Você está na página 1de 10

Recebido em: 06/07/2013. Aprovado em: 16/09/2013.

Disponibilizado em: 20/12/2013

1. Universidade Presbiteriana Mackenzie – CCSA/UPM São Paulo, SP, Brasil. e-mail: alerog@uol.com.br

Resumo
Com este artigo busca-se analisar as estratégias desenvolvidas pelas instituições financeiras
brasileiras para a gestão de risco de crédito. A partir de um estudo detalhado das estratégias de
gestão de risco de crédito, o artigo procura verificar se as instituições financeiras brasileiras fazem
uso de modelos de risco de crédito, estando assim protegidas diante de um cenário de crise. O
estudo alcançou seus resultados na medida em que estabeleceu um comparativo entre o que a
literatura de gerenciamento de risco de crédito propõe como as instituições financeiras brasileiras
praticam. Para a obtenção de informações relativa às empresas, fez-se uso do método qualitativo-
exploratório. Os resultados demonstraram que as Instituições Financeiras Brasileiras, fazem uso de
modelos de Credit scoring e Credit Rating, que de acordo com Gestel et al (2009) é uma técnica
eficiente de gestão de risco do tomador do empréstimo.

Palavras-chave: gestão de risco de crédito, credit rating, credit scoring, instituições financeiras
brasileiras.
_______________
Abstract
With this article we try to analyze the strategies developed by Brazilian financial institutions to manage credit risk.
From a detailed study of strategies for managing credit risk, the paper attempts to verify that Brazilian financial
institutions make use of credit risk models, thus being protected against a background of crisis. The study achieved
its results in that it established a comparison between what the literature of credit risk management proposes to
Brazilian financial institutions practice. To obtain information on the companies made use of the qualitative
exploratory method. The results showed that the Brazilian Financial Institutions make use of credit scoring models
and Credit Rating, which according Gestel et al (2009) is an efficient technique for risk management of the borrower.
Keywords: management of credit risk, credit rating, credit scoring, Brazilian financial institutions
_______________ classificação de risco Austing Rating, os
empréstimos atrasados no Brasil que os
1. Introdução bancos registraram como prejuízo no
A crise financeira que assolou o mercado primeiro semestre de 2012 totalizou R$38
financeiro americano, no período de 2008 e bilhões de reais.
2009, trouxe grande instabilidade aos Dentre os diversos tipos de risco, este
mercados financeiros mundiais, levando a estudo pretende analisar o Risco de crédito e
falência centenas de Instituições Financeiras principalmente avaliar quais os modelos
nos Estados Unidos. Segundo dados do utilizados pelas instituições financeiras
FDIC (Federal Deposit Insurance brasileiras para minimizar a exposição a esta
Corporation) 454 bancos decretaram falência categoria de risco.
desde 2008, quando a crise teve inicio.
A relevância deste estudo se da pelo
Neste novo cenário econômico crescente aumento da procura de crédito no
estabelecido após o ano de 2008, a gestão de Brasil. Segundo relatório do Banco Central,
risco tem apresentado uma importância cada foram emprestados pelas instituições
vez maior, não só para as Instituições financeiras o valor de R$2,237 trilhões de
Financeiras. A gestão do risco tem se reais para pessoas físicas e jurídicas. Além do
apresentando como uma importante aumento na procura de empréstimos a
ferramenta para o aumento da competitividade entre as empresas do setor
competitividade, ajudando a preservar o faz com que as Instituições financeiras
resultado financeiro. O risco é a busquem por ferramentas que minimizem as
probabilidade e a consequência de ocorrer perdas geradas pela inadimplência, buscando
determinado evento. (Kaplan e Garrick, selecionar os clientes que possuem o melhor
1981). Risco também pode ser definido perfil de risco.
como a variância da distribuição dos
resultados (Dhar e Balakrishnan, 2006).
A atividade de gerenciamento de risco 2. Referencial teórico
pode ser descrita como um processo de
identificação, quantificação e Risco pode ser definido como a
desenvolvimento de estratégias para gerir o probabilidade de um evento inesperado, que
risco, com o objetivo de evitar perdas pode ou não acontecer. (Hansson, 2005).
