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O MINISTÉRIO

DE
ORAÇÃO
DA IGREJA
W.Nee
Capítulo Um
O MINISTÉRIO DE ORAÇÃO DA IGREJA
1 "Além do mais, se teu irmão pecar contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a
teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que, pela palavra de duas ou
três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele recusar ouvi-los, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir
também a igreja, seja ele para ti como gentio e cobrador de impostos. Em verdade vos digo: Tudo o que
amarrardes na terra, terá sido amarrado no céu, e tudo o que soltardes na terra, terá sido solto no céu. Em
verdade ainda vos digo que, se dois dentre vós sobre a terra concordarem a respeito de qualquer coisa que
pedirem, ser-lhes-á feita por Meu Pai que está nos céus. Porque onde estiverem dois ou três reunidos em Meu
nome, ali estou no meio deles" (Mt 18:15-20). Esses poucos versículos podem ser divididos em duas seções. Os
versículos 15 a 17 são uma seção, enquanto os versículos 18 a 20 são outra. Se os lermos cuidadosamente,
descobriremos a relação entre as duas seções. Os versículos 15 a 17 tratam de uma coisa específica, uma coisa
em particular, ao passo que os versículos 18 a 20 tratam de um princípio geral. Os versículos 15 a 17 mencionam
um caso específico com o qual se deve lidar, enquanto os versículos 18 a 20 abordam um princípio geral que se
deve aprender diligentemente. Embora o caso nos versículos 15 a 17 seja mencionado primeiro, e o princípio nos
versículos 18 a 20 venha em seguida, as palavras nos versículos 18 a 20 são mais importantes que as dos
versículos 15 a 17. Em outras palavras, a primeira seção trata de um caso específico, ao passo que a segunda
seção trata de um princípio geral, um princípio grandioso. A maneira de lidar com o caso na primeira seção está
baseada sobre o princípio tratado na segunda seção. A segunda seção é o fundamento; a primeira seção
meramente executa uma questão baseada nesse fundamento. Nos versículos 15 a 17, o Senhor Jesus nos diz o
que deve ser feito quando um irmão peca contra outro irmão. A primeira coisa que deve ser feita é repreender o
irmão que pecou. Se ele não ouvir, o irmão contra quem ele pecou deve trazer mais um ou dois para repreendê-
lo. Se ele ainda não quiser ouvir, deve-se, então, dizê-lo à igreja. Se recusar-se a ouvir a igreja, o mesmo deve ser
considerado como gentio e cobrador de impostos. Depois que o Senhor Jesus mencionou esse caso, Ele disse: "Em
verdade vos digo". Ele queria dizer que se deve agir dessa maneira porque esses assuntos são cruciais e porque
esse é um princípio importante. Essa é a base para afirmar que os versículos 18 a 20 são o fundamento dos
versículos 15 a 17.

2 Não estamos falando do caso nos versículos 15 a 17. Estamos tentando considerar o princípio amplo a
partir desse caso. Temos de ver que não apenas devemos lidar com a ofensa de um irmão contra nós, mas
também com milhares de outras coisas. Agora queremos considerar o que Deus deseja que saibamos na segunda
seção.

A TERRA CONTROLA O CÉU

3 No versículo 18, o Senhor diz: "Em verdade vos digo: Tudo o que amarrardes na terra, terá sido
amarrado no céu, e tudo o que soltardes na terra, terá sido solto , no céu". Que há de especial nesse versículo? O
especial é que deve haver um mover sobre a terra antes que haja um mover no céu. Não é o céu que amarra
primeiro, mas é a terra. Não é o céu que solta primeiro, mas é a terra. Depois que a terra amarra, o céu amarra;
depois que a terra solta, o céu solta. O mover no céu é controlado pelo mover na terra. Tudo o que é contrário a
Deus tem de ser amarrado, e tudo o que está em harmonia com Deus tem de ser solto. Amarrar ou soltar tudo o
que deve ser amarrado ou solto precisa ser algo iniciado na terra. O mover sobre a terra precede o mover no céu.
A terra controla o céu.

4 Podemos ver como a terra controla o céu a partir de alguns casos no Antigo Testamento. Quando Moisés
estava no monte, os israelitas venciam cada vez que ele levantava as mãos, e os amalequitas venciam cada vez
que ele as abaixava (Êx 17:9-11). Quem decidiu a vitória ao pé do monte? Deus ou Moisés? Irmãos, temos de ver
o princípio com que Deus trabalha e a chave para o Seu mover. Deus não pode fazer o que quer a não ser que o
homem o queira. Não podemos fazer com que Deus faça o que Ele não quer, mas podemos impedi-Lo de fazer o
que Ele quer. A vitória foi decidida por Deus no céu, contudo diante dos homens foi decidida por Moisés. De fato,
Deus no céu queria que os israelitas vencessem, mas se Moisés na terra não tivesse levantado as mãos, os
israelitas teriam perdido. Quando ele levantou as mãos, os israelitas venceram. A terra controla o céu.

5 Ezequiel 36:37 diz: "Assim diz o SENHOR Deus: Ainda nisto permitirei que seja eu solicitado pela casa de
Israel: que lhe multiplique eu os homens como um rebanho". Deus tinha o propósito de multiplicar o número da
casa de Israel para que os israelitas crescessem como um rebanho. Os que não conhecem a Deus dirão: "Se Deus
quisesse multiplicar o número dos israelitas como um rebanho, Ele poderia simplesmente fazê-lo. Quem poderia
impedi-Lo?" Mas esse versículo diz que isso deveria ser solicitado a Deus antes que Ele o fizesse. Esse é um
princípio claro. Mesmo que Deus decida a respeito de um assunto, Ele não o fará imediatamente. Ele somente
multiplicaria a casa de Israel depois que eles Lhe solicitassem. Ele quer que a terra controle o céu.
6 Isaías 45:11 traz uma palavra mais específica: "Assim diz O SENHOR, o Santo de Israel, aquele que o
formou: Perguntai me as coisas futuras; demandai-me acerca dos meus filhos, e acerca da obra das minhas mãos"
(VRC). Irmãos, essa palavra não é mais específica? Quanto aos filhos e à obra de Sua mão, Deus diz que podemos
demandá-Lo [mandar]. Nós teríamos medo de usar a palavra "mandar". Como o homem poderia mandar em
Deus? Todos os que conhecem a Deus sabem que o homem não pode orgulhar-se diante Dele. Mas,o próprio Deus
diz: "Demandai-me acerca dos meus filhos e acerca da obra das minhas mãos". Isso é a terra controlando o céu.
Não significa que podemos mandar Deus fazer o que Ele não deseja. Antes, significa que podemos mandar Deus
fazer o que Ele quer fazer. Essa é a nossa posição. Depois que conhecemos a vontade de Deus, podemos dizer-
Lhe: "Deus, queremos que Tu faças isso. Estamos decididos que deves fazê-lo. Deus, Tu tens de fazê-lo". Podemos
proferir orações fortes e poderosas como essa diante de Deus. Temos de pedir a Deus que abra nossos olhos para
ver o tipo de obra que Ele está fazendo nesta era. Nesta era, toda a Sua obra baseia-se nessa posição. O céu pode
desejar realizar algo, mas não o fará sozinho; ele espera que a terra o faça primeiro, e, então, o faz. Embora a
terra esteja em segundo lugar, ela, ao mesmo tempo, também tem o primeiro lugar. A terra deve mover-se antes
do céu. Deus quer que a terra mova o céu.

HARMONIA DE VONTADES

7 Algumas pessoas podem perguntar por que Deus deseja que a terra controle o céu. Se quisermos
entender isso, temos de lembrar-nos de que Deus é limitado pelo tempo. O tempo refere-se à seção entre as duas
eternidades. Há uma eternidade passada e uma eternidade futura. Entre elas está o tempo. Nessa seção chamada
tempo, Deus está limitado. Ele não pode trabalhar tão livremente como deseja. Essa é uma limitação que Deus
encontrou na criação do homem. De acordo com Gênesis 2, ao criar o homem, Deus deu-lhe livre arbítrio. Deus
tem uma vontade, e o homem também. Sempre que a vontade do homem não for igual à vontade de Deus, Deus é
limitado. Nesta sala há uma mesa, cadeira, piso e teto. Se um homem entra na sala, ele pode fazer o que deseja,
sem restrição. A mesa, a cadeira, o piso e o teto não poderão restringi-lo. Deus é poderoso; Ele pode fazer
qualquer coisa. Se a terra fosse enchida de material sem espírito, Deus não teria qualquer restrição. Mas um dia
Deus criou o homem. O homem que Ele criou não era como um pedaço de pedra ou de madeira; não era como
uma mesa ou uma cadeira, que poderia ser colocada à vontade por Deus aqui ou ali. O homem criado por Deus
tinha uma vontade livre [livre arbítrio]. O homem poderia escolher entre obedecer a palavra de Deus ou
desobedecê-la. Depois de ter criado o homem com uma vontade livre, Seu poder foi limitado por esse homem. Ele
já não podia agir como desejava. Ele tinha de perguntar ao homem se desejava e estava disposto a fazer o mesmo
que Ele. Deus não pode tratar o homem como uma pedra, um pedaço de madeira, uma mesa ou uma cadeira,
porque o homem tem livre arbítrio. Desde o dia em que foi criado por Deus, o homem pode escolher entre
permitir que a autoridade de Deus fosse levada a cabo ou impedida. Por isso afirmamos que, no tempo, o período
entre as duas eternidades, a autoridade de Deus é limitada pelo homem.

8 Deus está disposto a ser limitado pelo homem porque Ele deseja ganhar uma vontade harmoniosa na
segunda eternidade. Ele deseja que a livre vontade do homem esteja em harmonia com a Sua. Isso é uma glória
para Deus. Se você coloca um livro sobre a mesa, ele permanece ali. Se você o coloca na estante, ele permanece na
estante. Ele é muito obediente a você. Mas, mesmo que seja obediente, você ainda não está satisfeito, porque ele
não tem uma livre vontade; ele é absolutamente passivo. Deus não quer que o homem criado por Ele seja como
um livro que pode ser levado à vontade para qualquer lugar. Embora deseje que o homem seja totalmente
submisso a Ele, Deus também deu-lhe uma livre vontade. A intenção de Deus é que a livre vontade do homem
escolha obedecê-Lo. Isso é glória para Deus! Na eternidade futura, a livre vontade do homem estará unida à
vontade eterna de Deus. Será essa a ocasião em que a vontade eterna de Deus se cumprirá e a livre vontade do
homem estará em harmonia com a vontade eterna de Deus. Todo homem tem uma livre vontade. Na eternidade
futura o homem ainda terá uma livre vontade, mas ela estará do lado de Deus. Ele ainda terá a capacidade de
opor-se a Deus, contudo não se oporá. Aleluia! Mesmo que o homem tenha a vontade de opor-se a Deus, ele não o
fará. Ele fará o que Deus deseja. Essa harmonia de vontade é uma glória para Deus!

9 Na eternidade futura, embora a vontade do homem seja livre, ela estará em conformidade com a vontade
de Deus, e não haverá vontade que não esteja sujeita à autoridade de Deus Contudo, no tempo, Deus é limitado
pelo homem. O homem não faz o que Deus deseja, ou faz somente um pouco do que Ele deseja. Deus pode desejar
que algo seja grande, contudo o homem deseja que seja pequeno. Ou Deus pode desejar que algo seja pequeno, e
o homem pode desejar que seja grande. Deus não tem liberdade alguma! No tempo, o mover de Deus é
controlado pelo homem. Essa palavra refere-se à igreja. Todo mover de Deus é limitado pela igreja no tempo,
porque a igreja representa o homem na eternidade futura. A igreja está na terra hoje com vistas à vontade de
Deus. Se a igreja alcançar o padrão da vontade de Deus, Ele não será limitado. Mas se ela não chegar ao padrão da
Sua vontade, Deus será limitado. Deus faz o que deseja por meio da igreja. Hoje, a igreja está tomando a posição
que o homem terá na eternidade. Então, mesmo que a vontade do homem seja livre, ela estará absolutamente do
lado da vontade eterna de Deus. A igreja está tomando essa posição antecipadamente. Assim como Deus irá
expressar-se na eternidade por meio da Nova Jerusalém, a esposa do Cordeiro, Ele também está expressando-se
hoje por meio do Corpo de Cristo. Embora a igreja tenha uma livre vontade, ela submete essa vontade à
autoridade de Deus, como se não existisse nenhuma outra. Isso permite que Deus faça tudo o que quiser. Quando
a igreja colocar sua vontade sob a vontade de Deus hoje, Ele Se moverá da mesma maneira que o fará na
eternidade. Ele Se moverá como se nenhuma outra vontade se opusesse a Ele. Isso é glória para Deus!

10 Agora podemos ver a posição da igreja diante de Deus. Não podemos degradar tanto a igreja, sugerindo
que ela seja meramente uma reunião. Não, a igreja é um grupo de pessoas que foram redimidas pelo sangue, que
foram regeneradas pelo Espírito Santo, que se entregaram na mão de Deus e que estão dispostas a tomar a
vontade de Deus, fazer a vontade de Deus e posicionar-se por Deus na terra para manter Seu testemunho.

11 Temos de ver que Deus trabalha segundo uma lei. Desde que haja uma livre vontade na terra, Deus não
anulará o homem por Sua própria vontade. Irmãos, não pensem que isso e algo estranho.

12 Isso é um fato. Deus está no céu. Contudo, todas as Suas obras na terra só podem ser realizadas quando
há uma vontade na terra que concorde com essas obras e decida fazê-las. Ele não porá de lado a vontade do
homem sobre a terra. Ele não usurpará a vontade do homem sobre a terra nem agirá independentemente. Tudo o
que se refere a Ele só pode se cumprir quando há uma vontade na terra que coopera com Ele. Quando a terra
trabalha, Deus trabalha. Quando a terra decide, Deus age. Deus precisa que a vontade do homem esteja em
harmonia com a Sua. Essa harmonia de vontade é uma grande glória para Deus!

TRÊS PRINCÍPIOS GRANDIOSOS

13 Já dissemos que Deus tem uma vontade para tudo. Contudo, Deus não age independentemente; Ele nada
faz por Si mesmo. Mesmo que tenha uma vontade, Deus quer que a livre vontade que há na terra ecoe Sua
vontade antes que Ele faça algo. Se houver apenas uma vontade no céu, Deus não agirá. O mover celestial é
levado a cabo na terra somente quando a terra deseja o mesmo que o céu. Hoje, isso é chamado de ministério da
igreja. Irmãos, o ministério da igreja não é somente a pregação do evangelho. Isso não quer dizer que não
deveríamos pregar o evangelho; mas que o ministério da igreja não é meramente a pregação do evangelho. O
ministério da igreja é trazer a vontade do céu para a terra. Como a igreja hoje traz a vontade do céu para a terra?
Por meio da oração na terra. A oração não é algo tão pequeno e insignificante como alguns podem pensar. Não é
algo dispensável. A oração é uma obra. A oração e a igreja dizendo a Deus: "Deus, nós queremos Tua vontade". A
oração e a igreja conhecendo o coração de Deus e abrindo a boca para pedir aquilo que está no coração de Deus.
Se a igreja não fizer isso, ela não terá muita utilidade na terra.

14 Muitas orações para edificação espiritual, orações para comunhão e orações de súplica não podem
substituir as orações que são da natureza da obra ou do ministério. Se todas as nossas orações forem orações
espirituais para edificação, comunhão e súplicas, elas serão muito pequenas. Uma oração que está na natureza da
obra ou do ministério é aquela em que você se coloca do lado de Deus, querendo o que Deus quer. Irmãos, se uma
oração e proferida segundo a vontade de Deus, ela é a coisa mais poderosa. A igreja orar significa que ela
descobre a vontade de Deus e declara essa vontade. Oração não e somente pedir algo a Deus. A igreja orar
significa que ela se posiciona do lado de Deus para declarar que o homem deseja o que Deus deseja. Se a igreja
fizer essa declaração, tal declaração será eficaz.

Agora, consideremos os três grandes princípios na oração ministerial a partir de Mateus 18:18-20.
Declarar a Vontade de Deus

15 No versículo 18 o Senhor diz: "Tudo o que amarrardes na terra, terá sido amarrado no céu, e tudo o que
soltardes na terra, terá sido solto no céu". A quem Ele se dirige aqui? À igreja, porque o versículo 17 menciona a
igreja, e o versículo 18 é uma continuação do 17. Tudo o que a igreja amarrar na terra, terá sido amarrado no céu,
e tudo o que a igreja soltar na terra, terá sido solto no céu. Esse é um princípio muito importante: Deus hoje
trabalha por meio da igreja. Deus não pode fazer coisa alguma à vontade; Ele tem de fazer tudo por meio da
igreja. Se não for por meio da igreja, Deus nada pode fazer. Irmãos, esse é um princípio muito sério. Deus, hoje,
nada pode fazer por Si próprio. Além da Sua vontade há uma livre vontade. Se esta última não cooperar com Ele,
Ele nada poderá fazer. A intensidade de poder que a igreja tem expressa a intensidade de poder que Deus tem,
porque Seu poder é expresso pela igreja.

16 Deus colocou-Se na igreja. A altura e extensão que a igreja alcança é a altura e extensão que o poder de
Deus alcança. Se o poder da igreja é pequeno e restrito, Deus não pode expressar quão elevado e extenso é Seu
poder. O reservatório do Departamento de Águas pode ser grande, mas se você tiver apenas uma torneirinha em
sua casa, a grande quantidade de água não fluirá. Se quiser mais água em sua casa, você precisa instalar um cano
mais grosso. A capacidade da igreja hoje determina a intensidade com que o poder de Deus é expresso. Isso pode
ser visto na expressão de Deus em Cristo; a capacidade de Cristo é o grau da manifestação de Deus. Hoje Deus é
expresso na igreja; a capacidade da igreja determina o grau de expressão de Deus e também a quantidade de
conhecimento que se pode ter de Deus.

17 Deus quer fazer muitas coisas na terra hoje. Mas Ele precisa que a igreja esteja a Seu lado para que Ele
possa realizar essas coisas por meio dela. Deus não pode fazer o que deseja por Si mesmo. Ele tem de fazê-lo com
a cooperação da Igreja. A igreja é o meio pelo qual Deus Se expressa. Permitam-me repetir: a igreja é como uma
torneira. Se a torneira for pequena, a quantidade de água que flui por ela não será grande, mesmo que haja tanta
água como no rio Amazonas. Deus de fato deseja operar no céu, mas Ele tem de esperar a terra mover-se para
que Ele possa trabalhar. Há muitas coisas que Deus deseja amarrar no céu, e muitas outras que Ele deseja soltar.
Deus deseja que muitas pessoas, objetos e coisas que são contrários a Ele sejam amarrados, e igualmente deseja
ver soltas muitas coisas espirituais, valiosas, benéficas e santas, que Lhe pertencem. A questão é se há ou não
homens na terra para amarrar o que Deus quer amarrar, e soltar o que Deus quer soltar. Ele quer que a terra
controle o céu. Deus quer que a igreja controle o céu.

18 Isso de maneira nenhuma significa que Deus não seja onipotente. Sem dúvida, Deus é onipotente, mas
Ele precisa de um canal na terra para poder manifestar Sua onipotência. Não podemos aumentar o poder de
Deus, mas podemos escondê-lo. O homem não pode aumentar o poder de Deus, mas pode bloqueá-lo. Não
podemos pedir a Deus que faça o que Ele não quer fazer, mas podemos limitar o que Ele quer fazer. Irmãos, vocês
viram isso? Há um poder na igreja que coloca o poder de Deus sob seu controle. Esse poder pode permitir que
Deus faça o que deseja e pode impedi-Lo de fazer o que quer. Nossos olhos precisam ser abertos para vermos o
futuro. Um dia Deus expandirá a igreja até se tornar a Nova Jerusalém. A glória de Deus será manifestada na
igreja sem nenhum impedimento. Hoje Ele deseja que a igreja primeiramente solte na terra para que Ele solte no
céu. Ele deseja que a igreja primeiramente amarre na terra para que Ele amarre no céu. O céu não tomará a
iniciativa do trabalho; ele segue o trabalhar da igreja. Irmãos, sendo assim, que grande responsabilidade a igreja
tem!

19 Vimos que Mateus 18:15 a 17 fala de um caso particular e que o grande princípio é dado nos versículos
seguintes. Quando um irmão peca contra outro, pode ser que ele não confesse seus pecados ou erros. Quando a
igreja o reprova, pode ser que ele ainda não ouça. Se isso ocorrer, a igreja o considerará como gentio e cobrador
de impostos. O irmão que pecou poderá dizer: "Quem são vocês? Como vocês podem me considerar um gentio ou
cobrador de impostos? Não virei mais às reuniões. Se não posso vir a este lugar, há muitos outros a que posso ir".
Contudo, que diz o Senhor depois disso? "Em verdade vos digo: Tudo o que amarrardes na terra, terá sido
amarrado no céu, e tudo o que soltardes na terra, terá sido solto no céu". Portanto, se a igreja decide considerar
um homem como gentio e cobrador de impostos, Deus no céu também o considerará como gentio e cobrador de
impostos. Não apenas esse caso segue o princípio, mas mil outros assuntos seguem o mesmo princípio. Esse caso
é apenas um exemplo. Ele mostra o quanto a igreja pode fazer. Então, ele nos mostra a grandeza do princípio.

20 A igreja é o vaso escolhido de Deus. Deus pós Sua vontade nesse vaso para que ele declare a vontade de
Deus na terra. Quando a terra quer algo, o céu também o quer. Quando a igreja quer algo, Deus também o quer.
Portanto, se a exigência de Deus for rejeitada na igreja, Deus não será capaz de levar a cabo no céu o que Ele
deseja fazer.

