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PEDAGOGIA
RUANA GATTI
Capivari, SP
2012
CAMPANHA NACIONAL DAS ESCOLAS DA COMUNIDADE
PEDAGOGIA
RUANA GATTI
Capivari, SP
2012
FICHA CATALOGRÁFICA
G263i
Gatti, Ruana
CDD. 371.5
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho de conclusão de curso, aos meus familiares, ao meu namorado Carlos, á
minha orientadora Elizaete, aos meus colegas de classe e a todos os professores do curso de
Pedagogia da Faculdade de Cenecista de Capivari.
AGRADECIMENTO
Agradeço também a toda minha família que me apoiou nesta incrível jornada. Ao meu
namorado Carlos pelo carinho, pela atenção e por todas as vezes que precisei de sua ajuda.
Aos meus colegas de classe, que estiveram sempre presentes em todos os momentos,
tanto nos mais difíceis como nos mais engraçados.
À minha orientadora Elizaete por toda atenção, dedicação e paciência, durante todos
os nossos encontros, para que este trabalho fosse realizado.
RESUMO
INTRODUÇÃO..................................................................................................................09
Escolar...........................................................................................................................17
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................36
Referências..........................................................................................................................38
INTRODUÇÃO
A música é uma linguagem universal, que está entre os homens desde a antiguidade.
Segundo Bréscia (2011, p.25), “na Grécia Antiga, a música estava presente em todas as
manifestações da coletividade, tanto nas festas religiosas como nas profanas”.
Hoje, a música continua presente em nosso meio de diversas formas e mesmo sons do
cotidiano podem ser usados para compor uma música, como o canto dos pássaros, o vento e
até mesmo o som da água.
Dentre tantos significados que damos à música, não podemos deixar de lado os efeitos
que esta proporciona como sentimento, emoção, provocação, parte de cada um de nós, pois o
poder que a música exerce sobre nós é indiscutível. Quem nunca se emocionou ouvindo um
som romântico e prazeroso, que invade nossas lembranças tocando todo o nosso interior? E
como se ainda não bastasse, quando ouvimos um som alegre e agitado, sentimos vontade de
expressar a alegria e nosso corpo reflete a vontade de dançar e se mover.
Se para os adultos a música proporciona e provoca sensações distintas, para as
crianças isso não é diferente. As crianças também sentem as vibrações do universo musical.
Desde cedo as crianças são expostas a diversos sons e ritmos. Isso acontece desde o
momento em que estão no ventre de suas mães, permanecendo no decorrer de suas vidas.
Durante as diversas fases do desenvolvimento das crianças, assim como o
desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo, a música pode influenciar de forma positiva,
contribuindo para o desenvolvimento da criatividade, das expressões corporais e artísticas, da
memorização e para a aprendizagem das crianças.
O comportamento social e afetivo pode ser estimulado com música, beneficiando as
relações no âmbito escolar, tirando aquele aspecto de um lugar repleto de regras e
transformando a escola em um ambiente mais alegre e receptivo fazendo com que as crianças
se sintam mais a vontade no ambiente de aprendizagem.
A LDB- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional faz ser obrigatório o ensino
de arte na educação básica. Em seu art. 26 § 2º “O ensino da arte constituirá componente
curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o
desenvolvimento cultural dos alunos”. (BRASIL, 1996).
Sendo assim, a aprovação da lei 11.769 em 18 de agosto de 2008, dispõe a
obrigatoriedade do ensino de música nas escolas de educação básica. (BRASIL, 1996).
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Sabemos da importância da música como conceito histórico, social, psicológico e
cultural. Essa mesma importância, em especial, podemos colocar no convívio das crianças que
são beneficiadas em seu desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e ainda levam a influência
da música para o seu dia a dia e principalmente para o ambiente onde muitas delas passam a
maior parte do tempo à escola.
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música como uma linguagem de expressão dentro das escolas e das salas de aula,
proporcionando às crianças, o conhecimento e a valorização da própria cultura e da cultura
que as rodeia.
Como metodologia esta pesquisa apresentará uma revisão bibliográfica apoiada em
diversas obras e também em uma pesquisa de campo em que relata o comportamento e o
conhecimento dos professores sobre a música para assim utilizá-la nas atividades de sala de
aula.
Em meio a esse assunto esta pesquisa tratará no primeiro capítulo das fases do
desenvolvimento da criança assim como o desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e a
influência das diferentes culturas musicais estimuladas no espaço escolar.
