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Livro de Etica Do Profisional Da Nutrição
Livro de Etica Do Profisional Da Nutrição
Profissional
da Nutrição
PROFESSORAS
Dra. Maria Fernanda Francelin Carvalho.
Esp. Raíssa Ferreira do Prado Pimenta Borrasca
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Coordenador de Conteúdo Maria Fernanda Francelin Carvalho Designer Educacional Laís Guelis, Lucio Carlos Ferrarese,
Rossana Costa Giani Curadoria Ana Carolina Caputi Gonçalves de Azevedo Revisão Textual Cindy Mayumi Okamoto Luca
Editoração Lavígnia da Silva Santos, Matheus Silva de Souza Ilustração Geison Odlevati Ferreira Realidade Aumentada
César Henrique Seidel, Maicon Douglas Curriel. Fotos Shutterstock.
FICHA CATALOGRÁFICA
Impresso por:
CDD - 22 ed. 174.961
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Reitor
Wilson de Matos Silva
Dra. Maria Fernanda Francelin Carvalho
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RODA DE CONVERSA
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode
sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido
PENSANDO JUNTOS
EXPLORANDO IDEIAS
EU INDICO
Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre
os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor.
1
13 2
41
CONTEXTUALIZAÇÃO DELIMITAÇÃO DO
DA NUTRIÇÃO ATUAL OBJETO DE
NO BRASIL TRABALHO DO
NUTRICIONISTA
3
73 4
97
COMPREENSÃO AS DIFERENTES
DAS DIVERSAS ÁREAS DE ATUAÇÃO
FORMAS DE DO PROFISSIONAL
RELAÇÕES HUMA- DA NUTRIÇÃO
NAS E DE
ALIMENTAÇÃO
5 127 6
153
PRINCÍPIOS DA CÓDIGO DE ÉTICA
BIOÉTICA E DO PROFISSIONAL
DA ÉTICA
PROFISSIONAL
7
175
8
199
LEIS, DECRETOS E ENTIDADES DE
RESOLUÇÕES QUE CLASSE E
BALIZAM A ATUAÇÃO ASSOCIAÇÕES
DO PROFISSIONAL CIENTÍFICAS E
NUTRICIONISTA CULTURAIS
9
223
MERCADO DE
TRABALHO, PISO
SALARIAL E
JORNADA
DE TRABALHO
1
Contextualização da
História da Nutrição
no Brasil
Dra. Maria Fernanda Francelin Carvalho
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UNIDADE 1
DIÁRIO DE BORDO
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UNICESUMAR
Hipócrates (400 a.C.) já se referia ao processo de se alimentar como referência ao nutrir-se. No entanto,
estabelecia uma comparação da prática dietética enquanto remédio para os males na saúde. A partir do
século 17, já são realizados estudos que abordam a alimentação, os quais correlacionavam o processo
de cura de escorbuto de acordo com o peso corporal. Eram trabalhos que já tentavam demonstrar o
quanto as escolhas relacionadas à dieta, se inseridas em hábitos saudáveis e diários, podem auxiliar
no processo de cura, confirmando a questão do corpo são.
A nutrição enquanto ciência é estabelecida no século 19, visto que passou a ser disciplina integran-
te do currículo de medicina. Inicialmente, tratava a respeito de alguns temas relacionados à higiene
alimentar, mas evoluiu para pesquisas que expõem os efeitos do consumo de alimentos e nutrientes
(VASCONCELOS, 2002). Avaliando o cenário mundial, tanto no campo científico quanto no proces-
so de atendimento ao cliente e à sociedade, podemos afirmar que a área de trabalho da nutrição tem
crescido recentemente. Um indicativo disso é a média da faixa etária dos profissionais da nutrição, os
quais têm entre 25 e 34 anos, o que representa 60,4%, segundo os dados de 2017 do Conselho Federal
de Nutrição (CFN, [2021]). Além disso, costumamos pensar no nutricionista em várias situações da
nossa rotina diária, seja por meio de consultas, seja pelas interações nas redes sociais. Outra situação
que nos leva a considerar o nutricionista é quando desejamos conhecer o profissional responsável pelo
buffet do local onde fizemos determinada refeição.
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UNIDADE 1
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UNICESUMAR
Nesse sentido, Escudero deu início à profissão a partir de suas concepções sobre o campo da nutrição
clínica, visto que gostaria que os médicos começassem a ser especialistas no assunto. Em pouco tempo,
a sua maneira de enxergar a profissão e as suas concepções sobre o assunto foram difundidas e incenti-
vadas por meio da concessão de bolsas de estudos aos que interessassem pela profissão. Para Escudero, a
alimentação deveria ser pautada em quatro leis, as quais podem ser visualizadas na figura a seguir.
Figura 2 - Quadro representativo das quatro leis da alimentação criadas por Pedro Escudero, em 1937
Fonte: adaptada de Condinho (2019).
Descrição da Imagem: a imagem representa um quadro na cor verde. Ao centro, há um símbolo em amarelo contendo um garfo
e uma colher dentro de um círculo. Ao redor do círculo central, estão escritas as palavras “quantidade”, “qualidade”, “adequação” e
“harmonia” em sentido horário e dispostas entre os quatro cantos do quadro verde. Em cada lei, há a sua definição. Iniciamos com a
Lei da Quantidade, que diz respeito à quantidade ingerida de calorias e nutrientes durante a dieta consumida. Nesse aspecto, o médico
indica que as pessoas devem consumir a quantidade adequada para suprir as necessidades biológicas. Depois, há a Lei da Qualidade,
que sustenta toda alimentação deve ser composta por componentes que contenham os nutrientes necessários para a manutenção
da saúde. Em seguida, está a Lei da Harmonia, que, assim como as demais, tem o intuito de promover o equilíbrio e o suprimento
das necessidades do corpo. Logo, a harmonia entre as quantidades dos nutrientes deve ser estabelecida, para que nenhum esteja em
excesso ou falta. Por último, para complementar as demais, a quantidade de cada nutriente é avaliada de acordo com a individualidade
de cada ser humano: trata-se da Lei da Adequação.
Em nosso território nacional, a nutrição andou de mãos dadas com o processo de modernização da
economia, que se deu entre 1930 a 1940. Nesse período, a maior parte da população vivia nas cidades,
o que formou a grande massa da população urbana e, consequentemente, o aumento da produção
industrial. Entretanto, a população passou a ter conhecimento a respeito da alimentação no Brasil
apenas na segunda metade do século XX, quando as informações começaram a se difundir de forma
mais robusta e sistematizada, e a nutrição pôde ser considerada dentro do campo da medicina.
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UNIDADE 1
Outros marcos foram registrados no início da profissão, como o livro Higiene Alimentar, de 1908,
escrito por Eduardo Magalhães, e a obra sobre fisiologia da alimentação, um material inteiramente
voltado ao trato medicinal pela alimentação, de autoria de Álvaro Osório de Almeida. Os demais livros
podem ser visualizados no quadro a seguir.
O conhecimento dos marcos apresentados é de suma importância, para que haja o entendimento a res-
peito de como foi delineado o perfil que temos hoje de atuação nutricional. Ele nos mostra claramente
o quanto o campo da nutrição se construiu de forma densa dentro do atendimento clínico, voltado ao
estudo da influência das dietas sobre o tratamento dos problemas de saúde. Além disso, percebemos
a influência de culturas e hábitos populacionais que veem a alimentação como algo despreocupado e
só buscam o seu cuidado quando há necessidade de melhoria.
Quando o processo de formação dos nutricionistas se iniciou nas grandes capitais, locais onde
estavam presentes os cientistas, os primeiros estudos estavam diretamente ligados aos alimentos em
si. Esses acontecimentos ocorreram na década de 30 e podemos dizer que havia uma divisão entre os
perfis de trabalho. A principal vertente era voltada diretamente para a perspectiva biológica, ou seja,
as suas preocupações eram exclusivamente em relação aos aspectos clínicos-fisiológicos dentro do
consumo e da utilização dos nutrientes pelos organismos.
Essa foi uma característica herdada das escolas de nutrição e dietética norte-americanas e dos centros
europeus. Trata-se da origem da nutrição clínica, também conhecida como dietoterapia, a partir de 1940.
Ela é considerada a especialização matriz do campo da nutrição no contexto mundial e é direcionada para a
prática de ações, de caráter individual, centradas no alimento enquanto agente de tratamento (YPIRANGA;
GIL, 1989). Também podemos dizer que, nesse momento da história, houve uma guinada, visto que ocorreu
o surgimento da nutrição básica e experimental, um novo ramo do estudo dos alimentos que tem, como
base, um olhar voltado ao desenvolvimento de pesquisas básicas de caráter experimental e laboratorial.
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UNICESUMAR
Você já se per-
guntou: quem
tem fome tem
pressa? As po-
líticas públicas
são de grande
importância quando se trata da dis-
tribuição de alimentos e o papel do
nutricionista é extremamente impor-
tante. Desse modo, existe um projeto
chamado “Banco de Alimentos”, em
que nutricionistas atuam garantindo
a sanitariedade e a qualidade dos ali-
mentos doados a instituições carentes.
Para acessar, use seu leitor de QR
Code.
20
UNIDADE 1
Ainda na década de 40, os primeiros cursos relacionados à formação do nutricionista foram criados. São eles:
• Instituto de Higiene de São Paulo, atual curso de graduação em Nutrição do Departamento de
Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.
• Cursos técnicos do Serviço Central de Alimentação do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos
Industriários (IAPI).
• Curso de Nutricionistas do Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS).
• Curso de Nutricionistas da Escola Técnica de Assistência Social Cecy Dodsworth.
A partir de 1948, teve início o curso de dietistas da Universidade do Brasil, atual curso de graduação em
Nutrição do Instituto de Nutrição da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Mais uma vez, são visíveis as influências históricas que estabeleceram, de maneira mais forte, o perfil
do profissional atuante no Brasil. A principal atuação do nutricionista é no setor de saúde. O planejamento
alimentar, tanto individual quanto coletivo, é o seu principal objeto de trabalho (VIVEIROS, 2016). Esse fato
deu maior ênfase à formação do profissional clínico, voltado ao atendimento e à formação de dietoterapia.
Em relação aos primeiros profissionais, a formação era chamada de “dietista”, pois ela era uma forma de
ensino técnico, e não de graduação superior, o qual veio somente em decorrência da evolução dos cursos
no país. Primeiramente, havia uma formação parecida com a que é realizada pelo Instituto de Nutrição
da Argentina. A partir dela, o profissional passou a ser reconhecido como nutricionista (ICAZA, 1991).
Na área política, também houve grandes marcos a serem citados, pois a construção da profissão do
nutricionista, assim como conhecemos, foi construída em vertentes, apesar de característica genuinamente
clínica. Contudo, no período entre 1939 a 1940, a política social, que era voltada à alimentação e à nutrição,
proporcionou grandes marcos. São eles:
• Instituição de um salário-mínimo em 1° de maio de 1940, utilizando, como base de cálculo, a cha-
mada ração essencial mínima.
• Criação do Serviço de Alimentação da Previdência Social, mais conhecido como SAPS, em 5 de
agosto de 1940. Trata-se de uma autarquia instituída no governo de Getúlio Vargas, cuja proposta
inicial era a de promover a melhoria das condições nutricionais da classe trabalhadora. Entretanto,
posteriormente, tornou-se um dos grandes do centro de formação de nutricionistas (VASCON-
CELOS, 1988).
21
UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a imagem apresenta duas mãos segurando uma cesta no formato de coração. Nela, há frutas, incluindo um
pêssego, uma laranja, uma maçã verde, uma maçã vermelha, vários tomates-cerejas e um brócolis. Também é exposto um estetoscópio.
A figura apresenta um texto parabenizando o profissional da nutrição pelo seu dia. Leia-o: “com a orientação do nutricionista, você
conquista saúde e qualidade de vida. 31 de agosto. Dia do nutricionista. Parabéns!”.
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UNIDADE 1
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UNIDADE 1
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UNICESUMAR
carências proteicas
carências de cálcio sem
manifestações de raquitismo 1 - Amazônica
carências de ferro - Anemias alimentares 2 - Nordeste Açucareiro
carências de cloreto de sódio
3 - Sertão Nordestino
4 - Centro Oeste
carências de iodo - Bócio cretínico
5 - Extremo Sul
carências de Vitamina A
carências de Vitamina B1
Descrição da Imagem: a imagem representa um mapa do Brasil que está dividido em cinco regiões e contém símbolos que indicam os
tipos de alimentos que faltam para a população. A área 1 se refere à região amazônica, que tem as seguintes deficiências nutritivas nas
formas frustas: carências proteicas, de cálcio, sem manifestações de raquitismo, das vitaminas A e B1, e de ácido nicotínico - pelagra.
Nas formas típicas endêmicas com carências proteicas, estão as carências de ferro, de cloreto de sódio e de vitamina B2. Já nas formas
típicas com crises epidêmicas, há carência de vitamina B1. Já a área 2 se refere à região do Nordeste açucareiro e segue com as seguintes
deficiências nutritivas nas formas frustas: carências proteicas, de cálcio, sem manifestações de raquitismo, das vitaminas B1 e C e de
ácido nicotínico. Nas formas típicas endêmicas, as carências são proteicas, de ferro, de cloreto de sódio e das vitaminas A, B1 e B2. A
região 3 se destina ao sertão nordestino e as deficiências nutritivas constam nas formas típicas em casos esporádicos, com carências
de iodo, e nas formas típicas de crises epidêmicas, com carências proteicas, de cálcio sem manifestações de raquitismo, de ferro, de
cloreto de sódio, das vitaminas A, B1, B e C, e de ácido nicotínico. A região 4 se destina ao Centro-Oeste e há as formas frustas com
carências de cálcio, sem manifestações de raquitismo, e das vitaminas A e B1. Nas formas típicas de casos esporádicos, há carências
proteicas, de ferro, de cloreto de sódio, das vitaminas B1, B2 e C, e de ácido nicotínico. Nas formas típicas endêmicas, a carência é de
iodo. A área 5 se refere ao extremo Sul e apresenta carências de cálcio sem manifestações de raquitismo, de ferro, das vitaminas A, B2
e C, e de ácido nicotínico nas formas frustas. Já nas formas típicas, os casos esporádicos estão na carência de vitamina D, enquanto,
nas típicas endêmicas, há carência de iodo.
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UNIDADE 1
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Também merece destaque nesse período a aprovação da Lei n° 6.538, de 20 de outubro de 1978, que
dá origem ao Conselho Federal e Regional de Nutricionistas. A partir desse momento, a classe de
nutricionistas conta com um órgão destinado a fiscalizar o exercício da profissão e a organizar, a dis-
ciplinar e a desenvolver lutas pela categoria. Até então, a nutrição tinha poder enquanto órgão ligado
à medicina, fruto do seu nascimento (VASCONCELOS, 2002)
Sobre o conselho da Lei n.º 6.583, de 20 de outubro de 1978, temos:
“
O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) foi criado pela Lei n.º 6.583, de 20 de
outubro de 1978, e regulamentado pelo Decreto n.º 84.444, de 30 de janeiro de 1980.
A Lei n.º 8.234, de 17 de setembro de 1991, substituiu a de número 5.276.
É uma autarquia federal sem fins lucrativos, de interesse público, com poder delegado
pela União para normatizar, orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício e as atividades
da profissão de nutricionista em todo o território nacional, em defesa da sociedade. É
um órgão central do Sistema CFN/CRN.
O CFN foi criado a partir da mobilização de profissionais, estudantes e entidades de
nutrição, que defendiam a necessidade da categoria ter um órgão regulamentador
próprio. Afinal, eram fiscalizados por órgãos regionais de fiscalização da Medicina (Lei
n.º 5.276 de 24 de abril de 1967).
Assim, a Associação Brasileira de Nutricionistas (ABN), primeira entidade representa-
tiva da categoria, criada em 1949, foi fundamental nesta articulação que resultou tanto
na regulamentação da profissão quanto na criação dos conselhos de nutricionistas.
Ao CFN compete criar resoluções e outros atos que disciplinem a atuação dos Conselhos
Regionais de Nutricionistas e dos profissionais. Com isto, é estabelecida uma unidade
de procedimentos que caracterizam a profissão, respeitando as particularidades das
diversas regiões.
O Plenário do CFN é composto por nove conselheiros federais efetivos e nove suplentes,
eleitos para um mandato de três anos. A Diretoria (presidente, vice-presidente, secretário
e tesoureiro) é escolhida anualmente entre os integrantes efetivos do plenário.
A organização do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) está definida no Decreto
Regulamentar n.º 84.444/80, apresentando a seguinte estrutura:
. Plenário (órgão deliberativo);
. Diretoria (órgão executivo);
. Presidência (órgão de coordenação e gestão);
. Comissões Permanentes: Tomada de Contas, Ética, Fiscalização, Formação Profissional, Co-
municação e Licitação (órgãos de orientação, disciplina, apoio e assessoramento);
. Comissões especiais, transitórias e grupos de trabalhos; e
. Câmaras Técnicas (CFN, [2021], on-line)².
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UNIDADE 1
Além disso, em 1972, foi instituída a Federação Brasileira das Associações de Nutricionistas (FEBRAN),
que ocupou no lugar da ABN, ao tomar inúmeras associações estaduais de nutricionistas. Dando con-
tinuidade aos eventos históricos, entre 1985 a 2000, uma história bem mais recente, a ampliação do
número de cursos de nutrição foi ainda mais acelerada. Calado (2000), em seu estudo, demonstra que,
no início de 2000, já eram constituídos 106 cursos de nutrição: 22 eram de instituições públicas e 84
eram de caráter privado. Esse crescimento se deu em níveis diferenciados em todo o território nacional.
Descrição da Imagem: a imagem apresenta o mapa do Brasil com os índices de crescimento do curso de nutrição em cada região do
país. Na região Norte, contamos com apenas 2,8%; nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, há um empate de 7,5%, enquanto, na região
Sul, há 21,7%. Por fim, o Sudeste é quem concentra o maior índice de pessoas fazendo o curso de nutrição, com 60,4%.
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UNICESUMAR
“
Art. 3º São atividades privativas dos nutricionistas:
I - direção, coordenação e supervisão de cursos de graduação em
nutrição;
II - planejamento, organização, direção, supervisão e avaliação de
serviços de alimentação e nutrição;
III - planejamento, coordenação, supervisão e avaliação de estudos
dietéticos;
IV - ensino das matérias profissionais dos cursos de graduação em
nutrição;
V - ensino das disciplinas de nutrição e alimentação nos cursos de
graduação da área de saúde e outras afins;
VI - auditoria, consultoria e assessoria em nutrição e dietética;
VII - assistência e educação nutricional a coletividades ou indiví-
duos, sadios ou enfermos, em instituições públicas e privadas e em
consultório de nutrição e dietética;
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UNIDADE 1
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UNICESUMAR
OLHAR CONCEITUAL
Figura 6 - Conceitos da promoção da saúde e qualidade de vida / Fonte: adaptada de Buss (2020).
Descrição da Imagem: a imagem apresenta os cinco conceitos de promoção da saúde e qualidade de vida. De cima para baixo, estão:
1) Atividades dirigidas de modo central à transformação dos comportamentos dos indivíduos, focando nos seus estilos de vida e locali-
zando-os no seio das famílias e, no máximo, no ambiente das "culturas" da comunidade em que se encontram; 2) Saúde é produto de
um amplo espectro de fatores relacionados à qualidade de vida, incluindo um padrão adequado de alimentação, de nutrição, de habi-
tação e de saneamento, boas condições de trabalho e de renda, e oportunidades de educação ao longo de toda a vida dos indivíduos e
das comunidades; 3) Processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da qualidade de vida e de saúde, incluindo uma
maior participação no controle deste processo; 4) Elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis, criação de ambientes
favoráveis à saúde e reforço da ação comunitária; 5) Promoção de práticas alimentares saudáveis.
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UNIDADE 1
Diante desse avanço, temos alguns ganhos, como a elaboração e a constituição da Política Nacional de
Alimentação e Nutrição (PNAN) na década de 90, considerada uma das formas de anunciar e comu-
nicar o direcionamento de um novo trajeto, na busca por melhores políticas de alimentação e nutrição.
Isso deu novos horizontes para a atuação do profissional da área. O principal propósito do programa
era o de garantir a qualidade dos alimentos consumidos no país, promover práticas alimentares sau-
dáveis, com o intuito de prevenir distúrbios nutricionais, e estimular ações que pudessem incentivar
e propiciar o acesso universal aos alimentos.
Caro(a) aluno(a), você sabia que o SUS tem uma Política Nacional
de Alimentação e Nutrição? Conheça essa política, suas diretrizes e
demais informações acessando o QRCode.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
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UNICESUMAR
“
[...] direito humano à alimentação, alimentação e cultura, hábitos alimentares saudáveis,
direito do consumidor, ética e cidadania, aleitamento materno, agroecologia, economia
familiar, associativismo, práticas agrícolas e de aquicultura e pesca, reaproveitamento
de alimentos, entre outros (SANTOS, 2005, p. 687).
Para finalizarmos a nossa unidade, devemos pensar no exercício do nutricionista atualmente. Nos úl-
timos anos, houve um movimento da própria população, que impulsionou a atuação do nutricionista,
além de adventos, como a pandemia deflagrada pela Covid-19, que exigiu o atendimento on-line.
Para atender a essa demanda exigida pelo mercado, em 2021, foi estabelecida uma nova resolução: a
Resolução CFN nº 689, de 04 de maio de 2021, que “regulamenta o reconhecimento de especialidades
em Nutrição e o registro, no âmbito do Sistema CFN/CRN, de títulos de especialista de nutricionistas”
(BRASIL, 2021, p. 163).
A Resolução CFN nº 689/2021 amplia o campo de atuação do nutricionista, visto que atesta que:
“
[...] A comprovação da aptidão de nutricionista em especialidades em Nutrição reco-
nhecidas pelo CFN está condicionada à obtenção de título de especialista, emitido pela
Asbran ou por outras entidades, mediante validação e chancela prévia do respectivo
edital de título pelo CFN e pela Asbran, conforme processos de avaliação devidamente
descritos nos respectivos editais (BRASIL, 2021, p. 163).
34
UNIDADE 1
Descrição da Imagem: a imagem apresenta um quadro com as 34 especialidades em nutrição. São elas: 01️ - Educação Alimentar e Nutricio-
nal; 02️ - Gestão de Políticas Públicas e Programas em Alimentação e Nutrição; 03️ - Nutrição Clínica; 04- Nutrição Clínica em Cardiologia; 05️
- Nutrição Clínica em Cuidados Paliativos; 06️ - Nutrição Clínica em Endocrinologia e Metabologia; 07️ - Nutrição Clínica em Gastroenterologia;
08️ - Nutrição Clínica em Gerontologia; 09- Nutrição Clínica em Nefrologia; 10 - Nutrição Clínica em Oncologia; 11 - Nutrição Clínica em Terapia
Intensiva; 12 - Nutrição de Precisão; 13 - Nutrição e Alimentos funcionais; 14 - Nutrição e Fitoterapia; 15 - Nutrição em Alimentação Coletiva;
16 - Nutrição em Alimentação Coletiva Hospitalar; 17 - Nutrição em Alimentação Escolar; 18 - Nutrição em Atenção Primária e Saúde da Família
e Comunidade; 19 - Nutrição em Esportes e Exercício Físico; 20 - Nutrição em Estética; 21 - Nutrição em Marketing; 22 - Nutrição em Saúde
Coletiva; 23 - Nutrição em Saúde da Mulher; 24 - Nutrição em Saúde de Povos e Comunidades Tradicionais; 25 - Nutrição em Saúde Indígena;
26 - Nutrição em Saúde Mental; 27 - Nutrição em Transtornos Alimentares; 28 - Nutrição em Vegetarianismo e Veganismo; 29 - Nutrição Ma-
terno-Infantil; 32 - Qualidade e Segurança dos Alimentos; 33 - Segurança Alimentar e Nutricional; 34 - Terapia de Nutrição Parenteral e Enteral.
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UNICESUMAR
A Resolução CFN nº 689/2021 vale ser lida com mais cuidado, sobretudo por você, que é um profissional
em formação, pois o leque de opções se abre de forma grandiosa. Isso traz possibilidades de especia-
lizações e de atuações fora do senso comum, abrindo horizontes de atuação de menor concorrência.
Agora que você conheceu a história da nutrição até aqui, é possível entender como essa profissão que
um dia foi sonhada por você está sendo construída e materializada em sua vida. Não se baseie apenas
neste texto: avance e se aprofunde. Leia os materiais de apoio e conheça mais curiosidades a respeito.
Siga em frente, agarre o seu futuro.
36
Agora, construiremos uma linha do tempo em que serão expostos os principais aspectos a
serem considerados como marcos históricos de guinada no processo de construção do perfil
profissional de nutrição. Veja quais se encaixam em seu perfil e missão de vida. Assinale-os
e busque o seu sonho.
1926
1940
1949
1960
1976
1978
1990
2021
Fonte: a autora.
37
1. A partir da década de 70, houve uma mudança na forma de visualizar o campo da
nutrição. Naquela época, a fome, a má alimentação e a nutrição enquanto fenômenos
sociais entram na agenda política brasileira, impulsionando fortemente o processo de
prevenção à saúde pública. Assim, foi iniciada a utilização do conceito de promoção
de saúde.
a) Fome Zero.
b) Programa Nacional de Alimentação e Nutrição.
c) Sistema Único de Saúde.
d) Conferência das Nações Unidas.
e) Bolsa família.
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É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, II e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
3. De acordo com CFN ([2021], em relação às áreas de atuação profissional, nas últimas
décadas, houve diversificação e ampliação, fato que pode estar associado ao proces-
so de grande elevação do número de cursos e profissionais no Brasil. Atualmente, o
Conselho Federal de Nutricionistas reconhece a existência de sete grandes áreas de
atuação profissional do nutricionista.
39
40
2
Delimitação do
Objeto de Trabalho
do Nutricionista
Esp. Raíssa Ferreira do Prado Pimenta
42
UNIDADE 2
DIÁRIO DE BORDO
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UNICESUMAR
44
UNIDADE 2
Considerando que os alimentos são compostos por nutrientes e que cada alimento contém
um ou vários nutrientes predominantes, um alimento poderá ser classificado de acordo com
a função que apresentará em nosso organismo?
A resposta correta para a pergunta apresentada é sim. Portanto, existe uma classificação dos alimentos
que é feita em três grandes grupos e se dá de acordo com o nutriente predominante em determinado
alimento. É desse modo que é determinada a função dos alimentos em nosso corpo, os quais se dividem
de acordo com a Quadro 1, exposto a seguir.
Classifi-
Nutriente (s) pre-
cação do Fontes Função
dominante (s)
alimento
Arroz, milho, trigo, pães, Fornecer energia para o orga-
Alimentos Carboidratos e
massas, tubérculos, óleos nismo desempenhar as funções
energéticos gorduras
e gorduras vitais
Carnes, laticínios, ovos, Fornecem proteínas para a for-
Alimentos
Proteínas leguminosas (ervilha, grão mação, crescimento, manuten-
Construtores
de bico, lentilha) ção e reparo do organismo
Fornecem nutrientes que melho-
Alimentos Vitaminas e mine- Frutas em geral, verduras,
ram a função das células, regu-
reguladores rais legumes
lam o metabolismo.
Quadro 1 - Classificação dos alimentos em energéticos, construtores e reguladores / Fonte: a autora.
45
UNICESUMAR
Imagine que você, nutricionista, tem um paciente com o sistema imunológico debilitado. Você
se lembra de que aprendeu durante a graduação que os alimentos fontes de vitamina C aju-
dam na melhora do sistema imunológico, enquanto os alimentos que são fontes de proteína
auxiliam na formação das células do sistema imune. Diante desse caso, quais alimentos você
indicaria ao paciente?
Primeiramente, é importante que você, aluno(a), compreenda que existem nutrientes que necessitamos
em maiores quantidades e outros em menores quantidades. Os chamados “macronutrientes” são aqueles
que precisamos em maiores quantidades em nossa alimentação e neles se enquadram os carboidratos,
as proteínas e as gorduras. Por outro lado, os nutrientes que precisamos em menores quantidades são
chamados de micronutrientes, que são as vitaminas e os minerais.
Os carboidratos são um dos macronutrientes. Eles são os responsáveis pelo fornecimento de
energia ao nosso corpo para a manutenção das funções vitais. Geralmente, são de origem vegetal, com
exceção da lactose do leite e do glicogênio do tecido animal. Além disso, podem ser classificados em
carboidratos simples e complexos:
46
UNIDADE 2
É importante ressaltar que não é somente a estrutura química ou o tamanho da cadeia que define o
processo digestivo/absortivo da glicose como lento ou rápido. Existem outros fatores de composição
do alimento que podem interferir nesse processo, incluindo a forma de preparo do alimento. Por exem-
plo, o consumo de uma pizza, que mistura fontes alimentares dos três macronutrientes (carboidratos,
proteínas e gorduras), torna o processo de digestão mais lento.
Dentro do grupo de carboidratos complexos, também estão as fibras alimentares. Elas
são reconhecidas como substâncias que não podem fornecer energia,
uma vez que as enzimas presentes no intestino
humano não são capazes de hidrolisar
(quebrar) os tipos de ligações presentes
nesses polissacarídeos. Sendo assim,
não são digeridas e sofrem fermenta-
ção pelas bactérias no intestino. Devido
a isso, exercem efeitos benéficos sobre
a saúde gastrointestinal, prevenindo
doenças associadas, como síndrome do
intestino irritável, hemorroidas e câncer
colorretal. As fontes de fibras incluem frutas,
verduras, legumes, leguminosas, tubérculos, cereais
integrais e oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas,
avelã e sementes) (MENDONÇA, 2010).
