MUNDI - CENTRO DE FORMAÇÃO TÉCNICA
CAPÍTULO 03
Energia eólica
A Conversão de Energia
As turbinas eólicas são usadas para converter a energia
do vento em energia elétrica. Essa conversão segue duas
etapas: 1) primeiramente na turbina, que remove a
porção da energia cinética disponível para conversão em
energia mecânica, e 2) no gerador, que recebe a energia
mecânica e a converte em energia elétrica, que é então
transmitida para a rede da concessionária. Essa operação
é mostrada na Figura 6.1.
FIGURA 6.1 O princípio da conversão da energia cinética do vento em
energia elétrica.
Fonte: elaboração do autor.
As condições de funcionamento de uma turbina eólica
dependem principalmente das condições de vento, sobre
as quais nenhuma ação é possível. Só podemos tomar
medidas, limitando, por vezes, tão eficientemente quanto
possível, determinadas condições operacionais e assim ter
um controle da energia realmente convertida pela turbina
e pelo gerador elétrico antes da transferência para a rede.
O controle de potência fornecido pelo sistema pode ser
realizado em cada uma das duas etapas de conversão de
energia, de diferentes modos, dependendo das condições
de funcionamento.
Classificação das Turbinas Eólicas
Um meio para classificar as turbinas eólicas é em termos
do eixo ao redor do qual as pás das turbinas giram. A
maioria delas é de eixo horizontal (horizontal axis wind
turbine- HAWT), porém existem algumas cujas pás giram
na vertical (vertical axis wind turbine - VAWT). Exemplos
de ambas são mostrados na Figura 6.2.
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FIGURA 6.2 Turbinas com eixos horizontal (a e b) e vertical (c).
Fonte: elaboração do autor.
Turbinas com Eixo Vertical
Os projetos mais antigos de rotores eólicos destacavam
rotores com o eixo de rotação vertical. No início,
entretanto, os rotores com eixo vertical só podiam ser
construídos como simples rotores de arrasto. A principal
vantagem das máquinas de eixo vertical é que elas não
precisam de nenhum tipo de controle de ajuste para
mantê-las na direção do vento (yaw system). Uma segunda
vantagem é que o maquinário pesado contido na nacele
(compartimento instalado no alto da torre da turbina e
que abriga o gerador, a caixa de engrenagens e outros
componentes mecânicos) pode ser levado ao solo, onde
pode facilmente ser submetido à manutenção. Em
contrapartida, existe uma série de desvantagens, como
baixos valores para a TSR e a dupla incapacidade de partida
própria e controle da potência de saída pela ausência
de um mecanismo de passo. Há muitas desvantagens
nas máquinas de eixo vertical. A principal é que as pás
ficam relativamente perto do solo, onde a velocidade do
vento é bem menor. Como a potência disponível do vento
aumenta com o cubo da velocidade deste, há, por tanto,
um considerável incentivo em colocar as pás em locais
mais elevados, em que a velocidade do vento é maior.
Ventos próximos ao solo não são somente mais fracos
como também turbulentos, o que aumenta a tensão sob
uma turbina de eixo vertical. A Figura 6.3 mostra vários
tipos de turbinas de eixo vertical.
O Rotor de Darrieus - A única máquina de eixo vertical
que teve algum sucesso comercial é o roto r de Darrieus,
nomeada assim devido ao seu inventor, Georges Jean
Marie Darrieus1 (1888-1979), o engenheiro aeronáutico
francês que propôs tal modelo em 1925 e o patenteou
em 1931. Como no caso dos rotores com eixo horizontal,
o rotor de Darrieus é preferencialmente construído com
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duas ou três pás, apresentando uma curvatura em forma
de catenária (Troposkien). No geral, o perfil de fabricação
das pás é simétrico, com NACA 0012 e NACA 0015. A
caixa de engrenagem de uma turbina de Darrieus é
normalmente montada no solo, e uma das características
principais dessas máquinas é que elas precisam de um
motor de partida, já que apresentam deficiência na sua
inicialização. Embora a configuração phi (<ø>) ou formato
de batedeiras de ovos (eggbeater) seja o mais comum,
Darrieus concebeu vários outros formatos, incluindo
delta, diamante e Y. Ver Figura 6.4.
FIGURA 6.4 Configurações dos rotores de Darrieus.
Fonte: elaboração do autor.
FIGURA 6.3 Vários modelos de turbinas com eixo de rotação vertical.
(a) Darrieus; b) Savonius; (c) Solarwind; (d) Helicoidal; e) Noguchi; (f)
Maglev e (g) Cochrane.
Fonte Tong.2010.
