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Diagramação: L. Ribeiro
Uso das imagens da diagramação: FreePik
Revisão (simples): C. F. R. Lima
Copyright © 2021 Gratteri Salvatore
Todos os direitos reservados.
Esta é uma obra de ficção. Nome, personagens, lugares
e acontecimentos descritos, são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
É proibido o armazenamento e/ ou a reprodução de
qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios -
tangível ou intangível - sem o consentimento da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido
pela lei nº. 9. 610/98 e punido pelo artigo 184 do
Código Penal.
Este livro contém cenas explícitas de sexo,
morte e tortura, além do uso excessivo de
palavras de baixo calão.
DON – Quem comanda toda a máfia, “o poderoso chefão”.
UNDERBOSS – Segundo no comando.
SOLDADOS – Posição que um membro ocupa quando é denominado
a fazer a segurança de membros poderosos, locais ou qualquer outra coisa
◇•◇•◇
Kyra
Não vou mentir. Estava gostoso pra caralho ficar com Ângelo. O nosso
sexo foi alucinante, quente, voraz, arrepiante e perdi as contas de quantas vezes
gozei nos seus braços. Estava apaixonada pelo pau dele. Sai do seu colo e fui até
o pequeno closet que guardava nossas malas ainda não desfeitas, e pelo pouco
tempo que ficaríamos aqui – uma semana –, acho que não iríamos desfazer.
Busquei pela mala maior e a deitei no chão.
Eu não sabia para onde iria passar a Lua de Mel, mas me preparei para
qualquer evento que imaginei que o Underboss iria. Retirei um vestido lindo,
envolto em um saco protetor, da mala. O pendurei em um cabide e admirei. Ele é
inteiramente preto, com brilhos que parecem estrelas no céu noturno, o decote
entre os seios é profundo até um pouco acima do meu umbigo, na lateral das
minhas pernas há um rasgo e as minhas costas fica completamente nua. Sorri,
como Ângelo iria por o coldre na minha coxa eu não fazia ideia.
Me virei para trás e procurei um salto também preto para usar. Não peguei
sutiã, porque o vestido era para ser usado sem, mas peguei uma calcinha
imaginando algo para Ângelo mais tarde. Peguei a minha nécessarie e segui para
o banheiro, antes de entrar vi ele conversando com alguém no telefone.
Por mais que gostasse do cheiro dele em mim, entrei debaixo do chuveiro,
tomando cuidado para não molhar o cabelo. Quando fui pegar o sabonete, uma
mão enorme e tatuada se adiantou. O corpo de Ângelo estava colado ao meu e sua
ereção empurrava minha bunda.
— Mãos na parede, amor, e abra as pernas — obedeci, a água caindo nas
minhas costas. Enquanto uma mão com o sabonete acaricia parte do meu corpo, a
outra desce para o meio das minhas pernas e balança meu clitóris. — Está
dolorida, principessa?
— Não — gemi.
— Bom — murmurou.
Senti a cabeça do seu pau cutucar a minha entrada, mas ele ainda
estimulava meu clitóris. Sua outra mão, com o sabonete, chegou aos meus seios e
ele beliscou, me arrancando outro gemido.
— Quer gozar com a minha mão ou meu pau? — Perguntou, mordiscando o
lóbulo da minha orelha.
— Seu pau — gemi.
Ele riu e beijou meu ombro. — Você gostou dele, não é? — Ele balançou a
ponta na minha entrada então empurrou para dentro. Mordi meu lábio inferior e
gemi, com ele. Sua mão acariciou minha bunda e suspirou. — Me aperte, amor.
— Eu estou apaixonada nele — ondulei meus quadris e levei um tapa na
bunda. — Aí!
Ângelo passou um braço na minha cintura e me segurou no lugar, ele
começou a bombear e eu já me sentia fraca. Usei uma mão para segurar o seu
braço e apertei. Ele acariciou minhas costas, passando o polegar na minha
espinha.
— Você vai tatuar uma víbora aqui — comentou. — Igual a minha.
— Igual a sua — confirmei, ofegante.
Ele aumentou seus movimentos até que eu estivesse gritando e o sugando
com força.
— Ângelo — choraminguei sofrida.
— Venha, principessa, goza pra mim — gemi ainda mais quando ele voltou
a tocar no meu clitóris.
[...]
Ângelo estava sentado na cama, me esperando. Mordi meu lábio inferior,
não me preocupando se o batom iria sair, e me olhei no espelho de corpo inteiro.
Olhando para decotes do meu vestido lamentei por não ter nenhuma tatuagem para
mostrar. Conferi minha maquiagem pesada, especialmente para essa noite e
peguei meu batom e o celular, não iria levar bolsa então meu marido teria que
levar.
Tomando coragem sai do closet e parei. Ângelo estava com as pernas
abertas e os cotovelos apoiados nos joelhos, seu olhar estava baixo, mas ele
subiu lentamente por todo o meu corpo, assim que parou nos meus olhos ele
soltou um gemido gutural. Eu pisquei e ele estava parado na minha frente, com as
mãos segurando meu rosto.
— Se eu te beijar agora, seu batom sai? — Perguntou ansioso. Fiquei
tentada a torturá-lo, mas balancei minha cabeça sorrindo. — Ótimo — sua boca
veio a minha sedenta, sua língua dançou na minha boca e contrariado, gemendo
em frustração, se afastou. — Vamos logo ou eu vou te jogar nessa cama e te foder
até o dia amanhecer.
— Eu não reclamaria — provoquei e de novo ele gemeu frustrado.
— Porra! Vamos.
[...]
O baile era numa mansão no clássico estilo europeu, uma música clássica
lenta e suave estava tocando e garçons desfilavam com bandejas nas mãos.
Tipicamente uma festa do submundo, mas quem era de fora não perceberia as
pequenas diferenças gritantes, para mim. Ângelo abraçou minha cintura e me
segurou ao seu lado, era hora de agir como esposa troféu.
— Queria beber algo mais forte do que champanhe — resmunguei.
— Paciência, principessa, paciência — beijou meu ombro nu. — Quando
voltarmos para o hotel, você se embebeda o quanto quiser.
Suspirei realmente chateada. Circulamos pelo salão, hora ou outra parando
para falar com possíveis sócios. Ver Ângelo no seu modo sério e poderoso me
deixou extremamente excitada e pedi licença para ir ao banheiro, estava na hora
da surpresinha dele.
Ao entrar no banheiro, esbarrei sem querer em outra mulher.
— Desculpa — pedi. Meu olhar encontrou o dela. A mulher é linda! Com
os cabelos escuros, olhos intensos castanhos e uma pele maravilhosa também
escura, ela usa um vestido vermelho, com decotes que fazia parecer que ele
tampava apenas suas partes íntimas. Eu entendi isso como poder, ela grita essa
palavra.
— Não tem problema, querida — ela segurou meus ombros e eu percebi o
sotaque italiano, no seu inglês britânico perfeito. — Está bêbada?
— Oh, não, não — sorri. — Me embolei nos meus saltos, estou ansiosa.
— Com um homem daqueles ao seu lado, também estaria ansiosa — piscou
um olho. E antes que pudesse sentir ciúmes, ela ergueu a mão esquerda e jogou o
cabelo para trás, então vi a aliança de ouro branco gritante ali. — Ele é o quê?
Acho que tem muita pompa para ser apenas um Capitão, ou um Consigliere.
Eu não deveria abrir a minha boca, mas o fiz. — Underboss — respondi.
— Ah! — Exclamou. — Que interessante.
— Hã... — Fugi do seu olhar e me afastei. — Eu tenho que ir, com licença.
— Oh, meu Deus! — Alguém exclamou atrás de mim e eu me virei para
encontrar uma mulher loira estonteante. — Laisla Valentini! Que honra recebê-la
na minha casa! Onde está o seu marido, não o vi lá fora?
Voltei meu olhar para a Laisla, sua expressão mudou para uma mais séria e
tive dó da outra que estava recebendo seu olhar assassino. Vagamente me lembrei
de já ter ouvido seu nome pelo meu círculo.
Antiga Laisla Romano, casada com um dos Dons mais poderosos da Itália e
matou o próprio pai, ela é a Underboss do marido, mas já ouvi dizerem que é ela
quem realmente comanda aquilo tudo. Hoje, ela atua como Laisla Valentini,
igualmente poderosa e fatal. E eu não deveria está perto dela!
Porque o meu Don é inimigo declarado de Nicolas Gianfranco Valentini.
Não prestei atenção na resposta dela, mas vi a loira sair quase chorando do
banheiro. Me afastei devagar e fui para a pia, eu quem não queria estar no
caminho dela. Ouvi sua risada.
— Não se preocupe — ficou ao meu lado. — Eu e o meu marido estamos
de folga — sorriu. — Não que isso impeça ele de sair matando por aí, mas... —
suspirou. — Eu sei reconhecer mulheres como eu, você é uma delas
— Hã... Obrigada — eu queria fugir para longe.
— Quer um conselho? — Ela continuou mesmo sem que eu respondesse. —
Seja a porra da rainha do jogo, nada de princesa ou qualquer merda do tipo. E
não deixe que aquela mulher se aproxime do seu marido.
— Que mu...
— Eu tenho que ir — me interrompeu —, meu marido está esperando e ele
costuma ser impaciente — revira os olhos. — Fui um prazer conhecê-la...
— Kyra — eu não daria o meu sobrenome. Laisla assentiu e saiu, sem mais
nem menos.
Ofeguei. Essa foi a conversa mais aleatória da minha vida. Me olhei no
espelho. Qual mulher ela estava falando?! Deus! Laisla Valentini é capaz da
matar sem ao menos usar alguma arma.
Isso não importa agora.
Fechei meus olhos e me concentrei no meu marido, Ângelo, naquelas mãos
enormes e tatuadas, seus gemidos roucos e a voz mais gostosa que já ouvi.
Suspirei. Era pra ele o que vim fazer aqui. Entrei em uma das cabines e me
masturbei, reprimindo meus gemidos, imaginando os dedos dele ali e me
certifiquei de gozar duas vezes para deixar a minha calcinha bem molhada.
Fiquei mais alguns minutos sentada no vaso, esperando minhas pernas
voltarem ao normal. Fiz um bolinho discreto com a calcinha na mão e arrumei
meu vestido. Me certifiquei que meu vestido estava arrumado, observei meu rosto
corado e sorri para mim mesma.
Vamos lá.
Voltei para os braços de Ângelo e ele me agarrou possessivamente. — Você
demorou — resmungou.
— Estive ocupada, depois a gente conversa melhor — olhei para os seus
olhos e rastejei minhas mãos dentro do seu blazer e procurei o bolso interno,
quando achei enfiei a calcinha ali.
— O que é isso?
— Minha calcinha molhada com os meus orgasmos, para você — sussurrei.
Vi seus olhos brilharem com a luxúria.
— No plural? — Sua voz estava extremamente rouca e seus dedos
apertaram minha cintura. Eu assenti e mostrei dois dedos para ele, Ângelo os
lambeu, não se importando com as pessoas ao redor e gemeu. — Não se atreva a
sair do meu lado, a partir de agora!
— Não saio — sorri.
Kyra
A verdade é que eu saí do lado dele. Não sabia, mas aquele poderia
ser meu primeiro deslize em relação a Ângelo. Fui atrás de um garçom,
procurando por vinho seco ou qualquer bebida que tivesse muito álcool e
deixei meu marido sozinho.
Quando voltei, ele estava do mesmo jeito, mas com as mãos trêmulas.
Ao colocar minha mão no seu peito senti seu coração acelerado como se
tivesse corrido muito.
— Você está bem? — Perguntei, segurando-o pela lapela esquerda do
terno.
— Não — eu não ouvi sua voz, mas vi seu lábios mexerem. — Eu
preciso sentar.
Ângelo estava péssimo. Retirei o copo da mão dele e pus na mesa ao
lado, mas antes passei um dedo dentro e o esfreguei contra o meu polegar.
Meu marido foi drogado.
Merda!
Fiz o meu melhor para levá-lo para qualquer canto que tivesse uma
porta e fazer parecer que ele estava bem. Sentia olhares sarcásticos sobre
nós. Ninguém aqui parecia se importar conosco – não que eu já não
esperasse por isso –, e sabiam o que estava ocorrendo com Ângelo.
Onde caralhos estávamos?!
O puxei para um minúsculo banheiro e tratei de retirar sua gravata e
abrir sua camisa, soltei seu cinto.
— Ângelo? — Chamei.
— Eu preciso de água — murmurou.
Eu não sabia se isso era o certo, mas dei água a ele. Joguei todo o meu
vinho fora e enchi a taça na pia. Ângelo agarrou o meu pulso e bebeu tão
ávido que molhou sua camisa.
— Isso vai me ajudar a me manter sóbrio — sussurrou se apoiando nos
meus ombros. E eu duvidava que a água ajudasse. — Mas você vai ter que
nos levar de volta.
Assenti, sem questionar ou dizer nada. Eu precisava tirar o meu marido
daqui. O arrumei de volta, mas a gravata dobrei e guardei no bolso interno
do terno. Eu tinha a falsa sensação que isso o sufocaria. Meus dedos tocaram
um celular e eu procurei por outro, o dele não estava aqui.
