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DIREITO

LEGISLAÇÃO JURISPRUDÊNCIA COMENTADO nº 173


▪ Regras da dedutibilidade PAT ▫ ISS sobre software personalizado - RE ▫ CSL Coisa Julgada – Dezembro
▫ Cadastro CEPOM/RJ 688.223/RJ Julgamento adiado de 2021
▫ CARF - Retrospectiva
▫ CARF - Tributação de fundos de investimento
▫ ICMS Energia Elétrica
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TRIBUTAÇÃO
LEGISLAÇÃO

NOVA LIMITAÇÃO À DEDUTIBILIDADE DE GASTOS COM O PAT

O boletim eletrônico Tributação é desenvolvido


pelos profissionais que integram a área Tributária de
Pinheiro Neto Advogados

PERIODICIDADE
Mensal

CONSULTOR RESPONSÁVEL
Tércio Chiavassa

COLABORADORES
Tércio Chiavassa, Ana Carpinetti; Luiz Paulo Romano;
Ana Luisa Varella; André Torres; Marco Betoni; Tiago
Lopes da Cruz; Bruno Lorette Corrêa; Luiza Prado
Moreno; Patrick Rajala; Jorge Mussa Guerra Demes (Foto: GettyImages)
e Matheus Pedro Costa
No dia 11.11.2021 foi publicado o Decreto n.º refeições ou de distribuição de alimentos por
10.854/2021 que, entre outras medidas, alterou as entidades fornecedoras de alimentação coletiva. Além
regras de dedutibilidade dos gastos incorridos com o disso, nos casos em que é possível a dedução, o
CONTATOS Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), novo Decreto limita a dedutibilidade ao valor de um
limitando as deduções da base de cálculo do Imposto salário-mínimo.
pinheironeto.com.br de Renda, até então previstas no Regulamento do
Pinheiro Neto Imposto de Renda (RIR), aprovado pelo Decreto n.º No entanto, a Lei n.º 6.321/1976, que criou a
9.580/2018. possibilidade de se deduzirem os valores gastos com
o PAT do lucro tributável do Imposto de Renda, em
Política de Privacidade Segundo as novas regras, a dedutibilidade das momento algum trouxe as limitações indicadas no
Este boletim tem caráter genérico e informativo, não constituindo despesas com o PAT fica limitada aos valores gastos Decreto n.º 10.854/2021, o que torna as novas regras
opinião legal para qualquer operação ou negócio específico. Para com trabalhadores que tenham salário correspondente ilegais.
mais informações, entre em contato com nossos advogados ou
visite o website. a até cinco salários-mínimos, exceção feita às
hipóteses em que a empresa tenha serviço próprio de Essa não é a primeira vez que ocorre a limitação da
Pinheiro Neto Advogados. Todos os direitos reservados.
Para mais informações, acesse: www.pinheironeto.com.br

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TRIBUTAÇÃO LEGISLAÇÃO JURISPRUDÊNCIA COMENTADO nº 173


▫ Regras da dedutibilidade PAT ▫ ISS sobre software personalizado - RE ▫ CSL Coisa Julgada – Dezembro
▪ Cadastro CEPOM/RJ 688.223/RJ Julgamento adiado de 2021
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dedutibilidade dos gastos com o PAT. Em outras REVOGADA A OBRIGATORIEDADE DO CEPOM


ocasiões, a Receita Federal já editou regras NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
restringindo o direito à dedutibilidade do PAT sem
amparo legal, como é o caso, por exemplo, da
limitação da dedutibilidade ao valor de R$ 1,99 por
refeição, criada pela Instrução Normativa RFB n.º
267/2002.

A consequência disso é que existem precedentes do


Superior Tribunal de Justiça e dos Tribunais Regionais
Federais afastando regras infralegais que, ao longo
dos últimos anos, limitaram a dedutibilidade do PAT
sem amparo em lei. Assim, tais precedentes podem
ser utilizados por analogia para afastar as novas
regras trazidas pelo recente ato do Poder Executivo.

