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Contabilidade Forense
Contabilidade Forense
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
NOÇÕES DE CONTABILIDADE................................................................................................................. 9
CAPÍTULO 1
CONTABILIDADE........................................................................................................................ 9
CAPÍTULO 2
FORENSE................................................................................................................................ 18
UNIDADE II
CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA................................................................................................. 24
CAPÍTULO 1
CONTABILIDADE FORENSE....................................................................................................... 24
CAPÍTULO 2
POR QUE AS FRAUDES SÃO COMETIDAS?................................................................................ 28
CAPÍTULO 3
POR QUEM AS FRAUDES SÃO COMETIDAS?............................................................................. 48
CAPÍTULO 4
O SURGIMENTO DOS PARAÍSOS FISCAIS................................................................................... 53
UNIDADE III
PREVENÇÃO E DETECÇÃO DE FRAUDES CONTÁBEIS............................................................................. 59
CAPÍTULO 1
PREVENÇÃO E DETECÇÃO...................................................................................................... 59
UNIDADE IV
RESPONSABILIDADE E PAPEL DO CONTABILISTA FORENSE....................................................................... 68
CAPÍTULO 1
A RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO CONTABILISTA E SEU PAPEL COMO CONTABILISTA
FORENSE......................................................................................................................... 68
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
5
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
A cada nova realidade, uma nova conduta se faz presente e também se faz necessária.
Essa frase pode e deve ser apropriada e colocada em prática em muitas questões no dia
a dia das pessoas e das empresas.
Fraudes são atividades existentes desde a antiguidade. Então, com o decorrer do tempo,
foram desenvolvidas técnicas de detecção e prevenção, dentre elas o aprimoramento do
trabalho dos contabilistas e auditores.
Nesse estudo esmiuçaremos mais sobre essas práticas, qual a legislação pertinente,
qual o trabalho desses profissionais e citar/analisar alguns casos de fraudes conhecidas
mundialmente.
Bom proveito!
Objetivos
»» Demonstrar a real existência de processos fraudulentos ao longo da
história.
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NOÇÕES DE UNIDADE I
CONTABILIDADE
Para que possamos melhor estudar o tema geral proposto precisamos, primeiramente,
conhecer cada uma das palavras que compõem o escopo do termo Contabilidade
Forense.
CAPÍTULO 1
Contabilidade
Todos já ouviram falar sobre contabilidade. Grande parte das pessoas, porém, pouco
sabe o que significa, e como fazê-la de forma correta e legal.
Existe, em cada país, uma legislação específica para se “fazer” contabilidade. No Brasil,
as regras de contabilidade foram definidas e são regidas pelo Conselho Federal de
Contabilidade (CFC – <http://portalcfc.org.br/>).
E o que é contabilidade?
Para os leigos, contabilidade é a prestação de contas, para o Governo, a fim de pagar
impostos. Nada mais é do que a forma que o “Leão” tem de “morder” ainda mais o
dinheiro dos pobres e cobrar ainda mais das empresas.
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UNIDADE I │ NOÇÕES DE CONTABILIDADE
Figura 1. Caduceu.
Fonte: <www.crcsp.org.br>
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NOÇÕES DE CONTABILIDADE │ UNIDADE I
Há diversos fatores internos e externos que influenciam essas mutações e devem ser
observados: ambiente social, econômico, político, legal, fatores relacionados à gestão
empresarial, entre outros.
»» registro;
»» controle;
»» informação.
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UNIDADE I │ NOÇÕES DE CONTABILIDADE
Essa técnica pode ser aplicada de duas formas distintas: auditoria interna e auditoria
externa.
Muitas empresas têm em seu quadro de funcionários auditores responsáveis por auditar
as práticas internas dos departamentos. Cabe a essa auditoria verificar, controlar e
solicitar correções nos processos e resultados das áreas.
Por exemplo, a auditoria interna faz escolhas aleatórias de lançamentos contábeis para
verificação por amostragem. Os lançamentos escolhidos são verificados quanto à sua
veracidade, correção nas contas lançadas, existência de documentos comprobatórios.
Geralmente empresas compostas por sociedade e/ou empresas de capital aberto têm
suas contas auditadas a fim de que os resultados apresentados pela empresa sofram
essa verificação ratificando a veracidade das informações para a garantia dos sócios.
Uma vez contratada, a empresa externa deve ter total acesso às informações e
independência para analisar e solicitar correções necessárias diretamente ao contador
e às áreas da empresa.
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NOÇÕES DE CONTABILIDADE │ UNIDADE I
Há, ainda, empresas que praticam as duas formas de auditoria. Nesse caso, o trabalho
realizado pela equipe interna é auditado pela equipe externa. Fica a cargo da auditoria
interna a interface com a auditoria externa e o contador que assina as demonstrações
da empresa.
Por esse motivo, fala-se em partidas duplas. O que entra de um lado, obrigatoriamente
sai do outro. Ao final têm-se todos os movimentos e o tamanho do patrimônio da
empresa após essas mutações.
Um pouco de história
A história da contabilidade é tão antiga quanto à própria história da civilização. Está
ligada às primeiras manifestações humanas da necessidade social de proteção à posse.
Assim, com a separação da propriedade para uso do solo, cada pessoa passou a criar sua
riqueza individual.
Ao morrer, o legado deixado pela pessoa passava como herança aos filhos ou parentes.
Essa herança ficou conhecida como patrimônio, termo advindo da palavra patris, ou
herança relacionada aos pais. Mais adiante o termo passou a ser utilizado para quaisquer
valores, mesmo que estes não tivessem sido herdados.
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UNIDADE I │ NOÇÕES DE CONTABILIDADE
Quanto mais valor obtinha o homem, mais queria ver render suas posses e os
registros passaram a ser requeridos e com o surgimento das primeiras administrações
particulares aparecia a necessidade de controle a fim de que se pudesse prestar conta da
coisa administrada. O desenvolvimento do papel e da pena de escrever no Egito antigo
facilitou extraordinariamente o registro de informações sobre negócios.
»» Contabilidade do mundo moderno – período que vai de 1494 até 1840, com
o aparecimento da Obra La Contabilità Applicatta alle Amministrazioni
Private e Pubbliche – A contabilidade aplicada à administração privada
e pública, da autoria de Franscesco Villa.
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NOÇÕES DE CONTABILIDADE │ UNIDADE I
Com o tempo o aspecto numérico tornou-se mais qualificado, com o acréscimo do valor
monetário ao quantitativo. Esta evolução permitiu que, paralelamente à “Aplicação”, se
pudesse demonstrar, também, a sua “Origem”.
Naquela época a escrita no Egito era fiscalizada pelo Fisco Real, o que tornava os
escriturários zelosos e sérios em sua profissão. Tudo indica que foram eles os primeiros
a usar o valor monetário em seus registros com a utilização de moedas cunhadas em
ouro e em prata.
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UNIDADE I │ NOÇÕES DE CONTABILIDADE
O período medieval, também conhecido como “Era Técnica”, foi também de grande
importância na história do mundo, especialmente na história da Contabilidade, devido
às grandes invenções tais como o moinho de vento, o aperfeiçoamento da bússola etc.,
que abriram novos horizontes aos navegadores.
O advento do capitalismo, nos séculos XII e XIII, período no qual houve uma
grande geração/acumulação de capital, trouxe a necessidade de aperefiçoamento
da contabilidade. As relações de trabalho foram alteradas uma vez que a escravidão
foi cedendo lugar ao trabalho assalariado. Desta forma, os registros de trabalho
tornaram-se mais complexos.
