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Introdução

O papel essencial da água para a sobrevivência humana e para o desenvolvimento das sociedades
é de conhecimento geral na atualidade (HELLER e PÁDUA, 2006).
O abastecimento de água de uma cidade deve trazer fundamentalmente benefícios à população
residente e isso está intimamente relacionado à preservação da qualidade hídrica. Na região
semiárida essa preservação se torna ainda mais imprescindível, dado que suas condições naturais,
com temperaturas atmosféricas elevadas, chuvas irregulares no tempo e no espaço e forte
insolação anual limitam os recursos hídricos, segundo Goyareb et. al (2006).
Os sistemas de abastecimento de água são uma série de partes específicas e essenciais que
alimentam variados consumidores de água, como residências, indústria, comércio e outros. Estas
redes são compostas por diversas fases, que vão desde a captação da água até a rede de
distribuição de fato.
pode-se definir os sistemas de abastecimento de água como o “conjunto de obras, equipamentos
e serviços destinados ao abastecimento de água potável de uma comunidade para fins de
consumo doméstico, serviços públicos, consumo industrial e outros usos
Contextualização

Situação da água, saneamento e higiene em Moçambique


Apesar do progresso considerável registado ao longo dos anos, apenas metade dos
moçambicanos tem acesso ao abastecimento de água melhorado e menos de um quarto (um em
cinco) usa saneamento melhorado. De uma maneira geral, persistem desigualdades flagrantes nos
serviços de abastecimento de água e saneamento entre as pessoas que vivem nas zonas rurais e as
que vivem nas zonas urbanas. 

A nível nacional, embora a proporção de pessoas sem acesso a fontes de água melhoradas tenha
reduzido de 65 por cento em 1990 para 49 por cento em 2015,  as disparidades entre as pessoas
com cobertura nas zonas rurais e nas urbanas são acentuadas, sendo o número estimado em 64
por cento e 17 por cento, respectivamente.  Além disso, nas zonas rurais, uma em cada cinco
pessoas usa água de superfície como sua fonte primária de água para beber.
Existem igualmente disparidades geográficas, com os serviços a apresentarem-se mais
inadequados de uma maneira geral nas províncias do norte. A título de exemplo, na província de
Maputo, no sul, cerca de 87,1 por cento da população tem acesso à água potável e 70,1 por cento
tem acesso e usa o saneamento melhorado, comparativamente à província central da Zambézia,
uma das províncias mais populosas do país, onde apenas 30,6 por cento da população tem acesso
à água potável e 13,0 por cento tem acesso ao saneamento melhorado.

A situação da Água, Saneamento e Higiene nas escolas e unidades sanitárias continua


desconhecida.

Também constitui um grande desafio a ocorrência frequente de desastres naturais, que estão a ser
exacerbados pelas alterações climáticas. Continuam a ter um impacto devastador em milhões de
moçambicanos. As alterações climáticas também ameaçam a disponibilidade e a qualidade dos
recursos hídricos do país, tanto a água de superfície como subterrânea. As crianças pequenas
estão mais em risco devido às más condições de Água, Saneamento e Higiene. Embora
Moçambique tenha registado progressos na redução da mortalidade em menores de cinco anos,
as doenças diarreicas continuam a ser uma das principais causas de morte de crianças. Além
disso, evidências concludentes indicam que a Água, Saneamento e Higiene é uma intervenção
essencial para reduzir a desnutrição; este é um aspecto particularmente pertinente em
Moçambique, onde 43 por cento das crianças menores de 5 anos sofrem de desnutrição crónica
grave ou moderada.

As mulheres e raparigas são particularmente afectadas pelo acesso inadequado à água e


saneamento. Além de ter um impacto prejudicial na sua saúde, o acesso inadequado à Água,
Saneamento e Higiene pelas raparigas ameaça a sua segurança, bem-estar, educação, contribui
para a perda de dignidade e para a ameaça de agressão sexual devido à inexistência de casas de
banho, tanto em períodos de emergência como de estabilidade. Também as crianças com
deficiência não têm acesso ao ensino nas escolas quando não existem condições de Água,
Saneamento e Higiene acessíveis ou se forem inadequadas.

Além disso, o crescimento da população e a rápida urbanização colocarão em breve uma pressão
ainda maior nos serviços de Água, Saneamento e Higiene.
A população urbana de Moçambique pode atingir os 50 por cento até 2025. As cidades e as suas
zonas peri-urbanas com serviços inadequados atraem migrantes provenientes das zonas rurais.
Também as vilas rurais em crescimento com até 50.000 habitantes representam mais ou menos
15 por cento do total da população urbana e necessitarão de mais investimentos.

