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FACULDADE DE VETERINÁRIA
SETOR DE PATOLOGIA VETERINÁRIA
DISCIPLINA DE PATOLOGIA VETERINÁRIA ESPECIAL
PATOLOGIAS
DO
SISTEMA
CARDIOVASCULAR
M.V.
Matheus
Viezzer
Bianchi
1.
ANATOMIA
E
HISTOLOGIA
O
coração
é
um
órgão
muscular
cônico
que
funciona
como
uma
bomba
com
quatro
câmaras
e
quatros
válvulas.
O
coração
direito
é
composto
pelo
átrio
direito
e
ventrículo
direito,
que
recebem
o
sangue
venoso
da
circulação
sistêmica
através
das
veias
cava
cranial
e
caudal
e
o
bombeiam
através
da
artéria
pulmonar
para
os
pulmões.
O
sangue
oxigenado
retorna
da
circulação
pulmonar
através
das
veias
pulmonares
ao
coração
esquerdo
no
átrio
esquerdo
e
flui
para
o
ventrículo
esquerdo.
Com
a
sístole
cardíaca
este
sangue
é
bombeado
à
circulação
sistêmica
através
da
artéria
aorta.
O
suprimento
sanguíneo
do
coração
é
feito
através
da
artéria
coronária.
O
coração
é
envolto
por
um
saco
fibroelástico
(pericárdio),
que
em
condições
normais
contém
uma
pequena
quantidade
de
líquido
seroso
límpido.
A
parede
cardíaca
é
composta
por
três
camadas:
o
epicárdio,
miocárdio
e
endocárdio.
O
epicárdio
constitui
o
pericárdio
visceral,
que
se
une
ao
pericárdio
parietal
na
base
do
coração
e
é
composto
por
um
epitélio
pavimentoso
(mesotélio)
sobre
uma
fina
camada
de
tecido
conjuntivo
fibroso,
quantidades
variáveis
de
tecido
adiposo
e
inúmeros
vasos
sanguíneos.
O
miocárdio
é
a
camada
muscular
do
coração
e
consiste
em
células
musculares
cardíacas
(cardiomiócitos)
dispostas
em
feixes,
formando
fibras
estriadas
musculares.
Os
cardiomiócitos
perdem
a
capacidade
de
regeneração
após
o
nascimento,
ou
seja,
são
suscetíveis
às
lesões.
A
espessura
da
parede
está
relacionada
à
pressão
presente
em
cada
câmara:
átrios
com
paredes
finas
e
ventrículos
com
paredes
espessas.
A
espessura
da
parede
livre
do
ventrículo
esquerdo
é
três
vezes
a
do
ventrículo
direito
em
condições
normais,
devido
a
maior
pressão
da
circulação
sistêmica.
Além
dos
cardiomiócitos,
existem
fibras
musculares
especializadas
(fibras
de
Purkinje),
que
constituem
o
sistema
de
condução
cardíaco,
as
quais
estão
distribuídas
ao
longo
do
subendocárdio.
O
endocárdio
é
a
camada
mais
interna
do
coração
que
reveste
as
câmaras
e
se
estende
sobre
as
válvulas,
cordas
tendíneas
e
músculo
papilar.
É
constituído
por
um
endotélio
revestindo
uma
fina
camada
de
tecido
conjuntivo
fibroso
e
abaixo
dele
está
o
subendocárdio
(vasos
sanguíneos
e
nervos)
As
válvulas
cardíacas
(válvula
tricúspide
ou
atrioventricular
direita,
válvula
bicúspide
ou
mitral
ou
atrioventricular
esquerda,
válvula
semilunar
aórtica
e
válvula
semilunar
pulmonar)
são
compostas
por
tecido
conjuntivo
revestido
por
endotélio,
e
se
aderem
a
anéis
fibrosos
e
ao
músculo
papilar
(cordas
tendíneas).
As
válvulas
não
são
vascularizadas;
sua
nutrição
é
realizada
por
difusão
do
sangue
que
passa
pelas
câmaras.
2.
ALTERAÇÕES
POST-‐MORTEM
A
coagulação
sanguínea
post-‐mortem
leva
à
formação
de
coágulos
nos
átrios,
ventrículo
direito
e
grandes
vasos
na
base
do
coração,
que
por
possuírem
menos
massa
muscular
não
conseguem
removê-‐los.
Na
avaliação
post-‐mortem,
é
importante
observar
a
presença
ou
ausência
de
coágulos
sanguíneos
nos
ventrículos
e
sua
aparência
(cruóricos
x
lardáceos).
A
presença
de
coágulo
no
ventrículo
esquerdo
pode
ser
indício
de
doenças
cardíacas
prolongadas
ou
depleção
de
reservas
de
glicogênio.
É
importante
diferenciar
coágulos
de
trombos:
os
coágulos
são
facilmente
removíveis,
lisos
e
brilhantes,
enquanto
os
trombos
são
aderidos,
pálidos
e
opacos.
Coágulos
lardáceos
são
coágulos
pálidos
que
ocorrem
em
animais
com
anemia
grave
ou
doença
inflamatória
sistêmica.
Equinos
frequentemente
apresentam
coágulos
lardáceos
devido
a
uma
rápida
taxa
de
sedimentação
eritrocitária
na
espécie.
O
rigor
mortis
ocorre
no
miocárdio
da
mesma
forma
que
nos
músculos
esqueléticos,
levando
à
contração
e
rigidez
das
paredes
ventriculares,
com
um
consequente
esvaziamento
do
ventrículo
esquerdo
(maior
musculatura)
e
expulsão
do
sangue.
A
ruptura
dos
eritrócitos
(hemólise)
ocorre
post-‐mortem
em
cerca
de
24
a
48h,
e
a
hemoglobina
liberada
acaba
pigmentando
os
tecidos
com
uma
coloração
avermelhada
difusa
do
endocárdio
e
epicárdio
(embebição
pela
hemoglobina)
e,
por
isso,
deve
ser
diferenciada
de
hemorragia.
Caninos
e
equinos
jovens
podem
apresentar
palidez
miocárdica
difusa,
a
qual
não
está
relacionada
a
nenhuma
alteração
microscópica.
A
injeção
intracardíaca
de
soluções
para
eutanásia
pode
causar
hemopericárdio
e
depósitos
cristalinos
no
local
de
administração,
os
quais
são
melhor
visualizados
na
superfície
endocárdica
como
áreas
multifocais
brancacentas.
3.
REAÇÕES
DO
CORAÇÃO
À
LESÃO
Os
cardiomiócitos
respondem
à
lesão
por
um
espectro
limitado
de
reações
e
apresentam
baixa
capacidade
de
regeneração.
As
alterações
morfológicas
reversíveis
incluem
distúrbios
de
crescimento,
como
a
atrofia
e
hipertrofia,
sendo
a
última
mais
comum.
Outras
alterações
podem
ocorrer
na
forma
de
degenerações
ou
alterações
subletais,
ou
seja,
ocorrem
anteriormente
à
morte
da
célula,
como
a
degeneração
gordurosa,
lipofuscinose
e
degeneração
vacuolar.
Por
sua
vez,
as
lesões
letais
levam
à
necrose
ou
apoptose
dessas
células.
Em
geral,
a
necrose
das
células
cardíacas
é
seguida
por
uma
invasão
leucocitária
e
pela
fagocitose
dos
restos
celulares.
Essa
área
é
reparada
na
sequência
pela
proliferação
de
tecido
conjuntivo
fibroso,
com
formação
de
cicatriz
(na
macroscopia
correspondem
a
áreas
brancacentas
e
firmes
no
miocárdio).
4.
FISIOPATOLOGIA
CARDÍACA
A
função
cardíaca
normal
visa
manter
o
fluxo
sanguíneo
adequado
através
do
débito
cardíaco
para
os
tecidos
periféricos.
Assim,
fornece
nutrientes
e
oxigênio,
remove
resíduos
metabólicos
e
CO2,
distribui
hormônios,
mantém
a
termorregulação
e
pressão
de
filtração
glomerular
adequadas.
O
coração
tem
capacidade
de
reserva
funcional
de
3
a
5
vezes,
mas
esta
capacidade
pode
ser
perdida
na
doença
cardíaca,
resultando
em
comprometimento
de
função.
Para
manter
seu
débito
cardíaco
e
funcionamento
dos
demais
órgãos,
o
coração
pode
utilizar
mecanismos
compensatórios
que
operam
tanto
em
corações
normais
como
nos
acometidos
por
doenças.
Estes
mecanismos
incluem
respostas
a
curto
prazo,
como
o
aumento
da
frequência
cardíaca,
aumento
da
resistência
periférica,
aumento
do
volume
sanguíneo
e
a
policitemia,
assim
como
os
mecanismos
de
longo
prazo,
como
a
dilatação
cardíaca
e
hipertrofia
cardíaca.
5.
INSUFICIÊNCIA
CARDÍACA
Ocorre
quando
o
coração
não
tem
mais
a
capacidade
de
manter
o
débito
cardíaco
para
atender
a
necessidade
do
organismo,
e
os
mecanismos
compensatórios
já
foram
exauridos.
