aventura Acontecida Comigo, Vladímir Maiakóvski”
“Já em composições mais livres, como ‘Prikaz po Armii Iskusstv’ (‘Ordem ao exército das
artes’) e ‘Nieobitcháinieicheie Plikliutchênie Bívcheie so mnói, Vladímirom Maiakóvskim...’
(‘A Mui Extraordinária Aventura Acontecida Comigo, Vladímir Maiakóvski’), se pode
distinguir toda a finura do agenciamento estrutural e do despojamento geométrico da paginação
construtivista, capaz inclusive de um surpreendente humor gráfico. [...] Outro achado
tipográfico de Lissítzki é o índice-marginália, à direita das páginas, introduzindo cada poema e
anunciando os que lhe sucedem, através de uma ou duas palavras-tema e de um emblema visual
(um traço, traço e ponto, um círculo, um sinal de mais, reticências, etc.). No caso de ‘A Mui
Extraordinária Aventura’, por exemplo, a palavra-chave é ‘solntze’ (‘sol’), pois se trata de um
diálogo do poeta com o Sol, e o símbolo adotado um pequeno quadrado vermelho”
(Comentário de Haroldo de Campos, em Maiakóvski: poemas. São Paulo: Perspectiva, 2008, p.146)
Vassíli Kamiênski (1884-1961)
[1]
[2]
Página na peça teatral Ostrov Páskhi
(“Ilha de Páscoa”) [1919]
Dylan Thomas (1914-1953)
Vision and prayer (“Visão e prece”)
Comentário de Augusto de Campos em Poesia da recusa (2006), pp. 322-323.