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Materiais de Construção II

Tema II. Materiais Cerâmicos

Introdução ao estudo dos Cerâmicos

O termo cerâmico vem do grego keramikos, que significa matéria prima queimada, indicando que
a otimização das propriedades desses materiais é normalmente atingida através de um processamento
em alta temperatura.

Materiais cerâmicos: sólidos inorgânicos não metálicos especialmente atractivos por sua:
 Estabilidade térmica
 Dureza
 Rigidez
 Baixa densidade
 Resistência ao desgaste
 Resistência mecânica
 Resistência à oxidação e corrosão

Outras características dos materiais cerâmicos


 São constituídos de metais e não-metais unidos por ligações iônicas ou covalentes
 São isolantes e/ou transparentes e não deformáveis
 Possuem estabilidade das ligações químicas relativamente alta;
 Alta temperatura de fusão – em média maior do que a dos metais;
 Duros e resistentes à alteração química – pouco suscetíveis à corrosão;
 Conduzem eletricidade a temperaturas elevadas – maior agitação térmica;
 Características cristalinas e amorfas no domínio do volume

Classes de materiais cerâmicos


O sector cerâmico é amplo e heterogéneo ou que induz a dividi-lo em sectores ou segmentos em
função de diversos factores, como matérias-primas, propriedades e áreas de utilização. Dessa forma,
em geral se adoptam diferentes classificações, uma delas é a seguinte:

Por sua vez também se classificam em:


 Cerâmica vermelha

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 Cerâmica de revestimento
 Cerâmica branca
 Cerâmica refractária
 Cerâmica de alta tecnologia ou Cerâmica de avançada
 Abrasivos

Cerâmica vermelha
Compreende aqueles materiais com coloração vermelha empregados na construção civil (tijolos,
blocos, telha e tubos cerâmicos/ manilhas) e também argila expandida (agregado leve), utensílios
domésticos e adorno. A identificação prove do facto de apresentar óxido de ferro em abundância.

Cerâmica de revestimento
Materiais usados para revestimento de paredes, pavimentos e bancadas tais como azulejos, placas ou
ladrilhos para piso e pastilhas.

Cerâmica branca
Materiais constituídos por um corpo branco e em geral recobertos por uma camada vítrea
transparente. Exemplos:
- Louça sanitária
- Louça de mesa
- Isoladores eléctricos para linhas de transmissão e distribuição
- Utensílios domésticos e adorno
- Cerâmica técnica para diversos fine

Cerâmica refractária
Produto que tem como finalidade suportar temperaturas elevadas.
- São utilizados para revestimentos de fornos, reatores e inúmeros outros equipamentos, com o
objetivo de confinar as altas temperaturas.
- Apresentam estabilidade, tanto física quanto química às altas temperaturas;
- Devem possuir outras propriedades, como: resistência a quente, à abrasão, à erosão, ao ataque
químico por sólidos, líquidos ou gases e às variações bruscas de temperatura.
- Seu emprego se faz necessário em temperaturas acima de 500 ºC.
- Encontram-se numa posição intermediária em termos de desempenho e custos de produção, entre
as cerâmicas convencionais e avançadas.

Cerâmica de alta tecnologia ou Cerâmica de avançada


Estes produtos, que podem apresentar os mais diferentes formatos, são fabricados acordo suas
funções em: electrónica, óptica, química, térmica, mecânica, biológica e nuclear. Como alguns
exemplos, podemos citar: naves espaciais, satélites, centrais nucleares, implante em seres humanos,
aparelhos de som e vídeo, sensores, ferramentas de corte, acendedores de fogão, etc.

Abrasivos
Parte da indústria de abrasivos, por utilizarem matérias-primas e processos semelhantes à cerâmica,
constituem-se num segmento cerâmico.

1. Definição

Chama-se Cerâmica à pedra artificial obtida pela moldagem, secagem e cozedura de argilas ou
misturas contendo argilas. A matéria-prima é a argila.

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Pedras artificiais são materiais que substituem as pedras em suas aplicações ou têm aparência geral
semelhante, mas, podendo ter diversas qualidades completamente diferentes das apresentadas pelas
pedras. As pedras artificiais são feitas de cerâmica ou de cimento.

Argilas são materiais terrosos naturais plásticos, quando misturados com água, adquirem a
propriedade de apresentar alta plasticidade; quando secas, formam torrões dificilmente desagregáveis
pela pressão dos dedos. São compostas de partículas coloidais de diâmetro inferior a 0,005 mm.

Classificação dos solos quanto à granulometria (tamanho dos grãos) para a classificação o solo em:
 Argila: 0 a 0,005mm
 Silte: 0,005 a 0,05mm
 Areia fina: 0,05 a 0,24mm
 Areia média: 0,24 a 1,0mm
 Areia grossa: 1,0 a 4,8mm
 Pedregulho: acima de 4,8mm
No caso de argila e silte, usam-se processos de decantação em laboratório, para a determinação do
tamanho dos grãos.

As argilas podem ocorrer:


— Na superfície da rocha – como resultado da decomposição superficial das mesmas;
— Nos veios e trincas das rochas;
— Nas camadas sedimentares, onde foram depositada por ventos e chuvas.

Denominam-se argilas residuais quando o depósito


é no próprio local onde houve a decomposição da rocha
de origem e argilas sedimentares quando o depósito
fica longe do local onde estava a rocha de origem.

No transporte por água a argila fica


estratificada (Folhelho) e no transporte por vento a
argila fica porosa (Loess).

O depósito natural da argila é chamado


barreira. Para sua exploração é necessário tirar
inicialmente a camada superficial de elevada percentagem de matéria orgânica.