A conta chamada “Capital” passou a ser utilizada no final do século XIII intitulando os
valores dos recursos injetados nas companhias pela família proprietária.
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NOÇÕES DE CONTABILIDADE │ UNIDADE I
Foi Vicenzo Mazi quem, pela primeira vez, em 1923, definiu patrimônio como objeto
da Contabilidade. A contabilidade passou a ser enxergada como muito mais do que um
mero registro para, então, ser compreendida como um instrumento básico de gestão.
A criação de grandes empresas nos Estados Unidos passou a requerer grandes capitais,
de muitos acionistas, e essa foi a causa principal do estabelecimento das teorias e
práticas contábeis que permitissem correta interpretação das informações, por qualquer
acionista ou outro interessado, em qualquer parte do mundo, conforme explicitamos
anteriormente a respeito dos processos de auditoria de demonstrações financeiras.
No Brasil, com a vinda da Família Real Portuguesa, houve o aumento dos gastos públicos
e também da renda nos Estados. Para tanto, constituiu-se o Erário Régio ou o Tesouro
Nacional e Público, juntamente com o Banco do Brasil (1808).
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CAPÍTULO 2
Forense
Forense é uma palavra derivada de forum, da língua latina. Na Roma Antiga, fórum era
a praça central das cidades, onde ficavam os prédios administrativos e de justiça. Com
o tempo, fórum passou a designar o local onde se julgam as disputas e os crimes em
primeira instância.
Existem, porém, outras aplicações do termo como, por exemplo, expediente forense,
que designa o horário de funcionamento dos tribunais, linguagem forense e psiquiatria
forense, entre outros.
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NOÇÕES DE CONTABILIDADE │ UNIDADE I
Existem peritos em diversas áreas de atuação. Perito criminal, por exemplo, é o servidor
público, policial ou não, devidamente investido, por concurso público, nos cargos de
nível superior elencados na Lei no 12.030/2009.
São eles os responsáveis por estabelecer a dinâmica e a autoria dos delitos e realizar a
materialização da prova que será utilizada durante o processo penal.
Assim como os auditores, os peritos têm autonomia garantida para que suas análises e
seus resultados possam ser imparciais e verídicos.
Uma das áreas atuais mais colaborativas para qualquer atividade forense é a computação
forense. Esta utiliza métodos científicos para coletar, identificar, analisar e interpretar
as evidências digitais de determindo crime.
Com a atualização constante da tecnologia, mais árdua ficou a tarefa de aplicação dos
métodos forenses. O volume de informações hoje armazenáveis em discos rígidos faz
com que técnicas específicas de computação sejam imprescindíveis para uma eficaz
varredura de arquivos e programas.
Aos especialistas cabe a correta e lícita extração dessas informações frágeis para que
possam servir como provas comprobatórias em um tribunal.
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UNIDADE I │ NOÇÕES DE CONTABILIDADE
»» Análise: coleta das evidências digitais necessárias para o caso. Para isso,
diversas técnicas podem ser utilizadas, além de tentar superar eventuais
desafios, como a existência de senhas e criptografia.
A evolução da tecnologia, porém, apresenta a cada dia novos desafios que precisam
de acompanhamento e constante atualização dessa importante área forense. Como
exemplo:
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NOÇÕES DE CONTABILIDADE │ UNIDADE I
Por meio da perícia policial pode-se descobrir que tais fotos estavam hospedadas em
Londres e haviam sido furtadas por uma quadrilha de hackers moradores de diferentes
cidades do interior paulista.
A informação descoberta nos e-mails enviados pela atriz foi conseguida por intermédio
de um spam enviado pelos acusados à atriz. Ao clicar no link malicioso, informações
como senhas foram enviadas para os computadores dos criminosos.
E foram nas informações deixadas pelos próprios hackers nos acessos aos e-mails de
Carolina que os investigadores encontraram uma espécie de impressão digital eletrônica
dos suspeitos, o IP de suas máquinas (Internet Protocol – número que identifica cada
computador).
A cada vez maior exposição das vidas pessoais e da governança estabelecida nas
empresas possibilita, a cada dia, aumento da possibilidade de invasão das privacidades
pessoais e corporativas.
Cada empresa pratica um nível diferente de “liberação” desses acessos de acordo com
sua avaliação do perigo de se atrair para a empresa conteúdos maliciosos, roubo de
informações sigilosas.
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UNIDADE I │ NOÇÕES DE CONTABILIDADE
Ao funcionário que não obedecer aos critérios estabelecidos pela empresa pode caber
desde uma advertência, uma denúncia e até demissão por justa causa e responsabilidade
criminal dependendo da amplitude do que foi cometido.
Considerando pertinente a solicitação, esta foi acatada e uma comunicação foi enviada
para todos com a informação de restrição de acesso àquela determinada área de
trabalho. Porém, o departamento de recursos humanos não tinha conhecimento de
que, há algum tempo, o departamento de tecnologia vinha acompanhando os acessos
feitos por esse mesmo funcionário.
O procedimento não havia sido comunicado uma vez que ainda se tratava de suspeita a
ser confirmada como prática habitual.
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NOÇÕES DE CONTABILIDADE │ UNIDADE I
A exposição nas redes sociais também precisa ser avaliada. Com base nas informações
inseridas pelo usuário, criminososos tomam conhecimento de cada detalhe que circunda
a vida daquela pessoa e podem utilizar as informações para fraudar as empresas.
Fica, então, fácil acompanhar o dia a dia, horários, locais frequentados, pessoas de
relacionamento, enfim, diversas informações que podem servir de fonte para a prática
de crimes diversos como sequestro, estupro e homicídios.
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CONTABILIDADE
FORENSE NA UNIDADE II
PRÁTICA
CAPÍTULO 1
Contabilidade forense
Significado
Tendo repassado os conceitos de contabilidade e prática forense de forma breve,
podemos agora, com um pouco mais de entendimento sobre cada um dos termos,
combiná-los e adentrar o objeto-fim deste estudo: a contabilidade forense.
Nesse sentido, há muito o que se estudar a partir de casos reais de crimes praticados
por governos, empresas privadas e públicas e pessoas físicas, tanto no Brasil como no
mundo.
No Brasil os crimes financeiros sempre tomaram conta dos noticários. Por meio de
apurações feitas pelos auditores do Banco Central entre 1976 e 1997, parte da legislação e
das normas regulamentares foi alterada com a finalidade de combater as irregularidades
praticadas por meio do sistema.
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CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA │ UNIDADE II
Em 2007 o artigo 5o da Lei no 11.638 passou a exigir que os órgãos públicos contratem
contadores externos para auxiliar a condução do trabalho legal a eles atribuído.
Existe, porém, uma discrepância entre as normas praticadas pelo Conselho Federal de
Contabilidade e as regras exigidas aos contadores que atuam no Sistema Financeiro
Nacional (SFN).
Hoje em dia qualquer pessoa com acesso à internet consegue efetuar compras de
produtos chineses que oferecem preços muito mais interessantes e recebê-los no
endereço que escolherem.
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UNIDADE II │ CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA
Outra forma muito utilizada e conhecida pelos brasileiros de se cometer fraudes pelas
fronteiras é pelo cruzamento da Ponte da Amizade, fronteira entre Brasil e Paraguai.
Diz-se que brasileiro tem sempre um jeitinho próprio de conseguir resolver suas
questões. Triste mesmo é tomar consciência que esse jeitinho brasileiro sempre envolve
meios não tão corretos e, por vezes, não tão lícitos.