Suspirei. Okay. Isso estava como em filmes, mas que era a minha
realidade, desde que eu nasci.
— Ângelo, me abrace — ele veio sem questionar e quase derrubou seu
peso todo em mim. — Relaxa, grandão, eu vou te levar para a cama.
— Queria que isso fosse no bom sentido — murmurou.
Parecendo bêbados ou não, eu puxei para fora e andei aquele salão
inteiro nas escuras, parando em poucos momentos para falar com alguém, ou
melhor, para Ângelo falar com alguém. Ele se esforçou muito para manter
sua voz o mais normal possível, mas o mais atentos percebiam algo e
eventualmente o julgavam pelo olhar.
Era agonizante aquela espera. Parecia que havia um relógio na minha
cabeça, gritando seu tic tac. Quando finalmente o puxei para fora, estava
chovendo muito, e eu torcia que não tivessem colocado uma bomba no carro,
mesmo porque mataria o manobrista.
Ele nos entregou o carro e consegui colocar Ângelo no banco do
passageiro, eu dei a volta e me sentei no do motorista. Okay. Hora de dirigir
essa máquina do meu marido.
— Deliziosa — murmurava em italiano e sua mão veio para minha
coxa. — Se eu morresse agora, estaria feliz.
Estalei minha língua. — Fica quietinho, Ângelo, e só me guie de volta.
— Com prazer — sussurrou fracamente.
[...]
Mais tarde, Ângelo dormia pesadamente na cama. Eu, na borda da
piscina, chutando a água, roía minhas unhas ansiosa. Passando cada momento
do baile detalhadamente na minha cabeça. Eu queria perguntar quem esteve
próximo ao meu marido quando saí do seu lado, naqueles míseros dois
minutos, mas Ângelo estava cansado demais para responder.
Ótimo. No primeiro dia da minha Lua de Mel, já tinha meu marido
drogado na cama. Quem dera fosse só uma encenação dele.
Olhei para a Torre Eiffel, lá no fundo, brilhando na noite de Paris e me
lembrei de Laisla Romano. De quem ela estava falando, qual mulher ela me
aconselhou a não deixar chegar perto de Ângelo? Era coisa demais para a
minha cabeça. Eu não sou adivinha!
— Kyra? — o ouvi me chamar e me levantei rapidamente.
Ângelo estava deitado, completamente nu, apenas com a coberta sobre
ele. Foi bem trabalhoso retirar sua roupa enquanto dormia.
— Kyra — estendeu a mão para mim e eu a peguei, me sentando na
beira da cama. — Você está bem?
Me admira ele quase morrendo drogado e perguntar se eu estou bem.
Sorri um pouco.
— Eu estou, mas e você? — Passei minha mão nos seus cabelos lisos e
pretos, eles são tão macios ao toque e tão lindos em Ângelo.
— Vou ficar, já estou acostumado com isso — eu não vou questionar
isso, mas ergui rapidamente minhas sobrancelhas. — Me preocupo com
você.
— Por quê? — Acariciei sua barba rala e ele fechou os olhos.
— Eu não posso te proteger estando nesse estado. Sozinho, eu me viro,
mas agora tenho você, principessa — ele estava grogue, completamente.
Sorri e me abaixei para beijar seus lábios, isso o fez despertar de novo e
quase me fez rir.
— Não se preocupe comigo, aprendi muita coisa enquanto passeava
pelos corredores da prisão e com os meninos — desci minha mão para o seu
peito, seu coração já estava mais calmo. — Não se preocupe, se tivessem
matado você, eu teria matado todo mundo naquela merda de salão.
— Essa é a minha garota — sorriu fracamente.
— Agora volte a dormir, grandão — dei dois tapinhas no seu peito.
◇•◇•◇
Ângelo
Kyra estava sentada ao meu lado, penteando seus cabelos lindos. Eu
ainda estava na cama, deitado, apreciando a bela visão dos seus seios e
morrendo de saudade de tocá-los. Suspirei. Eu não tinha mínima ideia de
quem poderia ter pago aquela garota para me drogar e me matar. Se eu não
tivesse sido esperto o bastante para entender o que estava acontecendo...
Mas mesmo assim fui pego de surpresa com a droga na bebida e o roubo do
meu celular, por sorte não havia nada de importante nele.
Me ergui e aqueles olhos claros me acompanharam. Pisquei e segui
para o banheiro. Minha mulher não precisa ver a minha derrota, não ela,
preciso ficar em pé para defender Kyra. Tomei banho e saí enrolado na
toalha, ela já estava vestida com uma roupa casual e veio direto para os
meus braços. Não vou negar que estava adorando tê-la entre eles, me
apertando e beijando o meu peito.
Era originalmente estranho, na verdade, nós mal nos conhecíamos.
Mas, estávamos casados e ela é a minha garota, agora, é o que importa!
— Você está bem? — Perguntou, com a voz abafada no meu peito.
— Não cem por cento — beijei sua testa. A puxei para sentar no meu
colo na cama e mordisquei seu pescoço. — Mas estou bem.
E eu estava louco para jogar com ela, sentia meu peito clamando e
queimando por isso. Meu lado sombrio se esgueirando pelas sombras do
meu ser, querendo saber se a minha mulher era tão forte como parecia.
— Ou! — Sorriu travessa. — Então não precisa ser mimado mais?
— Ah, não! — Me joguei para trás e fingi um gemido. — Não, eu não
estou nada bem. Estou com muita dor aqui — apontei minha virilha, onde ela
estava sentada. — Acho que preciso de uma massagem, com muita
lubrificação.
— Hm... Então acho que é o meu dever como esposa massagear o meu
marido — Kyra saiu do meu colo e abriu minha toalha, seu olhar sempre em
mim. Fiquei surpreso.
Eu estava duro e suas duas mãos o apertaram, gemi levando minha mão
ao seu cabelo, o enrolei no meu pulso. Eu não iria a forçar, deixaria fazer
como quisesse, sabia que era sua primeira vez fazendo um boquete. Sua
língua deslizou pela cabeça do meu pau e grunhi, me esforçando para não
puxar o seu cabelo e fazê-la engolir tudo de uma vez. Kyra beijou e apertou a
base antes de subir e descer lentamente.
— Oh, porra! — Gemi. Abri minhas pernas e deitei minha cabeça no
meu braço livre. — Amor, morde a cabeça — pedi.
— Morder? — Seus olhos curiosos vieram até mim. Assenti.
— Eu gosto, mas faça de leve — auxiliei.
Ela estava com medo e receosa, mas acatou o meu pedido. E quando o
fez gemi longamente apertando seu cabelo na minha mão. Isso fez com que
ela tomasse coragem e aventurar-se nas suas caricias. Cada gemido que
soltava, ela me torturava, me apertando e lambendo a cabeça do meu pau.
Kyra se ergueu de repente e veio para cima de mim, suspirei frustrado.
— Eu não vou engolir você — mordeu seu lábio inferior molhado, sua
boca estava inchada. Ergui uma sobrancelha. — Ainda. Eu não sei fazer isso,
Ângelo.
— A prática leva a perfeição, amor — levei um dedo ao decote da sua
blusa e puxei para baixo. — Depois praticamos — pisquei.
Eu não iria forçar a minha garota, como disse antes, e eu estava com
saudades daqueles seios balançando na minha cara enquanto sua boceta me
aperta no seu calor úmido.
[...]
A observando enrolada nas cobertas, abraçada ao seu travesseiro
suspirando feliz, eu tinha certeza que deveria agir. Toquei o metal frio da
arma sobre a mesa, meus olhos ainda em Kyra. Ainda sentia os efeitos da
droga no meu organismo, mas isso era pra ela. Eu tinha quem cuidar agora e
não podia deixar que nada chegasse a ela, minha esposa era importante
demais, especial demais.
Adorada.
Eu sairia agora e voltaria para ela pela manhã. Eu só tinha que achar,
tirar informações e matar aquela vadia! Eu não costumava tocar um dedo em
mulheres, por honra – por mais suja que seja –, mas abriria uma exceção.
Seria um trabalho fácil.
Afinal, cobras também são noturnas. E eu sou uma víbora.
Kyra
Estiquei a mão, a cama estava vazia. Rolei até me levantar e olhei pelo
quarto.
— Ângelo? — Chamei.
O nada me respondeu.
Desci da cama e rondei o quarto, nada dele. Nem no banheiro, nem no
closet – e fiquei bastante aliviada quando vi suas malas ainda ali –, nem em
qualquer lugar. Peguei o meu celular e eram quase onze da manhã, ele não
poderia ter ido lá embaixo buscar café da manhã para nós, mas um almoço sim.
Tomei banho, lavando lentamente meus cabelos, esperando e ansiando que
suas mãos aparecessem na minha frente e ele me abraçasse. Não aconteceu. Onde
ele estava?!
Ângelo não poderia ter ido embora! Ele não deixaria suas malas cheias para
trás, deixaria? Conferi o interior de cada uma, só para encontrar seus ternos caros
e elegantes, sempre pretos, perfeitamente dobrados e embalados. Suspirei de
alívio mais uma vez.
A hora ia passando e cada vez mais ficava ansiosa. Esperava que esse
sumiço fosse apenas parte de uma surpresa extraordinária que ele estivesse
preparando. Desabei na cama. Quem eu quero enganar? Ângelo é a porra de
mafioso cruel, mesmo que gostasse de mim não fazia parte do seu feitio agradar a
esposa com surpresas românticas e cheias de fru-fru. O máximo que ele faria
seria me fazer gozar mais de dez vezes, me deixar fraca quase ao ponto de
desmaiar de prazer. Isso era ele, isso é ele.
Ângelo não se preocupa se quero flores, bombons, declarações ou qualquer
merda do tipo, ele não tem paciência pra isso, ele é prático: goste ou não, eu sou
a porra do seu marido e não mudarei minha personalidade por causa de uma
boceta!
Não que ele tivesse dito nada disso, eu apenas conclui esse pensamento.
Não que eu me importasse, nunca me importei. Cresci entre meninos, garotos e
homens insensíveis, egoístas e com egos do tamanho do mundo. Já estava
vacinada. Ângelo era igual a qualquer um deles, a diferença é que seguiu a
principal regra sobre suas esposas, com honra e sem medo. Eles não podem nos
machucar, matar ou desamparar.
Uma vez casado, só a morte poderia separar.
Vi homens serem metralhados ao ar livre na luz do dia, por terem matado ou
machucado suas esposas. Mas isso não fazia que nós sentíssemos menos
oprimidas. As que queriam mostrar ter um poder absoluto e confiança para andar
entre eles, deveria ter força e garra para aguentar qualquer provocação deles.
A última mulher que conseguiu, foi a mãe do meu Don.
Meu celular tocou na minha mão e eu me levantei. Era o número de Ângelo
ali, mas eu me lembrava que ele havia perdido o seu celular. Engoli a saliva a
atendi.
— Alô? — Murmurei.
— Amor... — prendi a minha respiração, era Ângelo. Mas sua voz estava
carregada com dor e eu ouvia sua respiração pesada.
— Ângelo? — Sussurrei.
— Principessa, me escute — ele respirou com dificuldade —, eu preciso
que você encontre algo para mim.
— O quê? Ângelo, onde você está? Você está sumido o dia inteiro! — Eu
estava desesperada, ainda mais por saber que ele estava machucado sabe-se lá
onde nessa merda de cidade!
— Kyra! — Sua voz soou alta e logo veio um gemido de dor, já sentia meus
olhos queimarem com as lágrimas não derramadas. — Me escute, meu amor —
suspirou —, pegue aquela bolsa pequena que eu trouxe comigo, lá você vai
encontrar um notebook, pegue ele e o leve até abaixo da Torre Eiffel.
— Ângelo... — chamei.
— Kyra, por favor! — A voz dele ficou distante.
— Você ouviu, princesinha nova-iorquina, leve o notebook até lá e terá
seu marido vivo — desligou.
Olhei para o celular na minha mão. A voz era de uma mulher, não alguém
que já tivesse ouvido, mas era horripilante e tinha poder. Ou eu estava muito
assustada com tudo isso.
O que era isso? Ângelo foi sequestrado e eu tinha salvá-lo. Minha mão
tremia e eu a levei a minha boca. Eu tinha que... Eu tinha...
Me sentei na cama, desacreditada. Nunca estive numa situação real de
sequestro e a vida de uma pessoa nas minhas mãos. Me sentia uma garotinha
perdida. Funguei. Não podia deixar Ângelo sozinho nisso, essa foi uma das
nossas promessas diante o altar.
Se ele cair, eu cairia junto. Éramos um par, uma única alma no submundo.
[...]
Eu dirigi até lá, me perdi algumas vezes. Meu peito palpitando forte e o
metal frio do notebook nas minhas coxas. Alguns soldados me acompanharam,
fazendo escoltas com seus carros pretos, mas em algum momento eu os perdi de
vista.
Corruptos. Todos comprados. Antes de voltar para casa com Ângelo, faria
eles queimarem. Um por um.
