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UNIVERSIDADE DE BELAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E ECONÓMICAS


CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

IMIGRAÇÃO (ILEGAL) EM ANGOLA


(CASO ESPECÍFICO PROVÍNCIA DO ZAIRE)

TRABALHO DE FIM DE CURSO

ALBERTO PEDRO SEGUNDA

LUANDA, 2017
UNIVERSIDADE DE BELAS
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E ECONÓMICAS
CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

FOLHA DE ROSTO
IMIGRAÇÃO (ILEGAL) EM ANGOLA
(CASO ESPECÍFICO PROVÍNCIA DO ZAIRE)

TRABALHO DE FIM DE CURSO

Elaborado por: Alberto Pedro Segunda


Orientado por: Msc. Délcio Pedro Rodrigues

Trabalho de Fim de Curso apresentado à


Faculdade de Ciências Sociais e Económicas da
Universidade de Belas como requisito para a
obtenção do Grau de Licenciado em Relações
Internacionais

LUANDA, 2017 i
FICHA CATALOGRÁFICA

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou electrónico para fins de estudo e pesquisa desde que citada a fonte.

Alberto Pedro Segunda

DATA_________/_________/___________

SEGUNDA, Alberto Pedro

IMIGRAÇÃO (ILEGAL) EM ANGOLA (CASO ESPECÍFICO PROVÍNCIA


DO ZAIRE)

Trabalho de Fim de Curso apresentado à Faculdade de Ciências Sociais e Económicas da


Universidade de Belas como requisito para a obtenção do Grau de Licenciado em Relações
Internacionais.

Orientador: Msc. Délcio Pedro Rodrigues

Nº de páginas: 50

Tipo de letra: Times New Roman

Palavras-chave: Migração. Emigrantes. Imigração Ilegal. Fronteiras. Angola.

ii
ALBERTO PEDRO SEGUNDA

FOLHA DE APROVAÇÃO
IMIGRAÇÃO (ILEGAL) EM ANGOLA
(CASO ESPECÍFICO PROVÍNCIA DO ZAIRE)

Trabalho de Fim de Curso apresentado à Faculdade de Ciências Sociais e Económicas da


Universidade de Belas como requisito para a obtenção do Grau de Licenciada em Relações
Internacionais.

Aprovado,_____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA

Presidente do Júri

____________________________

1º Vogal

_____________________________________

2º Vogal

_____________________________________

Secretário

___________________________

iii
DEDICATÓRIA

“Dedico este trabalho, aos meus pais, meus irmãos, tios,


sobrinhos, primos a minha noiva, aos meus dois filhos,
colegas e aquelas pessoas, que directa ou indirectamente
compartilharam os momentos difíceis da minha
formação e que tornaram este sonho possível. Por último
não menos importante dedico este trabalho à
Universidade de Belas e em especial aos professores,
Mestre José da Silva e o Dr. Spinoca.”

iv
EPÍGRAFE

“A Migração é um processo tão longo que talvez


nunca termine, do mesmo modo como nunca se
perde o sotaque da língua materna”

León…

v
AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus Pai Todo-Poderoso pela dádiva da vida e por me iluminar em todos os
momentos bons e difíceis, aos meus pais pela paciência, amor e carinho, meus irmãos
(Sebastião Segunda) pelo todo apoio e coragem, tio, primos (José Sita), pela ajuda
incondicional, a minha noiva (Juliana Vidi) pela dedicação e amor, aos amigos e colegas pelo
apoio moral.
Agradeço igualmente aos profissionais da Rádio Soyo e em particular o Director (Manuel
Salambi), e ao SME do Zaire pelo apoio.
Não gostava de terminar sem agradecer também aos professores Mestre José da Silva, Dr.
Spinoca e ao professor Délcio Pedro Rodrigues, por me terem ajudado nesta missão árdua de
investigação académica
A todos do fundo do meu coração expresso os meus sinceiros agradecimentos. Meu muito
obrigado.
Alberto Segunda…

vi
RESUMO

O presente trabalho tem como título “Imigração Ilegal em Angola” concretamente os


imigrantes ilegais da RDC à província do Zaire, um fenómeno considerado preocupante
devido os mecanismos ilícitos utilizados pelos cidadãos estrangeiros. Deste modo o trabalho
tem como objectivo geral investigar os factores que estão na base do aumento do índice de
imigração ilegal em Angola, caso específico na província do Zaire. No quadro da metodologia
utilizada para o presente trabalho é fundamentalmente qualitativa e quantitativa, o que
permitiu o alcance de resultados atraves do contacto com vários imigrantes (legais e ilegais),
residentes em Angola que demonstram que o número elevado de imigrantes que procura a
todo custo chegar à Angola tem como objectivo principal alcançar outros pontos do mundo
sobretudo o continente europeu, e que Angola serve como porta de entrada e de saída pela
facilidade de conseguirem documentos fraudulentos para o efeito, e que existem várias a
razões de abandono do seu país de origem, tais como a instabilidade politica, as guerras, a
pobreza e a miséria entre outras razões, deste modo, concluímos as causas da imigração ilegal
apontadas pelas autoridades angolanas, particularmente ao SME da província do Zaire e pelos
cidadãos da RDC são convergentes: “a instabilidade política na RDC, a pobreza, a falta de
emprego”, pelo que recomendamos a necessidade de sensibilizar as pessoas envolvidas,
mostrando-lhes a gravidade da situação e os grandes perigos que o país corre se, através desse
fenómeno, se continuar a facilitar a entrada ilegal dos imigrantes.

Palavras-chave: Migração. Emigrantes. Imigração Ilegal. Fronteiras. Angola.

vii
ABSTRACT

The present work is entitled "Illegal Immigration in Angola" specifically illegal immigrants
from the DRC to the province of Zaire, a phenomenon considered to be of concern due to the
illicit mechanisms used by foreign citizens. In this way, the work has the general objective of
investigating the factors that underlie the increase in the rate of illegal immigration in Angola,
a specific case in Zaire province. Within the framework of the methodology used for the
present work, it is fundamentally qualitative and quantitative, which allowed the achievement
of results through contact with several immigrants (legal and illegal), residents in Angola who
demonstrate that the high number of immigrants that they seek at all costs arriving in Angola
has as main objective to reach other parts of the world, especially the European continent, and
that Angola serves as a gateway and exit due to the ease of obtaining fraudulent documents
for that purpose, and that there are several reasons for abandoning your country of origin.
origin, such as political instability, wars, poverty and misery among other reasons, in this
way, we conclude the causes of illegal immigration pointed out by the Angolan authorities,
particularly to the SME of the province of Zaire and by the citizens of the DRC are
convergent: “ political instability in the DRC, poverty, lack of jobs ”, so we recommend the
need to sensitize people and involved, showing them the gravity of the situation and the great
dangers that the country is in if, through this phenomenon, it continues to facilitate the illegal
entry of immigrants.

Keywords: Migration. Emigrants. Illegal Immigration. Borders. Angola.

viii
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Consequências da Imigração nos Países de partida e de destino ........................... 14

Tabela 2 – Causas da Imigração Legal e Ilegal ....................................................................... 26

Tabela 3 – Causas Alegadas pelos Imigrantes Ilegais no Zaire ............................................. 32

Tabela 4 – Postos Fronteiriços da província do Zaire e da RDC ............................................ 37

Tabela 5 – Rotas Utilizadas pelos Imigrantes Ilegais na Província do Zaire .......................... 40

ix
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Principais Rotas de Entrada dos Imigrantes Ilegais ............................................... 39

x
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Nacionalidades dos Cidadãos Ilegais na Provincia do Zaire ............................... 31

xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACNUR: Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados

IBEP: Inquérito Integrado Sobre o Bem-Estar da População

INE: Instituto Nacional de Estatística

OUA: Organização da União Africana

RDC: República Democrática do Congo

SME: Serviços de Migração e Estrangeiros

USD: Dólares dos Estados Unidos da América

xii
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO ................................................................................................................. i

FICHA CATALOGRÁFICA................................................................................................... ii

FOLHA DE APROVAÇÃO ...................................................................................................iii

DEDICATÓRIA ...................................................................................................................... iv

EPÍGRAFE ............................................................................................................................... v

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................ vi

RESUMO................................................................................................................................. vii

ABSTRACT ...........................................................................................................................viii

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. ix

LISTA DE FIGURAS............................................................................................................... x

LISTA DE GRÁFICOS .......................................................................................................... xi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................................... xii

I. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1

1.1. Introdução ao tema ....................................................................................................... 1

1.1.1. Delimitação do tema ............................................................................................. 2

1.1.2. Justificação do tema.............................................................................................. 2

1.2. Formulação do problema ............................................................................................. 2

1.3. Formulação de hipóteses .............................................................................................. 2

1.4. Objectivos .................................................................................................................... 3

1.4.1. Objectivo geral ..................................................................................................... 3

1.4.2. Objectivos específicos .......................................................................................... 3

II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................ 4

2.1. Migração ...................................................................................................................... 4

2.2. Imigração ..................................................................................................................... 5

2.3. Emigração .................................................................................................................... 6

2.4. Êxodo rural .................................................................................................................. 6


xiii
2.5. Imigração ilegal ........................................................................................................... 6

2.6. Refugiados ................................................................................................................... 6

2.7. Transigência ................................................................................................................. 8

2.8. Fronteira ....................................................................................................................... 8

2.9. Movimento migratório no mundo ................................................................................ 8

2.10. Imigração no continente europeu ............................................................................. 9

2.11. Imigração no Brasil ................................................................................................ 10

2.12. Imigração em Angola ............................................................................................. 10

2.13. Causas e consequências da imigração no mundo ................................................... 12

2.13.1. Causas da imigração ........................................................................................... 12

2.13.2. Consequências da imigração no mundo ............................................................. 13

III. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ..................................................... 16

IV. METODOLOGIA........................................................................................................ 18

4.1. Tipo de estudo ............................................................................................................ 18

4.2. População e amostra .................................................................................................. 18

4.2.1. Critérios de inclusão ........................................................................................... 18

4.2.2. Critérios de exclusão .......................................................................................... 19

4.3. Métodos a utilizar ...................................................................................................... 19

4.4. Procedimentos e instrumentos ou técnicas para a colecta de dados .......................... 19

4.5. Processamento de dados ............................................................................................ 20

V. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 21

VI. CONCLUSÕES............................................................................................................ 45

VII. RECOMENDAÇÕES.................................................................................................. 47

VIII. BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................... 48

xiv
I. INTRODUÇÃO

1.1. Introdução ao tema

Depois de um período de cerca de trinta (30) anos de guerra civil, em 2002 veio finalmente o
renascer da esperança numa paz efectiva. De lá para cá, o percurso histórico de Angola
mudou consideravelmente, vislumbrando garantias de prosperidade para os seus cidadãos
num futuro próximo.

Na medida em que os anos foram passando, o país foi ganhando prestígio dentro e fora da
África, dando cada vez mais esperança de garantia de vida melhor para os povos que residem
no país, em Africa e no mundo, sobretudo para aqueles cujos países se vive um “calvário”,
uma vida difícil devido à miséria, as perseguições políticas, os conflitos étnicos e de outra
natureza. Esta situação é extensiva aos países desenvolvidos, especialmente aqueles em que a
evolução tecnológica e a crise financeira agudizaram o desemprego e os problemas sociais daí
decorrentes.

E talvez por este motivo, de tranquilidade, do calar das armas e com muitas oportunidades e
certas ´´facilidades``, constatamos nos últimos anos um movimento Migratório em Angola
estrondoso, de cidadãos oriundos de toda parte do mundo, (de certa forma preocupante). Hoje,
o Estado Angolano é confrontado com novas realidades, os desafios da garantia da soberania
no período da paz, como o controlo total e eficiente das suas fronteiras para qualquer
casualidade, sobretudo na evasão de Imigrantes. Acompanhamos quase sempre na impressa
nacional a violação das fronteiras por imigrantes que não possuem a documentação exigida
pelo Estado Angolano. Hoje mais do que nunca, os desafios são maiores. Nesta senda, o
presente trabalho procura mostrar algumas realidades de imigrantes ilegais no nosso país
(sobretudo os da RDC na província do Zaire), como entram no território angolano, os meios,
as rotas utilizadas, sua permanência e os mecanismos que usam para atingirem outros pontos
do mundo.

Todavia, por intermédio deste trabalho, pretende-se mostrar ao mundo académico


(Estudantes, Docentes e Investigadores) e a todas as forças vivas da sociedade a gravidade da
situação da imigração ilegal no nosso território.

1
1.1.1. Delimitação do tema

Os estudos mostram que os Estados desde os tempos idos, preocuparam-se sempre com o
fenómeno da imigração ilegal. E hoje mais que evidente, os governos estão mais vigilantes,
no sentido de garantir maior controlo na inviolabilidade dos seus territórios. É assim que a
preocupação das relações internacionais, quer as outras ciências vão criando mecanismos
legais para a manutenção do fenómeno imigração ilegal.

No presente trabalho de monografia vai abordar a imigração ilegal em Angola dos


estrangeiros da RDC (caso específico na província do Zaire).

1.1.2. Justificação do tema

Tendo em conta a nova realidade Angolana (paz) nos últimos anos na progressão económica e
na solidificação da política interna e internacional, na garantia de uma sociedade cada vez
mais tranquila e coesa, na abertura de muitas oportunidades para África e ao Mundo, na
perspectiva de futuro risonho, dai incide a nossa pesquisa, que tem como tema a Imigração
(Ilegal) em Angola pelo facto de encararmos com maior preocupação o “fluxo da invasão
migratória” de cidadãos oriundos de toda parte do Mundo, caso concreto dos Congoleses
Democráticos, que de várias formas invadem as nossas fronteiras com a ânsia de
permanecerem no nosso território de forma ilegal.

