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Instituto de Treinamento e Pesquisa em Gestalt-Terapia de Goiânia – ITGT


Curso de Pós-Graduação Lato Sensu com vistas à especialização na Abordagem Gestáltica
Chancela da Pontifícia Universidade Católica de Goiás – PUC-GO

COMPREENSÃO DA VIVÊNCIA DA SOLIDÃO NA


CONTEMPORANEIDADE: PERSPECTIVAS DA GESTALT-TERAPIA

Millena Lopes Switalsci


Graciana Sulino Assunção

Goiânia – GO.
Agosto de 2016.
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Compreensão da vivência da solidão na contemporaneidade:


Perspectivas da Gestalt-Terapia¹

Millena Lopes Switalsci²


Graciana Sulino Assunção³

Resumo: Na era da comunicação, mediante o desenvolvimento tecnológico, o homem continua


solitário. O estilo de vida atual compromete as relações ao diminuir os contatos e promover o
isolamento. Pretende-se com esta pesquisa compreender a vivência da solidão na
contemporaneidade sob a perspectiva da Gestalt-Terapia. Para isso, foram realizadas entrevistas
com três mulheres adultas que estão em psicoterapia na Abordagem Gestáltica no mínimo há
seis meses e tenham trazido como conteúdo terapêutico a temática pesquisada. Realizou-se a
análise do discurso das participantes baseando-se na metodologia fenomenológica de Giorgi e
foram levantadas como categorias: Sociedade Contemporânea, Significado da Solidão, Solidão
Acompanhada e Relação com o Outro. Conclui-se que a solidão é uma experiência comum em
alguns aspectos, sendo vivenciada de forma particular, mas, de um modo em geral, possui
caráter negativo. Ressalta-se que falar de solidão é também falar de relação, uma vez que o
homem é compreendido gestalticamente como um “ser-com”.

Palavras Chave: Contemporaneidade; Solidão; Contato; Gestalt-Terapia.

Introdução
Vive-se na atualidade a era do desenvolvimento tecnológico acompanhada pela
evolução das ferramentas de comunicação, os quais favorecem o aumento do número de
contatos sociais (Teixeira, 2001). Contudo, paradoxalmente, percebe-se que esse avanço
tecnológico não propiciou a ampliação de relações humanas de qualidade e a aproximação
genuína entre as pessoas. Na era da comunicação, apesar das diversas possibilidades, não foi
possível apartar o ser humano da sua condição solitária (Dezidério, 2007).
Andrade (2006) considera que a temática da solidão remete necessariamente a falar
sobre relação. O homem na modernidade perdeu o sentimento de pertinência por viver em uma
sociedade cheia de pessoas, mas com pouca intimidade, perdendo o sentido daquilo que é
gregário. Assim, os homens estão cada vez mais próximos fisicamente uns dos outros devido 1

1
Estudo apresentado como requisito para a conclusão do curso de pós-graduação lato sensu em nível de
Especialização em Gestalt-Terapia do Instituto de Treinamento e Pesquisa em Gestalt-Terapia de Goiânia-ITGT.
² Psicóloga graduada pela PUC-GO. MBA em Gestão de Pessoas, Especializanda em Gestalt-Terapia pelo ITGT
e cursando MBA em Desenvolvimento Humano e Psicologia Positiva pelo IPOG. Psicóloga Clínica e
Organizacional. E-mail: millena.switalsci@hotmail.com
³ Psicóloga graduada pela PUC-GO. Mestre em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde pela UnB,
Especialista em Gestalt-terapia e em Terapia de Criança, Casal e Família pelo ITGT. Psicóloga Clínica e
Professora. E-mail: gracianasa@hotmail.com
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à densidade demográfica, mas cada vez mais distantes existencialmente, tornando-se estranhos
entre si. O estilo de vida contemporâneo reproduz a solidão do homem ao valorizar as ofertas
materiais e tecnológicas e dispensar a presença do outro.
À medida que o ser humano percebe rupturas em suas relações, a distância entre ele e o
outro aumenta ainda mais, caracterizando uma gigantesca ausência de sentido. Com isso, perde-
se o contato com o querer, consigo mesmo e com o outro. Entretanto, o homem almeja pelo
contato, por ser encontrado, reconhecido em sua singularidade e em sua plenitude (Andrade,
2006). Bauman (2004), do mesmo modo, retrata em seus livros a fragilidade das relações
humanas, os desejos conflitantes e o sentimento de insegurança. Segundo o escritor, o ser
humano anseia pela segurança do convívio, apesar do que, predominam atualmente as relações
virtuais, em detrimento das pessoais.
No tocante a tecnologia, Guedes e Pinheiro (1999) comentam que as pessoas estão se
fechando em seu universo particular, reduzindo a possibilidade de contatos reais, ou se
aproximando do outro mediante contatos virtuais. Desta forma, para estes autores, ao que tudo
indica, o estilo de vida urbano atual compromete as relações sociais, diminuindo interações e
promovendo o isolamento.
O isolamento surge então como consequência às inovações tecnológicas e aos meios de
comunicação, uma vez que algumas vivências estão sendo extintas como disputar espaço em
feiras populares e enfrentar filas em supermercados ou bancos, já que é possível realizar vários
tipos de ações sem sair de casa, além do que, comunicar com os amigos tem sido muito mais
fácil e possível com alguns aplicativos em redes sociais (Dezidério, 2007). Com isso, os
contatos físicos têm se mostrado dispensáveis - a mediação humana recua diante da mediação
tecnológica e, consequentemente, o diálogo tem sido comprometido (Moreira & Callou, 2006).
Na medida em que o ser humano restringe e diminui seus contatos, aprisiona a si mesmo
na solidão (Polster & Polster, 2001). A vida passa a ser marcada pela exterioridade e pela ilusão,
e a consequência dessa tendência são pessoas sozinhas, isoladas, fechadas em si mesmas,
buscando sempre superar o vazio, por falta de contato significativo com o outro (Alvim,
Bomben & Carvalho, 2010).
Conceitualmente, a solidão pode ser entendida como um estado de insatisfação
consequente à falta e/ou deficiência de relacionamentos pessoais significativos, podendo incluir
algum tipo de isolamento (Pinheiro & Tamayo, 1984). Moreira e Callou (2006) afirmam que a
solidão pode estar relacionada ao sentimento de estar só emocionalmente decorrente da falta de
interação e comunicação emocional, apesar da proximidade física com outras pessoas. Desse
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modo, a solidão pode ser vivenciada na presença ou na ausência do outro e o estado de


