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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

PSICOLOGIA

PSICODRAMA E VIVÊNCIA DE GRUPO.

Natane Rosa Gonçalves


Dayse de J. Lopes Siqueira

Catalão/Goiás
2018
NATANE ROSA GONÇALVES
DAYSE DE J. LOPES SIQUEIRA

PSICODRAMA E VIVÊNCIA DE GRUPO

Trabalho apresentado à
disciplina Teorias E Técnicas
Psicoterápicas II, do curso de
graduação de Psicologia, como
requisito parcial para obtenção
da nota do 6º período. Professor:
Vítor Luiz Neto

Catalão/Goiás
2018
Relato das vivências em sala de aula e a teoria do Psicodrama

No cenário social estamos sempre sofrendo algum tipo de inibição, raramente existe um
local em que possamos falar abertamente sem sofrermos intimidações ou mesmo sermos
impedidos literalmente de falar. Podemos dizer que todas essas regras de conveniências sociais
asfixiam a espontaneidade inata ao sujeito e o impedem de desenvolver a criatividade. É nítido o
cenário de uma sociedade industrial, segmentada e fragmentada.

Uma das formas de se quebrar isso é apresentada por Moreno, no jogo dos papéis.
Inspirado no teatro ele apresenta a ideia da improvisação, uma trama sem textos pré estabelecidos
e cenas já imaginadas. Estamos falando sobre a espontaneidade , não há hierarquia entre os
autores ou separação entre plateia e ator, todos podem atuar. Desta forma o sujeito pode sim se
desenvolver, por meio da empatia e da vivência dos papéis. Saindo de um papel ditado de regras
e vivenciando outras formas, isso traz reflexão e crescimento.

Durante a disciplina foram aplicadas vivências que trabalharam a escuta e também a


empatia pelas queixas ou questões do outro. Essas vivências permitiram olhar para a sala de aula
de um modo mais intimo, no qual podemos sair do nosso proprio mundo (deixar de olhar
somente para nosso umbigo) e saber o que os demais colegas pensam sobre a sala de aula e sobre
nos mesmo.

Na primeira vivência foi proposto para a sala se dividirem em grupo para desenharmos
em cartolinas o modo de como vemos a sala de aula, ou seja, para representarmos a sala de aula
em um cartaz. Como esperado, os grupos foram formados de acordo com a famosa “afinidade”,
nem se quer teve contato “estra-grupinhos”, ou melhor, conversas, auxilios, emprestimos de
materiais e outros de um grupo para outro, cada grupo se relacionou somente em si. Nesse
momento ficou evidente o distaciamento dos alunos da sala frente as demais colegas que não
estão envolvidos com seu grupo em questão, essa reflexão, do distanciamento dos grupos, foi
possivel ser observada através dessa dinamica de dramatizar a rotina academica em um cartaz,
pois nem um gropo se quer cogitou um possivel relacionamento entre os demais grupos, como se
fosse até um regra do não poder nem olhar o desenho do grupo (pode-se até sentir uma possivel
rivalidade entre os grupo e seus desenhos).
Como foi relatado na sala, e com a concordancia de todos, os atritos criados pela
instituição pode ser responsavel pela criação de estresse entre os alunos e um afastamento entre
eles, podendo ter, como um fator principal, a competição por medias globais. Ao observar os
desenhos da primeira vivencia varios deles continhas as “panelinhas” , representas em desenhos
diversos de grupos fechados entre si, em todos os desenhos dos grupos haviam desenhos
relacionados com esses grupos, quando questionados os desenhos percebemos o quanto somos
fechados em nossos grupos e nem se quer sabemos sobre os demais colegas da sala. A vivência
proporcionou a reflexão dos acontecimentos ao nosso redor, observamos até mesmo além de
nosso vinculos costumeiros e nos proporcionou a interação com os demais grupos formando um
todo, como o social da sala de aula.

O psicodrama não se concentra no indivíduo, mas neste em relação,


em seus vínculos, num determinado contexto sócio-histórico. Parte do
social, mas do social enquanto produção institucional do indivíduo
passivo e robotizado. O homem contemporâneo cria pouco e repete
muito, o indivíduo é um produto serializado das instituições, que
esconde a pulsação das multiplicidades intensas e intensivas. Do
social, o psicodrama vai aos grupos, trabalhando com os grandes e
pequenos grupos, mas com grupos em suas formações mutantes e
instáveis (MOURA, 2007, Apud RAMALHO, 2010 pg.47).

