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CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE

FACULDADE CNECISTA DE CAPIVARI - FACECAP

PEDAGOGIA

A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO DA


CRIANÇA

RUANA GATTI

Capivari, SP
2012
CAMPANHA NACIONAL DAS ESCOLAS DA COMUNIDADE

FACULDADE CNECISTA DE CAPIVARI - FACECAP

PEDAGOGIA

A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO DA


CRIANÇA

Monografia apresentada ao Curso de


Pedagogia a FACECAP/CNEC Capivari, para
obtenção do título de Pedagogo, sob a
orientação da Profa. Me. Elizaete da Costa
Arona.

RUANA GATTI

Capivari, SP
2012
FICHA CATALOGRÁFICA

G263i

Gatti, Ruana

A importância da música no desenvolvimento da


criança/Ruana Gatti. Capivari- SP: CNEC, 2012 39p.

Orientadora: Profª Me Elisaete da Costa Arona

Monografia apresentada ao curso de Pedagogia.

1. Desenvolvimento 2. Música. 3. Criança. I. Título II


Faculdade Cenecista de Capivari.

CDD. 371.5
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho de conclusão de curso, aos meus familiares, ao meu namorado Carlos, á
minha orientadora Elizaete, aos meus colegas de classe e a todos os professores do curso de
Pedagogia da Faculdade de Cenecista de Capivari.
AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus, primeiramente, por me conceder esta oportunidade e por ter me


dado muita força e sabedoria para a realização deste trabalho.

Agradeço também a toda minha família que me apoiou nesta incrível jornada. Ao meu
namorado Carlos pelo carinho, pela atenção e por todas as vezes que precisei de sua ajuda.

Aos meus colegas de classe, que estiveram sempre presentes em todos os momentos,
tanto nos mais difíceis como nos mais engraçados.

À minha orientadora Elizaete por toda atenção, dedicação e paciência, durante todos
os nossos encontros, para que este trabalho fosse realizado.

Agradeço a todos os professores do curso de Pedagogia, por terem influenciado direta


ou indiretamente na construção deste trabalho.
Aquarela - TOQUINHO

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo


E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo.
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva,
E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva.

Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel,


Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu.
Vai voando, contornando a imensa curva Norte e Sul,
Vou com ela, viajando, Havai, Pequim ou Istambul.
Pinto um barco a vela branco, navegando, é tanto céu e mar num beijo azul.

Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená.


Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar.
Basta imaginar e ele está partindo, sereno, indo,
E se a gente quiser ele vai pousar.

Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida


Com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida.
De uma América a outra consigo passar num segundo,
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo.

Um menino caminha e caminhando chega no muro


E ali logo em frente, a esperar pela gente, o futuro está.
E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar,
Não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar.
Sem pedir licença muda nossa vida, depois convida a rir ou chorar.

Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá.


O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar.
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia, enfim, descolorirá.

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo (que descolorirá).


E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo (que descolorirá).
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo (que descolorirá).
GATTI, Ruana. A Importância da Música no Desenvolvimento da Criança. Monografia de
Conclusão de Curso de Pedagogia da Faculdade Cenecista de Capivari – CNEC. 39p. 2012.

RESUMO

O objetivo deste trabalho é mostrar a influência da música nas diferentes fases do


desenvolvimento da criança, como o cognitivo, o motor e o afetivo. Apresenta também a
música como uma linguagem de expressão dentro das escolas e das salas de aula,
proporcionando às crianças, o conhecimento e a valorização da própria cultura e da cultura
que as rodeia. A partir da idéia de transformar o ambiente escolar em um lugar mais alegre,
transmitindo para a criança a sensibilidade de conhecer os vários gêneros musicais e apreciar
a diversidade do som. Espera-se que esta pesquisa possa auxiliar os professores sem formação
musical, através das informações trazidas tanto para o desenvolvimento da criança como para
as contribuições dentro e fora da escola, lembrando que existem muitas questões importantes
a serem trabalhadas com a mesma no desenvolvimento da criança, sejam elas escolares ou
sociais. Para tal foi desenvolvida uma pesquisa de campo com alguns professores que atuam
com a música na rede pública de um município do interior de São Paulo.

Palavras-chave: 1. Desenvolvimento. 2. Música. 3. Educação.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..................................................................................................................09

1. As fases do desenvolvimento da criança.......................................................................12

1.1 O desenvolvimento Cognitivo a partir do trabalho musical...................................12

1.2 O desenvolvimento Motor......................................................................................14

1.3 O desenvolvimento Afetivo....................................................................................16

1.4 A influência das diferentes culturas musicais estimuladas no espaço

Escolar...........................................................................................................................17

2. A influência da música no desenvolvimento infantil.....................................................21

3. Experiência de docentes com a música no espaço escolar............................................27

3.1 A implantação do ensino da música no espaço escolar...........................................27

3.2 Os benefícios da música na Educação escolar........................................................28

3.3 Pesquisa com professores de música da rede municipal de Capivari.....................29

CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................36

Referências..........................................................................................................................38
INTRODUÇÃO

A música é uma linguagem universal, que está entre os homens desde a antiguidade.
Segundo Bréscia (2011, p.25), “na Grécia Antiga, a música estava presente em todas as
manifestações da coletividade, tanto nas festas religiosas como nas profanas”.
Hoje, a música continua presente em nosso meio de diversas formas e mesmo sons do
cotidiano podem ser usados para compor uma música, como o canto dos pássaros, o vento e
até mesmo o som da água.
Dentre tantos significados que damos à música, não podemos deixar de lado os efeitos
que esta proporciona como sentimento, emoção, provocação, parte de cada um de nós, pois o
poder que a música exerce sobre nós é indiscutível. Quem nunca se emocionou ouvindo um
som romântico e prazeroso, que invade nossas lembranças tocando todo o nosso interior? E
como se ainda não bastasse, quando ouvimos um som alegre e agitado, sentimos vontade de
expressar a alegria e nosso corpo reflete a vontade de dançar e se mover.
Se para os adultos a música proporciona e provoca sensações distintas, para as
crianças isso não é diferente. As crianças também sentem as vibrações do universo musical.
Desde cedo as crianças são expostas a diversos sons e ritmos. Isso acontece desde o
momento em que estão no ventre de suas mães, permanecendo no decorrer de suas vidas.
Durante as diversas fases do desenvolvimento das crianças, assim como o
desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo, a música pode influenciar de forma positiva,
contribuindo para o desenvolvimento da criatividade, das expressões corporais e artísticas, da
memorização e para a aprendizagem das crianças.
O comportamento social e afetivo pode ser estimulado com música, beneficiando as
relações no âmbito escolar, tirando aquele aspecto de um lugar repleto de regras e
transformando a escola em um ambiente mais alegre e receptivo fazendo com que as crianças
se sintam mais a vontade no ambiente de aprendizagem.
A LDB- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional faz ser obrigatório o ensino
de arte na educação básica. Em seu art. 26 § 2º “O ensino da arte constituirá componente
curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o
desenvolvimento cultural dos alunos”. (BRASIL, 1996).
Sendo assim, a aprovação da lei 11.769 em 18 de agosto de 2008, dispõe a
obrigatoriedade do ensino de música nas escolas de educação básica. (BRASIL, 1996).

