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Série:

Buscar as coisas
lá do alto
P E D R O D O N G
© 2023 Editora Árvore da Vida

Cristo, o centro conector da obra de Deus – Livro 4

Título deste volume:


Buscar as coisas lá do alto

1ª edição - maio/2023 - 85.000 exemplares

Publicado também em
espanhol, inglês, coreano, francês, italiano e alemão.

Proibida a reprodução total ou parcial


deste livro sem a autorização escrita dos editores.

Todos os direitos reservados à Editora Árvore da Vida

Editora Árvore da Vida


Av. Corifeu de Azevedo Marques, 137 - Butantã
05581-000 - São Paulo - SP
Fone: (11) 3723-6000
www.arvoredavida.org.br
Impresso no Brasil

CITAÇÕES BÍBLICAS
As citações bíblicas são da Versão Revista e Atualizada de João Ferreira
de Almeida, 2ª Edição, salvo quando indicado pelas abreviações:

ARC - Almeida Revista e Corrigida


BJ - Bíblia de Jerusalém
BJC - Bíblia Judaica Completa
IBB - Rev. Imprensa Bíblica Brasileira
KJA - King James Atualizada
lit. - Tradução literal do original grego ou hebraico
NAA - Nova Almeida Atualizada
NVI - Nova Versão Internacional
VR - Versão Restauração

Capa: Willian Miguel | Projeto gráfico: Andréia Amorim | Diagramação: Wagner Costa
PREFÁCIO
Na contracapa aparece o QR Code “Posso orar por
você?”. Aponte a câmera de seu celular para esse código
e deixe seu nome, endereço, telefone e pedido de oração.
Você será encaminhado(a) para uma central de cuidado
e acolhimento, e uma equipe irá orar por você e cuidar
espiritualmente de você e de sua família.

Você também pode desfrutar do Alimento Diário pelo


EAV Play, apontando a câmera do celular para o QR Code
abaixo, e terá acesso às séries atual e anteriores, além
de conteúdo privilegiados, como tutoriais, audiobook,
mensagens completas em vídeo e muito mais!

E-mail: editora@arvoredavida.org.br
(11) 3723-6000
Será um prazer atendê-lo(a)!

Assim que se levantar, antes de qualquer outra


coisa, faça uma respiração da vida, invocando
profundamente o nome do Senhor Jesus!
Ao fazê-lo, jogue fora todos os temores, medos,
tristezas e pecados, e receba o Senhor Jesus como
vida, alegria, paz e encorajamento. Invoque: “Ó
Senhor Jesus!” várias vezes, durante todo o dia.
BOM DESFRUTE!

INDIVIDUALMENTE
1. Encontre-se com o Senhor de manhã cedo.
2. Leia os versículos propostos para cada dia a fim de ter uma ideia
completa do assunto a ser comentado. Lembre-se de que a Bíblia
explica a Bíblia; por isso, você poderá encontrar citações de muitos
outros livros da Bíblia, além daquele que estamos apresentando
neste Alimento Diário.
3. Leia com oração o versículo proposto para cada dia. Para isso,
cada palavra deve ser repetida, enfatizada e proclamada sem
pressa, como se a estivesse mastigando. Não leia o versículo todo
rapidamente, mas gaste tempo em cada palavra. Não se preocupe
em entender o versículo, mas em “comê-lo”, em tomá-lo pela fé
como alimento espiritual.
4. Sublinhe as frases e palavras que mais o impressionaram no texto
explicativo. Procure resumir o texto do dia em poucas palavras,
se possível, em uma só. Essa palavra, ou palavras, funcionará
como uma chave que lhe abrirá o significado espiritual do texto.
“Rumine-a” durante o dia, repetindo-a e proclamando-a para si
mesmo. Desse modo, o texto que você leu pela manhã servirá de
alimento espiritual todo o dia.
5. Compartilhe aquilo que você ganhou com as pessoas com as quais
se relaciona em casa, na escola, no trabalho etc. Elas precisam da
vida que você recebeu por meio da Palavra.
BOM DESFRUTE!

NOS GRUPOS FAMILIARES


1. O Alimento Diário é um excelente instrumento para que pequenos
grupos familiares se reúnam, a fim de estudar a Bíblia. Nós os
chamamos de grupos familiares por terem um caráter informal e
de cuidado mútuo entre seus participantes.
2. Um grupo familiar pode ser formado por familiares, vizinhos ou
por amigos que morem próximos a você, ou por seus colegas de
faculdade, de escola ou de trabalho.
3. Procure reunir-se periodicamente com os membros de seu grupo
familiar para lerem juntos o Alimento Diário.
4. Em conjunto, leiam as passagens sugeridas para cada dia, e leiam
com oração o versículo do dia.
5. Compartilhem entre si o ponto-chave de cada um, e procurem
aplicar essa palavra à sua vida cotidiana, às suas dificuldades, à sua
vida familiar e profissional. Torne a Palavra de Deus prática para
você. Dessa maneira, todos participam ativamente e são edificados
mutuamente.
6. Aproveitem a oportunidade para orar juntos por necessidades ou
problemas pessoais.
7. Sempre que possível tragam convidados para a reunião do grupo
familiar. Dessa maneira, mais pessoas poderão ser supridas pela
Palavra de Deus.
Que todos recebam vida em abundância!

Os editores

P.S.: Não se esqueça de dar uma olhada na leitura de apoio,


sugerida no início de cada semana. Ela lhe será muito útil.
SUMÁRIO

SEMANA 1: EM CRISTO HABITA CORPORALMENTE Acesso ao


vídeo da
TODA A PLENITUDE DA DEIDADE – (CL 2:8-15) mensagem 13

O tecido maravilhoso do amor de Deus ................................................................ 7


Em Cristo habita toda a plenitude da Deidade..................................................... 10
Cuidado com vãs sutilezas e tradição humana..................................................... 13
O engano das coisas boas sem Cristo.................................................................. 16
Preenchidos com a realidade de Cristo................................................................ 19
A realidade da morte e ressurreição de Cristo..................................................... 21
O cancelamento do registro de nossa dívida........................................................ 23

SEMANA 2: CRISTO É A REALIDADE PARA A Acesso ao


vídeo da
EDIFICAÇÃO DE SEU CORPO – (CL 2:16-19) mensagem 14

A realidade é obtida pela fé.................................................................................. 25


O significado espiritual da dieta em Levítico 11.................................................. 27
Ruminar é igual a imergir na palavra................................................................... 29
Sombra versus realidade...................................................................................... 31
Não mais subordinados ao aio............................................................................. 33
O canal conector: Cristo....................................................................................... 35
A comunicação do espírito com a alma............................................................... 38

Acesso ao
SEMANA 3: A CRUZ OU ASCETISMO? – (CL 2:20-23) vídeo da
mensagem 15

O plano terrenal em oposição ao plano espiritual................................................ 41


A fé vem pela palavra, que opera em quem crê................................................... 44
Imergir na palavra para tecer a obra de Deus em amor....................................... 46
Nosso culto racional............................................................................................. 49
Morremos e ressuscitamos com Cristo................................................................ 51
Livres do poder do pecado para servir a Deus..................................................... 53
O poder da lei do Espírito da vida disponível em nosso espírito......................... 55

Acesso ao
SEMANA 4: BUSCAR AS COISAS LÁ DO ALTO
vídeo da
ONDE CRISTO VIVE – (CL 3:1-4) mensagem 16

A igreja em Filadélfia: um viver fora do convencional........................................ 57


A fé vem pela palavra.......................................................................................... 60
Colocar a mente no espírito pela imersão na palavra.......................................... 62
A palavra destrói as fortalezas da mente.............................................................. 64
A lei do Espírito da vida e o óleo composto da unção......................................... 66
Conhecer o poder da ressurreição........................................................................ 69
Obedientes, simples e focados............................................................................. 71
SEMANA 1 – SEGUNDA-FEIRA
Leitura bíblica:
1 Co 13:13; Cl 2:8; 1 Pe 1:4
Ler com oração:
“Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será
aniquilado” (1 Co 13:10).

O TECIDO MARAVILHOSO DO AMOR DE DEUS


Hoje começamos a mensagem “Em Cristo habita corporalmente toda
a plenitude da Deidade”, que nos revela como a igreja é edificada no
amor. Deus está tecendo um maravilhoso tecido com Seu amor, no qual
temos sido firmemente entrelaçados e ajustados com Ele. Essa obra de
amor só é possível graças a Cristo, em quem habita toda a plenitude
da Deidade. Hoje todos nós podemos achegar-nos a Deus por meio de
Jesus Cristo, que morreu e ressuscitou para dar-nos a vida eterna. No
entanto, se nosso viver ainda estiver preso às vãs sutilezas deste mundo,
como filosofia, cultura e tradição humana (Cl 2:8), seremos facilmente
enganados por Satanás, cujo intento é desconectar-nos de Deus.
Precisamos discernir a persuasão das palavras bonitas e boas que,
sem Cristo, produzem apenas aparência e falsa humildade. Só teremos

Em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da Deidade


discernimento enchendo-nos da verdade de Deus pela fé, amor e
esperança. Como Jesus Cristo, na cruz, cancelou nossos pecados e o
registro deles, hoje estamos livres para nos entrelaçar com Deus e com
os irmãos. Vamos pedir a Deus que ilumine nossa mente para perceber
qualquer vã sutileza que nos esteja enganando. E assim desfrutaremos
da liberdade que só o Espírito nos concede e da rede de amor da igreja
em Filadélfia!
A estrutura da igreja e do viver cristão é fé, amor e esperança
(1 Co 13:13). Na terra vivemos na dimensão do sistema cartesiano
tridimensional. Não estamos acostumados a acessar as coisas da
dimensão onde Deus está. No dia em que cremos em Jesus, a fé entrou
em nós, e somente ela nos dá acesso às coisas invisíveis fora de nossa
dimensão. O apóstolo Paulo nos alertou: “Pensai nas coisas lá do
alto, não nas que são aqui da terra” (Cl 3:2), porque estamos muito
condicionados a pensar nas coisas que vemos e a buscá-las. A fé, porém,
tem o poder de levar-nos a outra dimensão para nos fazer desfrutar do
próprio Deus como graça.
A esperança mantém-nos cheios de perseverança, mesmo em meio a
tribulações, pois nossa viva esperança é receber a herança incorruptível, 7
o galardão de Deus. Estamos lutando pela primogenitura, o direito ao
reino de Deus (1 Pe 1:4). Quando o Senhor Jesus voltar, queremos
reinar com Ele no milênio. Isso nos mantém acesos, com energia,
entusiasmados, motivados. Queremos agradar ao Senhor! Entretanto o
resultado que apresentaremos a Deus virá de Seu próprio amor entre nós
e durará por toda a eternidade.
Deus deseja em nosso meio obter um resultado. Por isso, pelo
rio da graça, Ele nos supre de Si mesmo, de Sua essência, que é o
amor. Esse amor vem do Deus invisível, que ninguém jamais viu.
Sendo assim, como é que o amor de Deus pode ser visto entre nós?
Quando realmente recebemos a realidade do suprimento do amor, algo
espontâneo acontece em nós e, sem ter percepção disso, passamos a
amar uns aos outros, as pessoas na rua, os irmãos que servem conosco
e a edificar-nos com eles. Antes tínhamos dificuldade em relacionar-
nos, mas agora, com o amor de Deus, ficamos juntos fazendo imersão
na palavra e nos edificando. Enfim, juntos ganhamos nossa alma para
o Senhor. Deus está produzindo uma rede de cuidado entre nós, uma
rede de amor.
Essa ligação inexplicável e muito forte tem sido produzida entre nós
com fios de amor supridos por Deus. Se houvesse somente fios amorosos
ligando-nos, a ligação seria agradável, mas ainda muito frágil. Um fio
arrebenta facilmente, pois sozinho tem baixa resistência. Mas, se minha
ligação com um irmão for um tecido bem fechado, será muito resistente.
Para haver um tecido, são necessárias urdidura e trama entrelaçadas.
A trama sem a urdidura ou a urdidura sem a trama não são um tecido.
Deus é visto no tecido maravilhoso do amor, quando amamos uns aos
outros. Porque só há o tecido do amor se houver o entrelaçamento entre
Deus (urdidura) e nós (trama).
Há diferentes tipos de fios. O fio de algodão egípcio e o peruano são
Buscar as coisas lá do alto

de alta qualidade. Isso porque o algodão cultivado em lugares secos,


como o Egito e o Peru, apresenta fibras longas e resistentes, o que torna
possível a obtenção de fios de maior qualidade. Encontramos em lojas
finas de cama, mesa e banho lençóis com 600 fios, de algodão egípcio.
Esses lençóis são de toque muito suave e macio, com estrutura fechada
a tal ponto que não se vê fissuras entre elas nem quando colocadas
contra a luz. Os tecidos comuns que utilizamos são diferentes e, contra
a luz, apresentam várias fissuras, porque não são tão fechados. O que
Deus está produzindo entre nós é um tecido fechadíssimo de altíssima
8 qualidade, cuja matéria-prima é Seu próprio amor! Ele fechará todas as
fissuras, todos os vácuos entre nós, de modo que seremos a plenitude
Daquele que a tudo enche em todas as coisas.
Em uma tecelagem, usam-se os melhores e mais resistentes fios na
urdidura. Esta precisa esticar-se, por isso são usados fios longos para
aguentar a força da tensão. A trama não precisa ter tanta resistência
como a urdidura. O amor de Deus é representado pela urdidura, a qual
tem a mais alta qualidade de fios que se entrelaçam à trama, os fios
transversais, que somos nós, e assim o tecido é formado. Querido leitor,
estamos tecendo o melhor tecido do universo! A igreja edificada é o
tecido maravilhoso do amor de Deus. Portanto, quando vier o que é
perfeito (1 Co 13:10), veremos um tecido perfeito na eternidade, a rede
perfeita do amor. Veremos a edificação da igreja perfeita e entenderemos
por que a igreja se tornará a habitação de Deus no espírito. Naquele
momento haverá harmonia e paz e seremos uma só peça com Deus!