O segundo capítulo mostrará a influência da música no desenvolvimento da criança, e
o terceiro capítulo trará uma pesquisa de campo em que relata o comportamento e o
conhecimento dos professores sobre a música para assim utilizá-la em atividades de sala de
aula da rede pública de uma cidade do interior de São Paulo. Para tal aplicou-se um
questionário de forma mista, onde foram utilizadas perguntas abertas e também fechadas.
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1. AS FASES DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA.
O desenvolvimento de uma criança esta muito além do que estamos habituados ver. A
criança não se desenvolve apenas em seus aspectos físicos e intelectuais, ela está em constante
desenvolvimento. Cada etapa do crescimento de uma criança, ou seja, a cada idade, ela
apresenta um comportamento diferente, tanto o emocional, quanto o social e o intelectual.
Os adultos e os educadores, precisam estudar e compreender o comportamento de
cada criança, pois as mudanças que vão ocorrendo com as mesmas não podem ser deixadas de
lado. A criança precisa do outro para se desenvolver e o adulto ajuda-a na resolução dos
problemas que vão surgindo durante as fases do desenvolvimento.
Durante uma atividade envolvendo música, por exemplo, a criança pode desenvolver a
sensibilidade, a criatividade, imaginação, atenção, a movimentação e inclusive a socialização.
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Fontana (1997, p.45) descreve que na concepção piagetiana, “conhecer é organizar,
estruturar e explicar a realidade a partir daquilo que se vivencia nas experiências com os
objetos do conhecimento”.
O desenvolvimento cognitivo, ou o desenvolvimento da inteligência, forma um
período muito importante na vida de uma criança. Nesse período, o processo de pensamento
ajuda a criança a compreender os fatos que acontecem à sua volta, durante o seu dia a dia.
A teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner pode contribuir também para
esta questão da influência da música na inteligência da criança. Para Gardner (1995, p.21),
“Uma inteligência implica na capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que são
importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural”.
Uma das inteligências múltiplas apresentadas por Gardner é a inteligência musical que
implica em observar e avaliar as habilidades que a criança tem em manter os tons e os ritmos
musicais, o interesse em aprender tocar instrumentos e reconhecer determinadas canções.
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Os atributos que a música oferece podem auxiliar na riqueza dos estímulos para o
desenvolvimento da criança. Dessa forma, a convivência das crianças com atividades
musicais, como tocar, ouvir, apreciar e imitar favorece o desenvolvimento do conhecimento e
o intelectual.
A partir dessas atividades, a criança desenvolve sua acuidade auditiva, começa
acompanhar os movimentos, os gestos e também o ritmo. Entrelaçando a música com o
desenvolvimento das crianças, as mesmas se tornam mais atentas, sendo assim, elas vão
pouco a pouco descobrindo suas capacidades, sua cultura e começam a estabelecer relações
com o meio em que vivem.
Sendo assim, Gardner (1995, p.23) defende que as “evidências de várias culturas
apoiam a noção de que a música é uma faculdade universal. Os estudos sobre o
desenvolvimento dos bebês sugerem que existe uma capacidade computacional “pura” no
inicio da infância. Finalmente, a notação musical oferece um sistema simbólico acessível e
lúcido”.
Partindo deste contexto, é possível observar que a inteligência e a imaginação das
crianças não têm limites e podem ser estimuladas durante seu desenvolvimento.
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fluir o movimento e vice-versa. Para Piccolo (1995, p.59), é importante valorizar o “ritmo do
movimento na criança: ver e perceber, pois ritmar é dar forma ao movimento”.
Quando vemos crianças brincando, pulando, correndo, girando, batendo palmas,
podemos observar o desenvolvimento motor de cada uma e como elas se movimentam.
Alguns acompanham o ritmo dos movimentos mais rápidos e outros mais devagar.
Sendo assim, segundo Bréscia (2011, p. 23) “Relaciona-se com o desenvolvimento
motor da criança (por exemplo: cantar, acompanhar o ritmo com as mãos, os pés e
movimentos de todo o corpo, tocar instrumentos)”.
Em questões como essa, podemos incluir entre movimento e ritmo, outro fenômeno
chamado música. A música oferece uma combinação entre o movimento e o ritmo. A partir
dessa combinação, a criança começa desenvolver ainda mais seus processos motores e suas
expressões corporais.
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E, no entanto, a capacidade de usar o próprio corpo para expressar uma emoção
(como a dança), jogar um jogo (como num esporte) ou criar um novo produto (como
o planejamento de uma invenção) é uma evidência dos aspectos cognitivos do uso
do corpo. (GARDNER, 1995, p.24).
