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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Engenharia

Positivismo Filosófico

Chimoio, Setembro, 2022


Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Engenharia

Licenciatura em Direito

I Ano – II Semestre

Laboral

II - GRUPO DE TRABALHOS

Positivismo Filosófico

Discentes:

Anderson Neto;
Argentina da Graça;
Silávia Fulede.
Clarivio Fulede;
Muhamed Laher;
Lourenço Júnior;
Lúcio Ernesto.

Docente: Dra. Ana Arone

Chimoio, Setembro, 2022


Índice

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO....................................................................................................... 1

1. Introdução .................................................................................................................................... 1

1.2. Objectivos ................................................................................................................................. 1

1.2.1. Objectivo geral ...................................................................................................................... 1

1.2.2. Objectivos específicos ........................................................................................................... 1

1.3. Metodologia de Pesquisa .......................................................................................................... 1

CAPÍTULO II: REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 2

POSETIVISMO FILOSÓFICO ....................................................................................................... 2

1. Conceito de Positivismo Filosófico ............................................................................................. 2

2. Características do Positivismo filosófico .................................................................................... 3

4. Direito positivo ............................................................................................................................ 5

5. Direito como regularidade factual ............................................................................................... 6

6. Direito como sistema de comando............................................................................................... 6

6.1. Teoria de John Austin ............................................................................................................... 7

6.2. Teorias neokantianas ................................................................................................................ 8

6.3. Teorias puras do direito ............................................................................................................ 9

6.3.1. Teoria pura do Direito de Hans Kelsen ................................................................................. 9

7. Direito como ordem normativa.................................................................................................. 10

7.1. Teorias dialécticas .................................................................................................................. 10

CAPÍTULO III: CONCLUSÃO .................................................................................................... 12

1. Conclusão .................................................................................................................................. 12

2. Referências bibiográficas .......................................................................................................... 13


CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1. Introdução

O presente trabalho aborda a matéria inerente ao Positivismo Filosófico. O mesmo começa


por fazer uma abordagem exaustiva do conceito de Positivismo Filosófico e logo em seguida faz
destaque às características desta corrente filosófica, trata da questão do Direito positivo, fala do
direito como regularidade factual, Direito como sistema de comando e finalmente aborda o
direito como ordem normativa.

O trabalho contém três capítulos, sendo o primeiro introdutório trata da apresentação geral
do trabalho destacando os seus objectivos e metodologia. O segundo capítulo faz a revisão
bibliográfica trazendo o desenvolvimento do trabalho e o último capítulo é voltado à conclusão,
trazendo necessariamente os resultados obtidos na pesquisa.

1.2. Objectivos

1.2.1. Objectivo geral

 Compreender e abordar o Positivismo Filosófico

1.2.2. Objectivos específicos

 Conceptualizar Positivismo filosófico;


 Apontar as características do Positivismo filosófico;
 Abordar o Direito positivo;
 Compreender o direito como sistema de comando e ordem normativa.

1.3. Metodologia de Pesquisa

Para a elaboração deste trabalho utilizou-se como metodologia de investigação a pesquisa


bibliográfica dado que o mesmo é baseado na revisão de literatura. O enfoque seleccionado é o
qualitativo, visando a obtenção de conteúdo mediante pesquisa documental e notas de campo e
foi feita uma apresentação dedutiva dos resultados. A técnica usada é a leitura de manuais e
pesquisa em legislação e artigos científicos que abordam a matéria do trabalho.
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CAPÍTULO II: REVISÃO DE LITERATURA

POSETIVISMO FILOSÓFICO

1. Conceito de Positivismo Filosófico

Segundo Bezerra (2014), "Positivismo filosófico é uma corrente filosófica que surgiu na
França no início do século XIX. Ela defende a ideia de que o conhecimento científico seria a
única forma de conhecimento verdadeiro. A partir desse saber, pode-se explicar coisas práticas
como das leis da física, das relações sociais e da ética." (p. 76)

De acordo com os positivistas somente pode-se afirmar que uma teoria é correta se ela foi
comprovada através de métodos científicos válidos. Os positivistas não consideram os
conhecimentos adquiridos através de crenças religiosas, superstição ou qualquer outro, do campo
espiritual, intuitivo ou transcendente, que não possa ser comprovado cientificamente. Para eles, o
progresso da humanidade depende exclusivamente dos avanços científicos.