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O conceito de Darrieus caiu em certo esquecimento, até
que o conselho de pesquisa nacional do Canadá trouxe
o projeto de volta, no meio dos anos 1960, sendo então
estudado extensivamente nos Estadis Unidos e Canadá
nos anos 1970 e 1980. Entretanto, o modelo de Darrieus
nunca foi capaz de corresponder em custo no nível das
turbinas de eixo horizontal. As primeiras pás do rotor
de Darrieus foram feitas de aço estirado e moldado
ou de combinações como ligas de alumínio extrudado
e fibra de vidro. Também foi tentado o uso de madeira
laminada nas primeiras máquinas, em 1977. As primeiras
turbinas de Darrieus usavam um conjunto de quatro
cabos de segurança, mas essa solução foi substituída
por um conjunto de três cabos, uma vez que o sistema é
autoequilibrante. Em ventos fracos, o rotor de Darrieus
tem um torque de partida muito baixo, e em ventos com
alta velocidade (quando a potência de saída tem que ser
controlada para proteger o gerador), o rotor simplesmente
não controla o vento tão facilmente como as pás de
controle de passo de uma turbina de eixo horizontal.
m maio de 1977, nas Ilhas Madalena, os canadenses
fabricaram a primeira turbina de Darrieus de grande
escala, com potência nominal de 230 kW e uma saída
média estimada de 100 kW Uma partida inesperada da
turbina terminou destruindo o protótipo, que teve um
outro similar então instalado em 1978.Nos anos 1980, nos
Estados Unidos, sob orientação técnica dos Laboratórios
Sandia (Sandia National Laboratories) e fundos de apoio
do Departamento de Energia, a Alcoa (Companhia de
Alumínio da América) construiu quatro unidades de 17m
e 100 kW Das quatro unidades de 100 kW, duas foram
conectadas à rede. Uma dessas unidades foi testada com
sucesso por mais de 10 mil horas em eventos fortes,
de tempestade, excedendo os 193 km/h (120 mph). A
Flowind, uma companhia americana, foi líder de entrega
de energia eólica às concessionárias de energia dos Estados
Unidos e projetou, fabricou e operou turbinas eólicas de
1982 a 1997. A Flowind desenvolveu uma máquina de
19m, perfil NACA 0015 com duas pás, operando a 51,8
rpm e produzindo 250 kW de potência a um vento de E20
m/s. Valendo-se dessa experiência, a empresa americana
implementou uma nova geração de turbinas com eixo
vertical, com um aumento na taxa altura-diâmetro. Nessa
nova classe, para qualquer área do vento, a produção é
maximizada, ocorrendo então um equilíbrio otimizado
(entre a eficiência aerodinâmica, as perdas na esteira
e a área varrida) que é alcançado variando a altura e o
diâmetro do rotor.
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A área varrida de uma turbina eólica é uma variável

importante. O custo da pá aumenta com o aumento
de seu comprimento, e a potência de saída aumenta
diretamente com a área varrida. Vale a pena então
considerar a maximização da área varrida em relação ao
comprimento da pá, que ocorre na relação diâmetro-
altura,B = D/A= 0,994 (Troposkien). Mas existem outras
importantes escolhas, por exemplo, um B muito menor
(caso do rotor de Darrieus de 17 m fabricado pela Flowind)
reduz os custos do eixo de transmissão, permitindo uma
maior velocidade rotacional e um torque menor para uma
dada área varrida.
A maior potência de saída medida até então para uma
turbina de Darrieus foi alcançada na turbina de pesquisa FIGURA 6.5 Turbina de Darrieus no parque eólico canadense de Le Nordais.
Lavalin Eole, de 17m, construída em 1986 na cidade de Fonte: Guillaume Paumier, 2005, Creative Commons.
Cap-Chat, em Quebec, Canadá, com um rotor de duas
pás, perfil NACA 0012 e velocidade rotacional fixa de 10
e 11,35 rpm, respectivamente. Essa turbina foi projetada
para operar em uma velocidade variável de até 16,3 rpm
(velocidade do rotor) e com potência máxima alcançada
em torno de 3,6 MW a 17 m/s e em seguida se mantendo
constante com o decréscimo da velocidade do rotor em
ventos de maior velocidade.
Com 110m de altura, a mais alta turbina eólica de eixo
vertical do mundo é uma turbina de Darrieus, localizada
na península de Gaspé, em Quebec, no Canadá. A turbina
de 3,8 MW faz parte do parque eólico deLe Nordais, o
maior do Canadá, composto por mais 132 turbinas NEG-
Micon NM 750/48, de 750 kW e 48 m de diâmetro do FIGURA 6.6 Parque eólico nas montanhas de Tehachapi, na Califórnia,
rotor, instaladas em duas fases em 1999 e operadas pela EUA.
Axor.Com duas pás, a turbina de Darrieus do parque deLe Fonte: Stan Shebs, 2001, Creative Commons.
Nordais (ver Figura 6.5) operou com sucesso por mais de
30 mil horas em um período de 5 anos a partir de 1988. No fim de 1985 a Flowind já havia instalado 85 MW,
No meio dos anos 1980 havia pelo menos 600 turbinas alcançando o seu momento mais produtivo em 1987,
de eixo vertical operando na Califórnia, tendo o modelo com 100 milhões de kWh, energia suficiente para 20 mil
de Darrieus como maioria (500 instaladas pela Flowind lares californianos. Nesse mesmo ano, os Laboratórios
nos parques eólicos de Altmont Pass Tehachapi Sandia deram um passo importante no desenvolvimento
(ver Figura 6.6). de grandes e mais eficientes turbinas de Darrieus, com
a instalação e operação de um modelo com 625 kW
de potência nominal e 34 m. Devido a problemas com
o alumínio das pás, no início dos anos 1990, a Flowind
gerava apenas 1/10 do valor de 1987, e as turbinas do
parque eólico de Tehachapi foram removida e vendidas
para sucatas (havia algumas relíquias no parque de
Altmont Pass, mas também foram removidas em 2003).