1.2. Formulação do problema

 Que factores estão na base do aumento do índice de imigração ilegal em Angola, caso
específico na província do Zaire?

1.3. Formulação de hipóteses

Como resultados da pesquisa desenvolvida ao longo do trabalho de investigação científica, o


tema em estudo, ganhou as seguintes hipóteses:

 A facilidade que os estrangeiros encontram em Angola na aquisição de documentos de


forma fraudulento para alcançar a Europa, pode estar na base da entrada de muitos
imigrantes ilegais no país.

2
1.4. Objectivos

1.4.1. Objectivo geral

 Investigar os factores que estão na base do aumento do índice de imigração ilegal em


Angola, caso específico na província do Zaire.

1.4.2. Objectivos específicos

 Quantificar o fluxo (número) de imigrantes ilegais que entram em Angola (província


do Zaire);
 Identificar os mecanismos utilizados pelos imigrantes, para chegarem de forma ilegal
à província do Zaire;
 Analisar a situação “ilegal” dos imigrantes nesta condição à luz do estatuto dos
Estrangeiros residentes em Angola.

3
II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para melhor compreensão do presente trabalho serão analisados os pontos de vista


conceptuais relevantes em relação ao tema, avançados por autores e pesquisadores diversos
selecionados para este tema particular. A pesquisa é conduzida com base nos principais
estudos e pesquisas diversas, incluindo trabalhos de fim de curso realizados por outros
estudantes.

Entre os vários conceitos e terminologias associadas ao tema, têm papel de destaque, os


termos como migração, imigração, emigração, êxodo rural, transigência, fronteiras,
estrangeiros, imigrantes, entre outros.

Neste sentido, o presente capítulo analisará os conceitos fundamentais e outros relacionados


com o tema, fazendo recurso aos trabalhos de autores e pesquisadores que abordaram este
tema sob várias perspectivas. O capítulo está dividido em duas partes. A primeira trata dos
conceitos básicos de termos utilizados na presente monografia na visão de vários autores; a
segunda parte traz outros conceitos relacionados com a temática em abordagem para o melhor
enquadramento teórico.

2.1. Migração

Reza a história, que desde há muito que o homem tem se movimentado de um local para outro
na busca de melhores condições de vida, melhores terras para o cultivo, melhor clima para
viver, facilidade de acesso aos serviços e outros. A este respeito, o Dicionário da Língua
Portuguesa, define “ Migração como deslocação de população de uma região para outra ou de
um país para outro” (Dicionário da Língua Portuguesa, 2005 pág. 1118).

“ Migração – é constituído por movimentos de uma população, temporária ou permanente, de


um local físico para outroˮ de acordo com a (Pinto, 2001 pág. 151).

Migração é definida igualmente através da qualificação das pessoas como “emigrantes” ou


“imigrantes”, referindo-se a aquelas situações em que a deslocação se faz de um país para
outro ou de uma região para outra suficientemente distinta e distante, por um tempo
suficientemente prolongado que implica “viver” noutro país/região e nele desenvolver as
actividades da vida quotidiana León e Grinberg (1996).

4
A deslocação de pessoas de uma região para outra, com mudanças de residências, designa-se
migração ou movimento migratório. Ela distingue vários tipos de migração, em função de
determinadas situações, como defende Mendes (1997), entre as quais:

Atendendo as áreas envolvidas - Internas e Externas. Nas externas se pode encontrar as intra e
intercontinentais quando ocorrem dentro do mesmo continente e de um continente para outro,
respectivamente. Por seu lado, as internas acontecem quando os movimentos se realizam de
umas áreas geográficas para outras num mesmo país. Aqui caberia o exemplo do êxodo rural,
durante o qual as pessoas se deslocam do campo para a cidade e ai se fixam.

Atendendo a duração, quer sejam definitivas ou temporárias. São definitivos quando as


pessoas que se movimentaram fixam residência definitiva nas áreas de destino; são
temporárias quando a mudança de domicílio é apenas por um período de tempo limitado ou
determinado.

Atendendo à forma de migração: se é migração voluntária ou forçada. As voluntárias


acontecem por iniciativa e das motivações individuais (exemplo: as viagens turísticas)
enquanto as forçadas resultam de situações que ultrapassam a vontade individual (caso dos
refugiados de guerra). Por esta razão a autora, julgou classificar a migração nos seguintes
moldes:

Para as pessoas que efectuam os movimentos migratórios são emigrantes para os países de
partida e imigrantes para os países de acolhimento ˮ Mendes (ibidem).

As “deslocações humanas individuais e em grupo nem sempre são migrações, pelo menos do
ponto de vista demográfico, defende Sauvy (1976). As migrações internacionais são
deslocações voluntárias de um país para outro, individuais ou em grupos, organizações (é o
exemplo de turistas e ocupações militares).

Para este autor, a movimentação de pessoas de um país para outro não significa
necessariamente migração, porque para ele migração é o processo em que as pessoas saem do
seu próprio país para se instalarem num outro país. Para ele as movimentações migratórias
internas e externas são feitas de forma voluntária, exceptuando o caso dos refugiados.

2.2. Imigração

5
O termo “imigração” é entendido como a entrada de estrangeiros num país com o fim de aí se
estabelecerem (D.L.P, 2005 pág. 921).

Numa outra vertente, o termo imigração faz referência àquelas pessoas que decidiram
estabelecer-se no novo país de forma permanente, embora tenham a possibilidade de regressar
ao país donde provêm Grinberg (1996).

2.3. Emigração

O (D.L.P, 2005 pág.605), define a emigração como sendo a “saída voluntária de pessoas do
país onde nasceram para se estabelecer noutro país; também se aplica à saída de uma pessoa
de uma região para outra”.

2.4. Êxodo rural

De acordo com Rocha (1995), êxodo rural é a deslocação de pessoas do meio rural para o
meio urbano, que segundo ainda com o mesmo autor, este fenómeno, ocorre principalmente
nos países subdesenvolvidos, e sobretudo naqueles em que se experimenta um processo
rápido de industrialização. Neste sentido, corresponde a migração interna, aspecto
referenciado anteriormente.

2.5. Imigração ilegal

Durante a investigação não foi encontrado um conceito elaborado sobre imigração ilegal. No
entanto, a lei sobre o regime jurídico dos Estrangeiros da República de Angola 1, define como
“imigrante ilegal” o “cidadão estrangeiro que entra e permanece ilegalmente em território
nacional”. Seguindo este pensamento, entende-se por imigração ilegal, a entrada e
permanência ilegal de cidadãos estrangeiros num determinado território.

Para o presente trabalho e à luz da conceptualização exposta acima, a migração é entendida


como sendo um processo de movimentação de pessoas de um lado para outro, quer no interior
de um mesmo país, quer implicando a saída para o exterior. A emigração é a saída do país de
origem e a imigração é o estabelecimento no país de destino. Este último aspecto será o
principal foco do presente trabalho de elaboração de monografia.

2.6. Refugiados

1
(lei 2/07 de 31 de Agosto), no seu artigo 121.º
6
A imigração ilegal, nos termos em que é abordada no presente documento, não se refere aos
refugiados, em relação aos quais existem um estatuto próprio (o Estatuto do Refugiado), Lei
n.º 8/90 de 26 de Maio, no artigo 1, alínea a) define o refugiado como, a pessoa perseguida ou
receando perseguição no seu País de origem ou onde tem o seu domicílio, em virtude da sua
raça, religião, nacionalidade, filiação proveniência de certo grupo social ou opinião política,
não queira pedir a protecção desse País; ou não tendo nacionalidade e estando fora do País no
qual tem a sua residência habitual não passa ou não queira em virtude daquele receio a ele
voltar2.

Na referida lei (Estatuto do Refugiado), no artigo 4º alinha 1.º prossegue o seguinte: o


estrangeiro nas condições do artigo 1.º que reclama protecção na Fronteira, não pode ser
rejeito, devolvido ou expulso ou objecto de outras medidas que o obriguem a permanecer ou
regressar ao território onde tenha tido lugar a ameaça contra a sua segurança.

No mesmo diploma, no artigo 5.º, ponto 1. Um refugiado que se encontra ilegalmente no País,
não será sancionado pelo facto da entrada ou presença ilegal, desde que se apresente às
autoridades e justifique aquela situação.

O termo refugiado foi definido pela Convenção de Genebra de 1951, para designar “uma
pessoa fora do seu país de origem devido a um receio fundado de perseguições atribuíveis à
sua raça, religião, nacionalidade, pertença a um grupo social ou às suas convicções políticas e
que não pode, em virtude desse receio, ou não quer, reclamar a protecção desse País ˮ tutelado
pelo Alto Comissariado para os Refugiados das Nações Unidas (ACNUR) (Boniface, 2009
pág. 202)3.

No território nacional o refugiado é àquele que goza de protecção na República de Angola e


esteja sujeito à Convenção de Genebra de 1951, relativa ao estatuto de refugiado e à
Convenção da OUA de 1969 que regula os aspectos específicos relativos aos problemas dos
refugiados em África em concordância com a lei sobre o estatuto de refugiado ˮ (artigo 121-º
da Lei n.º 2/07)4.

2
(Lei sobre o regime jurídico dos estrangeiros na República de Angola). No seu artigo 1.º das alinhas 1 e 2
3
(Lei 2/07de 31 de agosto), no seu artigo 2.º, das alinhas 1 e 2.
4
Dicionário da Língua Portuguesa (Dicionário Editora 2005).
7
2.7. Transigência

A transigência é “ migração periódica ou sazonal, com as características reversíveis de ida e


volta, determinada pelo clima ˮ (Rocha, 1995 pág. 52)5.

2.8. Fronteira

A “fronteira” está estreitamente relacionada com a temática na medida em que a entrada de


estrangeiros para qualquer país significa necessariamente transpor uma fronteira que separa o
país de origem do país de destino, ou melhor de acolhimento. Para (Boniface 2008 pag. 50), a
fronteira é “uma linha imaginária que separa dois Estados, delimitando dois campos distintos
de soberania”. No âmbito das relações internacionais, a fronteira pode ser analisada como um
limite a partir do qual se exercem as principais funções de um Estado. Neste sentido, as
principais funções da fronteira implicam a delimitação do território no qual se exerce a
soberania do Estado.

O (DLP, 2005 pág. 803), define a fronteira como sendo “uma linha que delimita uma região
ou um território fixado a sua extensão; a linha de separação entre territórios ou países”.
Assim, o Estado possui poder ou capacidade suficiente para controlar a sua fronteira, para
qualquer eventualidade (conflito militar, político, migratório ou cultural) e garantir segurança
dos seus cidadãos contra ambições de outros países. É nesta perspectiva que se enquadra o
diploma legal sobre os estrangeiros, instituído pelo Governo de Angola6.

2.9. Movimento migratório no mundo

O processo de Imigração não é um facto novo; este tem vindo a acontecer desde os tempos
pré-históricos. No passado, milhões de Europeus e asiáticos migraram para todas as partes do
mundo conquistando e povoando continentes como a América a Oceânia e a África. Os
movimentos migratórios estão na origem do povoamento de todas as regiões do mundo e
favoreceram a aproximação entre culturas. Muitas das grandes nações constituíram-se, em
parte, graças aos movimentos migratórios. Estima-se actualmente, que entre 130 e 150
milhões de pessoas vivem fora dos seus locais de origem Boniface (2009)7.

5
Pascal Boniface; Dicionário das Relações Internacionais (2008). editora Plátano; Portugal.
6
Lei sobre o Regime Jurídico dos Estrangeiros na República de Angola (Lei n.º 2/07, de 31 de Agosto).
7
Pascal Boniface, (2009), Altas das Relações internacionais, pág., 56.
8
Tornou-se evidente, hoje mais do que nunca, que a situação de imigração ilegal no mundo é
preocupante. Actualmente, os países mais ricos do mundo constituíram as zonas de
acolhimento de imigrantes ilegais, principalmente na América do Norte, na Europa Ocidental
e em algumas regiões mais desenvolvidas do sul, como a Malásia, Singapura, Sudeste
Asiático, a Arábia Saudita, entre outros. Os Estados Unidos da América, que conta com uma
população exclusivamente de origem estrangeira, tendo mais de 15 milhões de cidadãos
nascidos no estrangeiro, é o primeiro país a constituírem centros de acolhimento de imigrantes
ilegais Boniface (2009)8.

O presente capítulo é dedicado a análise da situação de imigração no mundo e está dividido


em três partes. A primeira parte fala do surgimento do fenómeno migratório na Europa de
forma superficial. Na segunda parte faz uma pequena incursão da imigração Brasileira,
sobretudo a forma como este País desenvolveu-se no processo migratório. A terceira parte faz
uma abordagem das causas e consequências da imigração no mundo.

2.10. Imigração no continente europeu

Segundo (Mendes,1997 pág. 58), “as primeiras vagas migratórias na Europa, registaram-se a
partir de meados do século XIX”. Nesta altura, muitos Europeus emigraram em direcção à
América do Norte e do Sul. O desenvolvimento dos transportes e o desemprego na Europa
foram algumas das causas que motivaram estes movimentos.

No início do século XX, a situação económica e política em países da Europa como a Itália, a
Alemanha, Espanha e a Irlanda e os povos e grupos étnicos minoritários que viviam sob o
domínio dos impérios austro-húngaro, Russo e Otomano produziram grandes levas de
imigrantes. Por outro lado, nações do novo mundo com rápida expansão económica na
indústria ou agricultura necessitavam aumentar a mão-de-obra para continuar a sua expansão.
O resultado foi uma grande imigração Europeia para as Américas, principalmente. Seyferth
(1990)9.