Por fim, o mencionado Decreto n.º 10.854/2021, ao


determinar que as alterações das regras de
dedutibilidade do PAT entram em vigor 30 dias após a
sua publicação, viola, ainda, o princípio da
anterioridade anual, previsto no artigo 150, inciso III,
alínea “b”, da Constituição Federal, aplicável ao (Foto: GettyImages)
Imposto de Renda, na medida em que a mudança da
regra, se legal fosse, só poderia entrar em vigor a Por meio da Lei Complementar RJ n.º 235/2021, prestadores de serviço cabíveis e retenham ISS nos
partir de 1º.1.2022. publicada em 4.11.2021, o Município do Rio de casos em que o imposto não é devido.
Janeiro revogou o artigo 14-A de seu Código
Em conclusão, o novo Decreto n.º 10.854/2021, Tributário Municipal e extinguiu a exigência do Conforme artigo 39 da Lei Complementar RJ n.º
publicado no mês de novembro, viola os princípios da Cadastro de Empresas Prestadoras de outros 235/2021, o Poder Executivo regulamentará o
legalidade tributária e anterioridade anual do Imposto Municípios (CEPOM). disposto na lei complementar em referência no prazo
de Renda, sendo possível o ajuizamento de medida de noventa dias, a contar da publicação da referida
judicial para afastar a sua aplicação. No mais, Diante disso, em linha com a decisão do STF nos lei. Por essa razão, vale acompanhar a edição do
eventual medida judicial poderia cumular discussões autos do Recurso Extraordinário n.º 1.167.509 (Tema respectivo decreto para confirmar se foi, efetivamente,
relativas a outras regras que, nos últimos anos, n.º 1.020 da Repercussão Geral), a rigor, não existe colocado um ponto final na história do CEPOM no
limitaram a chamada “dedução em dobro” das mais previsão legal para que as empresas localizadas Município do Rio de Janeiro.
despesas incorridas com o PAT. no Município do Rio de Janeiro exijam o CEPOM dos

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JURISPRUDÊNCIA

ISS SOBRE SOFTWARE


PERSONALIZADO - RE 688.223/RJ
Em 4.12.2021, o Supremo Tribunal Federal (STF)
concluiu o julgamento do Recurso Extraordinário (RE)
688.223/RJ (Tema 590 da Repercussão Geral) e
concluiu, por unanimidade, pela constitucionalidade
da incidência de ISS em contrato de cessão ou
licenciamento de programas de computador (software)
desenvolvidos para clientes de forma personalizada.

Nesse sentido, confirmando os recentes precedentes


da Corte sobre o tema (vide Ações Diretas de
Inconstitucionalidade n.°s 1.945/MT, 5.659/MG, 5.576/
SP e 5.958/SP), a Corte consignou que, para fins de
incidência do ISS a que se refere o subitem 1.05 da
lista anexa à Lei Complementar n.° 116/03, não
interessa se o software é personalizado ou
padronizado: existindo o licenciamento ou a cessão
de direito de uso de programa de computação, deve (Foto: GettyImages)
incidir sobre ele o imposto municipal,
independentemente de o software ser de um tipo ou cobrem o ISS em relação aos mesmos fatos a fatos geradores ocorridos até 2.3.2021, casos
de outro. geradores; em que o contribuinte terá direito à repetição do
indébito do ICMS, respeitado o prazo prescricional,
A decisão do STF no RE 688.223/RJ teve seus efeitos ii. impedir que os estados cobrem o ICMS em relação independentemente da propositura de ação judicial
modulados, com eficácia ex nunc, a contar de aos fatos geradores ocorridos até 2.3.2021. até aquela data; e que, no caso de não
3.3.2021, data na qual foi publicada a ata de recolhimento do ICMS ou do ISS, incide o ISS em
julgamento das ações diretas 1.945/MT e 5.659/MG, A Corte determinou, ainda, que ficam ressalvadas: relação aos fatos geradores ocorridos até
para: 2.3.2021.
iii. as ações judiciais em curso em 2.3.2021, inclusive
i. impossibilitar a repetição de indébito do ICMS as de repetição de indébito e as execuções fiscais Com a finalização do julgamento do RE 688.223/RJ,
incidente sobre operações com softwares em em que se discutam a incidência do ICMS, e marca-se o fim das disputas envolvendo o ISS e o
favor de quem recolheu esse imposto até ICMS sobre a atividade de licenciamento de uso de
2.3.2021, vedando, nesse caso, que os municípios iv. as hipóteses de comprovada bitributação relativas software existentes perante aquela Corte.