Pergunta: Estamos tecendo o melhor tecido do universo. Qual é o processo


dessa tecedura?

Em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da Deidade


Meu ponto-chave:

Leitura de apoio:
“A hora da mudança” – cap. 2 – Pedro Dong.
“A visão do tabernáculo” – cap. 19 – Dong Yu Lan.
“O coração da Bíblia” – cap. 1 – André Dong.

9
SEMANA 1 – TERÇA-FEIRA
Leitura bíblica:
Jo 1:14
Ler com oração:
“Aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude” (Cl 1:19).

EM CRISTO HABITA TODA A PLENITUDE DA DEIDADE


Em Colossenses Paulo afirma: “Porquanto, nele, habita, corporalmente,
toda a plenitude da Divindade [Deidade]” (Cl 2:9). Prefiro substituir a
palavra “Divindade” por “Deidade”, porque a palavra grega usada é
theotes. Na Concordância de Strong, o significado em grego da palavra
é “divindade” como também o “estado do Ser de Deus ou o próprio
Deus”. Em todo o Novo Testamento, theotes foi usada somente aqui.
Diferentemente, em Romanos a palavra grega para divindade
é theiotes (não theotes) e indica os atributos divinos ou a natureza
divina, como lemos: “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim
o seu eterno poder, como também a sua própria divindade” (1:20a).
Aqui se refere à própria pessoa de Deus ou Ser de Deus. Por isso nesse
versículo (Cl 1:19) preferimos traduzir para “a plenitude da Deidade”,
atributo que só Deus tem. E a plenitude da Deidade é Cristo.
Cristo é a plenitude de tudo o que Deus é. Isso aparece também
em Hebreus, ao declarar-se que Cristo “é o resplendor da glória”
(1:3a). Deus é a glória, e sem Ele não vivemos. Tomemos o sol como
ilustração: sem os raios solares, a terra não tem luz, não temos energia
solar nem calor para manter a temperatura que permite a existência
da vida humana. Sem o sol não há vida. Mas como conseguimos
desfrutar do sol se não podemos aproximar-nos dele? Como podemos
desfrutar de Deus, se não podemos aproximar-nos Dele? Cristo trouxe
o “sol” até nós. Cristo é o resplendor da glória. Por meio de Cristo,
Buscar as coisas lá do alto

podemos desfrutar tudo que o sol pode dar-nos de vida e de luz. Por
isso aprouve a Deus que em Cristo habitasse toda a plenitude. Quando
temos Cristo, temos tudo o que Deus é, e nada de Deus nos falta!
Cristo também é a expressão exata do Ser de Deus, pois Cristo traz a
nós, grava e estampa em nós a própria substância de Deus. Ou seja, Ele
nos traz Deus, e algo de Deus fica em nós! Portanto, querido leitor, não
vá atrás de conversas sem propósito, de raciocínios falazes, de pessoas
tentando persuadi-lo com sabedoria humana e teorias filosóficas. Vá
para Cristo! Ele tem tudo! Em Cristo habita corporalmente toda a
10 plenitude da Deidade!
A plenitude da Deidade hoje tem um corpo. Mas não o corpo de
homem, porque Cristo já tinha a forma de Deus, já tinha um corpo
mesmo antes da criação. Como está escrito: “Pois ele, subsistindo
em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus”
(Fp 2:6). Antes da criação, Cristo já subsistia em forma de Deus. Mas,
quando Cristo se encarnou, tornando-se homem, a Palavra se fez carne
e habitou entre nós, cheia de graça e de verdade (Jo 1:14). A Palavra,
pela encarnação, tomou um corpo, no qual habitava toda a plenitude
da Deidade. Quando Jesus andava pela Galileia, onde Ele estava, Deus
também estava. A plenitude da Deidade estava no corpo de Cristo.
Quem quer buscar a Deus deve buscá-Lo onde? Em Jesus. O homem
deve ir atrás de Jesus, segui-Lo e ouvir Sua palavra. Jesus morreu, Seu
corpo foi para a morte, mas não ficou na morte. Deus O ressuscitou de
entre os mortos, e Ele recebeu um corpo de ressurreição, ou corpo de
glória. Tudo o que Deus é, está Nele.
Assim será conosco, como é revelado em Filipenses: “O qual
transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da
sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar
a si todas as coisas” (3:21). Cristo tem o corpo da glória, que hoje
está na forma do Espírito. Podemos buscar a Deus no Espírito e na

Em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da Deidade


palavra. Quando tomou a forma do corpo de glória, Jesus treinava os
discípulos com Sua presença invisível. Às vezes, quando Ele aparecia,
os discípulos não O reconheciam, porque Ele estava com uma
aparência diferente, mas, quando falava, os discípulos logo diziam:
“Opa, é Jesus!”. Hoje a presença de Deus está no Espírito e está na
palavra. Por isso a palavra profética é tão importante: ela é o próprio
Deus, o próprio Cristo.
Agora a igreja é o Corpo de Cristo. Deus quer transformar-nos,
edificar-nos, fazendo esse tecido de amor chegar à perfeição para aqui
habitar toda a plenitude divina. Ainda não chegamos, mas estamos a
caminho. Vamos chegar lá! Deus será visto na igreja!
A plenitude denota que Cristo está cheio de vida, pleno da realidade
de Deus, repleto da verdade. O homem, que se desconectou da
verdade, precisa encher-se dela novamente. No Evangelho de João,
lemos: “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a
vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (14:6). O homem e a igreja
precisam da vida. Onde buscar a vida? Temos o caminho, Cristo! Ele é
a verdade! Ele é a vida! Conseguimos a verdade, a realidade de Deus,
que perdemos na criação. Por isso, caro leitor, não busque em outro 11
lugar. Não use de sua sabedoria humana para fazer a obra de Deus.
Não confie na sabedoria humana. Confie em Cristo, somente Nele!

Pergunta: O que significa afirmar que Cristo é a plenitude da Deidade?

Meu ponto-chave:
Buscar as coisas lá do alto

12
SEMANA 1 – QUARTA-FEIRA
Leitura bíblica:
Gn 4:1-8
Ler com oração:
“Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs
sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos
do mundo e não segundo Cristo” (Cl 2:8).

CUIDADO COM VÃS SUTILEZAS E TRADIÇÃO HUMANA


Em Cristo está a plenitude de Deus. Ele é o caminho que leva a Deus.
Ele é a verdade. Ele é a vida eterna de Deus. Entretanto o apóstolo
Paulo nos alerta: “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua
filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme
os rudimentos do mundo e não segundo Cristo” (Cl 2:8). A palavra
“enredar” em grego é sulagogeo e significa “levar alguém cativo”,
“escravizar”, “desviar as pessoas da verdade e sujeitá-las ao poder
de alguém”. Quando alguém quer enredar a igreja, tenta, com suas
palavras bonitas, afastar os irmãos da própria verdade e escravizá-los
a si mesmo.
A palavra “vã” vem do grego kenos e indica o próprio vazio, algo

Em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da Deidade


destituído da verdade; “sutilezas” em grego é apate, ou seja, “engano”
e “falsidade”. Satanás desconectou o homem já na criação. E agora
Cristo nos reconectou com Deus no plano da nova criação. Entretanto
Satanás quer tirar-nos da conexão com a verdade, oferecendo-nos
outra coisa que não é a verdade, que não é a realidade. Tudo o que
ele oferece é coisa vã, vazia, destituída da própria verdade. Atrás
da falsidade, vem o engano. Paulo deixou Timóteo em Éfeso para
assegurar-se de que ninguém ensinasse diferentemente da palavra
profética ou enganasse e escravizasse os irmãos com palavras que não
produzem a economia de Deus na fé nem a realidade da verdade de
Deus na igreja. Quando isso acontece, fica evidente a ação do diabo.
Jesus afirmou: “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis
satisfazer-lhe os desejos” (Jo 8:44a). Satanás tornou-se o pai do ser
humano quando este se desconectou de Deus. No velho homem
desconectado de Deus, tudo que fazemos satisfaz o desejo do pai da
mentira. Ele fez acontecer o primeiro homicídio. Motivado pela inveja,
Caim matou seu irmão porque Deus não se agradara de suas ofertas,
mas preferira as de Abel, conforme lemos: “Aconteceu que no fim de
uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel, 13
por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste.
Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim
e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira, Caim, e
descaiu-lhe o semblante. Então, lhe disse o Senhor: Por que andas
irado, e por que descaiu o teu semblante? Se procederes bem, não é
certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado
jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.
Disse Caim a Abel, seu irmão: Vamos ao campo. Estando eles no
campo, sucedeu que se levantou Caim contra Abel, seu irmão, e o
matou” (Gn 4:3-8).
Infelizmente a inveja também existe entre irmãos na igreja. Quando
alguém faz algo que dá certo é porque o Senhor está usando essa
pessoa. Ao praticar a palavra profética e fazer imersão na palavra, as
coisas prosperam para as pessoas. No entanto, ao ver isso, um irmão
pode dar abertura para a inveja surgir, principalmente se pensar: “Por
que para aquele irmão as coisas dão certo?”. A inveja traz consigo o
ódio. É impressionante como, entre os cristãos, o ódio é pior do que
entre pessoas do mundo. Quando não concordam com o que a igreja
está praticando, alguns se inflamam de ódio a ponto de querer matar o
irmão. Tudo é motivado pelo mentiroso e ardiloso Satanás.
Satanás “jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade”.
Ele teve oportunidade de se firmar, quando Deus o criou, pois estava
conectado com a verdade. Mas não aproveitou aquele tempo para
fazê-lo: “Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque
é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8:44b). Assim, fica evidente que,
por desconectar-se de Deus, da própria verdade, o pai da mentira quer
usar, na igreja, pessoas com palavras persuasivas e bonitas. É como
quem chupa um pirulito coberto de chocolate gostoso, porém dentro
está o veneno com o objetivo de cativá-lo, escravizá-lo, desviando-o
Buscar as coisas lá do alto

da verdade. Desviada da verdade, a pessoa fica sob posse e domínio do


pai da mentira, sob o poder de pessoas que usam palavras persuasivas
e totalmente destituídas da verdade para convencer qualquer um com
engano e falsidade.
Isso acontecia no tempo de Paulo e hoje ainda acontece. A boa
eloquência ou o conhecimento bíblico de quem prega pode enganar.
É necessário verificar se quem prega tem produzido fruto da verdade.
Com a imersão na palavra, amando e praticando a palavra profética,
pregando o evangelho, fazendo colportagem, cuidando das pessoas
14 e edificando a igreja, o fruto da verdade está sendo produzido. Uma
árvore pode ser bonita e ter frutos bonitos, porém é necessário ver
que tipo de fruto ela produz, pois pelo fruto se conhece a árvore. Se
essa árvore nunca produziu fruto para a economia de Deus, não vá
atrás dela. A árvore deve produzir realidade na vida de quem recebe
a palavra. Há muita oferta de discursos vazios que confundem os
ouvintes. Os colossenses caíram em meio a tantas ofertas de discursos
bonitos. Sem Cristo tudo é ruim para a igreja. Todas as coisas sem
Cristo são vaidade e vazio. Para edificar a igreja, é necessário Cristo.
Só Ele é a verdade!

Pergunta: Qual é o perigo de ensinar diferentemente da palavra profética?

Meu ponto-chave:

Em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da Deidade

15
SEMANA 1 – QUINTA-FEIRA
Leitura bíblica:
Rm 14:13-23
Ler com oração:
“Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de
si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm
valor algum contra a sensualidade” (Cl 2:23).