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O Rotor H - Uma variação do rotor de Darrieus é o Uma variante do Giromill é a Ciclo turbina. Nesse caso,
chamado Rotor H, também conhecido por Giromill e até cada pá é montada de forma tal que possa girar em torno
por "batedeira de ovos': Em vez das pás curvadas, são de seu próprio eixo vertical, permitindo que as pás sofram
usadas pás em linha reta, conectadas por suportes ao eixo de certo modo algum tipo de controle de passo, de maneira
do rotor. A área de interceptação do vento de um rotor H que elas sempre tenham um ângulo de ataque em relação
é um retângulo: o formato deveria varrer uma área maior ao vento. A principal vantagem dessa configuração é que
do que uma elipse e, teoricamente, capturar mais energia. o torque gerado permanece praticamente constante
Tentativas para desenvolver esse modelo comercialmente ao longo de uma boa faixa de ângulos. Nesse intervalo,
foram feitas especialmente no Reino Unido, mas também o torque gerado se encontra perto do máximo possível,
nos Estados Unidos e na Alemanha, mas não lograram o que significa que o sistema também gera o máximo de
êxito. Vale citar o rotor desenvolvido em 1975 na Reading potência. Uma vantagem extra é que a Cicloturbina pode
University, Reino Unido, por uma equipe de pesquisa sob partir sozinha.
orientação do Prof. Dr. Peter L. Musgrove, em que foram O rotor de Savonius - O modelo foi apresentado em 1926
testados rotores H com uma geometria variável, a fim pelo inventor que leva o seu nome, o engenheiro finlandês
de permitir pelo menos um nível mínimo de controle de Sigurd Johannes Savonius (1884-1931), mostrado na Figura
potência e velocidade. O maior rotor H fabricado foi o 6.7. Uma tentativa inicial de se construir esse modelo já
modelo VAWT-850, construído no Reino Unido em 1989, havia sido feita bem antes, em 1745, pelo alemão
com 45 m de altura e 38m de diâmetro do rotor. Esse Johann Ernst Elias Bressler (1680-1 745), em Furstenburg,
modelo tinha uma caixa de engrenagens e um gerador na Alemanha.
de indução instalados no alto da torre. O VAWT-850 foi Savonius descreveu seu trabalho no livro de sua autoria,
instalado em 1990 em um campo de testes na cidade de de 1926, The wing-rotor in theory and practice - published
Carmathen, no País de Gales, e operou até fevereiro de by Savonius & Co. Helsingfors. A ilustração da Figura 6.8
1991, quando, devido a um erro do fabricante das pás de precede o prefácio escrito por J. Ackeret para o livro de
fibra de vidro, uma de suas pás quebrou. Savonius, que diz: "De todas as forças da natureza usadas
Nos anos 1990, a Heidelberg Motor GmBh, uma pelo homem, a do vento é de longe a mais poderosa."
companhia alemã, desenvolveu e construiu vários
protótipos de 300 kW Neles, em algumas turbinas o
gerador era instalado no alto da torre, ao passo que em
outras era instalado no solo.
Em 2010, uma companhia de pesquisa sediada na
Suécia, a Vertical Wind AB, após desenvolver protótipo
de 12 kW na cidade sueca de Uppsala, desenvolveu e
construiu um Giromill de 200 kW. Cada uma das pás de
300 kg tem 24 m de comprimento e 26 m de diâmetro
do rotor. Com três pás e torre de 40 m de altura, essa
máquina, produzida em Falkenberg, tem sua torre feita
de material composto de madeira, o que torna a turbina
mais barata do que outras estruturas similares com torres
feitas de aço. Uma das vantagens desse tipo de torre é
que o gerador de 2,5 m de diâmetro usado (síncrono,
multipolos com ímãs permanentes) é muito pesado e se
localiza na parte inferior da torre, levando menos peso a
esta e tornando-a também mais barata.

FIGURA 6.8 Ilustração do rotor de Savonius.

Fonte: Savonius, 1926.

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O rotor de Savonius tem sua pá em forma de "S': e

opera como um anemômetro de copo com o vento
passando entre suas pás, que se dispõem como folhas
dobradas, como semicilindros (ver Figura 6.9) O rotor de
Savonius também é denominado rotor S, e é uma turbina
de baixa rotação e alto torque, que pode trabalhar com
baixas velocidades do vento e tem o predomínio de forças
de arrasto.

FIGURA 6.9 Duas visões de uma turbina de Savonius.

Fonte: elaboração do autor.
O máximo coeficiente de torque do rotor é geralmente
desenvolvido a uma TSR dentro da faixa de 0,3 < À < 0,6.
Por meio de testes em túneis de vento, esse modelo
vem sendo estudado por diversos pesquisadores desde
a década de 1920 e alcança um coeficiente de máxima
potência em torno de 30%. Além desse valor, no entanto,
ele não é eficiente no que diz respeito ao peso da unidade
de saída de potência.Por esse motivo, a máquina de
Savonius só é útil e econômica para sistemas de pouca
potência, como o bombeamento de água ou ventilação.
Também é comumente usado como medidor de correntes
oceânicas e como carregador de baterias em faróis e
torres de telecomunicações. A tecnologia necessáriapara
projetar e fabricar um rotor de Savonius é muito simples,
e esse rotor é recomendado para aplicações em países
em desenvolvimento ou em regiões isoladas sem energia
elétrica.
Um simples rotor de Savonius pode ser fabriéado ao
se cortar ao meio um tambor ou barril, invertendo uma
das metades e soldando as duas peças em formato de S
(ver Figura 6.10).