financeiras e diminuir a volatilidade dos Indo ao encontro dessa afirmação, o risco
lucros (Gestel e Baesens 2009). Existem financeiro é a probabilidade de uma empresa
diversos tipos de riscos na literatura, dos sofrer perdas financeiras devido a diversos
quais é possível destacar o Risco de mercado, fatores, como variações na taxa de juros,
Risco de liquidez, Risco operacional e Risco variação no cambio, variação no preço de
de crédito. commodity, desvalorização nos preços de
títulos, etc. (Polak, Robertson e Lind, 2011).
As Instituições financeiras têm como
característica oferecer empréstimos para Para diminuir os impactos causados pelo
diversos agentes econômicos, como pessoas o acontecimento de eventos inesperados, tem
físicas e jurídicas, ficando assim expostas a crescido a utilização de ferramentas de
diversos tipos de riscos, principalmente ao gerenciamento de riscos das Instituições
risco de crédito. No que se refere a perdas financeiras. A atividade de gerenciamento de
com crédito, segundo a agência de risco é um processo de identificação,
quantificação e desenvolvimento de II), aborda três riscos principais, que são:
estratégias para gerir o risco, com o objetivo Risco de Crédito, Risco de Mercado e Risco
de evitar perdas financeiras e diminuir a Operacional. O controle destes riscos com o
volatilidade dos lucros (Gestel e Baesens acordo de Basiléia trouxe maior solidez ao
2009). sistema financeiro mundial.
A gestão de risco foi identificada em Devido às características operacionais
pesquisa como o “Objetivo mais importante das Instituições financeiras, o risco de crédito
para os executivos financeiros” (Froot, pode ser considerado como o principal tipo
Scharfstein e Stein, 1993. p.1629, apud Rawls de risco a ser gerenciado. O risco de crédito
e Smithson 1990). Os autores desenvolveram pode ser definido como a impossibilidade do
um trabalho procurando analisar as políticas tomador dos empréstimos não honrar com a
de gestão de risco corporativo, discutindo no sua obrigação na data futura, o que pode ser
artigo as estratégias de gerenciamento de gerado tanto por incapacidade de pagamento
risco por meio do hedge cambial para como por descumprimento do prazo de
empresas multinacionais e estratégias com pagamento (Gestel e Baesens 2009).
opções, os autores desenvolveram “um
modelo simples das vantagens do hedge”, o De acordo com Treacy e Carey (2000, p.
estudo chegou à conclusão que o 171) “O risco de crédito de um empréstimo
gerenciamento de risco dentro de uma ou outra exposição durante um determinado
organização depende de diversos fatores, período envolve tanto a probabilidade de
como por exemplo, a estratégia de Hedge default (PD) como a fração dos empréstimos
ótimo vai depender da natureza da que é suscetível de perda em caso de
concorrência e das estratégias de hedge inadimplência (LIED)”, o produto entre
adotada pelos competidores. (PD) e (LIED) é a taxa de perda esperada da
exposição (LE).
Entretanto, de acordo com Stulz (1996)
a evidência empírica vai de encontro com o Outras definições para risco de crédito
explanado pela literatura, o autor afirma que podem ser encontradas na literatura. Para
a gestão de risco é limitada. No artigo Lopez e Saidenberg (2000. p. 152) “Risco de
publicado pelo autor em 1996, Stulz (1996) crédito pode ser definido como o grau de
oferece uma nova abordagem que tenta ir ao flutuação do valor em instrumentos de
encontro do mencionado pela literatura dividas e derivativos, devido à mudança na
acadêmica. O autor ainda examina os qualidade de crédito subjacente dos
impactos desta nova abordagem para a gestão mutuários e contraparte”.
da gestão de risco e para riscos de medidas A importância da medição do risco de
como o VaR. O autor afirma que é possível credito evoluiu imensamente nas ultimas duas
uma empresa pode obter vantagens se décadas, fazendo com que a medida do risco
expondo a certos tipos de risco, concluindo de crédito tenha se tornado extremamente
que ao ser detectada uma ineficiência no importante, entre os fatores que levaram as
mercado, as pessoas responsáveis pelo o medidas de risco como uma ferramenta
gerenciamento do risco devem sempre essencial para as Instituições financeiras, está
aproveitá-la, maximizando assim o retorno o aumento do numero de falências, margens
aos acionistas. mais competitivas na concessão de