2. Tipos de Matéria-prima.

As argilas são constituídas essencialmente de partículas cristalinas extremamente pequenas,


formadas por um número restrito de substâncias chamadas argilo-minerais.

Argilo-minerais: silicatos hidratados de alumínio, ferro e magnésio com porcentagem de álcalis e


alcalino-terrosos.
Os argilo - minerais são filossilicatos hidratados que se apresentam em forma de cristais muito
pequenos (<4-8µm) em forma de lâminas hexagonais ou fibras. A estrutura cristalina desses
minerais, com poucas excepções, consiste de um arranjo de folhas, formando as camadas, o que
justifica a denominação de silicatos em folhas ou filossilicatos.

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As camadas individuais são compostas de duas, três ou quatro folhas compostas por estruturas
tetraédricas de SiO2 e estruturas octaédricas de brucita [Mg (OH)2] ou gibsita [Al (OH)2].
Formam-se diferentes argilo - minerais dependendo do tipo de combinação destas estruturas.
Graças aos argilo - minerais, as argilas na presença de água desenvolvem uma série de propriedades
tais como: plasticidade, resistência mecânica, retracção linear de secagem e compactação.

Uma argila pode ter um ou mais argilo-minerais. Os principais grupos de argilo - minerais são
basicamente:

— Caulinita (Al2O3.2SiO2.2H2O)
— Montemorilonite [(OH)2 (Al, Mg, Fe)2(Si2O5)2]
— Ilite (K2O.MgO.4Al2O3.7SiO2.2H2O).

A Caulinita é o argilo -mineral mais comummente encontrado nas argilas. A estrutura básica é
Al2O3.2SiO2.2H2O. Argilas constituídas essencialmente pelos argilo - mineral caulinita são as mais
refractárias.

A Montemorilonita é caracterizada por partículas extremamente finas, sua fórmula geral é dada por
(OH)2 (Al, Mg, Fe)2(Si2O5)2. Sua principal característica é a capacidade para absorver moléculas
de água entre as camadas, devido a isto, argilas ricas neste argilo -mineral apresentam uma forte
tendência a causar trincas de secagem, além de apresentar elevada plasticidade.

A Ilita apresenta uma parte do silício substituído por alumínio, além de conter mais água entre as
camadas e ter uma parte do potássio substituído por cálcio e magnésio. Sua composição química
exacta é de difícil determinação devido ao facto de apresentarem sempre contaminação por
impurezas de difícil eliminação. Por terem potássio em sua estrutura, apresentam uma boa
resistência após a sintetização.

Elas são a mistura de substâncias minerais resultante da desagregação do Feldspato das rochas
ígneas, por acção da água e gás carbónico.

Além dos argilo - minerais, as argilas têm suas propriedades definidas em função da presença de
sílica, carbonatos, feldspatos, talco, micas, compostos de ferro e titânio, além de sais solúveis e
matéria orgânica.
A sílica é um mineral cuja composição química contém somente silício na forma de óxido, pode se
apresentar de diversas formas mineralógicas, onde a mais comummente encontrada é o quartzo. O
quartzo é o mineral mais abundante da crosta terrestre. É utilizado para diminuir a plasticidade,
aumentar a permeabilidade da peça à verde e controlar a retracção.
Podemos dizer que o quartzo é o “esqueleto” ou seja, a estrutura da peça cerâmica.

Na sua maioria, os minerais constituintes das argilas são os Silicatos hidratados de alumínio,
finamente divididos, e outros minerais:
- Caulinita (Al2 (Si2O5) (OH)4 ou Al2 O3 .2SiO2 .2H2O) componente majoritário das argilas
de alta pureza;
- Haloisita (Al2 (Si2O5) (OH)4 .2H2O) ou Al2 O3 .2SiO2 .4H2O)
- Pirofilita (Al2 (Si2O5)2 (OH)2) ou Al2 O3 .4SiO2 .H2O)
- Montmorilonita (Na,Ca)0,3(Al,Mg)2Si4O10(OH)2.nH2O)
- Mica (Al2K(Si1,5Al0,5O5)2 (OH)2 )
- Ilita (Al2Mg(Si1,5Al0,5O5)2 (OH)2
- Talco (Mg3(Si4O10)(OH2)).

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Minerais:
-Caulim : minério composto de ilita e quartzo. Apresenta características especiais que permitem
sua utilização no fabrico de cerâmica e outros produtos

-Quartzo (SiO2) é principal componente na fabricação dos vidros e melhora as propriedades das
cerâmicas, como dureza e aspecto vítreo.

O Feldspato e o Quartzo não são argilas, mas são importantes na fabricação das cerâmicas.
Suas partículas variam de 10 a 200 mμ de tamanho (faixa do silte).

-Feldspato (K.Al.Si3O8 )

Montmorilonita

Mica

-Óxido de ferro (FeO), óxido de magnésio (MgO), compostos alcalinos (básicos), calcário
(CaMg( CO3)2) , matéria orgânica e outros estão presentes em maior ou menor grau nos
compostos acima.

A maioria dos minerais não silicatos da natureza, são utilizados como refratários. Exemplo:
-Magnesita (MgCO3): pois é quase impossível fundí-la.

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-Dolomita (CaMg( CO3 )2): refratário para fins diversos; difícil fusão.