Estacionei o carro e caminhei até a grama que cerca a Torre. Olhei ao meu
redor, com medo, mas sentindo as armas extras do meu marido tocando a minha
pele. Um perfume azedo adentrou o meu nariz e eu me virei, havia um homem
sorrindo asqueroso vestindo um terno amassado.
— Ah, princesinha nova-iorquina! — Abriu os braços. — Finalmente nos
encontramos — mordeu seu lábio inferior e eu arquejei de nojo me afastando
alguns passos, mas trombei em outro alguém. — Faremos um passeio delicioso.
Acho que aquele idiota do De Luca não te mostrou as melhores partes de Paris.
— Onde está o meu marido?! — Exigi.
— Marido? — Gargalhou. — Marido? Que hilário! — O homem se
aproximou de mim, muito próximo. Rosnei e tentei me afastar, mas o outro atrás
de mim me agarrou, ele era grande e muito músculo. Me sentia um mosquito. — A
primeira coisa que irei fazer é levar você pra Itália e casá-la com um homem de
verdade.
— Imagino que não seja você — cuspi no seu rosto, enquanto me debatia e
tomava cuidado para deixar o notebook cair das minhas mãos.
— Cuidado com a boca, menina — advertiu e desceu seus olhos pelo meu
corpo, sorrindo com luxúria. Me sentia um objeto sendo observando numa vitrine.
— Você deve ter uma boceta gostosa para ele se arriscar tanto — riu. — Ou
talvez, você não valha nada e ele queira se livrar de você, apenas para casar com
alguma mulher de verdade, submissa e que atenda aos seus requisitos.
Eu não iria deixar ele encher minha mente com dúvidas. Chutei sua barriga
e dei uma cotovelada no outro. Cai no chão e não tive muito tempo para pensar
em fugir, porque agarraram meu cabelo e chutaram minha boca. Senti o sangue
escorrer por meus lábios e um dor latejante na minha cabeça. Tudo ao meu redor
zumbia e estava embaçado.
— Vamos pegar a garota e levar embora — alguém dizia —, tem pessoas
demais ao redor.
Meus braços foram erguidos e fui arrastada por longos minutos que alternei
entre desmaios e estado de lucidez. Eu não vou morrer aqui. Minhas pernas foram
abertas e eu entrei em pânico, tentei lutar mas minhas forças eram mínimas, acho
que apanhei de novo, diversas vezes porque somente via o vulto de uma mão e
minha consciência cada vez mais longe.
— É tão triste estragar um rostinho lindo desses — ouvi em algum
momento. — Ela daria uma ótima puta, daria muito dinheiro, já que é suicida o
suficiente para não calar a porra da boca e servir como esposa.
Alguém gargalhou. — Estou louco para conseguir pegar a mulher do
Valentini, será outra que terei o prazer de desmembrar.
— Ah, não, meu amigo! — Riu. — Aquela é especial, ela é do chefe. Ele
quem terá todo o prazer.
No momento seguinte senti o balançar do carro e o som de um rádio. Eu
havia desmaiado de novo e agora estávamos indo para sabe-se lá onde. Só
esperava que Ângelo estivesse lá, pelo menos isso! Não me importava se
morreria, desde que visse ele uma última vez.
Eu morreria feliz.
Kyra
— Kyra... — Uma voz distante sussurrou, era familiar. —
Principessa... Acorda, eu quero te ver — não, ele não sussurrava, ele só
estava distante, muito distante...
Abaixo de mim havia algo macio, um colchão talvez? Minhas
pálpebras estavam pesadas, meus lábios também, minha cabeça pesava uma
tonelada. Num sobressalto me lembrei de tudo, abri a boca e choraminguei
com meus lábios colados. Senti o gosto do meu sangue. Precisava de ar,
respirar pela boca era melhor, meu nariz estava entupido ou quebrado, não
sabia. Meu rosto inteiro estava inchado.
Minha visão estava embaçado, mas sei que estava no escuro. Estiquei a
mão e gritei de dor, meu braço inteiro tremendo. O que era isso? Meus dedos
tortos e em ângulos estranhos.
Quebrados.
— Kyra! — Gritou. Procurei por aquele lugar, não conseguia enxergar
nada, sentia as lágrimas beirarem meus olhos e piorar toda a situação.
— Ângelo? — Balbuciei, incapaz de pronunciar algo coerente com
meus lábios cortados e minha língua adormecida.
— Aqui, venha até mim — chamou.
— Eu não consigo — choraminguei. — Não enxergo.
— Siga minha voz, eu preciso de você aqui, principessa.
— Ângelo...
Ele continuava falando, me chamando. Em passos vacilantes e sem
nenhuma noção do espaço, caminhei até ele. Seus braços me acharam antes
de mim. Em poucos segundos senti o calor do seu corpo contra mim, suas
mãos vasculhando cada parte minha. Nada. Não havia sofrido nenhuma
violação, apenas acabaram com meu rosto e quebraram meus dedos.
Eu não tive forças para fazer o mesmo com Ângelo. Me sentia fraca e
extremamente vulnerável, só queria o calor e o abraço do meu marido, algo
familiar.
— Está tudo bem, amor, estou aqui — sussurrava repetidamente. —
Está tudo bem...
— Onde estamos? — Tentei perguntar.
— Não sei — seus braços me apertaram mais. — Mas não estamos
fora da França.
— O que vamos fazer, Ângelo?
— Nós vamos esperar — beijou meus cabelos. — Não posso fazer
nada com você assim.
Eu queria chorar de novo, mas segurei. Não adiantaria nada me tornar
uma garota chorona que se esconde atrás dos outros. Me apoiei em Ângelo e
afastei minha cabaça do seu peito, tentei enxergar seu rosto naquela
penumbra. O ouvi suspirar e o vulto da sua mão alcançando meus cabelos.
— Eu vou arrancar a cabeça de quem fez isso com você — sussurrou.
— Quebrar cada osso que tiver no corpo, cortar todos os dedos dele e rasgar
cada mísero centímetro de pele — rosnou ao final.
Eu só pude assentir e os seus braços me envolveram de novo. Sua
respiração estava acelerada e o peito retumbava no meu ouvido. Acabei
dormindo ali e acordei ouvindo vozes e o aperto possessivo de Ângelo.
— Não ouse tirá-la daqui! — Era Ângelo, ele está com raiva. — Ou eu
juro que...
— Que o quê? — Alguém gargalhou. — Você não pode fazer nada, De
Luca. E não se preocupe, não queremos a sua puta. Pode fazer bom proveito
dela.
Passos se distanciaram e uma porta rangeu, junto dela veio a claridade
de fora.
— Se querem que eu diga algo, tragam remédios para que eu possa
cuidar da minha mulher — a voz dele estava mais baixa, mas igualmente
ameaçador.
Ângelo não estava numa posição de poder, qual estava acostumado.
O estranho estalou a língua. — Nah! Vou pensar no seu caso, mas não
prometo por muito tempo — havia um riso nasal enquanto dizia.
Ângelo rosnou e me puxou mais para cima. Me sentia o osso de um
cachorro raivoso. A porta bateu e eu empurrei ele até me soltar.
— Desculpe — murmurou.
Minha visão estava um pouco melhor, mas ainda embaçada, minha
cabeça parou de doer e meus lábios estavam mais inchados do que nunca,
por fim, mais não menos importante, minha mão latejava. Ângelo tentou a
alcançar de novo e me debati. Não por raiva dele, eu estava suada, morrendo
de calor e irritada por causa da dor. Eu me sentia horrivelmente suja.
— Kyra — ele estava me advertindo?
— Olha, Ângelo! Eu não estou bem! — Tentei soar razoável e suspirei.
— E cuidado como você me aperta!
Ele soltou a respiração e não disse nada. Tentei me levantar e me
apoiei na parede áspera atrás de mim, com a minha mão ainda inteira. Dei
um passo e quase desfaleci ali mesmo, eu estava fraca.
— Meu Deus... — sussurrei.
— Kyra volte aqui e sente-se.
— Eu só preciso de um tempo — disse ofegante. — Não posso ficar
parada esperando a minha morte.
Eu não iria, com toda absoluta certeza. Não fui criada assim, não
aprendi a ser assim. Iria lutar até o fim, mesmo se fosse a morte a minha
adversária. Apoiei o ombro na parede e puxei a blusa do peito, estava
encharcada de suor e não duvidava que fosse febre.
Morreria em dias se ficasse aqui. Eu precisava traçar um plano, mas
antes preciso descobrir o porquê estou aqui, por que Ângelo foi sequestrado
e qual o propósito daquele computador! Caminhei até a cama, em passos
extremamente lentos e cansativos.
— Ângelo, que merda aconteceu? — Perguntei, ainda ofegante. — Eu
quero saber por que estamos aqui.
— Kyra, você não precisa...
— Não me trate como se eu fosse uma criança! — Esbravejei e minha
cabeça sofreu uma pontada. — Ou como se eu fosse aquelas garotas
mimadas, cadê o respeito e admiração pela mulher que você casou e adorava
até ontem?!
— Mas, você...
— Fui espancada até perder a consciência! — Apontei para o meu
rosto, e foda-se se ele não estava enxergando nada naquele escuro. — Eu
ganhei isso porque eu vim atrás de você, para tentar salvar a porra do meu
marido. Não se torne um babaca comigo, Ângelo, não faça como o meu pai.
— Eu não sou o seu pai! — Disse com desprezo. — E não pretendo
ser.
— Então pare me tratar como se eu fosse de cristal só porque apanhei!
Você vê o meu rosto desfigurado e acha passei a ser uma Barbie que precisa
de consolo! — Minha cabeça, rosto e pescoço doíam com todo aquele
esforço para falar. — O único consolo que eu quero é enfiar uma bala na
cabeça daqueles filhos da puta!
— Não parecia quando estava chorando no meu colo — tentou
argumentar, sendo completamente um idiota e isso estava me irritando
profundamente.
Comecei a perder a ilusão sobre ele e descobrir que minhas esperanças
dele ser um cara legal e visionário sobre mim, estavam escorrendo pelo
ralo.
— Mas é claro! — Debochei. — Você é o chão onde piso, querido.
— O que quer dizer com isso? — Ângelo abaixou a voz, num tom
ameaçador que usou com outro. Isso não me dava medo.
— Entenda como quiser — dispensei.
Ele calou-se, mas hora ou outra o ouvia resmungar consigo mesmo, eu
apenas ria. Eu não iria deixá-lo me rebaixar, Ângelo sabia e cultuou a mulher
com quem se casou. Será que havia se esquecido de tudo o que me disse ou
usou isso só para aumentar meu ego e depois pisar nele.
Foda-se! Eu iria usar o que Laisla Valentini me disse. Eu serei a porra
da rainha desse jogo, não uma princesinha.
Falando dela...
— Ângelo qual a mulher que estava ao seu lado quando me ligou? —
Me virei de volta para ele.
— Agata Grows — esse nome não me era familiar. — Ela é herdeira
de Cesar Grows, dono de uma maiores empresas de tecidos finos dos
Estados Unidos.
— Ela estava no baile, aquela noite? — Pesquisei mais afundo.
— Estava — respondeu simplesmente.
Poderia ser ela quem Laisla me alertou? Era uma possibilidade. Minha
cabeça continuava doendo e pedia por descanso, mas não iria até ter uma
resposta.
— Ela quem te drogou? — Perguntei.
— Tentou.
Ângelo estava irritado, só me dava respostas curtas e simplistas.
Respirei fundo pela boca.
— Que merda, Ângelo! — Falei alto e gemi em seguida pela dor de
uma pontada na cabeça, de novo. Levei minha mão até e massageei, mesmo
que não adiantasse. — Eu preciso saber das coisas! Preciso entender essa
história para tirar a gente daqui!
Ouvi barulhos de correntes se chocando e arrastando contra o chão e
passos duros até mim, ele parou quase próximo porque foi impedido por
aquilo que segurava ele, e respirava como um touro bravo.
— O que a princesa vai fazer? Vai tentar seduzir os caras lá fora e
implorar por liberdade? Saiba que com essa cara destruída, querida, nunca
irá conseguir. No máximo será uma piada entre eles! — Eu reuni toda e
qualquer força que havia em mim e esmurrei Ângelo, foi um golpe de sorte o
acertar. Ele cuspiu. — Porra!
Eu cai para trás, sem forças e sem fôlego.
— Me respeite! — Consegui dizer.
◇•◇•◇
Ângelo
Minha cabeça doía em um grau absurdo, não conseguia abrir meus olhos e
via estrelas dentro deles. Eu devia estar morta. Havia um gosto amargo na minha
boca e ela estava horrivelmente seca. Puxei o ar pelo nariz e me surpreendi pela
quantidade de oxigênio que aspirei.
— Ela está acordando! — Alguém exclamou longe. — Verifique os sinais
vitais...
— Tudo normal.
— Vamos, querida, é só abrir os olhos.
Quem falara comigo? Eu estava sonhando? Onde estava meu marido,
Ângelo... Abri meus olhos assustada, um bipe ensurdecedor soou ao meu lado
— Acalme-se, Gina, você precisa se acalmar, está tudo bem — a voz
estava mais próxima.