Segundo Guimarães e Coelho (2001), o pensamento positivista surgiu no interior do


Iluminismo e da sociedade burguesa, no final do século XVIII e teve seu apogeu no século XIX,
em antagonismo ao movimento socialista ou Marxismo. Augusto Comte foi o grande precursor
da filosofia positivista. Inspirado em Saint-Simon, de quem foi secretário, que lhe passou o
entusiasmo de Turgot e Condocert, desenvolveu a ideia de que os fenómenos sociais bem como
os físicos podiam ser reduzidos a lei científica e que toda a filosofia devia concentrar-se no
progresso moral e político da humanidade". (pp. 47 - 48).

Para Comte, o positivismo é uma doutrina filosófica, sociológica e política. Surgiu como
desenvolvimento sociológico do iluminismo, das crises social e moral do fim da Idade Média e
do nascimento da sociedade industrial, processos que tiveram como grande marco a Revolução
Francesa (1789-1799). Em linhas gerais, ele propõe à existência humana valores completamente
humanos, afastando radicalmente a teologia e a metafísica (embora incorporando-as em uma
filosofia da história).

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2. Características do Positivismo filosófico
Para August Comte uma verdadeira ciência deveria analisar todos os fenómenos, mesmos os
humanos, como se fossem jatos. Assim, a filosofia de Comte (Positivismo filosófico) está
baseado na certeza de que a ciência é o único conhecimento, a única moral e a única religião
possível, explicitada em suas teses fundamentais, (Zillles, 1987, p.133):

1 - O único conhecimento verdadeiro possível é a ciência, e seu método é o


único válido. Não mais interessam as causa ou princípios metafísicos, pois
esses não têm valor porque são inacessíveis ao método da ciência.

2 - O método da ciência é puramente descritivo. Como teoria do saber, o


positivismo nega-se a investigar outra realidade que não os fatos e a
relação entre os mesmos. Quanto à explicação, sublinha decididamente o
como e evita responder ao que, por quê e para quê.

3 - Sendo o método da ciência o único válido, deve ser estendido a todos


os campos da pesquisa e da actividade humana em geral. Desta forma, toda
vida individual e social deve orientar-se no método da ciência. O
positivismo pretende, pois, observar toda manifestação do homem na
ciência. A própria filosofia reduz-se aos resultados da ciência.

Essas teses sintetizam os fundamentos do Positivismo que estão explicitados na lei dos três
estados no Discurso sobre o Espírito Positivo. Nessa obra Comte aponta as principais
características que diferenciam o positivismo das demais filosofias:
I - Realidade: significa que o Positivismo filosófico baseia-se na pesquisa de fatos concretos,
acessíveis à nossa inteligência, deixando de lado a preocupação com mistérios impenetráveis
referentes às causas primeiras e últimas dos seres.
II - Utilidade: significa que o Positivismo filosófico busca conhecimentos destinados ao
aperfeiçoamento individual e colectivo do homem, desprezando as especulações ociosas, vazias e
estéreis.
III - Certeza: significa que o Positivismo filosófico baseia-se na obtenção de conhecimentos
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capazes de estabelecer a harmonia lógica na mente do próprio indivíduo e a comunhão em toda a
espécie humana, abandonando as dúvidas indefinidas e os intermináveis debates metafísicos.
IV - Precisão: significa que o Positivismo filosófico visa o estabelecimento de conhecimentos
que se opõem ao vago, baseados em enunciados rigorosos, sem ambiguidades.
V - Organização: significa que o Positivismo filosófico tem tendência a organizar, construir
metodicamente, sistematizar o conhecimento humano.
VI - Relatividade: significa que o Positivismo filosófico busca a aceitação de conhecimentos
científicos relativos. Senão fossem relativos, não poderia ser admitida a continuidade de novas
pesquisas, capazes de trazer teorias com teses opostas ao conhecimento estabelecido. Assim, a
ciência positiva é relativa porque admite o aperfeiçoamento e a ampliação dos conhecimentos
humanos.

Por outro lado Silva (1982) "são apontadas igualmente como características do Positivismo
filosófico, a doutrina filosófica, doutrina sociológica, doutrina política, desenvolvimento das
ciências e das técnicas, e religião positiva.