O ENGANO DAS COISAS BOAS SEM CRISTO


Desde que se desconectou de Deus, Satanás tem como meta enganar
o ser humano. Para isso, tenta de tudo a fim de enganar-nos com
palavras bonitas e persuasivas e desviar-nos da verdade, Cristo. Entre
essas palavras, há alguns ensinamentos bons, como filosofia, cultura
e tradição humana.
Filosofia é a tentativa humana de obter respostas sobre a existência
e seus problemas. Assim surgiu a filosofia grega para estudar o sentido
da vida e buscar respostas até para o sofrimento humano diante de
acidentes naturais, como seca e inundação. Os sofrimentos são
inerentes à própria vida humana. Nesse sentido a filosofia em si não é
coisa ruim, assim como a cultura e a tradição humana.
Vejamos, por exemplo, a cultura oriental. Nela houve mistura com a
religião judaica e com a filosofia grega, dando origem ao gnosticismo.
Seus princípios estimulam o homem a buscar o autoconhecimento, o
conhecimento elevado, intuitivo, espiritual dos mistérios secretos que
o libertariam dos sofrimentos terrenais. Esse embrião de gnosticismo
ensinava que o homem sofre por causa de sua carne, de sua matéria,
da qual é preciso libertar-se.
Algumas pessoas se dizem livres de sofrimentos porque são
detentoras desses conhecimentos secretos. E muitos admiram-
nas como um grupo de iluminados que alcançou o nível das coisas
Buscar as coisas lá do alto

misteriosas e secretas. Alguns, na busca por essa falsa sabedoria,


perdem o foco, desviando-se de Cristo. Foi assim que surgiu a heresia
de que, para ser salva, uma pessoa precisa combinar a fé em Cristo
com certos conhecimentos ocultos e com uma série de regras da
tradição judaica. Essa tradição junto com seus rituais e cerimônias
foram entrando na igreja no segundo, terceiro e quarto séculos, até o
tempo da igreja em Pérgamo. Pérgamo, então, uniu-se com a política,
e surgiu a igreja em Tiatira, que copiou práticas e formas da tradição
16 do judaísmo, como vestes, ritos, cerimônias sacerdotais etc. E hoje
infelizmente certos grupos chamados evangélicos têm-se voltado para
essas práticas. Tudo isso é engano, aparência, falsidade. Temos de
agarrar-nos a Cristo pela palavra!
E assim a circuncisão, a restrição de certos alimentos e bebidas
entraram na igreja, tornaram-se regras e desviaram de Cristo o foco da
igreja. Se hoje alguém escolhe certa dieta alimentar, que o faça, mas
sem impor como regra religiosa aos outros. Quem faz não critique
quem não faz, e vice-versa, pois ambos têm liberdade (Rm 14:13-23).
Entendemos por tradição a comunicação oral de fatos, ritos, usos e
costumes que passam de geração para geração. No capítulo segundo
de Colossenses, Paulo provavelmente se refere aos ensinamentos
judaicos gnósticos em Colossos, cuja autoridade vinha da tradição que
era usada para pregar outras palavras. Entre os judeus, há uma linha
teológica mística ou metafísica chamada kabala, que significa receber
dos pais oralmente a tradição de Israel, incluindo a mística.
Há boas tradições passadas de pai para filho, por exemplo, ensinar
os filhos a obedecer aos pais, respeitar os mais velhos, trabalhar e
ganhar dinheiro honestamente, não desperdiçar seus bens. Mas, se a
tradição substituir Cristo, aí sim se torna algo ruim.
Os rudimentos do mundo são os ensinamentos elementares, tais

Em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da Deidade


como não roubar, não mentir, ser honesto. Esses conselhos são bons
tanto para os gentios como para os judeus. O ensino e os ritos a
respeito de comida e bebida, incluindo o próprio ascetismo, também
podem ser coisas boas.
Vejamos brevemente o que é ascetismo. Partindo do gnosticismo,
que ensina que os sofrimentos são oriundos da matéria, conclui-se que
a carne é a fonte de nosso sofrimento, porque nos faz pecar, e o pecado
nos faz sofrer. A solução que o ascetismo apresenta é privar a carne
do que ela quer ou precisa, como comida, descanso. Tanto a vigília
quanto o jejum são práticas boas, mas não devem seguir o princípio
do ascetismo. Paulo adverte que “o ascetismo não tem valor nenhum
contra a sensualidade” (Cl 2:23).
A filosofia, a tradição dos homens e os rudimentos do mundo não
são ruins, mas não podem substituir Cristo, porque sem Ele tudo é
vão, sem realidade. Há coisas boas na religião cristã, e na pregação
cristã há palavras e conselhos bons provenientes do conhecimento
bíblico. O apóstolo Paulo tentou mostrar que os colossenses podiam
ter coisas boas, mas qualquer pessoa desconectada de Deus tem vazios
na alma e precisa ser preenchida com Cristo, que é a realidade, a 17
verdade. Você pode ser um bom cristão, mas não ter realidade. Deus
quer produzir a realidade, a verdade na igreja. A palavra profética
visa trazer a realidade, porque é a palavra da verdade. Tudo que
não é segundo Cristo é engano, falsidade, é destituído da verdade.
Não estou criticando as coisas boas, mas quero alertar que as coisas
boas, sem Cristo, podem enganar-nos. Podemos buscar coisas boas
a vida inteira e, ao chegar ao tribunal de Cristo, ter só vazio. Nós
precisamos de realidade!

Pergunta: Por que a filosofia, a tradição e a cultura humanas são coisas boas
até certo ponto?

Meu ponto-chave:
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18
SEMANA 1 – SEXTA-FEIRA
Leitura bíblica:
Rm 2:28-29; Gl 3:24-25; Ef 1:19-21
Ler com oração:
“Em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor
algum, mas a fé que atua pelo amor” (Gl 5:6).

PREENCHIDOS COM A REALIDADE DE CRISTO


Sem Cristo as coisas boas não produzem a verdade de Deus. Para
obter Sua realidade, o homem precisa ter os vazios de sua alma
preenchidos com Cristo. Em Colossenses, lemos: “Também, nele,
estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo principado e potestade”
(2:10). “Aperfeiçoados” em grego é pleróo, que significa “encher
até o máximo”, “tornar cheio”, “completar”, “preencher até o topo”.
Só Cristo consegue preencher-nos com a verdade até a plenitude. As
coisas boas sem Cristo não nos preenchem e nos enganam, tirando-nos
do foco. Só Cristo é capaz de encher-nos até a plenitude e aperfeiçoar
nosso caráter.
Além das doutrinas falsas que entravam na igreja, havia o
ensinamento herético de que Cristo é um anjo de luz. Cristo não é anjo

Em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da Deidade


tampouco anjo de luz. Cristo é o cabeça de todos os seres angelicais,
dos anjos positivos de Deus e daqueles que se rebelaram com Satanás,
os principados e potestades (Cl 2:10). Cristo tem autoridade sobre
todos eles. Então não considere Cristo como um anjo. Cristo é o centro
conector da obra de Deus, é a própria plenitude, porque agradou a
Deus fazer residir em Cristo toda a plenitude da Deidade. Em Efésios
1:19-21, vemos que, quando Deus ressuscitou Cristo com a suprema
grandeza de Seu poder, Ele O fez “sentar à sua direita nos lugares
celestiais”. Hoje o Filho está nos lugares celestiais, no lugar mais alto,
no topo, acima de todo principado, autoridade, poder, domínio e acima
de todo nome que se possa referir.
Em Colossenses, Paulo nos revela: “Nele, também fostes
circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do
corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo” (2:11). A circuncisão
significa a remoção da carne, do ego, do homem natural. Os judaizantes
queriam levar os gentios que creram em Jesus para a circuncisão,
pois, pelo Antigo Testamento, se eles não fossem circuncidados, não
poderiam ser salvos. Não ser circuncidado era contra a lei de Moisés,
pois Deus estabelecera a circuncisão para Seu povo. Todavia, no Novo 19
Testamento, Paulo simplifica essa questão assim: “Nós é que somos a
circuncisão, nós que adoramos a Deus no espírito, e nos gloriamos em
Cristo Jesus, e não confiamos na carne” (Fp 3:3).
A circuncisão é justamente para não confiarmos na carne. Na igreja,
se quisermos produzir a economia de Deus na fé, não confiemos na
capacidade de nossa carne nem em nosso conhecimento para ajudar
na obra de Deus. Isso só atrapalha. O verdadeiro significado da
circuncisão para os que creem em Jesus é nos gloriarmos Nele.
A circuncisão não é segundo a letra, mas segundo o espírito
(Rm 2:28-29). O que nos interessa é a fé que traz a realidade de todas
as coisas, inclusive da circuncisão. A fé não atua pela letra, mas pelo
amor. A circuncisão foi instituída como aliança entre Deus e Abraão.
Naquele tempo todas as nações eram pagãs, e ninguém adorava a Deus.
Ele, então, chamou Abraão, fez dele uma nação para Si e instituiu a
circuncisão como sinal de Seu povo.
A lei, no Antigo Testamento, serviu como aio, tutor para conduzir
o povo até Cristo (Gl 3:24-25). Quando Ele chegou, a realidade das
coisas também chegou. A lei se tornou desnecessária. Desde então é
Cristo quem nos conduz. Estamos encabeçados por Cristo, que é a
plenitude do Pai, o único que consegue conduzir-nos a toda a realidade
de Deus. Não seguimos mais a vontade do homem. Hoje somos um
povo que se submete à direção de Deus, guardando Sua palavra.

Pergunta: Qual é a diferença de significado entre a circuncisão no Antigo e no


Novo Testamentos?

Meu ponto-chave:
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20
SEMANA 1 – SÁBADO
Leitura bíblica:
Rm 6:4-5; Ef 2:5, 13-16; Cl 2:12
Ler com oração:
“Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver
que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou
e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2:20).

A REALIDADE DA MORTE E RESSURREIÇÃO DE CRISTO


Quando Cristo chegou, a realidade de todas as coisas chegou.
Por isso Paulo disse que fomos sepultados com Cristo no batismo e
ressuscitados dentre os mortos, porque primeiramente fomos unidos
com Ele em Sua morte (Rm 6:4-5; Cl 2:12).
Paulo usou essas palavras para que entendamos qual é a sabedoria de
Deus e não sigamos a sabedoria humana. Esta diz respeito à filosofia
grega, religião judaica, cultura oriental, a qual ensina que a carne é
culpada de tudo, então é necessário fazê-la sofrer. Todavia Deus tem
um caminho melhor: em vez de fazer a carne sofrer, é melhor fazê-la
morrer. Quando cremos em Jesus, nós nos unimos a Ele na semelhança
de Sua morte, portanto nossa carne já morreu com Cristo. Se ela já

Em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da Deidade


morreu, para que serve o ascetismo? Se morri juntamente com Cristo,
também posso ressuscitar juntamente com Ele. Meu corpo e minha
carne não só morreram, mas já foram sepultados no batismo; não há
mais vestígios deles. A glória do Pai ressuscitou Cristo, desse modo
fomos ressuscitados juntamente com Ele.
Na ressurreição de Cristo, na qual também estou inserido, posso
andar em novidade de vida, se hoje eu viver no espírito. No Espírito
encontra-se toda a plenitude da Deidade, que está em Cristo. Se
exercitamos o espírito, tocamos no Espírito, que tem a plenitude de
Deus, a realidade de Deus, a realidade da morte do velho homem
com Cristo na cruz e a realidade da ressurreição com Cristo. Não
precisamos mais viver na carne, podemos viver na ressurreição,
andando em novidade de vida.
Nós estávamos mortos em nossos delitos e pecados. Um morto não
pode viver para Deus, mas pela graça fomos salvos porque Ele nos deu
vida com Cristo (Ef 2:5). E Deus também nos ressuscitou juntamente
com Cristo. Se fomos ressuscitados com Ele, não podemos voltar
a confiar na carne, pois ela já foi crucificada. O apóstolo Paulo viu
essa realidade e declarou que seu eu já estava crucificado com Cristo, 21
portanto não era mais ele que vivia, era Cristo; e agora ele vivia pela fé
(Gl 2:20). Eu não preciso mais viver em minha carne. Não preciso lutar
para castigar minha carne, pois esta já foi crucificada. Quando vivo no
espírito, a realidade da morte da carne na cruz é fato, é realidade.
Como descrito em Efésios, Cristo fez tudo na cruz (2:13-16). As
coisas negativas foram todas destruídas na cruz. Nossa carne já
está na cruz, já morreu na cruz. As inimizades que nos dividem nos
relacionamentos também já foram à cruz. Cristo realizou tudo isso
na cruz. Quando cremos em Jesus, cremos em Sua obra redentora
realizada na cruz. Também cremos que Deus O ressuscitou dentre
os mortos e que nos basta viver no espírito para viver a realidade da
ressurreição de Cristo!

Pergunta: Por que só Cristo é a solução para lidar com nossa carne?

Meu ponto-chave:
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22
SEMANA 1 – DOMINGO
Leitura bíblica:
Cl 2:13-15, 18; 1 Tm 2:5
Ler com oração:
“Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça,
a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em
ocasião oportuna” (Hb 4:16).

O CANCELAMENTO DO REGISTRO DE NOSSA DÍVIDA


Cristo morreu em nosso lugar para que todos nós sejamos livres
da carne e suas inimizades. Deus nos deu vida com Cristo. Ele
nos perdoou, realizou a eterna redenção, e, mesmo que houvesse
ainda o registro da dívida, daqui para a frente somos novo
homem. Na cruz, Cristo pagou nossa dívida, e o escrito de dívida
que era contra nós e que constava de ordenanças foi cancelado
(Cl 2:13-14). Não temos de continuar vivendo de ordenanças nem
escravizados por causa da dívida passada. Cristo “removeu-o
inteiramente, encravando-o na cruz e, despojando os principados
e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando
deles na cruz” (v. 15). Que libertação maravilhosa!