A Europa também já foi um continente mais aberto a imigração, principalmente no período


que se seguiu à primeira e segunda guerras mundiais, que serviram como um mecanismo de
ʻʻreposiçãoˮ de pessoas e de recrutamento de mão-de-obra barata para sua reconstrução. Hoje,
esta abertura tem sido limitada na maioria dos países. Nos países baixos, incluindo a França,

8
Ibidem
9
Seyferth, (1990), Imigração e cultura no Brasil, séculos XVI e XIX.
9
Alemanha, Reino Unido, entre outros, se tem verificado a criação de leis para dificultar a
entrada de imigrantes, principalmente aqueles provenientes de países fora da União Europeia.
Cruz (2006).

2.11. Imigração no Brasil

O Brasil é considerado um país multicultural devido ao processo migratório que se registou ao


longo dos tempos. À margem das deslocações populacionais voluntárias, ocorrido entre os
séculos XVI e XIX, os monarcas brasileiros, na tentativa de procurarem mão-de-obra barata,
trataram de atrair imigrantes para a região sul do país, oferecendo-lhes lotes de terra para que
se estabelecessem como pequenos proprietários agrícolas. Vieram primeiro os alemães e, a
partir de 1870, chegaram os italianos, constituindo-se nas duas etnias que se tornaram
maioritárias nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul Seyferth (1990)10.

A grande leva imigratória no Brasil começou mais cedo que na Europa. Iniciado em meados
de 1880, alguns dados indicam que aproximadamente 4,5 milhões de pessoas imigraram para
o país entre 1882 e 1934, dos quais 2,3 milhões entraram no estado de São Paulo como
passageiros de terceira classe, pelo Porto de Santos, não estando incluído o número de
imigrantes que tenham entrado sob outras condições Seyferth (1990)11.

Na verdade, a história mostra que a imigração em si não é necessariamente um problema, o


que é problemático é a forma ilegal como, em determinados casos, o processo migratório
acontece, sobretudo nos tempos de hoje. Tal como referem, (Grinberg 1996 pág. 55), ʻʻa
migração é um processo tão longo que talvez nunca termine, do mesmo modo como nunca se
perde o sotaque da língua maternaˮ.

2.12. Imigração em Angola

Qualquer abordagem sobre o fenómeno migratório em Angola exige uma contextualização


histórica em virtude de não haver, como ficou esclarecido nas páginas anteriores, dados
disponíveis sobre a imigração anterior à fixação dos Bantu em território Angolano. Apesar de
haver memórias de terem sido os bosquímanos o povo que sempre habitou Angola, antes dos
Bantu, não são, evidentemente, conhecidas investigações sólidas quanto ao facto destes terem
ou não sido imigrantes no território que hoje é Angola.

10
Ibidem
11
Ibidem
10
O período colonial representa a fase mais avançada da ocupação portuguesa com a dominação
dos vários reinos de Angola . Com o poder colonial estabelecido, o povoamento de Angola
seria inevitável com o incremento da imigração portuguesa em Angola.

Não existem dados estatísticos sobre quantos angolanos terão saído nesta fase dominada pelo
colonialismo português. O que interessa apontar aqui é o facto de a saída para a RDC, Congo
Brazzaville ou Zâmbia ter sido efectuada de forma clandestina.

Outras vagas de emigração de angolanos eram motivadas por razões políticas em virtude de
alguns movimentos de libertação, fruto da ajuda que beneficiava dos países vizinhos,
formavam nestes países os seus militares para, depois de formados, cumprirem missões em
Angola. De uma forma geral, estes emigrantes angolanos nos países vizinhos, quer os que
saíram por razões decisões individuais quer os que se movimentaram por razões de orientação
político-estratégica, terão constituído a maior vaga registada durante o período colonial.

O período pós-colonial foi marcado pela independência de Angola em 1975. O país viria a ser
governado pelo Governo constituído pelo partido MPLA. De 1975 à 1990 tiveram lugar
vários acontecimentos históricos, fruto da guerra fria entre EUA e URSS, cujas influências
também se fizeram sentir em Angola desde o período colonial e pós-colonial.

Por haver dificuldades na obtenção de registos oficiais, vamos apenas olhar o quadro
migratório de 1990 até à nossa contemporaneidade. Com efeito, não há investigações que
possam ser consultadas sobre a imigração angolana entre 1990 a 1999. Este período
caracterizou-se por ser um contexto de guerra entre o Governo Angolano e as forças da
UNITA. Porém, dados não oficiais apontam a presença de imigrantes na região leste de
Angola que se dedicavam à exploração ilegal de diamantes e em função da proximidade entre
a RDC e a região leste de Angola. Tudo indica que os imigrantes que exploravam ilegalmente
diamantes provinham da RDC ou se tenham servido deste país para atingir as áreas
mencionadas dado a proximidade fronteiriça existente entre os dois países.

Os 4 momentos da história da migração em Angola não são desenvolvidos de modo a mostrar


as diferenças e características de cada um deles. Trazemos estes períodos para ilustrar de
forma resumida as fases migratórias ocorridas em Angola.

Mais a história de imigração em Angola é marcada por quatro períodos cruciais. O período
anterior à independência nacional (em 1975); o período entre a independência e as primeiras

11
eleições gerais em 1992; o período que vai desde as eleições de 1992 aos acordos de paz em
2002, e a fase posterior à assinatura dos acordos de paz, isto é, entre 2002 ao presente
momento.

As estimativas deste fenómeno interno em Angola indicam que cerca de 12,6% da população
angolana migrou da sua província de nascimento e quase 20% se mudou de áreas rurais para
as áreas urbanas. Com uma taxa de migração total de 13,4%, conclui-se que entre 2008 e
2009, cerca de 1% da população era constituída por imigrantes estrangeiros INE (2008)12.

A visão convencional de migração interna (no sentido estrito do termo) é que ela responde
essencialmente às diferentes oportunidades económicas originadas pelo crescimento
industrial, urbanização e disponibilidade de serviços sociais, particularmente a educação INE
(2008)13.

2.13. Causas e consequências da imigração no mundo

2.13.1. Causas da imigração

As causas da imigração em todo mundo são quase sempre as mesmas desde os tempos idos.
São apontadas como causas, a fuga à pobreza, ao desemprego, à degradação do meio
ambiente, guerras, violência, perseguição política ou religiosa, entre outras Sauvy (1976).
Para Mendes (1997), nas sociedades actuais a maioria dos movimentos migratórios são
motivadas por razões económicas: as diferenças que existem entre as economias dos países
desenvolvidos e dos menos desenvolvidos; as elevadas taxas de desemprego; os baixos
salários. Por exemplo, as actuais vagas de mexicanos14 que invadem os EUA o fazem,
fundamentalmente por razões económicas (desemprego).

Em África, as principais causas da imigração são as guerras e/ou instabilidade política. A


antipatia a determinados regimes políticos obriga as pessoas a imigrarem e a refugiarem-se
para aéreas do mundo que consideram mais seguras ou atractivas. É o caso do povo
Timorense que durante muito tempo foi obrigado a fugir às perseguições políticas do Governo
Indonésio. É também o caso de Angola15, devido a instabilidade militar, muitos angolanos

12
IBEP - Inquérito integrado sobre o Bem-estar da População, realizado entre 2008 e 2009, pelo Instituto
Nacional de Estatística (INE) de Angola.
13
Ibidem
14
Calcula-se que, cerca de 13 milhões de mexicanos tenham emigrado para os Estados Unidos da América
15
O período mais crítico em que muitos angolanos se refugiaram para outros países do mundo foi entre 1998 e
2002 (no final da guerra em 2002, mais de 4 milhões de angolanos eram deslocados internos.
12
saíram para países como Brasil, França, Portugal e outros, em busca de segurança e de
melhores condições de vida.

Catástrofes naturais são uma outra causa. O homem tende a abandonar as áreas que são
afectadas por catástrofes naturais, tais como sismos, erupções vulcânicas, o aumento do
período de seca e a desertificação que acontecem em muitos países de África e da América
latina. As populações vítimas destas calamidades vêem-se obrigadas a emigrarem.

As disputas territoriais entre diferentes etnias são também importantes factores que explicam
a ocorrência de fenómenos migratórios. As disputas entre etnias têm provocado um número
considerável de vítimas. Em 1994, no Ruanda mais de 800 mil pessoas morreram no conflito
étnico entre Hútus e Tutsis; a guerra na ex-Jugoslávia provocou mais de 3 milhões de
refugiados Boniface (2009)16.

Ainda segundo este autor, muitos destes confrontos étnicos estão na origem de muitos
conflitos armados que surgem um pouco por todo o mundo. Em cerca de 40% dos Estados do
Mundo há mais de cinco etnias diferentes, onde uma ou mais são alvo de discriminação. Os
conflitos étnicos estão a aumentar devido à desigualdade de oportunidades. Muitos cidadãos
continuam a não ter acesso ou a enfrentar sérias dificuldades de acesso à saúde, à educação, à
assistência social e ao emprego (Ibidem).

As perseguições religiosas determinaram, igualmente intensos movimentos migratórios. É o


caso das fortes perseguições movidas aos judeus durante a I e a II guerra mundial Mendes
(1997).

No entanto, entre as várias causas que citamos acima, as guerras e a pobreza continuam a ser
as principais razões dos movimentos migratórios a nível do mundo. Sendo que a grande
migração dos Irlandeses para os Estados Unidos, no século XIX, foi justificada pela pobreza.
E actualmente, os países ricos ainda atraem indivíduos de regiões atingidas por dificuldades
económicas e pelas guerras Bonifce (2009)17.

2.13.2. Consequências da imigração no mundo

De um modo geral, o fenómeno imigração ilegal produz consequências negativas nos


domínios sociais, culturais e políticos, chegando mesmo a pôr em causa a ordem e a

16
BONIFACE, Pascal (2009): Altas das Relações Internacionais, Editora Plátano Editora.
17
Ibidem
13
tranquilidade públicas, razão pela qual o referido fenómeno deve ser bem controlado em todos
os Estados do Mundo. Segundo Mendes (1997), todo tipo de “imigração origina alterações
demográficas, económicas e sociais, quer nos países de partida, quer nas áreas de chegada”
(Ibidem).

Tabela 1 – Consequências da imigração nos Países de partida e de destino

Consequências no País de Partida Consequências no País de Destino


Demográficas: Demográficas:
 Diminuição da população (absoluta)  Aumento da população
 Envelhecimento da população. (absoluta)
 Diminuição da taxa de natalidade  Rejuvenescimento da população
 Aumento da taxa de mortalidade  Aumento da taxa de natalidade
 Diminuição da taxa de crescimento  Aumento da taxa de crescimento
natural natural
Económico: Económico:
 Diminuição da população activa  Aumento da população
 Entrada da moeda estrangeira.  Fuga ao fisco
Sociais: Sociais:
 Falta de quadros qualificados  Dificuldades de integração
 Conflitos sociais
Fonte: Mendes (1997)

A Tabela acima ilustra as consequências da imigração, quer nos países de partida ou de


origem, quanto nos países de destino ou de chegada.

De forma geral, as migrações modificam a estrutura etária da população e a taxa de


crescimento natural. Atendendo que são, fundamentalmente, os jovens e os adultos que
migram, assiste-se ao envelhecimento da população nos países de partida, o elevado número
de idosos leva naturalmente a um aumento de taxa de mortalidade.

A saída de pessoas em idade de trabalho provoca uma diminuição da população activa, pois,
em geral, a população activa que imigra pertence principalmente aos sectores primário e
secundário da economia, deste modo, assiste-se a falta de mão-de-obra em algumas
profissões, no país de origem.

Por outro lado, o país de origem recebe constantemente a moeda estrangeira pelo facto de os
emigrantes mandarem dinheiro aos seus países de origem, nomeadamente aos seus familiares.

14
Os jovens e os adultos que integram os fluxos migratórios externos são os principais
responsáveis pelo aumento da taxa de natalidade nos países de destino. Assiste-se assim, a um
rejuvenescimento da população de destino.

Sendo que a chegada dos mesmos (jovens, adultos), no país de destino provoca um aumento
da população activa. Estes preenchem geralmente as vagas dos trabalhos mais duros e
considerados menos prestigiados, ficando muitas vezes sujeitos a salários baixos sem,
benefícios sócios como a assistência médica.

O fenómeno migratório é frequentemente acompanhado por conflitos de ordem social. As


dificuldades de integração são imensas e estendem-se aos filhos dos imigrantes. Os factores
que mais dificultam essa integração são a diferença linguística, porque muitos destes
imigrantes não fazem estudo prévio da língua do país de destino em muitos casos, os
imigrantes tornam-se pessoas indesejáveis, no país de destino Mendes (1997).

15
III. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O presente capítulo aborda de forma resuma a aérea de estudo que é a imigração ilegal, na
província do Zaire tendo em atenção os espectos negativos que advêm ao fenómeno imigração
a ilegal em qualquer parte do mundo.

Como se não bastasse, é visível no dia-a-dia da vida dos angolanos o transtorno que os
imigrantes ilegais vão causando a nível da província do Zaire, desde a fuga ao fisco, a
delinquência entre outros aspectos que descaracterizam a convivência saudável das
populações do Zaire.

A área de estudo escolhida para o presente trabalho é a imigração ilegal na província do Zaire
ou seja o aumento de índice de imigrantes ilegais da RDC na província do Zaire.

Província do Zaire está situada no extremo Noroeste de Angola e tem uma superfície de
40.130 Km2. É administrativamente dividida em seis (6) municípios e 23 comunas 18 e é
habitada por um número aproximado de 250.000 habitantes19. O município do Soyo é o mais
populoso com 40% da população, seguido de M´Banza Congo, com 20%20. Faz fronteira, a
Norte com a RDC21 e a Oeste, com o Oceano Atlântico numa extensão de 250 Km de costa.
A Leste e a Sul, faz fronteira com as províncias do Uíge e do Bengo, respectivamente
(Sabino, 2008, p. 9 e 15).

