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Capa: GialuiDesign

Diagramação: L. Ribeiro
Uso das imagens da diagramação: FreePik
Revisão (simples): C. F. R. Lima
Copyright © 2021 Gratteri Salvatore
Todos os direitos reservados.
Esta é uma obra de ficção. Nome, personagens, lugares
e acontecimentos descritos, são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
É proibido o armazenamento e/ ou a reprodução de
qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios -
tangível ou intangível - sem o consentimento da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido
pela lei nº. 9. 610/98 e punido pelo artigo 184 do
Código Penal.
Este livro contém cenas explícitas de sexo,
morte e tortura, além do uso excessivo de
palavras de baixo calão.
DON – Quem comanda toda a máfia, “o poderoso chefão”.
UNDERBOSS – Segundo no comando.
SOLDADOS – Posição que um membro ocupa quando é denominado
a fazer a segurança de membros poderosos, locais ou qualquer outra coisa

que lhe mandem.

CONSIGLIERE – Conselheiro do Don.


Escrever Killer Viper foi uma experiência interessante,
para não dizer louca. A ideia do enredo veio em uma
noite em que já estava deitada para dormir, esses
personagens gritavam suas loucuras na minha mente e
empurraram todos os que estavam na frente deles na
fila e exigiram que fossem escritos.
No fim, Kyra e Ângelo vieram para me salvar de um
bloqueio literário e impedir que eu desse mais uma
longa pausa na escrita dos meus livros.
Enfim, espero que gostem e entrem na loucura violenta
desse casal. E quando digo que são loucos, levem ao
pé da letra.
Ao se casarem, eles assinaram um contrato de posse.
Ela é dele, e ele é dela!
Sem tempo para se conhecerem melhor, eles se tornam
uma dupla complementar sem esforço. O que importa é
o outro estar inteiro.
Mals, loucos, violentos, amantes.
Kyra e Ângelo se entrelaçam como duas cobras. Amor?
Isso não os interessa, apesar de surgir em algum
momento inoportuno apenas como uma declaração
simples.
O sangue os excita com mais facilidade, de uma forma
louca para aqueles que não entendem o mundo
sombrio em que vivem.
Eles são duas víboras, prontos pro ataque.
Kyra

A marcha nupcial tocou e o meu pai apertou seu braço no meu. A


ameaça estava sutil: não fuja! Por que iria fugir? Eu não tinha escolhas, não
pude ao menos escolher o meu noivo, mas sabia que ele é poderoso o
suficiente para manter um sorriso grandioso no rosto do meu pai.
Ângelo De Luca. Assassino cruel, mutilador, maníaco por facas,
atirador de elite... Red Hand. Cada um desses fazia parte dele.
Olhando-o daqui, parecia inofensivo, se não fosse pela arma exposta
no coldre do seu peito. O blazer aberto era de propósito. As mãos grandes e
tatuadas, com os dedos entrelaçados, sabia que são ágeis o suficiente, se ele
quisesse matar alguém aqui dentro, na casa de Deus.
Eu ri e seus olhos de poços negros com profundidade cativante se
estreitaram em mim. Tão irônico. Éramos todos pecadores na casa santa e
ninguém estava queimando. Mas devíamos.
Ele me recebeu em suas mãos e não olhou para o meu pai. Ângelo
retirou o véu de cima do meu rosto e no processo seus dedos acariciaram
minhas bochechas.
— Nah! — Exclamou, de repente. — Os ossos não são frágeis, irmão
— disse para o Don atrás dele —, teremos que usar mais força na execução.
Eu escutei o grito da minha mãe, o arquejo do meu pai, a respiração
interrompida de toda a igreja e a gargalhada dos amigos dele.
E eu, sorri feito uma louca.
Kyra
Bem, meu casamento não foi tão fracassado quanto achei. Ou o
meu, agora, marido não é babaca, espero. Ângelo está aparentemente bem
com isso, então vou agir assim também.
Ser a garota que foi escolhida pelo Don e negociada entre ele e o meu
pai para casar com o Underboss, me tornou a porra mais sortuda entre as
garotinhas mimadas e carentes do submundo do crime. Que sabor foi ver
cada uma me olhar com inveja e tentarem serem minhas amigas, somente
para ficarem próximas ao meu noivo.
Bom, para a má sorte delas, eu não sou idiota e nem ao menos tive um
encontro com ele antes de casar. Então, só podia e posso torcer que Ângelo
tenha um pau magnífico e me trate como a mulher que eu sou.
A festa estava rolando solta a nossa frente. Meus pais desfilavam com
pompa, segurando a mão do meu irmãozinho mais novo – eu tinha dó desse
menino, a pressão que irá recair para ele ter um lugar de destaque na nossa
sociedade. Havia pessoas que eu não conheço, mas que foram convidadas
para o meu casamento, o Don com sua esposa sentados em uma mesa,
cercados por seus soldados, as putas que irão fazer de tudo para tentar
roubar o meu marido desfilando pelo salão com seus vestidos minúsculo,
inclusive uma até veio de branco.
Patético.
Olhei de esguelha para Ângelo ao meu lado, ele olhava para frente
também. Graças ao céus esse homem é lindo pra porra! Ele é inteiramente
coberto por tatuagens, veste só ternos pretos – e não teve exceção hoje, dia
do nosso casamento, para o meu delírio –, uma barba rala, o nariz levemente
torto de anos de briga corpo a corpo, uma seriedade de dominador
avassaladora. Na sua mão ele balançava um copo com alguma bebida
alcoólica.
— O que é isso? — Perguntei.
— Vodca — e não olhou para mim.
Puta que pariu! Cada vez que ele abria a boca eu tinha um orgasmo,
porra de voz gostosa!
— Eu quero — puxei o copo da sua mão e ele soltou sem nem tentar
me impedir, pelo menos consegui fazer que sua cabeça virasse para mim.
— Você não deveria bancar a princesa indefesa? — Há! O homem já
estava entendendo com quem estava lidando. Virei toda a bebida de uma vez.
— É a festa do meu casamento, eu faço o que eu quiser — devolvi o
copo pra ele, ao mesmo momento que ele estendia um pedaço de limão para
mim. — Obrigada.
Um pequeno, minúsculo, quase imperceptível sorriso surgiu em seus
lábios que eu estava louca para experimentar, e tão logo foi embora.
— Senta no meu colo — meu marido segurou minha mão e me puxou, e
eu fui de bom grado. Suas pernas estavam abertas e eu me sentei bem acima
do seu pau.
Caralho! Eu estava me sentindo a merda de uma rainha! Era assim que
a esposa do Don se sentia?! Agora sei porque ela vive sorrindo para ele.
Como troquei o vestido de casamento para um mais curto, para a festa,
Ângelo tinha acesso total a parte da minha coxa. Ele pousou a mão lá e
apertou. Estava marcando território, não vou mentir que não gostei. Ele me
estendeu outro copo de vodca e eu peguei, olhei ao redor procurando pelo
olhar de alguém. Encontrei o de Madison, sorri bem filha da puta e bebi
tudo do copo. Vi seu maxilar contrair olhando para mim. Sentir o peito de
Ângelo balançar atrás de mim.
— Dizendo a quem eu pertenço, principessa? — De novo ele apertou
minha coxa e retirou o copo da minha mão.
— Com certeza — confirmei. — Eu espero qualquer coisa de você,
Ângelo, só não me traia com qualquer uma. Se algum dia — me virei para
ele —, você pensar nisso e o fizer, que seja com uma mulher foda e não
essas cadelas aproveitadoras.
Ele sorriu abertamente e eu me segurei para manter a minha pose. —
Com certeza — só disse isso. Eu o encarei por mais algum tempo depois me
virei para frente, novamente, mas senti sua respiração na minha orelha. —
Elas não valem meus brinquedos e quebrariam facilmente nas minhas mãos.
Não sei qual de nós dois foi mais sortudo, amore mio. Eu, por você ser a
porra da minha esposa, ou você, por me ter como marido — senti um
arrepio na minha nuca.
Deslizei meus dedos por sua mão toda tatuada. — Vamos descobrir, em
breve.
Ângelo acariciou minha cintura antes de beliscar. — E em breve, eu
quero sua pele pintada, também.
— Tatuagens? — Perguntei, excitada.
— Claro — confirmou. — Imagino que seja uma das suas vontades,
pelo jeito que está rebolando essa bunda gostosa no meu pau — eu parei
imediatamente, não tinha percebido o que estava fazendo. — Não pare, só
não deixe perceberem. Eu levo você para fazer, enquanto tivermos em Lua
de Mel, com uma condição.
— Qual? — Pressionei com mais força meu quadril para baixo, eu
queria sentir a sua ereção, ter uma resposta logo para o meu questionamento
sobre ele. Ângelo suspirou com força e apertou minha coxa.
— Quero que você tenha, pelo menos, uma tatuagem igual a minha e
serei eu quem vou escolher — seu polegar acariciou minha pele.
— Só isso? Então, okay — devagar parei meus movimentos, satisfeita
por sentir aquela grossura na minha bunda, bom, aparentemente ele é grande.
— Minhas tatuagens são grandes — comentou.
— Não me importo, sempre quis fechar meu braço inteiro — segurei
seu pulso. — Só não o fiz porque meu pai nunca quis que a filhinha dele
manchasse a pele perfeita, porque ele não iria conseguir um acordo fácil.
Ângelo, literalmente, rosnou nas minhas costas e eu mordi meu lábio
inferior. Não sabia que isso seria excitante.
— Não se surpreenda se algum dia a cabeça do seu pai estiver numa
bandeja enquanto o corpo dele esteja no chão — meu marido abraçou minha
cintura possessivamente. — Se quiser se encontrar com ele, não me leve
junto. Se ele vier até a nossa casa, me avise horas antes para não estar lá.
Você entendeu, Kyra?
— Hmmhum! — Assenti e movimentei minha bunda, pressionando seu
pau. — Agora, relaxe, não estou afim de ver sangue na festa do meu
casamento, querido.
Ele apenas suspirou pesadamente nas minhas costas, mas relaxou o
corpo.
— Eu vou relaxar quando o meu pau estiver enfiado dentro da sua
boceta — murmurou e eu gemi, contente.
[...]
Ângelo me deixou apenas para ter uma última conversa com o Don e o
Consigliere, ambos seus amigos de infância. Bem clichê. Já estávamos indo
para o aeroporto e eu me escondi dentro do carro, não queria falar com
ninguém. Aproveitei que estava sozinha ali, o motorista pelo lado de fora, e
os vidros do carro eram escuros, retirei meu sutiã e o guardei dentro da
minha nécessarie. Odiava usar isso, só servia para apertar os meus seios e
me deixar sufocada. Respirei feliz e joguei meus cabelos para frente, não
sabia se Ângelo iria criar caso quando percebesse então resolvi tampar os
bicos empinados de alguma forma.
A porta do carro abriu e meu homem sorridente, com o lábio
sangrando, entrou. Olhei para ele e ergui as sobrancelhas rapidamente –
porque se ficasse com elas estendidas por muito tempo iria parecer que
estava assustada.
— Presente de casamento — piscou o olho. Olhei para fora e vi um
dos seus amigos massageando os nós dos dedos.
Seguimos viagem em silêncio, apenas com ele acariciando minha
perna, enviando arrepios pelo meu corpo. Não tinha a mínima ideia de para
onde iríamos, mas sei que vou adorar.
Principalmente quando sentar com gosto no pau dele e o fazer de meu
trono.
Kyra

A viagem de avião foi extremamente cansativa e eu dormi a maior parte do


tempo, enquanto Ângelo fazia a minha guarda e se aproveitava dos meus seios
nus, na escuridão que o ambiente estava. Ele me fez deitar no seu colo e enfiou a
mão no decote do vestido e acariciou os bicos intumescidos.
— Pervertido — murmurei para ele, em algum momento.
— Só descobrindo o que me espera mais tarde, principessa — respondeu.
O calor de Paris me abraçou assim que pisamos fora do aeroporto. Ângelo
pôs seu óculos escuro no estilo aviador e conseguiu ficar mais gostoso ainda.
Como sou uma garota preparada, peguei o meu também. Fomos recebidos por
uma enxurrada de soldados nos escoltando para um carro, então percebi algo.
— Isso não é só a nossa Lua de Mel — comentei.
— Não — confirmou, abrindo a porta do passageiro da frente do carro para
mim. — Tenho alguns negócios para resolver aqui, então juntei o útil ao
agradável. Mas, não se preocupe, vou dar a devida atenção a minha mulher —
sorriu.
— Espero — puxei seu queixo para baixo e lhe dei selinho. Eu desconcertei
o homem. Sorri e entrei no carro.
Ângelo dirigindo é muito excitante. Todo esse homem é. Esfreguei minhas
coxas uma na outra e ele pegou isso, sorriu de lado, completamente convencido e
levou uma mão ao seu pau arrumando a ereção gritante ali. Eu estava quase
salivando para lamber ele, não que eu soubesse ou já tenha feito isso.
— Está com fome? — Perguntou. — Pergunto porque está na hora do
almoço aqui e depois disso pretendo deixar você indisponível para qualquer
outra atividade a tarde inteira.
Quase soltei um gemido, vendo-o apertar a mão no volante, deixando os nós
dos dedos brancos, enquanto falava. Se essas mãos forem tão pesadas e
habilidosos como imaginava... Senti minha boceta pulsar com a minha
imaginação inquieta.
— Você me alimenta depois — disse.
— Bom — sussurrou.
[...]
Passamos direto pela recepção, que imaginei já saberem quem meu marido
era e subimos para o nosso andar. Era o último, com uma vista maravilhosa da
Torre Eiffel e uma piscina de borda infinita. Era quase um apartamento inteiro.
Eu não tive muito tempo para explorar, já que meu homem estava com pressa.
Ângelo me abraçou por trás, apertando seu braço ao redor da minha cintura
e jogou meus cabelos claros para frente. Sua mão desceu da minha nuca até o
zíper do vestido e ele o puxou para baixo.
— Você é virgem? — Perguntou direto. Era uma pergunta retórica, na
verdade. Devíamos ser puras e praticar celibato até nos casarmos, deixando o
marido ter o prazer de retirar a virgindade.
Porra! Eu não vou mentir para ele.
— Não — senti seu corpo tencionar atrás de mim, e antes que ele pudesse
fazer qualquer movimento, emendei: — Eu mesma tirei a minha virgindade com
um pau de borracha, não daria esse gostinho para o meu futuro marido.
— Por quê? — Ele continuava parado, tenso.
— Porque meu pai disse, quando era adolescente, que me casaria com o
pior homem que ele encontrasse, fiquei com raiva e usei o dinheiro que ele me
dava para comprar o brinquedo — sorri. — Comprei o maior que eu vi e na
mesma noite enfiei aquele troço dentro de mim até que a dor parasse. Enfim, você
perdeu isso por causa do meu pai.
Ângelo beijou meu ombro direito e desceu o zíper até o fim. — Tire o
vestido e sente na cama para mim.
Ele estava mandando e fiz com agrado o que queria. Deixei o vestido
deslizar até o chão, ainda sentindo ele atrás de mim e caminhei para a cama,
apenas de calcinha de renda branca e com os saltos, também brancos. Assim que
me sentei, seus olhos varreram meu corpo, ele sorriu satisfeito com o que viu.
Aproximou, retirando o cinto da calça.
— Me dê suas mãos — ele estendeu a sua própria e eu pus as minhas sobre
a dele.
— Você é algum tipo de dominador de BDSM? — Perguntei.
— Não — enquanto me respondia, passava meus pulsos dentro de um nó no
cinto e amarra juntos. — Estou te mostrando que sou eu quem manda na cama,
você faz o que quiser fora dela e eu não questiono.
— Sério?
— Sério, amore mio. Com algumas exceções, é claro — seu dedo levantou
meu queixo e ele olhou profundamente nos meus olhos, os seus eram escuros,
negros. — Você é a porra da minha mulher, eu deveria construir um trono para
você.
— Você nem me conhece direito — comentei. — Você pode me odiar.
— Eu reconheço jogadores e mulheres que nasceram para mandar, ao invés
de obedecer. Você é uma dessas — sorriu de lado. — Agora, deite-se.
Com os pulsos amarrados sobre minha barriga, deitei na cama, mas meus
olhos continuavam nele. — Como tem certeza, Ângelo?
— Não preciso ter — ele se ajoelhou no chão e pegou um dos meus pés,
retirando o salto delicadamente. — Mas, como insisti — beijou o peito do meu
pé — quando me falaram quem seria a minha noiva e a mulher que eu levaria ao
altar — repetiu o mesmo processo com o meu outro pé —, fui atrás de saber com
quem eu lidaria — levantou e deslizou suas mãos das minhas coxas ao meu
quadril, onde estava as laterais da calcinha. — Qual não foi a minha surpresa ao
ver que você é uma pequena delinquente desde seus dez anos, principessa? —
Beijou acima do meu umbigo e lambeu até encontrar a barra da renda. — Levante
o quadril para mim.
Minha respiração estava acelerada, meus bicos dos seios doendo por
atenção e meus olhos lagrimejavam de ansiedade. Soltei o ar pela boca e estalei
a língua. Ergui meu quadril para que ele pudesse retirar a minha calcinha. Assim
que ela, minúscula, estava nas suas mãos, Ângelo cheirou com os olhos em mim e
lambeu a parte molhada da minha excitação.
— Hm... Gostosa, melhor do que imaginei — murmurou.
Puta que pariu! Esse homem me mata de tesão. Esfreguei minhas coxas e
arqueei minhas costas. Ele sorriu pegando isso.
— Está com pressa... Desculpa, amor, eu preciso preparar você antes — de
novo ele se ajoelhou, pegou meus tornozelos e colocou em seus ombros. É agora
que eu morro feliz? — Enquanto eu te chupo, me conte suas aventuras criminosas,
minha pequena delinquente.
Seus lábios acariciam minhas coxas junto com seus dedos, gemi com sua
respiração batendo hora ou outra na minha excitação.
— Não tenho muito o que contar — suspirei caçando seus cabelos com as
minhas mãos presas e gemi quando ele beijou a testa da minha boceta
empurrando a carne para baixo. — Odiava ficar... — gemi. — Ficar presa dentro
de casa — ergui minha cabeça e encontrei seus olhos negros me observando —,
não tinha irmãos e via os meninos brincarem na rua — gemi mais alto, quando ele
lambeu meus lábios por cima, pressionando um pouco sobre meu clitóris. —
Eram mais velhos — ofeguei e voltei a deitar minha cabeça. Senhor, que
tentação! — Então me levaram para o mal caminho.
— Só você foi pega pela polícia — comentou e lambeu minha entrada,
encharcada. Gemi.
— Justamente por ser mais nova — e quase desfaleci quando Ângelo
abocanhou meu clitóris, que clamava por sua atenção. Agarrei seus cabelos e
pressionei contra minha boceta. — Porra! — E ele riu.
— Continue, principessa — pediu. Ângelo chupou dois dos seus próprios
dedos e os enfiou devagar dentro de mim. Seus dedos são grossos, calejados, e
ele usa anéis diversos. Ao sentir o metal frio de um deles na minha entrada que
pega fogo juntando a sua língua que golpeia meu clitóris, fui incapaz de segurar
meu grito de prazer. — Continue, Kyra.
Rebolei meu quadril, acompanhando seus movimentos e gemi frustrada. Eu
não queria conversar, eu só queria gemer e resmungar o quanto estava gostando
daquilo.
— Ângelo... — chamei seu nome.
— Continue contando, ou eu paro aqui embaixo — ameaçou. — E mesmo
que você se masturbe, não será igual a mim.
Fechei meus olhos e acariciei seus cabelos. — Aqueles meninos só me
usavam para roubar o que eles queriam, quando percebi já tinha aprendido muita
coisa e já estava presa — suspirei sentindo seus dedos massageando dentro de
mim e apertei minhas coxas na cabeça dele. — Então, decidi ser minha própria
chefe do crime — gemi e deslizei minhas mãos até seus olhos. — Meu pai pagou
muitas fianças e eu apanhei muito, mas nunca parei de o irritar.
Ângelo beijou meus dedos mas logo voltou a lamber meu clitóris, enquanto
eu acariciava sua testa, olhos e cabelo. Ele não pediu que continuasse falando, só
me deixou gemer e balbuciar o quanto estava gostoso. Ele não parou até que eu
gozasse, me lambeu até não restar nada do meu gozo para fora. Ele se levantou e
chupou seus dedos que estavam dentro de mim.
Não disse uma palavra sequer e se afastou. Imaginei que fosse me deixar
ali, humilhada e mostrar quem era de verdade. Sim, eu ainda tinha inseguranças
contra ele, eu o conhecia a menos de quarenta e oito horas! Mas, não. Ângelo
tirou sua roupa e voltou só com a gravata enrolada na mão.
— Kyra, eu quero que você me diga se eu sou tão grande quanto o seu pau
de borracha — ele se encaixou entre minha pernas e puxou meus pulsos até que
eu me sentasse. — Olhe para mim e me diga.
Meus olhos estavam nos seus, ele estava sério, não mais divertido como
antes. Quando demorei para olhar, ele suavizou a expressão e levantou a mão
para acariciar minha bochecha.
— Olhe, amore mio — sussurrou. Lentamente abaixei meu olhar, passando
por seu pescoço, peito, abdômen, quadris, o triângulo... Tudo coberto de tatuagem
enormes, algumas era pequenas, mas misturavam-se com as outras e faziam um
conjunto. Tomei coragem e abaixei mais o meu olhar. Suspirei. — Eu sou, Kyra?
Ele estava duro, completamente. A cabeça brilhava lubrificada com seu
pré-gozo, as veias saltadas, o comprimento perfeito, assim como sua grossura. Eu
podia ter tido só um dentro de mim, com um tamanho absurdo para uma garota
virgem como eu, mas olhando para o de Ângelo sabia que caberia perfeitamente
dentro de mim, sem me machucar como eu mesma fiz comigo.
— Não — respondi, baixo, e voltei meu olhar para ele.
Ângelo abaixou o seu tronco e segurou meu queixo com sua mão. — Este é
o único tamanho que deve entrar em você sem te machucar e não vamos discutir a
elasticidade de uma boceta. Entendeu? — Assenti e ele sorriu. — Essa é a minha
garota!
Ângelo

Acariciei os cabelos dela, enquanto descansava no meu peito. Meus olhos


vagaram seu corpo, pegando as marcas que ficou do espancamento do seu pai e
me lembrei as cicatrizes claras que senti nas minhas mãos. Kyra não via isso com
más olhos, mas eu... Sorri com raiva. Eu odiava aquele velho!
Eu estava de olho nela há muito tempo, meus amigos perceberam e a me
ofereceram. Eu tinha uma síndrome de cachorro ciumento todas as vezes que a
via. Lutei contra mim mesmo para não a roubar e levar para o longe possível e só
levá-la para casa quando confiasse em mim e se tornasse a minha mulher. Que
sorte a minha por não ter feito isso e a ter aqui comigo, do mesmo jeito que
imaginei por meses.
Não fiquei surpreso quando o maníaco do pai dela fez um acordo com o
meu Don e a ofereceu. Só não soquei a cara dele, naquele dia, por mais que
estive acostumado com esse costume ao meu redor, porque o único solteiro entre
meus amigos era eu. Não que ele soubesse, ou precisa.
Kyra é a minha garota e minha mulher agora. E vou ensiná-la a por a porra
da sua rainha para fora, o trono ela já tem, que é o meu pau e o meu colo. Mas
primeiro, vou pintar esse corpo perfeito e torná-la meu par.
Quero Paris se curvando para a minha principessa, antes de voltarmos para
Nova York. Meu pau fica dura só de imaginar isso.
[...]
— Então, para onde vamos está noite? — Perguntou, sentada confortável no
meu colo, enquanto comia croissant e olhava a Torre Eiffel.
— Para um baile — afastei seus cabelos para frente do ombro e alisei suas
costas. Como ficaria uma víbora tatuada aqui? — Encontrar possíveis sócios.
— E como devo me vestir? — Quis saber.
— Eu preferia que você não vestisse nada e ficássemos aqui — beijei no
meio de seus ombros e a senti rir. — Mas, vista algo preto.
— Para combinar com seus, sempre, ternos pretos — ela não estava
zombando, sabia que ficava excitada em me ver vestido com eles.
— Com certeza — estapeei sua bunda e ela gemeu, fazendo meu pau vibrar
embaixo dela. Logo subi minha mão para a sua coxa e apertei a parte interna. —
Vou te dar um coldre para carregar minhas armas aqui.
— Suas armas? Eu não posso ter as minhas? — Resmungou.
— As minhas são suas, principessa — subi mais ainda a minha mão e
agarrei sua boceta nua, um longo gemido saiu da sua garganta. — Agora vá se
arrumar.