-Cromita (FeCr2O4): refratários, vidros, cimentos e outros; difícil fusão

Cromita
3. Tipos de argilas

As características das argilas são:


1. Estrutura cristalina;
2. Composição química dos minerais que são seus constituintes;
3. Natureza e quantidade dos minerais acessórios presentes, resultados da história geológica;
4. As argilas são encontradas na natureza com graus de pureza variáveis; as de baixa pureza podem
ser purificadas, dependendo das necessidades específicas.
5. As argilas de baixa pureza:
- Encontradas em quase todos os lugares;
- Muito usadas na fabricação de tijolos para construção civil;
- Usadas em materiais que não requerem propriedades excepcionais;
- São utilizadas em indústrias simples.
6. As argilas purificadas:
-Para a produção de cerâmica fina (ou avançada), em que as matérias primas devem ser melhor
controladas;
-Beneficiadas por processos mecânicos, físicos e químicos mais elaborados, tais como
peneiramento, flotação e outros;

Águas presentes nas argilas (A água interfere no processo de secagem e cozimento das argilas, bem
como nos efeitos de retração):

-Água livre – que preenche os vazios formados pelos grãos;

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-Água adsorvida – que está unida à superfície dos cristais separando-os e facilitando a
trabalhabilidade no processamento dos produtos cerâmicos e;
- Água de constituição – que forma parte da rede cristalina dos argila – minerais

Então de forma esquemática e com base na sua utilização, podemos ter os seguintes tipos de
argila:

A. Argilas puras
 Argila de cor de cozimento branca (caulinos e argila plástica). É a matéria-prima da
porcelana.
 Argila refractária (caulinos, argilas refractárias e argilas altamente aluminosas);
B. Argilas impuras
 Argila para materiais cerâmicos estruturais:
- Argilas fusíveis ou terra – cotas (contém normalmente óxido de ferro que le conferem, após
da cozedura, as cores vermelha e amarelo também chamadas produtos de barro vermelho)
 Argila para produtos de grés
- Argilas vitrificáveis (contém maior percentagem de sílica livre)

Também se podem classificar as argilas, conforme a maior ou menor quantidade de colóides que
possuem na sua composição. As argilas podem ser:

 Gordas – com grande quantidade de colóides (matéria-prima plástica);


 Magras – com pequena quantidade de colóides (matéria-prima anti-plástica ou
desengordurante).

As argilas magras, devido ao excesso de sílica, são muito porosas e frágeis.

Assim, as argilas gordas são muito plásticas e, devido a alumína deformam-se muito mais no
cozimento.

A matéria-prima plástica tem influência na massa crua conferindo-lhe maleabilidade e poder


coesivo e, devido a alumina, deforma-se muito mais no cozimento.

Como causas da maleabilidade, cita-se:


— Finura das partículas (ø <2μm), dá coesão e escorregamento;
— Forma das partículas, sendo a mais adequada a achatada;
— Forças electroquímicas, que resultam da estrutura cristalina e de outros fenómenos;
— Presença de microorganismos (micróbios);
— Presença de colóides de protecção.

Os desengordurantes influenciam no comportamento da massa durante a cozedura. Relativamente a


matéria-prima anti-plástica, pode dizer-se o seguinte:

— A granulometria é composta de grãos de dimensão superior a 2μm;


— Serve para evitar a grande retracção da argila gorda no processo de secagem e cozedura;
— É matéria para empobrecimento, facilita a evaporação da água (devido a porosidade);
— Os teores de matéria anti-plástica dependem da matéria-prima plástica e do tipo de
desengordurante;
— A adição excessiva de desengordurante conduz a desagregação da massa crua.

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Tipos de Desengordurante:

1º) Quartzo (SiO2) – que se adiciona sob forma de areia;


2º) Feldspato – minerais constituídos por silicatos duplos de Alumínio com Sódio, Potássio e cálcio:
— Feldspato potássico (Ostoclase) – K2O.Al2O3.6SiO2;
— Feldspato Sódico (Albite) – Na2O.Al2O3.6SiO2;
— Feldspato Cálcico (Anorite) – CaO.Al2O3.2SiO2.
3º) Calcário (CaCO3) e Dolomite (MgCO3).
4º) Óxidos de metais (usados para colorir as peças).

Materiais Cerâmicos Tradicionais

Propriedades das argilas

Não existem duas jazidas de argilas iguais, é assim possível obterem-se produtos tão diversificados
como sejam a porcelana e os tijolos, os cerâmicos magnéticos e os combustíveis nucleares. Existem
contudo propriedades que são praticamente comuns a todas elas, sendo fundamentais:
a. A plasticidade;
b. A contracção ou retracção;
c. O efeito de calor;
Tendo como objectivo o estudo dos materiais cerâmicos e mais especificamente os que são usados na
engenharia civil, consideramos de grande importância o conhecimento das propriedades atrás
referidas, para melhor entendimento dos materiais cerâmicos.

a. Plasticidade
As argilas em presença de água, tornam -se moldáveis. Isto deve se á estrutura laminar das argilas.
Esta forma permite a existência, entre duas lamelas, de uma película de água cujo equilíbrio é
facilmente quebrado com aumento da espessura dessa película, podendo as lâminas de argila
escorregar entre si.

