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4.1 INTRODUÇÃO
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4.2 MÉTODOS DE TITULAÇÃO DE PRECIPITAÇÃO
Vários são os métodos de titulação de precipitação com caráter específico. Todavia o método
mais importante e com um campo de aplicação mais amplo, é a argentimetria, que se baseia na
formação de sais (haletos, cianetos, tiocianato) de prata pouco solúveis. Existem três métodos
argentimétricos, todos de aplicação quase geral na determinação de halogenetos e tiocianatos. Esses
métodos podem ser classificados conforme o tipo de titulação e a detecção do ponto final:
Considerando que o analito seja Cl-, no Ponto de Equivalência (P.E.), temos que no P.E. a
[Ag+] = [Cl-]. Substituindo na equação Kps(AgCl) = [Ag+][Cl-] = 1,56 x 10-10, logo temos: Kps(AgCl) =
[Ag+][Ag+] = 1,56 x 10-10 [Ag+]2 = 1,56 x 10-10 [Ag+] = (1,56 x 10-10)½. Logo tamos que:
[Ag+] = S= 1,25 x 10-5
Considerando a reação do ânion CrO42+ do indicador com os íons metálicos Ag+ do titulante
formando-se Ag2CrO4 insolúvel: Ag2CrO4(s) 2Ag+ + CrO42-.
Kps(Ag2CrO4) = [Ag+]2 [CrO42-] = 1,3 x 10-12
1,56 x 10-10[CrO42-] = 1,3 x 10-12
[CrO42+] = 8,3 x 10-3 mol/L (concentração teórica do indicador)
Experimentalmente, são aplicadas soluções mais diluídas do indicador (em geral,
concentrações entre 0,002 a 0,005 mol/L), ou seja, a concentração empregada é inferior a 8,3 x 10-3
mol/L, pois uma intensa coloração laranja-amarronzada do precipitado Ag2CrO4 dificulta a
visualização do P.E.
Segundo Vasconcelos (2011, p.96):
Experimentalmente, ocorre um erro de titulação no método de Mohr, por isso
ponto final é detectado ligeiramente após o ponto estequiométrico,
requerendo a adição de um leve excesso do titulante para que o Ag 2CrO4
precipite. Esse erro é maior quando a concentração analítica é muito baixa. A
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correção desse erro é efetuada empregando-se o teste em branco que consiste
na titulação argentimétrica de um sistema semelhante ao analítico constituído
por água pura isenta do analito (Cl- ou Br-) em igual volume ao da amostra e
usando-se como indicador K2CrO4. A correção do erro baseia-se nas reações
que ocorrem na análise da amostra e no teste em branco, descritas a seguir.
Na determinação do analito (considerando que seja o íon Cl-), o titulante
reage com o analito e o indicador:
AgCl(s) Ag+ + Cl-
Ag2CrO4(s) 2Ag+ + CrO42-
O volume V1 consumido na titulação corresponde a:
V1 = volume de AgNO3 que reage com Cl- e CrO42-, ou seja:
V1 = (VAgNO2 que reage com Cl-) + (VAgNO2 que reage com CrO42-)
O teste em branco é conduzido na ausência do analito Cl-, ocorrendo apenas
a reação do titulante com o indicador:
Ag2CrO4(s) 2Ag+ + CrO42-
O volume V2 consumido nessa titulação corresponde a:
V2 = volume de AgNO3 que reage apenas com CrO42-, ou seja:
V2 = (VAgNO2 que reage com CrO42-)
Substituindo a equação
V1 = (VAgNO2 que reage com Cl-) + (VAgNO2 que reage com CrO42-)
encontra-se que:
VAgNO2 que reage com Cl- = (V1 – V2) que deve ser empregada no cálculo do
teor do analito na amostra analisada.
O teste em branco é desnecessário quando a concentração da solução titulante
é maior que 0,1 mol/L., contudo, o teste é imprescindível quando essa
concentração é muito pequena (< 0,01 mol/L).