Pode
ser
causada
por
cardiomiopatias,
miocardites,
doenças
valvulares,
doenças
nutricionais,
intoxicações,
pericardites
e
neoplasias.
A
insuficiência
cardíaca
aguda
se
manifesta
como
síncope,
caracterizada
clinicamente
por
colapso,
perda
da
consciência
e
alterações
extremas
na
frequência
cardíaca
e
na
pressão
arterial.
É
causada
por
necrose
miocárdica
massiva,
tamponamento
cardíaco
(hemopericárdio),
oclusão
súbita
da
artéria
aorta
ou
pulmonar,
ruptura
cardíaca
ou
de
grandes
vasos
e
intoxicações
(interferem
na
respiração
celular,
levando
à
morte
celular).
A
lesão
cardíaca
muitas
vezes
está
ausente
por
ser
muito
aguda.
As
lesões
sistêmicas
podem
ser
inespecíficas,
como
edema
e
congestão
pulmonar
até
congestão
passiva
aguda
com
fígado
e
baço
aumentados.
A
insuficiência
cardíaca
crônica
(congestiva
ou
ICC)
se
desenvolve
lentamente,
com
uma
perda
gradual
da
eficácia
de
bombeamento
cardíaco
associada
à
sobrecarga
de
volume
(quando
o
sangue
reflui
para
o
átrio
na
sístole
–
doenças
valvulares),
sobrecarga
de
pressão
(quando
é
necessária
maior
força
de
contração
devido
a
uma
estenose
ou
hipertensão
pulmonar
-‐
anomalias
congênitas),
e
disfunção
miocárdica
(lesão
miocárdica,
pericárdica,
cardiomiopatias
tóxicas).
Ocorre
quando
o
retorno
venoso
é
maior
do
que
o
débito
cardíaco,
ou
seja,
o
sangue
fica
estagnado
nos
vasos
anteriores
à
câmara
afetada.
Pode
ser
agravada
pelo
próprio
organismo,
como
quando
ocorre
redução
da
perfusão
renal
(hipóxia),
estimulando
a
liberação
de
renina
pelo
aparelho
justaglomerular,
resultando
em
estímulo
à
secreção
de
aldosterona
na
adrenal,
a
qual
irá
estimular
a
reabsorção
de
água
e
sódio
nos
túbulos
renais,
aumentando
a
volemia.
Isso
aumenta
a
carga
de
trabalho
do
coração
que
já
está
descompensado.
O
mesmo
pode
ocorrer
com
o
aumento
da
eritropoiese
(através
da
eritropoietina),
causando
policitemia
e
aumento
da
viscosidade
sanguínea.
Os
mecanismos
compensatórios
da
ICC
a
longo
prazo
para
manter
o
débito
na
situação
de
aumento
de
carga
de
trabalho
são
a
dilatação
e
a
hipertrofia
cardíaca.
A
dilatação
cardíaca
permite
uma
resposta
mais
rápida,
ocasionando
o
estiramento
das
fibras
cardíacas
e
um
aumento
na
força
contrátil,
porém
esta
força
é
limitada
à
medida
que
o
coração
dilata
excessivamente.
A
hipertrofia
do
miocárdio
representa
uma
aumento
na
massa
muscular
pelo
aumento
do
tamanho
dos
cardiomiócitos
(aumento
de
organelas
no
citoplasma).
Nos
casos
de
ICC
é
uma
hipertrofia
secundária
como
resposta
compensatória
à
carga
de
trabalho
excessiva,
enquanto
nas
cardiomiopatias
é
primária.
Existem
duas
formas
de
hipertrofia:
concêntrica.e
excêntrica.
Na
hipertrofia
concêntrica,
as
câmaras
ventriculares
ficam
diminuídas
e
a
parede
ventricular
espessada,
devido
a
uma
sobrecarga
de
pressão,
como,
por
exemplo,
no
impedimento
do
fluxo
durante
a
sístole
na
estenose
valvular
pulmonar
ou
subaórtica
e
hipertensão
pulmonar
(dirofilariose).
Na
hipertrofia
excêntrica,
ocorre
um
aumento
das
câmaras
ventriculares
e
atriais
e
um
aumento
do
miocárdio,
devido
a
uma
sobrecarga
de
volume,
como,
por
exemplo,
nas
doenças
valvulares
(endocardite
e
endocardiose)
e
anomalias
congênitas
(comunicações
entre
o
lado
esquerdo
e
direito),
condições
nas
quais
há
um
aumento
do
volume
diastólico
no
átrio
pelo
refluxo
de
sangue
ao
mesmo
durante
a
sístole.
As
lesões
sistêmicas
da
ICC
são
dependentes
do
lado
afetado.
Em
uma
fase
mais
avançada
uma
ICC
direita
pode
levar
à
sobrecarga
do
esquerdo
e
vice-‐versa,
ou
seja,
com
sobreposição
de
lesões
de
ICC
direita
e
esquerda.
Na
ICC
direita,
observa-‐se
fígado
noz-‐moscada,
ingurgitamento
de
veia
jugular
e
edemas
generalizados
(aumento
da
pressão
hidrostática).
Os
edemas
podem
ser
subcutâneos
(anasarca),
de
barbela
(peito)
e
cavitários:
ascite,
hidrotórax
e
hidropericárdio.
Na
ICC
esquerda,
observa-‐se
edema
e
congestão
pulmonar
acentuados.
Os
pulmões
podem
exibir
uma
coloração
acastanhada
(bronzeada),
devido
à
diapedese
de
hemácias
aos
alvéolos
e
fagocitose
por
macrófagos
(células
da
falha
cardíaca
–
hemossiderose).
6.
ANOMALIAS
CONGÊNITAS
-‐
São
alterações
cardíacas
formadas
durante
o
período
pré-‐natal.
A
maioria
das
espécies
apresenta
uma
baixa
ocorrência
aleatória
de
malformações
cardíacas
espontâneas.
Em
caninos,
estes
distúrbios
são
hereditários
e
podem
ser
atribuídos
aos
efeitos
de
genes
únicos
ou
múltiplos.
Os
sinais
clínicos
dependem
da
gravidade
da
lesão
e
podem
incluir
pouca
tolerância
a
exercícios,
cianose
e
retardo
no
desenvolvimento
corporal.
Os
defeitos
congênitos
podem
ser
gerados
pela
exposição
de
fêmeas
prenhes
a
agentes
teratogênicos
ou
deficiências
nutricionais.
Estas
incluem
deficiência
de
vitamina
A
e
zinco.
A)
Persistência
do
ducto
arterioso
(ducto
arterioso
patente)
O
ducto
arterioso
é
um
canal
vascular
que
comunica
as
artérias
pulmonar
e
aorta
durante
a
vida
fetal,
permitindo
que
o
sangue
desvie
dos
pulmões.
No
período
pós-‐natal
é
convertido
no
ligamento
arterioso,
pela
modificação
de
pressão
nestas
artérias
(aorta
passa
a
ter
maior
pressão).
É
uma
alteração
frequente
em
caninos,
especialmente
nas
raças
Poodle,
Collie,
Pomerânios,
Chihuahuan
e
Maltês.
Na
persistência
do
ducto
arterioso,
esta
comunicação
permanece
aberta.
Geralmente
o
sangue
é
transferido
do
ventrículo
esquerdo
ao
direito
(aorta
-‐>
ducto
-‐>
art.
pulmonar),
resultando
em
hipertensão
pulmonar.
Esta
hipertensão
leva
a
uma
sobrecarga
de
pressão
e
hipertrofia
concêntrica
de
ventrículo
direito.
Enquanto,
o
maior
volume
que
retorna
ao
coração
esquerdo
leva
a
uma
sobrecarga
de
volume
e
hipertrofia
excêntrica
do
ventrículo
esquerdo.
B)
Defeito
de
septo
atrial
É
uma
deficiência
no
fechamento
do
forame
oval,
o
qual
na
vida
fetal
comunica
os
átrios,
permitindo
a
passagem
do
sangue
do
átrio
direito
ao
átrio
esquerdo,
desviando-‐o
dos
pulmões.
Pode
ser
também
devido
a
uma
falha
na
formação
do
septo
interatrial.
É
mais
comum
em
caninos
nas
raças
Boxer,
Pinscher
e
Samoieda.
Como
o
gradiente
de
pressão
muda
após
o
nascimento,
o
sangue
passa
a
fluir
do
átrio
esquerdo
ao
átrio
direito,
resultando
em
sobrecarga
de
volume
e
hipertrofia
excêntrica
do
átrio
e
ventrículo
direito.
C)
Defeito
de
septo
interventricular
É
uma
falha
no
desenvolvimento
do
septo
interventricular
que
ocorre
principalmente
em
bovinos
e
caninos
(raça
Bulldog
Inglês).
Pode
ser
um
defeito
superior
na
porção
membranosa
do
septo
ou
inferior
na
porção
muscular.
