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Estudos da Torá

Parashá nº 27 – Tazría(Conceber)
Vayicrá/Levítico Lv 12:1-13:59,
Haftará (Separação) 2Rs 4:42-5:19; e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mc 15:1-16:20; Lc 8:42-48
1 - INTRODUÇÃO

Veremos agora no resumo da parashá, que após a discussão ao


final da porção da semana passada, a respeito da tumá (impureza)
resultante de animais mortos, a Parashá Tazria introduz as várias categorias
de tumá emanando de seres humanos, começando com uma mulher dando à
luz. O restante da porção descreve com riqueza de detalhes as várias e
numerosas manifestações da doença chamada tsaraat. Embora tenha sido
traduzida erroneamente como lepra, esta doença de pele tem pouca
semelhança com qualquer moléstia corporal transmitida através do contato
normal. Ao contrário, tsaraat é a manifestação física de uma doença
espiritual, ou seja, devido à desobediência, uma punição enviada por D'us,
primeiro pelo pecado da maledicência, entre outras transgressões e
comportamento anti-social.
Conhecida como metsorá, que será a parashá que estudaremos
semana que vem, a pessoa afligida por uma mancha parecida com tsaraat
na pele, está sujeita a uma série de exames por um cohen (sacerdote), que
declara se o paciente está tahor ou tamê. Se for tamê, ele será isolado para
fora do acampamento, um castigo apropriado para alguém cuja língua
infame fez com que pessoas se separassem umas das outras. Após
descrever os vários tipos, cores e manifestações da doença na pele, cabeça
e barba da pessoa, a porção conclui com uma discussão sobre as vestes
contaminadas por tsaraat.
Essa semana estudaremos sobre algumas impurezas que podem
afligir o ser humano, entre elas o fluxo de sangue da mulher ao dar a luz e a
“tsaráat”, que conforme já disse, foi equivocadamente traduzida como
lepra. E o que essas impurezas significam nas vidas dos servos de HaShem.
Poderemos ver que muito do que é falado e ensinado pela Torá é profético,
e parte já se cumpriu na vida de Yeshua, e se cumprirá na vida de todos os
que lhe são fiéis.

2 – ESTUDO DO TEXTO

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Parashá Tazria

12:1-2 “E falou o Eterno a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de


Israel, dizendo: A mulher, quando conceber e der a luz um varão, será
impura por sete dias; como nos dias da impureza de sua indisposição será
impura”

Antes de iniciar o comentário do texto da parashá Tazria, quero


trazer à nossa reflexão algo que achei interessante, um artigo sobre Dores
do Parto - Por Yoel Spotts, do site chabad.org. Ele começa dizendo que, ao
escrever um romance, o escritor certamente será cuidadoso para arranjar a
trama de maneira lógica e ordenada, fazendo as transições de um tópico a
outro de maneira suave. Da mesma forma, poder-se-ia esperar que a Torá,
sendo a fonte da vida para o povo judeu e tendo muito mais importância
que um romance, seguisse a mesma linha. Entretanto, a seção introdutória
da porção desta semana da Torá parece divergir desta consistência
requerida.
Segundo o mencionado artigo, a Parashá Tazria começa com uma
discussão das leis sobre o status de uma mulher que acaba de dar à luz, e os
vários procedimentos que devem ocorrer com ela e a criança. A Torá então
imediatamente prossegue com uma descrição detalhada dos diferentes tipos
de manchas e descolorações que podem tornar um indivíduo um metsorá
(afligido). Estes dois assuntos – a mulher que acaba de dar à luz e uma
pessoa que está sofrendo de tsaráat – poderiam parecer totalmente
desconectados. Por que então estão colocados tão próximo um do outro?
Lembre-se que nada nas Palavras do Eterno (Hakadosh Baruch
hu) estão soltos ou são sem propósitos. Sendo assim o autor continua seu
artigo, afirmando que para responder esta pergunta, seria lógico examinar
primeiro os detalhes destas duas leis. Em Vayicrá/Levítico 12:7, lemos que
uma mulher que teve um filho deve trazer uma oferenda: "O Cohen
oferecê-la-á perante D'us e expiará por ela, e ela ficará purificada da fonte
de seu sangue; esta é a lei para aquela que dá à luz um menino ou uma
menina."
Esta lei provoca uma pergunta óbvia: Qual foi o pecado desta
mulher que necessita de expiação?
O artigo continua, e nos diz que os rabinos do Talmud fornecem
uma resposta interessante a este problema: enquanto está sob a tensão e dor
do parto, pode ser que esta mulher tenha jurado jamais retornar a seu
marido, a fonte e causa de seu sofrimento atual. Portanto, quando a mulher
se recobra totalmente, volta para seu marido e assim negligencia seu
juramento anterior, na verdade está quebrando este voto. Embora a Torá
reconheça que este juramento foi feito sob grande angústia e dor, mesmo
assim a mulher não pode ser totalmente absolvida de realizar qualquer tipo

