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23
Universidade Federal de Santa
da Universidade Federal de Pernambuco sai, em consonância ao diz respeito à análise cinemá-
Catarina e está integrado à
equipe de professores do previsto no edital 2010, novos títulos do Programa Livro-Texto, fruto tica de mecanismos articulados,
Departamento de Engenharia- de uma nova política editorial. como também aos conceitos
Mecânica da Universidade básicos de síntese. Neste
Federal de Pernambuco desde contexto, este livro vem
Esta Coleção publica o material produzido pelos professores da
1986. Ao longo desses anos, tem preencher uma importante
UFPE. Surge como uma publicação qualificada e de baixo custo para lacuna, não só no meio acadê-
assessorado o parque industrial
da região, através de programas o aluno, além da possibilidade concreta de publicação para o mico, como também na indús-
de extensão universitária, professor. Estimula, ainda, o docente a produzir seu próprio tria fornecendo base teórica
desenvolvendo consultoria e para o projeto de mecanismos
material, oportunizando correções e atualizações em cada nova voltados à automação de
pesquisa nas seguintes áreas:
Mecanismos e Máquinas, Projeto impressão. O padrão de cores utilizado nas capas identifica a área processos e produtos. Os temas
assistido por computador, do conhecimento e, consequentemente, o Centro Acadêmico onde a abordados são estruturados de
Programação de alto desem- forma didática, em dez capí-
disciplina é ministrada: laranja para Humanas, verde para Saúde e
tulos ricamente ilustrados, com
MECANISMOS ARTICULADOS
penho e Projeto de máquinas.
Atualmente tem dedicado parte azul para Exatas. figuras e gráficos que propiciam
de suas atividades em pro- MECANISMOS ARTICULADOS uma visão clara dos conceitos a
gramas de melhoramento do Espera-se que os alunos, incentivados pelas publicações adequadas serem assimilados, e cada
ensino do curso de graduação aos programas das disciplinas que vêm estudando, criem o hábito de capítulo é finalizado com uma
através do desenvolvimento de sequência de exercícios e
adquirir o livro e construam, progressivamente, — como aluno e bibliografia básica para que o
práticas pedagógicas visando
futuro profissional — sua biblioteca particular. aluno possa se aprofundar mais
aprimorar a formação dos
José Maria Bezerra no desenvolvimento e compre-
alunos nas disciplinas em que
leciona, sendo este livro um dos Como Editora, ressalto o empenho da Administração Central ensão da matéria apresentada.
frutos deste trabalho. PROACAD e da Comissão Editorial que, criteriosamente, avançaram
nesse nível de produção. Congratulo-me com os senhores professores
autores e com os Centros Acadêmicos que responderam à chamada
do edital.
MECANISMOS ARTICULADOS
Recife - 2010
Universidade Federal de Pernambuco Editora associada à
Reitor: Prof. Amaro Henrique Pessoa Lins
Vice-Reitor: Prof. Gilson Edmar Gonçalves e Silva
Diretora da Editora: Profª Maria José de Matos Luna ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DAS EDITORAS UNIVERSITÁRIAS
Comissão Editorial
Presidente: Profª Maria José de Matos Luna
Titulares: André Luiz de Miranda Martins, Artur Stamford, Christine Paulette Yves Rufino, Elba Lúcia C. de
Amorim, Emanuel Souto da Mota Silveira, José Dias dos Santos, José Wellington Rocha Tabosa, Maria do Carmo
de Barros Pimentel, Lívia Suassuna, Marcos Gilson Gomes Feitosa, Marlos de Barros Pessoa, Sônia Souza Melo
Cavalcanti de Albuquerque
Suplentes: Alexandre Simão de Freitas, Arnaldo Manoel Pereira Carneiro, Augusto César Pessoa Santiago, Benício
de Barros Neto, Bruno César Machado Galindo, Carlos Alberto Cunha Miranda, Carlos Sandroni, Ivandro da
Costa Sales, José Gildo de Lima, Luiz Carlos Miranda, Vera Lúcia Menezes Lima, Zanoni Carvalho da Silva
Editores Executivos: André Luiz de Miranda Martins , Christine Paulette Yves Rufino, Dênis Bernardes.
Créditos
Projeto gráfico: EDUFPE
Revisão linguístico-gramatical: Jéssica Cristina
Revisão geral: Prof. Carlson Verçosa
Catalogação na fonte:
Bibliotecária Joselly de Barros Gonçalves, CRB4-1748
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7315-864-9 (broch.)
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sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos e videográficos. Vedada a memorização e/ou a recupera-
ção total ou parcial em qualquer sistema de processamento de dados e a inclusão de qualquer parte da obra em qualquer programa
juscibernético. Essas proibições aplicam-se também às características gráficas da obra e à sua editoração.
SÉRIE LIVRO-TEXTO
21
_________________________________________
Saiba mais
O termo “cinemático” envolve os conceitos de deslocamentos,
velocidades e acelerações.
_________________________________________
22
tos distintos chamados de “translação retilínea” e “translação curvilínea”,
como explicado a seguir:
• Translação retilínea − As trajetórias de dois pontos quaisquer
do corpo são retas paralelas ou coincidentes. Quando o corpo se
movimenta ora para a frente, ora para trás, tem-se um movimento
alternativo, como é o caso do cursor 4 da figura 1.2. Na prática, a
translação retilínea só é possível para movimentos alternados.
• Translação curvilínea − As trajetórias descritas agora, para dois
pontos distintos no corpo, são linhas curvas paralelas entre si. A
barra 3 da figura 1.1 é um exemplo de translação curvilínea em
trajetória cicloidal.
1.2.2. Rotação
Cada ponto do corpo rígido movimenta-se de tal forma que a sua
distância a um eixo fixo, não necessariamente pertencente ao corpo, nor-
mal ao plano de movimento, permanece constante; também pode-se dizer
que segmentos de reta pertencentes ao corpo e perpendiculares ao plano
de referência descrevem cascas cilíndricas concêntricas. É o caso da barra
2 da figura 1.2.
1.2.3. Movimento Combinado
Um ponto qualquer, pertencente ao corpo ou não, porém inva-
riável geometricamente em relação a este, terá movimento de translação,
retilínea ou curvilínea, enquanto o próprio corpo terá movimento local,
23
de rotação em relação a este ponto. Um exemplo clássico se verifica para a
biela (barra 3 da figura 1.2) nos mecanismos biela-manivela.
3
2 1
24
1.3.1. Movimento Esférico
Ocorre quando cada ponto do corpo rígido mantém-se a uma
distância constante de um ponto fixo. Um exemplo clássico são as rótu-
las esferoidais, como é o caso da conexão do espelho com a caixa fixa na
figura 1.4 abaixo ou ainda das cruzetas nas juntas cardan utilizadas na
transmissão de automóveis. Para este caso, podemos tomar um sistema
cartesiano espacial e fixar o seu centro com referência para o movimento.
25
_________________________________________
Observe:
Posteriormente, este conceito inicial de mecanismo será forma-
lizado de uma maneira mais rígida, quando alguns conceitos
tiverem sido absorvidos.
_________________________________________
UNIFORME Î Î UNIFORME
UNIFORME Î Î NÃO-UNIFORME
NÃO-UNIFORME Î Î UNIFORME
NÃO-UNIFORME Î Î NÃO-UNIFORME
26
motivos. Como já foi dito, o presente estudo limita-se à síntese e à análise
de mecanismos e, como consequência as máquinas em geral não serão
objeto deste estudo.
1.5. Classificação dos Mecanismos
1.5.1. Quanto ao Tipo
Apesar dos muitos esforços neste sentido, não se tem ainda uma
classificação completamente unificada e geral para os diversos tipos de me-
canismos. Uma das classificações que tem mais aceitação estabelece seis
categorias básicas:
• Mecanismos de parafuso;
• Mecanismos de barras;
• Mecanismos de roda, incluindo as engrenagens;
• Mecanismos de cames;
• Mecanismos de catraca ou intermitentes;
• Órgãos de tração/compressão − partes contendo rigidez em um
único sentido.
Pelo conceito de máquina, fica claro que a mesma pode ser vista
como um agrupamento destas diversas partes interligadas de alguma for-
ma.
_________________________________________
Saiba mais:
Esta é a classificação mais aceita pela comunidade técnica
e científica e foi inicialmente apresentada pelo alemão Franz
Reuleaux .
_________________________________________
27
Mecanismos Planos
Todas as partes envolvidas no mecanismo terão movimento plano,
necessariamente com o mesmo plano de referência − plano de referência
paralelo e fixo comum a todas as partes, ver item 1.2.1.
A figura 1.5 mostra um exemplo com um mecanismo de quatro
barras, onde a barra que está mais à frente, ao se movimentar, conduz as
outras duas com movimentos característicos em planos paralelos.
28
Figura 1.6 − A junta cardan se constitui num mecanis-
mo esférico pelo fato de o movimento da
cruzeta ser esférico.
Mecanismos Espaciais
Caracterizam-se pela liberdade de deslocamento de um ou mais
de seus componentes em três dimensões, isto é, as suas barras têm necessa-
riamente movimentos espaciais puros. Exemplo na figura 1.7.
29
Exercícios
1. Cite pelo menos três exemplos de movimento plano geral, movimento
helicoidal e movimento esférico.
2. Quais as possíveis críticas que podem ser feitas ao conceito de mecanis-
mo como foi dado neste capítulo?
3. Qual é o tipo de movimento efetivado pelos rolos, nos rolamentos de
rolos cilíndricos?
4. Como você designaria um sistema de freio a disco (sapatas e disco de
freio), utilizando os conceitos de mecanismo, máquina e a classificação
de Reuleaux?
5. Classifique os mecanismos abaixo, com relação à geometria:
- Par de engrenagens helicoidais reversas
- Par de engrenagens cônicas de dentes retos
- Mecanismo de Geneva
- Amortecedor de automóvel
- Sistema de correia e polias com eixos reversos
6. Dê exemplos de mecanismos que constituam órgãos de tração/com-
pressão na classificação de Reuleaux.
7. Para os robôs mostrados na figura 1.8, determine o tipo de movimento
para cada braço relativamente ao seu apoio e globalmente à base.
a b c
Figura 1.8 − Robôs com movimentos específicos para
os braços.
30
Referências Bibliográficas
NORTON, R. L. Design of machinery: an introduction to the synthesis and
analysis of mechanisms and machines. Fourth Edition. McGraw-Hill, 2007.
SHARMA, C. S.; PUROHIT, K. Theory of Mechanisms and Machines.
New Delhi: Prentice-Hall, 2006.
SHIGLEY, J. E.; UICKER J. J. Theory of Machines and Mechanisms. Se-
cond Edition. McGraw-Hill, 1995.
SHIGLEY, J. E. Cinemática dos Mecanismos. Ed. Edgard Blücher, 1970.
31
Coordenadas
Generalizadas
2
A análise de um mecanismo de forma geral pode se tornar bastan-
te complexa, no que diz respeito ao equacionamento de seus deslocamen-
tos, velocidades e acelerações, à medida em que aumentamos o número de
barras na sua constituição, principalmente se utilizarmos os métodos de
posicionamento − coordenadas cartesianas − comuns na mecânica clássica.
A esse respeito, vamos introduzir o conceito de coordenadas generalizadas
no posicionamento das diversas barras de um mecanismo, simplificando e
permitindo uma análise cinemática bastante concisa de forma geral.
2.1. Coordenadas Generalizadas
A configuração de um sistema mecânico em que todos os corpos
envolvidos tenham movimento plano ou espacial, com um número finito
de corpos rígidos, pode ser expressa por um número finito de variáveis reais
chamadas coordenadas generalizadas. Cada corpo rígido, no plano, poderá
ser denotado por três coordenadas generalizadas ou por seis coordenadas
no espaço, percebendo-se que, no plano, este tem três graus de liberdade,
sendo possíveis dois deslocamentos e uma rotação. No espaço seriam seis,
constituídos por três deslocamentos e três rotações. Assim, é fácil a obten-
33
ção das variáveis do sistema quando todos os corpos estiverem livres. Para
as situações em que isto não ocorre, o sistema pode ser simplificado (redu-
zido) após a determinação das equações de restrição, como visto à frente.
Este sistema geral de coordenadas generalizadas será indicado por:
2-1.
Como exemplo, o sistema mostrado na figura 2.1 pode ser descri-
to com a utilização do ângulo θ que a barra AB forma com a horizontal e
das coordenadas x e y de um ponto qualquer na barra. Nesta situação, as
coordenadas generalizadas seriam (x, y, θ). Também poderíamos descrevê-
lo utilizando as coordenadas cartesianas de dois pontos distintos da barra e
o sistema de coordenadas generalizadas seria então dado por (x1, y1, x2, y2).
B
y
2
A θ
y1
x1 x2
Figura 2.1 − Descrição do sistema (barra AB) em coor-
denadas generalizadas.
_________________________________________
Observe:
Devem ser evitadas, no sistema de coordenadas generalizadas
inicial, variáveis que sejam constantes. Isto só deve acontecer
como consequência de restrições futuras.
_________________________________________
34
2.1.1. Restrições
Pontos materiais de um sistema mecânico ou de partículas podem
estabelecer vínculos entre si, através de fixações ou ligações móveis entre
dois ou mais corpos, que impõem limitações aos seus deslocamentos. Estes
vínculos também são chamados restrições. Observe, porém, que se houver
uma ligação entre dois corpos pertencentes ao sistema, do tipo soldagem,
ou seja, sem que haja a partir daí possibilidade de movimento relativo
entre eles, isto não será uma restrição, e sim uma transformação de dois
corpos em um único no referido sistema que passa a ter um corpo a me-
nos. Neste caso serão geradas equações de restrição; subentendemos que aí
houve uma “restrição virtual”.
t t
B B
l
A A
a b
Figura 2.2 − Em (a), sistema sem restrição em relação à
reta t e em (b), com restrição imposta pela
haste l.
Se a restrição puder ser equacionada com a utilização de coorde-
nadas generalizadas e, eventualmente, também do tempo, quando uma ou
mais variáveis que compõem o sistema forem temporais, de tal forma que
se possa ter como verdadeira a equação 2-2 a seguir:
2-2.
Ela será dita holonômica, caso contrário será chamada não-holonômica,
como é o caso dos mecanismos com base em órgãos de tração ou compres-
são como especificado na classificação de Reuleaux.
35
_________________________________________
Saiba mais:
Sistemas com órgãos não rígidos onde não se pode prever ex-
pansões ou contrações devidas à dilatação térmica no tempo
são sempre não-holonômicos.
