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Sábado, 3 de Agosto de 1991 I SÉRIE -

, iNúmero 31

BOLETIM DA REPUBLICA
PUBUCAÇÃO OACIAL DA REPÚBUCA DE MOÇAMBIQUE

SUPLEMENTO
IMPRENSA NACIONAiL DE MOÇAMBIQUE o direito de uso das águas do domínio público será
reconhecido em regime de uso livre, em determinados ca-
AVISO sos, e por meio de autorizações de uso ou de concessões
de aproveitamento, em casos especialmente regulados.
A matéria a publicar no «Boletim da República» deve A Lei de Águas surge como instrumento fundamental
ser remetida em cópia devidamente autenticada, uma para a realização e satisfação de interesses do povo mo-
por cada assunto, donde conste, além das indicações çambicano.
Nestes termos, ao abrigo do disposto no n," 1 do ar-
necessárias para esse efeito, o averbamento seguinte, tigo 135 da Constituição da República, a Assembleia da
assinado e autenticado: Para publicação no uBoletim República determina:
da Repúblicél)). CAPITULO I

Disposições preliminares
ARTIGO 1
SUMÁRIO
(Propriedade das águas)
Assembleia da República:
1. As águas interiores, as superficiais e os respectivos
Lei n.· 16/91: leitos, as subterrâneas, quer brotem naturalmente ou não,
Aprova a Lei de Águas. são propriedade do Estado, constituindo domínio público
Lei n.· 17/91: hídrico.
2. Constituem ainda domínio público hídrico, as obras,
Aprova a Lei das Empresas públicas. equipamentos hidráulicos e suas dependências realizadas
pelo Estado ou por sua conta com o objectivo de utilidade
pública.
3. O domínio público hídrico é inalienável e imprescri-
ASSEMBLEIA DA REPOBLlCA tível e o direito ao uso e aproveitamento será concedido
~e. modo. a garantir a. sua preservação e gestão em bene-
Lei n.O 16/91 fICIO do Interesse nacional.
de 3 de Agosto
ARTIGO 2
A importância dos recursos hídricos em todos os sec- (Objectivo)
tores da vida tem originado um aumento cada vez maior
de necessidades da sua utilização. 1. A presente lei tem como objectivo definir em relação
A água é utilizada para diversos fins consoante as ne- às águas interiores:
cessidades e as quantidades que cada utente entender. Para a) O domínio público hídrico do Estado e a política
que o uso da água pelos múltiplos interessados não pre- geral da sua gestão:
judique as necessidades de alguns, toma-se indispensável b) O regime jurídico geral das actividades de pro-
criar mecanismos conducentes à sua distribuição ou for- tecção e conservação, inventário, uso e apro-
necimento na medida das necessidades de cada um. veitamento, controlo e fiscalização dos recursos
A presente Lei de Águas estabelece os recursos hídricos hídricos;
que pertencem ao domínio público, os princípios de ges- c) As competências atribuídas ao Governo em rela-
tão de águas, a necessidade de inventariação de todos os ção ao domínio público hídrico.
recursos hídricos existentes no país, o regime geral da sua
utilização, as prioridades a ter em conta, os direitos gerais 2. As águas minerais naturais, minero-medicinais e tér-
dos utentes e as correspondentes obrigações, entre outros. micas são reguladas por legislação específica.
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3. A protecção, utilização e exploração dos recursos curso ao Conselho Nacional de Aguas c inspira-se nos
pesqueiros nas águas interiores serão reguladas por legis- princípios seguintes:
lação própria, bem como a navegação e a flutuação. a) Unidade e coerência de gestão das bacias hidro-
4. A pesquisa e aproveitamento do recursos minerais nos gráficas do país, isto é, do conjunto de cursos
leitos, margens e zonas inundáveis ficarão sujeitos à legis- de água que confluem para um mesmo curso de
lação própria, água principal o das áreas por eles drenadas,
ARTIGO 3 bem como dos aquíferos subterrâneos,
(Dos leitos) b) Coordenação institucional e participação das po-
pulações nas principais decisões relativas à po
1. O leito das águas interiores é limitado pela linha de lítica de ge-stão das águas;
margem. Linha de margem é a definida pelas águas quando c) Compatibilização da política de gestão de águas
alcançam o seu maior nível ordinário. No leito cornpreen- com a política geral de ordenamento do tcrri-
dem-se os mouchões, lodeiros e areais nele formados por tório c de conservação do equilíbrio ambiental,
deposição aluvial.
2. Competirá às administrações regionais de águas de- 2. As obras hidráulicas não poderão ser aprovadas sem
terminar a linha de margem legal dos dep6sitos e cursos prévia análise dos seus efeitos e impactos sociais, econó-
do água do país c proceder à sua inscrição no cadastro micos e ambientais.
de ãguas. Caber-lhes-á igualmente adoptar as medidas ne- 3. Os estudos sobre os efeitos referidos no número an-
cessárias à protecção dos leitos e das linhas de margem. terior constituirão encargo dos donos das' obras de grande
3. O uso e aproveitamento dos leitos ficam sujeitos ao envergadura, Por regulamento definir-se-á o critério de
regime do licenciamento e concessão desta lei. classificação das obras para deito de imputação do preço
dos estudos.
ARTIClO 8
ARTIGO 4
(OrlentaÇÕtl6 da politica de gestlio de éguas)
(Das margens)
Ao Estado competirá implementar, progressivamente t:
1. Margem é a faixa de terreno contígua ou sobranceira nas regiões definidas como de intervenção prioritária, uma
à linha que limita o leito das águas. Em toda a sua exten- política de gestão de águas orientada para a realização dos
são longitudinal, as margens estão sujeitas ao regime de seguintes objectivos:
protecção parcial definido na Lei de Terras.
a) Melhor uso das éguas disponíveis para todos os
2. Competirá às administrações regionais de águas, sem
fins através da sua utilização racional e plani-
prejuízo do disposto na Loi de Terras, zelar pela preser-
ficada, com vista a satisfazer as necessidade-
vação, conservação e defesa das zonas de protecção par-
das populações e de' desenvolvimento da eco-
cial definidas no número anterior. nomia nacional;
b) Abastecimento contínuo e suficiente das popula-
ARTIGO 5
ções em água potável, para a satisfação das
(Zonas lnundévels) necessidades domésticas e de higiene:
c) Promoção, enquadramento e regulamentação da
I. Zonas inundáveis são as que podem ser alagadas du- utilização da água para fins agrícolas, indus-
rante as cheias extraordinárias dos dep6sitos e dos curso!' triais e hidroeléctricos;
de água naturais, contínuos ou descontínuos, e como tal d) Melhor aproveitamento das águas do domínio pú-
forem definidas no cadastro.
blico, nome-adamente, através da luta contra os
2. Os te-rreno" abrangidos pelas zonas inundáveis man- desperdícios, possibilidade de usar as águas para
têm a qualificação jurídica e a titularidade que tiverem, fins múltiplos através da sua reciclagem, con-
podendo, no entanto, ser declarados zonas de protecção trolo das perdas para o mar, realização de obras
parcial ou sujeitos a outras restrições para garantir a se- e de equipamentos de retenção c armazena-
gurança das pessoas e bens. mento de águas e de regularização dos caudais;
e) Promoção, segundo as necessidades e a" priorida-
ARTIGO ó
des da acção governamental, de acções de in-
(Aguas subterrâneas) vestigação, de pesquisa e de captação destina-
das a aumentar o volume global dos recursos
Entende-se por águas subterrâneas, para efeitos desta hídricos disponíveis;
lei, as que, encontrando-se debaixo da superffcíe da terra. j) Melhoria do saneamento, luta contra a poluição
são ou podem ser afloradas por acção do homem. As me- e contra a deterioração das águas pela intrusão
didas para a sua protecção, uso e aproveitamento poderão de salinidade;
incluir as partes s6lidas e líquidas dos aquíferos e· as zo- g) Prevenção e combate contra os efeitos nocivos das
nas de protecção que sejam necessárias. águas, nomeadamente, nos sectores da luta con-
CAPITULO II tra a erosão dos solos e o controlo das cheias;
h) Procura de equilíbrios para o conjunto dos uten-
Da politica geral de gestJo de éguas tes nos casos de utilizações múltiplas e confli-
8ECÇAO I
tuosas das águas do domínio público;
i) Salvaguarda dos interesses da promoção da nave-
Principias 6 orientações gação fluvial;
ARTIGO 7 j) Melhoria da gestão das infraestruturas hidráulicas;
(Prlnclplos de gestlo de éguas) k) Promoção das campanhas de formação, educação
e divulgação, tanto junto das populações, como
l . A acção do Estado no sector de gestão das águas será dos agentes da administração, em relação aos
realizada pelo Ministério da Construção e Águas com re- principais problemas de gestão das águas;
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I) Elaboração progressiva de legislação destinada a b) Tipo e localização do uso e aproveitamento, vo-