Brasileiro busca vantagem nos negócios e uma boa forma de obtê-la é comprando barato
e lucrando na venda, sendo pelo lucro embutido no valor final e também pela falta de
emissão de notas fiscais dessas movimentações.
Além disso, há o fato de não serem respeitadas as regras estabelecidas pela Secretaria
de Receita Federal do Brasil que definem uma cota ou limite de isenção de US$ 300
tanto para quem volta por via terrestre como de avião saindo de Foz do Iguaçu.
Essa cota só pode ser utilizada de 30 em 30 dias e é pessoal e intransferível, não sendo
possível juntá-las entre pessoas da mesma família, por exemplo, para aumentar o limite.
O que ultrapassar esse valor será taxado, consequentemente, em 50% sobre o que
ultrapassar os US$ 300.
Não entram na cota, porém, itens considerados como pessoais tais como celular, câmera,
artigos de higiene e beleza, roupas, calçados, maquiagens, porém em quantidade que
não caracterize comércio.
O que acontece na prática, porém, e que assistimos nos noticiários, são os sacoleiros que
cruzam as fronteiras com mercadorias sem notas, pessoas que não declararam alguns
itens que deveriam tê-lo feito, mercadorias escondidas em porta-malas de carros ou
ônibus, enfim, o jeitinho brasileiro de sempre tentar lucrar mais, de alguma forma, nem
que essa forma não seja por um meio correto.
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CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA │ UNIDADE II
É aí que mora o perigo. A princípio não se está fazendo nada de mal. Não se está lesando
ninguém. Mas será mesmo?
Para as empresas, por outro lado, também houve uma facilitação e diversos benefícios
advindos desse processo de globalização. O capital pode ser empregado onde há uma
maior rentabilidade e onde os tributos e a fiscalização são mais brandos.
Mão de obra barata e rápida passou a ser exportada e os custos de produção passaram a
ser mais baixos e os preços finais mais competitivos. Aliás, esse movimento fez crescer
a oferta e acirrar a competição entre produtos e serviços.
Por outro lado, pode-se elencar consequências negativas também geradas em razão
de todos esses benefícios: o crime organizado, paraísos fiscais, tráfico de pessoas, de
mercadorias, de entorpecentes e órgãos, e de baixos salários. Referidas características
tornam-se mais presentes entre os países emergentes, onde há um grau maior de
dependência com países desenvolvidos, além de um menor conhecimento sobre outras
formas de sobrevivência.
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CAPÍTULO 2
Por que as fraudes são cometidas?
A motivação das fraudes vem em um segundo momento, a qual veremos tão logo
compreendamos como funciona o mercado da competição.
A diferenciação faz com que os clientes escolham seus produtos e/ou serviços entre
tantos outros oferecidos. Essa diferenciação é o que caracteriza vantagem competitiva.
São características que, segundo os clientes, entregam mais valor.
Vejamos: para uns, vantagem é entrar em uma loja e ser muito bem atendido,
independente do preço do que está adquirindo. Como atendimento é algo muito pessoal,
e nem sempre um potencial dentro das empresas, bom atendimento passa a não ser
visto como obrigação inerente e sim um diferencial.
Para outros, a vantagem buscada é o melhor preço. Desta forma, há aqueles que não
se importam com a marca do arroz uma vez que o que procuram é saciar sua fome e de
seus familiares.
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CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA │ UNIDADE II
Há, ainda, aqueles que não buscam vantagem, mas apenas um consumo mais barato
pela sua condição financeira.
Então, o mercado está aberto para que as empresas definam seu público-alvo e, desta
forma, desenvolvam esses diferenciais direcionados àqueles clientes que precisam
enxergá-las como vantajosas.
Podemos dizer que reconhecimento é o que faz com que os clientes, na hora do consumo,
busquem pelos produtos/serviços de uma determinada empresa porque a reconhecem
como a melhor.
Deve-se observar que a vantagem de uma empresa precisa ser absoluta. Se a vantagem
oferecida pela empresa pode ser, de alguma forma, substituída pela vantagem de outra
empresa, sem grande prejuízo do resultado, essa vantagem é neutralizada. Da mesma
forma, a vantagem oferecida precisa ser constante e duradoura para se firmar como
única a ser escolhida pelos clientes.
Então, por exemplo, de nada adianta um restaurante abrir suas portas com uma
carta de vinhos completa e extensa pensada estrategicamente e cuidadosamente para
harmonizar com cada um dos pratos oferecidos pela casa e, depois de um curto espaço
de tempo não ter condições ou interesse em manter todos os rótulos do cardápio quer
seja pelo custo de aquisição, pela falta de espaço de armazenamento ou pela pouca
saída de alguns.
De acordo com o exposto no mesmo site, são necessários 4 passos para serem praticados
sempre afim de obter essa vantagem:
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UNIDADE II │ CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA
Para ter e manter uma vantagem competitiva você precisa ser único ou diferente. Para
você ter essa garantia fique de olhos bem abertos sobre os concorrentes. Se possível,
tenha amigos ou conhecidos de confiança que sejam clientes dos seus mais importantes
concorrentes para detectar antecipadamente possíveis diferenciações, cópias ou
substituições que estejam sendo preparadas por eles.
Outra forma de estar a par das práticas dos concorrentes é contratar consultorias
especializadas no levantamento de informações relacionadas ao mercado no qual atua.
Essa prática é chamada de benchmark e é uma excelente ferramenta para que uma
empresa possa verificar sua posição e suas práticas em relação ao mercado.
Faça a diferença
»» copiar;
»» inovar;
»» revolucionar.
A cópia é o que os seus concorrentes tentam fazer com a sua vantagem competitiva.
Quando você atua na inovação, na melhoria contínua do seu diferencial, você busca
manter a distância dos seus concorrentes, ou ampliar esta distância.
Se você é único na sua oferta ao mercado, se só você oferta esse serviço ou produto, ou
característica destes, é porque você foi um revolucionário. Após a sua revolução você
pode melhorar continuamente o seu serviço e cair na inovação, ou providenciar uma
nova revolução (difícil, mas desejável).
Já que você tem “Reconhecimento” no mercado por ser único ou diferente, por você ter
uma vantagem competitiva, anuncie, divulgue, publique, faça das tripas coração, mas
faça chegar ao ouvido, ao âmago do seu cliente potencial que você tem esse bendito
diferencial.
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CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA │ UNIDADE II
Faça com que o seu público alvo saiba, experimente, veja, saboreie, absorva, vibre, mate
o desejo com a sua vantagem competitiva, com esse diferencial que você tem, que é a
razão da escolha dos seus clientes por você.
Ponha o seu bloco na rua e anuncie aos quatro ventos, sem vergonha de ser feliz e sem
medo do sucesso.
Há que se fazer presente na mente e no coração dos clientes. Sua vantagem tem que ser
realmente “contagiante e contaminante” para preencher a mente e vir à lembrança dos
clientes. Conquiste pela razão e pela emoção já que alguns clientes agem racionalmente
enquanto outros tomam decisões de compra baseadas em situações de alegria ou
tristeza.
Cumpra o prometido
Cuide para que o anunciado seja entregue. Sempre! Como disse Yoda, no filme “O
Império Contra-Ataca”:
Por que esse enunciado deve ser cuidadosamente observado? Porque o custo das
escolhas é determinante para a escolha da estratégia de atuação de uma pessoa, de uma
empresa, de um governo.