Quem é Gina? Não pode ser eu, esse não é o meu nome! Sou Kyra De Luca,
tenho o sobrenome do meu marido!
— Na... — tentei dizer algo mas minha voz não saía, minha garganta seca
demais.
— Tragam água!
Olhei ao meu redor, era tudo branco e eu estava cheia de fios conectados ao
meu corpo. O que é isso?! Onde eu estou?! Me debati, mas estava presa.
— Beba a água, querida — uma mulher entrou no meu campo de visão, os
cabelos loiros quase brancos, olhos verdes e um sorriso bondoso. — Beba.
Por mais que estivesse morrendo de sede e ansiando pela água, eu balancei
minha cabeça. A mulher continuava empurrando o copo de plástico para mim, seu
rosto se contraindo aos poucos.
— Deixe, ela não vai beber — alguém disse ao longe, mas eu não via quem
era.
— Ela precisa beber! — Sorriu forçada, ainda olhando para mim. — Beba!
— Balancei minha cabeça. Eu quero o meu marido! Quero saber onde está
Ângelo. Aquela mulher olhou para trás e assentiu, alguém disse algo que não
entendi baixo demais para ouvir, ela virou de novo agora com um sorriso
maldoso e jogou a água no meu rosto.
Ofeguei com os olhos fechados, a dor irradiando por meu corpo. Eu estava
deitada, amarrada, mas o ambiente ao meu redor estava mais escuro. Havia algo
pesado na minha mão e estava nua, sentindo o vento frio da janela arrepiar meus
pelos. Rondei meu olhar desesperado pelo lugar, era um quarto. Fechei meus
olhos novamente. Minha cabeça doía demais.
— Bom, já que ela acordou pode levá-la de volta ao De Luca, antes que
volte a tentar se matar — eu conhecia essa voz... Mas a dor impedia a memória
de vir a tona.
— Vai mimá-lo, senhora? Devia o deixar do jeito que está — era a voz de
um homem.
— Ele está quase três semanas sem dizer uma única palavra! —
Esbravejou. — Mais um dia sem a vadia dele, ele morre!
Meu coração palpitava forte no peito, porque sabia que o meu Ângelo
estava vivo! Era isso o que me importava agora, não existiria nenhuma dor que
me tirasse essa felicidade. Não impedi dos meus encherem de lágrimas.
— Devíamos ter pego a puta do Don! Pelo menos ela saberia de algo! Ela
sempre sai com as amiguinhas para shoppings e restaurantes.
— Como se eu fosse irresponsável a esse ponto! Se a pegássemos, o cara
iria botar fogo no mundo! Quanto ao amiguinho De Luca, ele sabe que ele pode
se virar!
— Mas eles são como irmãos! — Era aquela mulher quem falara comigo.
— Se De Luca não der sinal de vida por mais algum tempo, ele vai vir atrás
dele!
— D’angelo não...
— Calem a boca! Eu vou resolver isso!
— Se você colocar o Valentini...
— Isso não é uma brincadeira de gato e rato! E eu não vou arriscar
minha vida indo para a Itália! — Interrompeu o homem. Valentini só poderia
Nicolas Valentini... — Agora levem aquela vadia de volta! Eu preciso conversar
com o chefe.
Eu não entendi o objetivo dessa conversa na minha frente, talvez eles
quisessem me dar informações erradas, mas aquela mulher parecia furiosa
demais para sequer lembrar da minha existência ali durante todo o tempo, ou
simplesmente me subestimaram.
De qualquer forma, eu estava sendo desamarrada pela mulher e o homem
que eu não conhecia e posta de pé. Minhas pernas estavam fracas e eu mal as
sentia, fui direto ao chão, meus braços amortecendo a minha cabeça. Ouvi um
suspiro exasperado e um resmungo, fui erguida por ele e arrastada para fora.
Estávamos em uma casa, modesta. As janelas tampadas pelas cortinas me
impediam de ver lá fora, e com certeza isso foi de propósito. Não andaram
muito, apenas pelo longo corredor e pararam no último quarto. A mulher olhou
para mim, com um olhar raivoso e um sorriso de escárnio.
— Divirta-se com o que sobrou do seu maridinho — debochou.
Eu engoli a saliva acumulada na minha boca, minha garganta arranhando.
Não disse nada, não conseguia. O homem abriu a porta e me jogou lá dentro.
Estava frio e escuro, mais ainda quando fecharam a porta. Não havia sol algum
ali, nem correntes se debatendo, nem resmungos, gemidos...
Nada.
Comecei a me desesperar, achava que Ângelo poderia está morto. Me
arrastei até me apoiar no pé da cama. Apurei meu nariz tentando sentir cheiro de
sangue, mas não havia nada!
Simplesmente nada!
Senti mãos quentes nos meus braços e tentei me afastar assustada, mas elas
insistiram e me puxaram para um corpo quente. Eu estava assustada demais e
fraca, não lutei ou muito menos me mexi contra aquilo, alguém.
— Principessa... Você está bem — sua voz estava mais rouca do que de
costume e mansa, muito mansa.
Era ele! Meu marido! Choraminguei e envolvi meus braços nele, apertando
o tanto que eu aguentava e sabia que não era muito. Suas mãos varreram meu
corpo inteiro, estranhando minha pele sem roupas e pararam no meu rosto.
— Eles te curaram — disse com estranheza. Não conseguia ver o seu rosto,
mas sabia qual era a sua expressão. Talvez uma ou duas sobrancelhas erguidas e
os lábios franzidos.
— Ân.. Ge... Lo... — tentava dizer seu nome.
— E eles te apagaram — murmurou. Ele passou seus braços em minha volta
e me pegou em seu colo, andou para algum lugar. Ângelo sentou e me pôs em suas
pernas, ainda mantendo um braço na minha cintura. — Beba água, amor — e pôs
um copo na minha mão esquerda.
Dessa vez eu bebi, avidamente e lambi meus lábios para molhá-los também.
Ângelo me fez beber mais um copo cheio e depois o retirou das minhas mãos,
apenas para que eu deitasse minha cabeça no seu ombro e o abraçasse como
pudesse. Seus braços estavam firmes ao meu redor e sua respiração batia nos
meus seios, ele levou um dedo ali e acariciou levemente.
Mesmo debilitada como estava, senti um calor familiar. Meus seios se
arrepiaram. Ângelo continuou rolando seu dedo em volta dele até subir para bico
duro. Minha respiração começava a descontrolar, ansiosa.
Eu só podia estar sonhando! Isso não é normal. Aquele Ângelo abaixo de
mim estava estranho, calmo demais e excitado. Será que eu não se lembrava onde
estávamos, que os nossos inimigos estavam lá fora como cachorros loucos pelo
osso suculento e que eles estavam comigo até agora?!
Um arrepio deslizou por minha coluna e eu suspirei.
— Ângelo? — Chamei.
Ele não me respondeu.
Seu dedo deslizou por minha barriga até chegar nas minhas pernas fechadas.
Não podia negar que estava excitada, afinal, era o meu marido ali, estivemos
juntos algumas vezes para conhecer o seu toque sensual e leve na minha pele e
quão quente era. O que me assustava era a situação em que estávamos.
— Abra — mandou.
E abri. Me segurei no seu pescoço e levantei a cabeça. A mão dele deslizou
entre os grandes lábios e os abriu, seu dedo achou minha lubrificação e a trouxe
para meu clitóris. E Ângelo passou a acariciá-lo. Vi sua cabeça virar para mim e
ofeguei. Ele não dizia nada e eu gemia baixinho para ele.
Ângelo introduziu um dedo seguido pelo outro, apertados pela posição que
estava e eu choraminguei gemendo mais. Seu dedo deslizando forte no meu nervo
sensível. O vento vindo de fora atravessou a janela e empurrou a cortina, dando
um pouco de luz no quarto. Iluminando pobremente o rosto do meu marido. Num
ofego, vi seus olhos negros e uma pequena cicatriz sobre sua sobrancelha que
chegava perto da sua pálpebra – aquilo era novo – seu maxilar estava contraído.
Ângelo estava diferente, eu vi isso nos seus olhos. Havia uma aura gritante
ali de perigo eminente, não para mim, é claro. Eu gozei quando a sombra voltou
para o seu rosto e apertei seus dedos dentro de mim. Eu não estava gritando como
antes, apenas gemia baixinho, o suficiente para ele escutar.
Eu não tinha nada a dizer, ou pensar, não depois de gozar. Ele retirou os
dedos de mim e o ouvi enquanto sua língua passava por eles, lambendo meus
resquícios. Isso me dava a segurança de que ainda havia algo do meu marido ali,
porque eu sei que nenhum outro homem que eu tivesse me deitado iria lamber
seus dedos depois.
— Deliciosa como sempre, amore mio — murmurou.
Assenti e me inclinei para beijar sua têmpora, mas acabei beijando seu olho
e antes que pudesse me concertar, ele capturou meus lábios. Meu gosto estava na
sua língua. Ele dançou com ela na minha boca. Quando fiquei sem ar, me afastei,
tocando nossas testas juntas.
— Ângelo? — Chamei.
— Diga — sussurrou extasiado.
— O que mudou em você? — Apertei meus dedos da minha mão esquerda
no seu braço, enquanto minha mão direta engessada pendia atrás do seu ombro.
— Para você, nada — beijou o meu pescoço. — Para eles, tudo.
— O que quer dizer? — Perguntei.
— Eu quero fazê-la gozar no meu pau, enquanto te encho de carinho,
podemos conversa depois? Prometo dizer tudo o que quer saber — seus beijos no
meu pescoço estavam me persuadindo.
Eu assenti. Com as mãos dele em mim, eu esquecia qualquer dor que
pudesse estar sentindo. Daquela vez, e última, fizemos amor, não apenas
fodemos como antes. E isso foi mais estranho do que acordar depois com Ângelo
encima de mim me sufocando com as duas mãos no meu pescoço.
Kyra
Seus dedos estavam apertando, não forte para me matar, apenas para
prender o ar o suficiente para que eu pudesse ficar desesperada. Minhas mãos
pousaram nos seus pulsos. Sua respiração batia no meu rosto, eu apenas
enxergava a silhueta do seu perfil.
— Ângelo... — sussurrei, quase sem som.
— Principessa, eu preciso saber de algo — dizia num voz doce, quase
cantada. — E, dependendo da forma que me responder, eu posso matá-la aqui e
dizer que foi as circunstâncias que estamos, tenho a absoluta certeza de que vão
acreditar em mim.
Eu o observava atenta, não com medo. Apenas... receosa. Eu conhecia cada
uma das histórias que deu apelidos significativos para ele. Nunca ouvi que
machucara alguma mulher alguma vez, mas sempre tinha a primeira, não é? Ou só
era mais um segredo para ele.
Seu dedo, carinhosamente, acariciou um dos lados do meu pescoço. Talvez
eu tivesse ficando louca, mas para mim aquilo significava que Ângelo nunca me
machucaria. Eu vou me agarrar a essa esperança. Isso combina com a voz doce
dele.
— Eu quero saber se você está disposta a ser a minha esposa até o fim? —
Franzi meu cenho. Ângelo não deveria ter esse questionamento, uma vez que
estava presa a ele para sempre, nunca poderia me casar com outro, ou isso
significava a minha morte e a do meu amante. — Isso significa duas coisas: você
deixará de ter medo e o esconder o seu lado mais obscuro e...
Eu o interrompi, chutando sua barriga e o afastando de mim, não as suas
mãos. — Você só pode está brincando, porra! Ângelo eu vou quebrar a sua cara,
seu filho da puta! Você só pode está louco!
As mãos deles agarraram fortemente minha cintura e eu voltei a chutá-lo não
mirando em que parte acertaria, mas sei que em algum momento acertei seu
maxilar.
— Porra, Kyra! De novo!
Mas ele não me soltava, até que eu agarrei seus cabelos e puxei, Ângelo
praticamente voou para cima de mim e esmagou seu peito contra o meu,
prendendo a minha mão boa na cama, mas usei a outra engessada e bati contra
ele. Não saberia dizer o que mais doeu, se minha mão com gesso todo
estraçalhado ou o nariz quebrado do meu marido.
— Idiota! Você é idiota, Ângelo! — Xinguei.
Ângelo abaixou seu rosto, lambeu meus lábios e sorriu sobre eles. Eu
sentia o sangue dele molhar meu próprio rosto, mas o não afastei.
— Eu te amo pra caralho, merda! — Sem me deixar processar o que havia
dito, afundou seus lábios com sangue nos meus e enfiou sua língua na minha boca.
Eu gemi, sentindo o gosto ferroso na minha própria língua e o sangue
escorrendo pelo meu queixo. Aquilo foi diferente. Era um beijo de reivindicação,
de renascimento de algo que eu não saberia por hora. Mas eu sentia meu peito
explodir e sorri pra ele. Era a merda mais louca que já havia feito na minha vida.
Ângelo queria saber se eu estaria disposta a tudo por ele, segui-lo até o fim.