No convívio com as crianças, notamos que uma é mais ativa que a outra, por isso cada
uma tem sua própria forma de se expressar o que estão sentindo ou pensando, seja através de
danças, cantos ou qualquer outra forma que elas encontram.
Assim elas desenvolvem cada vez mais a coordenação motora que reflete no decorrer
da vida de cada criança, acompanhando o movimento e o ritmo a que estão expostos.
Segundo Weigel (1988, p.15). “Sempre que a coordenação motora se desenvolve, a
expressividade rítmica melhora. E a criança que tem boa expressividade rítmica terá
favorecida a sua coordenação motora”.
Sendo assim, a afetividade pode ser sentimentos ou emoções tanto positivas como
negativas. Ambos, os sentimentos e as emoções, afetam qualquer indivíduo seja ele adulto ou
criança.
A alegria, a tristeza, a raiva ou a ansiedade são também sentimentos afetivos que se
manifestam através das nossas expressões faciais, corporais e também através dos
comportamentos.
O processo do desenvolvimento afetivo na criança é marcado pela fase onde ela
começa a construção da sua própria identidade e, partindo disso, ela passa a interagir com o
seu meio e a controlar suas emoções.
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Segundo os estudos de Galvão sobre as teorias de Wallon, “Com base nas suas
competências e necessidades, a criança tem sempre a escolha do campo sobre o qual
aplicar suas condutas. O meio não é, portanto, uma entidade estática e homogênea,
mas transforma-se juntamente com a criança”. (GALVÂO, 2005, p. 39,40).
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aprimorando sua condição de avaliar a qualidade das próprias produções e as dos outros”.
(BRASIL, 2001, p.75).
A música propriamente dita, além de beneficiar várias fases do desenvolvimento da
criança, também resgata a cultura do país, da criança e até mesmo a cultura da própria música,
que muitas vezes acaba sendo esquecida.
Ressaltamos aqui a Lei nº 11.769/08, que alterou a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996, LDB, para disponibilizar a obrigatoriedade do ensino de música na educação básica.
(BRASIL, 2008).
A aprovação desta lei foi uma grande conquista para o país na área da educação
musical dentro das escolas. Mas nem sempre a introdução da educação musical é feita de
forma correta dentro das escolas e das salas de aula. A maioria das escolas faz o uso da
música apenas nos dias de comemorações como o dia das mães, dos pais ou até mesmo na
época da festa junina.
Trabalhando a educação musical dessa forma, faz com que a criança comece a perder
o interesse por tal atividade proposta, pois ela fica sem entender quais os objetivos que os
professores estão querendo alcançar. Na festa junina, por exemplo, as crianças começam a
ensaiar um mês antes da festa uma determinada música, sem entender o porquê. Assim como
a aprendizagem, podemos dizer que a música também se torna mecânica, pois:
[...] continuamos apenas cantando canções que já vêm prontas, tocando instrumentos
única e exclusivamente de acordo com as indicações prévias do professor, batendo o
pulso, o ritmo etc., quase sempre excluindo a interação com a linguagem musical,
que se dá pela exploração, pela pesquisa e criação, pela integração de subjetivo e
objetivo, de sujeito e objeto, pela elaboração de hipóteses e comparação de
possibilidades, pela ampliação de recursos, respeitando as experiências prévias, a
maturidade, a cultura do aluno, seus interesses e sua motivação interna e externa.
(BRITO, 2003, p.52).
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O educador deve explorar esse fenômeno em suas aulas, apresentar para os alunos
músicas que se relacionam com o conteúdo que vai trabalhar ou que está sendo trabalhado, o
que pode ajudar os alunos na recordação de alguns conteúdos e disciplinas.
A escola e o educador juntos devem trazer para dentro da instituição e das salas de
aula diversos gêneros musicais, diversos estilos, proporcionando às crianças momentos de
reflexão onde eles possam analisar as músicas apresentadas, fazendo com que eles possam
expor suas opiniões e se tornem cada vez mais críticos.
Assim, podemos dizer também que, por serem crianças, elas não precisam ficar presas
apenas às músicas infantis, que muitas vezes são padronizadas e não permitem que o
conhecimento das crianças seja feito de uma forma mais rica.
De acordo com o RCNEI (Referenciais Curriculares Nacionais de Educação Infantil,
BRASIL, 1998, p. 65), “As canções infantis veiculadas pela mídia, produzidas pela indústria
musical, pouco enriquecem o conhecimento das crianças”.
