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Resumo

Conhecer o erro máximo permissível


do instrumento de medição é funda-
mental para manter a confiabilidade
no sistema de medição. Uma das for-
mas de definir o EMP é conhecer os
requisitos do cliente e transformá-los
em valores mensuráveis capazes de
serem medidos e controlados. Além
dos requisitos, outros componentes
como a tolerância e incerteza de me-
dição também são fundamentais para
controle de processos e produtos.

Palavras-chave
Metrologia, qualidade, requisitos, EMP, medição, processo, produto, siste-
ma de medição, inspeção da qualidade, tolerância, incerteza de medição,
precisão, riscos, sistema de gestão de medição, instrumento de medição,
comprovação metrológica.

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Introdução
A cultura qualidade de processos e produtos é hoje
muito discutida em diversos setores da indústria, mas
será que a prática da qualidade é realmente realizada?
O processo de medição está ligado diretamente com a
qualidade e nos riscos envolvidos com a conformidade
e não conformidade de produtos e processos.

Os requisitos subjetivos do cliente devem ser transfor-


mados em requisitos objetivos, técnicos, capazes de
transformar uma variável qualitativa em um valor men-
surável capaz de ser medido e controlado. Entender os
requisitos do cliente é parte fundamental para poder
entregar o produto final nas condições especificadas.

Para que esses requisitos técnicos sejam controlados,


a medição deve ser confiável e a voz do processo por
assim dizer deve ser escutada por todos os envolvidos.
Nesse sentido, faz-se necessário conhecimentos em
metrologia, estatística e gestão de pessoas e recursos
para que as decisões como aprovação e reprovação de
um produto pela inspeção da qualidade sejam feitas de
forma assertiva. Uma das opções para melhorar o siste-
ma de medição de um processo é saber definir e ava-
liar os chamados Erros Máximos Permissíveis, limites
que se bem definidos podem colaborar com o controle
de processos e consequentemente com a qualidade
dos produtos acabados.

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Os requisitos
Os desafios hoje estão em entender e transfor-
mar os requisitos do cliente em especificações
técnicas capazes de serem manipulados pela

de processo engenharia e qualidade. Os requisitos do cliente


são de forma qualitativa e podem ser represen-

e produto
tados na forma de sabor, textura, cheiro, dura-
bilidade, robustez e inúmeros outros itens que
fazem com que o cliente opte pela compra de
um produto e não pelo outro. A contraparte des-
Uma das operações mais importantes da metro- se requisitos chega para os fabricantes que de-
logia industrial é o controle de qualidade, pois vem transformar essas qualidades em requisitos
cada produto/processo deve atender plenamen- quantitativos, como tempo de preparo, tempe-
te as especificações técnicas do projeto de for- ratura da amostra, velocidade de escoamento,
ma a cumprir as funções para as quais foi dese- ph, condutividade, pressão, força e tantas outras
nhado. medições que serão necessárias para entregar o
produto na qualidade exigida pelo mercado.
Os chamados requisitos de qualidade estão pre-
sentes em qualquer processo ou para qualquer
fabricação de produtos. São inúmeros os requi-
sitos que podem ser atribuídos a um processo/
produto , como exemplo a viscosidade de uma
substância, o ph de um líquido, a temperatura
de um processo térmico, as dimensões de uma
peça, e assim por diante. Na área da saúde por
exemplo , temos o processo de armazenamen-
to de vacinas que requer que a temperatura seja
controlada e monitorada na faixa de (2 a 8)°C.
Nesse caso, os requisitos do processo são o va-
lor alvo de 5°C e uma variação de ± 3°C. Outro
exemplo, temos o controle de qualidade na fa-
bricação de um pacote de café, que estabelece
os requisitos de produto como valor alvo de
500g e uma variação ± 10g, ou seja, os produtos
mensurados devem apresentar valores dentro da
faixa (490 a 510)g.

