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CURRÍCULO DA
Fonte: https://ww2.ufpa.br/imprensa/noticia.php?cod=10971
ÁGUA BRANCA-PI
2020
2
Diretor Geral
LeviEdesio
Francisco de Sousa Lima
Carlos Soares
Secretária Acadêmica
Ivânia Pires da
Joselina de Silva
Sousa Oliveira
Costa
Ficha Catalográfica
Bibliografia
28
29
19 UNIDADE 02
A ORGANIZAÇÃO DO CURRÍCULO – CURRÍCULO: ENTRE
35
UNIDADE 03
UNIDADE 04
BONS ESTUDOS!
UNIDADE 01
Currículo: breve
abordagem teórica
Fonte: http://mayurielpaco.blogspot.com/p/la-teoria-curricular-y-la-elaboracion_02.html
Currículo da Educação Básica 9
1
Texto Disponível em: http://www.anpae.org.br/simposio26/1comunicacoes/RoseliBatistadeJesus-
ComunicacaoOral-int.pdf. Acesso em: 29 out. 2013. (Com Adaptação).
Currículo da Educação Básica 10
Doll (1997), também discute essa estrutura apresentada por Tyler e diz que
as perguntas de Tyler se caracterizam como uma variação do método geral de
Decartes, cuja propositura se constituía em “conduzir corretamente a razão e buscar
a verdade nas Ciências” (DOLL, 1997). Para o autor, em ambos os casos, ou, tanto
no modelo de Decartes quanto de Tyler, a aprendizagem é reduzida a um sistema
fechado, limitado ao que já existe, ao que as Ciências já estabeleceram como certo
e finito, ao já conhecido.
Ao falar das teorias do currículo, Silva (2009) denomina os estudos
curriculares que marcaram o início do século XX, de “Teoria Tradicional” do
currículo. Na perspectiva das teorias tradicionais, o currículo deveria dedicar
especial atenção a estes elementos curriculares: ensino, aprendizagem, avaliação,
metodologia, didática, organização, planejamento, eficiência e objetivos.
A partir de 1960, a concepção técnica de currículo passou por inúmeras
críticas, em vários países, num movimento contrário às concepções burocráticas e
administrativas no âmbito escolar. Nos Estados Unidos, as teorizações sobre
currículo foram influenciadas pelo denominado “movimento de reconceptualização”
e, na Inglaterra, pelo que se chamou de “nova sociologia da educação”, tendo
Michael Young como precursor. No Brasil, destacam-se os estudos de Paulo Freire
e, na França, Althusser, Bourdieu e Passeron, Baudelot e Establet. (SILVA, 2009).
As publicações desses estudiosos constituíram a base da “Teoria Crítica”, cujo ápice
se deu entre os anos 70 e 80.
Nos anos 1980, a centralidade das discussões se fixou nos objetivos sociais e
políticos do ensino, como também na estratificação do público-alvo. Houve, na
época, a reafirmação das disciplinas tradicionais e o debate sobre o ensino no
âmbito de cada escola. A educação, nesse período, era de responsabilidade dos
Currículo da Educação Básica 12
Fonte: https://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/teorias-curriculares.htm
A teoria tradicional procura ser neutra, tendo como principal foco identificar os
objetivos da educação escolarizada, formar o trabalhador especializado ou
proporcionar uma educação geral, acadêmica, à população. Silva (2003) explica que
essa teoria teve como principal representante Bobbit, que escreveu sobre o currículo
em um momento no quais diversas forças políticas, econômicas e culturais
procuravam envolver a educação de massas para garantir que sua ideologia fosse
garantida. Sua proposta era que a escola funcionasse como uma empresa comercial
ou industrial. Segundo Silva (2003, p. 23) apud Hornburg e Silva (2007):
2
Texto Disponível em: http://amigadapedagogia.blogspot.com.br/2011/02/teorias-do-curriculo.html.
Acesso em: 29 out. 2013.
Currículo da Educação Básica 14
Fonte: http://www.unimep.br/teoriacritica/index.php?fid=116&ct=2636
Fonte: https://prezi.com/rs2d5knhtidk/as-teorias-pos-criticas/
1. A partir das concepções expressadas por Silva (2003, 2009) acerca do currículo,
elabore seu próprio conceito, destacando a importância deste para uma educação
democrática e de qualidade.
2. Considerando as teorias: tradicional, crítica e pós-crítica, especifique os pontos em
que elas apresentam diferenças significativas.