regulamentar a utilização, o aproveitamento e r lumes de água a utilizar, métodos, equipamen-
a protecção dos recursos hídricos; tos e obras realizadas para o aproveitamento;
m) Assegurar o equilíbrio geral entre. o conjunto dos c) Servidões constituídas;
recursos hídricos disponíveis e o consumo glo- d) Obrigações dos beneficiários;
bal. e) Tratamento definido para os efluentes.
ARTIGO 9
ARTIGO 13
(Inventário dos reeersos e necessidades de égua)
(Esquema Geral de Aproveitamento dos Recursos Hidrlcos)
1. Caberá ao Ministério da Construção e Águas proce-
der ao inventário geral dos recursos hídricos nos seus 1. O Esquema Geral de Aproveitamento dos Recursos
aspectos de quantidade e qualidade e à sua actualização Hídricos visa, nomeadamente:
periódica) de forma a apoiar o planeamento e a gestão a) Melhorar a satisfação das necessidades de água
integrada dos recursos hídricos e a realização de obras mediante o correcto aproveitamento das dis-
hidráulicas. ponibilidades e da racionalização do seu uso;
2. O inventário geral compreenderá o inventário de re- b) Equilibrar e harmonizar o desenvolvimento nacio-
cursos hídricos, quer os disponíveis quer os potenciais, nal, regional e sectorial;
tanto superficiais como subterrâneos, bem como das ne- c) A defesa do meio ambiente, garantindo que os
cessidades presentes e futuras e os balanços de recursos e usos e aproveitamento de água se realizem sem
necessidades de água. prejuízo do caudal mínimo e do caudal ecoló-
3. O Governo definirá, segundo as necessidades, as gico e respeitando, na medida do possível. o
modalidades de realização dos inventários assim como as regime natural dos depósitos e cursos de água;
funções a desempenhar pelos órgãos locais do aparelho d) A protecção da qualidade da água.
de Estado.
ARTIGO 10 2. Competirá ao Conselho de Ministros aprovar o Es-
(Cadastro de águas)
quema Geral de Aproveitamento dos Recursos Hídricos e
seus ajustamentos periódicos, a efectuar de acordo com as
1.e. criado o Cadastro Nacional de Águas abrangendo necessidades.
SECCÁO II
todo o território nacional e a ser implementado progres-
siva e prioritariamente para as principais bacias hidrográ- Coordenação institucional
ficas. ARTIGO 14
2. Caberá especialmente ao Cadastro Nacional de Águas:
(Cooperaçio internacional)
a) O registo das concessões e licenças de uso e apro-
veitamento da água, suas características e pos- 1. A participação da República de Moçambique em or-
teriores modificações, bem como as autoriza- ganizações de cooperação internacional no domínio das
ções de descarga de efluentes, inclusive as con- águas visará os seguintes objectivos:
cedidas ao abrigo de legislação anterior, quando a) Adopção de medidas coordenadas de gestão dos
reconhecidas nos termos dos artigos 69 e 70 cursos de água de uma mesma bacia hidrográ-
da presente lei; fica, tendo em conta os interesses de todos os
b) O registo dos usos comuns tradicionalmente re-
Estados interessados;
conhecidos ao abrigo do disposto no artigo 71 b) Repartição das águas de interesse comum e seu
da presente lei. aproveitamento conjunto;
c) Preparação ou realização conjunta de programas
3. À organização e funcionamento do Cadastro Nacio-
nal de Águas serão regulados por diploma ministerial. de investigação, projectos e construção de in-
fraestruturas;
d) Controlo da qualidade da água, da poluição e da
ARTIGO 11
erosão dos solos;
(Obrigatoriedade do registo) e) Troca de informações sobre questões de interesse
1. As concessões, as licenças de uso e aproveitamento comum.
de água e as autorizações de descarga de efluentes estão 2. Competirá ao Ministro da Construção e Águas pro-
sujeitos a registo. mover as necessárias acções de cooperação internacional
2. O registo é obrigatório, competindo ao beneficiário com os Estados' limítrofes ou da região, com visra a ga-
requerê-lo no prazo de' três meses a contar da data em rantir a melhor gestão das bacias hidrográficas de inte-
que o direito ao uso e aproveitamento tiver sido outorgado resse comum e a salvaguardar os interesses nacionais, bem
ou reconhecido. como assegurar a participação da República de Mocarn-
3. Os direitos ao uso e aproveitamento de água sujeito bique nos trabalhos dos organismos de' cooperação que
a registo obrigatório só produzem efeitos em relação a vierem a ser criados.
terceiros depois de efectuado o registo. 3. Caberá ao Conselho de Ministros adoptar as medi-
das necessárias para assegurar a execução das recomen-
ARTIGO 12 dações e decisões tomadas nessas organizações.
(~aetos COllSt&lItes
do registo)
Al.TKJO 15
A inscrição no registo deverá conter, sem prejuizo do (iniciativas descentralizadoras)
que vier a ser estabelecido em regulamento próprio, as
seguintes indicações: 1. O Ministério da Construção e Águas encorajara as
a) Nome, domicílio e número de bilhete de identi- iniciativas dos seus órgãos, das populações, das empresas
dade do beneficiário ou beneficiários; públicas e privadas no domínio de gestão de águas que
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sejam compatíveis com as orientações da política geral do 4. A sua composição, estrutura orgânica c funciona-
Estado. mento serão regulados por decreto do Comelho de Mi-
2. Será também encorajada a realização, por parte des- nistros.
sas entidades e nos termos a definir em diploma regula- ARTIGO til
mental, de actividades e· operações de pesquisa, captação, (AdminIstrações regionais de éguas)