Uma limitação do método relaciona-se à faixa de pH em que deve ser empregado. No método
de Mohr, o pH da solução a ser titulada deve estar entre 6,5 e 9,0. Em meio básico (pH > 10,5) o íon
Ag+ pode precipitar na forma de hidróxido. Entretanto, em meio ácido (pH < 6,5) o equilíbrio
existente entre CrO42- e Cr2O72- será deslocado, diminuindo a concentração de CrO42- livre, não
precipitando Ag2CrO4. A solução analítica deve ser neutra ou ligeiramente alcalina, ou seja, possuir
um valor de pH situado entre 6,5 a 10,5. Quando o pH se desvia dessa faixa, ocorrem os seguintes
erros:
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(1) Em soluções muito ácidas possuindo elevadas concentrações de íons H+, ocorre a seguinte reação
com os íons CrO42- do indicador:
H+ + CrO42- HCrO4-
Nessas condições, a concentração dos íons CrO42- decresce o suficiente para que o indicador
deixe de funcionar, não acusando o P.F., pois o Kps do Ag2CrO4 não é atingido, ou seja, não ocorre
a precipitação.
(2) Em meio muito alcalino, a concentração de íons OH- é elevada, ocorrendo a reação:
2OH- + 2Ag+ 2AgOH Ag2O(s) (precipitado preto) + H2O
Essa reação acarreta em um maior consumo de titulante, em virtude de reagir não apenas com o
analito e com o indicador, mas também com os íons OH- do meio. Pelo fato de ser negro, sua presença
na solução interfere na visualização do ponto final. Quando o pH das soluções a serem analisadas não
se enquadra nessa faixa, podem ser adicionados reagentes que controlem esse parâmetro, tal como
bicarbonato de sódio ou bórax, a fim de manter seu valor dentro dos limites adequados.
A solução é titulada com nitrato de prata, mas em presença de indicadores de adsorção, como
fluoresceína, diclorofluoresceína ou eosina. Este método se baseia no aparecimento ou
desaparecimento de uma cor na superfície de um precipitado. Uma vez que este método envolve a
adsorção ou dessorção do indicador estes indicadores são chamados indicadores de adsorção
Para sabermos como o processo ocorre, devemos considerar a carga elétrica do precipitado.
Quando Ag+ é adicionado ao Cl-, haverá um excesso de íons cloreto em solução antes do ponto de
equivalência. Alguns cloretos são adsorvidos seletivamente à superfície do precipitado de AgCl.
Antes do P.E., os íons Cl- e Na+ encontram-se em excesso, pois o NaCl não reagiu completamente.
Pelo fato dos íons Cl- serem íons comuns ao precipitado e estarem em excesso na solução, o
precipitado AgCl adsorve-os primariamente (Figura 1).
Os indicadores de adsorção comuns são normalmente corantes aniônicos, que são atraídos
para as partículas carregadas positivamente, produzidas imediatamente após o ponto de equivalência.
A adsorção do corante (carregado negativamente) na superfície do precipitado (carregado
positivamente) muda a cor do corante. A mudança de cor indica o ponto final da titulação.
O indicador mais comumente utilizado para o AgCl é a diclorofluoresceína. Este corante
possui uma cor amarelo esverdeado em solução, tornando-se rosa quando é adsorvido pelo AgCl. A
eosina é utilizada na titulação de Br-, I- e SCN-. No caso do cloreto ele não pode ser usado por se ligar
mais fortemente ao AgCl do que o íon Cl -, e portanto, liga-se às partículas de AgCl antes de se
tornarem positivamente carregadas.
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uma fração de AgNO3 (ou Ag+) que não reagiu com o analito. Essa quantidade excedente é titulada
com solução padrão de SCN-:
Ag+ (excesso que não reagiu com o analito) + SCN- AgSCN(s)(ppt branco leitoso)
(3) De acordo com a estequiometria dessa reação, tem-se que um mol do AgNO3 que não reagiu com
o analito reage com um mol do titulante SCN-. Os volumes de AgNO3 (isto é, Ag+) envolvidos na
análise são representados por:
Volume de Ag+ que reage com o analito Cl- = VAg+
Volume de Ag+ adicionado = V1
Volume de Ag+ em excesso que não reagiu com o analito (titulado com solução padrão de SCN-) = V2
Desse modo, o volume de AgNO3 que reage com o analito é dado pela diferença entre V1 e V2, isto
é: VAg+ = V1 – V2
Considerando que:
nº mmols de Ag+ = nº mmols de SCN-
(concentração molar de Ag+) x V2 (mL) = (concentração molar de SCN-) x volume (mL) de SCN-
gasto (na titulação)
Então, o volume de Ag+ em excesso (V2) é dado por:
(concentração molarSCN −)x Volume(mL)de SCN −gasto
V2 =
concentração molar de Ag +
O precipitado AgSCN formado na titulação tem uma constante do produto de solubilidade
(Kps) igual a 1,1 x 10-12. Portanto, sua solubilidade é dada por:
Kps = [Ag+] [SCN-] = 1,1 x 10-12 ⇒ SAgSCN = 1,05 x 10-6 mol/L
A titulação é conduzida na presença de solução de Fe (III) em meio ácido que atua como
indicador e o ponto final é visualizado pela formação do complexo vermelho:
Fe3+ + SCN- Fe[SCN]2+ (complexo vermelho)
Apesar de o complexo Fe[SCN]2+ ser vermelho, a detecção do ponto final se dá pelo
surgimento de uma coloração laranja-amarronzada resultante da mistura das cores dos precipitados e
do complexo.