O
sangue
passa
do
ventrículo
esquerdo
ao
ventrículo
direito
através
do
defeito,
provocando
hipertrofia
em
ventrículo
direito
por
sobrecarga
de
volume
e
pressão
(hipertensão
pulmonar).
Como
o
retorno
venoso
ao
átrio
esquerdo
é
maior,
ocorre
uma
sobrecarga
de
volume
e
hipertrofia
excêntrica
de
ventrículo
esquerdo.
D)
Persistência
de
arco
aórtico
direito
É
mais
frequente
em
caninos
das
raças
Pastor
Alemão
e
Setter.
No
feto,
o
quarto
arco
aórtico
esquerdo
dá
origem
à
artéria
aorta.
Assim,
a
aorta
se
origina
no
ventrículo
esquerdo,
faz
uma
curvatura
à
esquerda
e
corre
fica
paralela
à
artéria
pulmonar
e
à
esquerda
do
esôfago
e
traqueia.
Nesta
malformação,
a
aorta
é
originada
do
quarto
arco
aórtico
direito,
fazendo
uma
curvatura
à
direita
após
sair
do
ventrículo.
Desta
forma,
o
ligamento
arterioso
forma
um
anel
que
comprime
o
esôfago
e
a
traqueia.
Clinicamente,
o
animal
manifesta
regurgitação
conforme
passa
a
comer
alimentos
sólidos
devido
à
obstrução
esofágica.
Na
necropsia,
o
esôfago
na
porção
cranial
à
compressão
está
dilatado
(megaesôfago).
E)
Tetralogia
de
Fallot
É
uma
anomalia
cardíaca
complexa
frequente
no
Bulldog
Inglês
e
caracterizada
por
apresentar
três
alterações
primárias
(defeito
no
septo
ventricular,
estenose
pulmonar
e
persistência
do
arco
aórtico
direito)
e
uma
secundária
(hipertrofia
concêntrica
de
ventrículo
direito.
O
achado
clínico
é
a
cianose
acompanhada
por
fraqueza,
crescimento
retardado
e
policitemia.
A
cianose
ocorre
devido
à
passagem
de
sangue
venoso
(não
oxigenado)
do
ventrículo
direito
ao
ventrículo
esquerdo.
F)
Estenose
pulmonar
É
frequente
em
caninos,
sendo
hereditária
em
raças
Beagle,
Bulldog
Inglês
e
Chihuahua.
Ocorre
a
formação
de
uma
banda
circunferencial
de
tecido
fibroso
ou
muscular
sob
a
válvula
(subvalvular)
ou
na
válvula
(malformação
valvular).
Como
consequência,
ocorre
uma
sobrecarga
de
pressão
e
hipertrofia
concêntrica
do
ventrículo
direito,
além
de
dilatação
da
base
da
artéria
pulmonar
e
fibrose
da
túnica
íntima
devido
ao
fluxo
turbulento.
G)
Estenose
subaórtica
Frequente
em
caninos
e
suínos
(Danish).
Nos
caninos
é
hereditária
nas
raças
Newfoundland,
Boxer
e
Pastor
Alemão.
A
estenose
é
provocada
pela
presença
de
uma
zona
espessa
de
tecido
fibroso
endocárdico
abaixo
da
válvula
semilunar
aórtica
(subaórtica).
Ocorre
hipertrofia
concêntrico
do
ventrículo
esquerdo
como
consequência
da
sobrecarga
de
pressão
da
estenose,
além
de
dilatação
pós-‐estenótica.
H)
Ectopia
cordis
É
o
desenvolvimento
congênito
do
coração
em
local
anormal
fora
da
cavidade
torácica.
É
raro
e
mais
comum
em
bovinos,
nos
quais
pode
ser
compatível
com
a
vida.
Há
relatos
de
animais
adultos
e
hígidos
com
o
coração
localizado
na
área
caudo-‐ventral
do
pescoço
na
região
subcutânea.
Pode
localizar-‐se
também
na
cavidade
abdominal
ou
fora
do
corpo.
I)
Hematocistos
e
linfocistos
São
achados
incidentais
em
ruminantes
neonatos
e
que
regridem
espontaneamente
sem
gerar
nenhuma
alteração
funcional.
Podem
se
formar
como
hematomas
valvulares
(cistos
preenchidos
por
sangue
–
hematocistos),
ou
como
linfocistos
valvulares
(cistos
preenchidos
por
conteúdo
seroso
amarelado).
7)
ALTERAÇÕES
CIRCULATÓRIAS
Hemorragia
-‐
é
uma
lesão
frequente
do
epicárdio,
endocárdio
e
miocárdio.
As
hemorragias
variam
de
petéquias,
equimoses
a
sufusões.
Os
animais
que
morrem
por
septicemia,
endotoxemia,
anóxia
ou
eletrocussão
frequentemente
apresentam
hemorragias
epicárdicas
e
endocárdicas
proeminentes.
Equinos
que
morrem
por
qualquer
causa
podem
apresentar
hemorragias
agônicas
na
superfície
epicárdica
e
endocárdica.
Uma
doença
específica
com
hemorragia
cardíaca
é
a
“doença
do
coração
de
amora”
em
suínos,
causada
pela
deficiência
de
vitamina
E
e
selênio,
em
que
ocorre
microangiopatia
em
animais
de
2
a
4
meses
de
idade.
Na
intoxicação
aguda
por
samambaia
(Pteridium
aquilinum)
ocorre
diátese
hemorrágica
pela
trombocitopenia
(efeito
radiomimético
de
aplasia
da
medula
óssea).
Infarto
-‐
Em
humanos
o
infarto
do
miocárdio
é
uma
das
principais
causas
de
morte,
geralmente
associada
à
aterosclerose
com
hipercolesterolemia.
Porém
em
animais,
a
aterosclerose
é
incomum
e
com
pouca
importância,
somente
ocorrendo
em
distúrbios
endócrinos.
Embolia
e
trombose
-‐
a
embolia
é
comum
de
ocorrer
na
endocardite
valvular
vegetativa.
Nessa
condição
ocorre
o
desprendimento
de
fragmentos
da
válvula
afetada
(vegetação):
na
válvula
tricúspide
(coração
direito)
eles
podem
embolizar
e
se
alojar
nos
pulmões,
provocando
pneumonia
embólica
(abscessos
pulmonares);
na
válvula
mitral
e
semilunar
aórtica
(coração
esquerdo)
eles
podem
embolizar,
provocando
infartos
sépticos
no
miocárdio,
infartos
no
baço
e
infartos
renais.
A
trombose
ocorre
frequentemente
em
felinos
com
cardiomiopatia
hipertrófica,
devido
ao
fluxo
turbulento
no
átrio
esquerdo.
DOENÇAS
DO
PERICÁRDIO
A)
Não-‐inflamatórias
Hidropericárdio
-‐
é
o
acúmulo
de
líquido
seroso
límpido
a
amarelado
(transudato)
no
saco
pericárdico,
que
fica
distendido.
Nos
casos
associados
à
lesão
vascular,
pode
ser
observada
presença
de
filamentos
de
fibrina
no
líquido,
que
pode
coagular
após
exposição
ao
ar.
No
acúmulo
agudo,
as
superfícies
pericárdica
e
epicárdica
apresentam-‐se
lisas
e
brilhantes,
enquanto
no
acúmulo
crônico
elas
se
tornam
granulares
e
irregulares.
O
hidropericárdio
de
início
rápido
e
com
volume
suficiente
pode
levar
ao
tamponamento
cardíaco,
pois
interfere
com
o
retorno
venoso.
Por
sua
vez,
nos
casos
com
desenvolvimento
lento
(maioria
dos
casos),
o
estiramento
do
pericárdio
permite
o
acúmulo
de
grande
volume
sem
que
ocorra
tamponamento.
Causas
de
hidropericárdio
incluem
doenças
que
cursam
com
edema
generalizado
(doença
do
edema
em
suínos),
insuficiência
cardíaca
congestiva,
doenças
que
cursam
com
hipoproteinemia
(cirrose
hepática,
insuficiência
renal,
verminoses,
caquexia)
e
hipertensão
pulmonar
(doença
das
grandes
altitudes
em
bovinos).
Hemopericárdio
-‐
é
o
acúmulo
de
sangue
no
saco
pericárdico.
Geralmente,
a
morte
ocorre
de
forma
súbita
devido
ao
tamponamento
cardíaco.
Esse
sangue
pode
resultar
de
ruptura
atrial
por
hemangiossarcoma,
lesões
em
jato
de
endocardiose
e
endocardite
ulcerativa
por
uremia;
ruptura
de
artéria
aorta
intrapericárdica
em
equinos;
intoxicação
por
Warfarina
(rodenticida)
em
caninos.
Atrofia
serosa
de
gordura
-‐
é
identificada
pela
aparência
gelatinosa
acinzentada
dos
depósitos
gordurosos
epicárdicos,
os
quais
em
animais
hígidos
estão
em
grande
quantidade.