_________________________________________
36
2.3, no plano bidimensional (x, y) com uma extremidade fixa em (x0, y0) e
com capacidade de rotacionar em torno deste. Na outra extremidade desta
haste, coloca-se uma segunda, através de um pivô rotativo que permite giro
entre as duas.
2-4
Note que, aqui, xP0, yP0, são constantes que podem ser utilizadas
livremente nas equações de restrição, logo, o número de graus de liberdade
do sistema será:
2-5.
Poderíamos também utilizar como coordenadas generalizadas os
ângulos θ1 e θ2 que as barras fazem com a horizontal. Neste caso, ficaría-
mos sem nenhuma equação de restrição envolvendo estas coordenadas.
_________________________________________
Saiba mais:
Se o sistema de coordenadas generalizadas escolhido for line-
armente independente, o número de equações de restrição será
sempre nulo.
_________________________________________
37
2.2. Exemplo Prático
Vejamos agora um exemplo mais clássico que irá consistir na for-
mação do mecanismo biela-manivela, que iremos estudar em detalhes no
Capítulo 4. Sejam, portanto, três corpos rígidos, livres no plano, como
mostrado na figura 2.4a, e descritos pelo sistema de coordenadas genera-
lizadas da equação 2-6 a partir da geometria de posicionamento montada
na figura 2.4b.
2-6
l2 l2
ϕ
l1 l1
P2
α δ
P1
P3
a b
Figura 2.4 − Sistema com três corpos rígidos no plano.
Vamos agora criar quatro restrições para este sistema, figura 2.5,
consistindo de um pivotamento nas coordenadas (3,5) do plano para o
ponto P1, vínculo A, um pivotamento entre o corpo 1 e o corpo 2, vínculo B,
um pivotamento entre o corpo 2 e o corpo 3, vínculo C, e vamos excluir o
deslocamento angular e deslocamento na direção y para o corpo 3, ficando
este sempre na coordenada y = 3, vínculo D.
l1 l2
3 C D
A
38
Desta forma, o vínculo A, permitindo que o corpo 1 apenas rota-
cione na coordenada (3,5), cria as duas restrições da equação 2-7.
2-7
39
Exercícios
1. Determine um sistema de coordenadas generalizadas, linearmente in-
dependente, que descreva o sistema físico esboçado na figura 2.6 abai-
xo.
C B
A
R
B 4
3
a b
Figura 2.8 − Barras em contato por rolamento.
40
A
O B
a b
Figura 2.9 − Barras em contato por deslizamento.
4. As quatro barras da Figura 2.10a estão inicialmente livres no plano,
ligando-se, em seguida, às barras 2, 3 e 4, através de seus pivôs, à barra
1, como mostrado na figura 2.10b. Escolha um sistema de coordena-
das generalizadas para estas barras na concepção (a) e, em função deste
sistema, determine o número de graus de liberdade após a montagem,
como mostrado na concepção (b).
y G y
I
3
E 4
F 3
2 H
B
4
2
D
1 C 1
x x
a b
41
Referências Bibliográficas
ERDMAN, A. G.; SANDOR, G. N. Mechanism design: analysis and syn-
thesis. 2.ed. Englewood Cliffs: Prentice Hall, 1991. Volume I, 631p.
HARTENBERG, R. S.; DENAVITT, J. Kinematic Synthesis of Linkages.
New York: McGraw-Hill Book Company, 1964. 435p
HUNT, K. H. Kinematics geometry of mechanisms. Great Britain: Oxford
University Press, 1978. 464p.
MABIE, H. H.; OCVIRK, F. W. Mecanismos. 2.ed. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos, 1980. 298p.
NORTON, R. L. Design of machinery: an introduction to the synthesis an
analysis of mechanisms and machines, Singapore: McGraw-Hill Book Com-
pany, 1992. 716p.
42
Cadeias
Cinemáticas
3
O conceito de mecanismo visto no Capítulo 2, como sendo um
conjunto de corpos rígidos interligados e com possibilidade de movimen-
tos relativos entre si, irá requerer um estudo mais detalhado do ponto de
vista destas ligações e também destes movimentos. Neste capítulo, serão
apresentados novos conceitos para estes corpos rígidos atrelados entre si,
formando as “cadeias cinemáticas” e, como consequência será estabelecida
uma definição mais exata para o termo mecanismo, bem como iremos en-
tender melhor as suas relações, classificação e tipos.
3.1. Pares Cinemáticos
Neste estudo será designada barra qualquer peça rígida que com-
ponha um mecanismo. Então, pelo conceito inicial de mecanismo, visto
no capítulo anterior, barras adjacentes devem ser convenientemente liga-
das para que executem o movimento desejado umas em relação às outras,
propiciando uma entrada e uma saída do movimento. A cada uma destas
ligações, conexão entre duas barras, é dado o nome de par cinemático e
cada uma das partes que formam o par é chamada elemento cinemático.
43
_________________________________________
Fique ligado:
No estudo dos mecanismos e das cadeias cinemáticas em ge-
ral, os corpos rígidos envolvidos levam simplesmente o nome
de “BARRA”.
_________________________________________
3.1.1. Classificação
Os pares cinemáticos podem ser classificados em superiores e in-
feriores, sendo a distinção feita pela forma de contato entre as superfícies
de cada elemento que forma o par. Nos pares inferiores, o contato se dá
superficialmente, enquanto nos superiores, o contato é linear ou pontual.
Decorre disto que os pares inferiores podem suportar cargas mais elevadas,
ao passo que os superiores apresentam menores perdas por atrito. A tabela
3.1 elucida detalhadamente esta situação, mostrando um comparativo das
vantagens e desvantagens de se utilizar um ou outro par.
PAR VANTAGENS DESVANTAGENS
• não suportam cargas eleva-
das
superior
44
mecanismos de barras, este estudo será restrito aos pares inferiores quando
tratarmos de mecanismos de barras.
Existem seis pares cinemáticos identificados por Reuleaux como
sendo inferiores. Na tabela 3.2, apresenta-se uma classificação relacionan-
do os nomes e símbolos empregados e que serão discutidos com base nos
possíveis movimentos relativos entre dois corpos rígidos, no espaço 3D,
figura 3.1, sendo um deles associado ao sistema global fixo e o outro asso-
ciado a um sistema local inicialmente livre.
Seja a barra 2 no espaço, vinculada ao sistema cartesiano local (u,
v, w), figura 3.1, com possibilidade de movimento em relação à barra 1,
vinculada ao sistema de referência (x, y, z), o número de graus de liberdade
inicial da barra 2 em relação à barra 1 será 6, isto é, três deslocamentos li-
neares nas direções dos eixos coordenados, representados pelas variáveis (x,
y, z) e três rotações em torno de cada eixo local, representadas por (θ,ϕ,ψ).
z
w
2
u v
1 y
x
Figura 3.1 – Possibilidades de movimento relativo da
barra 1 em relação à barra 2.
A análise que se segue será feita restringindo-se a possibilidade de
alguns destes seis possíveis movimentos da barra 2 e considerando-se que a
barra 1 associada ao sistema de referência esteja fixa:
a. Restringindo-se o movimento de translação em x, y e z e de
rotação em u e v, tem-se apenas possibilidade de rotação em
torno de w. O movimento é, então, de rotação θ, e o par cha-
ma-se rotativo, simbolizado por R.
b. Restringindo-se todas as três rotações em relação a u, v e w e
os deslocamentos segundo x e y, fica-se com a possibilidade
apenas de translação paralela a z. O par é chamado prismático
45
e será simbolizado pela letra P.
c. Supondo que a barra 2 gire sobre uma hélice em volta do eixo
w, ela também irá se deslocar seguindo uma direção paralela a
z. Este par é dito helicoidal e será representado por Sp, onde o
índice p representa o passo da hélice. Note que aqui o desloca-
mento está associado à rotação, e vice-versa.
d. Quando se permite apenas rotação em torno de w e translação
em relação a z, tem-se o chamado par cilíndrico, representado
por C.
e. Sendo permitido apenas rotação em torno de qualquer dos
três eixos u, v e w, o par é dito esférico e será representado pela
letra G da palavra “globular”.
f. Finalmente, quando são permitidas apenas duas translações x
e y e uma rotação em torno de um eixo paralelo a z, tem-se o
par plano, denotado por F.
Tipo de Símbolo Graus de Variáveis para
Tipo de Par
Movimento Utilizado Liberdade Descrição
Rotativo R 1 θ
linear Prismático P 1 x
Helicoidal S 1 x ou θ
Cilíndrico C 2 x, θ
Superficial Esférico G 3 θ, ϕ, ψ
Plano F 3 x, y, θ
Tabela 3.2 − Pares inferiores, simbologia.
Reuleaux considera os pares rotativo e prismático como casos es-
peciais do par helicoidal com passo zero e infinito, respectivamente. Desta
forma, é possível se representar o par rotativo por S0 e o par prismático por
S∞ .
Para todos os pares inferiores, com exceção do par plano, as liga-
ções se verificam através de invólucros, porque em cada caso um elemento
envolve o outro. A figura 3.2 ilustra estes seis diferentes tipos.
46
Figura 3.2 − Os seis tipos básicos de pares cinemáticos
inferiores.
47
3.1.3. Pares Superiores
Os pares superiores não seguem uma classificação rígida como no
caso dos inferiores. Assim, cada problema deve ser tratado como um caso
em separado. A título de exemplos de pares superiores a contato pontual,
tem-se os mancais de esfera, as engrenagens helicoidais de eixos reversos e
as juntas homocinéticas. Já o contato linear é encontrado em cames com
seguidor de rolo, mancais cilíndricos e nas engrenagens em geral.
Na maioria dos casos, o movimento relativo entre os elementos é
bastante complexo, porém ocasionalmente é possível substituir as ligações
formadas por pares superiores, por outras contendo apenas pares inferio-
res, como é o caso ilustrado na figura 3.3.
48
3.2.1. Representação Convencional e Representação Esquemática
A figura 3.4 mostra as possíveis representações na forma conven-
cional e na forma esquematizada de barras binárias, ternárias e de maior
ordem. A representação esquemática simplifica o desenho da barra através
de esboços rápidos efetivados por segmentos para o núcleo da barra e pe-
quenos círculos nas extremidades ou cantos para representar os elementos
cinemáticos. A convenção para o esquema de barras com mais de dois
elementos cinemáticos não colineares consiste em hachurar o polígono que
tem como vértices os elementos cinemáticos, como no caso das barras b e
d.
49
(a) (b) (c)
50
nemática será dita simples quando formada apenas por barras binárias,
independentemente de ser aberta ou não.
R34 R45 R34 R34
R23 R23 3
3 4
5 3
R23 4
R47 2 4
2 7 R56 2
R17
R12 1 6 1 R14 R12
R12 1 R14
R16
(a) (b) (c)
51
f = 3n - 2j 3-2.
Perceba que a quantidade de elementos cinemáticos em cada barra
pode ser qualquer, ou seja, não estamos trabalhando somente com barras
binárias, e sim com barras de qualquer ordem. Sempre que se juntam duas
barras por um par cinemático rotativo, dois graus de liberdade são retira-
dos do sistema.
2
θ1
1 1
θo θo
yo yo
xo xo
(a) (b)
Figura 3.7 − Barra livre no plano (a) e conectada a uma
segunda barra em (b).
Agora, fixando-se uma das barras ao sistema de referência, haverá
redução de mais três graus de liberdade e chega-se ao chamado Critério de
Grübler para os mecanismos planos:
f = 3 (n - 1) - 2j 3-3,
onde:
f = número de graus de liberdade da cadeia
n = número total de barras na cadeia
j = número de pares cinemáticos do tipo rotativo
Observe que esta dedução se baseia nos mecanismos planos con-
tendo apenas pares cinemáticos do tipo rotativo. A despeito disto, será vis-
to mais adiante que, levando-se em consideração certos critérios, a equação
3-3 também poderá ser aplicada às cadeias contendo pares prismáticos e
até mesmo pares helicoidais em algumas situações.
52
n=3 j=3 n =5 j =6
f=0 f =0
(a) (b)
n=6 j=8 n =4 j =4
f = -1 f =1
(c) (d)
n=4 j=4 n =5 j =5
f=1 f =2
(e) (f)
5
3 4
4 6
7
2 6 3
5 8
2
1 1
n=6 j=7 n = 8 j = 10
f=1 f =1
(g) (h)
Figura 3.8 − Estruturas em (a), (b) e (c), em (d) e (e)
mecanismos impostos de 4 barras, cadeia
não imposta em (f ) e mecanismos com-
plexos em (g) e (h).
_________________________________________
Fique ligado:
O Critério pode ser aplicado para outros tipos de pares cinemá-
ticos, desde que estes tenham um só grau de liberdade, como é
o caso dos pares prismático e helicoidal.
_________________________________________
53
É possível também se estender o critério para cadeias planas con-
tendo pares cinemáticos superiores. Notando-se que estes têm dois graus
de liberdade, após considerações similares às feitas acima, chega-se a:
f = 3 (n - 1) - 2j - h 3-4,
onde h denota o número total de pares superiores presentes na
cadeia.
Se a solução da equação 3-3 for f < 0, o movimento é impossível
e o mecanismo forma uma estrutura; em particular, para f = 0 tem-se uma
estrutura estaticamente determinada e para f = –1 há uma barra redun-
dante na cadeia que conduz a estrutura a ser estaticamente indeterminada
ou hiperestática. Quando f = 1, diz-se que há movimento imposto, porém
sendo f = 2, ou maior, só haverá imposição na cadeia se houver mais de um
movimento de entrada perfeitamente conhecidos e em barras distintas. A
figura 3.8, acima, exemplifica várias cadeias onde é possível a aplicação do
critério.
_________________________________________
Observe:
Perceba que as estruturas não são objeto de estudo nos cursos
de mecanismos.
_________________________________________
54
P 34
P 23 3
2
4
R12 1 R14
Figura 3.9 − À barra 3 é permitido movimento sem
que haja movimento das outras barras da
cadeia.
b. Barras binárias possuindo somente pares prismáticos, figura
3.10, não devem ser diretamente ligadas entre si.
P'34
3'
P'23
P 34
3
P 23
R56 4
6
2
R26 P 45
5
R12
R15
55
R34
3 4
P 23
P 25
P 45
2
R12
R56
1
6
R16
56
par. A tabela 3.3 fornece as primeiras cadeias impostas possíveis.
n 2 4 6 8 10 ...
j 1 4 7 10 13 ...
Tabela 3.3 − Cadeias impostas possíveis.