FIGURA 6.10 Turbinas híbridas Savonius-Darrieus na
cidade chinesa de Jinguashi, em Taiwan.
Fonte: Fred Hsu, 2009, Creative Commons.
Há dois problemas básicos com tais rotores: (1) eles
são inerentemente ineficientes e (2) é dificil protegê-los
de ventos fortes. Os rotores de Savonius, com sua alta
solidez, trabalham a uma baixa velocidade de ponta (TSR).
Embora, teoricamente, seja mostrado que o pico de
eficiência dos rotores Savonius não pode ultrapassar o
limite de 20%, já se alcançou uma eficiência máxima de
31% sob testes em túnel de vento e 37% no fluxo de ar
livre. Eficiências de 25 a 35% são relatadas em diversas
investigações, valores que são bem impressionantes,
tendo em vista que esses rotores são mais fáceis de
fabricar e a um custo relativamente barato.
A Tabela 6.1 mostra as mais importantes diferenças
entre os modelos de Darrieus, H e as turbinas
de eixo horizontal.

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TABELA 6.1 Lista das diferenças mais importantes entre três modelos de turbinas eólicas
(roto r H, Darrieus e turbinas de eixo horizontal)
Modelo Híbrido (Savonius-Darrieus)-A Ropatec, uma
empresa italiana, fabrica e comercializa uma turbina com
os princípios de funcionamento dos rotores de Savonius e
Darrieus. Há diversos modelos disponiveis, como mostra
a Tabela 6.2. Apenas o modelo de 1 kW não oferece
conexão com a rede. Essas turbinas são caracterizadas por
sua alta solidez.
Modelo Helicoidal - Segue uma variação do modelo de
Darrieus, com as pás em forma helicoidal (como o formato
de uma molécula de DNA), torcidas em 180°, inventadas
pelo russo Alexander M. Gorlov (professor de Engenharia
Mecânica da Northeastern University, em Boston -
Massachusetts/EUA) para ser uma turbina hidráulica
usada em oceanos. A GHT (Gorlov Helical Turbine) foi
patenteada por Gorlov em 1995 e 2001. Devido ao seu
formato helicoidal-DNA, seu rotor pode funcionar para
qualquer direção do fluxo. Em um fluxo hidráulico, a GHT
captura até 35% da energia da água.
A GHT foi projetada para ter seu uso em rios (mas sem a
necessidade de represas) e oceanos. Turbinas
que usam uma configuração helicoidal também são
usadas em energia eólica; é o caso das turbinas
Turby.
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Turbinas Turby- São turbinas especialmente projetadas
para uso em regiões urbanas ou no alto de
edifícios. A turbina foi desenvolvida na Holanda pela Core
International, com pesquisas da Universidade
Delft de Tecnologia. Nesse modelo, o vento empurra as
pás em torno de ambos os lados da
turbina, espalhando o torque uniformemente ao longo de
toda a revolução. Se o ângulo de ataque
do vento aparente sob a pá for maior do que zero, surge
uma força de sustentação que impulsiona a
turbina. Os ângulos não devem exceder 20°, já que para
valores maiores o fluxo ao longo da pá não é mais laminar
(que é necessário para a força de sustentação). Um
ângulo de ataque entre O e 20° exige uma velocidade da
pá suficientemente alta, por isso uma turbina de Darrieus
não pode partir sozinha, sendo necessário algum meio
externo para provocar a partida.
Originalmente, a turbina de Darrieus tem o problema
das violentas vibrações, do alto nível de ruído e da baixa
eficiência. Assim, os projetistas analisaram o motivo
dessas características não favoráveis e, com base em seus
estudos, desenvolveram um conceito significativamente
melhorado para uma turbina de eixo vertical, a turbina
Turby. O design da Turby elimina todas as características
desfavoráveis do modelo de Darrieus. Perceba que o
ângulo de ataque durante a revolução varia entre - 20° e
+20°. A tabela 6.3 mostra algumas especificações desse
modelo.
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TABELA 6.3 Especificações técnicas de uma turbina Turby

Juntas, as vantagens determinam a razão por que

quase todas as turbinas eólicas para gerar eletricidade
Turbinas com Eixo Horizontal construídas até o momento têm rotores com eixo
Os conversores de energia eólica que possuem seu eixo horizontal. Já que quase todas as turbinas eólicas são
de rotação na posição horizontal são compreendidos quase de eixo horizontal, ainda existe uma controvérsia sobre
que exclusivamente sob as bases do conceito das hélices. qual máquina é melhor: downwind (quando o vento
Esse design, que inclui os moinhos de vento europeus e incide na parte traseira da área de varredura da turbina)
as turbinas eólicas modernas, é o princípio dominante na ou upwind (quando o vento incide na parte dianteira
tecnologia eólica atual. A superioridade desse modelo até da área de varredura da turbina) (ver Figura 6.11). A
hoje é baseada amplamente nas seguintes características: máquina downwind tem a vantagem de deixar o vento
por si só controlar o ajuste, ela naturalmente se orienta
• A velocidade do rotor e a saída de potência podem ser
em respeito à direção do vento. Elas, entretanto, têm
controladas pelo controle do ângulo das pás. Além disso,
um problema: os efeitos de sombra do vento devidos à
tal controle é a proteção mais eficiente contra o excesso de
torre. Toda vez que a pá passa atrás da torre, ela encontra
velocidade (especialmente nas grandes turbinas eólicas).