◇•◇•◇

Kyra

Não vou mentir. Estava gostoso pra caralho ficar com Ângelo. O nosso
sexo foi alucinante, quente, voraz, arrepiante e perdi as contas de quantas vezes
gozei nos seus braços. Estava apaixonada pelo pau dele. Sai do seu colo e fui até
o pequeno closet que guardava nossas malas ainda não desfeitas, e pelo pouco
tempo que ficaríamos aqui – uma semana –, acho que não iríamos desfazer.
Busquei pela mala maior e a deitei no chão.
Eu não sabia para onde iria passar a Lua de Mel, mas me preparei para
qualquer evento que imaginei que o Underboss iria. Retirei um vestido lindo,
envolto em um saco protetor, da mala. O pendurei em um cabide e admirei. Ele é
inteiramente preto, com brilhos que parecem estrelas no céu noturno, o decote
entre os seios é profundo até um pouco acima do meu umbigo, na lateral das
minhas pernas há um rasgo e as minhas costas fica completamente nua. Sorri,
como Ângelo iria por o coldre na minha coxa eu não fazia ideia.
Me virei para trás e procurei um salto também preto para usar. Não peguei
sutiã, porque o vestido era para ser usado sem, mas peguei uma calcinha
imaginando algo para Ângelo mais tarde. Peguei a minha nécessarie e segui para
o banheiro, antes de entrar vi ele conversando com alguém no telefone.
Por mais que gostasse do cheiro dele em mim, entrei debaixo do chuveiro,
tomando cuidado para não molhar o cabelo. Quando fui pegar o sabonete, uma
mão enorme e tatuada se adiantou. O corpo de Ângelo estava colado ao meu e sua
ereção empurrava minha bunda.
— Mãos na parede, amor, e abra as pernas — obedeci, a água caindo nas
minhas costas. Enquanto uma mão com o sabonete acaricia parte do meu corpo, a
outra desce para o meio das minhas pernas e balança meu clitóris. — Está
dolorida, principessa?
— Não — gemi.
— Bom — murmurou.
Senti a cabeça do seu pau cutucar a minha entrada, mas ele ainda
estimulava meu clitóris. Sua outra mão, com o sabonete, chegou aos meus seios e
ele beliscou, me arrancando outro gemido.
— Quer gozar com a minha mão ou meu pau? — Perguntou, mordiscando o
lóbulo da minha orelha.
— Seu pau — gemi.
Ele riu e beijou meu ombro. — Você gostou dele, não é? — Ele balançou a
ponta na minha entrada então empurrou para dentro. Mordi meu lábio inferior e
gemi, com ele. Sua mão acariciou minha bunda e suspirou. — Me aperte, amor.
— Eu estou apaixonada nele — ondulei meus quadris e levei um tapa na
bunda. — Aí!
Ângelo passou um braço na minha cintura e me segurou no lugar, ele
começou a bombear e eu já me sentia fraca. Usei uma mão para segurar o seu
braço e apertei. Ele acariciou minhas costas, passando o polegar na minha
espinha.
— Você vai tatuar uma víbora aqui — comentou. — Igual a minha.
— Igual a sua — confirmei, ofegante.
Ele aumentou seus movimentos até que eu estivesse gritando e o sugando
com força.
— Ângelo — choraminguei sofrida.
— Venha, principessa, goza pra mim — gemi ainda mais quando ele voltou
a tocar no meu clitóris.
[...]
Ângelo estava sentado na cama, me esperando. Mordi meu lábio inferior,
não me preocupando se o batom iria sair, e me olhei no espelho de corpo inteiro.
Olhando para decotes do meu vestido lamentei por não ter nenhuma tatuagem para
mostrar. Conferi minha maquiagem pesada, especialmente para essa noite e
peguei meu batom e o celular, não iria levar bolsa então meu marido teria que
levar.
Tomando coragem sai do closet e parei. Ângelo estava com as pernas
abertas e os cotovelos apoiados nos joelhos, seu olhar estava baixo, mas ele
subiu lentamente por todo o meu corpo, assim que parou nos meus olhos ele
soltou um gemido gutural. Eu pisquei e ele estava parado na minha frente, com as
mãos segurando meu rosto.
— Se eu te beijar agora, seu batom sai? — Perguntou ansioso. Fiquei
tentada a torturá-lo, mas balancei minha cabeça sorrindo. — Ótimo — sua boca
veio a minha sedenta, sua língua dançou na minha boca e contrariado, gemendo
em frustração, se afastou. — Vamos logo ou eu vou te jogar nessa cama e te foder
até o dia amanhecer.
— Eu não reclamaria — provoquei e de novo ele gemeu frustrado.
— Porra! Vamos.
[...]
O baile era numa mansão no clássico estilo europeu, uma música clássica
lenta e suave estava tocando e garçons desfilavam com bandejas nas mãos.
Tipicamente uma festa do submundo, mas quem era de fora não perceberia as
pequenas diferenças gritantes, para mim. Ângelo abraçou minha cintura e me
segurou ao seu lado, era hora de agir como esposa troféu.
— Queria beber algo mais forte do que champanhe — resmunguei.
— Paciência, principessa, paciência — beijou meu ombro nu. — Quando
voltarmos para o hotel, você se embebeda o quanto quiser.
Suspirei realmente chateada. Circulamos pelo salão, hora ou outra parando
para falar com possíveis sócios. Ver Ângelo no seu modo sério e poderoso me
deixou extremamente excitada e pedi licença para ir ao banheiro, estava na hora
da surpresinha dele.
Ao entrar no banheiro, esbarrei sem querer em outra mulher.
— Desculpa — pedi. Meu olhar encontrou o dela. A mulher é linda! Com
os cabelos escuros, olhos intensos castanhos e uma pele maravilhosa também
escura, ela usa um vestido vermelho, com decotes que fazia parecer que ele
tampava apenas suas partes íntimas. Eu entendi isso como poder, ela grita essa
palavra.
— Não tem problema, querida — ela segurou meus ombros e eu percebi o
sotaque italiano, no seu inglês britânico perfeito. — Está bêbada?
— Oh, não, não — sorri. — Me embolei nos meus saltos, estou ansiosa.
— Com um homem daqueles ao seu lado, também estaria ansiosa — piscou
um olho. E antes que pudesse sentir ciúmes, ela ergueu a mão esquerda e jogou o
cabelo para trás, então vi a aliança de ouro branco gritante ali. — Ele é o quê?
Acho que tem muita pompa para ser apenas um Capitão, ou um Consigliere.
Eu não deveria abrir a minha boca, mas o fiz. — Underboss — respondi.
— Ah! — Exclamou. — Que interessante.
— Hã... — Fugi do seu olhar e me afastei. — Eu tenho que ir, com licença.
— Oh, meu Deus! — Alguém exclamou atrás de mim e eu me virei para
encontrar uma mulher loira estonteante. — Laisla Valentini! Que honra recebê-la
na minha casa! Onde está o seu marido, não o vi lá fora?
Voltei meu olhar para a Laisla, sua expressão mudou para uma mais séria e
tive dó da outra que estava recebendo seu olhar assassino. Vagamente me lembrei
de já ter ouvido seu nome pelo meu círculo.
Antiga Laisla Romano, casada com um dos Dons mais poderosos da Itália e
matou o próprio pai, ela é a Underboss do marido, mas já ouvi dizerem que é ela
quem realmente comanda aquilo tudo. Hoje, ela atua como Laisla Valentini,
igualmente poderosa e fatal. E eu não deveria está perto dela!
Porque o meu Don é inimigo declarado de Nicolas Gianfranco Valentini.
Não prestei atenção na resposta dela, mas vi a loira sair quase chorando do
banheiro. Me afastei devagar e fui para a pia, eu quem não queria estar no
caminho dela. Ouvi sua risada.
— Não se preocupe — ficou ao meu lado. — Eu e o meu marido estamos
de folga — sorriu. — Não que isso impeça ele de sair matando por aí, mas... —
suspirou. — Eu sei reconhecer mulheres como eu, você é uma delas
— Hã... Obrigada — eu queria fugir para longe.
— Quer um conselho? — Ela continuou mesmo sem que eu respondesse. —
Seja a porra da rainha do jogo, nada de princesa ou qualquer merda do tipo. E
não deixe que aquela mulher se aproxime do seu marido.
— Que mu...
— Eu tenho que ir — me interrompeu —, meu marido está esperando e ele
costuma ser impaciente — revira os olhos. — Fui um prazer conhecê-la...
— Kyra — eu não daria o meu sobrenome. Laisla assentiu e saiu, sem mais
nem menos.
Ofeguei. Essa foi a conversa mais aleatória da minha vida. Me olhei no
espelho. Qual mulher ela estava falando?! Deus! Laisla Valentini é capaz da
matar sem ao menos usar alguma arma.
Isso não importa agora.
Fechei meus olhos e me concentrei no meu marido, Ângelo, naquelas mãos
enormes e tatuadas, seus gemidos roucos e a voz mais gostosa que já ouvi.
Suspirei. Era pra ele o que vim fazer aqui. Entrei em uma das cabines e me
masturbei, reprimindo meus gemidos, imaginando os dedos dele ali e me
certifiquei de gozar duas vezes para deixar a minha calcinha bem molhada.
Fiquei mais alguns minutos sentada no vaso, esperando minhas pernas
voltarem ao normal. Fiz um bolinho discreto com a calcinha na mão e arrumei
meu vestido. Me certifiquei que meu vestido estava arrumado, observei meu rosto
corado e sorri para mim mesma.
Vamos lá.
Voltei para os braços de Ângelo e ele me agarrou possessivamente. — Você
demorou — resmungou.
— Estive ocupada, depois a gente conversa melhor — olhei para os seus
olhos e rastejei minhas mãos dentro do seu blazer e procurei o bolso interno,
quando achei enfiei a calcinha ali.
— O que é isso?
— Minha calcinha molhada com os meus orgasmos, para você — sussurrei.
Vi seus olhos brilharem com a luxúria.
— No plural? — Sua voz estava extremamente rouca e seus dedos
apertaram minha cintura. Eu assenti e mostrei dois dedos para ele, Ângelo os
lambeu, não se importando com as pessoas ao redor e gemeu. — Não se atreva a
sair do meu lado, a partir de agora!
— Não saio — sorri.
Kyra
A verdade é que eu saí do lado dele. Não sabia, mas aquele poderia
ser meu primeiro deslize em relação a Ângelo. Fui atrás de um garçom,
procurando por vinho seco ou qualquer bebida que tivesse muito álcool e
deixei meu marido sozinho.
Quando voltei, ele estava do mesmo jeito, mas com as mãos trêmulas.
Ao colocar minha mão no seu peito senti seu coração acelerado como se
tivesse corrido muito.
— Você está bem? — Perguntei, segurando-o pela lapela esquerda do
terno.
— Não — eu não ouvi sua voz, mas vi seu lábios mexerem. — Eu
preciso sentar.
Ângelo estava péssimo. Retirei o copo da mão dele e pus na mesa ao
lado, mas antes passei um dedo dentro e o esfreguei contra o meu polegar.
Meu marido foi drogado.
Merda!
Fiz o meu melhor para levá-lo para qualquer canto que tivesse uma
porta e fazer parecer que ele estava bem. Sentia olhares sarcásticos sobre
nós. Ninguém aqui parecia se importar conosco – não que eu já não
esperasse por isso –, e sabiam o que estava ocorrendo com Ângelo.
Onde caralhos estávamos?!
O puxei para um minúsculo banheiro e tratei de retirar sua gravata e
abrir sua camisa, soltei seu cinto.
— Ângelo? — Chamei.
— Eu preciso de água — murmurou.
Eu não sabia se isso era o certo, mas dei água a ele. Joguei todo o meu
vinho fora e enchi a taça na pia. Ângelo agarrou o meu pulso e bebeu tão
ávido que molhou sua camisa.
— Isso vai me ajudar a me manter sóbrio — sussurrou se apoiando nos
meus ombros. E eu duvidava que a água ajudasse. — Mas você vai ter que
nos levar de volta.
Assenti, sem questionar ou dizer nada. Eu precisava tirar o meu marido
daqui. O arrumei de volta, mas a gravata dobrei e guardei no bolso interno
do terno. Eu tinha a falsa sensação que isso o sufocaria. Meus dedos tocaram
um celular e eu procurei por outro, o dele não estava aqui.
Suspirei. Okay. Isso estava como em filmes, mas que era a minha
realidade, desde que eu nasci.
— Ângelo, me abrace — ele veio sem questionar e quase derrubou seu
peso todo em mim. — Relaxa, grandão, eu vou te levar para a cama.
— Queria que isso fosse no bom sentido — murmurou.
Parecendo bêbados ou não, eu puxei para fora e andei aquele salão
inteiro nas escuras, parando em poucos momentos para falar com alguém, ou
melhor, para Ângelo falar com alguém. Ele se esforçou muito para manter
sua voz o mais normal possível, mas o mais atentos percebiam algo e
eventualmente o julgavam pelo olhar.
Era agonizante aquela espera. Parecia que havia um relógio na minha
cabeça, gritando seu tic tac. Quando finalmente o puxei para fora, estava
chovendo muito, e eu torcia que não tivessem colocado uma bomba no carro,
mesmo porque mataria o manobrista.
Ele nos entregou o carro e consegui colocar Ângelo no banco do
passageiro, eu dei a volta e me sentei no do motorista. Okay. Hora de dirigir
essa máquina do meu marido.
— Deliziosa — murmurava em italiano e sua mão veio para minha
coxa. — Se eu morresse agora, estaria feliz.
Estalei minha língua. — Fica quietinho, Ângelo, e só me guie de volta.
— Com prazer — sussurrou fracamente.
[...]
Mais tarde, Ângelo dormia pesadamente na cama. Eu, na borda da
piscina, chutando a água, roía minhas unhas ansiosa. Passando cada momento
do baile detalhadamente na minha cabeça. Eu queria perguntar quem esteve
próximo ao meu marido quando saí do seu lado, naqueles míseros dois
minutos, mas Ângelo estava cansado demais para responder.
Ótimo. No primeiro dia da minha Lua de Mel, já tinha meu marido
drogado na cama. Quem dera fosse só uma encenação dele.
Olhei para a Torre Eiffel, lá no fundo, brilhando na noite de Paris e me
lembrei de Laisla Romano. De quem ela estava falando, qual mulher ela me
aconselhou a não deixar chegar perto de Ângelo? Era coisa demais para a
minha cabeça. Eu não sou adivinha!
— Kyra? — o ouvi me chamar e me levantei rapidamente.
Ângelo estava deitado, completamente nu, apenas com a coberta sobre
ele. Foi bem trabalhoso retirar sua roupa enquanto dormia.
— Kyra — estendeu a mão para mim e eu a peguei, me sentando na
beira da cama. — Você está bem?
Me admira ele quase morrendo drogado e perguntar se eu estou bem.
Sorri um pouco.
— Eu estou, mas e você? — Passei minha mão nos seus cabelos lisos e
pretos, eles são tão macios ao toque e tão lindos em Ângelo.
— Vou ficar, já estou acostumado com isso — eu não vou questionar
isso, mas ergui rapidamente minhas sobrancelhas. — Me preocupo com
você.
— Por quê? — Acariciei sua barba rala e ele fechou os olhos.
— Eu não posso te proteger estando nesse estado. Sozinho, eu me viro,
mas agora tenho você, principessa — ele estava grogue, completamente.
Sorri e me abaixei para beijar seus lábios, isso o fez despertar de novo e
quase me fez rir.
— Não se preocupe comigo, aprendi muita coisa enquanto passeava
pelos corredores da prisão e com os meninos — desci minha mão para o seu
peito, seu coração já estava mais calmo. — Não se preocupe, se tivessem
matado você, eu teria matado todo mundo naquela merda de salão.
— Essa é a minha garota — sorriu fracamente.
— Agora volte a dormir, grandão — dei dois tapinhas no seu peito.

◇•◇•◇

Ângelo
Kyra estava sentada ao meu lado, penteando seus cabelos lindos. Eu
ainda estava na cama, deitado, apreciando a bela visão dos seus seios e
morrendo de saudade de tocá-los. Suspirei. Eu não tinha mínima ideia de
quem poderia ter pago aquela garota para me drogar e me matar. Se eu não
tivesse sido esperto o bastante para entender o que estava acontecendo...
Mas mesmo assim fui pego de surpresa com a droga na bebida e o roubo do
meu celular, por sorte não havia nada de importante nele.
Me ergui e aqueles olhos claros me acompanharam. Pisquei e segui
para o banheiro. Minha mulher não precisa ver a minha derrota, não ela,
preciso ficar em pé para defender Kyra. Tomei banho e saí enrolado na
toalha, ela já estava vestida com uma roupa casual e veio direto para os
meus braços. Não vou negar que estava adorando tê-la entre eles, me
apertando e beijando o meu peito.
Era originalmente estranho, na verdade, nós mal nos conhecíamos.
Mas, estávamos casados e ela é a minha garota, agora, é o que importa!
— Você está bem? — Perguntou, com a voz abafada no meu peito.
— Não cem por cento — beijei sua testa. A puxei para sentar no meu
colo na cama e mordisquei seu pescoço. — Mas estou bem.
E eu estava louco para jogar com ela, sentia meu peito clamando e
queimando por isso. Meu lado sombrio se esgueirando pelas sombras do
meu ser, querendo saber se a minha mulher era tão forte como parecia.
— Ou! — Sorriu travessa. — Então não precisa ser mimado mais?
— Ah, não! — Me joguei para trás e fingi um gemido. — Não, eu não
estou nada bem. Estou com muita dor aqui — apontei minha virilha, onde ela
estava sentada. — Acho que preciso de uma massagem, com muita
lubrificação.
— Hm... Então acho que é o meu dever como esposa massagear o meu
marido — Kyra saiu do meu colo e abriu minha toalha, seu olhar sempre em
mim. Fiquei surpreso.
Eu estava duro e suas duas mãos o apertaram, gemi levando minha mão
ao seu cabelo, o enrolei no meu pulso. Eu não iria a forçar, deixaria fazer
como quisesse, sabia que era sua primeira vez fazendo um boquete. Sua
língua deslizou pela cabeça do meu pau e grunhi, me esforçando para não
puxar o seu cabelo e fazê-la engolir tudo de uma vez. Kyra beijou e apertou a
base antes de subir e descer lentamente.
— Oh, porra! — Gemi. Abri minhas pernas e deitei minha cabeça no
meu braço livre. — Amor, morde a cabeça — pedi.
— Morder? — Seus olhos curiosos vieram até mim. Assenti.
— Eu gosto, mas faça de leve — auxiliei.
Ela estava com medo e receosa, mas acatou o meu pedido. E quando o
fez gemi longamente apertando seu cabelo na minha mão. Isso fez com que
ela tomasse coragem e aventurar-se nas suas caricias. Cada gemido que
soltava, ela me torturava, me apertando e lambendo a cabeça do meu pau.
Kyra se ergueu de repente e veio para cima de mim, suspirei frustrado.
— Eu não vou engolir você — mordeu seu lábio inferior molhado, sua
boca estava inchada. Ergui uma sobrancelha. — Ainda. Eu não sei fazer isso,
Ângelo.
— A prática leva a perfeição, amor — levei um dedo ao decote da sua
blusa e puxei para baixo. — Depois praticamos — pisquei.
Eu não iria forçar a minha garota, como disse antes, e eu estava com
saudades daqueles seios balançando na minha cara enquanto sua boceta me
aperta no seu calor úmido.
[...]
A observando enrolada nas cobertas, abraçada ao seu travesseiro
suspirando feliz, eu tinha certeza que deveria agir. Toquei o metal frio da
arma sobre a mesa, meus olhos ainda em Kyra. Ainda sentia os efeitos da
droga no meu organismo, mas isso era pra ela. Eu tinha quem cuidar agora e
não podia deixar que nada chegasse a ela, minha esposa era importante
demais, especial demais.
Adorada.
Eu sairia agora e voltaria para ela pela manhã. Eu só tinha que achar,
tirar informações e matar aquela vadia! Eu não costumava tocar um dedo em
mulheres, por honra – por mais suja que seja –, mas abriria uma exceção.
Seria um trabalho fácil.
Afinal, cobras também são noturnas. E eu sou uma víbora.
Kyra