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UNIDADE II │ CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA
Relações ganha-ganha
Segundo o Sebrae Nacional, esse tipo de relação significa que a negociação tem uma
característica incomum: ninguém perde, todos ganham. É o que se pode dizer, por
exemplo, da relação ideal entre uma empresa e seu fornecedor, entre uma pessoa e
uma empresa, entre o governo e uma empresa, entre um governo e outro, ou seja, nas
relações em geral.
Para entender melhor, vamos comparar com dois jogos: o tênis e o frescobol. O tênis é
uma relação ganha-perde. Quando a bolinha cai no chão e fora do local, faz-se ponto.
Alguém tem de ganhar, um jogador será o ganhador e o outro necessariamente será o
perdedor.
Já o frescobol não tem essa característica. É que para se ganhar o jogo, não podemos
deixar a bolinha cair no chão – os dois jogadores ganham. A ideia e a ação do frescobol
são totalmente opostas ao tênis: “Somos bons se tivermos nivelados e juntos, nos
ajudando mutuamente, em um verdadeiro trabalho em equipe”.
As relações ganha-ganha, então, são relações do tipo frescobol. Esse tipo de relação é
saudável para ambas as partes e a cooperação, a clareza e as conversas francas para
exprimir pontos de vista são fatores preponderantes para o resultado.
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CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA │ UNIDADE II
Para uma correta tomada de decisão sobre como atuar, onde, por quanto tempo, a
qual custo, de onde se deve contratar a mão de obra, qual a necessidade de investir
capital, onde fazer esse investimento, qual o melhor momento para injetar capital,
quando trocar maquinário, como conduzir a vida financeira de uma instituição assim
como todas as outras decisões que dizem respeito ao negócio, devem se basear em uma
análise prévia chamada SWOT.
Considera-se ambiente externo todos os fatores e atores externos que estão direta ou
indiretamente relacionados a uma organização. Exemplos: sociedade, governo, outros.
Entende-se por ambiente interno todos os fatores e atores que estão dentro de uma
organização e que têm implicação imediata e específica em sua administração.
Uma empresa deve sempre optar por atuar nas áreas em que possui maior competência/
capacidade, identificando seus pontos fracos, pontuando-os e trabalhando para
corrigi-los.
Para que possa, então, executar uma boa gestão e efetuar seu planejamento estratégico,
a empresa deve proceder à sua análise SWOT:
33
UNIDADE II │ CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA
Figura 1.
Faz-se importante salientar que os valores, a cultura e tudo o que acontece no ambiente
interno das empresas influencia seu modelo de governança corporativa.
A governança corporativa é uma prática de gestão que cria valor para a companhia,
facilita seu acesso ao capital e contribui para sua perenidade.
34
CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA │ UNIDADE II
Figura 2.
Fonte: <http://www.ocoruja.com/index.php/2009/analise-swot-cirque-du-soleil/>
Conhecido mundialmente como o melhor circo, aquele que move multidões dispostas
a pagar pequenas ou às vezes grandes fortunas para assistir cada um dos vários
espetáculos apresentados pela trupe.
Por que esse circo se difere de todos os outros? O que faz com que as pessoas
aguardem ansiosamente pela liberação da compra de ingressos meses antes da
estreia do espetáculo no país?
A resposta é simples: o Cirque du Soleil é uma empresa, sim, uma empresa que, ao
longo dos anos, com sua estratégia muito bem definida, obteve Reconhecimento!
35
UNIDADE II │ CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA
Analisando a matriz desenhada por eles, podemos perceber como eles dividem muito
claramente o que querem manter, o que precisam eliminar e/ou reduzir, além de
trabalhar fortemente em seu carro-chefe: a criação.
A partir desta análise todas as estratégias podem ser desenhadas para o atingimento
dos objetivos.
Isso quer dizer que o tráfico de animais utilizado no passado pelos outros circos
concorrentes não representa problema para eles. Construíram, desta forma, uma
vantagem baseada em movimentos precisos aliados à música e a aposta rendeu e ainda
rende todo o sucesso experimentado por eles. Foram Revolucionários! Não há, ainda,
quem seja páreo para eles. Outros circos podem estar em estágio de evolução/inovação,
mas ainda não representam concorrência direta e não abalam a supremacia do grande
circo.
Os espetáculos do circo são patrocinados por empresas as quais, por vezes, se utilizam
de incentivos fiscais para tal movimento.
No Brasil, ao longo dos anos o circo vem sendo patrocinado primordialmente pelo
banco Bradesco.
Figura 3.
Fonte: <https://www.neogamabbh.com.br>
36
CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA │ UNIDADE II
Por meio de renúncia fiscal o governo brasileiro criou a Lei Rouanet - Lei Federal de
Incentivo à Cultura. Por ela, as empresas que apuram lucro real podem descontar até
4% de seu Imposto de Renda devido, enquanto as pessoas físicas podem abater até 6%
do imposto devido para aplicar em projetos culturais pré-aprovados pelo Ministério da
Cultura.
Há os que digam que essa prática nada mais é do que, como diz o ditado popular: “fazer
graça com o chapéu dos outros”. O chapéu, nesse caso, seria o chapéu do governo,
representado aqui pela renúncia fiscal, o “perdão” de parte de seu recolhimento para
promover atividades culturais.
Após o depósito, a entidade ou pessoa que propôs o projeto emitirá um recibo e envia
ao patrocinador, sendo que este servirá como comprovante para que a renúncia fiscal
se efetue.
Como e onde poderia haver fraude nas outras etapas desse processo?
37
UNIDADE II │ CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA
Porém, conforme regra estabelecida pela Receita Federal do Brasil (RFB), os tributos
incidem sobre esse lucro fazendo com que, quanto maior for o lucro, maior seja o
montante cobrado pelos governos (federal, estadual e municipal) sobre as transações
que geram o lucro.
Figura 4.
Fonte: <http://www.exactus.com.br/empresa-de-contabilidade/sistema-contabil>
Atenção máxima e muito conhecimento técnico é exigido deste profissional que deve
conhecer minunciosamente a legislação aplicada em cada tipo de empresa e/ou produto
bem como do mercado para onde seus produtos/serviços se destinam (nacional/
internacional).
Cada produto ou serviço praticado em um determinado local, para outro local, implica
em movimentações que precisam ser transcritas, escrituradas de forma legal para que
38
CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA │ UNIDADE II
se saiba exatamente e com rastreabilidade tudo o que ocorre dentro da empresa e tanto
os acionistas quanto a fiscalização tenham fácil acesso a essas informações quando
queiram consultá-las.
Como almoço não sai de graça, o trabalho de um especialista tem um custo que, nesses
casos, pode ser considerado alto e, portanto, dispensável.
Nem sempre a fraude é ocasionada como forma de burlar o sistema legal. Em casos
como esses em que a pequena empresa opta por conduzir sua contabilidade de forma
interna e independente, a falta de conhecimento técnico-especializado pode fazer com
que erros sejam cometidos e o “retrato” final não corresponda, de fato, à realidade.
Isso quer dizer que: se uma empresa vende uma tonelada de grãos que devem ser
transportados de São Paulo para Goiânia, toda a documentação e todo o processo deve
ser conduzido com base nessa informação.
Se, por algum descuido, informa-se que a venda foi de 900 kg de grãos, todos os cálculos
em cima dessa informação representarão uma fraude. Entre eles estão: preço final de
venda, valor do transporte e do seguro, impostos tais como ICMS.
Se o fato ocorreu por descuido ou falta de informação de quem o pratica, chama-se esse
tipo de fraude de acidental, com culpa, porém sem dolo.