Esta província partilha a Norte com a RDC uma fronteira extensa de aproximadamente
330kms e reúne facilidades de entrada e permanência de estrangeiros ilegais da RDC devido a
sua aproximação, a complexidade da fronteira e sobretudo a relação sociocultural existente
entre os cidadãos da RDC do baixo Congo e os cidadãos da província do Zaire é um outro
factor de congregação entre os dois povos.

E a RDC está situada no centro do continente africano, cobrindo uma área de 2.345.409Km2,
fazendo fronteira, para além de Angola, com mais oito países, nomeadamente o Congo
Brazzaville, a Oeste; República Centro Africana e Sudão ao Norte; Uganda, Ruanda, Burundi
e Tanzânia a Leste; Zâmbia ao Sudeste. A RDC possui apenas uma estreita região costeira

18
A divisão administrativa compreende a 6 Municípios: Kuimba, M`Banza Congo (a capital da província),
Noqui, N`Zeto, Soyo e Tomboco), que se subdividem em 23 comunas
19
Informação retirada do Perfil Socioeconómico do Zaire, Abril de 1995
20
SABINO, Margarida (2008): Geografia 8.º Classe. Manual do Aluno, Editora Árvore do saber.
21
(150 Km de fronteira fluvial pelo rio Zaire, e 180 Km de fronteira terrestre, fazendo no total, 330 quilómetros
de fronteira partilhada com República Democrático do Congo).
16
com mais ou menos 17 km que constitui seu único acesso ao atlântico entre o enclave
angolano de Cabinda e a desembocadura do rio Congo.

A sua população é estimada em 68 a 70 milhões de habitantes. O país é também de grande


diversidade étnica com mais de duzentos grupos étnicos e linguísticos. Esta situação,
frequentemente contribui na existência de conflitos étnicos que não só dificultam a
convivência entre os cidadãos da mesma pátria, como também provocam instabilidade
sistemática, produzindo deslocados internos e refugiados que vão para outros países em busca
de tranquilidade e de melhores condições de vida e de segurança Serrano (1997).

Apesar dos abastados recursos naturais22 e alguma normalidade política, a situação


socioeconómica na RDC é considerada precária. O Congo actual herdou, desde os anos 70, da
época do presidente Mobutu Sese Seko, uma situação política caracterizada por um Estado
que deixou de preencher as suas funções e que deixou um vazio, uma ausência de quadro
regulamentar e institucional, situação esta que é um dos factores de guerras sucessivas na
medida em que permite aos exércitos estrangeiros desenvolverem as suas actividades militares
e económicas dentro do país. A guerra, a exploração e a pilhagem dos recursos da RDC
inscrevem-se neste fundo de vazio estatal e de recessão económica profunda Murranga
(2010)23.

22
As principais riquezas da RDC são constituídas por uma bacia hidrográfica que oferece quantidades ilimitadas
de água, as florestas e os minérios. Diz-se que cerca de um quinto das reservas hídricas da terra se encontra no
território Congolês (Kebengele, 2010). A RDC chegou a ser chamada de “escândalo geológico” por causa de sua
grande riqueza em diversos minérios. Entre as jazidas mais relevantes estão o Cobalto, o Diamante, o Urânio, o
Cobre, manganês, Estanho, o Ouro, a Bauxita, Prata, a Platina, Chumbo, Zinco, Carvão e o Petróleo. Na véspera
da independência que aconteceu a 29 de Junho de 1960 a produção mineral Congolês chegou a ocupar as
seguintes posições, no mercado mundial capitalista: o Cobalto ocupou a primeira posição com 63% da produção
mundial em 1959; o Diamante a segunda posição, com 75% de todos os Diamantes industriais do mundo não
comunista e 15% dos Diamantes brilhantes.
23
MURRANGA, Kebengele, (2010), República Democrática do Congo, Ed, Universidade de São Paulo.
17
IV. METODOLOGIA

O capítulo apresenta, de forma detalhada, o trajecto seguido na preparação do processo de


investigação. Naturalmente, este percurso foi desenhado de acordo com o tema e os objectivos
formulados, usando os procedimentos técnicos de recolha e tratamento dos dados
considerados ajustados. Inicia-se com o método de pesquisa e o desenho metodológico da
investigação a que se seguem os instrumentos e métodos usados para a recolha e análise dos
dados.

4.1. Tipo de estudo

A metodologia utilizada para o presente trabalho é fundamentalmente qualitativa e


quantitativa.

Durante toda a pesquisa houve sempre a preocupação que a observação científica participativa
fosse norteada pela teoria. Foi também uma constante a dialética entre teoria e observação
assim como a articulação entre ambas.

4.2. População e amostra

Atendendo ao objectivo do estudo foi considerado relevante obter informação de diversos


actores locais, especialistas de serviço de migração estrangeiros, os sobas de alguns dos
bairros da província e sobretudo os estrangeiros legais e ilegais bem identificados das diversas
nacionalidades (acima de tudo os da RDC), num total de 100 pessoas. Assim, procedeu-se à
identificação da população-alvo que, de acordo com Reis (1997) “é a totalidade dos elementos
sobre os quais se deseja obter determinado tipo de informações”.

Perante esta abrangência a amostra do presente estudo foi elaborada com recurso ao método
de amostragem por conveniência, ou seja, foram selecionados os elementos que se
consideraram que dariam um melhor contributo num total de 75 pessoas, em função da
disponibilidade e acessibilidade dos elementos que constituem a população-alvo (Reis, 1997).

4.2.1. Critérios de inclusão

 Agentes ligados directamente ao processo migratório;

18
4.2.2. Critérios de exclusão

 As dificuldades no acesso as informações por parte da população sobre as politicas


públicas.

4.3. Métodos a utilizar

A técnica utilizada nesta pesquisa foi a elaboração de um questionário e a aplicação do


mesmo através de uma entrevista oral.

A entrevista é um método de coleta de dados que permite ao pesquisador um relacionamento


direto com o grupo estudado. Ela, como qualquer base de dados, se torna mais eficiente
quando o universo de respostas obtidas se torna maior. Sendo estruturadas, aquelas em que o
autor da monografia mantém fixas as perguntas, ou semiestruturadas, o que permite ao
pesquisador uma maior liberdade de variar os questionamentos dependendo dos rumos que as
respostas tomarem. As entrevistas estruturadas são básicas e podem até mesmo dispensar que
seja o autor do trabalho quem esteja realizando os questionamentos, já que existe um roteiro
fixo.

4.4. Procedimentos e instrumentos ou técnicas para a colecta de dados

A recolha de informação primária de natureza qualitativa iniciou-se com a pesquisa no


terreno. Esta não é uma técnica isolada, mas um método, que implica a comparência
continuada do investigador no contexto em estudo, assim como um contacto direto com os
actores e situações envolvidos. É uma metodologia moldada para a captação das experiências
dos actores e dos sentidos que estes atribuem à realidade que os rodeia. A pesquisa de terreno
implica que “à medida que a recolha de informação se vai processando, através do
desencadeamento integrado das ações de pesquisa, o investigador esteja permanentemente a
proceder a uma classificação e a uma interpretação dos dados” (Costa, 1999).

O diário de campo foi o processo de construção de sentido. Composto por notas e lembretes,
desenvolvimentos de imagens, ideias e experiências, demonstrou ser um instrumento de
trabalho essencial no registo das notas, das observações e das reflexões decorrentes do
processo de pesquisa empírica, tal como refere Burgess (1997). Foi ainda um importante
arquivo de ideias fundamental como apoio à efetivação da análise.

19
4.5. Processamento de dados

O Processamento de dados da nossa Monografia foi efectuado por meio da operação com
computadores, pois permitiu guardar os dados de maneira acessível, organizando e analisando
tanto descritiva quanto inferencialmente, facilitando o uso de técnicas de análise variadas.

20
V. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este capítulo é dedicado à análise da imigração ilegal em Angola, fenómeno que constitui um
dos assuntos da actualidade no país e deste estudo. A paz efectiva alcançada pelos angolanos
em 2002, o consequente crescimento económico e os conflitos armados e étnicos que ocorrem
em alguns países que têm aproximação geográfica com Angola; o nível de desemprego em
muitos países do mundo é apontado pelas autoridades angolanas como sendo factores que
determinam a entrada de imigrantes no nosso país (SME)24.

Pode-se mesmo aqui sublinhar, que a divisão territorial (arbitraria) das fronteiras africanas
pelas potências Europeias que afectou algumas comunidades étnicas, chegando mesmo a
dividir famílias pode actualmente, estar, em parte, na origem da movimentação de povos.
Serrano e Murranga (1997), afirmam que os vínculos familiares, divididos pelas fronteiras se
sustentam com constantes migrações sazonais em África25.

É ainda sustentável a ideia de Serrano e Murranga, olhando para o seguinte: os povos do


Norte da Namíbia e do Sul de Angola (Cunene) que têm os mesmos traços culturais; as
populações das regiões do Norte, nomeadamente Cabinda, Zaire e Uíge possuem
especificidades culturais distintas do resto do país, embora com proximidades étnicas com a
RDC. Embora não se esteja a abordar questões culturais, é essencial fazer referência a este
aspecto.

Este capítulo aborda na primeira das características geográficas de Angola e faz referência a
alguns factores que atraem imigrantes ilegais para Angola. A segunda parte abordará a
informação geral de imigrantes em Angola e traz um quadro resumido de algumas causas
apontadas pelos estrangeiros (legais e ilegais) para a sua entrada e permanência em Angola.

A terceira parte fará uma análise dos requisitos necessários para a entrada de cidadãos
estrangeiros em Angola à luz da lei n.º 2/07.

Na última parte faz abordagem dos resultados obtidos do presente trabalho e as consequências
negativas da imigração em Angola.

24
Autoridades angolanas dos Serviços de Migração e Estrangeiros, dizem que, o nível de desemprego em muitos
países do mundo é apontado como sendo factores que determinam a entrada de imigrantes, sobretudo imigrantes
ilegais no nosso país, (SME).
25
SERRANO, Carlos e Kabebgele Murrarega (1997): A revolta dos Colonizados; O processo de descolonização
e as independências da África e da Ásia, Editora São Paulo.
21
 Localização geográfica e potencial económico de Angola

Angola é um país localizada na Costa Ocidental de África. Colonizado pelos portugueses


durante cerca de 500 anos, os quais, reza a história, teriam “chegado à foz do rio Zaire no ano
de 1482” (Iniciação a Historia, 2007, pág. 93)26.

Angola é limitado a Norte, Nordeste e Noroeste, pelas Repúblicas do Congo (Brazzaville) e


Democrático do Congo (RDC), a Este pela República da Zâmbia, a Sul pela República da
Namíbia e a Oeste pelo Oceano Atlântico. Tem uma superfície total de 1.246.700 km2, tendo
como ponto mais elevado o Morro do Môco, com cerca de 2.620m de altura, situado na
província do Huambo. O território angolano tem uma extensão fronteiriça terrestre
correspondente a 4.837 km, e marítima de 1.650 km, somando um total de 6.487 km de
fronteira Sabino (2008)27.

Angola dispõe das mais importantes reservas de petróleo, gás natural e diamantes de África,
além de outros valiosos recursos minerais. O petróleo angolano está distribuído ao longo de
três principais bacias sedimentares costeiras: bacia do Congo (englobando Cabinda), bacia do
Kwanza e bacia do Namibe que fazem parte da bacia marginal do Atlântico Sul Vidal e
Andrade (2008)28.

É provavelmente também por causa do petróleo que a vila petrolífera do Soyo, na província
do Zaire tem sido vista nos últimos anos, como cidade de lucro fácil pelos estrangeiros, pois,
ai é praticado o comércio ilegal de combustível. Muitos cidadãos estrangeiros transportam
cerca de 200 tambores de combustível por dia, de forma ilegal, usando os mais de 60 canais
fluviais existentes no Soyo, no imponente rio zaire, com destino a RDC.

Por outro lado, os dados do SME no Soyo indicam que a actividade de venda ilegal de
combustível aos cidadãos estrangeiros tem a colaboração directa de cidadãos nacionais,
sobretudo empresários e de algumas autoridades provinciais (SME, Soyo)29.

O país tem aproximadamente dois terços das actuais reservas de hidrocarbonetos da africa,
estimadas para produção durante mais de 35 anos, os quais se encontram na costa marítima da

26
Iniciação a Historia, (2007).
27
SABINO, Margarida (2008): Geografia 8.º Classe. Manual do Aluno, Editora Árvore do saber Lisboa.
28
VIDAL, Nuno e Justino Pinto de Andrade (2008): Sociedade Civil e Politica em Angola. (Enquadramento
Regional e Internacional), Editora edições firmamento, Lisboa.
29
Dados do SME no Soyo indicam que a actividade de venda ilegal de combustível aos cidadãos estrangeiros
tem a colaboração directa de cidadãos nacionais, sobretudo empresários. (SME, Soyo).
22
província de Cabinda, estando os restantes dispersos pela plataforma continental adjacente às
províncias do Zaire, Luanda, Benguela e Namibe Vidal (2008)30.

A constante descoberta de petróleo em águas profundas desde 1993 incrementou a produção


ao nível de barris/dia. A eventual criação de um novo pólo petrolífero ao longo do Lobito, na
província de Benguela pode vir a transformar Angola num produtor ao nível da Nigéria e com
um peso equivalente ao dos Emirados Árabes Unidos na balança petrolífero mundial.

Alguns projectos em curso preveem o aproveitamento do gás natural, em Cabinda e no Soyo


província do Zaire. A isso há acrescentar a nova refinaria em construção no Lobito, província
de Benguela. (www.portalongop.co.ao), data da consulta 22.02.2011.