O universo da música oferece um repertório muito vasto e rico em canções
instrumentais e vocais, fazendo com que a sensibilidade da audição da criança se desenvolva
de uma forma que ela consiga perceber os sons dos diversos instrumentos, a entonação de
determinadas vozes, como suave, aguda ou grave. Além disso, o educador não deve deixar de
lado a oportunidade que tem de trabalhar de uma forma lúdica através da improvisação que as
crianças podem fazer relacionadas a partir de canções apreciadas por elas mesmas, dando
valor para músicas de diversas regiões do país, explorando a cultura musical de cada uma
delas.
Segundo o documento RCNEI (BRASIL, 1998, p. 65), “As crianças podem perceber,
sentir e ouvir, deixando-se guiar pela sensibilidade, pela imaginação e pela sensação que a
música lhes sugere e comunica”.
Entre tantas formas, a música trabalhada de forma correta dentro do âmbito escolar
pode influenciar, e muito, a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças.
Se tratando de cultura é claro que não se pode deixar de fora a cultura que a própria
criança traz para dentro da escola, seja de uma brincadeira, de uma canção ou até mesmo de
uma dança. Para Weigel (1988, p.20). “Ao ser incentivada a mostrar os brinquedos cantados,
as cantigas de roda que já conhece, a criança se torna mais receptiva a outras propostas
musicais”.
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Dessa forma a descoberta começa ser feita de uma forma divertida, onde cada criança
assimila aquilo que ela já conhece com o que acaba de conhecer, aumentando seu repertório
musical e cultural.
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2. A INFLUÊNCIA DA MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Durante a infância podemos ver vários meios de se trabalhar com a música. Através
dos acalantos, das cantigas e também das parlendas, podemos fazer com que as crianças
comecem a sentir e aprender a gostar de música.
Muitas cantigas são passadas de geração em geração, como o “Boi da cara preta”,
“Nana neném”, “Ciranda cirandinha”, entre outras, canções que escutamos quando criança e
as repetimos durante a vida para outras crianças.
Além das cantigas, durante a infância a criança vai, dia a dia, explorando seu meio,
conhecendo os sons que ele oferece, seja por um brinquedo musical ou também pela
descoberta do som de simplesmente batucar uma caixa ou uma garrafa, bater as mãos, ou
qualquer outro som descoberto por ela mesma.
Partindo desses sons a criança já começa a produzir suas próprias “músicas”. Ela
começa sentir, refletir, perceber e experimentar os sons criados por ela mesma.
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Ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos rítmicos,
jogos de mãos etc., são atividades que despertam, estimulam e desenvolvem o gosto
pela atividade musical, além de atenderem a necessidades de expressão que passam
pela esfera afetiva, estética e cognitiva. Aprender música significa integrar
experiências que envolvam a vivência, a percepção e a reflexão, encaminhando-as
para níveis cada vez mais elaborados. (BRASIL, 1998, p.47).
Neves (2012) defende que nessa fase a criança também consegue reproduzir as
cantigas ouvidas com versos incompletos, fora do tom e ritmo bem acentuado. Já com três e
quatro anos, ela consegue reproduzir pequenas melodias simples, aperfeiçoando o controle da
voz e da linguagem. Ela também aprende a dramatizar as canções, participando e
memorizando inúmeros jogos cantados e começa a se interessar por instrumentos rítmicos.
De acordo com o autor, pode-se citar também que a criança com cinco e seis anos já
passa ter os movimentos dos membros superiores e inferiores mais sincrônicos, onde começa
o surgimento do equilíbrio rítmico e a descoberta da curiosidade para experimentar os sons da
bandinha rítmica.
Como citado anteriormente, e seguindo o mesmo autor, as etapas variam de criança
para criança, lembrando que cada uma tem seu próprio tempo de desenvolvimento e
amadurecimento.
O universo musical que está em torno da criança é muito vasto. Podemos partir
também do momento de contar uma histórica para criança, onde se pode trabalhar o faz-de-
conta e, como fundo ou como auxílio, introduzir canções, para que a mesma possa se
expressar com mais facilidade.
Para Brito (2003, p.161), quando as crianças estão “ouvindo e, depois, criando
histórias, elas estimulam sua capacidade inventiva, desenvolvem o contato e a vivência com a
linguagem oral e ampliam recursos que incluem o vocabulário, as entonações expressivas, as
articulações, enfim, a musicalidade própria da fala”.
A questão da escolha das canções pode ser feita através do repertório que a própria
carrega consigo, partindo da comunidade, da cidade onde mora, ou também partindo da
cultura de sua família e da sociedade onde vive.
Porém é importante que conheçam músicas significativas para seu desenvolvimento e
aprendizagem, deixando um pouco de lado as músicas apresentadas pela mídia, que por sinal
atualmente não parecem oferecer benefícios para o desenvolvimento infantil.