 Doutrina filosófica: o positivismo teve sua inspiração nos ideais pregados pelo
Iluminismo e pelos filósofos que seguiam essa corrente, que defende que o conhecimento
deve estar ao alcance de todas as pessoas e necessita ser universalmente incentivado.
Somente a educação é capaz de favorecer a liberdade e a emancipação do homem, e o
progresso da humanidade encontra-se atrelado ao desenvolvimento intelectual.
 Doutrina sociológica: a Sociologia surge com o intuito de se estudar e entender o
funcionamento da sociedade de uma maneira ordenada e rigorosa. O desenvolvimento
moral do homem está relacionado ao desenvolvimento da ciência, e o homem pode e deve
agir de uma determinada maneira que leve a humanidade ao progresso.
 Doutrina política: a política também está directamente relacionada ao desenvolvimento
social da humanidade. A disciplina e ordem sociais pautadas no individual e no colectivo
são necessárias ao progresso e sua articulação ao trabalho científico e tecnológico é capaz
de levar a humanidade ao seu estado máximo de evolução.
 Desenvolvimento das ciências e das técnicas: Comte é perspicaz ao afirmar que o
avanço científico é parte determinante do desenvolvimento da humanidade, mas para
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garantir o progresso da sociedade, o avanço científico deve estar conjugado ao
desenvolvimento tecnológico.
 Religião positiva: a religião tradicional, baseada na divindade, deve ceder seu lugar a
uma religião positiva, cuja forma de conhecimento respalde-se no cientificismo, na
observação rigorosa e metódica. Para a religião positiva, não há justificativas
sobrenaturais ou divinas para os acontecimentos do mundo. As respostas encontram-se na
própria natureza, e cabe ao homem, por meio de seu empenho racional, a descoberta da
razão de todas as coisas. A ciência seria o Deus da religião positiva.

4. Direito positivo

Direito Positivo é o conjunto de normas elaboradas e vigentes num determinado país ou


Estado em determinada época, são as normas, as leis, todo o sistema normativo posto, ou seja,
vigente no país. Possui como características: o carácter temporal, territorial, formal (tem origem
nas fontes formais), revogável, variável e mutável. (Alonso, 2002, p. 203)

Surge também como outra forma de fundamentar a natureza do direito, o direito positivo
sustenta que as leis feitas pelos homens são obrigatórias e válidas, sem considerar o seu conteúdo
moral. Segundo Alonso (2002) o Positivismo Jurídico deve muito da construção de seus
principais postulados a Hobbes, que teve influências indeléveis nas obras de Bentham, Austin,
Kelsen e Schmitt e afirma que sem dúvida, a maior contribuição da Sociologia para o Direito foi
o Positivismo. Nas palavras de seu fundador, Auguste Comte, o Positivismo era a forma superior
e final de uma concepção histórica do devir humano, cuja evolução deixara para trás a Teologia e
a Metafísica (Discurso Sobre o Espírito Positivo).

Assim, o Direito positivo consiste no conjunto de todas as regras e leis que regem a vida
social e as instituições de determinado local e durante certo período de tempo. Para os positivistas,
a lei é um produto do Direito que age como um mecanismo de organização social, firmada a
partir de um "Contrato Social". O direito positivo é aquele estabelecedor de acções que, antes de
serem reguladas, podem ser cumpridas indiferentemente de um modo ou outro, mas, uma vez
reguladas pela lei, importa que sejam desempenhadas do modo prescrito por ela.

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O direito positivo equivale ao direito objectivo, ou seja, quando se faz referência ao
conjunto de normas jurídicas que regem o comportamento humano num determinado tempo e
espaço está se falando em direito positivo e objectivo, sendo este aquele feito pelos homens e
escrito em forma de lei diferente do direito natural que deriva da própria natureza humana e é
universal.

5. Direito como regularidade factual

De acordo com Richard Hilbert (1992), Talcott Parsons formaliza o problema da ordem
como a relação problemática entre a ordem factual e a ordem normativa. A ordem factual ou
direito como regularidade factual é a ordem empírica observável na realidade e que exige
explicação. É ela que dá origem ao “quebra-cabeça” intelectual conhecido como “problema da
ordem”. É o fenómeno objetivo da regularidade dos assuntos humanos, é uma ordem
comportamental. A ordem factual é também estrutural na medida em que é observável
independentemente de suas manifestações individuais e das ideias dos agentes sobre o seu
próprio comportamento. A ordem factual é a própria sociedade. Seu oposto é o caos e o
comportamento aleatório. Já que a ordem factual não pode ser negada, pois tem existência
objectiva, é preciso explicá-la. Estabelece-se assim o problema da ordem.