Fraude é todo artifício malicioso que uma pessoa emprega com intenção de transgredir
interesse de terceiros, sendo claramente observada a presença da má-fé.
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UNIDADE II │ CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA
Para cada tipo e medida de pneu deve-se registrar uma licença diferente no Siscomex
(Sistema Integrado do Comércio Exterior). Dessa forma, as licenças para pneus de
carga e de passeio são enquadradas em itens diferentes.
Dentro de cada uma dessas categorias há, ainda, a divisão de NCM (Nomenclatura
Comum do MERCOSUL – utilizada para parametrizar produtos e serviços da mesma
classe com suas características e, consequentemente, os deveres legais a eles atribuídos).
Passando por essa situação diversas vezes no dia, e contando com a sorte do sistema
manter-se no ar, certo dia, depois de várias tentativas de sucesso e insucesso, um erro
foi cometido sem que fosse percebido.
O fiscal observou, então, que uma das licenças apresentada para uma determinada
medida de pneu de caminhão estava com a descrição escrita correta, valores e medidas
corretas, porém com a classificação feita para pneus de passeio.
O importador teve que recolher a diferença de tributos e foi multado em R$ 10 mil (dez
mil reais).
40
CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA │ UNIDADE II
O fiscal avaliou que o erro não havia sido cometido com a finalidade de prejudicar
o recolhimento de impostos, e sim por descuido causado pelo cansaço e excesso de
trabalho.
De qualquer forma, o sinal de alerta já ficou aceso nos próximos processos feitos pelo
importador.
Por esse motivo o importador foi enquadrado como erro e não como fraude. Desta
forma, não houve crime.
E o Predador?
De acordo com o artigo, a estimativa total de transações questionáveis era entre US$
100.000,00 e US$ 500.000,00. Em janeiro de 2006, Coughlin declarou-se culpado de
41
UNIDADE II │ CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA
crime de fraude eletrônica e evasão de impostos fiscais por desvio de dinheiro, cartões
de presentes e mercadorias do Walmart.
Traçando um perfil médio entre cada tipo de fraudador, pode-se ter, como informações
gerais, o seguinte:
Fraudador acidental:
»» de meia-idade;
»» bem-educado;
Visto como uma boa pessoa, correta e cumpridora de seus deveres, dificilmente é visto
como potencial fraudador. As pessoas acreditam que deve haver uma motivação muito
determinante que justifique sua atitude.
Uma fraude acidental cometida mais de uma vez já não pode mais ser considerada
acidental. A continuidade de atos fraudulentos caracteriza uma ação predatória de um
fraudador patológico.
Existe uma linha muito fina entre um acidental e um predador. Isso porque uma vez se
beneficiando do esquema sem ser descoberto e desfrutando dos ganhos obtidos com a
ação, o acidental passa a repetir seu comportamento para cada vez mais obter ganhos
(ego/ganância).
Como características básicas pode-se dizer que os predadores são indivíduos focados,
organizados, frios, arrogantes, capacitados e geralmente muito bem preparados para
lidar com auditores e demais mecanismos antifraude.
42
CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA │ UNIDADE II
Nos Estados Unidos, entre 2008 e 2002 houve um incremento de 65% no montante
desviado pelas empresas.
»» motivação;
»» modus operandi;
»» perfil;
Mas e no caso da fraude cometida por uma pessoa honesta por natureza que pratica
uma ação que sabe errada?
O triângulo da fraude
Essa teoria parte da visão do fraudador e tem 3 pontas distintas: oportunidade percebida,
pressão percebida e racionalização.
Figura 5.
Fonte: <www.brasiliano.com.br>
43
UNIDADE II │ CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA
Com relação à pressão percebida ela nem sempre representa amplamente a motivação
do fraudador. Questionando indivíduos fraudadores sobre a razão de não terem
fraudado anteriormente, as respostas foram mais ou menos:
“Antes eu achava que era desonesto, mas desta vez, no início não parecia
tão desonesto”.
E o que significa não ter havido necessidade prévia como tem agora, e que justifica tal
atitude?
Tais problemas iam desde escassez súbita de recursos, passando pela vida acima dos
padrões financeiros, ganância, pouca disponibilidade de crédito e/ou incapacidade de
obtenção de crédito, despesas médicas inesperadas e significativas, grandes despesas
com educação, família ou a pressão dos colegas, perdas por apostas ou jogo, custo e
falta de produtividade devido a drogas ou álcool, e custo de casos extraconjugais.
Ou seja, o desespero toma conta do indivíduo e ele considera que “o fim justifica os
meios” – Maquiavel.
44
CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA │ UNIDADE II
Importante salientar que a cultura deve ser transmitida e disseminada pelas camadas
da gestão da empresa, ou seja, o “topo” deve servir de exemplo aos outros. A cultura
ética deve ser inerente ao processo de governança corporativa da empresa, fazer parte
de seus valores.
Isso ocorre porque a racionalização do crime, sua motivação e suas justificativas são
pensadas (racionalizadas) pelo indivíduo.
Pela pressão que a pessoa sofre, conforme vimos antes, ele mesmo se justifica e se
desculpa não considerando sua ação como prática de crime.
Um exemplo desse tipo de pensamento é: “Só vou pegar emprestado por um tempo.
Ninguém vai perceber. Assim que eu receber meu salário reporei e tudo ficará como
dantes. Ninguém sairá prejudicado e conseguirei resolver meu problema. Minha família
precisa que eu faça isso.”
Você seria capaz de cogitar praticar ou cometer uma fraude se alguém de sua
família estivesse com um problema de saúde?
45
UNIDADE II │ CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA
Quanto às outras duas pontas, a empresa nada pode fazer uma vez que estas ocorrem
internamente no indivíduo.
O diamante da fraude
Essa capacidade é o que demonstra o lado pessoal do indivíduo que faria com que ele,
de fato, diante dos outros três acontecimentos ou de algum deles tenha a capacidade/
habilidade de cometer a fraude.
Ainda segundo esses autores, quatro são as características observáveis que poderiam
levar ao cometimento da fraude:
» Confiança (ego) que não será detectado, ou, se for pego, que se safará do
problema.
» Capacidade de lidar com o stress criado dentro de uma pessoa boa que antes
agia de outra maneira, com outra pessoa que comete maus atos.
O modelo DICE
46
CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA │ UNIDADE II
E o que pode passar na mente do fraudador para que ele reavalie sua intenção
de planejar, cometer ou repetir uma ação fraudulenta?
Qual é o maior medo do bandido? Ser descoberto e preso. Assim também acontece com
o fraudador, que é um criminoso.
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CAPÍTULO 3
Por quem as fraudes são cometidas?
Fraudes podem ser cometidas por qualquer indivíduo, seja ele público ou privado,
pessoa física ou jurídica.
Pessoas jurídicas
Dentro das empresas, os lançamentos contábeis são efetuados pelos funcionários de
diversas áreas, pessoas nem sempre conhecedoras da legislação contábil, ficando o
contador geral e seus auxiliares diretos incapazes de vistoriar todos os lançamentos,
em razão do volume.
Por esse motivo são contratados os auditores. Cabe a eles fazer a varredura dos
lançamentos e solicitar as devidas correções. Esse trabalho pode ser conduzido tanto
por um departamento de auditoria interna (Compliance Office), pela contratação de
empresas de auditoria externa ou por ambos, conforme vimos anteriormente.
