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REDUÇÃO DA BASE DE

CÁLCULO DO IRPJ E DA CSLL


PARA CLÍNICAS MÉDICAS
Prof. Paulo Adyr
Sobre o professor
O professor Paulo Adyr é Bacharel, Mestre e Doutor em Direito
pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e atua há
mais de 30 anos com a recuperação de tributos. Fez pós-douto-
rado em Direito Público pela Università degli Studi di Messina
(Itália) e em Direito Penal Tributário pela Universidad Nacional
de La Matanza (UNLaM). É diretor da Associação Brasileira de
Direito Tributário (ABRADT). Foi membro do Conselho Estadual
de Assuntos Tributários da FEDERAMINAS (Federação das Asso-
ciações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais –
triênio 2016/2019). É autor de 13 livros sobre Direito Tributário e
Financeiro, além de possuir 90 artigos publicados no Brasil e no
exterior.
Sumário
Redução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL para clínicas médicas 02

Conhecendo a sistemática do lucro presumido 03

Em números... 06

Como definir um serviço como hospitalar? 08

As manobras do fisco... 12

Na prática, como proceder? 14

Clientes em potencial 17

Documentos necessários 19

BÔNUS: SD COSIT 3 – Clínicas odontológicas 21


Redução da base de cálculo do IRPJ
e da CSLL para clínicas médicas

A correção do enquadramento das clínicas médicas para fins de tributação do IRPJ e da CSLL é um
importante trabalho de recuperação tributária a ser realizado para empresas do lucro presumido.

Neste material você vai conhecer um pouco mais deste importante trabalho que pode trazer
excelentes resultados para o seu escritório.

Relembrando
IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica
CSLL – Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido

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Redução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL para clínicas médicas | Prof. Paulo Adyr
Conhecendo a
sistemática do lucro
presumido
Conhecendo a sistemática do lucro presumido

O lucro presumido é um regime tributário em que a apuração do IRPJ e da CSLL é feita com
base na presunção de que determinado percentual do faturamento corresponde ao lucro da
empresa.
Nos termos do artigo 13 da Lei 9.718, poderão optar pela sistemática do lucro presumido as
pessoas jurídicas

• Com receita bruta total no ano-calendário anterior igual ou inferior a R$ 78 milhões.

• No caso de atividades por tempo inferior a 12 meses, esse limite será verificado em
R$ 6,5 milhões multiplicados pelo número de meses de atividade do ano-calendário
anterior.

Mas, atenção: existem empresas que mesmo observando os valores acima, deverão tributar pelo
lucro real. Observe:

Lei 9.718
Artigo 14. Estão obrigadas à apuração do lucro real as pessoas jurídicas:
I - cuja receita total no ano-calendário anterior seja superior ao limite de R$
78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais) ou proporcional ao número de meses
do período, quando inferior a 12 (doze) meses; (Redação dada pela Lei nº 12.814, de
2013)
II - cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de
desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e
investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos,
valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários,
empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de
seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta;
III - que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;
IV - que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais
relativos à isenção ou redução do imposto;

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V - que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo
regime de estimativa, na forma do art. 2° da Lei n° 9.430, de 1996;
VI - que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de
assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos,
administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios
resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring).
VII - que explorem as atividades de securitização de crédito. (Redação dada pela Lei
nº 14.430, de 2022)

Seguindo. No lucro presumido, para a apuração do IRPJ e da CSLL para os serviços, observam-se
os seguintes percentuais de presunção:

REGRA APLICADA AOS SERVIÇOS EM GERAL

PERCENTUAL DE PRESUNÇÃO
SOBRE A RECEITA BRUTA
BASE LEGAL

Artigo 15, §1º, inciso III,


IRPJ 32% alínea a, da Lei 9.249

Artigo 20, inciso I,


CSLL 32% da Lei 9.249

REGRA ESPECÍFICA APLICADA


AOS SERVIÇOS HOSPITALARES
PERCENTUAL DE PRESUNÇÃO
SOBRE A RECEITA BRUTA
BASE LEGAL

Artigo 15, caput,


IRPJ 8%
da Lei 9.249

Artigo 20, inciso


CSLL 12% III, da Lei 9.249

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Em números...
Em números...