Em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da Deidade


A lei foi dada por meio de anjos até que viesse o descendente,
que é Cristo. A lei “foi promulgada por meio de anjos, pela mão de
um mediador” (Gl 3:19b). Isso serviu de base para que, no tempo
dos colossenses, sob o pretexto da falsa humildade de que ninguém
é digno de aproximar-se diretamente de Deus, começasse a heresia
da adoração aos anjos (Cl 2:18). O Novo Testamento deixa claro
que há um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus,
homem (1 Tm 2:5). Cristo é quem nos conecta com Deus.
A lei, em forma de ordenanças, também foi pregada na cruz, e
Deus despojou os principados e potestades angelicais, expondo-os à
vergonha publicamente. Na cruz, Cristo triunfou sobre eles. A vitória é
de Cristo! O Pai, por meio do Filho, fez tantas coisas por nós, coisas que
o homem não tem a mínima condição de fazer. Continuemos a viver
pela fé, pelo poder de Deus! Não são nossa capacidade, sabedoria,
bela pregação ou eloquência que nos qualificam. Vivemos pela fé. É
o poder de Deus que faz Sua obra e nos dá uma vida vitoriosa, porque
Cristo já venceu tudo na cruz e hoje pode socorrer-nos.
Amado leitor, “acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao
trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça 23
para socorro em ocasião oportuna” (Hb 4:16). Podemos achegar-nos
a Cristo a qualquer momento, sem intermediário, aproximando-nos
da palavra de Deus. Podemos fazer imersão na palavra, achegando-
nos a Cristo no espírito, invocando Seu nome e tendo comunhão com
Ele. Podemos receber misericórdia, fazendo uma oração simples:
“Ó Senhor, estou num momento tão difícil de minha vida, não sei
como sair desta apatia, da morte e da lepra. Senhor, ajuda-me a achar
graça!”. Se orar assim, o Senhor certamente o fará encontrar uma
saída. Os irmãos o ajudarão a imergir na palavra, a amar a palavra
profética e a viver no espírito, onde está a realidade espiritual de que
você já morreu e ressuscitou com Cristo. Você tem todas as condições
de viver uma vida vitoriosa e útil nas mãos do Senhor, cumprindo a
vontade Dele junto com os irmãos, que é resgatar pessoas nas ruas,
cuidar delas, edificar a igreja, travar a luta contra o reino das trevas e
trazer o reino de Deus para a terra. Com tal viver, certamente faremos
parte dos vencedores.
Quando o Senhor voltar, quem estiver seguindo esse caminho e essa
prática também fará parte de Sião, da igreja em Filadélfia. Quero dizer
para quem está lendo este devocional que, se você se preocupa com
o reino, também pode fazer parte da igreja em Filadélfia. Somos os
que amam a vinda do Senhor! Queremos trazer o reino de Deus para
a terra. É Cristo, o conector, Quem nos suprirá de toda a realidade de
Deus, preenchendo-nos dela até a plenitude da Deidade, fazendo-nos
vitoriosos! Ele venceu na cruz todos os principados e potestades. E
nos dará essa vitória, se vivermos na realidade do Espírito e da palavra
da verdade.

Pergunta: Por que podemos achegar-nos a Cristo confiadamente?


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Meu ponto-chave:

24
SEMANA 2 – SEGUNDA-FEIRA
Leitura bíblica:
Êx 32:1-4; Cl 2:16
Ler com oração:
“Aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude” (Cl 1:19).

A REALIDADE É OBTIDA PELA FÉ


Busquemos alcançar mais de Cristo como realidade em nossa vida,
que Ele se revele a nós como a única realidade para a edificação de Seu
Corpo, que nossa mente seja renovada por Seu falar e que vejamos que
Deus quer tecer Cristo em nós. Assim como a união da urdidura com a
trama na tecedura pode gerar um tecido de altíssima qualidade, tenhamos
Cristo como nossa urdidura, sendo trançado, entretecido, inserido em
cada um de nós – a trama – para o cumprimento do propósito de Deus.
Na época de Paulo, a Ásia Menor já fazia parte do oriente, e essa
mistura de cultura oriental, religião judaica e filosofia grega gerou o
embrião do gnosticismo. Em Colossenses, notamos que as tradições
do judaísmo foram adicionadas às práticas cristãs, e a igreja voltou a
guardar ordenanças do Antigo Testamento (2:16). Se não tivermos
Cristo como a realidade de nosso viver, muitas coisas serão introduzidas
para substituí-Lo. Em outras palavras, mesmo que saibamos que Cristo
é tudo para nós, é a conexão entre Deus e o homem, o centro conector
da obra de Deus, a imagem do Deus invisível, Aquele em Quem reside

Cristo é a realidade para a edificação de Seu corpo


toda a plenitude de Deus, ainda assim tudo pode parecer-nos muito
abstrato. O ser humano sempre busca algo palpável para seguir e em
que se apoiar.
Isso aconteceu com Moisés. De acordo com Êxodo, Ele subiu ao monte
e ali permaneceu por quarenta dias (32:1-4). Os israelitas, impacientes,
pediram a Arão que lhes fizesse deuses que fossem adiante deles, como
se fossem eles que os tiraram do Egito. Que ofensa a Deus! O homem
sempre precisa de algo físico para adorar e se apegar, substituindo
Cristo. Daí a inclinação para a sabedoria e filosofia humanas.
Paulo, porém, advertiu à igreja que não voltasse a praticar antigas
ordenanças, tais como: “Não coma isso, não beba aquilo, guarde festas
e o sábado”. Essas coisas eram sombras da realidade que haveria de vir,
que é Cristo. E só podemos obter essa realidade por intermédio da fé.
Um ídolo, por exemplo, é algo que pode ser visto: um pedaço de
madeira, uma escultura, e o homem adorava essas coisas dizendo que
era Deus. Entretanto as coisas de Deus são alcançadas pela fé. E a fé 25
não se vê. Portanto precisamos dar graças a Deus porque, no final desta
era, o Senhor nos faz ver que quem exercita a fé tem o falar vivo do
Senhor. Cristo se tornou acessível por meio de Sua palavra viva, que é
Ele próprio, falando-nos de uma maneira viva. Ao crermos, a palavra
opera, faz Sua obra em nós.
Em 2022 o Senhor nos deu mais um presente: a imersão na palavra.
Tanto a palavra profética como a imersão tornam praticáveis as
realidades espirituais. Passamos a ver que, se vivermos pela fé, crendo
na palavra com simplicidade e obediência, ela opera e faz a obra de
Deus. A imersão na palavra abre a porta de nossa mente para Cristo fluir
para dentro de nosso coração. Isso é palpável e concreto na esfera da fé.
Queremos o falar vivo do Senhor, que faz a obra de Deus. Queremos
imergir na palavra para que ela entre em nosso coração e invada nossa
alma a ponto de nos transformar. Ao nos enchermos da palavra, Cristo
habitará ricamente em nosso coração, e nosso ser será pouco a pouco
tomado por Ele, que é a plenitude da Deidade!

Pergunta: O que torna as coisas espirituais reais para nós?

Meu ponto-chave:

Leitura de apoio:
“Como servir a Deus? – Livro de Levítico” – cap. 1 – Dong Yu Lan.
“40 lições essenciais para a vida cristã” – vol. 1 – lições 2 e 33 – Editora Árvore
da Vida.
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26
SEMANA 2 – TERÇA-FEIRA
Leitura bíblica:
Lv 11:2-3, 7, 44-47; Cl 2:8
Ler com oração:
“A meu povo ensinarão a distinguir entre o santo e o profano e o farão
discernir entre o imundo e o limpo” (Ez 44:23).

O SIGNIFICADO ESPIRITUAL DA DIETA EM LEVÍTICO 11


Levítico 11 aborda a respeito da dieta dos israelitas, no qual o
Senhor diz ao povo de Israel para se consagrar, ser santo e separado
para Ele porque Deus é santo (vs. 44-47). Eles não deviam contaminar-
se comendo qualquer tipo de animal, mas distinguir entre o limpo e o
imundo, ter uma alimentação santa.
Leiamos: “Dizei aos filhos de Israel: São estes os animais que
comereis de todos os quadrúpedes que há sobre a terra: todo o que
tem unhas fendidas, e o casco se divide em dois, e rumina, entre os
animais, esse comereis” (Lv 11:2-3). Há aqui duas condições: o animal
precisa ter unha fendida, dividindo o casco em dois, e ser ruminante.
Um porco, por exemplo, tem casco fendido, mas não rumina. Tudo o
que ele come, engole rapidamente. Um cachorro age do mesmo modo,
sem distinguir o que está comendo. Além de ter discernimento, fazer
distinção entre o que é santo e o que não é, ainda tem de ser ruminante.
A filosofia, a tradição dos homens e os rudimentos do mundo

Cristo é a realidade para a edificação de Seu corpo


são coisas boas, e podemos sem discernimento aceitá-las na igreja.
Isso é um perigo! Os que queriam tirar a igreja do foco em Cristo
usavam essas coisas boas para atraí-la para si mesmos. A maneira
de discernir está no versículo a seguir: “E não segundo Cristo”
(Cl 2:8c). Precisamos desenvolver esse discernimento espiritual, pois
somos como animais limpos. Espiritualmente falando, necessitamos
ter casco fendido e unhas fendidas para distinguir o santo do profano,
e o que é bom segundo Cristo.
A segunda condição é que esse animal precisa ruminar, e não devorar
a comida sem mastigar bem. Podemos ir à reunião da igreja, ouvir
uma mensagem, mas não meditar naquela palavra. Por isso temos a
prática preciosa chamada imersão na palavra.
Anos atrás os irmãos que cuidavam da Conferência Geração
Santa zelavam pela vida santa dos adolescentes e, preocupados
com a possibilidade de sucumbirem diante das ideologias maléficas
do mundo, tentavam trazê-los de volta para Deus pelo ensino da 27
palavra. Alguns jovens tomavam o caminho da imundícia das
ideologias, envolviam-se com drogas, bebidas e colegas mundanos,
sem discernimento. Até mesmo os pais percebiam que seus filhos
trilhavam um mau caminho, mas não tinham forças para ajudar. Então
eles pediram ajuda aos colportores e irmãos responsáveis da igreja,
e os filhos foram resgatados quando os irmãos os introduziram na
imersão na palavra.
Esses irmãos jovens ouvem a palavra profética e até mesmo a
transcrevem de próprio punho. Assim, pelo contato com a palavra
profética, eles começaram a mudar. Quem é adulto e nunca
experienciou isso experimente agora. A palavra será mais bem
absorvida. Gosto de ouvir e de escrever. Quando ouço, assimilo uma
vez; quando escrevo, reflito sobre o conteúdo do que ouvi. Isso é
ruminar, é assimilar duas vezes.
Nossa orientação como pais e irmãos mais experientes é que não
conseguimos mudar ninguém, mas a palavra consegue! A imersão
na palavra muda. Deus está fazendo um verdadeiro milagre na vida
dos jovens porque ruminam a palavra. Eles aprenderam a ouvir com
atenção e transcrever a palavra. Não engolem a palavra sem antes
mastigá-la bem. O cachorro, porém, que não rumina, não faria isso.
Um animal ruminante tem quatro compartimentos no estômago. O
boi, por exemplo, ao comer o capim, faz uma primeira mastigação, e
o alimento engolido vai para o primeiro compartimento. Depois ele
regurgita o que está no primeiro compartimento e passa a mastigá-lo
novamente. Então passa o alimento para o segundo compartimento,
e assim por diante, até que toda a comida seja totalmente assimilada.
É o que precisamos em nossa experiência cristã: aprender a ruminar.
Primeiro precisamos aprender a discernir o que é segundo Cristo;
depois precisamos ruminar a palavra de Deus.
Buscar as coisas lá do alto

Pergunta: O que significa, espiritualmente falando, ter unhas fendidas e


ruminar?

Meu ponto-chave:

28
SEMANA 2 – QUARTA-FEIRA
Leitura bíblica:
Sl 1:1-3
Ler com oração:
“Falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao
Senhor com hinos e cânticos espirituais” (Ef 5:19).

RUMINAR É IGUAL A IMERGIR NA PALAVRA


No Salmo primeiro, é mencionado que aquele que medita na lei do
Senhor não anda no caminho dos pecadores (vs. 1-2). De dia e de
noite, em qualquer lugar, ele pondera na palavra, ou seja, faz imersão
na palavra. Um pequeno trecho no papel, no celular ele mastiga e
mastiga novamente, para assimilar tudo. Ele discerne e come o que é
santo, ele rumina a palavra. É como a árvore que, no devido tempo, dá
fruto e cuja folhagem não murcha (v. 3). Quem age dessa forma será
sempre frutuoso.
Nossos adolescentes, por conseguinte, que têm praticado a imersão
são como a folhagem brilhando, isto é, têm brilho nos olhos. Eles não
têm o semblante caído como o de Caim, pois a palavra torna o rosto
deles alegre e seus olhos, brilhantes.
A esse respeito, Paulo diz a Timóteo: “Medita estas coisas e nelas sê
diligente, para que o teu progresso a todos seja manifesto” (1 Tm 4:15).
Medite, rumine, faça a imersão! Se engolirmos a palavra como o porco

Cristo é a realidade para a edificação de Seu corpo


e o cachorro fazem com a comida, não teremos progresso espiritual.
Paulo reforça: “Pondera o que acabo de dizer, porque o Senhor te
dará compreensão em todas as coisas” (2 Tm 2:7). Se praticarmos
o ruminar, o imergir na palavra, o Senhor nos dará compreensão em
todas as coisas.
Na carta aos efésios, Paulo nos ensina como viver o tempo todo
junto dos irmãos, com brilho nos olhos e cheios do Espírito: “E não
vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos
do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de
coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais” (5:18-19). Quem
se embebeda com vinho fica com os olhos vermelhos de embriaguez,
mas quem se enche do Espírito fica com os olhos brilhantes de vida
e de alegria! Um irmão idoso veio até mim com lágrimas nos olhos e
disse: “Irmão Pedro, o que estamos vivendo nestes dias é algo inédito”.
Ele estava muito alegre, emocionado, por tudo o que o Senhor nos tem
proporcionado. Continuemos a encher-nos do Espírito! 29
Na época de Paulo, a Bíblia não estava disponível como hoje. Por
isso eles guardavam na memória salmos, hinos e cânticos espirituais,
e isso era o que falavam entre eles, entoando e louvando de coração ao
Senhor. Juntos nós também podemos encher-nos do Espírito e falar a
mesma coisa com os irmãos.
Hoje, graças à tecnologia e aos irmãos que servem, a mensagem
falada à noite já está disponível na manhã seguinte, no celular,
no site do Instituto Vida para Todos (IVPT). Vamos aproveitar a
tecnologia que o Senhor nos proporciona hoje. Se ficar desanimado
ou precisar de um pouco mais do Espírito, pegue aquele papel ou o
celular e faça a imersão.
É bíblico! “Falando entre vós” indica a imersão na palavra. Associada
à imersão, o exército do Senhor também faz gritos de guerra, porque
temos uma luta pela frente. Tudo isso é para enfrentar a pressão nas
ruas, para salvar pessoas e resgatá-las das garras do inimigo. Por meio
da rede de cuidado, essas pessoas, que foram feridas pelos salteadores,
são trazidas à hospedaria a fim de ser acolhidas e curadas.