Estiquei a mão, a cama estava vazia. Rolei até me levantar e olhei pelo
quarto.
— Ângelo? — Chamei.
O nada me respondeu.
Desci da cama e rondei o quarto, nada dele. Nem no banheiro, nem no
closet – e fiquei bastante aliviada quando vi suas malas ainda ali –, nem em
qualquer lugar. Peguei o meu celular e eram quase onze da manhã, ele não
poderia ter ido lá embaixo buscar café da manhã para nós, mas um almoço sim.
Tomei banho, lavando lentamente meus cabelos, esperando e ansiando que
suas mãos aparecessem na minha frente e ele me abraçasse. Não aconteceu. Onde
ele estava?!
Ângelo não poderia ter ido embora! Ele não deixaria suas malas cheias para
trás, deixaria? Conferi o interior de cada uma, só para encontrar seus ternos caros
e elegantes, sempre pretos, perfeitamente dobrados e embalados. Suspirei de
alívio mais uma vez.
A hora ia passando e cada vez mais ficava ansiosa. Esperava que esse
sumiço fosse apenas parte de uma surpresa extraordinária que ele estivesse
preparando. Desabei na cama. Quem eu quero enganar? Ângelo é a porra de
mafioso cruel, mesmo que gostasse de mim não fazia parte do seu feitio agradar a
esposa com surpresas românticas e cheias de fru-fru. O máximo que ele faria
seria me fazer gozar mais de dez vezes, me deixar fraca quase ao ponto de
desmaiar de prazer. Isso era ele, isso é ele.
Ângelo não se preocupa se quero flores, bombons, declarações ou qualquer
merda do tipo, ele não tem paciência pra isso, ele é prático: goste ou não, eu sou
a porra do seu marido e não mudarei minha personalidade por causa de uma
boceta!
Não que ele tivesse dito nada disso, eu apenas conclui esse pensamento.
Não que eu me importasse, nunca me importei. Cresci entre meninos, garotos e
homens insensíveis, egoístas e com egos do tamanho do mundo. Já estava
vacinada. Ângelo era igual a qualquer um deles, a diferença é que seguiu a
principal regra sobre suas esposas, com honra e sem medo. Eles não podem nos
machucar, matar ou desamparar.
Uma vez casado, só a morte poderia separar.
Vi homens serem metralhados ao ar livre na luz do dia, por terem matado ou
machucado suas esposas. Mas isso não fazia que nós sentíssemos menos
oprimidas. As que queriam mostrar ter um poder absoluto e confiança para andar
entre eles, deveria ter força e garra para aguentar qualquer provocação deles.
A última mulher que conseguiu, foi a mãe do meu Don.
Meu celular tocou na minha mão e eu me levantei. Era o número de Ângelo
ali, mas eu me lembrava que ele havia perdido o seu celular. Engoli a saliva a
atendi.
— Alô? — Murmurei.
— Amor... — prendi a minha respiração, era Ângelo. Mas sua voz estava
carregada com dor e eu ouvia sua respiração pesada.
— Ângelo? — Sussurrei.
— Principessa, me escute — ele respirou com dificuldade —, eu preciso
que você encontre algo para mim.
— O quê? Ângelo, onde você está? Você está sumido o dia inteiro! — Eu
estava desesperada, ainda mais por saber que ele estava machucado sabe-se lá
onde nessa merda de cidade!
— Kyra! — Sua voz soou alta e logo veio um gemido de dor, já sentia meus
olhos queimarem com as lágrimas não derramadas. — Me escute, meu amor —
suspirou —, pegue aquela bolsa pequena que eu trouxe comigo, lá você vai
encontrar um notebook, pegue ele e o leve até abaixo da Torre Eiffel.
— Ângelo... — chamei.
— Kyra, por favor! — A voz dele ficou distante.
— Você ouviu, princesinha nova-iorquina, leve o notebook até lá e terá
seu marido vivo — desligou.
Olhei para o celular na minha mão. A voz era de uma mulher, não alguém
que já tivesse ouvido, mas era horripilante e tinha poder. Ou eu estava muito
assustada com tudo isso.
O que era isso? Ângelo foi sequestrado e eu tinha salvá-lo. Minha mão
tremia e eu a levei a minha boca. Eu tinha que... Eu tinha...
Me sentei na cama, desacreditada. Nunca estive numa situação real de
sequestro e a vida de uma pessoa nas minhas mãos. Me sentia uma garotinha
perdida. Funguei. Não podia deixar Ângelo sozinho nisso, essa foi uma das
nossas promessas diante o altar.
Se ele cair, eu cairia junto. Éramos um par, uma única alma no submundo.
[...]
Eu dirigi até lá, me perdi algumas vezes. Meu peito palpitando forte e o
metal frio do notebook nas minhas coxas. Alguns soldados me acompanharam,
fazendo escoltas com seus carros pretos, mas em algum momento eu os perdi de
vista.
Corruptos. Todos comprados. Antes de voltar para casa com Ângelo, faria
eles queimarem. Um por um.
Estacionei o carro e caminhei até a grama que cerca a Torre. Olhei ao meu
redor, com medo, mas sentindo as armas extras do meu marido tocando a minha
pele. Um perfume azedo adentrou o meu nariz e eu me virei, havia um homem
sorrindo asqueroso vestindo um terno amassado.
— Ah, princesinha nova-iorquina! — Abriu os braços. — Finalmente nos
encontramos — mordeu seu lábio inferior e eu arquejei de nojo me afastando
alguns passos, mas trombei em outro alguém. — Faremos um passeio delicioso.
Acho que aquele idiota do De Luca não te mostrou as melhores partes de Paris.
— Onde está o meu marido?! — Exigi.
— Marido? — Gargalhou. — Marido? Que hilário! — O homem se
aproximou de mim, muito próximo. Rosnei e tentei me afastar, mas o outro atrás
de mim me agarrou, ele era grande e muito músculo. Me sentia um mosquito. — A
primeira coisa que irei fazer é levar você pra Itália e casá-la com um homem de
verdade.
— Imagino que não seja você — cuspi no seu rosto, enquanto me debatia e
tomava cuidado para deixar o notebook cair das minhas mãos.
— Cuidado com a boca, menina — advertiu e desceu seus olhos pelo meu
corpo, sorrindo com luxúria. Me sentia um objeto sendo observando numa vitrine.
— Você deve ter uma boceta gostosa para ele se arriscar tanto — riu. — Ou
talvez, você não valha nada e ele queira se livrar de você, apenas para casar com
alguma mulher de verdade, submissa e que atenda aos seus requisitos.
Eu não iria deixar ele encher minha mente com dúvidas. Chutei sua barriga
e dei uma cotovelada no outro. Cai no chão e não tive muito tempo para pensar
em fugir, porque agarraram meu cabelo e chutaram minha boca. Senti o sangue
escorrer por meus lábios e um dor latejante na minha cabeça. Tudo ao meu redor
zumbia e estava embaçado.
— Vamos pegar a garota e levar embora — alguém dizia —, tem pessoas
demais ao redor.
Meus braços foram erguidos e fui arrastada por longos minutos que alternei
entre desmaios e estado de lucidez. Eu não vou morrer aqui. Minhas pernas foram
abertas e eu entrei em pânico, tentei lutar mas minhas forças eram mínimas, acho
que apanhei de novo, diversas vezes porque somente via o vulto de uma mão e
minha consciência cada vez mais longe.
— É tão triste estragar um rostinho lindo desses — ouvi em algum
momento. — Ela daria uma ótima puta, daria muito dinheiro, já que é suicida o
suficiente para não calar a porra da boca e servir como esposa.
Alguém gargalhou. — Estou louco para conseguir pegar a mulher do
Valentini, será outra que terei o prazer de desmembrar.
— Ah, não, meu amigo! — Riu. — Aquela é especial, ela é do chefe. Ele
quem terá todo o prazer.
No momento seguinte senti o balançar do carro e o som de um rádio. Eu
havia desmaiado de novo e agora estávamos indo para sabe-se lá onde. Só
esperava que Ângelo estivesse lá, pelo menos isso! Não me importava se
morreria, desde que visse ele uma última vez.
Eu morreria feliz.
Kyra
— Kyra... — Uma voz distante sussurrou, era familiar. —
Principessa... Acorda, eu quero te ver — não, ele não sussurrava, ele só
estava distante, muito distante...
Abaixo de mim havia algo macio, um colchão talvez? Minhas
pálpebras estavam pesadas, meus lábios também, minha cabeça pesava uma
tonelada. Num sobressalto me lembrei de tudo, abri a boca e choraminguei
com meus lábios colados. Senti o gosto do meu sangue. Precisava de ar,
respirar pela boca era melhor, meu nariz estava entupido ou quebrado, não
sabia. Meu rosto inteiro estava inchado.
Minha visão estava embaçado, mas sei que estava no escuro. Estiquei a
mão e gritei de dor, meu braço inteiro tremendo. O que era isso? Meus dedos
tortos e em ângulos estranhos.
Quebrados.
— Kyra! — Gritou. Procurei por aquele lugar, não conseguia enxergar
nada, sentia as lágrimas beirarem meus olhos e piorar toda a situação.
— Ângelo? — Balbuciei, incapaz de pronunciar algo coerente com
meus lábios cortados e minha língua adormecida.
— Aqui, venha até mim — chamou.
— Eu não consigo — choraminguei. — Não enxergo.
— Siga minha voz, eu preciso de você aqui, principessa.
— Ângelo...
Ele continuava falando, me chamando. Em passos vacilantes e sem
nenhuma noção do espaço, caminhei até ele. Seus braços me acharam antes
de mim. Em poucos segundos senti o calor do seu corpo contra mim, suas
mãos vasculhando cada parte minha. Nada. Não havia sofrido nenhuma
violação, apenas acabaram com meu rosto e quebraram meus dedos.
Eu não tive forças para fazer o mesmo com Ângelo. Me sentia fraca e
extremamente vulnerável, só queria o calor e o abraço do meu marido, algo
familiar.
— Está tudo bem, amor, estou aqui — sussurrava repetidamente. —
Está tudo bem...
— Onde estamos? — Tentei perguntar.
— Não sei — seus braços me apertaram mais. — Mas não estamos
fora da França.
— O que vamos fazer, Ângelo?
— Nós vamos esperar — beijou meus cabelos. — Não posso fazer
nada com você assim.
Eu queria chorar de novo, mas segurei. Não adiantaria nada me tornar
uma garota chorona que se esconde atrás dos outros. Me apoiei em Ângelo e
afastei minha cabaça do seu peito, tentei enxergar seu rosto naquela
penumbra. O ouvi suspirar e o vulto da sua mão alcançando meus cabelos.
— Eu vou arrancar a cabeça de quem fez isso com você — sussurrou.
— Quebrar cada osso que tiver no corpo, cortar todos os dedos dele e rasgar
cada mísero centímetro de pele — rosnou ao final.
Eu só pude assentir e os seus braços me envolveram de novo. Sua
respiração estava acelerada e o peito retumbava no meu ouvido. Acabei
dormindo ali e acordei ouvindo vozes e o aperto possessivo de Ângelo.
— Não ouse tirá-la daqui! — Era Ângelo, ele está com raiva. — Ou eu
juro que...
— Que o quê? — Alguém gargalhou. — Você não pode fazer nada, De
Luca. E não se preocupe, não queremos a sua puta. Pode fazer bom proveito
dela.
Passos se distanciaram e uma porta rangeu, junto dela veio a claridade
de fora.
— Se querem que eu diga algo, tragam remédios para que eu possa
cuidar da minha mulher — a voz dele estava mais baixa, mas igualmente
ameaçador.
Ângelo não estava numa posição de poder, qual estava acostumado.
O estranho estalou a língua. — Nah! Vou pensar no seu caso, mas não
prometo por muito tempo — havia um riso nasal enquanto dizia.
Ângelo rosnou e me puxou mais para cima. Me sentia o osso de um
cachorro raivoso. A porta bateu e eu empurrei ele até me soltar.
— Desculpe — murmurou.
Minha visão estava um pouco melhor, mas ainda embaçada, minha
cabeça parou de doer e meus lábios estavam mais inchados do que nunca,
por fim, mais não menos importante, minha mão latejava. Ângelo tentou a
alcançar de novo e me debati. Não por raiva dele, eu estava suada, morrendo
de calor e irritada por causa da dor. Eu me sentia horrivelmente suja.
— Kyra — ele estava me advertindo?
— Olha, Ângelo! Eu não estou bem! — Tentei soar razoável e suspirei.
— E cuidado como você me aperta!
Ele soltou a respiração e não disse nada. Tentei me levantar e me
apoiei na parede áspera atrás de mim, com a minha mão ainda inteira. Dei
um passo e quase desfaleci ali mesmo, eu estava fraca.
— Meu Deus... — sussurrei.
— Kyra volte aqui e sente-se.
— Eu só preciso de um tempo — disse ofegante. — Não posso ficar
parada esperando a minha morte.
Eu não iria, com toda absoluta certeza. Não fui criada assim, não
aprendi a ser assim. Iria lutar até o fim, mesmo se fosse a morte a minha
adversária. Apoiei o ombro na parede e puxei a blusa do peito, estava
encharcada de suor e não duvidava que fosse febre.
Morreria em dias se ficasse aqui. Eu precisava traçar um plano, mas
antes preciso descobrir o porquê estou aqui, por que Ângelo foi sequestrado
e qual o propósito daquele computador! Caminhei até a cama, em passos
extremamente lentos e cansativos.
— Ângelo, que merda aconteceu? — Perguntei, ainda ofegante. — Eu
quero saber por que estamos aqui.
— Kyra, você não precisa...
— Não me trate como se eu fosse uma criança! — Esbravejei e minha
cabeça sofreu uma pontada. — Ou como se eu fosse aquelas garotas
mimadas, cadê o respeito e admiração pela mulher que você casou e adorava
até ontem?!
— Mas, você...
— Fui espancada até perder a consciência! — Apontei para o meu
rosto, e foda-se se ele não estava enxergando nada naquele escuro. — Eu
ganhei isso porque eu vim atrás de você, para tentar salvar a porra do meu
marido. Não se torne um babaca comigo, Ângelo, não faça como o meu pai.
— Eu não sou o seu pai! — Disse com desprezo. — E não pretendo
ser.
— Então pare me tratar como se eu fosse de cristal só porque apanhei!
Você vê o meu rosto desfigurado e acha passei a ser uma Barbie que precisa
de consolo! — Minha cabeça, rosto e pescoço doíam com todo aquele
esforço para falar. — O único consolo que eu quero é enfiar uma bala na
cabeça daqueles filhos da puta!
— Não parecia quando estava chorando no meu colo — tentou
argumentar, sendo completamente um idiota e isso estava me irritando
profundamente.
Comecei a perder a ilusão sobre ele e descobrir que minhas esperanças
dele ser um cara legal e visionário sobre mim, estavam escorrendo pelo
ralo.
— Mas é claro! — Debochei. — Você é o chão onde piso, querido.
— O que quer dizer com isso? — Ângelo abaixou a voz, num tom
ameaçador que usou com outro. Isso não me dava medo.
— Entenda como quiser — dispensei.
Ele calou-se, mas hora ou outra o ouvia resmungar consigo mesmo, eu
apenas ria. Eu não iria deixá-lo me rebaixar, Ângelo sabia e cultuou a mulher
com quem se casou. Será que havia se esquecido de tudo o que me disse ou
usou isso só para aumentar meu ego e depois pisar nele.
Foda-se! Eu iria usar o que Laisla Valentini me disse. Eu serei a porra
da rainha desse jogo, não uma princesinha.
Falando dela...
— Ângelo qual a mulher que estava ao seu lado quando me ligou? —
Me virei de volta para ele.
— Agata Grows — esse nome não me era familiar. — Ela é herdeira
de Cesar Grows, dono de uma maiores empresas de tecidos finos dos
Estados Unidos.
— Ela estava no baile, aquela noite? — Pesquisei mais afundo.
— Estava — respondeu simplesmente.
Poderia ser ela quem Laisla me alertou? Era uma possibilidade. Minha
cabeça continuava doendo e pedia por descanso, mas não iria até ter uma
resposta.
— Ela quem te drogou? — Perguntei.
— Tentou.
Ângelo estava irritado, só me dava respostas curtas e simplistas.
Respirei fundo pela boca.
— Que merda, Ângelo! — Falei alto e gemi em seguida pela dor de
uma pontada na cabeça, de novo. Levei minha mão até e massageei, mesmo
que não adiantasse. — Eu preciso saber das coisas! Preciso entender essa
história para tirar a gente daqui!
Ouvi barulhos de correntes se chocando e arrastando contra o chão e
passos duros até mim, ele parou quase próximo porque foi impedido por
aquilo que segurava ele, e respirava como um touro bravo.
— O que a princesa vai fazer? Vai tentar seduzir os caras lá fora e
implorar por liberdade? Saiba que com essa cara destruída, querida, nunca
irá conseguir. No máximo será uma piada entre eles! — Eu reuni toda e
qualquer força que havia em mim e esmurrei Ângelo, foi um golpe de sorte o
acertar. Ele cuspiu. — Porra!
Eu cai para trás, sem forças e sem fôlego.
— Me respeite! — Consegui dizer.

◇•◇•◇

Ângelo

Puxei o corpo pequeno inconsciente de Kyra de volta para o meu colo


e me sentei encostado na parede. Mexi meu maxilar e ele estralou, com dor.
Ela tem um bom soco, devo admitir, um bom o suficiente para deixar dois
dentes meus moles ao ponto de cair. Suspirei olhando para o peito dela,
subindo e descendo e completamente molhado. Era sorte que não estivesse
delirando pela febre.
Chutei as correntes que prendiam meus pés e murmurei amaldiçoando
cada um daqueles bastardos. Eles iriam queimar um por um! Especialmente
aquela vagabunda.
Agata Grows me distraiu perfeitamente para uma das suas modelos
virem até mim, com suas mãos leves, e derramar a droga no meu copo.
Porque ela sabia que eu iria atrás! Amaldiçoei a mim mesmo por agir por
impulso.
Grows tornou-se inimiga da minha família apenas por ambição.
Desejava fazer parte daquilo que tínhamos e quando não conseguiu casar
com nenhum de nós, decidiu ser a vadia que é. Porém, eu duvidava que fosse
apenas isso. Ela é esperta e maleável demais.
Soltei um dos braços e acabei derrubando a única fonte de hidratação
que eu tinha. Me deram aquela garrafa com água suja e gosto se merda
apenas para me manter vivo e poder servir para o que eles planejavam. Eu
iria usar aquela água para outra coisa.
Iria limpar o rosto de Kyra e melhorar sua aparência. Cada momento
que eu via seus hematomas e rosto inchado, uma corrente elétrica de pura
raiva me atravessava. Eu queria me tornar a besta que sempre fui e jogar a
cabeça daqueles imbecis contra a parede, manchar as minhas mãos de
sangue. Mostrar o porquê recebi o apelido de Red Hand no meu ciclo.
Sei que fui um idiota com ela, e provavelmente pagaria muito mais do
que um soco na cara pelo que disse. Mas não podia deixar Kyra, naquele
estado, enfrentar o desconhecido. Preciso da minha garota comigo, bem o
suficiente para enfiar um taco de beisebol na bunda dos filhos da puta.
Era um ótimo presente de aniversário, no mês que vem.
Rasguei a manga da minha camisa, num malabarismo perfeito enquanto
equilibrava minha esposa nos meus braços e trabalho para molhar o tecido.
Tentei suavizar o meu toque, limpando seus cortes. A terra havia se
misturado ao sangue coagulado e duro, alguns pontos tive insistir numa
limpeza mais pesada fazendo-a gemer de dor.
Kyra não acorda, fraca demais para isso. Usei toda a água disponível e
não tinha mais nada para fazê-la beber. A aninhei no meu peito, jogando seus
cabelos para trás e beijei sua cabeça, com ela encaixada nos meus braços eu
tinha certeza de que me casei com a mulher certa.
Nenhuma outra teria sobrevivido a isso! Seus dedos estavam
horrivelmente quebrados e me preocupava o pulso roxo, não sei se ela havia
percebido, mas seu seio esquerdo tinha um rasgo. Cada parte da minha
garota foi quebrada, mas ela estava de pé, querendo lutar.
Eu estava errado ao chamá-la de princesa. Kyra De Luca, minha
esposa, a minha mulher, era a porra de uma rainha! E eu faria dela uma
víbora.
Mataríamos cada um que estivesse na nossa frente, nos banharíamos no
sangue dele, banquetearíamos seus corpos, porque não existe nada mais letal
e perigoso do que mexer num ninho de cobras.
[...]
Ainda com ela desacordada nos meus braços, eu também tentei
descansar. Há dias que virei um zumbi porque não pregava os olhos, atento a
qualquer barulho que ocorria ao meu redor. E agora eu ouvia passos, em
direção à porta qual estávamos presos atrás. Pela leveza e os sons agudos,
somente poderia ser Grows. Ela tinha passos desconcertados e leves demais,
talvez fosse pelos anos de treino duro para ser uma modelo.
O que ela não conseguiu. Ouvi que fora chamada de avestruz por um
estilista famoso, não impedi um sorriso ao lembrar disso. Agata é alta
demais, magra demais, cabelos de um loiro opaco demais, seus olhos muito
verdes. Lembro-me que dias após foi o enterro mais teatralmente dramático
do estilista.
Rir da situação dela não me impedia de dar créditos a ela. Eu teria
feito pior se alguém insultasse a beleza de Kyra. Não que precisassem,
minha garota é perfeitamente perfeita.
— Ora, ora, ora, De Luca — ela apareceu sozinha, dessa vez, talvez
porque agora tinha segurança de que não iria arriscar a vida da minha
mulher. — Já consertou seu brinquedinho? — Eu não respondi e a observei
andar pelo quarto, com um olhar nojento para tudo. — Francamente, você já
foi melhor com suas mulheres — senti Kyra tensionar seu corpo ao meu,
olhando de esguelha vi que ainda mantinha os olhos fechados. — Essa garota
não chega aos pés da última.
Eu não fazia ideia de quem ela falava. Não me importava com quem
deitava nos clubes dos associados, apenas que era limpo e as garotas mais
ainda. Decidi a ignorar e acariciei o braço de Kyra.
— Não se preocupe com o que ela diz, sou fiel a você desde que
noivamos — murmurei em italiano para ela. Grows era ignorante demais
para saber o que eu dizia.
— Não me ignore, sei que está me escutando, De Luca.
— Não que te interesse ou seja da sua conta — estalei minha língua —,
mas eu estou ocupado com a minha mulher.
— Mulher — e riu. — Mulher...
Eu não vi quando dois homens entraram e um arrancou Kyra dos meus
braços. O outro me segurava pelas correntes enquanto xingava e a pedia de
volta. Kyra se debatia, ainda muito fraca e chorava. Eu estava pronto para
explodir a merda para fora.
Ninguém ousa pegar A. MINHA. MULHER!
— ME DEVOLVA ELA, GROWS! — Gritei furioso, não olhando para
nada que não fosse Kyra.
— Deixa de ser ridículo, De Luca! Ela não... — Deu tapinhas no meu
ombro e eu empurrei do jeito que pude, ficando satisfeito por vê-la cair no
chão. Furiosa, se ergueu e jogou os cabelos para trás. — Eu não iria
machucá-la, mesmo que não merecesse a minha misericórdia, mas acabei de
mudar de ideia — sorriu maldosa.
Eu urrei e tentei forçar as correntes mais ainda, eles se afastavam cada
vez mais com Kyra. Ao ouvir seu grito de desespero seguido por um silêncio
absoluto, enlouqueci mais ainda.
Eles vão pagar por isso! Ah, se vão!
Kyra