Como você pode perceber, é bastante significativa a redução do percentual de presunção no caso
dos serviços hospitalares.

A seguir, podemos visualizar essa redução em números mais concretos e a partir da perspectiva
de honorários para os nossos escritórios:

Muito interessantes as cifras envolvidas, não é verdade?

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Como definir um
serviço como
hospitalar?
Como definir um serviço como hospitalar?

A apuração do IRPJ e da CSLL considerando o serviço como hospitalar é bastante vantajosa para
as empresas. Por isso, surgiu, na prática, uma grande controvérsia: clínicas médicas prestam serviços
hospitalares?

Para responder esse questionamento você precisa saber que a alínea a, do inciso III do §1º do
artigo 15 e o inciso III do artigo 20, todos da Lei 9.249, permitem a utilização da base de cálculo
reduzida para os seguintes serviços:

• Hospitalares

• Auxílio diagnóstico e terapia

• Patologia clínica

• Imagenologia

• Anatomia patológica e citopatologia

• Medicina nuclear

• Análises e patologias clínicas

Mas, atenção: para que seja possível a redução da base de cálculo exige-se da prestadora de
serviços

• Organização sob a forma de sociedade empresária

• Atendimento às normas da Anvisa

Com a base legal acima apresentada já podemos ter uma boa orientação sobre quais
contribuintes poderão ser beneficiados com essa redução da carga tributária. Porém, persiste a dúvida:
o que são serviços hospitalares?

A Receita Federal, por meio da IN 1.234, definiu os serviços hospitalares nos seguintes termos:

IN 1.234
Artigo 30. Para os fins previstos nesta Instrução Normativa, são considerados serviços
hospitalares aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais,

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voltados diretamente à promoção da saúde, prestados pelos estabelecimentos
assistenciais de saúde que desenvolvem as atividades previstas nas atribuições 1 a
4 da Resolução RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, da Anvisa (Redação dada pelo(a)
Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
Parágrafo único. São também considerados serviços hospitalares, para fins desta
Instrução Normativa, aqueles efetuados pelas pessoas jurídicas:
I - prestadoras de serviços pré-hospitalares, na área de urgência, realizados por
meio de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) móvel instalada em ambulâncias de
suporte avançado (Tipo “D”) ou em aeronave de suporte médico (Tipo “E”); e
II - prestadoras de serviços de emergências médicas, realizados por meio de UTI
móvel, instalada em ambulâncias classificadas nos Tipos “A”, “B”, “C” e “F”, que
possuam médicos e equipamentos que possibilitem oferecer ao paciente suporte
avançado de vida.

Você precisa saber!


Em relação à mencionada RDC 50 da Anvisa, em síntese, podemos listar as quatro
atribuições a seguir:

• prestação de atendimento eletivo de promoção e assistência à saúde em


regime ambulatorial e de hospital dia;
• prestação de atendimento imediato de assistência à saúde;
• prestação de atendimento de assistência à saúde em regime de internação;
atividades fins da prestação de atendimento de apoio ao diagnóstico e
terapia.

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A discussão também chegou aos nossos Tribunais Superiores, de modo que o STJ assim
conceituou os serviços hospitalares:

Tema Repetitivo 217 - REsp 1.116.399


Tese fixada: Para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão
'serviços hospitalares', constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser
interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo
contribuinte), devendo ser considerados serviços hospitalares 'aqueles que se
vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à
promoção da saúde', de sorte que, 'em regra, mas não necessariamente, são
prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples
consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito
hospitalar, mas nos consultórios médicos'.

Sobre o conceito do STJ, você precisa estar atento a alguns aspectos. O primeiro e mais
importante é que a definição foi firmada em sede de recurso especial repetitivo. Por isso, temos aqui
um precedente vinculante.

Além disso, a definição dada pelo STJ é bastante ampla e exclui apenas os serviços relacionados
às simples consultas médicas. E mais: não se exige que o serviço seja prestado dentro de ambiente
hospitalar!

Importante!
Neste tema inexiste o risco de rediscussão no Supremo, pois já decidida a
inexistência de repercussão geral na matéria (Tema 353).

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As manobras
do fisco...
As manobras do fisco...

Como se pode imaginar, a ampla abertura trazida pelo julgamento do STJ causou incômodos ao
fisco.