21 Muitos irmãos e irmãs estão carregando um fardo dia e noite. Eles carregam o fardo porque não oraram.
Uma vez que a torneira é aberta, a água flui. Quando ela é fechada, o fluxo de água é interrompido. A pressão da
água é forte quando a água é liberada ou quando ela é presa? Todos sabemos que quando a água é liberada a
pressão diminui. Quando a água é retida, a pressão aumenta. Quando a igreja ora, é como abrir a torneira; quanto
mais a torneira é aberta, menor é a pressão. Se a igreja não ora, é como uma torneira fechada, com a pressão
aumentando cada vez mais. Quando Deus quer fazer algo, Ele põe um encargo em um irmão, irmã ou em toda a
igreja. Se a igreja orar e cumprir seu papel, ela sentir-se-á aliviada. Quanto mais a igreja ora, mais aliviada ela se
sente. Ao orar uma vez, duas, cinco, dez ou vinte vezes, ela sente-se cada vez mais aliviada. Se a igreja não orar,
ela irá sentir-se obstruída e pesada. Se a igreja continua sem orar, ela morrerá sufocada. Irmãos, se vocês
sentem-se pesados e pressionados interiormente, vocês não cumpriram seu ministério diante de Deus; a pressão
de Deus está sobre vocês. Tentem orar meia hora ou uma hora; a pressão será liberada e vocês sentir-se-ão
aliviados.

22 Que é, então, o ministério de oração da igreja? E Deus dizer a igreja o que Ele deseja fazer e a igreja orar,
na terra, a respeito do que Deus quer fazer. Essa oração não é pedir a Deus que Ele faça o que nós desejamos que
Ele faça, mas pedir a Deus que realize aquilo que Ele deseja realizar. Irmãos, a responsabilidade da igreja é
declarar a vontade de Deus na terra. Na terra, a igreja declara por Deus: "É isso que desejo". Se a igreja fracassar
nessa questão, ela não será muito útil nas mãos de Deus. Mesmo que tudo o mais esteja bem, ela não terá muita
utilidade se falhar nesse aspecto. A maior utilidade da igreja está no fato de ela posicionar-se para que a vontade
de Deus seja feita na terra.

A Harmonia no Espírito Santo

23 Vimos que a igreja deve amarrar o que Deus quer amarrar e soltar o que Deus quer soltar. Como é que a
igreja amarra e solta? O Senhor nos diz no versículo 19: "Em verdade ainda vos digo que, se dois dentre vós
sobre a terra concordarem a respeito de qualquer coisa que pedirem, ser-lhes-á feita por Meu Pai que está nos
céus". O versículo 18 fala de terra e céu. O versículo 19 também fala de terra e céu. No versículo 18, quando a
terra amarra, o céu amarra, e quando a terra solta, o céu solta. O versículo 19 diz que qualquer coisa que se pedir
na terra será feita pelo Pai no céu. A ênfase do Senhor Jesus aqui não está em pedir em harmonia, mas em estar
em harmonia quanto a qualquer coisa e, então, pedir essa coisa. De acordo com a língua original, "qualquer coisa"
está relacionado a "concordarem" e "que pedirem". A intenção do Senhor não é dizer que os homens orem em
harmonia por determinado assunto, mas que estejam em harmonia em relação a qualquer assunto. Se estivermos
em harmonia em relação a qualquer assunto, o nosso Pai no céu fará tudo o que pedirmos sobre um determinado
assunto. Essa é a unidade do Corpo, a unidade do Espírito Santo.

24 Um homem sentir-se-ia muitíssimo bem se o céu o ouvisse, mesmo que sua carne não tivesse sido
tratada. Se não estiver na unidade do Espírito Santo e orando na harmonia do Espírito Santo, você pensa que o
céu o ouvirá? Se orar dessa maneira, o céu não amarrará o que você amarrar e não soltará o que você soltar.
Fazer com que o céu solte e amarre não é algo que você pode fazer por si mesmo. Achar que você pode fazer isso
por si mesmo é uma grande tolice. O Senhor diz: "Se dois dentre vós sobre a terra concordarem a respeito de
qualquer coisa que pedirem, ser-lhes-á feita por Meu Pai que está nos céus". Isso significa que, se duas pessoas
estão em harmonia a respeito de qualquer assunto, harmoniosamente como a música, tudo o que elas pedirem
ser-lhes-á feito pelo Pai celestial. Esse tipo de oração exige a constituição do Espírito Santo naqueles que oram.
Deus tem de leva-lo ao ponto em que você nega o que deseja e passa a desejar apenas o que Ele quer, e tem de
levar outro irmão à mesma condição. Quando você e o irmão são levados a tal ponto e estão harmonizados como
uma música, tudo o que vocês pedirem ser-lhes-á concedido pelo Pai celestial. Irmãos, não pensem que, por
concordarem em suas opiniões, suas orações serão respondidas. Os que têm as mesmas opiniões freqüentemente
têm atritos entre si. Ter o mesmo alvo não garante que não haverá fricções. Duas pessoas podem tentar pregar o
evangelho; mas, enquanto pregam, elas discutem. Duas pessoas podem tentar ajudar os outros; mas, enquanto
ajudam, elas têm atritos entre si. Ter o mesmo alvo não garante que haverá harmonia. Precisamos perceber que é
impossível ter harmonia na carne. Quando nossa vida natural é tratada pelo Senhor; quando uma pessoa está
vivendo no Espírito Santo e a outra também, e ambas estão vivendo em Cristo, então há harmonia, os mesmos
pontos de vista, e a oração é unânime.

25 Há dois aspectos dessa verdade. Por um lado, há harmonia quanto a qualquer assunto. Por outro, há
oração sobre qualquer assunto. Deus precisa levar-nos a tal ponto. A harmonia cristã pode ser achada somente
no Corpo de Cristo; ela não pode ser encontrada em nenhum outro lugar. Harmonia é algo que se encontra no
Corpo de Cristo. Apenas no Corpo de Cristo não há contendas, e apenas no Corpo de Cristo há harmonia. Quando
a nossa vida natural é tratada pelo Senhor e somos levados ao ponto de verdadeiramente conhecer o Corpo de
Cristo, aí estaremos em harmonia. Então, quando nos reunimos para orar, nossa oração será em harmonia.
Quando estamos em harmonia nas coisas que vemos, podemos ser porta-vozes da vontade de Deus. Irmãos,
quando vocês forem orar por determinadas coisas, e seu ponto de vista for diferente, vocês precisam ser
cuidadosos, pois podem errar. Mas se toda a igreja se reúne em harmonia a respeito de determinado assunto,
esse assunto pode ser algo que o céu deseja realizar. Temos de confiar na igreja.

26 Devemos nos lembrar de que a oração não é a primeira coisa. Ela é algo que vem depois da harmonia. Se
a igreja deve ter esse tipo de oração ministerial sobre a terra, todos os irmãos e irmãs devem aprender diante do
Senhor a negar sua vida carnal. Caso contrário, nada funcionará. A palavra do Senhor é muito significativa. Ele
não diz que o Pai responderá se orarmos em Seu nome. Tampouco diz que o Pai responderá se Ele orar por nós.
Ele diz: "Se dois dentre vós sobre a terra concordarem [estiverem em harmonia] a respeito de qualquer coisa que
pedirem, ser-lhes-á feita por Meu Pai que está nos céus". Se tivermos harmonia, o céu estará aberto para nós! Se
um irmão ofender a outro, e a igreja ainda não tiver lidado com o ofensor, o ofendido deve repreendê-lo na
presença de mais um ou dois irmãos. Antes que a igreja entre em ação para lidar com o irmão ofensor, dois
irmãos devem fazê-lo. Isso não significa que os dois irmãos vejam as coisas de maneira diferente da igreja.
Significa que os dois viram primeiramente e, depois, a igreja vê a mesma coisa. Em outras palavras, os dois
irmãos estão posicionados na base da igreja. O que o Senhor queria dizer é que dois de nós estarmos sobre a
terra significa que a igreja está sobre a terra. O que a igreja vê é o mesmo que os dois irmãos vêem. Esse é o
resultado da oração ministerial. Antes de terem o mesmo ponto de vista, eles precisam estar em harmonia sobre
qualquer assunto e devem ter orado sobre determinado assunto.

27 O ministério de oração da igreja é uma oração na terra que resulta em um mover no céu. Irmãos,
devemos lembrar que as orações de natureza de edificação espiritual jamais podem abranger a oração em
Mateus 18. As orações pessoais jamais podem abrangê-la. Muitas vezes podemos pedir a Deus o que precisamos,
e Deus responde nossa oração. Há lugar para as orações pessoais. Com freqüência, sentimos que Deus está
próximo de nós. Graças ao Senhor, Ele ouve nossas orações para edificação espiritual. Não devemos desprezar
esse tipo de oração. Admitimos que é errado um irmão ou irmã não receber resposta à sua oração, assim como é
errado não sentirmos a presença de Deus. Devemos dar atenção as orações pessoais e às orações para a nossa
edificação espiritual. Especialmente os jovens, se não fizerem esses tipos de oração, não conseguirão prosseguir
adequadamente. Contudo, devemos ver também que as orações não são apenas para as necessidades individuais
e para a edificação espiritual. Oração também é para o ministério e para a obra. Essa oração é o ministério da
igreja na terra; é a obra da igreja. É a responsabilidade que a igreja tem diante de Deus. A oração da igreja abre o
céu. A oração da igreja significa que, quando Deus deseja fazer algo, a igreja primeiramente ora por esse assunto,
para que isso se cumpra e o objetivo de Deus possa ser realizado.
28 O ministério da igreja e o ministério do Corpo de Cristo, e o ministério do Corpo de Cristo é a oração.
Essa oração não é apenas para edificação espiritual e para as necessidades individuais mas para o "céu". Essa
oração, por exemplo, diz aos outros que alguém perdeu a comunhão com Deus, que não deu ouvidos à
repreensão de um irmão, nem mesmo de dois ou três irmãos e essa pessoa não aceita o julgamento da igreja.
Deus tem de considerá-lo como gentio e cobrador de impostos. Mas Deus não o faz imediatamente; Ele precisa
esperar que a igreja o faça primeiro. Deus tem de esperar que a igreja, em sua oração, considere esse irmão como
gentio e cobrador de impostos, antes que Ele faça o mesmo no céu. Se a igreja tomar essa responsabilidade para
orar, ela verá que, a partir desse dia, a vida e andar espirituais desse irmão irão definhar. A partir desse dia,
parecerá que ele não tem parte com Deus. Deus quer fazer isso, mas Ele tem de esperar que a igreja ore. Deus
tem muitas coisas empilhadas no céu. Ele não pode realizar nenhuma delas porque não há uma porta de saída na
terra. Há muitas coisas empilhadas no céu. Contudo, Deus não pode resolvê-las porque a igreja não exercitou sua
livre vontade de posicionar-se ao Seu lado e cumprir o objetivo de Deus. Irmãos, vocês precisam lembrar-se de
que a obra maior e mais elevada da igreja é ser a porta de saída da vontade de Deus. A igreja torna-se a porta de
saída de Deus por meio da oração. Não se trata de uma oração fragmentária, mas de uma oração que tem a
natureza de um ministério, uma oração que tem a natureza de uma obra. Deus dá visão ao homem e abre seus
olhos para ver Sua vontade. Quando isso ocorre, o homem toma seu lugar para orar.

29 O Senhor também nos mostra nesses versículos que as orações individuais não funcionam. Deve haver
pelo menos duas pessoas. Se não vir esse ponto, você não entenderá por que o Senhor diz o que Ele diz. Todas as
orações no Evangelho de João são orações individuais. Quando João 15:16 registra: "O que pedirdes ao Pai em
Meu nome, Ele vo-lo conceda", o número de pessoas não é uma condição. Mas, em Mateus 18, o número é uma
condição; deve haver, pelo menos, duas pessoas. O Senhor diz: "Se dois dentre vós sobre a terra concordarem".
Deve haver pelo menos dois, pois é uma questão de comunhão. Uma pessoa sozinha não pode realizá-lo. Uma
pessoa não pode ser a porta de saída de Deus; devem ser duas. O princípio do dois é o princípio da igreja, o
princípio do Corpo de Cristo. Embora haja apenas dois nesse tipo de oração, a "harmonia" é indispensável. Os
dois devem estar em harmonia, e devem estar posicionados na base do Corpo. Eles devem conhecer a vida do
Corpo. Eles têm somente um objetivo: dizer a Deus: "Queremos que Tua vontade seja feita, no céu e na terra".
Quando a igreja ora nessa posição, tudo o que ela pede será feito pelo Pai que está no céu.

30 Irmãos, quando estivermos, de fato, na base da igreja e tomarmos a responsabilidade de tal ministério de
oração diante de Deus, veremos a vontade de Deus ser realizada na igreja onde estamos. Caso contrário, tudo
terá sido em vão. Pode haver muitas ou poucas orações, mas o principal é ter orações fortes. O que Deus faz hoje
é medido pela quantidade de orações feitas pela igreja. O poder de Deus não pode exceder a oração da igreja. O
poder de Deus hoje pode, no máximo, ser tão grande quanto o poder da igreja. Isso não significa que o poder de
Deus esteja limitado no céu. No céu, o poder de Deus é ilimitado. Mas na terra o poder de Deus é manifestado
segundo o grau de oração da igreja. Quanto a igreja ora e a medida de quanto o poder de Deus é manifestado.
Conseqüentemente, a igreja tem de aprender a fazer orações grandiosas e pedir grandes coisas. A oração da
igreja normalmente é muito pequena; ela ora apenas por problemas comuns. Isso não basta. A igreja precisa ter
orações grandiosas e fazer grandes pedidos. Uma vez que a igreja vai a um Deus tão rico, não deve haver orações
e pedidos pequenos. Como a igreja vai a um Deus tão rico, deve haver grandes coisas acontecendo. Se a
capacidade da igreja diante de Deus for pequena, ela impedirá que o poder de Deus seja manifestado. Sabemos
que a questão dos vencedores não está totalmente resolvida, e que Satanás ainda não foi lançado no abismo.
Deus precisa ganhar um vaso para o Seu testemunho antes que possa cumprir o que estabeleceu. A igreja precisa
fazer orações grandiosas para manifestar nosso Deus. Esse é o ministério da igreja. Irmãos, não sei se Deus pode
dizer-nos que esta igreja tem um ministério de oração quando Ele passa por nossa reunião de oração. Não se
trata da freqüência com que oramos, mas do peso da nossa oração. Se virmos a responsabilidade de oração que a
igreja tem, veremos que nossas orações não são suficientemente grandes; estamos limitando a Deus e
atrapalhando Sua obra. A igreja esqueceu sua tarefa! Que situação triste!

31 O ponto em questão é o seguinte: Deus pode ganhar uma igreja que é fiel a seu ministério? Depende se
estamos destinados para ser desqualificados ou se somos os verdadeiros vasos de Deus que cumprirão Seu
objetivo. Irmãos, temos de gritar em alta voz que Deus está vigiando para ver se a igreja é fiel a seu ministério. O
ministério da igreja é a oração - não orações pequenas, mas orações que desbravam o caminho para Deus. Deus
está realizando Sua obra. Mas a igreja deve primeiramente orar e preparar o caminho para que Deus o encontre.
A igreja deve fazer orações grandiosas, sérias e fortes. A oração não pode ser pequenina diante de Deus. Se as
orações forem centralizadas em nós mesmos, nossas dificuldades pessoais e nossas pequenas perdas e ganhos,
será difícil abrir caminho para a vontade eterna de Deus. Muitas coisas deveriam nos levar a escavar. Mas, acima
de tudo, a oração deveria nos levar a escavar mais profundamente.

32 Dois estarem em harmonia não é uma palavra vazia; não é um lema. Se não sabemos o que é o Corpo de
Cristo e não tomamos essa posição, será inútil, mesmo que haja duzentas pessoas orando. Se conhecemos o
Corpo de Cristo e permanecemos na posição adequada desse Corpo para negar a carne, se pedimos coisas não
para nós mesmos mas para que a vontade de Deus seja feita nesta terra, veremos nossa oração em harmonia.
Quando isso ocorrer, Deus no céu irá realizar nossa oração na terra.
33 Perceba quão preciosa é a palavra "tudo" no versículo 18. Há também uma frase preciosa no versículo
19: "A respeito de qualquer coisa". O Senhor diz: "Tudo o que amarrardes na terra, terá sido amarrado no céu, e
tudo o que soltardes na terra, terá sido solto no céu". Isso significa que o céu amarra o quanto a terra amarra, e
solta o quanto a terra solta. A capacidade no céu é controlada pela capacidade na terra. Não deveríamos temer o
fato de a capacidade na terra ser muito grande, porque a capacidade no céu é sempre maior. A capacidade na
terra nunca pode alcançar a capacidade no céu. O céu sempre deseja amarrar mais do que a terra amarra e soltar
mais do que a terra solta. O Senhor diz que tudo o que amarrarmos na terra terá sido amarrado no céu e tudo o
que soltarmos na terra terá sido solto no céu. Esse tipo de amarrar e soltar não é feito por pessoas
individualmente; mas é feito quando "dois dentre vós sobre a terra concordarem a respeito de qualquer coisa".
Tudo o que eles pedirem ser-lhes-á feito pelo Pai que está no céu. Irmãos, o poder de Deus será sempre maior do
que o nosso. A água no reservatório é sempre maior que aquela em nossa torneira. A água na fonte é sempre
mais abundante do que a que está em nosso balde. O poder no céu nunca pode ser medido pela visão de alguém
na terra.

Ser Reunidos

34 No versículo 20 o Senhor diz: "Porque onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, ali estou no
meio deles". Esse é o terceiro princípio, o mais profundo deles. O versículo 18 é um princípio; o versículo 19 é
outro princípio; e o versículo 20 é um terceiro princípio. O princípio no versículo 20 é mais amplo que do
versículo 19. O versículo 19 diz: "Se dois dentre vós sobre terra concordarem a respeito de qualquer coisa que
pedirem, ser-lhes-á feita por Meu Pai que está nos céus". Por quê? "Porque onde estiverem dois ou três reunidos
em Meu nome, ali estou no meio deles". Por que há poder tão grande na terra? Por que a oração em harmonia é
tão poderosa? Por que a oração em harmonia feita por duas ou três pessoas é tão poderosa? Ela é poderosa
porque, sempre que estamos reunidos no nome do Senhor, Ele está ali. Essa é a razão da nossa harmonia. O
versículo 18 descreve o relacionamento entre a terra e o céu. O versículo 19 menciona a oração em harmonia
sobre a terra e o versículo 20 nos fala como podemos ter essa harmonia.

35 Nós fomos reunidos. Não escolhemos nos reunir; mas fomos reunidos. Há uma diferença entre reunir-se
e ser reunido. Ser reunido é ser reunido pelo Senhor. Não o fazemos por nós mesmos; o Senhor é quem nos
reuniu. Muitas pessoas vêm às reuniões para observar um espetáculo; isso certamente não resultará em coisa
alguma. Mas, para outros, o Senhor está falando no seu interior, dizendo-lhes que se não vierem naquele dia, eles
perderão algo. Aqueles a quem o Senhor reuniu dessa maneira estão reunidos no nome do Senhor; eles vêm por
amor ao nome do Senhor. Sempre que esses irmãos e irmãs se reúnem, eles podem dizer: "Estou aqui pelo nome
do Senhor e para glorificar o Filho. Não estou aqui por mim mesmo". Quando todos os irmãos e irmãs estiverem
reunidos por amor ao nome do Senhor, haverá unidade e harmonia. Louvado seja o Senhor. Se você vem para
uma reunião por causa de si próprio, não haverá harmonia. Se você deseja algo, não porque o deseja, mas porque
o Senhor o deseja, e se você rejeita algo, não por sua causa, mas porque o Senhor o rejeita, então haverá
harmonia. Os filhos de Deus são reunidos pelo Senhor no Seu nome. O Senhor diz: "Ali estou no meio deles". O
Senhor os guia no meio deles. Uma vez que o Senhor os está guiando e iluminando, e uma vez que o Senhor está
falando e dando revelação, tudo o que for amarrado na terra é amarrado no céu e tudo o que for solto na terra, é
solto no céu. Isso ocorre porque o Senhor está amarrando e soltando junto com a igreja.

36 Portanto, temos de aprender a negar a nós mesmos diante do Senhor. Toda vez que Ele nos ajunta em
uma reunião, temos de aprender a buscar Sua glória. Nosso coração deve estar voltado para o Seu nome e desejar
que Seu nome seja exaltado acima de todo nome e que todos os ídolos sejam derrubados. Se fizermos assim, Ele
nos guiará. Irmãos, isso não é um sentimento; não é urna teoria. É um fato. Se a igreja for normal, ao final de cada
reunião a igreja saberá se o Senhor esteve no seu meio. Quando o Senhor está no meio da igreja, a igreja é rica e
forte. Nessas ocasiões a igreja pode amarrar e soltar. Se o Senhor não estiver rio seu meio, nada pode ser feito.
Somente a igreja pode ser tão forte; pessoas jamais poderão fazer isso individualmente.

37 Que Deus nos dê entendimento mais profundo e lições de oração mais profundas. Não basta apenas fazer
orações pessoais e orações para edificação espiritual. Deve haver orações que são para o ministério e para a
obra. Que o Senhor nos sustente com poder para que toda vez que nos reunirmos possamos laborar em nossa
oração e cumprir o ministério da igreja com nossa oração. Dessa maneira, o Senhor poderá cumprir o que Ele
deseja.
Capítulo Dois
ORAI ASSIM
1 "E, quando orardes, não sereis como os hipócritas, porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nas
esquinas das ruas, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo: Eles já receberam por completo a sua
recompensa. Tu, porém, quando orares, entra no teu aposento íntimo e, fechada a porta, ora a teu Pai, que está
em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições, como os
gentios, porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles, porque o
vosso Pai sabe o de que tendes necessidade antes que Lho peçais. Portanto, orais vós assim: Pai nosso que estás
nos céus, santificado seja o Teu nome; venha o Teu reino, seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu; o
pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos
nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do maligno. Pois Teu é o reino, o poder e a
glória para sempre. Amém. Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos
perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas
ofensas" (Mt 6:5-15).

