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Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2021
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Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2021
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Índice
1.Introdução................................................................................................................................4
1.1.Objectivos.............................................................................................................................5
2.Metodologia.............................................................................................................................5
4.1.O Parentesco.........................................................................................................................8
4.1.1.Tipos de Parentesco...........................................................................................................8
4.4.Simbologia do Parente........................................................................................................10
5.FAMÍLIA...............................................................................................................................12
5.4.Funções da Família.............................................................................................................16
5.5.Importância do Parentesco..................................................................................................16
6.CASMENTO..........................................................................................................................16
6.1.3.Tipos de Casamento.........................................................................................................17
6.2.LOBOLO............................................................................................................................18
6.3.Fincões do Lobolo...............................................................................................................19
7.Conclusão...............................................................................................................................21
7.Referências Bibliográficas.....................................................................................................22
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1.Introdução
1.1.Objectivos
Geral
Conhecer as Correntes Teóricas da Antropologia e O Parentesco, Família e Casamento
em Moçambique.
Específicos
Caracterizar as Correntes Antropológicas;
Conhecer os Principais Defensores das Correntes;
Compreender o Parentesco, a Família e Casamento em Moçambique.
2.Metodologia
O presente trabalho caracterizou-se por ser bibliográfico, desenvolvido a partir de materiais
elaborados e publicados por inúmeros autores escolhidos para ajudar na elaboração deste
trabalho para partir da questão que objectivou-se a suscitar reflexões sobre o tema em estudo.
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4.1.O PARENTESCO
Para BERNARDI (1974, p:257). “O parentesco é o vínculo por consanguinidade, adopção,
aliança (através do casamento), por afinidade ou qualquer relação estável de afectividade.
Trata-se, portanto, de vínculos podendo ser ou não biológicos e que se organizam de acordo
com linhas que permitem medir ou qualificar diversos graus de parentesco”.
Conforme SANTOS (2002) “Parentesco no sentido restrito refere-se aos laços de sangue, mas
num sentido mais amplo, também aplica-se aos laços de afinidade ou de casamento
(parentesco por afinidade ou por casamento)”.
4.1.1.Tipos de Parentesco
Segundo SANTOS (2002), As pessoas podem estar emparentadas de três formas Básicas:
A afinidade é o vínculo que liga cada um dos cônjuges aos parentes do outro. A afinidade
determina-se pelos mesmos graus e linhas que definem o parentesco e não cessa pela
dissolução do casamento.
Adopção é o vínculo que, à semelhança da filiação natural, mas independentemente dos laços
do sangue, se estabelece legalmente entre duas pessoas. Esta é de ordem social que se baseia
nas normas sociais conhecidas ou por lei. O parentesco por afinidade esta relacionado com o
matrimónio, mas por laços de afinidade entre duas pessoas no processo de socialização entre
os indivíduos.
Esta é de ordem social que se baseia nas normas sociais conhecidas ou por lei. O parentesco
por afinidade esta relacionado com o matrimónio, mas por laços de afinidade entre duas
pessoas no processo de socialização entre os indivíduos. O processo de afinidade é durável
por muito tempo até chegar a definição de parente; contudo, cada indivíduo vai determinar
quem é parente de acordo com o grau de afinidade existente.
O laço por fictício ou adoção é um acto de amor incondicional, ou seja, um acto de aceitação
do outro, independente de ter em sua origem o sangue e a natureza geracional dos pais que
optaram por criar essa criança.
b) Nomenclatura Classificatória
4.4.Simbologia do Parente
A simbologia adoptada inclui um triângulo para o homem e um círculo para a mulher. Estes
símbolos não possuem nenhum preenchimento. Entretanto, o gráfico sempre analisa os laços
de parentesco a partir de um EGO (masculino ou feminino), e este símbolo, para melhor
visualização, é diferenciado com o seguinte preenchimento:
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Parentes Abreviação
Pai P
Mãe M
Marido MAR
Esposa ESA
Irmão IRO
Irmã IRA
Filho FIO
Filha FIA
Criança CRI
Esposo ESO
Pais PAS
Irmãos IRS
Afim AFI
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A seguir, apresentamos a mesma família representada em gráficos que tomam por base egos
diferentes:
A partir do EGO (um dos filhos), visualizamos a nomenclatura adotada para cada outro
integrante da família.