UNIDADE 02
A Organização do Currículo –
Currículo: entre
disciplinaridades,
interdisciplinaridades… e outras
idéias! 3
(Sílvio Gallo)
Fonte https://www.infoescola.com/pedagogia/interdisciplinaridade/
Currículo da Educação Básica 20
2. Abrindo a questão...
______________________
3
Texto disponível em: SALTO PARA O FUTURO. Currículo: conhecimento e cultura. ISSN 1982 –
0283. Ano XIX – Nº 1 – Abril/2009. Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância.
Currículo da Educação Básica 21
geômetra e matemático René Descartes, vestem por muitos como uma espécie de
“pai da modernidade”, criou uma imagem interessante para o conjunto dos
conhecimentos: a árvore dos saberes. Nessa imagem, as raízes da árvore
representariam o mito, como conhecimento originário; o tronco representaria a
filosofia, que dá consistência e sustentação para o todo; os galhos, por sua vez,
representariam as diferentes disciplinas científicas, que por sua vez se subdividem
em inúmeros ramos. Interessante notar que a imagem da árvore, por mais que dê
vazão ao recorte, à divisão e às subdivisões, remete sempre de volta à totalidade,
pois há uma única árvore, e para além do conhecimento das partes, podemos
chegar ao conhecimento do todo, isto é, tomando distância podemos ver a árvore
em sua inteireza.
É quase impossível não transportar imediatamente a imagem da árvore para
o currículo disciplinar. Também aí, nesse currículo que marcou a escola como
instituições modernas podem ver subjacente, a imagem da árvore. E, através da
árvore, o anseio à totalidade, por mais que se tenha investido na fragmentação dos
saberes, na compartimentalização das disciplinas na composição dos currículos.
No movimento essencialmente moderno de disciplinarização, de paulatina e
crescente especialização dos saberes, assistimos à perda da totalidade (como
ignorância) para possibilitar o conhecimento; nesse processo, vão-se criando as
diferentes ciências e proliferam os novos saberes. Nas escolas, o processo é
reproduzido na dimensão do ensino-aprendizagem, e os currículos mais e mais se
especializam, subdividindo-se cada vez mais. No entanto, quanto mais nos
enfronhamos pelos galhos da árvore, mais difícil fica vislumbrar a árvore em sua
completude; às vezes, chega-se mesmo a se perder a dimensão da unidade, de que
a árvore é uma só e que aquele ramo daquele galho é parte deste todo.
É curioso que, num determinado momento, dado todo o avanço científico e
tecnológico, certos problemas já não podem ser resolvidos pela especialização
científica. Na educação, por sua vez, os professores começaram a espantar-se
frente ao fato de que os estudantes, após aprender disciplinarmente, raramente
conseguiam fazer a operação lógica para recuperar a totalidade, articulando os
saberes que aprenderam de forma isolada.
Currículo da Educação Básica 22
Quando assiste a uma aula de História, cada aluno abre a “gavetinha” de seu
“arquivo mental” em que guarda os conhecimentos históricos; ao final da aula, fecha
essa “gavetinha” e abre aquela referente à matéria a ser estudada na próxima aula,
e assim por diante... E como cada uma das “gavetinhas” é estanque, sem nenhuma
relação com as demais, os alunos não conseguem perceber que todos os
conhecimentos vivenciados na escola são perspectivas diferentes de uma mesma e
única realidade, parecendo cada um deles autônomo e autossuficiente, quando na
verdade só pode ser compreendido em sua totalidade como parte de um conjunto,
peça ímpar de um imenso puzzle que pacientemente montamos ao longo dos
séculos e dos milênios.
Vale ressaltar que essa compartimentalização é sustentada e intensificada
pelo aparelho burocrático da escola do qual nós, professores, somos fiéis
instrumentos, através de nossos programas, livros-texto, diários de classe etc.
Desse modo, que relação pode haver entre uma aula de História e uma de
Geografia ou uma aula de Ciências?
O que devemos inferir dessa breve análise do processo histórico de
construção do saber é que a responsabilidade pelo desvio da especialização — que
acaba por se ver refletido na estrutura de nossa educação — não pode ser imputada
aos professores nem, muito menos, aos alunos. Por outro lado, os professores
podem ter uma participação extremamente importante no processo de romper com
essa tradição alienante e superar a contradição histórica entre o saber e a realidade.
Como podemos fazer isso? Quebrando, na medida de nossas possibilidades
— sem dúvida alguma, sensivelmente limitadas pela burocracia escolar —, a
compartimentalização de que é vítima nosso sistema educacional.