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UNICESUMAR
Função Proteína
Constituição da parede celular Glicoproteínas
de algumas células
Estrutural (firmeza e resistên- Colágeno, Queratina e Elastina
cia à estruturas biológicas)
Contração muscular Actina e Miosina
Reguladora (ajuda a regular Hormônios: Insulina e Glucagon
atividade fisiológica)
Defesa do organismo Imunoglobulinas (anticorpos)
Enzimática - regulação meta- Enzimas diversas
bólica
Transporte de substâncias Hemoglobina, Lipoproteína
Reserva (crescimento e nutri- Caseína (leite), Gliadina (trigo)
ção)
Quadro 2 - Função da proteína / Fonte: Cox e Nelson (2014, p. 75).
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UNIDADE 2
Segundo Mendonça (2010), as fontes de proteínas de origem animal são consideradas carnes, em geral,
ovos, leite e derivados. Já as fontes de proteínas vegetais são consideradas leguminosas (feijão, ervilha,
lentilha, grão de bico e soja), e oleaginosas (castanhas, amêndoas e sementes).
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UNICESUMAR
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UNIDADE 2
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UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a imagem apresenta vários alimentos separados horizontalmente em duas categorias. À esquerda, na categoria
“gorduras boas”, temos o azeite de oliva, seguido do abacate, das nozes, do salmão e do coco. Do lado direito, são apresentadas as
gorduras ruins (quando consumidas de forma exagerada), representadas pelo óleo de milho, a gordura da carne, a margarina, o creme
de leite e o óleo de soja.
No caso do coco, lembre-se de que, por apresentar gorduras saturadas em sua composição, ele deve ser
consumido com moderação. Chamamos as gorduras ruins dessa forma, pois elas debilitam a saúde,
caso sejam consumidas excessivamente. Já as vitaminas e os minerais são micronutrientes, não fornecem
calorias e são essenciais ao funcionamento do intestino, do metabolismo e do sistema imunológico.
Além disso, auxiliam no processo digestivo e na circulação sanguínea. Também estão envolvidos no
52
UNIDADE 2
processo de crescimento e desenvolvimento corporal. Devido a essas funções, são chamados de ele-
mentos reguladores. A maioria das vitaminas e dos minerais não pode ser sintetizada pelo organismo,
sendo necessário o consumo de fontes alimentares (SILVA; MURA, 2010).
As vitaminas e os minerais são essenciais para auxiliar as proteínas a construírem e/ou a manterem
os tecidos e os processos metabólicos. Quando o indivíduo apresenta uma alimentação desequilibrada,
facilmente pode apresentar carências desses micronutrientes. Por outro lado, o excesso de vitaminas
ou de minerais pode ser tóxico. Desse modo, para obter uma alimentação equilibrada e saudável,
deve-se analisar adequadamente as recomendações de ingestão diária desses nutrientes e o consumo
alimentar o paciente a partir de cálculos dietéticos, com o objetivo de identificar a adequação entre
consumo e recomendação.
Os micronutrientes têm um papel de extrema relevância na prevenção de doenças com alto impacto
no Brasil. A ação antioxidante de algumas vitaminas atua prevenindo a ocorrência de Doenças Crônicas
Não Transmissíveis (DCNT). Por outro lado, a ingestão excessiva de sódio pode estar relacionada ao
aumento da pressão arterial e à consequente elevação do risco de doenças cardiovasculares e renais.
Já a vitamina D e o cálcio são essenciais na manutenção da saúde óssea e na redução do risco de os-
teoporose (ARAUJO et al., 2013).
As vitaminas podem ser classificadas em dois tipos:
• Hidrossolúveis: são solúveis em água, apresentam um tempo menor de conservação no orga-
nismo e os excessos são eliminados pela urina. Além disso, realizar o seu fornecimento a partir
da alimentação diária é de suma importância, visto que as suas reservas orgânicas são baixas.
• Lipossolúveis: são solúveis em meio lipídico, ou seja, precisam das fontes de gordura da dieta
para serem absorvidas. São armazenadas no organismo por um maior período de tempo, mesmo
não sendo ingeridas (MARTINS; LOPES; ANDRADE, 2013).
Lipossolúveis Hidrossolúveis
Vitamina A Vitamina C Vitamina B3 Vitamina B8
Vitamina D Vitamina B1 Vitamina B5 Vitamina B9
Vitamina E Vitamina B2 Vitamina B6 Vitamina B12
Vitamina K
Quadro 3 - Relação das vitaminas e sua solubilidade / Fonte: a autora.
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UNICESUMAR
Diante de tantos benefícios apresentados pelas vitaminas e pelos minerais, não seria melhor
e mais fácil suplementar esses nutrientes em todos os pacientes?
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UNIDADE 2
Figura 2 - Apresentação das vitaminas, dos minerais e de algumas fontes alimentares deles
Descrição da Imagem: a imagem apresenta, ao lado esquerdo, em formato circular, as vitaminas hidrossolúveis (vitaminas: B1, B2, B3,
B5. B6, B9. B12 e C), as vitaminas lipossolúveis (vitaminas: A, E, D e K) e as suas respectivas fontes alimentares: B1: pêssego e avelã; B2:
brócolis e ovo; B3: cogumelos; B5: cogumelo e beterraba; B6: morango e castanhas; B9: banana e cebola; B12: leite e ovos; C: mirtilo
e limão; D: queijo e peixe; E: ervilha, castanhas e amendoim; K: chá de ora-pró-nóbis; A: legumes e frutas de cor amarelo-alaranjado.
Já do lado direito, também em formato circular, são apresentados os minerais e as suas respectivas fontes alimentares: Cálcio (Ca):
iogurte e ervilha; Cloro (Cl): ovo e peixe; Cobre (Cu): frutos do mar e avelã; Ferro (Fe): vegetais de cor verde-escuro e ovo; Iodo (I): peixe
e cogumelo; Potássio (K): frutas e café; Magnésio (Mg): cereais integrais, trigo e cacau; Manganês (Mn): alho e cereais; Sódio (Na): sal
e produtos industrializados; Fósforo (P): oleaginosas e abóbora; Selênio (Se): pistache e gema do ovo; Zinco (Zn): carne, amendoim e
castanhas. Abaixo, são expostas as vitaminas e os minerais de forma horizontal.
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UNICESUMAR
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UNIDADE 2
Diante de tantos nutrientes que devemos ingerir diariamente, como obter uma alimentação
equilibrada e sem carências nutricionais?
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UNICESUMAR
A resposta para a pergunta exposta é muito simples: a alimentação deve ser bem distribuída, colorida e
variada. Desse modo, será possível obter fontes de todos os nutrientes necessários para manter a saúde
ao longo do dia. Suponha que você seja um nutricionista e se depare com um paciente que relata ter o
hábito de consumir frutas diariamente. No entanto, ao analisar de modo mais aprofundado a alimen-
tação do paciente, você identifica que ele consome apenas uma banana todos os dias.
Diante do que aprendemos sobre os alimentos, é evidente que somente o consumo de banana dia-
riamente não é o suficiente para proporcionar uma boa oferta de vitaminas e minerais ao organismo.
Nesse caso, seria importante que você, nutricionista, orientasse o seu paciente a variar o consumo das
frutas, verduras e legumes ao longo do dia, optando pela ingestão de, pelo menos, 2 a 3 frutas diferen-
tes e 2 a 3 tipos de verduras/legumes distintos no almoço e no jantar. Isso tornará a alimentação dele
mais nutritiva.
A pirâmide alimentar brasileira (Figura 3) é um guia alimentar que instrui a população a colocar
em prática hábitos alimentares e um estilo de vida saudável. Ela dispõe os alimentos separados em
níveis e agrupados por tipos de nutrientes. Seu objetivo é demonstrar os alimentos de forma didática
e atrativa, visando à promoção da saúde, à alimentação saudável e à melhoria do estado nutricional da
população. Como um guia alimentar, ela deve respeitar os hábitos alimentares da população, o custo
e a disponibilidade dos alimentos regionais. Os alimentos de diferentes grupos são quantificados em
porções, as quais são definidas enquanto a quantidade de alimento em sua forma usual de consumo e
expressa em medidas caseiras, gramas e unidades (MENDONÇA, 2010; PHILIPPI, 2008).
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UNIDADE 2
óleos e gorduras
açúcares e doces 1 a 2 porções
1 a 2 porções
carnes e ovos
1 a 2 porções
leite e derivados
3 porções leguminosas
1 porção
frutas hortaliças
3 a 5 porções 4 a 5 porções
Descrição da Imagem: a figura apresenta uma pirâmide alimentar composta por diferentes grupos alimentares que estão divididos
em níveis associados à prioridade de consumo. A base é representada pelo grupo 1, que inclui os alimentos energéticos, fontes de car-
boidratos (cereais, pães, tubérculos, raízes e massas). É indicado o consumo de 5 a 9 porções distribuídas ao longo do dia. No segundo
nível da pirâmide, é apresentado o grupo 2, representado pelas hortaliças do lado esquerdo. A indicação é de seja feito um consumo
diário de 4 a 5 porções. Já do lado direito do grupo 3, estão as frutas. A indicação é de que haja, em média, de 3 a 5 porções ao dia. No
terceiro nível, tem-se, ao lado esquerdo, o grupo 4 (leite e derivados), com recomendação de consumo de 3 porções ao dia. Ao meio, é
exposto o grupo 5, representado pelas carnes e pelos ovos. A indicação é de que haja de 1 a 2 porções/dia. Já do lado direito, tem-se o
grupo 6, o das leguminosas (1 porção/dia). No topo da pirâmide ou no quarto nível, são apresentados os alimentos energéticos extras:
ao lado esquerdo, está o grupo 07, referente aos óleos e às gorduras, com indicativo de 1 a 2 porções ao dia. Já em relação ao grupo
08, presente no lado direito, referente aos açúcares e aos doces, é indicado o consumo de 1 porção ao dia.
Vamos conhecer um pouco mais a pirâmide apresentada e a disposição dos grupos alimentares? Afinal,
é por meio desse ótimo instrumento que, como nutricionistas, nos fundamentamos para explicar os
hábitos alimentares saudáveis à população.
Organização dos grupos alimentares
• Grupo 01 (cereais e carboidratos): grupo composto por alimentos energéticos, ou seja, car-
boidratos. Como fontes alimentares, temos os cereais (milho, trigo, cevada, arroz, pães, massas,
batata e mandioca), os cereais integrais (aveia, psyllium, granola, quinoa, arroz e pão), as massas
integrais, dentre outros. Esse grupo compõe a base da pirâmide, portanto, é essencial em nossa
rotina alimentar diária e carrega a maior recomendação de porções ao longo do dia, visto que
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UNICESUMAR
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UNIDADE 2
Agora, conheceremos ainda mais alguns conceitos importantes para que você consiga compreender
como são classificados alguns alimentos ou produtos alimentícios que encontramos no mercado e que
fazem parte do nosso cotidiano.
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UNICESUMAR
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UNIDADE 2
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UNICESUMAR
A B
Alimento in natura Alimento minimamente processado
C D
Alimento processado Alimento ultraprocessado
Figura 4 (a) - Alimento in natura: laranja inteira (a); Alimento minimamente proces-
sado: laranja fatiada (b); Alimento processado: laranja desidratada (c) e Alimento
ultraprocessado: refrigerante de laranja (d) / Fonte: a autora.
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UNIDADE 2
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UNIDADE 2
devido à variedade de grupos alimentares que as compõem. Nos exemplos, foram utilizados alimentos
do grupo dos carboidratos, como arroz, purê de mandioquinha, batatas assadas e arroz integral: eles
devem compor em torno de 25% do prato. Já no grupo de proteínas, temos as de origem vegetal, como
o feijão, a ervilha e o grão de bico, e as de origem animal, como as carnes e os ovos, que também devem
compor 25% do prato. Por fim, o grupo de alimentos reguladores é composto pelas saladas (legumes e
verduras) variadas e coloridas. Orientamos que o consumo seja de, pelo menos, 50% do prato.
(carne de boi, frango, porco, peixe ou ovos)
25%
50% (feijão, grão de bico,
soja ou lentilha)
25%
de preferência integral
Descrição da Imagem: a figura apresenta uma imagem que contém um prato com alimentos. No lado direito superior, ocupando um
quarto do prato, está um bife de boi acebolado e grãos de feijão cozidos, com os dizeres: “25% proteínas: proteína animal (carne de
boi, frango, porco, peixe ou ovos) / proteína vegetal (feijão, grão de bico, soja ou lentilha) ”. No lado direito inferior, ocupando outro
um quarto do prato, estão grãos de arroz, com os dizeres: “25% carboidratos: de preferência integral”. No lado esquerdo, ocupando
metade do prato, estão dois tomates cerejas, metade de um ovo e folhas de alface. Além disso, há os seguintes dizeres “50% vegetais:
crus e cozidos”.
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UNICESUMAR
Nesta unidade, compreendemos que os alimentos são compostos por macro e micronutrientes, e que,
a partir dessa composição, são atribuídas as diferentes classificações: alimentos reguladores, constru-
tores ou energéticos. Além disso, os alimentos podem conter diferentes compostos bioativos, o que
lhes conferem propriedades benéficas à saúde. Ademais, sustentamos que os alimentos in natura ou
minimamente processados são os que devem compor a maior parte de nossa alimentação, pois não
passam pelo processo de industrialização e pelo incremento de diversos tipos de aditivos alimenta-
res, assim como ocorre nos alimentos ultraprocessados. Por fim, conhecemos a pirâmide alimentar
brasileira, um guia incrível e muito utilizado por nutricionistas para realizar as atividades voltadas à
educação nutricional com a população.
A partir das orientações presentes nesta unidade, é possível compor refeições completas e nutritivas
ao longo do dia. Para isso, basta compreender os diferentes grupos alimentares e a importância de cada
um. Todo esse conhecimento adquirido pode ser aplicado, seja em uma Unidade de Alimentação e
Nutrição (UAN), seja a partir de palestras aos colaboradores sobre alimentação saudável, seja na área
clínica hospitalar e ambulatorial, seja na área de saúde coletiva, realizando uma atividade que envolva
a educação nutricional com crianças e idosos. O tema estudado é a base que fundamentará toda a sua
prática como nutricionista. Portanto, o estude bastante e siga em frente, pois o seu sonho de se tornar
um profissional da área da nutrição está cada vez mais próximo de ser concluído.
68
Nesse momento, para que você consiga fixar todo o conteúdo aprendido e visualizar a relação
entre os temas abordados de forma simples e objetiva, elabore um mapa mental, que se trata
de uma ferramenta que simplifica e seleciona o que é mais relevante a partir de uma represen-
tação visual de conceitos e ideias. Assim, você consegue organizá-las a partir da área central de
estudo, a qual promove a ramificação de temas menores e a elaboração de palavras-chave que
os representam.
Agora é a sua vez! Apanhe uma folha de sulfite e elabore o seu mapa mental utilizando como
tema central a palavra “alimentos”. Como subtemas, utilize as palavras: nutrientes, compostos
bioativos, grupos alimentares, classificação conforme processamento e composição de refeições.
Depois, adicione palavras-chave que se associam a cada subtema mencionado. Você também
pode utilizar o seguinte site para elaborar o seu mapa mental: https://www.goconqr.com/.
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1. Estudo de caso: Imagine a seguinte condição hipotética descrita e responda com base
em seus conhecimentos adquiridos sobre a composição saudável das refeições e os
conceitos de alimentos in natura, processados e ultraprocessados.
Você é um nutricionista clínico e recebeu em seu consultório uma paciente que possui
o objetivo de melhorar seus hábitos alimentares. Ela se chama Vera, tem 24 anos e
possui um Índice de Massa Corporal (IMC), que considera o peso dividido pela altura,
de 27 kg/m2, com classificação de sobrepeso. Ela relatou os hábitos alimentares diários
dela, para que você pudesse analisá-los e sugerir algumas substituições mais saudáveis
para o consumo de determinados alimentos. Para dar início às suas orientações sobre
cada refeição, você observou primeiramente o café da manhã relatado pela paciente.
Café da manhã
Iogurte sabor salada de frutas 1 unidade de 200g
Cereal matinal industrializado e adoçado 5 colheres de sopa adicionado ao iogurte
Leite condensado 1 colher de sopa junto ao iogurte
Barrinha de cereal sabor chocolate com
1 unidade comercial
morango
Fonte: a autora.
Diante da análise do café da manhã de sua paciente, quais seriam as sugestões que você
daria enquanto substituições mais saudáveis para os alimentos citados? Descreva-as.
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3. A classificação dos alimentos em construtores, reguladores e energéticos se dá de acor-
do com a prevalência de determinado nutriente em sua composição, o qual apresenta
determinadas funções em nosso organismo.
A respeito dos alimentos, de seu papel e das fontes alimentares, analise as afirmativas
a seguir.
I) Alimentos construtores são fontes de proteína e atuam como cofatores de enzimas
para realizar as reações metabólicas.
II) Alimentos energéticos possuem em sua composição principalmente carboidratos e
gorduras. Além disso, apresentam a construção dos anticorpos do sistema imuno-
lógico como principal função.
III) Alimentos reguladores têm vitaminas e minerais em sua composição. Eles regulam
diversos processos metabólicos e a deficiência ou o excesso desses nutrientes pode
ser prejudicial.
IV) Alimentos construtores, como a carne, o leite e os ovos, são fontes de proteínas de
alto valor biológico, pois apresentam os aminoácidos essenciais em sua composição.
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72
3
Compreensão das
diversas formas de
relações humanas e
de alimentação
Dra. Maria Fernanda Francelin Carvalho
74
UNIDADE 3
A partir do exemplo apresentado, argumente a respeito das vantagens e das desvantagens de seu pa-
ciente seguir o tipo de dieta proposto e se é compensável abandonar a alimentação que ele costuma
fazer. Anote as respostas e avalie os embasamentos que estão fundamentados nas escolhas dele. Depois,
pense em sua ação e anote as suas percepções e conclusões.
DIÁRIO DE BORDO
75
UNICESUMAR
Comer é muito mais que nutrir. Alimentar é um ato tão importante e, geralmente,
vem embarcado de significados. Ao longo da história, ele sempre esteve incluso em
um ato coletivo, dando, inclusive, a origem aos processos de socialização. A partir do
momento em que os povos passaram a conviver e, portanto, necessitavam da caça
para a sua sobrevivência, o ato de saborear o alimento conseguido era de extrema
importância, pois eles não sabiam quando esse ato se repetiria. Para tanto, os homens
passaram a desenvolver utensílios que trouxeram identidades culturais.
Outro aspecto importante da história da alimentação e, consequentemente, da for-
mação da sociedade foi o advento da descoberta e o domínio do fogo, trazendo consigo
novas possibilidades no processo da culinária (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001).
A partir de então, podemos dizer que o ato de comensalidade repassa às civilizações
a atribuição de sentidos durante o ato da partilha, o que, inclusive, sofreu alteração no
decorrer do tempo. Esse ato define regras ao processo de organização e às identidades
hierárquicas das sociedades. Alguns povos originários da Índia, por exemplo, não
permitem que crianças participem da mesa de refeições. Outro aspecto importante
desse processo é o desenvolvimento das relações entre as pessoas que constituem o
grupo, estabelecendo, inclusive, limites, afinal, há aqueles que têm prioridades nas
mais diversas faces, tanto nas sociais quanto nas políticas ou religiosas.
Todos os símbolos que envolvem o ato de se alimentar diferenciaram as culturas
humanas, principalmente em cunhos políticos e em religiosos, que são os que mais se
envolveram com os processos alimentares. Além dos símbolos, os costumes alimentares
têm a capacidade de nos revelar outras características típicas de cada cultura, podendo
refletir diretamente nas capacidades produtivas que a região habitada tem, na capacida-
de de manuseio e de transformação desses alimentos, no desempenho em transportar
esses produtos com as necessidades exigidas, além da classificação das comidas em
de “necessidade básica” e em “luxo” ou “supérfluas”. Todavia, independentemente de
qualquer costume, a alimentação foi, é e sempre será um item básico de sobrevivência.
76
UNIDADE 3
Descrição da Imagem: a figura apresenta um mapa das viagens de Cristóvão Colombo. O mapa apresenta as
rotas marcadas das quatro viagens de Colombo em um fundo azul decorado com uma bússola. Além disso,
apresenta o continente americano à esquerda e o africano à direita. Assim, há uma rota em vermelho, que
representa as viagens feitas no período de 1492 a 1493, uma rota em preto, que representa as viagens reali-
zadas no período de 1493 a 1496, uma rota em amarelo, que representa o período de 1498 a 1500 e, por fim,
uma rota em verde, a qual representa o período de 1502 a 1504.
77
UNICESUMAR
Outro fator importante e que determinou fortemente as características alimentares é a identidade religiosa
de cada povo. Podemos citar os judeus, que, devido a sua crença, são impedidos de se alimentar de carne
suína. Para os hinduístas, o aspecto central é não ingerir alimentos de origem animal, ou seja, propagam o
vegetarianismo. Já os cristãos carregam o simbolismo em torno da santa ceia, usando, como representantes,
o pão e o vinho. Na Bíblia, também é possível identificar a alimentação representada pelo fruto proibido.
Também não podemos deixar de lado a cultura do Oriente, que teve advento com o saquê do arroz e,
nas Américas, com as chichas de milho. Para os árabes, temos os destilados. Eles se difundiram pelos
monastérios europeus e só se tornaram produtos de grande difusão a partir dos destilados de cereais
e de vinho. Em relação às colônias das regiões colonizadas posteriormente, cabem os derivados alcoó-
licos provenientes da cana-de-açúcar, como o rum e a aguardente, que foram peças fundamentais no
sistema das plantações e no tráfico de pessoas escravizadas.
78
UNIDADE 3
O ato de comer é, antes de tudo, uma ação de resposta cognitiva. Afinal, sentimos
o gosto dos alimentos. Inclusive, foi em detrimento dessa característica que Charles
Fourier, escritor do século XIX, chegou a propor que fosse usado o termo gastro-
sofia, ao contrário de gastronomia, considerando que essa experiência traz o saber,
o conhecimento sobre o alimento. As palavras “sabor” e “saber” carregam a mesma
origem: ambas são derivadas do latim,“Sapere”, que significa “ter gosto”,“sentir o gosto”.
A visão de saúde também é comumente ligada ao processo de se alimentar. Quem
não ouviu dos pais ou avós: “comer para crescer e ficar forte”? Afinal, o senso his-
tórico demonstrou que a escassez ou a abundância de alimentos poderiam colocar
a sobrevivência das pessoas em risco. No entanto, isso também está ligado ao tipo
de dieta que é consumida, e não apenas a quantidade que é ingerida. Além desses
aspectos, ainda ressaltamos a importância de avaliar a quem se destina a alimentação,
ou seja, o gênero e a faixa etária, tendo em vista que esse é um fator importante ao
relacionarmos a alimentação à saúde.
Diante de tantas variedades e simbologias, podemos considerar que o alimento é
o principal paradigma que controla a moral dos povos e das populações. Isso foi um
grande aprendizado, pois as pessoas passaram a se preocupar com os sentimentos
com que o alimento trazia, desde o choro do bebê para obter o leite materno, até as
regras de horários e as quantidades e a qualidade dos alimentos que devem ser con-
sumidos. Esse foi o princípio do disciplinamento alimentar.
Posteriormente, esse disciplinamento trouxe para as populações a questão do
autocontrole na busca pelo caminho do meio, ou seja, a falta de exagero e a falta de
escassez de alimentos. Dados de junho de 2021 da Organização das Nações Unidas
(ONU, 2021) sustentam que 41 milhões de pessoas estão próximas de viverem em
situação de fome. Portanto, o desequilíbrio na distribuição e na qualidade dos ali-
mentos produzidos no mundo escancara o aumento da miséria alimentar e de outras
doenças, pois a falta de possibilidade de fazer uma alimentação, considerando uma
visão sobre a alimentação justa e adequada, dentro de extremos, passa a ser conside-
rada patologia a ser tratada clinicamente por médicos, como a bulimia.
Além desse tipo de relação com o alimento, podemos falar a respeito do desejo
exacerbado do homem por certos tipos de alimentos. Diante disso, o mercado trabalha
na construção de campanhas publicitárias sedutoras, em um sistemático mecanismo
de suscitar o desejo do cliente. Essas campanhas se tornam tão bem-sucedidas que
nos tornam viciados em certas marcas, especialmente voltadas às comidas, às bebidas
e ao vestuário. Para a ciência, esse mecanismo é um dos grandes responsáveis por
refletir o crescimento da obesidade, dos problemas cardiovasculares, das diabetes e
tantas outras doenças causadas por vícios alimentares. O sistema de saúde vem sendo
constantemente sobrecarregado por esses comportamentos, sendo uma das princi-
pais chaves para a compreensão da natureza dos problemas sociais de nossa época.
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UNICESUMAR
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UNIDADE 3
Pudemos observar até aqui o quanto a alimentação interferiu nas Além disso, há a evolução
características das civilizações, pois as refeições e as formas de consumo tecnológica, que proporcionou
trouxeram as características da sociedade atual, que continua sofrendo a facilidade de transporte e a in-
evoluções. O processo de se alimentar é parte fundamental do dia a dustrialização dos alimentos, a
dia das pessoas e interfere diretamente na saúde do corpo e da mente. fim de propiciar o aumento da
É perceptível que pessoas com escolhas alimentares corretas conquis- durabilidade ou da validade dos
tam um nível de saúde mais elevado, pois se alimentam com comidas alimentos na prateleira. Podemos,
mais saudáveis, convivem com os seus próximos e aproveitam esse portanto, considerar o exposto
momento para terem um descanso da mente. Nós, como nutricionistas, como a máxima expressão do
temos como missão compreender eticamente a história e a origem de paradoxo que envolve alimentos,
nossos pacientes, com o intuito de respeitar o que o levou até ao nosso oriundo de uma indústria basea-
consultório e, assim, atendê-lo de forma satisfatória, respeitando suas da em gorduras de animais, carne,
crenças e suas vontades. carboidratos e açúcares.
Não devemos nos atentar apenas à refeição, pois o aumento de Consideramos “alimentos
volume de consumo também afeta o meio ambiente, que sofre com modernos” aqueles que foram
o crescimento das áreas plantadas, além do aumento da criação de difundidos pelo mundo duran-
animais para abate. Contudo, isso não significa diretamente maior te as navegações, consideradas a
acessibilidade ou maior segurança alimentar para a população de forma primeira globalização, as quais
geral, mas um aumento da utilização do meio ambiente. Se trabalha- levaram especiarias, álcool e be-
do de forma incorreta, pode trazer trágicas consequências. Portanto, bidas, como café e chás, além do
conhecer a origem dos alimentos é de grande valor nos dias atuais e açúcar, a terras longínquas. Não
será cada vez mais. havia apenas produtos processa-
Nossa maior estranheza deve estar com os olhos voltados direta- dos, mas também ocorria o trans-
mente para o aumento da fome, mesmo diante do quadro de cresci- porte de vegetais e de animais
mento da produção de alimentos, o que corrobora com a conclusão para terras que distantes, como
sobre a insegurança alimentar mundial. Estamos vivendo um momento o trigo, o arroz e o tomate.
em que há um número extremamente elevado de pobreza nutricional Toda a história apresentada
e desnutrição, ao mesmo tempo em que nossos números de produção foi observada por arqueólogos,
de alimentos são os maiores já tidos na história. que identificaram objetos de ma-
nuseio e diversas provas sobre os
hábitos e as práticas alimentares.
Os livros de receitas também po-
dem ser citados como fonte de
registro, visto que trazem consigo
interiores com sabedoria empíri-
ca, cultura e receitas de famílias
que representam as práticas cul-
turais envoltas sobre o ato de se
alimentar.
81
UNICESUMAR
Considerando o que estudamos até o momento, você consegue identificar o que já aconteceu
no seu dia a dia e está relacionado à alimentação? Consegue identificar as sensações causadas
por alimentos, tanto as de prazer quanto as de desconforto? Consegue perceber o quanto esse
assunto é comum na vida das pessoas e que o nosso trabalho atua diretamente nas emoções?
Seja diferenciado(a)! Como nutricionista, tenha empatia!
82
UNIDADE 3
Nos dias atuais, podemos, inclusive, encontrar termos que buscam compreender o comporta-
mento alimentar como epidemia da obesidade (GARD; WRIGHT, 2005). Isso leva os cientistas a
buscarem dados e a criarem modelos explicativos, a fim de delinear ou até mesmo compreender e
prever os comportamentos alimentares. Partindo desse fenômeno atual, podemos concluir que o
nutricionista não atua unicamente no ato de estudar e preparar pratos e receitas: a atuação é mais
abrangente e o conhecimento histórico da relação do homem com a alimentação é importante.
83
UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a figura apresenta duas imagens ilustrativas: uma do estômago, que simboliza a ingestão
energética dos nutrientes, e outra do cérebro, que representa a ingestão psicológica dos alimentos.
84
UNIDADE 3
“
O comportamento alimentar implica uma ideia que pode ser pro-
fundamente específica de um modo de se alimentar, mas não tem
uma preocupação com a duração da ação como a de hábito. Traduz
uma prática sem a pretensão de situá-la no tempo, e dessa forma
não expressa um processo contínuo, porque não tem a obrigação
de relacionar um momento a outro - que se segue, o que não ocorre
com a ideia de hábito alimentar (CARVALHO, 2012, p. 431-432).
Desse modo, os profissionais da área têm o desafio de identificar o limiar entre a patologia
e o costume, pois aquilo que pode ser compulsivo se diferencia daquilo que é momen-
tâneo e, assim, a tratativa pode se tornar distinta. Além disso, essa avaliação diferencia as
influências da visão de nutrição expressa sobre uma dieta. Pode ser proposto um tipo de
alimentação do qual se espera um comportamento, mas ele não ocorre devido ao estilo
de vida do paciente. Portanto, a dieta pode não estar apropriada ao comportamento
alimentar dentro das possibilidades do estilo de vida de cada um (CARVALHO, 2012).
85
UNICESUMAR
Agora, tentaremos entender a temática a partir dos estudos de Freitas et al. (2012), que definem o
hábito alimentar relacionado à percepção de que a comida tem um determinado contexto social. Em
outras palavras, o sentimento que nos faz desejar sem-
pre as refeições consideradas completas no almoço e no
jantar, ao contrário de um lanche, é um comportamento
adquirido a partir da repetição da experiência de cada
indivíduo ao longo da sua vida, incluindo o crescimento
e a convivência com os familiares.
