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Postila Sociologia
Postila Sociologia
Diante desta constatação, Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber são
considerados autores fundamentais no campo sociológico. É tamanha a importância
destes autores, que frequentemente são nomeados como clássicos. Por esta razão,
acabam se tornando leitura obrigatória de qualquer pessoa que se propõe a se
aproximar ou até mesmo se aprofundar na área. A seguir, serão apresentados os
autores e respectivas teorias, os principais fundamentos e conceitos, cientes da
complexidade e da dificuldade que teremos de, em poucas páginas, esgotar tais
abordagens sobre o mundo moderno.
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Um conflito que abalou significativamente Durkheim foi a primeira Guerra Mundial, ocorrida
de 1914 a 1918. Sociólogo já mundialmente famoso, nesse momento, a morte de seu filho, na
guerra, e a de alguns de seus melhores amigos fizeram com que ficasse muito consternado. A
15 de dezembro de 1917, Durkheim veio a falecer na cidade francesa de Fontainebleau.
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Você deve estar se perguntando: O que são fatos sociais para ele? Isto é o que buscaremos
compreender agora, conceito-chave em Durkheim, e, em sentido mais geral, na própria
Sociologia.
Para Durkheim, a sociedade prevalece sobre o indivíduo. A sociedade é para ele um conjunto
de normas de ação, pensamentos e sentimentos existentes, que são aceitos e, mais do que isso,
devem ser seguidos por todos Sem essas regras, segundo ele, a sociedade não existiria, e é por
isso que os individuos devem se submeter a elas. Para Durkheim, os fatos sociais são justamente
essas regras e normas coletivas que orientam a vida dos individuos em sociedade e este deve
ser o objeto de estudo da Sociologia. Os fatos sociais têm duas caracteristicas fundamentais: são
exteriores e coercitivos. Como assim? São exteriores, porque são ideias, normas ou regras
criadas pela coletividade e já existem fora de nós quando nascemos, e coercitivos, visto que
estas ideias, normas e regras devem ser seguidas por todos. Os que desobedecem são punidos
pelo resto do grupo.
Um dos exemplos preferidos de Durkheim para mostrar o que é um fato social é a educação.
Toda sociedade tem de educar seus membros, fazendo com que aprendam as regras necessárias
para a convivência social. Outro exemplo de fato social para Durkheim é o suicidio, analisado
por ele a partir de uma perspectiva sociológica. Segundo ele, toda sociedade está predisposta a
ter um contingente de mortos voluntários. Em "O suicidio", Durkheim quis sobretudo frisar a
existência de um desregramento social (anomia/este conceito será trabalhado adiante), que
seria o responsável por este fenômeno coletivo.
Para Durkheim, então, como coloca Lallement (2003), a Sociologia pode ser definida como
a ciência dos fatos sociais. Caberá ao sociólogo pôr em evidência e analisar esses fenômenos
que constituem regularidades socialmente determinadas, podendo ser observados e explicados
por esta nova ciência, chamada Sociologia. Segue na sequência um trecho da obra "As regras do
método sociológico", onde Durkheim (2001, p. 5-6) expõe exatamente o que compreende por
fato social.
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Eis, portanto, uma ordem de fatos que apresentam características muito especiais:
consistem em maneiras de agir, de pensar e sentir, exteriores ao individuo, e que são dotadas
de um poder de coerção em virtude do qual se impõem a ele. Por conseguinte, não poderiam
ser confundidos com os fenômenos orgânicos, por consistirem em representações e ações; nem
com os fenômenos psíquicos, que não têm existência a não ser na consciência individual e por
ela. Constituem, portanto, uma espécie nova e é a eles que se deve dar e reservar a qualificação
de sociais. Convém a eles, pois está claro que não tendo o individuo como substrato, não podem
ter outro a não ser a sociedade, seja a sociedade politica em sua integralidade, seja algum dos
grupos parciais que ela encerra, confissões religiosas, escolas políticas, literárias, corporações
profissionais, etc. Por outro lado, é apenas a eles que convém; pois a palavra social só tem
sentido definido sob a condição de designar unicamente fenômenos que não se incluem em
nenhuma das categorias de fatos já constituídas e denominadas Constituem, portanto, o
domínio da própria sociologia. E verdade que a palavra coerção ou coercitividade, pela qual os
definimos, corre o risco de perturbar os zelosos partidários de um individualismo absoluto.