O objetivo deste texto não é o de fornecer “receitas” de como se deve ou de
como se pode trabalhar de forma interdisciplinar, nem muito menos desenvolver
uma análise de “especialista” sobre o assunto, mas convidar os colegas à reflexão e
ao debate, rompendo antes de tudo as nossas próprias amarras, aquelas que nos
ancoram nos portos seguros de nossas especialidades, alheios aos monstros e às
tormentas que povoam os mares desconhecidos das demais áreas de
conhecimento.
Sem dúvida alguma, é bastante difícil para qualquer professor trabalhar na
perspectiva de uma interdisciplinaridade, dado que fomos, nós próprios, formados de
forma compartimentalizada e de certo modo “treinados” para trabalhar desta
Currículo da Educação Básica 25
interdisciplinaridade seria uma “costura” dos retalhos, resultando numa colcha que,
no final das contas, nunca será novamente o mesmo tecido de outrora.
Um dos principais críticos contemporâneos da interdisciplinaridade é Edgar
Morin, com sua teoria da complexidade. Morin denuncia que a interdisciplinaridade
não dá conta de rearticular os saberes fragmentados, que ela mais confirma as
fronteiras entre os saberes do que as faz desaparecer. Para o pensador francês, é
necessário algo mais forte que a interdisciplinaridade, que ele vê na
transdisciplinaridade. Essa, sim, teria condições de quebrar as fronteiras rígidas
entre as disciplinas, promovendo uma “religação dos saberes”, rumo a uma visão da
complexidade e da totalidade do mundo. Em sua concepção, a realidade é complexa
(variada, com múltiplos aspectos), mas uma. E o conhecimento, se num determinado
momento precisa “perder-se” nas sutilezas da especialização, precisa depois
resgatar essa visão do todo, da complexidade de uma realidade única.
Pergunto, então: teremos, de fato, uma realidade única? Haverá uma unidade
do mundo? Será o mundo uma grande árvore, que se ramifica e ramifica, mas que,
no fundo, é única? Será o currículo, por sua vez, expressão dessa unidade que se
fragmenta, podendo ser recuperada em seguida? Em outras palavras, a metáfora da
árvore é uma boa imagem para pensarmos os processos de produção e circulação
dos saberes? Ela nos faz pensar ainda mais ou, ao contrário, paralisa nosso
pensamento?
saberes” a ser perseguida, pois não há como “religar” o que nunca esteve ligado. Ao
contrário, o que precisamos buscar são formas de diálogo na diferença, diálogo na
multiplicidade, sem a intenção de reduzir os diferentes ao mesmo, ao uno.
Nessa perspectiva, como pensar uma filosofia do currículo? Se a árvore já
não é uma imagem pertinente, pelo seu apelo à unidade, que imagem pode nos
fazer pensar na multiplicidade, e mais, pensar multiplicidades?
Fazendo esse mesmo exercício, embora não tivesse como objeto o currículo
e sim o livro, Deleuze e Guattari propuseram a imagem do rizoma em lugar da
imagem da árvore.
Penso que a imagem do rizoma se converte em poderosa ferramenta para
pensarmos uma filosofia do currículo. Com a imagem da árvore, ficamos na
compartimentalização: os galhos vão se ramificando e se especializando cada vez
mais, perdendo contato, pois cada ramo se autonomiza em relação aos demais,
embora permaneçam toda parte da mesma árvore. Mas a comunicação entre os
ramos de uma árvore fica dificultada, assim como fica dificultada e, quem sabe,
impossibilitada, a comunicação entre as disciplinas num currículo escolar. Impossível
não lembrar aqui também a imagem das gavetas: as disciplinas convertem-se em
gavetas de um arquivo, compartimentos estanques, sem comunicação entre si. O
currículo disciplinar, imageticamente representado na e pela árvore, faz de nós seres
fragmentados, mas fragmentos que remetem a uma unidade perdida.