E eu iria, sempre iria. Não por ser fanática por ele ou não ter para onde ir, mas
porque ele é meu! Eu tive a porra da chance de me casar com ele e eu agarrei
com unhas e dentes. Sabia que nenhum outro filho da puta ítalo-americano seria
capaz de aguentar a tempestade que eu sou, e não se não é era para casar com
alguém que trovejasse comigo, preferia morrer fugindo da máfia.
Ângelo só precisava descobrir isso. Eu não guardo o que eu sou – pelo
menos uma parte não –, não me importo com que vão achar de mim, nunca
quebraria minha personalidade por causa de opiniões alheias que nem ao menos
pedi. Eu apanhei do meu pai, diversas vezes por causa disso e sobrevivi.
Mas, dessa única vez, agradeceria o velho por me querer o mais longe
possível dele e da sua esposa, querendo que eu fosse domada por algum homem e
que eu sofresse nas mãos dele. Eu sofria sim, nas mãos de Ângelo, mas de prazer.
Me sentia molhada, minha boceta pulsando pedindo por ele.
— Agora descobrimos quem teve sorte — murmurou sobre mim.
— Eu! — Respondemos ao mesmo tempo.
Ângelo riu e voltou aos meus lábios, dessa vez sua mão desceu para meu
clitóris e o torturou me arrancando gemidos sôfregos.
— Não, amor, diga que quem teve sorte fui eu — sussurrou no meu ouvido.
— Diga, ou eu paro aqui e você está tão molhada — gemeu no meu ouvido e
desceu um dedo para minha entrada. — Diga, amor...
— Eu não vou dizer, Ângelo — respondi ofegante. — Se você parar eu vou
quebrar a sua cara — terminei num gemido.
— Você já quebrou — beijou minha testa. — Agora goza pra mim.
Dobrei meus joelho e abri mais ainda as minhas pernas. Me agarrei no seus
pescoço enquanto era beijada por todo meu rosto e ombros, eu gemia baixinho no
ouvido dele, seus dedos trabalhando perfeitamente.
— Eu quero engolir seu pau — disse. Ângelo se surpreendeu e por míseros
segundo paralisou.
— O quê? — Sei que sorria.
— Quero dizer com a minha boceta.
Ele não disse nada e levou sua mão a virilha, pegando seu pau e o levando
a minha entrada. Ângelo não fez cerimônia e empurrou de uma vez para dentro de
mim. Ofeguei o sugando para dentro e apertando com minhas paredes internas.
— Kyra, eu não vou te tratar como antes, entenda isso — ele disse.
— Como assim? — Perguntei.
— Eu não gosto de foder lentamente ou num ritmo considerado rápido, eu
gosto de ser violento — me respondeu. — Esse é motivo de eu nunca ter casado
com aquelas bonecas mimadas, elas quebrariam fácil. E agora, eu sei que você
aguenta qualquer dor que possa vir, digo que não vou te machucar, como você
mesma fez no passado, porque é a minha mulher.
— Entendo — murmurei.
— De qualquer forma, se eu estiver te machucando, você precisa me dizer,
entendeu, principessa? — Uma das suas mãos acariciou meu rosto e eu assenti.
— Eu não tenho meus brinquedos aqui, então você precisa segurar em mim com
força, assim — Ângelo me fez prender meus braços com firmeza em seu pescoço,
de modo que sua cabeça ficasse colada a minha. — Mas, deixe suas pernas
abertas, nunca as feche — assenti novamente. — Assim, amor, seja uma garota
obediente que dou o que você quiser.
— Até mesmo seu pau entalhado? — Brinquei.
— Só se for entalado em você — beijou minha bochecha. — Agora
quietinha e não me solte!
Ângelo ondulou seus quadris, lentamente, e suspirou satisfeito no meu
ouvido. Ele se apoiou nos cotovelos e suas mãos ficaram ao lado da minha
cabeça, ele abriu as pernas mais ainda espaçando as minhas.
— Não grite, eu não quero que eles saibam o que estamos fazendo —
sussurrou em ordem. Assenti respirando em expectativa.
Eu não estava preparada para o que viria acontecer. Da primeira à última
estocada, ele não perdeu o ritmo, mantendo sua palavra sobre ser violento. Eu
senti como se tivesse levado diversas tapas, mas para minha surpresa aquilo era
muito prazeroso. Eu tive que morder a minha língua e comprimi meus lábios para
não gritar.
Ele tocava com força bruta dentro de mim e saia numa absurda velocidade,
mas não me dava tempo para sentir falta pois logo voltava. Eu o sentia em cada
parte minha. Eu estava completamente sensível e quase chorava, pois logo nas
primeiras estocadas, gozei deixando-o surpreso e com um sorriso enorme na
cara.
Eu estava pouco me importando se eles escutavam isso, eu estava envolta
numa nuvem de prazer e luxúria que só me recorria para me envolver mais. Meus
braços já estavam dormentes, mas ainda o segurava quando ele estocou uma
última vez antes de se esvaziar em mim e quase desabar em cima de mim.
Eu tinha certeza que isso seria mil vezes melhor quando saíssemos daqui, o
que me lembra de contá-lo o que ouvi, mas agora não, eu só queria me esconder
no peito do meu marido e ouvir seu coração acelerado.
— Principessa? — Sussurrou me chamando.
— Hum?
— Você está bem? Eu te machuquei? — Sua mão acariciou meu rosto e eu
quase dormi ali mesmo.
— Se com me machucar... — suspirei realmente cansada e ele ficou tenso
por um momento. — For me fazer gozar três vezes quase seguidamente e me
deixar cansada, ao ponto de saber que você ainda está dentro de mim mas não o
sinto direito, pode continuar.
Ele riu e abaixou para me beijar, não muito, eu não tinha forças.
— Eu estou tão cansada — bocejei.
— Durma — beijou minha testa. — Eu te acordo mais tarde, antes deles
virem novamente.
Eu gemi e o abracei, escondendo meu rosto no seu ombro.
— Que porra!
[...]
Eu olhei para a porta aberta do banheiro e Ângelo lá dentro ligando o
chuveiro e preparando nosso banho. O que havia acontecido? Estávamos de
férias no hotel mais barato e tudo não tinha passado de um sonho? Mas ao olhar
para o lado da porta, vi as correntes no chão.
Estava sentada na cama, balançando minhas pernas com o corpo inclinado
para trás e apoiada nas mãos, a direita ainda doía pra caralho mas estava
utilizável. Descobri que meu rosto ainda estava um pouco feio, mas bem melhor
do que três semanas atrás... Três semanas!
Eu havia apagado por três semanas, enquanto eles cuidavam da minha cara
e da minha mão. Não estava entendendo nada disso. Ângelo estava
completamente solto e vagava pelo quarto tranquilamente, como se fosse o dele.
Perdi algum pedaço na história que explicava isso, mas iria saber em breve.
Ângelo veio me buscar e me pegou no colo, sendo um cavalheiro. Ele me
pôs no chão, abaixo do chuveiro com o braço segurando a minha cintura. Ele não
iria me soltar, não mesmo. Achei que isso pudesse ser o fato de que fiquei longe
tempo suficiente para sentir falta e estava tentando dizer para si mesmo que eu
não iria sair dali, agora.
Tomamos banho em silêncio, mas a minha mente não parava quieta com
perguntas. Estava distraída tentando encontrar as respostas quando Ângelo me
pegou nos seus braços novamente.
— Acho que alguém ainda está sentindo o efeito de uma mulher bem comida
— ele sorria feliz, o peito estufado num ego gritante. Eu não disse nada para
abaixar a bola dele, deixei-o se gabar. — Tão distraída, amor — beijou minha
bochecha.
Ângelo me pôs na cama e foi procurar alguma roupa. Ele trouxe as mesmas
que vestimos no dia quando paramos aqui. Estavam limpas. Eu vesti sem
questionar, mas fiquei sem calcinha ou sutiã. Quando voltou para o meu lado, me
puxou para sentar no seu colo.
— Vai me contar por que, de repente, é como se fossemos hóspedes dessas
pessoas? — Fui direto ao assunto, querendo saber logo a resposta para isso.
Ele suspirou e riu. — Pode ser que eu tenha matado dois caras deles,
quebrado o maxilar de uma certa mulher e ficado em silêncio por tempo o
suficiente para eles se irritarem e me agradarem, principalmente trazendo você de
volta para mim, inteira.
— Mas eles poderiam ter te matado, Ângelo — pontuei.
— Não significa que ainda não vão, mas até lá nos já teremos os mandado
para o inferno — confidenciou.
— Como?
— Me diga você, principessa — sorriu.
Ângelo
◇•◇•◇
Ângelo
Eu estava ansioso, queria saber logo como ela usaria o presente que
dei. Sabia que minha garota podia me excitar apenas com um único sorriso,
mas a proposta do jogo me foi interessante. Estava louco para ver seu corpo
em ação, já fantasiava com aquilo. Meu olhar discreto estava sobre ela, as
irmãs White era quase invisíveis.
Kyra estava sorrindo para mim e piscou quando pegou o taco na mão.
Suspirei em expectativa. Ela veio rápida e acertou o lado direito da cabeça
de Madison, que caiu já desacordada no chão. Gabe teve meio segundo para
processar o que aconteceu, quando se virou para trás Kyra ainda sorria.
— Corra — disse, simples.
A garota olhou para mim, mas eu só conseguia olhar para a minha
mulher, acredito que com um sorriso paranoico e gigantesco na cara. Eu mal
a vi passar por mim, tropeçando e gritando.
— Que porra é essa, Ângelo? — Não me virei para Carlo. — Não
precisam matar as garotas.
— Eu sei — assenti. — Mas estou deixando minha mulher se divertir,
cuide da sua parte.
Ele saiu arrastando o corpo inconsciente de Tom – sentia um gosto
amargo na minha garganta quando me lembrava disso – para longe e
resmungando o quanto eramos maníacos psicopatas ou loucos achando que
estávamos num parque de diversões sangrento.
Kyra o observou ir embora. Eu cruzei meus braços e esperei ela voltar
seu olhar para mim.
— Amor... — Não resisti e a chamei, seus olhos claros se viraram para
mim. — Não vai continuar?
Ela bufou. — Ela já está morta — passou por cima do corpo da garota
no chão e se jogou em mim, eu a peguei e apertei em meus braços. — Isso
não teve graça — reclamou. — Madison era tão frágil quanto um papel.
— Você ainda tem Gabe... — lembrei e ela voltou a sorrir
genuinamente. — Por mais que eu queira ver, não use seu taco com ela, use
isso — retirei uma das minhas outras facas da cintura e pus nas suas mãos,
retirando o taco dela. — Volte para mim com suas mãozinhas sujas ou
perderá o jogo — levantei seu queixo com a ponta da faca e beijei levemente
seu lábios. — Vá, principessa, e volte com a minha Red Hand, hum?
Kyra mordeu o lábio inferior, excitada. Podia sentir as pontas dos meus
dedos formigarem para tocar seus lábios mais íntimos. Ela assentiu e pegou
a faca da minha mão, acompanhei sua bunda rebolar para longe.
Minha garota.
Minha mulher.
Minha víbora assassina.
[...]
Carlo havia arrastado Tom para uma casa abandonada, deu um jeito de
amarrar ele em uma cadeira velha enferrujada e buscou um balde de água
suja. Eu me aproximei do homem que um dia eu considerei um irmão e puxei
minha faca do seu ombro.
— Não me surpreende, se quer saber — Carlo comentou, atrás de mim.
— Me surpreende é quão burro ele foi. Podia ter conseguido, eu acredito
nisso, mas deixou seu orgulho subestimar.
Suspirei. — Inimigos estão em todos os lugares. Fique a vontade para
fazer o que quiser com ele, não tenho estômago pra isso, não com ele.
Carlo pôs o balde no chão e também suspirou. Passou os próximos dois
minutos olhando pro cara, até enfim decidir puxar sua arma e apontar contra
a cabeça dele.
— Mais um dia normal nesse inferno — e puxou o gatilho, quatro
vezes.
Cômico, se não fosse trágico.
Escutamos um grito de pavor ao longe. Carlo virou para mim e eu dei
de ombros.
— Ela está se divertindo.
Ele revirou os olhos. — Vamos assistir, então.
Não me animei, não depois de ver Tom com a cabeça pendurada com
um buraco jorrando sangue, mas meu pau estava latejando pela minha garota,
ele estava alheio aos meus sentimentos feridos.
Porra! Agora ele tem dona.
Vimos Gabe tentando correr ofegante, segurando sua barriga
ensanguentada. Ela caiu diversas vezes e se arrastava, enquanto Kyra
caminhava calmamente até ela. Me encostei em um dos carros e Carlo me
imitou.
— Acho que vou contratá-la, mandar trabalhar com você — divagou.
— Não, melhor não! Capaz de vocês transarem encima do corpo do inimigo
antes de me trazerem informações.
— Não nego, é uma ideia boa — mordi meu lábio inferior. — Mas não
sei se ela aceitaria.
— Está brincando, é? — Ele riu amargo e olhou para mim. — Nem
fodendo! Deixe ela como está.