Pergunta: De acordo com o capítulo quinto de Efésios (v. 19), qual é a maneira
prática de se encher do Espírito?

Meu ponto-chave:
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30
SEMANA 2 – QUINTA-FEIRA
Leitura bíblica:
Êx 19:4-6; Is 1:13-14; Rm 14:2-4, 8; 1 Co 8:8; Cl 2:16
Ler com oração:
“Tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o
corpo é de Cristo” (Cl 2:17).

SOMBRA VERSUS REALIDADE


Os colossenses tinham sido persuadidos a voltar à prática de antigas
tradições, como a dieta especial. Paulo disse que não é a comida que
nos recomenda a Deus, pois nada se perde ou ganha, quer comamos
ou não (1 Co 8:8).
Entre nós, que ninguém tente forçar o outro a comer de seu jeito,
ainda que determinada dieta possa ser mais ou menos salutar. Todos
convivemos bem e seguimos conforme nossa consciência nos orienta.
Em Romanos, Paulo disse que, com relação ao que comer, não
devemos julgar ninguém porque Deus acolheu a todos (14:2-4).
Paulo ainda mencionou a questão de dias que eram guardados: dias de
festa, lua nova e sábados, referentes às festas judaicas anuais, mensais
e semanais. Falsos mestres tentavam fazer com que as igrejas em
Colossos, Laodiceia e Hierápolis voltassem às antigas práticas judaicas.
O profeta Isaías expressa o sentimento de Deus em relação a tais
práticas: o Senhor não suporta iniquidade associada ao ajuntamento

Cristo é a realidade para a edificação de Seu corpo


solene. Não são essas coisas que agradam a Deus, e aqueles queriam
apenas distrair as igrejas (Is 1:13-14). O retorno às leis cerimoniais
do Antigo Testamento era uma tentativa para desviar as igrejas da
economia neotestamentária de Deus, que é Cristo. Cristo é tudo!
O apóstolo, no mesmo capítulo de Romanos, diz que importante
mesmo é que, quer vivamos ou morramos, somos do Senhor (14:8).
Tudo o que fazemos, fazemos para Deus.
Tudo isso, na verdade, era sombra das coisas que haviam de vir, mas
o corpo real é de Cristo (Cl 2:17). Não haverá sombra se não houver
corpo. Enquanto o corpo real não aparece, vemos apenas a sombra.
No Antigo Testamento, havia a representação; hoje temos a realidade,
que é Cristo.
Na velha criação, as nações eram pagãs. Toda a terra é do Senhor,
mas nenhuma nação era Sua realmente. Então Deus escolheu um povo
e o tirou do Egito para ser Sua propriedade particular dentre todos os
povos, Sua propriedade exclusiva (Êx 19:4-6). 31
Tirar um povo, aproximadamente dois milhões de pessoas, do
Egito e levá-lo ao deserto é uma tarefa difícil. Qualquer viagem
longa demanda o planejamento de muitos detalhes. Aquela viagem
demandava muito mais: pais com crianças pequenas, muitos animais
com crias, sem rodovias nem pontos de parada para abastecimento e
alimentação. Entretanto Deus os levou como que sobre asas de águia!
Deus queria deliciar-se com um povo chegado a Ele (Êx 19:4). Este é
Seu coração: obter um povo chegado a Si.
Como esse povo pode achegar-se a Deus? Ouvindo diligentemente
Sua voz (Êx 19:5). Fiquemos bem perto da voz do Senhor. Problemas
e dúvidas com relação à palavra surgem por causa de nosso
distanciamento dela. Sigamos a palavra de perto. Aos domingos a
palavra profética é transmitida, na quinta-feira temos uma live, e aos
sábados pela manhã temos uma palavra voltada aos irmãos do PAC, os
colportores. Paremos o que estamos fazendo para ouvir diligentemente
a palavra, sem a concorrência de outras atividades.
Quem acompanha o Senhor de perto ouve diligentemente Sua voz
toda vez que Ele fala. Esse tal é chegado ao Senhor e conhece Seu
coração. E Deus poderá finalmente dizer: “Tenho uma nação santa
aqui na terra” (Êx 19:6).

Pergunta: Qual deve ser nossa atitude para com o que é sombra e o que é
realidade?

Meu ponto-chave:
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32
SEMANA 2 – SEXTA-FEIRA
Leitura bíblica:
Gl 3:23-29; Ef 2:11-22
Ler com oração:
“Aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças,
para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a
paz” (Ef 2:15).

NÃO MAIS SUBORDINADOS AO AIO


Além dos Dez Mandamentos, Deus promulgou uma série de leis
para guardar Seu povo. O propósito dessas leis fica bem esclarecido
na Epístola aos Gálatas. Antes de a fé revelar-se, o povo de Israel
esteve encerrado sob a lei, que serviu de aio para que obtivessem
justificação. Aio é um tutor, um criado particular, uma espécie de
guardião (3:23). Quando a fé se manifestou, já não precisavam mais
estar subordinados ao guardião.
A lei foi como um tutor que guardou o povo de Deus no Antigo
Testamento. Para quê? Para a chegada de Cristo: “De maneira que a
lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos
justificados por fé. Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos
subordinados ao aio” (Gl 3:24-25). Portanto a lei teve sua utilidade,
mas agora Cristo chegou!
Cristo, a realidade, veio, e nós, que éramos estranhos às alianças,

Cristo é a realidade para a edificação de Seu corpo


chamados incircuncisão, fomos aproximados pelo sangue de Cristo.
Graças a Cristo, a parede de separação foi derrubada, pois Ele aboliu
em Sua carne a lei dos mandamentos na forma de ordenanças. Fomos,
assim, reconciliados a fim de ter acesso ao Pai em um Espírito e ser
hoje edificados para habitação de Deus no espírito (Ef 2:11-22).
Não somos mais estrangeiros ou peregrinos. Ninguém mais pode dizer
que não participamos da promessa de Deus, pois fomos aproximados
por Cristo. Somos concidadãos dos santos e fazemos parte da família
de Deus, somos cidadãos do mesmo reino (Ef 2:20-22). Hoje somos o
novo homem, um só Corpo em Deus.
Se um judeu lhe disser que você não é descendente de Abraão, sua
resposta deve ser: “Em Cristo sou, sim, descendente de Abraão, e
herdeiro segundo a promessa em Cristo Jesus!” (cf. Gl 3:26-29).
Ao povo de Israel, tudo o que Deus fez são como sombras. Com
a vinda de Cristo, na nova aliança, Ele é a realidade de todas as
coisas, o corpo real. Ele é a realidade de tudo, e Deus está enchendo e 33
preenchendo todo o nosso vazio com o próprio Cristo. Portanto com
Cristo não precisamos guardar festas, luas novas ou sábados. Com
Cristo nossa vida é uma constante festa!
A vida da igreja é uma constante festa. Não precisamos de dias
determinados para festejar. Podemos fazê-lo a todo instante, imergindo
na palavra, praticando-a, enchendo-nos do Espírito, falando entre nós
com salmos, hinos e cânticos espirituais.
Nossas reuniões deixaram de ser pesadas. Se, em sua igreja, as
reuniões ainda são pesadas, da maneira tradicional, peça ajuda. Várias
igrejas estão pedindo ajuda aos colportores: “Venham a nossa cidade,
nós hospedamos vocês. Passem aqui um final de semana, se possível,
começando na quinta ou sexta-feira. Fiquem conosco, ajudem-nos
a fazer imersão, a sair às ruas, a praticar o “Posso orar por você?”.
Ajudem-nos a praticar a colportagem”.
Você verá como sua igreja vai mudar. As reuniões não terão mais
aquela liturgia antiga, que sempre funcionava como calhambeques
antigos movidos a manivela. Com a ajuda dos pré-adolescentes e
adolescentes, dos colportores, nossas reuniões não precisam mais
ter hora para começar. Chegamos e fazemos imersão na palavra. A
palavra profética já está ali, trabalhando em nós, abrindo nossa mente,
exercitando nosso espírito.
Faremos das reuniões uma verdadeira festa. Se, em sua igreja,
ainda não está acontecendo isso, você está perdendo tempo. A vida
com Cristo é uma constante festa, é um constante descanso. Pregar
o evangelho do reino nas ruas, fazer imersão na palavra, cuidar dos
novos, servir aos santos para a edificação da igreja com Cristo como
realidade não é um peso, é muita alegria e desfrute!

Pergunta: Como podemos revitalizar as reuniões da igreja em nossa cidade?


Buscar as coisas lá do alto

Meu ponto-chave:

34
SEMANA 2 – SÁBADO
Leitura bíblica:
Ef 1:3; Hb 8:6; 9:15
Ler com oração:
“Ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para
remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a
promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados” (Hb 9:15).

O CANAL CONECTOR: CRISTO


Em Colossenses lemos: “Ninguém se faça árbitro contra vós outros,
pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado,
sem motivo algum, na sua mente carnal, e não retendo a cabeça, da qual
todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce
o crescimento que procede de Deus” (2:18-19). A palavra “árbitro” nesse
trecho também pode ser entendida como “juiz” (katabrabeuo em grego)
e significa que ninguém podia tomar decisões contra outrem, declarar
uma pessoa indigna de prêmios ou negar salvação a alguém. Os falsos
mestres agiam como juízes sobre a igreja, árbitros tomavam decisões
pelos santos e contra eles, julgando tudo o que se fazia. Era necessário
seguir a dieta, as festas, os sábados etc. Se os irmãos não agissem assim,
seriam privados do prêmio que Deus daria. Uma grande mentira!
Pretextando humildade e culto de anjos, aqueles falsos mestres
usavam de pretensa humildade para afirmar que não eram dignos de

Cristo é a realidade para a edificação de Seu corpo


adorar a Deus diretamente. Por isso adoravam anjos como mediadores
para se aproximar de Deus. Com esse ensinamento herético, impediam
os santos de adorar a Deus diretamente por meio de Cristo, o único
mediador. Quem fosse contrário a tais práticas seria acusado de falta
de humildade. Dessa forma, eles afastavam os santos de Cristo.
Cristo é o único Mediador de superior aliança: “Porquanto há um só
Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem”
(1 Tm 2:5). Em Hebreus várias são as passagens que reafirmam tal
fato. Jesus obteve ministério muito mais excelente, instituído com
base em superiores promessas (8:6). E ainda, sendo Ele o mediador,
redimiu transgressões por Sua morte, fazendo com que pecadores
recebessem a promessa da herança eterna (9:15).
Porém na época mestres hereges falavam de forma persuasiva e
ensinavam falsas doutrinas e autocomplacência para consigo mesmos.
Para satisfazer seus desejos, colocavam-se como juízes sobre a
igreja baseando-se em visões (Cl 2:18). A palavra “enfatuado” no 35
versículo 18 significa “algo que não deve ser levado em consideração,
desprezível, que não vale a pena, sem motivo algum” ou “arrogância”.
Poderiam dizer: “Tive uma visão sobre a mediação de anjos!”;
“tive uma visão sobre a necessidade de fazer isso e isso para privar a
carne!”. Como se aqueles que tivessem tais práticas pudessem chegar
a um nível de conhecimento intuitivo espiritual capaz de livrar sua
carne da sensualidade. São sintomas da falta da verdade, de coisas vãs
e vazias, destituídas de realidade. Só Cristo é a realidade!
A fé é o que realmente produz visões, que faz com que tenhamos
acesso a Deus: “Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do
Espírito, para a vida e paz” (Rm 8:6). Aquele tipo de ensinamento tinha
como resultado uma mente posta na carne, que é uma porta fechada
para o espírito. Precisamos abrir nossa mente exercitando o espírito,
fazendo imersão na palavra, a fim de que a mente seja renovada. A
renovação da mente traz vida, paz e edificação.
Esse é o desejo de Deus: edificar Sua igreja. Para que isso aconteça,
todos os membros precisam estar ligados à Cabeça, que é Cristo, pois,
ligados à Cabeça, recebem suprimento e edificação (Cl 2:19).
No mesmo versículo, lemos: “Suprido e bem-vinculado por suas
juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus”
(Cl 2:19). Também aqui vemos o entrelaçamento para a confecção
do tecido de amor. Vejamos, a partir da figura abaixo, dos vasos
comunicantes, como ocorre a confecção desse tecido.
Buscar as coisas lá do alto

Deus é representado como um grande vaso, infinito, ilimitado


(esquerda); nós, homens, somos representados pelo vaso menor
(direita). Quando cremos no Senhor Jesus, nascemos do Espírito.
36 Nosso espírito, então, é conectado a Deus por intermédio de Cristo
como o canal. Cristo é o canal conector, e a palavra é o veículo para
levar graça e realidade ao homem. Deus, com Seu manancial profundo
de riquezas imensuráveis, está agora conectado a nós, que antes
éramos pobres e vazios.
Por meio da conexão de Cristo como canal, nosso espírito se
comunica com Deus. Cristo morreu e ressuscitou, e, como Espírito, é
o rio que flui como graça com tudo o que Deus é. Flui com Sua vida e
natureza, Seus atributos divinos e Suas virtudes humanas, com toda a
essência de Deus (que é o amor), com toda sorte de bênçãos espirituais
nas regiões celestiais (Ef 1:3). Nosso espírito estava morto, mas pela
graça fomos salvos. Ele nos deu vida, e nosso espírito reviveu!