um curto período em que o vento é reduzido e que faz
• O formato das pás do rotor pode ser otimizado
com que a pá se flexione. Essa flexão não somente tem o
aerodinamicamente, e foi provado que ele alcança sua
potencial de levar a pá à fadiga como também aumenta
eficiência máxima quando a sustentação aerodinâmica é
o ruído da pá e reduz o potencial de saída. Turbinas
levada ao nível máximo.
upwind, por outro lado, necessitam de algum modo de um
• Não menos importante é a liderança tecnológica no
complexo sistema de ajuste para manter as pás voltadas
desenvolvimento em projetos de hélices.
para o vento. Entretanto, em troca dessa complexidade,
São vantagens de uma turbina com eixo horizontal: a máquina upwind termina operando mais suavemente e
• Acesso a ventos de maiores velocidades por causa da fornecendo mais potência. A maioria das turbinas eólicas
altura da torre. modernas é do tipo upwind.
• Melhor controle devido ao ajuste do ângulo de passo.
•Alta eficiência, urna vez que as pás encaram
perpendicularmente o vento.
São desvantagens de urna turbina com eixo horizontal:
• Dificuldade na instalação de uma alta torre.
• Dificuldade no transporte dos equipamentos.
• Exigência de um sistema de controle para girar as pás
em direção ao vento.
• Construção complexa da torre para apoiar o peso das
pás e do cubo.

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FIGURA 6.11 Incidência do vento em uma turbina (a) upwind e
(b) downwind.
Fonte: elaboração do autor.
Aerogeradores e seus componentes
Em um aerogerador, além da turbina, que já comentamos,
temos outras partes importantes: torre, nacele, caixa de
engrenagens, cubo, gerador e pás, conforme
ilustrado na Figura 9.1.
FIGURA 9.1 Principais partes de um aerogerador.
Fonte: elaboração do autor.
a) A torre
É a estrutura de sustentação. Há dois tipos: tubulares
cônicas (construídas em aço ou concreto) e treliçadas
(construídas em aço).
• Torres treliçadas
Nos primeiros anos de uso comercial da energia eólica, as
torres treliçadas foram amplamente usadas em pequenas
turbinas (Figura 9.2). Com o aumento do tamanho das
turbinas, as torres tubulares de aço vão substituindo as
torres treliçadas; estas, mesmo assim, possuem uma
vantagem indubitável: um menor gasto de material para
uma dada altura e rigidez. No caso de grandes torres,
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o transporte e a montagem das torres treliçadas são muito
mais fáceis, já que o transporte das torres tubulares de aço
via estradas se depara com vários problemas de logística.
O alto tempo de montagem e uma despesa maior com
a manutenção são considerados desvantagens para as
torres treliçadas.
FIGURA 9.2 Torre t reliçada da Enercon E-15/16, o primeiro modelo da
Enercon.
Fonte: Kuehni (www.kuehnas.org), 2005, Creative Commons.
• Torres de concreto
Embora o uso de concreto para construção de
torres eólicas tenha uma longa tradição, pelo menos
naDinamarca, as torres de concreto, como as torres
treliçadas, vão sendo amplamente substituídas pelas torres
tubulares de aço, que predominam no mercado atual.
O longo período de construção pode ser abreviado por
meio de vários métodos do uso de partes pré-fabricadas.
A cura do concreto no próprio local também é um fator
facilitador. Se a construção usar concreto reforçado, então
ou o concreto é misturado na forma líquida ou é entregue
em veículos especiais. Uma das vantagens da pré-
fabricação, das estruturas pré-moldadas, é a possibilidade
de se construírem torres altas sem causar os problemasde
transportes das torres tubulares de aço. Um tipo de
construção pré-fabricada que é frequentemente usada
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para turbinas de pequeno e médio portes é o uso de torres
de concreto armado centrifugado. As partes da torre de
até 35m de comprimento e 50t de peso são fabricadas em
máquinas especiais e também são protendidas1 durante
esse processo. As partes da torre são transportadas para o
local de implementação e colocadas uma sobre as outras.
Uma torre de 50 m de altura, por exemplo, consiste na
verdade em dois ou três segmentos, e as torres menores
são construídas em apenas uma única peça.
b) A nacele
É a estrutura montada em cima da torre onde estão
contidos o gerador e a caixa de acoplamento (Figura 9.3).
FIGURA 9.3 Operário dentro da nacele de uma turbina no parque eólico
de Zistersdorf, Áustria. Maio de 2008.
Fonte: EWEA.
O uso ou não de caixas de engrenagens e a disposição dos
componentes na nacele são fatores para determinar o seu
tamanho. Dentro da nacele há um sistema de direção que,
através de um motor, e responsável por colocar a turbina
na direção do vento. Vale dizer que a mudança de direção
é efetuada lentamente para que não haja turbulências
transmitidas à turbina. O material que constitui o freio da
turbina é aço, que é utilizado em paradas de emergência
ou de manutenção. A recomendação é que se mantenha o
aerogerador freado se ele estiver fora de operação. O uso
da caixa de engrenagens trará obviamente a necessidade
de lubrificação e refrigeração. Consequentemente, o uso
dessa unidade hidráulica se faz dispensável quando o
acoplamento da turbina-gerador é direto. Sob a nacele
estão os medidores da velocidade do vento (anemômetro)
e da sua direção (biruta, também conhecida por
windvane), que transmitem os dados para o sistema de
controle montado na base da torre. Essas leituras servem
ainda para monitorar o desempenho do gerador, que,
através do sistema de controle, pode ter supervisão e
controle de forma remota, a distância, via algum sistema
de comunicação (telefonia ou rádio, por exemplo).