Dei de ombros e voltei a atenção para nossa frente. Kyra segurou os
cabelos da outra e a virou para cima, dava até pena da menina. Minha esposa
enfiou vagarosamente a faca no ombro dela enquanto dizia algo baixo o
suficiente para não escutarmos. Isso não demorou muito, então a soltou e
decidiu que já bastava. Kyra olhou para nós por um momento e sorriu para
mim, eu devolvi. Então, ela finalmente desceu a faca sobre a garganta de
Gabe finalizando seu trabalho.
Larguei Carlo para trás e fui para a minha principessa. Parei poucos
centímetros dela e a inspecionei de cima a baixo. Mordi minha língua para
não soltar um gemido quando vi suas mãos e braços cobertos de sangue.
— Se divertiu, amor? — Ergui meu olhar. Kyra estava esperando
aprovação e quando fiz sorrindo e mostrando meu orgulho, ela se jogou nos
meus braços.
— Um pouco — sorriu. — Eu ganhei, não é?
Esfreguei minha ereção na sua barriga e apertei contra mim. — Sempre
— beijei sua testa. — Minha víbora.
Eu estava orgulhoso e excitado pra caralho!
— Agora, eu vou levar você pra casa e você vai tomar banho para tirar
esse sangue de você e eu não vou junto — instrui. — Você vai ter uma hora
para isso, entendeu? — Ela assentiu. — Depois você vai me esperar nua na
cama e sem qualquer coisa que você possa agarrar — puxei a faca da sua
mão, para enfatizar o que queria dizer. — Essa noite, ou você morre nas
minhas mãos provando que eu estava errado o tempo todo ou você se torna o
que eu sempre quis da minha esposa.
— E o que seria?
— A porra da minha víbora assassina! Uma rainha da noite.
Kyra
Descobri que uma hora é muito pouco. Passei a maior parte do tempo
resmungando e esfregando minha pele até machucar tentando tirar o sangue
seco de mim, enquanto tomava banho. Fiquei tentada a chamar Ângelo e pedi
ajuda, mas ele havia sumido pela casa. A menos que eu mandasse sinal
fumaça ou botasse fogo na casa, ele não apareceria.
Choraminguei e continuei esfregando. Que merda! Eu grunhi alto e
soquei a parede do banheiro.
— Assim não, amor — escutei sua voz atrás de mim e me virei para
ele. Ângelo estava meio molhado, indicando que já havia tomando banho,
mas estava nu aqui comigo. — Venha cá.
Ele tirou a bucha da minha mão e puxou meu corpo de costas para o seu
peito, nos pôs debaixo d’água e começou a esfregar meu braço com o
sabonete, suavemente.
— Por caso eu estou atrasada e resolveu vir atrás de mim? —
Perguntei.
— Não — riu e ergui meu queixo para olhar seu rosto, seus olhos
estavam concentrados nas suas mãos. — Imaginei que estaria com
dificuldade e vim ao seu resgate. Você ainda tem uns quarenta minutos. Você
tem que esfregar com calma, principessa, não precisa arrancar a sua pele.
Suspirei frustrada e joguei meu peso sobre ele. — Fácil para você
falar, eu nunca precisei fazer isso. Aí! — Exclamei, quando ele tocou uma
parte sensibilizada da minha pele.
Ângelo beijou meu ombro, se desculpando, me puxou para sentar no
seu colo enquanto ele sentou no chão do box. Vi a cabeça do seu pau entre
minha pernas, ela brilhava e eu salivei.
— O que você pretende fazer, Ângelo? — Me inclinei para frente e
molhei minha própria cabeça e deixando a água escorrer por minhas costas.
— É surpresa, Kyra — respondeu. Tensionei o meu corpo.
Ângelo nunca havia usado esse tom comigo, era como se eu fosse uma
qualquer, não sua esposa, não sua mulher. Havia um tom de distanciamento
emocional ali, eu tive medo disso.
— Você nunca me chamou pelo nome assim, Ângelo — murmurei.
— Assim como? — Suas mãos pararam e ele esperou.
— Como... Como se eu não fosse sua — eu sussurrei. — Ângelo...
Eu não entendi seu silêncio por um segundo, mas ele abraçou minha
cintura e me virou para ele. Ângelo estava com um olhar feroz e raivoso,
mas sua voz estava extremamente calma.
— Não importa de que forma ou tom que eu te chame, você sempre
será minha. Você é a única mulher que tem alguma poder sobre mim. É a
única por qual meu coração pulsa, quem eu amo! Então, Kyra De Luca —
seus dedos subiram para o meu queixo e se enrolaram ali, puxando-o para
mais próximo do rosto dele —, você é a minha mulher, minha garota, minha
esposa, minha principessa, minha víbora. Minha e somente minha! Eu fui
claro o bastante?
— Cristalino — assenti e beijei seus lábios. — Agora que tal enfiar
seu pau em mim?!
Eu estava desesperada, não gostei daquele tom de voz e o queria
agarrado em mim de qualquer forma.
— Às vezes você me emociona com seu romantismo — ele revira os
olhos, mas nos ergue do chão. — Termine de tomar banho, estarei te
esperando no quarto.
Eu o observei ir se enrolando na toalha, por um momento achei que
estivesse chateado por eu não ter correspondido a sua declaração, mas eu
deixei isso de lado. Ângelo tinha uma vida toda para me fazer amá-lo.
E ele já tinha minha apreciação por me amar ou pelo menos estar
apaixonado por mim.
Eu saí do box e me enxuguei, não me preocupei em ir até Ângelo
coberta pela toalha, andei até lá completamente nua. Meu cabelo estava
pingando um pouco ainda. Parei na porta do banheiro, olhando-o sentado na
ponta da cama. Ele suspirou e ergueu o olhar para mim.
— Deite-se e me espere, não se mexa — assenti e fiz o que me
mandou.
Vi Ângelo sair do quarto e tomar o seu tempo lá fora. Olhei para a
janela e o sol se punha, havia passado um dia desde que voltamos de Los
Angeles. Eu ainda sentia a adrenalina correr por minhas veias, nunca havia
matado por esporte e diversão, de uma forma tão cruel e fria.
Eu adorei. E não conseguia tirar a satisfação de dentro de mim, era
algo bom e gostoso. Eu não fui julgada, como pensei que seria. Ângelo ficou
ao meu lado e completamente excitado e Carlo não deu a mínima
importância para o que fiz. Talvez ele tivesse aprovado, pelo sorriso
pequeno e controlado e a sobrancelha erguida, quando passei por ele. Eu me
encaixava bem entre eles, e espero seriamente que a esposa do Don não se
importe ou teremos problemas. Não que eu o queira, não, eu já tenho o meu
homem. Mas o ciúmes é um sentimento perigoso, que nos deixa irracionais.
— Abra as pernas — eu escutei sua voz próxima de mim e me virei
surpresa, não o escutei voltar.
Ângelo envolveu meus tornozelos em uma espécie de algemas e
prendeu cada uma em uma ponta da cama. Okay. Normal até aqui. Não me
atrevi a levantar minha cabeça e o observar, minha barriga estava gelada de
nervosismo. Meu marido estava mais calado do que nunca, o ouvia se
movimentar e de vez em quando sons de coisas metálicas se chocando.
Apertei os dedos dos meus pés, ansiosa. Respirei fundo,
silenciosamente, e tentei me distrair me olhando no espelho acima da cama.
Meus seios esparramados e os bicos duros de frio, as pernas abertas, meus
cabelos molhando o lençol da cama e meu rosto contorcido de nervoso. Pelo
espelho, vi Ângelo se aproximar com uma faixa preta nas mãos, voltei meu
olhar para ele.
— O que é isso? — Perguntei no automático.
Seus olhos negros estavam com um brilho perigoso. — Você precisa
confiar em mim — disse apenas e levou a faixa grossa acima dos meus
olhos. — É só para impedir você de gritar alto.
— Eu confio em você, mas não nessa sua versão sombria que eu não
sei o que esperar e fica calado o tempo todo — estalei minha língua. —
Ângelo...
Foda-se! Eu estava com medo, muito medo. Nunca tinha o visto assim
e só de me lembrar das suas palavras na noite anterior, sobre morrer nas
suas mãos, fazia me sentir uma garotinha com medo de aparecer um demônio
no escuro. Na verdade, eu era essa garotinha e Ângelo o demônio. Ah, se eu
pudesse correr agora... Mas não acho que iria muito longe.
— Você já esteve com ele, antes — disse e pegou minha mão, levando
ao seu peito. Eu não sentia seu coração bater, o que significa que ele está
calmo. — Mas ainda sou o mesmo Ângelo que você conheceu, amor —
desviei meu olhar do seu e abaixei para a sua mão cobrindo a minha. — Não
tenha medo. Ele só vai me ajudar a trazer você pra mim.
Eu não queria entender suas palavras. Não mesmo. Eu tinha medo do
caralho do meu lado mais sombrio. Eu sei como ele é, porque vive trancado
a sete chaves dentro de mim. Não é bonito, não é legal, não é confiável. Sou
eu sem amarras, muito mais que uma tempestade, um furacão.
— Ângelo... — Choraminguei. — Eu não quero.
— Eu prometo que você vai gostar, coração — quase sufoquei ao som
da voz e meu olhar voou para os seus olhos como dois poços negros, sem
fundo.
Ele estava ali. Sombrio, sedutor, perigoso, letal. Aquilo era o meu
marido verdadeiro, sua personalidade destrutiva. Senti meu estômago
afundar. Deus! Onde fui me meter?!
— Não tenha medo, toque-me, ainda sou eu — ele puxou minha mão
para o seu rosto e esfregou ali antes de levar para o seu cabelo preto e
escorrido.
Ângelo se abaixou mais, até metade do seu corpo está sobre o meu. Ele
lambeu meus lábios e tocou levemente o meu pescoço, numa carícia que
parecia proibida. Quando afundou seus lábios nos meus, ele enfiou sua
língua na minha boca buscando a minha para uma dança sensual. Senti seu
dedo indicador descer pela lateral do meu seio e parar na minha barriga.
— Seja minha — ele sussurrou baixinho sobre meus lábios. — Venha
comigo, por favor — implorou num tom sofrido e voltou a me beijar, mas
desta vez sua outra mão entrou em jogo.
Ângelo deixou de lado a faixa e subiu na cama, sobre mim e ficou entre
minhas pernas presas. Com uma mão ainda na minha barriga, ele trouxe a
outra para o meu peito, acima do coração. Ele apertou forte e eu gemi.
Descobri uma área sensível e muito vulnerável.
— Não grite — ele disse firme. — Por mais que adore ouvi-la gemer,
eu odeio gritos.
Eu não saberia se podia controlar isso, mas faria o esforço. Assenti.
Ele me avaliou severamente antes de levantar e sumir de vista, outra vez.
Ofegante, tentei controlar a minha respiração novamente. O quarto estava
ficando escuro e Ângelo não iria ascender as luzes.
— Kyra — ele chamou minha atenção, em algum lugar, mas não
consegui localizá-lo. — Eu vou dizer tudo o que vou fazer com você,
enquanto faço. Você não irá fugir, você não irá gritar, você não irá reclamar.
Você só vai sair daqui hoje, morta, ou amanhã acordará nos meus braços
sendo quem você realmente é, sem medos. Porque eu não aceito me casar
com uma mulher frágil que não possa me aguentar, aguentar a minha
personalidade sombria qual eu preservo com gosto e amor. Você me
entendeu?
— Sim — murmurei, fracamente.
— Bom... Se sobreviver, teremos o White para brincar, principessa —
ele amansou a voz. — Você quer brincar, amor? Então seja uma boa garota e
caminhe para mim, seja a minha víbora perigosa e letal melhor do que eu vi
ontem, hum?
— Ângelo... — gemi. Ah, merda! A voz dele estava me excitando pra
caralho!
Nem em mil anos conseguiria achar um cara com uma voz tão rouca e
excitante como a do meu marido. Juro que poderia gozar só o escutando e
retumbando dentro de mim. Por pouco não levei minha mão para minha
boceta latejante, porque ele me impediu.
— Não, você não vai se tocar, não hoje — advertiu.
Ângelo subiu novamente em cima de mim, ficou entre minhas pernas.
Ele tinha algo em uma das mãos e pôs acima da minha cabeça.
— Quietinha — mandou, descendo as pontas dos seus dedos para a
minha boceta. Mas meu marido não me tocou como eu queria, somente
verificou minha lubrificação por ele e sorriu, gemi incomodada buscando
por seu toque. — Eu vou fazer você implorar. Enquanto não me der o que eu
quero, não te darei o que você quer.
— Ângelo... — gemi frustrada, puxando minhas pernas presas.
Ele ergueu o tronco e puxou minhas mãos, juntando os pulsos e os
prendendo com a faixa que seria para a minha boca. Eu estava totalmente
imobilizada.
— Sabe, com você presa, eu posso fazer o que quiser com o seu corpo
e você não irá fugir — sua voz veio calma. — Eu posso machucá-la e você
não irá gritar, pois vai gemer para mim como uma boa garota que é. Você
vai, não é, Kyra? Minha doce Kyra... — vi o brilho metálico de algo no ar e
ofeguei. — Você não me respondeu.