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CARF SE MANIFESTA SOBRE O investidora somente possui disponibilidade jurídica operações em geral, considerada a essencialidade
MOMENTO DE TRIBUTAÇÃO DE FIA sobre os ganhos acumulados pelo FIA no momento do dos bens e serviços”.
PARA SOCIEDADES NO LUCRO REAL resgate das cotas. Apesar de a sociedade reconhecer
Por unanimidade de votos, em 22.10.2021, o CARF ganhos contábeis, para fins tributários, a valorização Por maioria de votos (8x3 em favor dos contribuintes),
(Acórdão n.º 1201-005.362) cancelou autuação fiscal das cotas do FIA só está disponível para o cotista no o STF reconheceu que os Estados não podem exigir
que exigia o recolhimento de IRPJ e de CSL sobre momento de seu resgate, com o pagamento do efetivo dos contribuintes o ICMS calculado com base em
ganhos contábeis reconhecidos por sociedade sujeita rendimento financeiro da aplicação. alíquotas superiores à alíquota padrão adotada para
ao lucro real em cotas de Fundo de Investimento em as demais mercadorias e serviços, tanto em
Ações. Dessa forma, a partir da recente manifestação do operações de aquisição da energia elétrica como
CARF, destacamos que sociedades sujeitas ao lucro também da contratação de serviços de
Na interpretação das autoridades fiscais, pelo fato de real passaram a contar com importante precedente telecomunicações, em função de sua essencialidade
a Paic Participações Ltda. estar sujeita à sistemática administrativo para determinar o momento de para a sociedade contemporânea.
do lucro real, os ganhos decorrentes da valorização tributação de seus investimentos. Tendo em vista a
das cotas de FIA deveriam estar sujeitos à tributação volatilidade inerente às aplicações financeiras de O então ministro relator Marco Aurélio proferiu o voto
conforme reconhecidos pelo regime de competência renda variável, o Acórdão n.º 1201-005.362 será vencedor, tendo sido acompanhado pelos ministros
contábil, independentemente de resgate das cotas do importante ferramenta para o mercado garantir maior Nunes Marques, Edson Fachin, Luiz Fux, Ricardo
fundo de investimento. Em resumo, as autoridades segurança sobre o regime tributário aplicável e evitar Lewandowski, Dias Toffoli, Carmen Lúcia e Rosa
fiscais exigiram o recolhimento do IRF fundamentado eventuais interpretações restritivas que poderiam ser Weber. Restaram vencidos os ministros Alexandre de
nos seguintes argumentos: adotadas pelas autoridades fiscais. Moraes, Luiz Roberto Barroso e Gilmar Mendes, que
entenderam pelo afastamento da alíquota majorada
■ Os rendimentos de aplicações financeiras de ICMS apenas para os serviços de
compõem o lucro real; telecomunicações.
JULGAMENTO EM REPERCUSSÃO
■ A regra de tributação de FIA apenas no resgate GERAL DO RE 714.139/SC (TEMA 745): Vale destacar que o ministro Dias Toffoli, que passou
somente seria aplicável para o IRF, sendo que a ESSENCIALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA E a ser o relator do feito com a aposentadoria do
tributação pelo IRPJ e pela CSL teria por base o DOS SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES ministro Marco Aurélio, apresentou proposta de
lucro contábil da entidade e No dia 29.11.2021, foi publicada a ata do julgamento modulação dos efeitos do julgado, propondo,
de mérito do Recurso Extraordinário n.º 714.139/SC inicialmente, que a tese fixada no leading case
■ A legislação tributária somente autoriza o (Tema 745 da Repercussão Geral), restando fixada a passasse a ser eficaz apenas a partir do próximo
diferimento da tributação de rendimentos para seguinte tese: “adotada, pelo legislador estadual, a exercício financeiro, ressalvadas as ações ajuizadas
sociedades optantes pelo lucro presumido ou técnica da seletividade em relação ao Imposto sobre até a publicação da ata do julgamento de mérito. Por
arbitrado. Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS, força de pedido de vista do ministro Gilmar Mendes, o
discrepam do figurino constitucional alíquotas sobre caso foi retirado da pauta de julgamento.
Ao analisar o processo administrativo, o CARF adotou as operações de energia elétrica e serviços de
o correto entendimento de que a sociedade telecomunicação em patamar superior ao das O processo foi novamente incluído em pauta na

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sessão do plenário virtual de 10 a 17 de dezembro, destaque a aplicação residual do voto de qualidade e