Este método apresenta alguns inconvenientes:
1) Na determinação de cloreto, ocorre uma dificuldade relacionada com o fato do cloreto de prata
(Kps = 1,8 x 10-10) ser mais solúvel que o tiocianato de prata (Kps = 1,1 x 10 -12). Entretanto,
Caldwell e Moyer, modificaram o método adicionando, aproximadamente 2 mL de nitrobenzeno,
antes de efetuar a titulação com tiocianato, com a finalidade de revestir o precipitado com o
solvente e, assim, evitar a ação dissolvente do tiocianato sobre o cloreto de prata. No caso do
brometo e do iodeto de prata ambos são menos solúveis que o tiocianato de prata.
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2) Na determinação do iodeto, o íon ferro (III) somente deve ser adicionado após a precipitação do
iodeto de prata para evitar a oxidação do iodeto pelo ferro (III): 2Fe3+ + 2I- → 2Fe2+ + I2.
O método de Volhard apresenta vantagem de a titulação se processar em meio fortemente
ácido e, portanto, não sofre interferência dos íons fosfato, sulfito, sulfeto, carbonato, oxalato, etc.,
cujos sais de prata são solúveis em meio ácido.
Os métodos de Mohr, Volhard e Fajans possuem seu enfoque na titulação de íons haletos com
Ag+, porém existe uma variedade de outras reações de precipitação que também são úteis em análises
químicas.
Existem outros métodos de precipitação, mas todos de aplicação mais ou menos específica.
Exemplo:
- Titulação de zinco com ferrocianato, em presença de difenilamina ou difenilbenzidina (indicador de
oxi-redução);
- Titulação de chumbo com molibidato, em presença de eritrosina (indicador de adsorção) ou com
cromato, em presença de ortocromo T como indicador de adsorção;
- Titulação de sulfato com cloreto de bário, usando o rodizonato de sódio ou a tetraidroxiquinona
como indicador;
- Titulação de fluoreto com nitrato de tório em presença de alizarina;
- Titulação de cloreto e brometo com nitrato mercuroso, em presença do íon férrico.
A maneira mais conveniente para se saber se uma dada titulação é viável ou não, ou para se
avaliar o erro cometido pelo uso de um indicador, é através da curva de titulação.
Nas reações de precipitação, primeiramente, devemos considerar a variação da concentração
iônica do constituinte e do íon precipitante no curso da titulação. Essa variação pode ser facilmente
calculada mediante a aplicação do princípio de produto de solubilidade (Kps).
As curvas de titulação, baseiam-se no uso de p[Mn+] = -log[Mn+] como variável de
concentração crítica. Logo a curva será obtida plotando-se p[Mn+] em função do volume do titulante.
Uma vez que, os métodos de precipitação argentimétricos são os mais importantes, tomaremos
como exemplo o estudo das reações de precipitação dos halogenetos de prata. Os mesmos princípios
estudados para os halogenetos de prata são aplicáveis ao estudo de outras reações de precipitação.
Exemplo 1: Titulação de 100 mL de uma solução de cloreto de sódio 0,1 mol/L com nitrato de
prata 0,1 mol/L (Kps = 1,8 x 10-10).
De acordo com o princípio do produto de solubilidade, tem-se:
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Onde: [Ag+] = [M+] = concentração do metal
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0,005
[Cl−] = = 3,33x10−2 mol/L
0,15
p[Cl-] = 1,48
pAg = 8,27
pAg = 8,27
c) No ponto de equivalência
[Ag+] = [Cl-]
[Ag+][Ag+] = Kps
[Ag+]2 = Kps
[Ag+] = (Kps)1/2 = (1,8 x 10-10)1/2 = 1,34 x 10-5 mol L-1
pAg = 4,87
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Entretanto, salvo na região muito próxima do ponto de equivalência, a contribuição da prata
devido à solubilidade do precitado pode ser desprezada.