Agora, considerando que haja n2 barras binárias, n3 barras terná-
rias, n4 barras quaternárias e assim por diante até que se chegue a nk barras
com k elementos cinemáticos na cadeia, onde k representa o número de
elementos cinemáticos da barra de maior ordem, o número total de barras
n da cadeia será dado por:
n = n2 + n3 + n4 + g + nk 3-7.
Sendo assim, é fácil verificar que o número total de elementos ci-
nemáticos na cadeia será dado por 2n2 + 3n3 + 4n4 + g + knk . Agora, no-
tando que cada par cinemático é formado por dois elementos cinemáticos,
percebe-se que o número total de pares cinemáticos na cadeia deverá ser:
j = 1 (2n2 + 3n3 + 4n4 + g + knk ) 3-8.
2
Considerações geométricas na imposição da cadeia permitem que
se obtenha o número de elementos cinemáticos da barra de maior ordem
em função do número total de barras. Denotando este número pela letra
k, tem-se então:
k=n 3-9.
2
Um fato interessante a ser observado é que nas cadeias impostas haverá
sempre a necessidade de se ter um determinado número de barras binárias envol-
vidas para se conseguir mobilidade. Em função do número de barras restantes é
possível se chegar a:
3-10.
57
dos ni (2 < i ≤ k = n/2) nulo em algumas permutações dos vários tipos de
cadeias com n barras possíveis.
Como exemplo, vamos verificar as possíveis combinações na for-
mação de cadeias cinemáticas e mecanismos quando o número total de
barras for igual a seis.
As equações 3-6 e 3-9, para este caso, nos fornecem:
j = 7e k =3 3-11.
Substituindo em 3-7 e 3-8, é possível se construir o sistema de
equações lineares:
n2 + n3 = 6
) 3-12
2n2 + 3n3 = 14
que, após resolvido, fornecerá:
n2 = 4
) 3-13.
n3 = 2
Ou seja, só é possível se ter movimento imposto através de uma
cadeia com seis barras se esta cadeia contiver quatro barras binárias e duas
barras ternárias. Como só foi possível se encontrar uma configuração en-
volvendo 4 barras binárias e 2 barras ternárias, diz-se que só há possibilida-
de de uma permutação para o sistema.
Em verdade, uma segunda permutação seria possível, figura 3.13,
porém esta resultaria em uma cadeia de apenas 4 barras, uma vez que duas
barras binárias em conjunto com a barra quaternária formam uma estrutu-
ra. Estas permutações − em que há possibilidade de formação de estrutura
para um conjunto de barras da cadeia − não serão detectadas sempre que
se use a equação 3-9 na obtenção das cadeias possíveis.
Examinando as alternativas da equação 3-13, é possível se mon-
tar a cadeia de duas formas diferentes, figura 3.12a e 3.12b, permitindo,
portanto, duas variações. A variação é entendida como sendo as diferentes
formas de se conectar as barras dentro de uma permutação.
58
R34 R45
R23 R34
3 4 5
4 3
R36
2 6 R45 R14 R56
R23
R16
5 2 6
1 1
R12
R15
R12 R16
(a) (b)
Figura 3.12 − Variações possíveis em (a) cadeia de Ste-
phenson e em (b) cadeia de Watt.
R56
6 R13
R36 1
R12
5 3
R34 R23
4
R45
59
Exercícios
1. Como pode ser classificado o par cinemático formado pelo mecanismo
de Geneva mostrado na figura 3.14?
k=n
2
elementos cinemáticos.
60
6. Numa cadeia imposta, conhecido o número de elementos “i” da barra
de maior ordem, demonstre que o número de barras binárias é dado
por:
61
Referências Bibliográficas
MARGHITU, D. B. Kinematic chains and machine components design. El-
sevier Academic Press, 2005.
NORTON, R. L. Design of machinery: an introduction to the synthesis and
analysis of mechanisms and machines. Fourth Edition. McGraw-Hill, 2007.
SHARMA, C. S.; PUROHIT, K. Theory of Mechanisms and Machines.
New Delhi: Prentice-Hall, 2006.
SHIGLEY, J. E.; UICKER, J. J. Theory of Machines and Mechanisms. Se-
cond Edition. McGraw-Hill, 1995.
SHIGLEY, J. E. Cinemática dos Mecanismos. Ed. Edgard Blücher, 1970.
62
Mecanismos de
Quatro Barras
4
Sabemos, por definição, que toda cadeia que contém somente
barras binárias é classificada como “cadeia simples”, ao passo que contendo
barras ternárias e/ou de maior ordem será dita “cadeia composta”. Natu-
ralmente que haverá uma infinidade de cadeias simples no universo dos
mecanismos de forma geral, porém imposta, a única possível é a cadeia de
quatro barras, como já atestado no Capítulo 3.
4.1. Importância das Cadeias de Quatro Barras
Apesar da complexidade de uma cadeia composta, por conter bar-
ras de ordem superior a dois, o seu estudo pode ser bastante facilitado
quando a subdividimos em várias cadeias simples e fixamos a análise em
cada uma delas separadamente. As cadeias compostas com mais interesse
são as que têm movimento imposto; por sorte, nestes casos, pode ser de-
monstrado que a decomposição também recairá em cadeias simples com
movimento imposto.
Mais uma vez lembrando que para se ter um movimento imposto
em uma cadeia simples é necessário que esta tenha unicamente quatro
barras. Fica fácil se perceber que o estudo das cadeias compostas que têm
63
movimento imposto reduz-se ao estudo das cadeias simples de quatro bar-
ras, quando da decomposição destas em duas ou mais cadeias deste tipo.
_________________________________________
Saiba mais:
Cadeias compostas de seis barras podem ser decompostas em
duas cadeias simples; cadeias compostas de oito barras podem
ser decompostas em três cadeias simples; e assim sucessiva-
mente.
_________________________________________
64
mesmo da barra 2 da primeira cadeia.
R34
R12 3 4
R23 P14
2
1
2 1
P26 ω
ω
6 R15
5
R56 R1 2
a b
Figura 4.2 − Decomposição da cadeia composta em
duas simples, mostrando em (a) a cadeia
base e em (b) a cadeia dependente.
Uma forma mais correta de representação convencional das duas
cadeias decompostas pode ser vista nas figuras 4.3a e 4.3b, correspondendo
respectivamente às figuras 4.2a e 4.2b. Esta representação mostra clara-
mente que as duas situações são, na verdade, apenas inversões do mecanis-
mo biela-manivela, que será abordado mais adiante, ainda neste capítulo.
1
R15 4 P14
ω R34
1 ω R1 2
5 3 2
R12
R56 6 R23
P26 2
a b
Figura 4.3 − Decomposição da cadeia composta em
duas simples, mostrando em “a” a cadeia
base e em “b”, a cadeia dependente.
65
d or
acopla
r
uido
manivela
se g
base
66
Grashof admitem quatro inversões e, em função de qual barra vá ser toma-
da como fixa, são possíveis os seguintes casos:
a. Dois mecanismos manivela-balancim, figuras 4.5a e 4.5b, são
possíveis. Em cada caso a manivela é a barra menor. Note que
a manivela tem possibilidade de um giro de 360°:
b d
c c
a a
d b
a b
Figura 4.5 − Mecanismos manivela-balancim possíveis
para o quadrilátero Grashof.
b. Uma dupla manivela resulta quando a barra menor é tomada
fixa, neste caso, as duas barras adjacentes à barra menor terão
giro completo.
b d
67
a
b
d
68
c
b
b
a c a
d d
a b
Figura 4.8 − Exemplos de paralelogramo em “a” e del-
toide em “b”.
Caso a + b > c + d, somente mecanismos duplo-balancins resul-
tarão, havendo quatro possíveis, dependendo de qual barra seja tomada
como fixa.
4.3. Mecanismo Biela-Manivela
No quadrilátero articulado, se um dos pares cinemáticos for do
tipo prismático, com os três restantes rotativos, o mecanismo é denomi-
nado “biela-manivela”. Então, este pode ser considerado como um caso
especial do quadrilátero articulado, figura 4.9, quando uma das barras
(normalmente o seguidor) tem comprimento infinito.
B
B b par
b d prismático
A
A
c a
a OA
d
d
OA OB OB
a b
Figura 4.9 − Similaridade do quadrilátero articulado
com o mecanismo biela-manivela.
Para este caso, não existe um critério de mobilidade como o de
Grashof, porém é interessante notar que para que tenhamos um giro com-
pleto da manivela, figura 4.9, se faz necessário que a barra a seja menor que
a barra b e que a distância a + b seja menor que o segmento OAB.
No caso em que o eixo do seguidor se alinha com o ponto OA,
figura 4.10, se faz necessário apenas que a barra a seja menor que a barra b.
69
Como no caso anterior, aqui também temos uma nomenclatu-
ra particular para o mecanismo biela-manivela, como mostrado na figura
4.10.
biela ou
b acoplador
a
d c
seguidor
ou pistão
Figura 4.10 − Nomenclatura para o mecanismo biela-
manivela.
70
b b
a
a Rab Rab
a b
Figura 4.11 − Transmissão de movimento em barras ad-
jacentes: em “a” esforços transmitidos e
em “b” velocidades relativas.
A figura 4.11b substitui as forças Fna e Fnb pelas velocidades vba
(velocidade relativa do ponto B em relação a A) e vbc velocidade absoluta
de B em relação a C, uma vez que estamos tomando C como centro ins-
tantâneo de rotação da barra b. Em função disto, podemos agora definir:
ângulo de transmissão − menor ângulo entre as direções do vetor ve-
locidade relativa vBA da barra condutora e a
direção da velocidade absoluta vBC da barra
conduzida.
O valor ótimo, do ponto de vista da transmissão, é φ = 90°; a tole-
rância recomendada é de ±50°. Assim sendo, um mecanismo cujo ângulo
de transmissão em dado instante é φ = 90° - α terá o mesmo mérito que
um ângulo de transmissão φ = 90° + α , veja a figura 4.12a.
Portanto, o ângulo formado pelas barras a e b, figura 4.12, tam-
bém pode ser tomado como o ângulo de transmissão φ em qualquer ins-
tante.
_________________________________________
Fique ligado:
Quanto mais o ângulo de transmissão se aproximar de 90°, me-
lhor será a qualidade da transmissão. Ângulos menores que 40°
ou maiores que 130° só serão aceitos se houver compensação
de movimento.
_________________________________________
71
tna tnb tna tnb
ϕ
Fnb
Fna
Fba Fab vba
vbc
Ftb
Fta B B
a b a b
A C A C
a b
Figura 4.12 − O ângulo entre as velocidades vBA e vBC
tem o mesmo efeito que o ângulo for-
mado pelas barras, no que diz respeito à
transmissão do movimento.
4.4.2. Posições de Pontos Mortos
Com base na qualidade da transmissão do movimento, dizemos
que há uma posição de ponto morto quando duas barras adjacentes da
cadeia assumem uma configuração tal que passam a ter duas posições de
ponto morto relativas a um dado par cinemático, figura 4.13.
tna tnb
90o- α
ϕ α
B B
a b a ϕ b
90+
o
α
A C A C
a b
Figura 4.13 − Duas posições de ponto morto são possí-
veis para um par cinemático rotativo.
A importância das posições de ponto morto se deve ao fato de
que, para estas posições, a força transmitida não favorece a rotação da barra
receptora, sendo totalmente usada para compressão ou tração desta, pois aí
o ângulo de transmissão, veja no parágrafo anterior, é de 180°.
4.4.3. Transmissão no Quadrilátero Articulado
No quadrilátero articulado, é possível se saber de antemão os valo-
res máximo e mínimo do ângulo de transmissão em função das dimensões
das quatro barras. Nos mecanismos Grashof, o ângulo de maior importân-
72
cia é o formado pela barra acopladora com a barra seguidora. Seja, então,
o mecanismo Grashof com as dimensões d para a barra fixa, a para a mani-
vela, b para o acoplador e c para o seguidor.
C
b
B ϕ
c
a e
d
A D
Figura 4.14 − Ângulo de transmissão em mecanismos
de quatro barras.
O ângulo de pressão φ, formado pelas barras b e c, será máximo
quando o lado oposto a este ângulo, segmento BD, for máximo, e será
mínimo quando este lado também o for.
Da geometria plana, nós sabemos que as posições de máximo e
mínimo do segmento BD ocorrerão para as duas posições de ponto morto
das barras a e d relativas ao par cinemático rotativo A, figura 4.15a e 4.15b,
respectivamente.
C
C
b ϕ c
b ϕ
c
a B
B a D
A d A d D
a b
Figura 4.15 − Em “a”, máximo ângulo de transmissão
e em “b”, mínimo para o quadrilátero
Grashof.
Para o primeiro caso, as barras a e d somam-se, formando o triân-
gulo BCD, e então:
(a + d) 2 = b2 + c2 - 2bc cos {max 4-2
73
E para o segundo caso, o triângulo BCD é agora formado pela
barra d menos a barra a, tendo-se, em consequência, a relação:
(d - a) 2 = b2 + c2 - 2bc cos {min 4-3
As equações (4.2) e (4.3), após reordenadas; podem ser escritas
sob a forma:
2 2 2 2
{max = arc cos ( - a + b + c - d - 2ad ) 4-4
2bc
e
2 2 2 2
{min = arc cos ( - a + b + c - d + 2ad ) 4-5
2bc
P
1
P3
B
OA
P
2
OB
74
P
1
B
OA
P
2
P 3
β
α B
A
OA OB
75
C1 OC OC
γ
M M C2
β
α γ
α
A1
β
B2
OA OB OA OB
a b
Figura 4.19 − Mecanismos parentes “a” e “b” geram a
mesma curva descrita pelo ponto M do
mecanismo anterior.
A construção destes mecanismos fica evidenciada na figura 4.20,
observando-se a semelhança de triângulos e dos paralelogramos formados
pelos lados destes.
C1 OC
γ
γ
C2
β Mα γ
γ
α
A1
β
B2
β
α B
A
β
α
OA OB
76
P1
P2
Lapidação
Esférica
77
Manivela
78
Exercícios
1. Faça um esquema equivalente ao da figura 4.1 para os mecanismos
mostrados abaixo e subdivida-os em cadeias simples de quatro barras.
79
a=2
c=4
b=6
d=5
8. Determine os mecanismos parentes para os quadriláteros articulados e
correspondentes pontos M de seus planos acopladores para as figuras
4.25a e 4.25b mostradas abaixo.
a b
Figura 4.25 − Quadriláteros articulados com pontos no
plano acoplador.
80
Referências Bibliográficas
DOUGHT, S. Mechanics of Machine. John Wiley & Sons Inc, 2001.
MARGHITU, D. B. Kinematic chains and machine components design. El-
sevier Academic Press, 2005.