equipamento e aprovisionamento de águas. Caberá ainda
ao Ministério da Construção e Águas assegurar a fisca- L A gestão dos reCUJ so- hídricos será realizada por
lização técnica dos projectos e da sua execução. administrações regionais de águas organizadas na base de
bacias hidrográficas e fundamentalmente vocacionadas
ARTIGO 16 para a administração dos recursos hídricos da região,
(Cooperação lntersectorlal) 2. As administrações regionais de águas S<lO instituições
públicas dotadas de personalidade jurídica e autonomia
Na implementação das orientações gerais da política administrativa, patrimonial e financeira, tuteladas pelo Mi-
de gcstao de águas e sem prejuízo das suas competências nistério da Construção e Águas, através da Direcção Nacio-
próprias, o Ministério da Construção e, Águas promoverá nal de Águas. O seu âmbito territorial poderá compreen-
a necessária articulação com 0& outros Ministérios inte- der uma ou várias bacias hidrográficas.
ressados na gestão das águas, nomeadamente da Agricul-
3. Compete-lhes nomeadamente
tura, Negócios Estrangeiros, Cooperação, Indústria e Ener-
gia, Recursos Minerais, Administração Estatal e da Saúde, a) Participar na preparuçao, Implementação e revisão
Comissão Nacional do Plano e com os conselhos oxccutivos do plano de ocupação hidrológica da bacia;
b) A administração e controlo do domínio público
ARfIGO 17 hídrico e a criaçao e manutenção do cadastro
(Conselho Nacional de Aguas) de águas e do registo dos aproveitamentos pri-
vativos, bem como o lançamento (' cobrança de
L. n criado o Conselho Nacional de Águas, órgão con- taxas de uso e aproveitamento da água;
sultivo do Conselho de Ministros e de coordenação inter- c) O licenciamento c a concessão de uso e aprovei
ministci ial encarregado do se pronunciar sobre aspeetos tamento das água.. do domínio público, a auto-
relevantes (L\ politica geral de gestão de águas e zelar pelo rização de despejos, a imposição de servidões
bOU cumprimento administrativas, bem como a inspecção e fisca-
2. 1\0 Conselho Nacional de Águas, para além das lização do cumprimento dos requisitos a que
Iunçocs consultiva-, compete nomeadamente' os mesmos estão sujeitos;
a) Propor os objectivos da política hídrica do Go- d) A aprovação das obra-. hidráulicas II realizar e él
vemo no domínio social. económico e ambien- sua fiscalização;
tal; e) Declarar a caducidade de autorizações, licenças
h) Identificar as limitações institucionais, de recursos e concessões e sua extinção ou revogação;
humanos, inanceiros e económicos que afec-
í
j) A projecção, a construção e a exploração das obras
tem a prossecução dos objectivos da política hí- realizadas com os seus próprios meios. bem
drica c propor as soluções adequadas; como o das que lhe forem atriburdas:
c) Manter o Conselho de Ministros informado sobre
os aspectos críticos e recorrentes que afectem g) A prestação de servi, os técnicos relacionados com
o desenvolvimento L conservação dos recursos as suas atribuições e o assessoramento aos ór-
hídricos. propondo as medidas mais apropria- gãos locais do Estado, às entidades públicas c
das; privadas e aos particulares;
d) Propor programas, projectos e medidas necessá- h) Colher e manter actualizados os d.idos hidroló-
rias ao desenvolvimento c conservação dos re- gicos necessários ,1 gestão das bac ia'> hidrográ-
cursos hídricos; ficas;
e) Detectar os factores macrocconómicos e macroins- i) Conciliar conflitos decorrentes do mo e aprovei-
titucionais que afectem o desenvolvimento e tamento da água;
conservação dos recursos hídricos do país e J) Proceder ao policiamento das águas. aplicar san-
propor as soluções adequadas; ções, ordenar a demolição de obras, a elimina-
j) Emitir parecer sobre projectos e programas hídri- ção de usos e aproveitamentos não autorizados
cos antes que sejam subrnetidos a financia- e o encerramento de fontes de contaminação.
mento internacional 011 destinadas verbas do
4. Os estatutos das administrações regionais de águas
orçamento do Estado:
pj Solicitar, aos organismos públicos e privados, as serão aprovados por diploma ministerial
informações ou esclarecimentos necessários ao
desempenho das sua'> atribuições; ARTI(,O 19
11) Recomendar a adopção de medidas específicas ou (Orgllos das administrações regionais de águas)
o desenvolvimento de acções necessária'> por
parte dos órgãos centrais e locais do Estado e 1. As administrações regionais de águas, p.tra além dos
demais organismos com competência territorial órgãos que vierem a ser estatutariamente dei inidos, com-
011 funcional na área dos recursos hídricos. portam um conselho de gestao integrado por representan-
tes dos Ministérios da Construção e Águas, Agricultura,
,. O Conselho Nacional de Águas poderá propor aos Indústria e Energia, Recursos Minerais, dos órgãos locais
minivtério-, e a outros organismos públicos, linhas de es- do Estado e das organízaçõe , de utentes,
tudo e investigacão para o desenvolvimento de inovacõcs 2, Ao conselho de gestão, bem prejuízo do que vier a
técnica'> no que respeita à obtenção, emprego, conservação, ser estabelecido, competirá nomeadamente apreciar o pro-
rccuperncão, tratamento integral e economia de água grama de actividades, de obras e o orçamento.
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ARTIGO 20 c) As águas subterrâneas não incluídas em zonas de