Com o rizoma, as coisas se passam de maneira distinta. Sua imagem remete
para uma miríade de linhas que se engalfinham, como num novelo de lã
emaranhado pela brincadeira do gato. Ou talvez essa não seja a melhor imagem;
um rizoma é promiscuidade, é mistura, mestiçagem, é mixagem de reinos, produção
de singularidades sem implicar o apelo à identidade. Lembro-me de um belo conto
de Michael Ende, do livro O Espelho no Espelho, que narra a história de uma ilha,
uma cidade-labirinto, na qual as pessoas eram condenadas à infelicidade. Apenas
uma vez na vida, na adolescência, cada um tinha sua chance de escapar da ilha e
ser feliz: desenvolvia asas nas costas e, após um dia de provas (o rito de
passagem), se fosse julgado apto, poderia voar para fora da ilha, construir sua vida
e ser feliz; caso contrário, estaria condenado a viver ali o resto de seus dias, na
infelicidade. Um garoto passa pela prova, que consiste em caminhar um dia todo
pela cidade, sem ver sua amada. Ele caminha, carregando uma rede de pescador. E
vai encontrando pessoas infelizes que pediam a ele que levasse algo delas
Currículo da Educação Básica 29
conseguem, como uma forma de elas mesmas poderem ser um pouco felizes. E ele
vai colocando coisas em sua rede: a muleta de um aleijado, uma cruz de ferro, uma
joia, uma lata, um saco de dinheiro... No final do dia, todo esse peso o impede de
alçar voo e ele, infeliz, descobre que sua prova consistia em ter sido desobediente e
egoísta. Mas o que me interessa aqui é sua rede de pescador, cheia dos objetos os
mais diferentes possíveis: parece-me essa uma ótima imagem de rizoma. Um
emaranhado de multiplicidades, uma mistura de coisas não misturáveis (o “chiclete
com banana”, na sabedoria popular de Jackson do Pandeiro), uma mestiçagem.
Se pensarmos o currículo como rizoma e não como árvore, as disciplinas já
não seriam gavetas que não se comunicam, mas tenderiam a soar como linhas que
se misturam teia de possibilidades, multiplicidade de nós, de conexões, de
interconexões. Se a árvore não estimula e mesmo não permite o diálogo, o rizoma,
ao contrário, em sua promiscuidade estimula os encontros e as conjunções. Mas se
a imagem da árvore implica um currículo como sistema fechado e unitário, a imagem
do rizoma, por sua vez, implica um currículo como sistema aberto e múltiplo. Isto é,
não um currículo, mas muitos currículos. Não um mapa, mas muitos mapas. Não um
percurso, mas inúmeros percursos. E sempre com pontos de partida e pontos de
chegada distintos. O que não inviabiliza encontros, mas, ao contrário, os possibilita,
os promove, os estimula.
Assim chegamos à ideia de transversalidade, criada pela filosofia francesa
contemporânea para afirmar uma produção de saberes e uma circulação por entre
eles que se faz de forma livre, não hierárquica, caótica. E produtiva, promotora de
encontros, conjunções, misturas, mestiçagens. Se o rizoma pode ser a imagem do
currículo, ou se o currículo pode ser concebido à imagem do rizoma, a
transversalidade é o tipo de trânsito por entre os liames de um rizoma, de um
emaranhado de saberes.
Explicando melhor: se o currículo disciplinar implica um planejamento prévio,
uma escolha das disciplinas que deverão compor esse currículo e a determinação
de seus conteúdos, para atingir uma série de objetivos predeterminados pelo
planejamento, num currículo rizomático teria uma abertura para todo e qualquer
percurso, uma abertura para as experiências. Enquanto o currículo disciplinar é
fechado, justamente por supor uma unidade (dada de antemão ou a ser recuperada
posteriormente, tanto faz...), um currículo rizomático é aberto, sobretudo por ser uma
aposta na multiplicidade, sem almejar uma unidade dada ou a ser construída mas,
Currículo da Educação Básica 30
1. De acordo com o autor deste texto, relacione as formas eficazes de se romper com
as racionalidades abstratas e compartimentalizadas do saber que a educação
historicamente reproduz, especificando o modo como o currículo é utilizado como
instrumento de sustentação desse contexto e como o professor pode contribuir para
superar essa realidade persistente em nosso sistema de ensino.
UNIDADE 03
Diretrizes Curriculares
Nacionais para a
Educação Básica4
Fonte https://www.youtube.com/watch?v=9SIqUvnkAJA
Currículo da Educação Básica 33
Introdução
___________________________
4
Texto Disponível na obra: Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica/ Ministério
da Educação. Secretária de Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral. – Brasília:
MEC, SEB, DICEI, 2013.
Currículo da Educação Básica 34
3. Referências conceituais
Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996)1, e está orientado pelos princípios éticos, políticos
e estéticos que visam à formação humana integral e à construção de uma sociedade
justa, democrática e inclusiva, como fundamentado nas Diretrizes Curriculares
Nacionais da Educação Básica (DCN)2.