2 Normalmente, quando falamos de oração, estamos preocupados com respostas à oração. A ênfase do
Senhor Jesus nesses versículos não está nas respostas à oração, mas na recompensa da oração. Com que base
afirmamos isso? Com base na palavra "recompensa" no versículo 5, que é a mesma palavra "recompensa" por dar
esmolas, do versículo 2, e "recompensa" por jejuar, do versículo 16. Se a recompensa da oração refere-se às
respostas à oração, a que se referem as recompensas ao dar esmolas e jejuar? De acordo com o contexto,
"recompensa" refere-se ao galardão que se recebe no reino. Isso nos mostra que ter nossas orações respondidas
é secundário; o principal é receber a recompensa por nossa oração. Se nossas orações forem de acordo com a
vontade de Deus, elas não apenas serão respondidas, como também serão lembradas e recompensadas no futuro
diante do trono do julgamento. Portanto, a oração mencionada nesses versículos traz não apenas uma resposta
hoje, mas também a justiça. Em outras palavras, nossa oração e nossa justiça.

3 Contudo, a justiça da oração não provém de orações negligentes, indiferentes, rotineiras ou de orações
originadas em motivos impuros. Por um lado, o Senhor nos ensina a não orar da maneira que dois tipos de
pessoas oram. Por outro, Ele nos mostra um modelo de oração. Primeiramente vamos considerar os dois tipos de
oração que não devemos seguir.

NÃO COMO OS HIPÓCRITAS QUE ORAM


PARA SEREM VISTOS PELOS HOMENS
4 "E, quando orardes, não sereis como os hipócritas, porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nas
esquinas das ruas, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo: Eles já receberam por completo a sua
recompensa". O propósito da oração é ter comunhão com Deus e expressar Sua glória. Mas os hipócritas utilizam
as orações, que deveriam ser para a glorificação de Deus, para glorificar a si mesmos. Conseqüentemente, eles
gostam de orar nas sinagogas e nas esquinas das ruas. Eles o fazem para serem vistos pelos outros, porque as
sinagogas e as esquinas são locais públicos, por onde os homens passam o tempo todo. Eles não oram com o fim
de serem ouvidos por Deus, mas de serem ouvidos pelos homens. Eles querem exibir-se. Esse tipo de oração é
muito superficial e não pode ser considerado oração a Deus, tampouco comunhão com Deus. Esses homens não
podem esperar receber algo de Deus, porque o motivo por trás desse tipo de oração é receber glória dos homens,
e porque não há nenhum suprimento reservado diante de Deus. Eles já receberam sua recompensa; receberam o
louvor dos homens. Portanto, no reino futuro, não haverá nada para ser lembrado.

5 Então, que devemos fazer quando oramos? O Senhor disse: "Tu, porém, quando orares, entra no teu
aposento íntimo e, fechada a porta, ora a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará". O aposento íntimo aqui é um símbolo. As sinagogas e as esquinas referem-se, ambas, a lugares
públicos, enquanto o aposento íntimo refere-se a um lugar escondido. Irmãos, vocês podem encontrar o
aposento íntimo nas sinagogas e nas esquinas. Vocês podem encontrar o aposento íntimo na calçada ou dentro
de um carro. O aposento íntimo é onde você tem comunhão com Deus em secreto; é o lugar onde você ora sem
tentar, conscientemente, exibir sua oração. "Entra no teu aposento íntimo e, fechada a porta". Isso significa
fechar o mundo no lado de fora e fechar-se no lado de dentro. Em outras palavras, ignorar todas as vozes
exteriores e orar a Deus calmamente e só.

6 Quando você ora a seu Pai, que está em secreto, seu Pai que vê em secreto o recompensará. Que grande
consolação! Para orar ao Pai que está em secreto, você precisa ter fé. Embora não precise sentir nada
exteriormente, você precisa crer que está orando ao Pai que está em secreto! Ele está em secreto, em um lugar
que os olhos humanos não podem ver contudo, Ele de fato está ali. Ele não despreza sua oração; Ele vê você. Isso
nos mostra quanto Ele se importa com as suas orações. Ele não o vê e depois vai embora; Ele vai recompensá-lo.
Irmãos, vocês acreditam nessa palavra? Se o Senhor disse que os recompensará, significa que Ele os
recompensará. O Senhor garante que sua oração em secreto não será em vão. Se vocês orarem de maneira
adequada, o Pai os recompensará. Mesmo que pareça não haver qualquer recompensa hoje, um dia ela virá.
Irmãos, será que sua oração em secreto passa na prova do Pai ver em secreto? Vocês crêem que o Pai os vê em
secreto e que Ele irá recompensá-los?

NÃO REPETIR PALAVRAS VAZIAS,


COMO FAZEM OS GENTIOS
7 O Senhor nos ensinou não apenas a nos trancar em secreto quando oramos; Ele também nos ensinou a
não usar "vãs repetições, como os gentios, porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos". A
expressão "muito falar" em grego e usada para descrever o som monótono e repetitivo de uma pessoa
balbuciante. Algumas pessoas repetem monotonamente as mesmas palavras em suas orações. Esse tipo de
oração tem apenas som; não tem significado algum. Quando você está próximo a tal pessoa e ouve a sua oração, e
como se você estivesse próximo a um riacho, ouvindo o som monótono e repetitivo da água batendo nas pedras.
É como estar em uma rua de cascalhos e ouvir o som monótono das rodas que passam sobre eles. Elas repetem
continuamente as mesmas palavras. Elas presumem que suas orações serão ouvidas pelo seu muito repetir. Mas
esse tipo de oração é inútil; não é nada eficaz, e não deveríamos orar dessa maneira.

8 Irmãos, suas orações não devem ser apenas som, que nada significa. As orações de muitas pessoas nas
reuniões de oração não têm sentido. Se você não diz amém quando elas oram, elas o condenam por não ser um
com elas. Mas se você diz amém à sua oração, elas repetirão sempre a mesma oração. Elas não oram para
alcançar alguns objetivos, mas para gerar uma certa comoção. Suas orações não têm o propósito de liberar o
encargo, mas de completar o discurso delas. Muitas orações são feitas como resultado da influência do homem, e
muitas palavras proferidas vão além do desejo da pessoa. Orações assim são como o som de um riacho passando
entre pedras, são como o som de rodas passando sobre cascalhos. Esse tipo de oração apenas tem som, e não tem
sentido algum. Não deveríamos ser como os que oram assim.

9 "Não vos assemelheis, pois, a eles, porque o vosso Pai sabe o de que tendes necessidade antes que Lho
peçais". Isso nos mostra que se nossas orações serão ou não respondidas, depende da nossa atitude diante de
Deus. Depende também de nossa necessidade. Se nossas orações serão ou não respondidas, não depende da
multiplicidade de nossas palavras. Se oramos pelo que não necessitamos, não seremos ouvidos, mesmo que
tenhamos muitas palavras. Se pedimos o que não precisamos, isso é ganância e pedir em vão. Deus se alegra em
dar-nos o que necessitamos. Mas Ele não quer satisfazer os desejos do nosso ego. Alguns dizem que, uma vez que
Deus sabe o de que necessitamos, não precisamos pedir-Lhe nada. Isso é tolice. O propósito da nossa oração não
é informar alguma coisa a Deus, mas mostrar-Lhe nossa confiança, nossa fé, nossa dependência e nosso desejo.
Portanto, é correto orarmos. Mas, quando oramos, nosso desejo deve exceder nossas palavras e nossa fé deve
exceder nossas palavras.

"QUANDO ORARDES, DIZEI"

10 Vejamos, agora, a oração que o Senhor ensinou. Essa oração é conhecida por Oração do Senhor, mas isso
não é correto. Essa oração não é a oração do próprio Senhor; é uma oração que o Senhor nos ensinou. Lucas 11
mostra claramente esse assunto (vs. 14). Devemos aprender cuidadosamente com essa oração.

11 O Senhor disse: "Quando orardes, dizei". Com isso, Ele não queria dizer que devemos orar com essas
palavras. Se o quisesse, tudo o que teríamos de fazer seria repetir essas palavras cada vez que orássemos. Não,
não é isso que o Senhor quis dizer. O Senhor quis dizer que devemos orar dessa maneira. Em outras palavras, o
Senhor estava nos ensinando a orar; Ele não nos estava ensinando a imitar Suas palavras, mas a orar dessa
maneira.

12 Desde o começo do mundo, Deus tem escutado as orações do homem. Geração após geração e era após
era, os homens têm orado a Deus. Mas é difícil encontrar alguns cujas orações sejam pertinentes. Muitas pessoas
dão atenção as suas necessidades, deixando de dar atenção às necessidades de Deus. É por isso que o Senhor
abriu Sua boca e nos disse para orarmos dessa maneira. Orar dessa maneira é algo muito significativo, grande e
profundo. Irmãos, se quisermos aprender a orar, temos de aprender a orar dessa maneira. Essa foi a primeira
vez, desde que Deus desceu a terra a fim de tornar-se um homem, que Ele nos disse como orar e como fazer isso
de maneira sucinta.

13 O Senhor nos disse que temos de orar "Pai nosso que estás nos céus" (Mt 6:9). "Pai" é um título, um novo
nome pelo qual podemos nos dirigir a Deus. Antes disso, o homem chamava Deus de "Todo-Poderoso",
"Altíssimo", "Deus vivo" ou “Jeová". Ninguém ousava chamar Deus de "Pai". Essa foi a primeira vez que a palavra
"Pai" foi usada. Isso nos mostra claramente que essa oração é para os que são salvos, aqueles que já têm a vida
eterna.

14 Quando um homem é salvo, ele pode chamar Deus de Pai. Somente os que foram gerados por Deus são
filhos de Deus, e somente eles podem chamar Deus de Pai. Essa oração é dirigida ao "Pai nosso que estás nos
céus". Que doçura e que consolo! Originalmente, somente o nosso Senhor Jesus podia chamar Deus de Pai. Mas
nesses versículos Ele nos instruiu a chamar Deus de Pai. Essa é uma grande revelação. Se Deus não nos tivesse
amado e não tivesse dado Seu Filho unigênito a nós, como poderíamos chamar Deus de Pai? Graças a Deus que
Seu Filho morreu e ressuscitou por nós, para que pudéssemos nos tornar filhos de Deus e receber uma nova
posição. De agora em diante, podemos orar ao nosso Pai que está nos céus. Que intimidade, liberdade e elevação
temos! Que o Espírito do Senhor nos ensine mais e mais a conhecer a Deus como nosso Pai e a crer que o Pai é
amoroso e paciente. Ele não apenas deseja ouvir nossa oração, mas também quer que compartilhemos do gozo
da oração.

15 Essa oração pode ser dividida em três seções. A primeira está relacionada com as coisas de Deus. É uma
oração com três desejos em relação a Deus (vs. 9-10). Esse é o fundamento. A segunda tem a ver conosco; é o
nosso pedido pela proteção de Deus (vs. 11-13a). E a terceira é nossa declaração, nosso louvor a Deus (v.13b).
Consideremos a oração, seção por seção.

TRÊS DESEJOS RELACIONADOS COM DEUS

A primeira seção abrange três desejos relacionados com Deus.

O Primeiro Desejo: "Santificado Seja o Teu Nome"

16 "Santificado seja o Teu nome"! Deus tem uma expectativa de que todos oremos para que Seu nome seja
santificado pelos homens. Seu nome é exaltado entre os anjos. Mas na terra o Seu nome é usado em vão; até
mesmo os ídolos usam o Seu nome. Quando um homem toma o nome de Deus em vão, Deus não mostra Sua ira,
atingindo-o com um raio. Ele se oculta, como se não existisse. Quando um homem toma o nome de Deus em vão,
Ele não faz nada para lidar com esse homem. Contudo, Ele quer que seus filhos orem: "Santificado seja o Teu
nome". Irmãos, se vocês amam a Deus e O conhecem, vocês desejarão que o Seu nome seja santificado. Se alguém
toma o nome de Deus em vão e vocês sentem-se ofendidos, seu desejo será ainda mais forte e vocês orarão com
mais intensidade ainda: "Santificado seja o Teu nome". Um dia o homem santificará esse nome e não mais o
tomará em vão.

17 "Santificado seja o Teu nome"! O nome de Deus não é somente um título que proferimos; é uma grande
revelação que recebemos do Senhor. O nome de Deus é usado na Bíblia para designar Sua revelação de Si mesmo
ao homem; denotando tudo o que sabemos a respeito Dele. O nome de Deus fala da natureza de Deus e revela Sua
plenitude. Não é algo que o homem possa entender com sua alma, mas é algo que o Senhor nos revela (Jo 17:6). O
Senhor disse: "Eu lhes dei a conhecer o Teu nome, e ainda o darei a conhecer, a fim de que o amor com que Me
amaste esteja neles, e Eu neles esteja" (17:26). Isso nos mostra que para conhecermos o nome de Deus,
precisamos que o Senhor nos dê a conhecer freqüentemente.

18 "Santificado seja o Teu nome"! Isso não é apenas o nosso desejo, mas também nossa adoração ao Pai.
Devemos dar glória a Deus. Devemos começar nossas orações com louvor. Antes de termos a esperança de
receber misericórdia da parte Dele, devemos dar-Lhe glória. Devemos permitir-Lhe ganhar o louvor mais pleno
quanto à Sua pessoa e, então, receber graça, da parte Dele. Irmãos, temos de lembrar que o principal e o objetivo
máximo da nossa oração é que Deus ganhe glória.

19 "Santificado seja o Teu nome"! O nome de Deus está ligado à glória de Deus. Ezequiel 36 diz: "Mas tive
compaixão do meu santo nome, que a casa de Israel profanou entre as nações para onde foi" (v. 21). Isso significa
que a casa de Israel não santificara o nome de Deus, por isso Seu nome foi profanado onde quer que eles
tivessem ido entre os gentios. Contudo, Deus teve compaixão do Seu santo nome. Nosso Senhor quer que
tenhamos tal desejo.

20 Em outras palavras, Ele quer glorificar Seu próprio nome por nosso intermédio. O nome de Deus deve
primeiramente ser santificado em nosso coração antes que o nosso desejo se volte para algo mais profundo. É
necessário um trabalho profundo da cruz antes que possamos glorificar o nome de Deus. Caso contrário, nosso
desejo nem mesmo será um desejo, mas apenas uma idéia vazia. Irmãos, se for esse o caso, quanto precisamos
ser tratados e podados!

O Segundo Desejo: "Venha o Teu Reino"

21 Que tipo de reino é esse? Se lermos o contexto em Mateus, veremos que esse reino se refere ao reino dos
céus. O Senhor nos ensina a orar: "Venha o Teu reino". Isso significa que o reino de Deus está no céu e não na
terra. Conseqüentemente, temos de orar a Deus para que Ele expanda a esfera celestial do reino até a terra. Na
Bíblia, o reino de Deus é histórico e também geográfico. A história relaciona-se com o tempo, e a geografia com o
espaço. Segundo a Bíblia, o reino de Deus é uma questão mais geográfica do que histórica. O Senhor disse: "Se,
porém, Eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, então é chegado o reino de Deus sobre vós" (Mt 12:28).
Isso está relacionado com a história? Não. Antes, é algo relacionado com a geografia. O reino de Deus está onde
quer que o Senhor expulse demônios. Portanto, nesse período, o reino de Deus é mais uma questão geográfica do
que histórica. Irmãos, se vocês tiverem um conceito histórico do reino, terão visto apenas um lado da verdade, e
não todos os lados. No Antigo Testamento só se encontra profecias sobre o reino dos céus. Quando o Senhor
Jesus veio, tivemos a declaração de João Batista, que proclamou que o reino dos céus estava próximo (Mt 3:1-2).
Então, o próprio Senhor Jesus disse que o reino dos céus estava próximo (4:17). Eles disseram isso porque
naquela época havia pessoas que já eram do reino dos céus. Em Mateus 13, temos a aparência do reino dos céus
na terra. O reino de Deus hoje está onde quer que os filhos de Deus expulsem, pelo Espírito de Deus, os demônios
e suas obras. Ao pedir que oremos por Seu reino vindouro, o Senhor está antevendo o futuro, quando o reino de
Deus encherá toda a terra.

22 "Venha o Teu reino"! Não se trata apenas de um desejo da igreja, mas também de uma responsabilidade
da igreja. A igreja deve introduzir o reino de Deus. Para introduzi-lo, a igreja tem de pagar o preço de estar
restringida pelo céu e sob o governo do céu. Ela tem de ser a porta de saída do céu e tem de permitir que a
autoridade do céu seja expressa sobre a terra. Para introduzir o reino de Deus, a igreja tem de conhecer todos os
ardis de Satanás (2 Co 2:11). Ela tem de revestir-se de toda a armadura de Deus e estar firme contra os
estratagemas do diabo (Ef 6:11), pois onde está o reino de Deus o diabo é lançado fora. Quando o reino de Deus
governar plenamente nesta terra, Satanás será lançado no abismo (Ap 20:1-3). Uma vez que a igreja tem essa
enorme responsabilidade, Satanás fará tudo o que puder para atacar a igreja. Que a igreja ore como os santos de
antigamente: "Abaixa, SENHOR, os teus céus e desce" (Sl 144:5). "Oh! Se fendesses os céus e descesses!" (Is 64:1).
Ao mesmo tempo, devemos dizer a Satanás: "Aparta-te da terra imediatamente e vai para o fogo eterno que Deus
preparou para ti!" (cf. Mt 25:41).

O Terceiro Desejo: "Seja Feita a Tua Vontade, Assim na Terra Como no Céu"

23 A oração aqui é: "Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu". Isso mostra que a vontade de
Deus é feita no céu, mas não é plenamente feita na terra. Deus é Deus; quem pode impedir que Sua vontade seja
feita? O homem pode parar Deus? O Maligno pode parar Deus? Ninguém pode parar Deus. Por que, então, temos
de orar? Para responder a essa pergunta, temos de mencionar algo sobre o princípio da oração.

Em toda a Bíblia, há alguns princípios básicos sobre a verdade. O princípio da oração é um deles. Irmãos,
temos de perceber que é maravilhoso que tal coisa como a oração possa existir na Bíblia. Deus de fato já conhece
nossa necessidade. Por que, então, temos de orar? Aos olhos do homem, uma vez que Deus é onisciente, não é
necessário que o homem ore. Contudo, de acordo com a Bíblia, Deus precisa da oração do homem. A oração
significa que Deus deseja fazer algo, mas não o fará por Si mesmo; antes de fazê-lo, Ele esperará que o homem na
terra ore por isso. Deus tem Sua vontade e pensamentos. Contudo, Ele está esperando que o homem ore. Deus
conhece nossas necessidades; contudo, tem de esperar que o homem ore, antes que Ele faça algo. Ele não se
move por Si mesmo; mas somente depois que o homem tiver orado. A razão de precisarmos orar é que Deus não
fará nada por Si mesmo; Ele precisa esperar que o homem ore antes que Ele trabalhe. O Senhor Jesus tinha de
nascer. Mas foi necessário que um Simeão e uma Ana orassem por isso (Lc 2:25, 36-38). O Espírito Santo tinha de
descer, mas ele não pode descer até que os cento e vinte tivessem orado por dez dias (At 1:15; 2:1-2). Esse é o
princípio da oração. Será que podemos pedir a Deus, por meio da oração, que não faça o que Ele deseja? Não, não
podemos. Contudo, Deus tem de esperar que oremos antes que Ele possa fazer o que deseja. No tempo de Acabe,
a palavra do Senhor veio claramente a Elias: "Darei chuva sobre a terra". Mas Elias teve de orar antes que Deus
enviasse a chuva sobre a terra (lRs 18:1,41-45). Deus não levará a cabo Sua vontade sozinho. Ele tem de esperar
que oremos antes. Que é a oração? É, primeiramente, Deus ter uma vontade; em segundo lugar, que nós
toquemos nessa vontade e oremos por ela; e, em terceiro lugar, que Deus responda à nossa oração.

24 Muitas pessoas têm o conceito errôneo de que a razão de o homem orar a Deus é iniciar algo e pedir a
Deus que faça algo. Mas a Bíblia nos mostra que primeiramente Deus tem uma vontade e deseja fazer algo; a
seguir, Ele nos mostra Sua vontade e, então nós falamos com a boca a vontade que viemos a entender. Isso é
oração. O Senhor nos ensinou a orar. O próprio Deus deseja que Seu nome seja santificado, que Seu reino venha e
que Sua vontade seja feita, assim na terra como no céu. Contudo, Ele não fará essas coisas sozinho. Ele está
esperando que a igreja ore. Se você orar, eu orar e todos os filhos de Deus orarem, e se as orações forem
suficientes, o nome Dele será santificado, o Seu reino virá e a Sua vontade será feita, assim na terra como no céu.
Os filhos de Deus devem aprender a fazer esse tipo de oração. Precisamos lembrar-nos sempre do que Deus
deseja e do que Ele quer fazer. Embora Deus tenha determinado fazer algo, Ele não o fará; Ele tem de esperar que
Seus filhos sejam motivados e desejem expressar Sua vontade por meio de suas orações antes que Ele as
responda. Embora o cumprimento máximo de Seu nome ser santificado, o Seu reino vir e Sua vontade ser feita
assim na terra como no céu vá ocorrer somente no milênio, o momento de isso acontecer, isto é, se ocorrerá mais
cedo ou mais tarde, depende da oração de Seus filhos. O princípio básico é que Deus não fará nada apenas
segundo Seu propósito; Ele esperará que Seus filhos orem sobre a terra antes que faça algo.

25 Alguns assuntos podem ser considerados secundários na vontade de Deus. Mas Deus tem uma grande
vontade, e os assuntos secundários de Sua vontade estão incluídos nessa grande vontade. Quando prestamos
atenção à grande vontade de Deus, todos os assuntos secundários serão resolvidos. Deus tem uma vontade no
céu e Seu Espírito a transmite a nós. Portanto, podemos ecoar, clamando: "Deus, pedimos-Te que realizes isso".
Quando isso acontecer, Deus realizará Sua vontade. Esse é o princípio da oração revelado na Bíblia. O mover de
Deus hoje é afetado por nossa oração sobre a terra. Temos de pedir a Deus que abra nossos olhos de tal maneira
que possamos ver que o mover no céu é afetado pela nossa oração sobre a terra. Nosso Senhor revelou-nos esse
mistério que estivera escondido dos séculos. Irmãos, se estivermos dispostos a fazer um sacrifício e a separar um
tempo para orar, iremos ver que esse tipo de oração não apenas recebe resposta de Deus, mas também recebe
uma recompensa.