5.FAMÍLIA
VILANCULOS, (sd. p: 108), “A família, embora possa variar muito de sociedade para
sociedade, o seu núcleo duro é constituído por indivíduos ligados por laços de
consanguinidade e afinidade. É na família que se cria o enquadramento para o treino das
crianças”.
No sentido mais restrito, família é o conjunto de pessoas que vivem sob o mesmo tecto.
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A linguagem do senso comum, família é a célula básica da sociedade. Por família, entende-se
também como o conjunto de parentes por consanguinidade ou por aliança ou afinidade.
A família romana era formada por um conjunto de pessoas e coisas que estavam submetidas a
um chefe: o pater famílias. Esta sociedade primitiva era conhecida como a família patriarcal
que reunia todos os seus membros em função do culto religioso, para fins políticos e
econômicos.
O direito romano teve o mérito de estruturar, por meio de princípios normativos, a família.
Isto porque até então a família era formada por meio dos costumes, sem regramentos
jurídicos. Assim, a base da família passou a ser o casamento, uma vez que somente haveria
família caso houvesse casamento. Pois bem, com a ascensão do Cristianismo, a Igreja
Católica assumiu a função de estabelecer a disciplina do casamento, considerando-o um
sacramento. Assim, passou a ser incumbência do Direito Canônico regrar o casamento, fonte
única do surgimento da família.
Matrilocal: aquela que estabelece residência conjunta entre o casal e os pais da mulher.
Com frequência acontece nas sociedades setentrionais de Moçambique onde há uma
tendência de as famílias estabelecerem residências matrilocais.
Neolocal: é a família cujo casal tem uma residência independente da dos pais de ambos os
cônjuges. Este tipo de residência é mais frequente em sociedades urbanizadas onde o
estilo de vida exige uma autonomia das famílias.
b) Quanto ao número de cônjuges, a família pode ser:
Monogâmica é quando a união é de um só homem com uma só mulher.
Poligâmica é a união de um só marido com várias esposas ou de uma mulher com
vários maridos.
Poligínica é a família em que o homem é quem pratica a poligamia, isto é, a união de
um marido com várias esposas.
Poliândrica é a família em que a mulher é quem pratica a poligamia, ou seja, a união
de uma mulher com vários esposos.
c) Quanto à relação de poder, a família pode classificar-se em:
Patriarcal ou Patrilinear é a família cujo poder é exercido pelo marido. As famílias
patriarcais abundam no sul de Moçambique, sendo que o patriarcado como uma relação de
poder incide também no casamento, na sucessão, na herança e na estrutura social das
famílias.
O papel do pai biológico é quase que passivo, pelo que quando o filho comporta-se mal ou
comete uma infracção, o pai remete a solução dessa situação ao tio materno do filho, isto é, ao
irmão da mãe do filho.
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Família nuclear é aquela composta de um homem e uma mulher que coabitam e mantêm um
relacionamento sexual socialmente aprovado, tendo pelo menos um filho.
As famílias extensas são compostas pelo núcleo familiar e agregados que coabitam a mesma
unidade doméstica. De certo modo, a família extensa foi substituída pela família nuclear,
especialmente, nos grandes centros urbanos. Além disso, difundiram-se novos arranjos
familiares desvinculados da união lega.
A possibilidade da adoção disposta no Código Civil Brasileiro, faz com que a composição da
família adotiva se tornasse realidade. Esta é composta por um homem e mulher cujo filho não
apresenta laços de consanguinidade.