tendo o ministro Dias Toffoli apresentado nova as viradas de teses proporcionadas pelo desempate
proposta de modulação, no sentido de que a decisão Pró-Contribuinte previsto no art. 19-E, incluído pela
passe a produzir efeitos apenas a partir do exercício Lei n.º 13.988/20, a exemplo da concomitância de
financeiro de 2024, ressalvadas as ações ajuizadas multas de ofício e isolada, o aproveitamento de juros
até a data do início do julgamento do mérito sobre capital próprio retroativo e a tributação de
(5.2.2021), atendendo, com isso, ao pleito dos lucros no exterior por controlada estrangeira.
Estados, que alegam que a decisão acarretará
severos prejuízos orçamentários. Até o fechamento A nova regra, no entanto, ainda não está plenamente
deste boletim, seis Ministros já haviam votado solidificada. Neste ano de 2021, as ADIs 6.399,
acompanhando o Relator (Gilmar Mendes, Nunes 6.403 e 6.415 tiveram os votos proferidos dos
Marques, Alexandre de Moraes, Ricardo ministros Marco Aurélio e Luis Roberto Barroso no
Lewandowski, Rosa Weber e Roberto Barroso), Supremo Tribunal Federal. A tese do relator
formando maioria pela modulação com base em reconhece a inconstitucionalidade formal da inserção
marcos temporais inéditos. da regra de desempate, por “contrabando
legislativo”, mas afirma que não há
É interessante notar que esse julgamento reitera o inconstitucionalidade material. O min. Barroso, por
posicionamento recente do STF, que cada vez mais sua vez, traz a tese de que o critério de desempate é
passa a aplicar o instituto da modulação de efeitos em legítimo, mas possibilita que a Fazenda Pública
julgamentos de repercussão geral de matéria busque o judiciário nesse caso. Os autos estavam
tributária. Diante disso, mostra-se cada vez mais com vista ao min. Alexandre de Moraes e o
importante que as empresas estejam atentas aos (Foto: GettyImages) julgamento deve retornar à pauta do STF em 2022.
temas que podem representar oportunidades
tributárias para ajuizarem medidas judiciais visando juntamente com novos procedimentos de audiências Além disso, ao longo do ano ocorreu mais uma
resguardar os seus direitos preventivamente, com os Conselheiros. edição do já tradicional Seminário CARF. A VII edição
evitando-se, assim, maiores prejuízos. O ambiente de julgamento virtual proporcionou um foi realizada em modalidade híbrida, com a
grande aumento de produtividade no Conselho, que participação de Conselheiros e da Presidente
conseguiu reduzir substancialmente o seu estoque Adriana Rêgo.
de processos, além de conferir maior publicidade à
RETROSPECTIVA CARF reunião do Pleno da Câmara Superior, que neste ano Para o novo ano, o CARF já definiu o retorno das
O ano de 2021 no CARF foi de retorno gradual à aprovou 26 novas súmulas, agora somando um total sessões presenciais para janeiro de 2022 e
normalidade, inicialmente com o aumento do valor de 187 enunciados, entre as quais 126 vinculam toda determinou os protocolos de controle sanitário para o
limite de julgamento que atingiu casos de até R$ 36 a Administração Tributária Federal. melhor funcionamento do órgão. Por fim, também já
milhões e, posteriormente, com a instauração está disponível o Calendário de Sessões 2022 para
das transmissões ao vivo das sessões virtuais, Entre os diversos debates ao longo do ano, merece planejamento de todos que dele participam.

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Número
Matéria Discutida Desfecho do Julgamento
do Processo/Tema

Pró-Contribuinte pelo desempate do art. 19-E da Lei 10.522/02. Impossibilidade de tributação no Brasil dos lucros auferidos pela
16561.720057/2011-74
Lucros de controlada no exterior sociedade controlada no exterior, ante a prevalência de Convenção Internacional impeditiva de bitributação. Art. 74 da MP
(Acórdão 9101-005.808)
2.158-35/01

16327.720693/2011-79 Desmutualização das bolsas. PIS/ Pró-Contribuinte pelo desempate do art. 19-E da Lei 10.522/02. Não incidência de PIS/COFINS sobre o aumento patrimonial
(Acórdão 9101-005.786) COFINS sobre a alienação das ações decorrente da alienação das ações recebidas em troca de títulos patrimoniais da empresa

16327.001202/2009-72 Pró-Contribuinte pelo desempate do art. 19-E da Lei 10.522/02. Não são exigíveis IRPJ/CSLL sobre Juros sobre Capital Próprio
JCP retroativo
(Acórdão 9101-005.757) acumulados de exercícios anteriores e distribuídos posteriormente aos acionistas. Possibilidade de dedução retroativa

13855.002107/2005-04 Drawback-Suspensão e vinculação Pró-Fisco por maioria de votos. A vinculação física dos insumos importados sob regime de drawback-suspensão é condição para
(Acórdão 9303-011.107) física regularidade do regime

15165.723690/2012-13 Pró-Contribuinte por maioria de votos. Discussões aduaneiras estão sujeitas ao prazo decadencial de cinco anos previsto no art.
Decadência em matéria aduaneira
(Acórdão 9303-011.361) 139 do Decreto 37/66 (art. 669 do Regulamento Aduaneiro)

15868.720119/2015-64 Créditos extemporâneos e obrigações Pró-Fisco por maioria de votos. O aproveitamento de créditos extemporâneos de PIS/COFINS exige a retificação das obrigações
(Acórdão 9303-011.460) acessórias acessórias (DCTF, DACON) e o recálculo feito pelas Autoridades