Pergunta: Como Cristo promove a comunicação de Deus com os homens?

Meu ponto-chave:

Cristo é a realidade para a edificação de Seu corpo

37
SEMANA 2 – DOMINGO
Leitura bíblica:
Rm 12:2; Ap 19:8
Ler com oração:
“Para que o coração deles seja confortado e vinculado juntamente em
amor, e eles tenham toda a riqueza da forte convicção do entendimento,
para compreenderem plenamente o mistério de Deus, Cristo” (Cl 2:2).

A COMUNICAÇÃO DO ESPÍRITO COM A ALMA


Após ser salvos, tornamo-nos membros do Corpo de Cristo: “Pois,
em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer
judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado
beber de um só Espírito” (1 Co 12:13). Cristo, como a Cabeça do
Corpo, deseja suprir cada membro com a graça de Deus, preenchendo-
os com Sua realidade.
Porém, antes da regeneração, não havia conexão de nosso espírito com
o Espírito de Deus. A queda do homem fê-lo desconectar-se de Deus,
e o espírito humano ficou amortecido, enquanto sua alma se encheu de
mentira, vaidade e toda sorte de injustiças e impurezas. O ser humano se
tornou carnal, corrompendo-se segundo as concupiscências do engano.
Depois da regeneração, mudanças ocorreram no interior do homem.
O espírito vivificado e regenerado passou a ter função. No quadro
abaixo, podemos observar que o espírito humano tem três partes ou
três funções.

A função da comunhão no ESPÍRITO


humano é fazer contato com DEUS para
ter COMUNHÃO.
E MOÇÃO Na comunhão, Deus fala ao homem por
Buscar as coisas lá do alto

co
munhão meio da INTUIÇÃO. E a intuição passa
para a CONSCIÊNCIA, que é responsável
ncia

intuiçã

por se comunicar com a ALMA, mais


VON
ciê

s o
especificamente com a MENTE.
E

con
TA
NT

DE
ME A mente avalia e aceita, passa para a
EMOÇÃO, que aprecia e gosta, e passa
CORPO para a VONTADE tomar decisão e
comandar o CORPO para a ação.

@institutovidaparatodos

A primeira parte é a comunhão, com a qual nos conectamos, nos


comunicamos com Deus. É semelhante a um celular, que tem como
uma de suas funções conectar-se com a provedora, com a rede. Essa é
38 uma das funções do espírito: conectar-nos com Deus.
Depois de a comunhão estabelecer contato com Deus, o meio de Ele
se comunicar conosco é a palavra, e Cristo é a palavra! Ela é recebida
na intuição, a segunda função do espírito. Mas a intuição não é como
um pensamento que ocorre em nossa mente, ou uma palavra audível:
“Ah, Deus me disse que tenho de vender meu carro”. Na intuição a
palavra de Deus é recebida como uma percepção. Deus fala, e Sua
palavra fica alojada em nossa intuição. Agora é necessário passar essa
palavra adiante, para a alma. A parte do espírito que tem a função de
servir de elo entre o espírito e a alma é a consciência. Ela faz com
que a alma tenha consciência do que Deus falou. E a primeira parte da
alma que recebe o que vem da consciência é a mente.
Podemos dizer que a mente é a parte líder da alma, a porta de
entrada. Mas como a mente se abrirá, se está há tantos anos colocada
na carne, fechada para o espírito? Graças a Deus pelo exercício do
espírito! Por isso é importante exercitá-lo. Um espírito exercitado
influencia a mente.
A imersão na palavra influencia a mente, que é renovada. A mente
renovada recebe de bom grado a palavra de Deus (Rm 12:2). Depois
a emoção também é influenciada, apreciando a palavra recebida, que,
por sua vez, influencia a vontade, compelindo-a a tomar uma decisão. A
vontade é a última parte da alma. Ela dá ordem ao corpo: “Corpo, vá para
a rua”. Assim, no final, o corpo age de acordo com a vontade de Deus.

Cristo é a realidade para a edificação de Seu corpo


Todo esse processo redunda em experimentar e fazer a vontade de
Deus, que é sair às ruas para pregar o evangelho, resgatar pessoas,
trazê-las para receber cuidado e edificar a igreja. Deus quer que
façamos parte do exército que luta pelo reino. Passamos a compreender
realmente qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Por isso
precisamos amar a palavra. Se todos os membros do Corpo praticarem
isso, seremos um grande tecido de amor, entrelaçados em amor. Isso é
a edificação da igreja!
Esse tecido de amor não é uma invenção nossa. A nova versão King
James em inglês usa o termo knit together no lugar de “vinculado”
(ARA) em Colossenses 2:2. Um dos significados desse termo em
inglês é “entretecido” ou “entrelaçado”, como trama e urdidura, por
meio de agulhas, isto é, por meio da lançadeira, que é Cristo. Ele nos
conecta, nos entrelaça no tecido, na urdidura e trama. Ambas formam
um tecido. Quanto mais finos forem os fios, mais fechado será o tecido.
Deus está entrelaçando esse finíssimo tecido entre nós, bem
fechado, sem qualquer espaço vazio, como um tecido de algodão de 39
mil fios por polegada quadrada. O que Deus está tecendo entre nós é
de altíssima qualidade.
Esse tecido nos remete aos vencedores que serão vestidos de linho
finíssimo (Ap 19:8), muito mais fino que o algodão egípcio ou o
algodão peruano. O tecido que o Senhor está confeccionando em nós
é de linho finíssimo, resplandecente e puro.
Os que estiverem assim vestidos estarão qualificados para entrar
no milênio como vencedores e reinar com Cristo. Também estarão
qualificados para lutar na última batalha, a do Armagedom, quando,
juntamente com Cristo, venceremos o anticristo, o falso profeta e seus
seguidores, que serão varridos para dentro do lago de fogo! Lutaremos
como noiva ataviada, vestidos de linho finíssimo!

Pergunta: Como o espírito se comunica com a alma?

Meu ponto-chave:
Buscar as coisas lá do alto

40
SEMANA 3 – SEGUNDA-FEIRA
Leitura bíblica:
Êx 3:18b; 10:9
Ler com oração:
“A fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo”
(Rm 10:17).

O PLANO TERRENAL EM OPOSIÇÃO


AO PLANO ESPIRITUAL
Nesta semana, dentro do tema geral “Cristo, o centro
conector da obra de Deus”, entraremos na mensagem “A cruz
ou ascetismo?”, baseada no capítulo segundo de Colossenses,
versículos de 20 a 23. Ainda na época de Paulo, alguns trouxeram
para a igreja ensinamentos diferentes com o objetivo de anular a
cruz de Cristo, impelindo os irmãos a buscar aperfeiçoamento na
carne, segundo a influência da religião judaica, da filosofia grega
e do misticismo oriental. Essa mistura maligna gerou correntes,
como o gnosticismo, o ascetismo e o monasticismo. Em geral,
seus adeptos entendiam que os sofrimentos do homem provinham
do corpo da carne do pecado e, na esperança de vencer a carne,
submetiam-se a severos sofrimentos, extensas vigílias, rigorosos
jejuns e rígidos castigos corporais. Isso se mostrou como mais um
ardil de Satanás com o intuito de privar as pessoas da realidade do
viver cristão. Contudo a Palavra nos ensina que é o viver pela fé,
guiado pelo Espírito, que vence a carne do pecado, mortificando
seus feitos.
Estamos muito alegres, pois vemos nestes dias o Senhor
fazendo grandes coisas entre nós. Não que sejamos melhores; pelo
contrário, somos as coisas loucas e desprezíveis deste mundo;
somos o pequenino rebanho, mas aprouve a Deus nos dar Seu reino.
O Senhor quer envolver a todos nós nesta obra, inclusive crianças
A cruz ou ascetismo?

e adolescentes. No final dos tempos, Deus nos prepara com força


total na luta para estabelecer Seu reino na terra. No passado não
dávamos a devida atenção ao engajamento de adolescentes e pré-
adolescentes; mas, graças à luz do Senhor, vimos que eles são uma
força muito importante no exército de Deus para trazer o Senhor
de volta.
Na época da saída do povo de Israel do Egito, Faraó tentou
negociar com Moisés para deixar sair apenas parte do povo. 41
Entretanto Moisés e Arão mantiveram-se firmes e disseram: “Não,
nós vamos sair, não somente nós, mas nossos velhos, nossos jovens,
nossas crianças como também nosso gado, nosso rebanho, nossos
bens, caminho de três dias para o deserto, a fim de servir ao Senhor,
porque o Senhor quer todas as forças de Seu povo para servi-Lo”
(Êx 3:18b; 10:9). Nos dias atuais não é diferente, temos de sair para
servir ao Senhor com nossos bens para ofertar a Ele e junto com
nossas crianças, adolescentes, pré-adolescentes, jovens, adultos e os
da terceira idade. Todos devemos servir ao Senhor.
Hoje não podemos mais viver sob a influência da natureza caída,
buscando apenas as coisas palpáveis e visíveis do plano terreno, pois,
no dia em que recebemos a palavra do evangelho e cremos em Jesus,
recebemos uma nova vida, e a fé foi gerada em nosso interior. Assim,
como regenerados em Cristo, não mais vivemos pelas coisas terrenas,
mas pela fé vivemos na esfera espiritual, na dimensão da eternidade,
onde Deus habita. Não podemos voltar a viver pelas coisas terrenais,
como estávamos habituados a fazer. Quem não vive na dimensão
da fé não consegue adorar o Deus invisível, por isso buscará coisas
palpáveis, como imagens e esculturas, para substituir o que é da fé.
Foi assim que surgiu a idolatria.
A fé veio por intermédio de Jesus Cristo. Com a chegada de Cristo,
a lei, que servira de tutor para o povo de Israel no Antigo Testamento,
deixou de ter serventia, como está escrito: “Porque o fim da lei é
Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10:4). O homem
que vive na esfera terrenal prefere fazer obras, tentando alcançar um
nível elevado de espiritualidade, como se isso fosse agradar a Deus.
Os colossenses entraram por esse caminho. Mas Paulo deixou claro
que é pelo ouvir da fé que recebemos o Espírito, não pelas obras
da lei: “Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas
Buscar as coisas lá do alto

obras da lei ou pela pregação da fé?” (Gl 3:2).


Talvez alguns cristãos pensem que, por sua eloquência e habilidade
de pregar, fazem a obra de Deus; todavia a obra de Deus não é feita
no plano terrenal, mas na esfera do Espírito, por meio da fé. Mediante
a fé, temos acesso aos fatos espirituais da dimensão de Deus, onde
Cristo está. No plano espiritual, quem faz a obra é Deus. Por causa
da dificuldade do homem em viver pela fé, que vem pela palavra,
surgiram os problemas abordados na Epístola aos Colossenses. Que
o Senhor nos guarde disso!
42
Pergunta: Por que não precisamos mais viver buscando as coisas do plano
terreno?

Meu ponto-chave:

Leitura de apoio:
“Vida cristã 110%” – cap. 1 – Pedro Dong.
“O viver dos filhos de Deus” – cap. 5 – Dong Yu Lan.

A cruz ou ascetismo?

43
SEMANA 3 – TERÇA-FEIRA
Leitura bíblica:
Rm 10:17; Cl 1:4-5
Ler com oração:
“Outra razão ainda temos nós para, incessantemente, dar graças a Deus:
é que, tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus,
acolhestes não como palavra de homens, e sim como, em verdade é,
a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando eficazmente em
vós, os que credes” (1 Ts 2:13).

