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Aula Transcrita Marcadores de Inflamação

Exames Laboratoriais em Reumatologia

Provas de Atividade Inflamatória Aguda:

• Proteína C reativa – aumenta centenas de vezes


• ASLO – anticorpo anti estreptolisina O (é usado para diagnostico diferencial)
• Complemento – aumento de cerca de 50% da concentração normal
• Antifosfolípides
• Fator reumatoide
• Anti-CCP

Os marcadores possuem alta sensibilidade (aumenta rapidamente quando há um dano ou


injúria) e baixa especificidade (inespecíficos para doença, infecção, presentes em qualquer
processo inflamatório, não tem uma definição específica de qual processo inflamatório vai
aumentar)

VPP baixo – pode ser qualquer coisa quando está aumentado, sem associação com doença
específca

VPN alto – consigo descartar um processo inflamatório ou infeccioso quando está normal

Mucoproteínas não são mais dosadas, muito manual. Foi substituída pela glicoproteína alfa-1-
ácida

São feitas para diagnóstico, acompanhamento e prognóstico da doença

Proteína C reativa

➔ É a principal e mais solicitada na rotina laboratorial


➔ Provém do polissacarídeo C de pneumococcus
Não é só um mediador do processo inflamatório agudo, é um marcador para definir o
diagnóstico quanto para marcar a resposta do paciente ao tratamento. Também é um mediador
solúvel da imunidade inata – se complexa com proteínas de patógenos, fixando complemento,
opsoniza macrófagos, liga-se a NK e auxilia na imunidade inata;

Ao mesmo tempo em que aumenta muito rápido, também abaixa muito rápido quando há
resposta e a inflamação diminui – é uma medida direta de atividade inflamatória aguda

Sinais das células apresentadoras de antígeno, macrófagos: citocinas (interleucinas e TNF) são
enviados para os hepatócitos, para que as proteínas de fase aguda sejam produzidas em grande
quantidade. Em lesão hepática, há menor produção.

Após 4 a 6 horas do estímulo inflamatório já está extremamente aumentada (até 100x), com
pico entre 24 e 72h. Pacientes com doenças inflamatórias crônicas fazem acompanhamento a
cada 6 meses.

Aumentada em processos inflamatórios agudos e crônicos, traumas, infecções bacterianas


(muito elevadas), virais (pouco elevadas, menos que em bactérias) e fúngicas, cirurgias,
queimaduras, infarto, carcinomas – em hospitais, o controle é feito diariamente para
acompanhar, ver se o paciente está respondendo ao tratamento

Valores altos persistentes indicam mau prognóstico, e o retorno ao normal pode acontecer
espontaneamente ou após uso de anti-inflamatórios e conticóides;

Não deve ser interpretada sem história clínica pregressa justamente por não ser específica de
nenhuma doença.

VR: 0 a 6mg/L

Linearidade: 3,2 a 220mg/L

Reações de aglutinação em látex e nefelometria (precipitação com formação de grumo, uma luz
incide sobre o grumo e a luz é menos refletida. É feita uma relação entre controles padrões e a
incidência de luz, podendo então calcular o valor dela)

Indicações:

• Monitorar processos agudos, acompanhar tratamento, avaliar prognóstico/ evolução


• Monitorar reagudização em processos reumáticos (crônicos) a cada 6 meses (como
artrite);
• Artrites, vasculites, doença de Crohn (gastrointestinal) e colite ulcerativa
• Lesão tecidual ou necrose: IAM é complementar ao CK, pico em 12 a 48h após o infarto.
É necessário usar um teste ultrassensível (nefelometria), para avaliar se o paciente está
na iminência de outro IAM
• Em queimaduras, traumatismos, pós cirúrgicos (há dano tecidual e aumento natural da
PCR)
• Em RN: aumento sugere corioamnionite, uma ruptura de membrana, prematura
• Tumores malignos

Avaliar a atividade da doença e monitorar os processos agudos, resposta ao tratamento,


prognóstico, e monitorar reagudização em processos reumáticos;