Minha cabeça doía em um grau absurdo, não conseguia abrir meus olhos e
via estrelas dentro deles. Eu devia estar morta. Havia um gosto amargo na minha
boca e ela estava horrivelmente seca. Puxei o ar pelo nariz e me surpreendi pela
quantidade de oxigênio que aspirei.
— Ela está acordando! — Alguém exclamou longe. — Verifique os sinais
vitais...
— Tudo normal.
— Vamos, querida, é só abrir os olhos.
Quem falara comigo? Eu estava sonhando? Onde estava meu marido,
Ângelo... Abri meus olhos assustada, um bipe ensurdecedor soou ao meu lado
— Acalme-se, Gina, você precisa se acalmar, está tudo bem — a voz
estava mais próxima.
Quem é Gina? Não pode ser eu, esse não é o meu nome! Sou Kyra De Luca,
tenho o sobrenome do meu marido!
— Na... — tentei dizer algo mas minha voz não saía, minha garganta seca
demais.
— Tragam água!
Olhei ao meu redor, era tudo branco e eu estava cheia de fios conectados ao
meu corpo. O que é isso?! Onde eu estou?! Me debati, mas estava presa.
— Beba a água, querida — uma mulher entrou no meu campo de visão, os
cabelos loiros quase brancos, olhos verdes e um sorriso bondoso. — Beba.
Por mais que estivesse morrendo de sede e ansiando pela água, eu balancei
minha cabeça. A mulher continuava empurrando o copo de plástico para mim, seu
rosto se contraindo aos poucos.
— Deixe, ela não vai beber — alguém disse ao longe, mas eu não via quem
era.
— Ela precisa beber! — Sorriu forçada, ainda olhando para mim. — Beba!
— Balancei minha cabeça. Eu quero o meu marido! Quero saber onde está
Ângelo. Aquela mulher olhou para trás e assentiu, alguém disse algo que não
entendi baixo demais para ouvir, ela virou de novo agora com um sorriso
maldoso e jogou a água no meu rosto.
Ofeguei com os olhos fechados, a dor irradiando por meu corpo. Eu estava
deitada, amarrada, mas o ambiente ao meu redor estava mais escuro. Havia algo
pesado na minha mão e estava nua, sentindo o vento frio da janela arrepiar meus
pelos. Rondei meu olhar desesperado pelo lugar, era um quarto. Fechei meus
olhos novamente. Minha cabeça doía demais.
— Bom, já que ela acordou pode levá-la de volta ao De Luca, antes que
volte a tentar se matar — eu conhecia essa voz... Mas a dor impedia a memória
de vir a tona.
— Vai mimá-lo, senhora? Devia o deixar do jeito que está — era a voz de
um homem.
— Ele está quase três semanas sem dizer uma única palavra! —
Esbravejou. — Mais um dia sem a vadia dele, ele morre!
Meu coração palpitava forte no peito, porque sabia que o meu Ângelo
estava vivo! Era isso o que me importava agora, não existiria nenhuma dor que
me tirasse essa felicidade. Não impedi dos meus encherem de lágrimas.
— Devíamos ter pego a puta do Don! Pelo menos ela saberia de algo! Ela
sempre sai com as amiguinhas para shoppings e restaurantes.
— Como se eu fosse irresponsável a esse ponto! Se a pegássemos, o cara
iria botar fogo no mundo! Quanto ao amiguinho De Luca, ele sabe que ele pode
se virar!
— Mas eles são como irmãos! — Era aquela mulher quem falara comigo.
— Se De Luca não der sinal de vida por mais algum tempo, ele vai vir atrás
dele!
— D’angelo não...
— Calem a boca! Eu vou resolver isso!
— Se você colocar o Valentini...
— Isso não é uma brincadeira de gato e rato! E eu não vou arriscar
minha vida indo para a Itália! — Interrompeu o homem. Valentini só poderia
Nicolas Valentini... — Agora levem aquela vadia de volta! Eu preciso conversar
com o chefe.
Eu não entendi o objetivo dessa conversa na minha frente, talvez eles
quisessem me dar informações erradas, mas aquela mulher parecia furiosa
demais para sequer lembrar da minha existência ali durante todo o tempo, ou
simplesmente me subestimaram.
De qualquer forma, eu estava sendo desamarrada pela mulher e o homem
que eu não conhecia e posta de pé. Minhas pernas estavam fracas e eu mal as
sentia, fui direto ao chão, meus braços amortecendo a minha cabeça. Ouvi um
suspiro exasperado e um resmungo, fui erguida por ele e arrastada para fora.
Estávamos em uma casa, modesta. As janelas tampadas pelas cortinas me
impediam de ver lá fora, e com certeza isso foi de propósito. Não andaram
muito, apenas pelo longo corredor e pararam no último quarto. A mulher olhou
para mim, com um olhar raivoso e um sorriso de escárnio.
— Divirta-se com o que sobrou do seu maridinho — debochou.
Eu engoli a saliva acumulada na minha boca, minha garganta arranhando.
Não disse nada, não conseguia. O homem abriu a porta e me jogou lá dentro.
Estava frio e escuro, mais ainda quando fecharam a porta. Não havia sol algum
ali, nem correntes se debatendo, nem resmungos, gemidos...
Nada.
Comecei a me desesperar, achava que Ângelo poderia está morto. Me
arrastei até me apoiar no pé da cama. Apurei meu nariz tentando sentir cheiro de
sangue, mas não havia nada!
Simplesmente nada!
Senti mãos quentes nos meus braços e tentei me afastar assustada, mas elas
insistiram e me puxaram para um corpo quente. Eu estava assustada demais e
fraca, não lutei ou muito menos me mexi contra aquilo, alguém.
— Principessa... Você está bem — sua voz estava mais rouca do que de
costume e mansa, muito mansa.
Era ele! Meu marido! Choraminguei e envolvi meus braços nele, apertando
o tanto que eu aguentava e sabia que não era muito. Suas mãos varreram meu
corpo inteiro, estranhando minha pele sem roupas e pararam no meu rosto.
— Eles te curaram — disse com estranheza. Não conseguia ver o seu rosto,
mas sabia qual era a sua expressão. Talvez uma ou duas sobrancelhas erguidas e
os lábios franzidos.
— Ân.. Ge... Lo... — tentava dizer seu nome.
— E eles te apagaram — murmurou. Ele passou seus braços em minha volta
e me pegou em seu colo, andou para algum lugar. Ângelo sentou e me pôs em suas
pernas, ainda mantendo um braço na minha cintura. — Beba água, amor — e pôs
um copo na minha mão esquerda.
Dessa vez eu bebi, avidamente e lambi meus lábios para molhá-los também.
Ângelo me fez beber mais um copo cheio e depois o retirou das minhas mãos,
apenas para que eu deitasse minha cabeça no seu ombro e o abraçasse como
pudesse. Seus braços estavam firmes ao meu redor e sua respiração batia nos
meus seios, ele levou um dedo ali e acariciou levemente.
Mesmo debilitada como estava, senti um calor familiar. Meus seios se
arrepiaram. Ângelo continuou rolando seu dedo em volta dele até subir para bico
duro. Minha respiração começava a descontrolar, ansiosa.
Eu só podia estar sonhando! Isso não é normal. Aquele Ângelo abaixo de
mim estava estranho, calmo demais e excitado. Será que eu não se lembrava onde
estávamos, que os nossos inimigos estavam lá fora como cachorros loucos pelo
osso suculento e que eles estavam comigo até agora?!
Um arrepio deslizou por minha coluna e eu suspirei.
— Ângelo? — Chamei.
Ele não me respondeu.
Seu dedo deslizou por minha barriga até chegar nas minhas pernas fechadas.
Não podia negar que estava excitada, afinal, era o meu marido ali, estivemos
juntos algumas vezes para conhecer o seu toque sensual e leve na minha pele e
quão quente era. O que me assustava era a situação em que estávamos.
— Abra — mandou.
E abri. Me segurei no seu pescoço e levantei a cabeça. A mão dele deslizou
entre os grandes lábios e os abriu, seu dedo achou minha lubrificação e a trouxe
para meu clitóris. E Ângelo passou a acariciá-lo. Vi sua cabeça virar para mim e
ofeguei. Ele não dizia nada e eu gemia baixinho para ele.
Ângelo introduziu um dedo seguido pelo outro, apertados pela posição que
estava e eu choraminguei gemendo mais. Seu dedo deslizando forte no meu nervo
sensível. O vento vindo de fora atravessou a janela e empurrou a cortina, dando
um pouco de luz no quarto. Iluminando pobremente o rosto do meu marido. Num
ofego, vi seus olhos negros e uma pequena cicatriz sobre sua sobrancelha que
chegava perto da sua pálpebra – aquilo era novo – seu maxilar estava contraído.
Ângelo estava diferente, eu vi isso nos seus olhos. Havia uma aura gritante
ali de perigo eminente, não para mim, é claro. Eu gozei quando a sombra voltou
para o seu rosto e apertei seus dedos dentro de mim. Eu não estava gritando como
antes, apenas gemia baixinho, o suficiente para ele escutar.
Eu não tinha nada a dizer, ou pensar, não depois de gozar. Ele retirou os
dedos de mim e o ouvi enquanto sua língua passava por eles, lambendo meus
resquícios. Isso me dava a segurança de que ainda havia algo do meu marido ali,
porque eu sei que nenhum outro homem que eu tivesse me deitado iria lamber
seus dedos depois.
— Deliciosa como sempre, amore mio — murmurou.
Assenti e me inclinei para beijar sua têmpora, mas acabei beijando seu olho
e antes que pudesse me concertar, ele capturou meus lábios. Meu gosto estava na
sua língua. Ele dançou com ela na minha boca. Quando fiquei sem ar, me afastei,
tocando nossas testas juntas.
— Ângelo? — Chamei.
— Diga — sussurrou extasiado.
— O que mudou em você? — Apertei meus dedos da minha mão esquerda
no seu braço, enquanto minha mão direta engessada pendia atrás do seu ombro.
— Para você, nada — beijou o meu pescoço. — Para eles, tudo.
— O que quer dizer? — Perguntei.
— Eu quero fazê-la gozar no meu pau, enquanto te encho de carinho,
podemos conversa depois? Prometo dizer tudo o que quer saber — seus beijos no
meu pescoço estavam me persuadindo.
Eu assenti. Com as mãos dele em mim, eu esquecia qualquer dor que
pudesse estar sentindo. Daquela vez, e última, fizemos amor, não apenas
fodemos como antes. E isso foi mais estranho do que acordar depois com Ângelo
encima de mim me sufocando com as duas mãos no meu pescoço.
Kyra

Seus dedos estavam apertando, não forte para me matar, apenas para
prender o ar o suficiente para que eu pudesse ficar desesperada. Minhas mãos
pousaram nos seus pulsos. Sua respiração batia no meu rosto, eu apenas
enxergava a silhueta do seu perfil.
— Ângelo... — sussurrei, quase sem som.
— Principessa, eu preciso saber de algo — dizia num voz doce, quase
cantada. — E, dependendo da forma que me responder, eu posso matá-la aqui e
dizer que foi as circunstâncias que estamos, tenho a absoluta certeza de que vão
acreditar em mim.
Eu o observava atenta, não com medo. Apenas... receosa. Eu conhecia cada
uma das histórias que deu apelidos significativos para ele. Nunca ouvi que
machucara alguma mulher alguma vez, mas sempre tinha a primeira, não é? Ou só
era mais um segredo para ele.
Seu dedo, carinhosamente, acariciou um dos lados do meu pescoço. Talvez
eu tivesse ficando louca, mas para mim aquilo significava que Ângelo nunca me
machucaria. Eu vou me agarrar a essa esperança. Isso combina com a voz doce
dele.
— Eu quero saber se você está disposta a ser a minha esposa até o fim? —
Franzi meu cenho. Ângelo não deveria ter esse questionamento, uma vez que
estava presa a ele para sempre, nunca poderia me casar com outro, ou isso
significava a minha morte e a do meu amante. — Isso significa duas coisas: você
deixará de ter medo e o esconder o seu lado mais obscuro e...
Eu o interrompi, chutando sua barriga e o afastando de mim, não as suas
mãos. — Você só pode está brincando, porra! Ângelo eu vou quebrar a sua cara,
seu filho da puta! Você só pode está louco!
As mãos deles agarraram fortemente minha cintura e eu voltei a chutá-lo não
mirando em que parte acertaria, mas sei que em algum momento acertei seu
maxilar.
— Porra, Kyra! De novo!
Mas ele não me soltava, até que eu agarrei seus cabelos e puxei, Ângelo
praticamente voou para cima de mim e esmagou seu peito contra o meu,
prendendo a minha mão boa na cama, mas usei a outra engessada e bati contra
ele. Não saberia dizer o que mais doeu, se minha mão com gesso todo
estraçalhado ou o nariz quebrado do meu marido.
— Idiota! Você é idiota, Ângelo! — Xinguei.
Ângelo abaixou seu rosto, lambeu meus lábios e sorriu sobre eles. Eu
sentia o sangue dele molhar meu próprio rosto, mas o não afastei.
— Eu te amo pra caralho, merda! — Sem me deixar processar o que havia
dito, afundou seus lábios com sangue nos meus e enfiou sua língua na minha boca.
Eu gemi, sentindo o gosto ferroso na minha própria língua e o sangue
escorrendo pelo meu queixo. Aquilo foi diferente. Era um beijo de reivindicação,
de renascimento de algo que eu não saberia por hora. Mas eu sentia meu peito
explodir e sorri pra ele. Era a merda mais louca que já havia feito na minha vida.
Ângelo queria saber se eu estaria disposta a tudo por ele, segui-lo até o fim.
E eu iria, sempre iria. Não por ser fanática por ele ou não ter para onde ir, mas
porque ele é meu! Eu tive a porra da chance de me casar com ele e eu agarrei
com unhas e dentes. Sabia que nenhum outro filho da puta ítalo-americano seria
capaz de aguentar a tempestade que eu sou, e não se não é era para casar com
alguém que trovejasse comigo, preferia morrer fugindo da máfia.
Ângelo só precisava descobrir isso. Eu não guardo o que eu sou – pelo
menos uma parte não –, não me importo com que vão achar de mim, nunca
quebraria minha personalidade por causa de opiniões alheias que nem ao menos
pedi. Eu apanhei do meu pai, diversas vezes por causa disso e sobrevivi.
Mas, dessa única vez, agradeceria o velho por me querer o mais longe
possível dele e da sua esposa, querendo que eu fosse domada por algum homem e
que eu sofresse nas mãos dele. Eu sofria sim, nas mãos de Ângelo, mas de prazer.
Me sentia molhada, minha boceta pulsando pedindo por ele.
— Agora descobrimos quem teve sorte — murmurou sobre mim.
— Eu! — Respondemos ao mesmo tempo.
Ângelo riu e voltou aos meus lábios, dessa vez sua mão desceu para meu
clitóris e o torturou me arrancando gemidos sôfregos.
— Não, amor, diga que quem teve sorte fui eu — sussurrou no meu ouvido.
— Diga, ou eu paro aqui e você está tão molhada — gemeu no meu ouvido e
desceu um dedo para minha entrada. — Diga, amor...
— Eu não vou dizer, Ângelo — respondi ofegante. — Se você parar eu vou
quebrar a sua cara — terminei num gemido.
— Você já quebrou — beijou minha testa. — Agora goza pra mim.
Dobrei meus joelho e abri mais ainda as minhas pernas. Me agarrei no seus
pescoço enquanto era beijada por todo meu rosto e ombros, eu gemia baixinho no
ouvido dele, seus dedos trabalhando perfeitamente.
— Eu quero engolir seu pau — disse. Ângelo se surpreendeu e por míseros
segundo paralisou.
— O quê? — Sei que sorria.
— Quero dizer com a minha boceta.
Ele não disse nada e levou sua mão a virilha, pegando seu pau e o levando
a minha entrada. Ângelo não fez cerimônia e empurrou de uma vez para dentro de
mim. Ofeguei o sugando para dentro e apertando com minhas paredes internas.
— Kyra, eu não vou te tratar como antes, entenda isso — ele disse.
— Como assim? — Perguntei.
— Eu não gosto de foder lentamente ou num ritmo considerado rápido, eu
gosto de ser violento — me respondeu. — Esse é motivo de eu nunca ter casado
com aquelas bonecas mimadas, elas quebrariam fácil. E agora, eu sei que você
aguenta qualquer dor que possa vir, digo que não vou te machucar, como você
mesma fez no passado, porque é a minha mulher.
— Entendo — murmurei.
— De qualquer forma, se eu estiver te machucando, você precisa me dizer,
entendeu, principessa? — Uma das suas mãos acariciou meu rosto e eu assenti.
— Eu não tenho meus brinquedos aqui, então você precisa segurar em mim com
força, assim — Ângelo me fez prender meus braços com firmeza em seu pescoço,
de modo que sua cabeça ficasse colada a minha. — Mas, deixe suas pernas
abertas, nunca as feche — assenti novamente. — Assim, amor, seja uma garota
obediente que dou o que você quiser.
— Até mesmo seu pau entalhado? — Brinquei.
— Só se for entalado em você — beijou minha bochecha. — Agora
quietinha e não me solte!
Ângelo ondulou seus quadris, lentamente, e suspirou satisfeito no meu
ouvido. Ele se apoiou nos cotovelos e suas mãos ficaram ao lado da minha
cabeça, ele abriu as pernas mais ainda espaçando as minhas.
— Não grite, eu não quero que eles saibam o que estamos fazendo —
sussurrou em ordem. Assenti respirando em expectativa.
Eu não estava preparada para o que viria acontecer. Da primeira à última
estocada, ele não perdeu o ritmo, mantendo sua palavra sobre ser violento. Eu
senti como se tivesse levado diversas tapas, mas para minha surpresa aquilo era
muito prazeroso. Eu tive que morder a minha língua e comprimi meus lábios para
não gritar.
Ele tocava com força bruta dentro de mim e saia numa absurda velocidade,
mas não me dava tempo para sentir falta pois logo voltava. Eu o sentia em cada
parte minha. Eu estava completamente sensível e quase chorava, pois logo nas
primeiras estocadas, gozei deixando-o surpreso e com um sorriso enorme na
cara.
Eu estava pouco me importando se eles escutavam isso, eu estava envolta
numa nuvem de prazer e luxúria que só me recorria para me envolver mais. Meus
braços já estavam dormentes, mas ainda o segurava quando ele estocou uma
última vez antes de se esvaziar em mim e quase desabar em cima de mim.
Eu tinha certeza que isso seria mil vezes melhor quando saíssemos daqui, o
que me lembra de contá-lo o que ouvi, mas agora não, eu só queria me esconder
no peito do meu marido e ouvir seu coração acelerado.
— Principessa? — Sussurrou me chamando.
— Hum?
— Você está bem? Eu te machuquei? — Sua mão acariciou meu rosto e eu
quase dormi ali mesmo.
— Se com me machucar... — suspirei realmente cansada e ele ficou tenso
por um momento. — For me fazer gozar três vezes quase seguidamente e me
deixar cansada, ao ponto de saber que você ainda está dentro de mim mas não o
sinto direito, pode continuar.
Ele riu e abaixou para me beijar, não muito, eu não tinha forças.
— Eu estou tão cansada — bocejei.
— Durma — beijou minha testa. — Eu te acordo mais tarde, antes deles
virem novamente.
Eu gemi e o abracei, escondendo meu rosto no seu ombro.
— Que porra!
[...]
Eu olhei para a porta aberta do banheiro e Ângelo lá dentro ligando o
chuveiro e preparando nosso banho. O que havia acontecido? Estávamos de
férias no hotel mais barato e tudo não tinha passado de um sonho? Mas ao olhar
para o lado da porta, vi as correntes no chão.
Estava sentada na cama, balançando minhas pernas com o corpo inclinado
para trás e apoiada nas mãos, a direita ainda doía pra caralho mas estava
utilizável. Descobri que meu rosto ainda estava um pouco feio, mas bem melhor
do que três semanas atrás... Três semanas!
Eu havia apagado por três semanas, enquanto eles cuidavam da minha cara
e da minha mão. Não estava entendendo nada disso. Ângelo estava
completamente solto e vagava pelo quarto tranquilamente, como se fosse o dele.
Perdi algum pedaço na história que explicava isso, mas iria saber em breve.
Ângelo veio me buscar e me pegou no colo, sendo um cavalheiro. Ele me
pôs no chão, abaixo do chuveiro com o braço segurando a minha cintura. Ele não
iria me soltar, não mesmo. Achei que isso pudesse ser o fato de que fiquei longe
tempo suficiente para sentir falta e estava tentando dizer para si mesmo que eu
não iria sair dali, agora.
Tomamos banho em silêncio, mas a minha mente não parava quieta com
perguntas. Estava distraída tentando encontrar as respostas quando Ângelo me
pegou nos seus braços novamente.
— Acho que alguém ainda está sentindo o efeito de uma mulher bem comida
— ele sorria feliz, o peito estufado num ego gritante. Eu não disse nada para
abaixar a bola dele, deixei-o se gabar. — Tão distraída, amor — beijou minha
bochecha.
Ângelo me pôs na cama e foi procurar alguma roupa. Ele trouxe as mesmas
que vestimos no dia quando paramos aqui. Estavam limpas. Eu vesti sem
questionar, mas fiquei sem calcinha ou sutiã. Quando voltou para o meu lado, me
puxou para sentar no seu colo.
— Vai me contar por que, de repente, é como se fossemos hóspedes dessas
pessoas? — Fui direto ao assunto, querendo saber logo a resposta para isso.
Ele suspirou e riu. — Pode ser que eu tenha matado dois caras deles,
quebrado o maxilar de uma certa mulher e ficado em silêncio por tempo o
suficiente para eles se irritarem e me agradarem, principalmente trazendo você de
volta para mim, inteira.
— Mas eles poderiam ter te matado, Ângelo — pontuei.
— Não significa que ainda não vão, mas até lá nos já teremos os mandado
para o inferno — confidenciou.
— Como?
— Me diga você, principessa — sorriu.
Ângelo

Mantive minha garota no meu colo, enquanto bebia a bebida deles


olhando para eles. Fixei meu olhar em Agata – bom, como estávamos em
família, já podia chamá-la pelo primeiro nome – e sorri, seu rosto está
completamente inchado do lado direto, qual acertei com o meu punho. Eu
queria matá-la, mas a outra amiga dela, Gina Brown, uma outra loira, me
acertou com um tiro e me impediu.
Isso só alimenta mais ainda a minha vontade por sangue.
— Sabe, uma coisa que não entendi ainda — Kyra quebrou o silêncio
da mesa, mas pausou um instante apenas roubar o copo com uísque da minha
mão. — Eu não sei que merda eu e o meu — adorei a forma com ela frisou
— marido temos com sua vida de merda?
Agata apertou seu punho direito com a mão esquerda, lábios franzidos
em irritação. — Olha como fala comigo, garotinha! Não sei quem você pensa
que é...
— Eu não penso! — A interrompeu. — Eu sou! — Ergueu o copo e
piscou, antes de virá-lo na boca. — Mas pode continuar sua historinha.
Apertei a coxa de Kyra, por debaixo da mesa, orgulhoso. Não da sua
atitude – isso também, na verdade –, mas por ela mostrar quem é de verdade,
mesmo que sua mão escondida entrelaçada na minha estivesse tremendo. Ela
estava com medo, mas era só mais combustível para sua coragem.
Grows apertou sua mão no maxilar inchado e desviou o olhar por um
segundo. Ela não esperava que Kyra fosse tão corajosa e a enfrentaria na
frente da sua ganguezinha, não se abalando pelo “poder" que ela exercia.
— Não sei por que se acha tão foda por se casar com De Luca, querida
— sorriu. — Você ainda não sabe metade do que ele é ou fez.
Isso ganhou não só atenção de Kyra, mas a minha também. Gostaria de
saber o que ela tinha a falar. Minha mulher não precisava conhecer o meu
passado para saber tudo o que fazia, ela sempre teve a perfeita noção e
nunca, nunca, cogitou a possibilidade de se afastar de mim.
— Ela já contou quantas vezes quebrou a principal regrinha de vocês
sobre mulheres? — Ah, era isso?!
— Não, mas pela sua cara ridícula imagino — sorriu e eu deslizei
minha mão acariciando sua coxa até o joelho.
— E você não tem medo que ele possa fazer o mesmo com você? —
Ela estava curiosa, mas também tentou atingir minha esposa novamente.
— Não — eu sorri. — Ângelo nunca faria isso. E recomendo você
procurar um homem igual a ele, diferente desse aí — apontou com o queixo
para August Sinclair, o mesmo homem que ousou tocar em Kyra.
— O que quer dizer com isso, vagabunda? — Ele passou as mão sobre
os cabelos castanhos, visivelmente irritado. Eu estreitei meu sobre ele.
— O que você quiser entender — sorria de lado. — Estamos dando
voltas demais — reclamou e devolveu o copo para mim —, quero saber logo
o que vocês querem, isso já está me chateando.
Eu tive que rir, muito. Aquela era a minha mulher tomando a liderança
sobre eles e debochando sobre as bocas famintas dos leões.
— Está indo longe demais, vadiazinha — Gina se manifestou. —
Controle a sua puta, De Luca!
— Essa não é a área do meu domínio sobre ela, Brown — sorri
malicioso e pisquei. — Contente-se!
Kyra ajeitou sua bunda sobre o meu pau, gostando da minha resposta,
sei que seria recompensado mais tarde por isso. E eu mal podia esperar.
— Cale a boca — Agata mandou, para a loira. — O que eu quero é
matar D’angelo!
— O meu Don? Porquê?!
— Isso não interessa! Eu o quero morto!
Até esse ponto fazia sentido, ela não precisa nos dar o motivo. Mas
havia algo por trás, Agata Grows era só mais um filhinha de papai mimada
que não sabia cometer crimes, era como uma das meninas mimadas da minha
sociedade. Kyra havia me contado sobre a estranha conversa que tiveram na
sua frente, citando o nome do Valentini.
Não acreditava que ele pudesse estar em envolvido, ele tem mais com
o que se preocupar na Itália e algo maior para cuidar do que meu irmão
Carlo D'angelo, éramos pequenos comparado ao Don Valentini.
O que significa, que com quem nós deveríamos nos preocupar era quem
realmente queria o meu notebook, o chefe de Grows. Nele não havia nada
muito importante, apenas transações e dados de todos os nomes que usamos
para os negócios legais e os ilegais. Tê-los não nos destruiria, de forma
alguma, mas leva a caminhos para isso.
— Então, vamos fazer um acordo — Kyra se levantou, mas ainda
apoiada em mim, no meu ombro. — Você quer uma vingança por algo que
não sei, mas também não sabe fazer o seu serviço direito porque já teria nos
matado há muito tempo.
— O quê... — começou.
— Me escute. Nos tire daqui e deixe que voltemos para os Estados
Unidos...
— Nunca! — August se ergueu e veio até minha esposa. — Acha que
somos burros, garota?! Onde acha que temos a cabeça?!
— Cale a porra boca! — Grows gritou. — Eu quero ouvir ela!
Ele voltou para o seu lugar contrariado. Engraçado, quando havia mais
alguém para ajudá-lo a bater na minha esposa, não se conteve em nenhum
momento. Mas, agora, olhava receoso e duvidava que não fosse pela minha
presença, August viu de perto o que fiz com aqueles homens apenas com as
minhas mãos e preso nas correntes, agora não havia ninguém para protegê-
los.
— Como estava dizendo antes de me interromperem — Kyra deslizou
de volta para o meu colo dessa vez deixei minhas pernas fechadas, para que
ela ficasse mais alta —, voltamos para os Estados Unidos, não para Nova
York mas para Los Angeles, em um território neutro e levamos D'angelo
para lá.
— O eu ganho com isso? — Agata estava interessada, ela era burra.
— Bem, sua vingança — respondeu como se fosse óbvio.
— E você? — Jogou os cabelos para trás. — Sei que não irá ficar sem
nada.
Kyra empurrou minhas pernas as abrindo e encostou suas contas no
meu peito, meu braço no automático abraçou a sua cintura. Ela sorriu. —
Meu marido se tornará o novo Don, se D'angelo for morto.
Segurei minha surpresa dentro de mim, começava a entender seu plano.
Sorri e espalmei minha mão sobre sua barriga.
Que adorável! Kyra estava atraindo suas presas para a toca dela.
Kyra

Eu dormi por toda a viagem enrolada em Ângelo, estava exausta.