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Parashá Tazria

de penitência. Afinal, fez um juramento e isso não pode ser desprezado.


Portanto, a Torá possibilita à mulher a oportunidade de obter completo
perdão ao trazer uma oferenda.

Se mudarmos nossa atenção, agora ao segundo ponto em questão,


aponta o autor do artigo, a aflição da tsaráat, descobrimos que a Torá inicia
sua discussão da pessoa atacada por esta doença sem nenhum tipo de
introdução; o leitor é lançado imediatamente numa discussão abrangente
das várias formas e manifestações da tsaráat. A Torá não menciona a causa
do tsaráat em lugar algum, dessa forma deixando a pessoa imaginar qual
pecado poderia precipitar esta doença no corpo ou na propriedade de
alguém. Rashi oferece uma resposta baseada sobre o Talmud, de que a
causa primária do tsaráat é o grave crime de lashon hará (língua maliciosa).
A fim de avaliar a gravidade de suas ações, aquele que fala lashon
hará é afligido com tsaráat. Não apenas a pessoa afetada deve lidar com
lesões cobrindo seu corpo, como também é forçada a separar-se da
comunidade em geral, e suportar um longo processo de cura, assinalado por
repetidas visitas do Cohen, para determinar o status e o desenvolvimento da
doença.
Espera-se que toda esta angústia e tormento ajudarão a reconhecer
seu mau procedimento e leve-a ao arrependimento, explica o autor. Neste
ponto, podemos facilmente entender a justaposição destes assuntos
aparentemente tão desconexos. A Torá aqui deseja nos ensinar o poder da
palavra. Enquanto a sociedade ocidental professa crenças como "as pedras
podem quebrar meus ossos, mas as palavras não podem ferir-me", o
Judaísmo atribui muito mais importância e significado à palavra falada.
O artigo do mencionado site conclui dizendo que, toda palavra
pronunciada deve ser cuidadosamente medida. Mesmo um juramento feito
em meio as dores do parto deve ser contabilizado. Até um comentário
aparentemente inofensivo sobre alguém deve ser tratado. As palavras têm
um significado. Não podemos permitir que nossa boca aja livremente, sem
qualquer preocupação quanto ao resultado. Assim como a Torá nos foi
outorgada no Monte Sinai, não por um rolo que caiu do céu, mas através da
palavra sagrada de D'us, assim também devemos nos purificar e santificar
nossas palavras.
Então ao começar nosso estudo do texto, podemos perceber que,
no início dessa porção, logo no verso 1, lemos que a Torá nos fala sobre a
mulher que “concebe” – “Tazría” – e dar a luz um varão ficará impura por
sete dias. Perceba que conceber é diferente de dar à luz. A concepção
acontece normalmente 38 semanas antes de um parto normal. O momento
da concepção terá influência no futuro da criança. Os rabinos de Israel

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Parashá Tazria

afirmam que, se os pais se relacionam intimamente em santidade e pureza,


a criança é concebida em santidade e pureza. No entanto, se um dos pais
tem lascívia sexual, esse espírito é transmitido ao feto no momento da
concepção e no futuro é muito provável que essa criança tenha problemas
para dominar os seus desejos sexuais. Observe o que está escrito em 1 Tes
4:3-5:

“Porque esta é a vontade de Elohim, a vossa santificação; que vos


abstenhais da prostituição; Que cada um de vós saiba possuir o seu vaso
em santificação e honra; Não na paixão da concupiscência, como os
gentios, que não conhecem a Elohim.”