(Associações de utentes) protecção, desde que não perturbem o seu re-
- gime, mas deteriorem a sua qualidade;
1. Os utentes dos recursos hídricos poderão voluntaria- d) As águas pluviais.
mente constituir-se em associações, designadamente em
associações de regantes. 2. Os utentes dos talhões que circundam lagos, lagoas
2. Às administrações regionais de águas caberá promo- e pântanos podem usar as respectivas águas nas condiçõe-s
ver a constituição de associações de utentes, podendo o estabelecidas no número anterior, salvo se pelo seu vo-
uso e aproveitamento de certos recursos ser condicionado lume e· importância requererem licença ou concessão de
à sua criação. acordo com o estabelecido no cadastro. Exigência idên-
CAPíTULO III tica poder-se-á impor ao uso previsto no número 1.
3. A acumulação artificial de águas das chuvas, por
Utilização das águas parte dos utentes da terra, e para além dos limites a de-
SECÇÃO I finir em regulamento, ficará condicionada ao regime de
Regime geral
aproveitamento privativo.
ARTIGO 21 ARTIGO 24
(Usos conwns e privativos) (Requisição)

1. As águas do domínio público, quanto ao uso e apro- 1. Em casos de força maior, designadamente secas, cheias
veitamento, classificam-se em águas de uso comum e águas ou outras calamidades naturais e enquanto as mesmas
de uso privativo. O uso e aproveitamento privativo das perdurarem, poderão as autoridades administrativas impor
águas pode resultar da lei, de licença ou de concessão. que se faça, em benefício da população, o uso comum das
2. São usos comuns os que visam, sem o emprego de águas referidas no artigo anterior.
sifão ou de meios mecanizados, satisfazer necessidades 2. Caberá às autoridades administrativas definir as vias
domésticas, pessoais e familiares do utente, incluindo o de acesso, calendário de utilização e demais condições.
abeberamento de gado e a rega em pequena escala. 3. O utente do talhão terá direito de ser indemnizado
3. São usos e aproveitamentos privativos resultantes da pelos prejuízos causados.
lei os que podem ser directamente realizados pelos titu- SECÇÃO III
lares do direito ao uso e aproveitamento da terra, salvo
disposição em contrário. Aproveitamentos resultantes de licença ou concessão
4. Aos usos e aproveitamentos privativos resultantes de ARTIGO 25
licença ou concessão terão acesso quaisquer pessoas, sin- (Apt'Oveitamento privativo)
gulares ou colectivas, públicas ou privadas, nacionais ou
estrangeiras devidamente autorizadas a actuar em territó- As águas do domínio público, salvo o disposto no ar-
rio nacional, nos termos desta lei e desde que não ponham tigo 23, podem se'!' objecto de aproveitamento privativo
em causa o equilíbrio ecológico e o meio ambiente. mediante licenciamento ou concessão nos termos desta lei
e seus regulamentos.
ARTIGO 22
(Liberdade de uso) ARTIGO 26
(Prioridad? dos aproveitamentos privativos)
1. Os usos comuns das águas são gratuitos e livres,
isto é, realizam-se sem necessidade de prévio licenciamento 1. O abastecimento de água à população, para consumo
ou concessão. Por regulamento poderão ser especificadas humano e para satisfação das necessidades sanitárias, tem
as condições a que, em geral ou localmente, o uso comum prioridade sobre os demais usos privativos.
deverá obedecer, nomeadamente, em caso de penúria 2. Não são autorizados usos privativos de água em pre-
excepcional. juízo das quantidades nece-ssárias à protecção do ambiente.
2. Os usos comuns realizam-se de acordo com o regime 3. Os conflitos decorrentes da falta de água para satis-
tradicional de aproveitamento e sem alterar a qualidade fação de objectivos distintos serão resolvidos em função
da água e significativamente o seu caudal. Não poderão da rentabilidade sócio-económica dos respectivos aprovei-
ser desviadas dos seus leitos nem alteradas as margens. tamentos.
ARTIGO 27
SECÇÃO II (Oüs pedidos de IicenciarTteJitü e concessão)
Usos resultantes da \el 1. Os pedidos de licenciamento ou de concessão t>0-
ARTIGO 23 mente poderão ser indeferidos quando se verificar alguma
(Usos estabelecidos por lei) das circunstâncias seguintes:
a) Não haver água disponível ou as necessidades a
1. Os titulares do direito ao uso e aproveitamento da satisfazer não se justificarem;
terra, para satisfação das suas necessidades domésticas e b) A satisfação das necessidades comprometer a pro-
das necessidades normais e previsíveis da agricultura, po- tecção quantitativa ou qualitativa da água, salvo
dem usar, independentemente de licenciamento e sem afec- se a utilidade do aproveitamento, a dimensão
tar os usos comuns preexistentes quando tradicionalmente do seu impacto, a impossibilidade ou a invia-
estabelecidos e os direitos de terceiros: bilidade económica de aproveitamentos alterna-
a) As águas dos depósitos, isto é, dos lagos, lagoas tivos impuserem o contrário;
e pântanos existentes no respectivo talhão; c) Forem incompatíveis com os aproveitamentos cons-
b) As águas das nascentes que não transpuserem, cor- tantes de- planos aprovados ou se trate de apro-
rendo livremente, os limites do respectivo ta- veitamentos que devam ser realizados por en-
lhão ou não se lançarem numa corrente; tidades públicas;
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d) Dos aproveitamentos pedidos resultarem prejuízos meadamente, devido a desperdício ou mau LISO da água,
para terceiros cujos direitos devam ser respei- qualquer que seja o título de que se arrogue.
tados.
sunsrccxo I
2. Do deferimento do pedido cabe recurso, por parte Licenciamento
de terceiros, com fundamento no disposto na alínea d) do ARTIGO '52
número anterior.
ARTlOO 28 (llIcenças)
(Direitos do8 utentes) 1. O aproveitamento privativo da água dependerá do
1. O direito ao aproveitamento privativo confere' ao licenciamento, quando praticado através de obras de ca-
seu titular a possibilidade de, no prazo estipulado, fazer rácter não permanente que nào alterem as margens ou lei-
a utilização que lhe for determinada, podendo, para tanto, tos das correntes, lagos, lagoas ou pântanos.
realizar as obras adequadas e, nos termos que vierem a 2. Depende ainda do licenciamento:
ser estabelecidos, ocupar temporariamente terrenos vizi- a) A prospecção, captação e o aproveitamento de
nhos e constituir as servidões necessárias. águas subterrâneas incluídas nas zonas de pro-
2. Esse direito é atribuído com ressalva dos usos co- tecção;
muns preexistente, e dos direitos de terceiros. b) A instalação de depósitos, a implantação de cultu-
3. A possibilidade de utilização poderá ser revista, ve- ras ou plantações e o abate de ãrvoi es nos lei-
rificando-se insuficiência de equipamento de' captação e tos e margens das correntes naturais contínuas
adução, diminuição imprevisível do caudal ou volume de ou descontínuas e dos lagos, lagoas e pântanos;
água objecto do direito de utilização ou erro de cálculo c) A extracção de materiais inertes, designadamente
na avaliação do caudal. areia e cascalho, dos leitos e margens das cor-
4. A modificação das características do licenciamento rentes naturais contínuas ou descontínuas e dos
ou concessão só poderá ser feita mediante prévia e expressa lagos, lagoas e pântanos.
autorização da entidade outorgante.
ARTIGO 33
ARTIGO 29 (Natureza do direito reconheeldo pelo licenciamento)
(Transmissão do direito ao uso ~ aproveitamento)
1. O direito ao aproveitamento privativo da água me-
1. As águas concedidas para fins agrícolas ou industriais diante licenciamento é atribuído por período de cinco
transmitem-se juntamente com o direito ao uso e aprovei- anos susceptível de renovação.
tamento da terra onde essas explorações se acham implan- 2. As licenças são precárias e revogáveis. lião podendo
tadas e nas mesmas condições. servir de fundamento para oposição aos pedidos de con-
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, o di- cessão. Os respectivos titulares não terão di, eito a qual-
reito ao uso e aproveitamento privativo das águas trans- quer indemnização pelos prejuízos que dessa, concessões
mite-se, entre vivos, mediante autorização expressa do Mi- possam advir-lhes.
nistro da Construção e Águas e, por morte do titular, a ARTIGO 34
favor do cônjuge e herdeiros nos termos da lei civil. (Revogação do licenciamento)
3. A transmissão do direito ao uso e aproveitamento de
água não envolve alongamento do prazo da licença ou 1. As licenças extinguem-se no termo do prazo ou das
concessão. suas renovações e são revogáveis, designadamente com os
ARTIGO 30 fundamentos seguintes:
(Obrigações get'als dos utentes) a) Não cumprimento das obrigações essenciais fixa-
São obrigações gerais dos utentes: das no licenciamento, abuso do exercício do
direito ou violação repetida dos dir eitos de- ter-
a) Respeitar as condições estabelecidas no acto cons- ceiros;
titutivo do direito; b) Interesse público em destinar a água a outros apro-
b) Utilizar a água da maneira racional e económica, veitamentos privativos:
dando-lhe unicamente o destino definido; c) Força maior, nomeadamente secas, cheias ou ou-
c) Proceder ao pagamento pontual das tarifas e dos tras calamidades naturais de efeitos duradoiros
encargos financeiros estipulados:
ti) Participar nas tarefas de interesse comum, nomea- 2. Os fundamentos previstos nas alíneas b) e c) do nú-
damente, as destinadas a evitar a deterioração mero anterior só determinam a revogação da licença
da quantidade e qualidade de água e do solo; quando as necessidades não puderem ser satisfeitas com
e) Fornecer as informações solicitadas, cumprir as a simples requisição de' parte dos caudais concedidos,
orientações transmitidas pelas entidades compe- 3. A requisição de parte dos caudais, bem como a re-
tentes e sujeitar-se às inspecções necessárias; vogação da licença implicam rara o Estado o dever de
f) Garantir a minimização do impacto ambiental e, indemnizar, quando determinadas por força do disposto
em especial, zelar pela qualidade da água; na alínea b) do n," 1.
g) Respeitar os direitos dos outros utentes legítimos ~uD,ru ÃO II
das águas. Concessões
ARTIGO '51
AllTIGO 35
(Abuso do direito)
(C'0nC8ssão)
I! abusivo e consequentemente ilegítimo, o exercício do
direito ao uso e aproveitamento da água que exceder ma- O aproveitamento privativo da água fica sujeito ao re-
nifestamente os limites impostos pelo fim social ou econó- gime de concessão em todos os casos não previstos no
mico desse direito, pela boa fé 0 pelos bons costumes, no- artigo 32.
J DE AGOSTO DE 1991 214-(17)