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A cultura infantil é muito rica, a criança consegue transformar o que traz de bagagem
de seu meio e ainda faz de um momento de interação uma troca perfeita de experiência com
outras crianças.
Em contato com outros ambientes a criança passa a perceber o que ela também escuta
e não somente o que ela enxerga gerando assim outra influência em seu desenvolvimento.
Outro ambiente que não pode ficar de fora deste assunto, é o “ambiente escolar”,
principalmente na educação infantil. Como citado anteriormente, na educação infantil é o
momento da criança construir sua identidade, promover ainda mais seu desenvolvimento
cognitivo, motor e também o afetivo, fazendo com que a criança passe a interagir e a se
socializar com outras crianças, percebendo a diversidade entre elas.
Segundo Weigel (1988, p.15), “as atividades musicais coletivas favorecem a
autoestima, bem como a socialização infantil, pelo ambiente de compreensão, participação e
cooperação que podem proporcionar”.
Se tratando do ambiente escolar, citamos o poder que a música exerce sobre as
crianças. Na educação infantil a música age de uma forma mais integradora, onde a criança
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passa a conhecer melhor a si mesma e aos outros, se socializando com o ambiente e com os
demais colegas.
Para Weigel (1988, p.11), “De modo geral a pré–escola visa incentivar o
desenvolvimento da criança nos aspectos cognitivos, linguísticos, psicomotores e sócio -
afetivos, ao mesmo tempo em que garante a aquisição de novos conhecimentos”.
Sendo assim a educação infantil se responsabiliza por vários processos de
desenvolvimento na vida da criança, além é claro do desenvolvimento da aprendizagem, o
processo de escolarização.
O estímulo que a música provoca nas crianças, contribui para que o conhecimento
caminhe de uma forma mais divertida. Elas passam ter mais criatividade, mais facilidade ao
se expressar e descobrem a comunicação social, que dentro das instituições de ensino o
interesse pela aprendizagem aumenta cada vez mais.
No Ensino Fundamental a criança entra em um estágio mais complexo, onde a
aprendizagem começa ser mais cobrada, os professores começam a exigir um comportamento
mais sério e passa a exigir também um bom rendimento escolar.
As crianças nessa fase começam achar os estudos cansativos e repletos de regras em
questão como esta, podemos falar que a música entra como um recurso, fazendo com que as
crianças fiquem mais tranquilas e que possam obter uma melhor aprendizagem.
Assim, no Ensino Fundamental, a música age de uma forma mais profunda,
trabalhando mais o desenvolvimento das expressões corporais e artísticas e também com o
estímulo dos reconhecimentos de diversos sons, aprendendo sobre tudo a disciplinar as
diversas emoções que surgem com o passar do tempo.
Podemos aqui fazer uma comparação entre escolas que fazem o uso da música e as
que não fazem. Percebemos logo no início que a escola que faz o uso da música transparece
ser uma escola mais alegre, os alunos se sentem mais a vontade, mais tranquilos, não ficam se
prendendo às cobranças escolares.
O ambiente escolar pode usar a música, por exemplo, na hora da entrada, durante,
antes ou depois de algumas atividades, na hora do lanche, da higiene e até mesmo na hora da
despedida na escola. Com a utilização da música dessa forma, a criança se sente estimulada a
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realizar determinadas atividades, mas sempre com o cuidado de não deixar que tanto a música
quanto as atividades se tornem mecânicas e repetitivas.
É muito importante brincar, dançar e cantar com as crianças, levando em conta suas
necessidades de contato corporal e vínculos afetivos. Deve-se cuidar para que os
jogos e brinquedos não estimulem a imitação gestual mecânica e estereotipada que,
muitas vezes, se apresenta como modelo as crianças. (BRASIL, 1998, p.59).
Existem na escola outras ações para trabalhar a música, como a atividade com
interpretação onde a criança pode interpretar e reproduzir uma obra musical, indo além do
processo de imitação.
Seguindo a interpretação de obras musicais, podemos citar a improvisação que a
criança pode fazer partindo de um determinado texto, tema ou pensamento. Com essa ação a
criança tem o poder de se expressar e de criar uma música através do improviso relacionado
com as suas ideias.
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A composição também contribui para esses trabalhos, pode se pedir para a criança
criar outras letras de canções já conhecidas, assim elas partem para uma atividade de criação
livre trabalhando e explorando aquilo que elas já conhecem.
Outro meio de trabalho é a improvisação, onde a criança além de interpretar e compor,
ela aprende a improvisar letras de músicas.