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Sabemos da importância da música como conceito histórico, social, psicológico e
cultural. Essa mesma importância, em especial, podemos colocar no convívio das crianças que
são beneficiadas em seu desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e ainda levam a influência
da música para o seu dia a dia e principalmente para o ambiente onde muitas delas passam a
maior parte do tempo à escola.

A função da música – tal como a da arte – repousa no sentido de proporcionar um


tipo de autoexpressão livre. De fato, tem ela sido denominada “disciplina de
expressão”. Enriquece a vida da criança por meio das oportunidades que lhe oferece
para participar dos sentimentos de outros e expressar seus sentimentos a outros,
enquanto observa, ouve, executa e cria. Como disciplina socializadora, tem também
grande valor. (BRÉSCIA, 2011, p.86).

Os educadores, diante de sua missão de transformar vidas por meio do conhecimento,


podem inserir a música em suas aulas através de brincadeiras, jogos, parlendas, acalantos,
entre outros meios valorizando o uso da música além de hábito frequente encontrado nas datas
comemorativas, sem muito sentido no que estão fazendo.
Para isso os professores não precisam ser mestres em música, eles devem ter a
sensibilidade e o interesse em aguçar na criança o gosto para os vários gêneros musicais,
valorizando a cultura onde a criança está inserida e o que ela traz de experiência musical para
dentro da escola.
O trabalho com música tem muito a oferecer tanto para as crianças quanto para o
educador, pois é através dela que as crianças se sentem mais à vontade no ambiente escolar,
desenvolvendo e interagindo com os colegas, descobrindo suas próprias identidades e se
inserindo cada vez mais na sociedade em que vive.
Desta forma, esta pesquisa pretende estudar as seguintes questões: Pode a música
influenciar no desenvolvimento da criança? Estão os professores da rede preparados para
ensiná-la?
Este trabalho se justifica à medida que, para muitos, a música não passa de uma
simples palavra com sentidos ou significados banais. Porém, em minha experiência com
música pude ver a diferença que ela causa em nossas vidas através de aulas de violão e até
mesmo em aulas de danças em que pude conhecer vários gêneros musicais. Isso fez com que
eu me apaixonasse por música não necessariamente em tocar instrumentos, mas sim em
valorizar e sentir a música como algo que está em nosso meio e nos oferece tantos benefícios.
O objetivo deste trabalho é mostrar a influência da música nas diferentes fases do
desenvolvimento da criança, como o cognitivo, o motor e o afetivo. Apresenta também a

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música como uma linguagem de expressão dentro das escolas e das salas de aula,
proporcionando às crianças, o conhecimento e a valorização da própria cultura e da cultura
que as rodeia.
Como metodologia esta pesquisa apresentará uma revisão bibliográfica apoiada em
diversas obras e também em uma pesquisa de campo em que relata o comportamento e o
conhecimento dos professores sobre a música para assim utilizá-la nas atividades de sala de
aula.
Em meio a esse assunto esta pesquisa tratará no primeiro capítulo das fases do
desenvolvimento da criança assim como o desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e a
influência das diferentes culturas musicais estimuladas no espaço escolar.
O segundo capítulo mostrará a influência da música no desenvolvimento da criança, e
o terceiro capítulo trará uma pesquisa de campo em que relata o comportamento e o
conhecimento dos professores sobre a música para assim utilizá-la em atividades de sala de
aula da rede pública de uma cidade do interior de São Paulo. Para tal aplicou-se um
questionário de forma mista, onde foram utilizadas perguntas abertas e também fechadas.

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1. AS FASES DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA.

O desenvolvimento de uma criança esta muito além do que estamos habituados ver. A
criança não se desenvolve apenas em seus aspectos físicos e intelectuais, ela está em constante
desenvolvimento. Cada etapa do crescimento de uma criança, ou seja, a cada idade, ela
apresenta um comportamento diferente, tanto o emocional, quanto o social e o intelectual.
Os adultos e os educadores, precisam estudar e compreender o comportamento de
cada criança, pois as mudanças que vão ocorrendo com as mesmas não podem ser deixadas de
lado. A criança precisa do outro para se desenvolver e o adulto ajuda-a na resolução dos
problemas que vão surgindo durante as fases do desenvolvimento.
Durante uma atividade envolvendo música, por exemplo, a criança pode desenvolver a
sensibilidade, a criatividade, imaginação, atenção, a movimentação e inclusive a socialização.

Todos os aspectos do desenvolvimento estão intimamente relacionados e exercem


influência uns sobre os outros, a ponto de não ser possível estimular o
desenvolvimento de um deles sem que, ao mesmo tempo, os outros sejam
igualmente afetados. (WEIGEL, 1988, p.13).

O desenvolvimento da criança se dá em todos os momentos e espaços de sua vida,


começando pela família onde acontece seu primeiro contato social e vai se alastrando pela
escola e por qualquer outro espaço social que ela percorra.
Mesmo cada criança tendo seu próprio ritmo de desenvolvimento e sendo estimulada
de formas diferentes, ela vai se socializando, ou seja, vai interagindo com seu meio,
descobrindo o seu mundo próprio e o mundo que a rodeia.
Assim, é importante ressaltar as fases do desenvolvimento infantil, como o cognitivo,
motor e o afetivo, das seguintes formas.

1.1 O desenvolvimento cognitivo a partir do trabalho musical

A fase do desenvolvimento cognitivo começa com reflexos, que com o passar do


tempo vão se tornando pequenas ações. Durante o desenvolvimento as crianças passam a
interagir com o meio, começam a criar movimentos mais complexos, passam a perceber que
um objeto quando sai de sua visão não deixa de existir e já começam a construir uma
representação mental ou simbólica do meio em que vivem.

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Fontana (1997, p.45) descreve que na concepção piagetiana, “conhecer é organizar,
estruturar e explicar a realidade a partir daquilo que se vivencia nas experiências com os
objetos do conhecimento”.
O desenvolvimento cognitivo, ou o desenvolvimento da inteligência, forma um
período muito importante na vida de uma criança. Nesse período, o processo de pensamento
ajuda a criança a compreender os fatos que acontecem à sua volta, durante o seu dia a dia.
A teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner pode contribuir também para
esta questão da influência da música na inteligência da criança. Para Gardner (1995, p.21),
“Uma inteligência implica na capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que são
importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural”.
Uma das inteligências múltiplas apresentadas por Gardner é a inteligência musical que
implica em observar e avaliar as habilidades que a criança tem em manter os tons e os ritmos
musicais, o interesse em aprender tocar instrumentos e reconhecer determinadas canções.

Figura 1: < http://bibliblogue.wordpress.com/2012/05/05/6-mitos-sobre-o-cerebro-humano-2-por-teresa-alves-soares/ (2012).

Gardner (1995) descreve que inicialmente a inteligência se expressa em grande


potencial a partir da interação genética e ambiental.
Para facilitar ainda mais o desenvolvimento cognitivo da criança, podemos oferecer a
ela um ambiente rico onde, através de situações, oportunidades e estímulos favoráveis à sua
idade, ela possa se desenvolver intelectualmente de uma forma ampla e dinâmica,
considerando que cada criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento.