Vale lembrar que, para o hábito, há uma subjeti-
vidade em relação à percepção racional da alimenta-
ção, ou seja, a escolha pode, inclusive, não ser inten-
cional, mas está sempre voltada àquilo que estamos
acostumados. Há símbolos que refletem a realidade
e os costumes trazidos da infância, o que abrange a
convivência com os indivíduos ao redor e podem ser
adquiridos ao longo da vida. Esses hábitos e compor-
tamentos podem ser parecidos e, ao mesmo tempo, ter
diferenças de sentido. Como grande exemplo, pode-
mos citar o desenho Popeye, uma vez que, na época,
foi muito comum relacionar o consumo de espinafre
à saúde e à força. Muitas mães adicionaram esse ele-
mento à rotina alimentar de seus filhos, supondo que
ele trouxesse grandes vantagens de consumo.
De certa forma, é possível considerar que o comportamento e os hábitos são sentimentos relacio-
nados e, consequentemente, interligados às experiências vividas na infância. Entretanto, os comporta-
mentos estão vinculados às experiências individuais e inevitavelmente correspondem ao local social em
que a pessoa está inserida. Seres humanos por natureza convivem em sociedade e o comportamento
de cada indivíduo mostra o quanto ele faz parte, ou não, de um grupo. Já o hábito corresponde ao ato
da repetição do comportamento do cotidiano e, devido à sua característica contínua, traz uma gama
de significados que o mantém em seu grupo de convívio.
Sandra Simone Morais Pacheco (2008) tenta explicar a diferença e a relação entre comportamento
e hábito alimentar. Para exemplificar o pensamento da autora, leia o excerto a seguir:
“
A criança cresce em um ambiente familiar que tem um comportamento alimentar
definido, que se repete dia após dia e ao qual ela se adapta. [...] ao sair do convívio ba-
sicamente familiar e penetrar no contexto escolar, o indivíduo experimentará outros
alimentos e preparações e terá oportunidade de promover alterações nos seus hábitos
alimentares (PACHECO, 2008, p. 221).
86
UNIDADE 3
87
UNICESUMAR
Infelizmente, as informações difundidas são rasas e a população em geral tem pouco ou nenhum
conhecimento a respeito dos nutrientes e as composições dos alimentos, além das suas consequências
no organismo. Um grande exemplo foi o consumo do glúten, que, por muito tempo, foi considerado
prejudicial, quando, na realidade, só é prejudicial àqueles que possuem alguma enfermidade relacio-
nada, como os celíacos e os alérgicos.
Outra face desses problemas está sobre os indivíduos que praticam algumas dietas e acreditam em
seus poderes milagrosos. Quando eles são impedidos de darem seguimento, entram em um processo
de relação e culpa ao consumo de alimentos fora do permitido, trazendo consigo outras patologias
alimentares, como transtornos bulímicos.
Diante disso, é visível o quanto a alimentação se correlaciona diretamente com o nosso dia a dia, e
não apenas com o nutrir do nosso corpo. Ela é capaz de tirar ou dar prazer e de nos socializar ou nos
afastar. Portanto, a alimentação é uma parte importante da nossa vida e devemos cuidar desse
processo para que ele seja prazeroso agradável e eficiente, trazendo saúde para
o corpo e mente (BRATMAN; KNIGHT, 2004; POULAIN, 2009).
Neste momento, avançamos para a psicologia aplicada aos trans-
tornos alimentares, ou seja, aqueles comportamentos tidos como
anormais em relação à comida. São exemplos, a anorexia e as com-
pulsões alimentares que levam às condições de sobrepeso. Com elas,
a pessoa pode, inclusive, perder a capacidade de locomoção. Nossa
proposta é compreender e diferenciar os comportamentos e os hábi-
tos como patologias ou apenas uma forma de sobreviver. Para alguns
autores, o manejo psicológico de comportamentos patológicos visa
à promoção de hábitos saudáveis dentro do campo de alimentação.
De modo geral, percebemos que as dietas que levam aos
transtornos alimentares, em sua grande parte, são veicula-
das pela mídia, que possui um grande papel de influência
na vida das famílias, ao impor padrões, principalmente de
beleza, incluindo o culto a corpos perfeitos.
As dietas restritivas são o maior aspecto de des-
taque. Estudos mostram que elas estão diretamente
ligadas aos transtornos alimentares e às compulsões, pois
todas as dietas prometem resultados rápidos que nem sempre
acontecem ou, quando ocorrem, não são duradouros. O que é duradouro
nessas dietas são os desequilíbrios hormonais e metabólicos, responsáveis pelo balanço energético
desajustados que causam desordem no organismo. Eles geram algumas patologias, como ansiedade,
obsessão por comida, aumento de fome, diminuição da autoestima e ganho de peso desacerbado após
o término da dieta. Considera-se que a compulsão alimentar é sempre acompanhada da alteração
da saúde mental do indivíduo que a pratica, pois o organismo busca mecanismos que possam trazer
compensações ao sofrimento causado ao corpo devido à restrição de certos nutrientes.
88
UNIDADE 3
Edgard Morin (2010, 2011), em seus estudos, tentou simplificar esse pensamento complexo ten-
tando romper paradigmas, a fim de transpor a uma razão lógica. O autor entende que a complexidade
emerge justamente dos pensamentos simplificadores, que se contradizem na construção dos princípios
científicos clássicos. A falta de conhecimento da população e o grande número de informações irreais
corroboram para dificultar esse processo, uma vez que muito se diz sem embasamento e a grande po-
pulação, muitas vezes, não tem conhecimento necessário para discernir entre o real e o irreal e, assim,
criar um senso crítico criterioso para a assimilação dos processos e das informações.
Ainda para Morin (2010, 2011), uma solução para os problemas não seria na simplificação na desco-
berta de uma única verdade sobre o campo do saber, mas na pronta potencialização das incoerências,
munindo as pessoas de informação e de senso crítico para que elas pudessem por si só compreender
o que é certo e errado dentro desse campo.
Uma forma de disseminar conhecimento corretamente seria utilizar a Política Nacional de Ali-
mentação para que as problemáticas do tema fossem tratadas de forma clara. Os problemas rela-
cionados aos transtornos alimentares e à obesidade passariam a estar ligados aos comportamentos
alimentares da população, mostrando as reais consequências da alimentação inadequada, impactando,
inclusive, dentro do sistema de saúde e, consequentemente, na qualidade de vida.
Alguns estudos mostram que a melhor forma de atuar no campo da alimentação seria abordar
os conceitos de forma didática, trazendo as condições do campo científico e dados estatísticos em
relação aos transtornos alimentares da população em geral. Há a possibilidade de trabalhar em re-
giões específicas, mostrando as diferenças regionais de acordo com os hábitos e os comportamentos
alimentares de cada um, comprovando, assim, a eficiência e a diferenciação entre elas. Essa seria uma
forma de tratar, intervir e prevenir problemas maiores relacionados aos transtornos patológicos (VAZ;
BENNEMANN, 2014).
Em nosso país, temos o Guia Alimentar para a População Brasileira, material disponível gratuito
para qualquer cidadão. Nele, são colocadas práticas e políticas que norteiam o campo da nutrição, cons-
tituindo um próprio guia importante enquanto instrumento de educação para orientação da prática
nutricional. No entanto, neste guia, não há ênfase para os comportamentos alimentares patológicos,
apesar de seu tema estar relacionado (BRASIL, 2014).
89
UNICESUMAR
“
Quando um comportamento tem um tipo de consequência chamada reforço,
há maior probabilidade dele ocorrer novamente. Um reforçador positivo
fortalece qualquer comportamento que o produza: um copo d’água é positi-
vamente reforçador quando temos sede e, se então enchemos e bebemos um
copo d’água, é mais provável que voltemos a fazê-lo em ocasiões semelhantes.
Um reforçador negativo revigora qualquer comportamento que o reduza
ou o faça cessar: quando tiramos um sapato que está apertado a redução
do aperto é negativamente reforçadora e aumenta a probabilidade de que
ajamos assim quando um sapato estiver apertado (SKINNER, 1982, p. 43).
90
UNIDADE 3
91
UNICESUMAR
92
UNIDADE 3
Como você se sente para atuar com pacientes que possuem compulsões alimentares?
93
Nesse exercício de pensamento crítico, sugiro que você produza um mapa mental/conceitual le-
vando em consideração as suas impressões e as ideias apreendidas durante esta unidade. Agora
que você já conhece o quanto a alimentação tem um impacto psicológico na vida de cada um,
como profissional, ficaria mais a vontade de atender a sua paciente crudívora? Acredito que sim,
pois o padrão de alimentação dela está além da necessidade de nutrir o corpo e a mente. Assim,
caso você, como nutricionista, após verificar nos exames que o paciente estaria com alguma de-
ficiência nutricional, ao invés de forçá-la a sair de sua dieta, busque apoiá-la psicologicamente,
para que, juntas, encontrem uma solução que a atenda de forma comum, sem ferir as crenças
que ela traz. Partindo dos conceitos de alimento, sentimento e história, construa o seu mapa,
elencando as palavras-chave elaboradas por você, uma vez que, dessa forma, será capaz de vi-
sualizar e sintetizar melhor todo o conteúdo.
94
1. Em nossa unidade percebemos que os hábitos alimentares são inúmeros dentro dos
campos da alimentação e da nutrição. Podemos, inclusive, dizer que os comportamentos
são considerados eventos controláveis e cuja repetição altera o hábito. A Antropologia
da Nutrição é a ciência que faz o estudo aprofundado sobre os comportamentos ali-
mentares e seu conhecimento é importante para a atuação profissional do nutricionista.
A respeito da temática exposta no enunciado, assinale a alternativa que faz a correspon-
dência correta entre a ciência e seu estudo:
a) Simbolismo da alimentação constitui hábitos alimentares e classes sociais. Dieta e
“modus vivendi”.
b) Alimentação e processos de interação social são as dietas e os exercícios. Engenharia
nutricional, transgênicos e seu impacto na alimentação hodierna.
c) Alimentação e saúde física são as dietas e os exercícios. Engenharia nutricional, trans-
gênicos e seu impacto na alimentação hodierna.
d) Alimentação e saúde física são as comidas e a cultura popular. Mitos alimentares.
e) Alimentação e processos de interação social são as comidas e a cultura popular. Mitos
alimentares.
95
3. A alimentação humana percorreu um caminho histórico que nos trouxe até os momen-
tos atuais, sempre tendo lugar de destaque no processo de evolução das civilizações,
considerado um momento sagrado e importante para muitos povos e culturas.
O ato de se alimentar tem e sempre teve importância no desenvolvimento das sociedades.
Sobre esse tema, analise as afirmativas a seguir:
I) A comensalidade, descrita pelo ato de comer juntos, pode ser considerada uma
forma de começar uma relação ou de mantê-la.
II) Ao mesmo tempo em que a refeição satisfaz uma necessidade humana essencial, ela
é fator fundamental no desenvolvimento da identidade cultural de uma sociedade.
III) Para os animais, o ato de comer não passa pelo processo de escolha e preparo. A
ação de escolher e preparar os alimentos difere o comportamento do homem do
comportamento dos outros animais.
IV) A sociedade humana tem por característica imprimir significados e simbologias aos
hábitos alimentares.
V) A qualidade e a quantidade de alimentos se distinguem nas diferentes camadas
sociais.
a) I, II, III, IV e V.
b) I, II, III e IV.
c) II, III e V.
d) III, IV e V.
e) IV e V.
96
4
As diferentes
áreas de atuação
do profissional da
nutrição
Esp. Raissa Ferreira do Prado Pimenta Borrasca
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UNIDADE 4
DIÁRIO DE BORDO
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UNICESUMAR
A transição demográfica no Brasil é marcada pela redução da taxa de fecundidade, suave de-
clínio na mortalidade e maior envelhecimento da população brasileira, o que, consequentemente,
contribui para indicadores positivos de melhora na expectativa de vida da população (BATISTA
FILHO; RISSIN, 2003; SCHRAMM et al., 2004).
Já a transição epidemiológica se relaciona com a redução da incidência de doenças transmis-
síveis ou infecciosas, com o aumento concomitante das Doenças Crônicas Não Transmissíveis
(DCNT), como obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e neoplasias (CESSE, 2007). Essa
transição apresenta grande relação com a transição demográfica, pois na medida em que a popu-
lação apresenta uma expectativa de vida prolongada, ela possui maiores chances de desenvolver
DCNT decorrentes dos seus hábitos diários ao longo da vida, como o sedentarismo, más escolhas
alimentares e exposição a compostos tóxicos e prejudiciais à saúde. Desse modo, também fica su-
bentendido que houve uma mudança do padrão de mortalidade, para morbidade, conceito esse,
associado a propensão de determinados indivíduos a desenvolverem doenças.
100
UNIDADE 4
Segundo Barros et al. (2019), a transição nutricional se relaciona com a mudança nos hábitos alimenta-
res da população ao longo dos anos. Também está associada às mudanças epidemiológicas, demográficas,
sociais e ao processo de urbanização. Além disso, refere-se à redução da ocorrência de desnutrição para
o aumento de prevalência de obesidade e de excesso de peso, favorecendo o aumento das DCNT. Entre-
tanto, no Brasil, a transição nutricional é marcada por um paradoxo, visto que temos a concomitância das
carências nutricionais, principalmente anemia, por deficiência de ferro, e obesidade nos mesmos cenários
e grupos populacionais.
Diante desse cenário, fica evidente a importância do nutricionista, que tem como objetivo a promoção
da saúde a partir da realização de pesquisas, programas e atendimento em nutrição, além do cuidado com a
segurança alimentar. O setor público, por exemplo, tem necessitado desse profissional para funções diversas,
incluindo conselheiros de saúde, fiscais sanitários, gestores de programas governamentais e de estratégia
da saúde da família, e coordenador de Unidades de Alimentação e Nutrição em escolas ou empresas. Logo,
compreende-se que a alimentação e a nutrição são prioritárias para as políticas saudáveis, incluindo a se-
gurança alimentar e nutricional. Para isso, a atuação do nutricionista é essencial, a fim de promover a saúde
e a qualidade de vida da população.
Sendo um profissional de saúde, o nutricionista apresenta diversas funções associadas à alimentação
e à nutrição, as quais vêm passando por transformações ao longo do tempo, configurando o mercado de
trabalho que, antes, era caracterizado pelas competências mais tradicionais, mas, atualmente, estende-se
a outras áreas, caracterizando um grande desafio profissional. O surgimento de novas áreas de atuação
para o nutricionista é determinado por alguns fatores, como mudanças estruturais, transição alimentar
e nutricional, demanda do mercado de trabalho e concepção da alimentação como direito humano. Eles
necessitam de uma abordagem diferenciada desse profissional.
De acordo com a Resolução CFN nº 380/2005, para definição e regulamentação da profissão, há o
Conselho Federal de Nutrição (CFN) e o Conselho Regional de Nutrição (CRN). Ambos surgiram a partir
da mobilização de profissionais, estudantes e grupos de nutrição, constituindo um marco para a classe, que
tem um órgão regulamentador e responsável por orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão do
nutricionista e do técnico em nutrição e dietética em todo o território brasileiro. O CFN tem a missão de:
“
Contribuir para a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada e Saudável, norma-
tizando e disciplinando o exercício profissional do Nutricionista e do Técnico em Nutrição
e Dietética, para uma prática pautada na ética e comprometida com a Segurança Alimentar
e Nutricional, em benefício da sociedade (CFN, [2021], on-line)¹.
São evidentes as conquistas que a classe de nutricionistas teve ao longo dos anos. Entretanto, esse profissional
deve estar preparado para os novos desafios que ocorrerão diante do avanço da globalização, que proporá
um novo perfil para a profissão.
101
UNICESUMAR
A Resolução CFN nº 600/2018 define não só as áreas que você, futuro(a) nutricionista, poderá atuar,
mas também as subáreas. Desse modo, podemos conhecer de forma precisa em quais locais o nutri-
cionista poderá atuar, bem como as funções específicas a serem desempenhadas nesses locais.
De acordo com a Resolução CFN nº 600/2018, o nutricionista pode ter suas atividades pautadas
nas seguintes áreas de atuação:
I. Nutrição em Alimentação Coletiva
II. Nutrição Clínica
III. Nutrição em Esportes e Exercício Físico
IV. Nutrição em Saúde Coletiva
V. Nutrição na Cadeia de Produção, na Indústria e no Comércio de Alimentos.
VI. Nutrição no Ensino, na Pesquisa e Extensão
Agora que já sabemos as áreas que o nutricionista pode atuar, falaremos de modo mais específico sobre cada
uma delas, ou seja, as subáreas pertencentes ao grupo, além de expormos as atividades que o profissional
desempenha em cada uma delas e a sua importância. Preparado(a) para essa imersão? Vamos juntos!
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UNIDADE 4
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UNICESUMAR
Diante dos vários aspectos que englobam uma UAN, fica evidente a
necessidade de um profissional devidamente capacitado para gerenciar
os serviços de alimentação e nutrição, que é o nutricionista. Normal-
mente, ele é direcionado à área da saúde, mas as áreas de atuação desse
profissional têm se expandido. Além disso, é ele quem tem todo o res-
paldo científico e conhecimento técnico para atuar no gerenciamento
de uma UAN, exercendo atividades administrativas com a missão de
tornar os funcionários satisfeitos, treinados e parceiros, além de atender
as necessidades do cliente e cumprir as metas financeiras (VAZ, 2011;
ROCHA et al., 2017).
Nesse âmbito, é de extrema importância que o nutricionista tenha
como aliada a liderança sobre a sua equipe, visto que ela se torna
essencial para garantir o melhor desempenho das atividades pelos
colaboradores, respeito, comprometimento com o trabalho, menor
índice de absenteísmo e melhor relação interpessoal dentro da em-
presa. Isso resulta em um ambiente agradável de trabalho, uma vez
que os colaboradores são motivados e confiantes em seu líder, o que
refletirá em ótimos resultados para a empresa (DARIVA; OH, 2013).
O nutricionista de uma UAN exerce tanto atividades adminis-
trativas (funções de planejamento, organização, direção e controle)
quanto atividades técnicas (necessitam de conhecimento prévio)
e operacionais. Dependendo da quantidade de nutricionistas tra-
balhando no local e da distribuição de tarefas, o profissional é en-
carregado de inúmeras funções, dentre elas: definir necessidades
nutricionais dos clientes, estabelecer padrões, planejar cardápios,
analisar índices de rejeitos e sobras, coordenar e supervisionar ações,
e realizar requisições aos fornecedores (TEIXEIRA et al., 2000).
Um dos principais objetivos do nutricionista dentro da UAN,
além de executar suas funções de forma eficaz, é liderar e coor-
denar os colaboradores, a fim de garantir que eles executem as
suas tarefas da melhor maneira possível, buscando assegurar uma
alimentação segura, saudável e nutricionalmente equilibrada, sa-
borosa, atrativa e de qualidade aos clientes (DARIVA; OH, 2013).
Vale ressaltar que a atuação do nutricionista nessa área também
envolve a preocupação com a promoção da saúde e com as con-
dições físicas dos funcionários, e não somente com as questões
administrativas (ROCHA et al., 2017).
Vamos conhecer algumas atribuições específicas e obrigatórias
do profissional nutricionista nesse âmbito?
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UNIDADE 4
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UNICESUMAR
Você sabia que, para definir as atribuições do nutricionista em âmbito escolar, mais pre-
cisamente, na rede pública de ensino, associado ao Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE), existe uma resolução específica do CFN? Trata-se da Resolução CFN nº
465, de 23 de agosto de 2010, que estabelece as atividades obrigatórias do nutricionista
no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Conheça-as a seguir:
• Realizar o diagnóstico e acompanhamento do estado nutricional de crianças,
adolescentes e adultos que participam da Educação de Jovens e Adultos (EJA).
• Estimular a identificação de indivíduos com necessidades nutricionais espe-
cíficas, para que recebam o atendimento adequado no PNAE.
• Planejar, acompanhar e avaliar o cardápio da alimentação escolar com base no
diagnóstico nutricional nas referências nutricionais associadas à adequação de
faixa etária e no respeito aos hábitos e cultura alimentares de cada localidade.
• Usar produtos da agricultura familiar.
• Propor e realizar ações de educação nutricional.
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UNIDADE 4
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UNICESUMAR
Diante das ações expostas, fica evidente a importância do papel do nutricionista, seja
em nível ambulatorial, seja em nível hospitalar, principalmente devido a dois extre-
mos: de um lado, temos as modificações nos padrões de consumo alimentar, o que
apresenta forte impacto na saúde e na qualidade de vida da população, que precisa
de ações de conscientização e educação nutricional para a melhoria de hábitos, a
promoção da saúde e a prevenção de doenças. Por outro lado, temos as consequências
de uma série de fatores, como uma alimentação inadequada, que deixa os indivíduos
enfermos. Eles precisam do auxílio de um profissional nutricionista, visto que uma
boa alimentação pode ser coadjuvante no tratamento de diversas patologias e pode
auxiliar na melhora dos sintomas e na qualidade de vida do paciente.
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UNIDADE 4
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UNICESUMAR
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UNIDADE 4
Você sabia que existe uma Resolução do CFN que regulamenta a prescrição
de fitoterápicos pelo nutricionista?
Trata-se da Resolução CFN nº 680, de 19 de janeiro de 2021. Os dois aspec-
tos mais importantes dessa resolução dizem que o profissional nutricionista
devidamente inscrito no CRN pode prescrever plantas medicinais in natura e
drogas vegetais, na forma de infusão, decocção e maceração em água, mes-
mo sem apresentar certificado de pós-graduação em fitoterapia ou título de
especialista na área.
No entanto, quando a prescrição for diferente de infusão, decocção e maceração
em água, a partir de drogas vegetais em formas farmacêuticas, de medicamen-
tos fitoterápicos e preparações magistrais a base de fitoterápicos, a prescrição
é permitida somente ao nutricionista que possui a habilitação em fitoterapia,
registrado no respectivo CFN, mediante certificado de curso de pós-graduação
lato sensu em nível de especialização em fitoterapia por uma instituição de en-
sino superior credenciada pelo Ministério da Educação ou título de especialista
em fitoterapia ou em nutrição e fitoterapia
Fonte: Brasil (2021).
111
UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a figura apresenta, por meio de seis quadros, as etapas da pega correta do bebe
durante a amamentação. A etapa 1 é representada pelo posicionamento adequado da mama e da aréola. A
etapa 2 apresenta a mãe encostando o mamilo no lábio superior para estimular o bebê a realizar a abertura
da boca para pegar a aréola. A etapa 3 representa o bebê pegando o início da aréola. Na etapa 4, temos a mãe
apontando a aréola no céu da boca do bebê. Na etapa 5, há a continuidade do processo da pega da aréola,
em que o bebê abocanha a aréola com o lábio inferior e o maxilar cobre quase toda a parte inferior. A etapa
6 simboliza que o nariz do bebê fica livre para realizar a respiração normalmente.
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UNIDADE 4
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UNIDADE 4
Como ativi-
dades comple-
mentares, o nu-
tricionista pode
solicitar exames que
complementam a ava-
liação nutricional e pres-
crever suplementos nutricionais e alimen-
tos para fins especiais, quando necessário.
O nutricionista esportivo atua na melhoria
do rendimento e do treinamento, auxiliando na
recuperação de lesões, manutenção e controle do
peso e composição corporal. Além disso, o pro-
fissional especializado em nutrição esportiva é
capaz de compreender os aspectos fisiológicos do
esporte e do metabolismo, além das modalidades
de exercícios para, assim, adequar a alimentação
e a suplementação em cada caso.
Em muitos casos, as necessidades nutricio-
nais de praticantes de atividade física podem
ser alcançadas somente a partir da alimentação,
com um plano alimentar adequado. No entan-
to, a suplementação esportiva pode auxiliar
na melhora do desempenho e na recuperação
pós-treino. Ela também pode ser utilizada nos
pacientes que não conseguem atingir as suas
necessidades nutricionais somente com o plano
alimentar, já que terão o aporte de nutrientes
adequados à atividade física realizada, o gasto
energético identificado e a realização das ava-
liações antropométrica e clínica.
115
UNICESUMAR
Subáreas Segmentos
Gestão das políticas e programas
Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN)
Políticas e
programas Rede socioassistencial
institucionais
Alimentação no Ambiente Escolar (PNAE)
Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) em empresas
Atenção básica Gestão das ações de alimentação e nutrição
em saúde Cuidado nutricional
Gestão da vigilância em saúde
Vigilância em Vigilância sanitária
saúde Vigilância epidemiológica
Fiscalização do exercício profissional
Quadro 7 - Subáreas e seus respectivos segmentos dentro da área de nutrição em saúde coletiva
Fonte: Brasil (2018).
Afinal, quem definiu o nutricionista como RT pelo PNAE? Existe algum critério
para que o profissional consiga exercer essa função?
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UNIDADE 4
Isso que nos demonstra que os hábitos alimentares saudáveis são essenciais em todas
as fases da vida (CERVATO-MANCUSO, 2012). O papel do nutricionista frente à
vigilância sanitária é fundamental para a uma organização, visto que terá a responsa-
bilidade de se integrar à equipe, participando de forma ativa na produção e na revisão
de normas do setor, além de cumprir e fazer cumprir a legislação dentro da empresa.
No entanto, para atuar nessa área, é importante que o profissional esteja sempre
atento às atualizações das normativas que regem suas atividades. Para otimizar ainda
mais os processos operacionais e atender às normas da Anvisa, é possível se especia-
lizar na área de vigilância sanitária, o que propicia melhores resultados.
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UNICESUMAR
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UNIDADE 4
Subárea Segmento
Cadeia de produção de alimentos Extensão rural e produção de alimentos
Pesquisa e desenvolvimento de produtos
Cozinha experimental
Produção
Indústria de alimentos Controle da qualidade
Promoção de produtos
Serviços de atendimento ao consumidor
Assuntos regulatórios
Comércio de alimentos (atacadista Controle de qualidade
e varejista): atividades associadas à Representação
comercialização e à distribuição de
alimentos destinados ao consumo humano Serviço de Atendimento ao Consumidor
Quadro 11 - Subáreas e seus respectivos segmentos dentro da área de nutrição na cadeia de produção,
na indústria e no comércio de alimentos / Fonte: Brasil (2018).
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UNICESUMAR
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UNIDADE 4
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UNICESUMAR
Estamos chegando ao fim dessa imersão relacionada à prática profissional, com a atua-
ção do nutricionista na docência. Ele tem um papel fundamental na disseminação de
conhecimentos associados à nutrição para alunos do curso de graduação em Nutrição
ou de outros cursos de graduação que envolvam a área de alimentação e nutrição. Além
disso, ele pode ministrar palestras, cursos e eventos da área para outros nutricionistas e
profissionais da área da saúde, a fim de fomentar o aperfeiçoamento técnico-científico.
122
UNIDADE 4
Caro(a) aluno(a), você consegue perceber o quanto esta unidade foi enriquecedora
para o seu crescimento como futuro(a) profissional? A partir do conteúdo aprendido,
você terá todo o embasamento teórico sobre a atuação do nutricionista em todas as
possíveis áreas de trabalho. Além disso, você estará mais familiarizado com as áreas
em que poderá trabalhar, o que permite mais facilmente a identificação com uma
área específica. Assim, você já terá um direcionamento de qual emprego buscar após
formado e está ciente das funções a serem desempenhadas.
123
Nesse momento, o que acha de realizar um apanhado das informações que recebeu ao longo
desta unidade em um único papel, utilizando palavras-chave para resumir o conteúdo e diferentes
colorações de canetas para ressaltar os pontos mais importantes? Vamos lá?
Convido-lhe a construir o seu mapa mental. Já fizemos e sabemos que é uma ferramenta preciosa
de estudo, já que pode auxiliar muito no aprendizado e no seu desenvolvimento como futuro(a)
profissional. Deixo três conceitos fundamentais que podem ajudá-lo na elaboração inicial do seu
mapa mental: nutricionista; áreas de atuação; funções básicas.
Uma sugestão de ferramenta gratuita para elaborar o mapa mental é o https://www.goconqr.com/.
124
1. A atuação do nutricionista na área esportiva tem ganhado cada vez mais destaque, dian-
te da crescente preocupação da população em adotar hábitos de vida mais saudáveis,
além da preocupação com a estética corporal e do aumento do número de pessoas
que buscam praticar alguma atividade física ou trabalham participando de competições
voltadas aos esportes. A conscientização da sociedade em relação à importância de ter
um plano alimentar adequado às atividades físicas realizadas, objetivando a melhoria
do desempenho e do resultado, também é um fator contribuinte.
Diante do exposto, analise as proposições a seguir e a relação entre elas.
I) O suplemento ofertado a um praticante de atividade física pode ter a finalidade de
melhorar o desempenho, otimizar a recuperação pós-treino e ofertar nutrientes
necessários à prática do exercício.
PORQUE
II) A suplementação é um fator imprescindível aos praticantes de atividade física. Sua
importância é tão grande que supera a adoção de hábitos alimentares saudáveis.
Assinale a alternativa correta:
a) As asserções I e II são verdadeiras, mas a II não é a justificativa correta da I.
b) As asserções I e II são verdadeiras, e a II é a justificativa correta da I.
c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d) A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira.
e) As asserções I e II são proposições falsas.
125
É correto o que se afirma em:
a) V, V, V, V.
b) V, F, V, V.
c) V, F, V, F.
d) F, F, V, V.
e) F, F, F, F.
126
5
Princípios da Bioética
e da Ética Profissional
Dra Maria Fernanda Francelin Carvalho
Você conhece o caso Schloendorff? Em 1911, uma paciente, a sra. Schoendorff, foi internada com
fortes dores abdominais. Após inúmeras análises, os médicos concordaram em realizar uma cirurgia
para diagnosticar a causa das dores. Sra. Schoendorff autorizou apenas a cirurgia para fins diagnós-
ticos. No decorrer do procedimento, um médico percebeu a presença de um tumor e aproveitou a
oportunidade cirúrgica para retirá-lo.