Segundo o RCNEI (1998, vol. 3, pág. 57), “Os jogos de improvisação são ações
intencionais que possibilitam o exercício criativo de situações musicais e o desenvolvimento
da comunicação por meio dessa linguagem”.
A apresentação de diversos instrumentos musicais pode aguçar ainda mais a
curiosidade e a sensibilidade das crianças. Pode se apresentar para elas os instrumentos dos
mais antigos até os mais sofisticados. Ou também trabalhar com a produção de diversos
instrumentos.
Para Brito (2003, p. 69), “Construir instrumentos musicais e /ou objetos sonoros é
atividade que desperta a curiosidade e o interesse das crianças”.
Assim, percebemos que uma ação leva à outra, e a partir da construção de diversos
tipos de instrumentos, pode-se trabalhar também com os atributos dos sons.
Ao trabalhar atividades que envolvem a tonalidade, como a altura do som, se é grave,
média ou aguda, a intensidade sendo fraca ou forte, a duração se é curta ou longa e também o
timbre que é o que nos ajuda a diferenciar os instrumentos das vozes, as crianças serão
estimuladas a perceber as características musicais e terão oportunidades de deixar fluir a
criatividade.
De acordo com Brito (2003, p.46), “A educação musical não deve visar a formação de
possíveis músicos do amanhã, mas sim a formação integral das crianças de hoje”.
Então devemos trabalhar com a música de uma forma que a mesma influencie no
desenvolvimento da criança, fazendo com que elas se interessem por músicas, pelos vários
gêneros musicais, pelas diferentes culturas partindo delas ou não, explorando sobre tudo o
trabalho de colocar as crianças em situações de interação com seu meio e com o outro.
Deixamos claro que o objetivo não é formar músicos, mas sim formar crianças autônomas e
críticas, com um fator rico de desenvolvimento influenciado pelas maravilhas da música.
26
3. EXPERIÊNCIA DE DOCENTES COM A MÚSICA NO ESPAÇO
ESCOLAR
No Brasil a música teve várias influências, como a dos negros que se dedicavam à
música nos casarões onde moravam para esquecer-se da dureza dos trabalhos escravos. Outra
importante influência foi a dos índios que utilizavam a música em festas de casamento ou até
em preparação para a caça e para a guerra.
Já a influência europeia foi uma das mais intensas na educação, teve como destaque os
portugueses que contaram com a ajuda dos jesuítas que usaram principalmente a música para
a pacificação dos índios. (COTRIM, 1975-77).
Os índios aprenderam músicas religiosas, algumas danças europeias bem como tocar
alguns instrumentos musicais.
Em São Paulo, no colégio Piratininga, o padre José de Anchieta escreveu pequenas
peças teatrais para os índios interpretarem. Nestas peças a música era presença
indispensável. (COTRIM, 1975-77, p. 136).
E foi desta forma que os jesuítas conseguiram a pacificação dos índios ganhando tanto
as crianças como os adultos. E partindo dessas influências foram se instalando no Brasil
músicos europeus, trazendo com eles seus conhecimentos o que contribuiu para a expansão
musical em nosso país, produzindo as mais variáveis culturas musicais. (COTRIM, 1975-77)
Nos meados do século XX, o maestro e compositor Heitor Villa Lobos implantou nas
escolas brasileiras o Canto Orfeônico, com o objetivo de impor ideias e valores cívicos e
morais, a pedido do então presidente da república Getulio Vargas. (BRÉSCIA, 2011).
Projeto desenvolvido com a ajuda do educador Anísio Teixeira na década de 1930,
impondo o canto orfeônico como uma disciplina obrigatória em todos os currículos escolares.
(BRÉSCIA, 2011).
No entanto no ano de 1961, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB)
cria a Educação Musical, substituindo o canto orfeônico. (BRÈSCIA, 2011).
Alguns anos depois, a Lei 5.692/71, excluiu a educação musical dos currículos,
mantendo como atividade artística escolar apenas a dança, o desenho e as artes cênicas, porém
sem obter professores preparados e qualificados para assumir tais linguagens. (BRESCIA,
2011). A música deveria ser dada pelo professor de Educação Artística que não estava
qualificado pra isso.
O autor retrata ainda que a constituição de 1988 ao entrar em vigor, inicia-se uma
discussão para a mudança da LDB de 1996, que traz para a educação básica à obrigatoriedade
do ensino da arte. Assim traz o teatro, as artes visuais, a dança e também a música como uma
linguagem importante a ser destacada nos currículos da educação. Nas quatro primeiras séries
a responsabilidade por este ensino passa a ser do professor titular de classe, não exigindo uma
determinada formação em artes. Já da quinta a oitava série a responsabilidade era do professor
de educação artística que também não precisava necessariamente de formação em música. Ele
deveria ter essa formação na faculdade, mas que foi superficial.