isolamento físico, pode ser experienciado concomitantemente ao isolamento afetivo.
Dezidério (2007) explica que sentir-se sozinho mesmo estando rodeado de outras
pessoas pode acontecer como consequência aos vínculos falsos e superficiais da atualidade, que
dificultam o verdadeiro acesso aos indivíduos. Esta autora exemplifica que, quando
questionadas sobre si mesmas, as pessoas manifestam respostas evasivas e automáticas,
tornando os diálogos limitados e breves. Isso pode contribuir para o distanciamento entre as
pessoas, pois não se conhece mais verdadeiramente aqueles que estão a nossa volta. “Estar
acompanhado é estar diante de um outro que nos olhe e nos enxergue; é estar com alguém que
esteja aberto à nossa humanidade através de sua própria humanidade” (Frazão, 2006, p. 94).
Katz (1996), citado por Dezidério (2007), traz outro ponto de vista, ao considerar que a solidão
também pode ser uma escolha, no sentido de ser uma recusa de compartilhar.
Em nossa sociedade, o termo solidão tem sido associado a expressões como intimidade,
isolamento, individualidade, privacidade, eu-comigo-mesmo, dentre outros termos que
remetem a aspectos negativos. Frazão (2006) explica que isso acontece porque em nossa
cultura, aquilo que é tido como normal é associado à extroversão. Em contrapartida, a
subjetividade e o encontro consigo são desaprovados, e em alguns momentos, entendidos como
inadequados. Além disso, no mundo moderno, a solidão é relacionada à melancolia, ao vazio,
a carência e ao fracasso e, geralmente é encarada como uma dura penalidade (Bohrer, 2006).
Olhando por outro prisma, a solidão pode ser um terreno propício para que o indivíduo
desenvolva seu potencial ao máximo. Segundo Storr (2011), o ser humano encontra-se distante
de seus sentimentos e necessidades e, em contrapartida, os momentos solitários podem
favorecer a retomada de contato consigo e promover mudanças de atitude. A partir do momento
que se afasta do ambiente cotidiano e da agitação da vida diária, o ser humano encontra consigo
e estimula a compreensão de si, de seus projetos e aspirações mais íntimos e escuta suas
demandas e questionamentos próprios (Sá, Mattar & Rodrigues, 2006). São momentos como
esses, em meio à solidão, que podem proporcionar a possibilidade de entrar em contato com
aquilo que era desconhecido de si mesmo, sendo fonte do potencial de mudança (Guedes &
Pinheiro, 1999). Neste ponto de vista, a solidão não se configura necessariamente como um
vazio que precisa ser preenchido (Sá, Mattar & Rodrigues, 2006).
Desidério (1990), citado por Guedes e Pinheiro (1999), explica que o medo de ficar só
pode ser consequência do receio de enfrentar as partes mais profundas de si mesmo. Esta autora
pontua ainda que encontrar o outro não nos preserva da solidão e aquele que não tem uma boa
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relação consigo, dificilmente estabelece uma relação satisfatória com o outro. Na medida em
que se está bem consigo mesmo, mais facilmente a solidão é enfrentada.
Ainda no que tange a entrar em contato consigo mesmo, Frazão (2006) considera que
existem dois tipos de solidão: a interpessoal e a intrapessoal. Para ela, a solidão interpessoal
está relacionada com a supressão de relacionamentos com outras pessoas, enquanto que a
solidão intrapessoal refere-se ao distanciamento de si mesmo. Esta autora nos propõe o seguinte
questionamento: que tipo de solidão experimenta-se na atualidade - a ausência do outro, a
ausência de si mesmo ou ambas?
De acordo com a mesma autora, nos momentos solitários temos a possibilidade de entrar
em contato conosco para fazer nossas escolhas e tornarmo-nos responsáveis por elas. Baseando-
se nos pressupostos da filosofia existencialista, justamente nestes momentos solitários,
passamos a ser pessoas que existem, “seres-no-mundo”. Ao fazer isso, ficamos mais
acompanhados de nós mesmos, mesmo que mais sozinhos dos outros. O pior “estar só” para
esta estudiosa é estar ausente de si mesmo e, muitas vezes, para evitar a solidão do outro,
perdemos a possibilidade de ficar conosco.
Ainda em relação à vivência da solidão, Andrade (2006) considera que a maioria das
pessoas experimenta esse processo com desespero, sofrimento e vazio do outro, o que acaba
por gerar como consequências o isolamento, o distanciamento, a introspecção e a angústia
(Guedes & Pinheiro, 1999). Esta condição existencial tem sido discutida como consequência
da ausência do outro, o que contrapõe a visão humanista existencial fenomenológica, que
considera o homem como um ser-em-relação.
A concepção heideggeriana postula que a característica ontológica do homem é de ser
sempre em relação com os outros e, desse modo, apenas o ente cujo modo de ser é “ser-no-
mundo-com-o-outro”, possui a possibilidade de ser solitário. Por conseguinte, um dos modos
de ser-com é a solidão, pois só pode ser sozinho quem reconhece seus semelhantes, aquele que
os sente próximos ou distantes (Sá, Mattar & Rodrigues, 2006).
Frente a si mesmo e sem saber o que fazer diante do isolamento (Enriquez, 2004), uma
das possibilidades humanas é compreender a solidão como uma vivência que deve ser evitada
(Sá, Mattar & Rodrigues, 2006) e, assim, busca-se modos de fuga, como o trabalho excessivo,
o abuso de álcool e outras drogas, as compulsões, encontros afetivos efêmeros ou até mesmo o
suicídio (Guedes & Pinheiro, 1999).
A perspectiva gestáltica sobre a vivência da solidão está calcada na visão
fenomenológica existencial do homem em relação e na premissa básica de que somente
existimos enquanto humanos em contato com o ambiente, ou seja, em um contexto
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organismo/campo. Diante disso, vale refletir sobre as possibilidades da solidão a partir da


Teoria do Contato e, mais especificamente, da visão de ciclos de contato (Ribeiro, 2007; Perls,
Hefferline & Goodman, 1997; Pinto, 2015; Polster & Polster, 2001).
Contato é um dos conceitos mais significativos em Gestalt-Terapia. Por meio do
contato, o ser humano percebe a si mesmo, o ambiente e os processos que estão relacionados a
ele. Um bom contato possibilita com que o sujeito relacione bem consigo e com o mundo
(Ribeiro, 2007; Perls, Hefferline & Goodman, 1997; Pinto, 2015; Polster & Polster, 2001).
A Abordagem Gestáltica considera que o homem é um ser relacional, isto é, construído
e reconstruído constantemente a partir do seu existir com o mundo e com o outro (Alvim,
Bomben & Carvalho, 2010). Assim, desde o seu nascimento, o ser humano encontra-se em
relação com o outro. Apesar de estar sozinho em alguns momentos, o homem precisa encontrar
o outro para viver e, à medida que se depara com o outro, é transformado nesse encontro (Polster
& Polster, 2001).
Com vistas a uma melhor compreensão sobre o contato humano consigo, com o outro e
com o mundo que o cerca, foi desenvolvido o conceito de Ciclo do Contato, que se refere à
formação e fechamento de figuras pelo sujeito ao longo da vida (Pinto, 2015). Apesar de a
perspectiva de Ribeiro (2007) ser o sistema sancionado pela comunidade gestáltica, neste
trabalho opta-se pela compreensão de Pinto (2015), uma vez que, além de descrever as etapas
do ciclo, considera que cada descontinuação caracteriza um estilo de personalidade. Este autor
recupera o conteúdo organizado por Ribeiro (2007) e afirma que geralmente existe um estilo
que é mais preponderante e que representa melhor o indivíduo na maior parte do tempo, apesar
de o ser humano possuir características de mais de uma tipologia (Pinto, 2015).
Diante disso e considerando que a solidão é uma experiência que pode ser vivenciada
de forma particular por cada um (Guedes & Pinheiro, 1999), a seguir serão analisados os modos
de ser enunciados por Pinto (2015) baseados no Ciclo do Contato proposto por Ribeiro (2007).
Este autor sugere oito formas de descontinuação do contato, as quais serão descritas, somando-
se também uma breve exposição dos estilos de personalidade correspondentes para cada uma,
tendo como foco a temática da sociabilidade. Antes, porém, cabe aqui ressaltar que este autor
não se propõe a engessar o ser humano em categorias rígidas. A tentativa é compreender
universalidades sem perder de horizonte as peculiaridades de cada pessoa.
A primeira forma a ser discorrida é a dessensibilização, caracterizada pela dificuldade
em distinguir sensações e estímulos externos e pela falta de interesse por sensações novas
(Ribeiro, 2007). Pessoas que compartilham do estilo dessensibilizado, conforme Pinto (2015),
não participam de grupos e tem poucos contatos, que são vividos de maneira tênue e sutil. Esses
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sujeitos temem a intimidade e o confronto e, embora busquem a solidão, ficam mobilizados