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c) A caixa de engrenagens
Localizada dentro da nacele, a ideia da caixa de
engrenagens é fazer a sintonia correta entre a baixa
velocidade da turbina e a alta velocidade do gerador.
Muitos fabricantes incluem a caixa de transmissão em
seus aerogeradores; outros, porém, não o fazem. Há
vantagens e desvantagens para ambas as confgurações.
Aerogeradores sem esse dispositivo multiplicador
(constituído basicamente de engrenagens de transmissão
e acoplamentos) são ditos mais sofisticados. Segue
explicação para os dois casos.
• Aerogeradores com multiplicador
Nessa situação, obviamente se faz necessário que o
tamanho da nacele seja maior, já que irá comportar um
multiplicador (a caixa de engrenagens em si), composto
de mancais e um eixo de transmissão e acoplamento.
Uma das desvan tagens do uso do multiplicador é o
ruído produzido por ele, apesar de uma nacele bem
isolada acust icamente poder diminuir tal ruído a valores
aceitáveis para o meio externo. Outra desvantagem
tagem é a manutenção das engrenagens de transmissão.
Um bom projeto, entretanto, maximiza o tempo de vida
útil delas a até aproximadamente 20 anos e minimiza a
manutenção com a sua lubrificação.
• Aerogeradores sem o multiplicador
Qual procedimento tomar quando se faz necessário um
ajuste da baixa velocidade da turbina com a velocidade
superior do gerador? Qual seria a solução se não há o
multiplicador? Tal questionamento tem resposta no uso
de geradores multipolos de baixa rotação e grande porte,
com o acoplamento direto na turbina. A desvantagem
seria o transporte, pois se trata de geradores de grandes
dimensões. Ao se reduzir o custo com manutenção &
operação e o número de peças mecânicas envolvidas,
alcança-se uma opção bem viável, com um aerogerador
sem multiplicador. Não haverá caixas de engrenagens,
sistema hidráulico e acopladores, além de haver menor
nível de ruído, que são vantagens relevantes.
d) O cubo
É a estrutura na qual são fixadas as pás, construída em
aço ou liga metálica de alta resistência (Figura 9.4)
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FIGURA 9.4 Detalhe do cubo de uma turbina eólica.
Fonte: André Karwath Aka. 2004. Creative Commons.
e) A pá
É a estrutura que é movimentada pelo vento. As pás são
construídas em fibra de vidro e reforçadas em epóxi e/ou
madeira. Na fixação com o cubo, a pá pode ter rolamentos,
no caso das turbinas de controle de passo. Com 75 m,
a mais longa pá eólica do mundo é a B75 da Siemens,
empresa que pretende instalá-la no segundo semestre
de 2012, em seu primeiro protótipo de uma turbina
offshore de 6 MW, em uma estação de testes em 0sterild
-Dinamarca. A B75 bateu os 73,5 m da pá produzida pela
LM Wind Power destinada à turbina offshore Haliade de 6
MW da Alstom, considerada a maior turbina offshore do
mundo, instalada em Carnet, na França, e inaugurada em
19/03/2012.
f) O gerador
É a máquina responsável pela produção da energia
elétrica propriamente dita. Há dois modelos usados
pelos aerogeradores: utilizando máquinas síncronas
ou assíncronas. Veremos adiante o que são e como se
comportam tais máqu inas. No acoplamento da turbina
com o gerador está uma caixa multiplicadora (ou redutora),
que existe devido a diferenças de velocidade entre a
turbina (baixa velocidade) e o gerador (alta velocidade).
Há, entretanto, aerogeradores que fazem o acoplamento
direto da turbina ao gerador. Tal solução é implementada
a partir de geradores de rotação menor que se utilizam de
um número alto de polos. Toda uma eletrônica de potência
é envolvida no processo de conversão da frequência, já
que é necessário controlar alguns parâmetros de saída
da onda, como a sua frequência, amplitude e fator de
potência. A energia entregue à rede tem que estar na
frequência dela (no Brasil: 60 Hz). Qual o problema?
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O problema é que a frequência de geração varia com a
rotação do gerador, que varia com a rotação da turbina,
que depende de uma var iável aleatória: o vento. Qual
a solução? A solução é o uso de um retificador CA-CC e
de um inversor CC-CA. Alguns aerogeradores usam mais
de um gerador de diferentes potências; quando isso
acontece, o gerador de potência menor é usado para a
partida do sistema a partir de ventos com valores baixos
e o gerador de potência maior entra em cena a partir de
determinado limite de velocidade do vento. Em seguida,
o gerador de menor potência é desligado, assumindo o de
maior potência, que é projetado para atuar na potência
nominal do aerogerador.
Máquinas Elétricas
O gerador de corrente contínua auto induzido
desenvolvido por Werner von Siemens ( 1816-1892)
em 1886 marca o surgimento da máquina elétrica, que
nos anos seguintes teve um rápido desenvohmento.
Máquinas elétricas são equipamentos que transformam
uma dada energia em energia elétrica. Quando ocorre
conversão de energia mecânica em elétrica, temos
um gerador; no caminho contrário temos um motor.