No decorrer do século XX e início do século XXI o ensino de música foi sendo
deixado de lado dentro das escolas, chegando ao ponto de ser excluído de vários projetos e
também dos currículos da educação.
Lei nº11. 769, de 18 de agosto de 2008. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da
música na educação básica, determinando que o ensino de música seja obrigatório nas escolas
de educação básica. Assim, partindo desta lei, todas as escolas teriam o prazo de três anos
letivos para seguir devidamente as exigências impostas. Mas para que isso ocorresse as
escolas precisariam se adaptar para que o conteúdo se incorporasse aos conteúdos
curriculares. (NEVES, 2012.)
A presente Lei significou uma grande conquista para o País, principalmente por ser um
País rico em cultura e assim cresce junto a oportunidade das crianças crescerem em contato
com o universo musical.
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Pesquisadores e estudiosos vêm traçando paralelos entre o desenvolvimento infantil
e o exercício da expressão musical, resultando em propostas que respeitam o modo
de perceber, sentir e pensar, em cada fase, e contribuindo para que a construção do
conhecimento dessa linguagem ocorra de modo significativo. (BRASIL, 1998, p.48).
Desta forma o ensino de música, pode contar com atividades como as que o professor
Schkolnick trabalhou com suas crianças, fazendo com que elas possam apreciar, expressar e
perceber que música também pode ser transformada em desenhos ou seja a música pode ser
inventada através da interação da criança com a linguagem sonora e musical.
A rede municipal de ensino desse município conta com 9 professores que atuam
diretamente com o ensino da música em sala de aula, porém também os professores regulares
relatam que em suas disciplinas em alguns conteúdos precisam fazer uso da música, mesmo
sem ter preparo para tal.
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Desta forma, como complemento do trabalho, foi realizada uma pesquisa de campo,
onde foram entrevistados professores da rede sendo alguns professores de música que atuam
com crianças, tanto na rede municipal como em projetos culturais no município, e professores
do ensino regular que buscam conhecimento musical para auxiliá-los em seu trabalho, visando
trazer novas opiniões e dicas para uma boa aula de música.
Para tal foram contactados 14 professores para entrega dos questionários que foram
feitos de forma mista, pois foram utilizadas perguntas abertas que são apresentadas de forma
livre e também perguntas fechadas que já apresentam respostas mais objetivas.
(http://www.praticadapesquisa.com.br/2011/01/qual-diferenca-entre-questionario.html).
Porém, apenas 5 professores responderam aos questionários, obtendo as seguintes respostas:
Nos dias de hoje, o número de professores com formação em música é muito baixo
perto da importância que a educação musical traz para dentro das escolas.
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Nesta questão, procuramos complementar a questão anterior e a resposta foi variada.
Os poucos professores que possuem formação na área de música estão de 1 a 20 anos na
docência musical. No entanto apresentam maior tempo de docência na área da música os que
tem formação em uma instituição formal de música. Os demais foram contratados por ter
alguma experiência com a música seja em escolas seculares ou em igrejas.
Podemos ver aqui o número de docentes com formação na área de música, como a
formação instrumental e o número de docentes que buscam uma formação em diversos cursos
de arte, como a musicalização e dança. E mais uma vez se confirma que a formação de música
como instrumentista é o que mais prevalece entre os que estudaram em uma escola formal de
música.
Respondendo o que está no RCNEI (1998, vol.3), a dança também se insere de forma
importante no ambiente musical, pois leva em conta as necessidades dos vínculos afetivos e
dos contatos e expressões corporais.
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Alguns professores não responderam a esta questão, mas os que responderam
disseram que escolheram esta área de atuação por convivência com a música desde pequenos,
ou seja, por influência familiar.
Outro fato trazido pelo RCNEI (1998, vol.3), quando os adultos cantam melodias,
cantigas de ninar, entre diversas outras canções, a criança se encanta com o que ouve, e tenta
imitar e responder aos sons, fazendo com que o momento se torne significativo para o
desenvolvimento afetivo e cognitivo, formando um vínculo tanto com o adulto quanto com a
música. Influenciando cada vez mais na construção do repertório e da cultura da criança.
