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Peixe-boi

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Os peixes-bois, vacas-marinhas, manatins ou


lamantins, constituem uma designação comum aos Peixe-Boi
mamíferos aquáticos, sirênios, como os dugongos, mas da
família dos triquequídeos (Trichechidae). Possuem um
Ocorrência: Mioceno Inferior - Recente
grande corpo arredondado, com aspecto semelhante ao das
morsas. O peixe-boi-marinho (Trichechus manatus) pode
medir até quatro metros e pesar 800 quilos,[1] enquanto o
peixe-boi-da-amazônia (Trichechus inunguis)pode chegar
ate 2,5 metros e pode pesar até 300 quilos.

Habitam geralmente em águas costeiras e estuarinas


quentes e rasas e pântanos, enquanto o peixe-boi-da-
amazônia habita apenas em águas doces das bacias dos
rios Amazonas e Orinoco. A Flórida é a localização mais
ao norte onde vivem, pois a sua baixa taxa metabólica
torna-se difícil no frio e não sobrevivem abaixo dos 15 °C.

Existem quatro espécies de peixe-boi:

Peixe-boi-africano (Trichechus senegalensis),


vive no Atlântico, habita as águas doces e
costeiras do oeste da África. Classificação científica
Peixe-boi-marinho (Trichechus manatus), Reino: Animalia
também conhecidos como manatis, tem ampla
Filo: Chordata
distribuição nas Américas, indo desde o México,
os Estados Unidos, vivendo nas ilhas da Classe: Mammalia
América Central, na Colômbia, Venezuela, nas Infraclasse: Placentalia
Guianas, no Suriname e no Brasil.
Ordem: Sirenia
Peixe-boi-da-amazônia (Trichechus inunguis),
Família: Trichechidae
são animais fluviais e vivem nas bacias dos rios
Amazonas e Orinoco. Género: Trichechus
Linnaeus, 1758
Peixe-boi-do-oeste (Trichehus
hesperamazonicus), espécie fóssil de sirênio Distribuição geográfica
descrito em 2020 e descoberto no Rio
Madeira.[2]

Uma suposta quarta espécie foi relatada em 2007 por Marc


van Roosmalen,[3] mas sua validade foi logo
questionada.[4]

No Brasil, o peixe-boi-marinho habitava do Espírito Santo


ao Amapá, porém devido à caça, desapareceu da costa do
Espírito Santo, Bahia e Sergipe. Os peixes-bois vivem Distribuição do Trichechus:

tanto em água salgada quanto em água doce. O peixe-boi verde: T. manatus


vermelho: T inunguis
vermelho: T. inunguis
laranja: T. senegalenis

amazônico só existe na bacia do rio Amazonas no Brasil e Espécies


Peru, e no rio Orinoco na Venezuela, e vive apenas em Trichechus inunguis
água doce.
Trichechus manatus
Todas as espécies encontram-se ameaçadas de extinção e Trichechus senegalensis
estão protegidas por leis ambientais em diversas partes do
mundo. No Brasil, o peixe-boi é protegido por lei desde
1967[5] e a caça e a comercialização de produtos Sinónimos
derivados do peixe-boi é crime que pode levar o infrator a
até dois anos de prisão. São animais de hábitos solitários, Halipaedisca Gistel, 1848
raramente vistos em grupo fora da época de acasalamento. Manatus Brünnich, 1772
Oxystomus G. Fischer, 1803
Alimentam-se de algas, aguapés, capins aquáticos entre Trichecus Oken, 1816
outras vegetações aquáticas e podem consumir até 10% de
seu peso em plantas por dia e podem passar até oito horas
por dia se alimentando.[1] Durante os primeiros dois anos
de vida vivem com suas mães e ainda se alimentam de leite. São muito parecidos com os dugongos e a
principal diferença entre o peixe-boi e o dugongo é a cauda. São animais muito mansos e, por este motivo,
são facilmente caçados e se encontram em risco de extinção.