O individuo livre, que constrói a sua personalidade através do trabalho e do


desenvolvimento da sua inteligência, alcançará a sua independência, a sua
autonomia para poder dirigir a sua vida, escolhendo o caminho que melhor lhe
aprouver, para que possa conseguir bastar-se a si próprio. (ANGOTTI, 2003, p.28).

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Os atributos que a música oferece podem auxiliar na riqueza dos estímulos para o
desenvolvimento da criança. Dessa forma, a convivência das crianças com atividades
musicais, como tocar, ouvir, apreciar e imitar favorece o desenvolvimento do conhecimento e
o intelectual.
A partir dessas atividades, a criança desenvolve sua acuidade auditiva, começa
acompanhar os movimentos, os gestos e também o ritmo. Entrelaçando a música com o
desenvolvimento das crianças, as mesmas se tornam mais atentas, sendo assim, elas vão
pouco a pouco descobrindo suas capacidades, sua cultura e começam a estabelecer relações
com o meio em que vivem.
Sendo assim, Gardner (1995, p.23) defende que as “evidências de várias culturas
apoiam a noção de que a música é uma faculdade universal. Os estudos sobre o
desenvolvimento dos bebês sugerem que existe uma capacidade computacional “pura” no
inicio da infância. Finalmente, a notação musical oferece um sistema simbólico acessível e
lúcido”.
Partindo deste contexto, é possível observar que a inteligência e a imaginação das
crianças não têm limites e podem ser estimuladas durante seu desenvolvimento.

1.2 O desenvolvimento motor

Outra fase do desenvolvimento da criança é o desenvolvimento motor que, assim


como os outros desenvolvimentos, é contínuo, acompanha a criança durante toda a vida.
Para Gallahue, “desenvolvimento motor: Alterações progressivas do comportamento
motor, no decorrer do ciclo de vida, realizadas pela interação entre as exigências da tarefa, a
biologia do indivíduo e as condições do ambiente”. (2001, p.25);
O movimento e o ritmo são dois fatores indispensáveis quando falamos a respeito do
desenvolvimento motor da criança. As crianças criam o ato de se mover ainda no ventre de
suas mães e com o passar do tempo, elas vão desenvolvendo as diferentes habilidades de
movimento propriamente dito. A criança está o tempo todo em movimento, seja para pedir
algo que deseja durante uma brincadeira ou até mesmo nas práticas esportivas.
Conforme Weigel (1988, p.14), “O movimento/atividade é condição principal da vida
da criança, pois sem movimento ela enfraqueceria física e mentalmente”.
É de extrema importância salientar o papel do ritmo também no desenvolvimento
motor da criança, pois assim como o movimento, o ritmo não acontece sozinho. O ritmo faz

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fluir o movimento e vice-versa. Para Piccolo (1995, p.59), é importante valorizar o “ritmo do
movimento na criança: ver e perceber, pois ritmar é dar forma ao movimento”.
Quando vemos crianças brincando, pulando, correndo, girando, batendo palmas,
podemos observar o desenvolvimento motor de cada uma e como elas se movimentam.
Alguns acompanham o ritmo dos movimentos mais rápidos e outros mais devagar.
Sendo assim, segundo Bréscia (2011, p. 23) “Relaciona-se com o desenvolvimento
motor da criança (por exemplo: cantar, acompanhar o ritmo com as mãos, os pés e
movimentos de todo o corpo, tocar instrumentos)”.
Em questões como essa, podemos incluir entre movimento e ritmo, outro fenômeno
chamado música. A música oferece uma combinação entre o movimento e o ritmo. A partir
dessa combinação, a criança começa desenvolver ainda mais seus processos motores e suas
expressões corporais.

Figura 2: <http://www.aulasdemusica.com.br/sp/blog/a-musica-e-o-desenvolvimento-da-crianca>: (2012).

A combinação da música, do ritmo e do movimento faz com que a criança desenvolva


várias habilidades e, se o ritmo de uma determinada música for acelerado, o movimento da
criança será mais rápido, mas se o ritmo da música for lento, o movimento da criança será
mais devagar.
Sendo assim, segundo Snyders (2008, p.82), a música “nos agarra, sacode, invade, até
impor-nos um determinado jeito de ser”. Assim, podemos ver os efeitos que as combinações
com música causam no desenvolvimento motor da criança.
Os movimentos motores também significam as expressões das emoções, onde a
criança começa a formar os equilíbrios mentais, ou seja, seu sistema nervoso.
O contato das crianças com a música faz com que aconteça uma descarga emocional,
onde elas colocam para fora toda tensão do corpo e também da mente.

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E, no entanto, a capacidade de usar o próprio corpo para expressar uma emoção
(como a dança), jogar um jogo (como num esporte) ou criar um novo produto (como
o planejamento de uma invenção) é uma evidência dos aspectos cognitivos do uso
do corpo. (GARDNER, 1995, p.24).

No convívio com as crianças, notamos que uma é mais ativa que a outra, por isso cada
uma tem sua própria forma de se expressar o que estão sentindo ou pensando, seja através de
danças, cantos ou qualquer outra forma que elas encontram.
Assim elas desenvolvem cada vez mais a coordenação motora que reflete no decorrer
da vida de cada criança, acompanhando o movimento e o ritmo a que estão expostos.
Segundo Weigel (1988, p.15). “Sempre que a coordenação motora se desenvolve, a
expressividade rítmica melhora. E a criança que tem boa expressividade rítmica terá
favorecida a sua coordenação motora”.

1.3 O desenvolvimento afetivo

Quando citamos a palavra afetividade, pensamos logo em classificá-la como carinho,


amor, ternura, alegria ou qualquer outro sentimento relacionado a emoções positivas.
Mas não, se pararmos para refletir a própria palavra afetividade, podemos perceber seu
significado como algo que nos afeta.

As emoções, assim como os sentimentos e os desejos, são manifestações da vida


afetiva. Na linguagem comum costuma-se substituir emoção por afetividade,
tratando os termos como sinônimos. Todavia, não são. A afetividade é um conceito
mais abrangente no qual se inserem várias manifestações. (GALVÃO, 2005, p.61).

Sendo assim, a afetividade pode ser sentimentos ou emoções tanto positivas como
negativas. Ambos, os sentimentos e as emoções, afetam qualquer indivíduo seja ele adulto ou
criança.
A alegria, a tristeza, a raiva ou a ansiedade são também sentimentos afetivos que se
manifestam através das nossas expressões faciais, corporais e também através dos
comportamentos.
O processo do desenvolvimento afetivo na criança é marcado pela fase onde ela
começa a construção da sua própria identidade e, partindo disso, ela passa a interagir com o
seu meio e a controlar suas emoções.

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Segundo os estudos de Galvão sobre as teorias de Wallon, “Com base nas suas
competências e necessidades, a criança tem sempre a escolha do campo sobre o qual
aplicar suas condutas. O meio não é, portanto, uma entidade estática e homogênea,
mas transforma-se juntamente com a criança”. (GALVÂO, 2005, p. 39,40).

