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Unexpected
CIRCUMSTANCES
LIVRO CINCO: THE CONCUBINE

SHAY SAVAGE
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SINOPSE
A realeza requer sacrifício.
À medida que a saúde do rei Camden piora, a necessidade de um
herdeiro se torna crucial e impossível de ignorar. Sem outra escolha
viável, Alexandra deve se resignar quando Hadley chega à corte de
Silverhelm como concubina de Branford. O decreto de dever da rainha
ecoa na mente de Alexandra, enquanto ela aceita as condições
repugnantes pelo bem do reino. A única pessoa mais devastada pelas
circunstâncias que ela é o próprio Branford.
Enquanto Branford despreza os afetos de Alexandra e o rei Edgar
continua a pressionar sua vantagem no pós-guerra, tudo parece
perdido para o jovem casal. A traição ainda está nas profundezas do
castelo de Silverhelm, e a revelação do traidor vem da fonte menos
provável.

AVISO:
Esse livro é uma continuação da história narrada no livro anterior
e se trata do mesmo casal, portanto, leia a série na ordem.

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CAPÍTULO 01
QUASE DESTRUÍDO
Senti calor, depois tontura, e então o chão do quarto que
compartilhava com meu marido parecia estar se aproximando
rapidamente da minha cabeça. As palavras que ele falou continuaram
a girar dentro da minha cabeça, empurrando-me ainda mais para o
esquecimento.
“Ela está vindo aqui como minha concubina.”
Quando caio, a tontura piora, mas antes que minha cabeça bata no
chão, senti os braços fortes de Branford me cercando. Então tudo ficou
completamente escuro. Embora minha mente estivesse girando dentro
da escuridão, eu ainda podia ouvir sua voz.
— Deus... por favor... não...
Eu ainda sentia os braços de Branford à minha volta, embora não
pudesse abrir meus olhos. Eu o senti me levantando e me segurando
contra o calor duro de seu peito.
— Por quê? Por que você está fazendo isso com ela? Entendo que eu
preciso ser punido, mas não ela! Não ela!
Senti o movimento, meu corpo sendo balançando para frente e para
trás, ainda dentro da segurança dos braços do meu marido.
— Sinto muito, minha esposa... meu amor... eu sinto muito...
Não sabia quanto tempo minha mente rejeitou tudo o que estava ao
meu redor – a sala, as palavras que acabara de ouvir – tudo. Eu não
tinha dado o que ele devia ter. Não lhe dei um herdeiro. Em algum
lugar, no fundo da minha mente, eu imaginava que haveria
consequências. Eu sabia que algo assim era possível.
— Não a castigue assim... por favor, Deus, por favor!

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Quando finalmente consegui trazer ar para os pulmões, abri
lentamente os olhos. Os braços de Branford estavam apertados em
minha volta quando ele se sentou em nossa cadeira e me segurou
contra seu peito. Ele balançou um pouco, embalando-me como,
ironicamente, uma criança. O lado do meu rosto estava pressionado
entre a palma da mão dele e o local acima do seu coração enquanto ele
me segurava e nos balançava.
— Ela não... ela não...
De alguma forma, consegui manter os olhos abertos, mas ainda
estava tonta e minha visão estava embaçada. Eu olhei para o rosto do
meu marido, seus olhos lançados para o teto enquanto ele chorava uma
e outra vez. A luz do fogo estava em seu rosto e suas bochechas
brilhavam. Estendi a mão e toquei sua bochecha, sentindo-a molhada.
Nunca antes eu tinha visto as lágrimas do meu marido.
Seu olhar caiu para o meu, e sua dor passou por mim, fundindo-se
com a minha.
— Por favor... Alexandra, por favor — disse ele, implorando. — Esse
não era meu desejo... você deve saber disso...
— Ela virá aqui... para conceber seu filho?
Ele apertou os olhos com força e balançou a cabeça uma vez antes
de abrir os olhos lentamente.
— Não há outra opção? — perguntei para ele, e o remorso se
multiplicou em seus olhos.
— Eu não queria isso, Alexandra — ele chorou. Senti a pressão das
pontas dos seus dedos contra o meu lado. — Se houvesse outra
maneira, eu procuraria. Eu juro para você! Não quero isso! Não tive
escolha!
Eu não conseguia respirar.

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Suas palavras me atravessaram, esfriando-me muito mais do que
os ventos de inverno jamais poderiam ter feito. Minha mente tentou
afastar as palavras de mim, negando que elas fossem ditas.
Mas elas foram ditas.
— Camden exigiu isso? — Eu não precisava ouvir sua resposta,
seria a única maneira dele concordar.
— Ele exigiu — disse Branford, confirmando meu medo.
— O que foi discutido antes de eu voltar? — Perguntei, sabendo que
realmente não queria ouvir isso, mas precisava saber.
Branford respirou fundo e se recostou na cadeira. Ele pegou minha
nuca e me puxou contra seu peito. Eu podia ouvir a batida abafada de
seu coração debaixo da minha bochecha.
— A necessidade de um herdeiro já foi discutida antes — ele disse
— entre Camden e eu. Edgar deixou claro seus pensamentos sobre o
assunto.
Branford rosnou o nome do homem que virara nosso reino de cabeça
para baixo no último ano, exigindo continuamente cada vez mais de
nós. Suas constantes ameaças de levar a guerra diretamente a
Silverhelm se não cumpríssemos seus desejos o colocava em uma
posição de grande poder sobre nosso rei.
— Eu deveria ter lhe contado — disse Branford — mas não queria
que você sofresse com o medo que senti desde o verão, a primeira vez
que Camden expressou suas preocupações de que você não se tornaria
mãe. Não queria que você vivesse com o medo do que poderia ser
exigido. — Seu aperto em mim aumentou quando ele continuou.
— Edgar falou disso em várias ocasiões. Ele aprecia a minha reação
quando me diz que devia ter casado com sua filha, pois aos seus olhos,
os plebeus não deveriam conceber futuros reis. Eu ignorei e aguentei
seus comentários, mas com o passar dos meses, ele continuou

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repetindo. Ele quase exigiu que eu a renunciasse como minha esposa
e pedisse a mão de Whitney em casamento. Eu me recusei a cumprir.
Não farei isso, mas Camden e o resto da corte concordaram, devo ter
um herdeiro. O reino está muito inseguro, muito volátil após a perda
da guerra com Hadebrand. Eles precisam saber que a linha de sucessão
não está quebrada. Eles devem ser capazes de ter fé em seu rei... e em
seu futuro rei.
Senti seus lábios no topo da minha cabeça e ele passou a mão pelo
meu cabelo.
— Camden não é tão forte quanto gostaria que os outros
acreditassem, mesmo que ele não possa esconder isso o tempo todo.
Ele não está ansioso por este mundo, eu temo. Se eu assumir o trono
sem herdeiro, isso nos deixará vulneráveis não apenas a Hadebrand,
mas também a outros que estão do lado deles. Eles disseram que isso
tinha que ser feito, que eu devo ter um filho, antes da próxima
Primavera.
— Próxima Primavera? — Eu repeti. Isso significaria não mais que
meio ano antes que Branford tivesse um herdeiro a caminho.
— Edgar disse novamente que minha opção clara era a sua filha —
disse-me Branford. — Eu disse algumas palavras bem escolhidas sobre
meus sentimentos sobre o assunto. Camden disse que se eu não tivesse
outras alternativas a sugerir, ele me ordenaria, com um decreto real,
que eu anulasse meu casamento com você e me casasse com Whitney
em seu lugar.
— Camden? — Eu sussurrei quando senti as lágrimas finalmente
ardendo nos meus olhos. — Ele queria isso?
Branford se mexeu e pegou meu rosto entre as mãos.
— Ele não quer isso — disse Branford — mas ele também não tem
outra opção. Ele discutiu contra isso com Edgar várias vezes e não

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considerou essa opção levianamente. Ele teme pelo nosso futuro e pelo
futuro do seu reino. Camden aprendeu a amar você, Alexandra. Você
sabe disso. Ele a adora, assim como Sunniva.
Eu assenti.
— Edgar me disse que eu tinha apenas uma escolha — disse
Branford. — Ele disse que seria como deveria ter sido desde o início
com Whitney como minha noiva e eventual rainha. Eu não poderia fazer
isso. Ele já tirou muito de nós, e é por minha causa que ele está nessa
posição. Eu não poderia deixá-lo fazer isso com você... conosco.
— Não podemos tentar de novo? — Eu sussurrei.
— Já faz um ano e meio, Alexandra. — Branford fechou os olhos e
se recostou na cadeira novamente. — Você sugere falar ao Conselho
que talvez possamos nos esforçar mais? Isso é mesmo possível?
Branford me puxou contra seu peito e senti seus lábios em cima da
minha cabeça. Eu não tinha palavras para falar e tentei compreender
o que me disseram. Estava claro que Branford precisava garantir seu
sucessor o mais rápido possível para o bem de Silverhelm, mas por que
ele seguiu esse caminho para esse fim?
— Eu não tive tempo para realmente pensar sobre isso — disse ele,
sua voz novamente tensa. — Eu deveria ter, mas, novamente, minha
falta de prudência nos prejudicou.
Estendi a mão e coloquei minha mão contra sua mandíbula, meus
dedos trabalhando no cabelo áspero de seu pescoço. Virei minha
cabeça para pressionar meus lábios em seu peito, onde seu roupão
estava aberto.
— A única outra opção que eu podia pensar era ter uma concubina
— ele finalmente sussurrou. — Seu lugar como minha esposa estaria
seguro e Edgar não seria capaz de argumentar a alternativa. Eu disse

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a eles que pegaria Hadley como concubina e ela nos forneceria os filhos
que devemos ter.
Eu finalmente falei.
— Por que Hadley?
— Você a ama — disse Branford, com a voz rouca na garganta. —
Você amará os filhos que ela conceber como se fossem seus. Eles serão
seus. Ninguém além de você os criará.
— Ela sabe?
— Ela deve saber a esta altura.
— Ela pode ter alguma opinião sobre o assunto?
— Claro — ele respondeu. — E... se você preferir... se alguém mais
for...
A voz de Branford sumiu e sua mão deixou minhas costas para
cobrir seus próprios olhos.
— Não acredito que estou falando com você sobre isso — disse ele.
— E se ela se recusar?
— Eu não... não a obrigarei se ela não concordar — disse Branford
suavemente e balançou a cabeça. — Mas se ela não vier de bom grado,
a outra opção colocada diante de mim é a princesa Whitney.
— Ela se tornaria sua concubina? Uma princesa?
— Não — ele disse baixinho — ela não seria.
O significado de suas palavras me atingiu mais forte do que as
notícias anteriores.
— Ela só viria como sua esposa — eu digo com um aceno de cabeça.
— Eu teria que me afastar.
— Sim. — Ele descobre seu rosto, e seus olhos se fixam em mim. —
Você vê por que eu tive que pensar em algo rápido? Por favor entenda.
Eles estavam exigindo uma resposta de mim imediatamente. Eu não

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sabia mais o que fazer. Eu deveria ter falado com você antes, eu deveria
ter planejado com você. Eu falhei com você, Alexandra...
— Não, Branford — eu disse enquanto pegava seu rosto entre as
mãos. — Você fez o que achou melhor, como sempre faz.
— Eu não posso fazer isso com você — ele sussurrou para mim, e
novamente eu vi uma lágrima cair de seus olhos. Ele inclinou a cabeça
em minha direção e fechou os olhos enquanto sua testa descansava no
meu ombro. — Eu não posso fazer isto.
Coloquei meus braços em volta de sua cabeça e o segurei quando
minhas próprias lágrimas começaram a cair. Acariciei sua cabeça
enquanto minha mente girava imaginando como isso aconteceria. Se
Hadley concordasse em vir aqui e prestar esse serviço, como nossas
vidas mudariam? Branford ainda estaria aqui comigo em nossa cama à
noite, ou ele estaria na dela?
Como eu poderia suportar vê-lo sair de nosso quarto para ficar com
Hadley?
Então me lembrei das vezes em que Whitney veio ao nosso castelo,
à minha casa, com seu olhar de desdém e seus insultos velados.
Quantas vezes ela sugeriu que eu era inadequada demais para ser a
esposa de Branford? Quantas vezes ela disse que eu era imprópria para
minha posição e indigna da família que agora chamava de minha?
Eu não daria a ela ou a ninguém a satisfação de pensar que eu era
fraca demais para cumprir meus deveres reais. Se esses deveres
incluíssem ter outra mulher carregando meus filhos para continuar a
linhagem do meu marido, é isso que eu faria.
Quando cheguei a essa conclusão, a súbita explosão de Branford
me assustou.
— Não farei isso! — Branford gritou com a voz cheia de veneno. Ele
ainda estava comigo em seus braços, se virou e me colocou de volta na

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cadeira antes de começar a andar pela sala em passos largos. — Eles
não podem me forçar a dormir com ela! Mesmo que eles a tragam, eu
ainda posso recusar!
— Branford, o que você está dizendo?
Ele parou de se mover e se virou para me encarar. Eu podia ver seu
olhar disparando para frente e para trás enquanto ele considerava suas
opções. Ele respirou fundo e assentiu enquanto chegava a algum tipo
de conclusão.
— Eu a levarei comigo — ele disse suavemente. Ele voltou para a
cadeira e se ajoelhou na minha frente enquanto olhava para a porta
conspiradoramente. — Nós dois deixaremos Silverhelm para sempre.
Existem muitas terras distantes, e eu tenho habilidades que seriam
bem-vindas no exército de qualquer reino. Contanto que eles não
saibam quem realmente somos...
Olhei nos olhos do meu marido e sabia que ele faria o que
imaginava. Ele me levaria daqui como proclamara. Eu podia ver tudo
escrito em seu rosto. Ele deixaria sua família, seu reino, seu direito ao
trono, sua casa e seu dever... por mim.
Eu balancei minha cabeça lentamente de um lado para o outro.
— Branford — eu disse, estendendo a mão para o braço dele — não
podemos fazer isso.
— Por que não?
— Porque seu dever e seu povo estão aqui — respondi. — Você
mesmo disse que precisará assumir o trono. Em tempos como esse,
você não pode abandonar seu povo quando eles mais precisam. Você
deixaria Camden e Sunniva sem um sucessor? Você estaria entregando
a Edgar todo o reino antes de partir. Nós não podemos fazer isso. O
filho de sua irmã nascerá em breve. Você conseguiria nunca conhecer

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sua sobrinha ou sobrinho? Nunca mais ver sua irmã? Não, Branford,
não posso deixar você fazer isso. Nós não podemos fugir.
Sua expressão ficou desanimada e sua respiração ficou pesada.
— Então o que posso fazer? — Ele perguntou. Seus olhos
imploravam que eu dissesse outra resposta, outra opção, mas eu não
tinha nada a oferecer. Ele abaixou a cabeça no meu colo, virando o
rosto para o lado enquanto eu colocava minhas mãos no topo de sua
cabeça. Meus dedos se entrelaçavam com os fios macios dos cabelos
do meu marido.
Meu marido.
Ele era agora, e sempre seria, meu marido. Não importaria o que
fizessem, ainda pertenceríamos um ao outro.
Meu amor.
— Você pode cumprir seu dever com seu povo e seu reino — falei.
— Você pode ser pai de um herdeiro com sua concubina, e nós
criaremos a criança como nossa.
Sua cabeça girou lentamente para que ele pudesse olhar para mim.
— Como posso fazer isso?
— Você deve, Branford — eu disse. — Você deve fazer isso para dar
Silverhelm um rei depois de você. Mesmo se eu não puder... se eu não
puder dar à luz seu filho, ainda deve ser feito.
Ele estendeu a mão e colocou os braços em volta da minha cintura
segurando o rosto na minha barriga.
— Eu amo você — ele sussurrou.
— Assim como eu o amo, meu Branford.
Seu olhar encontrou o meu.
— Sempre seu.
Ele se levantou devagar e me puxou para seus braços, segurando-
me firmemente contra seu peito antes de nos virar e se sentar na

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cadeira. Branford me puxou com ele, e eu montei em suas pernas,
inclinando-me para frente para colocar meus lábios em sua boca.
No começo, nosso beijo foi suave e lento, mas enquanto eu sentia
seu desejo por mim aumentar, ele colocou as mãos dentro do meu
roupão, afastando até que nossos peitos nus estivessem pressionados
juntos.
Embora minha mente ainda estivesse se recuperando de tudo o que
acontecera, meu corpo ansiava por ele. Minhas mãos não conseguiam
absorver o suficiente de sua pele, e eu empurrei seu roupão dos ombros
para que eu pudesse sentir a força de seus músculos sob as palmas
das minhas mãos. Estava com fome dele, e quando me levantei,
pressionei meus lábios com força contra os dele.
As mãos de Branford estavam na minha pele, acariciando-me
lentamente, mas com mais força. Abaixei-me e afastei nossas roupas
de nossas pernas, procurando e encontrando sua protuberância dura.
Sua boca se abriu em um suspiro quando eu o agarrei e guiei a ponta
para a minha entrada. Eu me abaixei lentamente, reivindicando-o
como meu, quando me entreguei a ele.
Nossos braços se enrolavam enquanto eu empurrava para baixo, e
ele inclinava os quadris para cima para me encontrar. Repetidamente
nós nos unimos como um. Eu sabia em meu coração que isso era
nosso, e mesmo que ele precisasse tocar em outra, nunca seria assim.
Éramos apenas nós como deveríamos ser. Nada e nem ninguém poderia
nos tirar isso, não importando o que acontecesse fora de nosso quarto.
Ele era meu.
Eu era dele.
Eu segurei sua cabeça no meu peito enquanto eu gritava seu nome
e o senti agarrar minhas costas com os dedos enquanto ele derramava
não apenas seus fluidos, mas seu coração e alma em mim. Balancei

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lentamente contra ele enquanto minhas lágrimas caíam pelas minhas
bochechas e senti a umidade de seus olhos na minha pele. Seu corpo
tremia enquanto ele chorava contra mim.
— Shh... Branford... shh... — Mais uma vez, peguei seu rosto entre
as mãos e o acalmei como só eu sabia, com meus lábios e minha língua
e minhas mãos contra sua pele. Isso pertencia a mim e somente a mim.
— Eu amo você, minha esposa... meu amor... minha vida...
— Eu amo você, sempre.
Depois de muito tempo, ele se acalmou. Sua respiração voltou ao
normal e sua cabeça descansou levemente no meu ombro enquanto
seus dedos acariciavam meu braço.
— Eu não darei a ela o que eu dou a você — disse ele calmamente.
— Quando estamos juntos... é... é...
— Eu sei — garanti a ele.
— Indescritível — ele finalmente terminou.
Ele se recostou na cadeira e estendeu a mão para limpar a umidade
das minhas bochechas. Eu arrastei um dedo sobre a beirada do seu
braço.
— Independentemente dos músculos do meu corpo — ele disse —
você é muito mais forte que eu.
Eu balancei minha cabeça, mas ele me parou com as mãos e um
beijo.
— Você é — ele insistiu.
Fechei os olhos e descansei contra o calor do seu corpo, enquanto
ele puxava o roupão de volta no lugar para aquecer minhas costas.
— Quando você... quando você ficará... com ela? — Eu perguntei
com um calafrio.
Eu ouvi o suspiro dele.

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— Ela retornará a Hadebrand para o que quiser trazer para
Silverhelm — disse ele. — Ela deve voltar em alguns dias para ficar
aqui, permanentemente.
Ainda havia muitas e muitas perguntas em minha mente, mas,
considerando o estado do meu marido, decidi não perguntar agora.
Talvez eu pudesse falar com Sunniva sobre tudo isso antes que ela
fosse dormir a noite. Parecia a coisa certa a fazer, mas não neste
momento.
Por enquanto, eu cuidaria do meu marido

Branford acabara de sair para falar com Camden quando Hadley


entrou na sala com a cabeça baixa, e eu sabia que haviam lágrimas em
seus olhos. Ela não conseguia me olhar.
— Hadley — eu disse suavemente, e eu abri meus braços para ela.
Ela veio até mim, seus soluços escapando enquanto se agarrava em
meus ombros.
— Como você pode não me odiar? — Ela chorou.
— Não é sua culpa — respondi. — Você será filha de Silverhelm, e
você, como todos nós, deve cumprir com seus deveres para o bem de
todo o reino.
Sentamos no sofá e nos abraçamos. Continuei a tranquilizá-la,
tentando ouvir minhas próprias palavras e acreditar nelas enquanto
tentava convencê-la. Eu não a culpo nem um pouco, pois ela estava tão
presa nessa situação quanto eu e Branford.
— Eu posso recusar, Alexandra — disse ela em certo ponto. — Posso
dizer a eles que não farei isso.
— Sim, Hadley, você pode — eu disse a ela. — Esta é uma escolha
que você não deve fazer sem pensar. Se você acha que a ideia é

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repugnante, não faça. Mesmo se Edgar ameaçar colocá-la na rua, você
ainda terá uma casa aqui. Mas saiba que, se você não assumir essa
posição, outra fará. Você tem escolhas, mas eu não. Devo fornecer ao
meu marido um herdeiro, independentemente das condições.
— O que acontecerá comigo? — Ela perguntou. — Ele dormiria
comigo? Como faz com você?
— Eu não acredito que seria o mesmo, não — eu disse calmamente.
— Mas ele não a machucaria. Ele seria gentil.
— Você quer que eu faça isso, Alexandra? — Hadley perguntou. —
Você quer que eu... tenha um filho... para você?
— Eu devo deixar alguém fazer isso por mim — eu disse, embora
mal pudesse ouvir minha própria voz. — Se eu tiver que escolher
alguém, prefiro que seja você. Você sempre foi como minha própria
irmã, se eu tivesse tido uma, e se alguém tiver que ter um filho de
Branford quando eu não posso, gostaria que fosse você.
Os olhos profundos de Hadley se arregalaram e ela olhou para mim
por um longo tempo antes de parecer tomar uma decisão.
— Farei isso, Alexandra — disse ela. — Para você, minha irmã.
Nossos braços estavam enrolados um no outro novamente e,
embora houvessem lágrimas em nossos olhos, não eram inteiramente
devido à tristeza. Ficamos um tempo sentadas antes de uma leve batida
na porta me assustar, e eu a abrir para encontrar Janet, seu rosto sério
enquanto ela olhava de mim para Hadley.
— Existe algo que eu possa fazer por você? — Ela perguntou
calmamente. — Pedi que o jantar fosse trazido para o seu quarto em
uma hora, mas há algo que você precise antes disso? Eu poderia fazer
um chá.