Índice
Taxonomia
Etimologia
Características
Reprodução
Vulnerabilidade
População
Peixe-boi no Brasil
Projeto Peixe-boi
Laboratório de Mamíferos Aquáticos do INPA
O peixe-boi e os nativos do Novo Mundo
Referências
Ligações externas

Taxonomia
Os peixes-bois representam três das quatros espécies atualmente existentes da ordem Sirenia. O quarto
representante é o dugongo, um animal típico da região oriental. Os cientistas acreditam que os sirênios
evoluíram dos mamíferos terrestres quadrúpedes há mais de 60 milhões de anos, tendo, nos dias atuais, o
parentesco mais próximo com os animais das ordens Proboscidea (elefantes) e Hiracoidea (hírace).[6]

As três espécies descritas pela Taxonomia de Wilson e Reeder são o peixe-boi-marinho (Trichechus
manatus), o peixe-boi-africano (Trichechus senegalensis), e o peixe-boi-da-amazônia (Trichechus
inunguis) [7]
inunguis).

O peixe-boi-da-amazônia é caracterizado por ter um pelo de tom marrom acinzentado e uma pele grossa e
enrugada, geralmente apresentando também pelos grossos ou “bigodes”. Fotos dele são tão escassas quanto
o conhecimento sobre sua espécie. Especialistas acreditam, contudo, que ela seja mais semelhante ao peixe-
boi-marinho que ao africano.

Etimologia
"Manati" se origina do termo caribe para o animal: mana'ti.[8]

Características
O peixe-boi tem uma média de 500 a 550 quilogramas de
massa e comprimento médio de 2,8 a 3 metros, com máximas
avistadas de 3,6 metros e 1 775 quilogramas (as fêmeas
tendem a ser maiores e mais pesadas). Ao nascer, um filhote de
peixe-boi tem uma massa média de trinta quilogramas.

O corpo é robusto e maciço, com cauda achatada, larga e


disposta de forma horizontal. O peixe-boi-marinho tem a pele
rugosa, com a cor variando entre cinza e marrom-acinzentado.
A cabeça fica bem junto ao corpo. Pode-se quase afirmar que
Um peixe-boi-marinho das Antilhas se não tem pescoço, apesar de conseguir movimentar a cabeça
alimentando. em todas as direções. Tem olhos bem pequenos, mas enxerga
bem, sendo capaz até mesmo de reconhecer cores. O nariz está
bem em cima do focinho, com duas grandes aberturas. Não
tem orelhas: os ouvidos são dois pequenos orifícios um pouco atrás dos olhos. Além de escutar os ruídos ao
seu redor, o peixe-boi também pode se comunicar através de pequenos gritos chamados vocalizações. Esta
comunicação é muito importante entre a mãe e o filhote. A mãe é capaz de reconhecer o seu filhote entre
muitos outros apenas pela vocalização.

A boca é grande: os lábios de cima são amplos e se


movimentam na hora de pegar o alimento. A dentição desses
animais é reduzida a molares, que se regeneram
constantemente, em virtude de sua dieta vegetariana quando
adultos, constituída por algas duras. Estas folhagens contêm
sílica, elemento que desgasta rapidamente os dentes, mas os
manatis são adaptados, seus molares deslocam-se para a frente
cerca de 1  mm por mês e se desprendem quando estão
completamente desgastados, sendo substituídos por dentes
novos situados na parte posterior da mandíbula. Esse
fenômeno é chamado de "Marcha dos Molares". Peixe-boi em seu habitat

No focinho, o peixe-boi tem muitos pelos, chamados vibrissas


ou pelos táteis, muito sensíveis ao movimento ou ao toque. Por ser um animal aquático, no lugar das patas
dianteiras o peixe-boi tem duas nadadeiras, com unhas arredondadas nas pontas. Em vez das patas traseiras,
possui uma grande nadadeira caudal.