O termo “vaso é uma referência ao corpo. E indica que devemos


saber cuidar do nosso corpo em santidade. E se observarmos bem, nesse
caso, pode referir-se também ao corpo da esposa. E aprendemos com isso,
como é importante tratar a esposa com santidade e honra, sem lascívia
sexual como os gentios que não sabem dominar os seus instintos animais.
Depois da concepção, após as 38 semanas vêm o parto, e a
mulher fica em um estado de impureza ritual, em hebraico “tamé” como no
tempo da sua menstruação. A palavra hebraica que foi traduzida como
separação é “nidá”, e significa “impureza”, “separação”, “menstruação” e
vem da raiz “nadad” que significa “errar”, “fugir”, “afastar-se”. A ideia que
a Torá nos dá é que o tempo de “nidá” (separação) é um tempo de
afastamento da mulher relativamente ao seu marido, para se curar da sua
ferida interna. E segundo a Torá, este período é de sete dias, mais trinta e
três dias, se for menino, mas se for menina o período é de duas semanas
mais sessenta e seis dias, conforme lemos no verso 2 a 5 dessa porção e
também em Lv 15:19. Depois do período de “nidá”, ela submerge-se em
águas purificadoras em uma mikvê (tanque de imersão ou banheira), para
se poder unir novamente ao seu marido.
No verso 2, encontramos o seguinte: “...dias de impureza de sua
indisposição será impura.” O comentário da Torá da Editora Sefer diz que,
essa impureza da mulher, motivo pelo qual ela se afasta do marido por sete
dias durante a menstruação, chama-se em hebraico “nidá”, que de acordo
com o mencionado acima, significa entre outros “separação” e nela está
proibida toda intimidade com seu marido. As leis de “nidá” baseiam-se
naquilo que está escrito em Levítico 15:19-24, que veremos na próxima
parashá. Além disso, existe um tratado completo no Talmud como o
mesmo nome, dedicado à amplificação dessas leis.
Ainda segundo esse comentário, os cientistas maravilham-se
diante do fato de que os antigos hebreus praticavam o mais alto padrão de

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Parashá Tazria

higiene sexual reconhecido nos tempos atuais. E tem sido demonstrada


também a existência de uma substância tóxica no soro do sangue, na saliva,
na transpiração, na urina e em todas as outras exudações da mulher durante
o período da menstruação.
Com isso, podemos observar, como o Eterno cuida de seu povo,
dando mandamentos benéficos para a vida do ser humano.
Verdadeiramente a Torá é vida para os servos do Eterno!
Vamos entender, então claramente, no caso do nascimento de um
menino, a mãe entra num estado de “nidá” ou seja, impureza absoluta,
durante os primeiros sete dias depois do parto, igual ao período da
menstruação. O dia do parto é contado como o primeiro dia, ainda que falte
apenas uma hora para o pôr-do-sol, o início de um novo dia. Nesse estado
havia proibições como não ser permitido tocar ou comer as coisas sagradas,
não podia entrar no santuário e nem comer do cordeiro de Pessach.
Segundo o comentário da Torá da Editora Sêfer, depois terá trinta e três
dias de interdição menos rigorosa, este tempo chamava-se Demê Taborá
(período de purificação). Ao final dos 40 dias, se fosse menino, fazia a
tevilá, imersão em uma mikvê para se purificar. E segundo o texto passaria
ao estado de “Tamé”, ou seja, pura. No verso 4 entendemos que mesmo
que haja sangue nesses 33 dias de purificação, não será necessário
acrescentar mais tempo, pois aqui não se aplica a mesma lei de Lv 15.19.
Quando nasce uma menina o tempo de “nidá” e de “tamé” são
dobrados. A Torá não explica a razão pela qual isso acontece. Mas o fato
de fazer com que a mulher fique mais tempo em recuperação depois do
nascimento de uma menina, não é para discriminar a mulher ou o homem,
mas sim por outras razões que não conhecemos. O fato é que todos os
mandamentos foram dados para o bem do ser humano. No entanto, de
acordo com o site “emunah a fé dos santos” encontramos o seguinte:

“Contudo, podemos encontrar algumas explicações que nos podem dar um


pouco de luz sobre esta diferença. Os pediatras modernos provaram que depois
do nascimento de uma menina, ela tem mais necessidade psicológica do que
um menino de permanecer perto da sua mãe. Logo este mandamento foi dado,
entre outras razões, para ajudar a menina a ter um bom desenvolvimento
psicológico, e possivelmente, também da mãe.”