Assim, se se juntar água lentamente, a uma argila, verificam-se duas fases:


1. A princípio ela desagrega -se facilmente e,
2. No fim ela torna-se pegajosa.

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A plasticidade depende também do tamanho, formato e comprimento dos grãos e dos outros
materiais, além dos argilo -minerais, que constituem as argilas.

b. Contracção ou retracção

Esta propriedade, manifesta-se por redução de volume por efeito da secagem e da cozedura. Está
intimamente ligada a plasticidade. Todos os fatores que aumentam a plasticidade também aumentam
a contracção

A retracção é proporcional ao grau de humidade e a tensão de capilaridade existente no interior do


pseudo-sólido, variando como é lógico com a composição química da argila (no caulino a retracção é
da ordem de 3 a 11%, nas argilas para tijolos, mais magras, vai de 1 a 6% podendo no caso de argilas
de grande plasticidade atingir os 20 %).

c. Efeitos do calor sobre as argilas

A maior importância do efeito do calor sobre as argilas, reside na secagem e na cozedura de peças já
preparadas, operação na qual se dão as transformações de estrutura e composição, responsáveis pelas
suas propriedades finais.

Estas propriedades finais variam com a natureza da peça mas são, na sua generalidade, o brilho, a
cor, a porosidade, a resistência a flexão, resistência ao gretamento, a altas temperaturas, ao ataque de
agentes químicos, etc.

Descreveremos a seguir os fenómenos ocorridos numa argila quando sob o efeito do calor.

1. Entre 20 e 150º C elimina-se a água livre, mecânica ou de amassadora, não eliminada totalmente
na secagem e a absorvida do meio ambiente;
2. Até em torno do 200º C dá-se a eliminação da água coloidal (água intercalada entre as pequenas
partículas depois da secagem)
3. Entre 350 e 650º C dá-se a combustão de substâncias orgânicas contidas na argila e a dissociação
de compostos sulfurosos;
4. Entre 450 e 650º C dá-se a decomposição dos minerais de argila propriamente ditos, com
libertação de água de constituição;
5. Próximo á 700º C, iniciam-se as reacções químicas da sílica e da alumina com elementos
fundentes, formando silico –aluminatos complexos que dão ao corpo cerâmico características
como dureza, estabilidade, resistência física e química, etc. Atinge-se assim o início da
sintetização e surge a cerâmica propriamente dita.
6. Acima de 1000 º C os silico –aluninatos começam a amolecer, dando ao corpo maior dureza,
compacidade e impermeabilidade, com contracção considerável. Dá -se assim a gresificação
característica das porcelanas e dos “grés”.

A qualidade de um artigo cerâmico, em termos comparativos grosseiros, depende da quantidade de


vidro formado quando sujeito a altas temperaturas. Esta quantidade é grande nas porcelanas e
mínima nos tijolos.

4. Fabricação dos Cerâmicos

Na indústria da cerâmica os processos de fabrico são tão variados quanto os produtos. Há desde os
mais rudimentares, como na produção de telhas e tijolos em olarias, até aos mais sofisticados, em

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modernas instalações. A pesar desta diversidade constata se a existência de 3 etapas fundamentais do
processamento:
1. Preparação das misturas
2. Conformação ou moldagem
3. Processamento térmico
Com mais detalhe de maneira geral, a fabricação dos materiais cerâmicos obedece as seguintes fases:

— Selecção e extracção do Barro (matéria prima);


— Preparo da matéria-prima;
— Moldagem;
— Secagem;
— Cozimento. Esmaltado (si corresponde)
— Esfriamento

1º) Selecção e extracção do Barro

A exploração de uma jazida de argila deve ser feita tendo em vista um estudo completo das
características do material, do volume que se poderá dispor e das próprias características da jazida.

No estudo de exploração de uma jazida deverão ser considerados os seguintes factores:

- Localização da jazida (em relação à industria e ao centro consumidor).


- Características geológicas da argila, que determinarão os tipos de equipamentos mais
adequados para sua extracção.
- Remoção da camada superficial do solo vegetal.
- Formação da jazida (homogeneidade do material, disposição das camadas, etc.).
- Topografia do local.
- Profundidade máxima a ser alcançada na exploração.

Seguindo o raciocínio exposto, e sabendo onde e como se encontram as argilas, iremos caracteriza-
las, pensando já na sua possível aplicação.

Cada tipo de cerâmica requer um tipo próprio de barro. Assim sendo, antes de mais nada deve-se
proceder a escolha do barro porque, o teor em argila, a composição granulométrica, a profundidade
da barreira, a humidade e diversos outros factores, influem no resultado a obter.

A importância do tipo de barro é tal que muitas vezes as indústrias preferem barreiras localizadas a
grandes distâncias da fábrica (que são localizadas ou instaladas onde há abundância de energia,
transporte e mão-de-obra).

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Extracção do barro

2º) Preparo da matéria-prima

Extraída, a argila (barro), deve ter preparação para a indústria.

Segue-se sempre o que se chama de apodrecimento da argila. Ela é levada para depósitos ao ar
livre, onde é revolvida sumariamente e passa por um período de descanso. Tem por função principal
a fermentação das partículas orgânicas que também ficam coloidais, aumentando a plasticidade. O
apodrecimento também serve para corrigir o efeito das pressões sobre a argila.

Conforme a exigência, também é feita a eliminação de impurezas grosseiras e maior classificação,


o que se consegue por levigação, sedimentação, centrifugação, flotação, e outros.

Segue-se a formação da pasta propriamente dita que se inicia pela maceração, continua com a
correcção e termina com o amassamento.

— A maceração é feita para se obterem grãos finos e com isso maior plasticidade e melhor contacto
entre os componentes. A argila é colocada em caixas, onde é revolvida por força humana (com pás,
picaretas, etc.), ou por animais que fazem girara as pás no interior da massa.

— A correcção é feita para dar a argila a constituição que se deseja. Por exemplo, para se obter a
cerâmica fina, deve-se lavar, deixar sedimentar e depois filtrar, eliminando-se por este processo os
grãos graúdos.

