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CONFLITOS INTRAGRUPAIS NO TRABALHO EM EQUIPES DE UMA

INSTITUIÇÃO PÚBLICA E A INFLUÊNCIA DA CULTURA

ORGANIZACIONAL

Saulo Pereira de Almeida

Universidade Federal de Sergipe - UFS

São Cristóvão

Dezembro, 2011
2

CONFLITOS INTRAGRUPAIS NO TRABALHO EM EQUIPES DE UMA

INSTITUIÇÃO PÚBLICA E A INFLUÊNCIA DA CULTURA

ORGANIZACIONAL

Monografia de conclusão de curso apresentada à

Universidade Federal de Sergipe, como requisito parcial

para a obtenção do grau de Psicólogo

por

Saulo Pereira de Almeida

Orientador: Profª. Drª. Marley Rosana Melo de Araújo

Dezembro, 2011
3

CONFLITOS INTRAGRUPAIS NO TRABALHO EM EQUIPES DE UMA

INSTITUIÇÃO PÚBLICA E A INFLUÊNCIA DA CULTURA

ORGANIZACIONAL

Saulo Pereira de Almeida

Monografia apresentada para apreciação e parecer da Banca Examinadora

____________________________
Profª. Drª. Marley Rosana Melo de Araújo
Orientadora

____________________________
Profª. Esp. Cybelle Rabelo Ramalho
Avaliadora

____________________________
Profª. Esp. Sabrina Duarte Cardoso
Avaliadora
4

CONFLITOS INTRAGRUPAIS NO TRABALHO EM EQUIPES DE UMA

INSTITUIÇÃO PÚBLICA E A INFLUÊNCIA DA CULTURA

ORGANIZACIONAL ¹

INTRAGROUP CONFLICT AT WORK IN TEAMS OF A PUBLIC

INSTITUTION AND THE INFLUENCE OF THE ORGANIZATIONAL

CULTURE

Saulo Pereira de Almeida 2


Marley Rosana Melo de Araújo 3

Resumo

Este estudo objetivou verificar a existência de conflitos intragrupais em uma instituição

pública judiciária da cidade de Aracaju/SE. Para tal, foram utilizados um roteiro de

entrevista semi-estruturado, a Escala de Conflitos Intragrupos (ECIG) e o Instrumento

Brasileiro de Avaliação da Cultura Organizacional (IBACO). Participaram 50

funcionários, os quais compõem 6 equipes de trabalho de uma Vara. Quanto ao

ambiente de trabalho, os participantes o avaliaram como moderadamente cooperativo,

sendo que a maior parte dos contatos entre colegas tem finalidade laboral. Quanto à

percepção da existência de conflitos, as equipes 3 e 6 não possuem conflitos. Em

contrapartida, a equipe 4 declarou que há conflitos, seguida pela equipe 2. Em relação

aos tipos de conflito, o de tarefa predominou sobre o de relacionamento em quase todas

as equipes. Entretanto, nenhuma das equipes apresentou qualquer dos dois tipos de

conflito em grau elevado. Conclui-se, que apesar de os participantes afirmarem existir

algum conflito em sua equipe de trabalho, não se faz necessária uma intervenção

imediata, já que não houve equipe com o conflito em nível elevado a ponto de causar

danos ao trabalho ou a algum membro da equipe.

Palavras Chave: Conflitos intragrupais, Cultura Organizacional, Instituição Pública,

Equipes de Trabalho.
5

Abstract

This study aimed to verify the existence of intragroup conflict in a public judicial

institution of the city of Aracaju/SE. This purpose used a script semi structured

interviews, the Intragroup Conflict Scale (ECIG) and Brazilian Instrument for the

Evaluation of Organizational Culture (IBACO). It participated 50 employees, wich

make up six teams working in a court. Regarding the workplace, the participants rated

as moderately cooperative, and most of the contacts between colleagues has intended

employment. Regarding the perception of the existence of conflicts, the team 3 and 6

don’t have conflicts. In contrast, the team 4 stated that there is conflict, followed by

team 2. However, neither team had any of the two types of conflict in high degree. It is

concluded that all though the participants stated there was some conflict in your team,

doesn’t require immediate action, already there was no conflict with the team in high

level as to cause damage to business or any member of team.

Key Words: Intragroup Conflict, Organizational Culture, Public Institution, Work


Teams.

___________________

1Monografia de Conclusão de Curso – Departamento de Psicologia da UFS


2Acadêmico em Psicologia da UFS
3 Doutora em Psicologia, Orientadora de Monografia de Conclusão de Curso – UFS
6

SUMÁRIO

1. Introdução..........................................................................................................10
2. Conflito..............................................................................................................14
2.1. Definições.....................................................................................................14
2.2. Contextos em que o conflito se evidencia....................................................16
3. Literatura acerca do conflito no trabalho...........................................................18
3.1. Histórico.......................................................................................................18

3.2. Tipos e dimensões do conflito......................................................................19


3.3. Grupos ou equipes: essa diferenciação influencia no surgimento do
conflito?........................................................................................................23
3.4. A comunicação como possível desencadeador e mantenedor do
conflito..........................................................................................................26
3.5. Liderança influenciando a gestão de conflitos..............................................30
3.6. Medidas do conflito intragrupal....................................................................34
4. Cultura organizacional em organizações públicas e os conflitos no
trabalho..............................................................................................................35
5. Objetivos...........................................................................................................41
5.1. Geral..........................................................................................................41
5.2. Específicos.................................................................................................41
6. Método..............................................................................................................42

6.1. Amostra......................................................................................................42
6.2. Caracterização da organização e do setor..................................................42
6.3. Instrumentos de coleta de dados.................................................................43
6.4. Procedimento para coleta de dados............................................................45
6.5. Procedimento para análise de dados..........................................................46
7. Resultados.........................................................................................................46

7.1. Caracterização sociodemográfica da amostra............................................46


7.2. Caracterização sociodemográfica das equipes...........................................48
7.3. Ambiente organizacional da amostra.........................................................52
7.4. Ambiente organizacional de cada equipe...................................................54
7

7.5. Percepção dos Conflitos Intragrupos e da Cultura Organizacional na


amostra.......................................................................................................58
7.6. Interações entre variáveis sociodemográficas, de ambiente organizacional,
cultura organizacional e percepção de conflitos intragrupos.....................60
8. Discussão...........................................................................................................63
9. Conclusão..........................................................................................................70
Referências..............................................................................................................72
Apêndices................................................................................................................78

Apêndice A: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.................79


Apêndice B: Roteiro de entrevista.........................................................80
Apêndice C: Escala de Conflitos Intragrupos (ECIG)...........................82
Apêndice D: Instrumento brasileiro para avaliação da cultura
organizacional (IBACO)........................................................................83
8

LISTA DE FIGURAS

Figura1: O processo de comunicação..........................................................................28

Figura 2: Finalidade do contato...................................................................................53

Figura 3: Comunicação entre membros; membros e chefia imediata e; setor e

instâncias superiores............................................................................................53

Figura 4: Comunicação x Equipe 1.............................................................................57

Figura 5: Comunicação x Equipe 2.............................................................................57

Figura 6: Comunicação x Equipe 3.............................................................................57

Figura 7: Comunicação x Equipe 4.............................................................................57

Figura 8: Comunicação x Equipe 5.............................................................................58

Figura 9: Comunicação x Equipe 6.............................................................................58

Figura 10: Conflito de Tarefa e relacionamento (ECIG) X Equipes...........................59


9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Cargos ocupados pelos funcionários...............................................................47

Tabela 2: Tempo de serviço nos cargos atuais................................................................48

Tabela 3: Quantidade de membros X Equipes................................................................49

Tabela 4: Gênero; Idade X Equipes.................................................................................50

Tabela 5: Quantidade de membros X Cargos X Equipes................................................50

Tabela 6: Tempo de profissão; instituição; cargo atual X Equipes.................................51

Tabela 7: Grau de escolaridade X Equipes......................................................................52

Tabela 8: Contato com colegas de trabalho para realizar as atividades diárias...............54

Tabela 9: Finalidade do contato X Equipe......................................................................55

Tabela 10: Avaliação do ambiente de trabalho e de conflitos X Equipe.........................56

Tabela 11: Fatores de Cultura Organizacional (IBACO) X Equipe................................59


10

1. INTRODUÇÃO

A investigação dos conflitos no campo do Comportamento Organizacional

impôs-se diante da necessidade das organizações atenderem às novas mudanças

econômicas e à crescente concorrência global que as levou a adotar novas formas de

trabalho objetivando redução de custos e atuação inovadora (Jenh, Northcraft & Neale,

1999). Como conseqüência desta tendência, os grupos de trabalho conquistaram maior

autonomia e responsabilidade no âmbito organizacional. Cada vez mais atuantes no

planejamento e nas ações estratégicas das organizações, a efetividade dos grupos ou

equipes de trabalho vem se tornando peça chave para a sobrevivência e para o

desempenho de muitas organizações, sejam elas privadas, públicas ou do terceiro setor.

Apesar de muitos grupos buscarem em suas ações uma postura de auto-

gerenciamento, fruto de pressões e exigências do mercado de trabalho, eles sempre

contam com um gestor a fim de guiar seus objetivos e ações. É neste momento que as

organizações devem estar atentas ao papel desempenhado pelos chefes, gerentes ou

supervisores, buscando instrumentalizá-los adequadamente para atuarem frente às

equipes, almejando o melhor aproveitamento possível de seu trabalho, de idéias e de

inovações, concomitantemente a atenção quanto à satisfação dos colaboradores,

trazendo benefícios para a empresa. Esta preocupação tem produzido impacto nos

estudos da área (Spector, 2010; Paz, Martins & Neiva, 2004; Tamayo, 2004; Batterman

& Snell, 2009).

Nas organizações, os grupos podem ser classificados como homogêneos ou

heterogêneos. Nos primeiros, sabe-se que mesmo que os membros atuem em uma

mesma direção, com princípios semelhantes, o gerenciamento dos conflitos é algo

complexo. Isso se evidencia ainda mais em grupos heterogêneos, os quais congregam

valores distintos, embora devam atuar com o mesmo objetivo. Na verdade, o bom
11

funcionamento de grupos heterogêneos, mesmo com bons líderes, tem sido um objetivo

difícil, mais especificamente na resolução de tarefas complexas.

A eficácia de uma equipe não depende apenas do desempenho individual dos

seus elementos, mas igualmente da estreita colaboração entre os membros, do grau de

ajuda existente, além da capacidade de tolerar pontos de vista divergentes e da

capacidade de administrar. Esta capacidade afeta o desempenho da equipe em vários

níveis, quer pelo lado positivo quer pelo negativo. Segundo Spector e Jex (1998), existe

menor eficácia, redução no bem-estar e maior turn-over no trabalho por causa dos

conflitos. Por outro lado, Tjosvold (1997 citado por McIntyre, 2007) afirma que alguns

tipos específicos de conflito podem estar associados a uma maior inovação. Esta

conclusão pode ser explicada pela idéia de Mallory (1997 citado por Frederick &

Zaidan, 2010), ao afirmar que o conflito de tarefa, especificamente, existe em todo local

de trabalho e pode ser instrumento para descobrir novas idéias e soluções para

problemas operacionais, desde que seja administrado corretamente, convertendo os

aspectos considerados negativos em uma experiência construtiva.

Que o conflito existe no local de trabalho não é um fato desconhecido, mas é

assunto que não é assumido com facilidade. Muitas vezes as organizações resistem em

admitir que o conflito existe no seio das suas instalações (Chiavenato, 2005). Via de

regra, a maioria das organizações acham que a existência de conflito representa uma

falha, uma relativa “perda de controle” sobre os seus empregados, indicando que a

organização não está funcionando corretamente. Subsiste a idéia de que a existência de

conflito numa equipe revela falta de solidariedade, de colaboração e que, portanto, é

algo indesejável (McIntyre, 2007). Porém, segundo Chiavenato (2005), os conflitos

devem ser encarados e solucionados frontalmente para que a eficácia organizacional não

seja comprometida. Essa dificuldade, por parte das organizações, em admitir a


12

existência de conflitos em seu ambiente de trabalho possivelmente dificulta a

exploração desse campo por meio de pesquisas.

O crescente interesse das Ciências Organizacionais pela investigação dos

conflitos justifica-se pelo papel que ele representa nos níveis de produtividade

individual, grupal e organizacional e na forma como interferem nos níveis de satisfação

dos membros das equipes (Dimas, Lourenço & Miguez, 2005). Sanna e Parks (1997)

confirmam esta tendência constatada em periódicos de pesquisa em Psicologia Social e

Organizacional, tais como: Journal of applied Psychology; Organizational Behavior;

Human Decision Processes; Academy of Management Journal; Journal of Personality

and Social Psychology; Journal of Experimental Social Psychology e; Personality and

Social Psychology Bulletin. A maioria dos trabalhos publicados entre 1975 e 1994

nestes periódicos se concentrava na área de relações intergrupais e suas intercorrências,

confirmando a popularidade deste tema entre os estudiosos. Além disso, esses mesmos

autores constataram um crescimento na área e temas como processos grupais

(intergrupais ou intragrupais) apresentam-se cada vez mais populares nos últimos 20

anos.

Sanna e Parks (1997) concluem, ainda, que este aumento de produção na área de

Psicologia Organizacional se deve ao fato de que, provavelmente, psicólogos sociais

têm gradualmente reconhecido a importância dos grupos ou equipes de trabalho no

contexto organizacional. A preocupação com o gerenciamento de equipes orientadas

para tarefas provocou uma crescente necessidade de se atentar para processos

intragrupais, levando a literatura a dedicar maior foco neste tema na área do

Comportamento Organizacional.

Outra área de grande importância é a Cultura Organizacional, que expressa

diversos valores e práticas organizacionais exercidos na instituição que, por sua vez,
13

demonstram como a instituição percebe ou lida com os conflitos que surgem em

diversos momentos e por vários motivos. Para Shein (1992, citado por Ferreira &

Assmar, 2008), a cultura organizacional se manifesta pelos artefatos visíveis, valores e

pressupostos básicos, os quais serão explicados mais a frente. A depender da força da

cultura organizacional, esta pode ter uma influência significativa sobre o

comportamento e atitudes dos seus membros, podendo até criar uma contracultura.

Como a resolução de conflitos demanda muito tempo dos gestores - Thomas

(1992, citado por Frederick & Zaidan, 2010) mostrou que os gestores consomem

diariamente cerca de 20% do seu tempo gerindo conflitos -, além de tornar o ambiente

de trabalho desconfortável, desagradável, podendo influenciar negativamente nos

resultados, propôs-se investigar a área dos processos intragrupais, mais especificamente

os conflitos existentes em equipes de trabalho, considerando, para isso, a influência da

cultura organizacional de uma instituição pública nas relações. O intuito desta iniciativa

foi obter um diagnóstico situacional, buscar informações que ajudem a otimização do

gerenciamento desses conflitos de maneira a melhorar a satisfação dos colaboradores e a

otimização na realização das tarefas. Com o conhecimento mais apurado da temática

seria possível investir com maior facilidade em estratégias organizacionais eficazes que

busquem o aperfeiçoamento das tarefas realizadas e a satisfação e comprometimento do

membro com a sua equipe.