Podemos então incluir as contribuições da música para o desenvolvimento afetivo da


criança, pois através dela, a criança passa ter mais condições e oportunidades de interagir com
outras crianças.
Através de uma brincadeira ou de uma cantiga de roda, por exemplo, a criança começa
a se soltar, a expressar o que está sentindo em meio aos conflitos que poderão surgir, ou se
emocionar partindo de determinadas cantigas destacando, também, as possibilidades das
trocas de ideias e experiências que surgem.

Figura 3: <http://duminhas.blogspot.com.br/ > (2012).

Segundo Weigel (1988, p.15), ao “participar de um grupo com a mesma finalidade,


como um grupo musical, a cooperação se tornará mais constante e começará a se formar, em
cada criança, a consciência do “nós”.
Partindo das diversas formas de entrelaçar a música com o desenvolvimento afetivo da
criança, podemos notar as manifestações das emoções que começam aflorar em cada criança,
fazendo com que ela se liberte, se expresse, se sinta realizada e capaz de interagir com o outro
e com o meio em que se está inserida.

1.4 A influência das diferentes culturas musicais estimuladas no espaço escolar

A influência da música no desenvolvimento da criança já é valorizada pelo PCN


(Parâmetros Curriculares Nacionais) ao descrever que: “A diversidade permite ao aluno a
construção de hipóteses sobre o lugar de cada obra no patrimônio musical da humanidade,

17
aprimorando sua condição de avaliar a qualidade das próprias produções e as dos outros”.
(BRASIL, 2001, p.75).
A música propriamente dita, além de beneficiar várias fases do desenvolvimento da
criança, também resgata a cultura do país, da criança e até mesmo a cultura da própria música,
que muitas vezes acaba sendo esquecida.
Ressaltamos aqui a Lei nº 11.769/08, que alterou a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996, LDB, para disponibilizar a obrigatoriedade do ensino de música na educação básica.
(BRASIL, 2008).
A aprovação desta lei foi uma grande conquista para o país na área da educação
musical dentro das escolas. Mas nem sempre a introdução da educação musical é feita de
forma correta dentro das escolas e das salas de aula. A maioria das escolas faz o uso da
música apenas nos dias de comemorações como o dia das mães, dos pais ou até mesmo na
época da festa junina.
Trabalhando a educação musical dessa forma, faz com que a criança comece a perder
o interesse por tal atividade proposta, pois ela fica sem entender quais os objetivos que os
professores estão querendo alcançar. Na festa junina, por exemplo, as crianças começam a
ensaiar um mês antes da festa uma determinada música, sem entender o porquê. Assim como
a aprendizagem, podemos dizer que a música também se torna mecânica, pois:

[...] continuamos apenas cantando canções que já vêm prontas, tocando instrumentos
única e exclusivamente de acordo com as indicações prévias do professor, batendo o
pulso, o ritmo etc., quase sempre excluindo a interação com a linguagem musical,
que se dá pela exploração, pela pesquisa e criação, pela integração de subjetivo e
objetivo, de sujeito e objeto, pela elaboração de hipóteses e comparação de
possibilidades, pela ampliação de recursos, respeitando as experiências prévias, a
maturidade, a cultura do aluno, seus interesses e sua motivação interna e externa.
(BRITO, 2003, p.52).

Ainda seguindo o exemplo da festa junina, podemos trabalhar com a proposta de


apresentar primeiramente à criança a música caipira, sua origem, sua cultura, a vida de alguns
compositores da música caipira, fazendo com que as crianças passem a conhecer outras
culturas e outros gêneros musicais, tornando interessante o fato de se trabalhar e ensaiar para
a festa junina.
Sendo assim, além da música contribuir para o ambiente escolar, tornando-o mais
alegre e receptivo, ela também contribui para o desenvolvimento da criança dentro da escola.

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O educador deve explorar esse fenômeno em suas aulas, apresentar para os alunos
músicas que se relacionam com o conteúdo que vai trabalhar ou que está sendo trabalhado, o
que pode ajudar os alunos na recordação de alguns conteúdos e disciplinas.
A escola e o educador juntos devem trazer para dentro da instituição e das salas de
aula diversos gêneros musicais, diversos estilos, proporcionando às crianças momentos de
reflexão onde eles possam analisar as músicas apresentadas, fazendo com que eles possam
expor suas opiniões e se tornem cada vez mais críticos.
Assim, podemos dizer também que, por serem crianças, elas não precisam ficar presas
apenas às músicas infantis, que muitas vezes são padronizadas e não permitem que o
conhecimento das crianças seja feito de uma forma mais rica.
De acordo com o RCNEI (Referenciais Curriculares Nacionais de Educação Infantil,
BRASIL, 1998, p. 65), “As canções infantis veiculadas pela mídia, produzidas pela indústria
musical, pouco enriquecem o conhecimento das crianças”.
O universo da música oferece um repertório muito vasto e rico em canções
instrumentais e vocais, fazendo com que a sensibilidade da audição da criança se desenvolva
de uma forma que ela consiga perceber os sons dos diversos instrumentos, a entonação de
determinadas vozes, como suave, aguda ou grave. Além disso, o educador não deve deixar de
lado a oportunidade que tem de trabalhar de uma forma lúdica através da improvisação que as
crianças podem fazer relacionadas a partir de canções apreciadas por elas mesmas, dando
valor para músicas de diversas regiões do país, explorando a cultura musical de cada uma
delas.
Segundo o documento RCNEI (BRASIL, 1998, p. 65), “As crianças podem perceber,
sentir e ouvir, deixando-se guiar pela sensibilidade, pela imaginação e pela sensação que a
música lhes sugere e comunica”.
Entre tantas formas, a música trabalhada de forma correta dentro do âmbito escolar
pode influenciar, e muito, a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças.
Se tratando de cultura é claro que não se pode deixar de fora a cultura que a própria
criança traz para dentro da escola, seja de uma brincadeira, de uma canção ou até mesmo de
uma dança. Para Weigel (1988, p.20). “Ao ser incentivada a mostrar os brinquedos cantados,
as cantigas de roda que já conhece, a criança se torna mais receptiva a outras propostas
musicais”.

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Dessa forma a descoberta começa ser feita de uma forma divertida, onde cada criança
assimila aquilo que ela já conhece com o que acaba de conhecer, aumentando seu repertório
musical e cultural.

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2. A INFLUÊNCIA DA MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

A música e os diversos tipos de sons influenciam a criança desde muito cedo. No


ventre de suas mães e também a partir do momento em que nascem, através da voz dos pais
ou dos familiares, as canções que lhes são apresentadas, enfim nós vivemos em um universo
musical.
Os bebês, por exemplo, com seus balbucios fazem sons para expressar o que estão
sentindo ou o que estão querendo. Com o passar do tempo a criança vai se desenvolvendo
musicalmente, tornando efetivo o reconhecimento das vozes que a rodeia.
Para Bréscia (2011, p.64), “numerosos autores afiançam que o diálogo musical entre
mãe e bebê, que muitas vezes são menosprezados, é de fato indispensável para um
desenvolvimento sadio”.
No decorrer da infância, que é também um momento onde a criança começa a se
conhecer melhor, a desenvolver seu senso crítico, sua identidade, seu lúdico, ela começa então
a se socializar e a interagir com o outro dependendo, muitas vezes, dos adultos para ajudá-la
na construção do seu mundo. Sendo assim, entendemos que:

Toda ação humana envolve a atividade corporal. A criança é um ser em constante


mobilidade e utiliza-se dela para buscar conhecimento de si mesma e daquilo que a
rodeia, relacionando-se com objetos e pessoas. A ação física é necessária para que a
criança harmonize de maneira integradora as potencialidades motoras, afetivas e
cognitivas. (BRASIL, 1997, p.49).