Referência nacional para a formulação dos currículos dos sistemas e das
redes escolares dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e das propostas
pedagógicas das instituições escolares, a BNCC integra a política nacional da
Educação Básica e vai contribuir para o alinhamento de outras políticas e ações, em
âmbito federal, estadual e municipal, referentes à formação de professores, à
avaliação, à elaboração de conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta de
infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da educação. Nesse sentido,
espera-se que a BNCC ajude a superar a fragmentação das políticas educacionais,
enseje o fortalecimento do regime de colaboração entre as três esferas de governo e
seja balizadora da qualidade da educação.
Assim, para além da garantia de acesso e permanência na escola, é
necessário que sistemas, redes e escolas garantam um patamar comum de
aprendizagens a todos os estudantes, tarefa para a qual a BNCC é instrumento
fundamental. Ao longo da Educação Básica, as aprendizagens essenciais definidas
na BNCC devem concorrer para assegurar aos estudantes o desenvolvimento de
dez competências gerais, que consubstanciam, no âmbito pedagógico, os direitos de
aprendizagem e desenvolvimento. Na BNCC, competência é definida como a
mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas,
cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas
complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do
trabalho.
Ao definir essas competências, a BNCC reconhece que a “educação deve
afirmar valores e estimular ações que contribuam para a transformação da
sociedade, tornando-a mais humana, socialmente justa e, também, voltada para a
preservação da natureza” (BRASIL, 2013)3, mostrando-se também alinhada à
Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU)4. É imprescindível
destacar que as competências gerais da Educação Básica, apresentadas a seguir,
inter-relacionam-se e desdobram-se no tratamento didático proposto para as três
etapas da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino
Currículo da Educação Básica 41
Fonte: https://ndi.ufsc.br/files/2012/02/Diretrizes-Curriculares-para-a-E-I.pdf
_______________________
5
Texto Disponível na obra: Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica/ Ministério
da Educação. Secretária de Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral. – Brasília:
MEC, SEB, DICEI, 2013.
Currículo da Educação Básica 43
Educação Básica, dentre as quais, a integração das creches nos sistemas de ensino
compondo, junto com as pré-escolas, a primeira etapa da Educação Básica. Essa lei
evidencia o estímulo à autonomia das unidades educacionais na organização flexível
de seu currículo e a pluralidade de métodos pedagógicos, desde que assegurem
aprendizagem, e reafirmou os artigos da Constituição Federal acerca do
atendimento gratuito em creches e pré-escolas.
Nesse mesmo sentido, deve-se fazer referência ao Plano Nacional de
Educação (PNE), Lei nº 10.172/2001, que estabeleceu metas decenais para que no
final do período de sua vigência, 2011, a oferta da Educação Infantil alcance a 50%
das crianças de 0 a 3 anos e 80% das de 4 e 5 anos, metas que ainda persistem
como um grande desafio a ser enfrentado pelo país.
Frente a todas essas transformações, a Educação Infantil vive um intenso
processo de revisão de concepções sobre a educação de crianças em espaços
coletivos, e de seleção e fortalecimento de práticas pedagógicas mediadoras de
aprendizagens e do desenvolvimento das crianças.
Em especial, têm se mostrado prioritárias as discussões sobre como orientar
o trabalho junto às crianças de até três anos em creches e como garantir práticas
junto às crianças de quatro e cinco anos que se articulem, mas não antecipem
processos do Ensino Fundamental.
Nesse contexto, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil
elaboradas, anteriormente, com base na Resolução CNE/CEB nº 1/99 e Parecer
CNE/CEB nº 22/98, foram fundamentais para explicitar princípios e orientações para
os sistemas de ensino na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de
propostas pedagógicas.
Embora os princípios colocados não tenham perdido a validade, ao contrário,
continuam cada vez mais necessárias outras questões diminuíram seu espaço no
debate atual e novos desafios foram colocados para a Educação Infantil, exigindo a
reformulação e atualização dessas Diretrizes.
A ampliação das matrículas, a regularização do funcionamento das
instituições, a diminuição no número de docentes não habilitados na Educação
Infantil e o aumento da pressão pelo atendimento colocam novas demandas para a
política de Educação Infantil, pautando questões que dizem respeito às propostas
pedagógicas, aos saberes e fazeres dos professores, às práticas e projetos
Currículo da Educação Básica 45
Fonte: https://compromissocampinas.org.br/a-educacao-infantil-e-o-desafio-de-ampliar-o-
atendimento-com-qualidade/
IV), assim como a controle social. Sua forma de organização é variada, podendo
constituir unidade independente ou integrar instituição que cuida da Educação
Básica, atender faixas etárias diversas nos termos da Lei nº 9.394/96, em jornada
integral de, no mínimo, 7 horas diária, ou parcial de, no mínimo, 4 horas, seguindo o
proposto na Lei nº 11.494/2007 (FUNDEB), sempre no período diurno, devendo o
poder público oferecer vagas próximo à residência das crianças (Lei nº 8.069/90, art.
