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A EMOÇÃO

“A palavra emoção traduz, em geral, à mente uma das


seis emoções ditas primárias ou universais: alegria,
tristeza, medo, cólera, surpresa ou aversão. (…)”
Damásio, António
MENTE E EMOÇÃO
 Falando sobre Emoções, podemos destacar seis emoções universais:
• Alegria;

• Tristeza;

• Surpresa

• Medo;

• Ira;

• Espanto;

Tratam-se, então, das emoções básicas ou universais. Sem perceber,


desde o momento em que acordamos até o momento em que vamos
dormir, estas emoções fazem parte das nossas experiencias diárias. Se
repararmos, de fato, a emoção é a primeira característica que
evidenciamos ao nascer, através do choro.
 Importância das emoções:

• Alertam-nos para o perigo;

• Proporcionam-nos a hipótese de criar laços com os outros,


desempenhando um papel importante na vida em sociedade;

• Influenciam a tomada de decisões;

• Alteram o nosso comportamento;

• Fornecem aos outros informações sobre o nosso estado interno;

• etc.

É equivodo considerar emoção e cognição como faces opostas da


mesma moeda, dois conceitos incompatíveis, dois domínios
antagônicos;
EMOÇÕES, SENTIMENTOS E AFETOS
EMOÇÃO
 As emoções:

 Têm origem numa causa, num objeto;


 São reações corporais específicas, observáveis;
 São públicas e voltadas para o exterior;
 São automáticas e inconscientes;
 Polaridade: podem ser negativas ou positivas;
 São versáteis: variam em intensidade e são de breve duração;
 Relacionam-se com o tempo: as emoções têm princípio e fim.
 Assim, emoção designa-se como:

 Um processo passageiro, desencadeado por um estímulo (externo


ou interno);

 Ocorre a nível psíquico, na maioria das vezes inconscientemente, e


é difícil de verbalizar, no entanto, representa um poderoso meio
de comunicação (expressão facial).

Os animais também experienciam emoções, a diferença é que as


emoções humanas têm como característica o modo como estão
ligadas às ideias, aos valores, aos princípios e aos juízos complexos.
 Componentes das emoções:

 Componente cognitiva – ocorre quando tomamos


conhecimento do fato: se não houver conhecimento deste, não
se experimenta qualquer emoção.

 Componente avaliativa – é feita uma avaliação, agradável ou


desagradável da situação.

 Componente fisiológica – manifestações orgânicas, corporais


face á emoção.
 Componente expressiva – expressões corporais que permitem
mostrar ao outro as nossas emoções.

 Componente comportamental – comportamento que o sujeito


poderá ter face a outro sujeito, é o estado emocional que desencadeia
determinado conjunto de comportamentos.

 Componente subjetiva – relaciona-se com o que o indivíduo sente a


nível emocional e interior e que só ele tem acesso, ou seja, é o estado
afetivo associado à emoção.
Sentimentos

 Sentimento, por sua vez, é um processo mental relativamente


estável, resultante da emoção. É uma experiência subjetiva dos afetos
e das emoções. Este processo distingue-se da emoção pelo seu
caráter subjetivo e cognitivo e é inseparável dos valores. Um
sentimento é privado (não observável pelos outros), ao contrário das
emoções.

 O Ser Humano, enquanto ser dotado de consciência, analisa,


interpreta, organiza e reflete sobre os seus próprios sentimentos,
isto é, constrói sentimentos a partir dos mesmos.
 Segundo António Damásio:

 Emoções e sentimentos constituem, respectivamente, o começo e o


fim de um processo contínuo;
 As emoções são públicas enquanto que os sentimentos são
privados;
 Os mecanismos subjacentes às emoções e aos sentimentos são
distintos;
 Os mecanismos básicos da emoção não requerem,
necessariamente consciência;
 Emoções geram sentimentos e estes, por sua vez, geram emoções
num ciclo contínuo;
 Os sentimentos possuem uma relação privilegiada com a
consciência.
Correlação Emoções/ Sentimentos

Emoções Sentimentos
(públicas e (privados e
passageiras) duradouros)
Emoções primárias e universais
• Partilhadas por indivíduos de todas as culturas e ligadas a processos neurais e
fisiológicos específicos;
• Alegria;
• Tristeza;
• Surpresa
• Medo;
• Ira;
• Espanto;

Emoções secundárias e sociais


• Emoções associadas a relações sociais nas quais os aspectos socioculturais
apreendidos são muito significativos (exemplo: vergonha).

Emoções de Fundo
• Estamos perante emoções de fundo quando sem que uma única palavra tenha sido
dita conseguimos detectar estados como o bem-estar, mal-estar, calma ou tensão.
 É certo que a sociedade desempenha um papel muito mais
importante na formação das emoções secundárias (ou não fossem
elas designadas, também, de emoções sociais; emoções que se dão
em sociedade). Por outro lado, as emoções primárias são inatas e
biologicamente programadas. No entanto, uma coisa não leva à outra
pelo que também as secundárias o são, em certa medida, e também
a sociedade atua sobre as primárias.
AFETO
 Existe, ainda, um terceiro conceito, o afeto.
Este é bastante utilizado e empregue ao longo da nossa vida e
quotidiano, podendo ser empiricamente sinônimo de emoção ou
sentimento, erradamente, no entanto.