Durante a infância podemos ver vários meios de se trabalhar com a música. Através
dos acalantos, das cantigas e também das parlendas, podemos fazer com que as crianças
comecem a sentir e aprender a gostar de música.
Muitas cantigas são passadas de geração em geração, como o “Boi da cara preta”,
“Nana neném”, “Ciranda cirandinha”, entre outras, canções que escutamos quando criança e
as repetimos durante a vida para outras crianças.
Além das cantigas, durante a infância a criança vai, dia a dia, explorando seu meio,
conhecendo os sons que ele oferece, seja por um brinquedo musical ou também pela
descoberta do som de simplesmente batucar uma caixa ou uma garrafa, bater as mãos, ou
qualquer outro som descoberto por ela mesma.
Partindo desses sons a criança já começa a produzir suas próprias “músicas”. Ela
começa sentir, refletir, perceber e experimentar os sons criados por ela mesma.

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Ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos rítmicos,
jogos de mãos etc., são atividades que despertam, estimulam e desenvolvem o gosto
pela atividade musical, além de atenderem a necessidades de expressão que passam
pela esfera afetiva, estética e cognitiva. Aprender música significa integrar
experiências que envolvam a vivência, a percepção e a reflexão, encaminhando-as
para níveis cada vez mais elaborados. (BRASIL, 1998, p.47).

Neves (2012) defende que nessa fase a criança também consegue reproduzir as
cantigas ouvidas com versos incompletos, fora do tom e ritmo bem acentuado. Já com três e
quatro anos, ela consegue reproduzir pequenas melodias simples, aperfeiçoando o controle da
voz e da linguagem. Ela também aprende a dramatizar as canções, participando e
memorizando inúmeros jogos cantados e começa a se interessar por instrumentos rítmicos.
De acordo com o autor, pode-se citar também que a criança com cinco e seis anos já
passa ter os movimentos dos membros superiores e inferiores mais sincrônicos, onde começa
o surgimento do equilíbrio rítmico e a descoberta da curiosidade para experimentar os sons da
bandinha rítmica.
Como citado anteriormente, e seguindo o mesmo autor, as etapas variam de criança
para criança, lembrando que cada uma tem seu próprio tempo de desenvolvimento e
amadurecimento.
O universo musical que está em torno da criança é muito vasto. Podemos partir
também do momento de contar uma histórica para criança, onde se pode trabalhar o faz-de-
conta e, como fundo ou como auxílio, introduzir canções, para que a mesma possa se
expressar com mais facilidade.
Para Brito (2003, p.161), quando as crianças estão “ouvindo e, depois, criando
histórias, elas estimulam sua capacidade inventiva, desenvolvem o contato e a vivência com a
linguagem oral e ampliam recursos que incluem o vocabulário, as entonações expressivas, as
articulações, enfim, a musicalidade própria da fala”.
A questão da escolha das canções pode ser feita através do repertório que a própria
carrega consigo, partindo da comunidade, da cidade onde mora, ou também partindo da
cultura de sua família e da sociedade onde vive.
Porém é importante que conheçam músicas significativas para seu desenvolvimento e
aprendizagem, deixando um pouco de lado as músicas apresentadas pela mídia, que por sinal
atualmente não parecem oferecer benefícios para o desenvolvimento infantil.

22
A cultura infantil é muito rica, a criança consegue transformar o que traz de bagagem
de seu meio e ainda faz de um momento de interação uma troca perfeita de experiência com
outras crianças.

Mediante a pesquisa em livros, meios audiovisuais e, principalmente, pelo contato


direto com grupos, sempre que possível pelo canto, pela dança, pela representação,
estaremos ampliando o universo cultural e musical e estabelecendo, desde a primeira
infância, uma consciência efetiva com relação aos valores próprios da nossa
formação e identidade cultural.(BRITO, 2003,p.94).

Seguindo de acordo com a autora Brito (2003), é importante conhecer e preservar


nossas tradições musicais e também conhecer, explorar e respeitar a cultura dos outros povos
e seus recursos musicais.
Outra forma que a música tem de influenciar a criança, é partindo do desenvolvimento
da sua acuidade auditiva, do seu saber apreciar, por exemplo, os sons que a natureza oferece.
É importante expor a criança a lugares ou ambientes que elas consigam decifrar o som da
água correndo, o canto dos pássaros, o som do vento soprando entre as árvores, os sons
causados pelo trânsito, pois eles também não deixam de produzir seus sons.

Os sons que nos cercam são expressões da vida, da energia, do universo em


movimento e indicam situações, ambientes, paisagens sonoras: a natureza, os
animais, os seres humanos e suas máquinas traduzem, também sonoramente, sua
presença, seu “ser e estar”, integrando ao todo orgânico e vivo deste planeta.
(BRITO, 2003, p.17).

Em contato com outros ambientes a criança passa a perceber o que ela também escuta
e não somente o que ela enxerga gerando assim outra influência em seu desenvolvimento.
Outro ambiente que não pode ficar de fora deste assunto, é o “ambiente escolar”,
principalmente na educação infantil. Como citado anteriormente, na educação infantil é o
momento da criança construir sua identidade, promover ainda mais seu desenvolvimento
cognitivo, motor e também o afetivo, fazendo com que a criança passe a interagir e a se
socializar com outras crianças, percebendo a diversidade entre elas.
Segundo Weigel (1988, p.15), “as atividades musicais coletivas favorecem a
autoestima, bem como a socialização infantil, pelo ambiente de compreensão, participação e
cooperação que podem proporcionar”.
Se tratando do ambiente escolar, citamos o poder que a música exerce sobre as
crianças. Na educação infantil a música age de uma forma mais integradora, onde a criança

23
passa a conhecer melhor a si mesma e aos outros, se socializando com o ambiente e com os
demais colegas.
Para Weigel (1988, p.11), “De modo geral a pré–escola visa incentivar o
desenvolvimento da criança nos aspectos cognitivos, linguísticos, psicomotores e sócio -
afetivos, ao mesmo tempo em que garante a aquisição de novos conhecimentos”.
Sendo assim a educação infantil se responsabiliza por vários processos de
desenvolvimento na vida da criança, além é claro do desenvolvimento da aprendizagem, o
processo de escolarização.
O estímulo que a música provoca nas crianças, contribui para que o conhecimento
caminhe de uma forma mais divertida. Elas passam ter mais criatividade, mais facilidade ao
se expressar e descobrem a comunicação social, que dentro das instituições de ensino o
interesse pela aprendizagem aumenta cada vez mais.
No Ensino Fundamental a criança entra em um estágio mais complexo, onde a
aprendizagem começa ser mais cobrada, os professores começam a exigir um comportamento
mais sério e passa a exigir também um bom rendimento escolar.
As crianças nessa fase começam achar os estudos cansativos e repletos de regras em
questão como esta, podemos falar que a música entra como um recurso, fazendo com que as
crianças fiquem mais tranquilas e que possam obter uma melhor aprendizagem.
Assim, no Ensino Fundamental, a música age de uma forma mais profunda,
trabalhando mais o desenvolvimento das expressões corporais e artísticas e também com o
estímulo dos reconhecimentos de diversos sons, aprendendo sobre tudo a disciplinar as
diversas emoções que surgem com o passar do tempo.