26 A vontade de Deus é como um rio, e nossa oração é como o leito do rio. Se nossa oração for grande, o
cumprimento da nossa oração também será grande. Se nossa oração for limitada, seu cumprimento também será
limitado. O reavivamento no país de Gales, em 1903-1904, foi o maior reavivamento da história da igreja. Deus
introduziu um grande reavivamento por meio de um mineiro de carvão, Evan Roberts. Ele não tinha muita
cultura. Mas suas orações eram profundas. Mais tarde ele não se envolveu com qualquer trabalho público
durante sete ou oito anos. Ao encontrá-lo, um irmão perguntou: "O que você tem feito todos estes anos?" Ele
respondeu com uma breve sentença: "Tenho orado a oração do reino". Irmãos, se não houver oração, o reino não
virá. Se os canais estiverem bloqueados, a água não poderá fluir. Ao nos ensinar a orar, o Senhor revelou a mente
de Deus e Sua exigência para nós. Sempre que os filhos de Deus colocam sua vontade em harmonia com a
vontade de Deus, o nome de Deus é santificado, Seu reino certamente vem e Sua vontade sem dúvida é feita na
terra assim como no céu.

TRÊS COISAS PARA ORAR EM NOSSO FAVOR


A segunda seção é sobre as três coisas que oramos em nosso favor.
A Primeira Coisa: "O Pão Nosso de Cada Dia Dá-nos Hoje"

27 Quando algumas pessoas lêem isso, elas não entendem porque o Senhor, de repente, volta-se do nome de
Deus, de Seu reino e Sua vontade para o pão nosso de cada dia. Não é um grande passo para trás voltar-se de uma
oração tão elevada para assuntos tão superficiais? Irmãos, há uma razão para isso. Quando um verdadeiro
homem de Deus ora continuamente pelo Seu nome, reino e vontade, o Senhor cuida desse homem. Se a oração é
importante, aquele que ora certamente despertará o ataque de Satanás. Portanto, nosso pão é algo pelo que
devemos orar. O pão é uma necessidade imediata do homem. E também é uma grande tentação. Quando o
homem cai numa situação onde o pão de cada dia torna-se um problema, ele está em uma grande provação. Por
um lado, oramos para que o nome de Deus seja santificado, Seu reino venha e Sua vontade seja feita aqui na
terra. Por outro, como seres humanos, ainda vivemos na terra; ainda precisamos do nosso pão de cada dia.
Satanás sabe disso. Conseqüentemente, são necessárias orações por proteção. Essa é a oração de um cristão
sobre sua própria necessidade; ele tem de pedir proteção ao Senhor. Caso contrário, ele pode, por um lado, ter
uma oração elevada e, por outro, estar sendo atacado. Satanás pode atacar. Quando nos falta o pão, somos
atacados, e nossa oração será afetada. Temos de ver a necessidade dessa oração. Ainda somos seres humanos
sobre a terra, e o nosso corpo necessita o pão. Portanto, temos de pedir a Deus que nos dê o pão nosso de cada
dia.

28 Essa oração também nos mostra que temos de buscar a Deus e orar diariamente a Ele. O Senhor nos
ensina a orar: "O pão nosso de cada dia dá-nos hoje". Não oramos cada semana, mas cada dia. Não temos apoio
algum sobre a terra e tampouco economia alguma. Até certo ponto, não podemos orar pelo pão semanal ou
mensal; temos de orar pelo pão de hoje. Quanta confiança em Deus é necessária aqui! O Senhor não ignora nossas
necessidades diárias; Ele não nos diz para esquecer de orar por essas necessidades. Antes, Ele nos diz para orar
diariamente. De fato, o Pai já sabe o que necessitamos. O Senhor quer que peçamos a Deus o nosso pão de cada
dia porque Ele quer que aprendamos a buscar o Pai diariamente; Ele quer que exercitemos nossa fé diariamente.
Nós freqüente-mente levamos nossas preocupações muito para o futuro, e levamos nossas orações muito para o
futuro. Irmãos, se tivermos um forte desejo de ser pelo Seu nome, reino e vontade, passaremos por grandes
dificuldades. Mas se Deus nos der nosso pão de cada dia, não teremos de orar pelo pão de amanhã, até que
chegue o amanhã. Irmãos, não se preocupem com o amanhã; basta a cada dia o seu próprio mal (Mt 6:31-34).

A Segunda Coisa: "Perdoa-nos as Nossas Dívidas,


Assim Como Nós Também Temos Perdoado aos Nossos Devedores"

29 Por um lado, há a exigência de nossas necessidades materiais. Por outro, há a exigência de uma boa
consciência. Diariamente nós cometemos ofensas contra Deus. Em muitas coisas, pode ser que não tenhamos
pecado, mas ficamos devedores. Deixar de fazer o que deveríamos é ficar devedores. Não é fácil manter uma boa
consciência diante de Deus. Toda noite, quando vamos para a cama, damo-nos conta de que cometemos muitas
ofensas contra Deus. Pode ser que não sejam pecados, mas ainda são dívidas. Temos de pedir a Deus que nos
perdoe e perdoe nossas dívidas para que possamos ter uma boa consciência. Isso é muito importante. Ter nossas
dívidas perdoadas é como ser perdoado de nossos pecados; precisamos disso para que possamos ter uma boa
consciência diante de Deus com ousadia. Muitos irmãos e irmãs têm a experiência de que, assim que sua
consciência tem um furo, sua fé se esvai. Não devemos ter nenhum vazamento em nossa consciência. Quanto à fé
e à boa consciência, Paulo disse que "alguns, tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé" (ITm
1:19). A consciência é como um barco; ela não pode ter furo algum. Uma vez que a consciência tem um furo, a fé
vaza. A consciência não pode ter dívidas; ela não pode acumular ofensas. Uma vez que ela tenha qualquer ofensa,
ela terá um furo, e a primeira coisa que irá vazar é a nossa fé. Se a consciência tiver um furo, não se pode crer,
mesmo que se tente. Uma vez que a condenação se levanta na consciência, a fé se esvai. Portanto, irmãos, para
manter uma boa consciência, temos de pedir a Deus que perdoe nossas dívidas. Essa é uma questão crucial. Esse
perdão de nossa dívida nada tem a ver com recebermos a vida eterna. Mas tem a ver com nossa comunhão e com
a disciplina de Deus.

30 Temos de pedir a Deus que perdoe nossas dívidas assim como temos perdoado aos nossos devedores. Se
uma pessoa é má para com os outros irmãos e irmãs, e não se esquece das ofensas deles contra si próprio, ela não
pode pedir a Deus que perdoe suas dívidas. Uma pessoa medíocre, que sempre presta atenção a como os outros a
ofenderam, magoaram ou maltrataram, não pode fazer tal oração diante de Deus. O homem deve ter um coração
que perdoa para poder pedir ao Pai: "Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nos também temos perdoado aos
nossos devedores". Não podemos considerar nosso devedor responsável, enquanto pedimos a Deus que perdoe
nossas dívidas. Se não tivermos perdoado nossos devedores, como podemos abrir a boca para pedir a Deus que
perdoe nossas dívidas? Irmãos, assim como nossas ofensas diante de Deus devem ser perdoadas, também
devemos perdoar as ofensas dos outros contra nós. Primeiro devemos perdoar as dívidas dos outros para que
possamos orar ousadamente ao Pai: "Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos
nossos devedores".

31 Aqui, temos de prestar atenção a uma coisa: a Bíblia nos fala não apenas de nosso relacionamento com o
Pai, mas também de nosso relacionamento uns com os outros, como irmãos e irmãs. Se um irmão se lembra
apenas de seu relacionamento com Deus e se esquece de seu relacionamento com os demais irmãos e irmãs,
pensando que não há nada de errado entre ele e Deus, ele está enganando a si mesmo. Irmãos, nunca
negligenciem seu relacionamento com os demais irmãos. Se há uma barreira entre você e outro irmão ou irmã,
você imediatamente perde a bênção de Deus. Se há algo que você deveria fazer a um irmão ou irmã, ou se há algo
que deveria dizer a eles e ainda não o fez, você pode não ter pecado, mas contraiu uma dívida. Não pense que
tudo está bem somente porque você não pecou. Você também precisa estar livre de dívidas. Ao mesmo tempo, se
um irmão ou irmã lhe deve algo e você não esquece o assunto, você não está perdoando as dívidas deles. Isso
também impedirá que você seja perdoado por Deus. Deus tratará você da mesma maneira que você trata os
irmãos e irmãs. Se você não se esquece das dívidas deles e continua contabilizando e reclamando, você está
sendo totalmente enganado se acredita que Deus perdoou suas dívidas. O Senhor nos ensina claramente a orar:
"Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos nossos devedores". Temos de
prestar atenção às palavras "como nós também temos perdoado". Se não houvesse a palavra "temos perdoado",
seria impossível usar as palavras "assim como". Se não perdoamos aos nossos devedores, nossas dívidas serão
lembradas diante de Deus. Se tivermos removido as dívidas do nosso coração e não houver mais nada ali,
podemos ir com ousadia diante de Deus e dizer: "Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também
perdoamos aos nossos devedores". Deus terá de perdoar-nos. Irmãos, devemos perdoar cabalmente os nossos
devedores. Caso contrário, isso afetará o sermos perdoados por Deus.

A Terceira Coisa: "Não nos Deixes Cair em Tentação, mas Livra-nos do Maligno"

32 A primeira parte fala das nossas necessidades materiais. A segunda fala do nosso relacionamento com os
irmãos e irmãs. Esta parte fala do nosso relacionamento com Satanás. "Não nos deixes cair em tentação" é uma
petição negativa. "Mas livra-nos do maligno" é a petição positiva. Por um lado, quando vivemos na terra para
Deus e temos um forte desejo de ser para o Seu nome, Seu reino e Sua vontade, temos necessidades materiais;
temos de pedir pelo nosso pão de cada dia. Por outro lado, nossa consciência precisa estar limpa e vazia, sem
ofensas diante de Deus; precisamos que Deus perdoe nossas dívidas. Mas há outra coisa. Também precisamos de
paz; precisamos pedir a Deus que nos livre das mãos de Satanás. Irmãos, quanto mais tomamos o caminho do
reino dos céus, maiores serão as tentações. Que devemos fazer, então? Podemos orar e pedir a Deus que não nos
deixe "cair em tentação". Irmãos, não podemos confiar tanto em nós mesmos, que venceremos qualquer
tentação. Uma vez que o Senhor nos disse para orar, devemos orar para que Deus não nos deixe cair em tentação.
Não sabemos quando virá a tentação. Mas podemos orar antecipadamente para que não caiamos em tentação.
Essa oração é para nossa proteção. Não estamos diariamente esperando que a tentação venha. Antes, estamos
orando diariamente para que ela não venha. Devemos pedir que somente nos defrontemos com aquilo que o
Senhor permitir que nos sobrevenha e que não nos deparemos com coisa alguma que o Senhor não permitir que
nos sobrevenha. Se não orarmos dessa maneira, não seremos capazes de suportar a tentação nem por um
instante; não seremos capazes de realizar coisa alguma. Devemos pedir ao Senhor que não nos deixe cair em
tentação alguma, não permitindo que defrontemos com nada com o que não devamos defrontar, nem passar por
nada pelo que não devemos passar. Essa é uma oração protetora. Irmãos, temos de orar para que Deus nos
proteja, de maneira que nosso pão de cada dia seja suprido, nossa consciência seja limpa e não defrontemos com
a tentação. Em tudo, temos de pedir ao Senhor que não nos deixe cair em tentação. Devemos orar para não
encontrar nada que não tenha sido permitido pelo Senhor. Diariamente, temos de pedir a Deus que nos livre da
tentação.

33 Não apenas temos de pedir a Deus que não nos deixe cair em tentação, mas também temos de pedir-Lhe
que nos livre do maligno. Essa oração é positiva. Onde quer que Satanás ponha sua mão, temos de pedir ao
Senhor que nos livre do maligno. Nas questões do nosso pão de cada dia, da condenação em nossa consciência e
em qualquer tentação, temos de pedir ao Senhor que nos livre do maligno. Em outras palavras, oramos para não
cair nas mãos do maligno em coisa alguma. Ao ler Mateus 8 e 9, vemos que as mãos de Satanás estão além do que
esperamos ou sabemos. Elas estão por trás de uma febre que repentinamente sobrevenha a uma pessoa (8:14), e
de uma tempestade que se levante no mar, repentinamente (8:24). Elas fazem com que os demônios unam-se aos
homens e afoguem os porcos (8:28-32). Elas operam no coração do homem e fazem com que ele rejeite e se
oponha ao Senhor sem motivo algum (9:3,11). Em suma, Satanás está solto para causar danos ao homem e
infligir-lhe sofrimentos. Portanto, temos de orar para que sejamos livres do maligno.

34 Esses três desejos para com Deus são orações básicas, e os três pedidos por nós são orações protetoras.
Pedimos ao Senhor nosso pão de cada dia, não apenas porque queremos comer. Pedimos que nossa consciência
seja livre de ofensas, não apenas porque queremos ter uma boa consciência. Pedimos ao Senhor que não nos
deixe cair em tentação não apenas porque queremos ser libertados do mal causado pelo maligno. Oramos por
todas essas coisas para que vivamos mais sobre a terra a fim de realizar a obra da oração para que o nome do Pai
seja santificado, Seu reino venha e Sua vontade seja feita, assim na terra como no céu.

TRÊS COISAS PELAS QUAIS DEVEMOS LOUVAR

35 Por fim, o Senhor nos ensinou a louvar por três coisas: "Pois Teu é o reino, o poder e a glória para
sempre. Amém". Esse louvor nos diz que o reino, o poder e a glória pertencem ao Pai. Essas três coisas que
louvamos estão relacionadas com estarmos livres do maligno. Elas também estão relacionadas com toda a oração
que o Senhor ensinou. Oramos para que o Senhor nos livre do maligno porque o reino é do Pai e não de Satanás,
porque o poder é do Pai e não de Satanás, e porque a glória é do Pai e não de Satanás. Esse é o ponto principal:
uma vez que o reino, o poder e a glória pertencem ao Pai, não devemos cair nas mãos de Satanás. Essa é a
verdadeira razão que está por trás de não cairmos nas mãos de Satanás. Se cairmos nas mãos de Satanás, como
poderemos glorificar ao Pai? Se o Pai deve ter poder sobre nós, Satanás não pode ter poder sobre nós. Como o
reino dos céus pertence ao Pai, não podemos nem devemos cair nas mãos de Satanás.

36 Quanto à autoridade, devemos nos lembrar da palavra do Senhor. Ele disse: "Eis que vos dei autoridade
para pisar serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo, e nada absolutamente vos causará dano" (Lc
10: 19). Esse versículo diz que a autoridade que Ele dá nos capacita a vencer o poder do inimigo. Com autoridade
há poder. O Senhor quer que saibamos que, com o reino há autoridade e, atrás da autoridade, o poder para
governar. O reino é de Deus e não de Satanás. A autoridade pertence a Deus e não a Satanás. Conseqüentemente,
o poder pertence a Deus e não a Satanás. É claro que a glória também pertence a Deus e não a Satanás. Uma vez
que o reino, o poder e a glória pertencem a Deus, os que pertencem a Deus devem vencer toda tentação e ser
libertados da mão de Satanás.

No Novo Testamento, o nome do Senhor denota autoridade, enquanto o Espírito Santo denota poder. Toda a
autoridade está no nome do Senhor, enquanto todo o poder está no Espírito Santo. O Espírito Santo é o poder de
Deus. O reino significa o governo do céu e a autoridade de Deus, ao passo que o poder indica que todo o poder
está no Espírito Santo. Quando Deus se move, o Espírito Santo torna-se Seu poder. Como o reino pertence a Deus,
Satanás não tem onde exercer seu reinado. Como o poder pertence ao Espírito Santo, Satanás não tem como
tocar o Espírito Santo. Mateus 12:28 nos diz que sempre que os demônios tocaram o Espírito Santo, eles foram
expelidos. Por fim, a glória também pertence a Deus. Portanto, podemos declarar em alta voz e com louvores:
"Pois Teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém".

37 O Senhor nos ensinou a orar dessa maneira. Isso não significa que devemos recitar essa oração como
uma cerimônia ritualística, mas devemos orar segundo esse modelo. Todas as orações deveriam ser segundo
esse modelo. Com respeito a Deus, desejamos que Seu nome seja santificado, que Seu reino venha e que Sua
vontade seja feita, assim na terra como no céu. Com respeito a nós mesmos, pedimos a Deus que nos proteja.
Quanto ao nosso louvor, este está baseado no fato de que o reino, o poder e a glória são Dele. Como o reino, o
poder e a glória são Dele, Seu nome deve ser santificado, Seu reino deve vir e Sua vontade deve ser feita na terra,
assim como ela é feita no céu. Como o reino, o poder e a glória são Dele, oramos a Ele pelo nosso pão de cada dia,
por nossas dívidas, nossa tentação e o maligno. Toda oração deveria tomar essa oração como modelo. Alguns
disseram que essa oração não é para os cristãos, porque ela não termina com as palavras "em nome do Senhor".
Isso é tolice. A oração que o Senhor ensina não é uma fórmula mágica que recitamos. Que oração no Novo
Testamento termina com "em nome do Senhor"? Quando os discípulos estavam no barco, e gritaram: "Senhor,
salva-nos! Estamos perecendo!" (Mt 8:25), eles terminaram com “em nome do Senhor”? O Senhor não nos
ensinou a dizer essas palavras. Ele nos ensinou a orar segundo esse princípio. Ele nos ensinou a orar. Ele não nos
disse para orar com essas palavras.
A IMPORTÂNCIA DE PERDOAR AS OFENSAS DOS OUTROS

38 Depois que o Senhor terminou Seu ensino sobre a oração, Ele prosseguiu dizendo: "Porque se
perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos
homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas". Essa é a interpretação do Senhor
do versículo 12, que diz: "Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos nossos
devedores". É fácil os cristãos falharem na questão de perdoar os outros. Se existir algum rancor entre os filhos
de Deus, todas as lições, fé e poder irão vazar. Por isso o Senhor é tão forte e claro. Essa palavra é simples, mas os
filhos de Deus precisam dela. "Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos
perdoará". É tão simples recebermos o perdão do Pai. "Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas,
tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas". Não existe o perdão indiferente. Essa palavra é simples,
mas o fato não é tão simples. Se perdoarmos aos outros com a nossa boca mas não com o coração, isso não é
considerado perdão aos olhos do Pai. Perdão somente de boca é vão e enganoso e não é levado em conta diante
do Pai. Devemos perdoar de coração as ofensas dos outros.

39 Assim como os discípulos precisavam dessa palavra do Senhor, nós também precisamos. Se os cristãos
forem irreconciliáveis e não perdoarem os outros de coração, a igreja terá problemas. Se não tivermos intenção
de nos comportar como a igreja e se cada um de nós quiser tomar seu próprio caminho assim que discordarmos
de uma simples palavra, não precisaremos perdoar uns aos outros. Mas o Senhor sabe quão crucial é esse
assunto para nós. Portanto, Ele o reiterou no final da oração. O Senhor sabe que quanto mais nos comunicamos e
temos comunhão uns com os outros, mais necessitamos perdoar-nos mutuamente. Ele sabe quão importante é
essa questão. Portanto, Ele tinha de voltar nossa atenção a ela. Se não perdoarmos uns aos outros, será fácil dar
lugar ao diabo. Se não conseguimos perdoar uns aos outros, não somos o povo do reino, e não podemos fazer a
obra do reino. Nenhuma pessoa rancorosa pode estar na obra do reino, e ninguém que é rancoroso pode ser uma
pessoa no reino. Sempre que desenvolvemos um problema com os irmãos e irmãs, desenvolvemos um problema
com o Senhor. Não podemos, por um lado, orar ao Senhor e, por outro, permanecer rancorosos. Irmãos, isso não
é algo insignificante. Devemos dar atenção ao que o Senhor dá atenção. Devemos perdoar as ofensas uns dos
outros.

40 Por fim, devemos notar quanto o Senhor se importa com a questão da oração. Há apenas quatro
versículos que falam de dar esmolas. Sobre jejuar, há apenas três versículos. Mas sobre a oração, Ele fala de
maneira enfática, porque a oração tem a ver com Deus. A oração é a obra mais importante de um cristão. O
Senhor nos mostra que há uma recompensa para a oração porque a oração é algo muito grande; é um assunto
grandioso. Os que forem fiéis a essa obra de oração receberão uma recompensa. Os que continuarem com essa
obra em secreto e atentarem para ela não ficarão sem recompensa. Que Deus levante pessoas que orem pela obra
de Deus.

41 Além disso, a oração que o Senhor ensinou sempre menciona "nos" e "nós". Essa é a maneira de a igreja
falar. Essa é uma oração cheia do sentimento do Corpo. É uma oração tremenda. Não sei quantos santos há na
terra que possam fazer essa oração. Irmãos, que nos consagremos novamente para essa grande oração! Um
número incontável de santos, através dos séculos, tem se tornado parte dessa grande oração. Que o Senhor seja
misericordioso para conosco para que também nós tenhamos parte nessa grande oração.

Capítulo Três
NO NOME DO SENHOR JESUS COMPROMISSO DE DEUS
Leitura Bíblica: Fp 2:9-11; Ef 1:21; Jo 14:13-14; 15:16; 16:23-24,26a; Mc 16:77, Lc 10:17-19; 24-47; At 3:6;
4:7,10,12; 10:43; 16:78; 19:5, I Co 6:11

1 Temos de ter especial clareza diante de Deus em relação a uma coisa: o nome do Senhor Jesus. Ninguém
na terra pode ser salvo sem o nome do Senhor Jesus, e ninguém pode ser útil nas mãos de Deus se não conhecer o
nome do Senhor Jesus. Devemos conhecer o significado do nome do Senhor Jesus. É uma pena que o nome do
Senhor tenha se tornado tão comum nas conversas do homem! Muitas vezes, a frase em nome do Senhor Jesus
tem se tornado algo sem sentido! O homem ouve e lê essa expressão tão freqüentemente que nem sabe o
significado de estar no nome de Jesus Cristo. Temos de pedir a Deus que nos ajude a voltar ao início da
compreensão do significado do nome familiar do Senhor Jesus.