— Eu não sei — murmurei. — Ângelo...
— Por que você não me chama por algo mais íntimo do que o meu
nome, hum? — Algo frio tocou minha pele e eu me arrepiei inteira. — Eu
gosto de ouvi-la me chamar de... Como é mesmo, amor?
— Grandão? — Tentei, ofegante.
Deus! O que é isso? Sentia um misto de medo e expectativa, ao mesmo
tempo que era distraída por sua voz que me levava para um abismo.
— Também, mas ainda não... — ele debruçou sobre mim e com a ponta
da língua lambeu o bico do meu seio endurecido, gemi. — É algo melhor.
Vamos, tente de novo e não aposte em amor.
Eu não tinha dado nenhum apelido significativo para ele. Ângelo já
havia ganhado muitos, eu só fiz... Ah!
— Mister Red Hand — sussurrei. — Meu... — mordi meu lábio com
força para não gritar ao sentir sua enorme invasão dentro de mim. Soltei todo
o ar dos meus pulmões, pega de surpresa, fui pega de surpresa.
— Boa menina — elogiou. — Assim mesmo. Agora repita novamente,
para mim, sem o mister.
— Red Hand.
— De novo — exigiu.
— Red Hand.
— Ainda não, amor — estalou a língua, sem mexer o quadril. Eu estava
o sugando com força e ele parecia uma estátua sobre mim, mas também o
sentia pulsar em minhas paredes internas.
Suspirei. — Meu... Meu Red Hand — chutei.
— Isso... — sua mão livre viajou para o meu pescoço e acariciou. —
Você sabe por que, não é? — Assenti. — Eu gosto do sangue nas minhas
mãos, é excitante, você sabe — de novo balancei minha cabeça e ele sorriu,
um sorriso torto de lado. — Estamos quase lá, principessa.
Onde ele queria chegar, eu não fazia a mínima ideia. De repente, ele
levantou e eu fiquei vazia.
— Já me colocaram para servir como torturador, só que era muito
entediante e eu preferi sair — comentava. — Mas, por hoje, vou permitir
voltar a jogar um pouco. Vamos lá, amor, você pode escolher ficar entre o
torturado ou lutar comigo para pegar o melhor lugar do espetáculo.
Bem... Ele queria jogar. Vejamos, seria fácil pedir o lugar de destaque,
mas isso tiraria a tensão do ar e acabaríamos em uma noite de sexo quente e
dormindo de conchinha. Ângelo não é muito fã disso, ele gosta de algo
perigoso, algo que nunca experimentei antes. Meu marido pediu confiança, o
que pode acontecer se eu der esse golpe no escuro com ele?
— O que acontece se eu escolher ser torturada? — Escutei sua risada
maliciosa.
— Isso eu não posso contar, é um segredo — brincou. — Mas, não é
ruim.
— Então me mostre esse segredo, não tenho nada a perder com isso —
disse, por fim.
— Ah, sim, você tem! — Ângelo voltou a se aproximar, tinha
impressão que se afastava apenas para manter o controle de si mesmo. —
Algo que você tem muito apreço. Mas, agora, não há volta, querida, tudo
bem?
— Só... Só ande logo com isso. Você está me entediando — soltei sem
pensar e me vi a beira da morte olhando aquele brilho sombrio intensificar
nos seus olhos.
Ângelo subiu na cama, o olhar sempre em mim e na mão carregava um
faca, eu via agora. Ele afastou minhas coxas e adentrou para mais perto.
Calado, ele deslizou a ponta afiada da faca pela lateral do meu corpo. Eu
tremi e ofeguei. O que ele iria fazer? Eu queria dizer algo, chamar pelo seu
nome, mas o olhar que ele me dava me dizia para ficar quieta. Ângelo era o
predador ali, ele quem estava comandando a situação, cabia a mim ser a
presa.
Ele desviou o olhar apenas para ver onde levava a ponta gelada, parou
abaixo do meu seio esquerdo. Então, ele apertou e eu ofeguei mordendo a
língua impedindo o grito preso na minha garganta. Ângelo estava me
cortando, pela dor era algo superficial mas doía pra caralho! Fechei meus
olhos e apertei, pelo que parece uma eternidade. Meu corpo estava tenso e
quando senti sua mão nele choraminguei.
— Eu gosto de sangue, amor — murmurou. — O seu é doce...
Abri meus olhos e os abaixei para ele, com a cabeça inclinada para o
meu seio e o lambendo. Demorei meio segundo para entender o que fazia.
Deus! Isso era loucura! Mas não posso mentir que foi excitante, o sangue já
esteve entre nós um vez. Desta forma, era só diferente. Um diferente bom...
Eu gemi, ainda o olhando, e sentindo uma pontada de dor.
— Eu vou sujar apenas as minhas mãos, você irá ficar limpa —
divagou, em seus pensamentos. — Meu doce...
Apertei os dedos dos pés e gemi novamente. Ele subiu para chupar o
bico do meu seio e voltou seus lábios aos meus. Senti o gosto ferroso na sua
língua. Ângelo pôs minhas mãos para cima da minha cabeça e as segurou lá.
Eu estava completamente dominada por ele.
— Eu só vou desamarrar você quando chegar onde eu quero —
murmurou. — Enquanto lutar contra, irá continuar presa. Eu sei que você não
gosta — sorriu sobre meus lábios e voltou a passear a lâmina na minha pele.
Eu tinha que entrar no seu jogo, não tinha escolha. Engoli a saliva e
joguei meu quadril para cima, chamando sua atenção pra lá.
— O que pretende fazer? Vai continuar me cortando? — Perguntei.
Os olhos negros vieram para mim mais uma vez e seu sorriso
aumentou. — Posso mordê-la — antes que pudesse registrar, ele abaixou a
cabeça na curva do meu pescoço e mordeu minha clavícula.
Gemi alto e tentei soltar as minhas mãos e puxei minhas pernas,
choraminguei. Senti seus dentes romperem minha pele e eu não parava de
gemer, com dor. Ângelo estava disposto a me machucar hoje, de qualquer
forma, porque queria meu pior lado para fora lutando com ele.
— Ângelo... — choraminguei. — Por favor...
Implorar não adiantava nada. Ele continuou passeando a lâmina no meu
corpo, até que a largou e levou seus dedos para a minha boceta molhada por
ele. Meu corpo estava reagindo a ele encima de mim, excitado e clamando
por mais toques dele numa área mais específica. Ofeguei ao sentir seus
dedos nos meus lábios molhados e um deslizar vagarosamente sobre meu
clitóris.
Gemi sufocada. Deus! Esse homem estava brincando com o meu corpo
de uma maneira selvagem. Ângelo continuou deslizando seus dedos por lá,
beirando minha entrada. Quando estava extremamente perto de gozar, ele
parou e lambeu seus dedos.
Meu marido ergueu o tronco um pouco e levou sua mão para perto da
minha coxa direita e puxou uma adaga pequena. Era ali que estava seus
brinquedos? Eram facas que ele queria dizer com isso? Me lembro de algum
momento ouvir que ele é um maníaco por facas, mas não imaginei assim.
— Vou usá-la na sua boceta e você vai gozar pra mim — disse.
O quê?! Ângelo a deslizou por minha barriga até embaixo, ele a
introduziu em mim e eu ofeguei. A faca não fazia volume, mas o meu corpo
entendeu aquilo como um estímulo e a sugou apertando o cabo, deixando
Ângelo satisfeito. Eu estava atendendo suas expectativas, aparentemente.
Ele começou com uma carícia leve, ajustando, até fechar sua mãos
envolta da lâmina, grunhir e começou a me foder com força. Meus joelhos se
espalharam no automático e comecei a gemer cada vez mais alto. Porra! Eu
iria gozar com uma faca na minha boceta. Seus olhos negros estavam na sua
mão lá embaixo e ele sorria muito.
Um arrepio quente passou sobre meu corpo e eu gozei, mordendo
minha língua com força para não gritar. Desabei ofegante. Vi Ângelo retirar a
pequena adaga de dentro de mim e levar a sua boca, para lamber. Observei
atentamente sua mão com algo escuro escorrer entre seus dedos até o
cotovelo e cair na cama.
Sangue. Ele havia se cortado.
Red Hand.
Eu estava na sua presença. Esse era o nome da sua personalidade
sombria. Por um segundo me arrepiei com medo, mas eu havia gozado com
ele, não há nada que pudesse tirar isso. Ele estava confortável comigo, me
chamando para brincar e eu estava recusando fortemente e ele continuava
provocando.
Me sentia forçar uma porta na minha cabeça, querendo abrir. Ângelo
não poderia se assustar com ela, podia? Ele sempre fora tão louco... Tão
sem limites, tão ele. E estava me chamando para viver na loucura que era sua
própria tempestade. Não poderia fugir, ou seria morta.
Desprezada por ele. E não queria perder Ângelo. Não! Me sentia
extremamente possessiva e louca em relação a ele. Eu poderia matar
qualquer um que ousasse pensar em tê-lo. Foda-se!
Ele é meu! Só meu!
Arrombei a merda da porta imaginaria e saí pra fora. Eu seria a porra
de uma víbora pra ele, me rastejaria pela noite caçando minhas vítimas e
seria a rainha da noite! Não é isso que Laisla Valentini instruiu, me
aconselhou? Então eu faria, mas por mim e Ângelo que estivesse pronto para
a destruição do meu furacão!
— Ângelo? — Chamei. Ganhei sua atenção, a faca ainda na sua boca.
— Me desamarre, agora! — Eu rosnei. — Você queria isso, agora irá lidar
com a sua escolha.
Ele jogou a adaga longe e avançou sobre os meus lábios. Ele ria, feliz
e esfregou a mão cortada no meu seio direito, o sujando com seu sangue,
limpando sua mão na minha pele. Ângelo desamarrou minhas mãos e eu
agarrei os cabelos acima da sua nuca o puxando para mim, forçando sua
boca sobre a minha.
— Venha minha rainha, venha para o seu rei — murmurou e mordeu
meu lábio inferior com força. — Achei que seria mais difícil, amor — dizia
e suspirou, me erguendo para cima do seu corpo. Ele também desamarrou
meus pés e levantou da cama. — Está pronta, hum?
— Sempre — respondi e levei minha mão para o seu mamilo esquerdo
com um piercing e entortei nos meus dedos até ouvi-lo gemer dolorosamente.
— Garota má — sorriu, mordiscando seu lábio. — Minha víbora —
cantarolou e avançou sobre meus lábios novamente.
Ângelo me prensou contra a parede e guiou seu pau para minha entrada.
Apoiei minha mão no seu ombro e gemi vagarosamente, jogando minha
cabeça para o lado, fechando meus olhos. Com a outra, pendurada em suas
costas, eu bati o cabo da faca nele, isso o deixou surpreso. Eu havia a
pegado enquanto me levantava da cama, com seu olhar distraído e
apaixonado por mim.
— Você me sujou, disse que não faria isso — suspirei, movimentando
meu quadril. Ele estava parado, esperando por mim. — Eu não gosto de
promessas quebradas.
— Não era uma promessa — devolveu. — E vê-la com o meu sangue,
me deixa pulsando por você, amore mio — ah, esse sotaque italiano! —
Você pode sentir.
Era verdade. Minhas paredes internas o sentiam grosso, preenchendo
tudo.
— Mas você quebrou sua palavra, de qualquer forma — gemi baixando
sobre seu pau. Eu precisava mais do que isso. — Eu vou te cortar — gemi
novamente, ondulando meus quadris. Ângelo prestava atenção nas minha
palavras. — Você vai reclamar?
— Não — balançou a cabeça, ansioso. — Jamais.
Eu baixei meu olhar para o seu peito, coberto por tatuagens. Eu as
estragaria, de alguma forma. Não havia lugar algum onde ele não fosse
tatuado, até mesmo sua bunda branca estava pintado. Trouxe minha mão para
frente, bem acima do seu coração. Ergui meu olhar para ele e sorri, ele me
acompanhou.
Eu afundei a lâmina, de forma rápida e extremamente prazerosa.
Ângelo jogou a cabeça para trás, gemendo alto. Suas mãos apertaram
fortemente minha cintura e eu apertei seu pau dentro de mim, também com
força e isso lhe deu um gemido prolongado e gutural.
Arrastei a lâmina, abrindo a sua pele até pouco acima das costelas. Seu
sangue escorreu quente entre nós, sujando nossas peles juntas. Senti escorrer
até nossas partes íntimas ligadas, molhando. Joguei a faca no chão e avancei
na sua boca.
Chega de jogar! Eu quero gozar.
Ângelo desceu suas mãos para a minha bunda e apertou, separando as
bandas e pressionou seu corpo mais sobre o meu. Ele começou a me foder
com força absoluta, grunhido e gemendo no meu ouvido ou na minha boca.
Eu me sentia nas nuvens, ele atingia pontos sensíveis dentro de mim. Eu vim
a primeira vez, naquela noite, no seu pau e eu quase gritei, mas impedi
mordendo seu ombro, ainda o sentindo socar dentro de mim prolongando
meu orgasmo.