Acordei quando já estava no carro e ele dando ordens aos numerosos
soldados que nos rondavam, D'angelo estava no carro conosco e tinha um
olhar curioso para cima de mim. Me encolhi nos braços do meu marido, que
me apertou.
— Desculpe — sussurrou. — Só estou tentando entender o que houve
com vocês. Saem daqui inteiros e voltam mais de um mês depois parecendo
que foram pra guerra.
Ângelo suspirou. — Cara, eu estou louco para tomar banho e
descansar, acredito que Kyra quer o mesmo, então por favor não faça
perguntas agora.
O Don assentiu e ordenou que nos levassem o mais rápido possível
para casa, para a casa de Ângelo. Eu estava curiosa sobre ela. Ele é um dos
poucos que preferem a segurança do solo próximo aos seus pés do que morar
em prédios altíssimos. Ele sempre morou sozinho antes de casa-se comigo, o
que me dava ideias maliciosas. Me acomodei contra ele esperando até que
chegássemos.
Não era longe do centro urbano ou da casa do melhor amigo, mas era
deserto o bastante para ter soldados em toda a parte e um enorme portão de
segurança. Isso, definitivamente, não é uma casa.
— Achei que morasse numa casa, não em uma mansão — murmurei
para ele.
— Morava, mas comprei está mansão quando fiquei noivo, não te
levaria para uma casa minúscula — beijou minha cabeça.
— Se chama aquilo de minúsculo... — D'angelo balançou a cabeça,
enquanto digitava no seu celular.
— Mas somos apenas dois, Ângelo — ignorei o outro.
— Por enquanto — sua mão apertou minha cintura. — Mas, de
qualquer forma, você vai gostar do que te espera.
Havia uma promessa e um tom malicioso na sua voz, ou eu estava
cansada demais para discutir com ele. Ângelo não me largou e me puxou
para dentro da mansão, esquecendo do seu amigo que estava com a gente.
— Eu não vou subir essa merda — apontei para a escada enorme à
nossa frente.
Meu marido suspirou e me pegou no colo de surpresa. — Ótimo, assim
seguimos a tradição.
— Eu vou ficar por aqui mesmo — a voz distante era do Don, sentado
no sofá da sala de recepção. — Divertam-se.
Ângelo subiu as escadas rapidamente e andou um corredor longo cheio
de portas iguais e não contei quantas eram, mas ele parou na última e abriu
revelando um enorme quarto com uma cama enorme muito convidativa.
Eu gemi em antecipação, imaginando meu corpo nu ali aproveitando a
maciez dos lençóis. Tentei sair dos braços de Ângelo, mas ele não deixou e
me levou para o banheiro, enorme também. Lá havia uma hidromassagem já
cheia e com a espuma azul decorando. Suspirei, isso aqui seria melhor do
que a cama.
Ele me pôs no chão e fomos rápidos ao retirar as roupas e entrar
naquele pequeno oásis. Eu suspirava e gemia sentindo a água me
massageando, Ângelo parecia que havia desmaiado ali.
— Vem — esticou os braços, ainda com a cabeça apoiada no apoio e
olhos fechados. — Vem, amor.
E eu fui. Me encaixei nos seus braços e pernas abertas, deitei minha
cabeça no seu peito e dormi de novo seguida por Ângelo. A água ainda
estava quente quando acordei dolorida, minhas mãos todas enrugadas. Eu
precisava sair dali.
Sai da água e me enrolei em um roupão enorme e pomposo, mas não o
amarrando. Segui para o enorme espelho disposto ao lado da pia e do box do
chuveiro e me olhei. Meu rosto estava inteiro novamente, mas havia
cicatrizes minúsculas aqui ou ali, a maior delas é próxima ao meu olho
esquerdo. Ela pega um pouco acima do meu nariz e segue para baixo do
olho. Não era tão ruim.
Abri meu roupão, revelando meu corpo magro demais. Conseguia ver
sem esforço as minhas costelas e os ossos do quadril. Suspirei. Nada que
uma alimentação adequada não resolvesse.
Grande mentira! A primeira oportunidade que tivesse iria atacar um
grande frango assado.
Uma cicatriz muito evidente chamou minha atenção, ela está no meu
seio esquerdo, cobrindo toda a sua lateral. Ergui meu braço e me pus de
lado, para olhar ela melhor. Isso foi feito com uma faca, tinha certeza, mas
quando eles tiveram chance de fazer isso? Minhas roupas estavam inteiras
quando as vesti pela segunda vez.
Me lembro quando me pegaram e dos flashs que tive. Eles abriram
minhas pernas... Engoli em seco. Não! Eu me recuso a acreditar nisso!
Não! Fechei meu roupão e sem olhar para o espelho novamente,
caminhei até a cama e me deitei, me encolhendo. Deus! Não, tudo menos
isso! Eu não quero pensar que fui estuprada! Pelo amor de Deus!
Senti as lágrimas quentes escorregarem pelo meu rosto e apertei mais
fortes os braços em volta de mim. Não, eu não quero isso! Por Deus, não!
Solucei não aguentando mais me reprimi. Eu não quero isso! Não quero! Não
quero!
Isso não aconteceu comigo.
Senti a cama afundar às minhas costas antes que um braço enorme e
tatuado aparecessem na minha frente com um canivete e me puxasse contra o
enorme peito de Ângelo.
— Está vendo isso? — Perguntou no meu ouvido. Assenti. — Essa foi
a faca que eu usei para fazer isso com você — apontou com ela para o meu
seio.
— Ângelo... — Chorei.
— Entendeu, Kyra? Apenas eu posso tocá-la, ninguém mais além de
você mesma — ele soltou a faca na cama e levou a mão para os meus braços
juntos. — Eu não posso mudar o passado, mas posso fazê-la mudar as
imagens na sua mente. Kyra, fui eu quem te rasgou no seio e você adorou
porque era eu quem estava com você, o tempo todo! Cada maldito momento
você gritou de prazer para mim.
Eu chorava copiosamente enquanto ele dizia, narrando cada momento.
Eu ouvia tudo aquilo com um misto de sensações dentro de mim. Gratidão,
culpa, medo, dor. Ângelo frisava as palavras certas, principalmente as que
se referiam a ele e a mim. Ele dizia como eu gozava apertando o seu pau
sentindo o sangue escorrer no meu seio e amando aquilo, tudo o que sentia
porque eu estava com ele e confiava nele para me tocar e até cortar a minha
pele.
Eu me virei de frente para ele, escondendo meu rosto molhado no seu
peito nu, sentindo a vibração da sua voz ali. Eu o agarrei com toda a minha
força e não o soltei.
— Porque cicatrizes contam nossas histórias e essa foi sobre o prazer
que você sentiu comigo. Como você se tornou a minha víbora e trocou de
pele, revelando sua verdadeira essência e se tornando a porra da minha
rainha — acariciou meus cabelos úmidos. — Eu disse que o trono você já
tinha, agora quer uma coroa também? Eu te dou. Me peça, ordene, qualquer
coisa e eu te dou.
Eu ri.
— Eu estou falando sério, Kyra — advertiu.
— Eu sei que sim, grandão, eu sei.
Ângelo
A primeira coisa que fiz ao acordar com ela nos meus braços, foi a
arrastar para o meu estúdio de tatuagem particular. Ele fica em um dos
quartos da minha casa que adaptei, no primeiro andar. Eu gosto de desenhar
e sempre que podia pintava as peles dos meus irmãos, Carlo quem o diga,
havia perdido as contas de quantas tatuagens fiz nele.
Kyra veio nua, apenas vestindo o roupão felpudo branco, bocejava sem
parar e esfregava os olhos. Tão linda! Eu iria cometer uma loucura. Deixei
ela sentada em um dos sofás enquanto preparei tudo o que iria precisar e me
sentei no banco baixo, na minha frente havia um apoio acolchoado.
— Senta aqui, principessa, de costas pra mim e sem o roupão — e ela
veio, sem questionar e retirando a peça, mas sabia que essa altura ela já
entendia o que iria acontecer.
Kyra sentou sua bunda perfeita no meu pau e a posicionei melhor na
minha frente, forçando seu corpo inclinar para frente. Eu a tive assim apenas
um vez e é excitante pra caralho!
— Isso não é uma posição para tatuar alguém, Ângelo — murmurou.
— Prefere sentar em outro lugar? — Sorri de lado.
— Não.
Alisei suas costas e olhei para a minha própria barriga nua com o
piercing no umbigo brilhando. Eu tenho várias cobras desenhadas no meu
corpo, mas a que mais adoro é com certeza a víbora que está nas minhas
costas. Ela está enrolada em um crânio humano, com sua boca aberta
mostrando as presas e a língua bifurcada.
Estendi a mão para o decalque do desenho que fiz, especialmente para
Kyra, apenas minha garota carregaria esse desenho. Imaginei adicionar uma
coroa, mostrando sua posição poderosa, mas as presas longínquas já diziam
tudo.
— Não durma, amor — disse, quando a vi fechar os olhos sonolenta.
— Não quero te acordar no susto.
— Acho difícil isso acontecer — falava baixo. Ela estava muito
cansada.
— O que quer dizer com isso? — Resolvi puxar assunto, enquanto
manuseava o decalque para a posição certa em suas costas.
— Minha mãe — murmurou. Por um segundo desviei meu olhar para
ela, estava com os olhos abertos e olhava para longe. — Quando era uma
criança, menos de dez anos de idade, ela ficou muito doente e todas as noites
acordava com sua tosse violenta que jogava o cheiro de sangue por toda a
casa. Eu morria de medo, até que uma noite simplesmente ignorei e
desapeguei do medo, não sei explicar como isso ocorreu.
— Mecanismo de defesa do cérebro — respondi, pegando a agulha e a
molhando na tinta preta. Iria pintar com o preto e o vermelho, dando
pequenos toques dourados nas poucas flores ao redor do desenho principal.
— Ele te protege de traumas que podem machucar muito. Eu, por exemplo,
não tenho muitas lembranças da minha infância por causa disso. Algo lá atrás
me causou um trauma tão grande que eu não me lembro.
— E você não tem vontade de lembrar? — Perguntou.
Peguei sua mão e puxei até abaixo da minha coxa, onde há uma cicatriz
enorme e grossa, ela não é muito aparente por conta das minhas tatuagens.
— Não, tenho coisas melhores com o que me preocupar. Agora, fica
quietinha e isso vai doer e muito!
Ela suspirou e pousou sua mão no meu joelho. Sei que tatuar as costas
dói muito, um dos piores lugares para isso, mas ela vai ter aguentar. Os
primeiros traços na base da coluna foi tranquilo, Kyra estava relaxada no
meu colo e conversava aparentemente bem. Pior ficou quando subi para o
meio de suas costas, ela ficou tensa e gemia de dor profundamente apertando
suas unhas no meu joelho.
Ousei parar alguns minutos, limpando o excesso do que já havia
pintado e dando um tempo a ela. Seu rosto estava marcado de lágrimas, eu
alisei sua virilha impedido de abraçá-la.
— Tudo bem, amor, podemos continuar? — Subi minha mão para sua
barriga.
— Não, não está nada bem, Ângelo, eu juro que vou arrancar seu pau
fora! — Esbravejou fungando. — Essa merda dói muito! Mas pode
continuar.
Eu ri e voltei a acariciar sua virilha antes de voltar ao meu trabalho.
Cada parte que eu pintava, ficava maravilhado com o desenho tomando
forma. Eu estava ansioso para vê-la pronta logo, vou amar ver essa tatuagem
no espelho no teto do nosso quarto enquanto Kyra me monta.
Horas mais tarde, eu havia acabado e estava exausto, não mais do que
Kyra. Espumei suas costas e lentamente passei o pano, não pressionando a
tatuagem. Então ela surgiu, linda com a tinta brilhando e o olhar assassino.
Uma víbora assassina, assim como Kyra. Bem sugestivo. Agarrei sua cintura
delicadamente e puxei seu corpo para cima, ela ainda estava tensa e a mão
no meu joelho mais fraca. Ela desabou sobre mim e suspirou com dor.
— Se isso estiver feio, eu mato você — murmurou.
— Não está feio — sorri e beijei sua têmpora. — Vem, agora você
precisa andar. Vou te levar para o quarto e passar a pomada.
A levei para o quarto, andando na sua frente e segurando sua mão. Kyra
se deitou na cama, de costas para cima, e além de ter uma visão perfeita da
sua bunda pude visualizar melhor a tatuagem. Estava incrível pra caralho!
Estava orgulhoso de mim mesmo e do meu trabalho. Esse desenho, em
particular, se tornou o meu favorito.
— Acho que meu ego aumento cem por cento, agora — comentei.
Ela só balançou a cabeça, com os olhos fechados e um sorriso.
Minha víbora.
[...]
Carlo não parecia incomodado com Kyra sobre o meu colo, com um
vestido vermelho e aberto nas costas, a víbora brilhando na meia luz que
vinha da janela. Ela bebia uísque do seu próprio copo, dessa vez.
— Então o plano é me matar? — Se inclinou para frente, olhando para
ela, acho que havia ganhando o respeito dele.
Sorri de lado. O conhecia bem o suficiente para saber como era difícil
conseguir sua confiança e seu respeito. Eu tinha os dois, fomos criados
juntos, compartilhamos a mesma data de aniversário: dezesseis de setembro.
Somos como irmãos de sangue, seu pai me acolheu em sua casa quando tinha
menos de dez anos de idade e acabou se tornando o meu próprio pai. Tom, o
consigliere, chegou logo depois, nasceu e cresceu nas ruas, uma ótima
aquisição para a máfia. Ele era revoltado o suficiente para isso.
Eu tinha outro nome quando cheguei, mas o D'angelo mais velho queria
que fosse incluído na família de qualquer forma e o agradeço por isso.
Ângelo combina mais com a minha personalidade sombria e o desejo por
fogo.
— Não exatamente, você é só uma isca. Grows é burra o suficiente
para cair como uma tolinha no meu plano — se gabou, movendo os ombros
numa risada. Eu estava excitado pra caralho olhando aquela tatuagem nas
suas costas, se movendo junto a ela.
— Mas vocês não descobriram quem está por trás disso — ele se
ergueu e foi até o aparador atrás de uma bebida. — Como você disse, Grows
nunca faria isso sozinha. Houve um sequestro — riu amargo. — Um dos
meus melhores homens foi pego, e você deve saber, senhora De Luca, que
Ângelo é escorregadio e um dos meus melhores assassinos, se não o melhor.
— Ah, eu conheço os atributos do meu marido! — Balançou o copo na
sua mão, agora somente com o gelo. Eu o peguei e enchi com a bebida
novamente e devolvi a sua mão esquerda, a aliança de ouro brilhando no seu
dedo anelar. — Quanto ao mandante, isso é muito fácil — sorriu e virou o
copo na boca.
Eu estava adorando essa conversa e interação entre eles, mas fui pego
de surpresa. Ela sabia quem estava por trás? Desde quando?
— Quem? — Carlo virou e a olhou interessado.
Kyra suspirou, como se isso fosse óbvio e cansativo demais para ela
explicar. — Madison White e a irmãzinha, Gabe.
Ele riu. — Como duas garotas mimadas e com um cartão do pai para
estourar em compras vão se preocupar com isso?!
— Ah, elas vão! — Riu. — O dinheiro não é importante quando não se
tem o homem que querem. Não foi difícil chegar essa conclusão, você deve
imaginar.
— Ainda não acredito que duas menini...
— Claro que elas não estão sozinhas, o pai as usou — o interrompeu.
— Outro meio de caminho, você precisa falar com ele — sorriu de lado –
deliciosamente sexy – e piscou. — Quanto a elas, pode deixar eu cuido
muito bem — se ergueu e me entregou o copo pela metade. — Se me dão
licença, tenho algo para resolver.
Kyra saiu jogando o cabelo para trás e balançando aquela bunda
redonda, mordi meu lábio inferior. O vestido é curto suficiente para ver suas
coxas enquanto sobe as escadas. Ela deve saber que meu olhar está sobre ela
porque aproveita para me provocar, descendo uma alça do vestido e subindo
a base um pouco. Meu pau lateja infeliz por não tê-la pulsando ao seu redor.
A porra da minha rainha!
A perdi de vista e volto meu olhar para Carlo, seu olhar está em mim.
Não há qualquer possibilidade de ter olhado para minha mulher, porque,
segundo ele, nenhuma chega aos pés da sua.
— Por que você está calado? — Apontou o dedo para mim, com a mão
que segura o copo com vodca.
— Não tenho nada para dizer, minha mulher já disse tudo — virei o
copo na boca e me ergui para pegar mais.
— Não vai querer dizer o quanto está puto porque foi abatido? — Ele
insistia. — Não estou te reconhecendo, irmão.
Eu ri. — Não, estou tranquilo quanto a isso — me virei para ele e
brindei com seu copo. Seu olhar curioso sobre mim. — Se não tivesse ido
parar lá não teria certeza de algo.
— Que algo? — Quis saber.
— Que Kyra De Luca não é qualquer mulher, ela esconde muito sob as
mãos delicadas. Isso não te lembra alguém, irmão? — Ele gargalhou
divertido.
— Mamãe ficaria orgulhosa da mulher com quem você se casou, cara
— socou meu peito.
Eu sorri e voltei ao sofá. — Ainda bem que não te escutei, você queria
me casar com uma qualquer. Não, obrigado, prefiro a filha daquele velho
maldito — apoiei minha canela direita no joelho.
— Nunca entendi direito por que não gosta dele — Carlo sentou ao
meu lado e apoiou os pés na mesa de centro. — O velho, como você diz, não
te fez nada.
— Não comigo, com a minha mulher sim. Se você visse as cicatrizes e
marcas... — suspirei e ganhei seu olhar estreito e uma sobrancelha erguida.
— E também nunca confiei nele, não preciso de motivos para isso.
— Não sei com o que preciso me preocupar agora. Se com a minha
vida nas mãos de uma garota, com essa mesma garota que acha que está num
parque de diversões e não vê a hora de brincar, ou com você.
— Com ela — ri. — Eu sei me controlar sozinho e não sei se quero
controlar Kyra fora da cama, agora, porque do jeito que imagino será
excitante vê-la brincando.
Kyra
Dentro do jatinho para Los Angeles, Ângelo me presenteou com um
taco de beisebol branco reluzente, com duas linhas douradas nas duas
pontas. Ele não disse qual era a intenção, mas desconfiei. Era uma arma,
para mim, porque estávamos indo para uma carnificina muito bem-vinda.
Era interessante como nos tornamos uma boa dupla, não, melhor, um
casal sem esforço algum e muito menos precisamos nos apaixonar para
conseguirmos encaixar um no outro. Não. Éramos possessivos um com o
outro, marcamos nossa união com presas afiadas. Estava fazendo referência
ao novo apelido que Ângelo havia me dado, la mia vipera. Traduzindo para
nossa língua é algo como minha víbora.
Eu gostei, muito. Tanto que, na noite de ontem, eu dei a minha bunda
pra ele. Meu marido andava merecendo, não só pelo apelido, mas por todo
um conjunto de coisas em que ele me favorecia. Suspiro feliz. Eu nunca o vi
gemer ou gritar de prazer tanto quanto ontem. Eu ainda mal sentia minha
bunda e minhas pernas estavam parcialmente dormentes e era constantemente
apoiada por ele, que sorria feito um garoto feliz quando ganha algo especial
no Natal.
Eu estava me acostumando com a sua brutalidade no sexo. Os tapas, as
estocadas profundas e muito fortes, as mordidas que deixam marcas. Ao me
entregar por completo, perdendo o medo, consegui me encaixar no seu ritmo.
Claro, se em algum momento eu não estivesse aguentando, ele parava. Mas
isso raramente acontece.
Eu estava muito bem sendo esfolada pelo meu marido.
Ângelo tem gostos muito peculiares, piores do que o vulgo Christian
Gray. Ele já disse em usar aquela adaga de verdade, perfurar minha pele e
ver o sangue jorrar, porque ele havia gostado quando aconteceu da última
vez, quando eu quebrei o nariz dele, de novo.
Eu não reclamei. Aquilo foi bom pra caralho!
— Você ainda não me contou como descobriu quem estava por trás de
Agata Grows — Ângelo murmurou para mim.
Eu sorri e mordi meu lábio inferior. Alisei o taco de beisebol sobre
minhas pernas e me servi de mais champanhe. — Eu não descobri — estalei
minha língua.
— O quê?! — Gritou em sussurro, se isso faz sentido.
Me virei para ele e levei minha mão a sua barba rala, acariciei. —
Carlo é o Don, ele quem perca tempo tentando descobrir — ainda me olhava
contrariado, não gostando nada disso. — Mas, se isso te acalma, o senhor
White também não tem um nome limpo aqui dentro, já manchou sua
reputação — me inclinei e fingi que iria o beijar. — Quanto a elas, eu quero
brincar, amor — disse manhosa, atraindo sua atenção para os meus lábios e
o beijei.
— Que garota má — sussurrou, em apreciação.
Ângelo sorriu e lambeu meus lábios unidos, antes de invadir minha
boca com a sua língua possessiva. Eu a mordi com força arrancando seu
gemido doloroso e quando o soltei ele devolveu mordendo meu lábio sem
dó. Quando minha boca encheu de sangue, meu marido voltou atacar minha
boca.
— Tem um quarto no fundo, se não sabem — o Don chamou nossa
atenção. Ângelo se voltou para ele, com uma linha de sangue escorrendo
pelo canto da sua boca. Carlo ergueu as sobrancelhas, balançou a cabeça
sorrindo e voltou sua atenção para o computador na sua frente. — Vocês são
loucos.
Por que merda ninguém fica parecendo assustado quando ergue as
sobrancelhas, como eu? Que injusto!
Ângelo não me deixou continuar pensando demais e agarrou minha nuca
com sua mão me puxando violentamente para sua boca. Não sei como não
batemos os dentes. Eu gemi e o empurrei.
— Devagar! — Protestei.
Ele enroscou sua língua na minha e depois se afastou um pouco para
chupar meu lábio. — Vamos jogar um jogo, principessa.
— Qual? — Me afastei para o canto do assento, me escondendo do
olhar dos outros e arrumei meus seios dentro do sutiã. Odeio essa merda!
— Já que você quer brincar, eu vou entrar na brincadeira. Cace as
irmãs White e se você conseguir me excitar, juro que eu vou comer você de
um jeito especial quando chegarmos em casa.
Sorri maliciosa. — Isso é fácil.
— Não, amor — Ângelo se inclinou para mim. — Você deve saber
porque recebi o nome de Red Hand. Eu vou te analisar e por um momento
esquecer que sou o seu marido. Faça meu pau ficar duro e eu implorar para
você sentar nele.
Estalei minha língua. Adorei! Eu o faria me chamar por Mrs. Red
Hand. Um pouco melhor do ele é. Uma das mortes que rendeu ao seu
apelido, muito apreciado no nosso ciclo, foi por ele ter matado um traidor
apenas com suas próprias mãos, dilacerado seu pescoço com os dedos e
levado a cabeça ao Don – que na época era o pai de Carlo – sem tampar.
Dizem que suas mãos ficaram vermelhas por dias e que ainda hoje há os
resquícios embaixo da suas unhas, o que não é verdade.
— Aceito! — Eu me inclinei para ele e apoiei minhas mãos no seu
peito. — E se eu perder, o que você ganha?
— Você me dá sua bunda redonda novamente — agarrou meu pulso
esquerdo e o puxou para beijar meus dedos, parando no anelar. — Vou
desenhar algo para colocar nos seus dedos — murmurou.
— Vou virar seu caderno de desenho particular? — Não vou mentir, eu
adorei essa ideia. Por mais que tatuagem doa pra porra, quanto mais você
faz mais você quer. E eu quero cobrir meu corpo.
— Vai — sorriu genuinamente e mordeu a ponta do meu dedo. — Eu
sei que você quer — suas mãos vieram para o meu rosto e o cobriram. —
Meu amor — e me beijou carinhosamente.
Eu estava ignorando esse seu lado romântico, não sabia lidar com isso.
Não sabia se ele havia percebido, mas não aparentava nada. Ficava receosa
em demonstrar meus sentimentos por ele, não que o amasse, mas eu gosto
dele e do seu pau, isso já me basta. Porém Ângelo me ama, de verdade. E
enquanto não soubesse o que fazer quanto a isso, ficaria quieta.
Levei minha mão ao seu pau e apertei, ele gemeu nos meus lábios e se
afastou sorrindo. — Safada! — Eu pisquei um olho.
Voltei a arrumar minha roupa e limpar minha boca com o sangue seco,
fiz o mesmo com Ângelo. Estávamos apresentáveis novamente, não que a
camisa amassada dele fosse ruim, era mais um charme.
Assim que o jatinho de Carlo pousou, eu estralei meu pescoço e agarrei
o taco na minha mão. Me levantei primeiro e iria sair na frente deles, quando
Ângelo me puxou para o seu colo e me segurou. Bufei.
— Não, amor — advertiu. — A esposa dele é a única que passa na
frente dele. E você na minha frente!
— Desculpe, estou ansiosa — afastei seus braços assim que vi Carlo
caminhar para a saída.
Ângelo riu e beijou minhas costas nua. — Agora pode ir — assim que
me levantei, ele estapeou minha bunda.
[...]
Estávamos em uma rua da área pobre de Los Angeles, havia combinado
de encontrar Grows aqui. Carlo estava sem blazer e precisou levar um soco
de Ângelo, para ser mais convincente essa cena toda. Eu tive dó do meu
Don, ele cuspiu tanto sangue e perdeu um dente, isso porque não era para ser
um soco tão forte. Ele estava com as mãos presas para trás, de uma forma
ridícula e que facilita a soltura.
Suspirei, entediada. Grows estava demorando. Me encostei no carro,
atrás de Ângelo. O som de um carro próximo chamou nossa atenção, me
endireitei.
— É o Tom — meu marido comentou. — O que ele está fazendo aqui?
— Eu não sei, pedi para ele ficar em Nova York para cuidar dos
negócios enquanto ficasse fora — ele se soltou das amarras e cruzou os
braços no peito.
Eu fiquei atenta. Não havia ninguém no lugar do Don, uma vez que o
Underboss e o Consigliere estão junto com ele num lugar só. Isso não é bom,
não mesmo. Os três mortos significa guerra pelo poder que irá ficar sem
dono. Desconfiada, fiquei atrás de Ângelo enquanto o carro parava.
— Não saia da minha frente — pedi e vi sua cabeça movimentar
lentamente.
Tom saiu do carro junto a mais três soldados e as irmãs White presas
pelas mãos enormes deles. O que me surpreendeu foi o Senhor White sendo
tirado do porta-malas, ele não estava morto, mas inconsciente.
— O que está fazendo aqui? — Escutei Carlo perguntar.
— Descobri quem estava por trás do sequestro do nosso irmão, Carlo
— ele sorria. — Soube que estaria aqui esperando pela Grows.
Isso estava estranho. Toquei as costas de Ângelo e desci até sentir suas
armas, no cós da calça. Puxei uma e coloquei entre meus seios, uma boa hora
para usar um sutiã.
— Acho que ele está mentindo, Ângelo — murmurei, preocupada se
ele iria deixar o sentimento de irmão entorpecer seus sentidos. — Fique
atento a isso.
Ele não se mexeu.
— Como? — Carlo se aproximou devagar, ele também estava
desconfiado.
— Ah, foi fácil! Mexi em alguns números dos nossos negócios e vi um
desvio significativo, pesquisei mais a fundo e cheguei ao nome do White —
o corpo de Ângelo tensionou a minha frente e ele levou sua mão as costas,
achei que fosse pegar a arma mas ele apertou o pulso empurrou contra mim.
Ele queria que eu me afastasse.
Mas eu fiquei, eu não iria. Afastei sua mão para seu próprio corpo e
pus sobre a arma e ele a pegou.
— Que números, Tom? Você não é responsável por essa parte, não tem
acesso a elas, apenas Ângelo — Carlo estreitou o olhar. — Onde conseguiu
os números?
Tom ficou calado, vi seu pomo-de-adão subir e descer. Ângelo apertou
o cano da arma.
— Eu perguntei que números, Tom? — Repetiu.
— Tom?! — Agata Grows segurava uma arma pequena nas mãos, ela
recebeu atenção de todos. — O que está fazendo aqui?
Ela dizia para o homem que era o nosso traidor. A ação foi rápida.
Carlo tirou sua arma e atirou contra a mulher recém chegada e os seus
comparsas. Ângelo colou seu corpo ao meu enquanto atirava em Tom, dando
cobertura ao Don, ele abriu a porta do carro e ficou atrás dela. Os White e
os soldados correram para trás do carro e os perdi de vista. Não! Eu ainda
iria matar aquelas duas.
Tirei a arma do seio e deixei meu taco nos meus pés. Me abaixei sob o
braço esquerdo de Ângelo e cacei minha vítima. Vi a cabeleira loira de
Grows e logo atrás dela estava o homem que tinha uma dívida comigo. Não
esperei uma outra oportunidade e mirei na sua cabeça. Minha satisfação
gritou dentro de mim, ao ver o sangue espirrar nas duas mulheres que o
deixaram no meio e seu corpo cair, aproveitei a deixei e mirei em Gina.
Dois bastardos que pareciam cachorros fanáticos pelo dono. Agora,
Grows estava sozinha.
Ângelo grunhiu acima de mim e sua perna vacilou, mas ele continuou
atirando até as balas acabarem. Dei minha arma para ele e peguei a que
estava na suas mãos, passei minhas mãos em seu corpo caçando os pentes e
encontrei no bolso direito da calça. Coloquei um na arma e segurei outro na
mão.
Vi Carlo ser atingido na coxa e engatinhar para trás do carro, fui atrás
dele.
— Tudo bem aí? — Perguntei de forma retórica, eu só queria ver se ele
estava vivo ou aguentaria até podermos tirá-lo dali.
— Já estive pior — respondeu. Seu olhar desviou para o homem que
um dia considerou irmão e depois voltou a mim. — Precisamos feri-lo e
chegar nos White — me estendeu sua arma —, pode fazer isso?
— Posso — afirmei, sem dúvidas. — E você?
Ele sorriu divertido. — Minha esposa não me deixa sair sem estar
devidamente bem armado. E é ela quem limpa minhas armas e as conta,
então se você puder me devolver depois...
— Claro — afirmei. — Aliás, adoraria conhecê-la um dia.
Seu sorriso se tornou amargo. — Claro que sim — debochou. — Mas
nem morto, não quero sua loucura assassina influenciando minha mulher.
Você e Ângelo são iguais.
Eu ri, com gosto. — Relaxa, cara — bati no seu ombro e ele não gostou
nenhum pouco. Foda-se. — Eu não sou assim o tempo todo, só quando
quero. Quando voltarmos para casa, voltarei a ser a bela senhora De Luca —
pisquei. — Não gosto de exibir esse meu lado, gosto que me subestimem.
Carlo só assentiu. Eu sorri e me levantei, voltando para o meu marido.
— Tente acertar as pernas dele, nos joelhos — ele disse.
Seu pior inimigo é aquele que te conhece. Isso serve para ambos os
lados. Tom conhecia Ângelo e Carlo intimamente para tentar os derrubar,
mas esqueceu que eles já foram seus irmãos e também o conhecia
perfeitamente. Tinha vontade de o matar ali mesmo e fazê-lo pagar pelo
estresse que passei, mas sei que Ângelo faria isso por mim, em breve,
enquanto brincava de pique-esconde com os White.
Eu mataria por esporte. Não tinha nada contra elas, mas já que estavam
no meu caminho... Passaria por cima. A lei do mais forte
Me abaixei novamente. Agora Tom já sabia da minha existência ali e
alternava sua atenção sobre nós dois. Ele era rápido, mas o observando pude
ver que colocava parcialmente seu corpo para fora da proteção traseira do
carro para atirar. Seu joelho esquerdo fazia uma dobra em um ângulo
esquisito. Entendi. Se atirasse ali o derrubaria com facilidade, porque já
estava todo fodido. Eu esperei e esperei, Ângelo já começava a ficar
impaciente. Mas eu precisava que Tom abrisse um pouco mais as pernas, e
quando o fez sorri e mirei, atirando três vezes.
Seu grito de dor foi audível em todas as direções. Agata Grows
também gritou e ameaçou correr em direção à ele, mas a impedi com um tiro
na sua orelha, antes.
Seu corpo, sem vida, caiu enquanto Ângelo saia do meu lado. E
novamente, por um segundo, que nos separamos a merda explodiu.
Kyra
Ângelo caiu de joelhos e levou sua mão ao peito. Merda! Não! Eu me
precipitei e me ergui, querendo ir atrás dele, mas ele sorriu, olhou para sua
mão sendo suja pelo seu próprio sangue e como num passe de mágica retirou
uma faca da jaqueta e jogou em uma velocidade que não consegui registrar.
Ofeguei. Ângelo caiu para trás, esparramado no chão e eu corri até ele.
Ainda com um sorriso diabólico no rosto, seu olhar veio até mim.
— Não ouse morrer — rosnei pra ele e cacei pelo buraco que a bala
fez.
— Ele atirou no meu ombro, principessa — disse e gemeu. — Seus
seios estão na minha cara — murmurou. — E não estou reclamando, pode
ficar assim mesmo.
Ri e me ergui, estendo minha mão para ele. — Levanta logo, vamos nos
divertir, ainda não acabou.
— Adoro esse seu lado assassino, amor — ficou de joelhos e abraçou
minha cintura, enfiando a cara no meu abdômen. — Não sei por que esconde,
é tão excitante, não tem ninguém como você dentre nós. Nem mesmo a
esposa do Don.
— Eu gosto que me subestimem — respondi, o que já havia dito ao
D’angelo. — Agora levanta, eu quero ir atrás das bonequinhas. Vocês podem
se divertir com os outros.
— Cadê a Grows? — Perguntou.
— No chão, com uma bala na cabeça, igual aos seus amiguinhos — me
virei e sorri indo pegar o meu taco no chão.
Eu me abaixei, empinando minha bunda no alto e escutei Ângelo
grunhir. — Ah, essa bunda gostosa — suspirou. — Vá, amor, antes que eu te
vire do avesso aqui mesmo.
Eu ri, caminhando para o carro onde Tom estava jogado no chão e com
Carlo sobre ele. O cara não estava morto, ainda. Dei a volta e encontrei os
White ali, as irmãs me olhavam assustadas com a maquiagem borrada de
tanto choro e o pai delas ainda inconsciente no chão. Eu não vi os soldados e
sinalizei para Ângelo, ele assentiu e saiu, logo mais eu escutaria sons de
disparos que acabariam com a vida daqueles homens.
Me abaixei na frente delas, deixando meu olhar o mais acolhedor
possível. Um lobo mal pronto para atacar suas vítimas.
— Vocês estão bem? Alguém se machucou? — Perguntei e estendi
minhas mãos para desatar os nós que as prendiam, não teria graça assim.
Madison ainda tinha aquele olhar arrogante para cima de mim. Ela
sempre foi uma garota mimada e metida, que agora iria pagar pelos erros do
pai. O Don podia fazê-las casar com alguém, mas eu não deixaria e lidaria
com as consequências depois.
— Não — respondeu ríspida. — Nos solte logo antes que eu fure sua
cara ridícula.
Eu sorri. — Claro, querida.
Eu havia deixado meu taco no capô do carro. As soltei e me levantei,
deixei que passassem na minha frente e tentassem ajeitar suas roupas. Em
momento algum deram importância ao pai ainda no chão. Vi Ângelo
voltando, com um sorriso no rosto e me procurando com o olhar, acenei
discretamente com a mão e seu sorriso aumentou.
Madison e Gabe congelaram e se olharam rapidamente antes de armar
um show. Me encostei no carro, cruzando os braços. As duas começaram a
chorar copiosamente, uma delas até se desequilibrou no salto. Eu tinha
vontade de gargalhar. Ângelo parou quase um metro delas.
Esperto!
— Ângelo — Gabe chamou e tropeçou até ele, que somente olhava
aquilo.
— Isso foi horrível, Ângelo, eu estou morrendo de medo — Madison
seguiu a irmã.
Okay. Hora da apresentação particular e erótica para o meu marido.