ARTIGO 36 b) Abuso do exercício do direito ao uso e aproveita-


(Natureza do direito recor.'1ecIdo pelas COOQll8S6es) mento de água ou repetida violação dos direitos
de terceiros;
1. As concessões são outorgadas temporariamente por c) Interrupção permanente da exploração da conces-
um período até cinquenta anos passível de renovação. são durante três anos consecutivos por motivos
O prazo poderá ser prorrogado quando houver necessidade imputáveis ao seu titular;
de realizar obras cujo custo não possa ser amortizado, d) Impedimento ao exercício da fiscalização por parte
dentro do período que falta decorrer. do Estado;
2. A outorga da concessão implica a autorização de uti- e) Inquinação das águas restituídas para além dos va-
lizar, de acordo com os projectos aprovados, os terrenos 10re'S fixados.
necessários à execução das obras e conveniente explora-
ção da concessão, mediante o pagamento das taxas e in- 2. O despacho revogatório é susceptível de impugna-
demnizações que forem devidas. ção e o recurso tem efeito suspensivo, salvo quando desse
3. Os direitos emergentes da concessão e do conjunto efeito puderem resultar graves prejuízos.
das coisas sobre as quais esses direitos se exercem não
podem ser onerados sem autorização da entidade que a ARTIGO 41
tiver concedido. (Resgate)
4. Extinta a concessão, revertem para o Estado todas
as instalações e valores que a integram, excepto verifi- 1. A entidade que tiver outorgado a concessão poderá
cando-se o esgotamento do recurso. proceder ao seu resgate quando houver necessidade de dis-
ponibilizar as águas concedidas, nomeadamente em bene-
ARTIGO 37 fício de aproveitamento mais rentável nos termos do ar-
(Pedido de concessão) tigo 26.
2. O resgate será feito mediante indemnização e depois
O pedido de concessão é acompanhado da memória jus- de haver decorrido sobre o início de concessão certo prazo,
tificativa com as razões económicas e técnicas do empreen- a fixar caso a caso, e compreendido entre um terço e me-
dimento. tade da sua duração.
ARTIGO 38 3. O resgate será notificado ao concessionário com a an-
(Rev.islo da concesslo) tecedência de um ano e, após a notificação, não poderá
aquele alterar, sem prévia autorização, os contratos com-
1. A concessão poderá ser revista: preendidos nos objectivos da concessão e anteriormente
a) Quando se tiverem modificado os pressupostos de- celebrados.
SUB:>ECÇÁO 111
terminantes da sua atribuição; Encargos financeiros
b) Em caso de força maior e a pedido do concessio-
nário; ARTIGO 12
c) Quando houver necessidade de a adequar aos pla- (Taxas)
nos de ordenamento de águas.
1. Os beneficiários de direitos de água, os utentes de
2. Fazendo-se a revisão ao abrigo do disposto na alí- facto e os utentes de serviços públicos de águas ficarão
nea c) do número anterior, O concessionário tem direito sujeitos ao pagamento de taxas que poderão ter como ob-
a ser indemnizado de acordo com o regime das expro- jecto, para além do disposto na alínea a) do artigo 44, o
priações por utilidade pública. fomento de práticas adequadas à correcta utilização e con-
3. As despesas, incluindo as provenientes da substitui- servação da água e à prevenção da contaminação ou à
ção da totalidade ou de parte dos caudais atribuídos por redução do seu nível.
outros de origem diversa, poderão ser repercutidas sobre 2. Os créditos por dívidas de taxas gozam do privilégio
os novos beneficiários. imobiliário sobre os prédios, edifícios ou instalações onde
ARTIGO 39 se usem as águas e serão cobrados coercivamente pelo pro-
(extinção) cesso das execuções fiscais.
3. As taxas serão fixadas por decreto mediante proposta
A concessão extingue-se: do Conselho Nacional de Águas e constituirão receitas pró-
a) no termo do prazo de vigência ou das suas reno- prias das administrações regionais de águas.
vações;
ARTIGO 43
b) por acordo entre as partes ou por rescisão do seu
titular; (Montante das taxas)
c) desaparecendo a necessidade de aproveitamento 1. O montante das taxas será estabelecido de acordo
de água ou o esgotamento do recurso, isto é, com o volume medido ou estimado de âgua requerida em
a irreversível queda acentuada do caudal ou a função do tipo e dimensão da actividade exercida e da
degradação das suas características; quantidade prevista de uso consumptivo, da natureza do
ti) Pela revogação e pelo resgate. utente e do tipo e volume do contaminante vertido.
ARTIGO 40
2. Como incentivo a determinadas actividades, poderão
ser estabelecidas taxas preferenciais ou isenções.
(Causas de revogação)
ARTIGO 44
1. À entidade que tiver outorgado a concesssão caberá
revogá-la quando se verificar alguma das seguintes circuns- (Taxa de utlRzação de infraestnrturas)
tâncias: 1. Os beneficiários de infraestruturas hidráulicas ou de
a) Não cumprimento das obrigações essenciais ou saneamento básico construídas por entidades públicas es-
dos prazos previstos na concessão; tão sujeitos ao pagamento de uma taxa que será fixada por
214-(18) I SSRIE-NOMERO 31

diploma ministerial sob proposta do Conselho Nacional tadas para tratamento de minérios, desmonte de cascalho,
de Aguas, tendo em atenção, entre outros factores que tratamento de fibras vegetais e quaisquer outros fins in-
repute- pertinentes, os seguintes: dustriais.
a) Os encargos suportados com a construção, explo- 2. Do diploma de concessão constará a localização das
ração e conservação das obras; obras hidráulicas, das centrais ou das fábricas e oficinas
b) O número total de beneficiários; a construir, o volume de água concedido eo a indústria ou
c) Capacidade contributiva média dos mesmos. indústrias a explorar.
3. Quando a própria exploração industrial ou de ener-
2. O montante da taxa será re-duzido quando as obras gia estiver sujeita ao regime de concessão, dever-se-ão
e instalações estiverem totalmente amortizadas. harmonizar as durações, prazos e demais requisitos das
3. Salvo disposição em contrário, as taxas de utilização duas concessões.
de infraestruturas constituirão receitas próprias das admi- 4. Caberá aos utentes respeitar o prescrito nesta Lei e
nistrações regionais de águas, sendo aplicável o disposto respectivos regulamentos sobre a utilização racional e a
no n." 2 do artigo 42. protecção das águas.
SECÇÃO IV
Regimes especiais ARTIOO 49

ARTIGO 45 (Obrigações do concesslonãrio de produção do energia)