A ordem normativa, por sua vez, se refere ao ponto de vista do autor e contém elementos de
subjectividade e de agência activa. Em Parsons, de acordo com Hilbert (1992), a ordem
normativa é um sistema composto por normas, valores, papéis e status ao qual o actor adere. A
ordem normativa é moral dado que os atores se submetem a ela de forma subjectivamente
profunda. A ordem normativa é, também, prescritiva. Os atores, na medida em que se submetem,
seguem as prescrições, o que, no final das contas, resulta em comportamento objectivo. Em larga
escala o resultado é a ordem factual, ou seja, a sociedade.

6. Direito como sistema de comando

Hans Kelsen define o direito como um conjunto de regras que possui o tipo de unidade que
entendemos por sistema. Neste sentido o Direito é definido como conjunto de comandos
disciplina do a vida externa e relacional dos homens, bilaterais, imperativo, atributiva, dotada de

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coercibilidade, que tem o sentido de realizar os valores de justiça e bem comum em uma
sociedade organizada.

A teoria do comando de Austin entende o Direito como directamente ligado à sanção e ao


comando do soberano, foi acertadamente criticada por Hart em sua obra “The Concept of Law”.
No entanto, o que se pretende analisar, a partir do conceito de medo em Hobbes, é que a noção de
comando e sanção, presente na definição de lei civil, captura um elemento fundante da vida
política: a necessidade de submissão a um poder comum que detém o monopólio da violência.

6.1. Teoria de John Austin


Austin tinha como objectivo principal identificar as características distintivas do direito
positivo a fim de libertá-lo da confusão com preceitos morais e religiosos que havia sido
promovido pela teoria do direito natural. Assim, o autor admite que possam existir leis
moralmente injustas. A teoria do autor propõe três principais elementos distintivos do direito
positivo:

 O direito consiste em comandos (ordens, expressões de vontade), direcionados aos


integrantes de uma comunidade política independente;
 Os comandos expressam a vontade de um soberano, o qual não se submete ao direito, e
são apoiados em ameaças (sanção); e
 O soberano é alguém que é habitualmente obedecido.

A visão Austiniana do fenómeno jurídico pressupõe a existência de esferas não reguladas


juridicamente e sustenta que frequentemente os juízes são compelidos a solucionar conflitos para
os quais o direito ainda não apresentou uma solução. Nesse sentido, Austin reputa benéfica e
necessária a actuação judicial na criação do direito, o que seria possível graças a uma delegação
do poder soberano ao juiz para legislar sobre o caso concreto. Essa autorização tácita do soberano
autorizaria, também, a incorporação de costumes ao direito por meio de decisões judiciais.

A teoria de Austin não preconiza a sujeição do governo à lei. Trata-se de uma teoria sobre a
autorização do governo de usar a lei como um instrumento de poder. Tal visão, nas suas linhas
gerais, é essencialmente coerente, e deve ser entendida no contexto inglês dos séculos XVIII e

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XIX. É importante considerar que Austin elaborou uma teoria do direito analítica e autónoma de
forma bastante detalhada e precisa, o que permitiu uma ampliação da compreensão do fenómeno
jurídico e a formulação de críticas racionais às suas ideias.

6.2. Teorias neokantianas

O neokantismo é uma tentativa de construção filosófica a partir de uma interpretação


específica de Kant, para quem o direito privado (direito precário existente no estado de natureza
pré-contratual) foi substituído pelo direito público, como direito peremptório imposto pelo Estado.
Seu horizonte fundamental é, a partir do método transcendental, a edificação de um sistema
filosófico de suporte às chamadas ciências do espírito. Se, consoante o método kantiano, nos
juízos sintéticos a priori reside o fundamento absoluto das proposições das ciências naturais, o
neokantismo investe na aplicação do mesmo método às ciências sociais.