NORTON, R. L. Design of machinery: an introduction to the synthesis and
analysis of mechanisms and machines. Fourth Edition. McGraw-Hill, 2007.
SHARMA, C. S.; PUROHIT, K. Theory of Mechanisms and Machines.
New Delhi: Prentice-Hall, 2006.
SHIGLEY, J. E. Cinemática dos Mecanismos. Ed. Edgard Blücher, 1970.
TAO, D. C. Applied Linkage Synthesis. Addison-Wesley Publishing, 1974.
81
Coeficientes
de Velocidade
5
O conceito de mecanismo, como já visto anteriormente, está
intrinsecamente ligado à ideia da modificação de movimentos; a cadeia
cinemática recebe o movimento através de uma “barra de entrada” e o
transforma para um novo movimento, externando-o por uma “barra de
saída”. A relação entre este movimento de saída pelo de entrada é de suma
importância e vem facilitar a análise e o desenvolvimento das expressões
finais, principalmente na obtenção das acelerações em mecanismos de bar-
ras. Neste tipo de mecanismo, esta “razão” recebe o nome específico de
Coeficiente de Velocidade e, nos demais tipos vai se chamar Relação de Trans-
missão.
5.1. Posicionamento das Cadeias Cinemáticas
Toda cadeia cinemática, seja ela imposta ou não, terá um sistema
de coordenadas generalizadas associado envolvendo coordenadas conhe-
cidas ou predeterminadas, chamadas aqui de coordenadas principais qi e
coordenadas desconhecidas inicialmente ou a se determinar, chamadas co-
ordenadas secundárias sj. Em particular, toda barra da cadeia deverá ter a
sua coordenada generalizada, seja ela do tipo principal ou secundária, pois
assim toda a cadeia poderá ser descrita em termos de deslocamentos, velo-
83
cidades e acelerações.
5.2. Coeficientes de Velocidade
No caso das cadeias impostas, apenas uma coordenada principal
se fará necessária. Vamos supor conhecidas, para esta coordenada, a posi-
ção q , a velocidade qo e a aceleração qp , em qualquer instante de tempo.
Se a cadeia tiver n+2 barras, a quantidade de coordenadas generalizadas
necessárias para a sua descrição será n-1, pois teremos n coordenadas se-
cundárias e mais uma coordenada principal, notando que a barra fixa −
terá que haver uma, pois trata-se de cadeias impostas − não necessita de
coordenadas para o seu posicionamento. A expressão 5-1, a seguir, define
este sistema de coordenadas generalizadas, sendo q a coordenada principal
e si, i = 1..n, as coordenadas secundárias.
(q, s1 , s2 , s3 , g , s n ) 5-1
_________________________________________
Saiba Mais:
A coordenada generalizada para a qual se conhecem os com-
ponentes de deslocamento, velocidade e aceleração é chama-
da principal, as demais são secundárias.
_________________________________________
84
desenvolvida da seguinte forma:
dsi
so i = = dsi dt = dsi 5-4
dt
qo dq
dt
dt dq dq
E chegamos à expressão definitiva para o coeficiente de velocida-
de, na forma:
ki = dsi 5-5
dq
que é bastante prática e conveniente, vez que normalmente não dispomos
da velocidade si para utilizarmos a expressão 5-2 na obtenção do coeficiente
de velocidade.
_________________________________________
Fique Ligado:
O coeficiente de velocidade para uma dada coordenada tam-
bém pode ser obtido pela diferenciação desta em relação à Co-
ordenada principal (ks = ds/dq).
_________________________________________
85
dki = dki dq = qo dki
5-8
dt dq dt dq
À expressão dki damos o nome de “Coeficiente da Aceleração”, e
dq
vamos representá-la pela letra l, sendo assim:
,i = dki 5-9
dq
E, desta forma, a equação 5-7 pode ser reescrita:
p i + qo 2 ,i
sp = qk 5-10
_________________________________________
Observe:
Apesar de receber o nome de coeficiente da aceleração, a ex-
pressão dk/dq é diferente da razão sp qp , como poderíamos ini-
cialmente pensar.
_________________________________________
86
Derivando este sistema na variável θ, e lembrando que α e β são
funções de θ, vem:
db
- a sen i + b da cos a - c
*
sen b = 0
di di
db
a cos i - b da sen a - c cos b = 0
di di
Substituindo os valores de dα/dθ por kα e dβ/dθ por kβ e rearran-
jando o sistema, teremos:
bka cos a - ckb sen b = a sen i
)
bka sen a + ckb cos b = a cos i
Agora temos um sistema linear nas incógnitas kα e kβ perfeitamen-
te solúvel e cuja solução é mostrada a seguir:
Z
]] ka = a sen (b + i)
b sen (a + b)
[ cos (a + i)
]] kb = a
c sen (a + b)
\
Para o cálculo dos coeficientes da aceleração, vamos utilizar a
equação 5-11, obtendo primeiramente ℓα :
, a = 2ka + 2ka ka + 2ka kb
2i 2a 2b
onde:
2ka = a cos (b + i)
2i b sen (a + b)
2ka =- a cos (a + b) sen (b + i)
2a b [sen (a + b)] 2
2ka = a sen (a - i)
2b b [sen (a + b)] 2
e, em seguida, ℓβ :
87
2k b 2k b 2k
,b = + ka + b kb
2i 2a 2b
onde:
2k b sen (a + i)
=- a
2i c sen (a + b)
2k b cos (b - i)
=- a
2a c [sen (a + b)] 2
2k b cos (a + b) cos (a + i)
=- a
2b c [sen (a + b)] 2
88
kir = 2si 5-14
2qr
Novamente, nós devemos perceber a facilidade do cálculo de kir a
partir da equação montada para cada si, pois a derivada é parcial.
_________________________________________
Fique Ligado:
No caso de cadeias não impostas, irão existir “m” coeficientes
de velocidade para cada barra secundária na cadeia.
_________________________________________
89
seguinte maneira:
5-18
5-19
90
Exercícios
1. Deduza a expressão para a aceleração, em cadeias impostas, a partir da
equação 5-6 reescrita abaixo.
so i = qk
o i
2. Uma cadeia cinemática tem (θ, φ, x) para o seu sistema de coordenadas
generalizadas e, com este sistema, as seguintes equações de restrição:
a cos i + x cos { - b = 0
)
a sen i - x sen { =0
Determine os coeficientes de velocidade kφ e kx e também os coeficien-
tes da aceleração ℓφ e ℓx.
3. Uma cadeia cinemática com dois graus de liberdade tem (θ1, θ2, φ)
para o seu sistema de coordenadas generalizadas e permite montar as
seguintes equações de restrição:
a cos i1 + b cos i2 + c cos { - d = 0
)
a sen i1 + b sen i2 + c sen { - e = 0
Sabendo-se que θ1 e θ2 são coordenadas principais, determine o coefi-
ciente de velocidade kφ e a aceleração ℓφ para a coordenada φ.
4. Resolva o problema anterior supondo agora que as duas coordenadas
principais são linearmente dependentes com θ2= 2θ1.
5. Na figura abaixo, x é a coordenada principal e α e y são secundárias.
Determine os coeficientes de velocidade e aceleração.
A
y
B α
x
Figura 5.1 − Cadeia de quatro barras com coordenadas
generalizadas x, α e y.
91
Referências Bibliográficas
DOUGHT, S. Mechanics of Machine. John Wiley & Sons Inc, 2001.
SHARMA, C. S.; PUROHIT, K. Theory of Mechanisms and Machines.
New Delhi: Prentice-Hall, 2006.
SHIGLEY, J. E.; UICKER, J. J. Theory of Machines and Mechanisms. Mc-
Graw-Hill, Second Edition 1995.
92
Cadeias
Impostas, Análise
6
Os conceitos de cinemática da partícula e cinemática de corpos
rígidos, aqui considerados de conhecimento do aluno para uma aborda-
gem deste curso, são de grande valia para a análise dos mais diversos tipos
de sistemas e, em particular, também para as cadeias impostas em geral,
mas este método vai requerer uma análise detalhada para cada barra da
cadeia, tornando difícil e complexa a sua aplicação. Este capítulo visa a de-
senvolver métodos específicos às cadeias impostas com base em conceitos
matriciais, de forma a se ter uma análise facilitada por uma abstração de
detalhes das barras e buscando uma abordagem conceitual, tendo como
base a cadeia global.
Para que tenhamos uma ideia inicial do método, vamos primeira-
mente aplicá-lo, de forma prática, a uma cadeia imposta de quatro barras
por ser esta a cadeia mais simples possível. E, para facilitar mais ainda a
nossa análise, vamos escolher o mecanismo biela-manivela, cujas equações
de deslocamento, velocidades e acelerações são de fácil obtenção. Poste-
riormente far-se-á aplicação deste desenvolvimento para cadeias compostas
impostas contendo um número qualquer de barras.
93
6.1. Mecanismo Biela-manivela
6.1.1. Análise de Posição
Seja a composição de vetores mostrada na figura 6.1b para o me-
canismo 6.1a. Podemos, então, escrever a seguinte equação vetorial:
a+b-x = 0 6-1
a b a b
θ ϕ
x
x
a b
Figura 6.1 − Mecanismo Biela-Manivela (a) e uma das
possíveis composições vetoriais em (b).
Decompondo os vetores da figura 6.1b segundo as direções x e y,
iremos obter o sistema de equações não lineares nas incógnitas φ e x.
a cos i + b cos { - x = 0
) 6-2
a sen i - b sen { =0
Este sistema fornece de imediato a solução para o deslocamento
angular φ pela equação:
{ = arcsen ( a sen i) 6-3
b
O valor de x pode ser obtido isolando-se os quadrados de cos φ e
sen φ em cada linha e somando-os, para obter:
x = a cos i ! b2 - a2 sen2 i 6-4
O sinal negativo do radical pode ser eliminado notando que, para
θ = π/2, teríamos x negativo, sendo isto impossível para a geometria apre-
sentada, ficamos então com:
x = a cos i + b2 - a2 sen2 i 6-5
como o valor final do deslocamento x.
94
6.1.2. Velocidades
Após a aplicação das equações 6-3 e 6-5, podemos considerar co-
nhecidos os deslocamentos e, consequentemente, os valores de φ e x. Cabe
também lembrar que as variáveis a, b, e θ são fornecidas de antemão como
dados de projeto. Derivando-se o sistema de equações 6-2 na variável prin-
cipal θ, obtém-se:
Z
]]- a sen i - b d{ sen { - dx = 0
di di
[ 6-6
]] a cos i - b d{ cos { =0
di
\
Porém, como visto no Capítulo 5, podemos substituir as deriva-
das de φ e de x, em θ, pelos respectivos coeficientes de velocidade e ficamos
com:
- a sen i - bk{ sen { - kx = 0
) 6-7
a cos i - bk{ cos { =0
que é linear nas incógnitas kφ e kx, e podemos colocá-lo em um arranjo
matricial, equação 6-8, de forma a se ter uma melhor compreensão:
E' 1 = ) 3
b sen { 1 k{ - a sen i
; 6-8
b cos { 0 kx a cos i
Designando por:
b sen { 1
M =; E 6-9
b cos { 0
a matriz principal do sistema, sua inversa será:
M- 1 = -1 = 0 -1
G 6-10
b cos { - b cos { b sen {
Efetuando o produto da mesma em ambos os lados da equação
6-8, obtém-se:
G) 3
0 - 1 - sen i
' 1 = -a =
k{
6-11
kx b cos { - b cos { b sen { cos i
95
E, finalmente:
Z a cos i _
k{ ]] b
b
* 4 = [ sen ({ + i) `
b cos {
6-12
kx ]]- a b
b
cos {
\ a
E, como visto no Capítulo 5, podemos determinar a velocidade
angular da barra b pelo produto de kφ pela velocidade angular da barra
principal.
{o = io a cos i 6-13
b cos {
E a velocidade linear do pistão, pelo produto de kx pela velocidade
angular da barra principal.
sen ({ + i)
xo =- aio 6-14
cos {
6.1.3. Acelerações
Aqui também consideraremos conhecida, além dos parâmetros já
mencionados anteriormente, a aceleração angular da barra a. Aplicando-se
a equação 5-10, teremos:
Sp = ip K + io 2 L 6-15
onde:
K=' 1
k{
6-16
kx
e:
dk{ 2k{ 2k{ 2k
L = ) 3 = * dk 4 = *
2k x + 2k x k + 2k x k 4
,{ + k{ + { kx
d i 2 i 2 { 2x
6-17
,x x
{ x
di 2i 2{ 2x
Calculando-se as derivadas parciais na matriz L, obtém-se:
96
Z a sen i - a sen { cos i k{ + 0kx _
]] b
b
b sen { b cos2 {
L =[ ` 6-18
]]- a cos ({ + i) - a cos (2{2 + i) k{ + 0kxb
b
\ cos { cos { a
Cuja substituição e equacionamento dos k’s fornece:
- k{ (tan i + k{ tan {)
L=) 3 6-19
kx (2 cot ({ + i) - tan {)
E, finalmente, o valor da aceleração será dado por:
- k{ (tan i + k{ tan {)
Sp = ' 1 = ip ' 1 + io 2 ) 3
{p k{
6-20
xp kx kx (2 cot ({ + i) - tan {)
97
Figura 6.3 – Gráficos de deslocamento, velocidade e
aceleração para a variável x.
6.2. Caso geral
6.2.1. Montagem do Sistema
Vamos supor um mecanismo qualquer, tendo movimento impos-
to e com n+1 coordenadas generalizadas descrevendo-o com o seguinte
sistema:
(q, s1, s2, s3, g, sn) 6-21
Onde as coordenadas si, i = 1,...,n dependem diretamente da co-
ordenada principal q e, dado que a cadeia é imposta, isto permitirá a for-
mação de n equações de restrição, obtendo-se o sistema de equações não-
lineares mostrado a seguir:
Z
] f1 (q, s1, s2, s3, g, sn) = 0
] f2 (q, s1, s2, s3, g, sn) = 0
[ 6-22
]] h
fn (q, s1, s2, s3, g, sn) = 0
\
_________________________________________
Saiba mais:
A coordenada generalizada para a qual se conhecem os com-
ponentes de deslocamento, velocidade e aceleração é chama-
da principal, as demais são secundárias.
_________________________________________
98
6.2.2. Análise de Deslocamento
As posições de deslocamentos angulares e/ou lineares, aqui re-
presentadas por si, serão conhecidas resolvendo-se o sistema de equações
(6-22). Quando não houver possibilidade de resolução direta, a solução
sempre poderá ser obtida por processos numéricos.