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— Obrigado, Janet — eu disse. Respirei fundo e olhei para Hadley,
que ainda estava sentada com o rosto nas mãos. — Eu acho que seria
muito bem-vindo.
Janet foi até o fogo para preparar o chá e eu me sentei ao lado de
Hadley novamente. Suas lágrimas diminuíram, mas não pararam
completamente, e eu lhe ofereci um lenço para limpar o rosto.
— Lady Hadley? — Janet parou na nossa frente com a cabeça
inclinada. Hadley empalideceu quando ouviu Janet falar dessa
maneira. — Eu fiz um chá para você também. Lady Alexandra toma
toda manhã e isso pode ajudar a lhe acalmar.
Janet ofereceu uma xícara a Hadley com um sorriso brilhante.
Reconheci o cheiro do meu chá da manhã e fiquei feliz por Janet ter
pensado em dar o mesmo a Hadley. Acenei com a cabeça e Hadley
pegou a xícara fumegante das mãos de Janet.
— Obrigada, hum... Janet — disse Hadley. Ela tomou um gole e
franziu a testa. — O sabor é incomum.
— Demora um pouco para se acostumar — eu disse a ela com um
sorriso — mas eu gosto bastante agora. Não consigo imaginar como
seriam meus dias sem isso.
Ela tomou outro gole e recostou-se no banco. Conversamos baixinho
por algum tempo sobre o tópico mais mundano do que ela precisaria
trazer de Hadebrand. Não demorou muito para que um mensageiro
viesse buscá-la para a viagem de volta a Hadebrand para se despedir
de sua casa.
Assim que pude, procurei a rainha de Silverhelm. Eu a chamei
quando entrei no jardim, certificando-me de passar com cuidado pelo
caminho escorregadio e coberto de neve. Eu a encontrei rapidamente.
— Alexandra? — A voz suave de Sunniva flutuou sobre as árvores
nuas no jardim, e eu olhei para cima para vê-la apertar a capa em torno

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de si enquanto se aproximava. Fui até Sunniva, e ela acenou com a
mão para mim e apontou para me sentar. Ela tomou o lugar ao meu
lado e seu braço imediatamente foi ao meu redor. Respirei fundo e
encostei a testa no seu ombro.
— Eu tenho... perguntas — eu disse.
— Tenho certeza que sim — ela respondeu com um aceno de cabeça.
— Onde ela ficará?
— Prepararei um quarto para ela — afirmou Sunniva. — Será do
outro lado do castelo, do lado oposto de seu quarto.
— Branford vai... dormir com ela lá?
— Ele... ele vai — disse ela calmamente.
Eu assenti.
— O que ela fará quando não estiver... cumprindo seus deveres? Ela
será obrigada a ficar ao lado dele?
— De forma nenhuma — disse Sunniva. — Você ainda é a esposa
de Branford de todas as formas imagináveis. Você ainda manterá sua
posição na corte e estará ao lado de Branford como tem estado. Mesmo
quando o filho nascer, ele será considerado seu filho, não dela.
— Depois que ela nos der um filho, o que será dela?
— O futuro de uma concubina nesse tipo de situação ainda é muito
bem visto. Ela ficaria aqui em Silverhelm pelo tempo que desejar. Ela
pode se tornar outra criada para você ou uma ama para seus filhos.
— Ela pode ter mais de um?
— Ela deve fornecer um menino.
Eu respirei fundo. Claro que seria esse o caso, pois uma garota não
poderia assumir o trono de Silverhelm. E se ela tivesse uma menina
primeiro? Era uma pergunta que eu não queria considerar ainda.
— E se Hadley não quiser continuar nesse papel depois que um filho
nascer?

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— Ela terá muitas opções — assegurou-me Sunniva. — Como ela
dará à luz ao futuro rei, ela terá uma demanda muito alta como esposa.
Esta notícia era a melhor de toda a situação. Hadley temia por seu
próprio futuro, e pelo menos nesse aspecto, ela estaria mais segura.
— E se eu engravidar? — Perguntei.
— Antes ou depois de Hadley?
Minha garganta estava apertada e eu tive que engolir antes que
pudesse falar novamente.
— De qualquer maneira — eu disse.
— Se você tiver um filho antes de Hadley, seu dever não será mais
necessário. Ela ficaria aqui e seria tratada com grande respeito por sua
disposição em nos servir dessa maneira. Se ela tiver um filho primeiro
e você depois, o seu filho terá a prioridade na linha de sucessão. O filho
dela teria que ser reconhecido separadamente ou não reconhecido,
caberia a Branford decidir.
— O que seria de Hadley e seu filho se ele os recusasse?
— Eu não acho que ele faria — disse Sunniva, balançando a cabeça.
— Mas se fizesse, ele teria que decidir se eles deveriam ficar aqui ou
não. Seria incomum não permitir que eles mantivessem seu status
intacto em razão do serviço que ela prestou em tempos de necessidade
do reino, mesmo que fosse desnecessário.
Por muito tempo, eu me sentei com a cabeça no ombro da minha
rainha, meus pensamentos se misturaram dentro da minha cabeça.
Tentei classificar as informações que Sunniva fornecera e pelo menos
tinha certeza de que Hadley seria bem tratada independentemente do
que acontecesse.
Eu não queria que ela sofresse quando tudo o que estava fazendo
era tentar nos ajudar.

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Estremeci quando uma brisa fresca veio do topo das muralhas do
castelo, e Sunniva me disse que deveríamos encontrar um lugar mais
quente lá dentro. Eu fiquei com as pernas trêmulas, mas ela me
ajudou, parando-me brevemente antes de entrarmos e me virando para
encará-la.
— Quando a conheci, sabia que você era nobre em seu coração —
disse Sunniva. — Agora eu sei que dentro do seu peito bate um coração
que é verdadeiramente nobre.
— Obrigada — agradeci enquanto inclinava a cabeça. — Posso fazer
mais uma pergunta?
— Certamente.
— O que acontecerá se Hadley não ficar grávida até o Verão?
O rosto de Sunniva empalideceu.
— Vamos apenas rezar para que não chegue a isso.

— Não sei como posso fazer isso — disse Branford em voz baixa. —
Como eu serei capaz de…
Sua voz sumiu e ele respirou pelo nariz.
Estávamos sentados na beira da cama quando os ventos do Inverno
começaram a assobiar e gemer contra as janelas. Hadley voltara a
Silverhelm no início do dia e agora esperava por ele no quarto que
Sunniva preparou para ela. Embora eu tenha oferecido ajuda, Sunniva
insistiu em fazer isso sozinha.
— Você terá que fechar os olhos e pensar em mim — eu sussurrei
de volta. Desviei o olhar, tentando manter a dignidade que me restava
nessa noite.
— Não tenho certeza nem que isso funcione — disse ele. — O próprio
pensamento é...

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Ele fechou os olhos com força e fez uma careta.
— Eu não deveria sobrecarregá-la com isso — disse ele.
— Claro que deveria — eu disse, corrigindo-o. — Sou sua esposa.
Compartilhamos todos os nossos fardos, esse acima de todos.
Ele bufou novamente antes de olhar de volta para os meus olhos e
estender a mão para a minha. Ele a segurou com força e depois o puxou
para o colo enquanto passava os dedos sobre os meus.
— Um dia, em um futuro próximo, você assumirá o trono — falei —
e estarei ao seu lado como sua rainha. Devemos cumprir nossos
deveres com Silverhelm, não importa quais sejam. Se não sacrificamos
pelo bem de nosso povo, como poderíamos pedir que eles se
sacrificassem por nós? Como poderíamos pedir que desistissem do grão
que eles dão para alimentar os do outro lado do reino? Como
poderíamos pedir que eles mandassem seus filhos para morrer em
nossas guerras, se não fizéssemos isso por eles... por Silverhelm?
— Não fizemos o suficiente? — Ele perguntou. — Você não fez o
suficiente pelo seu povo? Você já suporta minha presença,
independentemente do meu humor. Você... você é a única coisa que me
mantém fundamentado em meus deveres.
Ele riu, embora não houvesse humor no som.
— E aqui está você, lembrando-me do meu dever novamente — disse
ele — mas a que custo para você?
— O custo para mim é menor do que seria se eu fosse forçada a
deixá-lo por outra — lembrei a ele. — Desta forma, teremos nosso filho
e eu ainda estarei ao seu lado.
— Eu não quero fazer isso com você — disse ele novamente.
— Você deve fazer isso, Branford — eu disse suavemente enquanto
roçava meus lábios nos dele. — Vá até ela e gere a criança que
precisamos. Você deve fazer isso pelo nosso povo.

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— Você é... muito melhor do que eu — ele sussurrou. — Como pode
suportar isso com tanta graça quando eu mal posso conter o que isso
está fazendo comigo?
Com os dedos logo abaixo da mandíbula em ambos os lados do
rosto, inclinei a cabeça dele para mim.
— Branford — comecei a dizer, tentando usar um tom que eu achava
mais convincente, um tom parecido com o de Sunniva — às vezes eu
preciso da ajuda de Janet para amarrar um vestido, especialmente
alguns dos mais extravagantes de que você mais gosta quando você me
leva para a pista de dança e me mostra aos visitantes.
Sua expressão estava confusa, mas ele assentiu.
— Eu estaria menos bem vestida se Janet não tivesse me ajudado?
— Menos bem vestida? — Ele questionou.
Eu obviamente não estava deixando claro o meu argumento. Eu
tentei novamente.
— Você se lembra da celebração da colheita deste ano?
— Claro.
— Você se lembra o que eu usei?
— Com certeza — disse Branford, e um toque de sorriso retornou.
— Todos aqueles laços e fitas! — Eu sorri com a lembrança. — O
ouro e o preto entrelaçados com os marrons e laranjas da colheita.
— Você estava deslumbrante — ele sussurrou quando estendeu a
mão e acariciou meu queixo mais uma vez.
— Você me achou linda?
— Oh, definitivamente — disse Branford com reverência.
— Mesmo que Janet tivesse que me vestir?
— O que você quer dizer?
— Eu não conseguia nem alcançar o primeiro laço — disse a ele —
e não havia como eu mesma ter amarrado todas essas fitas. Janet

25
passou várias horas fazendo o vestido ficar bem em mim. Você
percebeu isso?
— De maneira nenhuma, não — disse Branford. Ele estava confuso
novamente.
— Estava menos atraente para você porque não poderia usá-lo se
não fosse pela ajuda de Janet?
— Claro que não!
— Então, precisar da ajuda de Janet não importou?
— Não.
— Então, se eu lhe trouxesse um filho que Hadley nos ajudou a
trazer ao mundo, você me amaria menos por não ter nascido de mim?
Eu podia ver o entendimento em seus olhos quando minhas
palavras começaram a ressoar, e mais uma vez notei a umidade
brilhando à luz do fogo, brilhando em seus brilhantes olhos verdes. Sua
respiração ficou presa na garganta e eu pude vê-lo engolir antes que
ele falasse.
— Nunca — ele sussurrou. — Eu sempre amarei você.
— E você amará a criança que trago para você, mesmo que ela não
seja do meu corpo?
— Ele ainda será nosso filho — sussurrou Branford. — Nosso. Seu
e meu.
— Sim — concordei. — Ele será.
Com um leve aceno de cabeça, Branford se levantou devagar, sua
mão ainda agarrando a minha quando ele começou a se afastar, nossos
dedos ainda se tocando até o último segundo possível, quando ele deu
o passo que separou nosso toque.
Não tentei controlar minhas lágrimas quando a porta do nosso
quarto se fechou suavemente e fiquei sozinha. Sentei-me na beira da
nossa cama e fiquei olhando a vela acesa na mesa ao meu lado, até que

26
não vi nada além de uma luz brilhante e fraca, e meus olhos doíam nas
órbitas.
Estendi a mão e apaguei a luz com as pontas dos dedos, sentindo a
leve queimadura nas pontas dos dedos quando eu apaguei a chama.
Deitei-me de lado na cama, com a cabeça apoiada no travesseiro do
meu marido, e inalei o seu cheiro. Incapaz de diminuir o fluxo das
minhas lágrimas, puxei seu travesseiro firmemente contra o meu peito
e empurrei meu rosto nele para abafar meus gritos. Quando não tinha
mais lágrimas para chorar, fechei os olhos, recusando-me a pensar no
que estava acontecendo naquele quarto do outro lado do castelo, e
implorei que o sono me levasse.
E foi aí que realizei meu maior sacrifício por Silverhelm.

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CAPÍTULO 02
SUPORTAR GRACIOSAMENTE
Eu não ouvi a porta quando ela se abriu e só fui alertada para a
presença da rainha quando ela se sentou no final da nossa cama. Eu
ofeguei de surpresa, sentei-me e estava prestes a gritar quando sua voz
suave me acalmou.
— Não se assuste, Alexandra — disse ela. — Sou eu.
Sunniva passou os braços em minha volta e me puxou contra ela
quando comecei a soluçar novamente.
— Como eu aguento isso? —sussurrei contra o tecido de seu vestido.
— Nós somos da realeza — respondeu Sunniva, sua voz cheia de
simpatia e arrependimento. — Servimos nosso povo da maneira que for
necessária. Nossas vidas nunca são fáceis, mas fazemos o que
precisamos para garantir a segurança e a prosperidade de nosso povo.
— Como um filho de Branford garantirá sua segurança? —
Perguntei, minha voz soando mais dura do que pretendi. — Não é como
se ele pudesse pegar em armas e defendê-las!
— Não, ele não pode — disse Sunniva, concordando — mas ele seria
um símbolo da continuação da linha Sterling. Assim como aconteceu
com Sterling Castle antes de Branford se render. Não poderia ser tirado
dele sem a igreja permitir. Somente quando Branford desistiu de seus
direitos, Edgar pôde se apossar dele. A família Sterling tem muitos
desses lugares, não apenas o reino de Silverhelm, todos eles garantidos
por um herdeiro.
— Mas uma criança...
— Um filho é necessário — continuou ela — Mais também são
desejados, mas pelo menos um filho é imperativo. Quando Camden

28
conquistou a coroa, foi com grande relutância. Eu não tinha concebido
um filho, e havia muita agitação na época por causa disso. No entanto,
tínhamos o pai de Branford e Branford na época, ambos poderiam ser
sucessores, se necessário. Mas agora... agora só restam Camden e
Branford, e Camden...
Suas palavras vacilaram e eu agarrei sua mão.
— Se fosse apenas Camden sem sinais de herdeiro naquela época,
também seríamos forçados a tomar uma concubina para garantir um
herdeiro. Como era, ainda era uma posição tênue. Se também
estivéssemos em guerra ou perto da guerra, não teríamos escolha.
— Como não temos escolha agora.
— Sim, Alexandra.
— E você teria permitido?
— Como eu não poderia? — Sunniva riu sem humor.
Eu descansei minha testa em seu ombro e tentei entender tudo o
que tinha acontecido. Branford me escolheu como esposa para levar
Edgar à guerra, e ele conseguiu esse empreendimento. Embora já
houvesse algum tempo desde que a batalha final estivesse perdida, as
repercussões continuaram nos assombrando.
De muitas maneiras, eu queria ficar brava com Branford, por ele,
por sua falta de visão e desejo de vingança. Ele nos colocou nessa
posição precária, e todos nós tivemos que pagar o preço. Mas não podia
me irritar com ele porque conhecia meu marido melhor do que qualquer
um.
Eu o conheci através de nossos tempos juntos, a dor pela perda de
seus pais, a culpa e a raiva que ele sentia por ser tão impotente para
ajudá-los quando foram atacados me foram mostradas muitas e muitas
vezes. Acima de tudo, ele nutria ressentimento por eles terem sido

29
levados, e Branford foi deixado para viver sem eles. Depois da guerra,
ele acrescentou aos ombros a culpa das vidas perdidas na batalha.
Eu também me conhecia melhor do que nunca.
Sem sua demonstração precipitada e infantil de desrespeito ao pedir
minha mão, eu ainda seria uma criada da princesa Whitney. Embora a
posição em si não me parecesse repugnante, eu aprendi que nem todos
os criados eram tratados como ela tratava os dela. Eu deixei claro que
os servos de Castle Silverhelm não deviam ser tratados com severidade,
e as condições de Silverhelm para as classes mais baixas melhoraram,
embora nunca fossem tão ruins quanto as de Hadebrand. O povo de
Silverhelm agora olhava para mim como sua princesa do povo, a realeza
que considerava suas necessidades antes da sua própria.
É claro que havia o que era mais importante para o meu coração,
porque, se Branford não fizesse uma jogada tão ousada, eu não o teria
como meu marido. Isso por si só era impensável para mim. Se alguém
pudesse olhar para o futuro e mudar seu caminho, talvez eu
encontrasse outra maneira de estar com meu Branford, mas não
podemos mudar o que foi feito, só podemos nos contentar com onde
estamos.
Meus pensamentos me trouxeram de volta àqueles anos em que eu
era serva da princesa Whitney e a brutalidade que eu testemunhara,
embora raramente se sustentasse. Lembrei-me dos pensamentos que
tive quando criança, pensamentos invejosos que às vezes
atormentavam meu sono.
— Quando eu era jovem, sonhava em ser como a princesa Whitney
— eu disse, confessando meus pensamentos interiores para a rainha.
— Eu pensava que ter criados e roupas bonitas seria muito... divertido.
— E agora?

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— Acho que, se tivesse uma escolha verdadeira, preferiria ser uma
plebeia novamente.
— O que você quer dizer com 'escolha verdadeira'?
Eu me perguntei se deveria contar a ela o que Branford havia
sugerido. Eu decidi que não faria mal, pois nunca faríamos isso.
— Branford disse que poderíamos ir embora — eu disse
calmamente. — Ele disse que me levaria para longe, para que não
tivéssemos que sofrer isso.
Afastei-me e olhei para o rosto da rainha.
— O pensamento nasceu do medo, Sunniva. Ele nunca teria
realmente considerado isso...
— Eu sei, Alexandra — disse Sunniva. Um sorriso pequeno e triste
cruzou seu rosto. — Não há um de nós que não tenha tido tais
pensamentos de tempos em tempos. Mesmo agora, com meu marido
provavelmente vivendo seus últimos meses, gostaria de poder afastá-lo
de seus deveres e preocupações. Mas seus deveres não desapareceriam
magicamente se ele se escondesse. Alguém deve cuidar do nosso povo
e, se ele não o fizer, deve ser Branford, mesmo que não esteja pronto
para essa responsabilidade. Ainda há aqueles em Silverhelm que
sofrem por todas as decisões ruins que Camden ou Branford tomaram.
Pense em como eles sofreriam sem nenhum líder. Se Branford não
assumisse o trono, o que seria do nosso povo?
— Eles estariam vulneráveis — eu disse. Meu olhar caiu para
minhas mãos no meu colo. — Sem um líder no trono, Silverhelm estaria
aberta a ataques de mais do que apenas Hadebrand.
— Hadebrand, Peaks, Seacrest, eles seriam como abutres rasgando
os ossos depois de um banquete, um banquete feito da carne de nosso
povo. Veja o que aconteceu com Wynton desde a perda da guerra.

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— As pessoas de lá sofrem muito — afirmei com um aceno de
cabeça. — Ouvi Branford e Camden falando da fome lá e de como Edgar
não permite que a comida seja trazida. Ele considera isso como punição
pelo desafio de lorde William. Branford disse que Sir Rylan em Seacrest
pode ser capaz de...
— Silêncio. — A rainha Sunniva colocou os dedos nos meus lábios.
— Não fale dessas coisas, nem mesmo aqui.
Eu balancei a cabeça e me vi olhando ao redor da sala. Quem
poderia nos ouvir aqui? A possibilidade de espiões era tão grande que
eu não podia falar dos aliados de Branford escondendo comida para as
pessoas que costumavam ser súditos de Silverhelm? Talvez fosse.
— Falei com Lady Susan há quinze dias — Sunniva estendeu a mão
e pegou a minha. — As condições na vila pioram a cada semana. Muitos
estão enfraquecidos pela falta de comida e adoecem.
— O próprio Silverhelm seria muito pior se não fosse defendido —
eu disse. Eu sabia que o rei Edgar continuava sua vingança contra
qualquer um que fosse considerado amigo de Silverhelm. Se sua
influência se expandisse mais ou se ele ganhasse mais controle sobre
Silverhelm, nosso povo seria alvejado, abusado e morto.
— Precisamente — a rainha disse com um aceno de cabeça — e é
por isso que você perseverará pelo bem de nosso povo e nosso reino.
Suportaremos tudo o que for necessário.
Concordei, mas não consegui impedir que minhas lágrimas viessem
novamente.
— Eu sei o quão difícil isso é para você — disse ela suavemente. —
Sua posição não é diferente do que quase foi a minha há muitos anos.
Camden teve que considerar a mesma coisa quando eu não consegui
conceber uma criança. Isso rasgou seu coração ainda mais do que o
meu. Imagino que seja o mesmo para Branford.