Este estudo organiza-se de forma a apresentar o constructo conflito e suas

definições, além dos contextos em que este acontece. Posteriormente, os estudos sobre

conflitos no trabalho são utilizados para delimitar as classificações do conflito e discutir

possíveis desencadeadores e mantenedores dessa problemática. São trabalhadas, no

tópico posterior, as características da cultura organizacional em geral e especificamente


14

em empresas públicas, influenciando a estruturação de conflitos no ambiente de

trabalho.

2. CONFLITO

2.1. Definições

O conflito é algo que faz parte das relações humanas e surge, do ponto de vista

relacional, devido a diferentes pontos de vista quanto a diversos assuntos. Para tentar

abarcar a multiplicidade de ocorrência dos conflitos, em vez de um único conceito são

apresentados diversos, mostrando a multiplicidade de antecedentes e conseqüentes do

tema e o contexto em que ocorre.

O conflito deriva do latim conflictus. Originário do verbo confligo, confligere,

denota choque entre duas coisas, embate de pessoas que lutam entre si. Na base,

encontra-se o radical grego flag que também aparece em flagelar. Diz-se do embate

violento entre duas forças contrárias. É um estado de coisas onde duas ou mais partes

reclamam a posse da mesma coisa quando esta não pode ser possuída simultaneamente

pelas várias partes que a querem possuir (Maltez, s/d).

De acordo com o dicionário Michaelis (Weiszflog, 2007), o conflito pode

ser: 1. Embate de pessoas que lutam. 2. Altercação. 3. Barulho, desordem,

tumulto. 4. Conjuntura, momento crítico. 5. Pendência. 6. Luta, oposição. 7. Pleito. 8.

Dissídio entre nações. 9. Psicol Tensão produzida pela presença simultânea de motivos

contraditórios; segundo a psicanálise, há em todo conflito um desejo reprimido,

inconsciente.

Nascimento e Sayed (2002) enveredam pela vertente evolutiva das espécies

quando afirmam que:


15

Os conflitos existem desde o início da humanidade, fazem parte do processo de

evolução dos seres humanos e são necessários para o desenvolvimento e o

crescimento de qualquer sistema familiar, social, político e organizacional (p. 47).

Trazendo o conceito para a área organizacional, o conflito é definido por Rahim,

Antonioni, Krumov e Ilieva (2000) como um processo manifesto de incompatibilidade,

desacordo ou dissonância entre entidades sociais como pessoas, grupos ou

organizações. Para Cosier, Dalton e Taylor (1991), o conflito pode ser interpretado

como a percepção de opiniões, objetivos ou emoções incompatíveis existentes entre

pessoas ou grupos. Este processo é visto por alguns estudiosos das organizações como

algo prejudicial e que deve ser, sempre que possível, evitado (Jenh, 1997; McIntyre,

2007).

Nesse contexto sobre a conceituação do conflito, é pertinente esclarecer que nem

todo conflito deve ser entendido como um problema comunicacional. Por exemplo, o

assédio moral ou mobbing, que se caracteriza por ser um tipo de situação

comunicacional que ameaça infligir ao indivíduo graves prejuízos psíquicos e físicos,

não é incluído nos estudos de conflitos grupais (Guimarães e Rimoli, 2006).

Segundo Chiavenato (2005), a palavra conflito está ligada à discórdia,

divergência, dissonância, controvérsia ou antagonismo. Para que haja conflito, além da

diferença de objetivos e interesses, deve haver necessariamente uma interferência

deliberada de uma das partes envolvidas. A interferência pode ser ativa – mediante ação

para provocar obstáculos, bloqueios ou impedimentos – ou passiva – mediante omissão.


16

2.2. Contextos em que o conflito se evidencia

Por estar na base das relações entre as pessoas, o conflito pode ser observado em

diversos contextos e instituições. Segundo Chiavenato (2005), a vida das pessoas é uma

eterna sucessão de conflitos. Em suas interações, quase sempre as pessoas, grupos ou

organizações estão envolvidas em alguma forma de conflito. É necessário um senso

lógico e coerência no sentido de atingir um bem-estar e uma harmonia. Considerando o

contexto organizacional, as instituições dependem da colaboração e da cooperação das

pessoas que trabalham em conjunto, sendo esta coerência fundamental à harmonia das

relações.

Fayol (1978, citado por Bastos & Seidel, 1992) afirma que em todas as

associações humanas, tanto na indústria, no comércio, quanto em instituições militares,

casa e Estado, o comando de mais de uma origem é uma fonte constante de conflitos, às

vezes graves, que requerem atenção dos superiores de todos os níveis. Nesses contextos,

principalmente em famílias desestruturadas e em instituições militares, é fácil perceber

os métodos de domínio e repressão, como afirma Stoner (1985, citado por Bastos e

Seidel, 1992). Estes métodos se baseiam na repressão do conflito em vez de sua

aceitação, forçando-o a não se expressar. Criam uma situação de ganhar ou perder, na

qual o perdedor, obrigado a ceder diante da autoridade superior ou do maior poder,

geralmente acaba decepcionado e hostil (Stoner, 1985, citado por Bastos & Seidel,

1992).

No contexto brasileiro, a resolução de conflitos interpessoais, nos casos

familiares e trabalhistas, tem sido atribuída quase exclusivamente ao Poder Judiciário,

que não possui estrutura para atender a demanda que lhe é dirigida (Müller, 2007).

Algumas das conseqüências desse monopólio são a sobrecarga desse Poder, o que gera

lentidão na entrega da prestação jurisdicional, ou seja, em sua função de dizer de quem


17

é o “direito” que está sendo pleiteado. Esses pontos revelam sua incapacidade para lidar

isoladamente com os conflitos decorrentes da interação social (Müller, 2005 citado por

Müller, 2007).

Outro ambiente em que o conflito está presente em demasia é nas instituições de

ensino em geral, tanto a nível administrativo como em questões pedagógicas. Daí

advém diversos pontos que geram discussões entre gestores, professores e alunos, como

o processo ensino-aprendizagem, grade curricular. Em certos momentos em que o

conflito extrapola a possibilidade de resolução pelas próprias partes, o mais indicado é

contratar especialistas com experiência em resolução de conflitos para solucionar a

questão conflituosa, antes que as conseqüências sejam difíceis de serem geridas

posteriormente (Chrispino, 2007).

Chrispino (2007) considera a mediação de conflitos o procedimento adequado

para esses impasses, pois os participantes, com a assistência de uma pessoa imparcial –

um mediador -, colocam as questões em disputa com o objetivo de desenvolver opções,

considerar alternativas e chegar a um acordo que seja mutuamente aceitável. O mesmo

autor segue afirmando:

A mediação pode induzir a uma reorientação das relações sociais, a novas formas

de cooperação, de confiança e de solidariedade; formas mais maduras e

espontâneas e livres de resolver as diferenças pessoais e de grupo. A mediação

induz atitudes de tolerância, responsabilidade e iniciativa individual que podem

contribuir para uma nova ordem social (p. 23).


18

A estratégia da mediação de conflitos pode ser aplicada aos diversos contextos

supracitados a partir do momento em que as partes não consigam solucionar

pacificamente os conflitos advindos de divergências de interesses.

3. LITERATURA ACERCA DO CONFLITO NO TRABALHO

3.1. Histórico

Na Escola das Relações Humanas, particularmente através dos estudos

realizados por Elton Mayo nas décadas de 20 e 30, o conflito foi visto de uma forma

negativa. Ao contrário da Administração Científica do Trabalho, fundada por Taylor,

que procurou reduzir o conflito através da mudança do sistema técnico da organização,

Mayo tentou fazê-lo por meio da alteração do seu sistema social (Rahim, 2001, citado

por França & Lourenço, 2010).

Os proponentes da Escola das Relações Humanas acharam que a presença de

conflito não era desejável e que a sua existência apenas provava que a organização não

estava sendo bem gerida ou que havia ausência de determinadas competências sociais.

Os adeptos dessa escola defenderam que a ausência ou a eliminação de conflito seria

fundamental para aumentar a eficácia de qualquer organização. No entanto, nem todos

os seguidores viam o conflito como assunto negativo. Outros membros consideravam o

conflito como sendo algo natural e inevitável, nem sempre negativo, e que poderia

favorecer o grupo (Salgado Velo, s/d). Estes membros passaram a influenciar outras

teorias organizacionais e psicológicas para interpretar o conflito, como o behaviorismo,

o enfoque sistêmico e o enfoque contingencial (Bastos & Seidel, 1992).

Guetzkow e Gyr (1954, citados por Guimarães, 2007) aparecem na literatura

especializada como os primeiros autores a descrever e classificar especificamente o

conflito intragrupal no trabalho, objeto de estudo desta pesquisa. Ao falar sobre equipes
19

e processos decisórios, os autores destacaram dois tipos de conflito possíveis de

emergir, nomeando-os como conflito substantivo e conflito afetivo. Para estes autores, o

conflito substantivo é constatado principalmente em equipes de trabalho orientadas para

a tarefa, ou seja, naqueles grupos que focalizam, em seu processo decisório, a discussão

das tarefas e demonstram empenho em executá-las adequadamente. O conflito afetivo

estaria presente naqueles grupos compostos por membros que aproveitam os processos

grupais para satisfazer suas necessidades pessoais, como por exemplo, o desejo por

dominação ou status. Embora Guetzkow e Gyr (1954, citados por Guimarães, 2007)

tenham iniciado a discussão sobre o tema na década de 50, Sanna e Parks (1997)

afirmam que a literatura revelou um aumento significativo de produção somente a partir

da década de 1990. Dentre os trabalhos mais recentes e importantes na área, pode-se

considerar o de Griffin e Moorhead (2006); Jehn, Rupert e Nauta (2006) a nível

internacional e; Dimas, Lourenço e Miguez (2005); Martins, Guimarães e Oliveira

(2005); Guimarães e Martins (2008); Resende, Martins e Siqueira (2010); Silva e

Puente-Palacios (2010) a nível nacional.

3.2. Tipos e dimensões do conflito

Os conflitos podem receber diversas distinções e classificações, e neste estudo

utiliza-se uma das definições mais atuais e disseminadas dos tipos de conflitos

intragrupais (Simons & Peterson, 2000; Jehn, 1994; Amason, 1996; Dimas et al., 2005;

Silva & Puente-Palacios, 2010). Estes autores diferenciam os conflitos intragrupais de

duas formas: 1) Conflito de tarefa (funcional ou cognitivo) como sendo a percepção de

desacordos entre membros de um grupo sobre o conteúdo de suas decisões. Envolvem

diferenças entre pontos de vista, idéias e opiniões e; 2) Conflito de relacionamento


20

(conflito disfuncional ou emocional) como sendo a percepção de incompatibilidade

interpessoal e, geralmente, inclui tensão, irritação e raiva entre os membros do grupo.

De Dreu e Weingart (2003) esclarecem um pouco mais sobre o perfil dicotômico

desta variável exemplificando que o conflito de tarefa estaria ligado a distribuições de

recursos, procedimentos e políticas, julgamentos e interpretações dos fatos. Já o conflito

de relacionamento teria sua base em diferenças de preferências pessoais ou políticas, de

valores e de estilos interpessoais. Nesta mesma perspectiva, Jehn (1994, 1997) destaca

que conflito de relacionamento ou disfuncional inclui componentes emocionais e

afetivos como atritos, tensão ou raiva entre os membros do grupo, enquanto que o

conflito de tarefa ou funcional envolve diferentes pontos de vista e opiniões

relacionados à execução da tarefa. A má interpretação desses pontos de vista

divergentes pode transformar o conflito de tarefa em conflito de relacionamento. O

conflito disfuncional ou de relacionamento alicerça-se na percepção de animosidade e

incompatibilidade entre indivíduos de um mesmo grupo e é referido por Simons e

Peterson (2000) como “a sombra do conflito de tarefa”. Nos estudos de Jehn (1997) fica

claro que o conflito de relacionamento prejudica o desempenho e satisfação dos

membros do grupo, enquanto que os possíveis efeitos do conflito de tarefa podem ser

tanto negativos como positivos.

Jenh (1997) chega a citar um terceiro tipo, nomeado conflito intragrupal de

processo. Segundo sua definição, esse tipo de conflito estaria relacionado à

incompatibilidade de perspectivas ou de idéias sobre a forma de realização da tarefa,

gerando divergências quanto à distribuição das funções a serem executadas pelos

membros da equipe. A autora, entretanto, continuou a mensurar em seus estudos

somente os dois tipos de conflito citados anteriormente, destacando que o conflito de

processo estaria relacionado ao conflito de tarefa, pois diz respeito à divergência de


21

opiniões e idéias existentes, principalmente durante a execução de tarefas complexas,

que exigem maior delegação ou troca de papéis para executá-las.

Bowditch e Buono (2004) defendem que a presença do conflito em geral não

deve necessariamente ser entendida como algo problemático ou ruim. Estes autores

ressaltam que uma situação de conflito pode influenciar os membros de um grupo ou

equipe, levando-os a ter novas idéias sobre os processos organizacionais, a serem mais

criativos ao lidar com problemas da organização e a criar uma oportunidade para

pessoas colocarem em prática suas capacidades. Esse ambiente de inovação e

criatividade, que pode gerar satisfação e motivação no trabalhador, está intimamente

ligado à confiança que a liderança exercida transparece, além do comprometimento com

os subordinados, alcançando assim o respeito destes na resolução dos conflitos e

extraindo benefícios da situação.

Indo além nas distinções sobre conflitos de tarefa e de relacionamento, nota-se a

boa imagem que pesquisadores da área têm acerca do primeiro tipo. Antes de

prosseguir, é importante esclarecer que o conflito de tarefa é também conhecido como

funcional por proporcionar à equipe de trabalho conseqüências positivas (Cosier et al.,

1991). Simons e Peterson (2000), por exemplo, citam que este conflito está geralmente

relacionado a dois efeitos benéficos e inter-relacionados: a qualidade da decisão grupal

e a aceitação afetiva do grupo. Jehn (1997) chega a afirmar que a ausência deste tipo de

conflito pode impedir que formas de enriquecimento do desempenho do grupo ou

equipe sejam praticadas. Os dois conflitos podem ainda ocorrer concomitantemente em

graus distintos (Amason, 2002 citado por Guimarães, 2007), pois um não exclui o outro

e, geralmente, o conflito de tarefa origina o conflito de relacionamento (Simons &

Peterson, 2000).
22

Verifica-se essa constatação quando Simons e Peterson (2000) demonstram que

a relação de confiança do indivíduo com o seu grupo também influencia a interação

existente entre o conflito de tarefa e de relacionamento. Os autores identificaram

correlação positiva entre conflito de tarefa e conflito de relacionamento, ou seja, quando

há um conflito voltado para execução ou decisão sobre a tarefa (conflito de tarefa), este

pode ser percebido como sendo de natureza pessoal, podendo assim distorcer o foco da

discordância quanto à execução de uma atividade para preferências pessoais de como

resolver tal impasse, dando origem ao conflito de relacionamento.

Na organização, o conflito pode ocorrer nas dimensões individual e grupal.

Segundo Bowditch e Buono (2004), a nível individual, o conflito pode ser classificado

em intrapsíquico ou intrapessoal. Em relação aos grupos ou equipes, podem-se

classificar os conflitos em intergrupais ou intragrupais, sendo este último o interesse

maior desse estudo.