— O amassamento serve para preparar a argila para a moldagem. Conforme o tipo de barro e o tipo
de moldagem, é usada ou não água. Ela é feita por processos manuais ou mecânicos.

Conforme a indústria são usadas mais ou menos máquinas para desenvolver algum tipo de
tratamento.
Há por exemplo: desagregadores (para quebrar os torrões duros),
cilindros (para quebrar pedras),
moinhos (para moer),
marombas (cilindros horizontais ou verticais no interior dos quais pás ou hélices,
para homogeneizar a mistura, para levar a moldagem).

3º) Moldagem

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É a operação pela qual se dá a forma desejada a pasta de cerâmica.

Há 4 tipos de moldagem e o uso de um ou de outro processo dependo do tipo e característica da


matéria-prima, do formato e constituição do produto acabado e do tipo de forno a ser empregado:

— Moldagem com pasta fluida (com 30 a 50% de água) – é o chamado processo barbotina. A
cerâmica é dissolvida em água e a solução, vertida em moldes porosos de gesso. Depois da deposição
a água é absorvida e a argila adere as paredes. Quando seca a peça se retrai e se descola.
É o processo usado para porcelanas, loiças sanitárias, peças para instalação eléctrica e peças de
formato complexo.

— Moldagem com pasta plástica mole (com 25 a 40% de água) – é o processo mais antigo, em que
a cerâmica, bastante pastosa, é moldada em moldes de madeira ou no torno de oleiro.
A pasta é colocada à mão, sobre o molde recoberto de areia. Os produtos ficam com uma camada
superficial áspera. É usada para vasos, tijolos brutos, pratos, chávenas, etc.

— Moldagem com pasta plástica consistente (com 20 a 35% de água) – é usada a extrusão, que
consiste em forçar a massa a passar, sob pressão, através de um bocal apropriado, formando uma fita
uniforme e contínua. Depois a coluna é cortada no comprimento desejado.
É usual para tijolos, tijoleiras, tubos cerâmicos, telhas e refractários.

— Moldagem a seco ou semi-seco (com 4 a 10% de água) – é feita por prensagem (de 5 a 700Mpa),
moldando-se a argila quase seca.

Muitas vezes se faz passar primeiro a argila por extrusão, formando tijolões, que posteriormente são
pulverizados e depois moldados por prensagem.

Os produtos são de qualidade muito boa, pois não há bolhas, e a quantidade de água usada é mínima,
dado que, as propriedades mecânicas de uma argila são inversamente proporcionais à
quantidade de água usada na sua plastificação.
É usada para ladrilhos, azulejos, refractários, isoladores eléctricos e para tijolos e telhas de superior
qualidade.

Embora com vantagens da simplicidade das operações, da produção em massa e da redução do


tempo de secagem, exige capital inicial elevado e renovação constante das matrizes, e é limitado a
formatos adequados.

4º) Secagem

Após a moldagem, pode permanecer ainda 5 a 35% de água. Se a argila for levada ainda húmida ao
forno, haverá fendilhamento pela criação de tensões internas na superfície da peça.

A secagem pode levar 3 a 6 semanas para as argilas moles ou até 1 semana para as argilas rijas,
quando feita ao ar. Se não feita de maneira uniforme, resulta em distorções na peça.

A secagem resulta em retracção da peça e, consequentemente, em deformação, se não for bem


conduzida.

Há 4 processos básicos de secagem:

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— Secagem natural – é o processo comum nas olarias, mas é demorado e exige grandes superfícies.
Ela é feita em extensos telheiros, ao abrigo do sol e com ventilação controlada.

— Secagem por ar quente-húmido – o material é posto em secadores onde recebe ar quente com
bastante humidade, até que desapareça a água absorvida. Ai recebe só ar quente para perder a água
de capilaridade. Com isso as deformações são mínimas.

— Secagens por túnel – as peças são colocadas em pequenos vagões, que percorrem lentamente a
extensão dum túnel no sentido de menor para maior temperatura (40 a 150 oC).

— Secagem por radiação infravermelha – é muito cara e usual para peças delgadas e de precisão.
Dá alto rendimento e pouca deformação.

5º) Cozimento

É a operação mais importante da fabricação da cerâmica, onde, ocorrem reacções químicas


diversas dependendo da temperatura alcançada, da velocidade de aquecimento e resfriamento,
atmosfera ambiente, tipo de forno, combustível usado, etc.

O principal cuidado na cozedura deve ser o de dar uniformidade de calor ao forno, senão umas peças
ficarão mais queimadas do que as outras. Outro cuidado deve ser o de se obter a temperatura ideal
exacta.

Para cerâmica de melhor qualidade, o usual é que o material vá 2 vezes ao forno:


1ª Para obter o biscoito e
2ª Para obter o vidrado
Evitando-se o emprego de temperaturas muito altas de uma só vez e, para fixar o vidrado sem a
acumulação da humidade interior.

O cozimento é feito em fornos contínuos e intermitentes. Os segundos apresentam muitos


inconvenientes, como o elevado consumo de combustível e de mão-de-obra e o desgaste da estrutura
devido às variações sucessivas de calor e frio, que desgastam as parcelas; apresentam, todavia, a
vantagem de custo de instalação pequeno e facilidade de execução.

Os tipos mais usados de fornos são:


o Os de Meda,
o Intermitente comum,
o Semicontínuo,
o Intermitente de chama invertida,
o De muflão,
o Combinado,
o De cuba,
o De Hoffmann e
o De túnel.
A cozedura realiza se em quatro operações distintas:

Enformar Cozer Arrefecer Desenformar

6º) Esfriamento
Deve ser lento para evitar trincas, empenamentos e outros defeitos.