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— Ele não quer fazer isso — eu disse.
— Eu sei — respondeu a rainha. — Ele e Camden falaram
frequentemente sobre o que fazer. Queria que ele discutisse isso com
você, mas a ideia de lhe trazer dor é repugnante para ele. Ele estava
convencido de que você acabaria engravidando e não queria que
sofresse com esses pensamentos sem necessidade.
Sunniva estendeu a mão para mim novamente e me abraçou.
— Ele a ama tanto — ela disse suavemente. — Espero que ele lhe
diga isso.
— Ele diz — eu assegurei a ela. — Várias vezes.
— Fico satisfeita por ouvir isso.
— Eu sabia que ele estava preocupado. Sabia que estava
preocupado com isso. Ele rezou por isso na igreja o tempo todo. Só não
sabia que tínhamos tão pouco tempo...
— Se Camden estivesse com uma saúde melhor ou o relacionamento
com Hadebrand não fosse tão volátil... — A voz da rainha diminuiu. Ela
não precisava explicar como nossas circunstâncias seriam diferentes
se Silverhelm não tivesse perdido a guerra. Ela não apenas dizimou o
exército de Branford, mas as condições da rendição de Branford, as
concessões dadas a Hadebrand para garantir que Silverhelm não fosse
arrasada, permitiram a Edgar uma voz forte na corte. Muitos que não
concordavam com as opiniões de Edgar antes agora eram influenciados
por ele.
— Ele se culpa — eu disse. — Ele pressionou pela guerra quando
não estava pronto para o inimigo. Ele não percebeu quantos homens
Edgar tinha. Mesmo quando seus próprios homens lhe contaram os
números, ele não acreditou.
— Ele aprendeu uma lição valiosa — disse Sunniva — A um custo
muito alto.

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— Ele continua a pagar o preço pelo seu erro.
— Sim, continua.
— E agora ele paga o preço pelo meu fracasso — eu disse
calmamente.
— Oh, Alexandra... minha filha — a rainha sussurrou enquanto me
segurava. — Dizem que Deus tem Suas razões e Seus planos para nós,
embora nunca possamos entendê-los. Talvez Ele teste o amor de um
pelo outro ou por Silverhelm.
Tentei respirar devagar e profundamente, mas permaneceu
irregular.
— E se eu falhar neste teste?
— Eu tenho fé em você — disse Sunniva enquanto me abraçava mais
forte. — Eu tenho fé em vocês dois.
A rainha de Silverhelm ficou comigo por algum tempo antes de voltar
para seus próprios aposentos por minha insistência. Embora eu
finalmente tenha dormido, meu sono não foi tranquilo e acordei muitas
vezes. Cada vez que meus olhos se abriam, eu olhava cuidadosamente
em volta do quarto escuro buscando Branford, mas ele não estava lá.
À medida que ficava mais tarde, fiquei preocupada. Presumi que ele
voltaria rapidamente.
Eu queria que ele voltasse rapidamente. Não queria pensar em
quanto tempo ele ficaria com ela. Ao mesmo tempo, também não queria
que voltasse para mim durante a noite, porque estava com medo do
estado em que ele retornaria. Branford poderia estar com raiva ou pior,
e eu não tinha certeza se poderia acalmá-lo dessa vez.
Meu marido sempre se virava para mim quando estava angustiado.
Seja porque outro espião foi encontrado tentando se infiltrar no novo
exército que ele tentou recrutar, seja por causa da falha na saúde de
seu pai adotivo, Branford encontrava consolo em meu corpo. Às vezes,

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sua raiva o levava a me tomar com força, e seus músculos duros e
impulsos rápidos me faziam gritar seu nome, enquanto sua fúria corria
por mim. Outras vezes, ele me segurava perto dele, entrando e saindo
lentamente enquanto me segurava e sussurrava suavemente o quanto
ele precisava de mim.
O que aconteceria agora? Ele procuraria Hadley nesses momentos,
com a esperança de que ela engravidasse mais rápido?
O pensamento me deixou enjoada.
Com a hora ficando impossivelmente tarde, eu não consegui mais
me conter e fui procurá-lo. Amarra pulou da almofada perto do fogo e
me seguiu enquanto eu procurava por Branford. Não cheguei muito
longe antes que alguém me encontrasse.
— Minha senhora? — Ouvi o passo familiar combinado com o baque
de uma muleta e me virei para encontrar Dunstan se aproximando.
— Olá, Dunstan — respondi. — É muito tarde.
— Eu ia dizer o mesmo para senhora — respondeu Dunstan. — É
tarde demais para sair sozinha. Sir Branford não ficaria satisfeito em
ver isto a essa hora.
— É Sir Branford que estou tentando encontrar — eu disse.
— Eu achava que sim — disse Dunstan. Seus olhos estavam cheios
de preocupação.
— Você o viu — afirmei.
— Sim, minha senhora.
— Onde ele está?
— Ele estava no jardim há algum tempo — disse Dunstan — mas
saiu quando eu... quando tentei ajudar.
— Ele está ferido?
Dunstan sacudiu a cabeça.

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— Não de uma maneira que possa ser consertada com curativos,
minha senhora — disse Dunstan. — Ele estava mais doente, eu diria.
— Doente? — Eu repeti. A conversa de Sunniva sobre Wynton e as
doenças das pessoas de lá vieram à minha mente. — De que maneira
ele estava doente, e onde ele está agora?
O rosto de nosso leal servo ficou dolorido, mas ele não respondeu
imediatamente.
— Dunstan, por favor, apenas diga o que você quer dizer.
— Encontrei-o no jardim — disse Dunstan novamente — De joelhos
e literalmente enjoado, minha senhora. Qualquer refeição que ele tenha
comido por último foi certamente desperdiçada.
— Ele não está mais lá?
— Não, minha senhora. Ele foi para fora dos muros. Acredito que
ele estava indo na direção dos estábulos ou talvez do canil.
— Obrigado, Dunstan — eu disse.
— Lady Alexandra — disse Dunstan com um tom insistente — por
favor, pelo menos permita-me acompanhá-la. Eu não poderia, em sã
consciência, deixá-la andar sozinha. Se você precisar se mover
rapidamente, posso encontrar alguém para acompanha-la.
Seu olhar mudou-se para a fenda na parede onde os guardas
estavam sempre presentes.
— Você pode me acompanhar, Dunstan — eu disse com um suspiro.
Não podia negar, ele estava certo. Branford ficaria bravo se eu saísse
sozinha, mesmo com Amarra ao meu lado. Neste mês, três espiões de
Hadebrand foram descobertos dentro das muralhas do castelo.
Cercados pelo ar frio da noite, atravessamos o mercado vazio e
atravessamos o campo em direção aos estábulos. Puxei minha capa de
lã em minha volta enquanto olhava para dentro do prédio de madeira,
mas ninguém estava lá, exceto os cavalos. Em seguida, fomos para os

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canis e, assim que olhei para dentro, percebi a forma de Branford no
chão perto da parte de trás.
— Você pode ir Dunstan — eu disse. — Obrigada.
Ele se curvou um pouco em reconhecimento, mas ficou ao meu lado
enquanto observava Branford com cautela. Dei um passo em direção
ao meu marido, que estava sentado de costas contra a plataforma
elevada, onde os cães encontravam seus lugares de descanso à noite.
Na penumbra da tocha na parede, pude ver Argo e Helo perto dele. Os
joelhos de Branford estavam dobrados e seus braços descansavam
sobre as pernas enquanto as mãos pendiam entre elas.
— Você pode ir agora, Dunstan — instruí baixinho e com um pouco
mais de convicção.
O ex-soldado assentiu e voltou-se para o caminho. Com meu
coração batendo acelerado, caminhei lentamente até onde meu marido
estava sentado, peguei minhas saias à minha volta e me sentei ao lado
dele.
— Branford? — Eu disse suavemente. Ele não se assustou, então
deve ter ouvido minha abordagem, mesmo que não tenha se mexido.
— Você não deveria estar aqui — disse ele. Sua voz era tensa e grave,
como se ele estivesse gritando há muito tempo. — Volte para o nosso
quarto.
— Por que você está aqui? — perguntei, ignorando seu comando.
Ele ficou em silêncio por um momento, mas finalmente levantou os
olhos para mim. Eles estavam vermelhos e inchados.
— Pensei que aqui seria um lugar adequado para eu dormir — disse
Branford finalmente, enquanto fazia um gesto abrangente em direção
aos cães e suas plataformas de dormir cobertas de palha. Ele respirou
fundo quando estendeu a mão para acariciar a cabeça de um dos cães.

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— Você... — Parei minhas palavras, e me preparei e tentei
novamente. — Você esteve com...
— Não diga — ele ordenou — A não ser que você queira que eu passe
mal.
Minha mente ficou em branco, forçando-me a não considerar o que
sabia que tinha ocorrido. Eu queria saber tudo e nada. Ele demorou um
pouco e foi gentil com ela? Ele a machucou? Ela já estava carregando o
filho dele?
— Ela está... sozinha? — Perguntei.
— Samantha está cuidando dela — disse Branford em voz baixa.
Eu só consegui assentir. Foi um alívio, pois não tinha certeza se
poderia cuidar dela. Por mais que soubesse que era necessário, e por
mais que não guardasse ressentimento contra meu marido ou minha
amiga pelo que eles tinham que fazer por Silverhelm, não pude evitar a
sensação de medo que tomou conta de mim.
Ele me queria agora também?
Ou não?
Qual seria o menor dos dois males?
Olhei para Branford sentado no chão com um pedaço de palha nas
mãos. Ele lentamente a separou com os dedos longos.
— Você está de mau humor — eu disse. Tentei manter meu tom
leve, mas não tive sucesso. — Você fará isso toda vez que precisar...
dever...
— Por favor, não fale sobre isso — ele sussurrou rapidamente. Ele
deixou cair a cabeça nas mãos. — Não posso... eu não consigo nem
pensar no que fiz...
Sua voz ficou presa na garganta, mas quando estendi a mão para
confortá-lo, ele se afastou de mim.

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— Como você ainda aguenta estar na minha presença? — Ele
perguntou. Ele olhou para mim e sua expressão de dor me atingiu no
peito.
— Você ainda é meu marido — eu disse, lembrando-o enquanto
tentava impedir que minhas lágrimas reaparecessem. Eu me aproximei
ao lado dele na palha. — Isso não mudou.
— Eu falhei com você — ele sussurrou. — Eu escondi essa
possibilidade de você... não a preparei para o que poderia vir. Foi o
mesmo quando não consegui me preparar para a guerra, negando a
mim mesmo pensamentos sobre uma possível perda e o que isso
significaria. Fiquei cego pela minha arrogância.
— Você não falhou comigo, Branford. — Inclinei a cabeça em seu
ombro e ele não se afastou. — Você fez o que deve fazer pelo seu povo.
— E se eu falhar com eles novamente, como falhei com eles na
guerra? — Ele perguntou, embora eu não acreditasse que ele esperava
uma resposta minha. — E se Hadley não...
— Shh. — Eu o silenciei enquanto me aproximava. — Lidaremos
com uma dificuldade de cada vez, sim? Sinceramente, não acredito que
possa lidar com mais do que o presente agora.
Ele finalmente olhou diretamente para mim e estendeu os braços.
Movi meus braços em volta do seu pescoço enquanto ele envolvia meu
corpo. Sua cabeça descansou no meu ombro e ele respirou lentamente
várias vezes antes de falar novamente.
— Você será muito melhor como rainha do que eu jamais serei como
rei.
Coloquei meus dedos sob seu queixo como ele costumava fazer
comigo, durante os primeiros meses do nosso casamento. Inclinei a
cabeça e movi a minha para o lado enquanto falava.

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— Você será um bom rei, meu Branford — disse a ele. — O povo de
Silverhelm ama você e olha para você como seu príncipe.
— Eles amam minha escolha de esposa — disse Branford com um
bufo — não a mim. Eu apenas lhes causei guerra e dor. Você é quem
eles apreciam.
— Você sempre me disse que somos a mesma coisa — lembrei a ele.
— Que somos uma só carne. Você está descartando essas palavras?
Ele inclinou a cabeça para o lado e fechou os olhos parcialmente.
Seu peito subiu e desceu com a respiração antes de voltar o olhar para
mim.
— Nunca — ele sussurrou. — Você me completa.
— Nosso povo o ama — eu disse novamente. — Você cometeu seus
erros e tentou corrigi-los o máximo que pôde. Um dia, você consertará
tudo de novo.
— Mas, enquanto isso, estou à mercê daquele bastardo do outro
reino. — Branford empurrou o chão com as duas mãos até se levantar.
Ele deu vários passos para longe de mim, em direção à parede oposta
de onde estava sentado. Ele colocou as palmas das mãos contra as
ripas de madeira no canil e apoiou-se pesadamente nelas.
— Há dias que eu gostaria de ter morrido naquela guerra.
— Branford, não...
— Muitos dias — disse ele, interrompendo. — Quando olho para as
famílias dos homens que morreram na minha guerra ou vejo Dunstan
tentando manter a cabeça erguida enquanto caminha mancando pelo
castelo, gostaria de poder ter tudo de volta. Eu gostaria de poder, de
alguma forma, trocar minha vida para apagar todo o dano que causei
ao meu povo. Existem apenas duas coisas que me mantêm ligado a
esta terra: meu dever para com meu reino e você. Eu já traí meu reino
por causa de meu desejo de vingança — sussurrou. — Ele não se moveu

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de sua posição de frente para a parede. — Eu pensei... pensei que, no
mínimo, nunca trairia você.
Ele se virou lentamente em minha direção, seus olhos verdes
brilhando à luz das tochas.
— E agora eu traí. — Sua voz falhou. — E se ela não ficar grávida
neste mês, terei que fazer isso de novo e de novo até que ela engravide.
Meu estômago apertou e senti que também poderia ficar enjoada.
Ele estava certo, é claro, e eu sabia disso, mas ouvi-lo falar as palavras
em voz alta era quase mais do que poderia suportar. Fiquei de pé,
querendo gritar e negar o que ele disse, mas sabia que não podia. Era
algo que simplesmente tinha que ser feito.
Levantei-me e dei um passo em sua direção. Quando ele não vacilou,
fui até ele e me joguei em seus braços. Eu pressionei meu rosto contra
o material macio de sua camisa e inalei o seu cheiro. A proximidade
passou a significar segurança, e pude sentir o calor da sua pele me
envolvendo e me acalmando.
Branford abaixou a cabeça e pude ouvir sua respiração profunda
quando ele enterrou o rosto no meu cabelo. Ele acariciou do topo da
minha cabeça até a minha cintura uma e outra vez.
— Isso me matará — ele sussurrou contra a minha pele. — Eu
queria... fingir que tinha feito isso… mas então ela nunca teria um filho.
No Verão, eu seria pressionado novamente a renunciar você e me casar
com Whitney.
— Você deve ter um herdeiro — eu disse. — Eu não posso lhe dar
um.
— Você ainda pode — ele insistiu.
Eu balancei minha cabeça.
Branford passou os braços em volta dos meus ombros e trouxe meu
corpo o mais perto possível dele. Seus lábios tocaram minha

41
mandíbula, e ele se moveu como se estivesse arrastando beijos ao longo
do meu rosto, mas ele só se aproximou do meu ouvido, onde suas
palavras sussurradas eram quase inaudíveis.
— Eu preciso de mais tempo, minha esposa — disse Branford
enquanto seus lábios roçavam minha orelha. — A situação aqui é muito
mais terrível do que eu permiti que você soubesse. Eu tenho algumas...
possibilidades, mas somos muito fracos, nossas forças ainda são muito
inferiores às de Hadebrand. Eu tenho que me mover muito devagar, ou
quem estiver assistindo entenderá o que estou fazendo. Existem muitos
aqui agora que estão do lado de Edgar, e seis meses não são suficientes.
Eu preciso de mais tempo, um ano, pelo menos. Por enquanto... não
confie em ninguém, Alexandra. Ninguém!
Ele se afastou e olhou nos meus olhos enquanto seus dedos
traçavam minha bochecha, secando as lágrimas perdidas da minha
pele. Novamente, como se ele fosse me beijar, ele se inclinou para o
meu outro ouvido e sussurrou baixo para mim.
— Há uma palavra, Alexandra... uma palavra conhecida apenas por
Sterlings. É a palavra secreta da nossa família. Se a palavra for dita,
você sabe que a pessoa com quem você está é confiável. Acene, se você
entendeu.
Respirei fundo quando a tensão nos meus ombros aumentou. Eu
assenti uma vez.
— Crepúsculo — ele sussurrou para mim. — Você me ouviu
claramente?
— Sim — respondi quando virei minha cabeça para ele.
— Não repita isso — ele instruiu enquanto se afastava da minha
orelha. Ainda havia muita dor em seus olhos, e eu estava mais confusa
do que antes. Seus polegares acariciaram minhas maçãs do rosto
quando ele me encarou.

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Eu passei meus braços ao redor dele e pressionei minha bochecha
em seu peito. Ele passou as mãos em volta dos meus ombros e me
segurou contra ele.
— Eu gostaria que nossas vidas fossem nossas — ele me disse. —
Seria... muito diferente. Eu temo que quando me tornar rei, será pior,
não melhor. A menos que…
Os olhos do meu marido se fecharam e ele balançou a cabeça
lentamente.
— Ainda assim, não posso desejar nunca ter trazido você aqui —
disse ele enquanto olhava para mim. Ele se mudou e timidamente tocou
seus lábios nos meus. — É muito egoísta da minha parte, eu sei, mas
você é a única coisa boa da minha vida.
— Branford, sua família...
— Sim, sim — disse ele, mas seu tom era desdenhoso. — Mas não
é o mesmo. Eu os amo, é claro. E cuido deles. Mas você... eu nunca
quis fazer nada para...magoá-la... e agora... agora...
Não pude negar o olhar em seus olhos, pois sabia que me sentia da
mesma maneira. Suas emoções aumentaram e ele passou rapidamente
do amor e determinação, para o medo e a angústia. Branford caiu de
joelhos na minha frente, estendendo os braços para envolver minha
cintura.
— Por favor — ele me implorou — Tire esses pensamentos de mim.
Faça-os desaparecer.
Coloquei meus braços em volta de seus ombros, e ele caiu em mim.
Com a cabeça no meu peito e os braços em minha volta, eu mal
conseguia respirar, eu o segurei. Ficamos assim, embrulhados na
palha, a noite toda. Embora eu o segurasse com força, não conseguia
impedir que as lágrimas caíssem. Chorei por Hadley, por meu marido
e por mim. Deitados no chão do canil no meio de uma noite de Inverno,

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chorei por Silverhelm e pela criança que parecíamos destinados a
nunca ter um com o outro.

Eu acordei, ainda no chão no canil com o sol da manhã brilhando


através das janelas e meus músculos frios doendo. Olhando ao meu
redor, vi imediatamente Michael perto da entrada, segurando o
capacete de Branford nas mãos, esfregando vigorosamente os
arranhões e marcas até brilhar.
Branford não estava em lugar algum.
Juntei minhas pernas rígidas embaixo do meu corpo e me levantei.
Eu olhei para Michael, que havia parado de polir e estava me
observando.
— Bom dia, Lady Alexandra — disse ele.
— Bom dia, Michael. — Senti-me corar ao perceber em que estado
devia estar. — Onde está Sir Branford?
— No campo de prática, Lady Alexandra — afirmou. — Eu fui
instruído a ficar aqui com você até você acordar e depois acompanhá-
la de volta ao castelo.
— Eu vou vê-lo primeiro — informei a ele. — Então você pode me
levar de volta.
Michael hesitou e teve minha simpatia. Embora não fosse sua
decisão, eu estava indo contra as instruções de Branford, e ele ouviria
sobre isso mais tarde. Normalmente, eu não o colocaria em posição de
sentir a ira de Branford, mas não voltaria até saber que meu marido
estava bem.
Saí pela porta sem outra palavra e ouvi Michael se levantar para me
seguir. Não demorou muito para encontrar meu marido, pois o barulho
de espada contra espada podia ser ouvido através do campo. Ele estava

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lá com meia dúzia de homens, oferecendo instrução e prática. Embora
eu tivesse certeza de que ele devia ter me visto, ele não foi até a cerca,
como costumava fazer. Depois de ter certeza que ele não iria até lá, e
de que estava obviamente bem no momento, eu me virei para voltar ao
castelo com Michael me seguindo.
Voltei ao nosso quarto para encontrar o café da manhã lá, mas não
sentia muita vontade de comer. A refeição acabou sendo levada
intocada. Lavei-me e vesti um vestido limpo com a ajuda de Janet,
depois a dispensei imediatamente. Sentei-me perto do fogo com Amarra
ao meu lado, acariciando seu pêlo macio enquanto observava os
troncos queimarem e tentava evitar que minha mente se desviasse para
quaisquer pensamentos desagradáveis.
Em algum momento perto do meio dia, ouvi uma batida na nossa
porta.
— A rainha Sunniva me pediu para trazer isto para você — disse
Hadley suavemente. Ela me entregou algumas costuras que eu deixara
no salão feminino há algum tempo.
— Entre, Hadley — eu disse com um sorriso irônico. — Tenho
certeza de que nossa rainha só quer ter certeza de que conversaremos
hoje. Ela acredita que é furtiva em suas ações, mas eu aprendi seus
métodos.
Eu ri um pouco, mas não havia alegria no som. Hadley apenas
sorriu, e eu gesticulei para ela se sentar no sofá na sala de estar. Meu
chá da manhã ainda estava na panela, então eu o esquentei para
compartilhar com ela. Uma vez que estávamos acomodadas com nossas
xícaras, olhei para o seu rosto.
Suas bochechas estavam manchadas de vermelho e seus olhos
inchados.