O trabalho com a música, no Ensino Fundamental, possibilita uma variedade de


modos de percepção e sensações do aluno na sua relação com o mundo, através dos
recursos expressivos de que dispõe o seu organismo para a comunicação e o
conhecimento do mundo em que ele vive. (BRÉSCIA, 2011, p.78).

Podemos aqui fazer uma comparação entre escolas que fazem o uso da música e as
que não fazem. Percebemos logo no início que a escola que faz o uso da música transparece
ser uma escola mais alegre, os alunos se sentem mais a vontade, mais tranquilos, não ficam se
prendendo às cobranças escolares.
O ambiente escolar pode usar a música, por exemplo, na hora da entrada, durante,
antes ou depois de algumas atividades, na hora do lanche, da higiene e até mesmo na hora da
despedida na escola. Com a utilização da música dessa forma, a criança se sente estimulada a

24
realizar determinadas atividades, mas sempre com o cuidado de não deixar que tanto a música
quanto as atividades se tornem mecânicas e repetitivas.

É muito importante brincar, dançar e cantar com as crianças, levando em conta suas
necessidades de contato corporal e vínculos afetivos. Deve-se cuidar para que os
jogos e brinquedos não estimulem a imitação gestual mecânica e estereotipada que,
muitas vezes, se apresenta como modelo as crianças. (BRASIL, 1998, p.59).

Explorar dentro da escola os mais variados gêneros musicais aumenta o repertório


musical das crianças e as alegrias na aprendizagem e no desenvolvimento. Damos maior
importância para a influência da música no desenvolvimento da criança no espaço escolar,
pelo fato de ser o lugar onde as crianças passam a maior parte da infância e juventude.
No âmbito escolar, uma peça fundamental que não pode falhar é o professor que,
muitas vezes, aplica atividade sem fundamento, sem objetivos a alcançar.
As ações do professor nas atividades com música são muito valiosas, pois é ele quem
ensina, observa, avalia, é ele quem da vida às suas aulas e desperta na criança o interesse pela
aprendizagem.
Os educadores devem levar mais em consideração os interesses das crianças, o que é
mais importante, do que focar apenas nas atividades planejadas. Sendo assim, o professor
deve ficar atento às necessidades dos alunos e criar atividades musicais que despertem a
alegria e o interesse em aprender.

Na arte musical, como educação, o que conta é o processo educativo, ou seja, o


professor deve procurar favorecer a vivência de atividades rítmicas e musicais, sem
preocupações com resultados imediatos.
A ação do professor irá variar de acordo com o momento e o clima da turma: ora
provocando situações novas, ora atuando como catalizador dos interesses
emergentes ou dispersos, mas que possam ser aproveitados para levar a criança a se
expressar musicalmente. (WEIGEL, 1988, p.21).

Existem na escola outras ações para trabalhar a música, como a atividade com
interpretação onde a criança pode interpretar e reproduzir uma obra musical, indo além do
processo de imitação.
Seguindo a interpretação de obras musicais, podemos citar a improvisação que a
criança pode fazer partindo de um determinado texto, tema ou pensamento. Com essa ação a
criança tem o poder de se expressar e de criar uma música através do improviso relacionado
com as suas ideias.

25
A composição também contribui para esses trabalhos, pode se pedir para a criança
criar outras letras de canções já conhecidas, assim elas partem para uma atividade de criação
livre trabalhando e explorando aquilo que elas já conhecem.
Outro meio de trabalho é a improvisação, onde a criança além de interpretar e compor,
ela aprende a improvisar letras de músicas.
Segundo o RCNEI (1998, vol. 3, pág. 57), “Os jogos de improvisação são ações
intencionais que possibilitam o exercício criativo de situações musicais e o desenvolvimento
da comunicação por meio dessa linguagem”.
A apresentação de diversos instrumentos musicais pode aguçar ainda mais a
curiosidade e a sensibilidade das crianças. Pode se apresentar para elas os instrumentos dos
mais antigos até os mais sofisticados. Ou também trabalhar com a produção de diversos
instrumentos.
Para Brito (2003, p. 69), “Construir instrumentos musicais e /ou objetos sonoros é
atividade que desperta a curiosidade e o interesse das crianças”.
Assim, percebemos que uma ação leva à outra, e a partir da construção de diversos
tipos de instrumentos, pode-se trabalhar também com os atributos dos sons.
Ao trabalhar atividades que envolvem a tonalidade, como a altura do som, se é grave,
média ou aguda, a intensidade sendo fraca ou forte, a duração se é curta ou longa e também o
timbre que é o que nos ajuda a diferenciar os instrumentos das vozes, as crianças serão
estimuladas a perceber as características musicais e terão oportunidades de deixar fluir a
criatividade.
De acordo com Brito (2003, p.46), “A educação musical não deve visar a formação de
possíveis músicos do amanhã, mas sim a formação integral das crianças de hoje”.
Então devemos trabalhar com a música de uma forma que a mesma influencie no
desenvolvimento da criança, fazendo com que elas se interessem por músicas, pelos vários
gêneros musicais, pelas diferentes culturas partindo delas ou não, explorando sobre tudo o
trabalho de colocar as crianças em situações de interação com seu meio e com o outro.
Deixamos claro que o objetivo não é formar músicos, mas sim formar crianças autônomas e
críticas, com um fator rico de desenvolvimento influenciado pelas maravilhas da música.

26
3. EXPERIÊNCIA DE DOCENTES COM A MÚSICA NO ESPAÇO
ESCOLAR

3.1 – Implantação do ensino da música na educação

No Brasil a música teve várias influências, como a dos negros que se dedicavam à
música nos casarões onde moravam para esquecer-se da dureza dos trabalhos escravos. Outra
importante influência foi a dos índios que utilizavam a música em festas de casamento ou até
em preparação para a caça e para a guerra.
Já a influência europeia foi uma das mais intensas na educação, teve como destaque os
portugueses que contaram com a ajuda dos jesuítas que usaram principalmente a música para
a pacificação dos índios. (COTRIM, 1975-77).

Os índios aprenderam músicas religiosas, algumas danças europeias bem como tocar
alguns instrumentos musicais.
Em São Paulo, no colégio Piratininga, o padre José de Anchieta escreveu pequenas
peças teatrais para os índios interpretarem. Nestas peças a música era presença
indispensável. (COTRIM, 1975-77, p. 136).