Existem diversos tipos de riscos a qual empréstimos e o aumento da exposição do
uma Instituição financeira esta exposta, o risco de inadimplência (Altman e Saunders,
novo acordo de capital da Basiléia (Basileia 1998).
A gestão de risco de crédito envolve a Além das metodologias utilizadas por
medição do risco de crédito. A medida Duram (1941) e Altman (1968) é possível
geralmente utilizada para medir o risco são o verificar na literatura acadêmica, outras
Credit Scoring e o Credit Rating, a diferença metodologias estatísticas utilizadas para o
entre as duas metodologias de medição, na desenvolvimento de modelos de classificação
visão de (Gestel e Baesens 2009, p. 117) de crédito.
“acabou ficando distorcida”.
Thomas (2000) apresenta um estudo que
Os modelos de Credit scoring e Credit analisa as técnicas utilizadas nos modelos de
Rating, de acordo com Gestel et al (2009, p. risco de crédito, por meio do trabalho o autor
92 ) é uma “Técnica de gestão de risco do procura discutir a necessidade de incorporar
tomador do empréstimo, a pontuação de as condições econômicas nos sistemas de
crédito atribui a cada cliente um nível de credit scoring. No estudo o autor identificou
risco”. Tal medida busca separar o bom que as decisões para concessão de crédito
pagador do mau pagador, diminuindo assim baseavam-se somente nos 5cs do crédito,
o risco do não recebimento dos empréstimos evoluindo nos dias de hoje para métodos
concedidos. estatísticos. Entre os modelos estatísticos
utilizados o autor menciona a analise
Durand (1941) afirma que as fórmulas discriminante como método mais utilizado,
para a classificação de crédito são geralmente porem ressalta que a analise discriminante é
compostas pela combinação de experiência e criticada por ser eficiente apenas para
intuição. O autor fez uso da análise pequenas classes de distribuições. O autor
discriminante múltipla para analise de crédito, também menciona a analise de regressão
o trabalho de Duran, é considerado com um sendo utilizada em desenvolvimento de
dos mais antigos a utilizar essa metodologia modelos de medição crédito. A regressão
para analise do risco de crédito. O autor fez logística, a análise Probit e redes neurais
uso de métodos estatísticos para criar uma também são mencionadas pelo autor com
formula de Credit Rating. técnicas utilizado pelas instituições como
Outro estudo de grande importância no métodos estatísticos para desenvolvimento
que se refere a analise de crédito foi realizado de modelos para medir o risco de crédito.
por Altman (1968), o autor fez uso da Abdou, Masry e Pointon, (2007) indo ao
metodologia de analise discriminante múltipla encontro de Thomas (2000) mencionam que
para a previsão de falência. é possível destacar a analise discriminante,
Altman (1968) utilizou um conjunto de analise de regressão, analise Probit e
índices financeiros e econômicos para regressão logística. (Abdou, Masry e Pointon,
realização do estudo, dando foco as empresas 2007).
de manufatura. O resultado desse trabalho foi Lopez e Saidenberg (2000) propõem um
à criação do Z-Score, o autor conclui que o método de avaliação de modelos de risco
modelo se mostrou extremamente preciso, usando abordagem de dados em Painel. Os
prevendo corretamente 94% da previsão de autores mencionam a importância para os
falência da amostra inicial, sendo que a bancos e para as agências reguladoras, de se
amostra inicial foi composta por 66 empresas avaliar a precisão dos modelos utilizados
divididas em dois grupos, o grupo de atualmente para prever as perdas relacionadas
empresas que decretaram falência e o outro ao crédito, foi proposto no artigo uma
grupo consistiu de um grupo de empresas avaliação para os modelos de risco de crédito
escolhidas aleatoriamente.
usando cross-section, avaliando os modelos amostral e sugerem um modelo de scoring
não só sobre o tempo, mas também para imparcial utilizando Probit bivariado.
prever o risco relacionado ao crédito em
diversos pontos no tempo. Os autores O conjunto de dados do estudo
concluem que o horizonte de tempo analisou 13.338 pedidos de empréstimos na
geralmente utilizado no modelo de crédito principal Instituição fornecedora de
prejudica a previsão de inadimplência, a empréstimos da Suécia, entre o período de
pesquisa menciona que o método proposto Setembro de 1994 a Agosto de 1995.
no estudo precisa de pesquisas adicionais. Por meio de uma seleção eficiente, pode