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Assim, como é nociva a entrada directa para a cozedura também é nociva a saída directa, daí que,
uma vez atingido o pico das temperaturas se realize o processo inverso.
O forno possui sistemas de refrigeração que provocam um arrefecimento lento e gradual. O
arrefecimento é, em grande parte, o responsável pela resistência mecânica.

Uma vez atingido o 570º (aproximadamente) no período pós-cozedura, ficam estabelecidos; a


transformação do quartzo, bem como as dimensões definitivas e o comportamento real da matéria.

4. Produtos Cerâmicos para a construção civil

Trataremos unicamente dos materiais cerâmicos correntes, daqueles com que o Engenheiro Civil e o
Arquitecto encontram todos os dias.

Podemos então dividir estes materiais, quanto à sua estrutura externa em:

Vidrados e Não vidrados

E quanto à sua estrutura interna e a textura de sua massa, se classificam em:

Porosos e Não Porosos

Materiais porosos – são produtos macios, riscam-se facilmente, bafejados cheiram a barro e quando
tocados com a língua esta cola-se-lhes. Na cozedura não há vitrificação. Têm uma fractura
(característica que apresenta o material ao ser quebrado) porosa, áspera e de aspecto terroso.
Exemplos:

 Produtos de barro vermelho (tijolos, telhas, ladrilhos, peitoris e mosaicos),


 As faianças (produtos de ornamentação).
 Produtos refractários (tijolos para revestimento de chaminés e fornos)

Também dos produtos Vidrados ou gessificados: ladrilhos, tijolos especiais, manilhas, drenos e
condutos.

Materiais não -porosos ou compactos – são duros, dificilmente riscáveis e não há aderência da
língua quando molhados, pois, são cozidos até a vitrificação. Têm uma fractura compacta, fina e de
aspecto vítreo. A cozedura é levada até a vitrificação (silicato de sódio) e por vezes melhorada com
uma pintura superficial (cloreto de sódio a 1200oC). Nestes produtos não pode existir o óxido de
ferro (FeO), por este não permitir a vitrificação. Exemplo:
 Grés cerâmico e porcelanas.

1) Tijolo

Material de barro vermelho. É obtido de uma argila comum com areia silícios e óxido de ferro. A
constituição do produto é a seguinte: 25 a 35% de Caulino, 30 a 70% de quartzo (areia siliciosa) e 5 a
10% de óxido de ferro (FeO).

Os tijolos são cozidos a temperaturas na ordem dos 800 a 900oC. A moldagem é com pasta plástica
consistente, em máquinas de fieira por extrusão e eventualmente pode ser feita com pasta plástica
mole. A secagem é natural podendo ser artificial aproveitando-se o calor do forno.

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Existem dois (2) tipos de tijolos comuns: tijolo furado e tijolo maciço (cheio ou burro). Há tijolos
especiais (armados e prensados).

Os tijolos devem ser deixados cortar com facilidade pela colher do pedreiro, apresentando então
fractura plana com grão fino e apertado, e com cor tão uniforme quanto possível entre o miolo e a
superfície.

Ao se partirem as peças devem dar um som límpido característico de bom cozimento. Deve-se cuidar
também que não tenham muitos pedaços de pedras, cavidades, excesso de areias ou argamassas na
sua massa.

Tijolos comuns maciços

- Regularidade de forma e igualdade de dimensões


garantindo uniformidade no assentamento;
- Arestas vivas e cantos resistentes;
- Homogeneidade da massa, com ausência de
fendas, trinca, cavidades e corpos estranhos;
- Cozimento parelho, produzindo som metálico
quando percutido com o martelo;
- Facilidade de corte, apresentando fartura de grão
fino, homogénea e de cor uniforme;
- Resistência à compressão suficiente para o fim proposto;
- Absorção de água compreendida entre 8 % e 25%;

Os tijolos maciços usam-se em alvenarias e paredes capazes de suportar cargas. Os tijolos assim
como todos os materiais cerâmicos não resistem a flexão.

Tijolos comuns furados

Usam-se essencialmente para a construção de paredes preenchendo espaços entre elementos


estruturais embora por vezes, com certas limitações, também se empregam com funções resistentes.
Por outro lado, forma paredes duplas exteriores com função de isolador higro -térmico.

Os tijolos devem ter certa porosidade para facilitar a aderência das argamassas de assentamento e
revestimento. Eventualmente há elementos compostos próprios para isso, devendo a absorção ser
menor 25%.

Os índices de resistência a compressão variam entre 5 a 60 Kg /cm2. O


ensaio de compressão dos tijolos é feito sempre após 24 horas de imersão e
água, para se levar em consideração o efeito da humidade nas paredes.

Tratando-se de tijolos furados, eles devem ser partidos ao meio, justapostos


com uma camada fina de argamassa de cimento e areia e a carga deve ser
aplicada normalmente aos eixos dos furos.

Devem ter dimensões equivalentes aos tijolos maciços para permitir


intercâmbio entre eles.

Vantagens sobre os tijolos maciços

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 Fabricados em marombas a vácuo, apresentam aspecto mais uniforme, arestas e cantos mais
firmes, faces planas e melhor esquadrejados;
 Menor peso por unidade de volume aparente;
 Dificultam a propagação de humidade;
 Melhor isolante térmico e acústico.

Tijolos Especiais Furados

- Elementos de vigue tas ou lajes mistas;


- Peças resistentes: para vigas ou lajes;
- Peças redutoras de peso: material de
enchimento;
- Peças de complementação: para vigas e lajes.