Atendo-se aos conflitos ocorridos na dimensão de grupos ou equipes, Cox (2003,

citado por Guimarães, 2007) afirma que o conflito intergrupal refere-se a desacordos ou

diferenças entre membros de dois ou mais grupos. Por exemplo, em uma loja de

materiais de construção, os setores de venda e de logística podem entrar em conflito se

os produtos solicitados pelos clientes não estiverem sendo entregues no prazo

estipulado. Bowditch e Buono (2004) conceituaram o conflito intergrupal analisando

desde suas causas até suas conseqüências. Os autores propõem a presença de condições

preliminares que podem criar potencial para o conflito, como por exemplo, a falta de

recursos financeiros, estruturais e de pessoal. Já o conflito intragrupal, apesar de ser

similar ao conflito intergrupal, se diferencia deste no sentido de que é vivenciado entre

os membros da mesma equipe de trabalho. Os condicionantes muitas vezes são os

mesmos do conflito intergrupal, incluindo-se também o mecanismo de


23

divisão/diferenciação, a competição, além da obrigatoriedade de trabalho em equipe

(Zanelli, Borges-Andrade & Bastos, 2004; Chiavenato, 2005). Estas situações podem

causar sensações ou estados emocionais que, por sua vez podem ser externalizadas

através de diversos comportamentos que vão deste a resistência passiva, não verbal, até

atos declaradamente agressivos.

3.3. Grupos ou equipes: essa diferenciação influencia no surgimento do

conflito?

Ultimamente, tanto na literatura da área quanto nas organizações, pesquisadores,

supervisores e empregados têm privilegiado o termo “equipe de trabalho” em

detrimento da expressão “grupo de trabalho”. Muitas empresas e organizações

interpretam que a expressão “equipe de trabalho” representa melhor as características

esperadas dos membros que compõem este grupo específico (Martins, 2004). Para tentar

justificar a utilização da terminologia “equipe”, os dois conceitos serão apresentados,

além de informações relacionadas, explicitando diferenças e especificidades dos

mesmos.

Albuquerque e Puente-Palacios (2004) definem grupo como sendo um conjunto

formado por duas ou mais pessoas que, para atingir determinado(s) objetivo(s),

necessita de algum tipo de interação, durante um intervalo de tempo relativamente

longo, sem o qual seria mais difícil ou impossível obter o êxito desejado. Wagner III e

Hollenbeck (2003) citam que os membros de um grupo contemplam algumas

características básicas para configurá-lo: definem a si mesmos como membros do

grupo; são reconhecidos pelas outras pessoas como membros; envolvem-se em

interação freqüente; participam de um sistema de papéis interdependentes;

compartilham normas comuns; buscam metas comuns e interdependentes; sentem que


24

sua filiação ao grupo é compensadora; possuem uma percepção coletiva do setor de

trabalho e unem-se em todo confronto contra outros grupos ou indivíduos.

Baseando-se nos mesmos princípios que orientam e caracterizam os grupos,

como foi colocado, as equipes de trabalho são entendidas como um tipo específico de

grupo que possui especificidades voltadas à execução das tarefas e alcance de altos

desempenhos (Albuquerque & Puente-Palacios, 2004). Para Wagner III e Hollenbeck

(2003), equipe é um tipo especial de grupo em que, entre outros atributos, evidencia-se

elevada interdependência na execução das atividades. Este princípio é o mesmo

utilizado no agrupamento das equipes por fluxo de trabalho. Na maioria das

organizações, os grupos são formados de acordo com as similaridades entre as pessoas

quanto às tarefas realizadas (Brandão, s/d). Dessa forma, pode-se formar grupos por

função ou por fluxo de trabalho. No agrupamento por função, os funcionários realizam a

mesma atividade ou a mesma etapa da produção. Já no agrupamento por fluxo de

trabalho, os funcionários realizam tarefas diferentes, porém seqüenciais. Neste caso,

cada funcionário depende do outro para realizar sua etapa, interdependentemente.

As estruturas baseadas em equipes por fluxo de trabalho possuem vantagens e

desvantagens quanto às estruturas hierárquicas tradicionais, ou seja, o agrupamento por

função. É possível, desta forma, que as organizações levem produtos ao mercado com

maior confiabilidade, pois permite, por exemplo, que o projeto elaborado pelo

coordenador seja verificado imediatamente quando da constatação, ainda no início do

processo, de sua inadequação (Wagner III e Hollenbeck, 2003). Em contrapartida, o

processo pode ficar mais lento. No agrupamento por função, os membros do grupo

possuem a mesma especialidade e acabam operacionalizando a execução das tarefas

com maior rapidez, mas não necessariamente com maior eficiência.


25

Segundo Wagner III e Hollenbeck (2003), as equipes se caracterizam de três

maneiras: 1) os membros das equipes são altamente interdependentes; 2) as equipes são

formadas mediante o uso de agrupamento por fluxo de trabalho, de modo que seus

membros são responsáveis pelo desempenho de diversas funções encadeadas e; 3)

aptidões, conhecimentos, experiência e informação geralmente se distribuem de forma

desigual entre os membros de uma equipe, devido a diferença de treinamento, talento e

acesso a recursos.

Segundo Albuquerque e Puente-Palacios (2004), as equipes de trabalho podem

se diferenciar de acordo com o aspecto considerado pelo autor. Por exemplo, se o ponto

enfatizado é o tempo de duração, as equipes serão divididas em temporárias ou

permanentes; se é considerada a missão da equipe, divide-se em equipes de trabalho

(objetiva executar tarefas que permitem a efetividade da organização) e equipes de

desenvolvimento (objetiva incrementar a efetividade dos processos organizacionais).

De acordo com os conceitos colocados e segundo Albuquerque e Puente-

Palacios (2004), as equipes diferenciam-se de outros tipos de grupo por ter um esforço

coletivo na busca de objetivos e metas da própria equipe; há responsabilidade

compartilhada pelos resultados globais e; as unidades de trabalho são autônomas ou

semi-autônomas. Vale ressaltar que as metas são estabelecidas em comum acordo e os

objetivos individuais são praticamente desconsiderados. Mesmo havendo essa

diferenciação entre os grupos e equipes, os processos que fazem o conflito emergir e se

manter não sofrem modificação, apesar das equipes possuírem um maior foco em

alcançar bons resultados (Albuquerque & Puente-Palacios, 2004).

No estudo das relações no trabalho e dos conflitos laborais, essa diferenciação

entre grupos e equipes pode demonstrar um maior índice de conflitos de tarefa

relacionados a equipes de trabalho, justamente porque estas primam pela cooperação


26

dos membros para atingir metas, sendo o trabalho interdependente, e, desta forma,

podem existir divergências quanto ao método de implementação e efetivação das

tarefas. Neste estudo, a nomenclatura grupo e equipe será utilizada com o mesmo

significado, dando-se preferência a “equipes de trabalho”, visto que, apesar de

diferentes conceitualmente, não implicam em confusão semântica ou ambigüidade para

o leitor.

Robbins (2005), no intuito de demonstrar quais variáveis devem ser

consideradas para se criar equipes eficazes, cita quatro principais fatores, que são:

Contexto (recursos, liderança empregada, clima de confiança); Composição (habilidades

dos membros, personalidade, alocação de papéis, entre outros); Projeto de trabalho

(autonomia, variedade de habilidades, identidade das tarefas) e; Processo (propósito

comum, metas específicas, níveis de conflito). Cada um desses fatores é responsável

pelo bom (ou mau) funcionamento da equipe de trabalho, tornando o ambiente propício

à formação de conflitos dentro da mesma.

3.4. A comunicação como possível desencadeador e mantenedor do conflito

O verbo comunicar tem sua origem na palavra latina communicare que significa

tornar comum, partilhar, interação, troca de mensagens, emissão ou recebimento de

informações novas (Weiszflog, 2007). Logo, comunicação é um processo que exige

uma troca de informação, como uma via de mão dupla que envolve, além das palavras,

emoção, compreensão, aceitação e ação. Comunicação, segundo Griffin e Moorhead

(2006), é o processo social no qual duas ou mais partes trocam informações e

compartilham significados. Comunicar é transferir informação com a finalidade de

influenciar comportamentos, mas apesar dos vários meios e formas de informar e

transmitir conhecimento, nem sempre se consegue efetivar a comunicação.


27

No contexto organizacional, a comunicação é de suma importância para

direcionar ações coordenadas, transmitir informações e a maneira como é realizada

influência sobremaneira os comportamentos e atitudes organizacionais (Griffin &

Moorhead, 2006). Os avanços na tecnologia de informação vêm alterando

significativamente a comunicação entre empresas e pessoas, pois é possível hoje trocar

informações com várias pessoas ao mesmo tempo e em tempo real. Por esse motivo faz-

se necessário destacar o papel que a comunicação desempenha nas organizações e seus

componentes, dando ênfase na perspectiva dos problemas na comunicação gerando

conflitos.

Robbins (2005) entende que as fontes de conflitos interpessoais são,

provavelmente, as falhas de comunicação, e como passamos boa parte do dia nos

comunicando de alguma forma, parece razoável afirmar que uma das forças mais

restritivas ao bom desempenho de um grupo é a falta de comunicação eficaz. Nenhum

grupo mantém-se sem comunicação, ou seja, sem a transferência de significados. Mas

apenas a transferência não é suficiente para que as tarefas sejam desempenhadas

corretamente e os relacionamentos sejam agradáveis, pois a compreensão é outro fator

importante. Em suma, Robbins (2005) afirma que a comunicação abrange transferência

bem como a compreensão do significado. A comunicação perfeita é difícil de acontecer,

pois uma informação ou conhecimento precisaria ser repassado de tal forma que o

receptor conseguisse entender e assimilar o conteúdo da mesma forma que o emissor.

O processo de comunicação é ilustrado por Robbins (2005) na Figura 1. O

emissor codifica a mensagem a ser enviada, utiliza um canal para envio e o receptor

recebe e recodifica a mensagem. Para verificar a correta compreensão da mensagem, há

o feedback. Como pode ser observado na figura, o ruído interfere em todas as direções,

ou seja, desde a mensagem que vai ser enviada até o feedback dado pelo receptor. Esses
28

ruídos representam as barreiras à comunicação que distorcem a clareza da mensagem. A

título de exemplos, segundo Griffin & Moorhead (2006), temos os problemas de

percepção, a sobrecarga de informações, as dificuldades semânticas e as diversidades

culturais.

Emissor
Mensagem a Mensagem
ser enviada Codificação Canal Decodificação
recebida

Ruído

Feedback

Figura 1: O processo de comunicação (Robbins, 2005)

Os membros de uma equipe precisam trocar mensagens e informações e para

isso utilizam a comunicação oral, escrita e a não-verbal (Griffin & Moorhead, 2006;

Robbins, 2005). A via oral é o principal meio de transmitir informações; possui a

vantagem de ser mais rápida e obter feedback na maioria das vezes. Sua desvantagem se

dá quando uma informação deve ser passada para muitas pessoas ao mesmo tempo.

Nesse momento entra a comunicação escrita (tanto impressa quanto eletrônica), que é

tangível e verificável. Por ser dessa natureza, mensagens muito longas e/ou complexas

são preferencialmente escritas, pois há como verificar o conteúdo da mensagem na

íntegra. Já a via não-verbal é sempre utilizada, quer queira quer não, quando se utiliza a

via oral, pois o movimento do corpo tem um significado, e com isso demonstramos se

queremos, por exemplo, auxílio, ficar sozinhos ou silêncio no ambiente de trabalho.

Todos esses tipos e formas de realizar uma boa comunicação podem sofrer

problemas e barreiras, cessando ou interferindo esse processo e, em muitos casos, vindo


29

a causar conflitos. Robbins (2005) esclarece que com relação aos problemas e barreiras

existentes para que a comunicação não seja eficaz, pode se destacado:

1. Filtragem: Refere-se à manipulação da informação pelo emissor, para que a

mensagem seja vista de maneira favorável pelo receptor.

2. Participação seletiva: No processo de comunicação, o receptor vê e escuta

seletivamente, com base em suas próprias necessidades, motivações,

experiências, estado de humor e outras características pessoais.

3. Sobrecarga de informação: Quando isso ocorre, o indivíduo tende a

selecionar as informações mais importantes, ignorar e esquecer outras, para

poder ser mais eficiente.

4. Estilo de comunicação entre homens e mulheres: Robbins (2005) utiliza

pesquisas que indicam os homens utilizando a conversa para reafirmar seu

status e as mulheres usando-na para criar laços e conexões. Então, a

depender da predominância de homens ou mulheres em uma organização, as

mensagens são entendidas de formas diferentes.

5. Problemas de codificação: Normalmente ocorre por falta de experiência

comum entre fonte e receptor ou problemas relacionados ao uso de jargões.

6. Linguagem: Esta variável está intrinsecamente ligada à idade do indivíduo,

educação e histórico cultural, influenciando como a informação é repassada

ou recebida. Essas diferenças são grandes geradores de conflitos

relacionados a preconceitos e, às vezes, assédio moral.

Todas essas barreiras e dificuldades citadas podem comprometer o bom

relacionamento entre os membros de uma equipe de trabalho, o que interfere na

produtividade e na satisfação de cada trabalhador. Griffin e Moorhead (2006) colocam

esclarecimentos e alternativas para solucionar algumas dessas possíveis barreiras. Para


30

evitar a filtragem, o comunicador deve compreender os motivos desta que podem ser:

falta de entendimento da posição do receptor ou a necessidade do emissor de restringir

certas informações para garantir seu poder. Para não haver conflitos, o emissor deve

determinar exatamente que mensagem quer passar ao receptor, enviar-lhe informação

suficiente para torná-la compreensível e confiar que o receptor use a informação de

forma adequada. Com relação à percepção seletiva, esta é umas das condições que

interferem na boa comunicação, assim como o julgamento de valor e a credibilidade da

fonte. Essas interferências, que são da ordem do receptor, dificultam as tomadas de

decisão, pois estas são interpretadas de diversas formas, aumentando o clima de

desconfiança entre as pessoas e gerando conflito.

3.5. Liderança influenciando a gestão de conflitos

Quem irá ajudar na gestão do conflito? Quem tem o poder e a influência

necessários para criar uma situação em que o conflito se constitua positivo e não um

fardo? A resposta mais óbvia é que este papel cabe aos gestores, uma vez que eles têm

ou deveriam ter a formação adequada e o poder, bem como mais possibilidades de gerir

o conflito no ambiente laboral.

O papel de uma pessoa enquanto chefe ou subordinado poderá condicionar o

estilo escolhido para lidar com o conflito. Por exemplo, uma perspectiva comum aos

subordinados é que estes só dizem o que é aceitável (ou o que acham aceitável) aos seus

chefes, em lugar de lhes dizerem a verdade. Essa posição ainda se torna mais acentuada

quando os chefes usam um estilo mais autoritário, num esforço de deterem o controle

comportamental dos seus subordinados (Phillips & Cheston, 1979 citado por McIntyre,

2007).
31

O que está por trás do relacionamento nas equipes de trabalho é a confiança que

o líder passa ao subordinado (Robbins, 2005). As pessoas só seguem e se deixam

influenciar por um líder em quem têm confiança. A confiança é interpretada como uma

expectativa positiva de que a outra pessoa não irá agir de forma oportunista – seja por

palavras, ações ou decisões (Boon & Holmes, 1991 citado por Robbins, 2005). O

atributo confiança passa por dimensões básicas e se estas não estiverem bem

estruturadas, parte da tarefa do líder que é trabalhar com pessoas para identificar e

solucionar problemas, além do seu acesso ao conhecimento e ao pensamento criativo,

fica totalmente comprometido.