Como professam que o indivíduo é perfeitamente autônomo, parece-lhes que este sai diminuído
toda vez que se lhe faz sentir que ele não depende apenas de si mesmo.
Para Durkheim, circunscrever um objeto de estudo particular não basta para fundar uma
ciência. E necessário ainda que se tenha um método rigoroso de análise e de explicação.
Durkheim se propôs esta tarefa e em "As regras do método sociológico" expôs os princípios
fundamentais que devem nortear a Sociologia. Em primeiro lugar, segundo ele, deve-se tratar
os fatos sociais como coisas. O que ele quis dizer com isso? O que Durkheim quis buscar ou
propor é que, assim como o físico ou o biólogo observa de fora o seu objeto de estudo, o
sociólogo deve saber situar-se à distância dos fatos sociais que analisa; postura difícil, visto
vivermos no mundo social que estudamos. Enfatiza a posição de neutralidade e objetividade
que o pesquisador deve ter em relação à sociedade: ele deve descrever e analisar a realidade
social, sem deixar que suas ideias e opiniões interfiram na observação dos fatos sociais
(LALLEMENT, 2003).
b) Alguns Conceitos Durkheimianos
Durkheim desenvolveu sua teoria a partir de certos conceitos e a internalização dos mesmos
é de suma importância para melhor compreendermos a leitura que ele fez do momento
histórico em que estava inserido. Podemos definir conceito como um conjunto de ideias
desenvolvidas e que têm por objetivo explicar um fenômeno qualquer, dar conta do real.
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Buscaremos ter acesso ao que ele entende por consciência coletiva, divisão do trabalho
social, solidariedade mecânica e orgânica, caso patológico e anomia, bem como a concepção
que tem a respeito do que é e qual a função do Estado, conceitos significativos para a teoria
durkheimiana.
Por consciência coletiva entende-se a soma de crenças e sentimentos comuns à média dos
membros da comunidade, ideias comuns que estão presentes nas consciências individuais de
uma sociedade. Se de forma didática poderíamos afirmar que, de um lado, teríamos a
consciência individual como o modo bastante especifico de pensar de um individuo, a
consciência coletiva está relacionada à forma de pensar da sociedade. De acordo com Meksenas
(2001), para Durkheim não é a consciência individual que determina as ações de uma pessoa,
mas a consciência coletiva. Ao nascermos, encontramos a sociedade pronta e constituída em
suas leis. De forma bastante simplificada, podemos afirmar que a consciência coletiva exerce
um controle sobre nossas vidas. Como exemplo, poderíamos afirmar que não somos obrigados
a falar o mesmo idioma dos que nos cercam, nem utilizar a mesma moeda, mas parece
impossível agirmos de outra maneira. Sentimos e agimos conforme a determinação ou
prescrição do grupo a que pertencemos. Assim, o Direito, os costumes, as crenças religiosas, e
outras inúmeras coisas são construções das gerações passadas e as mesmas são transmitidas às
novas através do processo de educação.
Nesse caso, o que torna as pessoas unidas não é uma crença comum, mas uma interdependência
das funções sociais. A união das pessoas, a partir da dependência que uma tem da outra para
realizar alguma atividade social, é o que Durkheim chama de solidariedade orgânica.
De origem grega, "a" significa ausência, inexistência, enquanto "nomia" vem de lei,
norma. Desta forma, anomia, em sua significação etimológica, corresponde a "falta de leis ou
normas".
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Como afirma Sell (2006), a contribuição de Dukheim é inegável, sobretudo por seu
esforço de conferir à Sociologia uma reputação verdadeiramente científica, seu principal
objetivo. Além disso, é possível afirmar que é um dos grandes analistas do mundo moderno,
onde a partir do conceito de divisão do trabalho social, sugere a complexidade da sociedade
contemporânea, cuja característica reside na diferenciação social e especialização das funções.