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UNIDADE 2 – SEÇÃO 2.

Pilares fundamentais
da Psicanálise
Pulsão e segunda tópica

Leandro Tavares de oliveira


Metapsicologia freudiana

 Conjunto de artigos publicados entre 1915-1917.

 Sinônimo de teoria psicanalítica, criação de


modelos conceituais afastados da experiência
clínica. Muitas vezes a excede e a transforma.
Termo: metapsicologia

• Originalmente empregado em uma carta a Fliess de 13 de


fevereiro de 1896:
• “Tenho-me ocupado continuamente com a psicologia- na
verdade, com a metapsicologia...”.
Metafísica - Metapsicologia
• Designa todo pretenso • Designa o conhecimento
conhecimento sobre a sobre a realidade
realidade não sensível. psicológica não empírica.
• Realidade suprassensível. • Psicologia do inconsciente.
• As “coisas” além ou • As coisas além da psicologia
depois das “coisas”. da consciência.
Metafísica - Metapsicologia

• Projetado para o mundo • Retomada para o próprio


externo. (ente interior.
onipotente).

• Não toma o acaso por


• Não toma acaso por acaso acaso (interpreta).
(interpreta).
Metapsicologia

“A suposição do inconsciente significa a adoção de um ponto de


vista a partir do qual as manifestações psíquicas aparecem
segundo determinadas relações. Munidos dessa suposição e
talvez movidos por seu referente incognoscível, analista e
analisando vão à clínica, conectando o que lhes aparece numa
genuína experiência analítica”. (ROTSTEIN, 2012, p.38).
Metapsicologia freudiana

• Após a criação do artigo “Introdução ao narcisismo” (1914)


inicia a redação de uma série de ensaios que pretendia
publicar com o título – “Preliminares a uma metapsicologia”.
Metapsicologia - artigos

• Conjunto de doze capítulos que formariam um livro.

• Somente cinco foram publicados.


Metapsicologia - artigos

• “Pulsões e destinos das pulsões” (1915c).


• “Repressão” (1915d).
• “O inconsciente” (1915e).
• “Complemento metapsicológico a teoria dos sonhos” (1917d).
• “Luto e melancolia” (1917e [1915]).
Pulsão (trieb)
X • Instinto: Padrão de comportamento
Instinto (instinkt) típico, geneticamente determinado
conforme cada espécie animal.
• Pulsão traduzida por instinto. • Pulsão: Representante psíquico da
• Não possibilita a compreensão energia corporal, parte da
da teoria de Freud em sua necessidade biológica do corpo, mas
totalidade. não se limita a ela. Está entre o
somático e o psíquico.
• Pulsão tem como objetivo
marcar características próprias
ao ser humano.
Componentes da pulsão
Fonte (quelle) Força (drang) Finalidade (ziel) Objeto (objetkt)

Próprio corpo – Energia que busca Satisfação da Aquilo que


órgãos, orifícios, descarga motora pulsão. possibilita a pulsão
partes do corpo, ou satisfação. a atingir a
pele e etc. finalidade.
(contingente).
Investimento pulsional ou libidinal

• Libido é o nome da a energia da pulsão sexual.


• O termo catexia (bezetzung) diz respeito a quantidade de
energia ligada a uma representação ou a um grupo de
representações.
Principio do prazer

• Psíquico entendido como processo excitatório do organismo.


• Série prazer-desprazer.
• Desprazer = crescimento de excitação.
• Prazer = descarga de excitação.
Principio da constância

• O psiquismo tem como principio manter a excitação em um


limiar baixo.

• Qualquer sobrecarga deverá passar por um processo de


descarga.
Pulsão: entre o somático e o psíquico

• Conceito limite entre o somático e o psíquico.


• Representante psíquico da excitação.
• Oriundas do interior do corpo.
• Impõe ao psiquismo exigência de trabalho.
• Psíquico ligado ao corporal.
Primeira divisão das pulsões
• Pulsões de autoconservação (ou do • Pulsão sexual
ego). • Parte de uma necessidade (fisiológica).
• Baseada na necessidade (fisiológica). • Princípio de prazer.
• Princípio de realidade. • Satisfeitas pela fantasia.
• Satisfeitas com objeto real. • Atraso na educação da sexualidade.

Freud dará menos importância a isso com a construção da segunda tópica..