◇•◇•◇

Ângelo
Eu estava ansioso, queria saber logo como ela usaria o presente que
dei. Sabia que minha garota podia me excitar apenas com um único sorriso,
mas a proposta do jogo me foi interessante. Estava louco para ver seu corpo
em ação, já fantasiava com aquilo. Meu olhar discreto estava sobre ela, as
irmãs White era quase invisíveis.
Kyra estava sorrindo para mim e piscou quando pegou o taco na mão.
Suspirei em expectativa. Ela veio rápida e acertou o lado direito da cabeça
de Madison, que caiu já desacordada no chão. Gabe teve meio segundo para
processar o que aconteceu, quando se virou para trás Kyra ainda sorria.
— Corra — disse, simples.
A garota olhou para mim, mas eu só conseguia olhar para a minha
mulher, acredito que com um sorriso paranoico e gigantesco na cara. Eu mal
a vi passar por mim, tropeçando e gritando.
— Que porra é essa, Ângelo? — Não me virei para Carlo. — Não
precisam matar as garotas.
— Eu sei — assenti. — Mas estou deixando minha mulher se divertir,
cuide da sua parte.
Ele saiu arrastando o corpo inconsciente de Tom – sentia um gosto
amargo na minha garganta quando me lembrava disso – para longe e
resmungando o quanto eramos maníacos psicopatas ou loucos achando que
estávamos num parque de diversões sangrento.
Kyra o observou ir embora. Eu cruzei meus braços e esperei ela voltar
seu olhar para mim.
— Amor... — Não resisti e a chamei, seus olhos claros se viraram para
mim. — Não vai continuar?
Ela bufou. — Ela já está morta — passou por cima do corpo da garota
no chão e se jogou em mim, eu a peguei e apertei em meus braços. — Isso
não teve graça — reclamou. — Madison era tão frágil quanto um papel.
— Você ainda tem Gabe... — lembrei e ela voltou a sorrir
genuinamente. — Por mais que eu queira ver, não use seu taco com ela, use
isso — retirei uma das minhas outras facas da cintura e pus nas suas mãos,
retirando o taco dela. — Volte para mim com suas mãozinhas sujas ou
perderá o jogo — levantei seu queixo com a ponta da faca e beijei levemente
seu lábios. — Vá, principessa, e volte com a minha Red Hand, hum?
Kyra mordeu o lábio inferior, excitada. Podia sentir as pontas dos meus
dedos formigarem para tocar seus lábios mais íntimos. Ela assentiu e pegou
a faca da minha mão, acompanhei sua bunda rebolar para longe.
Minha garota.
Minha mulher.
Minha víbora assassina.
[...]
Carlo havia arrastado Tom para uma casa abandonada, deu um jeito de
amarrar ele em uma cadeira velha enferrujada e buscou um balde de água
suja. Eu me aproximei do homem que um dia eu considerei um irmão e puxei
minha faca do seu ombro.
— Não me surpreende, se quer saber — Carlo comentou, atrás de mim.
— Me surpreende é quão burro ele foi. Podia ter conseguido, eu acredito
nisso, mas deixou seu orgulho subestimar.
Suspirei. — Inimigos estão em todos os lugares. Fique a vontade para
fazer o que quiser com ele, não tenho estômago pra isso, não com ele.
Carlo pôs o balde no chão e também suspirou. Passou os próximos dois
minutos olhando pro cara, até enfim decidir puxar sua arma e apontar contra
a cabeça dele.
— Mais um dia normal nesse inferno — e puxou o gatilho, quatro
vezes.
Cômico, se não fosse trágico.
Escutamos um grito de pavor ao longe. Carlo virou para mim e eu dei
de ombros.
— Ela está se divertindo.
Ele revirou os olhos. — Vamos assistir, então.
Não me animei, não depois de ver Tom com a cabeça pendurada com
um buraco jorrando sangue, mas meu pau estava latejando pela minha garota,
ele estava alheio aos meus sentimentos feridos.
Porra! Agora ele tem dona.
Vimos Gabe tentando correr ofegante, segurando sua barriga
ensanguentada. Ela caiu diversas vezes e se arrastava, enquanto Kyra
caminhava calmamente até ela. Me encostei em um dos carros e Carlo me
imitou.
— Acho que vou contratá-la, mandar trabalhar com você — divagou.
— Não, melhor não! Capaz de vocês transarem encima do corpo do inimigo
antes de me trazerem informações.
— Não nego, é uma ideia boa — mordi meu lábio inferior. — Mas não
sei se ela aceitaria.
— Está brincando, é? — Ele riu amargo e olhou para mim. — Nem
fodendo! Deixe ela como está.
Dei de ombros e voltei a atenção para nossa frente. Kyra segurou os
cabelos da outra e a virou para cima, dava até pena da menina. Minha esposa
enfiou vagarosamente a faca no ombro dela enquanto dizia algo baixo o
suficiente para não escutarmos. Isso não demorou muito, então a soltou e
decidiu que já bastava. Kyra olhou para nós por um momento e sorriu para
mim, eu devolvi. Então, ela finalmente desceu a faca sobre a garganta de
Gabe finalizando seu trabalho.
Larguei Carlo para trás e fui para a minha principessa. Parei poucos
centímetros dela e a inspecionei de cima a baixo. Mordi minha língua para
não soltar um gemido quando vi suas mãos e braços cobertos de sangue.
— Se divertiu, amor? — Ergui meu olhar. Kyra estava esperando
aprovação e quando fiz sorrindo e mostrando meu orgulho, ela se jogou nos
meus braços.
— Um pouco — sorriu. — Eu ganhei, não é?
Esfreguei minha ereção na sua barriga e apertei contra mim. — Sempre
— beijei sua testa. — Minha víbora.
Eu estava orgulhoso e excitado pra caralho!
— Agora, eu vou levar você pra casa e você vai tomar banho para tirar
esse sangue de você e eu não vou junto — instrui. — Você vai ter uma hora
para isso, entendeu? — Ela assentiu. — Depois você vai me esperar nua na
cama e sem qualquer coisa que você possa agarrar — puxei a faca da sua
mão, para enfatizar o que queria dizer. — Essa noite, ou você morre nas
minhas mãos provando que eu estava errado o tempo todo ou você se torna o
que eu sempre quis da minha esposa.
— E o que seria?
— A porra da minha víbora assassina! Uma rainha da noite.
Kyra
Descobri que uma hora é muito pouco. Passei a maior parte do tempo
resmungando e esfregando minha pele até machucar tentando tirar o sangue
seco de mim, enquanto tomava banho. Fiquei tentada a chamar Ângelo e pedi
ajuda, mas ele havia sumido pela casa. A menos que eu mandasse sinal
fumaça ou botasse fogo na casa, ele não apareceria.
Choraminguei e continuei esfregando. Que merda! Eu grunhi alto e
soquei a parede do banheiro.
— Assim não, amor — escutei sua voz atrás de mim e me virei para
ele. Ângelo estava meio molhado, indicando que já havia tomando banho,
mas estava nu aqui comigo. — Venha cá.
Ele tirou a bucha da minha mão e puxou meu corpo de costas para o seu
peito, nos pôs debaixo d’água e começou a esfregar meu braço com o
sabonete, suavemente.
— Por caso eu estou atrasada e resolveu vir atrás de mim? —
Perguntei.
— Não — riu e ergui meu queixo para olhar seu rosto, seus olhos
estavam concentrados nas suas mãos. — Imaginei que estaria com
dificuldade e vim ao seu resgate. Você ainda tem uns quarenta minutos. Você
tem que esfregar com calma, principessa, não precisa arrancar a sua pele.
Suspirei frustrada e joguei meu peso sobre ele. — Fácil para você
falar, eu nunca precisei fazer isso. Aí! — Exclamei, quando ele tocou uma
parte sensibilizada da minha pele.
Ângelo beijou meu ombro, se desculpando, me puxou para sentar no
seu colo enquanto ele sentou no chão do box. Vi a cabeça do seu pau entre
minha pernas, ela brilhava e eu salivei.
— O que você pretende fazer, Ângelo? — Me inclinei para frente e
molhei minha própria cabeça e deixando a água escorrer por minhas costas.
— É surpresa, Kyra — respondeu. Tensionei o meu corpo.
Ângelo nunca havia usado esse tom comigo, era como se eu fosse uma
qualquer, não sua esposa, não sua mulher. Havia um tom de distanciamento
emocional ali, eu tive medo disso.
— Você nunca me chamou pelo nome assim, Ângelo — murmurei.
— Assim como? — Suas mãos pararam e ele esperou.
— Como... Como se eu não fosse sua — eu sussurrei. — Ângelo...
Eu não entendi seu silêncio por um segundo, mas ele abraçou minha
cintura e me virou para ele. Ângelo estava com um olhar feroz e raivoso,
mas sua voz estava extremamente calma.
— Não importa de que forma ou tom que eu te chame, você sempre
será minha. Você é a única mulher que tem alguma poder sobre mim. É a
única por qual meu coração pulsa, quem eu amo! Então, Kyra De Luca —
seus dedos subiram para o meu queixo e se enrolaram ali, puxando-o para
mais próximo do rosto dele —, você é a minha mulher, minha garota, minha
esposa, minha principessa, minha víbora. Minha e somente minha! Eu fui
claro o bastante?
— Cristalino — assenti e beijei seus lábios. — Agora que tal enfiar
seu pau em mim?!
Eu estava desesperada, não gostei daquele tom de voz e o queria
agarrado em mim de qualquer forma.
— Às vezes você me emociona com seu romantismo — ele revira os
olhos, mas nos ergue do chão. — Termine de tomar banho, estarei te
esperando no quarto.
Eu o observei ir se enrolando na toalha, por um momento achei que
estivesse chateado por eu não ter correspondido a sua declaração, mas eu
deixei isso de lado. Ângelo tinha uma vida toda para me fazer amá-lo.
E ele já tinha minha apreciação por me amar ou pelo menos estar
apaixonado por mim.
Eu saí do box e me enxuguei, não me preocupei em ir até Ângelo
coberta pela toalha, andei até lá completamente nua. Meu cabelo estava
pingando um pouco ainda. Parei na porta do banheiro, olhando-o sentado na
ponta da cama. Ele suspirou e ergueu o olhar para mim.
— Deite-se e me espere, não se mexa — assenti e fiz o que me
mandou.
Vi Ângelo sair do quarto e tomar o seu tempo lá fora. Olhei para a
janela e o sol se punha, havia passado um dia desde que voltamos de Los
Angeles. Eu ainda sentia a adrenalina correr por minhas veias, nunca havia
matado por esporte e diversão, de uma forma tão cruel e fria.
Eu adorei. E não conseguia tirar a satisfação de dentro de mim, era
algo bom e gostoso. Eu não fui julgada, como pensei que seria. Ângelo ficou
ao meu lado e completamente excitado e Carlo não deu a mínima
importância para o que fiz. Talvez ele tivesse aprovado, pelo sorriso
pequeno e controlado e a sobrancelha erguida, quando passei por ele. Eu me
encaixava bem entre eles, e espero seriamente que a esposa do Don não se
importe ou teremos problemas. Não que eu o queira, não, eu já tenho o meu
homem. Mas o ciúmes é um sentimento perigoso, que nos deixa irracionais.
— Abra as pernas — eu escutei sua voz próxima de mim e me virei
surpresa, não o escutei voltar.
Ângelo envolveu meus tornozelos em uma espécie de algemas e
prendeu cada uma em uma ponta da cama. Okay. Normal até aqui. Não me
atrevi a levantar minha cabeça e o observar, minha barriga estava gelada de
nervosismo. Meu marido estava mais calado do que nunca, o ouvia se
movimentar e de vez em quando sons de coisas metálicas se chocando.
Apertei os dedos dos meus pés, ansiosa. Respirei fundo,
silenciosamente, e tentei me distrair me olhando no espelho acima da cama.
Meus seios esparramados e os bicos duros de frio, as pernas abertas, meus
cabelos molhando o lençol da cama e meu rosto contorcido de nervoso. Pelo
espelho, vi Ângelo se aproximar com uma faixa preta nas mãos, voltei meu
olhar para ele.
— O que é isso? — Perguntei no automático.
Seus olhos negros estavam com um brilho perigoso. — Você precisa
confiar em mim — disse apenas e levou a faixa grossa acima dos meus
olhos. — É só para impedir você de gritar alto.
— Eu confio em você, mas não nessa sua versão sombria que eu não
sei o que esperar e fica calado o tempo todo — estalei minha língua. —
Ângelo...
Foda-se! Eu estava com medo, muito medo. Nunca tinha o visto assim
e só de me lembrar das suas palavras na noite anterior, sobre morrer nas
suas mãos, fazia me sentir uma garotinha com medo de aparecer um demônio
no escuro. Na verdade, eu era essa garotinha e Ângelo o demônio. Ah, se eu
pudesse correr agora... Mas não acho que iria muito longe.
— Você já esteve com ele, antes — disse e pegou minha mão, levando
ao seu peito. Eu não sentia seu coração bater, o que significa que ele está
calmo. — Mas ainda sou o mesmo Ângelo que você conheceu, amor —
desviei meu olhar do seu e abaixei para a sua mão cobrindo a minha. — Não
tenha medo. Ele só vai me ajudar a trazer você pra mim.
Eu não queria entender suas palavras. Não mesmo. Eu tinha medo do
caralho do meu lado mais sombrio. Eu sei como ele é, porque vive trancado
a sete chaves dentro de mim. Não é bonito, não é legal, não é confiável. Sou
eu sem amarras, muito mais que uma tempestade, um furacão.
— Ângelo... — Choraminguei. — Eu não quero.
— Eu prometo que você vai gostar, coração — quase sufoquei ao som
da voz e meu olhar voou para os seus olhos como dois poços negros, sem
fundo.
Ele estava ali. Sombrio, sedutor, perigoso, letal. Aquilo era o meu
marido verdadeiro, sua personalidade destrutiva. Senti meu estômago
afundar. Deus! Onde fui me meter?!
— Não tenha medo, toque-me, ainda sou eu — ele puxou minha mão
para o seu rosto e esfregou ali antes de levar para o seu cabelo preto e
escorrido.
Ângelo se abaixou mais, até metade do seu corpo está sobre o meu. Ele
lambeu meus lábios e tocou levemente o meu pescoço, numa carícia que
parecia proibida. Quando afundou seus lábios nos meus, ele enfiou sua
língua na minha boca buscando a minha para uma dança sensual. Senti seu
dedo indicador descer pela lateral do meu seio e parar na minha barriga.
— Seja minha — ele sussurrou baixinho sobre meus lábios. — Venha
comigo, por favor — implorou num tom sofrido e voltou a me beijar, mas
desta vez sua outra mão entrou em jogo.
Ângelo deixou de lado a faixa e subiu na cama, sobre mim e ficou entre
minhas pernas presas. Com uma mão ainda na minha barriga, ele trouxe a
outra para o meu peito, acima do coração. Ele apertou forte e eu gemi.
Descobri uma área sensível e muito vulnerável.
— Não grite — ele disse firme. — Por mais que adore ouvi-la gemer,
eu odeio gritos.
Eu não saberia se podia controlar isso, mas faria o esforço. Assenti.
Ele me avaliou severamente antes de levantar e sumir de vista, outra vez.
Ofegante, tentei controlar a minha respiração novamente. O quarto estava
ficando escuro e Ângelo não iria ascender as luzes.
— Kyra — ele chamou minha atenção, em algum lugar, mas não
consegui localizá-lo. — Eu vou dizer tudo o que vou fazer com você,
enquanto faço. Você não irá fugir, você não irá gritar, você não irá reclamar.
Você só vai sair daqui hoje, morta, ou amanhã acordará nos meus braços
sendo quem você realmente é, sem medos. Porque eu não aceito me casar
com uma mulher frágil que não possa me aguentar, aguentar a minha
personalidade sombria qual eu preservo com gosto e amor. Você me
entendeu?
— Sim — murmurei, fracamente.
— Bom... Se sobreviver, teremos o White para brincar, principessa —
ele amansou a voz. — Você quer brincar, amor? Então seja uma boa garota e
caminhe para mim, seja a minha víbora perigosa e letal melhor do que eu vi
ontem, hum?
— Ângelo... — gemi. Ah, merda! A voz dele estava me excitando pra
caralho!
Nem em mil anos conseguiria achar um cara com uma voz tão rouca e
excitante como a do meu marido. Juro que poderia gozar só o escutando e
retumbando dentro de mim. Por pouco não levei minha mão para minha
boceta latejante, porque ele me impediu.
— Não, você não vai se tocar, não hoje — advertiu.
Ângelo subiu novamente em cima de mim, ficou entre minhas pernas.
Ele tinha algo em uma das mãos e pôs acima da minha cabeça.
— Quietinha — mandou, descendo as pontas dos seus dedos para a
minha boceta. Mas meu marido não me tocou como eu queria, somente
verificou minha lubrificação por ele e sorriu, gemi incomodada buscando
por seu toque. — Eu vou fazer você implorar. Enquanto não me der o que eu
quero, não te darei o que você quer.
— Ângelo... — gemi frustrada, puxando minhas pernas presas.
Ele ergueu o tronco e puxou minhas mãos, juntando os pulsos e os
prendendo com a faixa que seria para a minha boca. Eu estava totalmente
imobilizada.
— Sabe, com você presa, eu posso fazer o que quiser com o seu corpo
e você não irá fugir — sua voz veio calma. — Eu posso machucá-la e você
não irá gritar, pois vai gemer para mim como uma boa garota que é. Você
vai, não é, Kyra? Minha doce Kyra... — vi o brilho metálico de algo no ar e
ofeguei. — Você não me respondeu.
— Eu não sei — murmurei. — Ângelo...
— Por que você não me chama por algo mais íntimo do que o meu
nome, hum? — Algo frio tocou minha pele e eu me arrepiei inteira. — Eu
gosto de ouvi-la me chamar de... Como é mesmo, amor?
— Grandão? — Tentei, ofegante.
Deus! O que é isso? Sentia um misto de medo e expectativa, ao mesmo
tempo que era distraída por sua voz que me levava para um abismo.
— Também, mas ainda não... — ele debruçou sobre mim e com a ponta
da língua lambeu o bico do meu seio endurecido, gemi. — É algo melhor.
Vamos, tente de novo e não aposte em amor.
Eu não tinha dado nenhum apelido significativo para ele. Ângelo já
havia ganhado muitos, eu só fiz... Ah!
— Mister Red Hand — sussurrei. — Meu... — mordi meu lábio com
força para não gritar ao sentir sua enorme invasão dentro de mim. Soltei todo
o ar dos meus pulmões, pega de surpresa, fui pega de surpresa.
— Boa menina — elogiou. — Assim mesmo. Agora repita novamente,
para mim, sem o mister.
— Red Hand.
— De novo — exigiu.
— Red Hand.
— Ainda não, amor — estalou a língua, sem mexer o quadril. Eu estava
o sugando com força e ele parecia uma estátua sobre mim, mas também o
sentia pulsar em minhas paredes internas.
Suspirei. — Meu... Meu Red Hand — chutei.
— Isso... — sua mão livre viajou para o meu pescoço e acariciou. —
Você sabe por que, não é? — Assenti. — Eu gosto do sangue nas minhas
mãos, é excitante, você sabe — de novo balancei minha cabeça e ele sorriu,
um sorriso torto de lado. — Estamos quase lá, principessa.
Onde ele queria chegar, eu não fazia a mínima ideia. De repente, ele
levantou e eu fiquei vazia.
— Já me colocaram para servir como torturador, só que era muito
entediante e eu preferi sair — comentava. — Mas, por hoje, vou permitir
voltar a jogar um pouco. Vamos lá, amor, você pode escolher ficar entre o
torturado ou lutar comigo para pegar o melhor lugar do espetáculo.
Bem... Ele queria jogar. Vejamos, seria fácil pedir o lugar de destaque,
mas isso tiraria a tensão do ar e acabaríamos em uma noite de sexo quente e
dormindo de conchinha. Ângelo não é muito fã disso, ele gosta de algo
perigoso, algo que nunca experimentei antes. Meu marido pediu confiança, o
que pode acontecer se eu der esse golpe no escuro com ele?
— O que acontece se eu escolher ser torturada? — Escutei sua risada
maliciosa.
— Isso eu não posso contar, é um segredo — brincou. — Mas, não é
ruim.
— Então me mostre esse segredo, não tenho nada a perder com isso —
disse, por fim.
— Ah, sim, você tem! — Ângelo voltou a se aproximar, tinha
impressão que se afastava apenas para manter o controle de si mesmo. —
Algo que você tem muito apreço. Mas, agora, não há volta, querida, tudo
bem?
— Só... Só ande logo com isso. Você está me entediando — soltei sem
pensar e me vi a beira da morte olhando aquele brilho sombrio intensificar
nos seus olhos.
Ângelo subiu na cama, o olhar sempre em mim e na mão carregava um
faca, eu via agora. Ele afastou minhas coxas e adentrou para mais perto.
Calado, ele deslizou a ponta afiada da faca pela lateral do meu corpo. Eu
tremi e ofeguei. O que ele iria fazer? Eu queria dizer algo, chamar pelo seu
nome, mas o olhar que ele me dava me dizia para ficar quieta. Ângelo era o
predador ali, ele quem estava comandando a situação, cabia a mim ser a
presa.
Ele desviou o olhar apenas para ver onde levava a ponta gelada, parou
abaixo do meu seio esquerdo. Então, ele apertou e eu ofeguei mordendo a
língua impedindo o grito preso na minha garganta. Ângelo estava me
cortando, pela dor era algo superficial mas doía pra caralho! Fechei meus
olhos e apertei, pelo que parece uma eternidade. Meu corpo estava tenso e