com o isolamento. A tendência à solidão é uma característica marcante dessa personalidade,
inclusive esta condição é almejada e vista como necessária.
São pessoas que tem dificuldade para demonstrar afeto, dando a impressão de serem
mais frias. Nos momentos de lazer também optam por atividades mais solitárias e pelos contatos
virtuais, em detrimento dos pessoais. Na psicoterapia, é comum a queixa da ansiedade e desejo
de solidão mal compreendido por si ou pelo ambiente. Mesmo com o terapeuta, tendem a evitar
o contato intenso, apresentando dificuldade de vinculação (Pinto, 2015).
Conforme Ribeiro (2007), a deflexão tem como característica básica a esquiva do
contato ou o contato é estabelecido de um modo vago, superficial e indireto. Um traço comum
nos indivíduos que fazem parte deste grupo é a busca frequente por companhia, a necessidade
de atenção e cuidado e a dificuldade por vivenciarem a solidão, o que faz com que tendem a ser
centralizadores (Pinto, 2015).
Desagradam-se da intimidade e, para isso, buscam o maior número de contatos possível
vivenciando-os de forma intensa, mas, ao mesmo tempo, também superficial. Optam por
atividades profissionais que requerem contatos interpessoais frequentes, mas também pouco
profundos. Devido à dificuldade em lidar com a solidão, procuram manter uma ampla rede de
contatos, preferindo pertencer a vários grupos que a manter intimidade. Demonstram ser
pessoas acolhedoras, que procuram estar a serviço do outro; podem mostrar-se entusiasmadas
e ativas em grupos (Pinto, 2015).
A introjeção refere-se ao processo em que o sujeito aceita e obedece a opiniões alheias,
acatando-as sem refletir sobre o real significado delas em sua experiência (Ribeiro, 2007). O
isolamento, nestes casos, assemelha-se a uma fuga: o indivíduo diminui seus contatos para
evitar o abatimento e, da mesma forma, mantém-se em estado de alerta constante, o que faz
com que seus contatos sejam ariscos e o toque breve, dificultando a convivência com os demais
(Pinto, 2015).
Pessoas deste estilo apresentam em sua vivência a tendência a sentir-se humilhado ou
rejeitado, e acabam por transformar a solidão em um meio de defesa. Valorizam pouco a si e
ao outro, o que atrapalha na manutenção de amizades e vínculos longínquos. Apresentam
poucos amigos e poucos parceiros ao longo da vida e suas relações são vividas com privacidade
e confiança limitadas (Pinto, 2015).
A projeção configura-se pela dificuldade de identificar e de assumir o que é de si,
atribuindo as responsabilidades e fracassos aos demais e preferindo que os outros atuem em seu
lugar (Ribeiro, 2007). Pessoas com este estilo apresentam rigidez, fruto da desconfiança que
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têm do mundo, o qual é percebido como invasivo e temerário e, assim, mostram-se mais
vigilantes e desconfiados, conforme Pinto (2015).
Devido a esse modo de se relacionar com o mundo, optam por manterem-se mais
isolados e seus contatos geralmente são desprovidos de afetos e mais racionais. Geralmente,
sua rede de relacionamentos é restrita e sem intimidade. São comumente percebidos pelo outros
como sendo pessoas irritáveis, invejosas e ciumentas (Pinto, 2015).
A proflexão, para Ribeiro (2007), retrata a ânsia humana de que os outros sejam como
a pessoa deseja que sejam ou de que os outros sejam como ela é. Para isso, o indivíduo pode
manipular os demais para receber deles o que espera, seja fazendo o que eles prezam ou
sujeitando-se passivamente a eles com vistas a receber algo em troca. A pessoa que apresenta
este estilo tem dificuldade para perceber-se como sua própria fonte de nutrição, queixando-se
da ausência do outro e da dificuldade do outro de atender suas necessidades (Ribeiro, 2007).
Denotam como características a impulsividade, labilidade emocional e problemas
relacionados à sua identidade, sendo comum a queixa de abandono. Apresentam sensação de
vazio e de falta de identidade e suas fronteiras são mal estabelecidas. Estabelecem relações de
dependência e de instabilidade de afetos e de comportamentos e esperam que o outro faça aquilo
que é esperado por eles. Como consequência, suas relações refletem culpa e ressentimento e,
mediante esse padrão, a solidão é vivenciada com frequência. Assim, da mesma forma que o
humor pode oscilar nestas pessoas, as relações oscilam entre a proximidade e o distanciamento
sem uma causa aparente e concreta (Pinto, 2015).
A retroflexão é um processo por meio do qual o indivíduo direciona para si mesmo a
energia que seria dirigida ao outro numa tentativa de ser e portar-se do modo que é esperado
pelo outro, sendo seu próprio alvo (Ribeiro, 2007). Pessoas com este modo de ser apresentam-
se disciplinados, aproximando-se da rigidez. Devido a esta característica, podem negligenciar
atenção as pessoas.
São indivíduos com comportamento mais contido, que podem tornar-se referência moral
e ética nos grupos aos quais fazem parte. Mostram-se competitivos com frequência para
atestarem sua habilidade e superação frente a si mesmos. Geralmente mantêm amizades longas
devido à lealdade, mesmo sendo relações de formalidade. Mesmo que raramente, à medida que
constatam abertura por parte do outro, podem desenvolver relações de intimidade. Devido ao
alto nível de exigência e perfeccionismo quem têm para consigo e para com o outro, podem ter
suas relações prejudicadas (Pinto, 2015).
O egotismo é um comportamento característico de pessoas que se colocam em
evidência, ressaltando suas qualidades e pontos fortes. Tentam efetuar um controle rígido sobre
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o mundo, atentos a todas as possibilidades que possam minimizar futuros fracassos ou surpresas
desagradáveis (Ribeiro, 2007).
São pessoas que demonstram dificuldade para vivenciar as emoções, principalmente
aquelas ligadas à empatia e à culpa. Apresentam tendência ao controle, preferindo estabelecer
relações em que ocupem posição de liderança. Mostram-se perfeccionistas e esperam ser vistos
dessa forma. Na maior parte das vezes, buscam o poder e sentem-se superiores aos demais.
Apresentam dificuldade em relações íntimas, principalmente quando sua imagem de vencedor
pode ficar em xeque. Não costumam manter amizades longas, a não ser que vislumbrem alguma
vantagem nisso (Pinto, 2015).
A confluência acontece quando o indivíduo liga-se ao outro, sem discriminar aquilo que
é seu e aquilo que é do outro, diminuindo as diferenças entre os dois para sentir-se mais
semelhante aos demais (Ribeiro, 2007). As pessoas que apresentam esse estilo de personalidade
possuem como características a devoção e o apego, de modo que se doam ao outro com muita
intensidade, sendo capazes de sacrificar-se pelos demais e, ao mesmo tempo, esperam receber
tudo que fizeram em troca (Pinto, 2015).
Considerando que apresentam receio do isolamento, prendem-se aos outros, aceitando
o que é determinado pelo parceiro (Ribeiro, 2007). Temem pela saída dos filhos de casa na vida
adulta, pelo divórcio e aposentadoria, dentre outros, e podem manter-se em relações
fracassadas, mesmo quando percebem que o melhor seria sua retirada. Um dos temas centrais
na psicoterapia é a solidão devido à dificuldade em lidar com essa vivência. Algumas dessas
pessoas podem até ter crises de pânico quando precisam vivenciar momentos breves de solidão,
como uma viagem, uma caminhada pelo parque, dentre outros (Pinto, 2015).
Na Abordagem Gestáltica, a função da psicoterapia é ampliar a consciência integral e,
para isto, estimular as pessoas a recuperarem suas funções de contato (Polster & Polster, 2001).
Frente à queixa de solidão, o papel do Gestalt-terapeuta não é de necessariamente auxiliar o
cliente a superar ou transpor essa condição existencial, mas sim, de proporcionar um espaço
para a reflexão, possibilitando novas formas de pensar, as quais poderão ajudá-lo a lidar melhor
com esta condição e, até mesmo, percebê-la como uma possibilidade de relacionar-se com as
pessoas e o mundo que o cerca, além também de lidar com aquilo que é desconhecido em si
(Sá, Mattar & Rodrigues, 2006).
A solidão aparece de forma recorrente nos consultórios de Psicologia sob diversos
aspectos (Sá, Mattar & Rodrigues, 2006). Teixeira (2001) afirma que o homem nunca esteve
tão só em sua história como na atualidade. Por conseguinte, compreender como as pessoas que
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procuram a psicoterapia têm vivenciado a temática da solidão na contemporaneidade,


apresenta-se como um tema atual e seu estudo possui significativa relevância social e científica.