6.2.3. Análise de Velocidades
Diferenciando-se a equação 6-22 em relação à coordenada prin-
cipal q e aplicando a regra da cadeia para funções de múltiplas variáveis,
teremos:
df1 2f1 2f1 ds1 + 2f1 ds2 + g + 2f1 dsn = 0
= +
dq 2q 2s1 dq 2s2 dq 2sn dq
df2 2f2 2f2 ds1 + 2f2 ds2 + g + 2f2 dsn = 0
= +
dq 2q 2s1 dq 2s2 dq 2sn dq 6-23
h
dfn 2fn 2fn ds1 2fn ds2 2fn dsn
= + + +g+ =0
dq 2q 2s1 dq 2s2 dq 2sn dq
Relembrando a definição de coeficiente de velocidade estudada no
Capítulo 5 e colocando-o em forma matricial, vamos ter:
Z 2f _ R 2 f 2 f 2f V _ Z _
] 1b S 1 1
g 1 WZ k1 0
] 2q b S 2s1 2s2 2sn W] b ] b
] 2f2 b S 2f2 2f2 2f2 W] b ]] b
] 2q b S 2s1 2s2 g 2sn W]] k2b b ] 0bb
[ `+ S W[ ` = [ ` 6-24
] h b S h h j h W] k3b ] 0b
] b S W] b ] b
] 2fn b S 2fn 2fn 2fn W] b ] b
] b S g W k4 0
2 q 2 s 2 s 2 s n \ a \ a
\ a T 1 2
X
ou ainda, de forma simplificada:
; E" K , =- ' 1
2f 2f
6-25
2s 2q
Neste estágio, se faz importante a utilização da notação matricial
para as matrizes coluna {K} e {∂f/∂q} e para o Jacobiano [∂f/∂s], fazendo:
99
J =; E; K = " K , e F = ' 1
2f 2f
6-26
2s 2q
Poderemos, então, determinar a matriz dos coeficientes de veloci-
dade K, a partir da inversa do jacobiano:
K =- J- 1 F 6-27
Agora, notando que q, qo e qp são conhecidos, pois se trata da coor-
denada principal, podemos obter a matriz velocidade por:
So = qK
o 6-28
Sendo que:
so1
oS = * h 4 6-29
so n
6.2.4. Aceleração
Como já sabemos, a aceleração pode ser obtida em função dos
coeficientes de velocidade e aceleração a partir de:
p i + qo 2 ,i
spi = qk 6-30
Que, na forma matricial, se transforma em:
Sp = qK
p + qo 2 L 6-31
E aqui a forma matricial de L será:
Z 2k 2k1 k + 2k1 k + f + 2k1 k _b
,1 ] 1
+ 1 2 n
] 2q 2sn b
L = *h 4 = [
2s1 2s2
h ` 6-32
,n ]
] 2q + 2s k1 + 2s k2 + f + 2s knb
2 k n 2 k n 2 k n 2 k n
b
\ 1 2 n
a
Que pode ainda ser desenvolvida em:
100
Z 2k _ R V
] 1 b S 2k1 2k1 g 2k1 WZ _
] 2q b S 2s1 2s2 2sn W] k1b
] 2k2 b S 2k2 2k2 g 2k2 W] k2b
L = [ 2q ` + S 2s1 2s2 2sn W[ ` 6-33
] h b S h h j h W] h b
] 2 kn b S 2 kn 2 kn g 2kn W] knb
] 2q b S 2s1 2s2 2sn W\ a
\ a T X
ou, de forma simplificada:
L = Kq + JK K 6-34
onde:
Z 2k _
] 1b
] 2q b
] 2k2 b
Kq = [ 2q ` 6-35
] h b
] 2 kn b
] 2q b
\ a
e:
R V
S 2k1 2k1 g 2k1 W
S 2s1 2s2 2sn W
S 2k2 2k2 g k2 W
2
JK = S 2s1 2s2 2sn W 6-36
S h h j h W
S 2 k n 2 kn g 2kn WW
S 2s1 2s2 2sn
T X
6.3. Exemplos de Aplicação
6.3.1. Mecanismo Biela-manivela
Neste exemplo, vamos determinar os deslocamentos, velocidades
e acelerações para o pistão (deslocamento linear) e a barra a ele associada
(deslocamento angular) de uma outra inversão do mecanismo biela-mani-
vela mostrado na figura 6-4 a seguir.
101
Determinação dos Deslocamentos
Seja, então, a composição de vetores mostrada na figura 6-4b,
com a qual podemos escrever a seguinte equação vetorial:
a+ r-x = 0 6-37
x x
r
r
ϕ θ
a a
a b
Figura 6.4 − Uma outra inversão do mecanismo biela-
manivela e sua composição vetorial.
Decompondo ainda segundo os eixos x e y, iremos obter o sistema
de equações não lineares nas incógnitas φ e x,
a + r cos i - x cos { = 0
) 6-38
r sen i - x sen { = 0
o qual nos fornece, após a eliminação de x nas duas equações, a
seguinte solução para φ:
tan { = r sen i
a + r cos i 6-39
E o valor de x pode ser obtido diretamente da primeira linha do
sistema (6-38):
x = r2 + a2 + 2ar cos i 6-40
Agora, notando que o denominador da equação 6-39 pode se
anular quando r for igual a a, veja figura 6.4, o valor de x, para este caso,
pode ser obtido pela fatoração direta da segunda linha do sistema 6-38, o
que fica a critério do aluno.
102
Determinação das Velocidades
Após a aplicação das equações 6-39 e 6-40, podemos considerar
conhecidos os parâmetros φ e x e, como dados de projeto, também su-
poremos conhecidos r, a e θ. Derivando-se o sistema de equações 6-38,
obtém-se:
x sen { - cos {
J == G 6-41
- x cos { - sen {
Para o Jacobiano:
F = r) 3
- sen i
6-42
cos i
A inversa do Jacobiano será:
- sen { cos {
J- 1 = - 1 ; E 6-43
x x cos { x sen {
Agora, compondo as equações 6-42 e 6-43 segundo a equação
6-27, obtém-se:
E) 3
- sen { cos { - sen i
' 1= r;
k{
6-44
kx x x cos { x sen { cos i
cujos produto e simplificação trigonométrica permite escrever:
cos ({ - i)
' 1= r) 3
k{
6-45
kx x x sen ({ - i)
E, de forma específica:
k{ = r cos ({ - i) 6-46
x
kx = r sen ({ - i) 6-47
103
r sen ({ - i) 1 kx
Kq = * x 4=* x 4 6-48
r cos ({ - i) - xk{
e:
- r sen ({ - i) - r sen ({ - i)
JK = > x x H
r cos ({ - i) 0
6-49
1 1
=> x x H
- kx - k{
xk{ 0
Agora, aplicando 6-34, teremos:
,{ = kx (1 - 2k{) , x = xk{ (k{ - 1) 6-50
x
com os quais obteremos a equação final da aceleração na seguinte forma:
kx (1 2k )
' 1 = ip ' 1 + io 2 * x - { 4
{p k{
6-51
xp kx xk{ (k{ - 1)
104
C
b ϕ b
B α
c c
a a
β
θ D
A
d
d
a b
Figura 6.5 − Quadrilátero articulado com um ângulo
φ extra e sua composição vetorial.
E, separando as partes real e imaginária para os vetores da equa-
ção 6-52, o que significa decompor as projeções algébricas das barras nas
direções x e y, obteremos o sistema de equações não lineares nas incógnitas
α e β.
a cos i + b cos a - c cos b - d = 0
) 6-53
a sen i + b sen a - c sen b =0
Após isolarmos o cos α na primeira linha e o sen α na segunda,
podemos efetuar a soma dos quadrados dos dois, obtendo:
b2 = c2 + a2 + d2 - 2ac cos b cos i +
6-54
- 2ac sen b sen i + 2cd cos b - 2ad cos i
Agora, adicionando c2 em ambos os lados da equação 6-54 e rea-
grupando, teremos:
b2 + c2 - a2 - d2 + 2ad cos i = 2c2
6-55
- 2ac cos b cos i - 2ac sen b sen i + 2cd cos b
Verificando que o ângulo φ, devidamente colocado na figura 6.5
para facilitar a simplificação das equações resultantes, pode ser equaciona-
do como a seguir:
2bc cos { = b2 + c2 - a2 - d2 + 2ad cos i 6-56
e que o lado esquerdo desta equação se assemelha também ao lado
esquerdo da equação 6-55, podemos escrever:
b cos { = c + (d - a cos i) cos b - a sen i sen b 6-57
105
onde foi eliminado o valor 2c por constar em ambos os lados da
equação.
A equação 6-57 tem fácil solução se substituirmos o cos β e o sen β
pela identidade trigonométrica, como mostrado na equação 6-58.
b
1 - tan2 2 tan 2b
cos b = 2
b sen b = b 6-58
1 + tan2 2 1 + tan2 2
106
- b sen a c sen b
J == G 6-63
b cos a - c cos b
e, consequentemente, a sua inversa:
=
c cos b c sen b
J- 1 = -1 G 6-64
bc sen (a - b) b cos a b sen a
E, para a matriz coluna F:
F=) 3
- a sen i
6-65
a cos i
Aplicando, então, 6-27, chegamos a:
sen (b - i) sen (a - i)
ka = a kb = a 6-66
b sen (a - b) c sen (a - b)
107
' p 1 = ip ' 1 + io ) 3
ap ka 2 ,a
6-70
b kb ,b
Substituição Numérica
Dada a importância do quadrilátero articulado, vamos aqui anali-
sar as curvas de deslocamento, velocidade e aceleração nas variáveis α e β,
como fizemos no primeiro exemplo.
108
deslocamento angular θ, dividindo-se ainda cada ponto das curvas pelo seu
valor máximo positivo, no sentido de se ter curvas localizadas no intervalo
[-1,1] para o eixo das ordenadas.
109
Exercícios
1. Encontre as equações para velocidade e aceleração (problema mostrado
na figura 6.1, das duas variáveis secundárias φ e x) aplicando direta-
mente as equações 6-28 e 6-31.
2. Para o mecanismo biela-manivela da figura 6.8, determine as expres-
sões para o deslocamento, velocidade e aceleração do seguidor.
14 cm
8 cm
θ ϕ
x
Figura 6.8 − Inversão convencional do mecanismo
Biela-manivela.
3. A figura 6.9 mostra o mecanismo de impulsão da agulha para máqui-
nas que costuram encerados. Determine as equações de deslocamento,
velocidade e aceleração para a ponta P da agulha.
13 cm 6 cm
θ
ϕ P
x
23 cm
110
b
θ
c
a β
α
d
Figura 6.10 − Mecanismo articulado de quatro barras
tipo Grashof.
5. Para o mecanismo da figura 6.11, relacione a variável x em função da
variável y em termos de deslocamento, velocidade e aceleração.
b
a
x
Figura 6.11 − Mecanismo de relacionamento analógico.
6. Para o mecanismo da figura 6.12, supondo conhecidos o deslocamento
e a velocidade angular da barra a, determine a velocidade relativa entre
os pistões d e e.
a c
b
d e
Figura 6.12 − Mecanismo dupla biela-manivela.
7. Obtenha as equações de deslocamento, velocidade e aceleração para o
seguidor associado ao torpedo do mecanismo de plaina limadora abai-
xo.
111
x
b
Dados:
u = 110 cm
r v = 60 cm
w = 22 cm
θ
u a = 18 cm
b = 100 cm
r = 20 cm
y ω = 100 rpm
v β
α
a
w
Figura 6.13 − Mecanismo da plaina limadora.
8. Para os pistões em V da figura 6.14, o ângulo φ é constante e as duas
bielas têm o mesmo comprimento. Determine os deslocamentos, as
velocidades e as acelerações para os pistões.
a
a
ϕ
r
θ
Figura 6.14 − Curva associada ao ponto P do pistão
para o mecanismo biela-manivela.
112
9. O mecanismo de Geneva, figura 6.15, é utilizado quando se deseja
que a saída tenha movimento intermitente. Em função dos parâmetros
dados, faça gráficos de deslocamento, velocidade e aceleração da coroa
pela rotação do braço.
113
Referências Bibliográficas
DOUGHT, S. Mechanics of Machine. John Wiley & Sons Inc, 2001.
MABIE, H. H.; OCVIRK, F. W. Mechanisms And Dynamics Of Machinery.
Third Edition. John Wiley & Sons, 1978.
MARGHITU, D. B. Kinematic chains and machine components design. El-
sevier Academic Press, 2005.
NORTON, R. L. Design of machinery: an introduction to the synthesis and
analysis of mechanisms and machines. Fourth Edition. McGraw-Hill, 2007.
SHARMA, C. S.; PUROHIT, K. Theory of Mechanisms and Machines.
New Delhi: Prentice-Hall, 2006.
SHIGLEY, J. E. Cinemática dos Mecanismos. Ed. Edgard Blücher, 1970.
SHIGLEY, J. E.; UICKER, J. J. Theory of Machines and Mechanisms. Se-
cond Edition. McGraw-Hill, 1995.
114
Cadeias com Múltiplos
Graus de Liberdade
7
Em princípio, as cadeias cinemáticas com múltiplos graus de li-
berdade não seriam de interesse, devido ao fato de não podermos determi-
nar a configuração total da cadeia a partir do movimento de uma barra e,
consequentemente, suas velocidades ou acelerações. No entanto, estas ca-
deias podem se mostrar muito interessantes, podendo ser objeto de análise,
se considerarmos conhecidos os deslocamentos, velocidades e acelerações
para uma quantidade de barras igual ao número de graus de liberdade.
Na prática, isto significa designar motores, ou qualquer tipo de mobilida-
de previamente definida, para cada uma destas barras em número igual à
quantidade de graus de liberdade.
_________________________________________
Saiba mais:
Se forem colocados “motores” em quantidade superior ao nú-
mero de graus de liberdade, o mecanismo fica impossibilitado
de ter movimento e a cadeia será dita inconsistente mecanica-
mente.
_________________________________________
127
lado com biela-manivela, figura 7.1, por ser esta a cadeia não imposta mais
simples que existe para efeito da determinação das equações. Logo a seguir,
iremos generalizar o procedimento para cadeias não impostas contendo
um número qualquer de barras.
7.1. Mecanismo Simples com Dois Graus de Liberdade
7.1.1. Análise de Posição
Seja a composição de vetores mostrada na figura 7.1b para o me-
canismo 7.1a. Podemos, então, escrever a seguinte equação vetorial:
7-1
x
x
ϕ
b b
a
θ1 θ2 a
c
c
a b
Figura 7.1 − Mecanismo composto de Biela-Manivela
com quadrilátero articulado em (a) e uma
das possíveis composições vetoriais em
(b).