Para nadar, o peixe-boi impulsiona sua nadadeira caudal, usando as duas nadadeiras peitorais para controlar
os movimentos. Apesar de bastante pesado, consegue ser bem ágil dentro d'água, fazendo muitas manobras
e ficando em várias posições Em média os peixes-bois nadam com uma velocidade de cinco quilômetros
e ficando em várias posições. Em média, os peixes bois nadam com uma velocidade de cinco quilômetros
por hora até oito quilômetros por hora (1,4 metros por segundo a 2,2 metros por segundo). No entanto, têm
sido vistos nadando a uma velocidade de até trinta quilômetros
por hora (oito metros por segundo) em rajadas curtas. Metade
do dia de um peixe-boi é gasto dormindo na água, subindo
para tomar ar regularmente em intervalos não superiores a
vinte minutos. Por ser um mamífero, o peixe-boi precisa ir à
superfície para respirar. Como os outros mamíferos, ele respira
pelos pulmões. Nos seus mergulhos normais, fica apenas de
um a cinco minutos debaixo d'água. Já em repouso, pode
permanecer até 25 minutos submerso sem respirar.

O peixe-boi-da-flórida (T. m. latirostris) pode viver até aos


Um grupo de três manatis sessenta anos e pode movimentar-se livremente entre
salinidade extrema. No entanto, o peixe-boi-da-amazônia (T.
inunguis) nunca se aventura em água salgada. Têm uma
grande flexibilidade preênsil no lábio superior que atua em muitos aspectos como uma tromba curta, algo
semelhante a um elefante. Utilizam o lábio para reunir comida, bem como para comunicações e interações
sociais. Os seus pequenos, e bem espaçados olhos têm pálpebras que fecham em uma forma circular.
Acredita-se que os peixes-boi têm a habilidade de ver em cores.

Emitem uma ampla gama de sons na comunicação, especialmente entre as fêmeas e os machos durante o
contato sexual, mas também entre os adultos durante jogos e comportamentos habituais. Podem usar sabor
e odor, além da visão, som e tato, para se comunicar. São capazes de aprender diferentes tarefas e mostram
sinais de aprendizagem complexas ou longa memória, tal como golfinhos e Pinípedes, segundo estudos
visuais e acústicos.[9]

Reprodução
Possuem taxa reprodutiva muito baixa pois a fêmea, chamada
peixe-mulher, segundo o Dicionário Aurélio, tem geralmente
um filhote, mas há casos de nascimentos de gêmeos, até
mesmo em cativeiro, como já aconteceu na Sede Nacional do
Projeto Peixe-Boi, em Itamaracá, Pernambuco.[1][10]

Os peixes-bois não têm nenhuma diferença sexual externa fácil


de ser notada. Na fêmea, a abertura genital (a vagina) fica mais
próxima do ânus, enquanto no macho (no caso, o pênis) fica
mais próxima do umbigo. O pênis só sai da abertura genital no Peixe-boi e filhote
momento do acasalamento. No resto do tempo, está sempre
"guardado". O acasalamento se dá com o macho por baixo e a fêmea por cima, num tipo de "abraço". É aí
que o macho externa seu pênis e faz a penetração na fêmea.[1]

Vários machos podem copular com uma mesma fêmea, o cio dura um longo período, mas apenas um deles
irá fecundá-la. A reprodução da espécie é lenta, pois o período de gestação das fêmeas é longo: treze
meses. Depois, a mãe amamenta o filhote durante um período entre um e dois anos. Por causa disso, a
fêmea tem apenas um filhote a cada quatro anos, pois ela só volta a entrar no cio outra vez um ano depois
de desmamar e tirando a época em que as mães estão com os seus jovens do sexo masculino ou feminino,
os peixes-boi geralmente são criaturas solitárias.[11]

Nos primeiros dias de vida, o filhote alimenta-se exclusivamente do leite da mãe. O leite materno é
importante para o desenvolvimento do filhote: é um alimento completo que o ajuda no crescimento e
f i i t d i i t d id D t í d d
funciona como uma vacina, protegendo-o nos primeiros tempos de vida. Durante o período de
amamentação é possível notar as mamas na fêmea. Elas ficam uma de cada lado, bem abaixo da nadadeira
peitoral. Mas é já a partir dos primeiros meses de vida que o peixe-boi começa a ingerir vegetais, seguindo
o comportamento da mãe. O filhote, aliás, recebe todos os cuidados da mãe. Muito zelosa, é ela quem o
ensina a nadar, a subir até a superfície para respirar e também a alimentar-se de plantas.