No verso 6 lemos que após cumprir os dias de purificação, a mãe


deveria levar um cordeiro para holocausto e um pombinho ou uma rola
para expiação do pecado. Então seriam dois sacrifícios um para ascenção
(holocausto – olá) e outro para expiação de pecado (chatat).

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Parashá Tazria

Para que servia o holocausto (olá)?


Como vimos nas porções anteriores, esse sacrifício representa
entrega total. E podemos aprender em primeiro lugar que a mãe agora tem
a oportunidade de renovar sua entrega total ao Eterno, através deste
sacrifício. O primeiro mandamento deve ser observado em qualquer
situação de nossas vidas, ou seja, amar a Deus acima de todas as coisas,
mas durante sua gravidez a mulher pode vir a perder a observância desta
lei, e o holocausto é a oportunidade para mostrar ao Senhor que ela ainda
observa a Torá. Apesar do nascimento do filho ou da filha, ela continua a
viver para HaShem.
Por outro lado, o sacrifício de olá, também representa a entrega
da criança ao Eterno. Os filhos não pertencem aos pais, mas ao Pai dos
espíritos/sopros. Os pais têm a responsabilidade de educar as crianças no
caminho de Deus, porque nasceram para Ele, como lemos em Malaquias
2:15:

“E não fez ele somente um, ainda que lhe sobrava o espírito? E por que
somente um? Ele buscava uma descendência para Deus. Portanto guardai-vos
em vosso espírito, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade.”

O Eterno quer ter uma geração de muitos filhos. Os pais


colaboram com Ele para que tenham muitos filhos, assim cumprem com o
Seu desejo. Os filhos não são dos pais, são do Eterno. Então a olá que a
mãe entrega ao Eterno representa a entrega de si mesma e também do seu
filho ao Eterno.
Uma outra pergunta pertinente é: Porque razão uma mulher teria
que dar uma oferta pelo pecado depois de dar a luz? Qual teria sido o
pecado da mulher?
Os rabinos apontam para essas alternativas:

a. Há uma necessidade de expiar os seus pecados por causa de ter


passado por uma prova. Numa prova todos cometem pecados. (Abarbanel);

b. O pecado entrou no mundo pela mulher, e mediante o sacrifício do


pecado ela faz expiação por esse erro. (Bechai);

c. Todo o processo de procriação foi afetado quando o pecado entrou


no mundo. Um parto doloroso é o resultado do pecado de Eva, cf. Génesis 3:16.
A concepção e o parto de uma criança dão-se num mundo de pecado, como
está escrito no Salmo 51:5: “Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado
me concebeu minha mãe.” O yetser hará (inclinação para praticar o mal) é
transmitido à criança quando é formada. É uma herança pecaminosa. Por essa

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transmissão há uma culpa sobre a mãe e tem que apresentar um sacrifício pelo
pecado.; e

d. Podem ser transmitidos à criança, ainda estando no ventre da sua


mãe, complexos, atitudes de rejeição, inferioridade e outras atitudes originadas
no pecado. A mulher não pode gerar um filho perfeito, sem pecado. Terá que
apresentar a oferta, por ter trazido ao mundo um ser pecador, contrariamente
aquilo que o Eterno desejou desde o princípio.

Se fizermos uma leitura em textos da Brit Hadashá, chamado de


Novo Testamento, veremos que cada uma dessas observâncias da Torá
foram cumpridas na vida da mãe de Yeshua, quando deu à luz ao menino.
Em Lucas 2:21-23 vemos sua mãe cumprindo a lei da circuncisão ao oitavo
dia, também vemos sua mãe oferecendo os sacrifícios conforme determina
a porção em estudo, bem como em Lucas 2:24 encontramos a entrega da
oferta de quem era pobre, conforme estudamos em parashiot passadas. E
nesse texto vemos também que apesar de não terem condições de darem o
cordeiro, eles estavam com o cordeiro. Esse era o cordeiro que Deus tinha
determinado, por isso não precisavam de outro cordeiro, apenas dos dois
pássaros, que representava a entrega total da mãe e do filho ao Eterno.
Aqui é importante frisar que Maria não passou o Yetser Hará a
Yeshua, como podemos entender na leitura de Rm 8.3.

“Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne,
HaShem, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado
condenou o pecado na carne;”

Yeshua não tinha “carne de pecado”, ou seja, não tinha pecado,


na sua carne. Maria deu à luz um corpo que tinha a “semelhança de carne
de pecado”. Ele tinha um corpo como de qualquer pessoa, mas ele não usou
seu corpo para transgredir aos mandamentos. Yeshua viveria sua vida de
forma a não pecar ou transgredir aos mandamentos do Eterno, e isso o faria
ser reconhecido como um justo, sem pecado, o que renderia para ele, no
futuro um corpo como o havia tido Adão, antes de cair, assim como todos
que vierem a ressuscitar quando ele voltar. Apesar de Yeshua ter sido
incorruptível, estava em carne, e essa carne que é semelhança da carne do
pecado mencionado por Rav Shaul.
Nessa porção também podemos entender que o mito da
imaculada conceição de Maria se desfaz mediante o estudo da Torá. Pois
Maria cumpriu a entrega do sacrifício pelos seus pecados. Podemos

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mencionar outros textos que mostram que a Mãe de Yeshua tinha pecados e
precisava do perdão por eles:

Em Lucas 1:47 está escrito: “E o meu espírito se alegra em


Elohim meu Salvador;” Ela precisava de um salvador como qualquer outro,
para que não morresse em seus pecados.

Em Marcos 3:21, 31-35 está escrito:

“E, quando os seus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam:
Está fora de si. (…) Chegaram, então, seus irmãos e sua mãe; e, estando
fora, mandaram-no chamar. E a multidão estava assentada ao redor dele,
e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos te procuram, e estão lá fora.
E ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos? E,
olhando em redor para os que estavam assentados junto dele, disse: Eis
aqui minha mãe e meus irmãos. Porquanto, qualquer que fizer a vontade
de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã, e minha mãe.”

Neste momento, Maria pensava que Yeshua estava louco, e por


isso veio com os seus outros filhos para buscá-lo e resolver o problema. Por
esse motivo Yeshua não a reconhece como sua mãe e diz que os seus
parentes são quem faz a vontade do Pai. Fica claro que ela estava
equivocada em relação ao chamado de seu filho, confirmando o que lemos
em Salmos 69:8.

“Tenho-me tornado um estranho para com meus irmãos, e um


desconhecido para com os filhos de minha mãe.”

Isto nos mostra que num momento da vida de Yeshua, nem sua
mãe, nem os seus irmãos, filhos de sua mãe, creram nele, conforme João
7:5 diz: “Seus irmãos não criam nele.”

13:2 “Quando um homem tiver na pele da sua carne, inchação,


ou pústula, ou mancha lustrosa, na pele de sua carne como praga da lepra
[tsaráat], então será levado a Arão, o sacerdote, ou a um de seus filhos, os
sacerdotes.”

Conforme encontramos no comentário dessa parashá no site


“emunah a fé dos santos”, aqui a Torá introduz o tema acerca da impureza
causada por uma praga que é chamada “tsaráat”. Essa praga não tem os
mesmos sintomas que a enfermidade chamada “lepra”. Portanto, ao traduzir

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Parashá Tazria

a palavra “tsaráat” como “lepra” cria-se uma ideia equivocada aos leitores.
Aqui não se trata de lepra, mas sim de outra coisa.
Há duas principais ideias fundamentais relativamente a esta
praga. Alguns dizem que se trata de uma enfermidade extinta, mas a
maioria dos analistas, pensam que é uma praga sobrenatural que o Eterno
coloca sobre as pessoas que cometem certos pecados, especialmente o de
lashón hará (a calúnia, a má língua ou a língua maliciosa). Isso pode ser
observado em dois largos capítulos dessa parashá, o que demonstra que é
um assunto muito importante, tanto para o entendimento literal do texto,
quanto para o sentido profético, uma vez que toda a Torá é profética. Há
outros textos nas Escrituras que falam desta praga. Esses textos podem
ensinar algo mais sobre a sua origem e sobre o entendimento de que a
lashón hará pode ser uma causa para essa doença.