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— Hadley? — Estendi a mão e toquei seu braço. Ela olhou para mim
e respirou fundo antes de falar.
— Estou bem, minha senhora — disse ela calmamente.
— Nada disso aqui — eu disse a ela pela décima vez.
— Sinto muito, Alexandra. — Ela sorriu com um sorriso de boca
fechada.
— Você está realmente bem? — Perguntei.
Ela assentiu enquanto olhava para a xícara de chá. Eu bufei pelo
nariz, imediatamente sentindo raiva no meu peito de que minha única
amiga de infância agora era aparentemente incapaz de falar comigo.
Esse era o objetivo de Edgar, seu verdadeiro motivo? Prejudicar-nos
por dentro?
— Hadley, por favor — eu disse. — Eu sei que isso é... muito
estranho, mas ainda somos as mesmas duas pessoas, não somos?
— Somos — disse ela.
— Minha posição não mudou, correto?
— Correto.
— No entanto, a sua mudou — eu disse, recusando-me a deixar a
tensão na sala continuar sem ser nomeada. — Agora você faz parte da
minha família de uma maneira muito diferente do que qualquer uma
de nós esperava. É... estranho, mas não deixemos que isso fique entre
nós.
Hadley olhou para mim com apreensão.
— Nós não deixaremos — eu repeti.
— Claro que não, Alexandra — disse ela. Ela respirou fundo, ergueu
os ombros e se virou para mim mais confiante. — Você está certa, é
claro. Isso não muda nada entre nós.
— Muda tudo — eu disse, pois não negaria o que estava
acontecendo. — Isso simplesmente não significa que não somos mais

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amigas ou que não podemos falar sobre isso ou sobre qualquer outro
assunto que escolhermos.
Hadley sorriu e assentiu. Estendi a mão e peguei a mão dela.
— Diga-me, Hadley — eu disse suavemente. — Conte-me o que
aconteceu ontem à noite. Branford não quis falar sobre isso.
Os olhos de Hadley se arregalaram quando tentei manter minha
expressão calma e despretensiosa. Eu não queria fazer nada que a
impedisse de me contar a verdade. Não tinha certeza se obtive sucesso,
pois a expressão de Hadley permaneceu duvidosa.
Desviando o olhar dela, fechei os olhos e tentei forçar meus próprios
medos para fora da minha mente. Eu realmente não queria saber, mas
não saber estava me enlouquecendo.
— Você realmente quer saber essas coisas? — Ela perguntou com
tensão em sua voz.
— Quero — afirmei a ela, e o olhar em seus olhos refletia meu
próprio olhar de descrença. Por mais que eu quisesse ignorar tudo, o
conhecimento me deixaria mais forte. — Branford se recusou a me
dizer, mas eu ainda preciso saber.
Hadley parecia entender, e nós duas respiramos fundo antes de ela
olhar para a janela e começar a falar.
— A rainha Sunniva me preparou — disse Hadley. — Ela me vestiu
com roupas estranhas, não era nada que eu já visse em uma mulher
ou homem. Cobriu tudo de mim, exceto... uma pequena área.
Meu rosto estava coberto por uma máscara completa. Eu assenti.
— Ela também... colocou algo em mim — disse Hadley, e vi o tom
rosado em sua bochecha quando sua voz caiu mais baixa. — Dentro de
mim, realmente. Estava escorregadio, mas não sei o que era. Ela me
disse para virar a cabeça para o lado e pensar no meu dever para com
você, com Sir Branford e com Silverhelm, e então ela foi embora.

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— E Branford veio até você? — Perguntei. Eu não queria prolongar
a conversa que embrulhava meu estômago.
— Sim — ela disse com um aceno de cabeça. Hadley baixou os olhos
para o chão e respirou fundo. Eu tinha certeza que ela sabia o que eu
queria ou não ouvir.
— Continue — eu disse, incentivando-a, mas não consegui parar o
engrossamento da minha voz. Respirei fundo e peguei a mão de Hadley.
Tentei não deixar que a sensação fria do medo subisse pelos meus
braços.
— Ele não conseguiu... fazer nada — ela disse baixinho. — No
começo. Ele estava... bravo... e me assustou. Ele saiu e voltou
novamente, e estava mais calmo. Eu sei que não deveria olhá-lo, mas
já fazia algum tempo, e ele não havia me tocado...
Hadley olhou para o meu rosto.
— Ele estava... se tocando com os olhos fechados. — Ela mudou seu
corpo levemente no sofá e respirou fundo. — Ele não se aproximou de
mim até o último momento possível e, em seguida, foi muito rápido.
Eu tentei o meu melhor para não evocar as imagens do meu marido
em pé num quarto, do outro lado do castelo, seus longos dedos em volta
de si enquanto ele se preparava para…
Balancei minha cabeça para me livrar dos pensamentos e tentei
pensar mais logicamente. Eu estava fazendo essas perguntas a Hadley
para garantir que ela estivesse bem, e não para satisfazer minha
própria curiosidade mórbida, e parte de sua descrição era
perturbadora.
— Ele foi áspero — eu disse calmamente.
— Ele não foi áspero — disse Hadley suavemente. — Eu não senti
os prazeres que você me descreveu, mas ele não foi áspero. Não doeu,
apenas por um momento.

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Eu balancei a cabeça e minhas emoções me consumiram. Fiquei
contente que Branford não a tivesse machucado sem necessidade, mas
também que ele não tivesse dado prazer a ela. Ao mesmo tempo, fiquei
triste por Hadley, por ela não conhecer o prazer que um homem poderia
lhe proporcionar.
Senti a mão de Hadley no meu braço.
— Ele não me tocou com as mãos — disse ela, e eu só podia supor
que ela imaginava que isso fosse tranquilizador quando eu era a única
que deveria tranquilizá-la. Que ironia. Eu me perguntava se havia
alguém que poderia determinar qual de nós duas precisava mais de
conforto, mas me ocorreu que talvez não fosse nenhuma de nós.
— Quando você tiver um filho — eu disse a ela — teremos certeza
de encontrar um marido adequado para você.
Estendi a mão para pegar a sua mão na minha e Hadley tentou
sorrir para mim.
— Se você vir um dos soldados solteiros e gostar dele, você me
falará?
As bochechas de Hadley coraram um pouco.
— Você já viu um que você gosta? — calculei.
Ela encolheu os ombros levemente, e a cor brilhante voltou às suas
bochechas.
— Na verdade, eu não o conheço — ela disse — mas quando ele
estava praticando com Sir Branford, eu o achei muito agradável de se
olhar. Eu nem sei o nome ou a estação dele.
— Quando você o viu?
— Quando Sir Branford estava no campo de treino com seus
soldados hoje de manhã — respondeu Hadley. — Samantha me levou
pelo mercado e ela os apontou. O que chamou minha atenção foi um

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que usava um peitoral com uma cruz na frente. Nós apenas os
assistimos por um momento.
— Deve ter sido Sir Brigham.
— Sir Brigham — ela repetiu suavemente. — Ele deve ser um
verdadeiro cavaleiro, então eu tenho certeza de que deve haver outras
mais adequados...
— Hadley — interrompi — seu status de concubina não foi explicado
a você?
— Minha senhora? — Ela disse suavemente, seus olhos se
arregalando um pouco.
— Hadley, seu serviço a Silverhelm não passará despercebido — eu
disse a ela. — Quando o seu dever for cumprido, você seria bem
adequada para um cavaleiro.
Hadley pareceu refletir sobre isso por um tempo.
— Isso pode levar algum tempo — ela finalmente disse. — As
crianças levam tempo para nascerem e, se o primeiro filho não for um
menino, eu precisaria ter outro.
Eu concordei, pois não havia como negar. Poderia levar muitos anos
até Hadley estar disponível para o casamento.
— Ele se casaria com outra durante este tempo — disse ela
calmamente.
— Possivelmente — eu disse — Mas ele é jovem e não está
procurando por um casamento agora. Ele pode muito bem esperar por
uma mulher de seu status.
— Meu status é realmente tão bom agora? — Hadley perguntou. —
Um cavaleiro esperando por mim não parece possível.
— Um príncipe pedindo minha mão em casamento também não
parecia possível — eu disse. — É uma coisa estranha como as classes,
que eu sempre acreditei serem tão rigorosas, podem mudar.

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— Suponho que devemos nos considerar privilegiadas — disse
Hadley.
Enquanto pensava nas palavras dela, senti minha boca levantar
num sorriso irônico. Provavelmente haviam muitos que nos
considerariam privilegiadas por termos sido elevadas de nossas classes
anteriores. Quando eu era uma mera serva, acreditava que a vida dos
nobres era uma coisa simples, especialmente a da realeza. Eles
raramente precisavam levantar um dedo e tudo era trazido a eles
quando pediam. Agora eu sabia bem e não trocaria nada por isso.
Abandonar minha classe significaria não ter meu Branford, e ser dele
valia as dificuldades decorrentes de ser sua esposa. Ainda assim, não
achei que a palavra privilegiada se encaixasse para nós.
— Não tenho tanta certeza disso — respondi.
E foi aí que eu percebi que ser da realeza nunca garantiria uma vida
fácil.

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CAPÍTULO 03
ABRANDAR MODERADAMENTE
Branford não foi ao nosso quarto naquela noite, mas soube de
Dunstan que ele também não retornou a Hadley. Não foi até a manhã
quando o encontrei novamente. Ele estava nos campos de treino com
seus homens e, eventualmente, me reconheceu quando eu contornei a
cerca e fui até ele. Ele me dispensou quase assim que cheguei e também
não retornou ao nosso quarto até tarde da noite. Tentei não pensar
muito nisso, pois havia momentos em que ele precisava ficar sozinho e
pensar na solidão, então não fiquei surpresa que esse fosse um
daqueles momentos.
No dia seguinte, uma menina abençoou a família Sawyer. Ida e
Parnell a nomearam de Emma, e eu acompanhei Sunniva em uma
jornada para conhecer a nova filha, quando Branford ficou para trás
para cuidar de Camden. A saúde do rei piorara e ele não estava em
condições de viajar. Ele esperaria e conheceria seu neto em quinze dias,
quando a menina seria levada a Silverhelm.
Se o rei vivesse tanto tempo.
A criança era linda, com olhos azuis brilhantes para combinar com
os do pai. Embora eu não pudesse deixar de sentir a dor no estômago
e o desejo no coração por um filho meu, um filho de Branford, eu
também não conseguia parar de sorrir com a alegria no rosto de Ida
enquanto ela segurava a filha ao seio. Parnell ficou quieto atrás deles,
com a mão apoiada no ombro da esposa e um olhar de admiração nos
olhos.
Ficamos fora por apenas alguns dias, mas quando voltamos a
Silverhelm, Branford imediatamente anunciou que tinha que viajar

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para o norte e se despediu de nós. Quando perguntei a ele sobre isso,
ele balançou a cabeça e se recusou a me dar mais detalhes. Ele já
estava pronto para ir.
Ele nem esperou até amanhecer para sair.
Quando ele voltou, seu humor era mais desagradável, e ele
imediatamente começou a gritar com os criados, a torto e à direita, de
uma maneira que não fazia já há algum tempo. Quando eu tentei falar
com ele sobre isso, Branford também gritou comigo antes de sair do
nosso quarto.
Mais uma vez, ele não voltou à noite e Dunstan me informou que
ele ficou com os homens no campo de treinamento até tão tarde que
decidiu dormir no quartel.
Enquanto o Inverno se aprofundava e chegava até nós com ventos
cortantes, Branford começou a passar seus dias lutando nos campos
de treinamento e ensinando alguns dos homens mais jovens que
substituiriam nossos soldados e guardas perdidos. Ele ficava lá até que
fosse muito tarde, muitas vezes dormindo no quartel e só voltando ao
nosso quarto quando ele sabia que eu deveria estar dormindo. Com o
passar dos dias, sua barba havia crescido, mas quando me ofereci para
barbear ele disse que não tinha tempo e sugeriu que o fizéssemos um
outro dia.
Enquanto eu tentava respeitar seus desejos, senti meu corpo ficar
tão frio quanto o olhar em seus olhos quando ele olhava para mim. Já
não via a paixão que ele demonstrava tão prontamente ou o desejo por
mim que o consumia com tanta frequência.
Ele não me abraçava desde a noite que passamos no canil.
Tentei me convencer de que isso era compreensível, porque ele
detestava o que era forçado a fazer e sabia que eu queria ter o filho

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dele, mas ficar sentada em nosso quarto sozinha à noite pesava muito
em mim.
Eu me senti mais um fracasso como esposa agora do que na
primeira semana de nosso casamento.
Não era apenas minha aparente incapacidade de lhe dar o que ele
mais precisava, mas ele evitava minha companhia tão completamente
que nem tive a oportunidade de fazer para Branford as coisas simples
que fazia todos os dias. Ele tomava suas refeições em outro lugar
quando comia, e seus cabelos e barba cresceram mais do que antes do
nosso casamento. Branford não me pediu mais para ler para ele, como
era nosso hábito desde que eu aprendi as letras, e ele não colocou mais
os dedos no topo da minha cabeça para acariciar meus cabelos.
Ele certamente não estava passando as noites comigo. De fato, com
o passar do tempo, ele mal falava comigo. Nas vezes em que
aparecíamos juntos, Branford sorria para os outros membros da corte,
pegava minha mão na pista de dança e sentava-se comigo nos jantares
oficiais, mas assim que podia, ele se despedia.
Tentei lhe dar o espaço que ele parecia precisar, esperando que,
assim que Hadley estivesse com uma criança, ele parasse de se
repreender e voltasse para mim. Eu ia para a nossa cama sozinha à
noite, esperava por ele por um tempo e depois acabava adormecendo
sozinha. Se ele estivesse lá quando eu acordava, ele saía antes que o
café da manhã nos fosse trazido e antes mesmo que eu pudesse
aquecer a água para o chá.
Quando ele falava, suas frases eram curtas e sucintas.
Ele não respondia mais da mesma maneira quando eu dizia que o
amava.
Sunniva me disse que mantinha contato próximo com Camden, que
comia quando algo lhe era trazido e que ia a Hadley nos dias em que

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era obrigado, embora nunca em outros. Meu coração estava partido,
parte de mim queria que ele desse a ela um filho rapidamente, para que
seu estado melancólico pudesse ser temperado, e a outra parte feliz por
saber que ele não estava passando mais tempo com ela do que lhe era
exigido.
Meu peito ficou pesado ao vê-lo se afastar cada vez mais de mim,
sem saber o que fazer e rezando para que Hadley nos desse um filho
em breve, para que eu pudesse encontrar uma maneira de trazer meu
marido de volta para mim. No entanto, minhas orações não eram
respondidas.
A Primavera chegou e passou, e Hadley ainda não estava grávida.
— Sente-se comigo — eu disse baixinho para ela enquanto me
sentava no salão feminino com minha agulha na mão.
— Claro — disse Hadley suavemente. Ela tinha acabado de entrar
na sala onde eu estava na noite anterior, embora eu provavelmente
pudesse ter ficado em meu próprio quarto. Aparentemente, Branford
tinha partido para Seacrest, embora ele nem tivesse me informado
sobre sua partida.
— Você está bem? — Perguntei.
Ela inclinou a cabeça para o lado e eu acenei para Janet, que nos
trouxe chá e frutas.
— Eu vi você andando no jardim com Sir Brigham — eu disse com
meus lábios em um sorriso tenso e provocador. Hadley corou e
assentiu. Dado seu papel, Sir Brigham não tinha permissão para tocar
em Hadley, mas eles pareciam aproveitar o tempo que passavam
juntos. Ela também estava sempre acompanhada por Samantha ou
uma das outras mulheres. Eu esperava que, pelo bem de Hadley, ela
algum dia pudesse estar ao lado de Sir Brigham.
— Ele é gentil.

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— Ele é — eu concordei.
Hadley olhou ao redor da sala enquanto tomava um chá e, enquanto
as outras mulheres se afastavam, ela se inclinou para mim.
— Sir Branford tem estado muito bravo? — ela perguntou.
Eu só consegui balançar a cabeça.
— Eu acredito que a raiva não é o que atormenta sua mente — eu
disse a ela. — No entanto, não posso ter certeza. Ele não fala comigo
sobre muitos assuntos há algum tempo.
— Ele não fala comigo — disse ela baixinho.
Senti uma pontada agora familiar no meu peito e, quando minha
garganta se apertou, respirei fundo e pisquei várias vezes. Enquanto
eu lutava para controlar as emoções que ameaçavam me vencer, senti
a mão de Hadley no meu braço e olhei para ela.
— Sinto muito, que seja dessa forma para você — eu sussurrei. —
Eu pensei... bem, todos nós pensamos...
— Que eu deveria estar grávida — afirmou.
— Sim.
— Alexandra? — Hadley virou os olhos interrogativos para mim. —
É... é possível que Sir Branford... que ele possa... ou melhor, talvez que
ele não possa...
Eu balancei minha cabeça levemente, mas bruscamente. Eu entendi
o que ela estava sugerindo, mas se tal insulto fosse ouvido de seus
lábios, não seria gentilmente aceito por muitos no reino.
Alguns pensamentos simplesmente não podiam ser falados.

O estado de Branford se deteriorou com o passar dos meses. Ele


passou muitas e muitas horas em reunião com o rei Camden, que agora
era forçado a governar do leito real. Edgar fazia questão de ir a

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Silverhelm pelo menos uma vez por semana, exigindo ver Camden por
si mesmo e insistindo em Branford assumir o trono imediatamente.
Branford recusava em ambas as contas, mas mesmo com a nossa
distância, eu podia ver a tensão que ele exercia sobre ele, pois Edgar
continuamente ameaçando Branford e Silverhelm com violência se ele
não conseguisse o que queria.
Branford raramente falava comigo ou até olhava na minha direção,
a menos que o decoro exigisse.
Enquanto o calor do Verão batia nas paredes do castelo, Ida e
Parnell vieram visitar Sawyer com sua pequena filha Emma. Ela já
estava se tornando uma bela mistura dos traços de seus pais, com os
olhos azuis risonhos de Parnell e o cabelo liso e escuro de Ida. Peguei
a criança em meus braços e a segurei no alto, sorrindo enquanto ela
ria para mim.
Branford cumprimentou sua irmã e sua família, mas se afastou
deles rapidamente. Seu olhar encontrou o meu, mas ele desviou o olhar
de mim e caiu no chão. Ida olhou para mim, e a mágoa em seus olhos
era evidente. Embora eu tenha viajado muitas vezes até Sawyer desde
o nascimento de Emma, era a primeira vez que Branford pôs os olhos
em sua sobrinha porque ele estava fora quando Ida a trouxe para
conhecer Camden. Toda vez que íamos visitá-la, Branford inventava
uma desculpa para não ir a Sawyer.
Foi então que decidi que bastava. Entreguei a criança para a mãe
dela, pedi desculpas e o segui pela porta e pelo corredor.
— Branford? — Eu chamei. Ele não se virou e eu tive que levantar
minhas saias e acelerar o ritmo para acompanhá-lo. — Branford!
Ele passou pela porta do nosso quarto e eu o segui, ainda chamando
seu nome. Quando eu fechei a porta para bloquear qualquer um que

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tentasse segui-lo, ele parou com a cabeça ainda inclinada para o chão
e de costas para mim.
Eu andei em frente e em sua volta e, inclinando minha cabeça para
o lado para olhar em seu rosto.
— Você não quer nem conhecer sua sobrinha? — Eu olhei nos olhos
dele e fui recebida com o mesmo olhar frio que se tornou comum para
ele. Peguei sua mão, mas ele se afastou antes que eu pudesse tocá-lo.
— Eu a vi — disse Branford secamente. — Ela parece estar bem de
saúde. Parnell está muito orgulhoso e fala de Ida dando a ele um filho
na próxima, se Deus quiser.
Seu estoicismo era absolutamente irritante.
— Branford... você não pode continuar me afastando — eu disse a
ele. Dessa vez, quando peguei sua mão, agarrei-a antes que ele pudesse
afastá-la. Coloquei meus dedos entre os dele e ouvi sua longa
respiração. — Eu sei que tem sido... difícil..., mas não podemos
continuar assim.
Branford olhou para a parede e piscou algumas vezes antes de falar.
— Camden está morrendo — disse ele. — Ele pode viver ainda mais
alguns dias, possivelmente quinze dias, mas seu tempo está chegando
ao fim. Foi por isso que pedi a Ida e Parnell para virem aqui. Camden
me pediu para assumir o trono antes de morrer.
Senti um calafrio percorrer meu corpo. Embora soubéssemos que
esse dia chegaria mais cedo ou mais tarde, pensei que haveria mais
tempo.
O olhar de meu marido se voltou para mim, o olhar frio e insensível
que eu tinha visto nos olhos dele nos últimos meses desapareceu e vi
meu Branford atrás dos cílios.
— Eu não estou pronto para ser rei — disse ele calmamente. — Nem
acho que quero.