— Deus! Ângelo! — Gemi ofegante.
Eu senti um tapa no meu rosto, meus olhos se encheram de lágrimas
mas não deixei de sorrir. Meu marido queria que eu o olhasse, não desviasse
o olhar. Eu desci uma mão por entre nós e cutuquei sua ferida no peito, ele
desequilibrou e errou uma estocada. Finquei minhas unhas na sua pele e
dessa vez eu não consegui impedi meu grito. Senti meu corpo fraco e
sensível, eu desabei sobre Ângelo choramingando e tremendo.
— O quê...? — Eu não estava raciocinando direito.
— Aconteceu algo aqui, amor — a voz dele estava mansa, mas ainda
feroz. — Olha pra mim — pediu.
Ângelo ainda se movimentava, batendo dentro de mim. Abracei o seu
pescoço e o olhei. Ele manteve uma mão na minha cintura e levou a outra
para o meu rosto. Seus olhos negros me avaliaram, enquanto eu gemia ainda
mais profundamente. Estava sensível pra caralho! Não sabia se queria
continuar com aquilo ou parar de uma vez.
— Eu juro que eu estou confusa aqui — murmurei. — Não sei que
porra aconteceu comigo, mas eu te amo muito, Ângelo.
Ele bateu forte dentro de mim e parou. Me analisou, sorriu e acariciou
levemente minha bochecha. — Achei que tivesse dito que odeio gritos,
principessa.
Puta merda!
Kyra
Choraminguei dolorida. Eu não conseguia andar e meu corpo inteiro
estava doendo e cortado. Ângelo usou suas facas em mim, me cortando e
delirando com o meu sangue escorrendo enquanto me fodia. Doeu pra
caralho, mas eu não podia negar que aquilo excitava minha parte sombria.
Eu aguentei cada um dos cortes, ele estava me punindo por gritar.
Mas, daquela vez, foi impossível segurar. Demorei a noite inteira para
processar o que havia acontecido, até que cheguei na conclusão que tinha
ejaculado quando Ângelo atingiu um ponto dentro de mim. Ele guardou a
informação pra si – esse filho da puta – por punição também.
Eu perdi as contas de quantas vezes gozei. Deus! Quando achava que
não conseguiria mais, ele inventava algo novo e levava de volta ao abismo.
Eu chupei, gozei, lambi e o mordi o cabo de diversas facas.
Claramente depois de ser torturada, eu peguei uma adaga pequena das
mãos dele e enfiei com força no seu ombro. Ele grunhiu com raiva e sorriu
diabólico para mim, antes de nós levar para a cama e iniciar uma guerra, que
eu perdi mas ainda sim fiz sangue jorrar dele.
Vi nossas mãos vermelhas e em algum momento as juntamos, unindo as
nossas sombras numa loucura excitante e terminamos a noite, com o sol
desapontando no horizonte, nos braços um do outro. Na violência um do
outro. Jogando nossos demônios de volta para a cela, dentro de nós, mas
agora sem cadeados para mim. Apenas a porta aberta, deixando que ela
pudesse sair quando quisesse.
Um marco, um renascimento, uma liberdade enfim merecida, sem
julgamentos, sem medos, feita no amor e na violência.
Eu acordei, com o corpo pesado de Ângelo sobre mim, não sabia que
horas eram mas havia sol lá fora. Suspirei. Havia sobrevivido. Quebrada,
reajustada e renascida. Ergui dolorosamente meu braço esquerdo e olhei
para minha mão com o sangue seco, via parcialmente as partes brancas das
minhas unhas.
Ângelo levantou sua própria mão e entrelaçou nossos dedos juntos, ele
movimentou o corpo para cima de mim e procurou meus lábios. Eu os sentia
inchados, mas não deixei de beijá-lo.
— Eu não vou perguntar se você está bem — ele riu. Sua voz estava
extremamente rouca e grave. — Como se sente, meu amor? Afinal, você está
viva e muito melhor do que imaginei.
Suspirei e olhei em seus olhos. Ele estava feliz, muito feliz. — Estou
me sentindo bem, mas com um desejo intenso — respondi e sorri para ele.
— Que desejo? — Curioso, soltou pouco do seu peso sobre mim. Mas
eu reclamei, estava fraca não iria aguentá-lo agora.
— Eu quero botar fogo em você — disse, ele estreitou os olhos
franzindo as sobrancelhas. — Literalmente.
Ângelo sorriu balançando a cabeça e se ergueu. — Eu vou considerar
isso um efeito colateral da sua loucura. Agora, vamos, principessa, ainda
temos mais um brinquedo para brincar.
Gemi descontente. Eu queria ficar deitada mas a proposta era
tentadora.
— Então me ajude, Ângelo — resmunguei.
Meu marido voltou a mim e me ergueu, me fazendo ficar de pé e
segurou na minha cintura. Ele analisou meu corpo e eu segui seu olhar. Eu
estava uma bagunça completa.
— Dolorosamente liberta — murmurei e atraí seu olhar para mim. —
O quê?
— Você está perfeita, amor — beijou minha testa. — Consegue ficar de
pé?
Assenti. Ângelo saiu para o closet e voltou vestindo uma calça preta e
uma camisa social também preta nas mãos. Ele não vestia cueca, vi pelo
botão aberto da calça e o volume enorme aparente. Ele me ajudou a vestir a
camisa e abotoou até o meio da minha barriga. Não mostrava meus seios,
apenas uma boa parte deles, minha bunda também estava coberta porque o
tecido negro descia até o meio das minhas coxas.
— Assim — disse. — Fique assim. Eles não vão te olhar, mas vão
saber que você é minha e se tornou a minha víbora — olhei para o seu peito
nu e vi a enorme linha que eu havia feito ali. — Da mesma forma que agora
eu tenho uma dona.
Estalei minha língua. — Eles?
— Carlo, sua esposa — respondeu — e mais um monte de bastardos
que querem entender o que houve nos últimos dias.
— Se estamos indo para uma reunião, eu prefiro ficar e voltar a dormir
— bufei e Ângelo riu.
— Não, amor — ele entrelaçou nossas mãos juntas e me puxou para
seu peito. — Eles estão indo nos assistir a jogar com o White.
[...]
Fomos para o porão da minha casa. Descendo as escadas atrás de
Ângelo, ouvi vozes de homens e o parei receosa. Não que eu não confiasse
em Ângelo, na sua palavra, mas não confio nos outros. Meu marido agarrou
minha mão com mais força e puxou, balançando a cabeça. Confie em mim,
era o que queria dizer. Ao escutarem nossos passos a conversa cessou.
A luz da lâmpada primeiro iluminou ele e depois a mim, quando me
pôs ao seu lado. Cada um daqueles homens – retirando apenas Carlo –
abaixou o olhar para o chão ou desviou para longe, qualquer ponto que não
fosse eu ou a esposa do Don.
Eu ouvi uma risadinha e olhei para ela. — Ah, Carlo e você ainda diz
que não seríamos ótimas amigas — dizia sem tirar os olhos de mim.
Vi seu marido revirar os olhos e a puxar para seus braços. — De
loucos já me basta esse dois, você também não — e beijou seu ombro.
Ela fez um biquinho e virou para ele. — Você, às vezes, é tão chato.
Eles entraram em uma conversa e eu me virei para Ângelo, seu olhar já
estava em mim.
— Eu te disse — sorriu e levou a mão ao meu queixo, forçando a
levantar mais. — Eles não tem coragem de desafiar as víboras, amor.
— Então posso provocá-los? — Ângelo estreitou o olhar. — Só um
pouquinho, hein? Se algum deles perder, você vai acabar matando-os, não é?
Aí está um jogo, grandão — mordi meu lábio inferior.
Escutamos um gemido dolorido e pasmo, quando viramos pegamos o
olhar de um velho. Ele até tentou desviar rapidamente, mas foi tarde demais.
Ângelo suspirou e levou a mão para o cós da sua calça, retirou uma arma
dali e atirou contra o homem, o matando.
— O que eu não faço por você, pequena? — Mas ele sorria e inclinou
para beijar a minha testa. — Comporte-se.
— Achei que tivesse dito que não me controlaria fora da cama? —
Sorri docemente.
— Retiro minhas palavras! — Disse rapidamente.
— Tarde demais — cantarolei.
Eu me sentia muito bem, apesar das poucas fisgadas de dor que sentia.
Fomos mais adentro do porão, em o que parecia uma espécie de quarto de
interrogatório policial. Lá estava o pai White e o filho mais novo, Will – o
garoto estava assustado, não entendia o que estava acontecendo.
Ângelo me pegou no colo e me sentou em uma mesa recheada de facas
e outros objetos distribuídos por ordem de tamanho. Desconfiei que o
espaço vazio no meio foi proposital para mim. Apoiei minhas mãos para trás
e balancei minhas pernas, estava me divertindo com o pensamento do meu
marido torturando aqueles homens.
— Se vocês olharem para a minha esposa, eu faço pior do que
pretendo, hm? — Ele advertiu, naquela voz dominadora e sombria dele.
Combine isso com a rouquidão excitante e o grave gutural e tenha um
orgasmo. Soltei um gemido sem querer e ele virou para mim lentamente, com
um sorriso predatório.
— O que foi, principessa? — Ângelo se aproximou e apoiou seu corpo
em ambas as mãos ao lado das minhas coxas. — Está excitada? —
Sussurrou. Assenti e ele inclinou um pouco mais sobre mim, deixando seu
sorriso mais largo. — Se você...
Ângelo foi interrompido por um barulho de tiro. Virei minha cabeça
enquanto ele olhava por cima de mim. Pelo vidro, vimos a esposa do Don
olhando para o marido encima de um outro homem socando. Meu marido riu
sobre mim.
— Bem, como ia dizendo, se você abrir essas suas pernas para mim
enquanto eu tiro sangue dos White — beijou meus lábios — e gozar, teremos
problemas.
— Não quer que goze pra você chupar meus dedos depois? —
Perguntei, realmente chateada e franzi meu cenho.
— Não — balançou a cabeça. — Eu quero chupar você, mas preciso
que esteja mais molhada, hm? — Assenti e ele sorriu contente para mim. —
Meu amor... — murmurou e se inclinou beijando minha testa.
Desviei meu olhar para trás dele, Will White abriu a boca e
rapidamente desviou o olhar, seu peito estava subindo e descendo
rapidamente. Estreitei meu olhar e levei meu braços ao redor do pescoço de
Ângelo, o abraçando.
— Não machuque o garoto — sussurrei no seu ouvido e lambi, ele
estremeceu e sorri. — Acho que ele não sabe de muito, é apenas um
adolescente.
Ângelo beijou meu ombro depois minha bochecha e me olhou por
alguns segundos antes de assenti. Logo virou de volta para os White. Eu não
iria me masturbar na frente de um garoto, suspirei frustrada por causa disso,
mas teria que recompensar de alguma forma.
Meu marido se movimentava, machucando apenas o homem mais velho,
deixando Will apavorado e sem voz. Ele não gritava realmente, havia
perdido a voz enquanto via seu pai sangrar feito um porco. Não demorou
muito para o senhor White gritar as verdades.
O antigo Consigliere, Tom, conspirava para subir ao poder usando
marionetes como White e Agata Grows que tinham motivos suficientes para
odiar Carlo D’angelo. Por um deslize, foi tudo perdido. Tomaz não esperava
que Grows fosse burra e agisse por impulso fazendo um acordo comigo.
Estalei minha língua sorrindo, enquanto Ângelo enterrava uma faca
deliciosamente devagar na coxa do homem. Meu marido estava coberto de
sangue fresco e suas mãos mais vermelhas ainda. Bom, ele teria que limpá-
las antes de tocar em mim.
— Ângelo? — Chamei e ele se virou imediatamente para mim, os
olhos pretos brilhando em diversão. — Estou ficando entediada e acho que
ele já falou o bastante.
White entendeu isso como uma pausa na sua tortura e a sua libertação.
Ah, não, não mesmo! Ângelo endireitou seu corpo e sorriu para mim. Seguiu
para Will e o soltou, levando para fora e expulsando todo mundo de lá.
Carlo aparentemente já havia sumido com a esposa. Quando voltou, trancou
a porta e veio para mim.
— Vai sujar essas mãozinhas para mim? — Ronronou, excitado. Eu
levei minha mão para o seu pau duro na calça e apertei, ele gemeu
descaradamente. — Principessa... Vou fazer você chupar meu pau.
Mordi meu lábio inferior e pulei da mesa.
— Bem, White, você vai me ajudar a fazer um showzinho erótico para
o meu marido — dizia olhando naqueles dois poços negros convidativos e
perigosos. — Sabia que ele adora sangue?
White ofegou atrás de nós e eu ri. Me joguei no meu homem e o beijei,
senti minha lubrificação escorrer para a minhas coxas. Ângelo apertou minha
bunda nas suas mãos, com força.
— Senhora De Luca, faça o seu homem uivar de tanto gemer enquanto
ele te assiste.
◇•◇•◇
Ângelo