O peixe-boi da Flórida (Trichechus manatus latirostris) por exemplo, exibe comportamento promíscuos
onde um número de machos forma um grupo chamado de rebanho de acasalamento com uma fêmea,
quando essa entra no período reprodutivo, embora os peixes-boi machos possam exibir espermatogênese
com comprimento <2,4 m, com idade precoce de 2 anos, parece que os machos "juvenis" (isto é, os
menores) permanecem na periferia do rebanho de acasalamento, enquanto os machos maiores ficam em
posição adjacente a fêmea. Os rebanhos de acasalamento podem permanecer juntos por até cerca de um
mês, durante o qual se supõe que vários machos conseguem copular várias vezes com a fêmea. Embora não
tenha ocorrido nenhum teste genético de paternidade nem observação contínua dos rebanhos de
acasalamento para documentar todas as copulações, foi sugerido que os machos maiores no rebanho
copulam com mais frequência.[12]

Vulnerabilidade
Embora os peixes-boi possuam poucos predadores naturais (tubarões,
crocodilos, orcas e jacarés), todas as três espécies de peixe-boi estão listadas
pela World Conservation Union como vulnerável à extinção. A principal
ameaça corrente para os peixes-boi nos Estados Unidos está sendo as colisões
com barcos ou com hélices. Às vezes o peixe-boi pode sobreviver a estas
colisões, e mais de cinquenta cicatrizes profundas permanentes têm sido
observadas em alguns peixes-boi ao largo da costa da Flórida.[13] No entanto,
as feridas são muitas vezes fatais, e os pulmões podem até sair através da
cavidade torácica[13] É ilegal, no âmbito federal e na lei da Flórida, provocar
danos aos peixes-boi.[13]

Um peixe-boi O assoreamento dos estuários onde as fêmeas dão à luz os filhotes é outro
motivo para ameaça de extinção desta espécie.

O Centro Mundial de Monitoramento da Conservação, órgão do PNUMA (Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente), registra em seu banco de dados as seguintes espécies e subespécies como objeto de
preocupação:

Trichechus senegalensis,[14] África


Trichechus inunguis,[15] América do Sul
Trichechus manatus,[16] Caribe, América do Norte e América do Sul
Trichechus manatus manatus,[17] Antilhas
Trichechus manatus latirostris,[18] Flórida

População
A população de peixes-boi na Flórida (T. manatus) provavelmente está entre 1000 e 3000, embora as
estimativas sejam difíceis. O número de mortes de peixes-bois causadas por seres humanos neste estado,
aumentou com o passar dos anos, correspondendo a 20%-40% das mortes registradas de peixe-boi.[19]
Foram registrados perto de 300 peixes-bois mortos por atividade humana na Flórida em 2006, a maioria
destes causados por barcos.
Estimativas da população de peixe-boi da Flórida mostram
uma grande variação de ano para ano, com algumas áreas com
possíveis aumentos e outras com queda de população, com
muito pouca evidência de fortes aumentos exceto em duas
áreas. No entanto, estudos realizados em 1997 indicaram que
diminuiu sua sobrevivência adulta e a eventual extinção de
peixes-boi da Flórida é uma possibilidade.[20] Os censos de
peixe-boi são altamente variáveis,:[21] na Flórida em 1996, um
inquérito no inverno calculou 2639 peixes-boi; em janeiro de
1997, foram registrados 2229 e em fevereiro apenas 1706.[13]
Restos fósseis dos antepassados de peixe-boi mostram que eles Peixe-boi das antilhas
têm habitado a Flórida por cerca de 45 milhões de anos.