Em Êxodo 4:6-7 está escrito:

“E disse-lhe mais HASHEM: Põe agora a tua mão no teu seio. E, tirando-
a, eis que a sua mão estava leprosa, branca como a neve. E disse: Torna a
por a tua mão no teu seio. E tornou a colocar sua mão no seu seio; depois
tirou-a do seu seio, e eis que se tornara como a sua carne.”

Moisés teve tsaráat na sua mão como um sinal. Ele tinha falado
lashón hará contra o povo de Israel dizendo que não iriam acreditar nele, cf.
Êxodo 4:1.

Em Números 12:1-10 está escrito:

“E falaram Miriã e Arão contra Moisés, por causa da mulher cusita, com
quem casara; porquanto tinha casado com uma mulher cusita. E disseram:
Porventura falou HASHEM somente por Moisés? Não falou também por
nós? E HASHEM o ouviu. E era o homem Moisés mui manso, mais do que
todos os homens que havia sobre a terra. E logo HASHEM disse a Moisés,
a Arão e a Miriã: Vós três saí à tenda da congregação. E saíram eles três.
Então HASHEM desceu na coluna de nuvem, e se pôs à porta da tenda;
depois chamou a Arão e a Miriã e ambos saíram. E disse: Ouvi agora as
minhas palavras; se entre vós houver profeta, eu, HASHEM, em visão a ele
me farei conhecer, ou em sonhos falarei com ele. Não é assim com o meu
servo Moisés que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele,
claramente e não por enigmas; pois ele vê a semelhança do Senhor; por
que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés?
Assim a ira de HASHEM contra eles se acendeu; e retirou-se. E a nuvem se

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retirou de sobre a tenda; e eis que Miriã ficou leprosa como a neve; e
olhou Arão para Miriã, e eis que estava leprosa.”

O texto hebraico mostra que a praga que veio sobre Miriam é da


mesma classe que a que aparece em Levítico 13. Miriam foi atacada pelo
Eterno com esta praga por ter falado mal contra Moisés. Vemos aqui como
o lashon hará causou esta intervenção divina.

Em Deuteronômio 24:8-9 está escrito:

“Guarda-te da praga da lepra, e tenhas grande cuidado de fazer conforme


a tudo o que te ensinarem os sacerdotes levitas; como lhes tenho ordenado,
terás cuidado de o fazer. Lembra-te do que HASHEM teu Deus fez a Miriã
no caminho, quando saíste do Egito.”

Este texto insta-nos a ter cuidado com esta praga e recordar o que
se passou com Miriam.

Em 2 Crônicas 26:16-19 está escrito:

“Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração até se


corromper; e transgrediu contra HASHEM seu Deus, porque entrou no
templo do Eterno para queimar incenso no altar do incenso. Porém o
sacerdote Azarias entrou após ele, e com ele oitenta sacerdotes de
HASHEM, homens valentes. E resistiram ao rei Uzias, e lhe disseram: A ti,
Uzias, não compete queimar incenso perante HASHEM, mas aos
sacerdotes, filhos de Arão, que são consagrados para queimar incenso; sai
do santuário, porque transgrediste; e não será isto para honra tua da parte
do Eterno Deus. Então Uzias se indignou; e tinha o incensário na sua mão
para queimar incenso. Indignando-se ele, pois, contra os sacerdotes, a
lepra lhe saiu à testa perante os sacerdotes, na casa do SENHOR, junto ao
altar do incenso.”

O Rei Uzias foi castigado por entrar no ministério sacerdotal que


não lhe competia. Isto nos ensina que esta praga não cai apenas sobre uma
pessoa que cometeu o pecado de lashón hará, mas também pode vir por
outros motivos.