O peso específico aparente, em média, é de 1,7 kg/dm3 para os tijolos maciços e 1,1 kg/dm3 para os
furados. Além da diferença de peso, os tijolos furados também têm a vantagem de maior
isolamento térmico e acústico.

2) Telhas

O processo de fabrico das telhas é praticamente o mesmo que dos tijolos. O barro deve ser mais fino
e homogéneo, nem muito gordo nem muito magro, a fim de ser mais impermeável e sem grande
deformação no cozimento.

_ Devem ter regularidade de forma e dimensões;


_ Arestas finas e superfícies sem rugosidades;
_ Homogeneidade da massa, com ausência de trincas, fendas.
_ Cozimento parelho;
_ Fraca absorção de água e impermeabilidade;
_ Peso reduzido;
_ Resistência mecânica à flexão adequada, mesmo na condição saturada de água.
Exemplos:

A moldagem varia, podendo ser feita por extrusão, seguida de prensagem ou directamente por
prensagem. As prensas são geralmente rotativas onde a massa é colocada no molde, seguindo-se um
giro da mesa rotativa e então a massa é comprimida, mais outro giro e a telhada é retirada. Faz-se em
fluxo contínuo.

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A secagem deve ser mais lenta que para os tijolos, e para diminuir a deformação. O cozimento é feito
nas mesmas temperaturas e tipos de fornos que os tijolos.

Existem dois tipos de telhas: as planas e as curvas. As telhas planas são do tipo Marselha e pesam
2 kg por unidade e são necessárias 15 por m2 de cobertura.

O barro para telha Marselha possui duas classificações conforme sua resistência a uma carga
aplicada no seu centro estando esta sobre três (3) apoios:

1ª Categoria – resistência mínima de 85 kg e


2ª Categoria – com resistência mínima de 70 kg.

Assim sendo, uma telha deve resistir bem ao peso de um homem médio, apoiada nas extremidades,
sendo este um processo para avaliar a qualidade do momento de recebimento.

Portanto, as telhas devem ser feitas com o maior cuidado que os tijolos, ter menores deformações,
ser mais compactas, mais leves e tão impermeáveis quanto possível.

O controlo expedito da impermeabilidade é feito construindo sobre ela um anel de argamassa, no


interior do qual se põe água até 5 cm de altura (é o método alemão). Uma telha boa, em 24 horas não
deixa passar humidade, esta só aparecerá após 48 horas e sem gotejamento.

Normalmente se exige que a absorção seja inferior a 18%, mas, convém registar que as telhas têm a
sua impermeabilidade aumentada com o tempo, isso se deve ao facto de que os poros se obturam
com poeira depositada.

As telhas devem ser lisas para deixar escorregar facilmente a água e impedir a proliferação de
musgos. É importante também que não tenha sais solúveis na sua massa.

3) Mosaicos

Na realidade são tijolos de pequena espessura usados em pavimentações e revestimentos. Por isso,
existem desde os tipos porosos, comuns, até aos tipos prensados. Costuma se chamar tijoleira
quando se trata de cerâmica comum e ladrilho quando se trata de cerâmica prensada.

As tijoleiras são fabricadas em diversos tamanhos, mas os usuais são os quadrados e rectangulares e
lisos. Há também peças especiais para arremates: peitoris, pingadeiras, etc. Geralmente tem 2cm de
espessura.

Os ladrilhos devem ter na face inferior, rugosidades e saliências para aumentar a fixação. Como são
muito vitrificados não aderem bem. Essa vitrificação é comummente aumentada com uma pintura de
silicato ou óxido entre duas cozeduras. Geralmente tem 5 a 7 mm.

4) Refractários

São cerâmicas que não fundem mesmo a altas temperaturas. Por convenção internacional, são
aquelas que não se deformam abaixo de 1520oC, São consideradas ainda altamente refractárias
quando não se deformam abaixo de 1785oC. Além dessa resistência térmica devem ter estabilidade
de volume, resistência mecânica e química.

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É feita com argila refractária, ou seja, argila pobre em cal ou óxido de ferro. Essas argilas podem ser
de diversos tipos: sílico -aluminosas, a luminosas, siliciosas, magnésica, cromático, dolomítica, etc.

As peças refractárias devem ser feitas com grande cuidado exigindo geralmente uma correcção
acurada, no que é feita com o pó do mesmo material.
A prensagem deve ir a altos índices para diminuir o máximo de porosidade, pois, se houver bolhas, o
calor as dilatará, esboroando a peça.
O cozimento vai até cerca de 2500oC.
Tem uma cor branco-sujo característica, com pontos pretos devido ao carbono que geralmente
acompanha a argila apropriada.

São fabricados em diversas formas, mas as comuns são os tijolos maciços e especiais, para chaminés
e abobadas. É importante quando for usada ter terra refractária para o assentamento (um forno de
tijolo refractário deve ser assentado com argamassa refractária, obtida com mesma argila do
cimento).

5) Grés Cerâmico

Há dois tipos distintos de cerâmica de alta vitrificação: o grés cerâmico e a porcelana (louça)
também chamada faiança. A diferença entre elas, na qualidade, está na textura interna. Os materiais
de louça embora impermeáveis na superfície são mais porosos no interior; os materiais de grés
cerâmico têm textura quase compacta.

Consoante a matéria-prima se encontre na natureza ou resulte de correcção de argilas com


composição química aproximada, o grés dizem-se naturais ou artificiais. É importante que estas
matérias-primas contenham os feldspatos indispensáveis à sua utilização

Os materiais de grés cerâmico são fabricados com argila bastante fusível, até 15% de óxido de ferro.
Isso lhes dá a cor vermelha comum, embora essa cor possa variar desde o branco acinzentado até ao
vermelho carregado.