A
atrofia
ocorre
rapidamente
durante
a
anorexia,
inanição
ou
caquexia,
conforme
a
gordura
é
catabolizada
para
manter
o
equilíbrio
energético.
B)
Inflamatórias
Pericardite
fibrinosa
-‐
é
o
tipo
mais
comum
de
pericardite
e
resulta
da
disseminação
hematógena
de
uma
infecção.
A
morte
precoce
é
frequente,
pois
muitas
das
lesões
resultam
de
infecção
por
bactérias
altamente
virulentas
e
de
septicemia
concomitante.
Em
bovinos
pode
ocorrer
na
mannheiomiose
pneumônica,
carbúnculo
sintomático
e
colibacilose
neonatal
septicêmica;
em
suínos,
é
comum
na
doença
de
Glässer
e
na
infecção
por
Streptococcus;
e
em
equinos
por
Streptococcus
equi.
Na
macroscopia,
as
superfícies
pericárdicas
estão
revestidas
por
depósitos
amarelados
de
fibrina,
que
podem
aderir
o
pericárdio
ao
epicárdio.
Na
necropsia,
quando
o
saco
pericárdico
é
aberto,
rompem-‐se
essas
aderências
(lesão
conhecida
como
coração
em
pão
com
manteiga).
Pericardite
purulenta
ou
fibrinopurulenta
-‐
é
observada
quase
que
somente
em
bovinos,
como
resultado
da
reticulopericardite
traumática
e
acúmulo
de
pus
por
bactérias
piogênicas.
Está
associada
a
ingestão
de
corpos
estranhos
(pregos
e
metais)
que
se
acumulam
no
retículo
e
ocasionalmente
penetram
a
sua
parede
e
diafragma,
atingindo
o
saco
pericárdico.
Alguns
bovinos
sobrevivem
por
semanas
a
meses,
apresentando
sinais
de
insuficiência
cardíaca
congestiva,
como
edema
de
barbela
e
ingurgitamento
jugular,
gemidos
ao
descer
rampa
e
nas
provas
de
dor
(prova
do
bastão
do
Roehe)
e
permanência
em
pé
por
longos
períodos.
Na
macroscopia,
observa-‐se
um
acúmulo
de
exsudato
amarelado
opaco
(pode
chegar
a
4
litros),
fétido,
cremoso
(pus),
podendo
haver
fibrina
também.
DOENÇAS
DO
MIOCÁRDIO
A)
Cardiomiopatias
-‐
representam
importantes
doenças
generalizadas
do
miocárdio
de
causa
primária
ou
secundária.
As
cardiomiopatias
primárias
são
doenças
progressivas
idiopáticas
que
afetam
felinos,
caninos,
bovinos,
entre
outras
espécies.
São
divididas
em:
hipertrófica,
dilatada
e
arritmogênica.
Cardiomiopatia
hipertrófica
-‐
ocorre
frequentemente
em
felinos,
machos,
de
1
a
3
anos
de
idade
e
raramente
em
caninos.
Os
felinos
têm
sinais
de
insuficiência
cardíaca
congestiva
e
10-‐
20%
apresentam
paresia
posterior
devido
ao
tromboembolismo
da
aorta
abdominal
caudal
(trombo
em
sela),
secundário
à
trombose
atrial.
Essa
ocorre
devido
à
turbulência
sanguínea
em
átrio
esquerdo
(dilatado)
pela
acentuada
hipertrofia
do
ventrículo
esquerdo,
que
comprime
a
câmara
ventricular.
As
raças
Persa,
American
Shorthair
e
Maine
Coon
são
predispostas
à
lesão.
Cardiomiopatia
dilatada
-‐
é
uma
causa
importante
de
insuficiência
cardíaca
congestiva
em
caninos
e
felinos.
Em
caninos,
afeta
raças
de
grande
porte,
como
Dobermann,
Dálmata
e
São
Bernardo
e
Boxer.
Caninos
podem
exibir
dilatação
cardíaca
bilateral
devido
ao
hipotireoidismo,
no
qual
ocorre
uma
redução
no
metabolismo
corporal,
aterosclerose
e
infiltrado
de
gordura
entre
os
cardiomiócitos.
Em
gatos,
ocorria
com
frequência
devido
à
deficiência
de
taurina
na
dieta,
porém
com
a
suplementação
rotineira
houve
uma
redução
nos
casos.
São
afetados
machos
de
meia
idade
e
alguns
animais
desenvolvem
trombo
em
sela.
Na
macro,
o
coração
tem
formato
globoso,
com
dois
ápices
e
ambos
os
ventrículos
estão
dilatados
com
parede
delgada.
O
endocárdio
pode
estar
espessado
e
brancacento,
devido
à
fibrose.
Cardiomiopatia
arritmogênica
do
Boxer
-‐
é
uma
doença
familiar
comum
em
cães
da
raça
Boxer
caracterizada
por
arritmia
cardíaca
inicial,
que
pode
levar
à
morte
súbita
ou
à
insuficiência
cardíaca
congestiva
direita,
com
comprometimento
posterior
do
lado
esquerdo.
Na
macro,
observa-‐se
dilatação
cardíaca,
hidrotórax,
ascite,
fígado
noz-‐moscada
e
edema
pulmonar.
Na
microscopia,
há
uma
atrofia
de
cardiomiócitos
com
substituição
por
tecido
conjuntivo
fibroso
e
tecido
gorduroso.
B)
Alterações
degenerativas
-‐
a
degeneração
gordurosa
é
o
acúmulo
de
gotículas
lipídicas
no
sarcoplasma
de
cardiomiócitos,
porém
é
incomum
no
coração
em
animais,
sendo
mais
frequente
em
fígado
e
rim.
A
lipofuscinose
(atrofia
parda)
do
miocárdio
ocorre
em
animais
idosos
e
naqueles
com
caquexia
grave.
Nela,
o
coração
tem
coloração
parda
e
na
microscopia
exibe
grânulos
castanho-‐amarelados
nos
núcleos
de
cardiomiócitos.
C)
Necrose
do
miocárdio
-‐
a
necrose
miocárdica
pode
apresentar
inúmeras
causas,
incluindo
deficiências
nutricionais,
toxinas,
drogas
antineoplásicas
e
isquemia.
A
vasculopatia
coronariana
causada
por
aterosclerose
e
cursando
com
necrose
miocárdica
não
é
comum
em
animais,
como
é
em
humanos.
Ao
exame
macroscópico,
essas
lesões
são
caracterizadas
por
áreas
pálidas
amareladas
ou
brancacentas
focais,
multifocais
ou
difusas.
É
importante
fazer
cortes
seriados
no
miocárdio
para
observar
essas
lesões,
especialmente
em
ventrículo
esquerdo
e
músculos
papilares,
que
são
os
locais
mais
frequentemente
lesados.
Deficiência
de
vitamina
E
e
selênio
-‐
também
chamada
de
“doença
dos
músculos
brancos”.
Ocorre
em
animais
jovens,
principalmente
bovinos
e
ovinos,
e
está
associada
a
alguns
fatores:
alimentação
deficiente
das
mães,
solos
ácidos
(frequentes
no
Brasil)
com
menor
absorção
de
Se
pelas
plantas
ou
deficiência
de
vit.
E
e
Se
na
ração.
Ambos
atuam
como
antioxidantes
na
manutenção
da
integridade
das
membranas,
evitando
a
ação
de
radicais
livres.
Com
a
sua
deficiência,
as
membranas
plasmáticas
são
lesadas
pelos
radicais
livres,
permitindo
o
influxo
de
cálcio,
que
se
deposita
em
mitocôndrias,
comprometendo
a
respiração
celular
e
levando
à
necrose
de
cardiomiócitos
e
mineralização.
Na
macroscopia,
observam-‐se
áreas
extensas
brancacentas
e
opacas
no
miocárdio,
com
aspecto
de
giz.
Na
microscopia,
há
necrose
miocárdica,
com
fibras
hipereosinofilicas,
mineralização
extensa
e
infiltrado
de
macrófagos.
Animais
que
sobrevivem
por
dias
ou
semanas
podem
sobreviver
e
ter
regeneração
muscular,
podendo
retornar
ao
normal.
Em
bovinos,
predomina
a
forma
cardíaca
e
esquelética
da
doença,
enquanto
em
suínos
há
a
forma
hepática
(hepatose
dietética)
e
vascular
(doença
do
coração
de
amora).
Intoxicação
por
antibióticos
ionóforos
-‐
são
medicamentos
adicionados
à
ração
dos
animais,
para
agirem
como
coccidiostáticos
(aves
e
bovinos)
no
controle
de
eimerioses
e
como
promotores
de
crescimento
em
bovinos
através
da
seleção
de
bactérias
da
microbiota
ruminal
(melhora
conversão
alimentar,
previne
laminite
e
acidose
metabólica).
Os
princípios
ativos
mais
utilizados
são
monensina
e
salinomicina.
A
intoxicação
ocorre
quando
os
ionóforos
são
utilizados
em
doses
acima
do
indicado
por
erros
na
mistura
da
ração,
uso
em
espécies
não-‐alvo
(equinos,
coelhos
e
ovinos)
ou
introdução
de
ração
com
quantidades
desconhecidas.