Outros estudos também foram reduzir o risco de crédito em até 80%. Com o
realizados para testar a efetividade dos estudo, os autores chegaram à conclusão que
modelos de crédito utilizado pelas o banco concedia empréstimos com base em
instituições financeiras, para verificar a modelos desatualizados e de uma maneira
eficiência dos modelos de classificação de não consistente para a minimização do
credito utilizado para separar o bom pagador default de crédito. Os autores ainda afirmam
do mau pagador. Treacy e Carey (2000) que o calculo do VaR por meio de uma
apresentam um estudo que descreve os seleção eficiente, pode reduzir o risco de
sistemas de rating de crédito das 50 maiores crédito em até 80%.
instituições financeiras dos Estados Unidos. A concessão de crédito pode ser descrita
Os autores procuram analisar a efetividade como uma das principais ferramentas para o
dos sistemas internos de Rating utilizados desenvolvimento do econômico de um país.
pelas instituições financeiras. Com os (Jacobson e Roszbach, 2003) Segundo o
estudos, os autores chegaram à conclusão que Banco Central (BC) a média diária de
certas características dos atuais sistemas de concessão de crédito tem sofrido um
classificação de crédito devem ser revistos, acréscimo de 8,1%, sendo que as concessões
trazendo assim melhor gerenciamento do de crédito fornecidas pelos bancos para
risco pela instituição e a obtenção de pessoa jurídica cresceram 11% em relação ao
vantagens das oportunidades que possam mês de Julho para Agosto de 2012.
surgir.
Diante de um cenário do aumento
Os autores ainda fornecem alguns constante na concessão de crédito, e da
aconselhamentos para os bancos e para as evolução dos modelos de medição do risco de
agências reguladoras, entre eles, vale destacar crédito nas ultimas décadas, surge à
o aconselhamento dado aos bancos, onde o necessidade de metodologias eficazes de
autor afirma que os bancos devem fazer avaliação do risco de crédito, tais necessidade
tentativas sérias para melhor quantificar as surgem principalmente do aumento do
características das perdas, não deixando a numero de falências. (Altman, Sunders,
tarefa apenas nas mãos dos especialistas em 1998).
gestão de risco, mas também envolver todos
os stakeholders. Com base nos trabalhos analisados no
referencial teórico, foi possível perceber a
Jacobson e Roszbach (2003) apresentam necessidade de avaliação dos modelos de
um método para avaliar os modelos de risco de crédito, tanto por parte das
calculo do risco de crédito de uma carteira, os Instituições financeiras como por parte dos
autores afirmam que os modelos de Credit agentes reguladores.
Scoring sofrem de um viés de seleção
Com este estudo pretende-se contribuir
para o gerenciamento do risco de crédito nas
Instituições financeiras Brasileira, Paulo (BOVESPA). A base de dados foi
caracterizado por um constante aumento da composta por relatórios de Gestão de Risco
exposição a esse tipo de risco. disponibilizado pelas Instituições Financeiras
Brasileiras através do relatório de risco e por
meio deles foi possível verificar os modelos
3. Metodologia de gestão de risco de crédito utilizados pelas
empresas.
A metodologia utilizada neste trabalho
foi qualitativa, com a utilização de diversos Com base no referencial teórico
conceitos relativos à gestão de risco de apresentado, optou-se por fazer um
crédito, com base em referências comparativo entre os modelos de risco de
internacionais. A pesquisa realizada é de crédito apresentados pela literatura e os
caráter descritivo-exploratório, que segundo modelos de risco de crédito utilizado pelas
Deslauriers et al (2008) pode ser utilizada instituições financeiras brasileiras.
com dois objetivos: conhecer para mudar ou
conhecer para aprofundar.
4. Análise dos Resultados
No caso deste estudo, procura-se
entender para aprofundar, tendo como O Quadro 1, apresenta as principais
objetivo verificar a fragilidade das empresas instituições financeira listadas na Bolsa de
financeiras brasileiras diante de um cenário de Valores de São Paulo (BOVESPA), bem
crise de crédito. como o segmento de governança corporativa,
o modelo de mensuração de risco de crédito
A amostra deste estudo é composta por utilizados e outros métodos utilizados na
instituições financeiras brasileiras de capital concessão de crédito.
aberto, listadas na Bolsa de Valores de São