12448.730776/2014-91 Pró-Contribuinte por maioria de votos. Honorários provenientes de atividade de juiz arbitral não são tributáveis na Pessoa Física
IRPF sobre honorários de árbitro
(Acórdão 2202-008.531) (IRPF)

16095.000646/2007-08 Pró-Fisco por maioria de votos. O descumprimento da periodicidade máxima estabelecida pela Lei n.º 10.101/00 implica
Requisito de periodicidade para PLR
(Acórdão 9202-009.785) desnaturação total do plano de pagamento de PLR

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16327.001277/2005-20 Lucros no exterior e alienação de Pró-Contribuinte pelo desempate do art. 19-E da Lei 10.522/02. Alienação de participação societária em controlada ou coligada
(Acórdão 9101-005.807) participação em controlada estrangeira estrangeira não representa disponibilização de lucros para a empresa situada no Brasil. Afastada incidência de IRPJ/CSLL

10920.722786/2015-86 Crédito de PIS/COFINS sobre frete de


Pró-Contribuinte pelo desempate do art. 19-E da Lei 10.522/02 (aplicável ao Auto de Infração). Frete interno de produtos
(Acórdão da 3ªTCSRF produtos acabados entre acabados é despesa passível de creditamento de PIS e COFINS
ainda não publicado) estabelecimentos

Crédito de PIS/COFINS sobre frete de


10909.000589/2008-31 Pró-Fisco por voto de qualidade (aplicável em caso de PER/DCOMP). Frete interno de produtos acabados não é despesa
produtos acabados entre
(Acórdão 9303-001.782) passível de creditamento de PIS e COFINS
estabelecimentos

19515.000899/2007-73 Pró-Contribuinte por maioria. É possível reconhecer a decadência do crédito tributário ainda que se constate a intempestividade
Tempestividade e decadência.
(Acórdão 9101-005.339) do recurso

11065.723260/2015-11 Ganho de capital e alienação de bens Pró-Contribuinte pelo desempate do art. 19-E da Lei 10.522/02. Não há ganho de capital na alienação e depreciação de bens
(Acórdão 9101-005.436) em incorporação obtidos por meio de incorporação da contribuinte a outra empresa

10783.720141/2012-88 Omissão reiterada de receitas e Pró-Contribuinte por unanimidade de votos. Omissão reiterada de receitas, por si só, não enseja a qualificação da penalidade
(Acórdão 9202-009.534) qualificação da multa de ofício prevista no art. 35-A da Lei 8212/91

10480.722541/2013-13 IOF-mútuo sobre operações de conta Pró-Contribuinte pelo desempate do art. 19-E da Lei 10.522/02. Não compõe a base de cálculo do IOF os saldos ocorridos antes
(Acórdão 9303-011.771) corrente mercantil da disponibilização dos valores, dentro do prazo decadencial

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PRECEDENTES STJ RELEVANTES [JÁ Turmas que compõem a 1ª Seção do Tribunal, Esse entendimento contraria a posição
TRATADOS]; EXCLUSÃO ICMS-ST competente para o exame de matéria tributária. anteriormente firmada pela 2ª Turma do Tribunal
DO PIS/COFINS; INTERCONEXÃO (no Recurso Especial n.º 1.734.244/RJ), no sentido
ICMS E COMPENSAÇÃO EM Em 9.11.2021, a 1ª Turma do Tribunal, em decisão de entender legítima a tributação. Em 25.9.2018,
MS X EFEITOS PATRIMONIAIS inédita na Corte, reconheceu às operadoras de sob a relatoria do ministro Mauro Campbell, a 2ª
PRETÉRITOS X PRECATÓRIO) telefonia o direito de não incluir, nas bases de Turma negou provimento a recurso especial da
cálculo do PIS e da COFINS, valores relativos ao mesma contribuinte, sob o fundamento de que,
uso da estrutura de terceiros – interconexão e conforme já assentado pela Corte no Tema
roaming. Trata-se do Recurso Especial n.º repetitivo n.º 313 (REsp n.º 1.144.469/PR),
1.599.065/DF, cujo acórdão foi publicado em “integram o faturamento e também o conceito
2.12.2021. maior de receita bruta, base de cálculo das
contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, os valores
O racional adotado pela unanimidade do Colegiado, que, computados como receita, tenham sido
na esteira do voto da ministra Regina Helena Costa, transferidos para outra pessoa jurídica”.
invoca o precedente firmado pelo Supremo Tribunal
Federal no Tema 69 da repercussão geral (exclusão Na ocasião, aquele Colegiado expressamente
do ICMS das bases de cálculo do PIS e da afastou a conexão da controvérsia à decisão
COFINS) para reconhecer que, também nessa tomada pelo Supremo Tribunal Federal no Tema 69
hipótese, trata-se de valores que não compõem o da repercussão geral (já referida), afirmando que,
faturamento da empresa de telefonia, já que são embora conexos, os temas seriam distintos, já que,
repassados a outra pessoa jurídica, operadora do no que se refere ao ICMS, trata-se de repasse de
sistema de telecomunicações, em conformidade receitas públicas/tributárias, ao passo que, na
com a política regulatória nacional que estabelece hipótese dos valores de interconexão e roaming,
sistemática própria para o serviço público prestado cuidam-se de receitas privadas/contratadas, ainda
pelas empresas do setor. que repassadas por força de lei.