No entanto, a paciente se lembrou de que não havia autorizado o procedimento da retirada do
tumor. Por isso, o caso foi levado à justiça pela paciente e, em 1914, o juiz estabeleceu uma lei que
diz: “todo ser humano de idade adulta e com plena consciência, tem o direito de decidir o que pode
ser feito no seu próprio corpo” (SILVA et al., 2012). Depois de conhecer a história, você acredita que
o médico, com boas intenções, tenha realizado um procedimento dentro dos parâmetros bioéticos?
O princípio do respeito às pessoas busca não prejudicar, nem causar danos. Sendo assim, intencio-
nalmente, não se pode causar mal e/ou danos às pessoas ou ao meio ambiente, buscando minimizar
os prejuízos. Já o princípio da autonomia busca a liberdade e o poder de escolha das pessoas, além do
respeito a elas. Isso permite que os envolvidos na pesquisa tenham a capacidade de pensar, decidir
e agir de forma livre e independente, já que carregam todas as informações disponíveis para funda-
mentar a escolha.
Em relação à autonomia, em última análise, ela deve preservar os direitos fundamentais do homem
e o pluralismo ético social que existe na atualidade. Portanto, precisa expressar a verdade, respeitar a
privacidade dos outros, proteger informações confidenciais e ter o consentimento das pessoas para
realizar intervenções.
Considere-se um nutricionista atuando na área da docência. Nesse âmbito, você deve fazer expe-
rimentos com pessoas para chegar ao resultado da sua pesquisa. Como você definiria a sua pesquisa?
Na área da nutrição, assim como em muitas outras, diversos tipos de pesquisas podem ser realizados,
incluindo os levantamentos epidemiológico, genético e social, a revisão de prontuários, a aplicação de
questionários, a revisão bibliográfica e as pesquisas experimentais com pessoas e com animais.
DIÁRIO DE BORDO
128
UNIDADE 5
Para iniciarmos a nossa disciplina, é fundamental entendermos o que significa bioética, como ela
foi criada e quais são os seus princípios. A bioética é uma disciplina que busca unir e unificar a ética
com tudo aquilo que está relacionado com a vida. Quando se separa a palavra “bioética”, “bio” está
relacionado a tudo que se refere à vida, enquanto “ética” diz respeito aos princípios e aos preceitos que
estão presentes na sociedade. Existem códigos de condutas éticas para cada ramo profissional e esses
códigos recomendam a maneira de agir de cada profissional perante as suas atuações, limitando-se a
atuar dentro das normas éticas e morais da profissão (COSTA; GARRAFA; OSELKA, 1998).
O termo “bioética” foi criado pelo pesquisador Van Rensselaer Potter na década de 70.
129
UNICESUMAR
O objetivo de Potter era estabelecer um vínculo entre a ciência e a ética. Entretanto, ressaltamos a di-
ferença entre a ética e a moral. “Ética” é o ramo da filosofia responsável pela instigação dos princípios
que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano (“ethos”, do grego). Por
outro lado, a moral (“mos, moris”, do latim) é definida como a ciência que se fundamenta na obediência
às normas, aos costumes ou aos mandamentos culturais hierárquicos ou religiosos. Nesse sentido, a
bioética é o estudo das dimensões morais das ciências da vida e da atenção à saúde, utilizando uma va-
riedade de metodologias éticas em um cenário interdisciplinar (COSTA; GARRAFA; OSELKA, 1998).
BIO (vida) + ETHOS (do grego, significa caráter, costume, hábito)
A bioética é protetora da vida frente aos abusos das pesquisas, uma vez que pretende proteger a vida
frente aos abusos das pesquisas. Preocupa-se com a moralidade e, consequentemente, envolve a hu-
manidade dos mundos vegetal e animal, além de estar relacionada de maneira transdisciplinar com a
biologia, o direito, a ética e a medicina (SERRANO, 2013; CLOTET; FEIJÓ; OLIVEIRA, 2005).
As razões para o surgimento da bioética são decorrentes dos diversos tipos de experimentos abusivos
que incluíam o uso de animais e seres humanos. Além disso, o avanço científico acelerado foi outro
fator, uma vez que tornou insuficiente os referentes éticos tradicionais da época. Diante do progresso
científico, é fácil constatar que os códigos de ética ligados às diferentes profissões não acompanharam
o rápido progresso científico e eram, diversas vezes, insuficientes para julgar os temas polêmicos da
bioética (SERRANO, 2013).
Ainda no viés histórico da bioética, temos, em 1974, no governo e no congresso estadunidense, a
formulação do National Commission for the Protection of Humans Subjects of BIomedical na Beha-
vioral Research. Extremamente conhecido como Relatório de Belmont, ele se deu em decorrência dos
inúmeros escândalos em pesquisas extremamente desumanas e que acarretaram inúmeras mortes.
O relatório apresenta, dentre outras questões, os quatros princípios éticos primordiais e que devem
nortear a pesquisa com seres humanos. São eles: o princípio do respeito às pessoas, o princípio da
beneficência e o princípio da justiça e a autonomia (BELLINO, 2005).
O princípio da beneficência busca realizar o bem e maximizar os benefícios para os seres humanos,
procurando o bem-estar das pessoas. Atende aos interesses das pessoas e evita os danos, agindo de
130
UNIDADE 5
maneira moral para o benefício do outro (BELLINO, 2005; CLOTET; FEIJÓ; OLIVEIRA, 2005). Já o
princípio do respeito às pessoas busca não prejudicar, nem causar danos. Dessa maneira, intencional-
mente, não se pode causar mal e/ou danos às pessoas ou ao meio ambiente, buscando minimizar os
prejuízos (BELLINO, 2005). Por fim, o princípio da autonomia estabelece a busca pela liberdade e pelo
poder de escolha das pessoas, além do respeito a elas. Ela permite que os envolvidos na pesquisa tenham
a capacidade de pensar, decidir e agir de forma livre e independente, tendo em vista que eles carregam
todas as informações disponíveis para fundamentar a sua escolha. A autonomia, em última análise,
deve preservar os direitos fundamentais do homem e o pluralismo ético social que existe na atualidade.
Portanto, precisa dizer a verdade, respeitar a privacidade dos outros, proteger informações confidenciais
e obter o consentimento das pessoas para realizar intervenções (COSTA; GARRAFA; OSELKA, 1998).
Segundo Loch (2002), a autonomia é a capacidade de uma pessoa de decidir ou buscar aquilo que
ela julga ser o melhor para si mesma. No entanto, para que ela possa exercer a autodeterminação,
são imprescindíveis duas condições fundamentais: “a) capacidade para agir intencionalmente, o que
pressupõe compreensão, razão e deliberação para decidir coerentemente entre as alternativas que lhe
são apresentadas; b) liberdade, no sentido de estar livre de qualquer influência controladora para esta
tomada de posição” (LOCH, 2002, p. 3).
Por fim, em relação ao princípio da justiça, há uma frase de Marcos de Almeida (1996, p.
62 apud SHIRATOMI, 2006, p. 9) que o exemplifica bem: “quando há dúvida se o que deve
prevalecer é a beneficência ou o respeito pela autonomia, apela-se para o princípio da justiça”.
Portanto, esse princípio faz alusão ao fato de respeitar o direito de cada um de forma imparcial,
não concedendo privilégios a alguém.
Você sabia que, durante a Segunda Guerra Mundial, houve inúmeros avanços científicos? Não
somente avanços bélicos e tecnológicos, mas também avanços na ciência médica. Foi duran-
te esse período que teve início o uso de penicilina, foi delimitada a possibilidade de separar
componentes sanguíneos, como o plasma e os glóbulos vermelhos, além de ser descoberto o
uso de morfina para ação analgésica.
Entretanto, instigo-lhe a pensar e a pesquisar os custos de certos avanços médicos dessa época.
Relacione esses avanços com o que você aprendeu há pouco. Quão bioéticos foram os pesqui-
sadores no decorrer de seus estudos? Relacione-os com os princípios e as ideologias da época.
Em 2005, ocorreu a 33ª Conferência Geral da UNESCO em Paris. Nela, houve o reconhecimento da
bioética em âmbitos universais, visto que ela foi ratificada por 191 países integrantes das Nações Uni-
das. Contudo, foram discutidas as particularidades da declaração documental da bioética em relação
à individualidade de cada país. A Declaração Universal de Bioética e Direitos Humanos descreve e
define os objetivos, as finalidades, os princípios e a sua aplicação:
131
UNICESUMAR
“
Reconhecendo que questões éticas suscitadas pelos rápidos avanços na ciência e suas
aplicações tecnológicas deveriam ser examinadas com o devido respeito à dignidade
da pessoa humana e respeito universal por, e cumprimento dos direitos humanos e
liberdades fundamentais, Decidindo que é necessário e oportuno para a comunidade
internacional declarar princípios universais que proporcionarão uma base para a res-
posta da humanidade para os sempre-crescentes dilemas e controvérsias que a ciência
e a tecnologia apresentam para a humanidade e para o meio ambiente (UNESCO,
2005, p. 65).
No Brasil, em 1995, houve a criação da Sociedade Brasileira de Bioética (SBB), que tem, como missão
principal, a difusão na bioética pelo Brasil. Além disso, busca:
“
Reunir pessoas de diferentes formações, interessadas em fomentar a discussão e difusão
da Bioética. Estimular a produção de conhecimento em Bioética; promover e assessorar
planos, projetos, pesquisas e atividades na área de Bioética; patrocinar eventos de Bioé-
tica, conforme regulamentos próprios; apoiar e participar de movimentos e atividades
que visem a valorização da Bioética (SBB, 1995 apud RANGEL, 2016, on-line).
Em relação à bioética em pesquisas com seres humanos, as pesquisas realizadas com seres humanos
passaram a ter implicações éticas, legais e sociais somente após a Segunda Guerra Mundial, particu-
larmente, por meio dos julgamentos dos crimes de guerra pelo Tribunal de Nuremberg. A análise em
Nuremberg revelou o desvio de conduta de pesquisadores que, na busca pelos bens da saúde da vida,
deixaram de respeitar esses bens nos sujeitos envolvidos nas pesquisas. Ao fim desse tribunal, médicos
e administradores foram condenados por “assassinatos, torturas e outras atrocidades cometidas em
nome da ciência médica”. Além disso, foram formuladas questões éticas sobre a experimentação em seres
humanos as quais a nova ciência médica se defrontaria cada vez mais (BRAZ et al., [2021], on-line)¹.
Os experimentos realizados pelos médicos visavam desenvolver e testar medicamentos para feri-
mentos e enfermidades, incluindo malária, tifo, tuberculose e hepatite infecciosa, as quais os militares
e a tropa de ocupação alemã encontravam nos campos de batalha. Além disso, existiam as experiências
132
UNIDADE 5
de cunho eugenista, buscando aprofundar os princípios raciais e ideológicos da visão nazista, a fim
de provar uma superioridade ariana. Evidentemente, todos os experimentos resultaram em muitas
mortes, sofrimentos e torturas (SERRANO, 2013).
É importante lembrar que, em outros momentos da história, também tiveram experimentos extre-
mamente antiéticos. Um deles extremamente conhecido é o estudo da sífilis no estado de Alabama,
nos Estados Unidos. Esse é mais um caso de má conduta científica, visto que 399 homens sifilíticos
foram utilizados para observar a progressão natural da sífilis sem o uso de medicamentos e outros 201
indivíduos saudáveis serviram de comparação com os infectados (BELLINO, 2005).
Durante esse estudo, os doentes não haviam sido informados sobre o seu diagnóstico e jamais de-
ram o seu consentimento para participar da experiência. Ao fim do experimento, apenas 74 pacientes
ainda estavam vivos. Não só, mas 40 esposas das cobaias humanas haviam sido infectadas pela doença
e 19 de suas crianças nasceram com sífilis congênita. Os experimentos tiveram início em 1932 e só
foram interrompidos em 1972 a partir de uma denúncia no The New York Times (BELLINO, 2005).
Em 1964, ocorreu a Declaração de Helsinque, a qual uniu o Código de Nuremberg à Declara-
ção de Genebra, feita em 1948). Esse documento é uma das principais referências na maioria das
diretrizes nacionais e internacionais, e defende, em primeiro lugar, que “o bem estar do ser huma-
no deve ter prioridade sobre os interesses da ciência e da sociedade” (FHI, [2021], on-line)². Foi
revisado sete vezes: a última revisão aconteceu em outubro de 2013, durante a Assembleia Geral
da WMA em Fortaleza (BELLINO, 2005).
Agora, falaremos da bioética na pesquisa com os animais. O uso e as descobertas científicas a
partir do uso de animais é algo que ocorre há longa data. É datado que, na época de Aristóteles, em 322
a.C., foram realizados ensaios e comparações entre a anatomia dos animais e dos humanos.
Com o passar dos anos, diversos pensadores tiveram influência direta e indireta no modo como
ocorreram determinados experimentos nos animais. René Descartes (1596-1650), por exemplo, por
acreditar que os animais não tinham alma, defendia a ideia de que não havia possibilidade de eles
sentirem dor. Logo, os cientistas conduziam estudos mais invasivos e experimentais. Por outro lado,
David Hume (1711-1776), acreditava na capacidade de os animais aprenderem com as experiências
vividas e sustentava que os princípios seriam os mesmos em todas as criaturas (SERRANO, 2013).
Em 1789, Jeremy Bentham em seu livro Introduction to the principles of morals and legislation
retomou a ideias existentes na Grécia, lançando a base para a posição atualmente utilizada para a pro-
teção dos animais. O estudioso escreveu: “a questão não é podem eles raciocinar? Ou então, podem
eles falar? Mas, podem eles sofrer?” (GOLDIM; RAIMUNDO, [2021], on-line)³.
William M.S. Russel e Rex L. Burch lançaram, em 1959, o livro The Principles of Humane Ex-
perimental Technique, empregando novos conceitos e possibilidades para o mundo científico. É
apresentado o conceito de substituição, o qual visa alternativas para substituir animais vertebrados
vivos por sistemas experimentais válidos, como bioinformática, organismos inferiores e culturas de
tecidos. O segundo conceito exposto é o de redução, que seria a diminuição do número de animais
via delineamento da pesquisa e planejamento estatístico. Por fim, há o aprimoramento, que se refere à
diminuição da dor, desconforto e sofrimento em qualquer fase da vida do animal (SERRANO, 2013).
133
UNICESUMAR
134
UNIDADE 5
Possivelmente, você deve ter visto nos últimos anos um aumento das discussões a respeito do
uso de animais em cosméticos e outros produtos. Hoje, há os produtos veganos, “cruelty free”
(que significa “sem crueldade”, ou seja, a marca não realizou testes em animais). No entanto, essa
é uma causa antiga, a qual busca a substituição do uso dos animais em testes de cosméticos e,
quando não possível, diminuir ao máximo a quantidade e possibilitar que não haja sofrimento.
Data-se que em 1980, Henry Spira conseguiu realizar um efeito dominó em relação ao assun-
to. Spira denunciou a Indústria de Cosméticos Revlon pelo uso de coelhos para fins de testes
de toxicidade de cosméticos, a Draize Eye Test (uma substância que era colocada no olho do
coelho e foi desenvolvida por John H. Draize, em 1944). Após ter tentado convencer a empresa
em contribuir com a realização de pesquisas sobre os métodos alternativos de investigação
de toxicidade, o estudioso pediu para ser publicado, em 15 de abril de 1980, um anúncio de
página inteira no jornal The New York Times com a seguinte frase: “How many rabbits does
Revlon blind for beauty’s sake?”, que, em português, significa: “Quantos coelhos a Revlon cega
por causa da beleza?”. A partir de 1986, as indústrias cosméticas passaram progressivamente a
abandonar os testes utilizando animais vivos. Em 1989, tanto a Avon quanto a Revlon deixaram
de usar animais para fins de pesquisas de seus produtos.
Fonte: a autora.
135
UNICESUMAR
O Brasil teve diversos decretos e normativas no que diz respeito ao uso dos animais e considerações
de maus tratos a partir de 1934. Mais recentemente, temos a Lei nº 11.794, de 2008, que regulamenta o
uso de animais em ensino e em pesquisa científica. Houve a criação do Conselho Nacional de Controle
de Experimentação Animal, o CONCEA, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, responsável
por formular e fiscalizar normas para utilização humanitária de animais. Esse conselho também é o
responsável por organizar o Cadastro das Instituições de Uso Científico de Animais, o CIUCA (BRA-
SIL, 2008).
Para que uma instituição de ensino e pesquisa possa realizar pesquisa com animais, ela precisa
passar pela constituição prévia das Comissões de Ética no Uso de Animais (CEUAs). A CEUA analisa
e aprova projetos de pesquisa que utilizam animais (SERRANO, 2013).
No decorrer dos últimos séculos, a evolução da população mundial teve notório crescimento e
alertou pesquisadores, uma vez que, com o aumento populacional, necessita-se assegurar a alimentação
de todos de forma minimamente saudável, além de outros problemas consequentes, como pobreza,
doenças e pandemias (PESSINI; BARCHIFONTAINE, 2012).
A partir de 1940, foi propagada a Revolução Verde na agricultura, tendo o seu ápice em 1970, com
inovações tecnológicas, podendo-se obter maior produtividade por meio do desenvolvimento de semen-
tes adequadas para tipos específicos de solos e climas, das melhorias na irrigação, da fertilização do solo
e da utilização de agrotóxicos e de mecanização no processo (PESSINI; BARCHIFONTAINE, 2012).
Desse modo, vieram os agrotóxicos, com o intuito de diminuir as perdas nas lavouras e eliminar
as pragas. No entanto, trouxe novos problemas para inúmeras áreas. Alguns problemas ocasionados
foram: extinção de várias espécies de aves, mortes massivas de abelhas, intoxicação das pessoas que ha-
bitavam próximo às lavouras, intoxicação dos animais, poluição das águas e do solo, afetando inúmeras
espécies de seres vivos, e geração de um ciclo vicioso, pois houve um desequilíbrio na biodiversidade,
o que favoreceu o surgimento de novas pragas (PESSINI; BARCHIFONTAINE, 2012).
De acordo com um relatório da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) organizado
por Carneiro et al. (2015), os alimentos que mais consomem agrotóxicos na agricultura são:
• Soja (40%).
• Milho (15%).
• Cana-de-açúcar e algodão (10% cada).
• Cítricos (7%).
• Café, trigo e arroz (3% cada).
• Feijão (2%).
• Batata tomate (1%).
Os efeitos decorrentes do uso dos agrotóxicos na saúde humana são inúmeros, tais como transtornos
de comportamento hiperatividade, perda de movimentos, disfunções motoras, dificuldade de apren-
dizado, retardo de crescimento, problemas respiratórios e lapsos de memórias, sendo até 10 vezes mais
tóxicos nas crianças do que em adultos (CARNEIRO et al., 2015).
136
UNIDADE 5
No decorrer dessa revolução verde, nos últimos duzentos anos, surgem as plantas geneticamente modifi-
cadas. Atualmente, aproximadamente 10% da área mundial destinada à agricultura corresponde ao plantio
de planta transgênica. No Brasil, cerca de 25,4 milhões de hectares são plantados com planta transgênica. O
uso de alimentos transgênicos a nível mundial já é elevado. Alguns exemplos da porcentagem de alimentos
transgênicos no mundo são: 81% da soja, 64% do algodão e 29% do milho (CARNEIRO et al., 2015).
Mas, afinal, o que são organismos geneticamente modificados (OGM)? Organismos geneti-
camente modificados são organismos vivos que tiveram o seu genoma modificado. Em relação aos
transgênicos? Transgênicos se refere à técnica ou modo que faz com que determinado organismo ou
alimento seja um OGM. No caso dos transgênicos, eles são organismos que carregam, em seu genoma,
um gene que foi inserido por meio de técnicas laboratoriais. Muitas vezes, utilizam-se microrganismos
para realizar essa transferência de genes (CASABONA, 2002).
Exemplificando a grosso modo como se dá
o procedimento com um vegetal geneticamente
modificado, temos o uso do microrganismo Ba-
cillus thuringiensis. Insere-se um gene sintético
de uma toxina no genoma da bactéria a partir do
emprego enzimas de restrição. Por fim, insere-se
esse gene na planta, a qual expressará essa toxina
que matará as larvas ou outras pragas (CASA-
BONA, 2002).
O uso do glifosato é polêmico e já é banido em
diversos países devido aos estudos que compro-
vam a sua toxicidade para o corpo humano. Ele
é utilizado para, por exemplo, eliminar plantas
daninhas presentes na lavoura. Logo, precisa-se
proteger a plantação para que ela não seja afetada.
Dessa forma, usa-se a enzima EPSPS (5-enolpiru-
vilshiquimato-3-fosfato sintase), inserindo o gene
correspondente no genoma da planta, garantindo
a sua proteção frente ao herbicida (CASABONA,
2002).
A respeito da objeção aos alimentos OGM, ela
ocorre principalmente em países ricos, nos quais
não há problema de fome e miséria. Desse modo,
esses países buscam garantir uma agricultura ver-
de e orgânica, sem o uso de agrotóxicos, por ser
mais saudável. Outras objeções são provenientes
do mercado químico, o qual lucra valores exorbi-
tantes com a indústria de agrotóxicos. Além disso,
137
UNICESUMAR
138
UNIDADE 5
Por fim, em relação aos riscos agro tecnológicos, temos os seguintes aspectos:
a) Perigos de mudanças inesperadas em propriedades e caracte-
rísticas que não são alvo das variedades geneticamente modificadas
em razão dos efeitos pleiotrópicos de um gene introduzido;
b) Riscos de mudanças transferidas nas propriedades de varie-
dade geneticamente modificada que deveria expressar-se depois de
muitas gerações em razão da adaptação do novo gene no genoma,
com manifestação da nova propriedade pleiotrópica e as mudanças
já citadas;
c) Perda da eficiência do transgênico resistente a pragas decor-
rente ao uso exacerbado das variedades geneticamente modificadas
por muito tempo;
d) Possível manipulação da produção de sementes pelos donos
da tecnologia “terminator” (COSTA et al., 2011, p. 330).
Contudo, nota-se que a preocupação com a produção e a utilização dos OGM com-
preende a combinação de riscos complexos e incertos. A existência de vulnerabilidades
sociais e ambientais torna ainda mais importante a discussão voltada à produção
e à destruição inerentes aos presentes modelos de desenvolvimento econômico e
tecnológicos.
139
UNICESUMAR
A segurança dos alimentos condiz com a garantia da qualidade dos alimentos comercializados, desde
as etapas de manipulação e preparo até o consumo. Em outras palavras, os alimentos são saudáveis,
não há a presença de contaminantes e não causam danos à saúde ou à integridade do consumidor. Isso
também pode ser chamado de inocuidade alimentar (FONTINELE JUNIOR, 2008).
No que diz respeito à bioética e ao direito humano à alimentação adequada (DHAA), há o princípio
de responsabilidade social e saúde, de acordo com o Art. 14 da Declaração Universal sobre Bioética e
Direitos Humanos (DUBDH), a qual dispõe que os avanços tecnológicos e científicos devem promover
o acesso à alimentação e à água adequadas. Dessa forma, o DHAA tem, em seus conceitos, estratégias
de desenvolvimento social e de segurança alimentar e nutricional (SAN). Tem-se, por direito humano,
a alimentação adequada. Portanto, inclui-se o acesso regular, permanente e irrestrito, seja de forma
direta, seja de forma decorrente de aquisições financeiras, aos alimentos seguros e saudáveis, em
quantidade e em qualidade adequadas e suficientes, garantindo uma vida digna e plena nas condições
físicas, mentais, individual e coletiva (UNESCO, 2005; BURITY et al., 2010).
Existem órgãos espalhados pelo mundo que são os responsáveis por estabelecer normas para a
pesquisa e desenvolvimento dos OGM. Na Europa, existe a European Food Safety Authority (EFSA).
Nos Estados Unidos, há a Food and Agriculture Organization (FAO), além da Organização Mundial
da Saúde (OMS). Por fim, no Brasil, há a Comissão Técnica de Biossegurança (CTNBio), vinculada
ao Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação.
Para a liberação de um produto geneticamente modificado, existem inúmeras etapas até que seja permi-
tida a sua comercialização. Em primeira instância, avalia-se, no vegetal parental, o desempenho econômico,
a distribuição econômica do vegetal, além do histórico de uso seguro e análise de composição. Em seguida,
avalia-se o doador do gene, detectando e realizando uma descrição do vetor de DNA a ser utilizado, há a
caracterização do DNA introduzido e, em seguida, a caracterização do sítio de inserção. Depois, realiza-se
a caracterização dos produtos dos genes, avaliando a estrutura, a identidade e a caracterização. Analisa-se
também a toxicidade desses produtos e a sua alergenicidade. Por fim, ocorre o monitoramento de segurança
dos novos alimentos geneticamente modificados. Nessa etapa, estuda-se a composição, os fatores nutricionais
e a análise de segurança, realizada com animais (FONTINELE JUNIOR, 2008).
Uma análise importante que ocorre ao fim do processo é a equivalência substancial. Nela, há uma
comparação entre a composição química do OGM e o alimento convencional. As principais análises
realizadas durante essa etapa são: umidade, proteínas, fração lipídica, carboidratos totais e fibras e
resíduo mineral fixo. Além disso, há as análises de detalhamento, as quais se referem aos estudos de
aminoácidos, ácidos graxos, açúcares, amido, fibras solúveis e insolúveis, minerais e outros elementos
específicos de cada vegetal. Por fim, existem as análises e os ensaios específicos do OGM referentes à
genômica (pesquisa do gene), à proteômica (pesquisa da proteína expressa), à metabolômica (análise
dos intermediários metabólicos relacionados com a nova proteína), e as análises de expressão gênica
(com o intuito de detectar a proteína ou o RNA mensageiro) (FONTINELE JUNIOR, 2008).
140
UNIDADE 5
Decorrente do uso dos OGM, existem, ainda, diversas problemáticas a serem discutidas.
Por exemplo: temos o direito de interferir na estrutura dos organismos (vegetais, animais e
bactérias)? Sobre essa questão, como as OGMs podem aumentar a dependência dos países
subdesenvolvidos?
O Decreto nº 4680/2003 também criou um símbolo de alerta, com o intuito de identificar os alimentos
obtidos com ingredientes transgênicos (BRASIL, 2003).
141
UNICESUMAR
Na Tabela 1, são depreendidas algumas diferenças entre as normas para a rotulagem de produtos OGM,
notando principalmente a diferença entre a porcentagem de quantidade mínima, para que haja um
aviso na rotulagem do produto.
Região Limite para não rotulagem Abordagem
Suíça 0,1% Produto determinado
União Européia 0,9% Cadeia Produtiva
Brasil 1% Cadeia Produtiva
Japão 5% Produto determinado
Rússia 5% Produto determinado
EUA Não Não
Tabela 1 - Legislação pertinente à rotulagem de OGM em produtos alimentícios
Fonte: Costa e Marin (2011).
142
UNIDADE 5
Atualmente, o planeta é capaz de alimentar dois bilhões de pessoas com uma dieta à base de carne e
de laticínios. No entanto, o mundo contém mais de 7 bilhões de pessoas, logo, uma dieta onívora para
todos é totalmente inviável e incapaz. Para criarmos um boi, é necessário de 1 a 4 hectares de terra,
contabilizando o seu espaço para viver e os grãos que serão produzidos para a engorda, que, no final,
produzirá cerca de 210 quilos de carne entre 4 a 5 anos. Nesse mesmo espaço de tempo e nessa mesma
quantidade de terra, é possível produzir: 8 toneladas de feijão, 23 toneladas de trigo, 35 toneladas de
cenoura, 19 toneladas de arroz, 32 toneladas de soja, 44 toneladas de batata, 22 toneladas de maçã, 34
toneladas de milho e 56 toneladas de tomate (SVB, [2021]).
Para se ter uma ideia do consumo de grãos atuais destinados à alimentação animal, esse número é
estimado em 465 milhões de toneladas de grãos: 2,5% desse valor erradicaria a fome no Brasil e 50%
acabaria com a fome no mundo. Levando em consideração a quantidade de água usada na produção
dos alimentos que os bois comem, a quantia da água que eles bebem e da água utilizada na limpeza
dos currais onde ficam, a média global da pegada hídrica de um quilo de carne bovina é de 15,5 mil
litros de água (SVB, [2021]).
143
UNICESUMAR
144
UNIDADE 5
Vamos falar da bioética e da biotecnologia. Além de todas as problemáticas trazidas até o momento,
no que diz respeito aos organismos geneticamente modificados, temos, ainda, outros debates filosó-
ficos decorrentes dessas intervenções genéticas, incluindo os problemas relacionados à propriedade
intelectual. É possível haver um proprietário de genes e de outras parcelas de DNA (ou proteínas ou
RNA)? Se sim, quem tem o direito? Como deve acontecer a participação das empresas privadas no
patenteamento das biotecnologias genéticas e genômicas? (FERNANDES, 2012).
Elencamos os questionamentos expostos sem considerarmos, inclusive, as discussões relacionadas
às interferências genéticas no processo de reprodução humana, à privacidade e ao acesso à informação
genética pessoal, à terapia gênica e ao uso de células-tronco, por exemplo (FERNANDES, 2012). Toda-
via, também encontramos inúmeros aspectos positivos no uso de intervenções genéticas, sobretudo,
na área da saúde, podendo prevenir doenças genéticas, a fim de diminuir o sofrimento e promover
a melhora da saúde e a longevidade. Já no âmbito social, podemos reduzir os custos sociais e econô-
micos produzidos por doenças genéticas, com o intuito de melhorar a qualidade de vida humana em
inúmeras esferas, incrementando a capacidade cognitiva e a produtividade (FERNANDES, 2012).