2 O nome do Senhor Jesus é algo especial. É algo que o Senhor não tinha enquanto estava na terra. Mateus
1 diz-nos que, quando o Senhor Jesus estava na terra, Seu nome era Jesus. Mas Filipenses 2 diz que ele se tornou
obediente até a morte, e morte de cruz, e que, portanto, Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de
todo nome. Que nome é esse? Filipenses 2:10-11 diz: "Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus,
na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai". Esse nome
é "o nome de Jesus". Ele não recebeu esse nome enquanto estava na terra, mas recebeu-o depois que ascendeu ao
céu. Ele já era chamado de Jesus quando estava na terra. Por meio de Sua obediência até a morte na cruz, Deus O
exaltou. Em Sua exaltação, o nome que está acima de todo nome lhe foi conferido. O nome que está acima de todo
nome é "o nome de Jesus".

3 Não apenas Paulo recebeu a revelação de tal mudança no nome do Senhor, mas também o próprio
Senhor Jesus falou de uma grande mudança em Seu próprio nome, no Evangelho de João. Ele disse: "Até agora
nada tendes pedido em Meu nome; pedi, e recebereis, para que a vossa alegria seja completa. (...) Naquele dia
pedireis em Meu nome" (Jo 16:24, 26a). "Naquele dia" pediremos em Seu nome. No dia que o Senhor falou essa
palavra, Ele ainda não havia recebido o nome que está acima de todo nome. Somente depois daquele dia é que
poderíamos pedir ao Pai em nome Dele.

4 Que o Senhor abra nossos olhos para que vejamos a grande mudança no Seu nome depois de Sua
ascensão. Essa mudança é insondável para nossa mente. Esse nome é o nome dado por Deus, e é um nome que
está acima de todo nome.

5 Que significa esse nome? Significa autoridade e poder. Por que esse nome significa autoridade e poder?
Filipenses 2:10-11 diz: "Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e
toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai". Isso é autoridade. Todo joelho tem de se
dobrar diante do nome de Jesus, e todos têm de chamar Jesus de Senhor por causa do Seu nome. Portanto, o
nome de Jesus representa o fato de que Deus Lhe deu a autoridade e poder todo-transcendentes.

6 Em Lucas 10:17 os discípulos disseram ao Senhor: "Senhor, até os demônios se nos submetem em Teu
nome". Era uma grande coisa os discípulos expulsarem demônios em nome do Senhor. Pode ser que os demônios
não temam muitos nomes sobre a terra, mas quando os discípulos faziam algo em nome do Senhor Jesus, os
demônios sujeitavam-se a eles. Mais tarde, o Senhor explicou por que Seu nome fazia que os demônios se
sujeitassem a eles. Ele disse: "Eis que vos dei autoridade para pisar serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder
do inimigo" (v.19). Portanto, o nome equivale à autoridade. Onde há o nome, há autoridade.

7 Isso não é tudo. Até mesmo os principais dos judeus sabiam isso. Depois que Pedro levantou o homem
coxo, os principais dos judeus chamaram os apóstolos diante deles, no dia seguinte, e perguntaram: "Com que
poder ou em nome de quem fizestes isto?" (At 4:7). Em outras palavras, que autoridade eles tinham para dizer ao
homem que se levantasse e andasse? Eles sabiam que em todo nome havia autoridade. Portanto, o nome de Jesus
significa toda a autoridade que Deus Lhe deu. Não estamos dizendo que o nome em si é a autoridade; mas que o
efeito do nome é autoridade.

8 No Novo Testamento, não apenas vemos o nome de Jesus; também vemos uma expressão muito
particular: "Em nome de Jesus". Irmãos, temos visto isso? Não é apenas uma questão do nome de Jesus Cristo,
mas uma questão de estar no nome de Jesus Cristo. Se lermos cuidadosamente a Palavra de Deus e se buscarmos
a vereda espiritual, podemos freqüentemente dizer que fazemos as coisas no nome do Senhor Jesus ou que
fazemos coisas em nome de Jesus Cristo, mas na verdade não sabemos o que é estar nesse nome. Se não sabemos
como fazer as coisas em nome do Senhor Jesus, não podemos sequer ser um cristão. Portanto, temos de ver o
significado de estar no nome do Senhor Jesus.

9 A primeira vez que o Senhor Jesus mencionou estar em Seu nome foi em João 14-16. Depois que o
Senhor lavou os pés dos discípulos, Ele falou com eles. O Senhor disse distintamente, nesses três capítulos, o que
podemos fazer quando fazemos as coisas em Seu nome. Ele disse: "E o que pedirdes em Meu nome isso farei. (...)
Se Me pedirdes alguma coisa em Meu nome, Eu o farei" (14:13-14). Do capítulo catorze ao dezesseis, Ele falou
repetidamente aos discípulos que pedissem "em Meu nome". Isso nos mostra não apenas que um dia
receberemos o nome que está acima de todo nome, mas que os discípulos também podiam usar esse nome. É um
nome que você e eu também podemos usar É o nome que Deus deu a Seu Filho Jesus, que, por sua vez, foi
colocado em nossas mãos. Você, eu e todos os demais podemos agora usar esse nome. Conseqüentemente, a
Bíblia menciona não apenas que o Senhor Jesus recebeu um nome que está acima de todo nome, mas menciona
também a experiência de estar no nome de Jesus Cristo. Não apenas há o Seu nome, mas há também tal coisa
como estar em Seu nome. O nome de Jesus Cristo é o nome que Ele recebeu diante de Deus, e estar no nome de
Jesus Cristo é os filhos de Deus participarem do Seu nome. Irmãos, temos de perceber que essa é a coisa mais
grandiosa confiada a nós da parte de Deus e do Senhor Jesus.

10 Por que afirmamos que Deus nos confiou o nome de Jesus? Qual o significado de confiou? Deus nos
comissiona para pregar o evangelho; Ele nos comissiona para fazer determinada obra, e nos comissiona para ir a
determinado lugar e falar por Ele. Tudo isso são coisas que Deus nos comissionou para fazer. Mas o significado
de estar no nome do Senhor Jesus não se refere a esse tipo de comissão. Estar no nome do Senhor Jesus significa
que Deus confiou Seu Filho a nós. Deus não nos está confiando fazer uma obra; Ele confiou Seu Filho a nós. Deus
não nos está confiando uma obra; Ele nos confiou Seu Filho. Deus não nos está exortando a ir; Ele está nos
exortando a levar Seu Filho conosco. Esse é o significado de estar no nome do Senhor Jesus.

11 Estar no nome do Senhor Jesus visa a que Deus confie Seu Filho a nós. Suponha que você tenha uma
quantia de dinheiro no banco. Quando você quer sacar o dinheiro, você precisa usar sua assinatura. Se quiser
pedir a um amigo para sacar o dinheiro em seu lugar, você precisa dar-lhe um cheque assinado. Dessa maneira,
ser-lhe-á fácil sacar o dinheiro, pois ele tem sua assinatura. Ele vai ao banco, escreve no cheque a quantia a ser
sacada e recebe o dinheiro. Estar no nome do Senhor é como se o Senhor Jesus nos tivesse dado Sua assinatura.
Irmãos, temos pouco "dinheiro" depositado e há um limite para sacarmos. Mas ter a assinatura do Senhor Jesus é
algo tremendo. Se tenho uma grande quantia no banco e entrego a alguém o talão de cheques em branco e
assinado, devo estar pronto para confiar plenamente nessa pessoa. Se não confiar nela, ficarei preocupado se ela
vai usar minha assinatura para sacar meu dinheiro no banco. Como posso saber que ela não vai preencher os
cheques com minha assinatura? Como posso ter certeza de que ela não vai comprometer-me com minha
assinatura? Se não confio em uma pessoa, não posso confiar-lhe minha assinatura. Se lhe dou minha assinatura,
significa que reconheço tudo o que ela faz. É isso que significa estar no nome do Senhor Jesus. Significa que o
Senhor é suficientemente ousado para confiar-nos o Seu nome e permitir que O usemos. Esse é o significado de
estar no nome do Senhor Jesus. Estar no nome do Senhor significa que o Senhor Jesus deu-Se a Si mesmo a nós e
que Ele está disposto a reconhecer tudo o que fazemos em Seu nome. Ele está disposto a sofrer todas as
conseqüências do que fazemos em Seu nome. Às vezes dizemos a alguém: "Vá e diga a tal irmão que faça isso. Se
ele perguntar quem pediu, diga-lhe que fui eu". Isso é estar no nome de alguém. Estar no nome de alguém é usar
esse nome. Se você confia seu nome a uma pessoa e ela usa seu nome, você tem de assumir a responsabilidade do
uso que tal pessoa faz do seu nome. E isso que significa estar no nome.

12 Na última noite do Senhor Jesus nesta terra, Ele disse aos discípulos: "E o que pedirdes em Meu nome,
isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se Me pedirdes alguma coisa em Meu nome, Eu o farei" (Jo
14:13-14). Isso significa que o Senhor Jesus confiou algo grandioso aos discípulos; Ele deu aos discípulos o Seu
nome. Seu nome tem autoridade, e não há nada que Ele possa dar que seja maior do que isso. Suponha que
depois de o Senhor Jesus ter confiado a nós o Seu nome, nós o tivéssemos usado irresponsavelmente. Que
aconteceria? Um homem que ocupa uma posição importante precisa apenas apor sua assinatura embaixo de sua
ordem, e ela é executada. Se ele franquia sua assinatura a alguém, será dele a responsabilidade, toda vez que essa
assinatura for utilizada inadequadamente. Você acredita que ele pode confiar sua assinatura facilmente a
qualquer um? É claro que não. Mas o Senhor Jesus confiou Seu nome a nós. O nome do Senhor é um nome que
está acima de todo nome. Ele está disposto a confiar Seu nome a você e a mim e a nos permitir usar esse nome.
Será que vemos a responsabilidade por Ele confiar esse nome a nós? Deus confia em nós e nos entrega o nome do
Senhor Jesus. Tudo o que fizermos em Seu nome, Deus levará a responsabilidade por isso. Irmãos, como isso é
tremendo! Deus levará a responsabilidade por tudo o que fizermos no nome do Senhor Jesus!

13 Uma característica desta era é que o Senhor Jesus não faz nada diretamente. Ele não fala diretamente na
terra; antes, fala por meio da igreja. Ele não realiza nenhum milagre diretamente; antes, realiza-os por meio da
igreja. Ele não salva nenhum homem diretamente; antes, salva-os por meio da igreja. Hoje o Senhor realiza Sua
obra por meio da igreja em vez de agir diretamente. É por isso que Ele confiou Seu nome à igreja. Mas que grande
responsabilidade Ele tem de suportar! É fácil responsabilizar-se por aquilo que você faz pessoalmente; não é
preciso que você se responsabilize pelo que os outros fazem. Se você retém sua assinatura apenas para uso
próprio, você responsabiliza-se apenas por aquilo que você mesmo faz. Mas se sua assinatura é confiada a outra
pessoa, você se responsabiliza pelo que ela fizer com sua assinatura. Se o Senhor Jesus estivesse na terra hoje,
trabalhando da mesma maneira que antes, fazendo tudo sozinho, Ele não teria de arcar com a responsabilidade
pelo que nós fazemos. Mas hoje a obra do Senhor não é feita somente por Ele próprio. Ele confiou essa obra à
igreja. Todas as obras do Senhor Jesus hoje estão na igreja. Hoje, a obra da igreja é a obra do Senhor. Portanto,
Ele tem de assumir a responsabilidade de tudo o que a igreja faz com Seu nome. Para confiar uma tarefa a
alguém, temos de encontrar uma pessoa confiável. Se a pessoa não for confiável, será difícil confiar-lhe qualquer
coisa. Mas hoje o Senhor Jesus é obrigado a confiar-Se à igreja. Agora não é o momento de o Filho de Deus
aparecer em carne. Agora é o tempo de o Filho de Deus aparecer no Espírito e na igreja. Sendo esse o caso, Ele
tem de confiar-Se à igreja. Caso contrário, Ele não poderia fazer coisa alguma. Hoje, Ele está ascendido nos céus e
assentado à direita do Pai, aguardando que o inimigo seja posto por estrado dos Seus pés. Ele está lá como Sumo
Sacerdote, orando. Esse é o Seu trabalho. Quanto à Sua obra na terra, Ele a confiou à igreja. Portanto, a igreja tem
autoridade para usar Seu nome hoje. Conseqüentemente, o Senhor tem de arcar com a responsabilidade de como
a igreja usa o Seu nome. Na terra, a igreja não tem autoridade maior do que a de fazer coisas no nome do Senhor
Jesus. O Senhor confiou Seu nome à igreja. É a maior comissão, porque o nome representa Ele mesmo. Tudo o
que você fala em nome do Senhor Jesus torna-se o que Ele mesmo fala. Tudo o que você pede no nome do Senhor
Jesus torna-se o que Ele pede. Tudo o que você decide no nome do Senhor , Jesus torna-se o que o Senhor decide.
A igreja tem autoridade Para falar no nome do Senhor. Que responsabilidade Deus deu à igreja!
14 Vemos na Bíblia um exemplo de agir no nome do Senhor. Quando o arcanjo Miguel pelejou com o diabo
sobre o corpo de Moisés, ele disse: "Eu te repreendo!" ou "Que o Senhor te repreenda!"? Se você acrescentar a
palavra que, a frase torna-se uma oração e um desejo. Não, o arcanjo disse: "O Senhor te repreenda!" (Jd 9). Isso
significa que Miguel repreender o diabo é o mesmo que o Senhor repreender o diabo. O arcanjo Miguel aplicou o
nome do Senhor. Portanto, estar no nome do Senhor Jesus não necessariamente significa dizer as palavras “em
nome do Senhor Jesus". Fazermos coisas em nome do Senhor Jesus significa que usamos o Seu nome quando
usamos nosso próprio nome, Muitas pessoas dizem que não exauriram poder do sangue do Senhor. Eu, contudo,
diria que nós não exaurimos o poder do Seu nome. Paulo pode dizer aos coríntios: "Não tenho mandamento do
Senhor; porém dou minha opinião". Mais adiante, ele disse: "Penso que também eu tenho o Espírito de Deus" (1
Co 7:25, 40). Temos de ver que esse é um nome que podemos usar. Irmãos, vocês percebem que há um nome,
uma autoridade e um poder que foram postos nas mãos da igreja? A igreja pode usá-los. A igreja deveria usar
adequadamente o nome do Senhor. Dizemos que a igreja reina. Mas sem o nome não há como a igreja reinar.
Dizemos que a igreja tem as chaves do reino e é responsável por introduzir o reino. Mas sem o nome, a porta do
reino não pode ser aberta. Dizemos que a intenção de Deus é que a igreja amarre a morte por meio da vida e
amarre Satanás. Contudo, se não tivermos esse nome ou não soubermos como usá-lo, não haverá maneira de
realizar essas coisas. Temos de ver que o Senhor Jesus deu esse nome à igreja.

15 É por isso que Deus exorta que o homem deve ser batizado depois de ter crido no Senhor e ter sido salvo.
Que é o batismo? É entrar no nome do Senhor. No dia em que fui batizado, comecei a compartilhar esse nome.
Desde aquele dia, Deus confiou-me esse nome. Posso usar o nome do Senhor Jesus assim como uso meu próprio
nome. E por isso que o batismo é algo tão grandioso. Segundo a realidade espiritual, sou um homem morto e
também um homem ressuscitado. Uma vez que estou posicionado na base da morte e ressurreição, posso usar o
nome do Senhor. A partir daquele dia, passei a estar relacionado com o nome Dele. Ele é Cristo, e nós somos
cristãos. Que é um cristão? Que é a igreja? A igreja é simplesmente um grupo de pessoas na terra que pode usar o
nome do Senhor, e Deus assume a responsabilidade pelas ações delas toda vez que elas usarem esse nome. Não
importando como usemos esse nome, Deus assume a responsabilidade, Isso é algo tremendo. Nosso
relacionamento com o nome do Senhor começou quando fomos batizados. Fomos batizados no nome. Em outras
palavras, por meio do batismo nós entramos no nome.

16 Aqui vemos que a cruz e a ressurreição são duas coisas indispensáveis. Somente estando posicionados
no batismo é que podemos usar o nome do Senhor. Se não estivermos posicionados no batismo, não poderemos
usar Seu nome porque a cruz não terá caminho em nós, e o Senhor Jesus não terá efeito algum em nós. Mesmo
que usemos o nome, Deus não Se responsabilizará por isso. Devemos estar posicionados no batismo. Estar
posicionados no batismo significa que cremos no fato da cruz e que o velho homem está crucificado com Cristo;
aceitamos o princípio da cruz e recebemos a cruz como algo que lida com nossa vida natural. O batismo nos diz
que tudo o que temos deve passar diariamente pela morte. Somente o que resta, depois de ter passado pela
morte, é que tem significado espiritual. Se algo desaparece, depois de haver passado pela morte, isso não
permanece diante de Deus. Deus deseja as coisas que passam pela morte e permanecem, as coisas que não forem
destruídas depois que a morte fez seu trabalho.

17 Os filhos de Deus precisam ver o fato da cruz. Precisamos que Deus nos revele aquilo que recebemos em
Cristo. Deve chegar o dia quando o Senhor quebre a espinha dorsal de nossa vida natural. Somente então é que
nos tornamos úteis. Deve chegar o dia em que Deus veja a marca da cruz em nós. Em muitas pessoas, não parece
que a cruz tenha feito trabalho algum, seja em seu falar, na maneira como trabalham, em seu sentimento e,
especialmente, em sua atitude diante de Deus. Virá o dia em que Deus quebrará e destruirá tais pessoas por meio
da cruz. Somente o que permanece depois da cruz é ressurreição. Ressurreição é aquilo que não é aniquilado
pela morte. Ressurreição é o que permanece depois de a pessoa ser ferida pelo Senhor. Somente os que
permanecem em tal posição podem exercitar a autoridade do Senhor, e somente eles podem usar o nome do
Senhor. Deus assume a responsabilidade por aqueles que estão em tal posição, e Ele está por trás deles quando
usam o nome do Senhor. Irmãos, esse é o maior ato de confiança em todo o mundo. Deus pode confiar o nome do
Seu Filho a nós e permitir que usemos esse nome como se fora o nosso. Isso é algo grandioso. Deus tem de
assumir uma enorme responsabilidade nessa questão. Sem dúvida, isso é algo grandioso.

18 Quando fazemos coisas no nome do Senhor, qual é o resultado que esse nome trará? A Bíblia mostra-nos
que há resultados da ação no nome do Senhor. O primeiro, relaciona-se ao homem, o segundo, ao diabo, e o
terceiro, a Deus.

O EFEITO SOBRE O HOMEM

19 Lucas 24:47 diz: "E que em Seu nome se proclamasse arrependimento para perdão de pecados a todas as
nações, começando de Jerusalém". Atos 10:43 diz: "Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio de
seu nome, todo aquele que nele crê recebe remissão de pecados". Primeira Coríntios 6:11 diz: "Tais fostes alguns
de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e
no Espírito do nosso Deus". A passagem mais clara a esse respeito está em Atos 3:2-6: "Era levado um homem,
coxo de nascença, o qual punham diariamente à porta do templo chamada Formosa, para pedir esmola aos que
entravam. Vendo ele a Pedro e João, que iam entrar no templo, implorava que lhe dessem uma esmola. Pedro,
fitando-o, juntamente com João, disse: Olha para nós. Ele os olhava atentamente, esperando receber alguma
coisa. Pedro, porém, lhe disse: Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus
Cristo, o Nazareno, anda!" Irmãos, vocês sabem o que é falar em nome de Jesus Cristo, o Nazareno? Se vocês não
estivessem posicionados sobre a morte, ressurreição e batismo, que fariam vocês? Vocês provavelmente iriam
ajoelhar-se e orar: "Senhor, não sei se este homem coxo deve ser curado. Mostra-nos se ele deve ser curado.
Deixa claro para nós se ele deve ser curado, e dá-nos ousadia. Se ele não deve ser curado, esqueceremos o
assunto". Não foi essa a experiência dos apóstolos. Os apóstolos não sentiram que o nome do Senhor permanecia
com o Senhor e que eles tinham de pedir permissão para fazer qualquer coisa. Eles perceberam que o nome de
Jesus Nazareno era deles; eles o possuíam e podiam usá-lo.

20 Que é a igreja? A igreja é um grupo de pessoas na terra que mantém o nome do Senhor. Deus chamou
homens dentre as nações para dentro do Seu nome. Isso é a igreja. A igreja mantém o nome do Senhor na terra. É
por isso que a igreja pode usar o nome do Senhor e aplicá-lo às pessoas. Podemos dizer às pessoas: "Levanta-te,
recebe o batismo e lava os teus pecados, invocando o nome dele" (At 22:16). Quando o Senhor Jesus estava na
terra, Ele disse a uma mulher: "Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz" (Lc 8:48). Em outra ocasião, Ele disse a um
paralítico: "Tem ânimo, filho; perdoados são os teus pecados" (Mt 9:2). Irmãos, se estivermos posicionados no
batismo e tivermos esta visão e revelação, perceberemos que estamos encarregados do nome do Senhor. Quando
pregamos o evangelho a alguém e ele o recebe, até certo ponto podemos dizer: "Irmão, vá para casa. O Senhor
Jesus o perdoou". Não temos de esperar que ele diga alguma coisa; podemos declarar que ele está salvo.