Quadro Institucional Da Área De Aabstecimento De Água

O Sector de Abastecimento de Água e Saneamento em Moçambique tem a Direcção Nacional de


Abastecimento de Água e Saneamento (DNAAS) como órgão responsável pelo abastecimento de
água potável e saneamento às populações e que assegura a implementação de programas de
abastecimento de água e saneamento, visando alcançar serviços sustentáveis e cobertura
universal. O abastecimento de água aos principais núcleos urbanos está sob a responsabilidade
do Fundo de Investimento e o Património do Abastecimento de Água (FIPAG) e para o
saneamento urbano e das vilas e o abastecimento de água nos restantes núcleos urbanos e das
vilas, tem como responsável a Administração de Infraestruturas de Água e Saneamento (AIAS).
No nível local a implementação de programas de abstecimento de água e saneamento e
promoção de higiene esta adstrita aos órgãos locais do Estado através dos Serviços Distritais de
Planeamento e Infraestruturas (SDPI). A regulação do abastecimento de água e saneamento está
sob a responsabiliadde da Autoridade Reguladora de Águas (Ex-CRA).
A República de Moçambique tem como capital Maputo e de acordo com o recenseamento geral
da população e habitação de 2017 possui uma população total de 27.909.798 habitantes dos quais
33,4% em zonas urbanas e 66,6% em zonas rurais.

Responsabilidade de Abastecimento de agua

Para o abastecimento de água e saneamento rural as responsabilidades recaem sobre os Serviços


Distritais de Planeamento e Infra-estruturas (SDPIs), para o abastecimento de água nos sistemas
principais urbanos a recolha é feita pelos do FIPAG (Fundo de Investimento e Património do
Abastecimento de Água), para o abastecimento de água nos sistemas secundários e saneamento
urbano a AIAS (Administração de Infraestruturas de Água e Saneamento). A particularidade da
componente urbana do SINAS é a de que a passagem da informação da componente urbana para
o SINAS será feito de momo expedito através de script ou execução por um técnico responsável
pelo carregamento. Existem ainda no cenário moçambicano os Fornecedores Privados de Água
(FPA) cuja informação inicial está disponível na plataforma WebSIG e que a responsabilidade
do levantamento está com os Serviços Distritais de Planeamento e Infraestruturas e Conselhos
Municipais.

Sistema de Abastecimento de Água


O Rio Umbeluzi é um rio internacional que corre, principalmente, ao longo de Moçambique e da
Suazilândia.

O total da área da bacia do Rio Umbeluzi é de 5,400 km2, dos quais 40% se situam em
Moçambique, 58% na Suazilândia e apenas 2% na África do Sul. O rio principal tem dois
afluentes significativos que são o Rio Mbuluzane, na Suazilândia e o Rio Movene, em
Moçambique.

Descrição do sistema de abastecimento

A cidade de Maputo tem cerca de 1.800.000 de habitantes e estima-se que 45% destes se
beneficiam do fornecimento de água potável. A restante parte da população depende de fontes de
água subterrânea, os chamados Pequenos Sistemas. Casos há em que os populares obtêm água de
vendedores privados ou de simples furos. Em termos de consumidores, a AdM possuí cerca de
77.000, entre consumidores domésticos e industriais.

O sistema de abastecimento de água de Maputo na essência técnica, é constituído por uma


estação de tratamento (ETA), um sistema de transporte, um sistema de armazenamento e um
sistema de distribuição.

Tratamento Da Água. Contudo deve fornecer-se água de boa qualidade, tendo em conta que é
notoriamente conhecida a relação entre qualidade da água e a saúde das populações. Portanto, ao
se projectar um sistema de abastecimento de água deve-se considerar a qualidade como factor
essencial. É fundamental que os sistemas de tratamento e distribuição estejam associados a uma
qualidade adequada da água.

Em geral, os factores que influenciam a variação da qualidade da água no abastecimento são:

 Características de qualidade da água (química, física e biológica);


 Características da conduta (idade, tipo, percolação, corrosão, depósitos, etc.);
 Características da rede (circuitos fechados, extremidades cegas, tanques de
armazenagem, etc.);
 Características de operação da rede (consumo de água, velocidade, etc.);
 Misturas de águas (de diferentes fontes).

À água obtida da natureza e destinada ao público, torna-se necessário que satisfaça os seguintes
requisitos indispensáveis: não prejudicial à saúde e também agradável aos olhos do consumidor.
Ao conjunto de operações para a sua purificação denomina-se tratamento ou potabilização da
água. As operações fundamentais para o tratamento da água para o consumo humano são:

Captação;
• Coagulação/clarificação;
• Decantação/sedimentação
• Filtração; e
• Desinfecção.
Depois seguem-se as operações de:
• Elevação; e
• Transporte/distribuição.

Uma estação de tratamento é um empreendimento caro. Por esta razão, uma vez implantada,
mudanças ou alterações não são fáceis de introduzir por razões económicas, a menos que hajam
razões bem fundamentadas. A seguir mostra-se o fluxograma do processo.