O peixe-boi-da-amazônia (T. inunguis) é uma espécie de peixe-boi que vive nos habitats de água doce do
rio Amazonas e seus afluentes. Sua cor é cinzenta acastanhada e eles têm uma pele enrugada e grossa,
muitas vezes com pelos grossos, ou "bigodes". Seu principal predador é também o homem. O governo
brasileiro proibiu a caça do peixe-boi desde 1973, em um esforço para preservar a espécie. Mortes por
barcos, no entanto, ainda são comuns.

O peixe-boi-africano (T. senegalensis) é o menos estudado das três espécies de peixe-boi. Fotos do peixe-
boi-africano são muito raras, embora muito pouco se sabe sobre esta espécie, os cientistas acham que são
semelhantes ao peixe-boi das Caraíbas. Eles são encontrados em habitats costeiros marinhos e estuarinos, e
em água doce sistemas fluviais ao longo da costa oeste da África a partir do rio Senegal até ao rio Kwanza,
em Angola, incluindo as áreas em Gâmbia, Libéria, a Guiné-Bissau, Guiné, Serra Leoa, Costa do Marfim,
Gana, Mali, Nigéria, Camarões, Gabão, República do Congo, e da República Democrática do Congo.
Embora ocasionalmente caçados por tubarões e crocodilos na África, as suas ameaças significativas são
apenas o ser humano, devido à caça furtiva, perda habitat, e outros impactos ambientais. Eles chegam a
habitar até Gao, no Mali, pelo rio Níger. Embora raros, eles ocasionalmente ficam encalhados quando o rio
seca até ao final do período chuvoso. O nome em Sonrai, o idioma local, é "ayyu".

Peixe-boi no Brasil
Há registros do peixe-boi desde o descobrimento pelos portugueses no século XVI, de início, logo foram
associados ao quinotauro. No Brasil há duas espécies de peixe-boi: o Trichechus manatus manatus, peixe-
boi marinho que se encontra criticamente ameaçado de extinção, e o Trichechus inunguis que vive nos rios
amazônicos, considerado como vulnerável à extinção. Calcula-se que existam cerca de 500 peixes-boi
marinhos na costa brasileira, não existem estudos ou pesquisas que revelem estimativas populacionais para
o número de indivíduos de peixes-bois da Amazônia.

Projeto Peixe-boi

Com a possibilidade de extinção dessas espécies o governo brasileiro proibiu sua caça e criou em 1980 o
Projeto Peixe-Boi[22] desenvolvido pelo CMA (Centro Nacional de Pesquisa, Conservação e Manejo de
Mamíferos Aquáticos) com sede na Ilha de Itamaracá, Pernambuco. O projeto dedica-se à pesquisa,
resgate, recuperação e devolução à natureza do peixe-boi, bem como a informação e parceria com
comunidades ribeirinhas e costeiras. O projeto está aberto a visitação, onde podem ser vistos inúmeros
peixes-boi, inclusive a Chica, um peixe-boi fêmea que viveu durante anos num aquário público em uma
praça do Recife, e o Poque, um raro caso de híbrido entre o peixe-boi marinho e o amazônico.[23]
Laboratório de Mamíferos Aquáticos do INPA

Os estudos sobre a biologia e conservação do peixe-boi da Amazônia (Trichechus inunguis) iniciaram-se


em 1974 no Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(INPA), situado na cidade de Manaus, Amazonas. Atualmente o LMA já reabilitou com sucesso mais de
60 filhotes de peixes-boi, cujas mães foram vítimas da caça ilegal que ainda ocorre na região. Aqui nasceu
o primeiro filhote de Peixe-Boi da Amazônia em cativeiro, chamado Erê, em 1998. Os tanques dos peixe-
boi estão localizados no Parque Aquático Robin Best e são abertos a visitação como parte do Bosque da
Ciência do INPA.