Por causa da cura do homem coxo, as autoridades, os anciãos e os escribas chamaram os apóstolos perante eles e
perguntaram: "Com que poder ou em nome de quem fizestes isto?" (At 4:7). Naquele momento Pedro estava
cheio do Espírito Santo e disse-lhes: "Tomai conhecimento, vós todos e todo o povo de Israel, de que, em nome de
Jesus Cristo, o Nazareno, a quem vós crucificastes, e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, sim, em seu
nome é que este está curado perante vós" (At 4:10). Depois de ter dito isso, ele declarou: "E não há salvação em
nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa
que sejamos salvos" (v. 12). Somente esse nome, esse nome exclusivo, pode nos salvar. Podemos usar esse nome
e aplicá-lo aos homens.

O EFEITO SOBRE O DIABO

21 Podemos aplicar esse nome não apenas aos homens, mas também ao diabo. Marcos 16:17 diz: "Em Meu
nome expulsarão demônios". Como expulsamos demônios em Seu nome? Atos 16 registra Paulo encontrando-se
com uma jovem escrava possessa de um espírito. A Bíblia diz que Paulo estava "indignado". Ele estava indignado
por ela. Que fez ele? Ele não orou e não fez muitas outras coisas. Simplesmente, ele voltou-se e disse ao espírito:
"Em nome de Jesus Cristo, eu te mando: retira-te dela (At 16:18). Apenas uma palavra de comando e o espírito
retirou-se dela. O nome do Senhor Jesus foi confiado a Paulo, e ele usou esse nome. Temos de perceber que
quando o nome do Senhor é confiado a nós, ele não é mais mantido no céu. Se nossa condição espiritual for
normal, Seu nome estará em nossas mãos. Quando Paulo ficou indignado, ele ordenou ao espírito que se
retirasse. Ele não orou ao Senhor. Podemos pensar que ele não era espiritual, que ele agia independentemente e
que ele não buscou a vontade de Deus. Mas quando Paulo repreendeu o espírito, o espírito se foi. A verdadeira
questão é se estamos ou não vivendo diante de Deus e se estamos ou não adequadamente posicionados. Se
estivermos corretamente posicionados, veremos que o nome do Senhor está em nossas mãos. Estar no nome do
Senhor não é uma palavra vazia. O nome do Senhor é um nome que podemos usar. Podemos usar esse nome para
trabalhar e para expulsar demônios.

22 Em Lucas 10, o Senhor enviou os discípulos. O Senhor ainda não havia ascendido, mas estava agindo na
posição de ascensão. Assim, Ele disse: "Eu via a Satanás cair do céu como um relâmpago" (v.18). Quando os
discípulos saíram, o Senhor Jesus não foi com eles. Contudo, o nome do Senhor foi. Mais tarde, os discípulos
voltaram e relataram ao Senhor: "Até os demônios se nos submetem em Teu nome" (v.17). Por que eles se
submetiam aos discípulos? Porque os discípulos agiam "em Teu nome". Eles tinham o nome do Senhor em suas
mãos, e a autoridade estava em suas mãos. Portanto, o Senhor Jesus disse: "Eis que vos dei autoridade para pisar
serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo" (v.19). Irmãos, será que vimos isso? Com o nome do
Senhor podemos lidar com todo o poder do inimigo. Deus tem de abrir nossos olhos para vermos que Ele nos deu
o nome do Senhor Jesus. Isso é o que Deus nos confiou.

O EFEITO PARA COM DEUS

23 Além do mais, o nome do Senhor foi-nos dado não apenas para lidarmos com os homens, para salvar os
homens, para ter autoridade sobre os demônios e para expulsá-los dos homens. Ainda mais precioso do que isso
é o fato de o nome do Senhor nos capacitar a ir até o Pai e falar com Ele. Quando vamos ao Pai dessa maneira, Ele
tem de nos responder. João 14-16 cita o nome do Senhor três vezes. Temos de dizer reverentemente que o
Senhor Jesus foi muito ousado! Que foi que Ele disse? "E o que pedirdes em Meu nome, isso farei, a fim de que o
Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei" (14:13-14). Oh! Esse nome
está acima de todos os outros nomes. Esse é o nome que toda língua no céu, na terra e debaixo da terra deveria
confessar abertamente como Senhor. É o nome ao qual todo joelho deveria dobrar-se! Esse nome é poderoso
diante de Deus; Deus honra esse nome. O Senhor disse: "Não fostes vós que me escolhestes a Mim; pelo contrário,
Eu vos escolhi a vós, e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que o que
pedirdes ao Pai em Meu nome, Ele vo-lo conceda" (15:16). Novamente Ele disse: "Naquele dia nada Me
perguntareis. Em verdade, em verdade vos digo: O que pedirdes ao Pai em Meu nome, Ele vo-lo concederá. Até
agora nada tendes pedido em Meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa" (16:23-24).
Irmãos, será que podemos imaginar promessa maior do que esta?

24 Que é, então, orar em nome do Senhor Jesus? Orar em nome do Senhor Jesus é dizer a Deus: "Eu não sou
confiável. Sou inútil. Mas estou orando em nome de Jesus". Suponha que você envie uma carta a um amigo por
meio de um mensageiro, pedindo-lhe que devolva uma quantia pelo mesmo mensageiro. Quando seu amigo vê a
assinatura, ele deve dar o dinheiro ao mensageiro. Isso não é correto? Será que seu amigo irá perguntar ao
mensageiro: "Você tem instrução? Quais são seus antecedentes familiares? Quem é sua família? Como é seu
temperamento?" Com certeza ele não fará essas perguntas. Ele não está preocupado com quem é o mensageiro.
Ele apenas necessita ter certeza de que a carta contém a assinatura de quem a enviou. O mensageiro veio em seu
nome, e você depositou sua confiança nele. Aleluia! Estar diante de Deus em nome do Senhor Jesus é dizer que
você não está diante Dele por seus próprios méritos, mas sobre o mérito do nome do Senhor. É dizer que você
não confia no que você é ou no que você virá a ser, mas no que o nome do Senhor é. Muitas pessoas oram com a
esperança de ter suas orações respondidas no futuro. Alguns oram com a esperança de que receberão resposta
em poucos meses ou anos. Eles têm essa esperança porque esperam tornar-se melhores em alguns anos. Por ter
esperança de tornar-se melhores, esperam que suas orações sejam respondidas. Mas temos de perceber que
nossa oração é respondida por causa do Seu nome e não do nosso. Temos de negar completamente nossa carne e
temos de estar no nome do Senhor Jesus. Toda posição que temos, ganhamos por meio Dele. Podemos estar
diante de Deus por causa Dele, e não por causa de nós mesmos. Não pela nossa justiça, mas pelo Seu sangue; não
baseados no que nós queremos, mas no que Ele quer. Estamos aqui em nome do Senhor.

25 Irmãos, o conhecimento do nome do Senhor Jesus é uma revelação e não uma doutrina. Virá o dia em
que Deus abrirá nossos olhos para vermos o poder nesse nome, a grandeza nesse nome e que maravilhoso é o
fato de Deus ter confiado esse nome a nós. Porque Deus confiou o nome do Seu Filho a nós, podemos dizer:
"Deus, fazemos isto em nome de Teu Filho Jesus". Isso quer dizer: "Deus, Tu crês em nós. Tu confias em nós. Tu
assumes a responsabilidade por tudo o que fazemos". Irmãos, uma vez que esse nome é colocado em nossas
mãos com o propósito de lidar com os homens, com o diabo e com Deus, 'devemos perceber que temos de viver
certo tipo de vida para que possamos ter o poder de usar esse nome. Portanto, devemos aprender a conhecer a
cruz diariamente. Somente então é que poderemos aplicar esse nome. Irmãos, lembrem-se, por favor, de que a
cruz não pode estar separada desse nome. Que a cruz trabalhe profundamente em nós a ponto de sabermos
como aplicar esse nome aos homens, como usá-lo para lidar com o diabo e como orar ao Pai por meio desse
nome. Que o Senhor dê à igreja conhecimento abundante desse nome de tal maneira que aposição, autoridade e
poder desse nome sejam restaurados entre nós hoje, e que a igreja receba muitas riquezas espirituais por meio
do Seu nome.

Capítulo Quatro
A ORAÇÃO DE AUTORIDADE
Leitura Bíblica: Mt 18:18-19; Mc 11:23-24;Ef 1:20-22; 2:6; 6:12-13,18-19

A Bíblia contém a oração mais elevada e espiritual. Mas poucas pessoas fazem tal oração, e poucas dão
atenção a ela. Que oração é essa? É a "oração de autoridade". Sabemos que há orações de louvor, orações de
ações de graça, orações de súplica e orações de petição. Mas poucos de nós sabemos que há uma oração de
autoridade. A oração de autoridade é uma oração de comando. Trata-se da oração mais crucial e mais
espiritual na Bíblia. Esse tipo de oração é um sinal e uma declaração de autoridade.

Irmãos, se vocês desejam ser homens de oração, vocês precisam aprender a orar com autoridade. Esse tipo
de oração é descrito pelo Senhor em Mateus 18:18. "Em verdade vos digo: Tudo o que amarrardes na terra,
terá sido amarrado no céu, e tudo o que soltardes na terra, terá sido solto no céu". Nesse versículo há uma
oração chamada de oração de amarrar e uma oração chamada de oração de soltar. 0 mover no céu depende
do mover na terra. 0 céu ouve a terra e obedece ao seu comando. Tudo o que a terra amarrar terá sido
amarrado no céu, e tudo o que a terra soltar terá sido solto no céu. A terra não ora; ela amarra e solta. Isso é
orar com autoridade. Isaías 45:11 tem esta frase: "Demandai-me" (VRC). Como podemos dar ordem a
Deus? Isso parece presunção. Mas é a própria palavra de Deus. Não podemos desculpar a carne, mas isso
nos mostra uma oração de comando, uma oração em forma de ordem. Quanto a Deus, podemos ordenar-
Lhe e comandar-Lhe. Todo aquele que se esforça por aprender a orar deve aprender esse tipo de oração.

Podemos considerar a história em Êxodo 14. Quando Moisés tirou os israelitas do Egito, levando-os para o
mar Vermelho, surgiu o problema. Diante deles estava o mar Vermelho e atrás estava o exército dos
egípcios. Eles estavam expostos a dois perigos. Quando os israelitas viram os egípcios aproximando-se,
tiveram medo. Por um lado, eles imploraram ao Senhor. Por outro, eles murmuraram contra Moisés. Que
fez Moisés? A partir da resposta de Deus, sabemos que Moisés estava suplicando. Deus disse a Moisés: "Por
que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem. E tu, levanta a tua vara, estende a mão sobre o
mar e divide-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco" (vs. 15-16). A vara que Deus
dera a Moisés era um símbolo de autoridade. Ele estava dizendo a Moisés que ele podia orar com
autoridade; não havia necessidade de clamar a Ele. Uma vez que houvesse a oração de comando, Ele
executaria a obra. Moisés estava aprendendo, e, por fim, ele aprendeu a orar com autoridade, isto é, a orar a
oração de comando.

Quando esse tipo de oração de comando começou para os cristãos? Esse tipo de oração começou desde que
o Senhor ascendeu aos céus. A ascensão está muito relacionada com a nossa vida cristã. Como se
relacionam essas duas coisas? A ascensão faz-nos vitoriosos. A morte de Cristo lidou com a velha criação em
Adão, enquanto a ressurreição nos introduziu na nova criação. A ascensão garantiu-nos uma nova posição
diante de Satanás; não uma nova posição diante de Deus. Unia nova posição diante de Deus foi garantida
por meio da ressurreição do Senhor, ao passo que uma nova posição diante de Satanás foi garantida pela
ascensão do Senhor. Efésios 1:20-22 diz que quando Cristo ascendeu, Deus fez que Ele se sentasse à Sua
direita, colocando-O "acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se
possa referir não só no presente século, mas também no vindouro". Além disso, Deus pós todas as coisas
debaixo dos Seus pés. Quando Cristo ascendeu, Ele abriu um caminho nos ares, até os lugares celestiais. A
partir daquele dia, Sua igreja foi capacitada a ir da terra até os lugares celestiais. Sabemos que inimigos
espirituais habitam nos ares. Mas hoje Cristo ascendeu até os lugares celestiais. Agora um caminho foi
aberto, da terra até os céus. Esse caminho estava originalmente obstruído por Satanás. Agora Cristo abriu
um caminho para os lugares celestiais e transcendeu, acima de todo principado, e potestade, e poder, e
domínio, e todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro. Essa é a
posição de Cristo hoje. Em outras palavras, Deus colocou Satanás e seus súditos sob os pés de Cristo; todas
as coisas estão debaixo dos Seus pés.

Há uma diferença entre o significado de ascensão e o significado de morte e ressurreição. Morte e


ressurreição são para redenção, ao passo que ascensão é para combater; é para executar o que a morte e a
ressurreição realizaram. A ascensão torna possível que a nova posição seja manifestada. Graças ao Senhor
que Efésios 2:6 nos diz que Deus "juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares
celestiais em Cristo Jesus". Irmãos, será que vimos o que Deus fez por nós? No capítulo um, Cristo ascendeu
acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no
presente século, mas também no vindouro. No capítulo dois, estamos assentados juntamente com Ele nos
lugares celestiais. Isso significa que a igreja também transcendeu, acima de todo o principado, e potestade,
e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no
vindouro. Graças a Deus porque isso é um fato. Assim como Cristo transcendeu sobre todas as coisas, a
igreja também transcendeu sobre todas as coisas. Assim como o Senhor transcendeu sobre todos os
inimigos espirituais, a igreja também transcendeu sobre todos os inimigos espirituais. Assim como todos os
inimigos espirituais foram derrotados pela ascensão do Senhor, a igreja também os derrotou, por estar
unida a Cristo em Sua ascensão. Portanto, todos os inimigos espirituais estão debaixo dos pés da igreja.

Temos de prestar atenção a Efésios 1, 2 e 6. O capítulo um mostra-nos a posição de Cristo. O capítulo dois
mostra-nos a posição da igreja em Cristo. O capítulo seis mostra-nos o que a igreja deve fazer depois de ter
adquirido sua posição em Cristo. O capítulo um fala de Cristo nos lugares celestiais. O capítulo dois, da
igreja nos lugares celestiais, juntamente com Cristo. O capítulo seis fala da luta espiritual. Deus fez que a
igreja se assentasse juntamente com Cristo nos lugares celestiais. Mas a igreja não fica assentada ali para
sempre; Deus também faz que ela se levante. Portanto, o capítulo dois menciona sentar-se, enquanto o
capítulo seis fala de permanecer inabaláveis; nós permanecemos inabaláveis em nossa posição nos lugares
celestiais. "Porque a nossa luta (...) é (...) contra os principados e potestades, contra os dominadores deste
mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestes (...) e, depois de terdes vencido
tudo, permanecer inabaláveis" (Ef 6:12-13). Nossa luta é contra os demônios. Portanto é uma luta
espiritual.
Efésios 6:18-19a diz: "Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando
com toda perseverança e súplica por todos os santos e também por mim". Essa é uma oração relacionada
com a luta. Esse tipo de oração é diferente da oração comum. A oração comum é dirigida da terra para o
céu. Mas a oração aqui não é da terra para o céu; ela começa a partir de uma posição celestial e vem do céu
para a terra. Uma oração de autoridade tem o céu como seu ponto de partida e a terra como seu destino. Em
outras palavras, uma oração com autoridade é feita do céu para a terra. Todo aquele que sabe orar sabe o
que é orar para cima e o que é orar para baixo. Se um homem nunca aprendeu a oração que se dirige para
baixo, ele nunca aprendeu a orar com autoridade. Na luta espiritual, esse tipo de oração que se dirige para
baixo é muito importante. Que é uma oração que se dirige para baixo? É permanecer na posição que Cristo
nos deu nos lugares celestiais, ordenar com autoridade a Satanás e rejeitar todas as suas obras, e proclamar
com autoridade que todas as ordens de Deus devem ser realizadas. Se oramos por uma percepção da
vontade de Deus e por uma decisão a esse respeito, não deveríamos dizer: "Deus, peço-Te que faças isso".
Antes, deveríamos dizer: "Deus, Tu tens de fazer isso. Tu tens de realizar isso. Não importando o que
aconteça, Tu deves cumprir essa obra". Essa e uma oração de autoridade, uma oração com autoridade.

O significado da palavra amém não é "assim seja" ou "que assim seja", mas "assim será" e "certamente
assim será". Quando você ora e eu digo amém, estou dizendo que as coisas acontecerão segundo a maneira
como você ora. Os acontecimentos devem ocorrer dessa maneira, e sua oração será respondida. Essa é uma
oração de autoridade, uma oração de autoridade que resulta da fé. Podemos falar assim porque temos uma
posição celestial. Fomos trazidos para nossa posição celestial quando Cristo ascendeu aos céus. Assim que
Cristo ascendeu aos lugares celestiais, estávamos ali também. Isso é como dizer que assim que Cristo
morreu e ressuscitou, nós morremos e ressuscitamos. Irmãos, devemos ver a posição celestial da igreja.
Satanás começa sua obra tentando tirar nossa posição dos lugares celestiais. A posição celestial é uma
posição de vitória. Uma vez que nos mantemos nessa posição, temos a vitória. Se Satanás for bem-sucedido
em nos arrastar para fora dos lugares celestiais, seremos derrotados. A vitória é permanecer
continuamente na posição celestial de vitória. Satanás nos dirá que estamos na terra. Se concordarmos com
ele, seremos derrotados. Satanás tentará iludir-nos com nossa derrota, fazendo-nos crer que estamos, de
fato, na terra. Mas se nos levantarmos e declararmos: "Cristo está nos lugares celestiais, e nós também", e
firmarmo-nos em nossa posição nos lugares celestiais, nós venceremos. Portanto, é uma grande coisa estar
firme na posição correta.

Uma oração com autoridade tem a posição de estar nos lugares celestiais como sua base. Uma vez que a
igreja está nos lugares celestiais com Cristo, ela pode orar com autoridade.

Que é orar com autoridade? É simplesmente fazer a oração de Marcos 11. Para ter clareza a respeito dessa
verdade, devemos considerar cuidadosamente os versículos 23 e 24. O versículo 24 começa com as palavras
"por isso". A expressão "por isso" significa que essa sentença é uma continuação da anterior. Isso significa
que o versículo 24 está ligado ao 23. O versículo 24 menciona a oração. Isso prova que o versículo 23
também deve relacionar-se à oração. O estranho é que o versículo 23 não soa como uma oração comum. O
Senhor não nos disse para orar: "Deus, por favor, move a montanha e lança-a no mar". Que diz ele? Ele diz:
"Qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar". De acordo com nosso conceito, como
deveria ser uma oração? Pensamos que, quando oramos a Deus, temos de dizer: "Deus, por favor, move esta
montanha e lança-a no mar". Mas o Senhor disse algo diferente. Ele não nos disse para falar a Deus; Ele nos
disse para nos dirigir à montanha e falar a ela. O falar não é dirigido a Deus, mas à montanha, dizendo-lhe
que seja lançada no mar. Como o Senhor tinha medo de que não considerássemos isso uma oração, Ele
indicou no versículo seguinte que isso é uma oração. Essa oração não é dirigida a Deus, mas é uma oração. É
um falar direto à montanha, que diz: "Ergue-te e lança-te no mar". Contudo, isso também é uma oração. É
uma oração com autoridade. Uma oração com autoridade não pede a Deus que faça alguma coisa. Antes, ela
exercita a autoridade de Deus e aplica essa autoridade a fim de lidar com problemas e coisas que devem ser
removidos. Todo vencedor tem de aprender a fazer esse tipo de oração. Todo vencedor tem de aprender a
falar à montanha.

Temos muitas fraquezas, tais como irritação, pensamentos malignos ou enfermidades físicas. Se apelamos a
Deus por esses problemas, parece que não há muito resultado. Contudo, se aplicamos a autoridade de Deus
à situação e falamos à montanha, esses problemas passarão. Qual é o significado da palavra "montanha"
nesse versículo? A montanha é um problema que está diante de nós. Uma montanha é algo que barra o
caminho e impede-nos de prosseguir. Se vemos uma montanha, que fazemos nós? Muitas pessoas, ao
encontrar uma montanha em sua vida ou em sua obra, oram a Deus para que remova a montanha. Mas Deus
nos diz para falarmos nós mesmos à montanha. Tudo o que temos de fazer é dar uma palavra de comando à
montanha: "Ergue-te e lança-te no mar". Há uma grande diferença entre pedir a Deus que remova a
montanha e ordenar à montanha que se retire. Uma coisa é ir a Deus e pedir-Lhe que faça algo. Outra, é
ordenar diretamente à montanha que se lance no mar. Freqüentemente negligenciamos esse tipo de oração
de comando. Raramente oramos aplicando a autoridade de Deus ao problema, ou dizendo: "Ordeno-Te em
nome do Senhor que saias daqui" ou "Não posso tolerar que essa coisa permaneça comigo por mais tempo".
Uma oração com autoridade é aquela na qual ordenamos às coisas que nos prejudicam que saiam. Podemos
dizer à nossa irritação: "Vã embora". Podemos dizer à enfermidade: "Vã embora daqui. Vou-me levantar
pela vida de ressurreição do Senhor". Essa palavra não é falada a Deus, mas é falada diretamente à
montanha. "Levanta-te e lança-te no mar". Essa é uma oração com autoridade.

Como a igreja pode ter tal oração com autoridade? Tendo plena fé, não tendo dúvida alguma e tendo clareza
de que o que fazemos está plenamente de acordo com a vontade de Deus. Sempre que não temos clareza
quanto à vontade de Deus, não temos fé. Portanto, antes de fazer qualquer coisa, precisa estar claro para
nós que o que estamos para fazer está de acordo com a vontade de Deus. Se não for a vontade de Deus, não
podemos ter fé nisso. Se não tivermos certeza de que algo é a vontade de Deus, não podemos ter certeza de
que poderá ser realizado. Para não ter dúvida alguma quanto à sua realização, devemos primeiramente não
ter dúvida alguma quanto a tal coisa ser a vontade de Deus. Quando falamos displicentemente à montanha,
não há resultado, porque não conhecemos a vontade de Deus. Mas, se não temos dúvida alguma e temos
clareza quanto à vontade de Deus, podemos falar ousadamente à montanha: "Ergue-te e lança-te no mar", e
isso será feito. Deus incumbiu-nos de ser os que dão a ordem. Nós ordenamos o que Deus ordenou. Isso é
uma oração com autoridade. Uma oração com autoridade não é pedir diretamente a Deus. Antes, é lidar
diretamente com os problemas, aplicando a autoridade de Deus. Todos nós temos montanhas. Sem dúvida,
essas montanhas não têm o mesmo tamanho. Nossa montanha pode ser isto ou aquilo. Mas a tudo o que nos
impede de prosseguir na trilha espiritual, podemos ordenar que se vá. Isso é orar com autoridade.