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A medição e a Porém só a tolerância em si, não é suficiente
para tomar decisões com maior assertividade.

inspeção de Nesse caso um componente a mais deve ser


analisado, a chamada incerteza de medição. Se-
gundo o Vocabulário Internacional de Metrolo-

qualidade gia, incerteza de medição é um “parâmetro não


negativo que caracteriza a dispersão dos valores
atribuídos a um mensurando, com base nas in-
A tolerância de um processo e produto é um dos formações utilizadas”. Ou, de forma simples, é
itens necessário a se entender para atender cla- um critério quantitativo para atestar a qualidade
ramente os requisitos. A tolerância é a faixa de do resultado de medição. A incerteza de medi-
variação aceitável para uma característica de um ção representa um intervalo de valores, na qual
produto, processo, definida de forma a garantir se espera que o valor verdadeiro esteja contido.
a qualidade com que realiza a função para a qual Esse intervalo é informado com uma dada pro-
foi projetado. babilidade que representa o nível de confiança
no resultado.

Por exemplo: Peso = (1,750 ± 0,001) kg, com


uma probabilidade de abrangência de 95%. Nes-
se caso, desconhece-se o valor verdadeiro, mas,
atesta-se com 95% de confiança que o valor ver-
dadeiro da grandeza mensurada se encontra en-
tre 1,749 e 1,751.

Com a incerteza de medição conhecida , pode-


mos criar uma nova região dentro da tolerância,
chamada de zona de aceitação, como limites in-
ferior e superior de aceitação definidos.

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Além da JCGM 106, temos também a norma
ABNT NBR ISO 10012 publicada com o intuito
de fornecer informações a respeito de como um
sistema de gestão para medição pode ser proje-
tado e implementado (Fig 1). A ABNT NBR ISO
10012 pode auxiliar as empresas no entendimen-
to e elaboração dos requisitos metrológicos, na
revisão ou elaboração de procedimentos para
gestão de equipamentos de medição, no atendi-
mento a auditorias e na melhoria de produtos e
processos.

A publicação do BIPM, JCGM 106:2012 “Avalia-


ção de dados de medição – O papel da incerte-
za de medição na avaliação da conformidade”
apresenta algumas relações métricas que po-
dem ser utilizadas para melhorar a medição de
um processo ou produto. Em seu conteúdo , por
exemplo recomenda que uma relação de 1/10
entre a precisão da medição e a tolerância do
processo seja feita. Assim também como reco-
menda também uma relação de 1/4 entre a in-
certeza da medição e a tolerância do processo.
Fig 1. Modelo de sistema de gestão da medição
Fonte: Adaptado de ABNT NBR ISO 10012

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Erro máximo
permissível Neste exemplo, tanto o erro mais ou menos a incerteza de
medição devem estar dentro da faixa de EMP definida para
que o produto possa ser aceito pelo controle de qualidade e

(EMP) inspeção. Pontos fora dessa faixa de EMP podem indicar des-
vios no processo e consequententemente no produto e de-
vem ser investigados.
O erro máximo permissível (EMP) é um requisito de metrológi-
co do cliente. O erro máximo permissível pode ser determinado
pela função metrológica, ou por referência às especificações Mas como definir o EMP de acordo com o seu
publicadas do fabricantes, normas ou regulamentos técnicos. O tipo de processo e produto? Algumas reco-
EMP pode ser representado como limites inferior e superior de mendações são:
um processo por exemplo, ou há caso em que apenas o limite
superior ou inferior são definidos como critérios permissíveis. Relação com a tolerância (cliente)
Na figura 1 abaixo, temos um exemplo de EMP contendo limites
Especificações do fabricante
superior e inferior. Os valores T1, T2 e T3 representam a tendên-
cia (erro) de um produto mais a incerteza de medição associa- Normas ou regulamentos metrológicos
da àquele processo de medição (U).
A tolerância do processo normalmente representa o requisi-
to do cliente. É recomendável definir o EMP em acordo com
a tolerância do processo de forma a atender o requisito de
medição do cliente. Por exemplo, se o cliente possui requi-
sitos dimensionais para um peça , é necessário definir uma
tolerância para o processo de medição para que as peças fa-
bricadas estejam dentro das dimensões informadas e não se-
jam reprovadas, gerando custo e retrabalho. Outra maneira é
definir o EMP de acordo com as especificações de alguns fa-
bricantes, que informam por exemplo a acuracidade de alguns
instrumentos de medição e outras faixas de erros máximos.
Ou, normas e regulamentos metrológicos publicados podem
informar limites de erros aceitáveis que podem ser utilizados
para a melhor definição do EMP. Umas dessas publicações é
a Portaria 236/94 que estabelece os requisitos metrológicos
para instrumentos de pesagem não automáticos (balanças).