Conforme explicado pela lei de indução de Faraday (1791-
1867), o princípio físíco de funcionamento de qualquer
máquina é a força eletromotriz produzida pela variação
de um Campo magnético, em que o estator e o rotor são,
respectivamente, as partes fixa e móvel de uma máquina.
Inicialmente as máquinas elétricas são classificadas
quanto à função que exercem e podem ser rotativas
(geradores e motores) ou estacionárias (transformadores).
As máquinas rotativas, de acordo com seu princípio
de funcionamento, são subdivididas em CA (corrente
alternada) e CC (corrente contínua), onde ocorre uma
grande gama de configurações. Entre as máquinas CA,
temos as assíncronas (também chamadas de indução) e
as síncronas. Devido a vários inconvenientes, as máquinas
CC não têm mais interesse prático como geradoras, pois
necessitam mais de manutenção e possuem uma potência
desfavorável para a relação de massa, não sendo também
adequadas para enrolamentos de alta tensão. Já as
máquinas síncronas e assíncronas são bem mais usadas.
O rotor bobinado de indução e a máquina síncrona são
os tipos de geradores mais usados nos parques eólicos. A
Figura 9.5 mostra o esquema básico de um sistema eólico
com o uso de uma caixa de engrenagens.
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FIGURA 9.5 Sistema básico de uma turbina com caixa de engrenagens
e seu gerador ligado à rede.
Fonte: elaboração do autor.
Conexão com a rede
A conexão de um parque eólico no sistema elétrico
é um dos pontos mais importantes da concepção de um
projeto eólico. Os operadores do sistema de transmissão
necessitam de toda uma documentação técnica para
a permissão de conexão de um parque eólico à rede
elétrica. As exigências de conexão de parques eólicos são
examinadas e validadas no ponto de conexão. O ponto de
conexão é na maioria das vezes defmido como do lado de
alta tensão do transformador elevador do parque eólico. A
exigência principal é o limite do desvio de tensão causado
pelo parque eólico no ponto de conexão. Dois por cento
de tensão nominal é o limite comumente estabelecido. A
potência de curto-circuito no ponto de conexão é o valor
decisivo para a instalação ou não do sistema eólico. Os
órgãos reguladores estabelecem limites de frequência
e tensão para uma operação normal. Nos últimos anos,
muitos manuais e guias foram publicados com a exigência
de que os parques eólicos se comportem de modo similar
às usinas elétricas convencionais, considerando o fator
de potência, o fornecimento de energia ativa nos desvios
de frequência e a capacidade de curto-circuito em caso
de faltas na rede, como também limites com relação a
harmônicos e flickers na qualidade de energia.
Um parque eólico, qualquer que seja a tecnologia dos
geradores, injeta potência ativa na rede no
ponto de conexão. A primeira exigência a ser respeitada
são os valores das correntes de regime estacionário,
que não podem exceder os valores máximos admissíveis
para diferentes partes do equipamento da rede, qualquer
de curto-circuito e do sistema de proteção. Também
é altamente importante fazer um estudo do fluxo de
potência, de regime permanente e de transitórios eletro-
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magnéticos, pois com a análise desses dados podemos
saber se uma linha de transmissão ou alimentador é
robusta o suficiente para receber o fluxo de energia que
é injetado pelo parque. E isso principalmente se todo
o sistema terá estabilidade mesmo em condições de
distúrbios elétricos.
Em regime estacionário, a variação de tensão, (%),no
ponto de conexão do parque eólico é dada por:
em que Sn (VA) é a potência aparente nominal do parque
eólico, Scc (VA) é a potência aparente de curto-circuito
no ponto de conexão com a rede, \f' cc (O) é ângulo de
impedância de curto-circuito no ponto de conexão, q>; (0)
é o ângulo do fator de potência do parque eólico e R é
a relação entre a potência de curto-circuito e a potência
aparente nominal do parque eólico.
Em qualquer sistema de potência, a potência ativa
gerada e consumida precisa ser equilibrada em tempo
real, e qualquer distúrbio a esse equilíbrio causa um
desvio na frequência do sistema. Com o aumento da
demanda, a frequência do sistema cai, e, para uma
diminuição da demanda, a frequência então aumenta. Em
muitos países, a frequência entregue aos consumidores é
mantida dentro da faixa de + l% do valor declarado.
Cuidados com a Conexão
Para conectar uma turbina eólica com a rede elétrica,
devem ser tomadas precauções como:
• Rápida desconexão do gerador, no caso de a tensão ou
frequência da rede exceder ou cair a
certos limites.
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• Compensação para potência reativa (isso exige
capacitores no sistema elétrico. Além disso, os inversores
emitem harmônicos que precisam ser filtrados).
• Conexão do gerador de indução apenas na faixa de
aproximadamente 95 a 105% da velocidade síncrona.
Além disso, há regulamentos que cobrem os sistemas de
monitoramento.
As linhas de Transmissão
É preferível que se tenha linhas de transmissão próximas
ao parque eólico, caso contrário o empreendimento pode
ser financeiramente não viável devido ao investimento
que é necessário fazer na construção de tais linhas
até o ponto de conexão (além dos problemas elétricos
intrínsecos, como perdas e quedas de energia). Veja a
Figura 11.1.
FIGURA 11.1 Linhas de t ransmissão perto de Rye, Sussex, Inglaterra.