Como já sugere a figura 7.1a, vamos utilizar, para para este meca-
nismo, o seguinte sistema de coordenadas generalizadas:
7-2
Onde fica claro que as coordenadas θ1 e θ2 são as coordenadas
principais e, portanto, conhecidas, bem como suporemos conhecidas do-
ravante as suas primeiras e segundas derivadas no tempo, denotadas aqui
por .
Decompondo os vetores da figura 7.1b segundo as direções x e y,
iremos obter o sistema de equações não lineares, equação 7-3, nas incógni-
tas φ e x, uma vez que estamos considerando conhecidos θ1 e θ2.
128
7-3
7.1.2. Velocidades
Após a aplicação das equações 7-4 e 7-5, podemos considerar co-
nhecidos os deslocamentos e, consequentemente, os valores de φ e x. De-
rivando-se o sistema de equações 7-3 em relação ao tempo, vamos obter:
7-6
7-8
129
7.1.3. Acelerações
Agora vamos derivar, mais uma vez em relação ao tempo, as duas
expressões na equação 7-8, obtendo inicialmente :
7-9
7-10
E, por fim:
7-11
7-12
130
Figura 7.2 – Deslocamento e velocidade na variável
angular φ em função dos deslocamentos
θ1 e θ2.
131
de e aceleração para cadeias com múltiplos graus de liberdade.
7.2.1. Generalização
Como feito no Capítulo 6 para cadeias impostas, vamos determi-
nar as expressões gerais para os deslocamentos, velocidades e acelerações,
buscando uma abstração, no sentido de trabalharmos com os coeficientes
de velocidade e aceleração, como visto no Capítulo 5. Tendo, no entanto,
o cuidado de verificar que as definições para estes coeficientes são diferen-
tes para o caso de cadeias com múltiplos graus de liberdade.
7.2.2. Deslocamentos
Seja, então, uma cadeia cinemática qualquer, com m graus de li-
berdade e m + n + 1 barras, onde n será o número de barras dependentes
ou secundárias na cadeia. Desta forma, o sistema de coordenadas genera-
lizadas será:
7-13
Havendo, então, n barras dependentes, estas correspondentes às
coordenadas si, i = 1,...,n, com este sistema podemos compor n equações
de restrição, como indicado na equação 7-14.
7-14
132
Então, a partir da solução da equação 7-14, obteremos todos os
deslocamentos si = si(q1,...,qm), para i = 1,...,n.
7.2.3. Velocidades
Devido ao fato de o sistema 7-14 conter mais de uma coordenada
principal, não podemos, como no caso de cadeias impostas, derivar nestas
coordenadas para obter diretamente os coeficientes de velocidade, visto
que estas são independentes entre si, porém, isto será sanado mais adiante
pela separação de cada termo associado com a sua correspondente variável
principal. Por hora vamos derivá-lo em relação ao tempo, equação 7-15.
7-15
7-16
7-17
133
Fazendo ainda:
7-19
ou:
7-21
para solução das velocidades de cada barra secundária em função das velo-
cidades principais.
7.2.4. Acelerações
Derivando diretamente a equação 7-21 em relação ao tempo, va-
mos obter:
7-22
7-23
134
7-24
7-25
7-26
7-27
7-28
7-29
135
Da mesma forma, para L2 vamos encontrar:
7-30
e:
7-31
7.4. Aplicação
De imediato, vamos aplicar estas equações a uma outra inversão
do mecanismo composto de biela-manivela com quadrilátero articulado,
figura 7.4, onde agora as coordenadas principais serão θ e x da barra curso-
ra e do seguidor, respectivamente.
a a
α b b
x
θ β x
c
c
a b
e, com já foi feito em vários problemas deste tipo, vamos utilizar a compo-
sição de vetores da figura 7.4 e a sua decomposição em x e y para obter o
seguinte sistema de equações de restrição:
136
7-33
Análise de Deslocamentos
Colocando o sistema de equações 7-33 na forma:
7-34
e:
7-36
onde:
137
e, consequentemente, as matrizes coluna da equação 7-8 para F1 e F2,
como definidas na equação 7-17.
7-38
e
7-40
7-41
7-42
7-43
138
7-44
7-45
7-46
7-47
e, com:
7-48
7-49
139
Exercícios
1. Encontre as equações para velocidade e aceleração (problema mostrado
na figura 7.1) das duas variáveis secundárias φ e x aplicando diretamen-
te as equações 7-21 e 7-27.
2. Mostre, para uma cadeia com dois graus de liberdade, que, havendo
um relacionamento entre as coordenadas principais, este mecanismo
pode ser tratado e equacionado como uma cadeia imposta. Estenda
isto para múltiplos graus de liberdade.
_________________________________________
Observe:
No problemas a seguir, o símbolo ( ) colocado no par cine-
mático rotativo representa um motor ou movimento motriz
naquela junta.
_________________________________________
b b
θ2 x
a a
θ1 θ
c c
a b
140
x x
θ θ
a a
a b
Figura 7.6 − Mecanismos dupla biela-manivela com
deslocamentos principais diferentes.
5. Determine as equações de deslocamento e velocidade para os dois me-
canismos da figura 7.7 e calcule a aceleração da barra b no primeiro
caso. Para o primeiro mecanismo, os deslocamentos principais são θ e
x, e para o segundo são θ1 e θ2.
θ2
a a
b θ b θ1
x
a b
Figura 7.7 − Mecanismo articulado de quatro barras
tipo Grashof.
6. Na figura 7.8, para o primeiro mecanismo, os deslocamentos princi-
pais são θ e x, e para o segundo são θ1 e θ2. Determine, para o primeiro,
os coeficientes de velocidade e aceleração apenas na variável x, matrizes
K2 e L2, e para o segundo, os coeficientes de velocidade nas duas variá-
veis principais K1 e K2.
141
x
θ2
b b
a θ a
θ1
c c
a b
Figura 7.8 − Mecanismo do exemplo inicial com ou-
tras coordenadas principais.
7. Obtenha as velocidades para os dois mecanismos da figura 7.9 e os
coeficientes da aceleração na primeira coordenada principal.
θ2
a a
b b
x
θ1 θ
c c
a b
Figura 7.9 − Mecanismos de cinco barras.
8. Na primeira cadeia da figura 7.10, calcule a velocidade da barra c e na
segunda, a aceleração da barra b.
b c b c
θ2
a d a d
θ1 θ1 θ2
e e
a b
Figura 7.10 − Cadeias de seis barras binárias em diferen-
tes configurações de velocidades.
9. No mecanismo a da figura 7.11, considere que a barra b tem o dobro
142
da rotação da barra a e determine as velocidades e acelerações secundá-
rias. No mecanismo em b, a primeira variável principal é θ e a segunda
é x. Determine os coeficientes de velocidade e o coeficiente da acelera-
ção na segunda variável principal.
b b
θ2 c c
a a
θ1 θ
x
a b
a
b
θ2 θ1
x
Figura 7.12 − Mecanismo com três graus de liberdade
viabilizado pela introdução de duas coor-
denadas principais extras.
11. No mecanismo da figura 7.13 calcule, inicialmente, as velocidades se-
cundárias, considerando que as três velocidades principais são idênticas
e, em seguida, os coeficientes de velocidade e aceleração na variável
principal primeira, supondo que todas as variáveis principais são line-
armente independentes.
143
b
θ3
a c
θ2 θ1
d
Figura 7.13 − Mecanismo com as três velocidades ini-
ciais idênticas se transforma em uma ca-
deia imposta.
12. Para o mecanismo da figura 7.14, obtenha primeiramente as equações
de deslocamento, velocidade e aceleração, considerando, de início, que
as velocidades principais são idênticas e, a seguir, os coeficientes de
velocidade e aceleração na variável θ3, desconsiderando esta igualdade.
b c
θ3
a d
θ1
θ2
144
b
a
θ2 r
c
y
a c
θ2 θ1
145
Referências Bibliográficas
DOUGHT, S. Mechanics of Machine. John Wiley & Sons Inc, 2001.
MABIE, H. H.; OCVIRK, F. W. Mechanisms And Dynamics Of Machinery.
Third Edition. John Wiley & Sons, 1978.
MARGHITU, D. B. Kinematic chains and machine components design. El-
sevier Academic Press, 2005.
NORTON, R.L. Design of machinery: an introduction to the synthesis and
analysis of mechanisms and machines. Fourth Edition. McGraw-Hill, 2007.
SHIGLEY, J. E.; UICKER, J. J. Theory of Machines and Mechanisms. Se-
cond Edition. McGraw-Hill, 1995.
146
Plano
Acoplador
8
Como visto no capítulo 4, todo plano solidário ao acoplador de
um mecanismo de quatro barras terá uma infinidade de pontos descre-
vendo curvas fechadas, conhecidas como curvas do acoplador, descritas
por equações de quarta ordem ou maior. Neste capítulo, vamos estender
este conceito a cadeias compostas, chamando de acoplador qualquer barra
que não seja uma manivela, balancim ou seguidor associado a uma barra
fixa, consequentemente, plano acoplador a um plano destas barras e ponto
do acoplador, um ponto qualquer nestes planos, e teremos como objetivo
a determinação das equações de deslocamentos, velocidades e acelerações
destes pontos.
Aqui não haverá distinção entre cadeia imposta ou não imposta,
visto só nos interessar o ângulo que a barra acopladora faz com a horizon-
tal, que normalmente é uma coordenada generalizada, e o cálculo deste
ângulo como função de uma, ou mais de uma, coordenada principal não
tem nenhuma influência na solução do problema.
No caso de barras não acopladoras, estes cálculos são mais simples,
bastando uma multiplicação pelo seno e cosseno do ângulo para se obter
o posicionamento do ponto, velocidades e acelerações pelas sucessivas de-
115
rivadas. No entanto, ainda poderemos aplicar as equações que aqui serão
desenvolvidas, o que demandará uma maior complexidade ao problema,
porém com os mesmos resultados.
_________________________________________
Fique ligado:
As expressões que aqui serão desenvolvidas se aplicam a qual-
quer ponto de qualquer barra, mesmo que esta não seja aco-
pladora.
_________________________________________
si
yo
O'
O xo
x P
x
Figura 8.1 – Ponto genérico P, em um plano associado
a uma barra acopladora.
116
8.1.1. Deslocamento do ponto P
Considerando o sistema u×v, local ao plano acoplador, com ori-
gem no ponto O´ e com o eixo das abscissas coincidente com a barra
acopladora, teremos (uP,vP) para coordenada de P neste sistema. Sendo si
a coordenada generalizada utilizada para descrever a posição angular da
barra acopladora e, portanto, do sistema local u×v, a transformação de
coordenadas do sistema local para o sistema global x×y, pode ser obtida
através de uma transformação linear do tipo:
8-1
8-2
8-3
8-5
117
8.1.3. Aceleração de P
Derivando-se a equação 8-5 em relação ao tempo, vamos obter o
vetor aceleração de P dado por:
8-6
com:
8-7
8-8
De fato:
118
Agora, derivando mais uma vez em relação ao tempo, vamos obter
a aceleração na forma:
8-11
E, agora sim, estas duas expressões, 8-10 e 8-11, valem para um ponto
acoplador pertencente a qualquer tipo de cadeia, seja ela imposta ou não.
8.2. Aplicação
Vamos obter os deslocamentos, velocidades e acelerações para o
ponto P associado ao plano acoplador da biela no mecanismo mostrado na
figura 8.2, sabendo que este se encontra a uma distância a da barra b (biela)
e a uma distância b/2 do ponto A.
P
A
b a
a
θ ϕ
B
x
Figura 8.2 – Ponto do acoplador P, associado à mani-
vela como barra acopladora.
Aqui, poderíamos escolher o sistema local com origem no ponto
A ou no ponto B indistintamente. Para qualquer escolha, o resultado será
o mesmo, mas por conveniência de facilidade das derivadas em xo, vamos
escolher o ponto B para origem do sistema, como mostrado na figura 8.3.
119
Figura 8.3 – Escolha do sistema local com origem no
ponto B, centro do seguidor.
Desta forma, teremos na sequência:
8-12
8-13
8-14
120
8-15
8-16
8-17
8-18
121
Exercícios
1. Determine as equações de deslocamento, velocidade e aceleração para
o ponto P, ligado ao pistão na figura 8.4 abaixo. Tente fazer um esboço
da curva gerada.
P
1,5cm
2cm x
3 cm
ϕ θ
9 cm
b
a c
r
ϕ θ
P
Figura 8.5 − Mecanismo para movimentação horizon-
tal de objetos.
122
3. Obtenha as equações de deslocamento, velocidade e aceleração para o
centro de massa do acoplador do mecanismo biela-manivela mostrado
na figura 8.6.
30 cm
15 cm
G
θ ϕ
16
β G
9
5
θ α
11
Figura 8.7 − Obtenção das equações para o centro de
massa do acoplador do mecanismo de
quadro barras.
5. No problema da figura 8.8, o ponto acoplador se situa na extremidade
direita da barra c. Obtenha a equação da curva descrita por aquele em
coordenadas cartesianas e determine sua velocidade tangencial em cada
ponto desta curva.
123
a x
c
θ ϕ
b
P
Figura 8.8 − Ponto acoplador na extremidade final da
barra c.
6. Na plaina limadora mostrada na figura 8.9, a velocidade da manivela
é constante. Determine a aceleração do centro de massa G da barra d
que acopla o balancim ao torpedo.
x
α
d
G
a
θ r
c
b β y
124
Referências Bibliográficas
DOUGHT, S. Mechanics of Machine. John Wiley & Sons Inc, 2001.
MABIE, H. H.; OCVIRK, F. W. Mechanisms And Dynamics Of Machinery.
Third Edition. John Wiley & Sons, 1978.
MARGHITU, D. B. Kinematic chains and machine components design. El-
sevier Academic Press, 2005.
NORTON, R.L. Design of machinery: an introduction to the synthesis and
analysis of mechanisms and machines. Fourth Edition. McGraw-Hill, 2007.
SHIGLEY, J. E.; UICKER, J. J. Theory of Machines and Mechanisms. Se-
cond Edition. McGraw-Hill, 1995.
125
Cadeias Cinemáticas
em Equilíbrio Estático
9
Nos compêndios de física ou mecânica, a forma mais utilizada
na resolução de sistemas envolvendo equilíbrio estático de partículas ou
corpos rígidos e, em particular, de cadeias cinemáticas, mesmo em movi-
mento, pois aí podemos aplicar o princípio de D’Alembert, toma-se como
base as equações vetoriais gerais da estática. Mostraremos aqui o método
do trabalho virtual como uma alternativa que vem simplificar bastante a
solução do problema, de forma geral e especificamente, para cadeias cine-
máticas e mecanismos de qualquer tipo.