O subsolo angolano é igualmente rico em minerais, a região das Lundas, ostenta a maior
riqueza em diamantes em Angola, por esta razão tem atraído muitos dos imigrantes ao
garimpo. Segundo dados do SME, publicados num dos artigos de (jornal de Angola no dia 19
de Abril de 2011 pág. 4) “em Luanda, só no ano de 2010, foram expulsos cerca de 140 mil
imigrantes ilegais de várias nacionalidades, na Lunda Norte, que exerciam a actividade de
garimpo”

O país ostenta ainda jazigos minerais metálicos e não metálicos, incluindo pedras preciosas e
material de construção. No entanto, a avaliação deste potencial mineiro em Angola é ainda
incompleta, mas sabe-se, por exemplo, que as reservas de ferro estão estimadas em mais de
um bilhão de toneladas, na província da Huíla e que as reservas de fosfato e potássio se
elevem, respectivamente, a 150 milhões e 20 milhões de toneladas nas províncias de Cabinda
e Zaire, ao norte de Angola Vidal (ibidem)31.

Todos estes argumentos se constituem em aliciantes mais do que suficientes para a vinda à
Angola de muitos cidadãos estrangeiros que procuram pelo enriquecimento fácil e desleal.

Outro debate sobre a matéria, gira em torno do garimpo nas minas de diamantes na região das
Lundas, o combustível no Soyo-Zaire e Cabinda, são entre outros factores de atracção de
muitos imigrantes ilegais. Por outro lado, existe uma ideia erroneamente disseminada entre os

30
VIDAL, Nuno e Justino Pinto de Andrade (2008): Sociedade Civil e Politica em Angola. (Enquadramento
Regional e Internacional), Editora edições firmamento, Lisboa.
31
VIDAL, Nuno e Justino Pinto de Andrade (2008): Sociedade Civil e Politica em Angola. (Enquadramento
Regional e Internacional), Editora edições firmamento, Lisboa.
23
países vizinhos de que é possível se enriquecer facilmente em Angola através de suas riquezas
naturais.

Em adição, algumas fontes apontam que existem funcionários de vários sectores do Estado,
que procuram fragilizar as estruturas do Governo. Estes, entretanto, colaboram com os
cidadãos estrangeiros ilegais na aquisição de documentos, tais como o cartão de estrangeiro
residente, a emissão de passaportes, emissão de vistos, falsificação de documentos de viagem,
entre outros; em troca de valores que vão de quinhentos á três mil Dólares Norte Americanos.

Segundo artigo de (Estrela, 2011), só para se ter uma ideia da dimensão do problema, em
2010 só em Luanda, noticiou que cerca de 10 funcionários do SME, estiveram presos por
prática de corrupção e favorecimento aos estrangeiros Figueiredo (2011)32.

 Imigração ilegal

É frequente ouvir-se, através dos órgãos de comunicação social, notícias sobre o aumento do
número de cidadãos de diversas nacionalidades africanas que procuram o nosso país,
principalmente desde o fim do conflito armado. Porém, uma importante característica desta
situação é o facto de a maioria fazê-lo de forma ilegal.

Para se ter uma ideia da gravidade da situação, em 2010, fontes do Serviço de Migração e
Estrangeiros expulsou do território nacional um total de 12.949 estrangeiros de diversas
nacionalidades em situação ilegal, maioritariamente oriundos de países do Oeste Africano.
“Em 2011 foram expulsos em todo país, cerca de 17 mil estrangeiros ilegais de variais
nacionalidades”. (Jornal de Angola 18 Março de 2012, pág. 5).

Este fenómeno vai tomando proporções alarmantes considerando que tem vindo a aumentar
sistematicamente desde o fim da guerra civil em Angola, ocorrida em 2002. De acordo com o
Director Nacional do SME, a imigração ilegal é um fenómeno que afecta, sobretudo os países
que atingiram um certo nível de desenvolvimento. As pessoas, na perspectiva de conseguir
melhores condições de vida procuram esses países e sujeitam-se a todas as vicissitudes, até ao
envolvimento com grupos criminosos como aqueles que facilitam a imigração ilegal e os que
produzem documentos falsos para a realização de viagens e muitas vezes o tráfico de drogas.

32
Para Alberto Jorge Antunes, citem (jornal de Angola 23, de Agosto 2011), “o garimpo nas minas de diamantes
na região das Lundas, o combustível no Soyo-Zaire e Cabinda são entre outros factores de atracção de imigrantes
ilegais”.
24
Alguns imigrantes congoleses democráticos entrevistados apontaram, entre as causas da sua
imigração em Angola, a pobreza, as guerras e a religião. Nos últimos oito anos, o nosso país
cresceu economicamente e oferece perspectivas para, de algum modo, se viver
condignamente. Esta situação tem estimulado estrangeiros de muitos países de África a
procurar oportunidades para se fixarem em Angola Estrela (2011)33.

Uma outra questão que se pode colocar é se, o nosso país atingiu realmente o nível de
desenvolvimento ao ponto dos imigrantes quererem entrar a qualquer custo e se instalarem e
viverem condignamente? A resposta à esta pergunta fica por ser encontrada, mas o que é
certo, é que um considerável número de estrangeiros tem estado a entrar no nosso país sem o
cumprimento das normas estabelecidas pelo Estado angolano e sob todos os riscos. Os
números de imigrantes ilegais, cada vez crescentes, registados pelas autoridades fronteiriças
são o reflexo de um movimento elevado da procura de oportunidades pelos estrangeiros, no
território angolano.

Ao longo da investigação foram abordados 35 estrangeiros de diversas nacionalidades.


Alguns dos quais em situação ilegal34 e cuja ocupação principal é a actividade comercial.
Estes estrangeiros foram questionados sobre o porquê de tanto interesse em imigrar em
Angola. Todos eles foram unânimes em afirmar que estão em Angola devido, principalmente
a facilidade que encontram para montar um pequeno negócio (pequenas barracas e cantinas)
para a venda de produtos de consumo rápido que lhes permite conseguir rapidamente somas
em Dólar Norte-Americano. Com este dinheiro, segundo eles, conseguem facilmente obter
documentos35 que lhes dá acesso a Europa onde não há guerra e nem pobreza e onde a vida é
melhor controlada.

As facilidades que os entrevistados referem começam com a aquisição de documentos falsos


que lhes identificam como nacionais/angolanos (cartão de estrangeiro residente, passaportes,
Bilhetes de Identidade) ou ainda documentos que lhes permite vender de forma legal nas
famosas cantinas e barracas (alvará comercial, cartão de venda precária e, ou ambulante e

33
Jornal de Angola, 25 de Fevereiro de 2011, pág, 4, 5, reportagem de armando Estrela. O Serviço de Migração
e Estrangeiros (SME) repatriou em dois meses (Janeiro e Fevereiro deste ano), perto de 500 mil estrangeiros que
entraram no país de forma ilegal, através de postos fronteiriços onde as autoridades aduaneiras estão presentes
(Angola El dourado da imigração ilegal).
34
35 Estrangeiros entrevistados legais e não legais dos quais dez (10) Gambianos, doze (12) Senegaleses e treze
(13) Congoleses Democráticos que se ocupam na actividade de comércio em Angola.
35
Quando referem à facilidade de obtenção de documentos, se estão a referir ao processo fraudulento de
obtenção de documentos como passaporte, BI e outros, através de pagamento de somas em dinheiro., palavas dos
imigrantes ilegais vindos da RDC.
25
outros). Documentos estes conseguidos com ajuda de cidadãos nacionais que funcionam em
instituições do Estado, em troca de alguns valores monetários.

No quadro que se segue está um resumo de algumas causas apontadas pelos imigrantes legais
e ilegais de três países de África, nomeadamente RDC, Gâmbia e Senegal, entrevistados nas
cidades de Luanda e Soyo/Zaire.

Tabela 2 – Causas da Imigração Legal e Ilegal

Nacionalidade Nº Faixa etária Causas apontadas


entrevistados (Idade)
Gâmbia 10 20-39 Pobreza; guerra; actividade
Senegal 12 22-30 comercial; aquisição de
documentos de viagem para a
RDC 13 19-40
Europa
Total 35
Fonte: Elaboração própria.

A Tabela acima ilustra as causas que os estrangeiros entrevistados alegam estarem na origem
da sua vinda à Angola. Embora o quadro não faça distinção por sexos, sabe-se porém, que na
sua maioria os estrangeiros entrevistados são do sexo masculino, provavelmente porque o
processo de imigração, sobretudo ilegal envolve altos riscos durante as viagens.

Os entrevistados apontam várias causas para a imigração ilegal: pobreza, guerra, conflitos
étnicos, entre outros factores que os levam, abandonar os seus países, sendo Angola, um país
em paz e com maiores oportunidades, como a actividade de comércio rentável e outros,
constitui um destino a ser constantemente procurado.

Dos Gambianos entrevistados em Luanda, com idades compreendidas entre os 20 e 35 anos


de idade, acreditavam na facilidade de aquisição de documentos de viagem para a Europa. Os
da mesma nacionalidade entrevistados no Soyo, dos 36 a 39 anos de idade, acreditavam que
pela idade, a ida para a Europa seria um fracasso, por isso estariam em Angola para começar
uma nova vida.

Já os Senegaleses entrevistados, com idades compreendidas entre os 22 e 27 anos acreditavam


que a ida para a Europa seria o salto mais alto das suas vidas. Os de idade entre 28 e 30
(entrevistados no Soyo) acreditavam ter sucesso em Angola e por isso questionavam as suas
idas para a Europa.

26
Quanto aos Congoleses Democráticos dos 18 a 35 anos de idade, acreditam que a Europa é o
melhor lugar para se viver, por isso, a meta é chegar ao velho continente. Enquanto, os de 36
à 40 anos de idade, o seu objectivo é a aquisição de um documento que o identificasse como
Angolano e continuar com a actividade comercial e se instalar no país com a família.

No entanto, o quadro acima, procura ilustrar as reais intenções de muitos cidadãos


estrangeiros de diversas nacionalidades para a entrada e permanência no território angolano e
os números colocados na tabela mostram a quantidade de pessoas entrevistadas.

Porquê se debruçou sobre estrangeiros de nacionalidades diversas ao invés de se restringir


apenas aos Congoleses Democráticos que constituíam o foco da pesquisa? Embora a pesquisa
tenha como grupo alvo os imigrantes Congoleses Democráticos, estes não são os únicos
estrangeiros que violam as fronteiras angolanas. Por outro lado, é importante mostrar a
situação geral sobre as razões que estão a motivar e a fortalecer o fenómeno da imigração
ilegal em Angola.

É importante também referir que a República Democrática do Congo, para além de constituir
a principal fonte de imigrantes para Angola, tem sido também um importante território de
passagem da maior parte de imigrantes ilegais oriundos de outros países africanos para
entrada em Angola. De acordo com o SME ʻʻexistem redes estruturadas e fomentadores da
imigração ilegal na RDC e Congo Brazzaville ˮ (jornal de Angola, 25 de Fevereiro 2011)36.
Mecanismos de controlo de imigrantes adoptados pelo Governo de Angola à luz da legislação
vigente (Lei nº. 2/07).

 Requisitos para a entrada de cidadãos estrangeiros em Angola.

Em Angola existe a Lei nº.2/0737, sobre o “Regime Jurídico dos Estrangeiros em Angola”,
que regula a entrada e saída de estrangeiros. O seu artigo 13.º ponto 1, refere que o cidadão
estrangeiro pode entrar no território nacional desde que reúna, cumulativamente documentos
seguintes:

(i) Ser portador de passaporte ou qualquer outro documento internacional de viagem


válido na República de Angola e cuja validade seja superior a seis meses;

36
Jornal de Angola, 25 de Fevereiro 2011. SME repatria 500 mil estrangeiros ilegais em 2 meses. A Polícia de
Guarda Fronteiras, foi criada em 26 de agosto de 1978.
37
LEI n.º 2/07 de 31 de Agosto, seu artigo 13.º ponto 1. Lei n.º 2/07 de 31 de Agosto sobre o “Regime Jurídico
de Estrangeiros na República de Angola”
27
(ii) Possuir visto de entrada vigente e adequado à finalidade da deslocação.

Com base no acima exposto, se pode notar que ao cidadão estrangeiro é dado o direito a
entrada para Angola em função do tipo de visto que lhe for concedido. Para poder estabelecer-
se no território Angolano ou imigrar, o estrangeiro precisa de autorização de residência e nos
termos previstos pela lei em vigor no país. O artigo 78.º ʻʻestabelece a autorização de
residência, acto que habilita o cidadão estrangeiro a residir na República de Angola, mediante
atribuição de um título, nos termos do artigo 85.º, alínea 1 da lei nº.2/07, cujos termos ao
cidadão estrangeiro, a quem for concedida a autorização para residir em Angola é-lhe emitido
um cartão de residente para efeitos de identificaçãoˮ Lei nº.2/07.

Existem três tipos de cartão de residência:

i) Temporário de tipo “A”, que é concedido ao cidadão estrangeiro com autorização


de permanência no país com validade até um ano, contado a partir da data da sua
emissão e renovável por igual período de tempo;
ii) Cartão de residência temporário de tipo “B”, que é concedido ao cidadão
estrangeiro residente no país por um período superior a 5 anos consecutivos,
válido por três anos, contados a partir da data de sua emissão e renovável por igual
período de tempo;
iii) Cartão de residência permanente é concedido ao cidadão estrangeiro residente no
país por um período superior a 10 anos consecutivos, e válidos por cinco anos,
contados a partir da data de sua emissão, sendo renovável por igual período de
tempo.

Nos Estados desenvolvidos, a questão da imigração está mais acautelada, comparativamente


com os países em desenvolvimento onde os mecanismos de controlo são ainda muito frágeis.
Por este facto, a imigração ilegal é especialmente cuidada por constituir uma ameaça a
soberania, tornando por isso as medidas de segurança exercidas com maior controlo sobre as
fronteiras para não permitir a violação dos seus territórios.

Actualmente, segundo opinião do académico Boniface (2009), o número de Estados afectados


pela imigração está a crescer, pelo facto de o número de refugiados de países em guerra,

28
sobretudo do continente africano estar a aumentar. Entre 1970 e 2000,o de 2,5 milhões passou
para mais de 20 milhões por ano38.