Destinos das pulsões sexuais

• Modos de defesas das pulsões.


• Erigidos como meio de impedir sua ação.
• Transformação em seu contrário.
• Retorno a própria pessoa.
Processos distintos mas que agem junto.
Exemplo: Transformação do sadismo em masoquismo.
Segunda divisão das pulsões
• Prática clínica contradiz o princípio de prazer:
• Fixação no sintoma.
• Recaídas ao invés de melhorar (reação terapêutica negativa).
• Compulsão a repetição (sofrimento).
Segunda divisão das pulsões
• Sadismo e masoquismo (de onde vem?).
• Destrutividade dos pacientes:
• Depressivos.
• Toxicômanos.
• Perversos.
• Psicóticos.
Segunda divisão das pulsões

• No texto “Além do princípio do prazer” (1920g) Freud


propõe um conflito fundamental entre pulsão de vida e
pulsão de morte.

• Para a pulsão de vida triunfe deve domar a pulsão de


morte, pelo menos em parte.
Segunda divisão das pulsões

• Quando a pulsão de morte prevalece o componente


destrutivo da vida se impõe.

• Quando a pulsão de vida predomina a agressividade é


colocada a serviço da vida.
Forças opostas a satisfação da pulsão.

• Princípio de realidade.
• Retarda a satisfação (processo secundário).
• Ego.
• Desprazer causado pelo interior do corpo que podem se
revelar incompatíveis (desprazer neurótico).
Forças opostas a satisfação da pulsão.

• Ambas provocam uma situação de “perigo”.


• Reação adequada= obedece o princípio de prazer e de
realidade ao mesmo tempo.
• Reação inadequada = não satisfaz o princípio de prazer –
reação traumática (sintoma).
Duas fontes da repetição

• Neurose traumática
• Paciente repete a experiência traumática:
• Nos sonhos.
• Nos sintomas.
Duas fontes da repetição

• Jogo da criança
• Forte-da (neto de Freud)
• Brincar como possibilidade controle.
• Brincar como possibilidade de elaboração.
Repetição: compulsão e elaboração

• Elaboração pela transferência.


• Freud mostra que na transferência são fragmentos reprimidos
do passado.
• Isso que é repetido deve ser elaborado – “Recordar, repetir e
elaborar” texto de 1914.
Repetição: compulsão e elaboração

• Compulsão a repetição.
• Decorre de um conflito entre o ego e sua coesão e o
reprimido.
• Impressão de orientação demoníaca e de perseguição
(carma).
• Compulsão a repetição se coloca acima do princípio de
prazer.
A segunda tópica freudiana
Segunda tópica

• Principal texto “O ego e o id” (1923b).


• Propõe um novo modelo para o aparelho psíquico.
• Dividido em Id, Ego e Superego.
• Aqui a ênfase dada é na dinâmica entre as três
instâncias.
• Resistências do ego à tomada de consciência.
O Ego (Eu)

• Instância de regulação.
• Busca equilíbrio entre:
• Exigências do id (reserva das pulsões).
• Exigências do superego (instância crítica).
“Wo Es War, sol Ich werden”

• A lógica da primeira tópica era trazer o


inconsciente para a consciência.
• Na segunda tópica o modelo de tratamento é:
“Lá onde estava o Isso, o Eu deve advir”.
O que muda na segunda tópica?

• O problema do sintoma agora está ligado à


coesão do Ego.
• A tensão entre as três instâncias influenciam
duradouramente o sujeito sobre traços de
personalidade.
Personalidade:

• Resultante de forças presentes no equilíbrio


dinâmico.
• Constituída por sequência de processo de
identificação (Complexo de Édipo).
O Id

• Resultante de forças presentes no equilíbrio


dinâmico.
• Constituída por sequência de processo de
identificação (Complexo de Édipo).
O Superego (Ideal do Ego)
• Por um lado:
• Instância que age sadicamente no sujeito.
• Sede dos sentimentos de culpa.
• Instância crítica.
• Quanto mais forte o complexo de Édipo mais severa a
dominação do Superego.
• Você não pode ser como o pai. (identificação).
O Superego (Ideal do Ego)

• Por outro lado:


• Função de proteção e salvaguarda por
identificação com o pai e a mãe.
• Você deve ser assim como o pai. (Identificação).

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