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— Branford, você deve...
— Eu sei que devo! — Ele rosnou quando se livrou da minha mão.
— Esse não é a questão!
Ele respirou fundo enquanto passava a mão pelos cabelos longos e
despenteados. Quando ele se virou para mim, vi o quanto realmente
envelheceu no ano passado. Ele não parecia mais o cavaleiro jovem e
forte que me pegou pela cintura e me puxou das arquibancadas na
arena de Hadebrand. Agora Branford parecia mais velho, quebrado e
perdido.
— Eu pensei... por um tempo... que talvez Deus tivesse me perdoado
— disse ele. Sua voz voltou a ficar quieta. — Tudo com você era tão...
tão perfeito. E então, todas as escolhas que fiz lentamente destruíram
essa perfeição e me deixaram com o que tenho agora, um reino
destruído, súditos assustados, um tirano pronto para atacar tudo o
que considero mais querido, uma esposa que... que...
Ele vacilou e eu o alcancei. Ele deu um passo para trás novamente,
negando a si mesmo o meu toque.
— Uma esposa que suporta tudo o que eu jogo nela, acreditando
que valerá a pena no final, não importa o que custar.
Ele se afastou de mim e rasgou meu coração quando ele recusou
meu toque completamente.
— Você não deveria ter concordado — disse ele. — Você deveria ter
me dito para escolher outra. Mesmo como serva, sua vida teria sido
melhor sem mim.
— Branford! Não diga uma coisa dessas!
— Por que não, se é verdade? — Ele gritou enquanto se virava para
olhar para mim. — Não há nada que eu tenha para lhe oferecer, exceto
tristeza!

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— Isso não é verdade! — Eu gritei de volta para ele, e o choque
marcou seu rosto. Eu nunca levantei minha voz para ele por qualquer
motivo. De fato, qualquer pessoa sob o comando de Silverhelm que
falasse com ele com esse veneno, provavelmente não viveria para ver
outro dia, exceto o rei e a rainha. Mas eu simplesmente não aguentava
mais isso. — Como meu príncipe, futuro rei e marido, você manda
muito, mas não decide como me sinto! Você não consegue determinar
o que acho certo ou o que é melhor para mim! O que eu sinto sou eu
quem decide, e eu sozinha, e amo você!
Ele ficou com as mãos ao lado do corpo, a boca aberta e os olhos
arregalados de espanto. Meu coração batia forte no peito e minhas
mãos tremiam enquanto meu sangue fervia sob a minha pele. Minha
respiração deixou meu nariz em fortes bufões enquanto eu olhava nos
vívidos olhos verdes do meu marido por um longo, longo tempo.
Lentamente, minha ira diminuiu enquanto Branford continuava me
olhando, pasmo. Por um momento, fiquei assustada com o que acabara
de fazer e com a sua reação. No entanto, eu conhecia o coração do meu
marido, mesmo que ele nem sempre o conhecesse. Fechei os olhos,
respirei fundo e andei em direção a ele com as mãos estendidas.
— Você vale a pena — eu sussurrei. — Você me deu algo que nunca
pensei que teria. Você me deu seu amor e me mostrou como amá-lo.
Como isso pode não valer o que Edgar vier a jogar contra nós?
— Eu não valho a pena — disse ele novamente. — Eu só lhe causei
dor.
— Quando você me toca, sinto apenas o prazer que suas mãos
podem trazer para mim.
Seus olhos cintilaram nos meus, arregalados e questionadores. Eu
assisti sua língua sair e umedecer seus lábios quando seus olhos
rapidamente tomaram meu corpo.

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Ele ainda me queria.
— Branford, eu amo você — eu disse quando estendi a mão e
coloquei minhas mãos em volta do seu pescoço. Eu o senti tenso sob o
meu toque.
— Como você pode? — Ele perguntou, e seus olhos me imploraram
por uma resposta. — Depois... depois do que eu fiz? Quando eu lhe
disse que ficaria com você... que você é tudo que eu sempre quis.
— Eu sei, meu Branford — eu disse a ele. — Tudo isso tem sido...
aterrorizante. Nunca sei para onde você vai depois... e, às vezes, leva
alguns dias para você voltar para mim. Você não me deixa... ficar com
você. Você não me deixa cuidar de você, que é o que devo fazer.
Piscando rapidamente, tentei segurar minhas lágrimas.
— Na noite em que nos casamos, você me disse o que esperava de
mim como sua esposa — lembrei a ele. — Você se lembra?
Branford assentiu.
— Você disse que eu deveria respeitá-lo e aprender a me comportar
como sua esposa para não o envergonhar — eu disse. — Disse que eu
deveria cuidar de você como uma esposa deveria, manter nosso quarto
em ordem e... algum dia...
Eu olhei nos seus olhos e engoli o nó na garganta.
— Eu já falhei em lhe dar um filho — falei — mas agora você não
me permitirá fazer as outras coisas que deveriam ser meus deveres
como sua esposa! Temo ser completamente inútil para você agora...
— Deus, oh Deus, não — Branford murmurou, e seus braços vieram
ao meu redor enquanto ele me envolvia pela primeira vez em meses. —
Alexandra... não.
Ele se sentou em nossa cadeira e me segurou contra seu corpo,
balançando-me enquanto eu colocava meu rosto em seu pescoço e
ombro. Branford balançava lentamente para frente e para trás, como

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fizera tantas vezes em um passado agora distante. Eu o segurei com
força enquanto me familiarizava com seu perfume e seu toque. Senti o
aperto forte e poderoso de seus braços em minha volta, e mais uma vez
senti a segurança de seu abraço.
Ele me segurou e me embalou como uma criança, como a criança
que não podíamos fazer juntos.
— Edgar quer me destruir de dentro para fora — disse Branford
depois de algum tempo. — Ele quer ter certeza de que quando eu
assumir o trono, não serei mais do que uma fachada para ele controlar.
— Edgar não pode vencer, Branford — eu disse a ele. — Desde que
não o deixemos ficar entre nós, ele não pode realmente vencer.
— Como você pode ter tanta certeza?
— Porque eu sei da única coisa que ele não pode tirar de mim.
— O que é?
Agarrei seu rosto e o virei para olhar para mim.
— Meu amor por você, meu Branford — eu disse com convicção. —
Não há nada que possa tirar isso de mim e ninguém que possa forçar
a me sentir de outra maneira. Não importa o que você tenha que fazer,
meu amor por você permanece. Você é tudo para mim, meu marido. Eu
só quero estar contigo... e cuidar de você como devo.
Ele passou os dedos pela minha bochecha e seu peito subia com a
respiração. Eu podia sentir seu coração batendo perto do meu e senti
seu ritmo aumentar enquanto ele continuava olhando nos meus olhos.
Ficamos assim por algum tempo, apenas olhando um para o outro,
como fizéramos tantas vezes no passado. Finalmente, Branford moveu
os dedos atrás da minha cabeça e os entrelaçou com os cabelos na
parte de trás do meu pescoço. E me puxou para ele.

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— Nada jamais mudaria o quanto eu a amo — ele sussurrou contra
a minha boca, embora não me beijasse. — Não acredito que valho o que
você sofreu, mas tentarei ser melhor para você.
— Você pode começar me deixando cumprir meus deveres — eu
disse a ele. Meus dedos arranharam seu rosto barbudo. — Começando
com isso?
Branford me deu o meio sorriso que eu tanto amava e acenou com
a cabeça.
— Eu a negligenciei — disse ele.
— E você compensará isso agora. — Antes que ele pudesse reagir,
eu o beijei rapidamente para evitar o retorno de sua tristeza.
Não saímos do quarto naquela noite e até colocamos um guarda na
porta para garantir que não fôssemos incomodados. Branford me deu
banho e secou meu cabelo em frente ao fogo, enquanto falava comigo
sobre a ninhada de filhotes que Amarra teve no canil e quantos dos
jovens de seu novo exército estavam aprendendo suas habilidades. Dei
banho e fiz a sua barba, tomando cuidado extra em lavar e cortar o seu
cabelo antes de fazer o chá.
Enquanto ele me carregava, nua, para a nossa cama, senti como se
tudo estivesse bem novamente.

Ainda era muito cedo quando abri os olhos, surpresa por não
encontrar meu marido deitado ao meu lado. Desde o dia em que Ida e
Parnell trouxeram a filha para nos visitar, ele estava ao meu lado quase
constantemente, e eu rapidamente me acostumei a isso novamente.
Era estranho não ter seu calor em minha volta quando acordava.
Levantei-me e me vesti sem procurar a ajuda de Janet. O sol estava
brilhando através da janela da sala, mas sua luz ainda estava fraca.

63
Fui para o corredor e verifiquei os quartos de Camden e Sunniva, mas
o guarda me disse que Branford já havia saído de lá. Decidi ir pelo
corredor dos fundos para ver se ele fora ao grande salão, já que a corte
se reuniria lá hoje mais tarde.
Enquanto descia a escadaria íngreme que levava à porta escondida
atrás dos tronos, ouvi a voz abafada do meu marido. Sorri para mim
mesma, feliz por não ter que procurá-lo mais, mas meu sorriso
desapareceu quando outra voz chegou aos meus ouvidos.
— O velho ainda está vivo? — perguntou Edgar, sem tentar disfarçar
o desprezo em sua voz.
— Ele está bem vivo, sim — respondeu Branford. Eu podia ouvir a
tensão em sua voz enquanto ele lutava para manter o controle. Parei
na escada do fundo e abri uma fresta da porta. Não podia vê-los, mas
podia ouvi-los bem.
— Você está esperando a carne dele apodrecer antes de tomar seu
lugar no trono — Edgar perguntou — ou você está simplesmente
despreparado e com medo de tomar o lugar que é apenas o seu direito
de nascença?
Mesmo que eu não pudesse vê-lo, eu conhecia meu Branford o
suficiente para saber que seus punhos estavam cerrados e seus dentes
estavam apertados.
— Quando o rei Camden achar que é a hora certa, eu assumirei o
seu lugar no trono — disse Branford. — A hora exata dessa ocorrência
não é da sua conta.
— Não é da minha conta? — Edgar disse com uma risada curta. —
Toda a Silverhelm é da minha conta, Branford. Certamente você vê isso
agora.

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— Você ocupa um lugar no conselho aqui — respondeu Branford.
— Silverhelm é uma nação soberana, e os únicos envolvidos na
sucessão do trono são minha família.
Eu podia ouvir o movimento e o arrastar dos pés, e me esforçava
para ouvir melhor.
— Silverhelm será minha, você sabe — disse o rei Edgar em voz
baixa. — É apenas uma questão de tempo.
— Estou cansado de suas ameaças — respondeu Branford. Ele
conseguiu recuperar um pouco do controle em sua voz novamente. —
Fizemos tudo o que você pediu para manter a paz entre nossos reinos.
Não há muito que se possa dar.
— Mas sempre há mais que eu posso tomar! — Anunciou Edgar.
Sua voz ficou baixa. — E eu vou. Vá em frente e espere o máximo que
puder, mas quando eu terminar com você, seu reino patético estará
sob meu controle.
Senti um arrepio percorrer meu corpo e empurrei minhas costas
contra a parede interna da escada.
— Se Silverhelm é tão insignificante, por que você continua a exigir
mais de mim?
Edgar gargalhou, e o som agudo fez mais um arrepio percorrer
minha espinha. Sua voz se aprofundou quando ele rosnou suas
palavras.
— Porque houve um homem que pensou que poderia viver na minha
sombra e continuar olhando de cima para mim. Ele ignorou seu dever
e se recusou a unir nossas terras para um bem maior. Agora seu filho
tenta fazer o mesmo? Não. De novo.
— Como foi isso? — A voz de Branford subiu um pouco. — Meu pai?
A risada amarga de Edgar encheu o salão novamente.

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— Se você tivesse passado mais tempo estudando na juventude do
que deitado com suas prostitutas..., mas isso não importa agora,
importa? Você demonstrou bem efetivamente que mulheres comuns
não podem carregar reis. Você tem duas à sua disposição, mas não há
lugar decente para sua semente vingar, há?
— Segure sua língua. — A voz de Branford ficou suave e fria. — Eu
tolerei suas ameaças e insultos até agora. Não fale mal da minha
esposa.
— Estou apenas declarando fatos, Sir Branford — disse Edgar. —
Ela ficou grávida desde a última vez que estive aqui?
Houve um momento de silêncio entre eles.
— Eu acho que não. — Outra risada fria. — E sua concubina plebeia
também é incapaz de carregar seu filho, correto? É óbvio, e é hora de
você admitir. Essas mulheres não podem carregar seu filho. Você
precisa de uma mulher real para sua semente.
— Nós já falamos sobre isso uma e outra vez ...
— Whitney é sua legítima esposa! — Edgar gritou de repente. — Ela
deve estar ao seu lado aos olhos do público, e ela tem a coragem de
permanecer como rainha e ter seus herdeiros. Olhe para Margaret, que
me deu quatro filhos. Whitney é da mesma família, e casar com ela
garantirá a independência de Silverhelm no futuro.
Foi a vez de Branford rir.
— Independência? Com sua filha no trono ao meu lado? Talvez não
tenha estudado o suficiente, mas não sou tolo, Edgar.
Edgar riu baixo.
— Vamos ver quem é o mais tolo com o tempo, não é?
— Mais ameaças? — Ouvi Branford suspirar. — Eu me cansei
dessas reuniões.
— Existe uma maneira de acabar com elas.

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— Não. Não houve tempo suficiente. Minha esposa ou minha
concubina podem estar grávidas enquanto falamos, e esse tópico será
discutível. Ainda não cheguei ao meu prazo.
— Você tem exatamente mais um mês — disse Edgar com uma
calma mortal. — Se você não assumir o trono e garantir um herdeiro
neste momento, renunciará seu casamento com a criada e se casará
com Whitney.
— E se eu não fizer?
— Então meus soldados estarão em seus portões no dia seguinte —
disse Edgar com certeza. — E uma vez que eles tenham garantido esse
lugar para Hadebrand, eu pessoalmente assegurarei que qualquer
mulher que não seja de sangue nobre verdadeiro seja colocada deitada
para o prazer do meu exército.
Houve um silêncio por um momento, e senti meu próprio sangue
gelar em minhas veias quando Edgar zombou de suas palavras finais
antes de sair.
— Eu terei certeza de ter minha vez com ela.
Um momento depois, ouvi a porta do corredor se fechar. Eu não
tinha certeza se deveria me revelar e deixar Branford saber o que eu
tinha ouvido ou não. Ele podia muito bem estar com raiva de mim, pois
não se importava muito com o meu hábito de escutar conversas. Eu
geralmente confessava a ele eventualmente, mas também aprendi com
a Sunniva os muitos lugares onde se poderia obter informações
valiosas se alguém ficasse lá sem ser notado.
Sim, Branford ficaria bravo, mas eu também sabia que as palavras
de Edgar o teriam perturbado, e ele precisava de mim. Saí do meu
esconderijo perto do final da escada e fui para o lado dele.
— Você ouviu — afirmou Branford simplesmente.
— Sim.

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— Não deixarei isso acontecer. — A voz de Branford era calma e
segura. Pela primeira vez em muitas e muitas estações, pude ver o fogo
da determinação em seus olhos. — Eu não o deixarei lhe machucar,
não importa o quê. Se eu tiver que desistir de tudo, garantirei que você
esteja protegida.
E foi aí que eu soube que o amor de Branford por mim não estava
perdido.

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CAPÍTULO 04
RETIFICAR HUMILDEMENTE
Embora ele tivesse se demorado vários minutos, o eco das ameaças
do rei Edgar pairou por toda a sala. Eu sabia que Branford estava
completamente sério quando disse que me protegeria a todo custo. Eu
também sabia que, às vezes, o desejo de proteger não era suficiente, e
o pensamento fazia meu sangue gelar. O rei Edgar era um homem
malvado e obcecado, e não pararia até que Silverhelm estivesse
completamente sob seu controle. Se ele não pudesse governar por
subterfúgios, venceria pela força. Se isso acontecesse, Deus ajude
qualquer um que apoiasse nosso reino.
Com os olhos ainda cheios de fogo, Branford virou-se para olhar
para mim quando estendeu a mão para pegar a minha. Ele me puxou
para mais perto dele e simplesmente me encarou por algum tempo.
Ficaríamos ali até o anoitecer, se um mensageiro não tivesse aparecido
na porta.
— Sir Branford, a rainha solicita sua presença nos aposentos do rei
— disse o mensageiro.
Branford olhou para mim e eu peguei o seu braço com a mão livre.
Caminhamos juntos, apreensivos, pela escada estreita que levava aos
aposentos reais. Quando entramos, vi Sunniva nos aposentos dela, ao
lado da cama do rei, com a mão levemente no braço dele. Embora
passasse a maior parte do tempo neste quarto desde que Camden ficou
acamado, ela mal se mudara daquele local específico em dias.
— Mãe? — Branford disse suavemente quando nos aproximamos.
O olhar de Sunniva se voltou para nós, e não havia dúvida de por
que fomos convocados. O rei Camden lentamente virou a cabeça para

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um lado, e seus olhos de aparência antiga caíram no filho adotivo.
Branford soltou minha mão e foi rapidamente para o lado da cama
enquanto Sunniva ficava com as pernas trêmulas e caminhava
lentamente para mim.
Estendi a mão e toquei o ombro da rainha. Ela olhou para mim,
seus olhos vermelhos e inchados, embora sua expressão ainda fosse
estoica. Ela tentou me dar um pequeno sorriso, mas vacilou
imediatamente.
— Eu sabia que esse dia estava chegando em breve — ela finalmente
sussurrou. — Sabemos há meses, não sabemos? Mas saber que é
agora... que o tempo dele passou de semanas a dias ou horas... não
tenho certeza se posso fazer alguma coisa para me preparar.
Sua voz quebrou em sua última palavra, e eu larguei minha mão
para pegar a dela. Ela me agarrou e passou os dedos nas costas da
minha mão por um momento.
— Pelo menos eu sei que fui amada — disse Sunniva suavemente.
— Quantas rainhas podem dizer isso?
O seu sorriso se alargou, embora seus olhos se enchessem de
lágrimas. Eu a alcancei e a abracei. Por cima do ombro eu pude ver
Branford com o rei, as mãos segurando os antebraços um do outro
quando Branford se inclinava para ouvir as palavras de Camden.
Sunniva me liberou lentamente e fiquei perto com minhas mãos
segurando as dela. Ela gesticulou com a cabeça e fomos para o outro
lado do quarto para sentarmos no sofá, ainda de mãos dadas. A rainha
respirou fundo e lentamente tentou se recompor. Ela olhou para os
homens do outro lado do quarto.
— Temos sorte, Alexandra — ela me disse — de ter homens assim
para nos amar.

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Baixei meu olhar para o meu colo, perguntando-me se ainda havia
verdade em suas palavras. Minha expressão deve ter revelado meus
pensamentos.
— O que foi? — Ela perguntou.
Eu balancei minha cabeça, e seu aperto na minha mão aumentou.
— Alexandra? — Repetiu ela. — Você está preocupada.
Olhei para o outro lado da sala onde Branford estava sentado com
seu pai adotivo e senti minhas próprias lágrimas tentando tornar sua
presença conhecida. Eu as pisquei fora.
— Às vezes me pergunto — eu disse suavemente.
— Bobagem! — Sunniva zombou e inclinou a cabeça para o lado. —
Branford a adora. O que faria você dizer uma coisa dessas?
— Ele está... distante — eu disse a ela.
Os olhos de Sunniva se arregalaram de entendimento. Por um
momento, ela não disse nada enquanto processava minhas palavras.
— Por causa de Hadley? — Ela finalmente perguntou.
Eu só conseguia inclinar minha cabeça em uma resposta sem
compromisso, porque eu realmente não sabia. Apesar de sua promessa
de proteção, eu não entendia o que estava acontecendo na mente
nublada e sobrecarregada de meu marido.
— Foi aí que começou — eu disse.
— O que ele fez? — A rainha exigiu.
Olhei para o meu marido e depois para a minha rainha. O olhar em
seus olhos me disse que não havia como recusar responder à sua
pergunta, então eu disse a ela. Baixei os olhos para o meu colo quando
contei a ela a distância de Branford e sua fuga de mim. Eu disse a ela
como ele mal esteve na minha presença nesses meses e apenas nos
últimos dias me deixou perto o suficiente para cuidar de suas
necessidades. Eu até disse a ela que, embora estivéssemos na mesma

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cama de novo, ele ainda não havia me tocado da maneira que eu sentia
tanta falta. Não desde... desde que ele foi ao quarto de Hadley. Mesmo
que ele tivesse me banhado, e nós estivéssemos deitado em nossa cama
com nossos corpos juntos, ele não me tomara da maneira que um
marido leva sua esposa.
O olhar no rosto de Sunniva, quando finalmente olhei para trás, era
semelhante ao que eu quase afastei das lembranças da minha segunda
noite em Silverhelm. Era a expressão que ela usava na noite em que
castigara Branford de joelhos por seu tratamento comigo.
— Tenho certeza que ele não quis dizer isso — eu disse calmamente,
subitamente com medo de sua ira, embora sua mente ainda estivesse
nos momentos finais do marido.
— Tenho certeza de que ele é mais tolo que o mais perverso dos
bobos da corte! — Sunniva revidou. Ela inalou profundamente e depois
deixou o ar sair pelo nariz por vários segundos. Sua mão afagou a
minha enquanto seus olhos se voltaram para Branford. — Eu falarei
com ele sobre isso.
— Por favor, Sunniva...
— Eu falarei com ele! — Ela repetiu com força.
Baixei meu olhar em submissão, tentando decidir se eu estava feliz
que ela falasse as palavras que eu não podia ou se estava aterrorizada
com a forma como ele poderia reagir. E se ele decidisse que não me
amava mais como antes? E se ele ainda me protegesse apenas por
obrigação? Fechei os olhos, tentando bloquear esses pensamentos.
— Alexandra? — A rainha disse suavemente, e eu olhei para ela. —
Eu tenho estado tão... preocupada com a saúde de Camden esses
meses. Eu deveria ter percebido isso. Eu deveria saber o que estava
acontecendo, e suspeitar, mas não consegui ver. Você pode me perdoar
pela minha negligência?