Fonte: David lliff, 2009, Creative Commons.
Há vários tipos de conexões, e a escolha certa depende
basicamente de duas variáveis: a potência
ser instalada na rede e a tensão desta. No Brasil,
classificamos o nível de tensão na rede elétrica de
acordo com a Tabela 11.1 a seguir:
TABELA 11.1 Classificações das tensões no Brasil
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A transmissão é classificada de acordo com a Tabela 11.2.
TABELA 11 .2 Características principais das redes de transmissão
Grandes parques eólicos, com mais do que 10 a 15
MW, devem normalmente ser conectados a uma rede de
alta tensão. Em raros casos, a conexão em uma rede de
extra alta tensão é necessária. Costas marítimas não são
frequentemente caracterizadas por possuir um grande
volume de energia de suas estações de energia. Nos
diversos casos de conexão, o equipamento e o custo da
conexão são determi nados por quatro fatores:
a) Distância da turbina à rede
b) Capacidade de tensão e transmissão da rede
C) Controle de potência e equipamento elétrico da turbina
d) Requisitos técnicos do uso das estações de energia em
paralelo com a rede.
Pequenos parques eólicos são quase sempre
conectados a redes de média tensão, geralmente entre
15 KV a 30 kV Quando possível, este é o melhor custo-
benefício. A aparelhagem e os transformadores são muito
mais baratos do que a necessária para a conexão em alta
tensão.
A conexão geralmente é feita nas linhas de transmissão
de até 138 kV Tecnicamente, é possível também ter a
conexão nas linhas com valor a partir de 230 kV, mas o
investimento seria maior, e normalmente é realizada
apenas para parques eólicos com potência instalada
acima de 100 MW A Figura 11.2 mostra turbinas eólicas
próximas a linhas de transmissão.
FIGURA 11 .2 Turbinas eólicas instaladas nas proximidades de linhas
de transmissão, em Helsinque. Finlândia. Fonte: Aleksi Pihkahen, 2008,
Creative Commons
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Em um parque eólico, as turbinas estão ligadas em
paralelo; elas normalmente geram eletricidade entre 380
V e 690 V, que é elevada através de um transformador
e entregue à subestação do parque, onde uma segunda
elevação é feita, com um ou mais transformadores, até
o valor de transmissão, sendo finalmente entregue no
ponto de conexão. Essa segunda elevação é dispensada
se a conexão for direta na rede de distribuição e no caso
de parques de menor potência.
Os parques eólicos precisam ser instalados em áreas
com bons ventos. As melhores condições geralmente são
encontradas em áreas remotas, com babca densidade
populacional. O sistema de transmissão de tais áreas
pode não estar dimensionado para acomodar uma
carga de potência adicional. Os limites térmicos dos
condutores, tensão e transitórios restringem a capacidade
de transmissão durante situações extremas.
Linhas de transmissão sobrecarregadas atingem seu
limite térmico quando a corrente elétrica esquenta o
material condutor a uma temperatura acima da qual ele
começa a amolecer. Geralmente essa temperatura está
entre 50°C e 1 00°C, dependendo do tipo de material,
de seu tempo de uso e da geometria. O limite térmico
da capacidade de condução de corrente dos condutores
depende da temperatura ambiente, da velocidade do
vento, da radiação solar, das condições de superfície do
condutor e da altura acima do nível do mar. Veja a Figura
11.3.
FIGURA 11 .3 Dependência de um condutor sob condições de vento e
temperatura ambiente.
Fonte: Ackermann. 2005.
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A carga em linhas de transmissões curtas (menos de 100
km) é geralmente restrita ao aquecimento dos condutores,
e não pelas condições de estabilidade. A Figura 11.3
mostra que a capacidade de condução de corrente em
ventos com alta velocidade é maior do que em ventos de
baixa velocidade. Em locais onde a velocidade do vento
é maior no inverno, as baixas temperaturas também
contribuem para um aumento da capacidade de condução
de corrente.
O Armazenamento de Energia
O armazenamento de energia é o elo perdido entre a
geração eólica e o fornecimento de energia de uma forma
sustentável que pode ser despachada em momentos
de alta demanda da rede. Os sistemas de transmissão
que cobrem grandes territórios são particularmente
vulneráveis, exigindo uma transmissão dedicada e
um pronto despacho dos sistemas de potência. A
capacidade instalada de geradores eólicos no mundo
sofre de um baixo fator de capacidade, de 30% ou menos,
devido à variabilidade do vento. Um dos benefícios do
armazenamento de energia seria um completo uso dos
ativos de capital. A integração das já crescentes fontes
renováveis de energia, como o vento, com o estoque
de energia irá trazer uma ampla contribuição ao mix de
geração. Mais ainda, durante horários de pico, irá evitar
o uso de unidades não eficientes utilizando os
combustíveis principais. O mercado ou os benefícios do
estoque de energia podem ser quantificados em três
importantes áreas do elo elétrico: geração, transmissão e
distribuição. Outro benefício do estoque de energia seria
a redução do consumo de água e da emissão de C02, além
da economia com os serviços auxiliares de transmissão. A
Figura 11.4 mostra as seis dimensões do novo elo do valor
da eletricidade, de acordo com Makansi (2005).
FIGURA 11.4 Armazenamento de energia de alta escala. As seis
dimensões do novo elo do valor da eletricidade.
Fonte: elaboração do autor.