O
curso
clínico
é
rápido,
geralmente
agudo
a
peragudo
dependendo
da
dose
ingerida,
e
na
forma
de
surtos.
Equinos
são
muito
sensíveis
a
intoxicação,
enquanto
bovinos
e
aves
são
mais
resistentes.
Os
sinais
clínicos
são
relacionados
a
distúrbio
músculo-‐esquelético
e
cardíaco,
com
diarreia,
tremores,
ataxia,
fraqueza
muscular
e
mioglobinúria.
Animais
que
sobrevivem
por
alguns
dias
podem
apresentar
um
quadro
crônico,
caracterizado
por
sinais
de
insuficiência
cardíaca
congestiva
(edema
de
peito
e
pulso
jugular
positivo).
Na
necropsia,
observam-‐se
estrias
ou
focos
brancacentos
na
musculatura
esquelética
e
coração.
Na
histologia,
há
tumefação
e
degeneração
vacuolar
de
fibras
musculares,
além
de
necrose
hialina
e
infiltrado
de
macrófagos.
É
importante
diferenciar
da
deficiência
de
vit.
E
e
Se,
na
qual
os
animais
jovens
são
predominantemente
afetados.
Intoxicação
por
Palicourea
marcgravii
-‐
Também
conhecida
como
“erva-‐de-‐rato”,
“cafezinho”
e
“vick”.
É
a
planta
tóxica
mais
importante
das
que
causam
morte
súbita
no
Brasil
em
bovinos,
devido
à
sua
extensa
distribuição
(encontrada
em
todo
o
país,
exceto
região
Sul
e
MS),
boa
palatabilidade,
elevada
toxidez
(pequenas
quantidades
causam
intoxicação)
e
efeito
cumulativo
de
até
cerca
de
5
dias.
Na
região
Amazônica,
estima-‐se
que
80%
das
mortes
por
plantas
tóxicas
em
bovinos
são
causadas
por
P.
marcgravii.
É
planta
perene
arbustiva
de
locais
parcialmente
sombreados,
principalmente
em
beiras
de
matas.
A
intoxicação
ocorre
quando
bovinos
têm
acesso
à
beira
de
matas
e,
como
a
planta
é
palatável,
a
ingestão
ocorre
em
qualquer
época
do
ano,
sem
necessidade
de
os
animais
estarem
com
fome.
A
planta
contém
ácido
monofluoracético
como
princípio
tóxico,
o
qual
interfere
no
metabolismo
energético
celular
(ciclo
de
Krebs),
afetando
o
funcionamento
cardíaco
e
levando
a
insuficiência
cardíaca
aguda.
O
início
dos
sinais
clínicos
se
dá
horas
após
ingestão
da
planta,
os
quais
são
caracterizados
por
pulso
venoso
positivo,
instabilidade
(caem
ao
solo),
tremores
musculares,
evoluindo
para
decúbito
e
movimentos
de
pedalagem.
Os
achados
de
necropsia
são
pouco
específicos:
pode-‐se
observar
congestão
de
grandes
vasos,
além
de
congestão
e
edema
pulmonar.
As
alterações
histológicas
são
escassas,
porém
frequentemente
se
observa
degeneração
hidrópica
de
túbulos
renais.
As
mortes
súbitas
nesses
casos
podem
ser
confundidas
com
carbúnculo
hemático
e
acidente
ofídico
devido
a
subitaneidade,
porém
os
aspectos
epidemiológicos
os
diferenciam.
Intoxicação
por
Ammorimia
exotropica
-‐
Cipós
ou
arbustos
que
se
estendem
sobre
a
copa
das
árvores
(fora
do
alcance
de
bovinos)
ou
em
capoeiras
de
vegetação
baixa
(ao
alcance
de
bovinos)
presentes
no
RS
e
SC
que
causam
a
morte
súbita
de
bovinos.
As
mortes
ocorrem
com
maior
frequência
no
período
de
escassez
de
forragem,
especialmente
no
final
do
outono
e
inverno.
Nessas
épocas
os
bovinos
com
fome
invadem
as
capoeiras
e
ingerem
a
planta
que
é
palatável.
O
princípio
ativo
da
planta
é
ainda
desconhecido,
mas
provavelmente
seja
o
ácido
monofluoracético.
O
dado
mais
importante
para
o
diagnóstico
é
o
quadro
clínico-‐patológico
caracterizado
por
morte
súbita
associado
ao
aspecto
epidemiológico
de
acesso
dos
animais
a
capoeiras
com
presença
de
A.
exotropica.
Nessas
áreas
pode
se
observar
folhas
mastigadas
e
fezes
de
bovinos.
Os
sinais
clínicos
são
semelhantes
à
intoxicação
por
P.
marcgravii.
À
necropsia,
pode-‐
se
observar
folhas
mastigadas
da
planta
no
conteúdo
ruminal,
além
de
área
de
infarto
em
músculo
papilar
cardíaco.
A
histopatologia
revela
área
focal
de
infarto
em
miocárdio,
além
de
degeneração
hidrópica
em
túbulos
renais.
Intoxicação
por
Nerium
oleander
-‐
arbusto
conhecido
como
“espirradeira”
e
utilizado
como
planta
ornamental
em
projetos
urbanísticos.
A
intoxicação
em
bovinos
é
pouco
frequente
e
ocorre
após
poda
de
galhos
da
planta.
Ocorre
com
certa
frequência
em
humanos,
com
relatos
de
tentativas
de
suicídio.
O
princípio
tóxico
é
um
glicosídeo
cardiotóxico,
que
afeta
a
contratilidade
e
a
condução
do
impulso
na
fibra
cardíaca,
levando
à
morte
súbita.
Na
necropsia,
pode
se
observar
hemorragias
no
coração,
além
de
necrose
de
coagulação
no
miocárdio
(infarto).
D)
Fibrose
miocárdica
Intoxicação
por
Ateleia
glazioviana
-‐
Árvore
(de
até
15m
de
altura)
conhecida
popularmente
como
“timbó”,
“cinamomo-‐bravo”
e
“maria-‐preta”
de
importância
na
região
oeste
de
SC
e
noroeste
do
RS
com
intoxicação
em
bovinos
e
raramente
em
ovinos.
Os
bovinos
ingerem
a
planta
quando
a
oferta
de
alimentos
é
escassa,
principalmente
no
outono
e
inverno.
A
sementação
da
planta
ocorre
a
cada
5
anos
e
altos
níveis
de
mortalidade
são
observados
nos
anos
imediatos
aos
de
grande
produção
de
sementes.
As
partes
tóxicas
da
planta
são
as
folhas
que
os
animais
ingerem
nas
árvores
jovens
ao
seu
alcance.
Há
três
quadros
clínicos
possíveis:
forma
abortiva
(ingestão
de
doses
únicas
entre
22-‐35
g/kg);
forma
neurológica
(dose
única
de
30-‐40
g/kg);
forma
cardíaca
(doses
fracionadas
de
2,5
g/kg
com
uma
dose
final
maior
que
70
g/kg).
Nessa
predominam
alterações
reparativas
(fibrose)
sobre
as
degenerativas-‐necróticas
no
miocárdio,
com
sinais
clínicos
de
insuficiência
cardíaca
congestiva
(ICC),
ou
seja,
edema
de
barbela
e
peito,
ingurgitamento
de
veia
jugular,
cansaço
e
dispneia.
Na
necropsia,
o
miocárdio
exibe
áreas
brancas
irregulares
firmes
(fibrose),
que
levam
à
ICC
com
edemas
cavitários
e
subcutâneo,
além
de
fígado
noz-‐moscada.
Na
histopatologia,
há
proliferação
de
tecido
conjuntivo
fibroso,
com
tumefação
e
necrose
de
cardiomiócitos.
No
caso
da
forma
cardíaca
da
intoxicação
por
A.
glazioviana,
deve-‐se
fazer
o
diagnóstico
diferencial
com
reticulopericardite
traumática,
intoxicações
que
causem
cirrose
hepática
(Senecio
spp.)
e
intoxicação
por
Tetrapterys
spp.
(ocorre
mais
na
região
Sudeste).
Intoxicação
por
Tetrapterys
spp.
-‐
são
cipós
ou
arbustos
que
ocorrem
na
região
Sudeste
do
Brasil
nas
encostas
de
morros
(“cipó-‐ruão”e
“cipó-‐preto”).
A
intoxicação
ocorre
em
bovinos
na
época
seca
(inverno)
quando
o
gado
ingere
a
brotação.
Os
sinais
clínicos
são
semelhantes
à
intoxicação
por
A.
glazioviana
(sinais
de
ICC),
assim
como
as
lesões
macroscópicas
e
microscópicas
E)
Miocardites
-‐
em
geral,
a
miocardite
resulta
de
infecções
disseminadas
por
via
hematógena
ao
miocárdio.
Raramente
o
coração
é
a
localização
primária
da
infecção,
porém
pode
ocorrer
por
extensão
de
endocardite
ou
pericardite.