É de suma importância fazermos uma ressalva da distinção entre terapia gênica e melhoramento
genético. O primeiro evita fatores indesejáveis, tais como doenças e deficiências, ou seja, permite que o
indivíduo se aproxime do nível de desempenho orgânico considerado normal, enquanto a intervenção
genética para melhoramento favorece fatores desejáveis, tais como aumento da capacidade cognitiva,
muscular ou perceptiva. Em outras palavras, procura fazer com que o indivíduo disponha de uma
capacidade que ultrapasse o nível considerado normal (FERNANDES, 2012).
A intervenção genética em humanos é criticada com o argumento de que ela seria uma prática su-
jeita aos mesmos abomináveis erros e censuras das eugenias propostas pelo darwinismo social e pelo
nazismo, tendendo ao genismo (o preconceito segundo diferenças genéticas) e ao genocídio genético
(a destruição de algum grupo geneticamente preterido) (FERNANDES, 2012). Agora, estudaremos
as competências éticas e bioéticas, e o profissionalismo na nutrição, pensando no perfil do(a)
profissional. Compreenderemos as responsabilidades profissionais abrangentes nessa área, podendo,
assim, atuar na área com devida destreza, responsabilidade e partindo de princípios éticos e bioéticos.
De acordo com o Conselho Nacional de Educação, na Resolução CNE/CES n° 5, de 7 de novembro
de 2001, temos, no Art. 3°, a descrição do perfil do profissional formado em nutrição. O nutricionista
com formação generalista, humanista e crítica, deve ser capaz de atuar, buscando a segurança alimentar
e a atenção dietética em todas as áreas do conhecimento em que a alimentação e a nutrição se apre-
sentem fundamentais para a promoção, manutenção e recuperação da saúde. Não só, mas também
deve se voltar para a prevenção de doenças de indivíduos ou de grupos populacionais, contribuindo
para a melhoria da qualidade de vida com base em princípios éticos e reflexões sobre as realidades
econômica, política, social e cultural (CNE, 2001).
Das competências direcionadas à saúde temos, no Art. 4° da Resolução CNE/CES n° 5/2001, dis-
posto que os profissionais devem estar aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e
reabilitação da saúde tanto em nível individual quanto em nível coletivo, realizando os seus serviços
em padrões de alta qualidade e embasados em princípios da ética/bioética. A responsabilidade voltada
145
UNICESUMAR
à atenção da saúde não se encerra no ato técnico, mas com a resolução do problema de saúde tanto
em nível individual quanto em nível coletivo (CNE, 2001).
Ainda presente no Art. 4°, temos os incisos VII e IX, os quais descrevem que os profissionais nu-
tricionistas devem (CNE, 2001):
• Avaliar, diagnosticar e acompanhar o estado nutricional.
• Planejar, prescrever, analisar, supervisionar e avaliar dietas e suplementos dietéticos para indi-
víduos sadios e enfermos.
• Realizar diagnósticos e intervenções na área da alimentação e nutrição, considerando as influên-
cias sociocultural e econômica que determinam a disponibilidade, o consumo e a utilização
biológica dos alimentos pelo indivíduo e pela população.
O Art. 6° diz respeito aos conteúdos essenciais do curso de Nutrição, os quais devem estar relacionados
com todo o processo saúde-doença do cidadão, da família e da comunidade, integrado às realidades
epidemiológica e profissional, proporcionando a integralidade das ações do cuidar em nutrição, ao
contemplar, dentre outros assuntos, as ciências sociais, humanas e econômicas, incluindo a compreensão
dos determinantes sociais, culturais, econômicos, comportamentais, psicológicos, éticos e legais, além
da comunicação nos níveis individual e coletivo do processo da doença (CNE, 2001).
Além disso, a estrutura vigente do curso de Nutrição deve assegurar que haja a valorização das
dimensões éticas e humanísticas, ao desenvolver valores e ações orientadas para a cidadania e para
a solidariedade (CNE, 2001). Agora, conheceremos alguns, dentre os vários aspectos importantes e
fundamentais que estão presentes no Código de Ética e de Conduta do Nutricionista, que foi realizado
pelo Conselho Federal de Nutricionistas. Nele, há os princípios fundamentais dos nutricionistas:
“
Art.1° O nutricionista tem o compromisso de conhecer e pautar sua atuação nos
princípios universais dos direitos humanos e da bioética, na Constituição Federal e
nos preceitos éticos contidos neste Código.
Art. 2º A atuação do nutricionista deve ser pautada pela defesa do Direito à Saúde, do
Direito Humano à Alimentação Adequada e da Segurança Alimentar e Nutricional de
indivíduos e coletividades.
Art. 3º O nutricionista deve desempenhar suas atribuições respeitando a vida, a sin-
gularidade e pluralidade, as dimensões culturais e religiosas, de gênero, de classe social,
raça e etnia, a liberdade e diversidade das práticas alimentares, de forma dialógica, sem
discriminação de qualquer natureza em suas relações profissionais.
Art. 6º A atenção nutricional prestada pelo nutricionista deve ir além do significado
biológico da alimentação e considerar suas dimensões ambiental, cultural, econômica,
política, psicoafetiva, social e simbólica.
Art. 8º O nutricionista deve exercer a profissão de forma crítica e proativa, com auto-
nomia, liberdade, justiça, honestidade, imparcialidade e responsabilidade, ciente de seus
direitos e deveres, não contrariando os preceitos técnicos e éticos (CFN, 2018, on-line).
146
UNIDADE 5
Chegamos ao final desta unidade e espero que você tenha entendido a importância da bioética não
somente para a sua área de nutrição, mas também para as demais áreas da saúde e pesquisa. Você
aprendeu como e o motivo pelo qual a bioética surgiu, além dos avanços que vieram junto a ela, dan-
do-se a devida importância. Compreendemos os organismos geneticamente modificados, como são
produzidos e todo o seu processo de testes e análises de segurança. Também entendemos algumas
problemáticas existentes do processo de utilização de organismos geneticamente modificados, mas
também verificamos os seus benefícios.
147
UNICESUMAR
148
Agora, chegou o momento de verificar o que mais te marcou na leitura desta unidade. Preencha o
mapa de empatia com as suas impressões. Lembre-se de que não há certo e errado, mas apenas
aquilo que você mais se identificou.
O que
No que diz respeito ao uso e a implementação
de produtos OBM?
O que O que
Pesquisas científicas – A bioética no seu dia-a-dia: consultas
houve teste em animais? médicas, produtos alimentícios,
cosméticos, dentre outros.
149
1. O nutricionista assumiu uma posição de destaque na área da saúde no decorrer dos
últimos anos e se expandiu para os campos da alimentação e nutrição, assim como
das demais ciências.
A profissão nutricionista se norteia pelos seguintes princípios fundamentais:
I) O nutricionista tem o compromisso de conhecer e pautar a sua atuação nos princípios
da bioética, dos direitos humanos, na Constituição do Brasil e nos preceitos éticos
contidos no Código de Ética e de Conduta do Nutricionista.
II) O nutricionista é um profissional de saúde que, atendendo aos princípios da Ciência
da Nutrição, tem como função contribuir para a saúde dos indivíduos e da coletivi-
dade.
III) Ao nutricionista, cabe a produção do conhecimento sobre a alimentação e a nutrição
nas diversas áreas de atuação profissional, buscando continuamente o aperfeiçoa-
mento técnico-científico, pautando-se nos princípios éticos que regem a prática
científica e a profissão.
IV) Indicar as falhas existentes nos regulamentos e nas normas das instituições em que
ele atua profissionalmente, quando as considerar incompatíveis com o exercício
profissional ou prejudiciais aos indivíduos e à coletividade. Para tanto, deve comuni-
car aos responsáveis e, no caso de inércia, aos órgãos competentes e ao Conselho
Regional de Nutricionistas da respectiva jurisdição.
150
2. Considerando a Resolução nº 599/2018 do Conselho Federal de Nutricionistas, que
aprova o Código de Ética e Conduta do Nutricionista, avalie os itens a seguir:
I) O nutricionista tem o compromisso de conhecer e pautar a sua atuação nos prin-
cípios universais dos direitos humanos e da bioética, na Constituição Federal e nos
preceitos éticos contidos no Código de Ética e de Conduta do Nutricionista.
II) A atenção nutricional prestada pelo nutricionista deve ir além do significado biológico
da alimentação e deve considerar as suas dimensões ambientais, culturais, econô-
micas, políticas, psicoafetivas, sociais e simbólicas.
III) A atenção nutricional prestada pelo nutricionista deve ir além do significado biológico
da alimentação e deve considerar as suas dimensões ambientais, culturais, econô-
micas e desconsiderar as dimensões políticas, psicoafetivas, sociais e simbólicas.
151
152
6
Código de Ética
do Profissional
Dra. Maria Fernanda Francelin Carvalho
Você sabia que exercer uma profissão regulamentada é considerado contravenção penal? Sabia que é
passível de multa e até prisão? Você tem em mente que realizar uma prescrição dietética sem conhe-
cimento técnico-científico, além de ser um crime, pode trazer riscos à saúde das pessoas?
A falta de valores morais e éticos são capazes de levar a ações que podem acarretar em consequên-
cias catastróficas. Para tanto, os códigos de moral e de ética são os responsáveis por gerir a conduta
das pessoas para que possam viver em uma sociedade justa. No caso das profissões, os códigos de
ética são os responsáveis por nortear as ações com conselhos de classe e, assim, segurar atendimentos
competentes por parte dos profissionais atuantes.
Você, como paciente consumidor, já buscou conhecer a reputação de algum profissional que te consulta-
ria? Convido-lhe a, neste momento, ir além da indicação de algum conhecido: busque referências junto aos
órgãos responsáveis do conselho de classe ao qual determinado profissional pertence e tente compreender
a sua atuação profissional. Use o espaço do diário de bordo para anotar as informações que descobriu.
Diante das informações que encontrou junto ao conselho de classe, como você se sentiu a respeito?
Foi de fácil acesso? Conseguiu sanar todas as curiosidades que havia a respeito do profissional? As
informações expressas sobre o profissional são condizentes com as atitudes dele que foram realizadas
em seu atendimento e as ações nas redes sociais?
DIÁRIO DE BORDO
No decorrer de nosso material, percebemos o quanto a área da nutrição tem crescido em nosso território
nacional para países em desenvolvimento. Há uma transição entre uma população que apresentava
desnutrição e privação de nutrientes para um quadro de crescimento do número de obesos.
Nesse movimento, encontramos um aumento das doenças crônicas relacionadas, as quais são co-
nhecidas como Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT’s), e de transtornos alimentares. Essas
situações têm gerado o protagonismo da atuação do profissional da área da nutrição, considerado apto
e capacitado para atuar nas áreas citadas (SOARES et al., 2014).
154
UNIDADE 6
Essa atuação, que abrange a área de alimentação e nutrição, tem o intuito de promover a saúde dentro
de uma etiologia complexa, entrelaçada em redes que são delimitadas por transtornos multifatoriais.
Para tanto, o atendimento adequado dessas vastas complexidades de situações deve ser baseado de
forma concisa e ética, pautado no Código de Ética e de Conduta do Nutricionista, descrito pelo Con-
selho Federal de Nutricionistas.
155
UNICESUMAR
“
Prometo que, ao exercer a profissão de nutricionista, o farei com dignidade e eficiência,
valendo-me da ciência da nutrição, em benefício da saúde da pessoa, sem discrimina-
ção de qualquer natureza. Prometo, ainda, que serei fiel aos princípios da moral e da
ética. Ao cumprir este juramento com dedicação, desejo ser merecedor dos louros que
a profissão proporciona (CFN, 2018, p. 3).
“
Segmento da filosofia que se dedica à análise das razões que ocasionam, alteram ou
orientam a maneira de agir do ser humano, geralmente tendo em conta seus valores
morais.
[Por Extensão] Reunião das normas de valor moral presentes numa pessoa, sociedade
ou grupo social: ética parlamentar; ética médica.
Etimologia (origem da palavra ética). Do latim ethica; pelo grego éthikós (DICIO,
[2021], on-line)¹.
Logo, constatamos que, se, para a convivência em sociedade, precisamos de regras, para que as profissões
sejam controladas e acompanhadas, faz sentido que haja bases norteadoras, que representam os conheci-
dos códigos de ética, utilizados como balizadores da atuação da profissão. Eles são os alicerces sobretudo
das áreas que atuam em prestação de serviços, assim como é o caso do nutricionista, que desempenha
um papel de destaque pela sua responsabilidade com o bem-estar biopsicossocial da sociedade.
O Código de Ética demonstra as relações entre profissionais e pacientes frente a outros profissio-
nais, buscando prever as relações existentes, ao trazer discussões referentes à prática profissional e às
inovações científicas comprometidas com a melhoria e a evolução das áreas de atuação. No entanto,
também se entende que cada um tem a liberdade de atuar da forma que melhor lhe couber, respeitando
a individualidade do relacionamento humano referente aos grupos e às sociedades.
156
UNIDADE 6
Os padrões de “certo” e “errado”, dentro da sociedade a qual vivemos, são definidos por leis de
conduta, que, por vezes, podem transcender a liberdade individual para permitir a convivência, além
dos acontecimentos que não são necessários às imposições de leis, pois fazem parte da moral coletiva.
Diante disso, consideramos que o Código de Ética é um instrumento criado para que possa orientar
a conduta dos profissionais, garantindo que eles se mantenham dentro dos preceitos determinados em
seu “juramento”. É esperado que o nutricionista tenha uma atuação pautada neles. As diretrizes são
atribuídas como ações de extensão da própria conduta moral, pois o entendimento das regras passa
a ser pautado a partir do conhecimento e da reflexão que o levam ao cumprimento de forma natural
e, consequentemente, rigorosa.
Partindo do exposto, consideramos o ano de 1967 um aspecto imprescindível do desenvolvimento
da profissão do nutricionista no Brasil, pois ocorreu a regulamentação da profissão. Isso permitiu que
os profissionais, a partir de então, tivessem um norte sob as perspectivas de atuação, dado que, a partir
desse momento, as regras e os conselhos de classes passaram a ser pensados e criados.
Atualmente, grande parte da atuação profissional está nos atendimentos clínicos (VASCONCELLOS,
2012), abrangendo cerca de 40%. Esse tipo de atuação trabalha em formato dedicado aos pacientes que
buscam mudanças nos hábitos de vida e, por quaisquer que sejam os motivos, melhoria de qualidade
de vida ou indicação médica. Logo, os consultórios particulares atendem pacientes que têm uma vida
normal, porém necessitam de uma intervenção nutricional e levam a prática da educação alimentar.
O Código de Ética, nesse universo, tem grande importância, uma vez que permite que decisões
sejam tomadas de acordo com o que foi descrito em seu conteúdo. Esse tipo de atuação é recheado
de fatores que são impulsionados por condições psicológicas e sociais que dificultam o sucesso do
resultado de adesão à dieta (BLEIL, 1998; ROSSER, 2003; VIANA, 2002).
O atendimento diferenciado de cada profissional deve estar embasado nos princípios dos compor-
tamentos alimentares pessoais, uma vez que já definimos o quando a alimentação é delimitada por
comportamentos complexos, requerendo, assim, um olhar sistêmico. A conduta ética vem de encontro
com a compreensão da alimentação como um direito humano, mas também como uma mercadoria
que pode delimitar um território epistemológico e que deve proporcionar a reflexão voltada aos inte-
resses que devem ser observados no campo da alimentação.
O nutricionista deve verificar a forma de produção dos alimentos e o momento em que eles são
dispostos às pessoas, quando estiver formulando uma dieta. Afinal, quais interesses devem ser seguidos
quando a escolha a cada um é feita? Seguindo esse raciocínio, os alimentos devem ser produzidos para
a alimentação da população, independentemente da forma que consumirá o ambiente, ou a qualidade
da produção pode ser duvidosa? As escolhas podem e/ou devem ser feitas apenas pelo prazer ou pelo
desenho de um corpo dentro dos padrões de beleza determinados pela mídia?
157
UNICESUMAR
Essas decisões presentes em nossa rotina devem ser ponto de pauta nas escolhas de
atuação do nutricionista, pois esse profissional tem como objeto de trabalho os alimen-
tos. Nesse contexto, a profissão, que surgiu em 1939, foi regulamentada em 1967 e teve
o seu conselho criado em 1978, a partir da Lei n° 6583, de 24 de abril de 1978, passou
a ser regulamentada. A seguir, conheceremos alguns trechos de seu Código de Ética, a
principal ferramenta de orientação dos profissionais e que, constantemente, passa por
atualizações.
A primeira resolução que se tem registro é a Resolução CFN nº 24/1981, que, poste-
riormente, foi alterada pela Resolução CFN nº 74/1987 e revogada pela Resolução CFN
nº 141/1993. A primeira resolução reflete amplamente o contexto histórico ao qual
pertence, sendo profundamente marcado pelo sistema político que atuava no poder em
sua construção, composto basicamente por sete deveres e vinte proibições.
A Resolução CFN nº 24, de 26 de outubro de 1981, estabelecia que
“
Art. 5º O Nutricionista, no exercício de sua profissão, deve obedecer
aos seguintes princípios:
I. Exercer a profissão com dignidade, observando as normas deste
Código e da legislação vigente, pautando seus atos pelos mais rígidos
princípios morais, de modo a se fazer respeitar, preservando a honra e
as tradições da profissão.
II. Atualizar e ampliar seus conhecimentos técnico-científicos e sua
cultura geral, visando ao bem público e à efetiva prestação de serviços
à humanidade.
III. Manter sigilo profissional, como dever moral e ético, sobre os fatos
de que tenha conhecimento, no exercício de sua atividade profissional.
IV. Manter incólume a sua independência profissional, recusando-se a
cumprir atos que contrariem a ética, e, em caso de coação, dar conhe-
cimento ao Conselho Regional de sua jurisdição.
V. Enquadrar-se ao nível salarial em vigor, quando da prestação de seus
serviços profissionais, exceto quando se tratar comprovadamente de
benemerência social.
VI. Utilizar os meios de comunicação para prestar esclarecimento e
conceder entrevistas ou palestras com finalidade educativa e de inte-
resse social.
VII. Cumprir os preceitos contidos neste Código e dar ciência ao Conse-
lho de sua jurisdição de atos atentatórios a qualquer dos seus dispositivos.
Art. 6º É vedado ao Nutricionista:
I. Assumir compromissos além de sua capacidade técnica e legal.
II. Usar título que não possua ou que lhe seja conferido por instituição
158
UNIDADE 6
159
UNICESUMAR
Figura 1 - Documento do Conselho Federal de Nutricionista de 1981 / Fonte: Brasil (1981, p. 7618).
Descrição da Imagem: a figura apresenta um documento do Conselho Federal de Nutricionista de 1981. Trata-se da Resolução CFN
nº 16/81.
Notamos que, em um primeiro momento, temos um emaranhado de regras simplistas que visam
apenas elencar os aspectos básicos acerca da atuação profissional. Alguns deles são influenciados
pela origem natural da profissão, que nasceu dentro dos campos da medicina. Um exemplo é a regra
sobre o sigilo profissional, além das proibições de atuação, como pleiteamento de vagas de colegas de
trabalho. Podemos compreender que o documento apresentado tem por natureza nascer com poucos
itens e crescer de acordo com a necessidade.
Assim, à medida que foram feitos movimentos de aberturas no cunho político, com a vigoração do
novo documento que referencia a nova Constituição Federal, o Conselho Federal de Nutrição encon-
trou uma abertura para a ampliação do atendimento do nutricionista frente à sociedade.
160
UNIDADE 6
Junto ao movimento, um novo Código de Ética é redigido em 1993 e avança em sua forma de abordagem
dos temas, trazendo ao profissional maior amplitude de atuação. Além disso, insere o nutricionista em
uma posição mais reflexiva sobre a sua profissão, ao propor discussões, compromisso social, atuação
acadêmica e estímulos à inovação e à autonomia com senso crítico aguçado, a fim de transformar o
meio ao qual está inserido.
161
UNICESUMAR
“
CÓDIGO DE ÉTICA DO NUTRICIONISTA BRASÍLIA - 1993
APRESENTAÇÃO
CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO II
DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
Seção I - Dos Deveres
Seção II - Dos Direitos
Seção III - Das Proibições
Seção IV - Dos Honorários Profissionais
Seção V - Dos Trabalhos Científicos e da Publicidade
CAPÍTULO III
DAS RELAÇÕES PROFISSIONAIS
Seção I - Com Nutricionistas e Outros Profissionais
Seção II - Com as Instituições Empregadoras e Outras
Seção III - Com Entidades da Categoria e demais Organizações da Classe Tra-
balhadora
CAPÍTULO IV
DAS PENALIDADES
CAPÍTULO V
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS (CFN, 1993, on-line).
“
Art. 18. O Nutricionista deve defender a dignidade profissional, participando e/ou
apoiando as atividades promovidas pelas entidades representativas da categoria, que
tenham por finalidade:
I - o aprimoramento técnico-científico;
II - a melhoria das condições de trabalho;
III - a fiscalização do exercício profissional;
IV - a garantia dos direitos profissionais e trabalhistas.
162
UNIDADE 6
Você sabia que o Conselho Federal dos Nutricionistas tem uma re-
vista? Trata-se de uma revista quadrimestral com uma equipe gi-
gantesca em comissão de tomada de contas, fiscalização, licitação,
comunicação e ética. Portanto, há profissionais capacitados para
levar a informação até você, futuro(a) nutricionista. Para conhecer
mais, acesse o QR Code.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
Na terceira versão, publicada em 2004, a sua principal marca estava na aplicação e na atuação dos
campos da pesquisa e da ciência dentro do contexto de mudança das características alimentares
impulsionado pelas políticas voltadas para a nutrição e para a alimentação. Essa nova versão apenas
ampliava algumas temáticas, assim como podemos verificar a seguir:
“
CAPÍTULO XI
DA PESQUISA E DOS TRABALHOS CIENTÍFICOS
Art. 19. Relativamente aos trabalhos científicos e de pesquisa é dever do nutricionista:
I. Executar atividades com a cautela indispensável a prevenir a ocorrência de riscos ou
prejuízos aos indivíduos ou coletividades, assistidos ou não, ou sofrimentos desneces-
sários a animais;
I. Respeitar a legislação pertinente quando realizar pesquisa envolvendo seres humanos
ou animais;
II. Realizar estudos e pesquisas com caráter científico, visando à produção do conhe-
cimento e conquistas técnicas para a categoria;
III. Mencionar as contribuições de caráter profissional prestadas por assistentes, cola-
boradores ou por outros autores;
IV. Ater-se aos dados obtidos para embasar suas conclusões;
V. Obter autorização expressa do autor e a ele fazer referência, quando utilizar fontes
particulares ainda não publicadas.
163
UNICESUMAR
Aos poucos, o nutricionista foi ganhando espaço dentro da área acadêmica e mais atribuições em sua
função. Em 2014, o Conselho Federal de Nutrição compreendeu a necessidade da construção de um
Código de Ética mais estruturado e que pudesse cumprir realmente a função de orientar o nutricionista
frente a tão grande complexidade do mundo contemporâneo.
164
UNIDADE 6
“
Art. 7º. (...) XVII - realizar, por qualquer meio que configure atendimento não presencial,
a avaliação e o diagnóstico nutricional e a respectiva prescrição dietética do indivíduo
sob sua responsabilidade profissional;
Art. 15. (...) I - quando na função de docente, orientador ou supervisor de estágios,
garantir ao estagiário supervisão frequente e sistemática, de forma ética e tecnicamente
compatível com a área do estágio, orientando sobre a importância em observar os
princípios e normas contidas neste Código; (...)
Art. 16. (...) I - quando na função de diretor de escolas de Nutrição, coordenador de cur-
sos ou coordenador/orientador de estágios aceitar, como campo de estágio instituições
e empresas que não disponham no seu quadro de pessoal de nutricionista encarregado
da supervisão das atividades do estagiário ou quando não possa ser garantida a presença
e acompanhamento de nutricionista docente; (...)
Art. 19. (...) I - respeitar a legislação pertinente quando realizar pesquisa envolvendo
seres humanos ou animais; (...)
Art. 21. Relativamente à publicidade, é dever do nutricionista, por ocasião de entrevis-
tas, comunicações, publicações de artigos e informações ao público sobre alimentação,
nutrição e saúde, preservar o decoro profissional, basear suas informações em conteúdo
referendado em pesquisas realizadas com rigor técnico-científico, e assumir inteira
responsabilidade pelas informações prestadas (CFN, 2014, on-line).
Enfim, na busca por garantir a atuação de forma que houvesse a garantia dos direitos humanos e a
promoção do crescimento profissional, os documentos foram redigidos e evoluídos com o passar dos
anos. Assim, em 2018, tivemos mais um momento de atualização do documento, pois, ao analisar o
objeto de trabalho do nutricionista, utilizando o Código de Ética como referencial, devemos ter a ali-
mentação como um direito básico e universal que precisa ser respeitado e garantido sem ferir outros
direitos humanos básicos ou direitos de qualquer forma de vida e a preservação do meio ambiente.
Nesse momento, a construção se deu de forma gradual, pois as alterações demandaram tempo. Os
ajustes mais graves foram feitos primeiramente e, na sequência, foram construídos os demais. Houve
ajustes de regulamentações de estágios e referências voltadas à atuação do nutricionista em redes
sociais. Para esse momento de construção, instaurou-se uma comissão, com o objetivo de conhecer
outras profissões da área de saúde, com o intuito de definir os seus propósitos com base na atuação e
posicionamento frente à profissão.
Os membros compuseram um grupo, a Comissão Especial para Construção do Novo Código de
Ética do Conselho Federal de Nutricionistas (CECEt-CFN), formado para o processo de ação coletiva
e com a presença sobretudo de nutricionistas em sua construção, visto que os próprios profissionais
seriam os principais utilizadores dessa ferramenta. O principal objetivo era promover a discussão
entre os profissionais, para que a formação do novo código fosse efetiva e atendesse qualquer região
ou área de atuação profissional, sendo mais abrangente e completa possível.
165
UNICESUMAR
O trabalho foi dividido em duas frentes: uma constituída por consultas aos profissionais de ca-
tegorias e, depois, ações em parceria com os conselhos regionais de nutrição. Todo esse processo de
consulta de categoria foi um trabalho moroso e dividido em ciclos de escuta tanto presenciais quanto
on-line, para definir os resultados obtidos das avaliações anteriores e, assim, definir os próximos
passos. Houve ciclos que tentaram a compreender a visão do profissional sobre o Código de Ética em
vigor e entender os reflexos, os conflitos e os dilemas vivenciados no dia a dia do atendimento e da
atuação do nutricionista.
Temos, portanto, a definição de um documento que foi construído entre 2014 e 2017 por meio de
encontros e a partir da realização de 34 fóruns e da participação de 941 nutricionistas e estudantes. Além
disso, foi feita uma consulta pública. Tudo isso gerou os seguintes pontos de atuação do documento:
ÍNDICE
Princípios Fundamentais
Capítulo I – Responsabilidades Profissionais
Capítulo II – Relações Interpessoais
Capítulo III – Condutas e Práticas Profissionais
Capítulo IV – Meios de Comunicação e Informação
Capítulo V – Associação a Produtos, Marcas de Produtos, Serviços, Empresas ou Indústrias
Capítulo VI – Formação Profissional
Capítulo VII – Pesquisa
Capítulo VIII – Relação com as Entidades da Categoria
Capítulo IX – Infrações e Penalidades
Capítulo X – Disposições Gerais
Glossário
Quadro 1 - Documento que expressa os pontos de atuação
Fonte: CFN (2018).
Chegamos, portanto, à Resolução CFN nº 599, de 25 de fevereiro de 2018. Ainda assim, alguns ques-
tionamentos se fazem interessantes, como:
• As formações acadêmicas possibilitam que o profissional tenha senso crítico para refletir sobre
a nutrição de forma ampla?
• O trabalho exercido pelos profissionais está dentro das perspectivas descritas em seu docu-
mento norteador?
• A nutrição utiliza a ciência de alimentos em prol da melhoria da vida humana?
• Temos apenas profissionais focados em seu crescimento pessoal?
A principal preocupação durante o desenvolvimento do documento, que foi construído por inúmeras
mãos, era estabelecer relações saudáveis entres os seres humanos. As pessoas necessitam de regras para
que não trabalhem apenas visando à autopromoção ou aos interesses econômicos. Para as respostas
às questões apresentadas, temos condições diferentes de acordo com cada lugar em que habitamos,
considerando as características dos consumidores e dos profissionais que ali atuam.
166
UNIDADE 6
Os demais pontos existentes no conselho no código dizem respeito à atuação do profissional dentro
da pesquisa científica.
Finalizamos a nossa unidade. A sociedade é mutável e a busca pela identidade profissional deve ser
sempre almejada, a fim de obter o aprimoramento da qualidade de vida tanto dos pacientes quanto do
167
UNICESUMAR
próprio nutricionista em seu ramo de atuação. Devemos destacar que o conceito de identidade é complexo,
porque perpassa por inúmeras áreas do conhecimento, como a sociologia, a filosofia e a antropologia.
Alguns autores citam que a identidade não é inata, mas deve ser buscada e entendida como uma
forma socio-histórica de individualidade. Isso é válido para qualquer profissão, logo, o Código de Ética
vem auxiliar nessa definição e atuação (LAURENTI; BARROS, 2000). Para Baptista (2002), o processo
de construção da identidade é coletivo. Percebemos que a última versão do Código de Ética foi cons-
truída por muitas mãos, indo de encontro com essa visão do autor. O estudioso também pondera que
essa construção leva um determinado período de tempo, o que também podemos perceber na última
construção, que durou cerca de quatro anos. Esse foi um período que definiu marcas e identidades
que auxiliam na atuação do profissional nos dias atuais.
168
UNIDADE 6
169
Que tal deixarmos gravadas as áreas de atuação do profissional da nutrição definidas pela Re-
solução CFN nº 599/18? Preencha o mapa mental a seguir com os capítulos correlacionados da
resolução e que estudamos em nossa unidade.