1.1.1. CAPTAÇÃO
A água crua é captada através de bombas directamente no rio no caso de águas superficiais,
como é o da ETA do Umbelúzi e bombeada para as cisternas de coagulação. Para se
determinar a qualidade da água bruta das águas superficiais colhem-se amostras com
frequência e ao longo de um período bastante prolongado, pelo menos um ano, de forma a
se poder estudar as características extremas:
- Turvação máxima no período de chuvas;
- Quantidade máxima de sais dissolvidos nesse período.
As amostras devem ser colhidas de forma idêntica à captação futura, para que os resultados
obtidos pela análise correspondam aos da água a utilizar. A seguir apresenta-se a imagem da
fonte de captação da ETA do Umbelúzi.

COAGULAÇÃO
Este é o processo inicial da clarificação da água. Consiste na adição de adjuvantes e coagulantes
sob forma de solução, na câmara de mistura rápida, logo após a bombagem da água bruta. Neste
ponto, sob agitação rápida ocorre a reacção química entre o coagulante carregado positivamente
e a alcalinidade, resultando a formação de pequenas partículas carregadas positivamente. Como a
matéria em suspensão está carregada negativamente, após a passagem da água pela câmara de
mistura inicia-se a coagulação e floculação, que consiste na agregação da matéria em suspensão
em torno das pequenas partículas formadas.

A água bruta geralmente apresenta impurezas que são devidas a matérias orgânicas em
suspensão, ou a minerais dissolvidos. O objectivo principal deste processo é o de torná-la com
um aspecto agradável, ou seja, com turvação e cor dentro dos parâmetros de potabilidade
recomendados pela Organização Mundial da Saúde.

Os coagulantes são substâncias químicas que reagem com as impurezas contidas na água crua,
formando-se um precipitado que aparece em toda a massa do líquido e cujas partículas se vão
agregando formando flocos. A quantidade, tipo de coagulante e tempo de reacção são geralmente
determinados pela experiência de forma a se obter resultados óptimos em termos de qualidade e
eficiência do reagente.

Os coagulantes mais usuais são:


sulfato de alumínio -  Al2(SO4)3
sulfato ferroso - FeSO4 
sulfato férrico - Fe2(SO4)3 
cloreto férrico - FeCl3
óxido de cálcio - CaO
hidróxido de cálcio - Ca(OH)2 
3.2.1 Floculação- sedimentação
Basicamente, estes dois processos ocorrem nos decantadores. A sedimentação consiste na queda de
flóculos de maior densidade que a água, permitindo assim a clarificação preliminar da água. Uma vez
que nem todos flóculos têm densidade suficiente para se sedimentarem, a água passa ao processo
seguinte para uma efectiva clarificação. Na ETA do Umbeluzi, a remoção do sedimento, sob a forma
de lamas, é feita automaticamente.

3.4 Filtração
O sistema de filtração usado na ETA do Umbeluzi é a filtração rápida em leito de areia. Ela consiste em
fazer passar a água decantada por meio de um leito poroso de areia com granulometria seleccionada
para o efeito. A essência deste processo é remover os flóculos remanescentes do efluente da
decantação. A filtração também remove algumas bactérias e algas.

3.5 Neutralização
Consiste na correcção do estado calco carbónico da água, por forma a evitar que ela seja corrosiva,
portanto para efeitos de protecção das canalizações tanto do sistema de transporte como da
distribuição. Este processo desenrola-se adicionando água de cal.

Sistema de Abastecimento de Agua e o meio Ambiente


Toda intervenção feita pelo homem pode causar impactos ao meio ambiente, meio social e meio
econômico, influenciada pelo porte, uso e funcionalidade da obra em questão, dito isto, é de
imensurável relevância a análise de impactos atrelados para a definição dos procedimentos
escolhidos em cada etapa do processo, sendo de projeto ou construtivo. Barbisan et. al (2012),
Conceitos

impacto ambiental é definido como: Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da
população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do
meio ambiente; e a qualidade dos recursos ambientais.( Conama 001 de janeiro de 1986,)
Causas
A avaliação ambiental prévia dos efeitos de empreendimentos hídricos é uma parte importante
no processo de concepção do sistema, de formulação e seleção de alternativas e de elaboração e
detalhamento do projeto. A avaliação da viabilidade ambiental, assim como da viabilidade
técnica de um projeto hídrico, assume caráter de forte condicionante das alternativas a serem
analisadas, podendo ocorrer, em muitos casos, a predominância dos critérios ambientais em
relação aos critérios econômicos.
Referências Bibliográficas

http://www.adem.co.mz/index.php/a-empresa/qualidade-ambiente#page

http://www.adem.co.mz/index.php/a-empresa/sistema-abastecimento

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