➔ A PCR na patogênese da DAC (doença arterial coronariana):


o As lesões ateroscleróticas levam a processo inflamatório para formação da
placa, e a PCR pode estar aumentada, então é muito útil no diagnóstico de DAC;
o Útil na classificação de risco de indivíduos saudáveis que tiveram IAM, angina,
AVC de apresentarem novamente
o VR: 0,5 a 0,9ng/dL – não pode usar um método que vai pegar a partir de 6 mg
tem que usar um método ultrassensível, então pode ser feito por nefelometria

Alfa-1-glicoproteína ácida

Usada em substituição a mucoproteínas, que era muito artesanal, com grandes variações

Também dosada por imunonefelometria

Meia vida de 5 dias, usada juntamente com a PCR como marcador de processo inflamatório
(as melhores)

VR: 45 a 140mg/dL (> 140 processo inflamatório agudo)

Aumenta junto com a proteína C reativa, e permanece elevada por períodos mais longos que a
PCR após o fim do processo inflamatório, por isso a PCR é mais útil, pois logo que o processo
inflamatório acaba ela diminui indicando um bom prognóstico para o médico. Já a afa-1 demora
um pouco mais.

Aumentada em artrite reumatoide, lúpus, neoplasia, IAM, traumas, queimaduras, exercícios


físicos intensos (inespecífico, ou seja, aumenta em qualquer processo inflamatório)

Baixa em desnutrição, lesões hepáticas graves, enteropatias com perda proteica (diarreia),
gravidez

PCR é mais sensível pois aumenta e abaixa mais rápido do que a glicoproteína ácida

Alfa-1-antitripsina

Enzimas serinoproteases são produzidas em casos de inflamação e vão auxiliar no dano tecidual,
e a alfa-1-antitripsina é uma proteína que vai então neutralizar tripsina, calicreína, renina,
plasmina, colagenase, elastase, ou seja, vai tentar neutralizar o processo inflamatório;

Função é regular a extensão do processo inflamatório, o grau de lesão tecidual e celular

Aumenta de 3 a 4x o VR, demora de 12 a 24h para aumentar em processo inflamatório, não é


um marcador tão bom

Pode estar muito aumentada em adenocarcinoma e em tuberculose

Diminuída em deficiência genética, insuficiência hepática, deficiência associada ao tabagismo


(em enfisema pulmonar de progressão rápida)

Complemento:

Dosagem de complemento total CH50 ou frações C2 e C3


Níveis baixos: ativação da via clássica ou deficiência de um dos componentes

Reação de hipersensibilidade do tipo 3 – injúria tecidual, deposição de imunocomplexo e fixação


do complemento: nesse caso, com o consumo do complemento, os níveis séricos estarão mais
baixos

Então, pode ser feito uma dosagem do total ou Dosagem das frações C2 e C3 estarão sendo
consumidos

C2: avalia a ativação da via clássica em doenças autoimunes, útil no diagnóstico de lúpus (LES),
e sua deficiência mais comum é heterozigótica

C3: consumo em infecções estreptocócicas – em glomerulonefrite pós estreptocócica, há


diminuição de C3 devido ao consumo, com formação de imunocomplexo e fixação do
complemento, por conta da reação de hipersensibilidade do tipo 3

Níveis mais baixos podem estar presentes em deficiências congênitas

Em geral, níveis baixos estão associados com consumo no local da injúria tecidual

A concentração encontrada reflete do balanço entre a síntese aumentada pelo estímulo da


resposta aguda (também é produzido pelo fígado) X consumo no local da injúria

Marcadores para diagnóstico de artrite reumatoide:

➔ Pede: Proteínas de fase aguda (PCR,...), dosagem de complemento total (CH50 e frações)
e também para diagnóstico da artrite reumatoide;

Fator Reumatoide – FR

É um auto anticorpo contra a porção Fc de IgG – intolerância à própria proteína (autoimune)