I. II. III.
X. IV.
º
IX. V.
VIII. VI.
VII.
170
1. O Código de Ética do profissional da nutrição é constituído por inúmeras partes. Dentre
elas, está o embasamento das relações interpessoais.
Considerando o exposto no enunciado, assinale a única alternativa que não corresponde
às atribuições do nutricionista:
a) É direito do nutricionista denunciar, nas instâncias competentes, atos que caracterizem
agressão, assédio, humilhação, discriminação, intimidação, perseguição ou exclusão
por qualquer motivo, contra si ou qualquer pessoa.
b) É dever do nutricionista fazer uso do poder ou posição hierárquica de forma justa,
respeitosa, evitando atitudes opressoras e conflitos nas relações, não se fazendo valer
da posição em benefício próprio ou de terceiros.
c) É vedado ao nutricionista praticar atos que caracterizem agressão, assédio, humilhação,
discriminação, intimidação ou perseguição por qualquer motivo contra qualquer pessoa.
d) É vedado ao nutricionista manifestar publicamente posições depreciativas ou difama-
tórias sobre a conduta ou atuação de nutricionistas ou de outros profissionais.
e) É direito do nutricionista realizar as suas atribuições profissionais sem interferências
de pessoas não habilitadas para tais práticas, exceto em casos superiores.
171
3. Considerando o Código de Ética vigente dentro dos conselhos de classe (Resolução CFN
nº 599/2018), avalie as afirmativas a seguir:
I) É direito do nutricionista recusar propostas e situações incompatíveis com as suas atri-
buições ou que se configurem como desvio de função em seu contrato profissional.
II) É dever do nutricionista exercer as suas atividades profissionais com transparência,
dignidade e decoro, sem violar os princípios fundamentais do Código de Ética e a
ciência da nutrição, sem necessidade de declarar conflitos de interesses, caso existam.
III) É direito do nutricionista instrumentalizar e ensinar técnicas relativas às atividades
privativas da profissão às pessoas não habilitadas, com exceção dos estudantes de
graduação em Nutrição.
IV) É vedado ao nutricionista permitir a utilização do seu nome e título profissional por
estabelecimento ou instituição em que não exerça atividades próprias da profissão.
172
173
174
7
Leis, Decretos e
Resoluções que
Balizam a Atuação
do Profissional
Nutricionista
Dra. Maria Fernanda Francelin Carvalho
DIÁRIO DE BORDO
176
UNIDADE 7
177
UNICESUMAR
mãos diariamente. Além disso, não se esqueça dos capítulos anteriores, nos quais expomos a ética e a
importância da alimentação na vida de cada um.
Definido o nicho de atuação, é válido descobrir o que é necessário para que você possa trabalhar
nele. Portanto, pergunte-se:
• Preciso de cursos específicos na área?
• Preciso de investimento financeiro?
• Qual é a concorrência?
• Em quanto tempo terei retorno?
Todas as indagações apresentadas podem parecer estranhas, mas, acredite, o planejamento é essencial
para o sucesso. Portanto, nesta unidade, exporemos alguns direcionamentos e, posteriormente, você
poderá atuar em ambientes profissionais e em estágios não-obrigatórios com caráter de descobrimento.
Não se esqueça de que, ao atuar com excelência em qualquer nicho, em breve, você será posicio-
nado como referência na área. Constituem algumas possibilidades de atuação em nutrição: nutrição
esportiva, segurança alimentar, idoso, gastronomia, oncologia, materno-infantil, coach nutricional,
vigilância alimentar e nutricional, vegetarianismo, emagrecimento, estética, distúrbios de TGI, saúde
mental, cardiologia, nutrição na escola, saúde da mulher, fisioterapia, home care, personal diet e nutrição
enteral. Enquanto subnichos, existem: nutrigenômica, disbiose e DCNT, seletividade alimentar etc.
Agora, conheceremos as descrições das áreas. Contudo, antes de iniciarmos, gostaria de afirmar
que não é possível, em um único material, discorrer sobre todas as áreas existentes. Vamos nos ater
àquelas que já foram consolidadas e são descritas em nossas Diretrizes Educacionais. Não se entristeça:
sempre que possível, serão expostos locais de referências das demais áreas. Além disso, esteja atento
aos sites do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de Nutrição. Neles, é possível encontrar as
mais novas tendências e normas do mercado.
178
UNIDADE 7
Daremos início ao nosso estudo a partir das principais áreas descritas na Resolução CFN nº 600/2018:
• Nutrição em alimentação coletiva: gestão de Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN).
• Nutrição clínica.
• Nutrição em esporte e exercício físico.
Entretanto, gostaríamos de explicitar que, nas Diretrizes Curriculares Nacionais de formação do nu-
tricionista, são encontradas as seguintes áreas:
• Nutrição em alimentação coletiva: gestão de Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN).
• Nutrição clínica.
• Nutrição em saúde coletiva.
179
UNICESUMAR
“
Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) Institucional (pública e privada): Serviços
de alimentação coletiva (autogestão e concessão) em: empresas e instituições, hotéis,
hotelaria marítima, comissárias, unidades prisionais, hospitais, clínicas em geral, hos-
pital-dia, Unidades de Pronto Atendimento (UPA), spa clínicos, serviços de terapia
renal substitutiva, Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) e similares.
Alimentação e Nutrição no Ambiente Escolar: Programa Nacional de Alimentação Es-
colar (PNAE); Alimentação e Nutrição no Ambiente Escolar – Rede Privada de Ensino.
Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT): Empresas Fornecedoras de Alimen-
tação Coletiva: Produção de Refeições (autogestão e concessão); Empresas Prestadoras
de Serviços de Alimentação Coletiva: Refeição-Convênio; Empresas Fornecedoras de
Alimentação Coletiva: Cestas de Alimentos.
Serviço Comercial de Alimentação: Restaurantes Comerciais e similares; Bufê de Even-
tos; Serviço Ambulante de Alimentação (CFN, 2018, on-line).
Esse setor de atuação constitui um mercado representativo na economia, afinal, o ritmo de vida mo-
derno contribui significativamente para a conquista desse espaço. Além do mais, podemos considerar
algumas divisões práticas para esse ramo como uma forma de resumir o que é citado na legislação:
alimentação comercial e alimentação coletiva.
180
UNIDADE 7
181
UNICESUMAR
Esses processos são balizados pelas legislações determinantes da Vigilância Sanitária, pois é esse o
órgão responsável por auditar esse ramo de atuação. Nesse contexto, as principais leis são:
• Resolução RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002: “regulamento técnico dos procedimentos
operacionais padronizados aplicados aos estabelecimentos produtores/industrializadores de
alimentos”. Inclui “a lista de verificação das boas práticas de fabricação em estabelecimentos
produtores/industrializadores de alimentos” (BRASIL, 2002, p. 126).
• Portaria SVS/MS nº 326, de 30 de julho de 1997: “regulamento técnico sobre as condições
higiênico-sanitárias e de boas práticas de fabricação para estabelecimentos produtores/indus-
trializadores de alimentos” (BRASIL, 1997, on-line). Atos relacionados: Portaria MAA 360/1997.
• Portaria MS nº 1.428, de 26 de novembro de 1993: estabelece “as orientações necessárias que
permitam executar as atividades de inspeção sanitária, de forma a avaliar as Boas Práticas para a
obtenção de padrões de identidade e qualidade de produtos e serviços na área de alimentos com
vistas à proteção da saúde da população” (BRASIL, 1993, on-line). Seu objetivo específico é o de
“avaliar a eficácia e efetividade dos processos, meios e instalações”, e “dos controles utilizados na
produção, armazenamento, transporte, distribuição, comercialização e consumo de alimentos
através do Sistema de Avaliação dos Perigos em Pontos Críticos de Controle (APPCC)” (BRA-
SIL, 1993, on-line). Isso deve ser feito com o intuito de proteger a saúde do consumidor. Outra
meta é “avaliar os projetos da Qualidade das empresas produtoras e prestadores de serviços
quanto à garantia da qualidade dos alimentos oferecidos à população” (BRASIL, 1993, on-line).
• Portaria nº 368, de 04 de setembro de 1997: “aprova o Regulamento Técnico sobre as condições
Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Elaboradores /
Industrializadores de Alimentos” (BRASIL, 1997, p. 19697).
• Resolução-RDC nº 49/2013: “dispõe sobre a regularização para o exercício de atividade de
interesse sanitário do microempreendedor individual, do empreendimento familiar rural e do
empreendimento econômico solidário” (BRASIL, 2013, on-line).
• Resolução-RDC nº 10/2014: “dispõe sobre os critérios para a categorização dos serviços de
alimentação” (BRASIL, 2014, p. 66).
• Resolução-RDC nº 43/2015: “prestação de serviços de alimentação em eventos de massa”
(BRASIL, 2015, p. 63).
• Portaria nº 24, de 29 de dezembro de 1994: estabelece a construção e a “implementação, por
parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, com o objetivo de promoção
e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores” (BRASIL, 1994, p. 21.278).
Diante do exposto, percebemos que a preocupação com a segurança do serviço prestado é de grande
valor. Assim, precisamos estar atentos às renovações das leis e ao atendimento de decretos municipais.
Em 2020, com o advento da pandemia deflagrada pela Covid-19, muitas cidades foram regidas por
normas específicas de cada município. A partir do momento em que somos gestores, é importante
atendermos a cada uma delas para trabalharmos de forma correta.
182
UNIDADE 7
Agora, trataremos da nutrição clínica. Talvez, esse seja o nicho de atuação que atraia a maioria dos
aspirantes: imaginar a mudança da vida das pessoas é um motivador. Contudo, a atuação clínica é uma
área muito abrangente e há muitas interfaces dentro do mesmo tipo de atendimento.
De acordo com a Resolução CFN n° 600/2018, a nutrição clínica se divide em:
“
Assistência Nutricional e Dietoterápica Hospitalar, Ambulatorial, em nível de Consul-
tórios e em Domicílio:
Assistência Nutricional e Dietoterápica em Hospitais, Clínicas em geral, Hospital-dia,
Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e Spa clínicos.
Assistência Nutricional e Dietoterápica em Serviços e Terapia Renal Substitutiva.
Assistência Nutricional e Dietoterápica em Instituições de Longa Permanência para
Idosos (ILPI).
Assistência Nutricional e Dietoterápica em Ambulatórios e Consultórios.
Assistência Nutricional e Dietoterápica em Bancos de Leite Humano (BLH) e Postos
de Coleta.
Assistência Nutricional e Dietoterápica em Lactários.
Assistência Nutricional e Dietoterápica em Centrais de Terapia Nutricional.
Atenção Nutricional Domiciliar (pública e privada).
Assistência Nutricional e Dietoterápica Personalizada (Personal Diet) (CFN, 2018,
on-line).
183
UNICESUMAR
“
Art. 3º São reconhecidas pelo Sistema CFN/CRN as
seguintes especialidades em Nutrição, com finalidade
acadêmica e/ou profissional: I - Educação Alimentar e
Nutricional; II - Gestão de Políticas Públicas e Progra-
mas em Alimentação e Nutrição; III - Nutrição Clínica;
IV - Nutrição Clínica em Cardiologia; V - Nutrição
Clínica em Cuidados Paliativos; VI - Nutrição Clínica
em Endocrinologia e Metabologia; VII - Nutrição Clí-
nica em Gastroenterologia; VIII - Nutrição Clínica em
Gerontologia; IX - Nutrição Clínica em Nefrologia; X
- Nutrição Clínica em Oncologia; XI - Nutrição Clínica
em Terapia Intensiva; XII - Nutrição de Precisão; XIII
- Nutrição e Alimentos funcionais; XIV - Nutrição e Fi-
toterapia; XV - Nutrição em Alimentação Coletiva; XVI
- Nutrição em Alimentação Coletiva Hospitalar; XVII
- Nutrição em Alimentação Escolar; XVIII - Nutrição
em Atenção Primária e Saúde da Família e Comunida-
de; XIX - Nutrição em Esportes e Exercício Físico; XX
- Nutrição em Estética; XXI - Nutrição em Marketing;
XXII - Nutrição em Saúde Coletiva; XXIII - Nutrição
em Saúde da Mulher; XXIV - Nutrição em Saúde de
Povos e Comunidades Tradicionais; XXV - Nutrição
em Saúde Indígena; XXVI - Nutrição em Saúde Mental;
XXVII - Nutrição em Transtornos Alimentares; XXVIII
- Nutrição em Vegetarianismo e Veganismo; XXIX - Nu-
trição Materno-Infantil; XXX - Nutrição na Produção
de Refeições Comerciais; XXXI - Nutrição na Produção
e Tecnologia de Alimentos e Bebidas; XXXII - Quali-
dade e Segurança dos Alimentos; XXXIII - Segurança
Alimentar e Nutricional; e XXXIV - Terapia de Nutrição
Parenteral e Enteral (BRASIL, 2021, on-line).
184
UNIDADE 7
Isso permite que, de acordo com o desejo de cada especialista, ele possa atuar de forma
legal. A preocupação com a saúde e com a qualidade de vida tem levado mais pessoas
aos consultórios e proporcionado a busca por terapias alternativas. Nesse sentido, a
junção dessas vertentes se faz necessária. Consideremos a fitoterapia, amplamente
utilizada pelo ramo farmacêutico e com bons resultados há muitos anos. Agora, com
a legalização, o próprio nutricionista clínico pode atuar com esse conhecimento junto
ao seu paciente, tornando, por exemplo, o alcance da meta mais acessível a partir da
utilização de ervas que diminuem a ansiedade.
Outra legislação importante ao nutricionista clínico se refere a sua atuação nas
mídias sociais. Não temos dúvidas da importância que a comunicação tem e da
utilização desse meio. Trata-se de uma atividade muito comum na área clínica e é
regulamentada em consonância com o Código de Ética:
“
Art. 56. É vedado ao nutricionista, na divulgação de informações ao
público, utilizar estratégias que possam gerar concorrência desleal
ou prejuízos à população, tais como promover suas atividades
profissionais com mensagens enganosas ou sensacionalistas e alegar
exclusividade ou garantia dos resultados de produtos, serviços ou
métodos terapêuticos.
[...]
Art. 63. É vedado ao nutricionista fazer publicidade ou propaganda
em meios de comunicação com fins comerciais, de marcas de
produtos alimentícios, suplementos nutricionais, fitoterápicos,
utensílios, equipamentos, serviços ou nomes de empresas ou
indústrias ligadas às atividades de alimentação e nutrição (BRASIL,
2018, on-line).
185
UNICESUMAR
“
Define e disciplina a teleconsulta como forma de realização da Consulta de Nutrição
por meio de tecnologias da informação e da comunicação (TICs) durante a pande-
mia da Covid-19 e institui o Cadastro Nacional de Nutricionistas para Teleconsulta
(e-Nutricionista).
[...]
Art. 2º São autorizadas, em caráter excepcional, Teleconsultas de Nutrição por meio de
TIC, desde que o nutricionista: I - esteja com a inscrição ativa no Conselho Regional de
Nutricionistas (CRN); II - esteja previamente cadastrado no e-Nutricionista, acessível
pelos sites do CFN ou dos CRNs; e II - utilize recursos de TIC para realização síncrona
da teleconsulta, preferencialmente por videoconferência, que estejam adequados às
necessidades do atendimento. § 1º Na data de publicação desta Resolução, o sistema
e-Nutricionista, previsto no inciso II deste artigo, estará disponível e o cadastro po-
derá ser realizado. § 2º A partir do início da vigência desta Resolução, o cadastro no
e-Nutricionista, previsto no inciso II deste artigo, deverá ser realizado pelo profissional
previamente ao início da prestação de Teleconsultas de Nutrição. § 3º A partir do início
da vigência desta Resolução, o recém-inscrito no CRN poderá realizar teleconsultas
durante os 30 (trinta) dias necessários à atualização da base de dados do e-Nutricionis-
ta, quando então deverá proceder seu cadastro no sistema, previsto no inciso II deste
artigo. § 4º O nutricionista que prestar teleconsulta sem realizar o cadastro no sistema
e-Nutricionista estará sujeito às penalidades previstas nas normas do CFN. …Art. 3º
No relacionamento virtual com o cliente/paciente/usuário, o nutricionista deverá:
I - conduzir a teleconsulta de forma ética, seguindo todos as etapas de uma consulta
presencial e respeitando a legislação vigente relativa à assistência nutricional e dieto-
terápica, e ao registro em prontuário; II - proceder a teleconsulta em um ambiente que
permita a privacidade do atendimento, sem a presença de outras pessoas, fazendo uso
de vestimenta apropriada; III - proceder a teleconsulta em um ambiente sem elementos
que possam condicionar o atendimento à promoção de marcas de produtos alimentícios,
suplementos alimentares, fitoterápicos, utensílios, equipamentos, serviços, laborató-
rios, farmácias, empresas ou indústrias ligadas às atividades de alimentação e nutrição,
de modo a não direcionar escolhas, visando preservar a autonomia dos indivíduos e
coletividades e a idoneidade dos serviços, conforme disposto art. 60 da Resolução
CFN nº 599, de 2018, o Código de Ética e de Conduta do Nutricionista; IV - informar
sua profissão, nome, número de inscrição no Conselho Regional de Nutricionistas de
sua respectiva circunscrição, conforme disposto art. 21 da Resolução CFN nº 599, de
2018, o Código de Ética e de Conduta do Nutricionista; V - confirmar a identidade do
186
UNIDADE 7
Em relação à nutrição clínica, é possível discorrer sobre muitos temas, afinal, ela abrange muitas áreas de
atendimento clínico. Desse modo, convido a você, neste momento, a buscar alguma área citada que seja
uma novidade e a saber mais a respeito. Lembre-se de que a graduação é o momento de experimentação.
187
UNICESUMAR
O advento da nutrição em esportes e em exercício físico veio de encontro com a busca pelo me-
lhor condicionamento físico e tem forte apelo com a forma física. Sabemos que as mídias sociais têm
aumentado em muito a preocupação com a estética e com a qualidade de vida, o que culminou em
um movimento pela busca da prática física em academias, incluindo a definição e o ganho de massa
muscular. Isso movimentou o comércio de suplementos e dietas (GARCIA JÚNIOR; VIVIANI, 2003).
A área da nutrição esportiva cresceu com esse advento e, em 2018, foi reconhecida como especia-
lidade não apenas para a população em geral, mas também para o acompanhamento da melhoria da
performance de atletas profissionais. É nessa ciência que está pautado o desempenho físico, uma vez
que a alimentação é a base biológica do corpo para a resposta à atividade executada (NABHOLZ, 2007).
Logo, entendemos que a nutrição esportiva visa dar o suporte nutricional necessário para que atle-
tas ou praticantes de exercício físico possam desempenhar o máximo do seu potencial. Desse modo,
os efeitos negativos provenientes dos excessos serão minimizados sobre o organismo humano. Isso
acontece, pois sabemos que uma dieta adequada é capaz de melhorar o desempenho, ao fornecer os
substratos energéticos necessários para a prática de exercícios regulares, melhorando a habilidade do
organismo em utilizar os nutrientes (NABHOLZ, 2007).
Dentro da nutrição esportiva, temos, de acordo com Resolução CFN n° 600/2018, a “Assistência Nu-
tricional e Dietoterápica para Atletas e Desportistas” (BRASIL, 2018, on-line). Esse ramo de atuação pode
ser considerado um atendimento clínico, visto que
também é pautado nas demais normas referentes
ao setor. No entanto, ele “dispõe sobre a prescrição
dietética, pelo nutricionista, de suplementos ali-
mentares e dá outras providências” (BRASIL, 2020,
on-line). Isso permite que o profissional realize o
acompanhamento e faça a prescrição de suplemen-
tos de acordo com a necessidade do seu paciente.
A nutrição em saúde coletiva, com atuação do
nutricionista no Sistema Único de Saúde (SUS), vem
de encontro com a necessidade da melhoria do perfil
da saúde da população brasileira, que vem sofrendo
alterações em seus padrões de morbimortalidades
relacionados ao estado nutricional de todas as fai-
xas etárias de nosso território demográfico, mesmo
dentro de suas particularidades (ASSIS et al., 2002).
Sabemos que o nosso país tem inúmeras enfer-
midades, uma característica de países subdesenvol-
vidos. Essas enfermidades são advindas da fome e da
desnutrição. Assim, o nutricionista vem de encontro
com a atuação dentro do programa de atenção básica
de saúde à família (FONTINELE JUNIOR, 2003).
188
UNIDADE 7
Essa atuação profissional dentro de programas públicos visa à melhoria da igualdade de qualidade de ali-
mentação, buscando acabar com a desnutrição e com os problemas relacionados ao sobrepeso e à obesidade.
Em nosso país, temos os dois extremos problemas sociais. Logo, definimos de forma clara que a atuação pro-
fissional do nutricionista no desenho de projetos e de ações objetiva a promoção, o tratamento e a reabilitação
da saúde em todos os setores sociais, ao atuar dentro de secretarias de saúde. Outro objetivo é o de que seja
vislumbrada a importância dessa atuação, a fim de que haja mais oportunidades para mais colegas de trabalho.
O nutricionista em saúde coletiva pode atuar em:
• Divulgação de informações corretas sobre alimentação saudável.
• Hospitais Municipais.
• Vigilância Sanitária.
• Bancos de leite humano.
• Equipe multiprofissional de terapia nutricional.
• Equipes de Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF).
• Unidades Básicas de Saúde (UBS).
• Ambulatórios de instituições geriátricas.
• Vigilância em Saúde (Sisvan).
Para essa atuação do nutricionista, a lei a regulamentadora é a Lei Federal nº 8234/91, que embasa,
inclusive, a Resolução CFN n° 600/2018, tão comentada em nossa unidade:
“
IV. ÁREA DE NUTRIÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
Fundamento legal. Inciso II, III, VI, VII, VIII do Artigo 3º e Incisos III, IV, VI, VII, VIII,
IX e Parágrafo Único do Artigo 4º da Lei Federal nº 8.234, de 17 de setembro de 1991.
Competência. Compete ao nutricionista, no exercício de suas atribuições na área de
Nutrição em Saúde Pública: organizar, coordenar, supervisionar e avaliar os serviços de
nutrição; prestar assistência dietoterápica e promover a educação alimentar e nutricional
a coletividades ou indivíduos, sadios ou enfermos, em instituições públicas ou privadas,
e em consultório de nutrição e dietética; atuar no controle de qualidade de gêneros
e produtos alimentícios; participar de inspeções sanitárias (BRASIL, 2018, on-line).
Para esse tipo de trabalho, também contamos com normativas adjacentes, que auxiliam na formação
de programas de atuação. Elas são inúmeras e variam de acordo com a região:
• Marco de Referência Educação Alimentar e Nutricional nas Políticas Públicas: aborda a impor-
tância de que vários profissionais apoiem nas ações de Educação Alimentar e Nutricional (EAN).
• Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN): demonstra a obrigação de o Es-
tado garantir o Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) a toda população, calcado
no conceito de segurança alimentar e nutricional.
• Normas e Manuais Técnicos (Caderno - Série A) - Matriz de Ações de Alimentação e Nutrição
na Atenção Básica de Saúde do Ministério da Saúde, 2009.
189
UNICESUMAR
40
30,8%
30
20
10
0
Alimentação Nutrição clínica Saúde coletiva Docência Outros Indústria Nutrição Marketing
coletiva esportiva
Figura 1 - Gráfico de representação, em porcentagem, das áreas de atuação dos nutricionistas brasileiros em 2021
Fonte: CFN (2021, on-line)².
Descrição da Imagem: a figura mostra um gráfico de barras. Nele, estão representadas as áreas de atuação do profissional da nutri-
ção em ordem decrescente, utilizando, como referência, a porcentagem do número de profissionais atuando em cada uma delas. Da
esquerda para a direita, temos: 30,8% em alimentação coletiva, 30,4% em nutrição clínica, 17,7% em saúde coletiva, 11,4% na docência,
3,3% em outros, 2,6% na indústria, 2,5% em nutrição esportiva e 1,3% em marketing.
190
UNIDADE 7
Você já pensou de onde surgem os novos produtos alimentícios? Esse é um trabalho desem-
penhado por uma equipe de pesquisa e desenvolvimento, geralmente, composta por profis-
sionais de inúmeras áreas, com o objetivo de realizar uma inovação comum! Interessante, não
é mesmo? Será que essa também não poderia ser uma área de atuação para você?
Os profissionais nutricionistas não estão restritos a esses nichos de mercado. Inclusive, a própria Re-
solução CFN n°600/2018 regulamenta as seguintes áreas:
• Assistência e educação nutricional individual e coletiva: políticas e programas institucionais,
atenção básica em saúde e vigilância em saúde.
• Nutrição na cadeia de produção, na indústria e no comércio de alimentos.
• Atividades de desenvolvimento e produção e comércio de produtos relacionados à alimentação
e à nutrição: cadeia de produção de alimentos, indústria de alimentos e comércio de alimentos
(atacadista e varejista).
• Nutrição no ensino, na pesquisa e na extensão.
• Atividades de coordenação, ensino, pesquisa e extensão nos cursos de graduação e pós-gra-
duação em nutrição, aperfeiçoamento profissional, técnicos e outros da área da saúde ou afins.
Todas são áreas que têm crescido bastante e merecem atenção durante o período de formação acadê-
mica. Mais uma vez, gostaria de convidá-lo a buscar locais e conversar com profissionais formados.
Contudo, lembre-se de que cada um tem a sua aptidão e há lugar para todos no mercado.
Agora, estudaremos a responsabilidade técnica. Em relação às áreas de atuação, podemos atuar
como o responsável técnico do local, tendo em vista que prezamos pela qualidade dos serviços pres-
tados. O respaldo se dá na Resolução CFN n° 576/2016, que expõe a seguinte informação: “Art. 2°,
§1º A Responsabilidade Técnica é indelegável e obriga o Nutricionista à participação efetiva e pessoal
nos trabalhos inerentes ao seu cargo” (CFN, 2016, p. 565).
Contudo, alguns critérios devem ser avaliados, para que, junto ao CFN, a empresa possa conceder
a atuação do profissional como Responsável Técnico (RT):
“
Art. 2°, §2º O Nutricionista detentor da Responsabilidade Técnica deverá cumprir e fazer
cumprir todos os dispositivos legais do exercício profissional do nutricionista, assumindo
direção técnica, chefia e supervisão na execução das atividades de sua equipe, quando houver.
Art. 13 Os Nutricionistas integrantes do QT poderão responder solidariamente com o Nu-
tricionista Responsável Técnico pelas atividades que desenvolvem na sua área de atuação.
Art. 10 O profissional que deixar de exercer a atribuição de RT por determinada Pessoa
Jurídica ou unidade é obrigado a comunicar por escrito ao CRN de sua jurisdição, no
prazo máximo de 15 (quinze) dias (CFN, 2016, p. 565).
191
UNICESUMAR
A atuação como responsável, geralmente, permite que o profissional aprenda e cresça profissionalmente,
pois ele se torna o ponto focal do processo produtivo em questão. Entretanto, em conjunto a isso, em
toda e quaisquer ações da empresa, a responsabilidade recai sobre o nutricionista.
Para finalizarmos, independentemente do nicho escolhido, busque se satisfazer com a escolha que
foi feita, afinal, essa profissão e a rotina diária do trabalho o acompanham diariamente.
Nosso material aborda, em inúmeros momentos, a Resolução CFN n° 600/2018, mas, durante esse período
você teve a curiosidade de procurá-la e averiguar todas as informações contidas nela? Já a conhecia antes
de iniciar esta leitura? Caso a resposta tenha sido negativa ou positiva, convido-lhe a realizar uma leitura
minuciosa desse documento, afinal, ele baliza a sua profissão, independentemente da área escolhida.
Trabalhe com o que você ama e nunca mais precisará trabalhar na vida.
(Confúcio)
Chamemos a atenção ao anexo III do documento. Ele dispõe sobre os parâmetros numéricos mí-
nimos de referência para a atuação do nutricionista. Em alguns de seus temas, há o estabelecimento
da carga horária de trabalho semanal e são expostos os parâmetros de determinação do número de
nutricionistas que um ambiente de produção de refeições deve ter, de acordo com o número de refei-
ções servidas, para que o atendimento seja de qualidade.
No decorrer do texto, temos tabelas que servem de referência para a contratação dos profissionais
de forma adequada entre as áreas. Portanto, há as seguintes descrições (BRASIL, 2018):
1. Serviços de alimentação coletiva (autogestão e concessão) em empresas e instituições, hotéis,
hotelaria marítima, comissárias, unidades prisionais, hospitais, clínicas em geral, hospital-dia,
Unidades de Pronto Atendimento (UPA), spa clínicos, serviços de terapia renal substitutiva,
Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) e similares.
2. Serviços de alimentação coletiva (autogestão e concessão) em hospitais, clínicas em geral,
hospital-dia, Unidades de Pronto Atendimento (UPA), spa clínicos, serviços de terapia renal
substitutiva, Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) e similares.
3. Alimentação e nutrição no ambiente escolar: rede privada de ensino.
4. Empresas prestadoras de serviços de alimentação coletiva: refeição-convênio.
5. Restaurantes comerciais e similares.
6. Buffet de eventos.
7. Serviço ambulante de alimentação.
192
UNIDADE 7
As normas e as leis são mutáveis, portanto, devemos estar ligados aos acontecimentos de
nosso setor, pois, independentemente da área em que atuamos, esta será o nosso referencial.
Contudo, cabe questionar: todas as regras relacionadas à empregabilidade, à carga horária de
trabalho e aos detalhes exigidos são realmente cumpridas por todas empresas? As condições
de trabalho em todos os nichos atendem aos requisitos mínimos?
Esse é apenas um aspecto de reflexão, pois, em breve, nós seremos os atores do mercado de
trabalho, seja redigindo as normas, seja cumprindo-as.
193
UNICESUMAR
194
Agora é contigo: será que, depois de todo esse estudo, você conseguiria definir um local
para cada nicho de atuação? Vale pesquisar para além de nosso material, para que você
possa encontrar locais novos para a sua atuação.