Durante muitos anos prevaleceu a ideia de que apenas indivíduos podem cometer delitos
e, então, receberem uma sanção penal. Desta forma, entendia-se que pessoas jurídicas
não poderiam ser penalizadas uma vez que quem comete o crime é uma pessoa física
em nome ou dentro da pessoa jurídica para a qual trabalha.
No Brasil, pela análise da Constituição Federal de 1988, nos artigos 173, § 5o, e 225,
§ 3o, vislumbra-se a possibilidade de punição criminal para pessoas jurídicas, o que veio
a ser também reconhecido, expressamente, no artigo 3o da Lei no 9.605/1998.
Teoria da ficção
Criada por Friedrich Carl von Savigny, um dos mais respeitados e influentes juristas
alemães, a Teoria da Ficção versava que a pessoa jurídica tem uma existência meramente
fictícia, é um ente abstrato, não possuindo, assim, vontade própria, consciência,
de forma que eventual responsabilidade por atos criminosos seria apenas de seus
membros. Condenar a pessoa jurídica seria condenar todos os seus membros, culpados
ou inocentes.
Teoria da realidade
Tendo como precursor o jurista alemão Otto Gierke, sustenta que a pessoa jurídica é
uma verdadeira realidade, possuindo vontade e capacidade de deliberação e, portanto,
passível de responsabilidade criminal.
Segundo ele, a empresa nada mais é do que a soma da vontade de seus membros, por
deliberações e votos.
Bom, há os que digam que essa afirmação só funciona na teoria já que na prática não
há parametrização para avaliação dos balanços patrimoniais publicados. Diversas
vezes, ainda, o balanço é elaborado por pessoas que não possuem especialização e
conhecimento técnico no assunto. Existem, ainda, contadores e auditores direta ou
indiretamente ligados às fraudes contábeis e manipulação de dados do balanço. Muitos
desses profissionais alegam que são obrigados a proceder à fraude com a pena da perda
do emprego caso não o faça.
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UNIDADE II │ CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA
Há auditores que agem de acordo com as ordens dos executivos que os contrataram e
não pelo interesse dos acionistas, donos das empresas. Outra possibilidade é a conduta
de fazer “vista grossa” aos erros devido a sua participação na trama.
Sem contar as diversas empresas fantasmas que abriram capital na bolsa de valores
no Brasil na década de 1970, atraíram investidores com apresentação de lucros
espetaculares e desapareceram subitamente.
Havia, ainda, a manipulação de preços das ações na Bolsa de Valores. Para reprimir
esse tipo de fraude foi sancionada, em 1989, a Lei no 9.713 que dispunha sobre a Ação
Civil Pública de Responsabilidade por Danos Causados aos Investidores no Mercado de
Valores Mobiliários.
Vide:
<http://cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=lei7913>.
Naquela época os dólares eram vendidos para não residentes que mantinham no Brasil
contas chamadas de CC5 (regulamentas pelo Decreto Presidencial no 55.762/1965 e
que previam a livre movimentação de recursos trazidos do exterior os quais seriam
50
CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA │ UNIDADE II
A malha fina da Receita Federal (RFB) é responsável por verificar, por amostragem e, de
um tempo para cá, por cruzamento de dados de planos de saúde, médicos e instituições
de ensino, por exemplo, o real valor e existência de tais lançamentos.
Outra forma de contribuição para as fraudes é a não exigência de nota fiscal para
produtos e serviços adquiridos, por menor que sejam os valores e, por vezes, ainda
combinar um valor menor para que se pague à vista, sem emissão de nota.
Não emitindo nota e não dando entrada no valor recebido no movimento de caixa nem
o contador é capaz de detectar a fraude executada pela empresa.
Governo e as fraudes
Há todo momento ouvimos no noticiário as fraudes cometidas em entidades
governamentais brasileiras.
As investigações estão sendo conduzidas por pela Polícia Federal e pelo Ministério
Público Federal. A Polícia Federal estima em R$ 19 bilhões o prejuízo na estatal.
51
UNIDADE II │ CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA
Essa é apenas uma das fraudes ocorridas dentro de órgãos dos governos federal,
estaduais e municipais, sobre as quais tomamos conhecimento.
52
CAPÍTULO 4
O surgimento dos paraísos fiscais
As fraudes para manipulação de dados contábeis são antigas. Porém, com o aparecimento
dos paraísos fiscais, o avanço da tecnologia e uma crescente negociação de capitais nas
bolsas de valores, a frequência e o volume de fraudes sofreu um incremento.
A lavagem de dinheiro por pessoas físicas era feita por meio da obtenção de lucros no
Sistema Financeiro Nacional. Desta forma, justificavam seu acréscimo patrimonial.
Já as empresas desviavam seus recursos para o tão conhecido “Caixa Dois”.
Foi durante o mandato de Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos entre os anos
1981 e 1989 que os paraísos fiscais se tornaram públicos. Isso aconteceu porque nessa
época foi aprovada no Congresso Americano uma lei que diminuía a tributação sobre
lucros obtidos no exterior.
Trata-se de locais onde quase não há burocracia para abertura de empresas e onde o
direito internacional, o qual investiga a lavagem de dinheiro, não é aplicado.
53
UNIDADE II │ CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA
Nesses lugares são criadas as “contas fantasmas” para onde são canalizados diversos
recursos adquiridos de forma ilícita, incluindo, dentre outros, dinheiro advindo do
tráfico de drogas, desvios de dinheiro público, terrorismo, além do fato de que muitas
empresas abriram filiais nesses locais para facilitar essas transações, evitando o
recolhimento de impostos.
Alguns dos paraísos fiscais mais conhecidos mundialmente são: Ilhas Cayman, Bahamas,
Bermudas, Suíça, Mônaco, Luxemburgo.
Em 2012 o jornal Wall Street publicou a descoberta de que dos lucros de 60 grandes
empresas americanas, 40% estavam abrigados em paraísos fiscais e eram provenientes
de fraudes tributárias.
54
CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA │ UNIDADE II
Uma forma frequente de praticar lavagem é por intermédio de doleiros que remetem o
dinheiro, em espécie, para paraísos fiscais e depois o reintegram na economia formal
como se fossem investimentos externos.
Figura 6.
Fonte: <http://democraciapolitica.blogspot.com/2012/07/paraisos-fiscais-e-privataria-tucana.html>
Formado em 1989 pelo G-7, o Financial Action Task Force on Money Laundering
(GAFI) é um organismo intergovernamental cujo objetivo é desenvolver e promover
uma resposta internacional para combater lavagem de dinheiro.
55
UNIDADE II │ CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA
Diz a lenda que Al Capone teria comprado, em 1928, em Chicago, uma cadeia de
lavanderias (laundromats), da marca Sanitary Cleaning Shops e que, por meio dela,
fazia depósitos bancários de notas de baixo valor nominal, habituais nas vendas de
lavanderia, mas que, na realidade, eram resultantes do comércio de bebidas alcoólicas e
de outras atividades criminosas como a exploração da prostituição, do jogo e a extorsão.
De fato, a expressão “laundering” aparece pela primeira vez no jornal inglês Guardian e
populariza-se nos anos 1970, no Caso Watergate. Um informante, batizado de “Garganta
Profunda” (William Mark Felt), aconselhou o repórter Bob Woodward, do Washington
Post: “- Siga o dinheiro”. O Comitê de Reeleição do então Presidente dos Estados
Unidos, Richard Nixon, envolvera-se em transações financeiras que direcionavam
fundos ilegais de campanha para o México e depois de volta para os Estados Unidos,
através de uma companhia em Miami.