Então o que é o afeto?

 O afeto é a sensação imediata e subjetiva que temos em relação a


um objeto, pessoa, situação. Logo, os afetos estão associados às
emoções e sentimentos, mas não se confundem com estes.
Falar de afetos é falar da relação.
A relação implica uma troca, em que
se dá e se recebe, o que envolve
sempre modificação dos elementos
envolvidos. Nestas relações somos
afetados pelos outros e os afetamos
também.
Os afetos que se estabelecem
constroem a matriz da nossa vida
pessoal e podem exprimir-se pelo
amor mas também pelo ódio. A nossa
sobrevivência psicológica fundamenta-
se nas relações interpessoais.
EMOÇÕES: UNIVERSALIDADE E
DIVERSIDADE
 As emoções básicas caracterizam-se por expressões universais, ou
seja, são comuns a todos os indivíduos. Os nossos rostos não se
costumam designar como “espelhos da alma” por mero caso, pois
estes refletem emoções. Estas manifestações são compreensíveis
para todas as pessoas, independentemente da cultura.

 Exemplo: independentemente do local do planeta em que nos


encontramos, qualquer pessoa saberá identificar alegria no
nosso rosto ao esboçarmos um sorriso.
PERSPECTIVAS SOBRE AS EMOÇÕES

As emoções constituem um aspecto muito complexo do


ser humano e são objeto de várias interpretações que se
organizam em várias perspectivas.

Estas perspectivas dão-nos a conhecer a natureza e a base


das emoções.

• Perspectiva evolutiva;

• Perspectiva fisiológica;

• Perspectiva cognitivista;

• Perspectiva culturalista.
PERSPECTIVA EVOLUTIVA

 Foi desenvolvida por Charles Darwin, que, através


da comparação de expressões de emoções humanas
com as dos animais, identificou seis emoções
primárias ou universais: a alegria, a tristeza, a
cólera, o desgosto, a surpresa e o medo. Para
cada uma destas emoções, descreve as suas
manifestações fisiológicas.
Darwin considera que as emoções desempenham
um papel adaptativo fundamental na história da
espécie humana, sendo determinantes na nossa
capacidade de sobrevivência.
As emoções são públicas, pelo que podem ser partilhadas com os outros através de
expressões faciais.
EXPERIÊNCIA DE EKMAN…
 Paul Ekman foi um cientista que desenvolveu uma investigação em
que procurou testar uma hipótese que defendia:

“Indivíduos de culturas distintas sentiriam diferentes emoções”.

Ekman realizou uma experiência: apresentou a uma tribo isolada da


Nova Guiné, expressões emocionais de norte-americanos e, concluiu que
haviam emoções que estavam presentes e que se manifestavam de
forma semelhante nos dois povos que apresentavam culturas diferentes,
ou seja, há emoções que são universais, independentemente da
aprendizagem e da cultura, mas Paul Ekman não excluiu a influência da
cultura na expressão das emoções.
PERSPECTIVA FISIOLÓGICA
 O psicólogo e médico William James tem como interesse fundamental
o estabelecimento da relação entre o corpo e a mente, que se
influenciariam mutuamente: a mente influencia o corpo e o corpo
influencia a mente.

 Exemplo: Posso sentir-me triste se assumir uma expressão facial


de tristeza (numa situação que nos provoca um choro de tristeza,
só depois é que tomamos consciência da tristeza).
PERSPECTIVA COGNITIVISTA
 De acordo com a perspectiva cognitivista, existe uma relação entre
os nossos processos cognitivos e as emoções. As nossas cognições
são um elemento fundamental no desencadeamento das emoções: é
o modo como eu encaro uma situação, que causa a emoção.

 Exemplo: Zango-me com uma pessoa porque interpreto o seu


comportamento como ofensivo, (não é o comportamento da
pessoa em si que provoca a minha raiva, mas o fato de eu o
interpretar como tal).

 Conclusão: As emoções dependem do modo como avaliamos as


situações.
PERSPECTIVA CULTURAL
 De acordo com a perspectiva cultural, as emoções são comportamentos
aprendidos no processo de socialização, ou seja, as emoções são como a
linguagem, uma construção social. A cada cultura correspondem diferentes
emoções e diferentes formas de as exprimir.

 Exemplo: Em algumas culturas não se admite que os homens chorem,


enquanto que noutras culturas a expressão das emoções pelo choro é
valorizada.