O diploma acima referenciado é, segundo a sua formulação, uma lei exigente no combate e
controlo à imigração ilegal e, no entanto, o flexível suficiente para um quadro de paz,
desenvolvimento e de abertura da República de Angola ao mundo.

Num dos seus postulados, a lei refere que a realidade que o país vive impele a que muitos
cidadãos estrangeiros que desejados em estabelecer-se em Angola, obrigando por isso, que as
autoridades adoptem medidas que conduzam, por um lado, a um eficaz controlo e por outro,
que a permanência do estrangeiro se faça nos parâmetros dos motivos que o levam a entrada
no país.

Em Angola a problemática de imigrantes é um facto evidente. Os números disponíveis


mostram um quadro assustador e com tendência de contínuo aumento, apesar de existir a Lei
n.º 2/07, de 31 de Agosto porque limita a entrada de estrangeiros de forma ilegal.

Os postos de fronteiras qualificados para esse efeito são aqueles onde houver fiscalização dos
órgãos competentes.

Portanto, entende-se que independentemente do cidadão estrangeiro reunir a documentação


exigida pelo Estado angolano, tal como se fez referência, o cidadão é obrigado a utilizar, para
entrar no território nacional, os postos de fronteiras qualificadas. Caso não o faça nestas
condições, será considerado infractor (Artigo 12.º da Lei n.º 2/07, de 31 de Agosto).

Em suma, a riqueza de Angola tem provocado uma ambição “cega” em muitos estrangeiros,
sobretudo aos cidadãos oeste africanos, que tudo fazem para a todo custo entrarem e
permanecerem em Angola.

Outrossim, tem a ver com a fragilidade das instituições, onde o sistema da fiscalização quase
não funciona, ou seja está tudo tão viciado pela corrupção praticada pelos próprios
funcionários dos órgãos do Estado, facilitando a entrada de muitos estrangeiros por vias não
permitidas pelo Executivo Angolano, ou seja por vias não legais.

É importante também admitir que, a posição geográfica e a complexidade que Angola se


encontra em relação aos países vizinhos, permite em muitos casos a inviolabilidade das

38
BONIFACE, Pascal (2009): Altas das Relações Internacionais, Editora Plátano Editora.
29
fronteiras do país, tendo em conta, no entanto, o grande interesse que os cidadãos estrangeiros
têm pelo país. Outro destacado problema consiste na fraca capacidade do Estado Angolano,
através das suas instituições de controlar o imponente rio zaire que contem vários canais.

 A Incidência da imigração ilegal na província do zaire

Sabe-se que o fenómeno imigração ilegal traz sempre consigo factores desestabilizadores,
como os crimes transfronteiriços, tráficos (de drogas, de seres humanos e seus respectivos
órgãos), falsificação e branqueamento de capital (lavagem de dinheiro), práticas que atentam
contra a segurança de qualquer nação. Os cerca de 64 canais de entradas existentes ao longo
do rio Zaire com alguns dos seus afluentes não controlados, adicionada a colaboração de
muitos cidadãos nacionais que têm facilitado os estrangeiros a consumarem o sonho de algum
dia imigrarem para o território angolano.

De acordo com as informações dos Serviço de Migração e Estrangeiro (SME) do Zaire,


estima-se que haja na província mais de dez mil (10.000) cidadãos estrangeiros ilegais,
maioritariamente da RDC, localizados na sua maior parte na cidade do Soyo.

No ano 2005 e no primeiro trimestre de 2006 foram repatriados 1.841, deste número 1.487
eram cidadãos da RDC, 145 da Guiné Conakry, 126 do Mali, 35 do Congo Brazzaville, 13 da
Gâmbia, 9 da Costa do Marfim, 9 da Guine Bissau, 9 do Senegal, 4 da Mauritânia, 4 da
Nigéria.

Por conseguinte, já em 2009 foram detidos e repatriados 6.146, de diversas nacionalidades,


nomeadamente da Libéria, Nigéria, Mali, Senegal e RDC. Embora estes dados não estejam
desagregados por cada país, sabe-se que os estrangeiros da RDC eram a maioria. Em 2010
foram repatriados 1.571 dos quais 1.533 da RDC, 9 da Costa do Marfim, 9 da Gâmbia, 6 do
Mali, 5 do Congo Brazzaville, 5 da Guiné-Bissau, 3 da Guiné Conakry e 1 do Senegal.

Mas, em 2011, o número de expulsos e repatriados foi calculado em 146.978, todos da RDC
(a nível do país) e mais de 8 mil na província do Zaire. De acordo com o SME na província,
semanalmente eram em média são repatriados cerca de 60 cidadãos estrangeiros em situação
ilegal na região.

E o gráfico que se segue ilustra as oscilações do número de imigrantes ilegais na província do


Zaire, no período 2005 e 2006, 2009, 2010 à 2011, de cidadãos de diversas nacionalidades.

30
Gráfico 1 – Nacionalidades dos Cidadãos Ilegais na Provincia do Zaire

10 000
8 367
8 000
6 146
6 000 Série 1
4 000 Série 2
1.847 1 571
2 000 Série 3
0
2005 - 2006. 1.847 2009. 6.146 2010. 1.571 2011. Todos da
RDC.8.367
Fonte: SME, Zaire.

O gráfico acima representado procura mostrar a oscilação do número de imigrantes ilegais de


diversas nacionalidades, na província do Zaire, nos anos referenciados. Pode-se verificar que
entre 2005 à 2006, o número de imigrantes ilegais era relativamente baixo, supostamente
porque ainda existia algum receio de entrada no território angolano em poucos anos de paz,
não havia suficiente confiança por parte dos estrangeiros sobre a paz efectiva em Angola,
alcançada em 2002, bem como muito menos informação sobre a estabilidade do mesmo.

No período seguinte, isto é, em 2009, a situação já se apresentava diferente, o território


angolano já respirava total confiança na paz, o crescimento económico e as oportunidades
aumentaram e a entrada de estrangeiros começou a ser massi va, usando a via fluvial das
fronteiras entre a RDC e a província do Zaire, apresentando-se cada vez mais vulnerável, e
exigindo já uma maior atenção no asseguramento destas fronteiras pelo Estado Angolano.

Em 2010, por exemplo, o Estado angolano apertou o cerco aos invasores, procurando manter
a ordem e controlo no asseguramento da soberania nacional, estabelecendo uma certa
vigilância nas fronteiras do Zaire. Como resultado, o número foi relativamente reduzindo.

Em 2011, porém, a situação agravou-se, pelo facto, dos mesmos nesta altura criarem
estruturas de penetração no território angolano. A envolvência de muitos cidadãos nacionais,
incluindo funcionários do SME, empresários e igrejas ajudaram para entrada ilegal no país.
Neste período, mais de 8 mil cidadãos estrangeiros somente da RDC foram expulsos do
território nacional.

31
 Causas do elevado número de imigrantes congoleses democráticos ilegais na
província do zaire

Foram entrevistados no Soyo, cerca de 50 congoleses Democráticos com o propósito de saber


as principais causas que os leva a entrarem e fixarem-se ilegalmente na província do Zaire. O
grupo integra cidadãos, com idades compreendidas entre os 19 e 45 anos, dez (10) dos quais
são prestadores de serviços a dois empresários conceituados da região. Os demais dedicam-se
a prática de actividades comerciais diversas. Dos 50 entrevistados, apenas 15 estavam em
situação legal, os restantes 35 eram ilegais. Das 20 mulheres entrevistadas, 14 estavam em
situação legal e seis (6) em situação ilegal.

Às senhoras foi dirigida a seguinte pergunta: como chegaram à Angola sem a documentação
necessária? A resposta partilhada por todos é a seguinte: ʻʻ nós entramos de forma legal,
utilizando o “laissez-passer” com a duração de apenas 3 dias. Os referidos documentos
expiraram, porque também o nosso objectivo é permanecer em Angola, não precisamos de
prorrogar o prazo. Por isso, vamo-nos manter calmas até conseguirmos cartão de residente ou
até mesmo um documento que nos identifica como angolanas ˮ.

A tabela a seguir resume o número de entrevistados e as causas alegadas pelos cidadãos da


RDC em situação ilegal no município do Soyo, província do Zaire.

Tabela 3 – Causas Alegadas pelos Imigrantes Ilegais no Zaire

Nacionalidade Nº Entrevistados Faixa Etária Causas


(Idades)
10 18 – 40 Guerra; Pobreza e miséria
15 25 – 45 Procura das melhores condições
Congoleses de vida; Práticas de actividade
Democráticos comercial.
Facilidades de aquisição de
25 19 – 38 documentos que dão acesso a
Europa
Total 50
Fonte: Elaboração Própria

De forma resumida, as principais causas evocadas para a imigração em Angola podem ser
resumidas em pobreza e miséria na RDC, facilidade de aquisição de documentos (passaporte)

32
em Angola para seguir viagem à europa, procura de melhores condições de vida em Angola e
proximidade geográfica da província do Zaire com a RDC e Congo Brazzaville.

A tabela acima mostra a diversidade de interesses ou causas que levam cidadãos da RDC e
outras nacionalidades a entrarem no território angolano. Segundo suas declarações, na sua
maioria procuram Angola com o objectivo de chegarem com maior facilidade e mais
rapidamente à Europa. Acrescentam ainda que as Embaixadas existentes no Congo dificultam
a obtenção de vistos para os seus países. Por outro lado, referem que o grande problema está
nas estruturas do Estado Congolês que dificulta a aquisição de passaportes e outros
documentos de viagem ao estrangeiro, pois, estes documentos quase que constituem um
privilégio para os políticos e a classe média, ficando em última instância a população de base
que é a maioria.

No entanto, a tabela acima indica também que os cidadãos da RDC dos 18 aos 40 anos de
idade, fogem do seu território por motivos de guerra, pobreza e miséria, na perspectiva de
encontrarem em Angola estabilidade e conforto. Dos 25 aos 45 anos de idade, procuram
Angola, porque acreditam numa actividade comercial rentável, diferente do Congo, onde o
mercado informal é saturado, porque a maior parte da população Congolesa exerce comércio,
como a sua principal actividade diária, daí a esperança de se enriquecer em Angola em pouco
tempo de trabalho.

Mas, dos 19 aos 38 anos, entraram em Angola na certeza de chegarem a Europa, porque
acreditavam que os angolanos são fáceis de serem corrompidos e encontrar facilidades na
aquisição de documentos de viagem a outras paragens do mundo.

Um dos grandes problemas que o SME enfrenta na província do Zaire é que, muitos cidadãos
estrangeiros entram de forma legal, depois do término do prazo concedido (visto ou outro
documento legal), penetram nos bairros de difícil acesso onde permanecem de forma ilegal.
Ou seja, muita população dá guarida aos estrangeiros, garantindo-lhes total confiança, a não
denuncia dos mesmos em troca de arrendamento das casas.

Outro dos motivos da imigração ilegal apontado foi o aumento de ceitas religiosas
provenientes da RDC, na província. Por exemplo, vários cidadãos congoleses que exercem o
papel de pastores39, entraram em Angola de forma ilegal e raras vezes são interpelados pelas

39
Os crentes da maior parte das seitas consideram os pastores como sendo os “os enviados de Deus”
33
autoridades, pelo facto destes serem considerados enviados de Deus para o anúncio do
Evangelho de Jesus Cristo. Estes por sua vez acabam se fixando na província e, através deles
os seus familiares e amigos acabam entrando de forma ilegal no país, aumentando o número
de imigrantes ilegais. Deste modo, estas ceitas contribuem no processo de imigração ilegal em
Angola.

Situação similar acontece com os curandeiros tradicionais, vindos da RDC. Estes, tidos como
“salva-vidas” de muita gente, incluindo de empresários locais, a sua entrada ilegal é
frequentemente facilitada por aqueles que acreditam nas suas realizações supostamente
milagrosas ou mágicas40. O que parece estar a acontecer é que, devido à fragilidade espiritual
e deficit financeiro por parte de muitos populares na região, associado a crença na feitiçaria
que actualmente faz eco na província do Zaire, os ditos “enviados de Deus” conseguem
conquistar muitos seguidores que, ao mesmo tempo lhe fazem cobertura, facilitando a sua
entrada e permanência ilegal.

Como estes, são vários os relatos sobre o envolvimento de nacionais em actos de promoção e
auxílio a imigração ilegal. Informações detalhadas sobre o assunto são providenciadas pelo
SME, dando conta, inclusive da existência de casas especialmente preparadas para
acolhimento e prestação de informação e serviços aos estrangeiros em situação ilegal.

 Mecanismos de entrada e fixação dos imigrantes da RDC na província do zaire

Até ao momento, de acordo com os dados do SME na província do Zaire, no seu relatório ou
informe diário existem oficialmente na província do Zaire apenas 40 estrangeiros em situação
legal que dispõem de toda a documentação exigida por lei, exibindo o chamado cartão de
residente. Estranhamente, deste número, consta que não há mais de 20 cidadãos da RDC, que
por sinal são a maioria na região, SME, Zaire (2012).

Os Serviços de Migração e Estrangeiros sabem que apesar de existirem estruturas sólidas de


contrabandos no Boma (baixo Congo, RDC), os imigrantes utilizam os canais fluviais
clandestinos para chegarem de forma ilegal à província do Zaire. Por outro lado, existem
muitos cidadãos da RDC que entram de forma legal na província e procuram instalar-se nos
bairros, sendo que terminado o prozo legal do visto ou de outro documento mantem-se
escondidos com ajuda dos moradores destes bairros. Encontram ainda os estrangeiros com

40
Informação prestada pelo soba do Soyo a 12 de Janeiro 2012
34
muita facilidade, casas de arrendamento a baixo preço onde também recebem protecção dos
populares.