Robbins (2005) atribui à liderança duas distinções apenas, diferentemente de

diversos outros autores. Estão são: liderança carismática e liderança transformacional. A

liderança carismática afirma que os seguidores do líder atribuem a ele capacidades

heróicas ou extraordinárias de liderança quando observam determinados

comportamentos. Este líder começa articulando uma visão atraente. Esta visão passa um

sentimento de continuidade expressa confiança de que seus liderados poderão alcançar

seus objetivos, despertando autoestima e autoconfiança nos mesmos. Posteriormente,

este líder oferece um sistema de valores aos subordinados submete-se a sacrifícios e se

engaja em comportamentos não-convencionais para demonstrar coragem e convicção.

Existem cada vez mais pesquisas que revelam uma forte correlação entre a

liderança carismática, o alto desempenho em equipes e a satisfação dos liderados.

Contudo, outras pesquisas indicam que o carisma pode não ser generalizável e a eficácia

da liderança seja apenas situacional.

Existe também o líder que auxilia os subordinados a transcenderem seus

próprios interesses pelo bem da organização. Este líder é o transformacional, que presta

mais atenção às preocupações de desenvolvimento de cada um dos seus liderados,


32

reconhecendo uma necessidade de mudança e criando uma visão para orientá-la e

executá-la de modo eficaz. Há uma outra variação na liderança, que designa o líder

transacional, em que os líderes conduzem ou motivam seus seguidores na direção das

metas estabelecidas por meio do esclarecimento de papéis e das exigências da tarefa.

O tipo de liderança exercido influencia sobremaneira a satisfação do trabalhador.

Segundo Spector (2010):

A satisfação no trabalho é uma variável de atitude que reflete como uma pessoa

se sente com relação ao trabalho de forma geral e em seus vários aspectos. Em

termos simples, satisfação no trabalho é o quanto as pessoas gostam de seu

trabalho (p. 321)

Wagner III e Hollenbeck (2000, p. 61) afirmam que “a satisfação no trabalho é

um sentimento agradável que resulta da percepção de que nosso trabalho realiza ou

permite a realização de valores importantes relativos ao próprio trabalho”. Percebe-se

desta forma que quanto mais satisfeito estiver o trabalhador, mais comprometido e

motivado com a organização ele estará, além de lidar melhor com os problemas de

relacionamento ou de tarefa encontrados na organização e aceitar o posicionamento dos

gestores.

Musser (1982) afirma que quando os chefes procuram controlar e pressionar

seus subordinados, estes podem resistir, criando conflito. Quanto ao estilo para lidar

com o conflito escolhido pelo subordinado, pode-se pensar em três variáveis: 1) a

vontade do subordinado de permanecer na organização, 2) a congruência percebida

entre valores e atitudes do subordinado e do chefe, e 3) a percepção pelo subordinado de

como o chefe é protegido relativamente às decisões arbitrárias que ele toma. Nos
33

estudos de Rahim (1986) e de McIntyre (2007), foram percebidas diferenças

significativas nos estilos de gestão de conflito utilizados quer pelos chefes, pelos

subordinados ou pelos colegas, extraindo-se a conclusão que o relacionamento

hierárquico condicionava o estilo utilizado pela pessoa envolvida no conflito. Em outras

palavras, os gestores recorreram a estilos diferentes de atuação de acordo com o nível

hierárquico da pessoa com quem interagiam.

A título de exemplificação desses estilos gerenciais, Rahim (1986), num estudo

com 1219 gestores, revelou que estes utilizavam predominantemente o estilo de

integração (aumenta a satisfação no trabalho, o comprometimento organizacional e o

rendimento) com os seus subordinados, o estilo de acomodação/evitação (indicado para

problemas pequenos e do dia-a-dia) com os seus chefes e o estilo de concessão mútua

(apropriado para problemas mais complexos) com os seus colegas. McIntyre (2007),

num estudo que incluiu 109 gestores, obteve os mesmos resultados, sendo que o mais

interessante foi ter verificado que os subordinados, avaliando os seus chefes, indicaram

que estes últimos utilizavam mais o estilo de evitamento com eles do que qualquer outro

estilo, constatação que se revelou inesperada. Num outro estudo, Phillips e Cheston

(1979, citado por McIntyre, 2007) concluíram que os gestores utilizavam mais o estilo

de dominação com os seus subordinados e com os colegas, e o estilo de concessão

mútua com os seus pares, relativamente aos quais tinham poder igual. No âmbito

escolar, Jamieson e Thomas (1974 citado por McIntyre, 2007) concluíram, num estudo

com alunos, que nas aulas onde os professores utilizavam o poder coercivo, eles

assumiam, sobretudo, o estilo de dominação para lidar com o conflito. Tais estudos,

independente do âmbito, demonstram que quando as figuras de autoridade tentam

impor-se, ou ter uma atitude de ganhar/perder, os subordinados responderão de igual

modo ao lidar com o conflito.


34

Pelos motivos supracitados, o conflito, como produto das relações da ou na

organização, converte-se em objeto de interesse dos líderes e passível à gerenciamento.

Caso não o seja, altos custos podem estar envolvidos (Mann, 1995 citado por Paz &

Júnior, 2002).

3.6. Medidas do conflito intragrupal

Seguindo com os estudos dos conflitos intragrupais, Jenh (1994) apresentou

uma escala capaz de medir as duas dimensões do conflito intragrupal (de tarefa e de

relacionamento) propostas teoricamente, nomeado-a como Intragroup Conflict Scale

(ICS). Esta possuía 5 itens sobre conflito de tarefa e 4 itens sobre conflito de

relacionamento. No entanto, assim como afirmam Amason (2002 citado por Guimarães,

2007), evidências mostravam que o ICS apresentava propriedades psicométricas frágeis

quando aplicados em amostras diferenciadas. Por isto mesmo, Amason (2002 citado por

Guimarães, 2007) aprimoraram a escala, publicando uma nova versão do ICS, formada

pelo fator conflito de relacionamento com 5 itens de respostas do tipo Likert e alfa de

0,72; e o fator conflito de tarefa, composto por 4 itens com respostas do tipo Likert e

alfa igual a 0,86.

Pearson, Ensley e Amason (2002) adaptaram a Escala de Conflitos Intragrupais

(Intragroup Conflict Scale - ICS) de Jehn (1994) para medir as duas dimensões distintas

do conflito intragrupal, sendo que cada dimensão possuía 3 itens apenas. O alfa de

Cronbach encontrado para o fator conflito de relacionamento foi 0,72 e para o fator

conflito de tarefas 0,77, índices aceitáveis de confiabilidade interna da escala. Os

autores constataram que quanto maior a presença de conflito de tarefa, melhor a

aceitação afetiva e o comprometimento dos empregados com o grupo e com a decisão

tomada.
35

No Brasil, Martins, Guimarães e Oliveira (2005) construíram e validaram a

Escala de Conflito Intragrupal (ECI) que avalia também as duas dimensões ligadas ao

conflito intragrupal. O primeiro fator, conflito de relacionamento, conta com cinco

questões com respostas tipo Likert e alfa igual a 0,81, e o segundo fator avalia o conflito

de tarefa através de quatro itens, com alfa igual 0,77.

Mais recentemente, Silva e Puente-Palacios (2010) adaptaram e validaram outra

escala (Escala de Conflitos Intragrupos - ECIG) para o contexto brasileiro, sendo que

esta foi validada a nível nacional. Esta escala é utilizada neste estudo e os seus fatores

(Conflito de Tarefa e Conflito de Relacionamento) alcançaram índices psicométricos

adequados (α=0,82 e α=0,86, respectivamente) e incluíram conteúdos consistentes com

o modelo teórico adotado, permitindo explicar 57,48% da variância do conflito.

4. CULTURA ORGANIZACIONAL EM ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS E OS

CONFLITOS NO TRABALHO

No ambiente globalizado, turbulento, onde as interações sociais ocorrem entre

pessoas de diferentes regiões e países, a palavra cultura emerge como uma das variáveis

fundamentais para a compreensão do fenômeno organizacional (Pires & Macêdo, 2005).

A cultura organizacional não é estática, ou seja, ela ganha espaço e vai sendo

modificada ao longo do tempo de acordo com as necessidades da organização ou de

seus colaboradores. Sendo assim, quanto mais consistente for a cultura, maior será a

dificuldade de mudá-la, devido à complexidade desse evento. A cultura organizacional

se torna mais complexa, forte e consistente ao passo que seus membros permanecem por

mais tempo na organização e são, de certo modo, semelhantes na forma de pensar e de

agir, ou seja, tornam-se estáveis e homogêneos. Outro fator que faz parte da cultura é o

compartilhamento de experiências entre os membros, o que permite algo que poderia ser
36

chamado de “ajustamento” nas formas de pensar, sentir e agir, de modo a se tornarem

semelhantes por terem vivenciado as mesmas situações (Zanelli, Borges-Andrade &

Bastos, 2004).

O dinamismo cultural possibilita ainda o surgimento de culturas secundárias, ou

ao menos não tão centrais, chamadas subculturas, que acabam fortalecendo a cultura

hegemônica (Robbins, 2005). Outra forma de manifestação da cultura, porém de forma

oposta ao movimento predominante, é a contracultura, em que há a criação de

expressões incompatíveis com a cultura hegemônica, ou seja, os valores básicos e o

sistema de crenças típico de determinado grupo ou segmento se opõem e tentam

sobrepujar a cultura dominante (Zanelli et al, 2004).

A cultura organizacional possui elementos, descritos por Freitas (2007 citado por

Pires & Macêdo, 2005), tais como valores, crenças, ritos, rituais, cerimônias, sagas,

heróis, estórias, tabus e normas, os quais a tornam mais concreta e facilitam o seu

reconhecimento. Os valores correspondem aos comportamentos, formas de pensar e agir

considerados corretos e sancionados pelo grupo, sendo de suma importância para o

sucesso corporativo como guias para o comportamento organizacional. As crenças

seriam as “verdades” da organização e os ritos e rituais são atividades planejadas que

têm entre suas pretensões comunicar a maneira como as pessoas devem se comportar na

organização, sinalizar os padrões de intimidade aceitável, exemplificar como os

procedimentos são executados e liberar tensões.

Para Shein (1992, citado por Ferreira & Assmar, 2008), a cultura organizacional

se manifesta em três diferentes níveis, caracterizados por artefatos visíveis, valores e

pressupostos básicos. A arquitetura, a linguagem, a tecnologia, a maneira de vestir e os

documentos são os aspectos visíveis da organização. Nesse primeiro nível, os elementos

da cultura são facilmente observados, entretanto dificilmente explicados, pois a lógica


37

do que se observa muitas vezes fica implícita. No segundo nível encontram-se os

valores empossados, que consistem em justificativas para explicar e predizer os atos dos

membros da organização. Como exemplo, existem as normas, regras de comportamento

explicando como as “coisas” devem ser. No último nível estão as crenças, as percepções

e os sentimentos inquestionáveis, quase sempre inconscientes, que caracterizam os

pressupostos básicos, responsáveis pelo modo como os membros sentem, percebem e

pensam a organização.

Segundo Freitas (2007 citado por Pires & Macêdo, 2005), as culturas são

criadas, apoiadas, sustentadas, transmitidas e transformadas por meio da interação

social, via processos de modelagem, imitação, negociação, reprodução de estórias,

socialização, informações sobre as normas nos seus aspectos formais e informais etc.

Neste ponto de vista, as organizações são intrinsecamente fenômenos de comunicação, e

todos os artefatos culturais estão interligados entre si, exercendo uma influência

múltipla no conjunto dos indivíduos e dos grupos integrantes da organização. Dessa

forma, os líderes funcionam como veículos de comunicação para informar à

organização o real desejo dos dirigentes e possibilitar a inserção de novos elementos

culturais no cotidiano dos colaboradores.

Segundo Pires e Macêdo (2005), no contexto das organizações públicas, a luta

de forças se manifesta entre o “novo e o velho”, isto é, as transformações e inovações

das organizações no mundo contemporâneo ante uma dinâmica e uma burocracia

arraigadas. As organizações públicas se deparam com a necessidade do novo tanto em

aspectos administrativos quanto em políticos. Elas precisam criativamente integrar

aspectos políticos e técnicos, sendo essa junção inerente e fundamental para as ações

nesse campo. Entretanto, essa busca de forças torna-se necessária para se conduzir a

uma reflexão, onde se possa obter as melhores estratégias para descrever organizações
38

públicas capazes de atingir seus objetivos, que consistem em serviços eficientes à

sociedade.

É relevante, antes de especificar algumas características das instituições

públicas, explicitar alguns traços brasileiros presentes nas organizações. Freitas (1997,

citado por Pires & Macêdo, 2005) desenvolveu um estudo com esse fim, que auxilia no

processo de análise organizacional, salientando cinco características marcantes: 1)

Hierarquia, que se traduz através de uma tendência à centralização do poder dentro dos

grupos sociais; 2) Personalismo, que se traduz através de passividade e aceitação dos

grupos inferiores; 3) Malandragem, que se traduz através da flexibilidade e

adaptabilidade como meio de navegação social e do “jeitinho”; 4) Sensualismo e; 5)

Aventureiro, que se traduz em pessoas mais sonhadoras do que disciplinadas e com uma

tendência à aversão ao trabalho manual ou metódico.

Um breve histórico do Estado Brasileiro demonstra como algumas

características das instituições públicas foram sendo arraigadas até os dias atuais.

Pimenta (1998, citado por Pires & Macêdo, 2005) afirma que até o século XIX o Estado

brasileiro pode ser caracterizado como um Estado patrimonialista, devido à sua pequena

participação na economia e na ordem social do país. Mesmo com o início da República

em 1889, quando ocorreram alterações significativas no processo político de detenção

do poder, que deixou de ser centralizado por um imperador e passou a ser disputado

pelas oligarquias locais, o perfil das ações do Estado não mudou significativamente.

Depois de 40 anos aproximadamente, houve transformações no governo Vargas (1930-

1945) que passaram a induzir o crescimento econômico, ao mesmo tempo que apoiaram

a profissionalização do funcionamento e a expansão das organizações burocráticas

públicas.
39

Somente em 1952 esboçou-se um novo ciclo que se estendeu por 10 anos,

durante os quais se realizaram estudos e se elaboraram projetos que não chegaram,

entretanto, a se concretizar. A partir da Constituição promulgada em 1988, segundo

Pimenta (1998, citado por Pires & Macêdo, 2005), paradoxalmente criou uma série de

direitos e garantias aos trabalhadores de organizações públicas que vieram sobrecarregar

as despesas do Estado. É o caso da estabilidade dos trabalhadores, da obrigatoriedade de

implantação do regime jurídico na área de pessoal, que aumentou os seus direitos e

garantias em organizações públicas, e da igualdade de vencimentos para cargos

assemelhados.

De acordo com Castor e José (1998), a elevada autonomia operacional

concedida às organizações públicas logo incorre em privilégios corporativistas, práticas

de favorecimento e de clientelismo, quando não de exercício duvidoso do cargo. Por

isso, entre as demandas das organizações públicas, a principal que todos devem

considerar é a tentativa de transformação da cultura imposta a elas desde o princípio da

criação do serviço público.