Quadro 1 - Principais Instituições Financeiras de Capital Aberto no Brasil.

Outros Métodos utilizados


Razão Social Modelo utilizado
na concessão de crédito

ABC BRASIL Credit Scoring e Credit Rating Análise gerencial


ALFA CONSORC Credit Scoring e Credit Rating Análise gerencial
AMAZONIA Credit Scoring e Credit Rating Garantias
BANESE Credit Scoring e Credit Rating Garantias e análise do sistema
BANESTES Credit Scoring e Credit Rating Garantias e provisão
BANPARA Não divulgado Análise gerencial
Behaviour Score, Credit Rating e Credit
BANRISUL Scoring Análise de comitê de crédito
BICBANCO Credit scoring Garantias
Behaviour Score, Credit Rating e Credit
BRADESCO Scoring. Garantias e comitê de crédito
Frequência Esperada de
BRASIL Credit Scoring e Credit Rating inadimplência (FEI)
BRB BANCO Credit Scoring Análise de comitê de crédito
Probabilidade de Default (PD) e Credit Garantia e Análise de comitê de
BTGP BANCO rating crédito
DAYCOVAL Não divulgado Análise de comitê de crédito
Credit Rating estabelecido pela gerencia e
INDUSVAL não por modelos Análise de comitê de crédito
Probabilidade de Default (PD) , Credit
ITAUUNIBANCO rating e Credit Scoring Garantias e comitê de crédito
MERC BRASIL Sistema de Credit Risk Intelligence - CRI Garantias
PANAMERICANO Credit Scoring e Credit Rating Análise gerencial
SANTANDER BR Credit Scoring Análise de comitê de risco
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos relatórios de gestão de risco das empresas financeiras listadas em bolsa.

Com base na análise dos relatórios de concessão de empréstimos. Também foi


riscos das instituições financeiras brasileiras possível constatar que empresas de porte
foi possível constatar a preferência pela maior utilizam outras metodologias
utilização de modelos de Credit Scoring e adicionais os modelos de Credit Scoring e
Credit Rating para mitigar de risco de crédito Credit Rating, como é o caso de
(gráfico 1). Dentre as 18 empresas analisadas, ItauUnibanco e BTG, que utilizam outros
16 empresas utilizam os modelos de Credit modelos de crédito para mitigar o risco de
Rating e Credit Scoring para realizar a inadimplência.
Gráfico 1 – Modelos de análise de concessão de crédito utilizados pelas Instituições
financeiras de capital aberto no Brasil.

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos relatórios de gestão de risco das empresas financeiras lista em bolsa
Outro ponto de destaque na análise é a final de concessão ou não do empréstimo.
utilização de comitês de crédito, que em Também vale destacar a exigência de
complemento aos modelos de gestão de risco, garantias vinculadas aos empréstimos, é
atuam de forma a mitigar o risco de possível verificar que é uma prática comum
inadimplência. De acordo com o gráfico 2, dentre os grandes bancos brasileiros a
das 18 empresas financeiras analisadas, 13 exigência de garantias, que agem como um
delas possuem um comitê de analise de complemento aos modelos de risco de
crédito, que são responsáveis pelo parecer crédito e analise dos comitês de crédito.
Gráfico 2 – Modelos de análise de concessão de crédito utilizados pelas Instituições
financeiras de capital aberto no Brasil.

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos relatórios de gestão de risco das empresas financeiras lista em bolsa