Em geral, os estrangeiros procuram corromper cidadãos nacionais para lhes facilitar a


obtenção de documentos que os identifique como cidadãos angolanos. Esta prática é frequente
na província. As autoridades tradicionais, tidos como elos de ligação com o Governo na
denúncia de práticas similares, não têm correspondido às espectativas, ou seja, muitas vezes
os coordenadores e sobas dos bairros são corrompidos através de oferta de valores monetários
pelos estrangeiros para auxiliarem a permanência ilegal no território angolano.

Por exemplo, em 2011, foram apreendidos dois funcionários da administração que ajudaram
cidadãos estrangeiros na obtenção da nacionalidade angolana.

Outro factor facilitador da entrada e permanência ilegal de congoleses na província é a


religião. Segundo informações da secção municipal da cultura no Soyo, na vila petrolífera do
Soyo existem, para além das 11 reconhecidas, mais de 15 ceitas religiosas não reconhecidas,
todas elas provenientes da RDC. No entanto, muitos dos cofundadores e crentes das
respectivas Igrejas, circulam ilegalmente e fazem das igrejas seus esconderijos em relação às
autoridades oficiais. Acima de tudo, existe a superstição das populações da província do
Zaire, que os pastores Congoleses Democráticos são os que dão a garantia espiritual,
expulsam os demónios e o feiticismo. Daí a cobertura dos mesmos e dos seus actos.

Como consequência, chefes de vários sectores na província acreditam que no Zaire existe
muita prática de feiticismo e para se protegerem das referidas práticas, procuram os pastores
para não sofrerem qualquer ameaça de feiticismo no trabalho e, ou na família.

Outro grande problema considerado como sendo de difícil controlo pelo SME no Soyo/Zaire
é a rede de angolanos organizados que passam por pescadores mas que a coberto disso
transportam muitos estrangeiros usando as canoas de pesca, confundido as autoridades da
polícia de fronteiras. Dados do SME Zaire, durante uma operação (em 2011) os agentes do
SME prenderam trinta (30) angolanos envolvidos em actos de promoção e auxilio à imigração
ilegal na região (Jornal de Angola, 26 de Abril 2011).

Se todas as forças vivas da sociedade poderem contribuir, alertando as autoridades para a


presença de pessoas estranhas nas suas localidades, com certeza este fenómeno poderá

35
diminuir significativamente a entrada ilegal de estrangeiros no nosso território (SME, Zaire,
em declarações ao Jornal de Angola, 26 de Abril 2011).

Os relatos acima apresentados mostram que alguns cidadãos violam o artigo 113.º e incorrem
em penalizações ao abrigo da Lei 2/07, segundo o qual, Aquele que com fim lucrativo
promover ou de qualquer outra forma prestar ajuda a cidadão estrangeiro para entrar
ilegalmente em território angolano, é condenado em pena de prisão de 2 a 8 anos e multa até 2
anos.

É condenado com pena de prisão e multa correspondente “aquele que sem fim lucrativo
promover ou de qualquer forma prestar ajuda a cidadão estrangeiro para entrada ilegal em
território angolano” (Ibidem); ou ainda, “Aquele que hospedar ou de algum modo ocultar a
permanência de cidadão estrangeiro em situação ilegal” (op. cit.).

Estas são algumas das medidas previstas na lei sobre o regime jurídico dos estrangeiros na
República de Angola. A questão que se coloca é por que razão as leis não são cumpridas?
Esta é uma das perguntas que se tentará responder mais adiante.

 Técnicas e rotas utilizadas pelos imigrantes ilegais

As características geográficas da província do Zaire tornaram-se vulneráveis a viloções


sistemáticas das suas fronteiras. A aproximação geográfica das cidades de Mbanza Congo,
Nóqui e Soyo com suas saídas para o Oceano Atlântico separadas apenas por uma estreita
faixa do território Congolês propicia a transposição de fronteiras. Neste sentido, o Município
do Soyo, especialmente localidades como Ponta de Padrão, constituem uma grande
oportunidade.

Por outro lado, a província do Zaire partilha uma vasta área de fronteira fluvial e terrestre com
a RDC, tendo sido estabelecidas pelas autoridades angolanas seis (6) postos fronteriços
oficiais.

Na tabela que se segue está a apresentação detalhada dos postos fronteiriços de Angola na
província do Zaire e com a República Democrático do Congo, incluindo a sua localização
geográfica.

36
Tabela 4 – Postos Fronteiriços da província do Zaire e da RDC

DESIGNAÇÃO LOCALIZAÇÃO POSTOS ESTADO


FRONTEIRIÇOS DA
RDC/ANGOLA (BAIXO
CONGO)
Mb.Kongo Luvo Lufu Operante

TERRESTRE Kuimba Buela Songamani Operante


Minga Kuzi Operante
Nóqui Nóqui Ango-Ango Operante
(Matadi)
Kimbumba Muanda Operante
FLUVIAL Soyo Pedra de Boma Operante
Feitiço
Fonte: SME, Soyo.

A Tabela acima ilustra os postos fronteiriços fluviais e terrestres estabelecidos pelos dois
Estados, na província do Zaire pelo Estado Angolano e para o Baixo Congo, pela República
Democrático do Congo.

O posto fronteiriço do Luvo é terrestre e encontra-se no município de Mbanza Congo, capital


da província do Zaire, o mesmo faz fronteira, com o posto do fronteiriço Lufu da RDC.

Os postos fronteiriços do Buela e Minga, ambos terrestres, estão localizados no município do


Kuimba, os mesmos fazem fronteira com Songamani e Kuzi regiões com os mesmos nomes
no Baixo Congo, na RDC.

O município do Nóqui tem o mesmo nome com a fronteira e do lado da RDC é designado
como Ango-Ango, na localidade do Matadi.

O posto fronteiriço Kimbumba é fluvial e está localizado no município do Soyo, e estabelece


fronteira na região do Muanda, na RDC.

Finalmente, o posto fronteiriço da Pedra de Feitiço, na comuna com o mesmo nome e do lado
da RDC está o posto fronteiriço do Boma na região do Boma.

No entanto, a referida tabela, procurou ilustrar de forma exaustiva os postos fronteiriços que
estão unicamente reconhecidos e autorizados na circulação entre os povos dois Governos, na
região da província do Zaire, pelo Estado Angolano e na região do Baixo Congo pelo Estado
da RDC.
37
Os postos fronteiriços mais propensos à violação ou a passagem de imigrantes na província
são o Luvo em Mbaza Congo e Kimbumba no Soyo.

Este facto regista-se segundo informações do SME pelas condições precárias de trabalho, nos
postos fronteiriços e por não existir infra-estruturas próprias para o efeito, recursos humanos
suficientes na fiscalização da mesma, tendo em conta o número elevado de estrangeiros que
procuram entrar, de forma direcionada nos municípios de Mbanza Congo e Soyo. E a este
facto é associado a corrupção dos funcionários do SME, da polícia de guarda fronteira e da
própria polícia nacional.

Segundo ainda o SME da província do Zaire, ao longo do tempo, foram constatadas e


observadas várias formas de actuação dos imigrantes ilegais, para a sua entrada no país,
através da província. Preocupado o SME na região sobre o “modus operandi” dos imigrantes
clandestinos. Partindo das cidades de Ponta-Negra/República do Congo Brazzaville, nas
cidades Matadi e Mwanda/RDC, navegam em embarcações (canoas) de pequeno e médio
porte para atingirem o município do Soyo, e daí rumarem para outras paragens. Informe do
SME Zaire, dos anos (2008, 2009, 2010 e 2011).

De acordo com as fontes do SME, as entradas são feitas de forma cuidada, selectiva e
programada, através de países limítrofes do Oeste de África, nomeadamente, nas Repúblicas
do Congo Democrático e Congo Brazzaville, países onde suspeita-se existirem uma forma
facilidades e de organização das redes de imigrantes ilegais. Aproveitando os pontos mais
vulneráveis nas periferias das povoações do Dobo, Sumpi, Luvo, (Mbanza-Congo), ilhas da
Ponta do Padrão, Zola, Kitxitxi, Nsumba (Soyo) áreas periféricas de Nfuasi, Kinguvo (Nóqui)
e Kimpela (Kuimba), para concretizarem os seus objectivos.

Esta fonte, argumenta ainda que os imigrantes possuem dias estipulados para as trocas
comerciais realizadas na fronteira entre os dois países para traçarem seus planos auxiliados
por residentes fronteiriços e outros a fim de se escaparem do controle do SME e rumarem em
direcção à cidades de Mbanza Congo e Soyo fixando-se nos bairros periféricos e daí serem
guiados pelas redes já existentes até atingirem a capital do país, a troco de valores monetários
na ordem de $ 400.00 a $600.00.

De acordo com o SME, as técnicas usadas incluem, nomeadamente, o uso de documentos


contrafeitos, falsos e/ou falsificados e trespassados, atestando a nacionalidade angolana,

38
através dos quais procuram confundir as autoridades na fronteira ou no interior, caso sejam
interceptados.

Uma das características da falsificação de documentos é a subtracção ou substituição de


fotografias em documentos (Salvo condutos) já utilizados, que são reenviados à RDC por
eles, para este fim.

A acomodação em zonas rurais e de pouca afluência policial, dedicando-se em actividades


artesanais produtivas, pois, muitos imigrantes ilegais são utilizados como mão-de-obra barata
por cidadãos nacionais, permitindo a sua inserção nas comunidades após terem um certo
domínio da língua local, hábitos, costume e outros.

Outrossim, a utilização de cidadãos nacionais residentes nas zonas fronteiriças e não só, para
servirem de guias desde o ponto de entrada, até a criação de condições para seguirem para
outros pontos do país através de algumas redes. Ao serem conduzidos para Luanda, os
transportadores/auxiliadores ensaiam diversas estratégias, incluindo o desembarque antes dos
controlos policiais, para caminharem por caminhos pequenos de corta-mato a pé ou de
motorizadas, para posteriormente embarcarem nas viaturas depois de ultrapassarem as zonas
controladas pelas autoridades policiais.

Aquisição da nacionalidade angolana por via fraudulenta, acesso ao assento de nascimento


sem registo civil, certidões, cartões de moradores e de eleitores.

Figura 1 – Principais Rotas de Entrada dos Imigrantes Ilegais

Fonte: SME, Zaire, 2012

Os estrangeiros provenientes de países do Oeste africanos que entram para o Zaire, têm como
postos de penetração a província de Cabinda. Apenas em Cabinda são recebidos a partir de
Ponta Negra (Congo Brazzaville). A localidade de Mandarin, na província mais ao norte de
39
Angola é de onde partem os estrangeiros vindos do Congo Democrático, passando pela Ponta
Negra, numa viagem acima de 40 milhas de mar, atingindo a localidade da Ponta de Padrão,
no município do Soyo dentro do território da província do Zaire.

São rotas devidamente identificadas pelo SME Zaire, mas que existem muitas dificuldades no
controlo das mesmas (rotas) devido a sua complexidade e dificuldades na detenção dos
infractores, durante a sua permanência no território nacional.

Tabela 5 – Rotas Utilizadas pelos Imigrantes Ilegais na Província do Zaire

LOCALIZAÇÃO POR MUNICIPIOS DENOMINAÇÃO DAS ZONAS DE


ENTRADAS ILEGAIS
- Áreas periféricas do bairro Dobo,
Mbanza Kongo Nkamuna, Nkamba-Nguvu, Masinga e
Kimawete.
- Área da ponta de Padrão, canal de
Mbubu, Zola Kuluaganga, canal de Santo
Soyo António, Kumba, Pentambinga, Kitxitxi,
canal de Curva-Curva, Ntando-a-Nkoko,
porto Rico, ilha de Selonga, arquipélago
das Tartaruga, Kissakalambaco, ilha do
Mpuela, canais de Sumba.
Kuimba - Zona de Mpangala, Kimpemba,
Kissende, Nganda e Ngunga.
Nóqui - Área periféricas de Kuasi e Kinguvu.
Fonte: SME, Zaire, 2012.

Os corredores de entrada mais utilizados pelos imigrantes ilegais ao longo da fronteira, na


região do Soyo são: Ponta do Padrão, Canal da Base do Kuanda, Curva-Curva, Santo
António, Porto Rico, Ilha de Selonga, Arquipelago das Tartarugas, Lwei Grande,
Kissakalambaco, Ilha do Mpuelo, Kitxitxi. Do município do Nóqui ao Kuimba são; Zona do
Nfuasi, entre os marcos 14 e 16 (Mponzo), marco 17 na Comuna do Luvo, Elevação 511
(Jean Marie), Pangala no marco 19, Kindualo, Mbanza-Matadi, Nsanga Mbanza, Kama,
Kuilo, entre os marcos 22 e 23, Uzi, Kumbi, àrea de Muana Mpuexi, Kiando, Kimbemba, Rio
Tove, Baixa doTanda e Pedra de Andorinha.

De acordo com os dados do SME, Zaire, essas áreas são vulneráveis a entrada de imigrantes
ilegais, porque não têm um controlo constante do efectivo policial devido a falta de meios
técnicos, permitindo o desdobramento, o controlo eficiente e permanente das áreas atrás
referidas.
40
 Dificuldades na manutenção da fronteira e controlo da imigração

A extensão e a complexidade geográfica da fronteira com a RDC que por exemplo, na orla
fluvial tem 64 canais navegáveis por embarcações de pequeno e médio porte e 120 ilhotas,
das quais 21 são habitadas por cidadãos nacionais e estrangeiros ilegais da RDC, que se
dedicam a pesca artesanal, agricultura de subsistência, produção de carvão vegetal, assim
como no abate e corte de árvores para o fabrico de madeira.