Objetivos

Objetivo Geral
Compreender a vivência da solidão na contemporaneidade a partir da perspectiva da Gestalt-
Terapia.

Objetivos Específicos
- Compreender o significado da solidão para pessoas que estão em psicoterapia.
- Entender as formas que as pessoas têm usado para lidar com a solidão.
- Captar o sentido da psicoterapia na vivência destas pessoas.

Metodologia
Foi realizada uma pesquisa qualitativa fenomenológica com vistas a compreender a
experiência vivida dos participantes.

Local
As entrevistas foram realizadas em consultórios de psicologia no Instituto de
Treinamento de Gestalt-Terapia de Goiânia (ITGT) e no consultório particular da pesquisadora,
de acordo com a disponibilidade do participante.

Participantes
Foram participantes desta pesquisa três mulheres que se encontram na fase adulta, entre
25 e 60 anos de idade, que estão em processo psicoterapêutico na Abordagem Gestáltica há
pelo menos seis meses; e que apresentam a solidão como tema da psicoterapia. Estes atributos
constituíram-se como critérios de inclusão da pesquisa2. Foram excluídos, automaticamente, os
participantes que não atenderam a estes critérios.
Procurando manter sigilo sobre a identidade das participantes desta pesquisa, elas serão
nomeadas como Participante I, Participante II e Participante III, no decorrer da apresentação e
discussão dos resultados. A Participante I tem 47 anos, é divorciada, mãe de uma filha, trabalha

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Apesar do gênero não ter sido um critério escolhido antecipadamente, apenas mulheres se dispuseram a participar
do trabalho.
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na área contábil e faz psicoterapia com a atual profissional há cerca de um ano; a Participante
II possui 26 anos, solteira, cursa faculdade, trabalha na área administrativa de uma escola de
língua estrangeira e faz psicoterapia há dois anos com a mesma terapeuta; por fim, a Participante
III está com 27 anos, é solteira, biomédica, e faz psicoterapia com a mesma Gestalt-terapeuta
há cerca de um ano e meio.

Instrumentos
Foram realizadas entrevistas com as seguintes perguntas disparadoras “Qual o
significado de solidão para você?” e “Como você tem vivenciado a solidão?”. Estes
questionamentos serviram para estimular o diálogo entre entrevistador e participante com o
intuito de captar a experiência vivida dos entrevistados sobre a temática da pesquisa. Devido à
natureza do trabalho, ao longo das entrevistas outras perguntas foram sendo feitas, todas com o
mesmo objetivo: investigar fenomenologicamente o vivido e tentar trazer à luz essa experiência.

Materiais
Para este estudo foram necessários: gravador para registrar as respostas das participantes
nas entrevistas, computador para transcrevê-las e analisá-las, papel, lápis e caneta para
anotações pertinentes.

Procedimentos
Coleta de Dados
Em acordo com a resolução n° 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, inicialmente
submeteu-se o projeto desta pesquisa ao Comitê de Ética da Pontifícia Universidade Católica
de Goiás (CEP-PUC). Após sua aprovação, sob o número de registro 51160315.3.0000.0037, a
equipe administrativa do ITGT foi contatada a fim de enviarem uma carta convite, via correio
eletrônico, aos psicoterapeutas conveniados a esta instituição descrevendo a pesquisa e
solicitando que estendessem o convite para participação àqueles clientes que atendiam aos
critérios de inclusão previstos. Nesta carta, também foi avisado que a pesquisadora entraria em
contato com os profissionais após dez dias do envio da mesma, para verificar os possíveis
participantes da pesquisa. O contato foi feito seguindo a ordem alfabética de listagem de
terapeutas conveniados ao ITGT. Em seguida, a pesquisadora entrou em contato, via telefone,
com os clientes indicados pelos terapeutas. É importante salientar que foi solicitado que o
terapeuta pedisse autorização ao cliente para que a pesquisadora entrasse em contato. Nesse
contato telefônico, foi agendado um encontro para explicação minuciosa sobre a pesquisa,
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assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e realização da entrevista.


Ao serem contados o número de participantes pertinentes para realização da pesquisa, as
ligações foram cessadas.

Análise de Dados
As entrevistas foram gravadas e transcritas pela pesquisadora para análise do discurso
dos participantes de acordo com o método fenomenológico de Giorgi (Giorgi & Sousa, 2010).
Este método contém quatro passos: estabelecimento do sentido geral, determinação das partes,
transformação das unidades de significado em expressões de caráter psicológico e determinação
da estrutura geral de significados psicológicos.
Desta forma, inicialmente foi feito a leitura da descrição completa da experiência dos
sujeitos para compreender o sentido geral de sua fala; em segundo, o texto foi relido para
identificar unidades de sentido, permitindo uma análise mais profunda na medida em que são
percebidas mudanças sensíveis de significado da situação para o sujeito; em terceiro, com a
redução fenomenológica, procurou-se desvelar a percepção psicológica vivida pelos
participantes com relação às unidades de sentido identificadas e, assim, feita a análise do
conjunto de unidades de significado, modificou-se a linguagem empregada pelo sujeito para
uma linguagem psicológica; e, por fim, as unidades de sentido foram transformadas em
categorias, que agruparam unidades de significado que configuram a construção de uma
estrutura geral (Giorgi & Sousa, 2010).

Resultados e Discussão
Nas entrevistas realizadas, foram verificados temas comuns e semelhanças no que tange
ao significado da vivência da solidão na contemporaneidade. A partir disso, foram constituídas
quatro categorias: Sociedade Contemporânea, Significado da Solidão, Solidão Acompanhada e
Relação com o Outro, as quais foram relacionadas à teoria discorrida na parte introdutória deste
trabalho e exemplificadas com trechos das falas das participantes.