Responsabilidade Técnica
Nutrição Clínica
Fonte: a autora.
195
1. A Resolução CFN nº 600/2018 apresenta a definição e a regulamentação da atuação de
nutricionistas em diversas áreas. Sobre a temática, podemos afirmar:
I) O nutricionista de saúde coletiva visa à diminuição da desnutrição e dos demais
problemas relacionados à alimentação
II) O nutricionista clínico deve atender unicamente em consultório particular.
III) O nutricionista de UA pode atuar como o responsável técnico do estabelecimento,
desde que esteja atendendo às legislações pertinentes do setor
IV) O nutricionista de saúde coletiva pode atuar como nutricionista dos programas de
alimentação escolar.
196
3. Atualmente, encontrar profissionais de qualquer setor nas mídias sociais tem sido de
grande valor, pois, a partir delas, é possível divulgar o trabalho e as informações, a
fim de angariar mais clientes. Pensando em manter a qualidade e proteger tanto os
profissionais habilitados quanto a população em geral, o Conselho Federal de Nutrição
reestruturou o seu Código de Ética, ao delimitar a atuação do nutricionista nesse meio
de comunicação. Para tanto, foram estabelecidos os princípios, as responsabilidades,
os direitos e os deveres os quais devem ser praticados como base de todas as áreas e
das atividades da nutrição, inclusive, nas redes sociais.
Sobre a temática, analise as afirmativas a seguir:
I) Art. 56 – É vedado ao nutricionista, na divulgação de informações ao público, utilizar
estratégias que possam gerar concorrência desleal ou prejuízos à população, tais
como promover suas atividades profissionais com mensagens enganosas ou sensa-
cionalistas e alegar exclusividade ou garantia dos resultados de produtos, serviços
ou métodos terapêuticos.
II) Art. 57 – É vedado ao nutricionista utilizar o valor de seus honorários, promoções
e sorteios de procedimentos ou serviços como forma de publicidade e propaganda
para si ou para seu local de trabalho.
III) Art. 58 – É vedado ao nutricionista, mesmo com autorização concedida por escrito,
divulgar imagem corporal de si ou de terceiros, atribuindo resultados a produtos,
equipamentos, técnicas, protocolos, pois podem não apresentar o mesmo resultado
para todos e oferecer risco à saúde.
197
198
8
Entidades de Classe e
Associações Científicas
e Culturais
Esp. Raíssa Ferreira do Prado Pimenta Borrasca
200
UNIDADE 8
alegava ao paciente que ele poderia auxiliá-lo na perda de peso. Você percebeu que o nutricionista teve
uma atitude que violou o Código de Ética da profissão? Qual seria a melhor atitude a se tomar nesse
momento? Caso você opte por denunciar o ocorrido, qual entidade você poderia recorrer?
Aliado ao conteúdo estudado em relação ao Código de Ética e Conduta do Profissional, fica evi-
dente que a atitude do nutricionista exposta viola o Código de Ética, visto que, segundo a Resolução
CFN nº 599/2018, é “dever do nutricionista respeitar os limites do seu campo de atuação, sem exercer
atividades privativas de outros profissionais” (BRASIL, 2018, on-line).
Diante disso, seguindo o Código de Ética e Conduta, entende-se que essa ação deve ser denunciada.
Você percebe que, nesse caso, o mais indicado é que essa denúncia seja realizada no Conselho Regional
de Nutrição? Ele é o órgão responsável por fiscalizar a atuação do nutricionista e atribuir as devidas
advertências ou penalidades.
DIÁRIO DE BORDO
As entidades de classe que representam a profissão são de extrema importância para orientar, informar,
fiscalizar, direcionar, apoiar e capacitar a atuação do nutricionista. Além de conhecê-las e saber que
elas existem, é fundamental que o profissional saiba a diferença entre cada uma, tenha em mente as
legislações ou as informações que elas oferecem para a prática profissional e entenda qual é a função
e o local de abrangência em que cada uma atua.
Apresentaremos, nesta unidade, primeiramente, os conselhos federal e regionais de nutrição, se-
guido dos sindicatos de nutricionistas e, por fim, as associações profissionais. Os conselhos de classe
profissionais têm a sua abrangência de atuação delimitada por leis constitucionais. Diante disso, muitas
vezes, são legalmente impedidos de fazer mais pela profissão, a fim de que não invadam a área de outras
instituições, como sindicatos e associações científicas e culturais (CONHEÇA..., [2021]).
201
UNICESUMAR
O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) foi criado pela Lei nº 6.583, de 20 de outubro de
1978, e é regulamentado pelo Decreto nº 84.444, de 30 de janeiro de 1980. Trata-se de uma autarquia
federal sem fins lucrativos, de direito público e com autonomia administrativa e financeira vinculada
ao Ministério do Trabalho. O objetivo do Conselho Federal e Regional de Nutricionistas é orientar,
disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão do nutricionista e do técnico em nutrição e dietética,
para que consiga atingir a sua missão de contribuir para a garantia do direito humano à alimentação
adequada. Isso acontece a partir de uma atuação profissional ética e comprometida com a segurança
alimentar e nutricional em benefício da sociedade (CFN, [2021], on-line)³.
De acordo com o Decreto nº 84.444/1980, que regulamenta o Conselho Federal de Nutricionistas,
ele tem sede e foro no Distrito Federal e jurisdição em todo o território nacional. Além disso, o CFN
é o órgão superior que supervisiona os conselhos regionais. O Conselho Federal é constituído por
nove membros efetivos e nove suplentes, os quais são eleitos por um colégio eleitoral. Esse colégio é
composto por um representante de cada conselho regional, chamado de delegado. O delegado e o seu
suplente são eleitos por intermédio de uma reunião da assembleia geral de cada conselho regional.
O mandato dos membros do Conselho Federal é de três anos, sendo permitida apenas uma reeleição.
A eleição para o Conselho Federal é realizada entre 25 e 15 dias antes do término do mandato de seus
membros. Quem apresentar a maioria dos votos dos membros do colégio eleitoral será eleito à chapa.
A posse dos membros do conselho deve ocorrer no dia em que terminar o mandato dos membros
em exercício. Qualquer nutricionista que estiver regularmente inscrito no conselho, no pleno gozo
de seus direitos, com mais de dois anos de exercício profissional, poderá se candidatar a membro do
Conselho Federal.
Pensando na organização dos conselhos, seja federal, seja regional, ambos serão compostos pelos
seguintes elementos:
• Órgão deliberativo: trata-se do plenário, que é constituído por seus membros efetivos.
• Órgão administrativo: trata-se da diretoria, constituída pelo presidente, vice-presidente, se-
cretário e tesoureiro, que são eleitos anualmente pelo plenário.
202
UNIDADE 8
Além desses órgãos, os conselhos poderão criar outros órgãos para a execução dos serviços técnicos
ou especializados ao cumprimento das atribuições. Cada membro do Conselho Federal ou do Con-
selho Regional pode se licenciar por meio da deliberação do plenário e o presidente precisa convocar
o respectivo suplente (BRASIL, 1980).
O que são suplentes, afinal? Os suplentes são aqueles que ocuparão a função dos membros
efetivos quando eles não puderem exercê-la.
203
UNICESUMAR
204
UNIDADE 8
As reuniões de cada conselho regional deverão ocorrer uma vez por mês e extraordinariamente, quando
necessário, a partir da convocação do presidente, da maioria dos membros ou de ⅔ de seus associados.
Segundo Brasil (1980), a renda do Conselho Regional deverá ser utilizada especificamente para:
• A organização e o funcionamento dos serviços necessários à fiscalização do exercício profis-
sional.
• A organização de simpósios, conferências e atividades que objetivem o aprimoramento técni-
co-científico de nutricionistas.
• A organização de serviços de caráter assistencial, quando solicitados por entidades sindicais.
Atualmente, no Brasil, existem dez CRNs, todos regulamentados pelo CFN. Seguem, a seguir, as lo-
calidades de cada um.
205
UNICESUMAR
REALIDADE
AUMENTADA
Figura 1 - Mapa que representa as áreas de jurisdição dos CRNs pelo Brasil
Fonte: CFN ([2021], on-line)4.
206
UNIDADE 8
Não basta que o nutricionista tenha concluído a graduação em um curso reconhecido pelo Ministério
da Educação (MEC) e tenha em mãos o seu diploma. Para estar apto ao exercício profissional, é obri-
gatório que ele apresente um registro no CRN, o qual deve ser feito assim que o profissional concluir
os seus estudos. Além disso, é obrigatório que todo o estabelecimento que trabalhe com alimentos e
refeições tenha, ao menos, um nutricionista em sua equipe.
Dessa forma, garante-se que os serviços serão executados de forma ética e segura, profissionalizando
a área. Isso proporciona um aumento das oportunidades no mercado de trabalho. Os conselhos de
cada jurisdição também costumam oferecer cursos de aperfeiçoamento e atualização aos nutricionis-
tas, visando torná-los cada vez mais capacitados para exercer a sua função e se tornar referência em
determinado local e segmento que pretende atuar.
Para ser um profissional de excelência, é fundamental aliar os conhecimentos e as experiências
adquiridas ao longo de seu trabalho junto aos princípios éticos da profissão. Portanto, o CRN oferta
todo o respaldo necessário para isso, ao promover a preservação da atividade e a credibilidade de cada
nutricionista devidamente inscrito.
Figura 2 - Soft skills a serem desenvolvidas para uma atuação profissional de excelência
Descrição da Imagem: a figura apresenta um infográfico que demonstra alguns soft skills (conjunto de habilidades e competências
relacionadas ao comportamento humano) para o desenvolvimento profissional. Com início a partir do lado esquerdo da imagem, te-
mos: trabalhar de forma ética; trabalhar em time/equipe; adaptabilidade; resolução de problemas; comunicação; criatividade; gestão
do tempo; e liderança.
Aos profissionais que estiverem devidamente cadastrados no CRN, serão fornecidos a carteira de
identidade profissional e o cartão de identificação. Esses profissionais devem obrigatoriamente realizar
o pagamento de anuidades, emolumentos e taxas ao conselho da sua região. Em empresas públicas e
privadas e em concursos públicos para nutricionista, o requisito principal para o exercício profissional
é a carteira de identidade profissional, independentemente da função, que varia em chefia, direção,
assessoramento, coordenação, planejamento, organização de serviços e programas de nutrição e ali-
mentação, é necessária a carteira de identidade profissional (BRASIL, 1978).
Em relação aos profissionais que atuam em mais de uma região, é orientado que eles paguem a
anuidade ao conselho regional do local onde reside. No entanto, é importante que estejam inscritos
207
UNICESUMAR
nos demais conselhos interessados e que comuniquem a continuidade de suas atividades por escrito
até o dia 31 de março de cada ano. Além disso, empresas que trabalham com a nutrição e a alimenta-
ção devem obrigatoriamente se inscrever no Conselho Regional de Nutricionistas de suas respectivas
sedes. As instituições que se enquadram nesse critério são:
• As que produzem alimentos destinados ao consumo humano.
• As que exploram serviços de alimentação em órgãos públicos ou privados.
• Hospitais que tenham serviços de nutrição e dietética.
• Escritórios de informações de nutrição e dietética ao consumidor.
• Consultorias de planejamento de serviços de alimentação.
• Outras que podem ser incluídas por ação do Ministério do Trabalho (BRASIL, 1980).
Você sabia que existe uma legislação específica para tratar do processo de inscrição do nutri-
cionista no CRN?
A legislação que se refere ao processo de inscrição do nutricionista no CRN é a RDC CFN nº 466/2010,
que sustenta que a inscrição no CRN pelo nutricionista tem abrangência em todo o território nacional.
Também delineia as duas modalidades existentes de inscrição:
• Originária: está associada ao primeiro registro solicitado pelo interessado. Subdivide-se em:
• Provisória: inscrição solicitada pelo portador de certificado/declaração de conclusão de
curso. Tem validade de 24 meses e pode ser prorrogada por mais 12 meses, de acordo com
o interesse do indivíduo.
• Definitiva: inscrição para quem tem o diploma registrado no órgão competente.
• Secundária: associa-se à inscrição efetuada por um CRN diferente do que realizou a inscrição
originária. Em outras palavras, deve ser solicitada quando o profissional inscrito em determi-
nado CRN deseja exercer atividades na jurisdição de outro CRN por prazo superior a 90 dias
consecutivos ou intercalados. Tem validade de 12 meses e pode ser prorrogada a partir de um
requerimento por escrito do nutricionista.
A RDC CFN nº 466/2010 também explica o processo de transferência de inscrição. Nesse caso, o
nutricionista que deseja mudar o local de atuação profissional para outra jurisdição deve solicitar a
transferência da inscrição, seja definitiva, seja provisória, no CRN em que pretende atuar dentro do
prazo de 30 dias, a partir do início do exercício profissional em nova jurisdição. Durante esse período,
o nutricionista pode exercer a profissão munido do protocolo de processo de transferência.
208
UNIDADE 8
209
UNICESUMAR
Em relação à anuidade que o profissional deve pagar ao respectivo Conselho Regional de Nutricionistas
de sua jurisdição, de acordo com o Decreto nº 84.444 de 1980, ela constitui uma condição de legitimi-
dade para o exercício profissional e para o funcionamento da empresa. O Decreto nº 84.444/1980 ainda
determina que a anuidade deve ser paga até o dia 31 de março de cada ano, com exceção da primeira
anuidade, que deve ser paga no momento da inscrição. A entidade responsável por fixar o valor da
anuidade é o Conselho Federal, enquanto os conselhos regionais são os responsáveis por repassar, até
o último dia útil de cada trimestre, parte da arrecadação que lhes cabe ao Conselho Federal.
O pagamento da anuidade fora do prazo determinado implica em uma multa imposta como sanção
disciplinar, a qual equivale a um acréscimo de 20% do débito, além dos juros de mora (valor cobrado
quando há atraso no pagamento de uma conta e aumenta à medida que o atraso se estende) de 1% ao
mês e da correção monetária. Ele deve ser feito dentro do prazo de 30 dias. Os conselhos regionais
podem realizar as cobranças das taxas de inscrição, de expedição ou de substituição da carteira de
identidade profissional e emolumentos por expedição de certidões, declarações e outros documentos,
assim como é determinado pelo Conselho Federal (BRASIL, 1980).
Afinal, quais atos constituem infrações disciplinares e quais são as penalidades para essas
infrações?
De acordo com o Decreto nº 84.444/1980, temos nove ações que podem ser consideradas infrações
disciplinares. São elas:
1. Violar o que é determinado em lei ou regulamentado no Código de Ética e Conduta Profissional.
2. Exercer a atuação profissional quando for impedido de realizá-la ou facilitar o exercício aos
que não são inscritos ou aos leigos.
3. Violar sigilo profissional.
4. Praticar, ao longo da atividade profissional, um ato que a lei define como crime ou contravenção.
5. Revelar algum segredo que, em razão da profissão, foi-lhe confiado.
6. Não cumprir, no prazo definido, a determinação emitida pelo órgão ou autoridade dos con-
selhos federal e regionais.
7. Deixar de pagar ao Conselho Regional as contribuições a que está obrigado.
8. Descumprir qualquer dever profissional.
9. Manter conduta incompatível com o exercício profissional.
210
UNIDADE 8
As infrações serão apuradas pelo Conselho Regional da jurisdição do profissional, considerando a na-
tureza da ação e as circunstâncias de cada caso. Depois isso, serão aplicadas as respectivas penalidades.
As penalidades consistem:
1. Advertência.
2. Repreensão.
3. Multa equivalente a até 10 vezes o valor da anuidade.
4. Suspensão do exercício profissional pelo prazo de até três anos.
5. Cancelamento da inscrição e proibição do exercício profissional.
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UNIDADE 8
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UNICESUMAR
De acordo com a FNN ([2021], on-line)7, o piso salarial nacional de referência para nutricionistas é
de R$ 3.067,12 para 44 horas semanais trabalhadas.
Segue, a seguir, a tabela de honorários dos nutricionistas definida pela FNN em 2021:
Tabela de Honorários dos Nutricionistas (2021)
Unidade de Serviço em Nutrição
Atividades Valores
(USN) = R$76,31
Assessoria com RT - (por hora) 2 R$ 152,62
Assessoria sem RT - (por hora) 1 R$ 76,31
Atividade de Educação Nutricional 1½ R$ 114,48
Auditoria com Relatório - R$ 3.067,12
Avaliação Clínica Enteral 4 R$ 305,24
Avaliação Clínica Parenteral 4 R$ 305,24
Avaliação Nutricional 2 R$ 152,62
Bioimpedância 2 R$ 152,62
Cardápio Diário 1 R$ 76,31
Cardápio Mensal 20 R$ 1.526,20
Cardápio Semanal 5 R$ 381,55
CheckList de Acordo com RDC 216/04 ANVISA 2 R$ 152,62
Consulta Clínica 2 R$ 152,62
Consulta Convênio 1 R$ 76,31
Consultoria - (por hora) 1½ R$ 114,48
Consultório - (academia) 2 R$ 152,62
Ficha Técnica - (por ficha) 4 R$ 305,24
Home Care - (consulta domiciliar / por visita) 4 R$ 305,24
MBP - (POP’s, Fluxograma, Layout) - R$ 3.067,12
Orientação Nutricional 1 R$ 76,31
Palestra - (por participante) 1½ R$ 114,48
Personal Diet 4 R$ 305,24
Rotulagem Nutricional - (por rótulo) 1½ R$ 114,48
Treinamento Capacitação RT - (por hora) 1½ R$ 114,48
Tabela 3 - Tabela de honorários dos nutricionistas definida pela FNN em 2021
Fonte: FNN ([2021], on-line)7.
214
UNIDADE 8
Diante disso, para representar a profissão “nutricionista”, há a Associação Brasileira de Nutrição (AS-
BRAN), que é uma sociedade de âmbito nacional, sem fins lucrativos, de cunho técnico-científico,
cultural e social. É composta por um grande número de sócios filiados às associações de nutrição
presentes nos estados do país. Além disso, a ASBRAN é a responsável por conceder, anualmente, o
título de especialista em nutrição para os profissionais que cumprirem os pré-requisitos do edital
(CONSELHO..., 2013).
215
UNICESUMAR
A ASBRAN surgiu em 1949. Primeiramente, ela era a Associação Brasileira de Nutricionistas (ABN) e
estava no estado do Rio de Janeiro. Dentre as décadas de 70 e 80, ela passou a ser chamada de Federação
Brasileira das Associações de Nutricionistas (FEBRAN). A atuação dessa associação é direcionada aos
nutricionistas, técnicos e estudantes de nutrição. Para tanto, tem uma rede de 10 entidades estaduais
filiadas. Foi mediante a mobilização da ASBRAN que foram criados os conselhos federal e regionais
de Nutricionistas em 1976 e, em 1980, foi regulamentado o diploma do nutricionista.
A ASBRAN tem as suas ações voltadas à colaboração com o poder público e às universidades, com
a finalidade de aprimorar a qualidade de ensino de nutrição. A cada dois anos, realiza o Congresso
Brasileiro de Nutrição (CONBRAN), um evento renomado e que proporciona um grande apri-
moramento técnico-científico do profissional que o participa. A ASBRAN ainda é a responsável por
desenvolver projetos e pesquisas, e funciona como um meio de denúncia das situações que violam o
processo de alimentação e nutrição adequado à população brasileira. Além disso, conta com a Re-
vista da Associação Brasileira de Nutrição (RASBRAN), que veicula artigos científicos, estudos e
pesquisas desenvolvidas por nutricionistas.
A diretoria da ASBRAN é composta por:
• Presidente.
• Vice-presidente.
• Secretária geral.
• 1ª Secretária.
• 2ª Secretária.
• 1ª Tesoureira.
• 2ª Tesoureira.
• 3 Conselhos Fiscal Efetivo.
• 3 Conselhos Fiscal Suplente.
A ASBRAN é composta por associações estaduais filiadas e distribuídas nas seguintes regiões: Sul,
Sudeste, Nordeste, Centro-Oeste e Norte do Brasil. Nutricionistas, estudantes de nutrição ou técnicos
que apresentarem o desejo de se filiar à associação, devem, primeiramente, identificar-se no local onde
216
UNIDADE 8
residem, para que se filiem diretamente a ela. Assim, receberão os benefícios que a associação da região
oferta e terão direito aos benefícios nacionais da ASBRAN. Já os profissionais ou os estudantes que
residem em regiões que não apresentam associação estadual devem se filiar à ASBRAN.
Vamos conhecer as dez regiões do Brasil que apresentam uma associação estadual filiada à ASBRAN?
1. ACAN - Associação Catarinense de Nutrição.
2. AGAN - Associação Gaúcha de Nutrição.
3. ALNUT - Associação Alagoana de Nutrição.
4. ANDF - Associação de Nutrição do Distrito Federal.
5. ANEES - Associação de Nutrição do Estado do Espírito Santo.
6. ANEPA - Associação de Nutrição do Estado do Pará.
7. AMAN - Associação de Nutrição Maranhense de Nutrição.
8. APAN - Associação Paulista de Nutrição.
9. APN - Associação Pernambucana de Nutrição.
10. ASMAN - Associação Sul-mato-grossense de Nutrição.
Você sabe quais são as áreas nas quais a ASBRAN pode conferir o título de especialista ao nu-
tricionista e qual normativa do CFN aborda o registro, no Conselho, do título de especialista?
As áreas em que a Associação Brasileira de Nutrição pode conferir o título de especialista ao
nutricionista que cumprir os requisitos do edital são:
Alimentação coletiva.
Nutrição clínica.
Saúde coletiva.
Nutrição em esportes.
Fitoterapia.
Para conquistar essa titulação, é necessário que o nutricionista seja avaliado mediante uma
pontuação determinada sob o seu currículo. Caso não atinja os critérios estabelecidos em
edital, para obter uma pontuação suficiente, deverá realizar uma prova escrita. A legislação
responsável por dispor as normas para registro dos títulos de especialistas conferidos pela
ASBRAN é a RDC CFN nº 416, de 23 de janeiro de 2008. Ela foi alterada em alguns aspectos
pela RDC CFN nº 556, de 11 de abril de 2015.
Fonte: a autora.
217
UNICESUMAR
Nesta unidade, você pôde conhecer de modo mais aprofundado as entidades que representam a pro-
fissão do nutricionista. Portanto, expomos as ocasiões em que você poderá recorrer a cada uma delas,
a localidade delas e, principalmente, como cada uma atua. Assim, tivemos ciência dos objetivos, das
informações, das documentações e das legislações que essas entidades podem ofertar para contribuir
com o exercício da profissão.
Também compreendemos a importância e a diferença entre os conselhos de classe, os sindicatos e
as associações. Os conselhos são os responsáveis por expedir o registro do profissional, a carteira de
identidade profissional. Além disso, definem as resoluções que regulamentam a profissão, fiscalizam
a prática profissional, recebem denúncias e aplicam penalidades, quando necessário.
Já os sindicatos são as entidades que lutam pela valorização da profissão a partir das negociações
junto à prefeitura e empresas por um piso salarial mais justo e definem a tabela de honorários de
acordo com as atividades que podem ser desempenhadas pelo nutricionista. Por fim, as associações
contribuem para o aperfeiçoamento do profissional mediante a realização de pesquisas científicas,
cursos e congressos, além de serem responsáveis por conferir o título de especialista ao nutricionista
em diferentes áreas.
218
Vamos elaborar o nosso mapa mental? Com ele, você poderá ter uma visão mais ampla de cada
conceito visto nesta unidade. Além disso, conseguirá organizar as suas ideias e os aprendizados
que foram obtidos ao longo de seus estudos, ao estabelecer uma conexão entre eles. Segue, a
seguir, um site que pode ser utilizado para a elaboração do seu mapa mental. Também apresenta-
mos algumas palavras-chave para você dar início ao seu mapa, com base no conteúdo visto nesta
unidade. São elas: entidades de classe, conselhos federal e regional, sindicato dos nutricionistas
e Associação Brasileira de Nutrição.
https://www.goconqr.com/
219
1. Considere um nutricionista que se formou recentemente e mora no estado de São
Paulo. Ele deseja realizar o registro no conselho e garantir a sua carteira de identidade
profissional. No entanto, só tem em mãos o seu certificado de conclusão da graduação
em Nutrição. Além disso, deseja trabalhar com assessoria sendo RT, mas não sabe o
quanto deve cobrar pelos seus serviços.
a) Cite o número do CRN ao qual esse nutricionista deveria se registrar e qual é o tipo
de inscrição ele deve realizar. Justifique a sua resposta.
b) Explique o que significa RT e qual é a função de um nutricionista que presta assessoria.
c) Apresente o local em que esse nutricionista poderá encontrar uma tabela de honorários
adequada para a região onde reside.
220
3. “Os Conselhos, Sindicatos e Associações, são entidades de classe profissional, ainda
que voltados ao mesmo público, apresentam diferenças em seus objetivos e áreas de
atuação. O Conselho Federal de Nutricionistas, por exemplo, é uma autarquia federal,
atuante em todo o território nacional com a função de normatizar, disciplinar e orientar
o exercício profissional. Já os Conselhos Regionais são instituições do Estado e têm a
finalidade de fiscalizar e orientar a atuação dos Nutricionistas, bem como emitir o re-
gistro no Conselho e a Carteira de Identidade Profissional. Os Sindicatos têm o objetivo
de lutar pela melhoria das condições de trabalho, da remuneração das relações entre
empregado e empregador e defender a classe profissional fazendo com que os direitos
regulamentados pela CLT sejam garantidos. As Associações são criadas por iniciativa
única e exclusiva dos profissionais, e possui caráter político e cultural, dedicadas ao
debate das questões decisivas das profissões visando o aprimoramento dos associados”.
BERTONHA, L. H. L. Entenda a funcionalidade das Entidades de Classe profissional da
nutrição. Pling, 8 jul. 2020. Disponível em: https://pling.pro/br/CRN3/entenda-a-fun-
cionalidade-das-entidades-de-classe-profissional-da-nutricaoler-mais/AR3Ke7ncBP.
Acesso em: 13 ago. 2021.
Diante do conteúdo exposto, assinale a alternativa correta:
a) As entidades de classe, incluindo os conselhos, sindicatos ou associações, são autar-
quias federais.
b) A criação de resoluções que regulamentam e regem a profissão “nutricionista” são de
responsabilidade do Conselho Federal de Nutricionistas.
c) O Código de Ética profissional é definido pelo Conselho Regional de Nutricionistas e
de acordo com as demandas de cada estado.
d) Aos sindicatos, compete definir os valores das anuidades e das taxas a serem pagos
por profissionais inscritos no conselho regional.
e) As associações são entidades criadas pelo estado.
221
222
9
Mercado de Trabalho,
Piso Salarial e Jornada
de Trabalho
Dra. Maria Fernanda Francelin Carvalho
Acredito que você já deve ter escolhido ou, ao menos, se identificado com alguma área de atuação. No
entanto, você já se perguntou: onde moro, há espaço para que eu possa desenvolver o meu trabalho?
Caso eu prossiga, conseguirei ter uma carreira bem-sucedida? Será que as normas voltadas ao piso
salarial são tão simples de serem seguidas?
As legislações referentes ao piso salarial e à carga horária de trabalho existem para que os conselhos
possam ter uma régua de medição sobre a forma com que os profissionais do setor estão trabalhando
e, assim, atuem, caso algo esteja sendo feito fora do desejado, incluindo cargas de trabalho abusivas
ou salários muito baixos. Desse modo, a Resolução CFN nº 600/2018 elenca as áreas de atuação do
profissional nutricionista e determina a forma mais justa de trabalho.
Vera é uma estudante de Nutrição que reside na cidade de Maringá, no Paraná. Ela escolheu a pro-
fissão sonhando com o seu consultório, que seria todo decorado e cheio de pacientes. Ao se formar,
percebeu que não seria tão fácil ter o seu consultório próprio, porém conseguiu atuar em uma clínica
de múltiplas áreas.
Para iniciar os seus atendimentos, Vera se lembrou de suas aulas de Ética e procurou, no site do
respectivo conselho, as informações referentes à precificação de seu trabalho. Elaborou a tabela
de valores e serviços e, prontamente, a forneceu à gestora da clínica. Todavia, a gestora devolveu
a tabela e solicitou que os valores fossem reduzidos, afinal, Vera era uma recém-formada e jamais
conseguiria se inserir no mercado com os valores expressos. Por necessidade, Vera cedeu e come-
çou a atuar com valores 20% abaixo da tabela. Ela está infeliz, mas, o que ela poderia fazer? Você,
no lugar de Vera, o que faria?
Coloque-se no lugar de Vera e, no diário de bordo, escreva um plano de ação para que você possa se
posicionar no mercado de trabalho. Anote as legislações e trechos importantes para embasar a sua resposta.
DIÁRIO DE BORDO
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UNIDADE 9
225
UNICESUMAR
Ao longo das décadas, houve um intenso aumento do número dos cursos de gra-
duação e de profissionais, com concomitante expansão e diversificação dos campos de
atividade (L’ABBATE, 1988). Diante desse movimento, as legislações que regulamentam
a profissão devem segui-lo. Um exemplo é a Resolução nº 600, do Conselho Federal de
Nutricionistas, a qual está em vigor desde 2018, que regulamenta as cargas horárias e os
valores a serem pagos pelos serviços prestados pelos nutricionistas nos mais diversos
ramos de atuação. Além disso, define as atribuições e os parâmetros numéricos mínimos
de referência por área (COÊLHO, 1983).
A Federação Nacional de Nutrição (FNN) apresenta algumas normativas relacionadas
aos honorários:
“
Orientações Referentes aos Honorários
Cumprimento da Tabela é obrigatório, seu descumprimento é infração
ética prevista no Código de Ética, Capítulo X, Art 18, inc. V.
• Esta Tabela Refere-se a Valores Mínimos a serem Cobrados.
• Assessoria: planeja, implanta e avalia programas e serviços na área e
oferece soluções para essas determinadas situações. Ex: um restaurante
comercial solicita um treinamento de funcionários e ou elaboração de
cardápio.