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— Não há nada a perdoar — respondi. — Você não poderia saber, e
seu dever está aqui com Camden.
— Meu dever vai muito além dos cuidados dele — disse ela. — Não
posso ignorar o resto do reino na minha tristeza, e sei que você está
ciente disso. Eu deveria ter reconhecido o comportamento de Branford
e corrigido isso há muito tempo. Por favor, perdoe-me.
— Claro. — Eu balancei a cabeça, sabendo que era melhor aceitar
seu pedido de desculpas do que argumentar sobre a não necessidade
dele.
Nós duas olhamos para Branford quando ele se levantou do lado da
cama, e a mão de Camden caiu contra o colchão. Branford caminhou
lentamente em nossa direção e os olhos de Sunniva se arregalaram.
— Ele está ...? — Ela resmungou.
— Dormindo — disse Branford com um lento movimento de cabeça.
— Mas ele está com muita dor. A doença tornou sua respiração
superficial. Eu não acho…
Ele não precisava completar sua frase.
Sunniva assentiu e seus olhos se encheram de lágrimas novamente.
Branford sentou-se do outro lado e a abraçou enquanto olhava para
mim, seus olhos implorando. Eu não sabia o quê, mas pensei que talvez
ele apenas desejasse a possibilidade de mudar o que estava
acontecendo.
Se eu tivesse esse poder.
Branford soltou sua mãe e ficou de pé novamente, apontando para
eu segui-lo. Quando me levantei, ele me disse que estava tarde e que
deveríamos nos retirar para nosso quarto. Eu não tinha percebido que
era muito tarde. Passamos quase o dia inteiro ali.

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— Um momento com você primeiro — disse a rainha Sunniva,
insistentemente, para Branford. Ele olhou dela para mim e de volta
novamente.
— É claro — ele respondeu com seu tom questionador. — Alexandra,
eu me juntarei a você em breve.
Eu só consegui acenar com a cabeça e me afastar com ansiedade no
coração, sabendo muito bem o que nossa rainha queria falar. Voltei
lentamente para o nosso quarto no corredor, observando a presença de
Dunstan não muito atrás de mim e oferecendo a ele um meio sorriso e
um aceno de cabeça. Fechei a porta quando entrei e me recostei nela
por um momento enquanto tentava controlar as emoções que
ameaçavam me dominar.
Sunniva estava dizendo a Branford o que eu revelara a ela.
Edgar havia me ameaçado pessoalmente com graves danos.
Camden estava morrendo.
Limpei minha bochecha com as costas da mão e lutei contra meus
pensamentos enquanto realizava tarefas mundanas para evitar esse
pensamento. Isso não me serviria de nada agora. Coloquei uma
chaleira de água ao lado do fogo para poder fazer o chá de Branford
quando ele voltasse e talvez até barbeá-lo, se assim o desejasse.
Eu queria que os filhotes de Amarra tivessem idade suficiente para
deixá-la para que ela pudesse voltar ao nosso quarto. Eu sentia falta
da sua presença constante aqui. Juntei o pelo que estava em sua
almofada e a afofei antes de colocá-la novamente no chão.
Tomei um gole de meu próprio chá, presumivelmente preparado por
Janet. Estava frio desde esta manhã e tinha um gosto amargo. No
entanto, eu sabia que minhas cólicas mensais eram reduzidas pela
bebida, então bebi rapidamente antes de me ocupar em nosso quarto.
Arrumei a roupa de cama e juntei a pilha de roupas perto da tela de

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troca para que pudesse ser coletada e lavada. Quando Branford voltou,
o quarto estava quase impecável.
Eu olhei para ele quando entrou na sala e fechou a porta
suavemente atrás dele. Seu olhar estava abatido e seu ritmo lento
enquanto atravessava a sala. Ele não encontrou meus olhos, e eu senti
a mesma sensação de pavor quando Branford pegou minha mão e me
puxou para longe do fogo. Ele me posicionou no centro da sala e soltou
minha mão. Como ele fez anos atrás, Branford lentamente se ajoelhou
diante de mim.
— Alexandra ... — ele começou a dizer, mas sua voz vacilou. Ele
olhou para o chão, depois voltou para mim novamente antes de respirar
fundo e continuar. — Eu nunca... eu não entendo...
Seus olhos se arregalaram quando ele olhou para o meu rosto, e eu
vi sua língua sair umedecendo seus lábios.
— Não entende o quê? — Perguntei em um sussurro.
— O que você precisa de mim — respondeu ele. — Penso
constantemente em suas necessidades, mas só entendo... sei o que seu
corpo precisa. Eu forneço segurança para você, verifico se você está
protegida. É tudo o que me passa pela cabeça nesses meses, o que devo
fazer para protegê-la!
Seus olhos me imploraram, e eu trouxe minha mão para cobrir
minha boca com a dor que vi lá. Tentei alcançá-lo, mas ele não aceitou
o meu toque.
— Eu pensei... eu pensei que você deveria odiar me ver... — Ele
estendeu a mão e agarrou seu cabelo com as mãos e se jogou para trás
para se sentar sobre os calcanhares.
Comecei a alcançá-lo novamente, mas parei quando ele olhou para
mim.

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— Não — ele disse, e balançou a cabeça rapidamente. — Isso não é
verdade. Eu me odiei pelo que eu fiz. Eu não aguentava olhar para o
seu rosto porque... porque...
Ele balançou a cabeça violentamente enquanto se levantava de sua
posição no chão e se afastava, batendo com o punho na parede. Eu me
encolhi e fechei os olhos, esperando sua raiva diminuir.
— Porque eu estava com medo! — Branford finalmente chorou
quando se virou para me encarar. — Eu tinha medo do que veria! Com
medo de ver o ódio que sinto por mim refletido em seus lindos olhos.
Ele deixou cair as mãos e os braços pendiam frouxamente ao lado
do corpo.
— Eu sou um covarde — ele sussurrou.
— Branford... não. — Dei um passo em sua direção.
— Eu sou — disse ele. — Sou covarde e idiota. Alexandra, por
favor... ouça-me.
Fechei os olhos por um momento e assenti.
— Eu a magoei — ele afirmou. — Não era minha intenção, mas
aconteceu de qualquer maneira.
— Você mal falou comigo — respondi enquanto virei minha cabeça
e fechei meus olhos com força.
— Você não me desejaria aqui — disse ele calmamente. — Eu
estava…
Ele parou e suspirou pesadamente, aproximou-se de mim e caiu de
joelhos. Eu olhei para baixo para vê-lo mais uma vez e estendi a mão
para tocar sua bochecha áspera.
— Eu queria você aqui — eu disse.
Ele balançou sua cabeça.
— Estou — ... Branford fez uma pausa e, quando meus dedos
roçaram seu rosto, pude sentir seus dentes cerrarem. — Estou com

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medo. Com medo por você. Trouxe você ao meu mundo para insultar o
rei Edgar e consegui, mas ele não pretende devolver o insulto a mim e
ao meu exército. Ele planeja descontar em você. Eu coloquei você em
um perigo terrível por arrogância e desejo de vingança.
Ele agarrou suas coxas enquanto olhava nos meus olhos.
— Eu nunca deveria ter trazido você aqui — ele sussurrou
veementemente. — Você está em perigo, e é minha culpa! Eu sou o
culpado! Como você pode me olhar, sabendo que eu fiz isso com você?
Agora que você sabe o que ele fará se eu não tiver um herdeiro em breve
ou se eu recusar Whitney no próximo mês, ele não apenas... não
apenas matará você.
Ele parou de falar abruptamente, e eu pude sentir as batidas do seu
coração no peito e ver o pânico em seus olhos.
— Eu não queria que você o ouvisse falar essas coisas — disse ele.
— Ele disse pior — retruquei, presumindo.
— Ele disse. — Vi e senti sua raiva arder em seus olhos. — Não
permitirei que você seja tocada, minha esposa. Eu... eu sacrificaria meu
reino antes de permitir que isso acontecesse.
— Branford, você não pode...
— Eu posso! — Seus olhos brilharam. — Eu sacrificaria todos eles
antes de deixá-lo tocar em você!
Ele fechou os olhos e apertou as mãos em punhos contra as pernas.
Ele respirou várias vezes antes de olhar para mim novamente.
— E eu vou protegê-la — ele repetiu. — Embora meus erros tenham
sido muitos, ainda não falhei com você em relação à sua segurança
física, pois pelo menos isso é algo que eu entendo.
Ele desviou o olhar novamente, tentando reunir seus pensamentos.
— Mas o que Sunniva me disse... as maneiras em que eu falhei com
você que eu nem sequer considerava...

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Eu queria chegar até ele, porque odiava vê-lo assim na minha frente.
Não era o lugar dele. Branford não deveria se ajoelhar para ninguém.
Eu queria contar isso a ele, mas quando olhou para mim, ele
novamente me implorou com os olhos.
— Eu estava me escondendo, Alexandra — disse ele — mas não de
você.
Eu balancei minha cabeça, sem entender.
— Eu nem pensei que você poderia se sentir assim — disse ele. —
Quando Sunniva me contou, ficou claro, mas eu não sabia disso. Eu
sei como prover e proteger você; não sei como ter certeza de que você é
feliz. Só sabia que eu estava infeliz e, se estivesse perto de você, também
a faria infeliz.
— Eu queria estar lá para você — eu sussurrei. — Eu sabia que
seria difícil... para nós dois..., mas você não me deu a chance de
confortá-lo.
— Por que você quereria me confortar? — Ele perguntou. Toda a sua
raiva se foi. Restava apenas dor e confusão. — Foram minhas escolhas,
minha guerra, que nos levaram a isso. Por que você me ofereceria
conforto?
— Você é meu marido — eu sussurrei e senti minhas lágrimas
caírem.
— Mas eu causei isso — ele disse novamente. — Eu pensei que seria
melhor para você...
Ele balançou a cabeça novamente.
— Ainda estou mentindo para mim mesmo — ele murmurou. — Era
melhor para mim, então não teria que ver em seus olhos o que você
pensava de mim e o que eu estava fazendo. Eu praticamente entreguei
Silverhelm a Edgar em uma bandeja de prata em razão dos meus
desejos egoístas.

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— Você não sabia — eu disse a ele. — Seus exércitos vieram do
nada.
O olhar de Branford disparou para o meu e depois para a porta. Ele
parecia querer dizer algo e depois se silenciou. Ele estendeu a mão e
eu coloquei minha mão na dele.
— Alexandra, por favor, me perdoe por ser tão ignorante — disse ele.
— Não pensei em como minhas ações pareceriam para você ou que não
é apenas o seu corpo que devo prover, mas também a mente e o
coração.
— Branford...
Ele se levantou devagar e pegou meu rosto entre as palmas das
mãos.
— Eu a amo muito, minha esposa — ele me disse. — Eu nunca
parei, eu juro! Sou apenas um homem estúpido, violento e egoísta que
não sabia o que você precisava e nem se incomodou em perguntar. Eu
deveria saber. Deveria ter perguntado, mas não o fiz. Você pode me
perdoar?
Eu olhei em seus olhos verdes brilhantes e senti o peso e a verdade
de suas palavras enquanto elas fluíam sobre mim. Eu não precisava do
seu pedido de desculpas. Só o fato de saber que ele não estava perdido
para mim era tudo o que eu realmente precisava, e eu disse a ele.
— Não sei o que mais você precisa de mim — disse Branford. —
Além do físico, sou mal informado, mas aprenderei se você me ensinar.
— Eu lhe direi — garanti — se você permitir e não me rejeitar
novamente.
— Nunca — ele disse com certeza, e seus lábios roçaram
timidamente os meus. Ele olhou para mim então, e eu pude ver as
perguntas se formando em seus olhos. — Será que realmente... você...
se importa comigo?

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— Sim — respondi com um aceno de cabeça.
— Você me daria um banho, Alexandra?
Eu sorri para ele e o levei pela mão ao lavatório. Aqueci a água do
banho quando ele tirou a camisa e recolocou as calças que usava para
dormi. Lavei os braços, o peito e as costas antes de trocar para o meu
vestido de dormir enquanto ele bebia o chá que eu fiz para ele.
Ele já estava em nossa cama quando eu me aproximei, e eu me senti
estranhamente tímida como nos primeiros dias do nosso casamento.
Ele sorriu para mim, e eu pude sentir sua própria hesitação quando
tomei meu lugar ao seu lado, e ele me envolveu suavemente em seus
braços.
— Você fica tão bem contra mim — disse ele enquanto beijava o topo
da minha cabeça. Eu descansei minha bochecha sobre seu coração. —
Parece certo tê-la aqui.
— Eu estava aqui enquanto você não estava — eu disse baixinho,
odiando minhas próprias palavras, porque sabia que elas lhe
causariam dor. — Estava esperando por você.
Eu senti seu corpo enrijecer.
— É tarde demais? — perguntou Branford com uma voz ofegante.
— Eu a magoei demais? Alexandra... eu perdi seu coração?
Peguei sua bochecha áspera e meus dedos acariciaram sua pele.
— Não, meu Branford — eu sussurrei, e ele fechou os olhos
enquanto soltava um suspiro. Eu podia ver a sua garganta quando ele
engoliu antes de abrir os olhos para mim novamente.
— Eu amo você — ele me disse — Mais do que tudo, sempre. Eu
nunca, nunca desejei machucá-la como eu fiz. Sou uma grande idiota,
minha esposa, mas nunca quis lhe fazer mal, eu juro.
— Eu sei — respondi. Senti uma umidade quente em minhas
bochechas quando minhas lágrimas escaparam.

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Ele se aproximou de mim lentamente com olhos interrogativos. Eu
balancei a cabeça levemente, e ele cobriu minha boca com a dele.
Nossos lábios se moveram lentamente um contra o outro, e quando sua
língua tocou minha boca, eu abri para ele. Branford gemeu em mim, e
seus braços me envolveram lenta e firmemente.
Com um giro rápido, eu me encontrei deitada embaixo de seu corpo.
Ele continuou a beijar meu ombro enquanto habilmente
desamarrava os laços na parte frente. Eu me levantei da cama quando
ele lentamente puxou a roupa do meu corpo, seus olhos mão saiam de
mim. Ele se ajoelhou e rapidamente se livrou de suas próprias roupas.
Eu a ouvi cair no chão ao lado da nossa cama e Branford se posicionou
em cima de mim se apoiando em sua mão, ao lado da minha cabeça.
Ele me beijou profundamente, depois arrastou beijos pelo meu queixo
e garganta.
— Eu senti tanto a falta disso. — Ele respirou contra a pele do meu
pescoço. — Senti tanto a sua falta...
Estendi a mão e as coloquei em suas bochechas.
— Eu amo você — eu declarei. — Sempre.
Apoiando-se em um braço, ele juntou minhas duas mãos na sua
livre. Branford beijou meus dedos – um de cada vez – então colocou
minhas mãos ao meu lado quando começou a usar a boca e as mãos
nos meus seios, depois no meu estômago e na curva em volta dos meus
quadris. A sensação de seus dedos sobre o meu corpo era indescritível,
e quando ele se moveu em direção ao meu centro, perdi o fôlego e meu
coração começou a bater forte.
O calor de sua boca em mim me fez tremer, as sensações subindo
pelo meu corpo até eu ofegar. Sua língua circulou ao redor, depois
mergulhou mais baixo, empurrando dentro de mim enquanto provava
do meu corpo. Ele moveu os dedos para cima e para baixo entre as

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minhas pernas e depois focou no ápice, circulando em um ritmo lento
e constante.
Os músculos das minhas pernas ficaram tensos e eu alcancei sua
cabeça. Ele passou a língua para cima e circulou o local onde seus
dedos haviam tocado, e eu o senti alcançar dentro de mim, movendo-
se graciosamente e me penetrando profundamente. Quando seus dedos
se curvaram para cima, ele empurrou com a língua e chupou-me
quando eu me desfiz ao seu redor, gritando seu nome.
Eu podia sentir seu sorriso quando ele beijou meu corpo. Seus
dedos penetraram-me e espalharam umidade pelas minhas dobras. A
ponta dele pressionou solidamente contra a minha abertura, e ele girou
lentamente com os quadris.
Fiquei surpresa com a forma como ele me esticou quando entrou,
meu corpo estava resistente à intrusão que não sentia há tanto tempo.
Ele se moveu devagar, enchendo-me gentilmente até senti-lo
completamente dentro de mim.
— Você está bem? — Branford perguntou suavemente com os lábios
pressionados no meu ouvido. — Você está tão apertada ao meu redor...
— Sim... por favor... mais... — Era tudo o que eu conseguia
murmurar em resposta.
Ele acenou e começou com seus movimentos lentos dentro e fora de
mim, criando o atrito que meu corpo desejava enquanto ele gemia
suavemente em meus cabelos. Eu passei meus braços firmemente em
torno de suas costas, e meus quadris se levantaram para encontrar
seus impulsos, levantando-se parcialmente do colchão enquanto eu me
esforçava para tocar mais nele. Era disso que eu sentia falta, não o ato
em si ou o prazer que ele trazia, mas o sentimento do modo como ele
se entregava completamente a mim enquanto eu dava meu coração e
alma para ele.

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Com a cabeça jogada para trás, gritei por meu marido enquanto meu
corpo tremia e tremia em êxtase. Seus longos dedos acariciaram meus
ombros e seios enquanto sua boca provava minha pele repetidamente.
Senti a tensão em seus ombros largos quando seus movimentos dentro
de mim se aceleraram e seus olhos se fecharam enquanto ele me enchia
profundamente. Ele ficou parado por um momento, e então seus braços
pareciam ceder quando ele caiu em cima de mim.
Eu podia ouvir suas palavras sussurradas de oração, embora não
pudesse entendê-las. Ele tentou rolar um pouco para o lado, afim de
me aliviar um pouco do seu peso, mas eu o segurei, saboreando a
sensação de seu corpo no meu.
Ele encontrou a mancha no meu pescoço com os lábios e senti o
traço de sua língua sobre a minha pele. Ele lambeu e chupou e beijou
lá por um minuto antes de pousar a testa no meu ombro e soltar um
suspiro longo e lento.
— Eu amo você, minha linda esposa — ele sussurrou em minha
pele. — Não mereço seu perdão, mas prometo que serei melhor para
você. Pensarei em tudo que você precisa, seja na mente ou no corpo, e
um dia serei digno do amor que me concedeu.
— Você é tudo para mim, meu Branford.

Minha cabeça estava pesada e quente com a chegada do sono.


Eu estava envolvida nos braços do meu marido, sentindo o roçar
lento e metódico de sua mão sobre o meu cabelo enquanto minha
cabeça estava contra o seu peito. Embora meus pensamentos ainda
estivessem agitados, eu podia sentir o calor e a segurança de seu
abraço mais uma vez contra o meu coração.

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Embora eu não quisesse pensar nisso, minha mente repetiu a
ameaça que Edgar fez na grande sala, e meus pensamentos desde então
conjuravam imagens do que poderia acontecer. Ele realmente faria o
que disse? E se ele viesse aqui com seu exército e Branford fosse morto?
Meu estômago apertou quando pensei no que ele disse que faria
comigo, e um arrepio involuntário percorreu meu corpo.
— O que você está pensando? — Perguntou Branford em voz baixa.
Balancei minha cabeça rapidamente, tentando evitar a resposta,
mas senti sua mão sob meu queixo e olhei para seu rosto. Seus olhos
estavam profundos de preocupação.
— Você está pensando no que ele disse? — Embora fosse uma
pergunta, eu sabia pela sua expressão que ele estava bem ciente, então
assenti levemente em resposta. — Eu gostaria que você não tivesse
ouvido essa conversa. Eu nunca quis que seu lindo rosto se contorcesse
com medo dele.
— Ele já disse essas coisas antes?
Branford assentiu.
— Você não me contou.
— Eu não queria sobrecarregá-la com essas preocupações.
— Eu quero saber — eu disse a ele. — Gostaria de compartilhar seu
fardo. Não é esse meu dever como rainha?
— É meu dever — disse Branford — e minha carga para suportar.
Quero que você pense apenas em coisas alegres, e não que seja
atormentada pelas minhas preocupações.
— Prefiro saber — eu disse. Minha pele se arrepiou com minhas
próprias palavras, como sempre acontecia quando eu dizia a um servo
o que fazer ou expressava uma opinião diferente do meu marido ou
outro membro da realeza. Estendi a mão e toquei o lado do seu rosto.
— Caso contrário, eu acharia... eu pensaria que você não me ama mais.