De Hermann Cohen, o mais conhecido dos neokantianos da Escola de Marburgo, pode ser
dito que, preocupado em resolver a equação fundamental entre ciências naturais e ciências do
espírito, preceitua que, ao Direito, entre as ciências do espírito, corresponde o papel da
Matemática, nas ciências naturais, uma vez que a Matemática é a ciência dos puros pressupostos
a priori. (Pedro, 2015, p. 43)

Isso foi possível, pela leitura dos conceitos de vontade, de ação e de indivíduo como meras
categorias normativas (desprovidas de conteúdo) da Ciência do Direito e da Teoria do Estado. O
sujeito ético, que em Kant expressava a noção da existência individual, surge na Ciência do
Direito, de Cohen, como um sujeito jurídico, concebido como ponto de imputação, ou seja, como
sentido de um dever-se. Antes que causal, normativo. Explicando pela letra de Miguel Reale, o
que Cohen intenta “é descobrir os conceitos originários, as formas lógicas puras, as quais não
representam uma síntese dos dados do real, mas esquemas ordenativos a priori do que é posto
pelo espírito”.

O Direito, para o neokantismo de Marburgo, é um processo puro que, por seu carácter
formal, não padece do condicionamento de nenhuma contingência. Reside acima do ser, como
forma ordenadora e incondicionada. De tal arte que, os neokantianos convergem na possibilidade

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de construir, via metodologia kantiana, uma ciência jurídica segundo baldrames peculiares às
ciências da natureza, uma espécie de gramática do espírito centrada na norma: uma Ciência do
Direito conforme os moldes da razão pura. Nessa concepção, o conhecimento constitui e produz
seu próprio objecto, amarrando sua etiologia lógica a um princípio. É o conhecimento puro, autor
de si mesmo, alheio aos dados sensíveis.

6.3. Teorias puras do direito

A teoria pura do direito é uma teoria do direito positivo. Do direito positivo enquanto tal,
não de uma ordem jurídica específica. Ela é uma teoria geral do direito, não interpretação de
determinadas normas jurídicas nacionais ou internacionais. Como teoria, ela pretende tão
somente conhecer seu objecto. Ela procura responder à pergunta sobre o que é e como é o direito,
mas não à pergunta sobre como ele deve ser ou como ele deve ser feito. Ela é ciência do direito,
não política jurídica. (Alfredo, 2012, p. 135)

Quando ela se denomina uma teoria “pura” do direito, ela o faz tanto por querer assegurar
um conhecimento dirigido apenas ao direito quanto por querer excluir desse conhecimento
aqueles determinados objectos que não pertencem precisamente ao direito. Isso significa que ela
pretende libertar a ciência do direito de todos elementos a ela estranhos. Esse é seu princípio
metodológico fundamental. (Alfredo, 2012, p. 135)

6.3.1. Teoria pura do Direito de Hans Kelsen

A teoria kelseniana pressupõe uma identidade entre o direito e as normas jurídicas. Assim, o
objecto de estudo da ciência jurídica seriam as normas jurídicas. As condutas humanas, por sua
vez, só seriam objecto de estudo desta ciência na medida em que constituíssem o conteúdo das
normas jurídicas. Na Teoria Pura do Direito, o estudo do direito divide-se, basicamente, em dois
grandes ramos:

 Teoria estática do direito: concentra-se sobre as normas em vigor, reguladoras da conduta


humana, e estuda a pessoa como sujeito jurídico, a capacidade jurídica, a relação jurídica,
o dever, a sanção, a responsabilidade, os direitos subjectivos e as competências.

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 Teoria dinâmica do direito: concentra-se sobre as normas em vigor que regulamentam o
processo jurídico em que o direito é produzido e aplicado e estuda o fundamento de
validade da ordem normativa e a estrutura escalonada da ordem jurídica(as relações
hierárquicas entre as normas).

A Teoria Pura do Direito chegou a algumas conclusões amplamente aceitas na actualidade,


tais como a identidade entre Estado e direito, a redução da pessoa física à pessoa jurídica, a
redução do direito subjectivo a direito objectivo e da autorização ao dever e a negação do carácter
de direito internacional ao chamado direito internacional privado. (Alfredo, 2012, p. 135)

7. Direito como ordem normativa

Por “ordens normativas” entendemos o complexo de normas e de valores, com os quais a


estrutura fundamental de uma sociedade é legitimada (mais concretamente, a estrutura das
relações inter, supra ou transnacionais), e especialmente o exercício da autoridade política e a
distribuição de alimento ou de bens elementares.