• Consultoria: analisa, avalia e emite um parecer técnico sobre determinado
assunto ou serviço relacionado à sua especialidade. Ex: uma cozinha se en-
contra com problemas de contaminação cruzada. Chama-se um profissional
nutricionista consultor para resolver esse problema.
• Responsável Técnico: responsável pelo local, perante a Prefeitura,
Vigilância Sanitária, PAT, etc...
• Hora Técnica: Do valor da Hora Técnica tem que ser deduzido: INSS,
IRPF, ISS, FGTS, 13º e férias. Após esta dedução, o profissional recebe
seus Honorários. Não trabalhe por menos que o valor da hora técnica,
não aceite a informação que este valor é alto e que as empresas não
pagam, conteste e argumente com estas informações.
• Prestação de Serviços:
1. Assinatura de contrato definindo valor da HORA TÉCNICA e o valor mensal
dos serviços prestados. Modelo de Contrato disponibilizado no link Assessoria
Jurídica no site.
2. R.P.A (Recibo de Profissional Autônomo) que compra-se em qualquer livraria.
3. Descontar 11% do INSS e definir entre as partes o pagamento do INSS.
4. Constar na R.P.A os seguintes itens: Salário mensal, INSS 11% e Salário Final.
5. Sugerimos que os profissionais consultem os serviços de um contador (FNN,
[2021], on-line)¹.
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UNIDADE 9
Para que as normativas expressas sejam seguidas, a FNN disponibiliza a tabela a seguir:
ATIVIDADES USN VALORES
Assessoria com RT - (por hora) 2 R$ 152,62
Assessoria sem RT - (por hora) 1 R$ 76,31
Atividade de Educação Nutricional 1½ R$ 114,48
Auditoria com Relatório R$ 3.067,12
Avaliação Clínica Enteral 4 R$ 305,24
Avaliação Clínica Parenteral 4 R$ 305,24
Avaliação Nutricional 2 R$ 152,62
Bioimpedância 2 R$ 152,62
Cardápio Diário 1 R$ 76,31
Cardápio Mensal 20 R$ 1.526,20
Cardápio Semanal 5 R$ 381,55
CheckList de Acordo com RDC 216/04 ANVISA 2 R$ 152,62
Consulta Clínica 2 R$ 152,62
Consulta Convênio 1 R$ 76,31
Consultoria - (por hora) 1½ R$ 114,48
Consultório - (academia) 2 R$ 152,62
Ficha Técnica - (por ficha) 4 R$ 305,24
Home Care - (consulta domiciliar / por visita) 4 R$ 305,24
MBP - (POP’s, Fluxograma, Layout) R$ 3.067,12
Orientação Nutricional 1 R$ 76,31
Palestra - (por participante) 1½ R$ 114,48
Personal Diet 4 R$ 305,24
Rotulagem Nutricional - (por rótulo) 1½ R$ 114,48
Treinamento Capacitação RT - (por hora) 1½ R$ 114,48
Tabela 1 - Tabela de honorário dos profissionais da nutrição
Fonte: FNN ([2021], on-line)¹.
227
UNICESUMAR
Não há como aprofundarmos os nossos estudos acerca de cada região do Brasil. Portanto, você terá
que pesquisar mais a respeito. Seguiremos os ramos descritos pela Resolução CFN nº 600/2018 e rea-
lizaremos uma comparação em relação aos dados encontrados nas pesquisas de mercado.
Nossos dados foram retirados de um site voltado à pesquisa de mercado chamado Salário ([2021],
on-line)². Sugerimos que, tanto no decorrer da graduação quanto após a formação, você sempre bus-
que informações a respeito, para que saiba como estão os mercados de trabalho nacional e regional.
No Brasil, os setores que mais contratam nutricionistas estão demonstrados no quadro a seguir
em ordem decrescente:
Fornecimento de alimentos preparados preponderantemente para empresas.
Atividades de atendimento hospitalar.
Restaurantes e similares.
Atividades de atendimento em prontos-socorros e em unidades hospitalares, para o atendimento às
urgências.
Locação de mão de obra temporária.
Atividades de associações de defesa de direitos sociais.
Atividades de estética e serviços de cuidados com a beleza.
Limpeza em prédios e em domicílios.
Atividades de apoio à gestão de saúde.
Comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios (super-
mercados).
Quadro 1 - Segmento de empresas
Fonte: adaptado de Salário ([2021], on-line)².
É perceptível que o setor de alimentos preparados e os restaurantes estão no topo da lista. Em detri-
mento de a pesquisa se referir ao mercado de trabalho do último ano, é preciso ter um olhar atento
ao segundo lugar, que abrange os atendimentos hospitalares. Esse setor pode estar nessa posição em
função do período pandêmico ocasionado pela Covid-19.
Quando focamos no salário de um recém-formado no território nacional, a média está em torno
de R$ 3.691,21 reais mensais, seguindo uma média de jornada de trabalho semanal de 39 horas. Res-
saltamos que essa é uma média dentro das possibilidades de atuação do profissional, as quais já foram
apresentadas no decorrer deste material.
Também temos o perfil de trabalho público para o nutricionista. Esse cargo pode variar de acordo
com a necessidade de cada órgão. Todavia, independentemente da atuação, o salário médio é de R$
3.211,89 em uma jornada de trabalho de 34 horas semanais. Nesse caso, geralmente, temos a atuação
em escolas e o contrato de trabalho é feito enquanto agente público, podendo, inclusive, atuar em
outros ramos, tais como os cargos administrativos.
Quando confrontamos o salário do nutricionista com a carga horária de atuação semanal, que
varia de 38 a 40 horas semanais, há uma diferenciação sucinta. Isso mostra uma similaridade entre os
salários, independentemente do ramo exercido. Entretanto, é válido lembrar que, apesar de mesclar-
mos os nichos, aqueles que têm um maior número de profissionais trazem a média salarial para a sua
228
UNIDADE 9
realidade. Logo, em qualquer profissão, sempre haverá salários acima ou abaixo da média, a depender
da localidade, da área e da característica profissional.
A seguir, temos uma tabela que representa uma pesquisa feita com 20.321 profissionais que atuam
em regime integral de trabalho. O intuito é calcular o valor da hora/trabalho:
Total Jornada Ref. Salário Mensal Salário Hora
12.019 44 220 3.001,97 13,65
2.340 40 200 3.466,31 17,33
1.730 36 180 2.910,05 16,17
969 30 150 2.861,37 19,08
566 20 100 1.794,47 17,94
394 38 190 2.942,06 15,48
Tabela 2 - Valor da hora/trabalho
Fonte: Salário ([2021], on-line)².
Quando falamos de carreira e de salário, não podemos nos esquecer da ascensão profissional. Em
média, um nutricionista recém-formado, que pode ter um cargo júnior, ganha, em média, R$ 2.904,38,
e pode progredir em carreira para cargos a níveis pleno, que oferecem médias salariais de R$ 3.285,53.
Posteriormente, esses profissionais podem ter um aumento de 20% no salário. Esses valores também
estão sujeitos às variações de acordo com os portes das empresas às quais são prestados serviços. A
seguir, há uma tabela que demonstra as diferenças entre as instituições:
Porte da Empresa Júnior Pleno Sênior
Micro 2.949,19 3.139,76 3.470,33
Outro aspecto importante em relação à profissão é a atuação de pessoas com deficiência no cargo de
nutricionistas. A média salarial é de R$ 3.001,11 em uma jornada de 40 horas semanais. Isso demonstra
o alto índice de inclusão do setor.
Um fato interessante é o comportamento da evolução do salário das profissões. Considerando a
nutrição uma área que engloba o cuidado com a saúde, percebemos que, no último ano, houve um
aumento salarial. Isso representa uma maior demanda de mercado, o que leva à movimentação natural
da oferta e da procura. Esse tipo de levantamento é importante, pois, quanto maior for a raridade da
área, ou seja, quanto menos profissionais atuarem em um ramo e em uma determinada localidade,
mais ele valerá dentro da demanda exigida.
Vejamos a evolução salarial do profissional na figura a seguir:
229
UNICESUMAR
3,600
3.565,26
3,500
3,400
3,300
3200 3.152,98
3,100
3,000 2.969,05
2.932,56
2.907,34
2.873,39 2.890,35 2.881,56
2,900 2.852,52 2.861,39
2.820,49
2,800 2.777,05
2,700
06/2020 06/2020 08/2020 09/2020 10/2020 11/2020 12/2020 01/2021 02/2021 03/2021 04/2021 05/2021
Figura 1 - Gráfico da evolução da média salarial do nutricionista referente a junho de 2020 a maio de 2021
Fonte: Salário ([2021], on-line)³.
230
UNIDADE 9
É perceptível que a carga horária de trabalho semanal é de 30 horas semanais e o número dos profissio-
nais envolvidos depende diretamente do número de refeições servidas. A Resolução CFN n° 600/2018
gerou um pouco de conflito, pois a carga horária de trabalho semanal diverge da carga horária de
trabalho semanal, parâmetro geral da legislação trabalhista brasileira.
Nesse ramo, de acordo com algumas pesquisas feitas pelo site Salário ([2021], on-line)², o mercado
de trabalho aqueceu em 2020, considerando os meses contidos entre junho de 2020 e maio de 2021.
Isso se deve, pois, nesse período, houve um aumento de 35,57% de contratações no setor.
A seguir, temos um recorte dos dados obtidos pela pesquisa:
Piso Média Teto Salário/
Segmento da Empresa Jornada Total
Salarial Salarial Salarial Hora
Fornecimento de alimentos
preparados preponderante- 42 2.609,73 2.859,38 4.321,18 13,55 5.889
mente para empresas
Restaurantes e similares 42 2.323,46 2.545,73 3.847,19 12,15 1.322
Tabela 5 - Dados de segmento da empresa
Fonte: Salário ([2021], on-line)².
É perceptível que a carga horária descrita pela Resolução CFN n° 600/2018 não é respeitada, pois a
média do setor está em 42 horas semanais, o que é contra as 30 horas/semanais descritas.
Para esse setor de atuação, ainda temos:
• Serviços de alimentação coletiva (autogestão e concessão) em hospitais, clínicas em geral,
hospital-dia, Unidades de Pronto Atendimento (UPA), spa clínicos, serviços de terapia renal
substitutiva, Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) e similares.
231
UNICESUMAR
232
UNIDADE 9
• Aos restaurantes comerciais, similares e buffet de eventos que tenham contrato formal de
concessão de fornecimento de refeições com uma empresa pública ou privada, aplicam-se os
parâmetros da área de nutrição em alimentação coletiva: segmento Unidade de Alimentação e
Nutrição (UAN) e institucional (pública e privada).
A atuação na área de nutrição clínica é ampliada para o campo da nutrição. As reformulações nos
cenários das práticas em saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) trouxeram uma nova
roupagem e ramos que são organizados e regidos pela Resolução CFN n° 600/2018, a qual sustenta a
prática clínica do nutricionista com a aplicação de competências técnico-nutricional perante o processo
saúde-doença-cuidado em cada subárea da qual é dividida. Isso contribui com a reconfiguração da
relação nutricionista-paciente, a fim de ampliar a sua humanização.
Essa área de nutrição clínica, talvez, seja uma das mais procuradas. Além disso, pode estar subdi-
vidida em:
• Assistência nutricional e dietoterápica em hospitais, clínicas em geral, hospital-dia, Unidades
de Pronto Atendimento (UPA) e spa clínicos, que, por sua vez, estão divididos em hospitais e
clínicas em geral, hospital-dia, Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e spa clínicos.
• Assistência nutricional e dietoterápica em serviço de terapia renal substitutiva.
• Assistência nutricional e dietoterápica em Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI).
• Assistência nutricional e dietoterápica em ambulatório e consultório.
• Assistência nutricional e dietoterápica em Bancos de Leite Humano (BLH) e postos de coleta.
• Assistência nutricional e dietoterápica em lactários.
• Assistência nutricional e dietoterápica em centrais de terapia nutricional.
• Atenção nutricional domiciliar (pública e privada).
• Assistência nutricional e dietoterápica personalizada (personal diet).
233
UNICESUMAR
Sobre os atendimentos da nutrição clínica, os maiores cuidados se encontram nos ramos hospitalares,
que descrevem o número de profissionais em relação ao número de atendimentos. Veja, nas tabelas
a seguir, as demandas:
1. Hospitais e clínicas em geral
Nº de
Complexidade Nº de nutricionistas Carga horária técnica semanal
leitos
Média A cada 30 1 30h
Alta A cada 15 1 30h
Para os cargos, temos uma média acima dos salários esperados, mas ainda percebemos uma jornada
de trabalho acima do determinado no acordo descrito na Resolução CFN n° 600/2018:
Salá-
Jorna- Piso Sala- Média Teto
Segmento da Empresa rio/ Total
da rial Salarial Salarial
Hora
Atividades de atendimen-
39 3.353,80 3.674,63 5.553,21 18,74 2.580
to hospitalar
Atividades de atendimen-
to em pronto-socorro e
38 3.024,91 3.314,29 5.008,65 17,56 907
unidades hospitalares para
atendimento a urgências
A área de atuação de nutrição em esportes e em exercício físico vem de encontro a uma característica
da evolução da população, que busca por uma melhor qualidade de vida, além da prática profissional
do esporte, que visa constantemente extrair da forma mais eficiente o que a máquina corpórea é capaz
de entregar (FREITAS et al., 2007).
Considerando que somos um país tropical e temos uma população preocupada com a saúde e com
a estética, o Brasil se encontra no segundo lugar em maior número de academias no mundo, o que leva
a termos uma demanda dentro deste mercado. Dados da Revista ACAD Brasil (2018) mostram que
apenas 2,5% dos formandos se inserem nesse mercado, que possui um salário médio aproximadamente
de R$ 2.022,00 (GUIA DE CARREIRA, [2021], on-line)4.
234
UNIDADE 9
1 30h
Observações:
1 – No caso de atuação em estabelecimento onde o mesmo nutricionista assuma também as atribuições
da produção de refeições, a carga horária técnica semanal será composta do somatório dos quantitativos
da Tabela 1 da área de Nutrição em Alimentação Coletiva e da Tabela da área de Nutrição em Esportes
e Exercício Físico.
2 – No caso de atendimento em consultório, deve ser considerado o parâmetro numérico mínimo de
referência da Tabela 5 da área de Nutrição Clínica – Assistência Nutricional e Dietoterápica em Ambula-
tório/Consultório.
3 – No caso de atendimento personalizado, deve ser considerada a recomendação para a atuação na
Subárea I – Assistência Nutricional e Dietoterápica Personalizada (Personal Diet) da área de Nutrição Clínica.
Tabela 8 - Carga horária técnica semanal de pessoa jurídica / Fonte: CFN (2018, on-line).
“
Art. 3º A segurança alimentar e nutricional consiste na realização
do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de
qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a
outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares
promotoras da saúde que respeitem a diversidade cultural e que
sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis
(BRASIL, 2006, on-line).
Assim, o nutricionista que atua nessa área deve trabalhar de forma a combater a
insegurança alimentar, ao traçar estratégias e políticas públicas que possam propor-
cionar o equilíbrio e a saúde populacional em um modelo de prevenção. O campo de
atuação se dá geralmente em serviços públicos e em ONGs. A remuneração é de R$
2.500,00 em uma jornada de trabalho semanal de 35 horas, dentro dos parâmetros
dos outros nichos de mercado.
235
UNICESUMAR
Nessa área, temos as divisões previstas de acordo com a Resolução CFN nº 600/2018:
Subdidivido em
Subdidivido em
POLÍTICA NACIONAL GESTÃO DAS
DE SEGURANÇA POLÍTICAS E
ALIMENTAR E PROGRAMAS
NUTRICIONAL
(PNSAN)
GESTÃO DA VIGILÂNCIA
EM SAÚDE
• Gestão das ações de
alimentação e nutrição
Subdidivido em
Restaurantes Populares e Cozinhas Comunitárias e
• Cuidado nutricional
outros equipamentos
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Bolsa
Família, entre outros. • Vigilância Sanitária
• Vigilância Epidemiológica
• Fiscalização do Exercício
Banco de alimentos (públicos, privados e Profissional
fundacionais).
Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e
Comunidades
Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas
Privadas de liberdade no Sistema Prisional (PNAISP)
no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Figura 2 - Divisões da área de nutrição em saúde coletiva / Fonte: adaptada de CFN (2018).
Descrição da Imagem: a figura apresenta um fluxograma com as divisões da área de nutrição em saúde coletiva. Essa área de nutrição
está dividida em cinco partes: políticas e programas institucionais, rede socioassistencial, alimentação e nutrição no ambiente escolar,
atenção básica em saúde e vigilância em saúde. As políticas e os programas institucionais estão subdivididos em: gestão das políticas
e programas e Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN), que se subdivide em: Sistema Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional (SISAN): restaurantes populares e cozinhas comunitárias e outros equipamentos de segurança alimentar; Pro-
grama de Aquisição de Alimentos (PAA), Bolsa Família, entre outros; banco de alimentos (públicos, privados e fundacionais); Política
Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais, entre outras; Política Nacional de Atenção Integral à
Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Também há uma
subdivisão da atenção básica em saúde em: gestão das ações de alimentação e nutrição; e cuidado nutricional. Por fim, a vigilância em
saúde subdivida em gestão da vigilância em saúde, que se subdivide em: vigilância Sanitária, vigilância epidemiológica e fiscalização
do exercício profissional.
236
UNIDADE 9
Percebemos que o nicho é bastante segmentado e, inclusive, engloba as áreas de fiscalização da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Por ter características muito distintas, aconselho que a Resolu-
ção CFN nº 600/2018 seja sempre visitada, para que sejam entendidas as descrições de cada uma das áreas.
A área de nutrição na cadeia de produção na indústria e no comércio de alimentos permite
que a atuação do nutricionista também se estenda à indústria de alimentos. Nesse caso, o profissional
pode trabalhar em áreas distintas, incluindo a gestão da qualidade, a pesquisa e o desenvolvimento de
novos produtos, a gestão e a supervisão de processos e enquanto responsável técnico, a depender do
ramo. Na Resolução CFN nº 600/2018, temos as seguintes divisões para a área:
• Cadeia de produção de alimentos: extensão rural e produção de alimentos e indústria de alimentos.
• Comércio de alimentos (atacadista e varejista).
237
UNICESUMAR
A faixa salarial de um docente do curso de Nutrição varia entre R$ 2.125,15 (SALÁRIO, [2021], on-line)².
Agora que você conhece as normas que regem a atuação do nutricionista, o que acha da proposta que
foi feita a Vera? Percebemos que não podemos nos deixar levar pelas propostas que diminuam o valor
de nosso trabalho. Apesar de ainda não contarmos com legislações que ditam o salário total, temos o
acordo da FNN, que diz sobre o valor do atendimento.
Sempre que um profissional se dispõe a diminuir o seu valor, a classe toda perde força e, conse-
quentemente, diminui-se o valor salarial.
238
O que acha de deixar registrado um local de atuação para cada área descrita na Resolução CFN
nº 600/2018?
Nutrição Clínica
Nutrição na Cadeia de Produção, na Indústria e
no Comércio de Alimentos
239
1. Sabemos que a atuação profissional do nutricionista é regida pela Resolução CFN nº
600, de 25 de fevereiro de 2018, que define as áreas de atuação do nutricionista e as
suas atribuições, além de dar outras providências. Esse tipo de legislação é importante,
pois auxilia na definição exata de cada área.
Sobre a temática presente no enunciado, analise as afirmativas a seguir:
I) As áreas de atuação do nutricionista são: nutrição em alimentação coletiva; nutrição
clínica; nutrição em esportes e exercício físico; nutrição em saúde coletiva; nutrição
na cadeia de produção, na indústria e no comércio de alimentos; e marketing em
nutrição.
II) Dentre as atividades que o nutricionista deverá desenvolver para realizar as atribui-
ções voltadas à nutrição em esportes e em exercício físico, estão: avaliação do perfil
antropométrico e bioquímico, e análise da composição corporal e do gasto energético
do atleta ou do desportista.
III) A área de atuação da nutrição em saúde coletiva é aquela que abrange os atendi-
mentos alimentar e nutricional da coletividade buscando atender às necessidades
da LOSAN.
IV) Dentre as atividades que competem ao nutricionista, no exercício de suas atribuições
em nutrição clínica, estão: prestar assistência nutricional e dietoterápica, solicitar
exames laboratoriais, diagnosticar doenças nutricionais, prescrever suplementos
nutricionais e promover educação nutricional.
240
2. De acordo com a Resolução CFN nº 600/2018, os nutricionistas podem atuar dentro da
indústria de alimentos em diversos segmentos. Inclusive, a legislação determina que,
em determinados estabelecimentos, é obrigatória a contratação desse profissional.
Considerando a atuação do nutricionista na cadeia de produção de alimentos, assinale
a alternativa correta:
a) Gerenciar estudos físico-culturais dos setores geoeconômicos destinados ao planeja-
mento da produção agrícola.
b) Desenvolver projetos voltados à fitopatologia, à entomologia e à microbiologia agrícolas
para o desenvolvimento de produtos mais nutritivos e saudáveis.
c) Planejar projetos de irrigação e drenagem para fins agrícolas.
d) Orientar os produtores de alimentos quanto à forma adequada de higienização, acon-
dicionamento e transporte para a redução das perdas de alimentos.
e) Implementar projetos de genética agrícola, produção de sementes e melhoramento
das plantas cultivadas para alimentação humana.
241
242
UNIDADE 1
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252
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da União: seção 1, Brasília, DF, n. 206, p. 126, 6 nov. 2002.
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UNIDADE 8
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REFERÊNCIAS ON-LINE
254
UNIDADE 9
BRASIL. Lei n. 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema Nacional de Segurança Ali-
mentar e Nutricional – SISAN com vistas em assegurar o direito humano à alimentação adequada
e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2006]. Disponível em: http://www.
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REFERÊNCIAS ON-LINE
255
UNIDADE 1
II PRONAN 1976
PNAN 1990
Regulamento
especialidades da
2021 Nutrição - Resolução
689/2021
1. B.
Em 1976, foi criado o II Programa Nacional de Alimentação e Nutrição (PRONAN), cuja res-
ponsabilidade é do Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição, que se encontra dentro do
Ministério da Saúde.
2. D .
I. A afirmativa é verdadeira, pois o curso de Nutrição teve iní-
cio como técnico e se encontrava dentro das escolas de medicina.
II. A afirmativa é verdadeira, pois as primeiras
escolas de nutrição tiveram início dentro das escolas de medicina.
IV. A afirmativa é verdadeira, pois as origens das escolas de nutrição foram provenientes de
exemplos aplicados na Argentina.
3. B.
256
UNIDADE 2
1. Você poderia sugerir a substituição do iogurte ultraprocessado por um iogurte natural ou mi-
nimamente processado. Em relação ao cereal, poderia indicar a substituição por uma granola
caseira ou disponível nos mercados, desde que contenha poucos ingredientes em sua compo-
sição e seja utilizada com moderação. A paciente poderia substituir o leite condensado pelo
mel, um adoçante natural e mais nutritivo, comprado de produtores apícolas, em feiras ou em
lojas de produtos naturais. Ele também deve ser utilizado em pequenas quantidades. Por fim,
quanto à barra de cereal, como você já indicou a granola, poderia sugerir que ela adicionasse
uma fruta picada junto ao seu iogurte, ao contrário de consumir a barrinha industrializada, a
fim de tornar a refeição mais nutritiva e ainda mais saborosa.
2. B.
Os ômegas 6 e 3 são conhecidos como ácidos graxos essenciais, pois só podem ser adquiridos a
partir da alimentação, já que o nosso corpo não tem a capacidade de produzi-los endogenamente.
3. C.
A afirmativa III está correta, pois os alimentos reguladores são constituídos por vitaminas e
minerais em maiores quantidades. Esses nutrientes atuam regulando os processos metabóli-
cos em nosso organismo e, diante disso, a deficiência deles pode ser prejudicial à saúde. Como
exemplo, temos a deficiência de vitamina A ou hipovitaminose A, que pode causar cegueira
noturna. Já a afirmativa IV também está correta, pois os alimentos construtores são compostos
prioritariamente por proteínas. Desse modo, há, como fontes alimentares, as carnes, o leite
e os ovos. Eles também são fontes de proteínas de alto valor biológico, ou seja, têm os nove
aminoácidos essenciais que não são produzidos em nosso corpo. A afirmativa I está incorreta,
pois são os alimentos reguladores que podem atuar enquanto cofatores de enzimas, a fim de
realizar as reações metabólicas. Por fim, a afirmativa II também está incorreta, pois os alimentos
energéticos apresentam como principal função o fornecimento de energia ao corpo. Alimentos
construtores atuarão na formação de anticorpos do sistema imune.
UNIDADE 3
1. C.
Alimentação e saúde física dizem respeito à dieta, aos exercícios, à engenharia nutricional, aos
transgênicos e ao seu impacto na alimentação moderna.
2. B.
A alternativa B é a correta, pois ela trata da escassez de tempo para que as pessoas possam
preparar as suas refeições em casa.
257
3. A.
Em todas as alternativas, temos assertivas verdadeiras e que se referem aos padrões de ali-
mentação.
UNIDADE 4
1. C.
A proposição II é falsa, pois a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis é o fator primordial
e essencial a todos os clientes que frequentam o consultório do nutricionista. A suplementação
é interessante em casos específicos e atua como coadjuvante no tratamento nutricional. Por-
tanto, é complementar.
2. B.
A afirmativa II é falsa, visto que o nutricionista não é o responsável por realizar atividades
operacionais na UAN. Ele somente poderá fazer atividades se julgar necessário e prudente,
dependendo da situação.
3. C.
A afirmativa III é incorreta, pois, quando o paciente recebe alta, o nutricionista é o profissional
responsável por orientar a dieta enteral indicada para uso em domicílio e a sua respectiva quanti-
dade e fracionamento. Já a enfermagem orienta o paciente em relação à manipulação adequada
dos equipamentos necessários para a administrar a nutrição enteral e os medicamentos.
A afirmativa IV é incorreta, pois o nutricionista deve avaliar diariamente o paciente com nutri-
ção enteral, visando identificar possíveis intercorrências e propor soluções, além de registrar a
evolução e o acompanhamento nutricional em prontuário diário.
UNIDADE 5
1. D.
2. C.
A afirmativa III está incorreta, uma vez que compete ao profissional considerar as dimensões
ambientais, culturais, econômicas, políticas, psicoafetivas, sociais e simbólicas.
3. B.
A afirmação I está incorreta, pois o nutricionista não é vedado de tal ação, ou seja, ele pode
prestar serviços sociais e humanitários sem fins lucrativos. A afirmação II está correta, visto que
realmente existem os conflitos de interesses gerados. Por fim, a afirmativa III está incorreta,
dado que o profissional não deve realizar cobranças quando os seus serviços são prestados
aos órgãos públicos.
258
UNIDADE 6
I. Responsabilidades
I. II.II.Relações Interpessoais
Profissionais
III. Condutas e Práticas Profissionais
X. Disposições
X. IV.IV. Meios de
Gerais Glossário Comunicação e
Informação
º
1. E.
A alternativa E é falsa, visto que, nem em casos superiores, as pessoas sem habilitação podem
interferir na atuação do profissional.
2. C.
A alternativa C é falsa, pois não se pode delegar atribuições adquiridas pelo profissional nutricio-
nista a um estagiário. O estudante ainda não tem o título e apenas deve ser guiado e orientado.
3. B.
A afirmativa II é falsa, pois não devemos atuar em conflitos de interesses que existam. Além
disso, a afirmativa III é falsa, uma vez que as pessoas que não são habilitadas não devem ser
instruídas para a prática profissional do nutricionista.
UNIDADE 7
Restaurante Popular
Responsabilidade Técnica
Nutrição Clínica
Clubes de Esporte
259
1. C.
2. a) A alternativa não é a correta. A Resolução CFN nº 600, de 25 de fevereiro de 2018, dispõe sobre
a definição das áreas de atuação do nutricionista e suas atribuições e dá outras providências.
3. E.
Todos os excertos presentes nas alternativas foram retirados do Código de Ética do Nutricionista
sem nenhuma alteração.
UNIDADE 8
a) O profissional deve se registrar no CRN-3, pois ele é referente ao estado de São Paulo. Em relação
à inscrição, o profissional deverá pedir a provisória, pois só é dotado do certificado.
b) RT significa Responsável Técnico pelo local perante à prefeitura, à vigilância sanitária, PAT, dentre
outros. Na assessoria, o nutricionista tem a função de planejar, implantar e avaliar os progra-
mas e os serviços da área, além de oferecer soluções para determinadas situações. Exemplo:
um restaurante comercial que solicita um treinamento de boas práticas de manipulação aos
funcionários ou a elaboração de um cardápio.
c) O nutricionista pode encontrar uma tabela de honorários compatível com a sua região no site
do Sindicato dos Nutricionistas de São Paulo.
2. B.
260
a) O CRN é composto por órgão deliberativo, plenário (constituído pelos membros efetivos e
pelo órgão administrativo) e diretoria (constituída por presidente, vice-presidente, secretário
e tesoureiro).
c) Hoje, no país, temos dez CRNs regulamentados pelo CFN. Eles são definidos pelos números
que correspondem à cada área de jurisdição.
d) É obrigatório que os profissionais inscritos no CRN de cada região paguem anuidade para
poder atuar
3. B.
d) Ao Conselho Federal, compete definir os valores das anuidades e as taxas a serem pagas
pelos profissionais inscritos no Conselho Regional.
UNIDADE 9
Docência (Graduação)
Gestão em Unidades de Nutrição em Saúde Coletiva
Alimentação e Nutrição (UAN)
Nutrição Clínica
Nutrição na Cadeia de Produção, na Indústria e
no Comércio de Alimentos
1. C.
261
II) O diagnosticar não é uma atribuição do nutricionista.
2. D.
3. C.
b) O conteúdo expresso abrange a área de vigilância, e não o cuidado com a saúde em programas
de segurança alimentar.
262
263
264