Fig 1. Limite de EMP

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Agora vamos definir o EMP com base na nossa
faixa de tolerância, para mais e para menos. Nes-
se exemplo , temos que o valor alvo é 5°C e a to-
lerância pode variar de 3 °C para mais , ou de 3°C
para menos , chegando a um total de 6°C. Para
definir o EMP utilizamos apenas o valor de tole-
rância (±) e não a tolerância total, ou seja, 3°C.

Para minimizar riscos aos processos é recomen-


dada a utilização de um fator mínimo de ⅓ da to-
lerância do processo para a definição do erro má-
ximo permissível. Assim para uma tolerância de ±
3ºC, o erro máximo permissível será de ± 1°C.

Pronto, os requisitos de medição foram definidos


assim como o EMP, e para esse caso o responsá-
Portaria INMETRO nº 236 de 22 de dezembro de 1994. vel pela qualidade definiu a compra do seguinte
instrumento para monitorar a temperatura da sua
câmara de vacinas:

Exemplo prático
Para exemplificar como um EMP pode ser defi- Termômetro digital
nido, vamos pegar como caso o processo de ar- Faixa de medição: (-10 a 60)°C
mazenamento de vacinas em câmaras de vacinas Resolução: <0,1°C
que requer que a temperatura seja controlada e
monitorada na faixa de (2 a 8)°C. Nesse caso, as Precisão: < 0,6°C
vacinas que sofrerem uma excursão de tempera- Erro máximo permissível: ± 1°C (1/3)
tura para mais ou para menos podem ter perda
do seu agente ativo.

Vamos então definir a tolerância desse processo, A faixa de medição abrange o intervalo crítico de
subtraindo o limite superior pelo limite inferior, (2 a 8)°C, a resolução do instrumento está ade-
chegando a conclusão de que esse processo pos- quada a precisão do mesmo e o EMP foi definido
sui uma tolerância de 6 °C ou seja, de 5°C ± 3°C. com base no processo crítico de armazenamento
Para encontrarmos a precisão que o instrumento da vacina. Depois de levantar essas informações
de medição precisa ter para atender essa tolerân- o cliente agora deve avaliar a conformidade me-
cia, pegamos o que a JCGM recomenda , a rela- trológica através da calibração e assim verificar
ção de 1/10 entre a precisão da medição e a tole- se os resultados estão aceitáveis e o equipamen-
rância do processo. Chegamos que a precisão do to está adequado ao seu uso pretendido.
instrumento deve igual ou inferior a 0,6 °C.

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lhorias e ações efetivas para garantir a qualidade
das medições e assim agregando valor aos seus
processos e produtos.

Conhecimento metrológico e suas aplicações


são fundamentais para a busca da melhoria con-
tínua e para garantir uma boa produtividade e
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Referências
[1] INMETRO. Vocabulário Internacional de Metro-
logia: Conceitos fundamentais e gerais e termos
associados (VIM 2012).

[2] ABNT NBR ISO 10012. Sistema de gestão de


medição - Requisitos para o processo de medição
equipamento de medição

[3] ALBERTAZZI, Armando. Fundamentos de Me-


trologia Científica e industrial / Armando Alberta-
zzi, André Roberto de Souza. 2ª edição. Barueri –
SP: Editora Manole, 2018

[4] EURAMET. Metrology - In short 3º Edition.


2008.

[5] NASA. Metrology - Calibration and Measure-


ment Processes Guidelines. 1994.

[6] NPL. Good Practice Guide Nº. 118. A Beginner’s


Guide to Measurement. 2010.

[7] UNIDO. Role of measurement and calibration in


the manufacture of products for the global market.
A guide for small and medium-sized enterprises.
2006.

[8] Portaria INMETRO nº 236 de 22 de dezembro


de 1994.

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R. Izabel A Redentora, 383


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