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ESMALTE

1. INTRODUÇÃO
• natureza ectodérmica
• ¬ epitélio dentário interno
• matriz orgânica proteica, sem colagénio
• cristais de HA extremamente ordenados
• é o único tecido acelular
COLAGÉNIO I – SUPORTE DOS CRISTAIS DE HA EM TODOS OS TECIDOS DUROS COM
EXCEPÇÃO DO ESMALTE!

2. COMPOSIÇÃO QUÍMICA
a) componente cristalino: 96-99% (w/w)
b) componente orgânico: 1-2%
c) água: 3%

a) componente cristalino: 96-99% (w/w) :

quase inteiramente sob a forma de cristais de hidroxiapatite (HA):


MINERAL – APATITE BIOLÓGICA
• padrão definido de organização iónica que permite uma variação considerável
na sua composição
• substituição e adsorção de iões

VARIABILIDADE IÓNICA

• reflecte ambiente próximo dos cristais


• explorado clínicamente para modificar a estrutura
• ex: expondo-os a um meio rico em flúor

a posição do hidroxilo (-OH-) pode ser ocupada:


• fluoretos (F-) ↘ solubilidade
• cloretos (Cl-) ↗solubilidade
• carbonatos (CO32-) ↗solubilidade

• a posição do fosfato (PO43-) pode ser ocupada:


• carbonato (CO32-) ↗solubilidade

• Ca2+ pode ser substituído por Mg2+


• ¬ Mg2+ inibe o crescimento do cristal

b) componente orgânico: 1-2%


varia: é menor no esmalte maduro (<2%)
• função I: direccionar o crescimento do mineral
• ¬ contributo dos ameloblastos: proteínas e lípidos
• componentes exógenos também podem ficar incorporados no esmalte
• sangue, saliva e flora oral

• proteínas específicas do esmalte


• tufelina
• enamelina
• amelogeninas
• ameloblastina
• outros
• proteínas séricas
• metaloproteinases, proteinases de serina
• condroitina-4-sulfato, condroitina-6-sulfato
• lípidos
Tufelinas (50-70kDa)
• abundante na JAD - é a proteína dos tufos
• terá um importante papel no inicio da mineralização
Enamelinas (186®32kDa)
• centro de nucleação e crescimento dos cristais
Amelogeninas (25kDa)
• as + abundantes no esmalte imaturo: 90% ® ~ 0%
• localizam-se entre os cristais
• também podem nuclear cristais

Ameloblastinas
• localizam-se na superfície do processo de Tomes e na periferia dos cristais e prismas

3. PROPRIEDADES FÍSICAS
1) duro ¬ ~ à do aço maleável
2) frágil, quebradiço ® DENTINA subjacente
3) translúcido, radiopaco
4) espessura variável ¬ máximo de ~2.5mm
5) branco acinzentado ® amarelo-claro
6) semipermeável
7) acelular ¬ “inerte”

1)DUREZA

• é o tecido + mineralizado do organismo


• ← estrutura cristalina altamente organizada
• 5x + duro que a dentina (o 2º)
• 343 KHN (Knoop Hardness Number)
• varia em diferentes partes do mesmo dente:
• máxima na(s) cúspide(s) e esmalte superficial
• menor na região cervical
• adquire as suas características com a maturação
• suporta grandes cargas durante a mastigação

2)FRAGILIDADE

• matriz altamente mineralizada ® particularmente susceptível à fratura


• revela-se resistente graças:
• arranjo dos cristais de HA em bastões
• suportado por um tecido + resiliente = DENTINA

3)TRANSLÚCIDO_RADIOPACO
4)ESPESSURA VARIÁVEL

5)CÔR
Resulta da espessura e opacidade do esmalte:
• branco, acinzentado
• quando é + espesso, é + opaco
• menos mineralizado ¬dentes decíduos
• + amarelado ¬típico da dentição II
• ¬ espessura e translucência do esmalte
• ¬ cor e espessura da dentina subjacente

6_SEMI-PERMEÁVEL
• permite a passagem de algumas moléculas
• relativamente impermeável se comparado com a Dentina
• existem fendas mínimas – poros – à volta dos prismas/bastões
• ¬ iões, matéria orgânica e/ou água e algumas bactérias
• como a superfície é + mineralizada , é menos permeável

7)ACELULAR – “INERTE”
BASTÃO = prisma de esmalte (ME)

• ¬ padrão altamente organizado dos cristais


• forma de “fechadura”
• representa o "rasto mineralizado" deixado pelo processo de Tomes (bordo distal
do ameloblasto) durante a sua migração

1)UNIDADE BÁSICA OU PRIMÁRIA


BASTÃO ¬ preenchido por cristais:
• maioria // ao eixo longitudinal do bastão
• restantes ¬ + distantes do eixo central
• dispõem-se cada vez + inclinados
• surge a REGIÃO INTERBASTÃO ¬ cristais com orientação
diferente
• espessura varia pouco (média de 5μm)