Geralmente é desencadeado por gatilhos, como uma infecção viral (CMV, Epstein-Barr, HepC).
Então a infecção viral pode ser um gatilho para que o individuo produza uma IgG/IgM/IgA com
defeito. Então qualquer estimulo antigênico leva a uma deficiência da galactosil transferase
em linfócitos B, essa enzima faz a glicosilação na porção contante da IgG, fazendo com que ela
fiquei “diferente” e se torne imunogênica e começa produzir Na contra essa IgG;

A IgG é produzida com defeito: a enzima galactosil transferase em linfócitos B reduz a


glicosilação que fazia na região constante (Fc) de IgG, tornando-a imunogênica. O estímulo de
um antígeno (gatilho) leva a deficiência da enzima, que então reduz a sua glicosilação

São produzidos anticorpos do tipo IgG, IgA ou IgM contra a IgG defeituosa

A classe IgM é a mais comum produzida contra esse igG humana defeituosa

Então: FATOR REUMATPORIDE É UM AUTOANTICORPO CONTRA A IgG, e o anticorpo mais


produzido contra a IgG própria é a IgM (mais comum).

Métodos de detecção:

Waaler Rose era utilizada, mas muito trabalhosa, baixa reprodutibilidade

Nefelometria: sensível e precisa, mas baixa especificidade, é uma automação da reação de


aglutinação em látex – reação de precipitação (não é um marcador tão bom no início de artrite
reumatoide)

Está presente em 80% dos adultos com artrite reumatoide, mas na fase inicial em apenas 33%
deles, e assim dava muito falso negativo

Também pode dar falso positivo por outros doenças reumáticas como lúpus, poliomiosite,
síndrome de Jogren (tríade com processo articular, boca e olhos secos), infecção viral (hepatite
crônica por exemplo), leishmaniose, malária, bacteriana de forma inespecífica, neoplasia,
hepatopatia

A positividade de fator reumatoide não é confirmativa de artrite reumatóide!!!

O látex é sensibilizado com igG. O soro do paciente com IgM anti igG (isto é, o fator reumatoide),
quando é colocado juntamente com esse látex sensibilizado, ocorre uma reação de aglutinação.

Pode ser usado para diagnótico de artrite reumatoide mas também está aumentado em outras
infecções. Não é o melhor marcador por não ser específico!

Fator reumatoide é um autoanticorpo IgM, IgG ou IgA contra uma IgG.

Como o Fator reumatoide não é tão específico hoje é dosado também: (PAREI AQUI)

Anti- CCP (peptídeo cíclico citrulinado)

➔ Mais específico que o FR - feito em associação para confirmar o diagnóstico de artrite

CCP é peptídeo cíclico citrulinado. O aminoácido arginina sofre deaminação e dá origem a


citrulina. O peptídeo cíclico citrulinado está presente no líquido sinovial, nas articulações e
colágeno. Quem tem artrite reumatoide, produz um anticorpo contra esse peptídeo de citrulina,
e se tornou um marcador muito mais específico.

Hoje em dia é usado em associação com o FR para o diagnóstico de artrite reumatoide, com
especificidade superior a 90%
Elisa: sensível e mais específico que FR por nefelometria; posso fazer imunofluorescência

É um marcador precoce, presente já no início da doença, muito antes de positivar o FR, e por
isso seu peso diagnóstico é muito maior

Positivo em 35% dos portadores de artrite com FR negativo

A proteína C reativa também é feita por aglutinação indireta (pode fazer para anti-CCP, mas
normalmente faz ELISA e FR)

ASLO

Anticorpo anti estreptolisina O

Produto extracelular com atividade enzimática produzido por Streptococcus beta hemolítico do
grupo A (S. pyogenes)

Cocos gram positivos agrupados em cadeia. São responsáveis por grande parte das faringites

Sorogrupo A tem cepas mais patogênicas, e o fator de virulência é a produção de enzima


citotóxica e hemolítica (entre elas a estreptolisina O);

Mecanismo de ação: mimetismo molecular da proteína M com S. pyogenes do grupo A.