Daí, na tentativa de restringir o alcance da tese repetitiva firmada, foram editadas a IN RFB 1.700 e
a COSIT 195 para determinar a não aplicação de percentuais reduzidos de presunção para fins de IRPJ e
CSLL para

• serviços prestados com utilização de ambiente de terceiros; e

• pessoa jurídica prestadora de serviço médico ambulatorial com recursos para realização
de exames complementares e serviços médicos prestados em residência, sejam eles
coletivos ou particulares (home care).

Tais restrições são manifestamente abusivas e precisam ser combatidas, seja pela via
administrativa ou fiscal.

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Na prática, como
proceder?
Na prática, como proceder?

Os trabalhos para a redução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL permitem a recuperação de


valores pagos a maior nos últimos 5 anos (60 meses), além da economia para pagamentos futuros
desses tributos.

Vale lembrar que os valores recuperados são atualizados pela SELIC e poderão ser compensados
com quaisquer tributos administrados pela Receita Federal.

Mas, qual o melhor caminho a seguir para essa recuperação tributária?

Nos casos de situações incontroversas, reconhecidas pelo fisco como passíveis de redução,
recomenda-se o uso da via administrativa, seguindo os 7 passos a seguir descritos:

PASSO 1 PASSO 4
Observar se a clínica médica possui Recolher as obrigações tributárias da
registro na Junta Comercial. Em caso empresa fazendo o uso do código correto
negativo, realizar o registro, organizando (código serviços médicos em geral +
a clínica na forma de sociedade código serviços hospitalares).
empresária.
PASSO 5
PASSO 2 Apurar o IRPJ e a CSLL observada a
Fazer a segregação de receitas, para redução da base de cálculo.
verificar o que corresponde efetivamente
à prestação dos serviços hospitalares. PASSO 6
Retificar as DCTF’s.
PASSO 3
Fazer a alteração do CNAE da clínica, PASSO 7
indicando corretamente o código Fazer o PER/DCOMP para compensar os
correspondente ao serviço hospitalar créditos apurados.
prestado.

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Nas hipóteses em que o fisco ainda busca reduzir os direitos dos contribuintes a via judicial será
recomendada, com a impetração de MANDADO DE SEGURANÇA ou o ajuizamento de AÇÃO
ORDINÁRIA, observadas as peculiaridades do caso e o perfil do cliente.

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Clientes em
potencial
Clientes em potencial

Para este trabalho os clientes estão muito próximos de nós. Inclusive, é bastante provável que
você tenha algum tipo de relacionamento com eles. Podemos citar como exemplos de clientes:

• Clínicas de procedimentos dermatológicos

• Clínicas pediátricas

• Clínicas de cirurgias plásticas

• Clínicas de oftalmologia

• Patologias clínicas

• Empresas de home care

• Empresas que prestam serviços de saúde locando ambiente de terceiros

• Clínicas de ortopedia e traumatologia

• Clínicas que fazem exames de diagnósticos

• Clínicas e laboratórios que realizam exames de imagem

• Clínica de fonoaudiologia

• Clínicas de fisioterapia

• Clínicas odontológicas

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Documentos
necessários
Documentos necessários

Para realizar o trabalho você vai precisar que o seu cliente te entregue:

• Documentos societários, fiscais e contábeis que comprovem:

• o regime de tributação (lucro presumido)

• o tipo societário (sociedade empresária)

• o recolhimento indevido de IRPJ e de CSLL

• Alvará da vigilância sanitária que autorize o funcionamento da clínica para a prestação dos
serviços médicos (comprova a adequação às normas da Anvisa).

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Bônus:
SD COSIT 3 – Clínicas
odontológicas
BÔNUS: SD COSIT 3 –
Clínicas odontológicas

Quando tratamos da redução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL para clínicas médicas, uma
questão que sempre surge é a possibilidade de extensão da tese para as clínicas odontológicas.

A nosso sentir, as clínicas odontológicas guardam pertinência de atuação em relação ao conceito


de serviços hospitalares dado pelo STJ em sede de recursos repetitivos.

Um importante precedente a ser suscitado é a Solução de Divergência COSIT 3. Ela é favorável aos
contribuintes e inclui as clínicas odontológicas no conceito de serviços hospitalares.

Acesse a solução no botão abaixo:

ACESSE A SD COSIT 3

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