E foi desta forma que os jesuítas conseguiram a pacificação dos índios ganhando tanto
as crianças como os adultos. E partindo dessas influências foram se instalando no Brasil
músicos europeus, trazendo com eles seus conhecimentos o que contribuiu para a expansão
musical em nosso país, produzindo as mais variáveis culturas musicais. (COTRIM, 1975-77)
Nos meados do século XX, o maestro e compositor Heitor Villa Lobos implantou nas
escolas brasileiras o Canto Orfeônico, com o objetivo de impor ideias e valores cívicos e
morais, a pedido do então presidente da república Getulio Vargas. (BRÉSCIA, 2011).
Projeto desenvolvido com a ajuda do educador Anísio Teixeira na década de 1930,
impondo o canto orfeônico como uma disciplina obrigatória em todos os currículos escolares.
(BRÉSCIA, 2011).
No entanto no ano de 1961, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB)
cria a Educação Musical, substituindo o canto orfeônico. (BRÈSCIA, 2011).

[...] Contrapondo-se ao Canto Orfeônico, passa a existir no ensino de música um


outro enfoque, quando a música pode ser sentida, tocada, dançada, além de cantada.
Utilizando jogos, instrumentos de percussão, rodas e brincadeiras buscava-se um
desenvolvimento auditivo, rítmico, a expressão corporal e a socialização das
27
crianças que são estimuladas a experimentar, improvisar e criar. (BRASIL, 2001,
p.39).

Alguns anos depois, a Lei 5.692/71, excluiu a educação musical dos currículos,
mantendo como atividade artística escolar apenas a dança, o desenho e as artes cênicas, porém
sem obter professores preparados e qualificados para assumir tais linguagens. (BRESCIA,
2011). A música deveria ser dada pelo professor de Educação Artística que não estava
qualificado pra isso.
O autor retrata ainda que a constituição de 1988 ao entrar em vigor, inicia-se uma
discussão para a mudança da LDB de 1996, que traz para a educação básica à obrigatoriedade
do ensino da arte. Assim traz o teatro, as artes visuais, a dança e também a música como uma
linguagem importante a ser destacada nos currículos da educação. Nas quatro primeiras séries
a responsabilidade por este ensino passa a ser do professor titular de classe, não exigindo uma
determinada formação em artes. Já da quinta a oitava série a responsabilidade era do professor
de educação artística que também não precisava necessariamente de formação em música. Ele
deveria ter essa formação na faculdade, mas que foi superficial.
No decorrer do século XX e início do século XXI o ensino de música foi sendo
deixado de lado dentro das escolas, chegando ao ponto de ser excluído de vários projetos e
também dos currículos da educação.
Lei nº11. 769, de 18 de agosto de 2008. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da
música na educação básica, determinando que o ensino de música seja obrigatório nas escolas
de educação básica. Assim, partindo desta lei, todas as escolas teriam o prazo de três anos
letivos para seguir devidamente as exigências impostas. Mas para que isso ocorresse as
escolas precisariam se adaptar para que o conteúdo se incorporasse aos conteúdos
curriculares. (NEVES, 2012.)
A presente Lei significou uma grande conquista para o País, principalmente por ser um
País rico em cultura e assim cresce junto a oportunidade das crianças crescerem em contato
com o universo musical.

3.2 Os benefícios da música na educação escolar


A música oferece muitos benefícios ao desenvolvimento da criança e na
aprendizagem, como comprovam diversos estudos citados no Referencial Curricular Nacional
para a Educação Infantil.

28
Pesquisadores e estudiosos vêm traçando paralelos entre o desenvolvimento infantil
e o exercício da expressão musical, resultando em propostas que respeitam o modo
de perceber, sentir e pensar, em cada fase, e contribuindo para que a construção do
conhecimento dessa linguagem ocorra de modo significativo. (BRASIL, 1998, p.48).

Um projeto realizado pelo professor Roberto Schkolnick defende a importância da


música para a vida das crianças, ao apresentar vários trechos de música de diversos artistas a
crianças estimulando seu interesse pela mesma. Foram utilizadas o Samba do Arnesto, Trem
das Onze, Saudosa Maloca e As Mariposa. (NOVA ESCOLA, 2012).
Durante o projeto, o professor desenvolveu atividades com as crianças em sala de aula
tocando vários instrumentos, ouvindo e cantando canções da época de seus avós e também
aprendendo sobre a questão dos contextos em que as canções foram compostas. Foi possível
observar que a música enriquece a vida e o repertório das crianças, fazendo com que
aprendam a apreciar uma boa música. (NOVA ESCOLA. 2012).
E para que isto aconteça nada melhor que a escola para proporcionar tais momentos,
ricos como estes, na vida das crianças.

Os pequenos durante o projeto puderam gravar o que cantaram. Em seguida,


ouviram a voz de todos e analisaram quais cantavam alto demais, quais não eram
ouvidos e que pontos precisavam ser ajustados. A vivência com os instrumentos teve
outro desdobramento. O professor propôs que eles experimentassem tocar o
triângulo e representassem no papel aqueles diferentes sons. Eles se alternaram entre
tocar e desenhar e o resultado foram notações muito interessantes, em que
conseguiam diferenciar os sons mais curtos (com pontinhos) e longos (com
tracinhos), com estilos desenvolvidos por cada criança. (SANTOMAURO, 2012,
p.38).

Desta forma o ensino de música, pode contar com atividades como as que o professor
Schkolnick trabalhou com suas crianças, fazendo com que elas possam apreciar, expressar e
perceber que música também pode ser transformada em desenhos ou seja a música pode ser
inventada através da interação da criança com a linguagem sonora e musical.

3.3 Pesquisa com professores de música da rede municipal de um município do interior


de São Paulo

A rede municipal de ensino desse município conta com 9 professores que atuam
diretamente com o ensino da música em sala de aula, porém também os professores regulares
relatam que em suas disciplinas em alguns conteúdos precisam fazer uso da música, mesmo
sem ter preparo para tal.

29
Desta forma, como complemento do trabalho, foi realizada uma pesquisa de campo,
onde foram entrevistados professores da rede sendo alguns professores de música que atuam
com crianças, tanto na rede municipal como em projetos culturais no município, e professores
do ensino regular que buscam conhecimento musical para auxiliá-los em seu trabalho, visando
trazer novas opiniões e dicas para uma boa aula de música.
Para tal foram contactados 14 professores para entrega dos questionários que foram
feitos de forma mista, pois foram utilizadas perguntas abertas que são apresentadas de forma
livre e também perguntas fechadas que já apresentam respostas mais objetivas.
(http://www.praticadapesquisa.com.br/2011/01/qual-diferenca-entre-questionario.html).
Porém, apenas 5 professores responderam aos questionários, obtendo as seguintes respostas:

Nos dias de hoje, o número de professores com formação em música é muito baixo
perto da importância que a educação musical traz para dentro das escolas.

Em algumas escolas são os professores formados em artes que lecionam as aulas de


música, mas a maioria ainda não possuiu determinada formação universitária, ou mesmo
formação formal em música por um conservatório. Porém procuram cursos de musicalização,
por exemplo, para suprir a falta desses profissionais na área.
Em uma entrevista realizada pela revista Nova Escola jan/fev de 2012, feita coma
autora Teca Alencar de Brito, ela responde esta questão relatando que o ideal é que o
professor de música tenha formação musical, para que esta arte seja mais valorizada, mas se
ele não tem, ele pode construir em si mesmo uma visão aberta sobre a música não a fechando
na “escala fá, dó, ré, si” ou em trabalhos mecânicos. Ele deve ter o olhar de construir junto
com os alunos e não fazer com que fiquem isolados na reprodução.