Caixa dois
Falando em lavagem de dinheiro há que se adentrar o tema caixa dois. A expressão
“caixa dois” refere-se a recursos financeiros não contabilizados e não declarados aos
órgãos de fiscalização competentes do Poder Executivo.
O caixa dois é utilizado por algumas empresas, que deixam de emitir ou emitem notas
fiscais com valor menor ao da transação realizada, para que sejam devidos menos
tributos. Desta forma, ao declarar os valores das notas fiscais aos órgãos fiscalizadores,
apuram menos tributos a recolher ao erário. A diferença constitui o caixa dois,
“esquecimento do Contador da Empresa”. Com a multa e o juro, essa diferença deverá
ser paga ao erário público.
Ou seja, caixa dois é um dos instrumentos utilizados para sonegação fiscal, que é crime
financeiro (técnico-financeiro no Brasil), com pena prevista na Lei no 7. 492 de 16
de junho de 1986, quando cometidos no âmbito financeiro. De forma mais ampla,
aplica-se o artigo 1o da Lei no 8.137 de 1990 para relações tributárias, econômica e de
consumo. A reclusão pode variar de um a cinco anos, e multa.
Doleiro
A figura do doleiro é comum nos países com um rígido controle cambial e rara nos
países com uma moeda plenamente conversível. No Brasil existe controle cambial e
é proibido o livre curso de moedas estrangeiras, isto é, as pessoas físicas ou jurídicas
só podem comprar ou vender moedas estrangeiras nos estabelecimentos legalmente
autorizados pelo Banco Central do Brasil a operar no mercado de câmbio.
57
UNIDADE II │ CONTABILIDADE FORENSE NA PRÁTICA
As vítimas mais comuns são empresas com “caixa dois” e trading companies. Uma vez
entregue o dinheiro (no Brasil ou no exterior, em espécie ou por meio de transferências
ou depósitos) para a suposta operação de câmbio, o intermediário ou doleiro
simplesmente desaparece ou alega problemas, fiscalizações, ações policiais (falsas),
bloqueios, desvios, para não cumprir o combinado e ficar com o dinheiro.
As eventuais reações da vítima são obviamente dificultadas pelo fato de que ela estava
conduzindo uma operação ilegal (evasão de divisas e/ou, possivelmente, até lavagem
de dinheiro) e, portanto qualquer denúncia ou ação oficial pode, facilmente, levar a um
envolvimento criminal da própria vítima.
58
PREVENÇÃO
E DETECÇÃO UNIDADE III
DE FRAUDES
CONTÁBEIS
CAPÍTULO 1
Prevenção e detecção
59
UNIDADE III │ PREVENÇÃO E DETECÇÃO DE FRAUDES CONTÁBEIS
Ao cliente cabe cobrar, mensalmente, o balancete contábil para que possa fazer o
acompanhamento dos tributos, operações bancárias, e todas as movimentações.
Versam, também, sobre o sigilo das informações privilegiadas, que cada função tem
código de vestimenta, relações de parentesco, dentre muitas outras questões.
O Código de Ética e Conduta deve sempre trazer um canal de denúncia que garanta
o anonimato para casos de suspeita ou verificação de fraudes e qualquer outro tipo
de crime cometido pelos membros da empresa (por exemplo: assédio moral, assédio
sexual, conduta ilegal por atuação como porta-voz da empresa, entre outros).
Outra forma de prevenir e coibir práticas fraudulentas nas empresas é por intermédio
da formação de um comitê de risco que, além de constantemente verificar os riscos
financeiros e estratégias referentes ao negócio, estabelece a sistemática de causas que
podem culminar em fraudes.
60
PREVENÇÃO E DETECÇÃO DE FRAUDES CONTÁBEIS │ UNIDADE III
Figura 7.
De acordo com a apresentação feita pelo Instituto dos Auditores do Brasil, deve-se
definir pesos pelo grau de importância/impacto das fraudes.
Figura 8.
61
UNIDADE III │ PREVENÇÃO E DETECÇÃO DE FRAUDES CONTÁBEIS
Desta forma, busca-se prever a lógica das fraudes como, por exemplo, de elas onde
podem proceder, quem tem o perfil pessoal ou executivo de cometê-las, em que situação
podem ser cometidas.
Estabelecida essa lógica com base no estudo da realidade da empresa, há que se montar
um esquema de monitoramento.
Figura 9.
Provas
Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob
qualquer pretexto, pode fazer ou ordenar que se faça diligência para verificar se a
empresa observa as formalidades previstas em lei.
Por exemplo, as fraudes nos cartões de crédito estão sendo cada vez mais monitoradas
pelas instituições financeiras por meio da identificação de padrões incomuns de gastos.
Cada neurônio participa de uma rede formada para o cálculo progressivo do valor
final da pontuação referente à probabilidade de fraude conforme os valores (pesos)
de cada neurônio. Os valores de pesos de cada neurônio são determinados a partir de
treinamentos interativos da rede neural.
63
UNIDADE III │ PREVENÇÃO E DETECÇÃO DE FRAUDES CONTÁBEIS
Trata-se de um sistema de dados de clientes que atua por filtro, classifica de acordo
com o nível de desconfiança e inspeciona para as anomalias. Tais anomalias incluem
aumento repentino e substancial dos fundos ou a retirada de grande porte.
Tanto nos Estados Unidos quanto no Canadá, todas as transações de US$ 10.000
ou mais devem ser comunicadas. Operações menores que satisfazem determinados
critérios podem também ser sinalizadas como suspeitas, como, por exemplo, uma
pessoa que deposita quantias menores diversas vezes em um breve período de tempo
para despistar um depósito de uma grande quantia única.
Legislação pertinente
A respeito da legislação brasileira sobre o tema pode-se consultar:
64
PREVENÇÃO E DETECÇÃO DE FRAUDES CONTÁBEIS │ UNIDADE III
A Lei no 4.729 de 1965 especifica os crimes que envolvem a contabilidade criativa bem
como as penalidades previstas:
65
UNIDADE III │ PREVENÇÃO E DETECÇÃO DE FRAUDES CONTÁBEIS
Se o crime ocorrer durante o período de apuração do imposto, mesmo que o ano não
tenha encerrado, e este for verificado pela autoridade tributária, o contribuinte ficará
sujeito à multa em valor igual à metade da receita omitida ou da dedução indevida,
lançada e exigível (RIR/1999, artigo 981).
66
PREVENÇÃO E DETECÇÃO DE FRAUDES CONTÁBEIS │ UNIDADE III
Uma vez tomando conhecimento de qualquer dos crimes citados acima, tanto o
Banco Central quanto a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deverão informar ao
Ministério Público Federal enviando os documentos comprobatórios necessários.
67
RESPONSABILIDADE E
PAPEL DO CONTABILISTA UNIDADE IV
FORENSE
CAPÍTULO 1
A responsabilidade solidária do
contabilista e seu papel como
contabilista forense
Segundo De Plácido e Silva, in Vocabulário Jurídico, V III, Forense, 11. ed., p. 431:
De acordo com o art. 1.182 do Novo Código Civil, a escrituração ficará sob a
responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na
localidade. No exercício de suas funções, os prepostos (contabilistas) são pessoalmente
responsáveis, perante os preponentes, pelos atos culposos e, perante terceiros,
solidariamente com o preponente, pelos atos dolosos.
68
RESPONSABILIDADE E PAPEL DO CONTABILISTA FORENSE │ UNIDADE IV
Mediante a instituição desta lei o contabilista passou a assumir, junto ao seu cliente, a
responsabilidade por atos dolosos, perante terceiros (de qualquer natureza jurídica).