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— Alexandra — ele sussurrou e franziu a testa — Nunca pararei de
amar você.
— Branford — eu disse enquanto me sentei um pouco. A mão dele
caiu do meu cabelo. — Eu não sou sua esposa?
— Claro que você é!
— Então, por favor... por favor, deixe-me cuidar também da sua
mente e não apenas do seu corpo — eu disse, usando as palavras que
ele havia falado comigo antes. — Deixe-me compartilhar seu fardo.
Ele olhou para mim por um longo momento antes que suas mãos
subissem para cobrir meu rosto.
— Você realmente deseja isso? — Ele perguntou suavemente.
— Eu desejo.
Ele pareceu contemplar, depois deu um leve aceno de cabeça.
— Você é, como sempre, a melhor parte de mim — disse ele, e
levantou a cabeça do travesseiro para capturar meus lábios. Eu o beijei
suavemente e depois deitei minha cabeça em seu peito para ouvir sua
respiração lenta e constante e a batida de seu coração.
— Eu amo você — declarei.
— E eu amo você — ele respondeu. — Espero ser melhor em mostrar
isso a você nos próximos dias. É meu desejo que você seja feliz...
Uma batida na porta interrompeu as palavras de Branford, e ele
rosnou quando saiu da cama e foi ver quem estava lá. Um momento
depois, ele voltou, com o rosto pálido e os olhos virados para mim, mas
sem ver.
— Camden ... — ele sussurrou, sua voz tremendo na única palavra.
E foi aí que eu soube que nosso rei estava morto.

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CAPÍTULO 05
FINALMENTE DESCOBERTO
Embora eu devesse esperar, o som das trombetas me assustou.
Olhei para as muralhas do castelo e não pude começar a contar o
número de pessoas ali, trompetistas, nobres e plebeus. Embora eu
tenha assistido a espetáculos em que a maioria dos habitantes do
castelo e vários plebeus próximos estavam presentes, não era nada
disso.
Quando soube pela primeira vez sobre o reino de Branford, ele falou
do censo anterior das terras, indicando cerca de três mil homens,
mulheres e crianças ocupando as terras ao redor do castelo. Parecia
que cada um deles estava aqui agora.
Eles estavam aqui para testemunhar a coroação de seu novo rei.
Os mensageiros saíram no meio da noite, anunciando ao mesmo
tempo a morte do rei Camden e a coroação do rei Branford. A cerimônia
foi uma formalidade – um espetáculo para o povo, já que a coroa fora
colocada na cabeça de Branford enquanto o corpo de seu pai esfriava.
O reino não poderia ficar sem um rei – nem por um momento.
Minha mente evocou lembranças das primeiras horas da manhã.
Eu segui Branford de volta aos aposentos do rei e fui imediatamente
recebida por uma Sunniva esmagadoramente perturbada. Eu a segurei,
impedindo-a de cair no chão quando Branford se aproximou da cama de
Camden. Eu olhei, incapaz de tirar meu olhar de Branford quando ele
estendeu a mão e tocou a mão de seu pai adotivo. E se encolheu
imediatamente, e eu pude ver um arrepio percorrer seus ombros nus.
Outros na corte se reuniram no corredor enquanto as notícias se
espalhavam pelo castelo. O padre Tucker se aproximou, contornando

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Sunniva e eu enquanto ele caminhava para o lado de Branford. Ele falou
baixinho em seu ouvido, e eu não consegui entender as palavras. Ele
também pegou a mão de Camden e depois tocou o rosto e a lateral do
pescoço. Levantou-se e virou-se para a porta aberta.
— O rei está morto — disse ele a todos no quarto. Ele voltou ao corpo
do rei e pegou a coroa da pequena plataforma acima da cabeça de
Camden. Branford ficou imóvel quando o símbolo da liderança do reino
foi colocado sobre sua cabeça. — Vida longa ao rei!
— Viva o rei Branford! — As vozes atrás de mim começaram a cantar.
Branford virou-se lentamente para eles, contemplando seus súditos com
um rosto pálido e um choque nos olhos.
Ele não parecia tão diferente agora.
Quando Branford saiu do meu lado e caminhou pelo aglomerado de
pessoas, a multidão mal contida pelo guarda, ele conseguiu segurar a
dormência que eu sabia que ainda sentia em seu coração. Ele não a
exibiria na frente de seu povo.
Senti a mão de Ida nas minhas costas, sinalizando para seguir os
passos de Branford em direção à plataforma elevada perto dos portões
do castelo. Enquanto eu caminhava pela abertura e para a vista da
multidão, uma alegria se elevou ainda mais que os gritos pelo novo rei.
Senti meu rosto queimar de vergonha, mas consegui forçar meus pés a
me levar através da multidão de pessoas e subir os degraus para ficar
ao lado de meu marido e rei.
Embora a coroa já estivesse oficialmente transferida, Sunniva
colocou o simples anel de ouro na cabeça de Branford. Ele então, por
sua vez, pegou a coroa que adornava a cabeça de Sunniva por muitos
anos e a colocou na minha. Enquanto a multidão continuava nos
chamando, Branford subiu em Romero, e eu fui colocada em sua frente,
antes de cavalgarmos lentamente pelo castelo.

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As pessoas aplaudiram quando Branford acenou. Segurei seu braço
quando ele me segurou contra seu peito, e senti seu hálito quente no
meu ouvido.
— Eles amam você — disse ele. — Eles vêem você muito claramente.
Senti o calor subir ao meu rosto novamente quando Branford
pressionou seus lábios na minha bochecha, e os gritos do povo de
Silverhelm ficaram mais altos.
Viva o Rei Branford! Viva a Rainha Alexandra!
O canto ficou ensurdecedor quando Branford lentamente dirigiu
Romero pelas ruas, o rabo do garanhão balançando na agitação à nossa
volta. Pessoas que poderiam se aproximar o suficiente de nós
estenderam a mão para tocar os flancos de Romero, as pernas de
Branford e a saia do meu vestido.
— Eu acredito que eles fariam qualquer coisa por você. — Branford
suspirou enquanto seu braço me segurava mais apertado. — Eu tenho
muito o que aprender, muito para compensar, mas só posso esperar
ser um rei tão bom quanto você será uma rainha.

Nosso prazo estava se aproximando rapidamente.


Dentro de uma semana, eu estaria no banheiro feminino mais uma
vez com a concubina de meu marido, ou uma de nós estaria grávida.
Se isso não acontecesse, o rei Edgar atacaria, seja com seu exército ou
com sua filha.
O rei Edgar e a princesa Whitney tinham ido ao castelo em sua visita
semanal, a fim de tornar esse fato o mais claro possível para Branford,
que ainda lutava com a perda de seu pai adotivo, a ex-rainha em luto
e sua esposa cujo corpo não produziu o herdeiro que ele precisava.

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A maior parte do tribunal, inclusive eu, fora removida do grande
salão horas atrás. Eu fiquei nos aposentos reais para tentar colocar as
coisas onde as queria, pois nos mudamos para nossos novos aposentos
apenas alguns dias antes. Amarra caminhou pelo quarto, farejando os
cantos e examinando o local perto da lareira onde sua cama fora
colocada na plataforma. Janet arrumou meus vestidos e eu cuidei das
roupas de Branford. Ele não gostava que minha criada tocasse suas
coisas.
— Onde devo colocar isso? — Janet perguntou enquanto segurava
uma pequena caixa cheia de joias que Branford havia comprado para
mim.
— Lá — eu disse enquanto apontava para a cômoda perto da cama.
— Lá em cima.
— Sim, Lady Alex..., sim, minha rainha.
Eu ri um pouco. Janet, que se dirigia a mim com tanta frequência,
tinha sido difícil de mudar de título. Ela se desculpava com frequência,
e isso me lembrava os primeiros dias com Branford, quando eu não
conseguia parar de me referir a ele como meu senhor.
Meu Branford.
Janet e eu continuamos a organizar os quartos. Fiquei feliz que ela
ainda parecia poder conversar comigo, independentemente da coroa
que estava agora na minha cabeça.
— Cuidado, Janet — eu disse enquanto me abaixava para organizar
todas as coisas de Branford na prateleira sob a bacia da água. Ele era
bastante específico sobre aonde coloca-las, e eu tive o cuidado de
colocá-los nas mesmas posições em que estavam antes.
— Entendo, minha rainha — disse Janet. Ela se levantou e sorriu
para mim. — Eu fico pensando que talvez se eu... se eu puder fazer
tudo certo, talvez um dia...

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Ela não terminou sua frase, mas eu sabia o que ela queria dizer.
— Branford tem dificuldade em aceitar as pessoas — disse-lhe
suavemente. — É da natureza dele não confiar.
— Eu tentei servi-lo como eu faço com você — respondeu ela. — O
que mais eu posso fazer?
Eu balancei minha cabeça lentamente.
— Temo que nada — disse a ela. — Talvez com o tempo ele se
acostume com a sua presença o suficiente para não ser tão duro com
você.
— Ele acha que meu desempenho é inadequado?
— Não — eu disse, tentando tranquilizá-la. Fui até Janet e coloquei
minhas mãos em seus ombros. — Seu serviço é exemplar, e eu disse
isso a ele. Além disso, você também é uma boa amiga para mim.
As bochechas de Janet escureceram e ela sorriu timidamente.
— Certamente não — disse ela calmamente. — Eu sou apenas sua
serva.
— Você é minha amiga — eu disse, insistindo. Quando ela olhou
para mim, eu a abracei. Ela colocou os braços em volta das minhas
costas e me segurou por um momento. Quando a soltei, haviam
lágrimas em seus olhos.
— Obrigada, minha rainha — ela sussurrou. — Gosto de estar ao
seu lado mais do que você jamais saberá.
Voltamos ao trabalho por um tempo, mas logo precisei de uma
pausa. Saí da sala só para ficar longe dela por um tempo. Parecia muito
estranho estar nos aposentos reais. Eu estava confortável em nosso
quarto antes, e agora tudo que eu conseguia pensar era que Camden
morreu aqui. Mesmo que a cama e o resto dos móveis fossem do nosso
outro quarto, ainda parecia natural. A única coisa que eu realmente

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gostei sobre o quarto foi que era lá onde eu poderia remover a coroa
que fora colocado sobre a minha cabeça.
Branford falara antes sobre não querer a coroa, não querer ser rei.
Eu realmente nunca pensei muito sobre como isso mudaria minha
posição. Tudo na minha vida ainda me parecia tão estranho, mesmo
depois de mais de dois anos. Em minha mente, passei mais dias me
sentindo um servo do que um nobre.
Cheguei à minha cabeça e senti o metal frio que a circundava.
Embora não fosse uma coroa grande, parecia pesada na minha cabeça.
Eu me encostei na parede de pedra que dava para os jardins e respirei
o ar fresco por um momento. Sempre ajudou a clarear minha cabeça.
No momento em que eu estava voltando, vi movimentos perto da
entrada e vi Branford caminhar rapidamente pelos jardins com a
princesa Whitney atrás dele. Enquanto Branford tentava escapar dela,
Whitney o repreendia por trás.
— Você sabe que isso acontecerá, Branford — disse Whitney. —
Você não está preparado para a guerra, então por que aguenta quando
o resultado é inevitável? Você sabe que eu serei sua rainha.
— Você e seu pai me subestimam — respondeu Branford secamente.
— Bem, você é muito versado na arte de subestimar seus oponentes!
— Ela disse com uma risada. — É por isso que seu reino está em
frangalhos e à nossa mercê.
— Talvez você deva se lembrar do seu lugar — disse Branford. — Se
você está aqui para me convencer a casar com você, outra abordagem
pode ter mais sucesso. — Ele riu, e o som era cruel. Eu nunca tinha
ouvido tanta raiva dele antes. — Como se eu fosse considerar isso!
— Você precisa de um herdeiro — disse ela, e sua mão agarrou a do
meu marido. Ela o puxou, e embora eu pudesse ver a resistência em
seus ombros, ele ainda permitiu que ela colocasse a mão em sua

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barriga. — Eu posso lhe dar um. Eu nem me importo se você a mantiver
em um quarto perto de nós, desde que eu seja rainha e ela seja uma
serva, como deveria ser.
— Eu não farei isso! — Branford estalou quando ele se afastou e
virou as costas para ela. Ele começou a sair do jardim.
— Isso vai acontecer, Branford! — Ela falou atrás dele. — Ou você
faz isso agora sem derramamento de sangue ou será forçado a fazê-lo
mais tarde com uma espada em suas costas!
Ouvi sua risada fluir dos jardins abaixo, enquanto ela lentamente
seguia meu marido para fora da minha vista. Naquele momento, desejei
ter aprendido as habilidades de um arqueiro para poder perfurar seu
coração, onde ela estava.
Branford não voltou ao nosso quarto por algum tempo. Quando ele
o fez, seu humor estava péssimo. Eu sabia que era ela e tentei fazê-lo
falar disso comigo. Ele quase recusou, afirmando que não havia nada
novo para discutir.
— Eu só quero saber o que você está pensando — disse a ele — e
sentindo.
— Nada mudou — respondeu ele. — Edgar me ameaça, Whitney me
irrita, e o conselho não decide que medidas eles desejam que eu tome.
Com Lord William aqui me apoiando, é mais fácil, mas eu gostaria que
Parnell voltasse de Seacrest. Ele está lá há uma semana e eu esperava
que ele voltasse com... notícias.
— Que notícias são essas?
Branford balançou a cabeça, os lábios apertados. Ele olhou ao nosso
redor e levantou as mãos para o ar e os olhos para o teto, frustrado.
— Você não me dirá — eu sussurrei.
— Eu não posso lhe dizer — disse com os dentes cerrados. — Aqui
não. Agora não.

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— Você disse que faria. Você disse que não me afastaria.
— Eu não vou — respondeu ele. — Quando chegar a hora, eu lhe
direi. Quando eu souber que não há mais ninguém ouvindo, eu lhe
contarei tudo.
Seu olhar foi para a porta e voltou para mim novamente. Tornou-se
uma resposta quase automática sempre que conversávamos. Muitos
espiões foram descobertos dentro das muralhas do castelo, mas
nenhum perto dos aposentos reais. Eu me perguntava se ele não usava
sua própria paranoia como desculpa para me impedir de me preocupar.
— Você continua dizendo isso — eu disse — Mas ainda está
acontecendo. Você ainda está me mantendo distante. Você não me
conta seus pensamentos.
Eu tentei manter a emoção longe da minha voz, mas não fui
completamente bem-sucedida. Ele estendeu a mão para segurar meu
rosto enquanto olhava para mim. Sua boca cobriu a minha, e o calor
de seus lábios me fez sentir segura novamente, como sempre fazia. Eu
sabia que ele fazia isso para me distrair, embora isso não impedisse o
efeito.
— O que devo fazer para provar isso a você? — Ele perguntou depois
de alguns minutos. — Há algumas coisas de que não posso falar se não
tiver certeza de que não podemos ser ouvidos.
— Diga-me com que frequência você pensa em mim. — Fiz o meu
pedido através de beijos persistentes.
— Sempre — ele respondeu.
— Quando?
— Ontem, quando eu estava ensinando o jovem Stephens a usar
seu escudo como arma. Fiquei distraído porque pensei na primeira vez
que a levei ao campo e nos sons que você fez quando toquei em você. E

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isso me levou a pensar na última vez que estivemos lá, quando você
gritou tão alto que todos os faisões fugiram.
Eu olhei em seus olhos e não havia dúvida em minha mente que ele
falava a verdade.
— Obrigada. — Passei meus braços em volta de seus ombros.
— É isso que você precisa? Ouvir essas palavras de mim?
— Sim.
— Você está em tudo... em todos os meus pensamentos...
— Podemos ir lá de novo? — Perguntei.
— Para o campo? — Branford franziu a testa. — Eu não sei se isso
é sábio...
— Por que não seria? — Perguntei.
— Não quero que você se preocupe — respondeu ele.
— Branford — suspirei e inclinei minha cabeça quando olhei para o
rosto dele, mas ele se recusou a encontrar meu olhar — Você me
prometeu. Não esconda mais as coisas de mim.
Ele fechou os olhos por um momento e depois os abriu para
encontrar os meus. Sua boca se levantou levemente e sua mão subiu
para roçar meus lábios.
— Como desejar, minha rainha — disse ele calmamente. — Vamos
esta tarde?

Branford desmontou, estendeu a mão e me levantou de Romero. Ele


puxou a cesta que contém o nosso almoço da parte de trás da sela do
cavalo enquanto eu espalhava o cobertor verde brilhante no chão.
Branford deixou a comida na beira do pano e olhou para a floresta.
— Venha sentar comigo? — Ele perguntou, e pegou minha mão.

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— Claro — eu respondi. Seus dedos cobriram os meus, e os puxou
para os lábios antes de nos colocar no cobertor.
— Você se lembra do mês passado quando eu participei do tribunal
em Hadebrand sem você?
— Sim, claro — respondi.
— Passei por Sterling Castle — disse Branford. — Fiz outra rota, que
não era o caminho reto, só para que eu pudesse vê-la melhor. Fazia
tanto tempo desde que eu o vi, mas não sei o que pensar do que vi lá.
— O que você viu? — Perguntei.
— Muitos homens, trabalhadores, principalmente. Eles poderiam
ser carpinteiros, pedreiros ou ambos. Eles estavam trazendo materiais
de construção do campo do lado de fora das muralhas do castelo para
o portão. Não pude determinar exatamente o que eles estavam fazendo,
apenas que eles destruíram completamente a torre leste.
— Por que eles fariam uma coisa dessas? — Perguntei. — Eu pensei
que Edgar queria Sterling Castle?
— Eu também — disse Branford. — Suas ações não fazem sentido
para mim.
O sol nos aquecia enquanto comíamos e conversávamos baixinho.
Embora Branford tentasse manter a conversa leve, eu esperava que
aqui, onde não haviam ouvidos, que ele falasse mais livremente.
Eu estava errada.
— Eu ouvi Whitney assediando você nos jardins — eu finalmente
admito a Branford, que olhou para mim de lado.
— Bisbilhotando de novo?
— Você ainda não me conta tudo.
— Eu sabia que você estava ouvindo — disse ele com um encolher
de ombros. — Você sempre olha para aquele local quando está imersa
em pensamentos.

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Eu não sabia que ele notara.
— Ela quer reivindicar você — eu disse.
— E o argumento dela é sempre o mesmo — disse ele com um aceno
de cabeça. — Em algum momento…
— Em algum momento, o quê? — Perguntei.
— Ainda não temos um filho a caminho — ele finalmente disse — e
o Verão está acabando.
— Ainda há algum tempo — eu disse.
— Não de acordo com o conselho — respondeu Branford. Havia algo
em seu tom que eu não gostei instantaneamente.
— Eles ficarão do lado dele? — Perguntei calmamente. Embora a
palavra de Branford ainda seja considerada lei, não contar com o apoio
do conselho em suas decisões pode levar à desconfiança e,
eventualmente, a motins ou, pior ainda, à revolta.
— Edgar fez oficialmente a declaração que eu sabia que ele faria —
disse Branford. — Ele decretou que você não é a esposa de um nobre e
uma rainha. Ele exigiu que eu a renunciasse e tomasse Whitney como
minha esposa. Caso contrário, ele tomará Silverhelm à força e colocará
Sir Remy no trono aqui.
Branford se virou e colocou a mão na minha bochecha.
— Eu recusei — ele respondeu suavemente.
— Ele declarou guerra? Abertamente?
— Ele não me deu outras opções, Alexandra — Branford soltou
minha bochecha e se recostou, puxando os joelhos na frente dele. — O
tribunal ficará do lado dele se eu não tiver um herdeiro a caminho.
— Hadley disse... ela disse que você parou de procurá-la.
Branford olhou para mim de lado.
— Ela não deveria falar disso com você — ele murmurou. —
Obviamente ela é incapaz de ter filhos, ou ela ...

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Ele parou de falar e esfregou os dedos nos olhos.
— Eu não quero falar sobre isso — disse ele. — Não voltarei para
ela.
Mordi meu lábio inferior quando desviei o olhar dele. A conversa que
tive com Hadley no banheiro feminino encheu minha cabeça. Respirei
fundo e depois me virei para ele, preparando-me para falar palavras
que provavelmente significariam morte se elas viessem da boca de
outra pessoa.
— E se não for Hadley que não pode ter um filho? — Perguntei
calmamente. Meus ombros se curvaram para dentro com a tensão
contida neles.
— Obviamente ela não pode ter um filho — disse Branford com um
grunhido. — Se ela pudesse, ela teria um agora!
— Mas e se não for ela? — Eu repeti enquanto fechava os olhos.
— O que mais poderia ser, Alexandra?
— Branford... — Fiz uma pausa e respirei fundo. — Poderia ser você.
— Não seja ridícula.
— Mas e se for? — Perguntei. — E se é você quem não pode ter um
filho e isso não tem nada a ver comigo ou com Hadley?
Ele balançou sua cabeça.
— Branford, se é você, não importaria quantas concubinas você
tivesse. Não importaria se você se casasse com Whitney!
— Não sou eu, Alexandra.
— Pode ser.
— Não, não pode — insistiu Branford enquanto olhava para mim.
— Até mesmo sugerir isso...
— Como você sabe que não pode ser você? — Eu finalmente disse
de volta para ele. Quando ele não respondeu, pressionei várias vezes
até que ele me deu uma resposta que nunca passou em minha mente.