(Abastecimento de água potável) Os concessionários de aproveitamentos hidroeléctricos
ficarão, especialmente, obrigados a:
1. Para os efeitos desta Lei, por água potável entende-se
a destinada à alimentação, à preparação e conservação de a) Deixar correr permanentemente para jusante das
alimentos eo dos produtos destinados à alimentação, à hi- barragens os caudais que, de acordo com o es-
giene pessoal, ao uso doméstico e ao fabrico de bebidas quema de operação aprovado, forem julgados
gasosas, águas minerais e gelo. necessários para salvaguardar o interesse pú-
2. Não poderão ser concedidos, nem mantidos aprovei- blico ou os legítimos interesses de terceiros;
tamentos privativos da água em detrimento do direito à b) Ceder, sem direito a qualquer indemnização, a
água potável por parte da população. água necessária para a rega das zonas abrangi-
3. Os titulares de direitos e aproveitamentos privativos das por planos de obras de desenvolvimento hi-
terão de permitir que a população vizinha se abasteça de droagrícola e para abastecimento dos centros
água potável, mediante a constituição das respectivas ser- urbanos;
vidões administrativas, quando, sem grandes dificuldades. c) Tomar as providências de protecção à piscicultura
não poder obtê-la de outro modo. que forem determinadas superiormente;
4. O abastecimento em água potável fica sujeito à ob- d) Organizar diagramas de exploração da central hi-
servância das normas estabelecidas nos artigos 56 e 57 droeléctrica e de utilização de água represada
para assegurar a qualidade da água. na albufeira e faze'!' as observações hidrome-
teorolõgicas que forem determinadas pela Di-
ARTIGO 46 recção Nacional de Aguas, a qual poderá mon-
(Irrigação) tar e manter em funcionamento, à custa do con-
cessionário, os aparelhos e demais instalações
1. Os utentes de água para rega deverão proceder ao que julgar convenientes para esse fim.
aproveitamento intensivo e à valorização máxima dos re-
cursos hídricos.
2. Aos beneficiários do sistema de regadio compete ARTlOO 50
adoptar as medidas adequadas economicamente justificá- (Navegação e transporte)
veis para reduzir as perdas de água, nomeadamente por
infiltração, evaporação e por fugas. Cabe-lhes ainda provi- 1. A navegação e o transporte nos cursos de água e la-
denciar para que se pratique o regime mais aconselhãvel gos do domínio público, bem como a construção de em-
de humidade de solos, barcadouros, rampas e demais instalações complementares
3. Caberá às entidades que superintendem nos sistemas da navegação são regidos por legislação própria.
de regadio propor a regulamentação que, obedecendo aos 2. O serviço re-gular de transporte nessas águas só po-
princípios consagrados nesta lei e seus regulamentos, aten- derá ser autorizado depois de colhido parecer da respec-
da às especificidades de cada sistema. tiva administracão regional de águas.
• - - ~ - - - L..J - - - - . . " ...

ARTIGO 47 CAPITULO IV
(Pesca e piscicultura)
Protecção qualitativa das águas
1. A necessidade de manutenção e reprodução de espé-
cies piscícolas ou de outras riquezas aquáticas de aprovei- SECÇÃO I
tamento industrial poderá impor, em benefício da econo- Prevenção e controlo da contaminação das águas
mia pesqueira, restrições ao aproveitamento privativo da
ARTIGO 'iI
água.
2. A transferência de água do domínio público para fins (Contaminação)
piscícolas fica sujeita ao regime das concessões.
Contaminação da água, para os efeitos desta Lei, con-
ARTIGO 48
siste na acção e no efeito de introduzir matérias, formas
de energia ou na criação de condições que, directa ou in-
(Indústria e energia)
directamente, impliquem uma alteração prejudicial da sua
1. As águas do domínio público, mediante concessão qualidade em relação aos usos posteriores ou à sua função
e para além da produção de energia, poderão ser aprovei- ecológica.
3 DE AGOSTO DE 1991 214-(19)

ARTIGO 52 gação de, à sua custa, reconstituir a situação que o ..istina


(Objectivos de protecção) se não se tivesse verificado o evento que obriga à repara-
ção.
A protecção do domínio público hídrico contra a con- SECÇÃO II
tammação visa essencialmente:
Agua potável
a) Conseguir e manter um adequado nível de quali-
dade da água; ARTIGO 56
b) Impedir a acumulação, no subsolo, de compostos (Controlo de quaUdade)
tóxicos ou perigosos susceptíveis de contaminar
as águas subterrâneas; 1. Às pessoas singulares ou colectivas encarregadas de
c) Evitar qualquer outra acção que possa ser causa fornecer água para consumo caberá assegurar que as ins-
da sua degradação. talações utilizadas e a água fornecida respeitem os requi-
sitos a definir por diploma ministerial.
ARTIGO 53 2. Caberá ao Ministro da Saúde proceder à fiscalização
(Actividades interditas)
e controlo da qualidade de água potável e definir. nomea-
damente:
Sem prejuízo do disposto no artigo 54 é, em geral, in- a) As modalidades de realiza cão dos controlos das
terdito: obras e instalações de captação, tratamento, ar-
a) Efectuar directa ou indirectamente despejos que mazenamento, transporte e distribuição de águas;
contaminem as águas; b) Os parâmetros bacteriológicos, físicos e químicos
b) Acumular resíduos sólidos, desperdícios ou quais-
da água potável e as modalidades de realização
quer substâncias que contaminem ou criem pe- dos controlos ou análises, assim como os mé-
rigo de contaminação das águas; todos e produtos empregues no tratamento e
correcção das águas;
c) Actuar sobre o meio físico ou biológico afecto à
c) As medidas de protecção especiais que deverão ser
água de modo a degradá-lo ou criar perigo da
sua degradação; adoptadas em situações excepcionais;
d) O controlo sanitário a que ficarão sujeitos os tra-
d) Exercer, nas zonas de protecção estabelecidas nos
planos de ordenamento de águas, quaisquer balhadores afectos ao sector de tratamento.
actividades que envolvam ou possam envolver transporte e distribuição de água para consumo
perigo de contaminação ou degradação do do-
mímo público hídrico.
ARTIGO 57

ARTIGO 54 (Zonas de protecção)


(Prevenção e controlo)
1. Os locais onde se instalem captações de água pala
1. Toda a actividade susceptível de provocar a conta- consumo das cidades ou de outros centros urbanos, as
minação ou degradação do domínio público hídrico e em margens dos lagos artificiais, bem como as respectivas
particular o despejo de águas residuais, dejectos ou outras áreas adjacentes ficarão sujeitos ao regime das zonas de
substâncias nas águas do domínio público fica dependente protecção definido na Lei de Terras e seu Regulamento.
de autorização especial a conceder pelas administrações Ao mesmo regime ficarão sujeitas as zonas adjacentes das
regionais de águas e do pagamento de uma taxa. nascentes de água e dos poços.
.. 2. Por regulamento serão estabelecidos padrões de qua- 2. O diploma legal que instituir a zona de protecção
lidade de efluentes, dos corpos hídricos receptores, siste- definirá os limites em que tal protecção se deve exercer
mas tecnológicos e métodos para tratamentos conjuntos e e enumerará as restrições e condicionamentos de uso e
individuais de águas, podendo ser suspensas as actividades aproveitamento da terra que devam ser observados.
contaminadoras ou encerrados estabelecimentos enquanto 3. Nas referidas zonas de protecção e para além das
não forem implementadas essas medidas. restrições e condicionamentos ditados pelas especificida-
3. Serão fixados, também por regulamento, os limites des de cada caso, fica interdito:
qualitativos e quantitativos a partir dos quais as operações a) Construir habitações ou edifícios cuja utilizacão
de despejo ficam dependentes de autorização do Ministro possa conduzir à degradação da qualidade da
da Construção e Águas, a conceder depois de ouvidas as água;
entidades interessadas. b) Instalar estabelecimentos industriais ou comerciais
4. As concessões e licenças de despejo estão sujeitas a matadouros ou cercas de gado;
modificações e restrições em função das necessidades pú- c) Instalar sepulturas ou fazer escavações,
blicas, ambientais e ecológicas. No respeitante à contami-
nação não são reconhecidos direitos adquiridos e, quando d) Instalar entulheiras ou escombreiras resultantes
necessário, serão fixados prazos para a progressiva ade- da actividade mineira;
quação das características dos despejos. e) Introduzir animais, depositar ou enterrar lixo ou
imundícies de qualquer tipo;
ARTIGO 55 f) Instalar canalizações e reservatórios de hídrocai-
(Responsabilidade do poluidor)
bonetos ou de águas usadas de qualquer tipo:
g) Estabelecer terrenos de cultura e espalhar estrume.
Quem para além dos limites consentidos provocar a ccn- fertilizantes ou qualquer outro produto desti-
taminação ou degradação do domínio público hídrico, in- nado à fertilizacão dos solo'> ou à nro-eccãt
dependentemente da sanção aplicável, constitui-se na obri- das culturas. >
214-(20) I SÉRIE-NUMERO 31