Sua parede celular tem mucopeptídeos, camada média com carboidratos e membrana externa
com proteínas M, R e T

A proteína M é muito semelhante estruturalmente à vimetina, proteína presente na válvula


cardíaca. O sistema imunológico gerando anticorpos contra essa proteína, acaba atacando o
coração e causando cardites – reação cruzada

Transmissão da infecção: saliva, secreção nasal e alimentos e contaminação de alimentos;


Apenas a estreptolisina S não é imunogênica. Todo o resto dos produtos extracelulares é
imunogênico, e podem ser produzidos anticorpos contra eles.

A infecção de garganta pode evoluir de forma grave para febre reumática e glomerulonefrite

Microbiologia: padrão ouro a cultura da secreção de orofaringe – método direto

Sorológicos podem detectar antígenos e anticorpos


Detecção de Ag pode ser por aglutinação em látex (teste rápido)

No teste rápido: anticorpos anti polissacarídeos se ligam ao polissacarídeo presente no soro do


paciente e o complexo formado, ligado ao ouro coloidal, dá a cor na linha teste positiva

Posso fazer associação clínica entre infecção aguda ou antecedente por título, pesquisando em
duas semanas diferentes e observando o aumento do título do anticorpo

Devo ter aumento do título em diferentes amostras para identificar infecção aguda
VR: 200UI/mL, em geral de 333 a 500UI/mL

Cada grupo populacional define a sua referência, pois em populações com mais frequência de
infecções, o título pode ser mais alto. Assim, valores acima de 200 ou de 333UI/mL, considero
positivo para ASLO

A população brasileira possui naturalmente níveis elevados de ASLO, indicando cautela na


análise. A valorização do título isoladamente é causa de erro. Deve-se sempre avaliar duas
amostras, comparando a ascensão dos títulos dos anticorpos

Reação de aglutinação indireta em látex é a mais barata, mas a nefelometria é mais sensível

A SLO (estreptolisina O) sensibiliza o látex. Se o soro do paciente tiver o anticorpo ASLO, vai
haver reação e aglutinação.

Por nefelometria, tenho exatamente a quantidade de ASLO que tenho no soro do paciente

Cautela com falsos positivos (tb, doença hepática, hepatite viral,...), analisar história clínica
indicativa de febre reumática

Elisa: detecção de anticorpos contra diferentes enzimas, mas a ASLO e ADNase são as mais
utilizadas

Posso pesquisar todos ao mesmo tempo. Às vezes ASLO da negativo, mas outras enzimas
positivam, aumentando sensibilidade e especificidade – importante associação
Não confundir febre reumática com atrite reumatoide! Febre reumática pode causar sequelas
após uma faringite pregressa, com artrite/artralgia (acomete joelho, tornozelo), cardite
(mimetismo com proteína M), eritema

Mais comum quando o paciente tem faringite e se infecta com cepa que evolui para sequela,
ou quando não há tratamento. Depende de fatores do hospedeiro (genético, genes HLA), do
sorotipo do Streptococcus (alguns tem maior virulência – reumatogênicos) e a resposta imune
(reação cruzada)

É uma manifestação aguda com diferentes espectros: artrite, cardite, eritema,

Vimetina + auto anticorpo contra a proteína M + fixação de complemento (hipersensibilidade


tipo 3) = reação inflamatória que causa cardite, que é silenciosa – manifestação mais grave
Causa dispneia, edema, dor abdominal, taquicardia e sopros cardíacos

A tipo 3 é a que ocorre com a vimetina! Reação cruzada com fixação de complemento e lesão
tecidual

Imunidade com IgA e igG específica anti proteína M

Coreia: debilidade muscular e transtornos emocionais, que desaparecem durante o sono


Diagnóstico diferencial: Artrite autoimune e artrite por infecção por estrepto, entre outras
doenças imunes tem como sintoma uma artrite: diferentes tratamentos – um com anti-
inflamatórios e outro com antibióticos

Exame hematológico inespecífico – não aumenta tão rápido quanto outras proteínas, por isso
não é tão sensível. Importante descartar anemia também para poder interpretar esse VHS;

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