5. Conclusão para a diminuição da exposição a esta


modalidade de risco.
O objetivo deste trabalho foi analisar as
estratégias utilizadas pelas instituições Ao se realizar a análise dos relatórios de
financeiras brasileiras no gerenciamento do risco das instituições financeira, buscaram-se
risco de crédito. Fazendo uso dos relatórios identificar há existência de similaridades entre
de gerenciamento de risco destas instituições, o verificado na literatura e o colocado em
buscou-se identificar as medidas implantadas prática pelos Bancos Brasileiros.
Como resultado das análises, destaca-se 4. Banco Central do Brasil (BC). Relatório de
a preferência pela utilização dos modelos de
Economia Bancária e Crédito
Credit Scoring e Credit Rating que de acordo
com a constatação de Jacobson e Roszbach <http://www.bcb.gov.br/Pec/spread/port
(2003) sofrem de um viés de seleção amostral,
/relatorio_economia_bancaria_credito.pdf>
podendo prejudicar a eficácia da previsão da
inadimplência. acessado em 28/11/2012.
Diante do aumento da importância dos 5. Banco Central do Brasil (BC). Basiléia 2 <
modelos de medição do risco de crédito é http://www.bcb.gov.br/?BASILEIA2>
essencial avaliar os modelos utilizados pelas
instituições financeiras Brasileira, a fim de acessado em 29/11/2012.
verificar se os modelos são os mais 6. DESLAURIERS, J.P. & KÉRISIT, M. O
adequados. De acordo com Lopez e
Saidenberg (2000) existem diversos modelos delineamento de pesquisa qualitativa. In:
de risco de crédito, variando em diversos Apesquisa qualitativa: enfoques
níveis de sofisticação.
epistemológicos e metodológicos. Tradução
Por fim, os modelos de gerenciamento
de risco de crédito em conjunto com as de Ana Cristina Nasser. Petrópolis, RJ:
garantias ou análise de comitê de crédito, Vozes, 2008. pp. 127-153.
pode diminuir o risco de inadimplência,
dando mais solidez ao mercado financeiro 7. DURAND, D. (1941). Risk Elements in
brasileiro. Consumer Instalment Financing, Studies in
Consumer Instalment Financing. New York:
Referências Bibliográficas National Bureau of Economic Research.
1. ALTMAN, E.I. (1968). Financial Ratios, 8. DHAR, S. e BALAKRISHNAN, B. (2006)
Discriminant Analysis and the Prediction of Risks, Benefits, and Challenges in Global IT
Corporate Bankruptcy. The Journal of Outsourcing: Perspectives and Practices.
Finance, XXIII: 589-609. Journal of Global Information Management,
2. ALTMAN, E. I.; SAUNDERS, A. (1998) - vol. 14, issue 3.
Credit risk measurement: Developments over 9. Federal Deposit Insurance Corporation –
the last 20 years - Journal of Banking & FDIC. Failed Banklist < www.fdic.gov/-
Finance 21 – p. 1721 – 1742. bank/individual/failed/banklist.html.>
3. Agencia de classificação de Rating Austin Acessado em 02/09/2013.
Rating - Prejuízo de bancos com calotes 10. FROOT, K. A.; SCHARFSTEIN, D. S.;
cresceu 39% no 1º semestre STEIN, J. C. (1993) Risk Management:
<http://www.austin.com.br/Imprensa> Coordinating Corporate Investments and
Acessado em 27/11/2012. Financing Policies. The Journal of Finance, v.
XLVIII, n. 5, p. 1629-1658.
11. GESTEL, T. V.; BART B. (2009) Credit Response to the Financial Crisis.
Risk Management: Basic concepts: Financial International Research Journal of Finance
risk components, Rating analysis, models, and Economics. Euro Journals Publishing,
economic and regulatory capital. Oxford. Inc.
12. HANSSON, S. O. (2005) Seven Myths of 17. RAWLS, S. W.; SMITHSON, C. (1990)
Risk. Risk Management, Vol. 7, No. 2. Strategic risk management, Continental Bank
13. JACOBSON, T; ROSZBACH K. (2003) Journal of Applied Corporate Finance 1, 6–
Bank lending policy, credit scoring and value- 18.
at-risk - Journal of Banking & Finance 27, p. 18. STULZ R. M. – (1996) Rethinking risk
615–633. management - Bank of America Journal of
14. KAPLAN, S. e GARRICK, B.J. (1981) Apllied Corporate Finance.
On the quantitative definition of risk. Risk 19. THOMAS L. C. (2000) - A survey of
Analysis, 1, 11–27. credit and behavioural scoring: forecasting
15. LOPEZ J. A; SAIDENBERG M. R. financial risk of lending to consumers -
(2000) - Evaluating credit risk models - International Journal of Forecasting 16 – p.
Journal of Banking & Finance 24 151-165. 149-172
16. POLAK, P; ROBERTSON, D. C.; 20. TREACY, W. F; CAREY, M. (2000)
LIND, M. (2011) The New Role of the Credit risk rating systems at large US banks -
Corporate Treasurer: Emerging Trends in Journal of Banking & Finance 24, p. 167-201.

Você também pode gostar