Dado o fato de uma cadeia cinemática ou mecanismo ter como
base um conjunto de corpos rígidos interligados entre si através de pares
cinemáticos, o princípio dos trabalhos virtuais se torna extremamente van-
tajoso quando se trata da análise de esforços com base em campos de forças
aplicados à cadeia, porém exteriores a ela, comparativamente aos métodos
vetoriais da estática ou da dinâmica, pois que a sua aplicação permite uma
abstração completa do método vetorial, simplificando os cálculos como
soma e produtos de escalares. Posto isto, vamos analisar, neste capítu-
lo, mecanismos sob carregamentos externos, tendo como ponto de vista a
aplicação do Princípio dos Trabalhos Virtuais.
147
9.1. Trabalhos Virtuais em Cadeias Cinemáticas
Levando em consideração o fato de utilizarmos exclusivamente
coordenadas generalizadas em todo o nosso estudo, vamos estender isto
aos trabalhos virtuais, fugindo um pouco ao rigor matemático, que define
trabalho em função do produto escalar de dois vetores W = F∙r. No nosso
caso, sempre teremos as direções de força e deslocamento linear ou mo-
mento e deslocamento angular coincidentes, e isto transforma o trabalho,
que já é um escalar, em um produto direto entre dois escalares, em vez de
dois vetores. Então, para uma barra i da cadeia que tenha deslocamento
linear, teremos uma força Fi atuando na direção do deslocamento possível
desta barra e o trabalho será:
9-1
E, para uma barra j da cadeia que tenha deslocamento angular, teremos um
momento Mj atuando também na direção deste deslocamento angular, e
o trabalho será:
9-2
Desta forma, podemos desenvolver o princípio dos trabalhos vir-
tuais de uma forma confortável, sem o rigor matemático vetorial, mas nem
por isso distante da exatidão que o processo exige. Vejamos a seguir.
9.1.1. Deslocamentos Virtuais
Em um sistema material, a posição de uma determinada barra ou
partícula é dada pela sua coordenada generalizada qi, que é uma entidade
geométrica real tomada normalmente em função do tempo. Esta entidade
(coordenada generalizada) leva a um conjunto de configurações e trajetó-
rias possíveis para uma partícula i ou para uma barra qualquer. O conjunto
dos chamados deslocamentos virtuais de um sistema com n partículas (ou
corpos rígidos – barras) é dado por:
9-3
Vamos, então, entender os deslocamentos virtuais como sendo
acréscimos infinitesimais aplicados às coordenadas generalizadas que de-
terminam as posições dos diversos pontos materiais ou barras s1, s2,...,sn de
forma instantânea e no mesmo tempo t. Desta forma, os deslocamentos
148
virtuais sempre terão as seguintes características:
1. Ocorrerão em um instante t fixo constante, ou seja, independem
do tempo;
2. Serão quantias infinitesimais e, como tal, são diferenciais matemá-
ticos com todas as propriedades inerentes a estes;
3. Serão consistentes com as restrições impostas;
4. Serão postulados ou propostos, inexistentes de fato, porém como
o próprio nome sugere, presentes no problema.
A diferença entre um deslocamento real dsi e um deslocamento
virtual δsi é que dsi implica na diferença entre o deslocamento nos instantes
t e t+dt, já o deslocamento virtual δsi é uma variação imposta à coordenada
s no mesmo instante.
_________________________________________
Fique ligado:
O termo virtual é utilizado para indicar que o deslocamento
não existe de fato, este é apenas uma idealização matemática
para efeito de cálculos.
_________________________________________
F1 F3
Fn
F5 F4
149
trabalho efetuado por cada força será chamado Trabalho Virtual e o soma-
tório destes trabalhos será indicado por:
9-4
150
9.1.3. Trabalho Virtual para um Sistema de Corpos rígidos
Seja, agora, um sistema de forças aplicadas a dois corpos rígidos
inicialmente conectados através de um par cinemático qualquer, figura
9.2. Vamos, aqui, utilizar apenas dois corpos rígidos para melhores com-
preensão e desenvolvimento. Após compreendida a relação para dois cor-
pos, a extensão a n corpos é simples e intuitiva. Consideraremos ainda que
o sistema, composto pelos dois corpos, está em equilíbrio.
F3
F5
F1
F2 F4
N21
F2 F4
Figura 9.3 − Barras isoladas em equilíbrio pela com-
pensação das forças N21 e N12.
Estando agora isolados e cada um deles submetido ao seu particu-
lar sistema de forças e também em equilíbrio estático, podemos aplicar o
princípio dos trabalhos virtuais para corpos rígidos visto no item anterior
da seguinte forma:
151
9-9
Agora, somando as duas equações em 9-9 e notando que N12 = –N21, fica-
mos com:
9-10
E utilizando o fato de os deslocamentos virtuais serem consistentes com as
restrições, devemos ter δ21 = δ12, e, portanto, δ21 - δ12 = 0, transformando
a equação 9-8 em:
9-11
que é o princípio dos trabalhos virtuais aplicado a dois corpos
rígidos em conexão. Estendendo este desenvolvimento a uma quantidade
qualquer de barras e n forças aplicadas, vamos ficar com o resultado final
do princípio dos trabalhos virtuais aplicado a um sistema de corpos rígidos
ou cadeia cinemática.
9-12
152
9-15
9-16
Note que esta equação não prescreve que todas as forças tenham
que ser diferentes de zero. De fato, para que o problema tenha solução, de-
vemos ter a maior parte destas forças nulas. Também é notável na equação
9-16 a elegância e simplicidade como é colocada a condição de equilíbrio
para uma cadeia qualquer submetida a um carregamento de forças exter-
nas.
9.2.1. Aplicação Prática do Método
Consideremos o mecanismo biela-manivela da figura 9.4, onde
vamos procurar o equilíbrio entre a força F aplicada ao pistão e o momento
M gerado na manivela.
a
M
b
θ ϕ
F
x
153
9-18
Aplicando à equação 9-17, teremos a relação entre M e F dada
por:
9-19
Mais uma vez, utilizando as equações para φ em função de θ ob-
tidas no capítulo 6 e também considerando que a barra b tenha três vezes
o comprimento da barra a, conseguimos levantar os gráficos da figura 9.5
que relaciona M e F com o ângulo θ da barra a, no gráfico em a, considera-
mos F = 1 e plotamos M em função de θ e, no gráfico em b, consideramos
M = 1 e plotamos F em função de θ.
154
F
a
x
M
r
ϕ θ
b
Figura 9.6 − Força F aplicada a um ponto do acopla-
dor.
Sendo a o comprimento total da barra em estudo, teremos:
9-20
E então:
9-21
155
9.3. Cadeias com Múltiplos Graus de Liberdade
Seja uma cadeia cinemática não imposta contendo m+n+1 barras,
com (q1,q2,...,qm,s1,s2,...,sn) para o seu sistema de coordenadas generaliza-
das, onde qi são as coordenadas principais e si as coordenadas secundárias.
Novamente, façamos coincidir com as respectivas direções de deslocamen-
to qi e si, m+n forças ou/e momentos aplicados a cada barra. Nesta situação,
o trabalho virtual total será:
9-25
9-27
9-28
9-29
156
quando, então, podemos definir a força generalizada Qk, por:
9-30
9-31
9-32
9-33
9-34
157
Exercícios
1. Faça considerações sobre o princípio dos trabalhos virtuais aplicado a
um sistema de partículas, considerando várias forças aplicadas a cada
partícula e um deslocamento virtual aleatório de cada uma delas.
2. Desenvolva a expressão matricial que permita obter a matriz coluna das
forças generalizadas Qm×1 como resultado do produto de uma matriz
retangular m×n por um vetor coluna n×1.
3. Qual o motivo de não termos também um sistema de forças generali-
zadas aplicadas às coordenadas principais? Analise também isto no caso
de haver coordenadas principais dependentes.
4. Considerando, na figura 9.7, que a seja o dobro de r, levante um es-
boço do gráfico do momento Mφ pelo ângulo θ de entrada em uma
variação de 0° a 360°. Considere Mθ igual à unidade.
x
Mθ
r
Mϕ
ϕ θ
a
Figura 9.7 − Equilíbrio com dois momentos colocados
na manivela e no seguidor.
5. Determine, no mecanismo usado para o costuramento de encerados da
figura 9.8, qual o valor do momento que irá vencer a força na ponta da
agulha em função da geometria dada.
b a M
θ
ϕ
F
x
c
Figura 9.8 − Força F a ser vencida por um momento
motor no mecanismo da agulha.
6. No mecanismo biela-manivela da figura 9.9, relacione a força F1 com a
158
força F2 para que haja equilíbrio. Haverá alguma configuração geomé-
trica em que F2 se torne infinita? Se houver, para que ângulos θ e φ?
F1
a b
θ ϕ
F2
x
Figura 9.9 − Força F sempre na vertical em ponto do
acoplador.
7. No mecanismo da figura 9.10, determine, em função da geometria das
barras, qual o valor do momento M que irá equilibrar as forças F1 e F2,
sabendo que a força F2 é o dobro da força F1.
F1
a
b
M
θ ϕ
F2
x
Figura 9.10 − A força F1 tem metade da magnitude da
força F2.
8. Para o quadrilátero articulado da figura 9.11, verifique quais configu-
rações geométricas o equilibram se o momento M1 for nulo.
b
θ c
M1 M2
a α β
d
Figura 9.11 − Momentos equilibrantes na manivela e no
balancim.
9. Para o mecanismo mostrado na figura 9.12, a força F é sempre hori-
zontal. Verifique se há alguma geometria possível, para as barras, em
159
que esta força se anule, preservando o equilíbrio.
a x
M
b
F
Figura 9.12 − Força F sempre na horizontal aplicada a
ponto do acoplador.
10. Na figura 9.13, o mecanismo mostrado tem uma força F horizontal
equilibrando um peso Q vertical. Em que condições de geometria a
magnitude desta força pode ser menor que a magnitude de Q, preser-
vando-se o equilíbrio do sistema? O que deve ocorrer quando o ângulo
θ for 90°? E quando este ângulo se anular, ainda será possível o equilí-
brio?
x
F
B θ
l
l
A
y
Q
160
Q
4a
δ
a
P y
x F
F
α d
a
M
θ r
c
b β y
161
M2
b
θ2 c
M1
a θ ϕ
1
F
x
Figura 9.16 − Mecanismo de cinco barras e dois graus
de liberdade com momentos a serem
equilibrados pela força F.
14. No mecanismo da figura 9.17, as coordenadas principais são θ e x, o
momento M aplicado à barra b deve equilibrar a força F aplicada no
cursor. Relacione estas cargas, em função da geometria fornecida, para
que haja equilíbrio.
a
F
α
b
M
x
θ β
c
Figura 9.17 − Cadeia não imposta com dois carrega-
mentos a serem equiparados.
162
Referências Bibliográficas
DOUGHT, S. Mechanics of Machine. John Wiley & Sons Inc, 2001.
FERDINAND, P. B.; JOHNSTON, E. R. Mecânica Vetorial para Enge-
nheiros - Cinemática e Dinâmica. 5ª Edição. Makron Books, 1994.
LEECH, J. W. Mecânica Analítica. Ed. Ao livro técnico, 1971.
NORTON, R.L. Design of machinery: an introduction to the synthesis and
analysis of mechanisms and machines. Fourth Edition. McGraw-Hill, 2007.
SHARMA, C. S.; PUROHIT, K. Theory of Mechanisms and Machines.
New Delhi: Prentice-Hall, 2006.
163
10
Síntese
Geométrica
Nos mecanismos, o estudo dos movimentos pode ser considerado
sob dois pontos de vista distintos, identificados como análise cinemática e
síntese cinemática. A análise cinemática diz respeito à determinação do mo-
vimento inerente a um dado mecanismo definido geometricamente, como
mostrado nos Capítulos 5, 6 e 7. A síntese cinemática consiste na obtenção
geométrica do mecanismo que irá suprir certas especificações de movimen-
to; é, portanto, a fase de concepção e criação do mecanismo em si.
10.1. Síntese Dimensional
Quando o interesse recai puramente na obtenção das característi-
cas geométricas, desprezando-se efeitos de velocidade e aceleração, o pro-
blema também é chamado de síntese dimensional. A síntese cinemática
ou dimensional é, portanto, o passo inicial do projeto, representando a
criação de novos instrumentos para satisfazer necessidades particulares de
movimentos ou de transformação de movimentos.
O problema de síntese pode se basear também em velocidades e
acelerações, mas, também nestes casos, a síntese dimensional se faz neces-
sária como ponto de partida. Ficando clara a grande importância da síntese
165
dimensional, e sendo este capítulo específico para uma noção básica sobre
o assunto, iremos nos referir aqui apenas à síntese dimensional, utilizando,
doravante, o termo síntese como referência.
_________________________________________
Observe:
Será utilizado apenas o termo “síntese” como referência para a
“síntese dimensional”.
_________________________________________
C3
C4 C5
C2
C1
166
b.Colocar um plano em várias posições pré-estabelecidas;
π
π2 3
π
4
π1
π5
Figura 10.2 − Síntese coplanar.
É, basicamente, o problema mais comum encontrado na síntese e
pode ser visto hoje desde uma simples abertura de um capô ou afastamen-
to de bancos em veículos até o posicionamento definitivo de satélites por
abertura das aletas de reflexão.
c. Correlação das posições angulares de duas barras;
β α
α
a b
167
C2
C3
C1
2
3
1
β
γ
α
168
poderiam ser obtidos com a utilização da síntese exata.
A figura 10.5 ilustra os três processos básicos que podem ser utili-
zados em um procedimento de síntese.
SÍNTESE
DIMENSIO NAL
PONT OS DE MÉTODOS DE
PRECISÃO OTIMIZAÇÃ O
169
POSIÇÃO A POSIÇÃO B
tempo t1 tempo t2
Aberto
Fechado
t1 t2 tempo
Período
170
_________________________________________
Observe:
Para este tipo de síntese, também poderíamos optar por um
mecanismo do tipo tração/compressão ou, mais especifica-
mente, um cilindro hidráulico ou pneumático com atuação
pelos dois lados.
_________________________________________
Mecanismo de
δ Came ob tido
α2
α1
Circunferência
de base
Circunferência
de cabeça
a b
Figura 10.8 − Esboço geométrico para o traçado da
came em (a) e resultado final em (b).