Casais;
A família dita “casal” é aquela em que o homem e mulher se enlaçam via matrimônio, mas
não concebem nem adotam filhos.
5.4.Funções da Família
CIPIRE, (1996), “Para a espécie humana, tal como para outras espécies de primatas, é
imprescindível que o indivíduo possa crescer em segurança sob a protecção de um grupo até
atingir maturidade suficiente para sobreviver sozinho. Idealmente, esse grupo é aquilo que
definimos como família. Toda a divisão sexual do trabalho teve origem naquilo que deve ter
sido a família tipo do Paleolítico as mulheres a cuidarem dos filhos e os homens a
assegurarem a defesa do grupo contra as ameaças exteriores”.
5.5.Importância do Parentesco
Para BERNARDI (1974, p:258), “O parentesco constitui uma forma de organização da vida
humana, na qual se concentram relações de laços entre dois indivíduos partindo de uma
escolha recíproca, de troca de interesses comuns que podem ser sexuais ou de trabalho e
outros”.
O parentesco na vida social tem um papel importante pois confere ao indivíduo a identidade
social perante ao grupo, de forma que este seja reconhecido pelos outros como membro
pertencente ao grupo, isto é, dentro de uma sociedade pode definir a sua posição por meio de
termos de parentesco com qualquer pessoa com quem se encontre a tratar socialmente, quer
pertença á própria tribo quer pertença a outra, (RIVIÈRE (1995, p:69).
6.CASMENTO
Segundo BATALHA, (p: 34, 2004), “O casamento é um acontecimento cultural que está
muito para além da genética ou biologia humanas é a forma comummente aceite de constituir
família e ter filhos, entre a maioria social e politicamente dominante”.
Em Moçambique, têm capacidade para contrair casamento todos aqueles em relacção aos quais não se
verifique algum dos impedimentos matrimoniais previstos na lei.
6.1.3.Tipos de Casamento
Monogamia
Embora a monogamia seja a norma de casamento mais comum na maior parte das sociedades,
a poligamia é a forma mais praticada, especialmente na forma conhecida como poliginia.
Poliginia
Poliandria
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A poliandria, que liga matrimonialmente uma mulher a dois ou mais homens, é a forma mais
rara de poligamia. Alguns antropólogos entendem que é menos vulgar do que a poliginia
devido à menor esperança de vida e maior mortalidade infantil do sexo masculino. Em
algumas sociedades, ou entre alguns grupos sociais, o casamento é considerado uma coisa
demasiado séria para ser deixado aos caprichos de jovens com pouca experiência de vida
social. Nessas sociedades e grupos, o casamento, mais do que a união entre duas pessoas,
representa o estabelecimento de uma aliança entre famílias ou grupos de parentesco.
a) Casamento Civil
Casamentos Tradicionais
Os casamentos polígamos têm uma longa tradição em Moçambique e o facto da nova lei da
família não reconhecer legalmente a sua existência não muda a realidade para muitos homens
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e mulheres. Razões práticas, tais como o custo multiplicado de sustentar famílias grandes,
levaram a um declínio no número de novos casamentos polígamos.
Religião Monoteísta
6.2.LOBOLO
O lobolo é uma prática cultural por meio da qual se unem duas pessoas (homem e mulher)
pelo casamento condicionado ao pagamento real ou simbólico de um dote. Este dote pode ser
uma enxada, uma cabeça ou várias de vaca, dinheiro em numerário ou outros bens de natureza
ou pecuniária.
O lobolo é uma prática cultural por meio da qual se unem duas pessoas (homem e mulher)
pelo casamento condicionado ao pagamento real ou simbólico de um dote. Este dote pode ser
uma enxada, uma cabeça ou várias de vaca, dinheiro em numerário ou outros bens de natureza
ou pecuniária.