A
miocardite
pode
evoluir
para
resolução
completa
ou
reparação
por
fibrose.
Pode
ser
classificada
de
acordo
com
o
padrão
de
resposta
inflamatória:
Miocardite
supurativa:
resulta
da
presença
de
bactérias
piogênicas
no
miocárdio.
Pode
ter
origem
na
endocardite
valvular
esquerda
(mitral
ou
semilunar
aórtica
–
Streptococcus
spp.)
ou
de
forma
embólica
(Actinobacillus
equuli
em
equinos
jovens).
Na
macroscopia,
observam-‐se
áreas
pálidas
a
amareladas
multifocais
no
miocárdio
(abscessos).
Na
microscopia,
há
infiltrado
de
neutrófilos
e
presença
de
bactérias
no
miocárdio.
Miocardite
necrotizante:
há
um
predomínio
de
necrose
sobre
a
inflamação.
Ocorre
na
toxoplasmose
em
felinos
e
caninos,
em
que
geralmente
está
associada
a
imunossupressão
por
FIV/FeLV
e
cinomose,
respectivamente.
Miocardite
necro-‐hemorrágica:
ocorre
associada
às
lesões
musculares
esqueléticas
do
carbúnculo
sintomático
(manqueira).
Essa
é
causada
por
Clostridium
chauvoei
em
bovinos
de
6
meses
a
2
anos
e
caracteriza-‐se
por
morte
súbita
com
autólise
acelerada
no
animal
(incham
rapidamente).
Os
esporos
da
bactéria
estão
presentes
no
meio
ambiente,
ficando
viáveis
por
longos
períodos.
Uma
vez
ingeridos,
ficam
em
latência
na
musculatura
à
espera
de
uma
condição
de
anaerobiose,
a
qual
ocorre
por
traumatismos.
A
bactéria
passa
à
forma
vegetativa,
se
multiplica
e
produz
toxinas
que
levam
à
miosite
hemorrágica
com
grande
produção
de
gases
(crepitação).
O
animal
apresenta
apatia,
anorexia,
hipertermia,
claudicação
acentuada
e
aumento
de
volume
com
crepitação
em
grandes
massas
musculares.
Na
necropsia,
observam-‐se
áreas
avermelhadas
difusas
no
miocárdio
(hemorragia).
Miocardite
linfocitária
-‐
lesão
causada
por
vírus
ou
protozoários
e
caracterizada
por
infiltrado
inflamatório
intersticial
de
linfócitos
e
variável
grau
de
degeneração
e
necrose
de
cardiomiócitos.
Ocorre
na
parvovirose
canina
em
neonatos
por
transmissão
transplacentária,
com
áreas
pálidas
no
miocárdio
e
na
microscopia
são
visualizados
ocasionais
corpúsculos
de
inclusão
intranucleares
basofílicos
em
cardiomiócitos.
Também
pode
ocorrer
na
doença
de
Chagas
em
caninos,
sob
a
forma
de
miocardite
aguda.
É
transmitida
através
da
deposição
de
fezes
de
triatomíneos
em
locais
de
mordedura,
ingestão
dos
triatomíneos
pelos
caninos
ou
ingestão
de
tecidos
de
reservatórios
silvestres.
O
coração
apresenta
áreas
pálidas
no
miocárdio,
as
quais
correspondem
na
microscopia
à
infiltrado
de
linfócitos
e
pseudocistos
contendo
amastigotas
no
interior
de
cardiomiócitos.
Miocardite
eosinofílica
-‐
ocorre
um
predomínio
de
eosinófilos
no
infiltrado
inflamatório.
É
uma
resposta
contra
parasitas
que
pode
ser
observada
na
sarcocistose
em
bovinos.
F)
Doenças
parasitárias
-‐
são
causadas
por
cestódeos
que
no
hospedeiro
intermediário
formam
cistos
no
miocárdio.
Geralmente
são
achados
incidentais
de
necropsia
ou
motivo
de
condenação
em
abatedouros.
Cysticercus
bovis
-‐
ocorre
em
bovinos
e
é
a
forma
larvária
de
Taenia
saginata.
Essa
acomete
humanos,
que
quando
infestados
eliminam
ovos
nas
fezes.
O
bovino
ingere
esses
ovos
e
desenvolve
estruturas
císticas
em
músculo
esquelético
e
cardíaco.
Cysticercus
cellulosae
–
ocorre
em
suínos
e
é
a
forma
larvária
de
Taenia
solium
(humanos).
As
lesões
são
semelhantes
à
cisticercose
em
bovinos.
Cisto
hidático
–
ocorre
principalmente
em
ovinos
e
é
a
forma
larvária
de
Echinococcus
granulosus
(caninos).
Forma
cistos
no
fígado,
pulmões
e
coração,
sendo
mais
comum
nos
dois
primeiros.
DOENÇAS
DO
ENDOCÁRDIO
A)
Degenerativas
Mineralização
e
fibrose
-‐
podem
ocorrer
isolada
ou
concomitantemente.
A
mineralização
ocorre
devido
à
ingestão
de
quantidades
excessivas
de
vitamina
D
e
à
intoxicação
por
plantas
calcinogênicas
(Solanum
malacoxylon
e
Nierembergia
veitchii),
as
quais
contêm
análogos
de
vitamina
D
(estimulam
absorção
de
cálcio
no
intestino).
Na
macroscopia,
observam-‐se
placas
brancacentas,
rugosas
e
firmes
recobrindo
o
endocárdio
e
camada
íntima
de
artérias
elásticas.
A
fibrose
do
endocárdio
pode
ocorrer
de
forma
focal
ou
difusa
e
congênita
ou
adquirida.
Na
forma
congênita,
ocorre
de
forma
difusa
e
o
endocárdio
encontra-‐se
espesso
e
proeminente
por
por
proliferação
de
tecido
fibroelástico.
Na
forma
adquirida,
a
fibrose
é
focal
com
ou
sem
mineralização
(distrófica)
associada
e
ocorre
principalmente
em
corações
cronicamente
dilatados,
lesões
de
endocardite
ulcerativa
valvular
(associada
à
uremia
da
insuficiência
renal
crônica)
e
nas
lesões
em
jato
do
fluxo
sanguíneo
turbulento
que
retorna
ao
átrio.
Endocardiose
-‐
importante
e
frequente
doença
valvular
de
caninos
relacionada
à
idade
(média
a
avançada)
e
raças
toy,
pequenas
e
médias.
Pode
ser
um
mero
achado
incidental
de
necropsia
ou
a
causa
de
insuficiência
cardíaca
congestiva
em
caninos,
sendo
a
doença
cardiovascular
mais
frequente
de
caninos.
A
patogenia
da
doença
envolve
a
degeneração
mixomatosa
ou
mucoide
das
válvulas
de
causa
desconhecida,
com
proliferação
de
tecido
fibroelástico
frouxo
e
deposição
de
proteoglicanos,
ácido
hialurônico
e
sulfato
de
condroitina.
Acredita-‐se
que
a
doença
seja
hereditária
com
base
poligênica.
As
válvulas
afetadas
apresentam-‐se
encurtadas,
espessas,
de
aspecto
nodular
e
com
superfície
lisa.
Essas
lesões
resultam
em
insuficiência
valvular,
com
retorno
venoso
ao
átrio,
dilatação
atrial
e
desenvolvimento
de
lesões
de
jato,
que
podem
levar
à
ruptura
da
parede
atrial
e
tamponamento
cardíaco
por
hemopericárdio.
As
lesões
ocorrem
com
maior
frequência
em
válvula
mitral,
seguida
pela
tricúspide.
B)
Inflamatórias
Endocardite
-‐
em
geral,
resulta
de
infecções
bacterianas,
exceto
por
migração
de
Strongylus
vulgaris
em
equinos
e
por
casos
raros
de
infecções
micóticas.
A
lesão
predominante
é
valvular,
mas
pode
se
estender
ao
endocárdio
(endocardite
mural).
A
válvula
mais
acometida
é
a
mitral,
seguida
pela
semilunar
aórtica,
tricúspide
e
pulmonar.
Na
macroscopia,
a
lesão
é
distinta
da
endocardiose
e
caracterizada
pela
válvula
apresentar
massas
extensas
aderidas
(vegetações),
friáveis,
amareladas
a
acinzentadas,
que
quando
removidas
provocam
ulceração
da
superfície
valvular.
A
patogenia
da
doença
não
é
bem
elucidada,
porém
frequentemente
envolve
lesões
pré-‐
existentes
extra-‐cardíacas,
como
miíases
e
periodontite,
as
quais
permitem
o
acesso
de
bactérias
à
circulação,
ocorrendo
bacteremia.
O
trauma
no
endotélio
valvular
cria
condições
para
a
aderência
e
proliferação
das
bactérias
circulantes,
iniciando
a
reação
inflamatória
que
resulta
na
subsequente
deposição
de
fibrina
e
trombose.