Percebe-se que as organizações públicas são mais vulneráveis à interferência do

poder político, pois são geridas pelo poder público (Pires & Macêdo, 2005).

Evidentemente, a prestação de serviços está, habitualmente, em contradição com a

limitação dos recursos recebidos por elas. E, quando há recursos disponíveis, eles

tendem a depender da decisão política e das flutuações da capacidade econômica do

Estado.

Segundo Pires e Macêdo (2005), as organizações públicas mantêm as mesmas

características básicas das demais organizações, acrescidas, entretanto, de algumas

especificidades como: apego às regras e rotinas, supervalorização da hierarquia,

paternalismo nas relações, apego ao poder, entre outras. Tais diferenças são importantes
40

na definição dos processos internos, na relação com inovações e mudança, na formação

dos valores e crenças organizacionais e políticas de recursos humanos. Essa

supervalorização da hierarquia pode afetar sobremaneira a promoção das relações

interpessoais, trazendo divergências quanto ao que se deve ou não realizar como

atividades fundamentais do trabalho.

Um ponto fundamental ao planejamento e à gestão pública, levantado por

Martelane (1991, citado por Pires & Macêdo, 2005), é a presença de dois corpos

funcionais com características nitidamente distintas: um permanente e outro não-

permanente. O corpo permanente é formado pelos trabalhadores de carreira, cujos

objetivos e cultura foram formados no seio da organização, e o não-permanente é

composto por administradores políticos que seguem objetivos externos e mais amplos

aos da organização.

O conflito entre eles é acentuado pela substituição dos trabalhadores não-

permanentes, que mudam a cada novo mandato. Essas mudanças são responsáveis por

uma série de divergências entre os próprios membros, pois os trabalhadores

permanentes se sentem desvalorizados frente ao outro corpo funcional, o que pode

diminuir a satisfação e o bem-estar dos colaboradores. Schall (1997 citado por Pires &

Macêdo, 2005) afirma que essa descontinuidade administrativa é um dos pontos que

mais diferenciam a organização pública da privada, conferindo às organizações públicas

características específicas, que também podem ser aplicadas à realidade brasileira,

como: projetos de curto prazo; duplicação de projetos; conflitos de objetivos e;

administração amadora.

Ainda segundo o mesmo autor, outro ponto fundamental gerado pela

estabilidade é o aumento dos custos públicos, que impede a adequação dos quadros de

trabalhadores às reais necessidades do serviço, tanto em termos de quantidade quanto de


41

especialização técnica, inviabilizando, ao mesmo tempo, a implantação de um sistema

de administração eficiente, baseado em incentivos e punições.

Como representação social, porém, a estabilidade já não tem significado positivo

entre os trabalhadores. Pode-se dizer mesmo que inexiste uma defesa da estabilidade

como um princípio ideativo, pelo contrário, há uma noção associada ao

descompromisso, desmotivação e mau desempenho.

5. OBJETIVOS

5.1. Geral:

 Aferir a existência de conflitos intragrupais em setores que

compõem uma das maiores Varas de uma instituição pública

judiciária.

5.2. Específicos:

 Identificar o tipo de conflito intragrupal predominante (conflito

de relacionamento ou conflito de tarefa).

 Esclarecer a influência da cultura organizacional da instituição

sobre o surgimento e/ou manutenção dos conflitos intragrupos.

 Identificar a associação entre o conflito de tarefa à idéia de trazer

conseqüências positivas para o grupo.

 Avaliar o ambiente organizacional de cada equipe a fim de

entender mecanismos que originam e mantém os conflitos, além

das estratégias para resolver ou lidar com eles.

 Propor, se necessário, estratégias para solucionar ou amenizar os

possíveis conflitos existentes.


42

6. MÉTODO

Este estudo é do tipo exploratório e correlacional, pois buscou-se analisar as

relações entre a Cultura Organizacional da instituição e os tipos de Conflito Intragrupais

que podem existir em cada equipe. Além disso, este estudo de campo constitui-se numa

pesquisa de corte transversal, uma vez que a coleta de dados foi realizada em um único

momento.

6.1. Amostra

Participaram desse estudo funcionários de um mesmo setor em uma instituição

pública do poder judiciário. A condição de inclusão/exclusão da amostra foi a

característica de interdependência do trabalho. Ao longo da prospecção do campo,

percebeu-se que o setor pesquisado não era constituído por apenas uma equipe de

trabalho, mas sim por algumas equipes, que tinham suas atividades peculiares e

específicas e não necessariamente outros setores compartilhavam dessa vivência ou

tarefa. No setor onde foi realizado o estudo, quando da coleta de dados, existiam 51

pessoas disponíveis, de um total de 55, sendo que 50 pessoas aceitaram participar.

Antes de caracterizar cada equipe de trabalho que compunha o setor, há a

necessidade de caracterizar a organização concedente, uma vez que suas especificidades

são imprescindíveis para discutir as possíveis diferenças e semelhanças encontradas nas

equipes de trabalho.

6.2. Caracterização da organização e do setor

Para atingir os objetivos propostos no estudo, os dados deveriam ser coletados

em alguma organização que possuísse como um de seus atributos o trabalho realizado

em grupo.
43

A organização pesquisada compõe um dos principais órgãos do judiciário

brasileiro, atuando em nível estadual, passando por diversas transformações desde sua

criação no final do século XIX. É um órgão colegiado constituído de juízes de primeiro

grau, que são os responsáveis em processar e julgar ações em primeira instância, e de

segunda instância, denominados "desembargadores", que atuam após a sentença, caso

uma das partes não concorde com a decisão do julgamento (Wikipédia, 2009). Ao longo

dos anos, o quadro de funcionários aumentou consideravelmente, devido ao crescimento

das demandas do público externo e a criação de Varas especializadas.

O setor estudado possui como particularidade importante o fato de que a

comunicação entre as diversas equipes é virtualizada, inclusive com outros órgãos

relacionados aos serviços disponibilizados (Ministério Público e Defensoria Pública,

por exemplo). Esta mudança, que aconteceu no início de 2009, tornou o funcionamento

do setor mais célere e eficiente quanto ao cumprimento de prazos, mas não

necessariamente uma melhor comunicação interpessoal.

6.3. Instrumentos de coleta de dados

Foi utilizado um roteiro de entrevista semi-estruturado (Apêndice B) com

questões objetivas e subjetivas com o intuito de obter dados sociodemográficos,

verificar aspectos laborais, a percepção do ambiente organizacional de cada equipe, a

comunicação organizacional, a existência ou não de conflitos e como estes são

solucionados.

A intenção da entrevista foi identificar se o conflito ocorre na organização

entrevistada, quais fatores o desencadeiam e mantém e a influência de aspectos da

cultura organizacional (comunicação, divisão do trabalho, cooperação/ competição) na

configuração dos possíveis conflitos.


44

Foi utilizada também a Escala de Conflitos Intragrupos (ECIG), desenvolvida e

validada por Silva e Puente-Palacios (2010) a nível nacional (Apêndice C). Esta escala

baseou-se nos trabalhos de Jenh (1994) e Martins, Oliveira e Guimarães (2005) para ser

construída e passou por testes a fim de definir os itens componentes (Silva, 2009).

Como a proposta da escala é bidimensional, ou seja, baseia-se em duas dimensões de

conflito, essa escala de 5 pontos possui 11 (onze) itens, sendo 5 (cinco) deles sobre o

conflito de tarefa, que refere-se a indicadores cognitivos, como pontos de vista

diferentes e opiniões acerca do planejamento e execução das atividades do grupo; e 6

(seis) sobre o conflito de relacionamento, que inclui indicadores emocionais e afetivos

como atritos, tensão ou raiva entre os membros.

As alternativas de resposta correspondentes são: 1-Nenhum(a); 2-Pouco(a); 3-

Moderado(a); 4-Muito(a); 5-Muitíssimo(a). Os itens que compõem o fator Conflito de

tarefa são: 1; 3; 7; 8 e 10. Os itens que compõem o fator Conflito de Relacionamento

são: 2; 4; 5; 6; 9 e 11. Esta escala não possui ponto de corte e os escores são alcançados

a partir da soma dos itens do fator, sendo o resultado dividido pelo número de itens que

o compõe. Desta forma, verifica-se se há, na percepção do respondente, maior escore no

fator Conflito de Tarefa ou no de Relacionamento.

Com o intuito de conhecer a cultura organizacional da instituição na percepção

dos participantes, utilizou-se o IBACO (Instrumento Brasileiro de Avaliação da Cultura

Organizacional) em sua versão reduzida, que possui 30 itens em uma escala de 5 pontos,

respostas distribuídas da seguinte forma: 1-Não se aplica de modo nenhum; 2-Pouco se

aplica; 3-Aplica-se razoavelmente; 4-Aplica-se bastante; 5-Aplica-se totalmente

(Apêndice D). Este instrumento é dividido conceitualmente em dois parâmetros

(Valores e Práticas) e este são compostos por 3 fatores cada um. O parâmetro Valores é

composto pelos fatores Profissionalismo Cooperativo; Profissionalismo Competitivo e


45

Satisfação e Bem-estar dos funcionários. O parâmetro Práticas é composto por

Integração Externa; Recompensa e Treinamento e; Promoção do relacionamento

interpessoal. A distribuição dos itens por fator segue abaixo:

Profissionalismo Cooperativo: itens 14, 17, 19, 21 e 22.

Profissionalismo Competitivo: itens 23, 24, 25, 29 e 30.

Satisfação e Bem-estar dos funcionários: itens 3, 6, 10, 12 e 18.

Integração Externa: itens 2, 4, 7, 8 e 15.

Recompensa e Treinamento: itens 5, 11, 16, 26 e 28.

Promoção do relacionamento interpessoal: itens 1, 9, 13, 20 e 27.

Este instrumento também não possui ponto de corte e os escores são alcançados

a partir da soma dos itens do fator, sendo o resultado dividido pelo número de itens que

o compõe. Os escores em todos os fatores podem variar de 1 a 5, sendo que, quanto

maior o resultado, maior o grau em que o valor ou prática organizacional mensurada

encontra-se presente na organização.

6.4. Procedimento para coleta de dados

Para a coleta de dados, foi necessária a autorização da instituição mediante

apresentação dos objetivos e instrumentos a serem utilizados na pesquisa, a fim de dar

início à inserção no campo de pesquisa. A partir dessa autorização, a coleta de dados se

estendeu por aproximadamente 1 mês e 10 dias.

A aplicação do ECIG e do IBACO acontecia no momento da abordagem do

participante ou ele ficava com os instrumentos e devolvia respondido em uma data

determinada. O roteiro de entrevista era obrigatoriamente respondido presencialmente.

Erros de interpretação eram sanados no momento da entrevista. O ECIG e o IBACO

eram respondidos entre 5 e 10 minutos e o roteiro de entrevista durou entre 5 e 25


46

minutos. Para não atrapalhar as atividades de trabalho dos participantes, as entrevistas

eram agendadas a menos que o participante estivesse disponível quando do 1º contato

com o pesquisador. Foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(Apêndice A), a fim de autorizar a utilização dos dados na referida pesquisa.

6.5. Procedimento para análises dos dados

A análise dos dados quantitativos foi realizada a partir da utilização do Programa

Statistical Package for the Social Sciences – SPSS, versão 14.0, através de análises

descritivas e inferenciais, como freqüências, médias, desvios-padrão, Teste T, ANOVA

e correlação de Pearson. As análises foram feitas por equipe de trabalho, identificadas

pelos seus respectivos números, e também pela amostra total, uma vez que as análises

paramétricas só podiam ser realizadas com n ≥ 30 participantes e considerando que o

número de membros de cada equipe foi de no máximo 15 pessoas.

Além disso, foi utilizada a técnica de Análise de Conteúdo para os dados

qualitativos da pesquisa, pois, para a análise de cada equipe, buscou-se entender a partir

de discursos manifestos durante as entrevistas, as impressões dos participantes quanto

ao que acontece em suas equipes de trabalho, assim como as impressões e interpretações

do pesquisador quanto ao que ocorreu no momento da coleta de dados, como recurso

para organizar e interpretar os dados.

7. RESULTADOS

7.1. Caracterização sociodemográfica da amostra

A amostra foi composta por 50 funcionários de uma instituição pública judiciária

lotados na mesma Vara, na cidade de Aracaju-SE, sendo 60% do sexo feminino. Foram
47

detectadas 6 (seis) equipes de trabalho as quais serão caracterizadas na sessão a seguir.

As idades variaram entre 16 e 58 anos, com média de 35,9 anos (DP= 10,4), sendo que

38% concentrou-se entre 36 e 45 anos.

Quanto aos cargos ocupados, 22% eram estagiários, 42% eram técnicos

judiciários, 22% eram analistas judiciários e 14% ocupavam cargos de chefia em algum

setor ou no âmbito geral da Vara, como se observa na Tabela 1.

Tabela 1: Cargos ocupados pelos funcionários

Cargos n %

Estagiários 11 22,0

Técnicos Judiciários 21 42,0

Analistas Judiciários 11 22,0

Chefia 7 14,0

Total 50 100

Quanto ao tempo de serviço, houve variação entre 3 e 34 anos de trabalho, com

média de 16,6 anos (DP=8,7). Especificamente com relação à instituição, a variação de

tempo de serviço foi entre 1,5 e 28 anos, com média de 13 anos (DP=8,4). Importante

esclarecer que os estagiários não estão incluídos. Já quanto ao tempo de serviço no

cargo atual, pela particularidade da condição de estagiário, a análise é feita

separadamente. Na instituição, os estagiários podem permanecer por até 2 anos, sendo

que nesta Vara nenhum possui mais de 1 ano. Quanto aos efetivos, a maioria (63,1%)

possui menos de 5 anos nos seus atuais serviços, como mostra a Tabela 2, a seguir:
48

Tabela 2: Tempo de serviço nos cargos atuais

Estagiários Efetivos

Tempo Quantidade Tempo Quantidade

0-6 meses 7 0-5 anos 24

7-12 meses 4 6-10 anos 6

-- -- 11-15 anos 2

-- -- +16 anos 7

Total 11 Total 39

Em relação ao grau de escolaridade, 14% possuem ensino médio completo, 22%

possuem ensino superior incompleto, 48% possuem ensino superior completo e 16%

possuem pós-graduação (Stricto ou Lato Sensu). Quanto ao turno de trabalho, os

estagiários trabalham em jornadas de 4 horas por dia e os efetivos por 6 horas, via de

regra de 7h às 13h, com exceção de uma equipe em que parte trabalha pela tarde (12h às

18h). Essa mesma equipe possui regime de plantões devido à especificidade das suas

atividades.

7.2. Caracterização sociodemográfica das equipes

Como o intuito deste estudo é avaliar os possíveis conflitos existentes em

equipes de trabalho, se faz necessário analisá-las separadamente. As equipes serão

nomeadas por algarismos de 1 (um) a 6 (seis). Antes dos resultados, faz-se necessário

esclarecer superficialmente algumas funções e atividades de cada equipe. A equipe 1

realiza entrevistas com o público externo, além de emitir laudos e relatórios. Toda a

equipe trabalha no mesmo espaço físico, possuindo salas reservadas para entrevistas. A

equipe 2 possui uma única sala para os membros, além de uma para o chefe da equipe,

com duas turmas que trabalham em turnos diferentes. Os horários coincidem em 1h


49

(entre 12h e 13h). Trabalham essencialmente com o público externo, às vezes

necessitando de reforço policial a fim de cumprir suas obrigações, e emitem

requerimentos administrativos. A equipe 3 é responsável pelo atendimento ao público

externo em relação a certidões e registro cível. Há uma sala pequena e uma sala de

atendimento com 3 cabines. A equipe 4 é responsável por despachos e o correto

encaminhamento dos processos, e possui 2 salas como área de trabalho, uma designada

à chefia. A equipe 5 é responsável pelo andamento dos processos, assim como a equipe

4, no entanto, possuindo outras responsabilidades. Possui 3 salas. A equipe 6 é

responsável pelo atendimento ao público externo, sendo responsável por direcionar este

público aos seus devidos encaminhamentos.