Em 2 Reis 5:1-27 o texto bíblico nos ensina que Naamã, um


gentio, tinha tsaráat. Logo esta praga não cai somente sobre os filhos de
Israel mas também sobre os gentios. O servo de Eliseu, Geazi, mentiu e

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furtou e por estes dois pecados veio a tsaráat sobre ele e sobre os seus
filhos. Isto nos ensina que não é apenas aplicada sobre aquele que peca
com lashon hará mas também por outros delitos. O Talmude menciona sete
pecados que trazem a praga de tsaráat sobre aquele que não se arrepende:
calúnia; assassinato; imoralidade: falso juramento; arrogância; roubo e
avareza

13:3 “E o sacerdote examinará a praga na pele da carne; se o pêlo na


praga se tornou branco, e a praga parecer mais profunda do que a pele da
sua carne, é praga de lepra; o sacerdote o examinará, e o declarará por
imundo.”

Observando os versos seguintes até o verso 10, podemos


perceber que esta praga tinha três sintomas:

1. Os pêlos são brancos e a área afetada parece mais profunda


que o resto da pele;
2. A mancha estende-se sobre a pele;
3. Há carne viva na mancha, v. 10

Eram os sacerdotes que tinham a autoridade para declarar puro


ou impuro, uma pessoa ou um objeto. Quando a pessoa tem esta praga não
é considerada impura até que o sacerdote o comprove.

Veja que Yeshua uma vez curou uma pessoa com essa doença e
determinou que fosse mostrar-se ao sacerdote…

Imediatamente a lepra o deixou, e ele foi purificado. Em seguida Yeshua o


despediu, com uma severa advertência: "Olhe, não conte isso a ninguém.
Mas vá mostrar-se ao sacerdote e ofereça pela sua purificação os
sacrifícios que Moisés ordenou, para que sirva de testemunho". Mc 1:42-
44

Yeshua cumpria e ensinava a cumprir Torá, e vemos isso no


texto mencionado acima, e entendemos como a vida do Messias está ligada
à Torá. Neste texto não se fala de curar uma enfermidade, mas sim, de
limpar a praga de “tsaráat”. Yeshua não diz: “sê curado”; mas sim “sê
limpo”. Yeshua não o curou, mas sim limpou-o. Isto leva-nos a crer que
não se trata de uma enfermidade como as outras, mas sim de uma praga
sobrenatural sobre aquele que não se arrepende em tempo útil.

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A pessoa não poderia se tornar pura antes do sacerdote o


declarar, após uma análise detalhada. Yeshua sabia disso, por isso mandou
o homem ir até o sacerdote. Logo, é a palavra do sacerdote que decide
quando a pessoa está pura ou impura. A declaração do sacerdote tinha uma
implicação social importante.
Olhando com uma visão profética nesse texto da Torá, e nesse
ensino, podemos ver que o sacerdote representa Yeshua, que através do
crivo da sua vida justa, nos examina e após uma acurada observação
daquilo que podemos ser, nos declara como puros. Baruch Hashem!!!
Outro ponto profético é que o afetado pela praga não podia viver
dentro da comunidade, mas sim fora, fora do acampamento ou fora da
cidade se estivesse murada. Assim também aqueles que estão vivendo no
pecado não podem viver junto com o povo de D’us, mas afastado, por isso
o sacerdote, Yeshua, nos declara puros, para que possamos viver com seu
povo em comunidade.
Muito há que se falar nessa parashá, mas este comentário ficaria
muito extenso, e não é este o propósito, pois sempre há o próximo ano para
estudar novamente essa porção. Assim, que possamos estar firmes e
constantes no estudo da Torá e dos profetas, e prossigamos nossa teshuváh
(retorno)com emunáh(firmeza, fé).

Que o Eterno lhes abençoe!!!

Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva)

Bibliografia:
- Torá – Lei de Moisés. Editora Sêfer

- TANAH Completo. Editora Sêfer

- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/

- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/

- http://shemaysrael.com/parasha-tazria/

- https://pt.chabad.org/parshah/article_cdo/aid/1182906/jewish/Resumo-da-Parash.htm

- https://pt.chabad.org/parshah/article_cdo/aid/1182907/jewish/Mensagem-da-Parash.htm

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/27-_tazria_conceber.pdf

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/771034/jewish/Resumo-da-Parash.htm

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