No ano de 2000, pesquisadores do INPA e do CPPMA - Centro de Preservação e Pesquisa de Mamíferos


Aquáticos, criaram a AMPA - Associação Amigos do Peixe-boi, uma organização não governamental que
atua em convênio com o INPA e é patrocinada pelo Programa Petrobras Ambiental.

O peixe-boi e os nativos do Novo Mundo


O padre José de Anchieta (1534-1597) enaltecia, em carta de 1560, as qualidades da carne do peixe-boi:

Há um certo peixe (que chamamos peixe-boi e os índios


iguaraguá), frequenta na vila do Espírito Santo e noutras
povoações para o Norte, onde não há frio ou é pouco e se faz
sentir com menos rigor do que entre nós. Muito grande no
tamanho, alimenta-se de ervas, como mostram as mesmas
ervas pastadas nos rochedos à beira dos mangues. No corpo é
maior que o boi, cobre-se de pele dura, parecida na cor à do
elefante. Tem no peito dois como braços, com que nada, e em Peixe-boi
baixo deles as tetas, com que alimenta os filhos. A boca é em
tudo igual à do boi, é muito bom para se comer e mal se pode
distinguir se é carne ou se antes se deve considerar peixe. A
gordura, que está pegada à pele e sobretudo junto à cauda,
derretida ao fogo, torna-se líquida e pode-se bem comparar à
manteiga, não sei se ainda melhor, e usa-se em vez de azeite
para temperar comidas. Todo o corpo é travado de ossos
sólidos e duríssimos que podem fazer às vezes de marfim.[24]

Aos nativos, o peixe-boi não servia apenas de alimento, sendo consumido assado, guisado ou cozido. Seu
couro era muito resistente, ideal para a confecção de cordas e escudos.[25] Sua queixada era curva, própria
para cabo de machados e enxós.[26]

Indígenas amazonenses caçavam peixe-boi de canoa e arpão, em cuja ponta eram fixadas conchas
afiadíssimas. Quando o animal colocava o focinho para fora da água para respirar, era arpoado.[27] Outra
maneira de capturar o peixe-boi era utilizar o arpão preso a uma corda à canoa e arpoá-lo. O animal
arrastava a canoa até se cansar, quando então era puxado para as proximidades da canoa e madeiras eram
inseridas em suas ventas, matando-o por asfixia. Em outras ocasiões ele era arrastado para a terra firme,
onde acabavam de matá-lo.[28]

O peixe-boi era também caçado com o arpão preso a uma corda onde, na outra extremidade, estava presa
uma boia. O animal fugia, mas a boia indicava sua posição e, quando ela parava de se movimentar, os
índios puxavam o animal já morto para a canoa. Para embarcá-lo, enchiam a embarcação de água e o
deslizavam para dentro e em seguida com ajuda de cuias esvaziavam a água da canoa para fazê la boiar e
deslizavam para dentro e, em seguida, com ajuda de cuias, esvaziavam a água da canoa para fazê-la boiar e

a empurravam para a margem.[29] Quando os índios amazônicos caçavam ou pescavam uma grande
quantidade de animais e não podiam transportar toda a carga para a aldeia, moqueavam a carne restante,
embrulhavam-na em folhas de bananeiras, inajá ou ubi e a enterravam para buscá-la em outra ocasião.[28]

Referências
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n%5d) Verifique valor |url= (ajuda) Em
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ain] Trichechus manatus manatus UNEP- Paulo, Associação Comercial de São
WCMC Species Database (http://sea.unep- Paulo. 2004, 158 p. Os textos das cartas de
wcmc.org/isdb/Taxonomy/tax-common-resu Anchieta e as notas de rodapé foram
lt.cfm?source=animals&displaylanguage=E extraídas do livro “Cartas, correspondência
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Ligações externas
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