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Nesta questão, procuramos complementar a questão anterior e a resposta foi variada.
Os poucos professores que possuem formação na área de música estão de 1 a 20 anos na
docência musical. No entanto apresentam maior tempo de docência na área da música os que
tem formação em uma instituição formal de música. Os demais foram contratados por ter
alguma experiência com a música seja em escolas seculares ou em igrejas.

Podemos ver aqui o número de docentes com formação na área de música, como a
formação instrumental e o número de docentes que buscam uma formação em diversos cursos
de arte, como a musicalização e dança. E mais uma vez se confirma que a formação de música
como instrumentista é o que mais prevalece entre os que estudaram em uma escola formal de
música.

Respondendo o que está no RCNEI (1998, vol.3), a dança também se insere de forma
importante no ambiente musical, pois leva em conta as necessidades dos vínculos afetivos e
dos contatos e expressões corporais.

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Alguns professores não responderam a esta questão, mas os que responderam
disseram que escolheram esta área de atuação por convivência com a música desde pequenos,
ou seja, por influência familiar.

Outro fato trazido pelo RCNEI (1998, vol.3), quando os adultos cantam melodias,
cantigas de ninar, entre diversas outras canções, a criança se encanta com o que ouve, e tenta
imitar e responder aos sons, fazendo com que o momento se torne significativo para o
desenvolvimento afetivo e cognitivo, formando um vínculo tanto com o adulto quanto com a
música. Influenciando cada vez mais na construção do repertório e da cultura da criança.

Então a partir desses contatos com a cultura através da família a criança passa a se
influenciar musicalmente

Esta questão mostra que a maioria tem formação em pedagogia, sendo assim, embora
não sendo especialistas no ensino de música, eles estão buscando conhecimento para
desenvolverem as atividades musicais com melhor qualidade e com conhecimento nesta área.

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Pois, de acordo com Bréscia (2011), a música ainda não faz parte do cotidiano das
escolas, afinal o MEC não estabeleceu que os professores de música fossem especialistas no
assunto. Mas podemos contar com os professores mais interessados que buscam pelo menos
uma formação básica sobre assunto.

A maior parte dos professores respondeu que toca algum tipo de instrumento musical,
o que facilita na hora de apresentar alguns deles para as crianças. Indo de acordo com o que
diz a autora Brito (2003), a construção de instrumentos e objetos musicais é uma atividade
que desperta nas crianças um interesse maior e auxilia também no desenvolvimento da
criatividade

Todos disseram que a reação das crianças durante as aulas de música, é positiva. De
acordo com o que diz a autora Weigel (1998), todas as atividades que envolvem música,
favorecem, e muito, a autoestima, a participação e também a cooperação gerando então os
fatores positivos durante as aulas.

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Os professores citaram nesta questão vários materiais que usam em suas aulas, assim
como áudio, vídeos, materiais teóricos e também diversos instrumentos musicais.
Isso nos chama a atenção, para o que diz o RCNEI (1998, vol.3), que a música faz
parte do nosso cotidiano através do rádio, da TV, entre outros meios que podemos utilizar nas
aulas de música para realizar as mais diversas atividades, “Tendo como produtos musicais a
interpretação, a improvisação e a composição”. (Pag.48).

Todos os professores responderam que a música pode sim auxiliar em outras


disciplinas. E enfatizaram que a música é um poderoso facilitador da aprendizagem, tornando-
a mais significativa.

A autora Bréscia (2011), completa que além da música, também o cantar pode ser um
excelente companheiro da aprendizagem. Ela ainda enfatiza que o cantar ainda pode ser um
veículo de compreensão, memorização ou expressão de emoções.

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Nesta questão todos os professores disseram que os objetivos mais alcançados com o
ensino de música no contexto escolar são a interação, a criatividade e também a sensibilidade.

Mas citaram também que a música na escola permite explorar, reconhecer, construir e
valorizar o mundo à sua volta.

Seguindo o que diz a autora Bréscia (2011), a música tem sido denominada como uma
disciplina de expressão, que enriquece a vida das crianças por meios das oportunidades que
oferece na participação dos sentimentos uns dos outros de se expressarem, enquanto criam,
executam, ouvem e observam. E, sobre tudo a música, tem grande valor como uma disciplina
socializadora.

E nesta mesma questão um dos professores ressaltou que a música no contexto escolar
não tem como objetivo formar músicos profissionais, mas sim de dar suporte de
conhecimento ao estudante. O que está de acordo com Brito (2003), que diz que a educação
musical está mais focada na formação integral da criança de hoje, do que em tornar as
crianças músicos profissionais do amanhã.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realidade do ensino de música nas escolas brasileiras vem enfrentando muitas


dificuldades, tanto no descobrimento da importância da música no desenvolvimento da
criança quanto na falta de profissionais formados na área.

È através destas preocupações que este trabalho foi realizado, procurando mostrar a
influência da música nas diversas fases do desenvolvimento da criança, assim como o
cognitivo, o motor e também o afetivo.

No decorrer da pesquisa vimos às transformações que o ensino de música sofreu nas


escolas chegando ao ponto de ser excluído dos currículos escolares.

No espaço da aprendizagem, ou seja, dentro das escolas ainda vemos muitas vezes a
música sendo trabalhada apenas nas datas comemorativas, tornando – a cada vez mais
mecânica.

Em relação à formação dos especialistas, notamos que atualmente podemos contar


com a ajuda dos professores mais interessados na área, que buscam diversos cursos de arte
como a musicalização e também a dança para poder valorizar as possibilidades que a música
traz para enriquecer o ensino nas escolas.

Partindo deste fator, mostramos como a cultura infantil consegue transformar os


momentos na escola em uma rica troca de experiência onde a música atua principalmente no
desenvolvimento da interação, da criatividade, da memorização, da expressão entre outros
fatores cognitivos, motores e afetivos.

È possível afirmar através deste trabalho que a música pode auxiliar o


desenvolvimento da criança, e principalmente o desenvolvimento da aprendizagem. É
importante observar que o ensino de música não tem como objetivo formar músicos
profissionais e menos ainda de transformar as escolas em “escolas de música”.

Queremos mostrar que a educação musical, tem muito á oferecer na vida das crianças
e também de mostrar que o processo de aprendizagem, pode acontecer de uma forma mais
lúdica, fazendo com que o ensino caminhe cada vez mais, estimulando a atenção e o interesse
dentro de cada criança.

36
E através deste trabalho, vimos as várias maneiras que a música tem de influenciar o
desenvolvimento de cada criança. Seja dentro ou fora das escolas, a música sempre estará
presente, trazendo seus benefícios para o meio social de cada um de nós.

E os professores da rede estão cada vez mais buscando cursos breves de


especialização, para poder ensinar “música” dentro das salas de aula. Mas este é um assunto
que tem muito a ser estudado, as escolas devem buscar cada vez mais qualidade para o ensino
de música e os professores devem sempre buscar mais conhecimentos para suprir a falta de
especialistas nesta área.

E assim conhecer cada vez mais a importância da musica no desenvolvimento da


criança.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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