Concluiu-se, assim, que esses valores não Nesse cenário, a divergência inaugurada pela 1ª
correspondem à materialidade da hipótese de Turma deverá ensejar a submissão do tema à 1ª
incidência das Contribuições, que deve estar Seção do STJ, mediante a interposição de recurso
(Foto: GettyImages) vinculada a ingressos definitivos no patrimônio do de embargos de divergência, cujo prazo ainda se
contribuinte, sem reservas ou condições, não encontra em curso. Espera-se que, em 2022, a
O Superior Tribunal de Justiça enfrentou bastando, para tanto, meros ingressos transitórios controvérsia venha a ser uniformizada pela 1ª
importantes temas tributários nos últimos meses de de caixa. Afastou-se, assim, a pretensão da Seção, unificando a posição do Superior Tribunal
2021 e deverá retomá-los no próximo ano para Fazenda Nacional de classificá-los como receita de Justiça sobre a matéria.
uniformizar divergências de entendimento entre as financeira.

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Muito embora, no caso concreto que acaba de ser restituição via precatório, incide a vedação contida diametralmente oposto, pautado na conclusão de
decidido pela 1ª Turma, haja Recurso na Súmula 271/STF, devendo o contribuinte, que o princípio da não cumulatividade pressupõe o
Extraordinário da Fazenda Nacional admitido pelo nesses casos, ajuizar ação de conhecimento com pagamento do tributo na etapa anterior.
Tribunal de origem, o Supremo Tribunal Federal pedido condenatório nesse sentido, de modo a se Considerando-se que a empresa substituta não é
vem rejeitando o conhecimento do tema por meio evitar a utilização do mandado de segurança como contribuinte (que é o substituído, próximo da
de decisões monocráticas, afirmando tratar-se de substituto da ação de repetição de indébito. cadeia), tais valores seriam meros ingressos na
debate de natureza infraconstitucional. Caso Ratificou-se, ainda, o entendimento de que a contabilidade da substituta (“depositária”), o que
mantido esse entendimento, a uniformização do impetração do mandado de segurança interrompe afastaria a incidência de PIS e COFINS. Logo, não
tema pela 1ª Seção do STJ poderá encerrar o prazo prescricional para fins de repetição do sendo receita bruta, o ICMS-ST não integraria a
definitivamente a controvérsia. indébito. base de cálculo das Contribuições, não podendo
compor o conceito de valor de bens e serviços
Também merece destaque o julgamento, pela 1ª Por fim, aguarda-se, para o ano de 2022, o retorno adquiridos para efeito de creditamento pelo
Seção do STJ, dos Embargos de Divergência n.º à pauta da 1ª Seção do STJ dos Embargos de substituído.
1.770.495/RS, concluído em 10.11.2021, no qual Divergência n.º 1.428.247/RS, que irá uniformizar
prevaleceu o entendimento de que o a jurisprudência das Turmas, atualmente Em paralelo, na discussão análoga sob a ótica das
reconhecimento do direito à compensação de dissonante, quanto ao direito à apropriação de operações de saída (exclusão do ICMS-ST das
indébitos tributários em sede de mandado de créditos de PIS e COFINS sobre o ICMS- bases de cálculo do PIS e da COFINS), encontra-
segurança permite a habilitação do crédito Substituição Tributária incidente nas aquisições de se em curso procedimento de afetação do tema à
respectivo, perante as Autoridades Administrativas, bens e serviços. sistemática dos recursos repetitivos (controvérsia
de valores recolhidos anteriormente à impetração, n.º 358), o qual deverá ser definido, também, pela
respeitado o prazo prescricional. A controvérsia A divergência decorre do posicionamento firmado 1ª Seção do STJ, em 2022. Em relação a esse
decorria de divergência entre as Turmas no que pela 1ª Turma do Tribunal, sob a liderança da tema, após a rejeição da análise pelo Supremo
diz respeito à extensão da Súmula 271/STF, que ministra Regina Helena, segundo o qual o artigo Tribunal Federal por ausência de repercussão
veda a produção de efeitos patrimoniais pretéritos 17 da Lei n.º 11.033/2004 (que assegura a geral (Tema 1098), não há julgados da 1ª Turma
pela decisão proferida em sede de Mandado de manutenção de créditos de PIS e COFINS ainda do STJ, ao passo que a 2ª Turma possui
Segurança. que a revenda não seja tributada) não se restringe entendimento pela legitimidade da inclusão do
ao REPORTO, de modo que o direito ao ICMS-ST nas bases de cálculo das Contribuições.
Na ocasião, todavia, fez-se relevante distinção creditamento independe da ocorrência de
entre as hipóteses em que se busca a declaração tributação na etapa anterior, isto é, não está A partir de fevereiro de 2022, o Superior Tribunal
do direito à compensação tributária de indébitos vinculado à eventual incidência da contribuição ao de Justiça normalizará suas atividades e todos
anteriores à impetração, de um lado, e aquelas em PIS e à COFINS sobre a parcela correspondente esses temas, entre outros, deverão ser analisados
que se busca o direito de restituição, via precatório ao ICMS-ST na operação de venda do substituto em sessões presenciais pelos Ministros da 1ª
judicial, de indébitos tributários anteriores à ao substituído. Seção.
impetração. Decidiu-se que somente a primeira
pretensão é possível, de modo que, em relação à Historicamente, a 2ª Turma possui entendimento