Oração com autoridade tem muito a ver com os vencedores. Se um cristão não conhece isso, ele não pode
ser um vencedor. Temos de lembrar-nos de que Deus e o Senhor Jesus estão no trono, enquanto o inimigo
está debaixo do trono. Somente a oração pode ativar o poder de Deus. Nada, senão a oração, pode ativar o
poder de Deus. É por isso que a oração é indispensável. Sem orar não se pode ser um vencedor. Somente
depois que se sabe orar com autoridade, é que se sabe o que é oração. A obra mais importante dos
vencedores é trazer a autoridade do trono para a terra. Há um trono hoje, o trono de Deus. Esse trono está
governando e está muito acima de todas as coisas. Para se ter participação nessa autoridade, deve-se orar.
Portanto, a oração é muito necessária. Os que movem o trono podem mover todas as coisas. Devemos ver
que a ascensão de Cristo colocou-O muito acima de todas as coisas, e que todas as coisas estão debaixo dos
Seus pés. Por essa razão, podemos governar sobre todas as coisas com a autoridade do trono. Todos nós
temos de aprender a orar com autoridade.

Como praticamos orar com autoridade? Deixem-me mencionar algumas coisinhas. Suponha que um irmão
tenha feito algo errado, e você quer exortá-lo. O problema é que você tem medo de que ele não o ouça. Você
se sente um pouco inseguro porque não sabe se ele lhe dará ouvidos ou não. Você teme que não seja
simples lidar com essa questão. Contudo, se você orar com autoridade, você saberá administrar a situação.
Você pode orar: "Senhor, não consigo ir até aquele irmão. Por favor, envia-me a ele". De sua posição no
trono, você pode fazer com que ele se mova. Logo ele virá pessoalmente a você e dirá: "Irmão, determinado
assunto não está claro para mim. Por favor, diga-me o que fazer". Então ser-lhe-á fácil dizer-lhe algo. Isso é
orar com autoridade. Você não faz coisa alguma segundo sua própria capacidade; você o faz passando
primeiramente pelo trono. Orar com autoridade é não pedir contra a vontade de Deus. É saber como uma
coisa deve ser feita e informar a Deus o que se sabe. Quando isso ocorrer, Deus realiza a obra.

Uma oração com autoridade governa não apenas o homem mas também o clima. Müller uma vez teve tal
experiência. Ele estava em viagem para Ouebec em um navio quando surgiu uma neblina espessa. Ele disse
ao capitão do navio: "Capitão, tenho de chegar sábado à tarde a Quebec". O capitão respondeu: "Isso é
impossível". Müller retrucou: "Se o seu navio não pode levar-me até lã em tempo, Deus tem outras maneiras
de fazê-Lo”. Ele ajoelhou-se e fez uma oração muito simples. Então, ele disse ao capitão: "Capitão, abra a
porta e veja como a neblina se foi". Quando o capitão levantou-se, a neblina havia se dispersado. Ele pôde
chegar a Quebec conforme planejado. Isso é orar com autoridade.

Para que Deus tenha um grupo de vencedores é necessário que haja luta em oração. Devemos guerrear com
Satanás não apenas quando nós próprios nos encontramos em dificuldades, mas também devemos
governar por meio do trono quando surgem problemas em nosso ambiente. Não se pode, por um lado, ser
um vencedor e, por outro, deixar de ser um guerreiro na oração. Se alguém deseja ser um vencedor, ele tem
de aprender a orar com autoridade.
A igreja pode dominar o Hades quando ela ora com autoridade. Uma vez que Cristo transcendeu sobre
todas as coisas e é a Cabeça da igreja, a igreja pode dominar os demônios e tudo o que pertence a Satanás.
Se a igreja não tivesse autoridade para dominar os demônios e se o Senhor não tivesse dado autoridade à
igreja, ela não teria nem como sobreviver na terra. A igreja pode sobreviver na terra porque ela tem
autoridade para governar sobre todas as coisas satânicas. Todo homem espiritual sabe que pode lidar com
os espíritos malignos com sua oração. Podemos expulsar demônios em nome do Senhor, e podemos resistir
às atividades secretas dos espíritos malignos. Satanás é muito astuto. Ele não apenas quer possuir o corpo
do homem com espíritos malignos, mas se envolve em muitas atividades secretas. Às vezes ele trabalha na
mente do homem e injeta nela muitos pensamentos indesejáveis, como suspeitas, medo, incredulidade,
desânimo, ou idéias infundadas ou distorcidas. Por meio disso ele engana o homem e o faz de tolo. Às vezes,
ele rouba a palavra do homem, transformando-a em uma idéia diferente e injetando-a na mente de outra
pessoa. Dessa maneira, ele alcança seu objetivo de causar mal-entendidos e produzir tumultos. Portanto,
temos de subjugar, por meio da oração, todas as atividades dos espíritos malignos. Em nossa reunião,
oração ou conversa, devemos primeiramente orar: "Senhor, afugenta todos os espíritos malignos e não
permita que façam nada aqui". É um fato que todos os espíritos malignos estão debaixo dos pés da igreja. Se
a igreja exercer autoridade para orar, sem dúvida ela verá os espíritos malignos sendo subjugados debaixo
dos seus pés. Esse tipo de oração com autoridade não se parece com a oração comum de súplicas; é uma
ordem baseada na autoridade. A oração com autoridade é uma oração de comando. Ela proclama: "Senhor,
eu quero", "Senhor, eu não quero" "Senhor, quero isso", "Senhor, não quero isso", "Senhor, estou decidido a
ter isso e não permitirei que aquilo aconteça", ou "Senhor, quero somente que Tua vontade seja feita. Não
quero nada mais". Quando exercitarmos a autoridade dessa maneira, sentiremos que nossa oração alcançou
nosso alvo. Se mais pessoas se levantarem para orar dessa maneira, muitos problemas na igreja serão
facilmente resolvidos. Devemos exercer domínio por meio da oração e administrar todas as coisas na igreja
por meio da oração.

Temos de ver que Cristo ascendeu. Se Cristo não tivesse ascendido, não haveria como nos voltar. Cristo é a
Cabeça de todas as coisas, e todas as coisas estão debaixo Dele. Cristo é a Cabeça de todas as coisas para a
igreja. Ele é a Cabeça de todas as coisas a favor da igreja. Uma vez que Ele é a Cabeça de todas as coisas a
favor da igreja, todas as coisas necessariamente estão debaixo da igreja. Isso é algo a que temos de dar
atenção especial.

Uma oração com autoridade tem dois aspectos. Um é amarrar, e o outro é soltar. O que for amarrado na
terra terá sido amarrado no céu, e o que for solto na terra terá sido solto no céu. Mateus 18:18 nos diz que
tudo o que a terra fizer, o céu também fará. No versículo 19 está a questão da oração. Portanto, o amarrar é
feito pela oração, e o soltar também. Tanto a oração de amarrar como a de soltar são orações de autoridade.
Orações comuns são orações que pedem a Deus para amarrar e soltar. Orações com autoridade são aquelas
nas quais nós amarramos e soltamos exercitando autoridade. Deus amarra porque a igreja amarrou, e Deus
solta porque a igreja soltou. Deus deu autoridade à igreja. Quando a igreja exercita essa autoridade para
falar algo, Deus o faz.

Consideremos primeiro a oração de amarrar. Muitas pessoas e muitas coisas devem ser amarradas. Um
irmão fala demais e precisa ser amarrado. Você pode ir a Deus e orar: "Deus, não permita que esse irmão
fale tanto. Amarra-o, Senhor, e não permita que ele aja dessa maneira". Quando você o amarra dessa
maneira, Deus no céu irá amarrá-lo e fará cessar o seu muito falar. Às vezes alguém pode interromper sua
oração ou sua leitura da Palavra; pode ser sua esposa, marido, filhos ou amigos que estão causando
constantes interrupções . Você pode exercitar contra tais pessoas a oração de amarrar. Você pode dizer a
Deus: "Deus, amarra essa pessoa e não a permita interromper o que estou fazendo". Alguns irmãos falam
palavras inadequadas, mas também temos de amarrar os que citam versículos inadequadamente e pedem
hinos inadequados. Tais pessoas devem ser amarradas.

Você pode dizer: "Senhor, fulano de tal está sempre causando problema. Não permita que ele faça isso
novamente". Quando você amarra dessa maneira, você verá Deus amarrando-o também. Às vezes as
pessoas perturbam a paz da reunião; elas podem perturbá-la falando, chorando ou entrando e saindo da
reunião. Essas coisas são encontradas facilmente. Além disso, parece que os que perturbam são sempre os
mesmos. Você tem de amarrar tais pessoas e coisas. Você pode dizer: "Deus, vemos que são esses que estão
sempre perturbando as reuniões. Amarra-os e não permita que causem nenhuma perturbação". Você
descobrirá que, assim que dois ou três amarrem sobre a terra, Deus terá amarrado no céu. Você precisa
amarrar não apenas as interrupções, mas também deve amarrar muitas obras dos demônios. Toda vez que
você prega o evangelho ou testifica a alguém, os demônios. trabalham na mente do homem com o fim de
falar-lhe muitas coisas e suscitar-lhe muitos pensamentos opostos. Em tais ocasiões, a igreja tem de
amarrar os espíritos malignos, fazer cessar seu falar e proibir sua obra. Vocês podem dizer: "Senhor,
amarra todas as obras dos espíritos malignos". Se, vocês amarrarem sobre a terra, o assunto terá sido
amarrado no céu. Muitas coisas precisam ser amarradas. Muitas coisas em nossa vida pessoal, na igreja, em
nosso viver diário e em nossa obra precisam ser amarradas.

O outro tipo é a oração de soltar. Que soltamos nós? Alguns irmãos recuaram e temem abrir a boca para
testificar ou para encontrar-se com as pessoas nas reuniões. Temos de pedira Deus que solte esses irmãos
para que eles sejam libertados do seu jugo. Algumas vezes devemos dar-lhes algumas palavras de exortação
Porém, muitas vezes, não temos de falar coisa alguma; tudo o que temos de fazer é ir diante do trono e
deixar que o trono os controle. Muitas pessoas deveriam deixar seu emprego para servir ao Senhor. Elas
estão amarradas pelo emprego ou por outros assuntos. Alguns são amarrados pela família ou pela esposa
incrédula. Outros são amarrados por circunstâncias externas. Há jugo de todo tipo. Podemos orar ao Senhor
para soltá-los para que eles possam ser liberados e testificar pelo Senhor. Irmãos, vocês vêem a necessidade
de orações com autoridade? Vocês percebem quantas orações com autoridade devem ser feitas? Algumas
vezes temos de "soltar" dinheiro por meio de nossa oração. Satanás pode facilmente amarrar bem apertado
a carteira de uma pessoa. Às vezes temos de pedir a Deus que libere o dinheiro para que a obra de Deus não
sofra por falta de dinheiro. Temos de pedir a Deus que nos liberte de muitas coisas. Além disso, a verdade
também precisa ser liberada. Temos de dizer ao Senhor todo o tempo: "Senhor, libera Tua verdade". Muitas
verdades estão amarradas e não podem ser liberadas. Muitas verdades jamais foram ouvidas, e mesmo
quando são ouvidas não são entendidas. Portanto, temos de pedir a Deus que libere Sua verdade, de
maneira que Sua verdade possa fluir e Seus filhos possam recebê-La. Em muitos lugares a verdade não
consegue romper as barreiras, e em muitos lugares e impossível aos homens receber a verdade. Temos de
pedir a Deus que libere Sua verdade e liberte muitas igrejas que estão subjugadas, de maneira que muitos
lugares que não podiam receber a verdade sejam capazes de recebê-la. Em muitos lugares não há como
transmitir a verdade. Mas o Senhor tem o caminho. Quando orarmos com autoridade, o Senhor enviará a
verdade para aqueles lugares. Temos de lembrar que muitas coisas precisam ser libertadas com orações de
autoridade.

Temos de dar atenção especial às orações de amarrar e soltar. Temos de amarrar muitas coisas e soltar
muitas outras. Não estamos suplicando, mas amarrando e soltando com autoridade. Que Deus seja benévolo
para conosco de maneira que todos possamos aprender a orar com autoridade. Não apenas temos de
aprender a orar, temos também de aprender a conhecer a vitória de Cristo. Temos de soltar com a vitória
de Cristo e temos de amarrar com a vitória de Cristo. Temos de amarrar todas as coisas que são contrárias à
vontade de Deus. Orar com autoridade é o céu governar sobre a terra; é a terra exercitar a autoridade
celestial. Cada um de nós é um homem celestial. Como tais, nós temos a autoridade do céu. Estamos
meramente peregrinando na terra hoje. Todo aquele que é chamado pelo nome do Senhor é Seu
representante na terra. Somos mensageiros de Deus. Temos Sua vida, e fomos transferidos do império das
trevas para o reino do Filho do Seu amor. É por isso que temos a autoridade celestial. Onde quer que vamos,
podemos exercitar nossa autoridade celestial. Podemos governar sobre a terra por meio do céu. Que Deus
seja benévolo para conosco. Espero que todos nós possamos ser guerreiros de oração para o Senhor e que
todos sejamos vencedores por meio da autoridade de Cristo, de maneira que a vitória de Cristo possa ser
manifestada.

Por fim, resta uma advertência sóbria: devemos submetermos à autoridade de Deus. Se não nos
submetemos à autoridade de Deus, não podemos orar com autoridade. Devemos não apenas nos submeter
à autoridade de Deus quanto à Sua posição, mas devemos nos submeter também à Sua autoridade em nosso
viver diário e em todas as questões práticas. Se não fizermos assim, não poderemos orar com autoridade.
Uma vez um jovem estava expulsando um demônio de uma garota. O demônio disse à garota para despir-se.
O irmão ordenou ao demônio com autoridade, dizendo: "Eu te ordeno em nome de Jesus que não tire sua
roupa". O demônio disse imediatamente: "Está bem. Se você não me permite tirar a roupa, não vou tirar". Se
o jovem não fosse vitorioso em seu viver, ele teria sido derrotado diante do demônio Neste caso, o demônio
não apenas teria ignorado sua ordem, mas teria também exposto os pecados dele. Irmãos, sabemos que
toda a criação esteve originalmente sob o domínio do homem. Mas a criação é desobediente ao homem hoje
porque o homem não obedece à palavra de Deus. O leão matou o homem de Deus porque ele não obedeceu
à palavra de Deus (1 Reis 13:20-25). Daniel, quando foi lançado na cova dos leões, não foi ferido por eles,
porque ele era inocente diante de Deus e não havia causado nenhum dano diante do rei. Por isso, Deus
enviou o Seu anjo e fechou a boca dos leões (Dn 6:22). Uma cobra venenosa poderia ter ferido a mão do fiel
servo de Deus, Paulo (At 28:3-6), contudo, vermes puderam matar o orgulhoso Herodes (12:23). Irmãos, se
nos submetermos à autoridade de Deus, os demônios terão medo de nós e se submeterão à nossa
autoridade.
A Bíblia mostra-nos a relação entre oração, jejum e autoridade. Oração indica que buscamos a Deus, ao
passo que jejum indica que negamos nosso ego. O primeiro direito que Deus deu ao homem foi o de comer.
A primeira coisa que Deus deu a Adão foi a comida. Jejuar é renunciar ao seu direito legal. Muitos cristãos
somente jejuam, mas não negam a si mesmos. Em tal caso, seu jejum não pode ser considerado jejum. Os
fariseus, por um lado, jejuavam e, por outro, extorquiam (Mt 23:25). Se eles estivessem jejuando de fato,
teriam devolvido o que haviam extorquido dos outros. Orar é buscar a Deus, ao passo que jejuar e negar o
ego. Temos de buscar Deus e negar o ego ao mesmo tempo. Quando nossa busca de Deus e nossa negação
do ego estão juntas e mescladas, imediatamente há fé. Quando temos fé, temos autoridade para ordenar aos
demônios que saiam. Irmãos, se buscamos a Deus mas não negamos nosso ego, não temos fé nem
autoridade. Mas se buscamos a Deus e negamos nosso ego, imediatamente teremos fé e autoridade e
seremos capazes de proferir palavras de fé e autoridade. Irmãos, as orações mais importantes e mais
espirituais são as orações de autoridade.

Capítulo Cinco
VIGIAR E ORAR
"Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e
súplica por todos os santos" (Ef 6:18). Devemos dar atenção especial à frase "para isto vigiando" nesse versículo.
A que se refere a palavra "isto"? Ao ler o contexto, sabemos que ela se refere a oração e súplica. O apóstolo disse
que não é suficiente orar em todo tempo por meio de oração e súplica; também precisamos ser vigilantes na
questão da oração e súplica. Por um lado, temos de orar, e, por outro, temos de ser vigilantes. Que significa ser
vigilante? Ser vigilante é estar desperto e observar atentamente e manter esse estado com os olhos abertos. Ser
vigilante é estar alerta para qualquer perigo ou emergência. Ser vigilante em oração e súplica é ter a percepção
espiritual para discernir os estratagemas de Satanás e expor seu propósito e método de trabalho.
Mencionaremos especificamente algumas coisas que devemos vigiar quanto à questão da oração e súplica.

A oração é uma espécie de serviço e deve ter a máxima prioridade. Mas a estratégia de Satanás é colocar todas as
coisas relativas ao Senhor antes da oração e tornar a oração um assunto de menor importância. Apesar de
sermos freqüentemente lembrados da importância desse assunto, poucas são as pessoas que dão muita atenção
à oração. Muitas pessoas têm entusiasmo para ir a reuniões de pregação de mensagens, estudos bíblicos e outras
reuniões da igreja. Elas se interessam por essas reuniões e reservam tempo para elas. Mas sempre que há uma
reunião de oração, o número é surpreendentemente baixo. Apesar de muitos sermões que nos lembram que
nosso principal serviço é orar e que se fracassamos em nossa vida de oração tudo o mais fracassará, ainda
negligenciamos a oração e a consideramos como algo muito dispensável. Apesar de os problemas se
amontoarem, e de reconhecermos com a boca que a oração é a única maneira de resolvê-los, falamos mais do que
oramos, e nos preocupamos e lançamos mão de métodos mais do que oramos. Resumindo: tudo vem antes da
oração; tudo é importante. A oração é sempre colocada em último lugar e considerada menos importante. Uma
vez, um irmão que tinha um profundo conhecimento do Senhor disse o seguinte: "Todos nós temos cometido o
pecado da negligência em orar. Todos devemos dizer a nós mesmos: 'Você é tal pessoa!”. De fato, todos devemos
dizer a nós mesmos que somos essa pessoa. Não podemos pôr a culpa nessa ou naquela pessoa por não orarmos.
Nós mesmos temos de nos arrepender. Precisamos que o Senhor abra os nossos olhos para que vejamos
novamente a importância e o valor da oração. Ao mesmo tempo, temos de perceber que, se não tivéssemos sido
tão enganados por Satanás, não teríamos sido tão negligentes na oração. Portanto, devemos ser vigilantes,
descobrir os estratagemas de Satanás e detectar suas artimanhas. Não devemos permitir que ele nos faça
relaxados e cegos.

Depois de entendermos a importância da oração e consagrar-nos para servir e trabalhar em oração, os ataques
de Satanás virão sobre nós, um após o outro. Sentiremos que não conseguimos achar tempo para orar. Quando
temos a intenção de orar, alguém bate à nossa porta ou vem pela porta dos fundos; os adultos começam a
discutir ou as crianças, a perturbar.

Vigiar e Orar

Alguém fica doente ou alguém sofre um acidente. Antes de decidirmos orar, tudo estava em paz. Quando
desejamos reservar um tempo específico para oração, muitas coisas imediatamente começarão a acontecer
conosco, uma apos a outra. Muitas coisas inesperadas e imprevisíveis cairão sobre nós como um exército em uma
emboscada. Inúmeros problemas surgirão para nos impedir de orar. Muitas coisas se colocarão em nosso
caminho para tentar adiar o momento de oração. Será que todas essas coisas acontecem acidentalmente? Não,
elas não acontecem por acaso. Essa é uma estratégia planejada e preparada por Satanás para nos impedir de
orar. Ele pode nos encorajar a fazer muitas coisas, mas tentará eliminar nosso tempo de oração. Ele sabe que, se
o trabalho espiritual não for edificado sobre um fundamento de oração, este não terá muito valor e seu resultado
final será um fracasso. Portanto, sua estratégia é fazer que fiquemos ocupados com outras coisas e
negligenciemos a oração. Ocupamo-nos na obra, em visitas, em prover hospedagem e em preparar mensagens.
Estamos ocupados de manhã à noite a tal ponto que a oração fica de lado e não temos muito tempo para orar.