quando senti sua mão nele choraminguei.
— Eu gosto de sangue, amor — murmurou. — O seu é doce...
Abri meus olhos e os abaixei para ele, com a cabeça inclinada para o
meu seio e o lambendo. Demorei meio segundo para entender o que fazia.
Deus! Isso era loucura! Mas não posso mentir que foi excitante, o sangue já
esteve entre nós um vez. Desta forma, era só diferente. Um diferente bom...
Eu gemi, ainda o olhando, e sentindo uma pontada de dor.
— Eu vou sujar apenas as minhas mãos, você irá ficar limpa —
divagou, em seus pensamentos. — Meu doce...
Apertei os dedos dos pés e gemi novamente. Ele subiu para chupar o
bico do meu seio e voltou seus lábios aos meus. Senti o gosto ferroso na sua
língua. Ângelo pôs minhas mãos para cima da minha cabeça e as segurou lá.
Eu estava completamente dominada por ele.
— Eu só vou desamarrar você quando chegar onde eu quero —
murmurou. — Enquanto lutar contra, irá continuar presa. Eu sei que você não
gosta — sorriu sobre meus lábios e voltou a passear a lâmina na minha pele.
Eu tinha que entrar no seu jogo, não tinha escolha. Engoli a saliva e
joguei meu quadril para cima, chamando sua atenção pra lá.
— O que pretende fazer? Vai continuar me cortando? — Perguntei.
Os olhos negros vieram para mim mais uma vez e seu sorriso
aumentou. — Posso mordê-la — antes que pudesse registrar, ele abaixou a
cabeça na curva do meu pescoço e mordeu minha clavícula.
Gemi alto e tentei soltar as minhas mãos e puxei minhas pernas,
choraminguei. Senti seus dentes romperem minha pele e eu não parava de
gemer, com dor. Ângelo estava disposto a me machucar hoje, de qualquer
forma, porque queria meu pior lado para fora lutando com ele.
— Ângelo... — choraminguei. — Por favor...
Implorar não adiantava nada. Ele continuou passeando a lâmina no meu
corpo, até que a largou e levou seus dedos para a minha boceta molhada por
ele. Meu corpo estava reagindo a ele encima de mim, excitado e clamando
por mais toques dele numa área mais específica. Ofeguei ao sentir seus
dedos nos meus lábios molhados e um deslizar vagarosamente sobre meu
clitóris.
Gemi sufocada. Deus! Esse homem estava brincando com o meu corpo
de uma maneira selvagem. Ângelo continuou deslizando seus dedos por lá,
beirando minha entrada. Quando estava extremamente perto de gozar, ele
parou e lambeu seus dedos.
Meu marido ergueu o tronco um pouco e levou sua mão para perto da
minha coxa direita e puxou uma adaga pequena. Era ali que estava seus
brinquedos? Eram facas que ele queria dizer com isso? Me lembro de algum
momento ouvir que ele é um maníaco por facas, mas não imaginei assim.
— Vou usá-la na sua boceta e você vai gozar pra mim — disse.
O quê?! Ângelo a deslizou por minha barriga até embaixo, ele a
introduziu em mim e eu ofeguei. A faca não fazia volume, mas o meu corpo
entendeu aquilo como um estímulo e a sugou apertando o cabo, deixando
Ângelo satisfeito. Eu estava atendendo suas expectativas, aparentemente.
Ele começou com uma carícia leve, ajustando, até fechar sua mãos
envolta da lâmina, grunhir e começou a me foder com força. Meus joelhos se
espalharam no automático e comecei a gemer cada vez mais alto. Porra! Eu
iria gozar com uma faca na minha boceta. Seus olhos negros estavam na sua
mão lá embaixo e ele sorria muito.
Um arrepio quente passou sobre meu corpo e eu gozei, mordendo
minha língua com força para não gritar. Desabei ofegante. Vi Ângelo retirar a
pequena adaga de dentro de mim e levar a sua boca, para lamber. Observei
atentamente sua mão com algo escuro escorrer entre seus dedos até o
cotovelo e cair na cama.
Sangue. Ele havia se cortado.
Red Hand.
Eu estava na sua presença. Esse era o nome da sua personalidade
sombria. Por um segundo me arrepiei com medo, mas eu havia gozado com
ele, não há nada que pudesse tirar isso. Ele estava confortável comigo, me
chamando para brincar e eu estava recusando fortemente e ele continuava
provocando.
Me sentia forçar uma porta na minha cabeça, querendo abrir. Ângelo
não poderia se assustar com ela, podia? Ele sempre fora tão louco... Tão
sem limites, tão ele. E estava me chamando para viver na loucura que era sua
própria tempestade. Não poderia fugir, ou seria morta.
Desprezada por ele. E não queria perder Ângelo. Não! Me sentia
extremamente possessiva e louca em relação a ele. Eu poderia matar
qualquer um que ousasse pensar em tê-lo. Foda-se!
Ele é meu! Só meu!
Arrombei a merda da porta imaginaria e saí pra fora. Eu seria a porra
de uma víbora pra ele, me rastejaria pela noite caçando minhas vítimas e
seria a rainha da noite! Não é isso que Laisla Valentini instruiu, me
aconselhou? Então eu faria, mas por mim e Ângelo que estivesse pronto para
a destruição do meu furacão!
— Ângelo? — Chamei. Ganhei sua atenção, a faca ainda na sua boca.
— Me desamarre, agora! — Eu rosnei. — Você queria isso, agora irá lidar
com a sua escolha.
Ele jogou a adaga longe e avançou sobre os meus lábios. Ele ria, feliz
e esfregou a mão cortada no meu seio direito, o sujando com seu sangue,
limpando sua mão na minha pele. Ângelo desamarrou minhas mãos e eu
agarrei os cabelos acima da sua nuca o puxando para mim, forçando sua
boca sobre a minha.
— Venha minha rainha, venha para o seu rei — murmurou e mordeu
meu lábio inferior com força. — Achei que seria mais difícil, amor — dizia
e suspirou, me erguendo para cima do seu corpo. Ele também desamarrou
meus pés e levantou da cama. — Está pronta, hum?
— Sempre — respondi e levei minha mão para o seu mamilo esquerdo
com um piercing e entortei nos meus dedos até ouvi-lo gemer dolorosamente.
— Garota má — sorriu, mordiscando seu lábio. — Minha víbora —
cantarolou e avançou sobre meus lábios novamente.
Ângelo me prensou contra a parede e guiou seu pau para minha entrada.
Apoiei minha mão no seu ombro e gemi vagarosamente, jogando minha
cabeça para o lado, fechando meus olhos. Com a outra, pendurada em suas
costas, eu bati o cabo da faca nele, isso o deixou surpreso. Eu havia a
pegado enquanto me levantava da cama, com seu olhar distraído e
apaixonado por mim.
— Você me sujou, disse que não faria isso — suspirei, movimentando
meu quadril. Ele estava parado, esperando por mim. — Eu não gosto de
promessas quebradas.
— Não era uma promessa — devolveu. — E vê-la com o meu sangue,
me deixa pulsando por você, amore mio — ah, esse sotaque italiano! —
Você pode sentir.
Era verdade. Minhas paredes internas o sentiam grosso, preenchendo
tudo.
— Mas você quebrou sua palavra, de qualquer forma — gemi baixando
sobre seu pau. Eu precisava mais do que isso. — Eu vou te cortar — gemi
novamente, ondulando meus quadris. Ângelo prestava atenção nas minha
palavras. — Você vai reclamar?
— Não — balançou a cabeça, ansioso. — Jamais.
Eu baixei meu olhar para o seu peito, coberto por tatuagens. Eu as
estragaria, de alguma forma. Não havia lugar algum onde ele não fosse
tatuado, até mesmo sua bunda branca estava pintado. Trouxe minha mão para
frente, bem acima do seu coração. Ergui meu olhar para ele e sorri, ele me
acompanhou.
Eu afundei a lâmina, de forma rápida e extremamente prazerosa.
Ângelo jogou a cabeça para trás, gemendo alto. Suas mãos apertaram
fortemente minha cintura e eu apertei seu pau dentro de mim, também com
força e isso lhe deu um gemido prolongado e gutural.
Arrastei a lâmina, abrindo a sua pele até pouco acima das costelas. Seu
sangue escorreu quente entre nós, sujando nossas peles juntas. Senti escorrer
até nossas partes íntimas ligadas, molhando. Joguei a faca no chão e avancei
na sua boca.
Chega de jogar! Eu quero gozar.
Ângelo desceu suas mãos para a minha bunda e apertou, separando as
bandas e pressionou seu corpo mais sobre o meu. Ele começou a me foder
com força absoluta, grunhido e gemendo no meu ouvido ou na minha boca.
Eu me sentia nas nuvens, ele atingia pontos sensíveis dentro de mim. Eu vim
a primeira vez, naquela noite, no seu pau e eu quase gritei, mas impedi
mordendo seu ombro, ainda o sentindo socar dentro de mim prolongando
meu orgasmo.
— Deus! Ângelo! — Gemi ofegante.
Eu senti um tapa no meu rosto, meus olhos se encheram de lágrimas
mas não deixei de sorrir. Meu marido queria que eu o olhasse, não desviasse
o olhar. Eu desci uma mão por entre nós e cutuquei sua ferida no peito, ele
desequilibrou e errou uma estocada. Finquei minhas unhas na sua pele e
dessa vez eu não consegui impedi meu grito. Senti meu corpo fraco e
sensível, eu desabei sobre Ângelo choramingando e tremendo.
— O quê...? — Eu não estava raciocinando direito.
— Aconteceu algo aqui, amor — a voz dele estava mansa, mas ainda
feroz. — Olha pra mim — pediu.
Ângelo ainda se movimentava, batendo dentro de mim. Abracei o seu
pescoço e o olhei. Ele manteve uma mão na minha cintura e levou a outra
para o meu rosto. Seus olhos negros me avaliaram, enquanto eu gemia ainda
mais profundamente. Estava sensível pra caralho! Não sabia se queria
continuar com aquilo ou parar de uma vez.
— Eu juro que eu estou confusa aqui — murmurei. — Não sei que
porra aconteceu comigo, mas eu te amo muito, Ângelo.
Ele bateu forte dentro de mim e parou. Me analisou, sorriu e acariciou
levemente minha bochecha. — Achei que tivesse dito que odeio gritos,
principessa.
Puta merda!
Kyra
Choraminguei dolorida. Eu não conseguia andar e meu corpo inteiro
estava doendo e cortado. Ângelo usou suas facas em mim, me cortando e
delirando com o meu sangue escorrendo enquanto me fodia. Doeu pra
caralho, mas eu não podia negar que aquilo excitava minha parte sombria.
Eu aguentei cada um dos cortes, ele estava me punindo por gritar.
Mas, daquela vez, foi impossível segurar. Demorei a noite inteira para
processar o que havia acontecido, até que cheguei na conclusão que tinha
ejaculado quando Ângelo atingiu um ponto dentro de mim. Ele guardou a
informação pra si – esse filho da puta – por punição também.
Eu perdi as contas de quantas vezes gozei. Deus! Quando achava que
não conseguiria mais, ele inventava algo novo e levava de volta ao abismo.
Eu chupei, gozei, lambi e o mordi o cabo de diversas facas.
Claramente depois de ser torturada, eu peguei uma adaga pequena das
mãos dele e enfiei com força no seu ombro. Ele grunhiu com raiva e sorriu
diabólico para mim, antes de nós levar para a cama e iniciar uma guerra, que
eu perdi mas ainda sim fiz sangue jorrar dele.
Vi nossas mãos vermelhas e em algum momento as juntamos, unindo as
nossas sombras numa loucura excitante e terminamos a noite, com o sol
desapontando no horizonte, nos braços um do outro. Na violência um do
outro. Jogando nossos demônios de volta para a cela, dentro de nós, mas
agora sem cadeados para mim. Apenas a porta aberta, deixando que ela
pudesse sair quando quisesse.
Um marco, um renascimento, uma liberdade enfim merecida, sem
julgamentos, sem medos, feita no amor e na violência.
Eu acordei, com o corpo pesado de Ângelo sobre mim, não sabia que
horas eram mas havia sol lá fora. Suspirei. Havia sobrevivido. Quebrada,
reajustada e renascida. Ergui dolorosamente meu braço esquerdo e olhei
para minha mão com o sangue seco, via parcialmente as partes brancas das
minhas unhas.
Ângelo levantou sua própria mão e entrelaçou nossos dedos juntos, ele
movimentou o corpo para cima de mim e procurou meus lábios. Eu os sentia
inchados, mas não deixei de beijá-lo.
— Eu não vou perguntar se você está bem — ele riu. Sua voz estava
extremamente rouca e grave. — Como se sente, meu amor? Afinal, você está
viva e muito melhor do que imaginei.
Suspirei e olhei em seus olhos. Ele estava feliz, muito feliz. — Estou
me sentindo bem, mas com um desejo intenso — respondi e sorri para ele.
— Que desejo? — Curioso, soltou pouco do seu peso sobre mim. Mas
eu reclamei, estava fraca não iria aguentá-lo agora.
— Eu quero botar fogo em você — disse, ele estreitou os olhos
franzindo as sobrancelhas. — Literalmente.
Ângelo sorriu balançando a cabeça e se ergueu. — Eu vou considerar
isso um efeito colateral da sua loucura. Agora, vamos, principessa, ainda
temos mais um brinquedo para brincar.
Gemi descontente. Eu queria ficar deitada mas a proposta era
tentadora.
— Então me ajude, Ângelo — resmunguei.
Meu marido voltou a mim e me ergueu, me fazendo ficar de pé e
segurou na minha cintura. Ele analisou meu corpo e eu segui seu olhar. Eu
estava uma bagunça completa.
— Dolorosamente liberta — murmurei e atraí seu olhar para mim. —
O quê?
— Você está perfeita, amor — beijou minha testa. — Consegue ficar de
pé?
Assenti. Ângelo saiu para o closet e voltou vestindo uma calça preta e
uma camisa social também preta nas mãos. Ele não vestia cueca, vi pelo
botão aberto da calça e o volume enorme aparente. Ele me ajudou a vestir a
camisa e abotoou até o meio da minha barriga. Não mostrava meus seios,
apenas uma boa parte deles, minha bunda também estava coberta porque o
tecido negro descia até o meio das minhas coxas.
— Assim — disse. — Fique assim. Eles não vão te olhar, mas vão
saber que você é minha e se tornou a minha víbora — olhei para o seu peito
nu e vi a enorme linha que eu havia feito ali. — Da mesma forma que agora
eu tenho uma dona.
Estalei minha língua. — Eles?
— Carlo, sua esposa — respondeu — e mais um monte de bastardos
que querem entender o que houve nos últimos dias.
— Se estamos indo para uma reunião, eu prefiro ficar e voltar a dormir
— bufei e Ângelo riu.
— Não, amor — ele entrelaçou nossas mãos juntas e me puxou para
seu peito. — Eles estão indo nos assistir a jogar com o White.
[...]
Fomos para o porão da minha casa. Descendo as escadas atrás de
Ângelo, ouvi vozes de homens e o parei receosa. Não que eu não confiasse
em Ângelo, na sua palavra, mas não confio nos outros. Meu marido agarrou
minha mão com mais força e puxou, balançando a cabeça. Confie em mim,
era o que queria dizer. Ao escutarem nossos passos a conversa cessou.
A luz da lâmpada primeiro iluminou ele e depois a mim, quando me
pôs ao seu lado. Cada um daqueles homens – retirando apenas Carlo –
abaixou o olhar para o chão ou desviou para longe, qualquer ponto que não
fosse eu ou a esposa do Don.
Eu ouvi uma risadinha e olhei para ela. — Ah, Carlo e você ainda diz
que não seríamos ótimas amigas — dizia sem tirar os olhos de mim.
Vi seu marido revirar os olhos e a puxar para seus braços. — De
loucos já me basta esse dois, você também não — e beijou seu ombro.
Ela fez um biquinho e virou para ele. — Você, às vezes, é tão chato.
Eles entraram em uma conversa e eu me virei para Ângelo, seu olhar já
estava em mim.
— Eu te disse — sorriu e levou a mão ao meu queixo, forçando a
levantar mais. — Eles não tem coragem de desafiar as víboras, amor.
— Então posso provocá-los? — Ângelo estreitou o olhar. — Só um
pouquinho, hein? Se algum deles perder, você vai acabar matando-os, não é?
Aí está um jogo, grandão — mordi meu lábio inferior.
Escutamos um gemido dolorido e pasmo, quando viramos pegamos o
olhar de um velho. Ele até tentou desviar rapidamente, mas foi tarde demais.
Ângelo suspirou e levou a mão para o cós da sua calça, retirou uma arma
dali e atirou contra o homem, o matando.
— O que eu não faço por você, pequena? — Mas ele sorria e inclinou
para beijar a minha testa. — Comporte-se.
— Achei que tivesse dito que não me controlaria fora da cama? —
Sorri docemente.
— Retiro minhas palavras! — Disse rapidamente.
— Tarde demais — cantarolei.
Eu me sentia muito bem, apesar das poucas fisgadas de dor que sentia.
Fomos mais adentro do porão, em o que parecia uma espécie de quarto de
interrogatório policial. Lá estava o pai White e o filho mais novo, Will – o
garoto estava assustado, não entendia o que estava acontecendo.
Ângelo me pegou no colo e me sentou em uma mesa recheada de facas
e outros objetos distribuídos por ordem de tamanho. Desconfiei que o
espaço vazio no meio foi proposital para mim. Apoiei minhas mãos para trás
e balancei minhas pernas, estava me divertindo com o pensamento do meu
marido torturando aqueles homens.
— Se vocês olharem para a minha esposa, eu faço pior do que
pretendo, hm? — Ele advertiu, naquela voz dominadora e sombria dele.
Combine isso com a rouquidão excitante e o grave gutural e tenha um
orgasmo. Soltei um gemido sem querer e ele virou para mim lentamente, com
um sorriso predatório.
— O que foi, principessa? — Ângelo se aproximou e apoiou seu corpo
em ambas as mãos ao lado das minhas coxas. — Está excitada? —
Sussurrou. Assenti e ele inclinou um pouco mais sobre mim, deixando seu
sorriso mais largo. — Se você...
Ângelo foi interrompido por um barulho de tiro. Virei minha cabeça
enquanto ele olhava por cima de mim. Pelo vidro, vimos a esposa do Don
olhando para o marido encima de um outro homem socando. Meu marido riu
sobre mim.
— Bem, como ia dizendo, se você abrir essas suas pernas para mim
enquanto eu tiro sangue dos White — beijou meus lábios — e gozar, teremos
problemas.
— Não quer que goze pra você chupar meus dedos depois? —
Perguntei, realmente chateada e franzi meu cenho.
— Não — balançou a cabeça. — Eu quero chupar você, mas preciso
que esteja mais molhada, hm? — Assenti e ele sorriu contente para mim. —
Meu amor... — murmurou e se inclinou beijando minha testa.
Desviei meu olhar para trás dele, Will White abriu a boca e
rapidamente desviou o olhar, seu peito estava subindo e descendo
rapidamente. Estreitei meu olhar e levei meu braços ao redor do pescoço de
Ângelo, o abraçando.
— Não machuque o garoto — sussurrei no seu ouvido e lambi, ele
estremeceu e sorri. — Acho que ele não sabe de muito, é apenas um
adolescente.
Ângelo beijou meu ombro depois minha bochecha e me olhou por
alguns segundos antes de assenti. Logo virou de volta para os White. Eu não
iria me masturbar na frente de um garoto, suspirei frustrada por causa disso,
mas teria que recompensar de alguma forma.
Meu marido se movimentava, machucando apenas o homem mais velho,
deixando Will apavorado e sem voz. Ele não gritava realmente, havia
perdido a voz enquanto via seu pai sangrar feito um porco. Não demorou
muito para o senhor White gritar as verdades.
O antigo Consigliere, Tom, conspirava para subir ao poder usando
marionetes como White e Agata Grows que tinham motivos suficientes para
odiar Carlo D’angelo. Por um deslize, foi tudo perdido. Tomaz não esperava
que Grows fosse burra e agisse por impulso fazendo um acordo comigo.
Estalei minha língua sorrindo, enquanto Ângelo enterrava uma faca
deliciosamente devagar na coxa do homem. Meu marido estava coberto de
sangue fresco e suas mãos mais vermelhas ainda. Bom, ele teria que limpá-
las antes de tocar em mim.
— Ângelo? — Chamei e ele se virou imediatamente para mim, os
olhos pretos brilhando em diversão. — Estou ficando entediada e acho que
ele já falou o bastante.
White entendeu isso como uma pausa na sua tortura e a sua libertação.
Ah, não, não mesmo! Ângelo endireitou seu corpo e sorriu para mim. Seguiu
para Will e o soltou, levando para fora e expulsando todo mundo de lá.
Carlo aparentemente já havia sumido com a esposa. Quando voltou, trancou
a porta e veio para mim.
— Vai sujar essas mãozinhas para mim? — Ronronou, excitado. Eu
levei minha mão para o seu pau duro na calça e apertei, ele gemeu
descaradamente. — Principessa... Vou fazer você chupar meu pau.
Mordi meu lábio inferior e pulei da mesa.
— Bem, White, você vai me ajudar a fazer um showzinho erótico para
o meu marido — dizia olhando naqueles dois poços negros convidativos e
perigosos. — Sabia que ele adora sangue?
White ofegou atrás de nós e eu ri. Me joguei no meu homem e o beijei,
senti minha lubrificação escorrer para a minhas coxas. Ângelo apertou minha
bunda nas suas mãos, com força.
— Senhora De Luca, faça o seu homem uivar de tanto gemer enquanto
ele te assiste.