CAril ULO V CAPITULO VI


Águas subterrâneas
Efeitos nocivos das águas
ARTIOO 62
'llW(.'Ãü I
(Pesquisa. captaçlo, aproveitamento)
Protecção dos solos
I A pesquisa, captação Oll aproveitamento de águas
ARTlCJO 58
subterrâneas, quer brotem ou não, ficam sujeitos ao re-
(Protecção dos solos) gime dos aproveitamentos privativos estabelecidos na pre-
sente lei.
I. das zonas de protecção da natureza e sem pre-
rOl.1
2. Os requisitos técnicos a que deve obedecer a pesquisa,
juízo do disposto noutros diplomas legais, nos terrenos captação c aproveitamento serao fixados por regulamento.
inclinados próximos de fontes, de. cursos de água ou onde 3. O disposto no n." 1 deste artigo não se aplica aos
se previna ou combata a erosão, fica dependente de prévia usos especiais regulados no artigo 23 quando realizados
autorizacão das administrações regionais de águas, a exe- [ora dos perfrnetros urbanos ou em zonas urbanas que
cução de trabalhos, instalação de equipamento ou o de- não disponham de rede pública de distribuiçào de água.
senvolvimento de quaisquer actividades susceptíveis de Existindo rede pública, poderão 0& conselhos executivos,
alterar a existência, o caudal ou reservas de fontes, lagos, atendendo às particularidades da zona urbana, estabelecer
lagoas ou cursos de água. regimes especiais.
2. A autorização só selá concedida depois de ouvidas 4. O estabelecido neste artigo não se aplica à pesquisa,
a~ entidades interessadas, designadamente as que superin- captação e aproveitamento de água para abastecimento à
tendem nas actividades agrícolas e florestais, no ordena- população, realizadas em zonas que não disponham de
mento do tei ritório c nos recursos minerais. rede pública de distribuição de água, salvo quando por
diploma ministerial se dispuser o contrário.
Y]<;()(,.:ÁO 11 5. A excepção prevista no número anterior será esta
Saneamento belecida em função do potencial estimado das águas sub--
terrâneas ou da sua importância.
Aanoo 59
(Saneamento) AR1~GO ó3
(Condições especiais de aproveitamento)
o saneamento dos centros populacionais tem como ob-
jectivo assegurar, em condições compatíveis com as exi- O uso ti aproveitamento das águas subterrâneas ficará
gências da saúde pública e na salvaguarda do meio am- ainda condicionado:
biente, a evacuação rápida e sem estagnação das águas a) A manutenção, n05 aquíferos renováveis, do ba
pluviais e das águas residuais, doméstica'> c industriais. lanceamento entre a renovação da agua doce e
as extracções, de modo a assegurar um apro-
ARTIGO 60 veitamento continuado nas mesmas condições
(Obrtpçlo de ..-nento) de uso físico e químico;
b) A optimização, nos aquíferos não renováveis, do
1. Os proprietários de edifícios existentes ou a construit seu uso no tempo, de modo a extrair deles o
em talhões servidos por colector público de esgotos domés- máximo proveito;
ticos são obrigados a ligar as suas instalações sanitárias c) À criação de zonas de protecção pluvial para re-
aos referidos colectores e a assegurar, por esse processo, serva e manutenção dos aquíferos;
o escoamento das águas pluviais que não possam ser infil- d) À gestão conjunta de águas superficiais e subter-
tradas sem inconvenientes. râneas.
2. Quando o talhão se considerar como não servido pOI AR'Qoo 64
colector público c não se fizer a sua utilização, caberá (Aguae das explorações miMiras)
aos proprietários das edificações existentes ou a construir,
assegurar que os esgotos domésticos sejam conduzidos a 1. Os titulares de direitos ao uso e aproveitamento de
instalações que garantam a depuração para cada caso exi- recursos minerais poderão, observados os condicionalismos
gível, de acordo com as condições de eliminação final do estabelecidos na presente lei, utilizar as águas que captem
efluente. no decurso das operações mineiras.
3. Caberá aos conselhos executivos fixar as caracterís- 2. As águas sobejas serão postas à disposiçao das admi-
ticas exigíveis do efluente. nistrações regionais de águas a quem cabera, tendo em
4. Logo que for 'assegurado o serviço público de esgo- especial atenção a sua qualidndc, definir o seu destino ou
tos, passará a ser exigível o disposto no n.? 1, devendo as condições a que deverá obedecer o desaguamento.
as instalações referidas no n." 2 ser demolidas ou entu- 3. Os encargos de desaguamento da exploração mineira
lhadas depois de cuidadosamente desinfectadas. serão suportados pelo titular da exploração
5. O saneamento de águas residuais de origem não do- CAPITULO vn
méstica, através da rede pública de esgotos, fica depen-
dente di, autorização especial. Infracções, sanções e fiscalização
ARTIGO ó5
ARTIGO 61 (Infracções e dev8f' de indemnizar)
(Tratamento prévIo das éguas residuais) 1. Sem prejuízo da instauração do procedimento crimi
As águas residuais não poderão ser evacuadas sem tra- nal a que houver lugar, constituem infracçõc- ildmIPi~tra­
tamento prévio quando, no estado bruto, possam afectai tivas a serem punidas nos termos a regulamentar'
o bom funcionamento da rede pública de saneamento ou a) Os actos que causam danos aos bem do domínio
das instalações de depuração. hídrico,
3 DE AGOSTO DE 1991 214-(21)