Deixem-me citar novamente as palavras do irmão que conhecia profundamente o Senhor: Quando os filhos de
Israel planejaram deixar o Egito, a reação do Faraó foi aumentar o trabalho deles. O objetivo do Faraó era fazer
que eles prestassem mais atenção, até mesmo toda a atenção, ao seu trabalho para que não tivessem tempo de
pensar em deixar o Egito. Depois que você toma a decisão ou faz planos para ter uma vida de oração mais rica,
Satanás começa uma nova estratégia; ele fará que você fique mais ocupado e amontoará trabalhos e necessidades
sobre você para que você não tenha tempo nem oportunidade de orar. Amados irmãos, devemos lidar com esse
problema de maneira definitiva. Sem dúvida, ao lutar por um tempo de oração, pode haver alguma discussão
sobre nossa responsabilidade, deveres e obrigações. Algumas pessoas podem pensar que dedicar-nos à oração
poderá fazer que negligenciemos nossas obrigações, abandonemos nossos deveres e prejudiquemos nossa
responsabilidade. Contudo, quando enfrentamos tais situações, deveríamos levar todos esses problemas, isto é,
nossas obrigações, nossos deveres e responsabilidade ao Senhor e orar. (Todavia, não é fácil aplicar esse tipo de
oração a todos os crentes. Além do mais, esse tipo de palavra pode freqüentemente causar mal-entendidos
porque algumas pessoas se alegram muito em abandonar suas responsabilidades; elas não cuidarão com
seriedade de suas responsabilidades. Elas prazerosamente empurrarão suas responsabili-dades para os outros, a
fim de ter tempo para orar. Que o Senhor proteja nossas palavras de maneira que elas não causem mal-
entendidos.) Temos de entender que o inimigo está tentando usar a responsabilidade, as obrigações e outros
assuntos que tocam a consciência, para criar a melhor desculpa a fim de nos impedir de orar. Se descobrirmos
que nossa vida de oração foi completamente anulada ou caiu em tal situação de confinamento a ponto de nos
tornarmos completamente sem esperança de viver uma vida espiritual transcendente e vencedora, sob tais
circunstâncias devemos orar ao Senhor: "Senhor, enquanto oro, entrego a Ti minhas responsabilidades. Não
permita que coisa alguma impeça ou danifique meu tempo de oração. Por favor, guarda esta hora de oração para
mim, porque é durante esse tempo que a Tua glória ocupa meu pensamento, e não permita que Satanás se
intrometa nesta hora". Podemos também aplicar o princípio do dizimo à questão da oração. Depois de termos
oferecido a Deus a porção e posição que Ele merece e de termos dado o dizimo do nosso tempo ao Senhor,
descobriremos que podemos usar com mais eficácia os outros nove décimos do nosso tempo, melhor do que
quando tentávamos usar todo o nosso tempo para nós mesmos, antes de darmos o dizimo dele ao Senhor. O
princípio de dar o dizimo é muito eficaz. Contudo, devemos estar conscientes da guerra na oração. Temos de nos
posicionar forte, poderosa e firmemente em Cristo e orar segundo a vitória da cruz. Temos de lutar pela oração
aplicando a vitória completa que o Senhor obteve na cruz, e temos de remover, em oração, qualquer terreno que
o inimigo tenha conquistado, de maneira que possamos guardar nossa posição na oração. É como Sarna, um dos
valentes de Davi, que se posicionou no meio de um pedaço de terra cheio de lentilhas, defendeu-o e feriu os
filisteus, e o Senhor efetuou grande livramento (2 Sm 23:11-12). Esse pedaço de terra cheio de lentilhas
representa nossa posição na oração; ela deve ser guardada pela vitória no Gólgota contra a intrusão do inimigo. O
tipo de luta que resulta em oração é uma luta pela oração. Temo que muitas vezes tenhamos aceitado as
condições do ambiente e achado impossível orar em determinadas ocasiões. Pelo fato de determinadas coisas
estarem ocorrendo e se desenvolvendo de certa maneira, achamos que não podemos orar nessa ocasião. De fato,
se dermos terreno ao diabo, acontecerão coisas que nos impedirão de orar. Essa é a estratégia do diabo. Devemos
remover todos os empecilhos no campo de batalha da oração por meio do nome do Senhor e segundo a vitória de
Sua cruz. A cruz pode ganhar eficazmente o tempo para orarmos, assim como ela é eficaz em outras áreas, desde
que saibamos aplicar o poder de Sua vitória.

As palavras acima podem ser um grande lembrete e advertência a nós. Irmãos, devemos lutar por um tempo para
orar, e devemos reservar um tempo para orar. Se esperarmos até que tenhamos tempo para orar, nunca teremos
a oportunidade de orar. Devemos separar um tempo para orar. Andrew Murray disse: "Os que não têm tini
horário estabelecido para orar, não oram". Portanto, devemos ser vigilantes e separar um tempo para orar.
Devemos também proteger esse momento com oração, para que o diabo não o usurpe com seu engano.

Não apenas devemos ser vigilantes para guardar o horário de oração, mas devemos igualmente ser vigilantes
enquanto oramos, para que possamos orar e ter coisas pelo que orar. Satanás irá nos atormentar não somente
com todo tipo de coisas e circunstâncias exteriores que nos forçam a não ter tempo para orar, mas até mesmo
depois que nos ajoelhamos para orar ele usará todo tipo de engano para nos impedir de orar. Nossa mente pode
estar muito clara e nossos pensamentos sóbrios antes de orar, mas, assim que nos ajoelhamos para orar, nossos
pensamentos ficam confusos. Começamos a nos lembrar de coisas que não precisamos lembrar, e a pensar antes
do tempo em coisas que não precisamos pensar. Muitos pensamentos desnecessários surgem repentinamente.
Antes de orar, nenhuma dessas coisas nos sobrevinha. Mas, assim que oramos, elas nos vêm distrair.
Exteriormente tudo parece estar em paz e parece que não há nada que nos assuste, mas, assim que nos
ajoelhamos para orar, começamos a ouvir vozes. Na verdade, tais sons estranhos não vêm do exterior. Esses
muitos sons vêm de maneira estranha e inexplicável para interromper nossa oração. Podemos nos sentir muito
fortes antes de começar a orar, mas assim que nos ajoelhamos para orar nos sentimos cansados e incapazes de
nos sustentar, mesmo que tenhamos dormido bem. O cansaço não vem quando não oramos, mas assim que
começamos a orar sentimo-nos cansados e queremos dormir. Às vezes, até mesmo sintomas de uma enfermidade
que não tínhamos antes podem surgir repentinamente. Podemos querer descarregar um encargo, mas quando
nos ajoelhamos para orar, não conseguimos proferir uma única palavra. Parece que estamos sufocados e sem
nada para orar. É óbvio que há muitas coisas pelas quais devemos orar, mas, assim que começamos a orar,
ficamos mudos e frios e não sentimos que temos algo para orar. Mesmo quando oramos, é como se estivéssemos
falando ao ar e ficamos sem o que dizer após duas ou três frases. Nenhuma das condições acima ocorriam
conosco antes de começarmos a orar. Somente depois que nos ajoelhamos para orar é que elas nos sobrevêm. Se
não percebermos que isso é engano de Satanás para destruir nossa oração, desejaremos parar de orar e nos
levantar logo depois de nos ajoelharmos. Portanto, para orar, para orar cabalmente e liberar nosso encargo pela
oração, temos de ser vigilantes em nossa oração. Temos de ser vigilantes para resistir às situações que nos
impedem de orar. Isso exige que lutemos a batalha. Antes de orar, temos de pedir a Deus que nos capacite a orar.
Quando oramos temos de pedir a Deus que nos mantenha em oração sem distrações e que nos liberte de todo
engano do inimigo que nos faz parar de orar. Temos de falar a todos os pensamentos e vozes que nos distraem
assim como às fraquezas e enfermidades e declarar que todas essas coisas inexplicáveis são mentiras e enganos
de Satanás e que nos opomos a elas. Temos de abrir a boca e expulsá-las. Não devemos dar-lhes terreno algum;
devemos ser vigilantes para resistir aos ardis de Satanás por meio da oração. Então, seremos não apenas capazes
de orar, mas capazes de orar cabalmente.

Para orar cabal e poderosamente não podemos apenas esperar em vão. Não podemos entrar confortavelmente
nessa vida de oração, e não podemos seguir nossa imaginação para penetrar nessa vida de oração. Precisamos
aprender, precisamos ser quebrados e precisamos lutar para poder garantir esse tipo de oração.

Durante nossa oração, devemos também nos proteger das orações que não são orações. Satanás não apenas quer
tirar nosso tempo de oração, mas também nos privar de força para orar. Ele vira, mesmo enquanto estamos
orando, para nos falar muitas palavras não relacionadas com o assunto, confusas, sem importância e vãs. Ele
tentará fazer que peçamos em vão e que desperdicemos nosso tempo de oração. Ele tentará ocupar nosso tempo
de oração de tal maneira que nossa oração não surta nenhum efeito. Muitas orações carnais, velhas, longas,
mundanas, insinceras e sem objetivo são orações que desperdiçam o tempo. Pode parecer que estamos orando
como de costume, mas, na verdade, nessas orações há sugestões, instigações e enganos de Satanás. Se não formos
vigilantes, nossa oração tornar-se-á sem sentido e infrutífera. Um irmão mencionou uma história que leu na
biografia de Evan Roberts. Uma vez, algumas pessoas estavam em sua casa orando por algo. No meio da oração
de um irmão, o sr. Roberts adiantou-se e tapou a boca daquele irmão, dizendo: "Irmão, não prossiga. Você não
está orando". O irmão que estava lendo essa história disse consigo mesmo: "Como o sr. Roberts p fazer isso?"
Porém, mais tarde, ele percebeu que o sr. Roberts estava certo. Muitas palavras em nossas orações são faladas
pela carne, instigadas por Satanás. Essas orações podem ser longas, mas muitas delas são inúteis e nada práticas.
Irmãos, isso é um fato. Muitas vezes em nossa oração, parece que estamos circulando por todo o mundo. Gasta-se
o tempo e exaurem-se as forças, mas não se ora por nada específico. Não podemos esperar que Deus responda a
esse tipo de oração. Esse tipo de oração não tem nenhum valor espiritual. Portanto, quando oramos, temos de ser
vigilantes e não gastar muito tempo nem justificar demais. Antes, devemos falar a Deus o que está em nosso
coração, de maneira sincera. jamais devemos encher nossa oração com muitas palavras vazias.

Ternos de ser vigilantes para que, quando orarmos, não falemos levianamente. Uma vez, um homem muito
experiente em oração escreveu um hino. Uma parte desse hino fala de oração. Diz que se alguém quer orar a
Deus, essa pessoa deve ter clareza do que ela deseja de Deus. Irmãos, quando nos ajoelhamos para orar, se não
sabemos o que queremos, como podemos esperar que Deus responda à nossa oração? Se nossa oração é sem
objetivo e sem entusiasmo, ela não é uma oração. Satanás irá aproveitar-se disso e nos fará acreditar que oramos
de fato. Na verdade, não oramos de forma nenhuma. Devemos ser vigilantes e estar alertas. Toda vez que nos
aproximamos de Deus para orar, devemos saber o que queremos em nosso coração. Se não temos desejo algum,
não temos oração. Todas as orações são governadas pelo nosso desejo. Nosso Senhor atenta para isso. O cego
Bartimeu rogou ao Senhor, dizendo: 'Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim!" (Mc 1O:47,51). O Senhor lhe
perguntou: "Que queres que Eu te faça?" Você pode responder a essa pergunta? Alguns irmãos e irmãs oram por
dez ou vinte minutos. Depois disso, quando você lhes pergunta: "Que você estava pedindo a Deus?", pode ser que
eles não sejam capazes de dizer-lhe nada. Embora possam ter falado muito em sua oração, eles não sabem nem o
que estavam pedindo. Essa é uma oração sem desejo. É uma oração sem objetivo e que não é considerada aos
olhos de Deus. Temos de ser vigilantes e nos guardar desse tipo de oração.

Quando oramos, deve haver não apenas o desejo, mas também a palavra para expressar o desejo. Às vezes, há
algo que desejamos, mas quanto mais falamos, mais longe parecemos estar do nosso desejo. Devemos também
ser vigilantes para nos guardar disso. A estratégia de Satanás consiste em segurar-nos para que não oremos ou
empurrar-nos enquanto oramos, de maneira que quanto mais oramos mais nos perdemos. Portanto, quando
oramos, temos de nos guardar para que nossas palavras não se desviem do centro. Quando descobrimos que
nossas palavras se desviaram, devemos voltar atrás. Devemos ser vigilantes para mirar na direção correta e
persistir em deixar de fora as palavras desnecessárias. Temos de nos guardar de fazer orações que não são
absolutamente orações.
Devemos ser vigilantes na oração e não permitir que Satanás a interrompa com seus enganos. Satanás irá acusar-
nos freqüentemente, depois que erramos um pouco, e levar-nos à introspecção enquanto oramos, de maneira
que não consigamos abrir a boca perante Deus. Quando a resposta de Deus parece estar muito longe, Satanás
fará que fiquemos decepcionados e desencorajados, e tirará nossa força de esperar em Deus. Irmãos, se nossa
oração deve ser segundo a vontade de Deus, temos de persistir em oração até o fim. Mesmo quando fracassamos,
podemos ir diante de Deus pelo sangue do Cordeiro; não é necessário que Satanás venha interferir. Temos de ser
como a viúva que orou até que o juiz julgasse sua causa (Lc 18:7). Temos de ser como a sunamita, que não quis
deixar Eliseu. até que ele fosse com ela (2 Rs 4:3O). Cremos que uma demora em responder a oração pode
ajudar-nos a conhecer algo que não conhecíamos, e aprender lições que desconhecíamos. Jamais devemos
permitir a Satanás que interrompa ou danifique nossas orações.

Quando alguns de nós oram juntos, Satanás não nos deixará prosseguir facilmente. Ele será ativo de muitas
maneiras e urdirá diversos planos para interromper tais orações. Pode haver boatos sem fundamento, notícias
falsas, ciúmes sem razão, mal-entendidos complicados, temor inexplicável e ondas de ameaças que parecem vir
de lugar nenhum. Tudo isso ocorre sob a direção secreta de Satanás com o propósito de criar algum tipo de
divisão a fim de abalar a reunião de oração e destruir essa oração em unidade. Portanto, irmãos, devemos julgar
todas as coisas (1 Ts 5:2 1). Não devemos crer em nada de maneira leviana, ser abalados por qualquer coisa, nem
passar palavras adiante levianamente. Se formos vigilantes, descobriremos que muitas palavras e coisas
desnecessárias e imprecisas são engano do inimigo. Seu objetivo é tornar o povo de Deus temeroso, fraco e, até
mesmo, disperso. Portanto, por um lado, devemos orar, e, por outro, estar alertas. Devemos seguir o exemplo de
Neemias, que pós guarda dia e noite (Ne 4:9). Nossa resposta à ameaça de Satanás é: "De tudo o que dizes coisa
nenhuma sucedeu; tu, do teu coração, é que o inventas (...) Homem como eu fugiria? E quem há, como eu, que
entre no templo para que viva? De maneira nenhuma entrarei" (Ne 6:8,11). Não temeremos e não pararemos de
orar. Um irmão disse: "Quanto necessitamos de uma sentinela para vigiar contra o engano do diabo, pois as
maneiras que ele usa para destruir a vida coletiva do povo de Deus são muito mais do que podemos contar ou
enumerar". Por essa razão, devemos ser vigilantes a fim de examinar e supervisionar essas coisas, para que
Satanás não tenha oportunidade de nos dividir, destruir nossa unidade na oração ou acabar com nossas orações.

Devemos também ser vigilantes em nossa oração para que não caiamos no engano de Satanás de não fazermos
orações específicas. Freqüentemente há muitas coisas que precisam ser decididas, muitas pessoas pelas quais
precisamos orar, muitas mensagens centrais que precisam ser liberadas e muitos problemas que precisam ser
resolvidos. Contudo, quando oramos, parece que nos falta algo para orar. Nem sequer temos palavras para orar e
mal conseguimos completar duas ou três frases. Temos de saber que o ataque de Satanás está presente. É
verdade que por meio de nossa preguiça, medo de nos enredar, falta de amor ou indisposição de avançar e ser
completos, nossas orações às vezes tornam-se uma rotina. Mas, muitas vezes quando nos reunimos,
verdadeiramente queremos orar. Contudo, pouquíssimas orações são proferidas. Isso prova que algo ameaçador
está presente. Esse algo é o desígnio de Satanás de nos impedir de orar. Se formos vigilantes, descobriremos que
muitos casos de esquecimento, omissão, procrastinação e descuido não acontecem intencionalmente. Antes,
Satanás está nos deprimindo, enganando, roubando e assaltando. Portanto, temos de nos opor às suas
estratégias. Temos de orar cabalmente pelas pessoas, pelas coisas, pela verdade e por nossos problemas. Irmãos,
temos de perceber que uma oração "econômica", apressada, quase sempre é uma oração descuidada que dará
terreno para Satanás. Não devemos deixar passar, e devemos pedir ao Senhor que nos lembre de todos os
encargos em nossa oração e nos dê a forma de expressão para orar. Ao mesmo tempo, temos de lidar com nossa
própria preguiça e procrastinação. Nosso Senhor "tendo-se levantado muito cedo, (...) e (...) orava". Quando
Simão e os que estavam com ele O buscaram e disseram: "Todos Te buscam", Sua resposta foi: "Vamos a outros
lugares (...) a fim de que Eu pregue também ali, pois para isso é que Eu saí" (Mc 1:35-38). Quão específico e cabal
é o nosso Senhor. Ele "saiu para o monte a fim de orar, e passou a noite toda em oração a Deus. E quando
amanheceu, chamou a Si os Seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de
apóstolos" (Lc 6:12-13). Quão específico e completo é isso. Quando o apóstolo Paulo lembrou aos santos efésios
que vigiassem em oração e suplica, ele mencionou "súplica por todos os santos e também por mim; para que me
seja dada, no abrir da minha boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho (...)
para que, em Cristo, eu seja ousado para falar, como me cumpre fazê-lo" (Ef 6:18-2O). Isso também é muito
específico e claro; é algo que exige muita súplica. Se temos consciência do Corpo e nos preocupamos com a alma
dos pecadores, com os assuntos dos santos e com o serviço dos servos do Senhor, haverá inúmeras coisas e
pessoas pelas quais temos de suplicar. Deve haver também muitas orações a respeito de cada verdade a ser
liberada. Ao escrever aos santos efésios, o apóstolo Paulo disse: "Por esta causa me ponho de joelhos diante do
Pai (...) para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda" (Ef 3:14, 16). Aqui vemos que a revelação que
Paulo tinha da verdade gloriosa vinha da oração, e que a própria revelação é a oração. Assim vemos que a
verdadeira excelência da luz da verdade vem pela oração. Devemos orar a verdade para dentro da nossa vida e,
então, "orá-La para fora". Devemos orar sobre todas as verdades que ouvimos e falamos, de maneira que essas
verdades não permaneçam apenas na nossa mente ou em nossos cadernos, mas sejam manifestadas em nossa
vida. Quantas orações específicas e completas são necessárias para isso!
O diabo e sua manipulação estão por trás de muitos problemas. Se não formos vigilantes, pensaremos que há
problemas apenas com as pessoas, coisas e eventos. Mas se tivermos visão espiritual, veremos que a obra do
diabo está presente, e expulsaremos todos os demônios que estão por trás dessas coisas. Às vezes, como disse o
Senhor, um demônio "não sai senão por meio de oração e jejum" (Mt 17:21). Isso exige que, por um lado, sejamos
vigilantes e, por outro, persistentes na oração. Caso contrário, a dificuldade será como uma montanha; ou temos
de ordenar a ela que se lance no mar, ou temos de contorná-la. Irmãos, despertemos. Temos de orar de maneira
cabal. Devemos expor o engano de Satanás e destruir tudo a que ele se une e manipula. Devemos expulsar os
demônios que estão por trás de todos os problemas.

Não apenas temos de ser vigilantes antes de orarmos e enquanto oramos, mas também devemos ser vigilantes
depois que oramos. Devemos ser vigilantes para examinar todas as mudanças que ocorrem depois que oramos.
Devemos perceber que todas as orações sérias e com encargo são feitas não apenas "com toda oração" mas
também "em todo tempo". Não é apenas uma vez, mas muitas. E não é apenas uma vez com toda oração, mas em
todo tempo com toda oração. Portanto, temos de tomar nota de qualquer desenvolvimento, mudança ou
movimento novo depois de cada oração. Por exemplo: quando Elias orou no monte Carmelo, ele ajoelhou-se e
meteu o rosto entre os joelhos. Ele também pediu sete vezes ao seu servo que olhasse para o lado do mar até que
o servo dissesse que viu, levantando-se do mar, uma pequena nuvem, como a palma da mão de um homem. Ele,
então, disse a seu servo que dissesse a Acabe para aparelhar seu carro e descer, para que a chuva não o detivesse
(1 Rs 18:42-44). Isso também pode ser visto na oração de Eliseu pelo filho da sunamita. Ele deitou-se sobre o
menino até que a carne do menino aqueceu. Ele então se levantou, e andou na casa de lá para cá e tornou a subir
e estender-se sobre o menino; até que este espirrasse sete vezes e abrisse os olhos. Então, ele entregou o menino
à sua mãe (2 Rs 4:33-37). Fosse Elias ou Eliseu, eles não apenas se ajoelharam para orar sem pedir coisa alguma.
Enquanto oravam, eles observavam o efeito da oração e as mudanças no ambiente. Por exemplo: você pode estar
orando por alguém que se opõe ao Senhor. Você ora para que Deus o faça crer. Você pode orar por ele com toda
oração e pode ter a promessa de Deus quanto a isso. Mas pode parecer que a circunstância exterior piore; ele
pode ficar mais firme em sua oposição. Se você ignora isso e continua a fazer a mesma oração, isso não será
adequado. Você deve detectar isso e dizê-lo ao Senhor. Se for vigilante, você receberá luz da parte Dele. Você
pode perceber que sua oração o afetou e você pode começar a louvar a Deus. Ou você pode mudar sua oração e
lançar outra rede. Talvez, depois de algum tempo, ele amoleça, e você pode mudar para outro tipo de oração,
para lançar outra rede. Temos de ajustar nossa oração conforme a situação. Para fazê-lo, precisamos estar
vigilantes.

Efésios 6 é um capítulo sobre a luta espiritual. A coisa mais importante nesse capítulo é a oração mencionada no
final. Entre os filhos de Deus, a oração é a coisa mais facilmente atacada. Por isso devemos ser vigilantes para
lutar por um tempo de oração, proteger a oração, parar orações que não são orações e estar alertas contra a
estratégia de Satanás de interromper nossa oração. Devemos lembrar que a oração é um serviço, um serviço
excelente. Devemos vigiar e orar, e praticar isso deliberadamente, de maneira que Satanás não tenha a
oportunidade de destruir nossa oração.

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