A pasta não pode ser lavada, para não dissolver aquele material e por isso há dificuldade de se
encontrar barro apropriado, já naturalmente limpo, sem torrões de areia ou organismos vivos. Como
esse barro é muito fusível, é marcante a vitrificação, o que o torna impermeável. Mas bem dai grande
deformação dando peças de refugo.

Nos tubos de grés o vidrado é obtido por dois (2) processos:


1) A imersão, após a primeira cozedura, em um banho de água com areia silicosa fina com
zircão. No recozimento, esta mistura vitrifica-se.
2) Lançamento de sal de cozinha, no forno, a grande temperatura (cerca de 1200oC). Ela se
volatiliza formando uma película vidrada de silicato de sódio. É o processo mais comum.
A moldagem é feita em máquinas semelhantes às usadas para os tijolos (extrusão) com fieiras
apropriadas. A pasta desce por gravidade até a mesa, onde existe um molde para o bocal, que pode
ser feito a posterior, com moldes de madeira. Na outra extremidade devem ter ranhuras para
aumentar a aderência de argamassa de reajustamento.

Fabricam-se condutas duplas, triplas, etc., de secção quadrada ou rectangular, de alta ou baixa
vitrificação. São fabricadas além das peças rectas, peças de conexão e de desvio semelhantes a peças
de ferro fundido.

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As manilhas para instalações de água devem ter boa impermeabilidade, sendo estabelecida pelas
normas uma absorção -limite de 10% na média, ou 12% individual. Devem, também, resistir a
pressão de 0,7 kg/cm2 durante 2 minutos ou 2,0 kg/cm2 instantânea, sem humidade. Além disso,
devem suportar uma determinada compressão que varia com a bitola (diâmetro interno da manilha).

Ladrilhos de grés cerâmico

São peças importantes para utilização em pavimentos de laboratórios, por resistirem bem ao ataque
de ácidos, e em corredores de grande circulação por resistirem bem ao desgaste.

Também chamados de vitrocerâmicos, são ladrilhos que se apresentam com massa quase vitrificada,
mais compactos que a cerâmica vermelha, menos brancos que a faiança. Também são feitos com
argila de grés, porém sem o alto teor de ferro que têm as manilhas.

_ Moldados por prensagem;


_ Cozimento entre 1250 oC e 1300 oC;
_ Geralmente de coloração vermelha, mas podem ser coloridos com pigmentos;
_ Resistentes a ácidos e ao desgaste.

Como são mais raros os jazigos, e o material é de qualidade superior, neste tipo de ladrilho
geralmente é feita a esmaltarão na face aparente, de maneira semelhante às louças. Há inúmeras
formas, desenhos e cores.

6) Porcelana

São produtos cerâmicos (em cuja composição química sobressai o caulino), obtidos por cozedura a
altas temperaturas de misturas cuidadas, formadas à custa de substâncias plásticas, anti-plásticas e
fundentes.

Utilizadas no fabrico de loiças sanitárias e mosaico porcelanas, obtêm a sua forma por prensagem
mecânica (mosaico) e por sistema de barbazinha.

Os artigos de porcelana são feitos com pasta de argilas brancas (caulino quase puro), dosadas com
exactidão, que dão produtos duros, especiais, de granulometria fina e uniforme, com superfície
normalmente vidrada.
A característica básica do caulino para pós de louça deve ser a ausência de ferro (FeO). Fundentes
como quartzo e feldspato;
Há quatro (4) tipos básicos de louça:
 Calcária (de mesa, artística),
 Feldspática (louças sanitárias e azulejos),
 Mista e
 De talco.
O grande problema da sua fabricação é o vidrado: geralmente apresenta coeficiente de dilatação
diferente do da massa, resultando num travamento comum. Além disso, não ficam muito
homogéneos, variando a cor e espessura do vidrado, dando a impressão de ondulações na superfície.

O tipo de material para vidrado deve variar de acordo com a temperatura em que será cozida a peça.
O vidrado é aplicado após uma primeira cozedura, seguindo-se então o recozimento, quando se
transforma em vidro.

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Azulejos

São placas de louça, de pequena espessura, vidrados numa das faces, onde levam corante. A face
posterior e as arestas não são vidradas, e até levam saliências para aumentar a fixação das
argamassas de assentamento e reajustamento.

A moldagem é feita a seco e o cozimento e o cozimento se dá a 1250oC. O vidrado é feito com uma
pintura, geralmente obtida com óxido de chumbo, areia finíssima de grande fusibilidade, calda de
argila e, conforme o caso, corante.

O azulejo comum tem, usualmente, 15x15 cm, precisando-se de 45/m2. Existem também os de 10x10
cm. No concernente à superfície, são ditos lisos, chama lotados ou em relevo. Quanto às arestas, são
ditos de quinas rectas, biseladas ou boleadas.

Pastilhas

São fabricadas pelos processos dos azulejos e têm normalmente 2,5x2,5 cm, ou medidas múltiplas
dessas. São vendidas coladas a folhas de papel, para facilitar a colocação. Esse papel é depois
retirado por lavagem com água levemente ácida. Há pastilhas que não são vidradas, bem como
pastilhas de vidro.

Exemplo dum interior revestido por materiais cerâmicos

Atualmente a cerâmica é objeto de intensa pesquisa tendo em vista o aproveitamento de várias das
propriedades físicas e químicas de um grande número de materiais, principalmente a
semicondutividade e a supercondutividade

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