O grande número da população residente em zonas fronteiriças não possui documentos de


identificação credíveis. A maioria da população apresenta cartões de moradores e de eleitores,
usados para os mais variados efeitos; por outro lado, as características físicas das populações
que habitam ao longo da fronteira de ambos países são bastante similares, tais como o uso de
produtos cosméticos – o mecako – para a transformação da pele, tornando-a mais clara, bem
como alguns aspectos culturais, incluindo a língua comum tem sido acrescida ao conjunto das
insuficiências de meios técnicos e humanos capazes de detectar infracções e auxiliar no
trabalho de patrulhamento ininterrupto ao longo da linha de fronteira, bem como na amplitude
da superfície territorial que a província comporta.

Ao longo da investigação constatou-se que hoje o lingala é frequentemente usado na província


do Zaire, superando o Kissolongo na cidade do Soyo e Nóqui (Kikongo). Identificou-se no
município do Soyo que numa família de oito (8) à dez (10) membros, entre cinco (5) e seis (6)
membros falam frequentemente o lingala e três (3) à quatro (4) entendem a referida língua.

No mercado municipal da cidade mais populosa da província do Zaire (o Soyo com mais de
106 mil habitantes), o lingala é considerada a língua mais falada depois do português; há
vozes que afirmam que o lingala passou a ser a língua comercial das principais cidades da
província. Outras constatações referem que é quase impossível ir-se ao mercado municipal,
por exemplo, fazer compras e voltar à casa sem falar o lingala.

Contudo, a língua lingala é considerada pelo SME do Zaire, como sendo uma das principais
dificuldades em localizar os cidadãos estrangeiros congoleses ilegais, quando já se encontram
na província, pelo facto de muitos cidadãos nacionais falarem a referida língua.

 Consequências da imigração ilegal para a província do zaire

As consequências da imigração ilegal na província do Zaire são enumeras desde as de


naturezas sociais, económicas, religiosas, culturais e políticas.
41
 Consequências ao nível social

Constata-se existir na província do Zaire, em particular no município do Soyo, um nível cada


vez elevado de prostituição. Existem, por exemplo, cerca de 10 casas clandestinas onde
trabalham na sua totalidade, mulheres congolesas. Relatório anual da polícia fiscal Soyo
(2012). Também se tem verificado a disseminação e maior consumo do estilo musical Kwassa
da RDC, superando o Semba e Kuduro e outros estilos musicais angolanos. A esses factores
são agudizados por falta de incentivos aos promotores de actividades culturais e fazedores de
artes na região, tal como a insuficiência de infraestruturas para diversos ramos artísticos,
como centros culturais, salas de cinema e equipamentos para os praticantes de teatro, musica,
dança e artes plásticas.

O aumento do nível de delinquência, é outro factor que coloca em causa a estabilidade social.
Muitos dos delitos que acontecem na província são cometidos maioritariamente por cidadãos
estrangeiros da RDC e que vivem em situação ilegal no país.

 Consequências ao nível económico

De acordo com o responsável do Departamento de Inspecção da Direcção Provincial do


Comércio Hotelaria e Turismo, os vendedores ambulantes que proliferam na região são na sua
maioria cidadãos estrangeiros, muitos dos quais em situação ilegal e, para piorar a situação,
estes não pagam impostos, fogem ao fisco, violando as leis comerciais do país e provocando o
desfalque aos cofres do Estado, pois, transferem o dinheiro ganho em Angola para os seus
países de origem (jornal de Angola 12 de Junho 2011)41.

Dados da (Polícia Fiscal no Zaire) indicam que na região existem “mais de dez (10)
Farmácias, que funcionam ilegalmente, todas pertencentes aos Congoleses”, Informações da
Polícia Fiscal Zaire42.

No município do Soyo por exemplo, tendo em atenção o seu potencial económico associado a
complexidade da fronteira fluvial, constituem-se factores de atracção dos imigrantes ilegais
para a região, onde incidem as suas acções no abate de árvores para o fabrico de carvão

41
Jornal de Angola 13 de Junho, 2011, “O problema da imigração ilegal está há muito identificado e os seus
contornos são também conhecidos, dai a necessidade urgente de se estancar o mal” palavras do Director
Nacional do Serviço de Migração Estrangeiros.
42
Informações da Polícia Fiscal Zaire, 2012 informe anual de 2012.
42
vegetal e madeira, bem como a facilidade que, os imigrantes ilegais encontram na sua
inserção no circuito comercial informal local.

Informações ainda bem conhecidas dão conta de muitos angolanos que facilita a entrada de
estrangeiros ilegais a troco de algumas moedas e concedendo parcelas de terra para cultivo e
construção de habitações.

O Governo provincial do Zaire fase a situação da imigração ilegal divulga varias notas de
impressa, onde apela a colaboração dos cidadãos nacionais e sobretudo das autoridades
tradicionais. Por várias vezes o Governo Zaire manifestou preocupação pela presença do
fenómeno da imigração ilegal, realçando o perigo na província na medida em que afecta
negativamente os programas de desenvolvimento para a região.

 Consequências a nível da religião e da cultura

Se tem verificado a proliferação de seitas religiosas lideradas por cidadãos estrangeiros da


RDC nas áreas periféricas das cidades de Soyo, Mbanza-Congo e Kuimba. Sobretudo no
município do Soyo, com maior incidência, existem Seitas religiosas na qual que os pastores
promovem a imigração ilegal, ao trazerem e albergarem estrangeiros em situação migratória
irregular, uma situação de domínio público.

Sob a capa de caridade ou amor ao próximo, os pastores de algumas seitas arrecadam riquezas
ao receberem valores de tais cidadãos estrangeiros que procuram entrarem no território de
Angola de forma ilegal.

Aqui, exercem práticas alheias a nossa cultura e consideradas ilícitas, tais como acusação de
feitiçaria entre os membros da mesma família, com maior incidência para menores e idosos. A
prática da magia negra, envolvendo jovens ansiosos por um enriquecimento fácil e imediato,
tem criado sérios problemas de relacionamento e convivência social e esta situação preocupa
as entidades tradicionais do Zaire.

Por outro lado, a tendência de muitos nativos na província usarem produtos cosméticos para
transformação da pele (clareando-a mais), são hábitos vindos da RDC.

 Consequência ao nível da segurança interna

Numa entrevista concedida ao jornal de Angola, no dia 19 de Abril de 2011 , alusivo aos 35
anos dos Serviços de Migração e Estrangeiros, o Director Nacional afirmara o seguinte:
43
“não restam dúvidas (…) a imigraçao ilegal é uma grande ameaça a soberania, não
sò para Angola, mas também para qualquer outro país. Se o país precisa de defender
a sua soberania, esta defesa pressupõe pessoas e bens circunscritos a um espaço
territorial determinado. A presença de pessoas que não são do país provoca uma
série de situções que pertubam a ordem e segurança interna (…) A estabilidade
política e o crescimento económico que se regista no nosso país são factores de
atracção de estrangeiros e muitos deles com interesses inconfessos, que procuram
evidentemente pôr em causa a economia do país e em última instância a integridade
territorial”.
Entrevista de Bernardino Manje, publicada no jornal de angola dia 19 de Abril de
2011, pág, 4

A facilidade que os Congoleses Democráticos encontram em Angola na aquisição de


documentos (essencialmente, passaportes) que os permite atingirem outras regiões do Mundo,
especialmente a Europa é uma outra preocupação.

De forma conclusiva, pode-se afirmar que a imigração ilegal atingiu níveis alarmantes na
província do Zaire, pois vai requerendo que sejam reunidas todas as forças para o combate da
mesma.

Neste último capítulo da monografia foram analisados os números, ou seja as estatísticas e as


causas ou motivações dos estrangeiros entrarem em Angola de forma ilegal, vindos da RDC,
bem como foram enumeradas as principais rotas usadas para chegarem ao território nacional.

Ainda sim, no referido capítulo foram analisados, as consequências, sociais, económicas e de


segurança interna causadas pelos imigrantes ilegais na região, e ainda algumas dificuldades
apontadas pelas autoridades Angolanas no Zaire em manter o controlo da fronteira,
particularmente nas zonas onde os infractores invadem dia-após-dia.

Finalmente, este trabalho de investigação, em termos gerais procurou ilustrar as linhas


essenciais para responder as necessidades definidas no presente estudo, destacando as
potencialidades e as capacidades que a imigração actual vai desenvolvendo,
fundamentalmente com a participação de cidadãos angolanos, na inocências dos seus
comportamentos face a ameaça que o fenómeno imigração ilegal hoje trás para o
desenvolvimento dos país, por um lado, e do perigo de desestabilização por outro.

44
VI. CONCLUSÕES

O presente trabalho abordou o tema sobre imigração ilegal dos Congoleses Democráticos na
província do Zaire com o propósito de identificar as razões que os levam a imigrarem de
forma ilegal em Angola. O principal objectivo da pesquisa conduzida é de mostrar os factores
que estão na base do aumento do fenómeno para a província do Zaire nos últimos anos.

O trabalho procurou, igualmente identificar alguns factores que levam os cidadãos da RDC a
imigrarem de forma ilegal para Angola, especialmente na província do Zaire. Neste sentido, o
trabalho identificou os factores que revelam a necessidade dos mesmos permanecerem no
território angolano e as suas ambições, de modo a contribuir para os fundamentos de decisão
por parte das autoridades e da sociedade em geral quando tiverem que tomar medidas
preventivas para que o fenómeno de imigração seja controlado.

As causas da imigração ilegal apontadas pelas autoridades angolanas, particularmente ao


SME da província do Zaire e pelos cidadãos da RDC são convergentes: “a instabilidade
política na RDC, a pobreza, a falta de emprego”.

Por outro lado, através da presente pesquisa foram identificados os métodos e as rotas que os
imigrantes ilegais utilizam para chegarem à Angola, contando, em muitos casos com o auxílio
de muitos dos cidadãos angolanos, incluindo pessoas ligadas aos Serviços de Migração e
Estrangeiros, violando gravemente ao estabelecido na lei nº02/07, de 31 de Agosto, em
vigência na República de Angola.

Sendo assim, o controlo da fronteira e dos fluxos migratórios pressupõe a execução de um


conjunto de acções a serem desenvolvidas pelos órgãos que directa ou indirectamente
intervêm no sistema de protecção e segurança da fronteira, salvaguardando, deste modo, as
políticas traçadas pelo Estado Angolano, quer no domínio fronteiriço, como no domínio
migratório.

Neste aspecto, o estudo demonstrou que é fundamental a participação dos cidadãos angolanos,
pois muitos dos quais têm estado engajados em acções de facilitação da imigração ilegal sob
várias formas e em troca de benefícios inconfessos diversos, alimentando a corrupção,
debilitando as capacidades das instituições do país no controlo do fenómeno estudado.

45
Sendo constante a entrada ilegal dos Congoleses no território angolano, a pesquisa dedicou
atenção na compreensão dos factos de sustentabilidade ao fenómeno, pelo facto de contar com
a colaboração de muitos cidadãos nacionais, designadamente os funcionários que trabalham
nos órgãos como SME, da Polícia Nacional, os trabalhadores das administrações municipais e
em muitos casos os empresários da Região.

Outro facto social que a pesquisa constatou, no domínio social e que tem ajudado de que
maneira a imigração ilegal tem a ver com a proliferação progressiva das seitas religiosas que
se regista na província do Zaire e um pouco por todo o país, particularmente com aquelas
cujos líderes, ou seus pastores com origens da RDC trazem consigo números consideráveis de
fiéis crentes, acabando por permanecerem no país de forma ilegal, sem que as autoridades
tomem as medidas que julgariam desencorajar a sua estadia nas condições já identificadas.

Portanto, existe uma vontade incessante de muitos cidadãos da República Democrático do


Congo sobre tudo os jovens em chegarem ao continente Europeu, onde acreditam ter uma
vida melhor, menos pobreza e conseguem alcançar os seus objectivos. Deste modo, têm como
Angola, o país das facilidades, onde adquirem documentos como passaportes e até mesmo
bilhete identidade angolano de forma fraudulenta e consequentemente, viajarem para a
Europa.

46
VII. RECOMENDAÇÕES

Descorrida toda abordagem sobre o tema e depois das conclusões sobre o Imigração (Ilegal)
em Angola (Caso específico Província do Zaire), podemos sugerir, a título de contribuição
para os principais actores sociais, principalmente o Governo da República de Angola, as
seguintes recomendações:

 A imigração, fundamentalmente a ilegal é um fenómeno que deve ser controlado a


todos os níveis e em todos os organismos do país, tendo em conta que este fenómeno
afecta, quer os órgãos do Estado, quer a sociedade em geral.
 Para tal, não bastam as medidas de punição, é preciso acima de tudo, sensibilizar as
pessoas envolvidas, mostrando-lhes a gravidade da situação e os grandes perigos que o
país corre se, através desse fenómeno, se continuar a facilitar a entrada ilegal dos
imigrantes.
 Em relação aos populares que prestam guarida aos imigrantes ilegais, o estudo
recomenda que devem ser sempre informados sobre os riscos e implicações que
correm ao prestarem apoio ao fenómeno, violando o estabelecido na lei n.º02/07. Para
tal, o Estado deve criar canais de divulgação constante da lei n.º 2/07, de 31 de
Agosto, pois nela estão acautelados todos os riscos que correm os cidadãos que dão
guarida aos estrangeiros ilegais.
 Em relação a extensão das fronteiras com a RDC e as dificuldades da Polícia de
fronteira tem para a segurança fronteiriça, o estudo, igualmente entende recomendar
que o Estado deve criar todas as condições técnicas e humanas para se garantir o
controlo eficiente das fronteiras, adquirir meios tecnológicos para ajudar na
fiscalização da mesma, bem como recorrer às capacidades técnicas dos quadros e
instituições da província, essencialmente aos académicos desenvolver estudos e
pesquisa com vista identificar as melhores soluções imediatas sobre o fenómeno.

47
VIII. BIBLIOGRAFIA

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