Quanto ao número de membros que compõe cada equipe, este valor varia de 3 a

15 membros, sendo que as equipes 1,2 e 4 possuem maior quantidade de membros que

as outras 3 equipes, de acordo com a Tabela 3. Importante ressaltar que 2 participantes

não foram incluídos em nenhuma equipe, pois os mesmos trabalhavam

intersetorialmente, ou seja, trabalhavam em mais de uma equipe e não possuíam uma

equipe específica.

Tabela 3: Quantidade de membros X Equipes

Equipe n %

1 15 31,2

2 11 23,0

3 3 6,2

4 10 20,9

5 5 10,4

6 4 8,3

Total 48 100
50

Em relação à composição das equipes por sexo e idade, há um grande

predomínio do sexo feminino na equipe 1, com 93,3%, e predomínio do sexo masculino

na equipe 2, com 72,7%. Quanto às idades, os valores podem ser observados na Tabela

4:

Tabela 4: Gênero; Idade X Equipes

Sexo Idade

Equipe Masculino (%) Feminino (%) Variação (anos) M DP

1 6,7 93,3 21 a 54 32,4 10,1

2 72,7 27,3 38 a 58 44,8 6,0

3 66,7 33,3 41 a 54 47,0 6,5

4 50,0 50,0 17 a 50 32,5 10,8

5 40,0 60,0 21 a 46 31,4 9,6

6 25,0 75,0 16 a 43 33,7 12,0

Com relação à composição de cada equipe por cargos, a Tabela 5 mostra que a

equipe 1 é formada essencialmente por analistas (53,3%) e estagiários (40,0%); a equipe

2 por técnicos judiciários (90,9%); as equipes 3 e 4 também por técnicos judiciários

(66,7% e 60%, respectivamente). A equipe 5 por analistas e estagiários (40,0 % cada) e;

a equipe 6 por técnicos judiciários (50,0%).

Tabela 5: Quantidade de membros X Cargos X Equipes

Cargos

Equipe Estagiário Técnico Jud. Analista Jud. Chefia Total

1 6 -- 8 1 15

2 -- 10 -- 1 11
51

3 -- 2 -- 1 3

4 2 6 1 1 10

5 2 -- 2 1 5

6 1 2 -- 1 4

Total 11 20 11 6 48

Em relação à estruturação de cada equipe quanto à forma como o trabalho é

distribuído, as equipes 1 e 5 são classificadas como fluxo de trabalho. Já as outras

equipes (2, 3, 4 e 6) são agrupadas por função.

O tempo médio de profissão variou entre 11,6 e 27,0 anos nas equipes, além do

tempo de instituição, que variou entre 5,3 e 20 anos. Para avaliar estes intervalos de

tempo, os estagiários foram desconsiderados visto que possuem tempo determinado na

instituição e não começaram de fato suas carreiras profissionais. Apenas na investigação

quanto ao tempo no atual cargo, os mesmos foram considerados (Tabela 6).

Tabela 6: Tempo de profissão; instituição; cargo atual X Equipes

Tempo de Tempo de Tempo no cargo


profissão (anos) instituição (anos) atual (anos)

Equipe M DP M DP M DP

1 12,0 8,7 9,1 7,7 1,9 2,1

2 22,4 5,2 20,0 4,3 13,5 7,3

3 27,0 6,5 18,6 3,2 10,0 9,6

4 14,5 10,2 10,0 9,8 2,3 2,9

5 11,6 5,1 5,3 2,5 1,9 1,2

6 13,0 4,5 9,6 6,3 1,6 1,1


52

O grau de escolaridade nas equipes variou de ensino médio completo à pós-

graduação. Os participantes que foram incluídos no “superior incompleto” possuem o

ensino médio completo e estavam, na época da coleta de dados, cursando alguma

graduação. Todas as equipes possuem algum participante pós-graduado (Tabela 7):

Tabela 7: Grau de escolaridade X Equipes

Ensino Médio Superior Superior Pós-graduação

(%) Incompleto (%) completo (%) (%)

Equipe
-- 40,0 46,7 13,3
1
27,3 9,1 45,4 18,2
2
-- -- 66,7 33,3
3
30,0 10,0 40,0 20,0
4
-- 20,0 60,0 20,0
5
25,0 -- 50,0 25,0
6

7.3. Ambiente organizacional da amostra

Todos os participantes foram unânimes em afirmar que para a realização das

suas tarefas ou atividades, necessitam estabelecer contato com no mínimo uma pessoa

do setor até o número máximo de membros do setor ao qual pertence.

Quando questionados sobre com qual finalidade estabelecem contato com os

colegas de trabalho, destaca-se o objetivo “tirar dúvidas” (96%). Percebe-se que os

contatos com fins pessoais são mais reduzidos, porém o compartilhamento de

experiências/vivências é um intuito que mobiliza 80% dos participantes. Outros dados

podem ser observados no gráfico a seguir (Figura 2):


53

96%
100% 88%
82% 80% 80% 78%
80% 70% 68%
60% 46% 44% 40%
40%
20%
0%

Finalidade Laboral

Finalidade Pessoal

Figura 2: Finalidade do contato

Quanto à avaliação do ambiente de trabalho em que estão inseridos, para a qual

foram solicitadas respostas de 1 (bastante cooperativo) a 5 (bastante competitivo), a

média foi de 1,86 (DP=1,08), ou seja, o valor aproximou-se de 2 (dois), o que

corresponde a “moderadamente cooperativo” para os respondentes.

A comunicação foi outro fator avaliado pelos participantes, sendo disseminada

em três níveis: entre os membros da equipe; entre os membros e a chefia imediata e;

entre o setor (todos que o compõem) e as instâncias superiores (Figura 3).

58%
0,6
48% 46%
0,5
40% 40%
0,4 Membros da equipe
30%
0,3 Membros e chefia
18% Setor e instância superior
0,2

0,1 6% 4% 6%
2% 2%
0
Péssima Ruim Regular Boa Ótima

Figura 3: Comunicação entre membros; membros e chefia imediata e; setor e instâncias

superiores
54

Quanto à existência de conflitos nas suas equipes de trabalho, 54% afirmaram

que sim e 46% não. Os que responderam afirmativamente à questão disseram, em

questão aberta, que as razões que podem estar originando esses conflitos são “traços de

personalidade” e “individualidade” (33,3%) e “discordâncias de idéias sobre o trabalho”

(10%). Quanto aos fatores que mantém os conflitos, a “falta de tolerância/respeito”

(23%) e os “traços de personalidade” e “individualidade” (23%) tiveram os maiores

escores. Sobre as estratégias para solucionar tais conflitos, “conversar/diálogo” (33,3%)

e “ficar calado/não entrar em contato” (19%) foram os que mais destacados. Quanto aos

que negaram a existência de conflito, 28,1% justificou que o bom convívio entre os

membros da equipe existe pela “cooperação” existente entre os membros, pois um ajuda

o outro quando necessário e 21,8% afirmou o “respeito/ tolerância”

7.4. Ambiente organizacional de cada equipe

Em relação a quantos membros cada participante tem contato diariamente a fim

de realizar suas atividades, percebe-se que as menores equipes possuem seus membros

estabelecendo contato com todos os outros (Equipes 3 e 6), o que não acontece com as

duas maiores equipes (1 e 2). Na coluna “membros do setor”, o valor é diminuído de

“1”, pois o participante não se relaciona com si próprio (Tabela 8).

Tabela 8: Contato com colegas de trabalho para realizar as atividades diárias

Membros do M DP
setor* - 1

Equipe

1 14 5,4 3,6

2 14 5,0 4,1

3 2 2,0 0,0
55

4 10 8,0 2,8

5 4 3,2 0,8

6 3 3,0 0,0
* Valor real de membros na equipe.

Quando questionados sobre com qual finalidade estabelecem contato com os

colegas de trabalho, com exceção dos itens Compartilhamento de informações sobre o

trabalho e Tirar dúvidas (altos escores para todas as equipes), percebe-se que a equipe 1

estabelece contato prioritariamente para realizar planejamento; as equipes 2 e 4

apresentam idéias/sugestões e efetuam solicitações; a equipe 4 compartilha

experiências; as equipes 3 e 6 tomam decisões, fazem solicitações, compartilham

experiências; exclusivamente a equipe 6 oferece/recebe feedback, além de ter baixo

percentual na exposição de preferências individuais; e a equipe 5 faz solicitações

(Tabela 9).

Tabela 9: Finalidade do contato X Equipe

Comp. Comp. Expor


Tomar Oferecer/Receber Tirar Realizar Apresentar Fazer Desabafar Compartilhar
Inf. Inf. preferências
decisões feedback dúvidas planejamento idéia/sugestão solicitações Problemas experiências
Trabalho Pessoais individuais

Equipe

93,3 80,0 86,7 93,3 100,0 86,7 86,7 46,7 60,0 73,3 46,7
1

63,6 90,9 54,5 90,9 63,6 81,8 81,8 27,3 45,5 72,7 27,3
2

100,0 66,7 33,3 100,0 33,3 66,7 100,0 66,7 66,7 100,0 100,0
3

60,0 80,0 60,0 100,0 50,0 90,0 90,0 40,0 20,0 90,0 20,0
4

80,0 80,0 60,0 100,0 60,0 60,0 100,0 40,0 40,0 60,0 60,0
5

100,0 100,0 100,0 100,0 75,0 75,0 75,0 50,0 50,0 100,0 25,0
6

Quanto à avaliação do ambiente de trabalho em que estão inseridos, para a qual

as respostas variaram entre 1 (bastante cooperativo) a 5 (bastante competitivo), percebe-


56

se uma maior tendência a avaliar a equipe cooperativamente. As equipes 3 e 6

classificam-se como bastantes cooperativas; as outras equipes avaliaram-se como

moderadamente cooperativas, sendo que a equipe 2 ficou próxima ao valor 3, que

corresponde a uma certa neutralidade. Quanto à percepção da existência de conflitos,

destacam-se dois extremos: as equipes 3 e 6 não possuem conflitos, na opinião da

própria equipe. Em contrapartida, a equipe 4 declara unanimamente que há conflitos em

seu ambiente de trabalho, seguida de perto pela equipe 2, como pode ser visto na Tabela

10:

Tabela 10: Avaliação do ambiente de trabalho e de conflitos X Equipe

M DP Conflitos (%)

Equipe Sim Não

1 1,53 0,83 26,7 73,3

2 2,36 1,02 90,9 9,1

3 1,00 0,00 -- 100,0

4 2,10 1,10 100,0 --

5 1,80 1,30 40,0 60,0

6 1,00 0,00 -- 100,0

A comunicação foi outro fator avaliado pelos participantes, sendo disseminada

em três níveis: comunicação entre os membros da equipe, comunicação entre os

membros e a chefia imediata, além da comunicação do setor com as instâncias

superiores. De maneira geral, a comunicação entre os membros da equipe e

comunicação entre os membros e a chefia imediata são percebidas como “ótima” ou no

mínimo “boa”. Vale ressaltar que a equipe 2 foi a única a apresentar o escore “péssima”,

mesmo em nível incipiente, quanto à este item avaliado. Por outro lado, a comunicação
57

entre o setor (todos os membros) e as chefias superiores não é tão bem avaliada, como

se percebe nas Figuras 4 a 9:

0,6 53,3% 53,3% 0,8


46,7% 64%
0,5 40% 46,7% 55%
0,6
0,4 27% 36% 36% 36%
0,3 20% 0,4 27%
0,2 13% 18%
0,2 9% 9% 9%
0,1
0 0

Membros da equipe Membros da equipe


Membros e chefia Membros e chefia
Setor e instância superior Setor e instância superior

Figura 4: Comunicação x Equipe 1 Figura 5: Comunicação x Equipe 2

100% 100%
1 0,8 70%
67% 60%
0,8 0,6 50%
40%
0,6 33% 30%30%
0,4
0,4
0,2 10% 10%
0,2
0 0

Membros da equipe Membros da equipe


Membros e chefia Membros e chefia
Setor e instância superior Setor e instância superior

Figura 6: Comunicação x Equipe 3 Figura 7: Comunicação x Equipe 4

100%
0,8 1 75% 75%
60% 60%60% 0,8
0,6 40%
40% 0,6
0,4 40% 25% 25%
0,4
0,2 0,2
0 0

Membros da equipe Membros da equipe


Membros e chefia Membros e chefia
Setor e instância superior Setor e instância superior

Figura 8: Comunicação x Equipe 5 Figura 9: Comunicação x Equipe 6


58

7.5. Percepção dos Conflitos Intragrupos e da Cultura Organizacional na

amostra

A escala de conflitos intragrupos (ECIG) e o Instrumento de Avaliação da

Cultura Organizacional (IBACO) trouxeram resultados interessantes quanto à dinâmica

dos conflitos e a percepção das práticas e valores da instituição.

Em relação aos tipos de conflito em cada equipe estudada, o conflito de tarefa

predominou em quase todas as equipes, com exceção da equipe 5. Isso demonstra maior

divergência quanto às tarefas do trabalho do que quanto a preferências individuais e/ou

rixas entre membros. Vale ressaltar que de acordo com o ECIG (escala de 5 pontos),

nenhuma das equipes apresentou qualquer dos dois tipos de conflito em grau elevado

(Figura 10):

2,5 2,38
2,22
2,05 2,13
1,96
2
1,84 1,75
1,54 1,55
1,5

1,13 1,16 Conflito de Tarefa


1
1 Conflito de Relacionamento

0,5

0
Equipe Equipe Equipe Equipe Equipe Equipe
1 2 3 4 5 6

Figura 10: Conflito de Tarefa e Relacionamento (ECIG) X Equipes


59

Quanto aos resultados do IBACO, a maior parte dos escores ficou abaixo de 3,

demonstrando que as práticas e os valores organizacionais descritos nos fatores pouco

ou nada se aplicam na realidade de trabalho estudada (Tabela 11).

Tabela 11: Fatores de Cultura Organizacional (IBACO) X Equipe

Profissionalismo Profissionalismo Satisfação e Integração Recompensa/ Promoção do


cooperativo competitivo bem-estar Externa rel.
Treinamento interpessoal

Equipe

1 2,46 1,65 1,90 3,18 1,62 2,04

2 2,47 1,85 2,10 3,54 1,81 2,43

3 1,93 1,33 2,26 3,06 1,66 2,00

4 2,70 2,02 2,44 3,34 2,40 2,70

5 2,92 2,28 2,36 3,04 2,76 2,44

6 2,10 1,75 2,15 3,00 2,25 2,05


Média
(fatores) 2,492 1,852 2,16 3,224 2,032 2,316

7.6. Interações entre variáveis sociodemográficas, de ambiente organizacional,

cultura organizacional e percepção de conflitos intragrupos

Os resultados indicaram correlações moderadas positivas entre o item “ambiente

de trabalho cooperativo ou competitivo” e idade dos participantes, tempo de instituição

e, tempo no cargo atual, respectivamente, sendo positivas para estas variáveis (r=+0,36,

p=0,008; r=+0,37, p=0,019; r=+0,32, p=0,023, respectivamente). Ou seja, quanto maior

a idade, maior é a percepção de que o ambiente de trabalho é competitivo. Isso acontece

na mesma medida para o tempo de instituição e o tempo no cargo atual.