◇•◇•◇

Ângelo

Apesar de confiante, Kyra estava um pouco receosa. Era a primeira vez


da minha garota torturando alguém, sem a rapidez da morte. Sua pequena
mão tremia quase imperceptível segurando a faca. Seu corpo ainda estava
fraco, pela noite que tivemos ontem.
Acariciei meu pau por cima da calça e apoiei minhas mãos sobre a
mesa, em um salto sentei sobre ela. Kyra rodeou o senhor White, enquanto
ele seguia ela com o olhar.
— Achei que meu marido tivesse dito para não olhar para mim — ela
disse, antes que pudesse fazer algo. Sorri e peguei um cigarro velho no bolso
da minha calça.
Eu não fumo com frequência, e nesse momento precisava sentir o gosto
de algo na boca. Voltei meu olhar para a cena na minha frente, enquanto
pensava em algum jeito de acender essa merda. White rapidamente desviou
o olhar para mim, ergui uma sobrancelha e ele o desviou para o chão.
Kyra bufou e eu levei meu olhar para ela. Estava olhando para as mãos
do homem.
— Como um idiota como você tem uma tatuagem tão bonita? Ângelo,
olhe isso — ela aponta indignada e eu estico meu pescoço.
Era uma pequena Lua com flores fazendo uma linha do seu corpo e
alguns arabesco. Lambi meus lábios e estalei minha língua. Isso vai ficar
lindo na minha esposa.
— Arranque a pele dele e me dê para copiar o desenho — sorri pra
ela.
White ofegou e arregalou os olhos. Eu havia o cortado em tantas partes
e arrancando alguns dedos e dentes dele, mas ainda estava muito inteiro, o
que dava margem para muitas horas de diversão para nós.
— Sua vadia filha da puta! Não toque em mim, vagabunda! — Ele
gritou.
Kyra gargalhou enquanto eu pulei da mesa, meu corpo tremendo de
raiva. Eu iria deixar minha mulher brincar um pouco, se divertir, fazer seu
pequeno show erótico para mim, mas a partir do momento em que ele a
insultou e ousou olhar para os seus olhos, eu perdi todo e qualquer controle.
Era sobre isso o que queria dizer. Não olhe, não toque, não se mova ao
redor da minha mulher quando eu mandar! Porque nesse momento eu sou
possessivo, louco, violento, sem moral alguma. Minha sombra toma conta de
mim de forma absoluta e eu sou um monstro em pele humana.
— Amor... — sua voz me alcançou e seus dedos macios tocaram meus
braços. — Infelizmente ele já está morto.
Ergui meu tronco, estava de joelho no chão e levantei meu olhar para
Kyra. Ela estava sorrindo e trouxe suas mãos ao meu rosto. Havia gostado
dessa posição, aos seus pés. Olhei rapidamente para o corpo de White,
estava coberto de sangue e completamente desfigurado, havia um pouco de
massa encefálica misturado ao sangue no chão.
— Se importa? — Mostrei minhas mãos vermelhas para ela. Kyra as
observou e balançou a cabeça negando, acho que ela não entendeu. — De eu
tocar você?
Ela estreitou o olhar. — Com o sangue de outro? Completamente.
Me levantei e fui em busca de algum pano, eu precisava chupar a minha
mulher agora. Um desejo louco fazendo minha língua formigar. Encontrei um
em uma bolsa no canto da sala, o sangue ainda estava fresco então saiu com
facilidade.
— Vem cá — estendi minha mão.
Ela veio saltitando e abraçou um lado da minha cintura. A avaliei de
cima a baixo. Kyra está excitada, completamente e muito. Ela gosta do
perigo e violência e ela gostou de me ver em performance, louco com um
pequeno insulto contra ela.
— Fique apoiada na parede — a encostei lá, ela me olhava com
curiosidade. Eu sentia meu rosto duro e expressão furiosa, e Kyra estava
amando isso. — Eu não vou deixá-la cair.
Me ajoelhei e peguei uma das suas pernas, a pus sobre meu ombro
inclinando meu corpo mais para frente para ficar mais baixo. Kyra agarrou
meu cabelo e firmou seu pé no chão.
Aspirei um pouco antes de levantar meus braços e abrir os botões da
camisa, deixando-a parcialmente nua para mim. Seu corpo estava numa
bagunça perfeita, as lembranças de uma noite luxuriosa e violenta. Alisei sua
barriga e desci um dedo até sua boceta, para verificar sua lubrificação.
E, porra! Suas coxas estava molhadas e ela choramingou mexendo seus
quadris. Tirei minha mão e levei minha boca, direto em seu clitóris. Kyra
gemeu alto e apertou seus dedos no meu cabelo, eu a segurei pela cintura e
continuei mamando seu nervo sensível e inchado. Estava com pressa
absoluta e não me importei de dar atenção as outras áreas, então ela veio
logo.
Bati a ponta da minha língua contra ela enquanto sua perna tremia no
meu ombro e prolonguei seu prazer um pouco mais. Assim que os espasmos
passaram, desci minha língua até sua entrada e lambi, chupei e suguei seu
gozo. Senti descer por minha garganta e alimentar o fogo em mim.
— Ângelo... — ela ondulou seu quadril, chamando minha atenção.
Meus olhos pegaram seus seios pesados e o pequeno corte sob um, subi
para o seu rosto lá encima. Seu olhar era questionador e mandão. Kyra
queria meu pau. Beijei sua boceta e me ergui para pegá-la no colo. Suas
pernas me envolveram e ela veio para me beijar e sentir seu próprio gosto na
minha língua. Girei, encontrei a mesa e a pus sentada ali.
— Tenho duas opções para você — me afastei poucos centímetros e
busquei ar. — A primeira, eu te fodo aqui mesmo e depois a levo para o
quarto e termino lá, mas dentre isso você não poderá me tocar — ela iria
resmungar, mas ergui minha mão a interceptando. — A segunda, você chupa
o meu pau e eu dou o que você quiser.
Havia dias que esperava para ter sua boca no meu pau novamente e
essa é uma oportunidade perfeita. Se ela aceitasse, a ensinaria a me chupar
do jeito certo e qual eu gosto. Kyra trouxe seus dedos para o meu peito nu e
estreitou os olhos. Como uma gatinha desconfiada, eu sorri.
— Dos dois jeitos eu ganho — disse.
— Não — balancei minha cabeça, o cheiro de sangue estava ao nosso
redor e não era tão agradável quanto a da minha principessa. — Se escolher
a primeira opção, eu vou te algemar na cama, prender suas pernas e deixá-la
imóvel.
— Não seria ruim... — sorriu e eu gemi frustrado. — Mas, eu vou fazer
o esforço de tentar novamente te levar na minha boca.
Beijei seus lábios, não escondendo minha felicidade em ouvir aquilo.
A puxei para o chão e abri minha calça. Eu estava duro pra caralho e
latejando, minhas veias grossas por toda minha extensão.
— Antes de colocar suas mãos — comecei e a puxei para mim —, vou
te ensinar como pode trabalhar em mim.
— O quê?! — Ficou surpresa.
— Não se preocupe, será breve, hm? Agora ajoelhe — mandei e ela o
fez. Enrolei seu cabelo claro na minha mão e descansei ela lá enquanto
guardava essa cena nas minhas memórias mais íntimas. Oh, porra! Isso é
excitante pra caralho. — Você vai usar apenas seus lábios e língua para me
chupar e os dentes para mordiscar, de leve — empurrei sua cabeça pra frente
até ela colocar meu pau na sua boca. — Você não precisa me engolir por
inteiro, nada dessa merda de garganta profunda. Dê atenção a cabeça com
sua boca e ao resto com sua mão.
Timidamente e de vez em quando olhando para cima, me deixando num
expectativa absurda, ela lambeu com a ponta sua língua a cabeça do meu
pau. Eu deixei um gemido escapar, não fingido, mas para expressar que
havia gostado. Kyra seguiu meus comandos e deu atenção só naquela área até
me ter quase urrando de tanto gemer. Apertei minha mão no seu cabelo e ela
se afastou, quase xinguei sua mãe mas ela pegou meu pau com as duas mãos
e começou a massagear.
— Deus, amor! Eu quero gozar na sua boca, me dê ela de novo — eu
estava implorando.
— É assim que tenho controle sobre você na cama? — Ela riu e
mordeu a cabeça me fazendo engasgar e não conseguir respondê-la.
— Foda-se! É! — Exclamei gemendo.
— Bom saber — murmurou.
Ela me levou assim, com facilidade e explorando, sem a pressão de
precisar me engolir inteiro. Boquete é tão simples quanto chupar pirulito,
você dá atenção com a língua na cabeça e a mão no cabo. Rio com minha
comparação idiota, não por muito tempo antes de soltar um longo gemido
gutural e jorrar na sua boca.
Kyra engoliu boa parte e a outra escorreu por seus lábios, caindo no
seu peito e indo para os seios. Eu iria lamber minha porra no corpo dela,
isso só não é mais excitante que seu sangue e gozo misturados na minha
língua.
Ângelo
Escutei a doce risada de Kyra e sorri, me esgueirando por trás dela.
Sua mão esquerda com a nova tatuagem de Lua e flores e a direita com uma
coroa delicada e mais uma cobra, segurando o tablet ela assistia uma casa
parisiense cheia de homens que um dia trabalharam para nós, pegando fogo,
labaredas enormes e ainda havia alguns sons de gritos.
— Se divertindo, amor? — Sussurrei no seu ouvido.
Kyra se arrepiou e virou para mim, largou o aparelho no sofá e pulou
nos meus braços, os envolvi ao seu redor e apertei. Passar dois dias longe
dela foi o maior sacrifico que fiz na vida! Um pouco dramático, mas foda-se!
Era verdade. Cacei cada um daqueles merdas que deveriam proteger a mim
e a minha esposa, os prendi dentro da casa de Grows e os queimei. Não a
levei porque seria um serviço rápido e ágil, minha garota gosta de se
demorar com suas vítimas.
— Um pouco — me respondeu e se encolheu no meu peito. A puxei
para o sofá a colocando no meu colo. — Eu senti sua falta.
— Eu também, principessa — beijei sua têmpora. — Seguiu meus
comandos direitinho?
Havia iniciado um jogo com ela, antes de partir. Se me obedecesse e
fosse uma boa garota – o que sabia que ela não seria –, teria uma noite
inteira de orgasmos múltiplos em uma sessão de carinho. Agora, caso fosse
uma garota má, em algum momento a faria chegar a beira várias vezes, a
deixando dolorida e implorando por gozar a noite toda, e ela não poderia
usar suas mãos porque estaria presa.
Meus comandos foram simples: não matar ninguém, não se masturbar e
não sair de casa enquanto estivesse fora.
— Não todos — admitiu e se encolheu mais, isso ganhou minha
atenção. Ela estava hesitando por medo?
— Por quê? — Apertei meus braços ao seu redor e nos deitei no sofá,
ficando por cima dela e com consequência fazendo olhar para mim.
Kyra desviou o olhar de mim e suspirou. — Um homem entrou aqui em
casa dizendo que era um soldado com suas ordens de verificar se eu estava
bem — apertei meu maxilar até doer. — Eu sabia que estava mentido, então
o matei. Antes de morrer, ele falou que eu deveria morrer porque não é
aceitável uma mulher como eu na sociedade dele. Eu não contei nada ao
Don, o corpo do cara ainda está lá embaixo.
Fechei meus olhos e encostei minha testa na dela. Eu sabia que em
algum momento isso iria acontecer. É por isso que Carlo não sai um minuto
sequer ao lado da sua esposa e tem um esquadrão inteiro de soldados por
todo e qualquer lugar que vão. É por isso que pedi a Kyra para não sair de
casa. Alguns homens morrem de ciúmes e inveja de mulheres que tem
minimamente um poder dentro da nossa sociedade, apenas porque eles não
têm honra ou cacife o suficiente para seguir o exemplo, então tentam as
derrubar.
Foi assim que Alma D’angelo, a mãe de Carlo, morreu.
— Você foi um boa garota, amor, não se engane quanto a isso, minha
principessa — beijei sua testa, ainda de olhos fechados. — Minha pequena
fodida víbora assassina.
Ela riu, sacudindo seu corpo abaixo de mim e abraçou meu pescoço. —
Eu sei disso, não estou lamentado ou me culpando — abri meus olhos para
encontrar os seus mais claros na luz do sol, que entra pela janela de vidro.
— Eu apenas tenho medo, ainda — fez uma careta. — Não é como se eu
tivesse perdido o medo de sair por aí e ser estuprada.
— Eu entendo, amor.
— Falando nisso — umedeceu os lábios e eu segui o movimento
olhando. — Como Laisla Valentini sabia de algo?! Eu não consigo entender.
Bufei uma risada. — Ninguém tem a mínima ideia. Carlo tentou
descobrir algo sobre, mas nunca chegou em nada relevante. Era sempre
como se fosse um jogo de quebra-cabeça, onde peças improváveis se
encaixam em lugares que você acha que não vai caber então você deixa de
lado e quando percebe, você já perdeu um bom tempo. Conhece Harry
Potter? — Ela assente. — É igual ao xadrez bruxo, trouxas não jogam.
— Os trouxas somos nós, então, todos que estão de fora — balança a
cabeça. — Que merda!
— Agora, quer jogar um jogo em que somos muito bons? — Me
abaixei um pouco e beijei seu peito.
— Sempre — então puxou uma pequena adaga, de algum lugar, me
surpreendendo. Eu ri a beijei com força e fome.
Minha língua serpenteando dentro da sua boca, suas mãos passeando
pelo meu corpo como cobras procurando sua presa, as minhas próprias a
apertando e marcado como as presas venenosas. Somos duras víboras que se
entrelaçam, arrancamos nosso sangue com prazer e somos assassinos que
gozam ao som do desespero e agonia da nossa vítima.
— Eu amo você — sussurrei em seu ouvido.
— Eu também amo você, mas eu amo ainda mais te cortar — gemi alto
pra porra quando ela arrastou a lâmina no meu braço, cortando o tecido da
minha camisa e rasgando minha pele. Eu ataquei sua boca e deslizei minha
mão para o seu seio apertando as pontas dos dedos.
Sangue. Prazer. Amor. Violência.
Víboras assassinas.
— Me faça gozar, Mister Red Hand.
— Com prazer, minha rainha da noite.

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