Em
bovinos,
é
causada
por
Trueperella
pyogenes
e
está
associada
a
abscessos
hepáticos,
reticuloperitonite
traumática,
metrite,
mastite
e
lesões
de
casco.
Em
suínos,
é
causada
por
Erysipelothrix
rhusiopathiae
e
Streptococcus
spp.
Em
equinos,
é
causada
por
Streptococcus
equi
e
Actinobacillus
equuli.
Em
caninos
e
felinos,
é
causada
por
Streptococcus
e
E.
coli.
Microscopicamente,
a
lesão
consiste
em
camadas
de
fibrina
sobre
miríades
bacterianas
incrustadas,
além
de
infiltrado
de
neutrófilos
valvular.
Fragmentos
da
lesão
podem
se
desprender
e
formar
tromboêmbolos
sépticos,
os
quais
se
alojam
no
baço,
rins,
coração
e
cérebro
(origem
no
coração
esquerdo)
ou
pulmões
(origem
no
coração
direito),
levando
à
formação
de
infartos
e/ou
abscessos.
NEOPLASIAS
CARDÍACAS
Primárias
-‐
as
neoplasias
primárias
incluem
o
rabdomioma,
rabdomiossarcoma,
schwanoma
e
hemangiossarcoma.
Os
dois
primeiros
são
raros
e
consistem
em
neoplasias
benignas
e
malignas
de
musculatura
estriada.
O
schwanoma
é
visto
em
bovinos
como
achado
incidental
de
abatedouro.
Por
sua
vez,
o
hemangiossarcoma
é
uma
neoplasia
comum
de
origem
de
células
endoteliais,
podendo
ser
primário
do
coração
ou
secundário
de
baço
e
fígado.
É
observado
comumente
no
átrio
direito
e
predispõe
à
ruptura
do
mesmo,
levando
ao
hemopericárdio
e
morte
por
tamponamento
cardíaco.
Na
macroscopia,
observam-‐se
massas
protuberantes
vermelho-‐
escuras
de
aspecto
cístico
e
contendo
sangue
na
superfície
epicárdica
do
átrio
direito.
Na
microscopia,
as
células
endoteliais
formam
espaços
vasculares
irregulares.
Secundárias
-‐
O
linfossarcoma
é
o
melhor
exemplo
e
ocorrer
frequentemente
em
bovinos,
caninos
e
felinos
(relacionado
a
FIV/FeLV).
Em
bovinos
a
condição
é
chamada
de
leucose
enzoótica
bovina,
a
qual
é
causada
por
um
retrovírus
que
insere
seu
genoma
em
linfócitos
B,
causando
sua
transformação
neoplásica.
A
transmissão
se
dá
de
forma
horizontal,
por
transferência
de
linfócitos
entre
animais
por
inóculos
de
sangue.
Os
animais
infectados
podem
ser
portadores
assintomático,
apresentarem
linfocitose
persistente
ou
desenvolverem
linfossarcoma
(cerca
de
1
a
5%
dos
animais
infectados).
As
localizações
mais
comuns
da
neoplasia
são
linfonodos,
abomaso,
coração,
útero,
canal
vertebral
lombrossacral
e
região
retrobulbar,
nas
quais
observa-‐se
massas
brancacentas
e
firmes.
A
manifestação
clínica
depende
dos
locais
afetados,
podendo
observar-‐se
exoftalmia,
insuficiência
cardíaca
congestiva,
paralia
de
membros
posteriores
e
linfadenomegalia
generalizada.
Tumores
da
base
do
coração
-‐
são
neoplasias
primárias
dos
tecidos
extracardíacos
em
caninos,
mas
que
se
originam
na
base
do
coração.
Podem
levar
à
obstrução
vascular
e
insuficiência
cardíaca
ou
serem
apenas
achados
incidentais
de
necropsia.
A
neoplasia
mais
comum
nesse
local
é
o
tumor
de
corpo
aórtico
(órgão
quimiorreceptor)
ou
quemodectoma,
ocorrendo
frequentemente
em
raças
braquicefálicas.
Outra
neoplasia
vista
na
base
do
coração
é
o
carcinoma
ectópico
de
tireoide,
que
é
incomum.
SISTEMA
VASCULAR
O
sistema
vascular
é
subdividido
nos
sistemas
arterial,
venoso,
linfático
e
microcirculação.
O
sistema
arterial
é
composto
por
artérias
elásticas,
musculares
e
arteríolas.
Os
sistema
venoso
tem
veias
e
vênulas,
com
parede
fina
e
menor
pressão
quando
comparadas
às
artérias.
O
sistema
linfático
apresenta
capilares
e
vasos
linfáticos.
A
microcirculação
inclui
as
arteríolas,
capilares
e
vênulas.
É
o
local
em
que
ocorrem
as
trocas
entre
o
sangue
circulante
e
o
tecido
periférico
(extravascular)
de
gases,
nutrientes
e
metabólitos.
1)
DOENÇAS
ARTERIAIS
a)
Aneurisma
-‐
é
uma
dilatação
ou
protrusão
localizada
de
uma
porção
delgada
e
enfraquecida
de
um
vaso.
Em
geral,
as
artérias
elásticas
são
afetadas,
mas
a
lesão
também
pode
ocorrer
em
veias.
Em
animais
é
incomum.
Em
suínos
é
causada
pela
deficiência
de
cobre,
já
que
o
cobre
é
necessário
ao
desenvolvimento
normal
do
tecido
elástico.
Podem
ser
classificados
de
acordo
com
a
sua
forma
em
sacular,
fusiforme
e
dissecante.
O
dissecante
resulta
da
ruptura
da
camada
íntima,
que
permite
a
entrada
de
sangue
na
camada
média,
dissecando-‐a
e
formando
uma
cavidade
preenchida
por
sangue.
Os
aneurismas
induzem
alteração
do
fluxo
sanguíneo,
levando
à
trombose
e
possível
ruptura
arterial.
b)
Ruptura
-‐
a
ruptura
aórtica,
assim
como
a
ruptura
de
grandes
artérias,
pode
ocorrer
como
consequência
de
um
trauma
grave,
como
atropelamentos.
A
ruptura
súbita
da
aorta
ascendente
em
equinos
está
associada
a
atividades
físicas
intensas
e
trauma
grave
no
tórax
ventral,
causado
por
quedas.
Nesses
casos
a
morte
ocorre
rapidamente
pelo
tamponamento
cardíaco,
pois
a
porção
da
aorta
que
rompe
está
no
interior
do
saco
pericárdico.
Na
guturocistite
micótica
em
equinos,
a
artéria
carótida
interna
pode
se
romper
com
epistaxe
fatal.
A
ruptura
da
artéria
uterina
pode
ocorrer
durante
o
parto
em
éguas
velhas
e
com
torção
ou
prolapso
uterinos
em
vacas.
A
ruptura
arterial
pode
ocorrer
secundária
a
um
aneurisma.
c)
Doenças
degenerativas
-‐
são
classificadas
em
três
grupos
principais:
arteriosclerose,
aterosclerose
e
mineralização
da
média
arterial.
Arteriosclerose
-‐
é
uma
doença
relacionada
à
idade,
que
ocorre
com
frequência
em
várias
espécies
animais,
mas
raramente
causa
sinais
clínicos.
É
uma
resposta
degenerativa
e
proliferativa
crônica
na
parede
arterial,
que
resulta
na
perda
da
elasticidade
e
no
estreitamento
luminal,
ou
seja,
no
endurecimento
das
artérias.
A
aorta
abdominal
é
afetada
com
frequência
e
geralmente
ao
redor
dos
orifícios
das
ramificações
arteriais.
A
patogenia
da
condição
é
incerta,
mas
pode
ser
causada
por
fluxo
turbulento
nos
locais
de
ramificação
arterial.
Na
macroscopia,
são
visualizadas
placas
elevadas,
firmes
e
brancacentas
na
íntima
das
artérias.
Aterosclerose
-‐
é
a
doença
vascular
de
maior
importância
em
seres
humanos
manifestada
por
infarto
cerebral
ou
cardíaco,
porém
em
animais
ocorre
esporadicamente
e
raramente
leva
à
doença
clínica.
Nessa
condição
ocorre
o
acúmulo
de
depósitos
de
lipídios
(colesterol),
tecido
fibroso
e
cálcio
na
parede
das
artérias,
culminando
com
a
formação
de
placas
ateroscleróticas
ou
ateroma
que
podem
levar
à
oclusão
do
vaso
e
infarto.
Caninos,
felinos,
bovinos,
caprinos
e
ratos
são
resistentes
à
aterosclerose
mesmo
quando
em
dietas
com
alto
teor
de
colesterol,
porém
suínos,
coelhos
e
frangos
são
suscetíveis.
Caninos
com
distúrbios
endócrinos,
como
diabetes
mellitus
e
hipotireoidismo,
podem
desenvolver
hipercolesterolemia
e
formação
de
placas
ateromatosas.
Na
macroscopia,
as
artérias
coronárias
e
mesentéricas
são
espessadas,
firmes
e
branco-‐amareladas.