A FÉ VEM PELA PALAVRA, QUE


OPERA EM QUEM CRÊ
A fé não é vazia e abstrata; ela vem pelo ouvir, e ouvir a palavra
de Cristo (Rm 10:17). A fé surgiu em nós quando ouvimos a palavra
da verdade do evangelho (Cl 1:4-5). A fé sempre se baseia na palavra
de Deus, por isso a palavra profética é tão importante. A Bíblia é a
palavra de Deus. E o Senhor usa a Bíblia por meio de Seu profeta
ou apóstolo, a fim de nos transmitir Sua palavra viva para suprir-nos
e dar-nos direção em determinado momento. Esse falar sempre se
baseia na palavra logos da Bíblia.
Quando ouvimos a palavra profética e a recebemos, crendo e
exercitando a fé, somos levados para a dimensão onde Deus está.
Assim a palavra começa a operar eficazmente em quem crê, e a obra
de Deus é feita (1 Ts 2:13). A obra de Deus não é feita pela capacidade
humana. Não confiemos em nossa capacidade e competência para
ajudar Deus a conduzir as coisas na igreja. Deus pode usar o dom e
a habilidade que Dele recebemos, mas tal dom e habilidade devem
estar na esfera da fé, onde Deus está.
Por não ter essa clareza, os colossenses apoiaram-se na sabedoria
Buscar as coisas lá do alto

humana, e alguns até diziam o que um cristão poderia ou não fazer.


Muitos cristãos aprenderam que não podem ingerir bebida alcoólica,
fumar e fazer uma série de outras coisas, mas devem praticar coisas
boas. Não digo que a cultura e a tradição sejam ruins. Entretanto
devemos ter cuidado para que essas coisas não substituam nossa fé e
a obra de Cristo em nós.
A cidade de Colossos ficava na Ásia Menor, atual Turquia, e recebeu
forte influência da cultura oriental, da religião judaica e da filosofia
grega, das quais se originou uma série de ensinamentos e filosofias
44 que tentavam substituir Cristo. Por causa dessas coisas, Paulo disse
aos colossenses que Cristo é tudo e deve ter a primazia em tudo.
Cristo é o primeiro na criação, o primeiro na nova criação, o ponto de
conexão entre o homem e Deus, o ponto de conexão de toda a criação.
Nada substitui Cristo. Mas, por não estar acostumados a viver pela fé
seguindo a palavra profética, os colossenses agarraram-se à cultura
e filosofia, surgindo daí o embrião do gnosticismo (movimento
religioso que combina misticismo e especulação filosófica).
A mitologia grega originou-se na Antiguidade, quando os homens,
por ignorar as causas dos fenômenos naturais, como calamidades,
terremotos, tormentas, inundações, secas, entre outros, atribuíam
esses acontecimentos à atuação de deuses. Para eles havia deuses
responsáveis por trovões, agricultura, doenças, amor etc., e as pessoas
deveriam agradar aos deuses para deles obter bênçãos, como boa
colheita. Com o surgimento de homens sábios, muitos entenderam
que não deveriam atribuir todas essas coisas aos deuses, mas buscar
respostas na filosofia. A filosofia grega surgiu para atender, dentre
outras indagações, aos questionamentos humanos e tentar explicar
qual a razão da existência humana e de tantos sofrimentos pelos quais
o homem passa.
Dessa mistura de influências na igreja, surgiu o gnosticismo, que
atribui o sofrimento humano à materialidade, ao corpo, que é carne.
A carne, segundo o gnosticismo, é a culpada de nosso sofrimento.
Ainda no tempo do apóstolo Paulo, alguns diziam que não deveriam
viver pelos sentidos do corpo, mas deveriam aprender a viver de
acordo com o conhecimento superior. Esse conhecimento não é
mental, aprendido em livros, mas “espiritual”, superior, místico, e
poucos o alcançam. Os que conseguissem alcançá-lo ficariam livres
do sofrimento da carne. Já naquela época, muitos almejavam alcançar
esse nível elevado e até mesmo pregavam esse ensinamento na igreja,
substituindo Cristo. Que o Senhor nos liberte de qualquer coisa que
venha substituir Cristo em nossa vida e experiência!
A cruz ou ascetismo?

Pergunta: Que fazer para a palavra operar entre nós?

Meu ponto-chave:

45
SEMANA 3 – QUARTA-FEIRA
Leitura bíblica:
Ap 20:6
Ler com oração:
“Enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos,
entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos
espirituais” (Ef 5:18b-19).

IMERGIR NA PALAVRA PARA


TECER A OBRA DE DEUS EM AMOR
A mistura da religião judaica com a cultura oriental e a filosofia
grega deu origem ao embrião do gnosticismo, segundo o qual o corpo,
a carne, é a fonte do sofrimento humano, sendo necessário buscar
um conhecimento superior para vencer a matéria. Tal conhecimento
constitui-se um substituto de Cristo, e disso surge o ascetismo,
doutrina de pensamento ou crença que considera a disciplina e o
autocontrole rígidos do corpo e do espírito um caminho indispensável
em direção a Deus, à verdade ou à virtude. Uma vez que consideram
ser a carne a culpada de todos os pecados e problemas do ser humano,
os adeptos do ascetismo usam de sofrimentos para maltratar a carne.
Com o intuito de castigar o corpo para vencer as concupiscências da
carne, eles privam o corpo de necessidades básicas, como conforto,
descanso, sono ou alimentação.
Vigílias e longos jejuns também são usados para o mesmo propósito.
Tanto o jejum como as vigílias são bíblicos e trazem benefício quando
conduzidos pelo Espírito. Infelizmente alguns praticam vigílias
e jejuns para se privar de descanso e alimento e, assim, subjugar o
corpo. Isso não é bíblico; é ascetismo. Os ascetas chegam a jejuar
vários dias até desmaiar e perder a consciência, pois acreditam que
Buscar as coisas lá do alto

nesse ponto é que vencem a carne. Depois, porém, acabam caindo


ainda mais em pecado.
Nosso caminho é Cristo. Temos exercitado a fé ao praticar a imersão
na palavra e pregar o evangelho nas ruas. A imersão nos leva a colocar
a mente no espírito, e, com a mente renovada, saturada do Espírito, não
confiamos na habilidade humana, mas cremos no poder da verdade do
evangelho. Imergimos em porções da palavra profética para nutrir a
mente, a emoção e a vontade, o que resulta em transformação. Assim,
ao sair para pregar o evangelho, damos liberdade para a palavra
46 fazer a obra de Deus por nosso intermédio. Cheios do Espírito,
somos abastecidos da fé, que nos dá acesso ao plano espiritual para
cumprirmos a vontade de Deus.
A esperança da glória nos motiva a não desistir. Quando Cristo
voltar, seremos glorificados e continuaremos a viver pela vontade
de Deus; também receberemos o galardão de vencedores e
reinaremos mil anos com Cristo (Ap 20:6). Essa esperança é nossa
motivação para perseverar e jamais desistir. Tendo tal esperança,
nossa experiência de vida não será de altos e baixos; antes, teremos
constância no viver da igreja. A fé e a esperança são para inserir-
nos na própria realidade de Deus. Quando isso acontecer, a fé e a
esperança não terão mais utilidade, pois já estaremos com Cristo
em Deus. Então restará apenas o que fica para a eternidade: o amor.
Tudo o que fazemos hoje visa ao amor.
Deus deseja entrelaçar-nos com amor por meio da palavra profética
que nos supre Cristo. Paulo escreveu aos colossenses sobre essa
rede de amor, na qual estamos entrelaçados com Cristo, e é Ele
quem traz o próprio Deus como a urdidura de amor dessa tecelagem
celestial. A urdidura refere-se aos fios longitudinais, representando
o amor de Deus em Cristo, que recebemos ao crer na palavra. Com
isso passamos a amar as pessoas e saímos às ruas para pregar o
evangelho. Se contatamos as pessoas motivados pelo amor, obtemos
experiências que nos fazem tecer fios transversais com essas pessoas,
confeccionando, assim, um tecido de amor. O amor exige sacrifício,
labor, abnegação, renúncia e entrega sem esperar nada em troca. As
experiências maravilhosas de salvar as pessoas nas ruas farão parte de
nossa história diante de Deus e nunca serão apagadas; ficarão para a
eternidade. Os que ficarem presos ao egoísmo, procurando preservar-
se, não terão história alguma para contar.
Praticando a imersão na palavra de Deus, aprofundamo-nos no
encargo de Deus e abrimos a mente para que o rio da graça flua e
penetre nossa alma. É tão eficaz que vários milagres têm acontecido.
A cruz ou ascetismo?

Isso também se deve ao agir de Deus quando imergimos na palavra


profética. As igrejas, por exemplo, têm praticado cada vez mais a
imersão na palavra, e a obra de Deus tem sido realizada não apenas
na América do Sul, Central e do Norte, como também na África,
Europa e Oceania.
Estamos chegando também ao sudoeste asiático pelo Timor Leste
e Coreia (em breve haverá irmãos colportores na Coreia). Alguns
irmãos africanos e coreanos estão no Brasil, e, quando voltarem a seus 47
continentes, certamente ali haverá mudanças. Também há pessoas
sedentas pela palavra na Europa, onde se considerava que ninguém
queria mais saber de Deus. O Senhor está realizando nosso sonho. Ele
é quem faz esta obra não por nossa capacidade própria, mas porque
buscamos viver no plano da fé, obedientes à palavra profética. Deus
está encontrando canal para fazer Sua obra em todo o mundo. O
Senhor está voltando, e muitos cristãos estão desapercebidos, vivendo
como nos dias de Noé, comendo, bebendo, casando-se, dando-se em
casamento, como se nada estivesse acontecendo. Preparemo-nos!

Pergunta: O que acontece em nós quando imergimos na palavra?

Meu ponto-chave:
Buscar as coisas lá do alto

48
SEMANA 3 – QUINTA-FEIRA
Leitura bíblica:
Rm 12:2
Ler com oração:
“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis
o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o
vosso culto racional” (Rm 12:1).

NOSSO CULTO RACIONAL


Ainda nos primórdios da igreja, Paulo advertiu os irmãos de que
os rudimentos do mundo têm aparência de sabedoria, mas não são
segundo a palavra de Deus. Como já mencionei em dias anteriores,
o ascetismo, ou ascese (áskesis em grego), era considerado um
exercício espiritual para a libertação das concupiscências da carne.
Mas, na verdade, consiste numa prática que visa ao desenvolvimento
espiritual, baseado na renúncia ao prazer dos sentidos do corpo.
Grande engano! Ascetismo é uma doutrina filosófica que defende a
abstenção de prazeres físicos e psicológicos, acreditando ser esse o
caminho para atingir-se a perfeição e o equilíbrio moral e espiritual.
Os que praticam esse aperfeiçoamento na carne desconhecem que a
solução dos problemas do ser humano está em viver a vida cristã pela
fé, que é a dimensão espiritual onde Deus habita.
O ascetismo instalou-se no cristianismo nos primeiros séculos, dando
origem ao monasticismo, e consolidou-se entre o século IV e início do
século V, como movimento singular e radical com a figura enigmática
do monge asceta, com regras de conduta e valores centrados nas
práticas ascéticas. Os monges acreditavam ter chamamento especial
e buscavam a vida cristã mais elevada, submetendo-se a severas
restrições para atingir a desejada santidade. Retiravam-se para lugares
desertos e dedicavam-se à intensa meditação nas coisas divinas, em
que a mente estaria inteiramente separada de assuntos naturais. O
A cruz ou ascetismo?

corpo era considerado um estorvo às aspirações espirituais, e, para


reprimir seus sentidos, executavam trabalhos pesados, torturas e os
mais insanos e doentios regimes, abstendo-se de sono e alimento até
a exaustão.
Essa prática foi uma armadilha de Satanás, pois, se todos buscassem a
espiritualidade dessa forma, refugiando-se em cavernas e monastérios,
não haveria quem edificasse a igreja. A Bíblia nos fala em mortificar
os feitos do corpo, e não em mortificar o corpo: “Assim, pois, irmãos, 49
somos devedores, não à carne como se constrangidos a viver segundo
a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte;
mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente,
vivereis. Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são
filhos de Deus” (Rm 8:12-14). O caminho de Deus não é mortificar
o corpo, e sim, por meio do Espírito, mortificar os feitos do corpo
para viver para Deus. Assim, devemos apresentar-nos ao Senhor para
servi-Lo pregando o evangelho e edificando a igreja: “Não sabeis que
os vossos corpos são membros de Cristo?” (1 Co 6:15a).
Nosso corpo é membro de Cristo; vamos apresentá-lo a Deus! Ele
quer usá-lo como membro do Corpo de Cristo: “Rogo-vos, pois,
irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”
(Rm 12:1). Um sacrifício vivo, santo e agradável é apresentar nosso
corpo ao Senhor e colocá-lo a Sua disposição. É por isso que Satanás
quer e tenta destruir nosso corpo, impedindo-nos de oferecer a Deus o
mais racional serviço.
Para exercitarmos o espírito, o corpo precisa cooperar. A boca invoca
o nome do Senhor e proclama trechos da imersão na palavra. Então
a mente renova-se e abre-se, e Deus consegue fazer Cristo fluir para
a alma, tomando conta da mente, emoção e vontade. Na rua, cheios
do Espírito, seremos usados para aplicar a palavra profética e levar
pessoas à salvação, impedir suicídios, reatar casamentos e testemunhar
milagres. Praticando esse serviço mais racional, entenderemos qual é
“a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12:2b).

Pergunta: Como podemos ter a realidade de uma vida espiritual elevada?


Buscar as coisas lá do alto

Meu ponto-chave:

50
SEMANA 3 – SEXTA-FEIRA
Leitura bíblica:
Cl 2:20
Ler com oração:
“Se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o
seremos também na semelhança da sua ressurreição” (Rm 6:5).