Toda a família do homem toma parte nas cerimónias do casamento, sobretudo no dia
em que o lobolo é levado pelo noivo. Os membros masculinos do grupo têm o direito
de opinar sobre os bois ou a soma entregue.
Os irmãos estão sempre prontos a ajudar um dos seus, mais pobre, ao lobolo.
Trabalham assim para o grupo.
A mulher adquirida desta maneira é esposa aparente deles, embora lhes não seja
permitido ter relações sexuais com ela. Recebe-la-ão em herança quando o marido
morrer (o kutchinga).
Os filhos pertencem ao pai, vivem com ele, usam o seu apelido (o nome do clã) e
devem-lhe obediência: os filhos masculinos fortificam o grupo e os femininos são
vendidos em casamento para o benefício desse grupo.
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Rita-FERREIRA (1967, p.291-292), “firma que no sul do Save o casamento era uma questão
privada entre dois grupos, concluída sem intervenção das autoridades políticas ou religiosas.
O seu fim era a produção de novos indivíduos que, no futuro, assegurassem a sobrevivência
do grupo como um corpo organizado”.
6.3.Fincões do Lobolo
De acordo com FERREIRA (1967, p: 291-292).) As funções do lobolo eram múltiplas:
Em primeiro lugar representava uma compensação (no sentido lato) e não um “dote”
nem um “preço de compra”, como de forma errada alguns o têm considerado.
Em segundo lugar legalizava a transferência da capacidade reprodutora da mulher
para o grupo familiar do marido, de que passava a fazer parte.
Em terceiro lugar dava carácter legal e estabilidade à união matrimonial.
Em quarto lugar tornava o marido e respectiva família responsáveis pela manutenção
e bem-estar da mulher lobolada (esposa).
Em quinto lugar legitimava os filhos gerados, que se consideravam sempre como
pertencentes à família que havia pago o lobolo.
Em sexto lugar constituía um meio de aquisição de outra unidade reprodutora para o
grupo enfraquecido.
O lobolo serve de mecanismo protector da mulher e dos seus filhos em caso de uma fatalidade
que a deixe sem recursos. A mulher lobolada e com filhos, em caso da morte do marido, passa
a ser um encargo da povoação onde vive, isto é, sente-se protegida e para ela a situação do
lobolo é um amparo nas contingências da vida.
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Ainda sobre o lobolo, é interessante ressaltar que essas trocas, mesmo sendo voluntárias, são
profundamente obrigatórias, e o seu não implemento ou então um mau cumprimento pode
acarretar diversos problemas e desavenças sociais. No caso do lobolo, o não pagamento
implica em um casamento incompleto, no qual, por exemplo, os antepassados podem
sentirem-se ofendidos e causar maus momentos para o casal e para a família que o cerca.
7.Conclusão
Para terminar importa salientar que ao longo da abordagem dos conteúdos acima
desenvolvido compreendeu-se que a Antropologia desenvolveu-se graças a existência de
diversas correntes antropológicas que se debruçaram sobre diversos temas referentes à ciência
antropológica descritas a seguir: o evolucionismo, o difusionismo, o funcionalismo, o
Culturalismo assim como o estruturalismo. Portanto verifica-se também que desde há muito
que a questão do parentesco vem sendo discutida por vários cientistas, que segundo estes
chegaram a conclusão de que os sistemas primitivos de parentesco tem sido uma forma de
organização social destas sociedades, por isso carece de um estudo de extrema importância e
desempenha um valor social dentro das mesmas sociedades. O parentesco é universal no
sentido de que não existe uma sociedade desprovida de um sistema de parentesco, uma vez
que cada sociedade define quem é parente e o grau de parentesco que cada indivíduo
desempenha.
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7.Referências Bibliográficas
BATALHA, Luís, Antropologia uma Perspectiva Holística, Lisboa, Portugal, 2004.
BOAS, Franz. Antropologia Cultural. Trad. Celso Castro. 5. Ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahor
editora, 2009.