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DIREITO

TRIBUTAÇÃO LEGISLAÇÃO JURISPRUDÊNCIA COMENTADO nº 173


▫ Regras da dedutibilidade PAT ▫ ISS sobre software personalizado - RE ▪ CSL Coisa Julgada – Dezembro
▫ Cadastro CEPOM/RJ 688.223/RJ Julgamento adiado de 2021
▫ CARF - Retrospectiva
▫ CARF - Tributação de fundos de investimento
▫ ICMS Energia Elétrica
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DIREITO COMENTADO

CSL COISA JULGADA: O DESFECHO PRORROGADO PARA 2022


Grande expectativa estava voltada para o julgamento presencial a ser realizado na
última quarta-feira (15.12.2021) pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na sessão
de julgamento em que foram pautados os Recursos Extraordinários n.ºs 949.297 e
955.227 (Tema 885 da repercussão geral). Tais recursos, como se sabe,
delimitarão os limites da coisa julgada em matéria tributária. Em que pese a
ansiedade em torno da questão, a Corte determinou, na própria quarta-feira, o
adiamento do julgamento para o próximo ano.

A controvérsia em questão está voltada para avaliar se, após determinada


mudança jurisprudencial de tributos pagos de forma continuada, perder-se-ia
determinar de forma automática o trânsito em julgado obtido anteriormente pelos
contribuintes em ações próprias, ou se seria necessário que a Fazenda Pública
promovesse ações revisionais em face de tais contribuintes.

A questão é de extrema relevância para o contencioso tributário brasileiro,


especialmente em razão dos novos casos tributários julgados pelo STF e da
recorrente tendência de modulação de efeitos dos julgamentos.

Mas a questão torna-se ainda mais relevante economicamente considerando o (Foto: GettyImages)
tema específico dos Recursos Extraordinários, afetados pela repercussão geral,
que serão julgados pelo Colegiado. Ambos os recursos versam sobre a conhecida confira-se o que restou efetivamente julgado: “Improcedência das alegações de
tese da “Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) Coisa Julgada”. inconstitucionalidade formal e material do restante da mesma lei, que foram
rebatidas, à exaustão, pelo Supremo Tribunal, nos julgamentos dos RREE 146.733
Nos respectivos casos concretos, os contribuintes possuem ações próprias que e 150.764, ambos recebidos pela alínea b do permissivo constitucional, que
lhes concederam o direito de deixar de recolher a CSLL instituída pela Lei n.º devolve ao STF o conhecimento de toda a questão da constitucionalidade da lei.
7.689/1988. Embora as respectivas decisões tenham transitado em julgado em (ADI 15/DF, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, DJ 31/8/07)”.
cada processo, o STF realizou em 2007 o julgamento da ADI 15-2 na qual teria
declarado a constitucionalidade da CSLL, em decisão superveniente àquelas Nesse cenário, a nosso ver, é essencial “dar um passo para trás” e examinar
transitadas em julgado. estritamente o que diz a Constituição Federal de 1988 (CF/88) sobre o tema. Em
seu artigo 525, §§ 12 e 14, a CF prevê a possibilidade excepcional de a atividade
Desde logo, entretanto, destacamos que, quando do julgamento da ADI 15-2, o jurisdicional criar direito quando há declaração de inconstitucionalidade pelo STF.
STF não afirmou expressamente a constitucionalidade da CSLL. A esse respeito, Tal previsão, somada ao que dispõe o artigo 525, § 15 do Código de Processo Civil