BAÍNHA DO BASTÃO

• o limite entre o esmalte prismático e


inter-prismático é marcado por um
pequeno espaço preenchido com matéria
orgânica
• é menos mineralizado e pois contém
mais substância orgânica = proteínas do
esmalte

• é + susceptível à fractura

RELAÇÃO ENTRE BASTÕES


• confere maior resistência ao esmalte:
• a cabeça suporta o choque das forças mastigatórias
• o colo distribui e dissipam-nas
• a organização das fileiras de bastões tem importância clínica pois as
fraturas de esmalte ocorrem entre fileiras adjacentes
STRUCTURA EM « FECHADA »
Ameloblasto (1 bastao + alguns
interbastoes)

2)UNIDADES ESTRUTURAIS SECUNDÁRIAS


ESTRIAS TRANSVERSAIS (MO)
• indicam variação na actividade secretora diária (circadiana) dos ameloblastos
• ocorrem a intervalos de 4μm ^ ao eixo dos bastões
• ¬ quantidade de esmalte produzida/dia
• ME: expansões e constrições alternadas dos bastões

ESTRIAS DE RETZIUS (MO)


• linhas incrementais de crescimento
• ¯ actividade cada 8-10 dias = “repouso semanal”
• proeminentes na maioria dos dentes permanentes
• raras no esmalte pré natal
• representam zonas hipomineralizadas
LINHA NEONATAL = alargamento da estria de Retzius
• ¬ reflecte a ocorrência de significativas alterações fisiológicas com o nascimento

PERIQUIMÁCIAS
• estrias de Retzius que atingem a superfície do esmalte
• ® // entre si
CRESCIMENTO APOSICIONAL – LINHAS INCREMENTAIS

FUSOS
processo odontoblástico cruza a JAD (antes da mineralização) e acede ao esmalte
• forma 1 fuso
• formados durante a fase de organização da amelogénese
• zona hipomineralizada do esmalte

TUFOS
• representam áreas ricas em proteínas da matriz que falharam a maturação
• zona hipomineralizada
• projectam-se a curta distancia da JAD (1/3®1/2)
• formados durante o desenvolvimento do processo de Tomes
• frequentes, regulares e periódicos na JAD
• ao contrário dos fusos

LAMELAS
• defeitos lineares
• preenchidas com matéria orgânica
• estendem-se por uma espessura variável no esmalte
• acredita-se que sejam formadas como falha local no processo de maturação,
aí permanecendo água e restos de matriz
• podem resultar de impactos traumáticos
• FALHA
• áreas particularmente sujeitas a fraturas
• lamelas podem representar áreas de maior permeabilidade
• ← acesso de bactérias à JAD
• explica alguns casos de cárie "escondidas

JUNÇÃO AMELODENTINÁRIA – JAD


• típicamente ondulada ← melhor inserção mecânica de 2 tecidos tão diferentes
ESMALTE NODOSO (nós de esmalte) :
• entrelace complexo de bastões
• mais frequente nas cúspides
• acredita-se que proporcionam
um ↑ de resistência às forças mastigatórias
BANDAS DE HUNTER-SCHREGER
fenómeno óptico
• produzido apenas pela mudança regular na direção dos bastões –
decussação dos bastões
• bandas alternadas claras/escuras
• podem ser invertidas por mudança da luz incidente
• identificadas nos 4/5 internos do esmalte

5. ALTERAÇÕES COM A IDADE


1)DESGASTE
• progressivo em regiões de atrito mastigatório
• facetas de desgaste + pronunciadas com a idade
• podem ser perdidas porções substanciais da
coroa (esmalte e dentina)
• tecido não-vital, incapaz de regeneração

2)MUDANÇA DE CÔR
+ escuro
• alterações intrínsecas versus extrínsecas
• causa discutível:
• adição de matéria orgânica pigmentada ← ambiente oral
• mudança na estrutura do esmalte
• escurecimento da dentina ¬ observado através do esmalte
delgado e translúcido

3)PERMEABILIDADE
esmalte jovem comporta-se como membrana semipermeável
• permite a lenta passagem de água e substâncias de pequeno PM
• através dos poros entre os cristais
• ↗ idade ----} menos permeável
• poros ↘ à medida que os cristais incorporam + iões e ↗de
Tamanho
• água também ↘ com a idade ¬ > parte da água está nos poros

4)MODIFICAÇÕES DA CAMADA SUPERFICIAL


composição muda de acordo com as trocas iónicas que se dão no
ambiente da cavidade oral
• progressivo
no conteúdo de fluoreto na camada superficial do esmalte

6) IMPLICAÇÕES CLÍNICAS
• FLUORIDAÇÃO
• incorporação ou adsorção de flúor nos cristais de HA
• ® maior resistência à desmineralização / cárie
• ATAQUE ÁCIDO
• remoção da placa bacteriana
• ↗ porosidade
das superfícies expostas por dissolução selectiva de cristais
•® melhor adesão de materiais
• CÁRIE
MANCHAS BRANCAS= início da desmineralização
CÁRIE CAVITÁRIA: dissolução total e irreversível de cristais!

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