O Código Civil institui que no caso de o erro ter sido cometido de forma involuntária,
por imperícia, o profissional responde pelo cometimento do erro diretamente ao cliente
que o contratou. Porém, se ficar provado que o profissional tinha conhecimento ou o
provocou deliberadamente ao publicar o balanço, então responderão ele e o cliente à
justiça e demais entidades.
Por esse motivo, faz-se cada vez mais importante uma relação de parceria transparente
e organizada entre cliente e contador/auditor para evitar que erros que venham a
configurar fraude sejam cometidos e um seja penalizado pelo erro do outro.
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UNIDADE IV │ RESPONSABILIDADE E PAPEL DO CONTABILISTA FORENSE
À auditoria independente cabe, por princípio, emitir opinião sobre a adequação das
demonstrações contábeis de acordo com a legislação.
Em verificando a existência de erro ou fraude cabe aos auditores internos e/ou externos
comunicar a administração da entidade e emitir relatório sobre a detecção, inclusive
sugerindo correções.
Por sua corresponsabilidade, o auditor/contador deve fazer seu controle com muito
rigor a fim de se obter evidências e emitir opinião a respeito da correição e legalidade
dos controles internos.
O auditor pode operar por meio de questionários que sirvam de roteiro para realizar suas
avaliações. Tais avaliações devem incluir, dentre outras, questões como a competência
da administração, sua política de recursos humanos, a existência de segregação de
funções, principalmente no que tange à autorização, execução, registro e contabilização
de transações.
As fraudes podem existir em qualquer uma das fases do processo. Alguns exemplos
de questões corriqueiras que podem tornar-se problemas sem que sejam facilmente
percebidos porque se dissolvem nas questões do dia a dia:
Uma vez que as fraudes podem contar ou não com a participação do contador, este deve
estar sempre muito atento a tudo o que acontece dentro da empresa. Seu conhecimento
precisa ser muito amplo porque não há como restringir-se apenas às questões
relacionadas aos cálculos puros.
O contador precisa entender sobre legislação trabalhista para verificar, por exemplo, se
os cálculos do departamento de pessoal foram feitos corretamente (FGTS, férias, 13o,
rescisão, pagamento de bônus, entre outros).
70
RESPONSABILIDADE E PAPEL DO CONTABILISTA FORENSE │ UNIDADE IV
Ele precisa entender sobre seguro bancário caso a empresa tenha tido um acidente ao
longo do ano que tenha necessitado acionar o seguro e utilizar a franquia.
Há, também, que se conhecer fielmente as normas do direito societário porque os sócios
são a parcela de maior interesse no resultado positivo da empresa.
Isso tudo quer dizer que, algo errado, problema certo dentro e fora da empresa.
Mas por que motivo uma empresa precisaria alterar seus resultados se teve o ano inteiro
para acertar e demonstrar suas movimentações?
A resposta é simples e única: porque muitas empresas optam por não efetuar todos os
lançamentos para fugir dos impostos ao longo do ano e, de repente, precisam demonstrar
movimentação e saldo nas contas para realizar um empréstimo e não tem como fazer.
Há, ainda, as inúmeras vezes em que o contador não é avisado de que não foram emitidas
notas fiscais para todas as saídas de mercadorias e, de repente, a fiscalização chega na
empresa e questiona o estoque.
É aí que o contador precisa se virar para arrumar uma solução e não sair de lá como réu
em um processo no qual ele nem estava ciente, porém deveria estar.
71
UNIDADE IV │ RESPONSABILIDADE E PAPEL DO CONTABILISTA FORENSE
Figura 10.
A disciplina escolar foi imposta durante a ditadura militar por meio de um Decreto-Lei
no 869 de 1969 imposto a todas as escolas com o objetivo de estimular uma atitude e
consciência cívica nos jovens.
Com o passar do tempo a imposição da disciplina foi extinta, assim como têm sido
extintos, cada dia mais, os valores ressaltados durante as aulas daquela disciplina.
72
RESPONSABILIDADE E PAPEL DO CONTABILISTA FORENSE │ UNIDADE IV
Por esse e outros tantos motivos temos visto tantas atrocidades sendo cometidas no
mundo atual.
Um indivíduo com valores éticos bem definidos não é corrompível, por qualquer valor
que seja.
Não é o título, a formação, a classe social, o bairro onde mora, os locais por onde anda
que define o comportamento de um homem ou uma mulher, mas sim seus valores éticos.
Por esse motivo, é muito importante vigiar, a todo momento, nossos valores, nosso
comportamento. Não podemos nos corromper e nos deixar contaminar pela possibilidade
de ganhos estrondosos e benefícios indevidos.
Precisamos estar atentos ao comportamento das pessoas com quem nos relacionamos
e a quem confiamos nossas informações que possam vir a representar interesse a essas
pessoas.
Figura 11.
Você já parou para pensar que tipo de pessoas você está deixando para o mundo? Pense
sobre isso e o quanto o trabalho de Contabilidade Foresene pode ajudar neste sentido!
73
Para (não) Finalizar
Muitos esforços e muita evolução já foi conseguida através dos anos no sentido de
prevenir o cometimento de fraudes por parte de pessoas físicas, jurídicas e governos
em geral.
Indepente de tudo isso, cabe à consciência de cada um, seus valores éticos, avaliar a
necessidade, os benefícios, os riscos de se cometer fraudes (custo x benefício).
Rombos podem ser causados em qualquer lugar do mundo por qualquer um que veja
possibilidade e tenha predisposição para cometê-los, quer seja o pequeno trabalhador
que pelo seu rendimento é obrigado a declarar seus rendimentos e pode optar por criar
despesas dedutíveis a fim de obter maior restituição ou, ainda, o presidente de uma
grande empreiteria que, por ganância, procura expandir cada vez mais seus lucros.
Assim, a evolução da contabilidade forense entra neste contexto, para que independente
de tecnologia (com ou sem a ajuda desta), seja mais eficaz para as empresas, cidadãos
e sociedade!
Bom estudo!
74
Referências
FRANCO, Hilário; MARRA, Ernesto. Auditoria contábil. São Paulo: Atlas, 2000.
GONÇALVES, Laureano. Direito Penal Fiscal: evasão e fraude fiscais. Vida Econômica
Editorial, 2013 ISBN 9-727-88646-9.
75
REFERÊNCIAS
PLÁCIDO e SILVA, O. J. de. Vocabulário jurídico. 11. ed. Forense V III, p. 431.
SÁ, Antônio Lopes de. Contabilidade e o novo Código Civil de 2002. Belo
Horizonte: Edição UNA, 2002.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Novo Código Civil: São Paulo: Atlas, 2002.
Sites
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<http://www.significados.com.br/forense/>
<http://www.merkatus.com.br>
<http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/O-que-%C3%A9-uma-
rela%C3%A7%C3%A3o-%E2%80%9Cganha%E2%80%93ganha%E2%80%9D%3F>
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7492.htm>
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9613.htm>
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12683.htm>
http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/23/1998/2799.htm;
<https://www.coaf.fazenda.gov.br/conteudo/legislacaoe-normas/legislacao/portaria-
no-330-de-18-de-dezembro-de-1998/><http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/2002/L10406.htm>
<http://www.brasiliano.com.br>
<https://www.coaf.fazenda.gov.br/conteudo/legislacaoe-normas/legislacao/portaria-
no-350-de-16-de-outubro-de-2002/>
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp105.htm>
<http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/contabil050506.htm>
76