Sociedade Contemporânea

A categoria Sociedade Contemporânea descreve como as participantes percebem a


nossa sociedade na atualidade. Segundo suas percepções, as relações estão diferentes do que
eram no passado no sentido de que as pessoas estão mais distantes umas das outras, que o outro
está mais voltado para si mesmo e há falta de tempo para dedicar as relações, bem como cita
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uma das participantes: “As conversas estão diferentes, as pessoas estão muito... sei lá, voltadas
muito para si.” (Participante I)
Segundo Guedes e Pinheiro (1999), o estilo de vida contemporâneo influencia o modo
das relações na atualidade, promovendo ainda mais o isolamento e diminuindo as interações.
“As pessoas hoje são muito falsas, metidas, não é igual antigamente que as pessoas
eram mais amigas... Hoje em dia tudo é interesse, assim, ninguém faz nada para você de graça,
estão sempre pensando no que vão ganhar, é complicado.” (Participante I)
“Hoje as relações não são como antigamente, qualquer tipo de relação, de amizade ou
de namoro, as pessoas não tem tanto tempo (...) para saber se você está bem, para te ouvir,
para ficar conversando, te dando conselhos, para você desabafar.” (Participante II)
De acordo com Teixeira (2001), a sociedade contemporânea é caracterizada pelo
desenvolvimento tecnológico e avanço das ferramentas de comunicação. Contudo, Dezidério
(2007) ressalta que a evolução da tecnologia não possibilitou a aproximação entre as pessoas.
Ainda sim, a tecnologia foi inserida nas relações, mudando a forma de contato entre as pessoas,
promovendo ainda mais o distanciamento físico. Guedes e Pinheiro (1999) afirmam que as
pessoas estão reduzindo os contatos reais e promovendo interações virtuais, assim como
percebe a Participante I em suas relações: “As pessoas estão muito egoístas, muito... essa coisa
de tecnologia, principalmente o tal de zap, você está conversando com uma pessoa e ela está
teclando com outra, não tem respeito.”
Como consequência do desenvolvimento tecnológico, os contatos recuaram-se e o
diálogo foi prejudicado (Moreira & Callou, 2006): “Você começa a falar, quando você está
com problemas, com uma chateação, ela já te corta, não te dá atenção.” (Participante II)

Significado da Solidão
A categoria Significado da Solidão apresenta a compreensão da vivência das
participantes com relação à solidão. Assim como pressupõe Guedes e Pinheiro (1999) de que a
solidão é uma experiência que pode ser vivida de forma característica por cada um, foi
verificado que esta vivência não possui o mesmo significado para as três participantes, apesar
de poder ser percebido certa universalidade do tema.
De uma forma em geral, para duas participantes, a solidão é sentir-se só e está
relacionada a aspectos negativos, tais como: “é ruim” (Participante II), “é horrível”
(Participante III), sendo uma vivência que remete ao vazio e ao isolamento, semelhante ao que
aponta Bohrer (2006) sobre o termo solidão estar sendo associado a aspectos negativos, tais
como: isolamento, individualidade, privacidade, eu-comigo-mesmo, dentre outros.
14

A Participante II foca unicamente nos aspectos negativos e traz de forma bastante


significativa a questão do isolamento e experiência do vazio, no sentido de que ela não entende
aquilo que falta e o que ela busca: “Eu não sei te falar, olha, minha solidão é falta disso porque
aparentemente, não me falta nada. Então, pra quem enxerga de fora, minha vida é normal, mas
por dentro eu tenho esse buraco... É falta de eu me encontrar.”
Já a Participante III considera os aspectos negativos da solidão, mas consegue
discriminar alguns momentos em que opta por esta experiência, tal como é possível perceber
em sua fala que retrata o significado da solidão: “É você ficar triste porque não se encaixa, não
se sente encaixada e, para mim é, ao mesmo tempo, é tentar sair dela, tentando se encaixar. E,
por outro lado, é também um momento de tranquilidade que eu estou lá de boa assistindo os
meus filmes com a minha porta fechada.”
Essa participante comenta que nos dias em que está mal humorada, prefere ficar sozinha
e também afirma que não gosta de ser incomodada: “Tem hora que eu gosto de estar sozinha,
que é de ficar sem ninguém me pressionando. Lidar com algumas coisas só comigo ou ficar
deitada sem ninguém ficar me agoniando, tem hora que eu gosto.”
Consoante as outras duas participantes no que tange a sentir-se só, a Participante I
compartilha desta mesma vivência, contudo caracteriza este estado como uma experiência
“tranquila” e “confortável”, que traz a possibilidade de “resguardar-se”. Em vários
momentos, ela evidencia sua preferência pela solidão e afirma que: “Meu momento é sempre
solidão, vamos dizer assim. Eu gosto, sempre que possível, de estar só.”
Concomitante a seguinte fala dessa participante: “Eu não sei te falar o que é solidão.
Eu acho que é a gente entrar dentro da gente mesmo, tentar avaliar, tentar se conhecer”, Storr
(2011) postula que os momentos solitários podem favorecer a retomada de contato consigo. Na
medida em que a pessoa se afasta do ambiente externo, encontra consigo e estimula a
compreensão de si, de seus projetos e aspirações mais íntimos e escuta suas demandas e
questionamentos próprios (Sá, Mattar & Rodrigues, 2006).
Apesar desta preferência pela solidão, a Participante I queixa-se do seu estilo de vida
mais solitário: “Uma escolha (ficar sozinha), mas... assim, logicamente, eu queria estar saindo,
me divertindo, vivendo a vida igual os outros dizem, mas eu não dou conta... às vezes eu tento,
sabe, mas assim, o costume é de ficar só em casa e a preferência é ficar sozinha igual eu fico,
no meu quarto”.
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Solidão Acompanhada
A categoria Solidão Acompanhada refere-se à vivência das participantes de “sentir-se
só, não sendo só” (Participante I). Ou seja, apesar de em alguns momentos elas estarem
rodeadas de outras pessoas, têm a sensação que continuam sozinhas, desacompanhadas:
“Quando eu estou no meio de um monte de gente e me sinto sozinha do mesmo jeito, de
não me sentir aceita, acompanhada, fazendo parte ou qualquer coisa nesse sentido.”
(Participante III)
“Não sei te de dizer o que é solidão... é estar só, mesmo rodeada de pessoas, e você está
ali, só, pessoas com conversas diferentes, jeito diferente. É igual bicho do mato quando você
solta na cidade, fica... meio fora. É assim que eu me sinto.” (Participante I)
No que tange ao fato de estarem rodeadas de pessoas, mas sentindo-se sozinhas, a
Participante II queixa-se da falta de vínculos de intimidade: “Quando você tem pessoas ao seu
redor... Apesar do que, são pessoas que não tem muito vínculo comigo. São vínculos de
trabalho ou vínculos de faculdade, não tem muitos vínculos aprofundados de criar laços
sentimentais, essas coisas.”
Sobre essa perspectiva, Moreira e Callou (2006) consideram que a solidão pode ser
decorrente do sentimento de estar só emocionalmente e da falta de interação, apesar da
proximidade física com outras pessoas. Pinheiro e Tamayo (1984) complementam que a solidão
pode estar relacionada à falta e/ou deficiência de relacionamentos pessoais significativos, assim
como é retratado na fala da Participante II:
“Isso é um sentimento, acho que é interno, porque às vezes você pode estar rodeada de
mil pessoas, mas se sentir sozinha, não tem uma que você pode se sentir... como se fosse seguro,
um porto seguro. Você pode ir lá, conversar, dividir, desabafar, contar com aquela pessoa em
qualquer momento, saber que aquela pessoa sempre vai estar lá quando você precisar”.
Dezidério (2007) explica que sentir-se sozinho mesmo acompanhado de outras pessoas
pode acontecer como consequência aos vínculos superficiais da atualidade, que dificultam o
verdadeiro acesso aos indivíduos. Esta autora explica que, muitas vezes, numa situação de
diálogo, as pessoas têm dado respostas evasivas e automáticas, tornando os diálogos restritos e
passageiros. Isso pode contribuir para o distanciamento entre as pessoas, pois não se conhece
mais verdadeiramente aqueles que estão a nossa volta. Desse modo, a solidão pode ser
vivenciada na presença ou na ausência do outro.
Estar acompanhado para Frazão (2006) é estar diante de alguém que nos olhe e nos
enxergue verdadeiramente através de sua humanidade. Parece que é disso que as participantes
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se queixam: de uma presença presente, que as enxergue como pessoas com suas
individualidades e particularidades.