Na segunda vivência novamente á sala se dividiu nos grupos cotidianos e foi formado
grupos confome as ‘afinidades’ de cada, foi proposto para que os alunos falassem um pouco
sobre cada grupo, como se representam na sala e como a sala os representam. No decorrer da
atividade várias questões existentes vieram à tona, principalmente quando os alunos foram
confrontados a falarem como sou visto e como realmente sou, no inicio os alunos ficam um
pouco acanhados em se expressarem, mas ao decorrer da atividade a turma foi se soltando e se
confrontando, principalmente ao se defenderem, pois foram levantadas questões sobre o
comportamento de cada grupo e de alguns alunos individualmente. Essa vivência pode-se obter
informações reais da sala de aula e principalmente resoluções de problemas individuais que
alguns alunos tinham com outros e não conseguiam solucionar antes dessa vivência, ou seja, a
atividade proposta pode proporcionar resoluções de problemas, de relacionamentos em sala de
aula e até “afinidade” que não seriam possíveis ser solucionados no dia-a-dia naturalmente.
Podemos entender que as vivencias realizadas na sala de aula se encaixa com o método
de sociodrama:
O sociodrama abarca a dimensão da espontaneidade, da criatividade e
da resolutividade, rompendo com o constituído, com as conservas
culturais, pesquisando novos modos de resolver problemas e
dificuldades no presente. Nesta abordagem, os participantes constroem
seu espaço e sua autonomia como sujeitos e investigadores do processo
em que estão inseridos. (RAMALHO, 2010. Pg.49).

As vivencias na sala de aula foram realizadas, tanto em desenhos, como esculta entre
grupos, como se estivessemos encenando a rotina e a convivência no ambiente acadêmico.
Passamos muito tempo de nosso dia no ambiente escolar que o curso de psicologia nos
proporciona, porém não nos relacionamos coletivamente com todos, estamos na sala de aula
individualmente, ou em pequenos grupos, vemos colegas de sala apenas como pessas que
parecem não fazer parte da nossa vida e as vicencia nos proporcionou essa reflexão, em saber que
tem mais gente ao nosso redor que tem opnioes e sentimentos até mesmo sobre nós que não
sabemos e nem se quer queremos saber, que acabam gerando conflito interno sem a possibilidade
de solução naturalmente.
Podemos dizer que conseguimos obter reflexões que só foram possíveis através das
atividades sóciodramáticas na sala de aula pois:
Ela visa estimular nos participantes a crítica, construir um
novo olhar sobre o mundo a partir da ação e interação com os demais,
favorecendo uma comunicação espontânea e criativa. Segundo Marra
(2005, p.16), no caso do sociodrama, os participantes são convidados a
vivenciar práticas novas, escolhem e inventam, mais ou menos
livremente, pois é o movimento do grupo que vai dando as diretrizes,
os princípios e as modalidades de intervenção. As escolhas dos modos
de intervenção iniciais arriscam-se, a cada momento, serem
atropeladas pelos acontecimentos do processo. Especialmente o
sociodrama - o seu método para o tratamento de grupos naturais
(famílias, casais, etc.) e sócio-educativos ou instrumentais (de trabalho,
escola, etc.), - é o que será mais útil para trabalhar o tema social da
defesa dos direitos humanos. Pois é o método que trata os grupos
sociais pré-formados, como famílias, grupos de trabalho, comunidades,
grupos de estudantes, minorias, etc. (RAMALHO. 2010. Pg. 49)

Essas vivências trouxeram mudanças, mesmo que aparentemente mínimas, já que assim
nesses jogos de papeis nós enxergamos as singularidades alheias.
Não há nada mais violento que tirar a voz de alguém, um sujeito que não fala, não tem
uma existência real. Quando este é inserido numa dinâmica de papéis, sente se acolhido e ouvido.
Neste momento não há limitação para a criatividade do sujeito.

No psicodrama é possível enxergar a cena de maneira total, ou seja, a minha relação com
o outro ou a relação dele com outras pessoas. Entender o convívio é importantíssimo para um
bom convívio social e essencial para a construção da empatia.

A proposta de Moreno remete às questões da realidade prática, às


questões psicossociais, mesmo que se trate do pensamento mais
abstrato, que se trate de singularidades. O teste de realidade é o da
vida, no que ela implica de vivência espontâneo-criativa, a partir do
corpo (papéis psicossomáticos) e de suas conexões para fora (papéis
psicológicos e sociais). A subjetividade Moreniana está escancarada
para o mundo objetivo, da concretização da subjetividade, para além
das instâncias intra-psíquicas. (RAMALHO, 2010. Pg. 48).

É possível entender o desenvolvimento humano a partir dessa teoria. Iniciando pelo


momento da diferenciação entre ela e o outro na relação filho – mãe (quem exerce esse papel). A
segunda etapa é a concentração da atenção no outro e esquecendo-se de si ou inverso, por
exemplo, quando a criança fica atenta ao outro desenhando e não inicia seu desenho ou esquece a
atividade do outro e se concentra apenas na sua. Outro momento seria a noção de existência mas
sem a interação, quando por exemplo, duas crianças estão brincando de boneca e cada uma está
brincando com a sua, mesmo tendo noção da existência da outra criança elas não interagem. O
terceiro momento é característico pela capacidade de se colocar no lugar do outro,ou seja, a
inversão de papéis.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RAMALHO, Cybele M. R. Psicodrama e dinâmica de grupo. Capítulo II o que é o


psicodrama? São Paulo, Ed. Iglu: 2010.

RUBINI, Carlos. O conceito de papel no psicodrama. Texto publicado na Revista Brasileira de


Psicodrama, vol. 3; fascículo I – ano 1995; (pg. 45-62)

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