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— Porque eu já tive um filho! — Branford gritou enquanto seus
punhos batiam contra o chão. Ele se levantou e se afastou vários
metros de mim.
Minha cabeça caiu para frente enquanto eu olhava para um ponto
no cobertor na frente de onde eu estava sentada. Senti um calafrio,
apesar de a brisa estar quente no campo.
— Branford? — Eu sussurrei. Embora minha voz estivesse baixa,
ele se virou para mim, com os olhos baixos.
— Eu era jovem — sussurrou. — Não pensei nas consequências de...
derramar minha semente dentro dela.
— Quem? — Perguntei.
— Bridgett, a filha do duque de Seacrest.
Eu olhei para cima para seu rosto.
— Por que você não disse isso antes? — Eu perguntei, minha voz
cheia de censura desagradável. — Esta criança não poderia ser seu
herdeiro?
Quando ele não respondeu, eu reconsiderei e o questionei
novamente.
— É uma menina?
— Ela... era. — Branford respirou fundo e puxou os cabelos com os
dedos. — Ela viveu apenas algumas semanas antes de uma doença a
matar.
Portanto, isso não iria nos ajudar, mas apenas mais uma
informação que Branford nunca pensou em me dar.
— Você não achou importante me dizer que teve um filho antes?
— Ela não viveu — disse Branford balançando a cabeça. — Eu não
quero...

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— Sobrecarregar-me! — Eu gritei e o assustei. — Eu sei que você
não quer! Mas você faz isso o tempo todo, não me dando as informações
que preciso saber!
— Estou surpreso que Sunniva nunca lhe contou.
— Ela não deveria ter que me dizer! — Eu disse. Eu também me
levantei e dei vários passos em sua direção enquanto ele se afastava.
— O que mais eu deveria saber?
— Nada, Alexandra, eu juro — disse ele enquanto continuava a
puxar seus cabelos.
Sem aviso, os olhos de Branford se arregalaram e sua cabeça se
inclinou um pouco para o lado. Ele correu em minha direção e me
agarrou pelos braços. Por um breve momento, fiquei com medo. Eu
havia levantado a voz e insultado não apenas meu marido, mas, meu
rei.
Sua reação me surpreendeu.
Seus lábios bateram contra os meus, e sua boca roubou meu fôlego.
Ele não foi gentil, mas me beijou enquanto suas mãos agarravam meu
corpo, e sua língua ansiosamente procurou minha boca. Ele puxou
meu corpo para perto do dele, virando-me para o lado e para longe do
caminho por onde havíamos entrado no campo. Sua boca deixou a
minha enquanto ele beijava o lado do meu queixo.
Seus lábios tocaram minha orelha.
— Não pare — ele sussurrou suavemente. — Fomos seguidos e eles
estão perto, mas não pare.
— Branford ...— Eu tentei recuperar o fôlego, meus olhos
arregalados.
— Feche os olhos! — Ele disse, e eu rapidamente cumpri. Seu aperto
em mim aumentou.
— Quem?

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— Eu não sei — respondeu ele. — Mas não tenho dúvida...
Branford foi interrompido por um pequeno grito vindo da floresta.
Houve o som de uma briga e a quebra de galhos, seguidos por outro
gemido abafado e um baque.
— Senhor! — Ouvi a voz de Sir Brigham vindo da floresta perto do
caminho.
Branford me puxou para trás dele enquanto dava um passo à frente.
— Brigham! — Ele chamou. — Onde está Dunstan?
— Estou aqui, senhor! — Gritou Dunstan. Vi movimento nas árvores
e reconheci sua caminhada arrastada. — Está seguro.
Branford passou a mão pelo meu braço e agarrou meus dedos. Ele
me puxou para trás quando se aproximou do grupo. Dunstan havia
sacado a besta e a espada de Sir Brigham também estava na mão, o
metal brilhando com sangue escuro. Haviam dois homens no chão, um
com uma flecha na garganta e o outro com uma espada nas costas.
Eu engasguei, e Branford virou-se para puxar minha cabeça em seu
peito.
— Feche os olhos, Alexandra — ele sussurrou no meu cabelo e
depois se dirigiu aos dois homens. — Eu disse para você não atacar.
— Ele estava mirando, senhor — disse Dunstan. — Eu conheço este.
Lembro-me dele da guerra.
— Randall — respondeu Sir Brigham. — Ele liderou um dos grupos
contra nós. Este outro, no entanto, nunca o vi antes.
— Eu sei quem ele é — disse Branford. Ergui os olhos do peito e o
vi fazendo uma careta para o chão. Eu podia sentir seu coração batendo
debaixo da minha bochecha.
— Senhor? — perguntou Sir Brigham.
— O nome dele — disse Branford depois de respirar fundo — era
Dalton. Ele ajudou a matar meu pai e minha mãe.

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Movi minha mão para o ombro dele, e ele olhou para mim, com os
olhos vazios.
— Eles vieram nos matar?
Branford assentiu.
— Você acha que eles teriam como alvo vocês dois? — Perguntou
Dunstan.
Branford voltou-se para seus homens.
— Isso prova tudo o que eu temia — disse Branford em voz baixa.
— Ele não parará por nada, a menos que eu...
Ele se virou para mim e a dor em seus olhos me atingiu no coração.
Eu sabia o que ele estava dizendo.
— Você permitiria isso? — Eu finalmente sussurrei. — Você
permitiria que Edgar me afastasse de você?
— Você ainda estaria comigo — disse ele calmamente, olhando para
o outro lado. Estendi a mão para tocar o lado do seu rosto, mas seus
olhos não encontraram os meus enquanto ele falava. — Você ainda
teria meu coração, você ainda seria meu único amor. Você tomaria o
lugar de Hadley como minha concubina.
Eu balancei minha cabeça lentamente.
— Seria muito mais comum na minha posição — disse Branford,
com os dentes cerrados — Tê-la como minha concubina. As esposas
são para a política e show e as concubinas são para o amor. Sempre
será você quem eu amo, Alexandra. Você é a única no meu coração.
— Como você pode dizer isso quando nega meu lugar ao seu lado?
No primeiro dia em que você me trouxe aqui, você disse que defenderia
minha posição.
Branford cobriu o rosto com as mãos. Ele respirou fundo várias
vezes e depois se virou para Sir Brigham.
— Vá — disse ele. — Voltaremos em breve.

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— Senhor, eu não gostaria de deixá-lo desprotegido...
— Vá! — Branford gritou. — Saia agora! Envie alguém para lidar
com essa... essa bagunça.
Com apenas protestos murmurados, Sir Brigham e Dunstan
voltaram ao cavalo e se afastaram lentamente de nós.
— Arrume nossas coisas — disse-me Branford.
— Arrume você mesmo! — Eu cuspi de volta. — Ou talvez sua nova
esposa venha arrumar!
Afastei-me, enfurecida com Branford, com os mortos no chão perto
de seus pés, com Edgar, com Whitney e comigo mesma. Fui para onde
Romero pastava do outro lado do campo, com os passos de Branford
logo atrás de mim.
— Você não falará comigo dessa maneira! — Ele gritou quando
agarrou meu braço e me virou. — Eu sou seu rei, seja você minha
rainha ou minha criada!
Ele agarrou meus ombros e me puxou para perto dele, seus olhos
brilhando.
— Seja de manhã, meio-dia ou noite, você falará comigo com
respeito! Mesmo no crepúsculo, você conhecerá seu lugar!
A palavra que ele enfatizou me atingiu com tanta força como se
tivesse me dado um tapa na cara, e eu imediatamente entendi. Nós não
estávamos sozinhos. Ainda haviam outros por perto, ouvindo-nos. Se
eles também estavam lá para nos matar ou apenas para relatar o que
haviam visto e ouvido, eu não sabia, mas sabia que certamente não
estávamos sozinhos.
Respirei fundo e balancei a cabeça uma vez em compreensão.
— Sim... sim, senhor — eu respondi enquanto olhava em seus
profundos olhos verdes.

102
Voltamos rápido e silenciosamente ao castelo Silverhelm, e embora
Branford nunca se virasse para olhar para trás, eu podia sentir a
tensão em seu aperto em mim enquanto cavalgávamos pela floresta.
Sua cabeça estava levemente inclinada. Quando voltamos, ele se
inclinou perto do meu ouvido e me disse para ter certeza de que eu não
fosse a lugar nenhum sem minha guarda.
Branford dormiu pouco naquela noite.
Eu ainda podia sentir a presença de Sir Brigham e Dunstan atrás
de mim enquanto passeava pelo mercado do lado de fora dos portões
do castelo na manhã seguinte. Parei perto da banca de frutas e comprei
maçãs e peras, que coloquei em uma cesta no meu braço. Meus
guardas seguiram a uma distância respeitável enquanto eu caminhava
pelas baias, embora eles se aproximassem quando eu deixei a
segurança das muralhas do castelo.
Havia algumas crianças lá, implorando nas ruas como faziam na
maioria dos dias. Eu me assegurei de que eles tivessem algo em suas
barrigas antes de seguir em frente, esvaziando ainda mais minha cesta
para as outras almas infelizes que vieram como refugiadas de Wynton
e de outras áreas de Hadebrand.
— Que Deus te abençoe — disse uma mulher mais velha, sentada
no chão com o neto, enquanto eu deixava frutas extras no colo dela. Os
pais da criança foram mortos como apoiadores de Silverhelm após a
guerra anterior. A mulher pegou minha mão e eu permiti que ela a
pegasse e beijasse meus dedos. Ela não conseguia trabalhar e o menino
era muito jovem e fraco com uma doença para lhe oferecer qualquer
ajuda. Eu sorri para ela e balancei a cabeça.
Quando entreguei minha última maçã a um homem que parecia
ainda estar bem de saúde, apesar de magro e esfarrapado, vi o padre
Tucker se aproximar com um sorriso no rosto. Ele foi seguido por um

103
jovem em seu serviço, que carregava um balde de água para os
refugiados.
— Bom dia, padre Tucker — cumprimentei baixinho.
— Minha rainha — ele respondeu enquanto se curvava para mim.
Senti o calor rastejar no meu rosto. Embora eu tivesse me acostumado
com os plebeus se comportando dessa maneira, achei que o padre
Tucker estivesse acima desse comportamento. Ele era um homem de
Deus e não deveria ter que se curvar a mais ninguém. — Como você
está hoje?
— Bem — eu respondi.
— Você está fazendo a ronda hoje de manhã antes de nós —
comentou. — Ainda é muito cedo.
— O sol já parecia quente — respondi. — Eu pensei que poderia
estar quente demais para eles esperarem muito tempo. Eles precisarão
procurar abrigo do sol.
Ele assentiu enquanto olhava para o meu rosto.
— Você parece perturbada, minha rainha.
— Estou bem, obrigada — respondi.
Ele inclinou a cabeça e ergueu as sobrancelhas para mim.
— Está tudo bem com o conselho? — Ele perguntou, seu tom
indiferente. Ele sabia muito bem o que acontecia dentro das muralhas
do castelo.
— Branford está com problemas — eu disse. — Nosso tempo é curto
e...
Olhei em volta, embora não houvesse ninguém muito perto de nós.
Não queria alarmar nosso povo.
— Eu ainda não estou... — Minhas palavras vacilaram.
— Eu entendo, minha rainha.

104
Eu olhei para os olhos dele e, de fato, eles pareciam ter
entendimento. Talvez ele tenha entendido mais do que eu. Senti como
se não tivesse entendido nada, e lágrimas ardiam em meus olhos
quando o olhei.
— Por quê? — Perguntei a ele enquanto tentava piscar as lágrimas
dos meus olhos. — Por que isso nos seria negado e nosso povo
prejudicado por causa disso?
O peito do padre Tucker soltou um longo suspiro.
— Rainha Alexandra — ele disse suavemente enquanto seus dedos
tocavam meu braço — Só existe um que pode responder a essas
perguntas. Se é isso que você procura, terá que pedir a Deus.
Eu assenti e sabia que ele estava certo.
Continuei ao longo da passarela, meus pés lentamente me levando
para um lugar que nunca frequentei, embora soubesse que Branford
passara muitas horas na capela do lado de fora dos muros do castelo
Silverhelm. Olhei por cima do ombro e vi Dunstan e Sir Brigham
pararem no pé da escada enquanto eu continuava subindo. Eles me
deixaram sozinha quando eu abri a porta da igreja e entrei. Estava frio,
embora houvesse luz brilhante vindo das janelas, bem como velas que
revestiam a frente da igreja, perto do altar.
Estendi a mão e meus dedos roçaram a madeira lisa dos bancos
enquanto eu caminhava pelo corredor. A madeira estava quente e a luz
da manhã através dos vitrais projetava cores vivas sobre o chão e os
bancos. Cheguei à frente da capela e segurei minha saia para subir as
poucas escadas que levavam ao altar. Ajoelhei-me e olhei para o vidro
colorido na parte de trás da igreja. Meus pulmões se encheram com o
cheiro das velas ao redor quando eu virei meus olhos em direção ao
teto.

105
— Eu não o conheço como Branford — eu disse em voz alta. —
Talvez tenha sido minha falha. Sei que Branford pede uma e outra vez
que me abençoe com uma criança, e agora... bem, agora parece que
não deve ser assim.
Minha voz falhou e um soluço escapou da minha garganta. Minhas
próprias palavras tinham um tom de finalidade para elas, e eu deixei
minha cabeça cair em minhas mãos enquanto me ajoelhava no altar.
Não entendia o que fiz de errado para trazer tudo isso sobre nós.
— Eu não fui uma esposa boa o suficiente? — Eu perguntei quando
as trilhas de umidade começaram a cobrir minhas bochechas. — Não
fiz o que era necessário para ser digna dele? Se houver algo que eu deva
fazer para que isso funcione... ficar com Branford e dar a ele o herdeiro
de que ele precisa... qualquer coisa... eu farei. Eu só... não sei o que
devo fazer.
Mais uma vez, meus olhos subiram para o céu.
— Por favor... por favor, não deixe isso acontecer. Não deixe nosso
povo sofrer outra guerra, porque não posso dar um herdeiro ao meu
reino.

Era como se meu pesadelo mais horrível estivesse se tornando


realidade diante dos meus olhos. O Tribunal havia se reunido para
discutir a ameaça de guerra de Edgar. Branford sentou-se no trono e
recusou veementemente o decreto. Ele disse que não renunciaria ao
nosso casamento, mesmo que isso significasse ir à guerra. A corte
discordou e, enquanto continuavam a lembrá-lo de que a guerra seria
um massacre, Branford continuou dizendo que seria apenas uma
questão de tempo. Seu conselheiro, Phillip, discutiu com quase todas
as suas palavras.

106
— Mesmo que eu faça isso, você pergunta — disse Branford,
rosnando para o conselheiro. — O que não farei, não para a guerra!
Apenas coloque uma boneca ao meu lado, em vez de Alexandra!
— Eu estarei apoiando você, seja qual for a decisão — anunciou
lorde William — Mas eu sei que se a guerra chegar a Silverhelm e
Silverhelm cair, as consequências serão terríveis para todos nós.
— Alexandra — Phillip disse enquanto olhava para mim — você sabe
que não quer que seu povo sofra outra guerra. Veja Wynton e como eles
ainda sofrem por causa de...
— Chega! — berrou Branford. — Você não usará a sua compaixão
contra ela!
— Branford — eu disse suavemente. Possivelmente...
— Não!
As portas se abriram no final do grande salão. O Rei Edgar, a
princesa Whitney e quatro de seus guardas entraram. Eles chegaram
cedo, o que sem dúvida era a intenção deles. Eles caminharam
rapidamente e com um objetivo claro. O Rei Edgar foi direto para
Branford enquanto Whitney estava tão perto de mim que tive que dar
um passo para trás.
— Chegou a hora, rei Branford! — anunciou Edgar ao se aproximar.
— Suas discussões com seus conselheiros estão chegando ao fim e meu
exército está pronto. Sua decisão deve vir agora.
Branford olhou para Dunstan enquanto ele entrava na sala,
seguindo os guardas. Vi Dunstan assentir uma vez e sabia que os
informantes de Branford haviam confirmado que Hadebrand estava
preparada para continuar com a ameaça.
Whitney zombou de mim abertamente.
— Você chegou cedo — Branford disse calmamente. — Ainda não
chegamos à nossa conclusão.

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— Você teve tempo mais que suficiente! — Gritou o Rei Edgar. — É
guerra que você procura, Rei Branford? Porque prefiro terminar isso
pacificamente e entregar seu herdeiro através da minha filha, mas
também estou preparado para tomar Silverhelm à força.
O silêncio se seguiu, e meus olhos dispararam para o meu marido
enquanto ele estava sentado olhando fixamente para Edgar. Lorde
William olhou entre os reis e pude ver suas mãos tremendo quando ele
as juntou. Phillip parecia prestes a falar quando a voz de Branford o
acalmou.
— Vou falar com a minha rainha — disse Branford baixinho, e sua
voz me aterrorizou.
— Então vá em frente e...
— Sozinho! — Branford gritou com Edgar. — Não tente minha
paciência por mais tempo!
— Meu exército estará na sua fronteira ao anoitecer, rei Branford —
Edgar zombou. — Não demore muito.
Ele se virou para ir sem olhar para mim. Whitney se inclinou para
perto quando ela se virou e seu ombro esbarrou no meu.
— Quando isso acabar — Whitney sorriu ao passar por ela — você
estará me vestindo antes de eu ir ao meu marido.
Meu estômago revirou.
Ela não tinha dado meia dúzia de passos quando as grandes portas
foram abertas novamente, e uma voz alta chamou do outro lado da sala
comprida.
— Pare!
Meu coração começou a bater de novo quando olhei por cima do
ombro e vi Sir Parnell atravessar as grandes portas no final do grande
salão. Atrás dele havia um casal que eu só tinha visto algumas vezes

108
antes, Sir Rylan e Lady Suzette, de Seacrest. Eu sabia que Branford
tentava conseguir o apoio deles caso a guerra fosse inevitável.
Sir Rylan estava arrastando uma mulher pelo braço.
— Como se atreve? — O rei Edgar se levantou e balançou um dedo
na direção de Parnell enquanto entrava. Ele deu alguns passos para
trás para se posicionar ao lado de Branford novamente. — Estamos em
sessão!
Parnell ignorou o rei Edgar ao se aproximar de Branford e do trono
com as outras três figuras logo atrás dele. Quando eles se
aproximaram, pude ver que a mulher ao alcance de Sir Rylan era Lady
Nelle, a mulher que fora punida junto com sua irmã, Lady Kimberly,
durante meu primeiro mês como esposa de Branford.
— Você deve ouvir o que ela tem a dizer, rei Branford — disse
Parnell, enquanto Sir Rylan jogava a mulher no chão diante de nós.
Nelle gritou e depois cobriu a boca com a mão enquanto ela ficava de
joelhos diante do meu marido, olhando para o chão à sua frente.
O Rei Edgar ficou entre Parnell e Branford, os olhos olhando
intensamente para Nelle.
— Isso é ridí...
— Silêncio! — Branford berrou, sufocando o rei vizinho. — Eu
ouvirei suas palavras, e você permanecerá em silêncio enquanto ela
fala!
Nelle olhou de Branford para mim e depois para o rei Edgar.
Examinei a expressão no rosto de Edgar e pude ver seu olhar velado
em direção a ela. Ela estremeceu quando voltou para Branford,
agarrando-se em seus joelhos.
— Fale! — Branford ordenou. Ele deu um passo à frente e colocou
a mão no punho da espada. — Fale agora, Nelle! O que você tem a
dizer?

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Edgar deu um passo à frente, mas Dunstan seguiu em frente,
obstruindo o caminho, ficando alto e bloqueando a visão do rei da
mulher no chão aos pés de Branford.
— Diga a ele — disse Parnell enquanto zombava dela. — Diga a ele
o que você sabe.
Não pude ver a sua mão, mas sabia que estava perto das costas da
mulher. Eu me perguntava o que ele estava segurando em seus dedos.
— Rei... Rei Branford... — ela gaguejou. — O rei Edgar... conspirou
contra você.
Branford olhou lentamente por cima do ombro para o outro rei e
depois de volta para Nelle.
— Como assim?
Pude ver as mãos da pobre mulher tremendo enquanto ela olhava
para o chão duro de madeira. Sua boca abriu e fechou algumas vezes
antes que ela finalmente pronunciasse uma palavra.
— É o chá — disse Nelle suavemente. — A criada de Lady Alexandra
dá a ela um chá de bruxa para impedir que ela fique grávida. A
concubina também toma.
E foi aí que minha oração foi respondida.

~ Fim do livro CINCO ~

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É O CHÁ! VOCÊ JÁ TINHA ADIVINHADO POR QUE ALEXANDRA NÃO CONSEGUIA
ENGRAVIDAR? COMO VOCÊ ACHA QUE BRANFORD REAGIRÁ A ESSA NOTÍCIA?
DESCUBRA NO PRÓXIMO LIVRO DA SÉRIE:

Unexpected
CIRCUMSTANCES 06
The Apprehension
Com dois traidores afastados do meio deles, Branford e Alexandra
reacendem sua fé um no outro. Branford insiste em permanecer ao lado de
Alexandra o tempo todo para protegê-la enquanto ele reúne seus aliados
contra o Rei Edgar e o reino de Hadebrand.
A graça e a humildade de Alexandra tocam o coração do povo de
Silverhelm, e o casal está cercado pelo amor de seu povo. Quando as tão
esperadas notícias de um herdeiro a caminho chegam ao povo do reino, todos
se alegram junto com seu Rei e a Rainha plebeia.
Mas a traição ainda vive no coração daqueles que desejam ver a destruição
de Silverhelm e estariam dispostos a causar danos a Alexandra para
alcançarem seu objetivo.
O Rei Edgar ainda não cederá, mas e se for exposto seu papel em eventos
passados?
Branford não é invencível e, apesar de seus votos para manter sua esposa
segura, Alexandra ainda estará vulnerável. Quando o impensável acontece,
Branford pode não ser capaz de sobreviver à perda.

AGUARDE...

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