Relação com o outro


A categoria Relação com o Outro se refere à forma que as participantes fazem contato
com aqueles que estão à sua volta. A Gestalt-Terapia, abordagem que norteia este trabalho,
acredita que o homem é um ser relacional, isto é, que é construído e reconstruído a partir do seu
existir com o mundo e com o outro (Alvim, Bomben & Carvalho, 2010). Um bom contato faz
com que o sujeito relacione bem consigo e com o mundo ao redor (Pinto, 2015). Falar sobre
solidão remete ao tema das relações. O homem almeja pelo contato, por ser encontrado,
reconhecido em sua singularidade e em sua plenitude (Andrade, 2006).
No caso das participantes pesquisadas, parece haver prejuízos no contato em algumas
de suas relações. Elas relatam que percebem a falta de interesse do outro, que são meras
ouvintes e que sua presença é descartável, que o outro não está disponível, que falta confiança
nas pessoas, que elas se colocam a disposição do outro e tentam mudar e ceder pelo outro, mas
que não se sentem bem por isso, e que têm a sensação de que não são lembradas e nem amadas.
Em outros momentos, sentem-se impacientes e não querem contato. Como exemplo, segue fala
da Participante III:
“Quando eu começo a contar alguma coisa, eu não sinto que elas estão interessadas ou
não sinto que tem espaço para eu falar ou não, não vejo que tem... disponibilidade. Não vejo
que elas estão disponíveis para mim do mesmo jeito que eu me faço disponível para elas ou me
esforço para ser disponível para elas.”
Assim como mostra a fala da entrevistada, o ser humano anseia pelo contato, mas nem
sempre esse contato é correspondido. Uma consequência provável é que, ao perceber
interrupções em suas relações, que o homem aumente ainda mais a distância entre si e o outro
(Andrade, 2006).
Para complementar a discussão desta categoria, retomar-se-á os modos de ser descritos
por Pinto (2015), baseados no Ciclo do Contato. Analisando a forma como cada participante
demonstra fazer contato, e também as suas interrupções, procurar-se-á compreender o estilo de
personalidade preponderante de cada uma delas.
A Participante I apresenta características que se aproximam do estilo dessensibilizado,
que tem como atributo a dificuldade para identificar sensações e estímulos externos. Esta
característica pode ser percebida na fala da participante de que: “Quando eu me fechei para
sentimentos e para emoção, me fechei gostando dele (ex marido), falei para a psicóloga. (...) A
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psicóloga fala para eu ver o que eu estou sentindo, eu não consigo nem fazer esse exercício
dela.”
De acordo com Pinto (2015), é característico deste estilo a tendência à solidão, até
mesmo a necessidade dela para sentir-se bem, assim como é percebido na fala da entrevistada:
“Meu momento é sempre solidão, vamos dizer assim. Eu gosto, sempre que possível, de estar
só.”
Ainda para o mesmo teórico, é comum que pessoas deste estilo, em decorrência desta
necessidade da solidão, fiquem um pouco à parte da sociedade, não se inserindo em grandes
grupos. Foi verificado nas falas da participante a preferência pelo isolamento, em detrimento
de atividades sociais: “Quando chega visita, a vontade que eu tenho é de não sair do quarto.
Às vezes que eu saio, é por questão de educação mesmo. Às vezes um outro irmão vai para lá
(casa da mãe dela) no final de semana e aí eu fico lá, vou tentando falar ou só escuto, mas
somente para bancar a educada mesmo. (...) Então quando eu saio do quarto, é meio que na
marra mesmo.”
De acordo com Pinto (2015), é característico deste estilo a busca pela solidão, mas
também a mobilização pelo isolamento, o que faz com que aqueles que estão a sua volta,
também se sintam sós, configurando como uma das principais queixas daqueles que convivem
com estas pessoas, de que são muito desligadas. Assim como proposto pela teoria, a Participante
I traz em seus relatos o incômodo de sua família em função do seu isolamento: “Eles (família)
não gostam do jeito que eu vivo. Teve uma vez que eu perguntei, estava a minha mãe e o meu
irmão caçula e eles disseram: Quem é que gosta de ver você aí nessa situação que você está
vivendo, enfiada no quarto?”; “Ela (filha) não gosta da vida do jeito que eu.... desse jeito de
eu ficar fechada em casa. Ela sempre está criticando, falando.”
Pessoas deste estilo podem parecer restritas de habilidade afetiva e inclusive frias, mas
esta impressão não condiz com sua condição na realidade (Pinto, 2015). Esta característica
também foi percebida na participante que, apesar da aparente indiferença, afirma que também
é muito sensível: “Teve um final de semana que eu passei uma raiva, eu tive que ir até na
psiquiatra. Eu passei tão mal que ela queria me dar um atestado de três dias. Ela disse que
tenho uma sensibilidade além, assim, em excesso, eu me machuco muito. (...) Me magoo demais,
Nossa Senhora! Minha filha mesmo, quando me machuca, eu fico até uma semana sem falar
com ela, a minha mãe, qualquer pessoa, dependendo, eu fico muito mal.”
Profissionalmente, são indivíduos que tendem a optar por carreiras que não requerem
contato interpessoal constante e este mesmo isolamento aparece em seus passatempos e hobbys
(Pinto, 2015). A entrevistada atua na área contábil, atividade que requer atenção e foco nas
18