Na
microscopia,
glóbulos
lipídicos
acumulam-‐se
no
citoplasma
das
células
do
músculo
liso
e
em
macrófagos
espumosos
na
camada
média
e
íntima.
Mineralização
da
média
arterial
–
é
uma
lesão
frequente
nos
animais
e
envolve
tanto
as
artérias
elásticas
como
as
musculares.
A
mineralização
pode
ser
distrófica
(áreas
de
necrose,
inflamação
e
trombose)
ou
metastática.
Essa
é
mais
comum
e
está
relacionada
à
hipercalcemia
por
superdosagem
sérica
de
vitamina
D,
intoxicação
por
plantas
calcinogênicas
e
insuficiência
renal
crônica
(hiperparatireoidismo
secundário).
As
plantas
calcinogênicas
contêm
substância
análoga
à
forma
ativa
da
vitamina
D
e
agem
estimulando
a
absorção
de
cálcio
e
fósforo
no
intestino,
com
hipercalcemia
e
mineralização
metastática.
Em
bovinos
ocorre
a
intoxicação
por
Solanum
malacoxylon,
condição
conhecida
como
espichadeira,
a
qual
é
planta
arbustiva
pouco
palatável
que
cresce
em
terrenos
baixos
e
de
pouca
drenagem
da
região
Centro-‐Oeste
e
no
Sul
do
RS.
Os
animais
intoxicados
apresentam
curso
crônico
com
emagrecimento
progressivo,
andar
rígido,
cifose
e
dificuldade
de
locomoção.
Em
ovinos
ocorre
a
intoxicação
por
Nierembergia
veitchii
no
Sul
do
Brasil,
a
qual
é
planta
rasteira
palatável
de
campo
nativo.
Os
sinais
clínicos
são
semelhantes
à
intoxicação
por
S.
malacoxylon
e
as
lesões
observadas
principalmente
no
sistema
cardiovascular
com
espessamento
de
artérias,
que
exibem
na
íntima
placas
brancacentas
irregulares
e
de
superfície
rugosa,
por
vezes
recobrindo
também
o
endocárdio
dos
átrios.
d)
Trombose
e
embolia
-‐
a
trombose
representa
o
processo
de
coagulação
intravascular
que
ocorre
devido
à
lesão
endotelial
(frequente
na
arterite),
alterações
no
fluxo
sanguíneo
com
turbulência
ou
estase
(devido
à
lesões
vasculares
ou
doenças
valvulares)
e
estados
de
hipercoagulabilidade,
como
na
amiloidose.
Os
trombos
apresentam-‐se
como
massas
de
fibrina
amareladas
e
firma,
aderidas
e
opacas.
A
trombose
ou
a
embolia
podem
resultar
em
infarto
do
miocárdio
(menos
comum
em
animais),
além
de
isquemia
de
tecidos
periféricos
quando
grandes
artérias
são
afetadas.
Embolia
é
a
oclusão
arterial
pelo
alojamento
de
materiais
estranhos,
como
fragmentos
de
trombos
(tromboembolismo),
células
neoplásicas,
bactérias,
ar,
gordura
e
tecido
fibrocartilaginoso.
e)
Arterite
-‐
ocorre
em
várias
infecções
e
doenças
imunomediadas
que
provocam
lesão
endotelial.
Muitas
vezes
todos
os
tipos
de
vasos
são
afetados,
sendo
vasculite
o
termo
mais
apropriado.
Nos
vasos
inflamados,
neutrófilos
apresentam-‐se
dentro
das
paredes
dos
vasos
ou
circundando-‐os.
A
lesão
endotelial
pode
levar
à
trombose,
que
pode
resultar
em
uma
lesão
isquêmica
ou
infarto.
As
lesões
cutâneas
da
erisipela
suína
(“diamond
skin
disease”)
causada
por
Eryipelothrix
rhusiopathiae
são
um
exemplo
de
infarto
cutâneo.
A
arterite
viral
equina
é
uma
infecção
viral
sistêmica
com
tropismo
pelas
células
endoteliais
vasculares.
A
infecção
de
equinos
por
Strongylus
vulgaris
é
menos
comum
atualmente,
mas
pode
causar
arterite
grave
em
artéria
mesentérica
cranial,
pois
o
parasita
migra
através
dela.
O
vaso
afetado
apresenta-‐se
superfície
irregular
e
espessada
com
larvas
mescladas
a
um
trombo.
Cólicas
podem
ocorrer
como
consequência
da
isquemia
e
se
áreas
extensas
de
ceco
e
cólon
forem
afetadas
a
doença
é
fatal.
Na
dirofilariose
canina,
a
maturação
dos
parasitas
adultos
ocorre
nas
artérias
pulmonares
e
no
átrio
e
ventrículo
direitos.
A
artéria
pulmonar
parasitada
tem
aparência
granular
rugosa
da
íntima,
devido
à
proliferação
fibromuscular
irregular.
O
animal
parasitado
pode
apresentar
sinais
de
insuficiência
cardíaca,
com
tosse,
dispneia
e
cansaço
ao
exercitar-‐se.
2)
DOENÇAS
VENOSAS
A
flebite
(inflamação
de
veias)
é
uma
lesão
vascular
comum
e
frequentemente
complicada
pela
trombose.
Pode
ter
origem
de
infecção
sistêmica,
como
na
salmonelose
em
diversas
espécies
e
na
peritonite
infecciosa
felina
(a
ser
discutida
em
peritônio).
Pode
ser
também
originada
de
infecções
locais
graves
por
extensão,
como
na
metrite
e
em
abscessos
hepáticos,
em
que
a
inflamação
se
estende
para
as
paredes
das
veias
adjacentes.
As
injeções
intravenosas
de
soluções
irritantes,
a
administração
de
soluções
injetáveis
dentro
da
parede
vascular
ou
o
trauma
na
íntima
gerado
por
cateteres
venosos
de
longa
permanência
resultam
em
lesão
vascular
e
criam
a
oportunidade
de
proliferação
de
agentes
infecciosos
e
o
desenvolvimento
de
flebite
e
trombose.
A
onfaloflebite
é
a
inflamação
da
veia
umbilical
em
que
ocorre
contaminação
do
umbigo.
É
frequente
em
terneiros
e
pode
ocorrer
a
embolização
de
bactérias
pelas
veia
umbilicais,
causando
septicemia,
poliartrite
supurativa,
abscessos
hepáticos
e
panoftalmite
3)
DOENÇAS
DE
VASOS
LINFÁTICOS
A
linfangiectasia
é
a
dilatação
dos
vasos
linfáticos.
Ocorre
na
linfangiectasia
intestinal,
uma
doença
importante
de
caninos
em
que
há
uma
enteropatia
com
perda
proteica.
A
ruptura
do
ducto
torácico
em
caninos
e
felinos
pode
ser
resultado
de
trauma
ou
ser
espontânea
(lesões
que
obstruem
o
ducto,
como
neoplasias,
granulomas,
trombose
da
veia
cava
cranial
e
dirofilariose),
causando
o
quilotórax
(acúmulo
de
líquido
leitoso
de
coloração
rósea
na
cavidade
torácica).
O
linfedema
é
geralmente
congênito
e
ocorre
um
desenvolvimento
anormal
de
vasos
linfáticos,
que
são
aplásicos
ou
hipoplásicos.
A
linfangite
ocorre
em
diversas
doenças
e
caracteriza-‐se
por
formar
estruturas
espessas
similares
a
cordões
em
membros.
Ocorre
no
mormo
em
equinos,
na
linfangite
epizoótica
por
Histoplasma
capsulatum
var.
farciminosum
em
equinos
e
na
esporotricose
em
diversas
espécies.
4)
NEOPLASIAS
O
linfangioma
e
o
linfangiossarcoma
são
neoplasias
incomuns.
As
neoplasias
de
origem
endotelial
desenvolvem-‐se
em
vários
órgãos.
Os
hemangiomas
são
neoplasias
benignas
observadas
na
pele
de
caninos,
formando
nódulos
avermelhados
bem
delimitados,
que
na
microscopia
apresentam
inúmeras
formações
vasculares
(seios
venosos)
bem
diferenciadas.
O
hemangiossarcoma
é
a
forma
maligna
e
ocorre
com
frequência
no
baço,
fígado,
átrio
direito
e
pulmões.
Na
macroscopia
também
forma
massas
avermelhadas,
porém
na
microscopia
as
células
são
pleomórficas
e
podem
não
formar
espaços
vasculares
delimitados.
REFERÊNCIAS:
1. MCGAVIN, M.D.; ZACHARY, J.F. Bases da Patologia em Veterinária. 4th ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
2. RIET-CORREA, SCHILD A.L.; LEMOS R.A.A.; BORGES J.R.J. Doenças de ruminantes e equídeos. 3a ed.,
vol.2. 694p
3. TOKARNIA, C.H.; DÖBEREINER, J.; PEIXOTO, P.V. Plantas tóxicas do Brasil. Rio de Janeiro: Ed.
Helianths Ltda, 2000. 305p.