Essas normas têm uma dupla face: trata-se das normas existentes, reconhecidas e praticadas
faticamente, mas, que suscitam, ao mesmo tempo, uma pretensão de validade que ultrapassa a
facticidade e que podem servir como âncora para confrontação crítica de uma ordem normativa
existente com sua própria pretensão. Nesse sentido, as ordens normativas são “ordens
de justificação”, que sempre se encontram entre passado, presente e futuro.

Dessa forma, a colisão entre idealidade e facticidade se mostra como impulso essencial para
a transformação de ordens normativas hoje existentes, para a condenação ou reabilitação de
ordens passadas e para a formação de novas ordens normativas. Por fim, mas não menos
importante, uma ordem normativa se forma por meio de “narrativas de justificação”, ou seja, por
padrões de legitimação fortemente sedimentados situados em seu tempo e contexto, por
legitimações fáticas e por tradições normativas, que são reproduzidas reiteradamente em histórias,
imagens e em padrões narrativos, a fim de justificar relações políticas e sociais.

7.1. Teorias dialécticas

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A dialéctica tem sua origem na Grécia antiga e significa o "caminho entre as ideias".
Consiste em um método de busca pelo conhecimento baseado na arte do diálogo. É desenvolvida
a partir de ideias e conceitos distintos e que tendem a convergir para um conhecimento seguro. A
partir do diálogo, distintos modos de pensamento são evocados e surgem as contradições. A
dialéctica eleva o espírito crítico e autocrítico, compreendido como o cerne da atitude filosófica,
o questionamento. (Pedro, 2015)

A origem da dialéctica é uma questão em disputa entre dois filósofos gregos. Por um lado,
Zenão de Eleia (c. 490-430 a.C.) e, de outro, Sócrates (469-399 a.C.) tem atribuídos a si, a
fundação do método dialéctico. Mas, sem dúvida, foi Sócrates quem tornou célebre o método
desenvolvido na filosofia antiga, que influenciou todo o desenvolvimento do pensamento
ocidental. Para ele, o método do diálogo era a forma pela qual a filosofia se desenvolvia,
construía conceitos e definia a essência das coisas.

Uma teoria do método jurídico dialéctica é uma proposta de conhecimento do fenómeno


jurídico que exige a experiência do caso para que o fenómeno possa ser pensado. A partir desse
conhecimento condicionado, pode-se evoluir para o processo jurídico que se dará em função do
que foi apurado.

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CAPÍTULO III: CONCLUSÃO

1. Conclusão

Este trabalho abordou a matéria inerente ao Positivismo Filosófico. Ao fim deste e em


harmonia com os objectivos propostos concluímos o seguinte: "Positivismo filosófico é uma
corrente filosófica que surgiu na França no início do século XIX. Ela defende a ideia de que o
conhecimento científico seria a única forma de conhecimento verdadeiro. Suas características são
realidade, certeza, precisão, organização e Relatividade.

Direito Positivo é o conjunto de normas elaboradas e vigentes num determinado país ou


Estado em determinada época, são as normas, as leis, todo o sistema normativo posto, ou seja,
vigente no país. A teoria do comando de Austin entende o Direito como directamente ligado à
sanção e ao comando do soberano, foi acertadamente criticada por Hart em sua obra “The
Concept of Law”. Como ordem normativa o direito é um conjunto organizado de leis.

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2. Referências bibliográficas

Doutrina:

Alfredo, G. (2012). Teorrias Puras do Direito (4 ed.). Lisboa: Almedina.

Bezerra, D. (2014). Positvismo Filosófico (3 ed.). Sao Paulo, Brasil: Saraiva.

Guimaraes, A., & Coelho, D. (2001). Positivisno Filosófico e Direito Positivo (2 ed.). Porto,
Portugal: Porto editora.

Hilbert, A. (1992). Direito Positivo - Direito como oredem normativa (5 ed.). Rio de Janeiro,
Brasil: Malheiros.

Zilles, D. (1987). Características do Positivismo Filosófico (2 ed.). Lisboa, Portugal: Almedina.

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