tarefas. Com relação a isso, ela afirma: “O pessoal do trabalho fala que eu sou muito ligada no
serviço. Tem uma amiga minha que tem dificuldade para concentrar porque é uma sala com
várias pessoas, então tem muita conversa e tal, aí para ela atrapalha a trabalhar. Eu já não
me atrapalho porque eu fico ali concentrada naquilo que estou fazendo. (...) No horário do
almoço, as pessoas estão conversando e eu quero tirar um cochilo, descansar, sei lá...”
Mesmo nos momentos da lazer e passatempo, a Participante I opta por atividades mais
solitárias: “Eu prefiro ficar só com os meus livros. Gosto muito de ler, ouvir música, às vezes
invento de arrumar uma coisinha aqui, outra ali, no meu quarto, e dormir. (...) Nada de
telefone, nada de conversa. Ultimamente, eu estou até desligando o celular.”
Um outro atributo comum é a queixa de desejo de solidão mal compreendido por si
próprio e pelo ambiente (Pinto, 2015). Em vários momentos ao longo da entrevista, a
participante afirma que busca compreender sua preferência pela solidão, mas não encontra
respostas: “Eu também não sei por que eu estou assim, eu me sinto bem só, sabe, com os meus
pensamentos, eu não sei te falar porque (...) Como tem essas críticas, vou analisar, mas eu não
chego em nenhum consenso.”
Com relação a Participante II, houve certa dificuldade em definir o estilo de
personalidade que mais se aproxima de suas características, apesar de exaustivo estudo sobre a
teoria, empenho na tentativa de compreensão de sua vivência e constante reflexão com intuito
de promover conexões. Uma das hipóteses é que isso pode ser reflexo do momento que a
participante descreve estar passando: um momento de mudança existencial, no qual está se
sentindo mais fragilizada e um pouco mais desconectada de quem ela era.
Acredita-se que possui traços compatíveis com o estilo profletor, no qual pessoas com
esta mesma característica podem ter dificuldade para conceber-se como sua própria fonte de
nutrição (Ribeiro, 2007). Esta participante traz em seus relatos a queixa da falta de algo que ela
não sabe identificar o que é: “São vínculos, mas... talvez eu procure um vínculo mais....
profundo, entendeu? Ou às vezes eu sinto muita falta de ter um namorado, aí às vezes eu acho
que essa solidão é a falta de um namorado na minha vida, mas na verdade não é, é a falta de
algo mais completo.”
Uma outra peculiaridade comum são: a impulsividade, labilidade emocional, vivências
de abandono e de vazio, falta de identidade e fronteiras de contato mal definidas (Pinto, 2015).
Na fala seguinte da participante, é possível perceber a queixa do vazio e dificuldades para
compreendê-lo e certa confusão: “Isso às vezes traz confusão porque eu não sei o que eu estou
sentindo, o que está faltando. (...) Não sei explicar direito, não sei, não é falta de alguém, de
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alguma coisa, é falta de preencher algo dentro de mim mesma. (...) Então, é confuso até para
mim que sinto.”
Neste perfil, é típico a oscilação de afetos e das relações entre a proximidade e o
distanciamento sem uma causa evidente e concreta (Pinto, 2015). Da mesma forma, foi
verificada certa confusão com relação a sua identidade e modo que ela relaciona com as
pessoas: “Essas coisas que estão acontecendo na minha vida, não existiam antes, eu não
reconheço, por isso que eu falo que parece que desconectou da pessoa que existia e do que sou
hoje. (...) Eu não sentia essas coisas, não me sentia sozinha, sentia que tinha amigos ou
melhores amigos na época da escola, me sentia segura em relação a namoros (...) Parece que
eu era mais apegada a minha mãe. Parece que eu chego eu casa e o clima em mim já muda, aí
eu fecho a cara, eu já fico no meu canto, como se eles tivessem feito algo de mal para mim e
não fizeram.”
De acordo com Ribeiro (2007), na vivência da proflexão é comum a manipulação do
outro para receber dele aquilo que é desejado por si próprio. Esta característica pode ser
percebida na fala da participante ao retratar sua relação com seu superior imediato: “Eu sou
uma pessoa que gosto de agradar todo mundo, gosto de fazer tudo certinho, não gosto que
chamem a minha atenção, e no começo eu tive muita dificuldade de lidar com ele, de adaptação
mesmo (...) Hoje em dia, se eu vejo que ele está um pouco chateado, alterado, eu já mudo, eu
fico ansiosa, nervosa, querendo fazer alguma coisa para ele mudar, para ele ficar tranquilo de
novo.”
A Participante III apresenta características compatíveis com o estilo de personalidade
introjetor. Acredita-se que este estilo de personalidade está relacionado as pessoas que
procuram moldar-se ao ambiente externo de acordo com as suas prováveis expectativas
(Ribeiro, 2007).
A participante comentou sobre as várias tentativas de adaptar-se ao ambiente e as
amizades a fim de ser aceita, mas que foram em vão, pois, ainda sim, ela não era vista em sua
individualidade: “É uma luta esse negócio de encaixar, de saber quem eu sou e ficar me
dispondo a fazer as coisas que as outras pessoas querem. Para eu ser aceita, em vários
momentos, eu cedi esse tipo de coisa deixando de fazer o que eu realmente queria. Mas nem
quando eu faço isso, querendo agradar alguém, eu sinto que essa pessoa está ali para mim,
que está disponível do mesmo jeito que eu me tornei disponível para ela naquela situação.
Então, eu me sinto sozinha do mesmo jeito.”
Nos introjetores é notável a tendência a sentir-se humilhado, o que provoca a solidão
como meio de defesa. Pessoas deste estilo retiram-se dos contatos, não por gostarem da solidão,
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mas para diminuírem a possibilidade da humilhação e rejeição (Pinto, 2015). Na fala da


participante, ela afirma que teve um insight recente na psicoterapia no que tange ao isolamento:
“Parei de ter vergonha de falar que é por medo de rejeição. É mais cômodo eu me isolar do
que.... do que eu me expor e ser rejeitada.”
Pinto (2015) considera que pode ser que o indivíduo direcione o foco da rejeição para
algum aspecto de seu corpo. No caso desta participante, ela aponta o excesso de peso como
possível causa de exclusão na escola: “Conforme eu fui ficando adolescente, a sensação de
rejeição era por eu ser gordinha e os carinhas continuavam não me enxergando, e aí eu fui
emagrecendo e aí na sequência eu mudei de colégio. E aí no Militar era o inverso, eu era a
novidade, eu tinha emagrecido e aí eu super fiz sucesso lá.”
Uma outra crença comum para pessoas que possuem este mesmo estilo de personalidade
é o medo da rejeição e do ridículo (Pinto, 2015), assim como a pesquisada considera: “Eu tenho
medo de ficar cada dia mais assistindo Netflix porque me machuca menos. Eu tenho esse medo,
medo de ficar sozinha. Netflix é só um exemplo, eu tenho medo de escolher atividades em que
eu me isolo cada vez mais por ser mais confortável e menos doloroso do que ir para o meio das
pessoas.”
Por fim, esta participante demonstra desvalorizar a si mesma, assim como Pinto (2015)
pressupõe que é comum a pouca valorização de si mesmo e dos outros, o que pode dificultar a
manutenção de amizades e relações mais longas: “Tenho um monte de grupos de whatsapp,
mas em nenhum deles eu sinto fazendo parte, o mais assim que eu vejo que eu ainda sou
cobrada como indivíduo é no Conda (grupo de desenvolvimento pessoal), só que aí eu também
acho que se tivesse outra pessoa mais atuante ali, o que eu ia fazer, não sou eu, entendeu, é
alguém para fazer uma tarefa ali, o papel, não é o meu diferencial, eu nem sei qual é o meu
diferencial.”

Considerações Finais
A pesquisa aqui apresentada buscou compreender a vivência da solidão na
contemporaneidade de acordo com a visão da Gestalt-Terapia. Foi percebido ao longo do
trabalho que a humanidade parece estar vivenciando atualmente, mais do que em qualquer outra
época, o paradoxo entre ter inúmeras possibilidades de se conectar ao outro e, ao mesmo tempo,
aumentar a sensação de vazio e isolamento relacional. Parece faltar vínculos de intimidade, de
trocas afetivas e cumplicidade nas relações.
Por meio deste estudo, foi verificado que, na percepção das participantes, as relações
estão diferentes na atualidade, no sentido de que as pessoas estão mais distantes
21

existencialmente umas das outras; que o significado comum da solidão para elas era “sentir-se
só”, mas que essa vivência mostra-se muito particular e experienciada de forma peculiar por
cada uma; que a experiência de “sentir só, não sendo só” é caracterizada por ser afetado pela
solidão, mesmo estando cercado por outras pessoas, o que gera a sensação de continuar sozinha
e desacompanhada; e por fim, que falar de solidão é falar de relação, portanto é válido
compreender a forma como cada um faz contato com aqueles que estão à sua volta.
A compreensão dos modos de ser de Pinto (2015) mostrou-se profícua no sentido de
ampliar o entendimento da vivência humana da solidão. Sugere-se a ampliação de pesquisas
sobre esta compreensão diagnóstica, incluindo os gestalt-terapeutas para pensarem junto com
os pesquisadores como seus pacientes descontinuam o contato.
Apesar de ter sido um objetivo específico da pesquisa, não foram levantados dados
suficientes para avaliar a relevância da psicoterapia no que tange especificamente a experiência
de sentir-se solitário. De uma forma geral, pode ser percebido nas entrevistas a importância da
relação cliente e terapeuta com relação à escuta, ao heterossuporte e incentivo ao
autoconhecimento, mas as participantes não focaram especificamente o sentido que a
psicoterapia possui na vivência da temática investigada. Assim, sugere-se que sejam realizados
novos estudos para buscar atingir mais claramente pontos alcançados de forma subjacente por
este trabalho, por exemplo: entender melhor como a psicoterapia pode contribuir para aqueles
que estão passando por esta vivência e também compreender as formas que as pessoas têm
usado para lidar com a solidão.
Considerando que esta temática é bastante atual em função das características da
sociedade contemporânea, outro tema que suscita relevância de ser pesquisado seria ponderar
sobre como os indivíduos relacionam consigo mesmos, pois não foi averiguado sobre a solidão
intrapessoal, que está relacionada ao distanciamento de si mesmo, conforme enunciam alguns
autores estudiosos desta área.
O assunto da solidão mostra-se uma experiência tão representativa do ser humano, que
de tão presente em sua vivência, algumas questões podem soar óbvias. Realizar esta pesquisa
mostrou que falar deste tema mobiliza muito conteúdo subjetivo e, na maior parte, remete a
experiências negativas. Mesmo nos relatos em que a vivência solitária era apresentada como
uma escolha, foi percebida que esta emergia de um contexto de frustrações e insucesso.
O estado de isolamento não é inerente ao homem, que tem como característica essencial
“ser-com”. As pessoas anseiam pelo contato e por vínculos de intimidade nos quais possam ser
vistos e reconhecidos em sua singularidade. Contudo, na atualidade, perdeu-se o sentimento de
pertencimento e qualquer possibilidade de ruptura nas relações pode fazer com que o homem
22