b) O não cumprimento das condições impostas para b)Não executar obras ou trabalhos que alterem a
o uso e aproveitamento da água, designada- largura e a disposição do leito;
mente nos licenciamentos e concessões; c) Proceder ao corte ou arranque, segundo as cir-
c) A derivação da água dos seus leitos e a pesquisa, cunstâncias, das árvores e arbustos, troncos e
captação e aproveitamento das águas subterrâ- raízes que propendam sobre o leito.
neas com violação do disposto nesta lei;
d) A execução, sem prévia autorização, de obras, tra- ARTIGO 69
balhos, culturas ou plantações nos leitos e nas (Direitos adquiridos)
zonas sujeitas a restrições;
e) A extracção ou depósito de materiais inertes sem 1. A presente- lei não afecta os direitos adquiridos e não
~révia autorização; extintos ao abrigo da legislação anterior nomeadamente
f) O não acatamento das proibições estabelecidas do Decreto n.? 35463, de 23 de Janeiro, e- do seu regu-
na presente lei ou a omissão das condições im- lamento, desde que não se tenha, entretanto, verificado ne-
postas. nhuma causa de caducidade, designadamente abandono
por mais de- três anos e não determinado por motivo de
2. A infracção do disposto na presente lei determina força maior ou caso fortuito.
a obrigação de indemnizar os lesados, nos termos da res- 2. O reconhecimento dos direitos adquiridos será re-
ponsabilidade civil. ' clamado no prazo de um ano a partir da entrada em vigor
ARTIGO 66 da presente lei, cabendo aos interessados prestar as infor-
(Sanções) mações e esclarecimentos necessários.
1. Nos regulamentos desta lei estabelecer-se-ão as san- 3. As reclamações apresentadas depois de decorrido o
ções correspondentes às infracções previstas. prazo estabelecido no número anterior serão havidas como
2. As obras que- forem feitas sem licença ou contrariando novos pedidos de uso e aproveitamento de água, ficando
"'" que tiver sido estabelecido e com prejuízo da conserva- sujeitos ao regime estabelecido no Capítulo III desta lei.
..o, regularização e regime dos cursos de' água, dos lagos,
ARTIGO 70
lagoas, pântanos, e das águas subterrâneas ou com pre-
juízo de terceiros serão mandadas demolir à custa dos (ReconheCimento de direitos adquiridos em virtude
de legislação anterior)
infractores.
ARTIGO 67
1. As administrações regionais de águas procederão à
(Ascalização e policiamento) verificação dos direitos reivindicados com fundamento nos
Caberá ao Ministério da Construção e Águas e às admi- elementos fornecidos pelo requerente e- nos demais dados
nistrações regionais de águas: que tiver podido recolher.
2. Os direitos reclamados poderão ser restringidos, para
a) Assegurar o bom re-gime e policiamento das águas que não se verifiquem as incompatibilidades referidas no
e impedir a violação dos direitos de terceiros, artigo 27 da presente lei.
sem prejuízo da faculdade que a estes se reco- 3. Os direitos devidamente reconhecidos serão objecto
nhece de recorrerem aos tribunais competentes; de registo nos termos e condições que tiverem sido pres-
b) Inspeccionar locais, edifícios e equipamento e so- critos.
licitar as informações e esclarecimentos neces- ARTIOO 71
sários; (Reconhecimento dos usos tradicionais)
c) Impor a demolição de obras, encerramento de es-
tabelecimentos e de fontes de contaminação e 1. Serão reconhecidos e registados os usos comuns tra-
a cessação de actividades não autorizadas; dicionalmente estabelecidos e de facto existentes quando
d) Fiscalizar a execução das obras, a sua conservação possam concorrer com usos privativos resultantes da lei,
e segurança, bem como a exploração das licen- de licença ou concessão e se traduzam numa aplicação
ças e concessões, obrigando os seus titulares útil e benéfica da água.
ao cumprimento das condições impostas ao uso 2. Os usos que impliquem a contaminação das águas
e aproveitamento das águas. não serão reconhecidos a menos que se faça cessar a con-
taminação.
CAPíTULO VIII 3. Caberá às administrações regionais de águas proceder
ao reconhecimento e promover o registo dos usos comuns
Disposições gerai!', finais e transitórias que se conformem com o disposto nos números anteriores
ARTIGO 68
(Deveres dos titulares dos ta1hões marginais) ARTIGO 72
(Rewva de obrlgaç5es resultantes de compromissos
1. Os titulares do direito do uso e aproveitamento de Internacionafs)
talhões banhados por correntes de' águas contínuas ou des-
contínuas não poderão embaraçar o livre curso das águas As disposições da presente- lei não prejudicam as obri-
e são obrigados a remover os obstáculos que se lhe opo- gações resultantes de princípios de direito internacional
nham quando tiverem origem nos seus talhões, salvo tra- normalmente reconhecido, bem como as obrigações decor-
tando-se de alteração ao regime de águas, do seu retarda- rentes de compromissos internacionais assumidos com Es-
mento ou perda, devidos à lícita aplicação. tados vizinhos, ao abrigo de acordos e tratados regular-
2. A conservação do livre curso das águas compreende, mente celebrados e ratificados.
nomeadamente, o dever de:
AR'FIOO 73
a) Não mudar o curso de água sem prévia autoriza-
(Regulamento do registo)
ção e, obtida esta, assegurar que o novo leito
tenha dimensões adequadas, não embarace o O Ministro da Construção e Águas definirá, por diploma
curso das águas nem ofenda direitos de terceiros; ministerial, as normas a que deve obedecer o registo dos
214-(22) I sl1RIE - NVMERO 31
--------------- - - ----- - - - - ---- ------------
direitos ao uso e aproveitamento da água, cabendo-lhe ARTIGO 2
ainda fixar a data a partir da qual o registo se torna obri- (PersonaJldade " capacidade. jurfdtca)
gatório.
ARTIGO 74 1. As empresas públicas gozam de personalidade jurí-
(Crlaçlo das administrações regionais de Aguas) dica e são dotadas de autonomia administrativa, financeira
e patrimonial.
Ao Ministério da Construção e Águas competirá promo- 2. A capacidade jurídica das empresas públicas com-
ver a criação e a entrada em funcionamento das adminis- preende todos os direitos e obrigações necessários à pros-
trações regionais de águas e assegurar, entretanto, o exer secução do seu objecto, como tal fixado nos respectivos
cicio das respectivas funções. estatutos.
ARTIOO 3
ARTIGO 75
(Crlaçlo e subordlnaçlo)
(Regulamentos )
1. As empresas públicas são criadas por decreto do
Caberá ao Conselho de Ministros aprovar os regulamen- Conselho de Ministros.
tos desta lei, 2. O diploma de criação das empresas públicas definirá
ARTIGO 76 o órgão do aparelho do Estado a que se subordinam.
(Nonna revogatória) 3. As propostas de criação deverão ser acompanhadas
dos adequados estudos técnicos, económicos e financeiros,
Ê revogada toda a legislação que contrarie o disposto bem como do projecto de estruturação orgânica da em-
na presente lei. presa e ainda dos pareceres da Comissão Nacional do
Aprovada pela Assembleia da República. Plano e do Ministério das Finanças.
ARTlOO 4
O Presidente da Assembleia da República, Marcelino
dos Santos. (Estatutos)

Promulgada em 3 de Agosto de 1991. O diploma de criação das empresas públicas terá como
seu anexo os estatutos da empresa, cujo conteúdo cons-
Publique-se. titui sua parte integrante.
ARTlOO 5
O Presidente da República, JOAQUIM ALBERTO CHISSANO.
(Menç6es obrlgat6rlH dos estatutos)

• 1. Os estatutos da empresa pública devem conter, no-


meadamente. as seguintes especificações:
Lei n.O 17/91 a) Denominação;
de 3 de Agosto b) Sede e área geográfica da sua actividade:
c) Objecto;
A Lei n." 2/81, de 30 de Setembro, estabeleceu as re- d) Fundo de constituição;
gras de organização e funcionamento das empresas estatais. e) Orgão de subordinação;
A filosofia subjacente aos princípios consignados na f) Constituição, competência e funcionamento dos
referida lei, por força de um circunstancialismo econó- seus 6rgãos.
mico-financeiro recente, designadamente o Programa de
Reabilitação Econômica, demonstra que o regime jurídico 2. A denominação das empresas públicas deve ser se-
aplicável às empresas estatais. se encontra sobremaneira guida das palavras «Empresa Pública» ou das iniciais
ultrapassado. «E.P.».
Deste modo. necessário se mostra introduzir novos me- 3. A empresa pública pode abrir delegações, semp,
canismos jurídicos no sentido de garantir uma cada vez que tal se mostre necessário e nos termos estatutários.
maior eficiência e rentabilidade do sector empresarial Mll00 6
público.
(PartlclpaçlSes f11W'lc:.lr.)
Simultaneamente, é de aproveitar a oportunidade para
a designação de empresa estatal para uma nova denomi- As empresas públicas podem subscrever participações
nação que, para além do aspecto meramente formal, acar- financeiras para constituição de empresas mistas, desde
reta profunda alteração na gestão das empresas dotadas que tal seja autorizado pelo dirigente da respectiva área
de capital do Estado. de subordinação e pelo Ministro das Finanças.
Nestes termos, ao abrigo do disposto no n." 1 do ar-
tigo 135 da Constituição da República, a Assembleia da ARTlOO 7
República determina: (Registo)
CAPITULO I
A constituição das empresas públicas e as respectivas
Prlncfplos gerais alterações deverão ser registadas obrigatoriamente na Con-
servat6ria do Registo Comercial, no prazo de trinta dias
ARTIGO 1 a contar da respectiva publicação no Boletim da República
(Objectivos)
ARTIGO 8
As empresas públicas criadas pelo Estado, com capitais (Regulamento Interno)
pr6prios ou fornecidos por outras entidades públicas, rea-
lizam a sua actividade no quadro dos objectivos s6cio- 1. O regulamento interno da empresa pública deve ser
-econ6micos do mesmo. submetido pelo presidente do conselho ele administração

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