Exemplo: Com a adição de 104,0 mL do titulante tem-se:
(VAg+ x CAg+ ) − (VCl+ x CCl− )
[Ag + ] =
VAg+ + VCl−
0,1𝑚𝑜𝑙 0,1𝑚𝑜𝑙
(0,104𝐿 𝑥
[Ag + ] = 𝐿 ) − (0,100𝐿 𝑥 𝐿 ) = 0,0104 − 0,01
0,104 + 0,100 0,204
0,0004
[Ag + ] = = 1,96 x 10−3 mol/L
0,204
pAg = 2,71
Os principais fatores que alteram a forma das curvas de titulação são: as concentrações dos
reagentes e a solubilidade dos precipitados.
A variação de pAg nas proximidades do ponto de equivalência é muito mais acentuado em
uma curva de titulação de uma solução de NaCl 0,100 mol L-1 com AgNO3 0,100 mol L-1 do que na
titulação da solução de NaCl 0,001 mol L-1 com solução de AgNO3 0,001 mol L-1. Assim sendo,
pode-se concluir que quanto maior a concentração das soluções, mais favorável é a titulação.
Se a concentração de um dos íons é pequena para formar o ppt, necessita-se de uma
concentração maior do outro. Além disso, se as concentrações de Cl- em solução são muito pequenas
o valor de cloreto total em solução é muito mais influenciado pela [Cl-] em equilíbrio com o
precipitado e, portanto, influenciando na concentração de Ag+ e diminuindo as variações do pAg nas
proximidades do ponto e de equivalência aumentando o erro da titulação.
O Kps também influência nas curvas de titulação, quanto menor o Kps do precipitado formado
mais acentuada é a variação de pAg nas proximidades do ponto de equivalência. Portanto, ao se titular
soluções de 0,100 mol L-1 NaI, NaCl e NaBrO4 com AgNO3 0,100 mol L-1, a variação de pAg nas
proximidades do ponto de equivalência será maior para a solução de NaI e menor para a solução de
NaCl, uma vez que: Kps (AgI) = 8,3 x 10-17 e Kps (AgBrO4) = 3,9 x 10-13, enquanto o o Kps (AgCl)
= 1,8 x 10-10.
Na Figura 3 pode-se observar as curvas de titulação de soluções de 0,100 mol L-1 NaI, NaCl
com AgNO3 0,100 mol L-1. Comparando-se as curvas de titulação, pode-se observar que é mais
acentuado à medida que diminui a solubilidade do composto, ou seja, menor Kps.
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Figura 3: Curvas de titulação de uma solução de AgI, AgBr e AgCl (0,1 mol/L) com AgNO3 0,1 mol/L
Considerando que 1 mol de AgNO3 reage com 1 mol de NaCl, temos que na amostra tem
0,003264712 mols de NaCl. Portanto:
X = 0,19078976928 g de NaCl
Y = 19,08/1,0004
Resposta: 19,08%.
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Exemplo 3: 50,00 mL de solução de brometo foi analisada por adição de 10,00mL de
AgNO3 0,1000 mol/L e titulação por retorno com KSCN 0,0832 mol/L, consumindo-se 5,34 mL.
Qual a concentração de Br- na solução original?
1 mol de AgNO3 equivale a 1 mol de KSCN, logo 0,00444288 mol de KSCN reagiu com
0,000444288 mol de AgNO3.
Logo o número de mol que reagiu com o Br- = número de mol adicionado – número de mol que
reagiu com KSCN = 0,001 – 0,000444288 = 0,0005557
Considerando que 1 mol de AgNO3 equivale a 1 mol de Br-, logo 0,000555712 mol de AgNO3
reagiu com 0,0005557 mol de Br-, contido em 50 mL. Logo, temos:
Exemplo 4: Uma amostra de urina tem uma concentração de Cl - de 150 mmol/L. Supondo que
todo cloreto está presente sob a forma de NaCl, qual a concentração de NaCl em g/L?
X = 5,31795 g de Cl
Y = 310,780998 /35,453
Resposta: 8,77g/L.
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