distancie ainda mais do outro, podendo inclusive perder o contato consigo mesmo e suscitar o
temor de encontrar um outro ser humano. Isso pode causar uma sensação de vazio, da falta de
algo que não é identificado.
Por fim, na visão de Andrade (2006), o ser humano precisa sentir a nostalgia com relação
à esperança nas relações, no diálogo e presença do outro. Só assim será possível viver e resgatar
sua humanidade, uma vez que este sentimento poderá incentivar o homem a buscar um modo
de vida mais comunitário, em conjunto com seus semelhantes e, como resultado, tornar-se
menos solitário.

Referências
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Contemporaneidade. Revista da Abordagem Gestáltica, 16(2), 183-188.
Andrade, C. C. (2006). A solidão na contemporaneidade. Revista da Abordagem Gestáltica,
12(1), 83-91.
Bauman, Z. (2004). Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. (C. A. Medeiros,
Trad.) Rio de Janeiro, RJ: Zahar.
Bohrer, L. C. T. (2006). Solidão Criadora: Milonga e Processos de Subjetivação. (Dissertação
de mestrado). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.
Dezidério, H. R. (2007). As relações amorosas pelos “chats” da Internet: a solidão na
contemporaneidade. (Dissertação de mestrado). Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, São Paulo.
Enriquez, E. (2004). Da solidão imposta a uma solidão solidária. Revista Chronos, 5/6(1/2), 19-
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Frazão, L. M. (2006). A solidão na contemporaneidade. Revista da Abordagem Gestáltica,
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Giorgi, A., & Sousa, D. (2010). Método fenomenológico de investigação em Psicologia. Lisboa:
Fim de Século Edições.
Guedes, D. D., & Pinheiro, C. V. Q. (1999). Considerações acerca da vivência da solidão como
fenômeno da modernidade. Revista de Psicologia, 17(1/2), 58-64.
Moreira, V., & Callou, V. (2006). Fenomenologia da solidão na depressão. Mental, 4(7), 67-
83.
Perls, F., Hefferline, R., & Goodman, P. (1997). Gestalt-Terapia. São Paulo: Summus.
Pinheiro, A. A., & Tamayo, A. (1984). Conceituação e definição de solidão. Revista de
Psicologia Fortaleza, 2(1), 29-37.
23

Pinto, E. B. (2015). Elementos para uma compreensão diagnóstica em Psicoterapia: o contato


e os modos de ser. São Paulo: Summus.
Polster, E., & Polster, M. (2001). Gestalt Terapia Integrada. (S. Augusto trad.). São Paulo:
Summus.
Ribeiro, J. P. (2007). O ciclo do contato: temas básicos na abordagem Gestáltica. (5ª ed.). São
Paulo: Summus.
Sá, R. N., Mattar, C. M., & Rodrigues, J. T. (2006). Solidão e relações afetivas na área da
técnica. Revista do Departamento de Psicologia – UFF, 18(2), 111-124.
Storr, A. (2011). Solidão: A Conexão com o Eu. São Paulo: Benvirá.
Teixeira, E. G. (2001). Solidão, a busca do outro na era do eu: estudo sobre sociabilidades na
modernidade tardia. Sociologia, Problemas e Práticas, (35), 31-47.
24

ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado para participar do Projeto “Compreensão da Vivência da


Solidão sob a ótica da Gestalt-Terapia”, sob a responsabilidade da pesquisadora Millena Lopes
Switalsci, especializanda em Gestalt-Terapia, que pretende investigar como as pessoas que
procuram a psicoterapia têm vivenciado a temática da solidão na contemporaneidade. Este tema
tem sido recorrente nos consultórios de Psicologia e trata-se de um fenômeno que todos estão
suscetíveis de vivenciar.
Sua participação é voluntária e se dará por meio da realização de uma entrevista feita
em um consultório de Psicologia e que será agendada conforme disponibilidade de horário do
participante e pesquisadora. A entrevista, conduzida pela Pesquisadora, conterá perguntas
disparadoras, será gravada e, posteriormente transcrita, para análise de dados.
Parte-se do pressuposto que sua participação nesta pesquisa não acarretará danos físicos
e/ou emocionais. Contudo, caso ocorra algum dano emocional, a pesquisadora se compromete
a intervir e dar o apoio psicológico necessário, assim como encaminhá-lo para atendimento
psicológico pelos profissionais do ITGT.
Sua participação na pesquisa pode acarretar ganhos individuais e sociais. Entende-se
que, ao falar de si mesmo, entra-se em contato com seus conteúdos internos, o que, por sua vez,
tem efeitos terapêuticos. Com relação ao benefício social, a compreensão da vivência da solidão
na contemporaneidade poderá auxiliar psicoterapeutas em seus atendimentos futuros.
Após receber os esclarecimentos e informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte
do estudo, este documento deverá ser assinado em duas vias e em todas as páginas, sendo a
primeira via de guarda e responsabilidade da Pesquisadora responsável e a segunda via ficará
sob sua responsabilidade para quaisquer fins.
Se depois de consentir, você desistir de continuar participando da pesquisa, você tem o
direito e a liberdade de retirar sua participação em qualquer fase da pesquisa, seja antes ou
depois da coleta de dados, independente do motivo e sem nenhum prejuízo a sua pessoa. Você
não terá nenhuma despesa e também não terá nenhuma remuneração.

Os resultados da pesquisa serão analisados e publicados, mas sua identidade não será
revelada, sendo guardada em sigilo. Após a publicação final da pesquisa, você poderá ter acesso
aos resultados tanto recebendo uma cópia do artigo final que será produzido quanto uma
devolutiva verbal da pesquisadora. Se optar por esta segunda opção, poder-se-á agendar data e
horário consensual entre você e a pesquisadora.
25

Em caso de dúvida sobre a pesquisa, você poderá entrar em contato com o pesquisador
responsável ou com a orientadora da pesquisa, professora Graciana Sulino Assunção, nos
telefones: 62 8209 6940/ 62 8131 6801 ou através do e-mail millena.switalsci@hotmail.com/
gracianasa@hotmail.com Em caso de dúvida sobre a ética aplicada a pesquisa, você poderá
entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de
Goiás, telefone 62 3946 1512, localizado na Avenida Universitária nº 1069 St. Universitário –
Goiânia (GO).

Consentimento:

Eu,__________________________________________________ RG: ______________,


abaixo assinado, discuti com o Pesquisador sobre a minha decisão em participar deste estudo.
Ficaram claros para mim quais os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados,
seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes.
Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia de
assistência integral e gratuita por danos diretos e indiretos, imediatos ou tardios, quando
necessário. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar meu
consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo
ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido ou no meu atendimento deste serviço.

Goiânia (GO), _____, ______________________ de 201__.

________________________________ ________________________________

Assinatura do Participante Assinatura do Pesquisador Responsável

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