60

Ainda em relação ao item “ambiente de trabalho cooperativo ou competitivo”,

houve correlação moderada positiva com os tipos de conflitos (Conflito de Tarefa e

Conflito de Relacionamento) (r=+0,44, p=0,001; r=+0,40, p=0,003, respectivamente).

Quanto maior os níveis de conflito afirmados pelos participantes, tanto de Tarefa quanto

de Relacionamento, maior é a percepção de que o seu ambiente de trabalho é

competitivo.

Foi encontrada relação tendencialmente significativa entre o Conflito de Tarefa e

os graus de escolaridade através do teste ANOVA (F(2,56) =3, p=0,066). Os participantes

com pós-graduação acusaram diferença significativa quanto aos graduados – superior

completo (M=2,45 X M=1,96; p=0,045) e aos graduandos – superior incompleto

(M=2,45 X M=1,75; p=0,019). Isso quer dizer que os participantes com pós-graduação

percebem as suas equipes possuindo conflitos de tarefa em maior grau, mesmo não

sendo possível considerar este conflito “moderado”, pois o escore é mais próximo de

“2” (pouco), assim como a avaliação dos graduados e graduandos.

Além disso, escolaridade também apresentou relação significativa com 3 (três)

dos fatores do IBACO através do teste ANOVA. Quanto ao fator Profissionalismo

cooperativo, houve diferença significativa entre participantes com Pós-graduação

(M=2,07) e Superior incompleto (M=3,04) (F(1,99)=3, p=0,025). Os graduandos

percebem “razoavelmente” os valores da instituição como mais cooperativa, baseando-

se no espírito de colaboração enquanto os pós-graduados percebem como “aplica-se

pouco”. Com relação ao fator Integração Externa, houve diferença significativa entre

participantes com pós-graduação (M=2,67) com os graduados - superior completo

(M=3,34) (F(1,94)=3,p=0,046) e aos graduandos – superior incompleto (M=3,51)

(F(1,94)=3,p=0,038). Os graduandos e graduados preocupam-se mais com a satisfação

dos clientes externos, buscando prestar bons serviços aos usuários que fazem uso da
61

instituição, sendo que os graduandos consideram esse fator “aplicando-se bastante” à

instituição. Quanto à Promoção do Relacionamento Interpessoal, houve também

diferença significativa entre os grupos citados anteriormente, a saber, pós-graduados

(M=1,67) e graduados (M=2,4) (F(2,37)=3, p=0,021) e pós-graduados e graduandos

(M=1,67 X M=2,55) (F(2,37)=3, p=0,021). Os pós-graduados consideram as relações

entre os servidores e os membros do alto escalão, assim como a prática de comemorar

aniversários na instituição “aplicando-se pouco”, diferentemente dos graduandos, que

avaliam como “aplica-se razoavelmente”

Encontrou-se relação significativa entre o cargo ocupado pelos participantes e o

profissionalismo competitivo (fator do IBACO) utilizando-se o teste ANOVA (F(2,13)=3,

p=0,108). Os participantes que ocupam cargos de chefia (M=2,6) acusaram diferença

significativa em relação aos estagiários (M=1,63) (p=0,019) e aos técnicos judiciários

(M=1,81) (p=0,046). Os cargos de chefia avaliam que a criatividade dos empregados, o

crescimento profissional como fator essencial na permanência nos cargos, além da

competição para obter bons resultados “aplica-se razoavelmente” na instituição, o que

não acontece com os estagiários e os técnicos judiciários, que avaliam como “aplica-se

pouco”.

Encontrou-se também relação significativa entre o cargo ocupado pelos

participantes e Recompensa e treinamento (fator do IBACO) utilizando-se o teste

ANOVA (F(4,91)=3, p=0,005). Os participantes que ocupam cargos de chefia (M=2,88)

acusaram diferença significativa em relação aos estagiários (M=1,65) (p=0,001); aos

técnicos judiciários (M=2,0) (p=0,005) e aos analistas judiciários (M=1,9) (p=0,005).

Ou seja, as práticas da organização quanto ao oferecimento de recompensas,

premiações, e implementação de treinamentos através de programas de qualidade são

considerados “aplicam-se razoavelmente” apenas pelos cargos de chefia, diferentemente


62

dos outros cargos, que avaliam estas práticas como “aplicando-se pouco” a esta

instituição.

Os resultados apontaram também relação significativa entre o item “ambiente de

trabalho cooperativo ou competitivo” e os cargos ocupados pelos participantes

utilizando-se o teste ANOVA (F(3,77)=3, p=0,017). Houve diferença significativa entre

os chefes de setor e os estagiários (M=2,71 X M=1,18; p=0,003) e entre os chefes de

setor e os analistas judiciários (M=2,71 X M=1,63; p=0,032).

Após execução do Teste t, foi encontrada diferença significativa entre a

percepção da comunicação entre os membros da equipes entre estagiários e analistas

judiciários (t (20) = 1,51; p=0,0001). O fato de ser estagiário (M=1,09) diminui o escore

do fator, tornando “ótima” a avaliação, diferentemente dos analistas (M=1,81), que

avaliaram o fator como “boa”. Quanto ao mesmo fator, foi encontrada também

diferença significativa entre a percepção da comunicação entre os membros da equipes

entre chefe de setor e analistas judiciários (t (16) = 0,90; p=0,023). Assim como os

estagiários, os chefes de setor (M=1,28), por terem seu escore próximo a “um”,

avaliaram o fator como “ótimo”, diferentemente dos analistas (M=1,81), que avaliaram

o fator como “boa”.

Após análises utilizando Teste t, foi encontrada diferença significativa entre a

percepção da comunicação entre o setor e as instâncias superiores entre os chefes de

setor e os estagiários (t (16) = 8,79; p=0,011); e entre os chefes de setor e os analistas

judiciários (t (16) = 16,9; p=0,002). Os estagiários (M=3,18) avaliaram este nível de

comunicação de forma “regular”, em contrapartida aos chefes de setor (M=1,85), que

avaliaram um pouco melhor, classificando-a como “boa”. Os analistas (M=3,63)

percebem que este nível de comunicação é “ruim”, pois a média está mais próxima de

“quatro”, diferentemente dos chefes de setor, que caracterizam o fator como “boa”.
63

Houve também diferença significativa quanto a este nível de comunicação entre os

analistas judiciários e os técnicos judiciários (t (30) = 0,60; p=0,042). Os técnicos

judiciários (M=2,71) avaliam o fator supracitado como “regular”, sendo que os analistas

judiciários (M=3,63) avaliam de maneira diferente, considerando esta comunicação

“ruim”.

8. DISCUSSÃO

Este estudo buscou analisar as relações no ambiente de trabalho e as

circunstâncias que podem causar conflitos, sendo estes considerados prejudiciais e não

são facilmente assumidos pela organização (Chiavenato, 2005). A divisão das análises

focalizando os dados da amostra e, mais especificamente, das equipes foi necessária

devido ao número limitado de membros em cada uma das equipes, fato que

comprometeu a análise estatística inferencial dentro das mesmas.

É importante frisar que nem todos os membros das equipes aceitaram participar

da pesquisa, no entanto, apenas uma pessoa se recusou. Outras duas pessoas

inicialmente se recusaram com receio da divulgação dos resultados, o que foi sanado,

obtendo a participação dos mesmos.

Quanto aos cargos ocupados, existem 11 estagiários, sendo que 6 fazem parte da

equipe 1; 21 técnicos judiciários; 11 analistas judiciários e 7 chefes de setor. Esta

divisão de cargos mostrou ser importante na diferenciação das percepções dos

participantes. Este fato pode ser explicado por algumas particularidades da organização

pública. Pires e Macêdo (2005) citam que essas organizações tendem a ter apego às

regras e rotinas, supervalorização da hierarquia, paternalismo nas relações e apego ao

poder.
64

Quanto às idades dos participantes, 38% se concentraram entre 36 e 45 anos. É

importante destacar que em relação ao tempo de serviço na instituição, a variação foi

entre 1,5 e 28 anos, com média de 13 anos. Ou seja, os participantes da pesquisa

possuem um bom conhecimento da instituição, sendo esta uma característica de

instituição pública devido à estabilidade dos cargos ocupados – trabalhadores de

carreira (Pires & Macêdo, 2005).

Em relação ao grau de escolaridade, 14% possuem ensino médio completo, 22%

possuem ensino superior incompleto, 48% possuem ensino superior completo e 16%

possuem pós-graduação (Stricto ou Lato Sensu). A alta escolaridade pode ser explicada

devido ao fato de a admissão de funcionários ser constituída principalmente pelos

concursos, os quais para o cargo de analista exigem nível superior. Vale salientar que

mais da metade dos técnicos judiciários possuem nível superior completo, o que indica

comprometimento com a carreira profissional (Bastos & Seidel, 1992).

A partir da análise sobre a existência dos conflitos por meio da Escala de

Conflitos Intragrupos (ECIG), houve predominância do conflito de tarefa sobre o

conflito de relacionamento, com exceção da equipe 5, na qual esta ordem se inverteu.

Percebe-se que há maior divergência quanto à distribuição de recursos, procedimentos e

planejamento das tarefas do que a preferências individuais e/ou disputa entre membros.

De acordo com o ECIG, nenhuma das equipes apresentou qualquer dos dois tipos de

conflito em grau elevado. Sendo assim, não se faz necessária uma intervenção imediata,

já que não foi detectado o conflito a ponto de causar danos à realização das tarefas

diárias ou aos relacionamentos dos membros.

Em contrapartida, no roteiro de entrevista, foi possível verificar que 54% dos

participantes afirmaram existir algum conflito em sua equipe de trabalho, e estes deram

como justificativa o individualismo no setor e a atitude de tomar decisões sem levar a


65

opinião do outro em consideração. Os 46% restantes também justificaram a harmonia e

o bom convívio na sua equipe argumentando que o bom convívio é reflexo do diálogo

existente e do respeito ao outro na tomada de decisões, como pode ser visto em uma das

falas: “Existem as confusões de opiniões, mas a harmonia se mantém, o coleguismo

sempre prevalece; apesar das diferenças (entre os membros), um ajuda o outro quando é

necessário”.

Analisando cada uma das equipes, o conflito está instalado principalmente na

equipe 4 e na equipe 2. É importante esclarecer que a equipe 4 chegou a um consenso

quanto a existência do conflito. Entretanto, o ECIG, designada para mensurar o grau do

conflito, demonstrou níveis toleráveis de conflitos. Nas equipes 3 e 6, os membros

concordam que não há conflitos em suas respectivas equipes. Estas equipes possuem

escores de acordo com o ECIG mais baixos comparados às demais equipes.

As equipes 3 e 6 congregam poucos membros e quanto a estas devem ser feitos

esclarecimentos. O contato entre todos os colegas para a execução das tarefas acontece

diariamente. Quanto à finalidade do contato com os colegas de trabalho, com exceção

dos itens Compartilhamento de informações sobre o trabalho e Tirar dúvidas (altos

escores para todas as equipes), fazer solicitações, tomar decisões, e compartilhar

experiências/vivências; e exclusivamente todos os membros da equipe 6

afirmam oferecer/receber feedback. Na avaliação do ambiente de trabalho, foram as

únicas equipes que o avaliaram como “bastante cooperativa”, além de afirmaram em

consenso que não há conflitos nas mesmas. Quanto à comunicação, avaliaram este fator

entre os membros e; os membros e a chefia imediata predominantemente como “ótima”,

sendo que a comunicação do setor e as instâncias superiores foi predominantemente

“boa”. Alguns deles afirmaram que o fato de existirem poucos membros torna o

ambiente sadio e harmonioso. Essas particularidades podem estar ligadas a fatores


66

externos (recursos, sistema de recompensas da organização, persuasão verbal e

liderança) e internos (tamanho da equipe, objetivos do grupo, suas capacidades,

habilidades e o conhecimento dos membros) ao grupo que influenciam o bom

desempenho das equipes (Puente-Palacios, 2008).

Quanto à associação do conflito de tarefa à idéia de trazer conseqüências

positivas para o grupo, apenas um dos participantes (chefe de setor) considerou que as

divergências existem e podem ser instrumento para descobrir novas idéias e soluções

para problemas operacionais, desde que seja administrado corretamente, convertendo os

aspectos considerados negativos em uma experiência construtiva (Bowditch & Buono,

2004; Mallory, 1997 citado por Frederick & Zaidan, 2010; Jehn, 1997, Simons &

Peterson, 2000).

A comunicação foi avaliada em três níveis: entre os membros da equipe; entre os

membros e a chefia imediata e; entre o setor e as instâncias superiores. Nos dois

primeiros níveis, a percepção da amostra variou entre “boa” e “ótima”, demonstrando

que as equipes estão bem coesas quanto às informações transmitidas, incluindo os

chefes de setor. Já quanto à comunicação entre o setor e as instâncias superiores, as

respostas variaram entre “regular” e “boa”, demonstrando que o acesso dos membros de

uma equipe não acontece com facilidade. Infere-se que isso aconteça devido ao

distanciamento hierárquico entre os membros de uma equipe e as instâncias superiores,

além do que os chefes imediatos são os responsáveis por intermediar a comunicação,

havendo em alguns momentos má codificação na mensagem a ser enviada, tornando a

mensagem recebida não satisfatória aos emissores – membros das equipes (Robbins,

2005). Há nos relatos de membros das equipes certa angústia pelo fato de a

acessibilidade não ser como gostariam, porém, o correto a se fazer é reunir as

reivindicações do grupo e cobrar da chefia imediata para que este defenda os anseios de
67

sua equipe. Acrescenta-se ainda que a liderança exercida sobre as equipes também

acontece via on line (Robbins, 2005), o que incomoda alguns membros.

Quanto à comunicação entre os membros das equipes, estagiários e chefes de

setor avaliaram-na como “ótima” e analistas judiciários como “boa”. Quanto à

comunicação entre o setor (todos os membros) e as instâncias superiores, analistas

judiciários avaliaram-na como “ruim”; técnicos judiciários e estagiários como “regular”

e; chefes de setor como “boa”. Estas percepções diferentes podem ser explicadas pelas

barreiras da comunicação (Griffin & Moorhead, 2006; Robbins, 2005) como a

filtragem, participação seletiva ou problemas de codificação.

Quanto ao ambiente organizacional na amostra, comprovou-se o trabalho

interdependente dos membros nas equipes, pois não foram citadas atividades realizadas

exclusivamente por uma pessoa. A realização das tarefas necessita de contato com

algum membro da equipe. Quanto ao ambiente organizacional em cada equipe, percebe-

se que há diferenças na quantidade de pessoas que os participantes necessitam entrar em

contato a fim de realizar suas atividades. As equipes 1 e 2 mostraram que poucos

colegas são acessados para realizar as tarefas diárias, comparado ao número total da

equipe. Isso se deve às atividades realizadas, pois a equipe 1 realiza estudos em que

somente um ou dois profissionais são responsáveis, assim como na equipe 2 em que

muitas vezes as diligências a serem cumpridas dizem respeito a apenas um membro.