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▫ Regras da dedutibilidade PAT ▫ ISS sobre software personalizado - RE ▪ CSL Coisa Julgada – Dezembro
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(CPC), permite que eventual decisão proferida com fundamento em norma Por fim, o julgamento da CSLL Coisa Julgada ganha outro desdobramento: ainda
posteriormente declarada inconstitucional pelo STF – tanto em controle que seja conferida a interpretação de que o julgamento da ADI 15-2 tenha
concentrado quanto em difuso – pode ser acatada mediante rescisória com declarado a constitucionalidade da norma, essa interpretação – posterior – não
fundamento em violação da lei, sempre observado o prazo legal estabelecido. pode afetar a coisa julgada pretérita sem que a União tenha ajuizado ação
rescisória no tempo oportuno. Ou seja, a simples declaração de constitucionalidade
Em contrapartida, não há previsão de qualquer exceção quando há a da ADI 15-2 não tem caráter vinculante e eficácia erga omnes, efeitos que apenas
declaração de constitucionalidade da norma. A declaração de são verificados em decisões proferidas em ação declaratória de constitucionalidade,
constitucionalidade, ao contrário do reconhecimento da inconstitucionalidade da conforme disposto no artigo 102, § 2º, da CF.
ação direta de constitucionalidade, não produz uma nova situação jurídica.
O mesmo raciocínio aplica-se ao RE 138.284, trazido pela PGFN como precedente
Entendemos, portanto, que o mero reconhecimento do direito perante a aplicável ao caso concreto. No referido julgamento o STF limitou-se a reconhecer
Constituição Federal corresponde à manutenção da regulação já vigente antes do de forma incidental a constitucionalidade da Lei n.º 7.689/88 e, mesmo que assim
julgamento pelo STF. Conclui-se, portanto, que, quando há decisão judicial fosse, o julgado ocorreu em controle difuso de constitucionalidade e, em respeito ao
anteriormente transitada em jugado, é inadmissível o reexame da questão. que prevê o artigo 927, do CPC, decisões proferidas em controle difuso não
possuem caráter vinculante nem tem efeito erga omnes.
Com essas ponderações, é importante voltar a examinar que (i) o julgado da ADI
15-2 e verificar que o Acórdão proferido pela Suprema Corte acabou por não Entendemos, portanto, que na remota hipótese de o STF entender que houve
declarar a constitucionalidade dos artigos 1º e 3º da Lei n.º 7.689, de 15.12.1998 alteração no estado de direito após o julgamento da ADI 15-2, é essencial o
(Lei 7.689/98), limitando-se a rejeitar a pretensão formulada na ADI 15-2 e, (ii) ajuizamento de ação revisional para a alteração de decisão judicial anteriormente
ainda que assim entenda, o que se admite por mera argumentação, não se pode transitada em julgado. Entretanto, poderia a Fazenda Nacional ajuizar tais ações
entender que o Acórdão da ADI 15-2 seja capaz de alterar a ordem jurídica agora, quando já se passaram mais de 14 anos do julgamento da ADI? Não parece
anteriormente existente, não havendo a criação de novo direito, pois a ação razoável que sim.
rescisória apenas é cabível contra decisão fundada em norma considerada
inconstitucional pelo STF. Diferentemente do que sustenta a Procuradoria-Geral da Por esse motivo, ficamos todos ansiosos e no aguardo do tema a ser julgado pelo
Fazenda Nacional (PGFN), nosso entendimento é pela impossibilidade de STF no próximo ano, com altas expectativas de que o resultado seja favorável aos
desconsideração da coisa julgada. interesses dos contribuintes.

Ainda nessa linha, na remota hipótese de se admitir que a ADI 15-2 teria declarado
a constitucionalidade da Lei n.º 7.689/88, entendemos que tampouco deveria ser
entendido que tal declaração de constitucionalidade faça coisa julgada material Luiza Prado Moreno e Tércio Chiavassa
passível de sobrepor à coisa julgada material obtida pelos contribuintes em suas
ações próprias (em que foi declarada a inconstitucionalidade da CSLL). Isso,
porque, conforme dispõe o artigo 102, § 2º, da CF, o efeito vinculante e a eficácia
erga omnes do reconhecimento da constitucionalidade só são admissíveis em
julgamento de ação declaratória.

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