 Independentemente do sexo, o modo como se chora, quem pode chorar,


onde se chora, varia de cultura para cultura.
Cada cultura tem o seu conjunto de regras que especificam o tipo de
emoções que se podem manifestar nas diferentes situações
Exemplo: Um desgosto profundo pode ser sentido da mesma forma idêntica
por um japonês, um português, ou um indiano, mas o modo de o exprimir é
diferente.
ESTRUTURAS BIOLÓGICAS DA EMOÇÃO
 As bases biológicas da emoção são:

 Papel regulador, pois ajuda um organismo a sobreviver;

 A cultura e a aprendizagem alteram a expressão das emoções,


atribuindo-lhe um significado diferente. As emoções são inatas.

 Os dispositivos cerebrais responsáveis ocupam um conjunto


restrito de zonas: tronco cerebral, progredindo para as partes
superiores.

 Esses dispositivos são ativados automaticamente e


inconscientemente.
 Regularmente, há uma grande tendência a considerar apenas os juízos
racionais como determinantes na avaliação de situações e na construção de
respostas aos estímulos. Para o melhor ou para o pior, os processos
emocionais também influenciam esses fatores, e em larga medida.

 As emoções são essenciais para a sobrevivência do ser humano e, na verdade,


o sistema límbico (estrutura cerebral associada às emoções) toma controle
sobre nós quando nos encontramos em situações de perigo, ou possivelmente
perigosas. Existem estruturas específicas que nos permitirão entender melhor
este processo.
REATIVIDADE EMOCIONAL
 A amígdala é a estrutura cerebral envolvente mais importante na
reatividade emocional imediata ao medo e à ira.

 Amígdala:

 Parte integrante do sistema límbico, localizada no interior de cada


hemisfério, no lobo temporal;

 Processa o significado emocional dos estímulos, gerando reações


emocionais e comportamentais imediatas.
 Percebe-se que a existência de um caminho de emergência entre o
tálamo e a amígdala, é chamado a intervir em casos de
emergência. Quando nos encontramos em estado de emergência, o
sistema límbico assume controle do cérebro e antes que a sensação
visual chegue ao córtex associado, por meio do caminho de
emergência, podemos agir sem ter conhecimento e entendimento do
que está acontecendo.
CONCLUINDO…
 A função biológica das emoções é, então, dupla:

 Tem, por um lado, o papel de produzir uma reação específica a


uma situação;

 Por outro lado permite a regulação do estado interno do


organismo, com a finalidade de o preparar para essa reação
específica.
Estado emocional;
Desencadeamento
Estímulo Percepção e e execução da
alterações
emocional; avaliação; emoção; fisiológicas e
reação específica.
 A amígdala constitui uma estrutura importante no processamento do
medo e ira, mas, porém, não explica a totalidade das expressões
emocionais. Existe, portanto, uma estrutura (que tem sido alvo de
estudos num passado recente) e que não faz, inclusive, parte do
sistema límbico.

 Córtex orbitofrontal:
 Situado na face inferior do lobo fontral;
 Importante no planejamento e na coordenação de comportamentos
destinados a atingir objetivos;
 Age antecipando e avaliando o valor potencial da
recompensa/prejuízo de um comportamento.

A região frontal, funciona coordenando, unificando e integrando toda a informação que


chega ao cérebro. O córtex orbitofrontal e o circuito pré-frontal-amígdala são
regiões do cérebro que atuam no processo de tomada de decisões.
 A mente funciona como um todo, unificando e integrando diversos
aspectos e processos inter-relacionados;

 Existe uma clara relação de interdependência entre processos


cognitivos e emocionais.
MARCADORES SOMÁTICOS
 Marcadores Somáticos:
 Através da aprendizagem depreendemos a recompensa ou prejuízo associados
a certas situações. Assim saberemos, que uma certa ação, dependendo da
situação, pode levar a um resultado positivo ou não satisfatório;

 Funcionam como uma campainha de alarme.

 Os marcadores somáticos baseiam-se no passado das nossas emoções: na medida


em que uma ação sofreu, no passado, uma experiência negativa, estaremos
motivados a evitá-la e a pensar em uma ação alternativa (e assim
consecutivamente).

 Os marcadores somáticos aumentam a precisão e eficiência dos nossos processos


de decisão.
CONCLUSÃO
 O terapeuta deve estar atento às emoções se seu cliente/utente, pois pode
contribuir significativamente na anamnese terapêutica.

 Como terapeutas holísticos/integrativos, devemos ficar atentos às expressões


verbais ou não-verbais de nossos clientes/utentes, pois através delas muitos
estados emocionais podem ser percebidos.

 Evite fazer diagnóstico de seu cliente/utente.

 Diagnóstico é uma atribuição médica

 Também não se deve interferir em quaisquer outros tratamentos.

 Terapias holísticas/integrativas funcionam como terapias preventivas e


complementares. Portanto, jamais interfira em tratamentos médicos e, sempre
oriente a pessoa que procure o médico, caso identificar que ela precisa de
auxílio de um profissional da saúde.

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