Quanto aos dados da cultura organizacional, os escores obtidos pela amostra são

baixos, demonstrando que as práticas e os valores organizacionais descritos nos fatores

“pouco” ou “nada” se aplicam na realidade de trabalho estudada, com exceção do fator

Integração Externa, o qual se aplica “razoavelmente”. Há então uma maior percepção de

que a empresa empreende práticas voltadas para o planejamento estratégico e ao

atendimento do cliente externo, neste caso, os usuários da instituição judiciária. Apesar


68

da instituição não ter o intuito de gerar lucros, percebe-se que o atendimento às

demandas trazidas pelos usuários é de grande importância para os participantes. Esta

idéia é contemplada no planejamento estratégico da instituição, que preza pela

promoção da cidadania; a efetividade no cumprimento das decisões e; facilidade o

acesso (do público externo) à justiça (Tribunal de Justiça, 2011).

Quanto maior a percepção das dimensões do conflito mensuradas pelo ECIG,

maior a percepção de que suas equipes eram competitivas. Os conflitos, tanto de tarefa

como de relacionamento, quando instalados no local de trabalho, tendem a modificar

comportamentos, tornando as atitudes de alguns membros mais competitivas, na

intenção de proteção ou de almejar melhores recompensas (Albuquerque & Puente-

Palacios, 2004; Robbins, 2005).

Quanto ao fator Profissionalismo cooperativo, os graduandos avaliam-no como

“aplica-se razoavelmente” e os pós-graduados como “aplica-se pouco”. Quanto ao fator

Integração Externa, os graduandos avaliam-no como “aplica-se bastante” e os pós-

graduados e graduados como “aplica-se razoavelmente”. Quanto ao fator Promoção do

Relacionamento Interpessoal, os graduandos avaliam-no como “aplica-se

razoavelmente” e os pós-graduados e graduados como “aplica-se pouco”. Infere-se que

os graduandos (maioria são estagiários), por estarem há pouco tempo na organização,

possuem uma visão limitada do que acontece na instituição. Os outros graus de

escolaridade, tanto por terem um maior nível de conhecimento e maior tempo na

instituição, percebem com maior clareza as práticas e os valores da instituição (Ferreira

e Assmar, 2008)

Além disso, quanto menor o cargo ocupado na hierarquia da instituição, menor a

percepção do profissionalismo competitivo e de Recompensa e treinamento. O que pode

contribuir para isso é o fato de existir na instituição dois corpos funcionais com
69

características nitidamente distintas: um permanente e outro não-permanente (cargos

comissionados) (Martelane, 1991 citado por Pires & Macêdo, 2005). O conflito entre

eles é acentuado devido à substituição dos trabalhadores não-permanentes, que mudam

de acordo com as instâncias superiores. Essas mudanças são responsáveis por uma série

de divergências entre os próprios membros, pois os trabalhadores permanentes se

sentem desvalorizados frente ao outro corpo funcional, o que pode diminuir a satisfação

e o bem-estar deles (Pires & Macêdo, 2005).

É necessário reportar algumas observações sobre a equipe 2, a qual é composta

por pessoas com diferentes graus de escolaridade. Esta equipe pode ser classificada

como heterogênea, visto que, embora deva atuar com o mesmo objetivo, congrega

valores distintos, pautando-se nas entrevistas. Outro fato a se destacar é o tempo de

convivência entre os membros (M=13,5 anos), que possivelmente vem acarretando

certas desavenças e divergências, principalmente na execução das atividades e tarefas

diárias. Atualmente, as relações entre os membros podem estar cristalizadas devido ao

desgaste emocional que os conflitos geram nos indivíduos. Isso se evidencia pelos

relatos sobre quais estratégias utilizam para lidar com o conflito, em que grande parte

prefere abster-se de discussões, prefere ficar calado, postergando a resolução das

divergências existentes. Apesar disso, é importante frisar a existência de um clima de

descontração entre os membros.

Quanto à equipe 4, se faz necessário esclarecer que atitudes tomadas pelo chefe

de setor não são aceitas unanimamente pelos membros da equipe, sendo este um ponto

de divergências. As estratégias para solucionar os conflitos são interessantes, pois a

maioria citou estabelecer diálogo a fim de que divergências sejam sanadas e que não

haja conseqüências negativas ao desempenho das atividades.


70

Propõe-se que avaliações especificas sejam feitas nas equipes 2 e 4 a fim de

verificar a necessidade de trabalhos com a liderança, para orientá-los adequadamente

em suas equipes, almejando o melhor aproveitamento possível de trabalho, e a busca de

soluções para eventuais discordâncias que surjam no seio da equipe.

9. CONCLUSÃO

A investigação dos conflitos no campo organizacional se faz necessário devido

às mudanças econômicas e de mercado, viabilizando a redução de custos

concomitantemente à satisfação do trabalhador. A descoberta dos motivos

desencadeadores, assim como os que mantêm os conflitos é de suma importância para

que as lideranças possam trabalhar as relações conflituosas, otimizando as atividades

realizadas.

Alguns discursos não puderam ser incluídos neste trabalho devido a possível

identificação de participantes, visto que os mesmos demonstraram medo de retaliação.

Além disso, a temática dos conflitos intragrupos não é facilmente trabalhada, pois os

participantes devem ter o mínimo de confiança para se implicarem com a pesquisa. Esta

confiança pode não ser alcançada pelo receio de retaliação por superiores e também dos

próprios colegas de trabalho.

Não foi encontrada relação estatisticamente significativa entre os fatores de

cultura organizacional e as dimensões de conflitos intragrupos, mostrando que a cultura

organizacional não é melhor variável que explique a estruturação dos conflitos em

equipes de trabalho. A comunicação ou a liderança podem ser variáveis que influenciem

em maior grau a estruturação e funcionamento dos conflitos.

O roteiro de entrevista se mostrou eficiente no intuito de explorar os possíveis

conflitos existentes, sendo um importante complemento para a discussão dos resultados


71

encontrados na escala padronizada. A questão sobre a estruturação de cada equipe

quanto à forma como o trabalho é distribuído não se fez necessária, pois o pesquisador

poderia analisar essa variável observando as atividades.

Estudos em outras organizações são necessários para haver comparação entre os

dados encontrados neste estudo, a fim de conhecer melhor quais fatores desencadeiam e

mantêm os conflitos na organização.

Vale ressaltar que o intuito de identificar os antecedentes e consequentes de um

conflito são fundamentais para a melhor resolução dos mesmos, sendo este resolução

importante para tornar o ambiente mais sadio e agradável para trabalhar, reduzindo os

índices de comportamentos contraproducentes, afastamentos por estresse, fobias,

depressão e outras doenças ocupacionais, além de manter a motivação e possivelmente

aumentar a satisfação com relação às atividades realizadas.


72

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78

Apêndices
79

APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Informações sobre a pesquisa: A Cultura Organizacional influenciando nos


Conflitos Intragrupais em Equipes de uma Instituição Pública

• Pesquisador responsável: Saulo Pereira de Almeida – aluno de graduação em


Psicologia da Universidade Federal de Sergipe – UFS.
• Objetivo da pesquisa: Verificar as relações no ambiente de trabalho que podem gerar
ou não conflitos.
• Forma de obtenção de informações: será solicitado a cada participante responder a
um roteiro de entrevista com 13 questões e completar dois inventários com 11 e 30
itens, respectivamente, em escala de 5 pontos. A abordagem terá duração média de 20
minutos.
Garantias ao participante:
• A participação em qualquer etapa é voluntária.
• Mesmo após serem informados sobre a pesquisa, aqueles que não quiserem participar
não sofrerão nenhum tipo de represália ou prejuízo.
• Aqueles que aceitarem participar da pesquisa assinarão este Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido que se encontra anexado a este documento.
• Caso algum dos participantes deseje obter outras informações durante e após a
realização do estudo, receberá a resposta a qualquer dúvida e será atendido prontamente,
ainda que esta possa afetar a sua vontade de continuar participando.
• Fica assegurado ao participante que ele não será identificado e que será mantido o
caráter confidencial das informações relacionadas com a sua privacidade.
Compromisso do pesquisador: o pesquisador se compromete em realizar o estudo,
prestando os esclarecimentos necessários e divulgar os resultados obtidos.

Contatos
Graduando: Saulo Pereira – Tel: 8825-2489; e-mail:
de Almeida
almeidasauloalmeida@hotmail.com
Orientadora: Marley Rosana Melo de Araújo – Tel: 9117-6288; e-mail:
marleymeloaraujo@gmail.com

Assinatura do participante: _______________________________________________


80

APÊNDICE B

ROTEIRO DE ENTREVISTA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
A CULTURA ORGANIZACIONAL INFLUENCIANDO NOS CONFLITOS
INTRAGRUPAIS EM EQUIPES DE UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA
Sujeito: ____
Setor: ____
 Obrigado por haver disponibilizado seu tempo para colaborar com a realização desta

 Vale frisar que não se trata de uma avaliação de conteúdos; portanto não há certo ou errado.
pesquisa.

 Os resultados poderão ser divulgados em meios acadêmicos.


O que importa é a sua opinião sincera e objetiva.

1) Sexo: M F 2. Idade: _________


3. Cargo: __________________________________________________________
4. Tempo de serviço/empresa/cargo atual (anos):________/________ / _________
5. Escolaridade:
a. Fundamental c. Superior Incompleto e. Pós-Graduação
b. Médio d. Superior
6. Quantos membros fazem parte do seu setor? _________________________
7. Para a realização do seu trabalho, você precisa estabelecer contato com as
pessoas do seu setor?
a. Sim b. Não
8. Com quantas destas pessoas você interage diariamente (média)? __________
9. Sua equipe de trabalho é formada:
a. Agrupamento de função fluxo de trabalho
10. Com qual objetivo você realiza esse contato?
a. Laborais b. Pessoais
i. Tomada de decisões i. Compartilhamento de informações
ii. Compartilhamento de pessoais
informações sobre o trabalho ii. Desabafar problemas
iii. Oferecer/receber feedback iii. Compartilhar experiências/vivências
iv. Tirar dúvidas iv. Expor preferências individuais quanto
v. Realizar planejamento à objetos, relacionamentos
vi. Apresentar idéias/sugestões
vii. Fazer solicitações
11. Você considera seu ambiente de trabalho mais cooperativo ou competitivo?

1 2 3 4 5
Bastante Moderadamente Neutro Moderadamente Bastante
cooperativo Cooperativo Competitivo competitivo

12. Como você avalia a comunicação entre:


Ótima Boa Regular Ruim Péssima
Os membros da equipe
Os membros e a chefia imediata
O setor e a chefia maior

13. Na sua opinião, há conflitos em sua equipe de trabalho? Sim Não


Sendo a resposta positiva:
a. Qual(is) motivo(s) originam ou pode(m) originar o(s) conflito(s)?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
________________________________________
b. Qual(is) motivo(s) pode(m) contribuir para mantê-los?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
________________________________________
c. Qual(s) é(são) a(s) estratégia(s) utilizada(s) para solucioná-lo(s)?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
________________________________________
Sendo a resposta negativa:
d. Quais fatores contribuem para o bom convívio entre os membros da sua equipe?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
82

APÊNDICE C

Escala de Conflito Intragrupos


ECIG
Por favor, pense em que medida o enunciado reflete o que ocorre na sua atual
equipe de trabalho.
1 2 3 4 5
Nenhum (a) Pouco (a) Moderado (a) Muito (a) Muitíssimo (a)

Quanto (a)
1) ...desacordo sobre as decisões de trabalho o grupo têm que enfrentar?
2) ...atrito pessoal existe entre os membros da equipe?
3) ...diferença de opinião sobre o planejamento das tarefas existe entre a equipe?
4) ...tensão emocional há no relacionamento interpessoal entre os membros?
5) ...desacordo pessoal é evidente entre os membros da equipe?
6) ...raiva existe entre os membros do grupo?
7) ...diferença de opinião sobre a realização das tarefas existe na sua equipe?
8) ...conflito ocorre entre os membros durante a delegação das tarefas?
9) ...tempo o grupo gasta resolvendo conflitos interpessoais entre os membros?
10) ...discordância sobre a maneira de executar as tarefas existe na equipe?
11) ...desafeto há entre os membros da sua equipe de trabalho?

Nº____
83

APÊNDICE D

Instrumento brasileiro para avaliação da Cultura Organizacional


IBACO*

1 2 3 4 5
Não se aplica Pouco se Aplica-se Aplica-se Aplica-se
de modo aplica razoavelmente bastante totalmente
nenhum
* Reduzido

Sua resposta deve refletir o que de fato acontece na empresa e não a sua opinião pessoal ou
grau de satisfação com o que ocorre. Responda, por favor, a todas as afirmativas, não
deixando nenhuma em branco.

1. Os empregados têm ampla liberdade de acesso aos diretores


2. O atendimento às necessidades do cliente é uma das metas mais
importantes
3. As necessidades pessoais e o bem-estar dos funcionários constituem
uma preocupação constante da empresa
4. Persegue-se a excelência de produtos e serviços como forma de
satisfazer aos clientes
5. Os empregados que apresentam idéias inovadoras costumam ser
premiados
6. Investe-se no crescimento profissional dos empregados
7. O acompanhamento e atendimento das necessidades dos clientes é feito
constantemente
8. Mantêm-se relações amigáveis com os clientes
9. Os chefes imediatos são como pais para os empregados
10. Os empregados recebem treinamento para poderem desenvolver sua
criatividade
11. Os empregados são premiados quando apresentam um desempenho que
se destaca dos demais
12. Programas para aumentar a satisfação dos empregados são regularmente
desenvolvidos
13. É prática comum a comemoração dos aniversários dos empregados
84

1 2 3 4 5
Não se aplica Pouco se Aplica-se Aplica-se Aplica-se
de modo aplica razoavelmente bastante totalmente
nenhum

14. As inovações em geral são introduzidas para atender às


necessidades do mercado
15. Eventos sociais com distribuição de brindes são comumente realizados
para os empregados
16. O esforço e a dedicação ao trabalho são qualidades bastante apreciadas
17. Programas destinados a melhorar o bem-estar dos empregados são
implementados e testados
18. O profissionalismo dos empregados é visto como uma grande virtude
19. As relações entre empregados e membros do alto escalão são cordiais e
amigáveis
20. A preocupação em superar as dificuldades do dia-a-dia é vista como de
grande valor
21. Os empregados que demonstram dedicação e espírito de colaboração
são os melhores modelos a serem seguidos
22. Somente os bons empregados recebem benefícios que lhes garantem um
melhor bem-estar
23. A criatividade é um dos requisitos básicos para a ocupação de cargos
gerenciais
24. O crescimento profissional é considerado indispensável para a
permanência do empregado na casa
25. As inovações costumam ser introduzidas através de programas de
qualidade
26. Os empregados se relacionam como se fossem uma grande família
27. Os empregados costumam ser premiados quando alcançam metas pré-
estabelecidas
28. A competição é valorizada, mesmo que de forma não sadia, porque o
objetivo maior da empresa é a produtividade e o lucro
29. A competição é vista como indispensável à obtenção de bons resultados
30. A preocupação do empregado com a qualidade de seu serviço é bem
vista

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