Então a partir desses contatos com a cultura através da família a criança passa a se
influenciar musicalmente
Esta questão mostra que a maioria tem formação em pedagogia, sendo assim, embora
não sendo especialistas no ensino de música, eles estão buscando conhecimento para
desenvolverem as atividades musicais com melhor qualidade e com conhecimento nesta área.
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Pois, de acordo com Bréscia (2011), a música ainda não faz parte do cotidiano das
escolas, afinal o MEC não estabeleceu que os professores de música fossem especialistas no
assunto. Mas podemos contar com os professores mais interessados que buscam pelo menos
uma formação básica sobre assunto.
A maior parte dos professores respondeu que toca algum tipo de instrumento musical,
o que facilita na hora de apresentar alguns deles para as crianças. Indo de acordo com o que
diz a autora Brito (2003), a construção de instrumentos e objetos musicais é uma atividade
que desperta nas crianças um interesse maior e auxilia também no desenvolvimento da
criatividade
Todos disseram que a reação das crianças durante as aulas de música, é positiva. De
acordo com o que diz a autora Weigel (1998), todas as atividades que envolvem música,
favorecem, e muito, a autoestima, a participação e também a cooperação gerando então os
fatores positivos durante as aulas.
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Os professores citaram nesta questão vários materiais que usam em suas aulas, assim
como áudio, vídeos, materiais teóricos e também diversos instrumentos musicais.
Isso nos chama a atenção, para o que diz o RCNEI (1998, vol.3), que a música faz
parte do nosso cotidiano através do rádio, da TV, entre outros meios que podemos utilizar nas
aulas de música para realizar as mais diversas atividades, “Tendo como produtos musicais a
interpretação, a improvisação e a composição”. (Pag.48).
A autora Bréscia (2011), completa que além da música, também o cantar pode ser um
excelente companheiro da aprendizagem. Ela ainda enfatiza que o cantar ainda pode ser um
veículo de compreensão, memorização ou expressão de emoções.
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Nesta questão todos os professores disseram que os objetivos mais alcançados com o
ensino de música no contexto escolar são a interação, a criatividade e também a sensibilidade.
Mas citaram também que a música na escola permite explorar, reconhecer, construir e
valorizar o mundo à sua volta.
Seguindo o que diz a autora Bréscia (2011), a música tem sido denominada como uma
disciplina de expressão, que enriquece a vida das crianças por meios das oportunidades que
oferece na participação dos sentimentos uns dos outros de se expressarem, enquanto criam,
executam, ouvem e observam. E, sobre tudo a música, tem grande valor como uma disciplina
socializadora.
E nesta mesma questão um dos professores ressaltou que a música no contexto escolar
não tem como objetivo formar músicos profissionais, mas sim de dar suporte de
conhecimento ao estudante. O que está de acordo com Brito (2003), que diz que a educação
musical está mais focada na formação integral da criança de hoje, do que em tornar as
crianças músicos profissionais do amanhã.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
È através destas preocupações que este trabalho foi realizado, procurando mostrar a
influência da música nas diversas fases do desenvolvimento da criança, assim como o
cognitivo, o motor e também o afetivo.
No espaço da aprendizagem, ou seja, dentro das escolas ainda vemos muitas vezes a
música sendo trabalhada apenas nas datas comemorativas, tornando – a cada vez mais
mecânica.
Queremos mostrar que a educação musical, tem muito á oferecer na vida das crianças
e também de mostrar que o processo de aprendizagem, pode acontecer de uma forma mais
lúdica, fazendo com que o ensino caminhe cada vez mais, estimulando a atenção e o interesse
dentro de cada criança.
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E através deste trabalho, vimos as várias maneiras que a música tem de influenciar o
desenvolvimento de cada criança. Seja dentro ou fora das escolas, a música sempre estará
presente, trazendo seus benefícios para o meio social de cada um de nós.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PICCOLO, Vilma Lení Nista. Ritmo do movimento na criança: ver e perceber. In: Moreira,
Wagner Way. Corpo presente. Campinas: Papirus, 1995.
SANTOMAURO, Beatriz. Para ouvir, cantar e tocar. Nova escola, jan/fev. 2012, p.36-41.
SNYDERS, Georges. A escola pode ensinar as alegrias da música? 5ª ed. São Paulo:
Cortez, 2008.
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WEIGEL, Ana Maria Gonçalves. Brincando de Música: Experiências com sons, ritmos,
música e movimentos na pré–escola. 1 ed. Porto Alegre: Kuarup, 1988.(Pré-escola).
Disponível em: <http://www.praticadapesquisa.com.br/2011/01/qual-diferenca-entre-
questionario.html>. Acesso em: 16 out. 2012.
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