53). Independentemente das nomenclaturas diversas que adotam (Centros de
Educação Infantil, Escolas de Educação Infantil, Núcleo Integrado de Educação
Infantil, Unidade de Educação Infantil, ou nomes fantasia), a estrutura e
funcionamento do atendimento deve garantir que essas unidades sejam espaço de
educação coletiva.
Uma vez que o Ensino Fundamental de nove anos de duração passou a
incluir a educação das crianças a partir de seis anos de idade, e considerando que
as que completam essa idade fora do limite de corte estabelecido por seu sistema
de ensino para inclusão no Ensino Fundamental necessitam que seu direito à
educação seja garantido, cabe aos sistemas de ensino o atendimento a essas
crianças na pré-escola até o seu ingresso, no ano seguinte, no Ensino Fundamental.
A criança, centro do
planejamento curricular, é sujeito
histórico e de direitos que se
desenvolve nas interações, relações e
práticas cotidianas a ela
disponibilizadas e por ela
estabelecidas com adultos e crianças
de diferentes idades nos grupos e
contextos culturais nos quais se Fonte:
insere. https://petecaportal.wordpress.com/2015/02/03/a-
visao-de-crianca-o-sujeito-do-processo-de-educacao/
Currículo da Educação Básica 52
Nessas condições ela faz amizades, brinca com água ou terra, faz-de-conta,
deseja, aprende, observa, conversa, experimenta, questiona, constrói sentidos sobre
o mundo e suas identidades pessoais e coletivas, produzindo cultura.
O conhecimento científico hoje disponível autoriza a visão de que desde o
nascimento a criança busca atribuir significado a sua experiência e nesse processo
volta-se para conhecer o mundo material e social, ampliando gradativamente o
campo de sua curiosidade e inquietações, mediadas pelas orientações, materiais,
espaços e tempos que organizam as situações de aprendizagem e pelas
explicações e significados a que ela tem acesso.
O período de vida atendido pela Educação Infantil caracteriza-se por
marcantes aquisições: a marcha, a fala, o controle esfincteriano, a formação da
imaginação e da capacidade de fazer de conta e de representar usando diferentes
linguagens. Embora nessas aquisições a dimensão orgânica da criança se faça
presente, suas capacidades para discriminar cores, memorizar poemas, representar
uma paisagem através de um desenho, consolar uma criança que chora etc., não
são constituições universais biologicamente determinadas e esperando o momento
de amadurecer.
Elas são histórica e culturalmente produzidas nas relações que estabelecem
com o mundo material e social mediadas por parceiros mais experientes.
Assim, a motricidade, a linguagem, o pensamento, a afetividade e a
sociabilidade são aspectos integrados e se desenvolvem a partir das interações que,
desde o nascimento, a criança estabelece com diferentes parceiros, a depender da
maneira como sua capacidade para construir conhecimento é possibilitada e
trabalhada nas situações em que ela participa. Isso por que, na realização de tarefas
diversas, na companhia de adultos e de outras crianças, no confronto dos gestos,
das falas, enfim, das ações desses parceiros, cada criança modifica sua forma de
agir, sentir e pensar.
Cada criança apresenta um ritmo e uma forma própria de colocar-se nos
relacionamentos e nas interações, de manifestar emoções e curiosidade, e elabora
um modo próprio de agir nas diversas situações que vivencia desde o nascimento
conforme experimenta sensações de desconforto ou de incerteza diante de aspectos
novos que lhe geram necessidades e desejos, e lhe exigem novas respostas. Assim,
busca compreender o mundo e a si mesma, testando de alguma forma as
Currículo da Educação Básica 53
UNIDADE 04
A necessária e
fundamental parceria
com as famílias na
Educação Infantil
Fonte: http://crechesonhoencantado.com.br/familia-e-escola-parceria-por-uma-
educacao-plena/
Currículo da Educação Básica 65
Introdução
Fonte: https://educacional.cpb.com.br/conteudos/universo-
educacao/avaliar-na-educacao-infantil/
Currículo da Educação Básica 71
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