A circunferência interna − circunferência de base − pode ser to-
mada com qualquer raio (posteriormente veremos uma obtenção mais
exata desta grandeza em função do ângulo de pressão), sendo, então, a
circunferência externa (de cabeça) tomada a uma distância δ radialmente
a partir desta. Esta geometria nos permite obter aqui, de forma aproxima-
da, a came mostrada na figura 10.8b, como o mecanismo que resolverá o
problema exposto.
Perceba que a velocidade angular ω da came pode ser obtida pela
expressão:
10-1
171
ω ω
POSIÇÃO A POSIÇÃO B
172
mostrado na figura 10.1.
Σ
π 1
π2
Σ
π1
B1 π2
A1 A2
B2
173
A solução a seguir permite obtenção das duas posições explanadas
e pode ser acompanhada pela figura 10.12:
1. Construa as mediatrizes a12 e b12 relativas aos segmentos A1A2
e B1B2, respectivamente, que se interceptarão no ponto P12,
chamado pólo rotativo;
2. Escolha o primeiro pivô fixo OA em qualquer ponto sobre a
reta a12 e o segundo pivô fixo OB sobre qualquer ponto da reta
b12;
3. O quadrilátero formado pelos pontos OAA1B1OB, tendo OAOB
como barra fixa, constitui-se no mecanismo procurado.
a12
B1 b12
A2 B2
A1
OA OB
P12
174
a12 a12 B1
B1 b12 b12
A2 B2
A2 B2
A1
A1
OA OB
P12 OA OB
a c
a12 B1 a12
b12 B1 b12
B2 A2
A2 B2
A1 A1
OA OB
OB
OA
b d
175
B1
b12
a12 a23
A2 B2
A1 A3
b23
OA B3
OB
Figura 10.14 – Solução única para três posições finitas.
θ12 ϕ
12
176
entre si é d;
2. Traçar os segmentos de reta OBB1 e OBB2 formando um ângulo
φ12 entre si e de igual comprimento.
3. Desenhar a reta t, passando por OA, que conterá o segmento
OAA1 a ser determinado;
4. Determinar o ponto B2̍ tendo em vista que o ângulo B2̍ OA B2
é algebricamente igual ao ângulo θ12 e que os segmentos de
reta B2OA e OAB2̍ são iguais;
5. Construir a mediatriz do segmento B1B2̍ que interceptará a
reta t no ponto A1, ficando, então, determinados a barra aco-
pladora A1B1 e o quadrilátero articulado OAA1B1OB como so-
lução.
t
B2
A1
B2
B1
ϕ12
θ12
OA OB
177
A1
A2
B2
B1
θ12
ϕ
12
OA OB
178
Exercícios
1. De quais formas pode ser feita a síntese de um mecanismo?
2. Procure mais exemplos para os quatro problemas básicos da síntese.
3. Com relação ao problema de abertura e fechamento do orifício:
a.Resolva utilizando síntese analítica (obtenha uma equação que des-
creva o contorno da came);
b.Resolva com a utilização de um mecanismo de catraca.
4. Imagine o problema da separação de moedas por valores de R$ 0,50 e
R$ 1,00. Tente obter um mecanismo para solucionar o problema.
5. Para o esterçamento das rodas dianteiras dos automóveis, que soluções
alternativas seriam possíveis?
6. Tente resolver o problema do basculamento de caçambas utilizando
mais de uma solução e, consequentemente, mais de um mecanismo na
classificação de Reuleaux.
7. Compor um mecanismo para mover AB da posição 1 para a posição 2
e retornar num ciclo completo (ver figura 10.9).
B1(2,7)
B2
5 cm
α =10 o
A2(5,4)
A1(2,2)
x
179
30 cm
45 cm
50 cm
T1
T2
180
da posição fechada para a aberta. As molas devem ser colocadas de tal
forma que sejam sempre a favor, tanto na posição fechada quanto na
posição aberta.
13. Projetar o mecanismo que permitirá a abertura e o fechamento da por-
ta da garagem, figura 10.21, sem que haja interferência com o carro
na posição indicada. Verificar também que o mecanismo deva ficar
totalmente dentro da garagem.
_________________________________________
Sugestão:
Construa uma terceira posição para facilitar a análise de inter-
ferência.
_________________________________________
181
Referências Bibliográficas
NORTON, R.L. Design of machinery: an introduction to the synthesis and
analysis of mechanisms and machines. Fourth Edition. McGraw-Hill, 2007.
SHARMA, C. S.; PUROHIT, K. Theory of Mechanisms and Machines.
New Delhi: Prentice-Hall, 2006.
SHIGLEY, J. E. Cinemática dos Mecanismos. Ed. Edgard Blücher, 1970.
TAO, J. E. Applied Linkage Synthesis. Addison-Wesley Publishing, 1974.
182
A.1. Trigonometria
Matemática
Básica
A
A.1.1. Relações no triângulo qualquer
C
γ
b
a
α β
A c B
Leis Fundamentais:
a = b = c
sen a sen b sen c A-1
Lei dos cossenos:
a2 = b2 + c2 - 2bc cos a
b2 = a2 + c2 - 2ac cos b A-2
c2 = a2 + b2 - 2ab cos c
183
A.1.2. Relações no triângulo retângulo
B
β
a
c
α
C b A
Figura A.2 – Triângulo retângulo.
Expressões Diretas
Seno de α:
sen a = c A-3
a
Cosseno de α:
cos a = b A-4
a
Tangente de α:
tg a = c A-5
b
Cotangente de α:
cotg a = b A-6
c
Secante de α:
sec a = a = 1 A-7
b cos a
Cossecante de α:
cosec a = a = 1 A-8
c sen a
184
Ângulos notáveis
0° 30° 45° 60° 90°
α
0 π/6 π/4 π/3 π/2
1 2 3
sen α 0 2 1
2 2
3 2 1
cos α 1 2 0
2 2
3
tg α 0 1 3 ∞
3
Figura A.3 – Ângulos notáveis.
Projeções:
a sen a = c
A-9
a cos a = b
A.1.3. Relações Trigonométricas
Relação Fundamental
sen2 a + cos2 a = 1 A-10
Consequências:
1 - sen2 a = cos2 a
1 - cos2 a = sen2 a
A-11
1 + tg2 a = sec2 a
1 + cotg2 a = cosec2 a
Outras Relações:
sen (- a) =- sen a
cos (- a) = cos a
sen ( r - a) = sen ( r + a) = cos a
2 2 A-12
r
cos ( - a) = sen a
2
r
cos ( + a) =- sen a
2
185
A.1.4. Adição/Subtração de Arcos
sen (a ! b) = sen a cos b ! sen b cos a
cos (a ! b) = cos a cos b " sen a sen b A-13
tg a ! tg b
tg (a ! b) =
1 " tg a tg b
Consequências:
sen 2a = 2 sen a cos a
cos 2a = cos2 a - sen2 a
A-14
2tg a
tg 2a =
1 - tg2 a
Arco Metade
sen a = ! 1 - cos a
2 2
cos a = ! 1 + cos a A-15
2 2
a
tg = ! 1 - cos a
2 1 + cos a
186
A.2. Geometria Plana
Congruência de Ângulos
Ângulos com lados perpendiculares:
α=β
Figura A.4 – Congruência de ângulos.
Relações no Triângulo
C
γ
b
a
α β
α+γ
A c B
A B'
α
A'
P
187
Sobre a reta t:
Projt AB = Al Bl A-18
Ou:
Projt AB = AB cos a A-19
Distância de B a t:
BBl = PB sen a A-20
A.3. Diferenciação
Diferenciais Básicas:
da = 0 se a for constante
dx
dx = 1
dx
dx2 = 2x A-21
dx
dx n = nx n - 1
dx
Funções Transcendentais:
d ( 1 ) =- 1
dx x x2
d ln x = 1
dx x A-22
d e =e
x x
dx
Funções Trigonométricas:
d sen x = cos x
dx
d cos x =- sen x
dx A-23
d tg x = sec2 x = 1
dx cos2 x
188
Regras de Diferenciação:
Considerando u e v funções em x:
d (u + v) = du + dv
dx dx dx
d u $ v = du $ v + u $ dv
dx dx dx A-24
du dv
d ( u ) = dx $ v - u $ dx
dx v v2
Considerando v função de u, e u função de x:
dv = dv $ du
dx du dx A-25
Exemplo:
d sen2 x = d (sen x) 2
dx dx A-26
Vamos fazer:
u = sen x & v = u2 A-27
Logo:
du = cos x e dv = 2u = 2 sen x
dx du
A-28
& dv = dv $ du = 2 sen x cos x
dx du dx
189
Sistemas
Trigonométricos
B
Nas cadeias cinemáticas, de forma geral, a solução do sistema
composto pelas equações de restrição nos leva aos deslocamentos das bar-
ras associadas às coordenadas generalizadas. O problema se dá pelo fato de
estas equações não serem lineares, visto que as incógnitas normalmente são
argumentos de funções trigonométricas. Em verdade, coordenadas angula-
res, normalmente associadas a pares rotativos, levam a argumento de fun-
ção trigonométrica, e coordenadas lineares, associadas a pares prismáticos,
levam a incógnitas lineares de fácil solução.
Um outro problema abordado neste apêndice diz respeito à in-
versão das matrizes jacobianas em cadeias compostas que, como veremos,
apesar de serem matrizes de ordem superior a dois, podem sempre ser rear-
ranjadas em blocos de forma que possamos encontrar a solução pela inver-
são de uma sequência de matrizes quadradas.
B.1. Equações para o Mecanismo Biela-manivela
No caso do mecanismo biela-manivela, quase sempre vamos ter
uma coordenada secundária associada a um par cinemático prismático, e
isto vai nos levar a uma incógnita linear no sistema de equações, facilitando
191
sobremaneira a solução do problema. Considerando para incógnitas do
sistema as variáveis φ e x, as duas situações mais comuns levam às equações
do tipo B-1 e B-3 a seguir.
B-1
Tendo apenas uma incógnita como argumento de uma função
trigonométrica, a solução para o sistema de equações em B-1 é imediata
em φ e simples de se obter em x a partir da soma dos quadrados dos termos
b sen φ e b cos φ, após isolados no sistema.
B-2
Uma outra inversão, também muito comum em mecanismos bie-
la-manivela, tem o sistema de equações B-3 para equações de restrição.
B-3
B-4
Nos dois casos, equações B-2 e B-4, o sinal do radical será único,
mas definido em função de cada geometria e análise de alguma impossibi-
lidade para sinal positivo ou negativo.
B.2. Equações para o Quadrilátero Articulado
B.2.1. Equação em Seno e Cosseno
Antes de darmos prosseguimento às equações para o quadrilátero
articulado, vamos procurar uma solução para a equação trigonométrica em
B-5, que iremos utilizar mais adiante.
B-5
Neste caso, a substituição de seno e cosseno pelas identidades trigo-
192
nométricas em B-6
B-6
B-8
Note que se a equção B-5 tivesse a forma:
B-9
com os mesmos procedimentos, ou substituindo b negativamente em B-8,
chegaríamos a:
B-10
B-11
Se isolarmos A sen α e A cos α nas duas equações do sistema e so-
marmos os seus quadrados, vamos obter:
B-12
onde:
B-13
Sendo a equação B-12 similar à B-5, vamos obter a solução para α, a partir
de B-8, como sendo:
B-14
193
Da mesma forma, se isolarmos agora B sen β e B cos β nas duas
equações do sistema B-11 e efetuarmos os mesmos procedimentos ante-
riores com:
B-15
194
B-19
B-20
B-21
B-22
195
ção B-15.
Para este caso, após determinado o primeiro bloco, como em
B-15, os blocos sucessivos, i = 3 até n–1 de dois em dois sempre ímpares,
serão determinados por:
B-23
Onde o valor bi-1 sempre será conhecido a partir do bloco anterior,
e os valores de bi e bi+1 podem ser obtidos pela inversão de uma simples
matriz quadrada.
196
Mecanismos Articulados
Formato
15,5 x 22 cm
Tipografia
Myriad Pro
Adobe Garammond Pro
Papel
Capa em Triplex 250g/m2
Miolo em Offset 75g/m2
23
Universidade Federal de Santa
da Universidade Federal de Pernambuco sai, em consonância ao diz respeito à análise cinemá-
Catarina e está integrado à
equipe de professores do previsto no edital 2010, novos títulos do Programa Livro-Texto, fruto tica de mecanismos articulados,
Departamento de Engenharia- de uma nova política editorial. como também aos conceitos
Mecânica da Universidade básicos de síntese. Neste
Federal de Pernambuco desde contexto, este livro vem
Esta Coleção publica o material produzido pelos professores da
1986. Ao longo desses anos, tem preencher uma importante
UFPE. Surge como uma publicação qualificada e de baixo custo para lacuna, não só no meio acadê-
assessorado o parque industrial
da região, através de programas o aluno, além da possibilidade concreta de publicação para o mico, como também na indús-
de extensão universitária, professor. Estimula, ainda, o docente a produzir seu próprio tria fornecendo base teórica
desenvolvendo consultoria e para o projeto de mecanismos
material, oportunizando correções e atualizações em cada nova voltados à automação de
pesquisa nas seguintes áreas:
Mecanismos e Máquinas, Projeto impressão. O padrão de cores utilizado nas capas identifica a área processos e produtos. Os temas
assistido por computador, do conhecimento e, consequentemente, o Centro Acadêmico onde a abordados são estruturados de
Programação de alto desem- forma didática, em dez capí-
disciplina é ministrada: laranja para Humanas, verde para Saúde e
tulos ricamente ilustrados, com
MECANISMOS ARTICULADOS
penho e Projeto de máquinas.
Atualmente tem dedicado parte azul para Exatas. figuras e gráficos que propiciam
de suas atividades em pro- MECANISMOS ARTICULADOS uma visão clara dos conceitos a
gramas de melhoramento do Espera-se que os alunos, incentivados pelas publicações adequadas serem assimilados, e cada
ensino do curso de graduação aos programas das disciplinas que vêm estudando, criem o hábito de capítulo é finalizado com uma
através do desenvolvimento de sequência de exercícios e
adquirir o livro e construam, progressivamente, — como aluno e bibliografia básica para que o
práticas pedagógicas visando
futuro profissional — sua biblioteca particular. aluno possa se aprofundar mais
aprimorar a formação dos
José Maria Bezerra no desenvolvimento e compre-
alunos nas disciplinas em que
leciona, sendo este livro um dos Como Editora, ressalto o empenho da Administração Central ensão da matéria apresentada.
frutos deste trabalho. PROACAD e da Comissão Editorial que, criteriosamente, avançaram
nesse nível de produção. Congratulo-me com os senhores professores
autores e com os Centros Acadêmicos que responderam à chamada
do edital.