MORREMOS E RESSUSCITAMOS COM CRISTO


A redenção realizada pelo Senhor também nos livra dos rudimentos
do mundo, pois estamos identificados com Ele em Sua morte: “Se
morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se
vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças?” (Cl 2:20). A prática
de ordenanças e regras de conduta, do tipo “não faça isso, não faça
aquilo”, não soluciona o problema da carne pecaminosa. A solução para
nós é morrer com Cristo. Ainda adolescente, fui pela primeira vez com
os irmãos pregar o evangelho em Belo Horizonte, onde haveria uma
conferência de três dias. Quando voltei para São Paulo, o mundo não
me atraía e estava sem cor. Antes eu havia aprendido na religião que
deveria tapar os olhos ao passar perto de banca de jornal para não ver
certas revistas. Mas, depois daquela viagem, fiquei cheio do Espírito, e
o mundo não exercia atração sobre mim. Desde cedo é preciso ensinar
os adolescentes a exercitar o espírito, pois hoje facilmente podem ter
acesso a todo tipo de lixo e imoralidade. Como podemos impedi-los de
ver essas coisas? Ajudando-os a imergir na palavra para exercitarem o
espírito a fim de pregar o evangelho. Assim, descobrirão qual é “a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12:2b).
Quando há problema no casamento e um dos cônjuges pede
perdão e promete: “Nunca mais vou fazer isso”, esse “nunca mais”
não funciona. Tampouco funciona o “não toque nisso, não manuseie
aquilo”. O que funciona é colocar a mente em nosso espírito humano
mesclado com o Espírito de Deus.
A cruz ou ascetismo?

O ascetismo e demais conceitos gnósticos visam substituir Cristo


e Sua obra na cruz pela sabedoria humana. Cristo já resolveu na cruz
o problema da carne do pecado, contudo o homem prefere coisas
palpáveis do plano terreno a viver pela fé em Deus. O gnosticismo
afirma que toda matéria é má e responsável pelos sofrimentos. Por
isso julga que os castigos ou privações severas do corpo são a solução
para restringir a indulgência da carne. Essa sutileza de Satanás desvia
o foco da obra de salvação de Deus por meio de Cristo e anula a 51
utilidade do corpo humano no serviço a Deus, prejudicando, assim,
a edificação da igreja. Se vivêssemos isolados num monastério, não
haveria pregação do evangelho, não haveria edificação da igreja nem
rede de amor.
A solução de Deus para a carne é a cruz. A morte de Cristo aniquilou
nosso velho homem, e Sua ressurreição nos faz viver e andar em
novidade de vida. Vivemos para Deus: “Fomos, pois, sepultados com
ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado
dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em
novidade de vida” (Rm 6:4). O verdadeiro acesso ao plano superior
não está no gnosticismo nem nas orientações de alguns iluminados que
alegam ter uma vida livre da carne no plano terreno. A real libertação
da carne consiste em andar em novidade de vida no plano espiritual da
fé, mediante a vida ressurreta de Cristo.
Podemos viver em outra esfera “porque, se fomos unidos com
ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na
semelhança da sua ressurreição, sabendo isto: que foi crucificado com
ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído,
e não sirvamos o pecado como escravos” (Rm 6:5-6). Não destrua seu
corpo. Cristo já destruiu o corpo do pecado, para não mais servirmos o
pecado como escravos. Deus já resolveu essa questão! Quando Cristo
foi à cruz, crucificou ali nossa carne: “Ou, porventura, ignorais que
todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua
morte?” (v. 3). No momento em que creu e aceitou Jesus, o Espírito
batizou você, tirou-o do homem caído e o introduziu como membro
no Corpo de Cristo. Foi um fato espiritual invisível: você se tornou
membro do Corpo de Cristo! O batismo nas águas é o testemunho
exterior da realidade espiritual, que ocorreu no momento em que você
creu: você foi batizado no Corpo de Cristo pelo Espírito. Embora
Buscar as coisas lá do alto

ainda esteja na terra, pela fé você pode viver em ressurreição no plano


celestial, livre da carne que o ascetismo tenta eliminar.

Pergunta: Qual é a solução de Deus para a carne?

Meu ponto-chave:

52
SEMANA 3 – SÁBADO
Leitura bíblica:
Rm 6:6-7, 14; 1 Co 9:27; Ef 4:23
Ler com oração:
“Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador
com ele” (1 Co 9:23).

LIVRES DO PODER DO PECADO PARA SERVIR A DEUS


Quando cremos em Jesus, morremos com Cristo para também
viver com Ele: “Porquanto quem morreu está justificado do
pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com
ele viveremos” (Rm 6:7-8). Nossa vida é com Cristo; Ele está na
esfera celestial e também está em nós. Por isso temos de viver pela
fé, pois “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11:6). E mais:
“Sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos,
já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele” (Rm 6:9). O
homem caído está sob o domínio da morte; nós, não. Já morremos
com Cristo e fomos ressuscitados com Ele: “Quanto a ter morrido,
de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver,
vive para Deus” (v. 10).
Estamos em Cristo, e não mais no velho homem: “No sentido de
que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se
corrompe segundo as concupiscências do engano” (Ef 4:22). Antes
vivíamos no plano terrenal, sob a influência do engano, do pai da
mentira, Satanás. Ele é o próprio engano, a própria mentira, e age
atiçando as concupiscências para suscitar cobiça, atraindo o ser
humano a cair na prática dos prazeres carnais, aprisionando-o no
engano e fazendo-o viver o tempo todo no velho homem. A carne do
pecado procura dominar o homem, e o ascetismo não tem efeito contra
ela. Antes vivíamos no velho homem e éramos individualistas. Agora
fomos renovados no espírito de nosso entendimento (v. 23). O Espírito
A cruz ou ascetismo?

se apossou de nossa mente renovada e invadiu-nos com o rio da graça,


revestindo-nos do novo homem.
O novo homem não é individualista, e sim coletivo; é o Corpo
de Cristo, a igreja, a nova criação. Fomos reconectados ao plano
espiritual, à nova criação, ao novo homem, “criado segundo Deus, em
justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4:24). O novo homem é
constituído da própria verdade, que é a realidade, e vive em justiça e
em santidade. 53
Deus, por meio do Filho, “aboliu, na sua carne, a lei dos
mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em
si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos
em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo
por ela a inimizade” (Ef 2:15-16). Esse novo homem é o Corpo de
Cristo, que é coletivo e não tem espaço para o individualismo. Tendo
sido crucificado o velho homem, o corpo do pecado foi destruído
para não mais servirmos o pecado como escravos. Quem morreu está
justificado do pecado (Rm 6:6-7).
O corpo do pecado, que é o corpo da morte, é o instrumento do velho
homem para cometer pecado: “Desventurado homem que sou! Quem
me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7:24). A cruz de Cristo destruiu
esse corpo, que é a carne do pecado: “O que fora impossível à lei, no
que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio
Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e,
com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado” (8:3). O problema do
ser humano está na carne do pecado, e, para libertar-nos, Deus enviou
Seu Filho; Ele é a Palavra que se fez carne. Jesus veio em semelhança
da carne do pecado, mas sem o elemento do pecado. Ao ser crucificado,
levou a carne à cruz, e Deus condenou o pecado na carne.
Agora, livres do poder do pecado, não precisamos tentar destruir
o corpo como os ascetas fazem. Pelo contrário, podemos oferecer
nossos membros a Deus: “Nem ofereçais cada um os membros do seu
corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos
a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a
Deus, como instrumentos de justiça” (Rm 6:13). Usemos o corpo
como instrumento de justiça. Aos coríntios, Paulo fala de “esmurrar
o corpo”, que significa fazer o corpo obedecer ao Espírito a fim de
realizar a vontade de Deus (1 Co 9:27). Assim, o pecado não terá
Buscar as coisas lá do alto

mais domínio sobre nós, pois já não estamos debaixo da lei, mas da
graça (Rm 6:14).

Pergunta: Como Deus livrou o homem da carne do pecado?

Meu ponto-chave:

54
SEMANA 3 – DOMINGO
Leitura bíblica:
Jo 7:38-39; 14:16-17; 1 Co 15:45
Ler com oração:
“Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os
que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora
dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado” (Jo 7:39).

O PODER DA LEI DO ESPÍRITO DA VIDA


DISPONÍVEL EM NOSSO ESPÍRITO
Os falsos mestres queriam levar os colossenses de volta à prática
da lei, com seus ritos, cerimônias e dietas, por isso Paulo os advertiu:
“Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de
festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra
das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo [...]. Se
morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como
se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: não manuseies
isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro, segundo os preceitos
e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se
destroem” (Cl 2:16-17, 20-22).
Os cristãos foram tão pressionados pelo judaísmo, que o apóstolo
Paulo precisou instruir as igrejas: “Eu, mediante a própria lei, morri
para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo;
logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse
viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus,
que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2:19-20). O
cerimonialismo judaico trouxe muita influência para a igreja nos
primeiros séculos de sua história, atingindo o ápice no período
representado pela igreja em Tiatira.
A maioria das nações estava dominada pelo paganismo, com
seus ritos, vestimentas, cerimônias, sacerdotes, templos e adoração
A cruz ou ascetismo?

aos deuses falsos; os sacerdotes, inclusive, possuíam vestimentas


diferenciadas. Para impressionar os pagãos a abraçar a nova religião,
introduziram nas igrejas coisas do Antigo Testamento: templos maiores,
como os que até hoje se veem na Europa, construções suntuosas, com
pé direito altíssimo para mostrar a grandiosidade da religião. Ao entrar
ali, as pessoas sentem-se pequenas e ficam subjugadas. Os sacerdotes
que oficiavam eram bem paramentados com belas roupas douradas e
coloridas. Nos primeiros séculos, isso atraiu muitos à igreja. Mas o
55
caminho para atrair as pessoas deve ser Cristo e a Palavra de Deus,
pois outras coisas não têm efeito algum contra o pecado.
Apenas um viver genuinamente firmado em Cristo vence as
concupiscências da carne: “Agora, pois, já nenhuma condenação há
para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em
Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte” (Rm 8:1-2). Para
nos livrar da lei do pecado e da morte, Cristo passou pelo processo
de encarnação, viver humano, crucificação, morte, ressurreição e
ascensão para tornar-se o Espírito da vida: “Porventura, não convinha
que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória?” (Lc 24:26). Cristo
morreu e, quando Deus O ressuscitou, foi introduzido na glória do Pai.
É por isso que fluem rios de água viva do interior de todos os que Nele
creem e O recebem como o Espírito (Jo 7:38-39).
O Espírito é o outro Consolador, o Espírito da verdade (Jo 14:16-17),
o qual era o próprio Jesus que habitava com os discípulos, e entrou
neles após ressurgir e ser glorificado. Jesus se tornou o Espírito da
vida (1 Co 15:45) e hoje vive em nosso interior, exercendo em nossa
vida um poder superior à lei do pecado e da morte.
Podemos comparar a lei do pecado e da morte à lei da gravidade,
à qual todos estamos sujeitos. Tudo o que for lançado no ar, não
importando a altitude, será puxado para baixo pela gravidade. Portanto,
no plano terreno, mesmo praticando ascetismo ou gnosticismo, se
formos para as alturas, cairemos do mesmo jeito. Quem viver na carne
cairá. Entretanto, se o Espírito da vida, que é o próprio Cristo, habitar
nosso espírito, exercerá sobre nós um poder maior que a gravidade,
pois é a lei do Espírito da vida. Essa lei é como se fosse um foguete,
que consegue levar o homem para o espaço sideral. Ela é tão poderosa
que é capaz de vencer a lei do pecado e da morte, fazer o homem sair
da atmosfera terrenal e levá-lo para as regiões celestiais. Todo esse
Buscar as coisas lá do alto

poder está disponível em nosso espírito. Basta exercitar o espírito para


usá-lo. Por isso é tão importante a imersão na palavra, pois nos ajuda a
praticá-la e nos leva a viver pela lei do Espírito da vida.

Pergunta: Por qual processo Jesus passou para se tornar o Espírito da vida?

Meu ponto-chave:
56
SEMANA 4 – SEGUNDA-FEIRA
Leitura bíblica:
Mt 20:1-16; Lc 12:32; Jo 3:8; 2 Pe 1:19; Ap 3:8
Ler com oração:
“Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e
aquelas que não são, para reduzir a nada as que são” (1 Co 1:28).

A IGREJA EM FILADÉLFIA: UM VIVER


FORA DO CONVENCIONAL
O título desta semana é “Buscar as coisas lá do alto onde
Cristo vive”. Por muito tempo, o Senhor tem difundido Seu
falar a Sua igreja na terra, mas somente agora, em Filadélfia, o
Senhor consolidou a realidade da igreja. Isso é evidenciado pela
prática da imersão na palavra, que firma nossa mente no espírito
e nos faz viver em novidade de vida, derrubando as fortalezas
da mente natural. Todas as experiências pelas quais Jesus passou
aqui na terra estão no Espírito, e Ele atende a todas as nossas
necessidades. Hoje o Senhor espera de nós cumplicidade,
obediência, simplicidade e foco.
Quando saímos às ruas para pregar o evangelho, percebemos
que as pessoas são como marionetes dominadas pelo império das
trevas, debaixo de escravidão, opressão, falsidade, vaidade, vazias
interiormente. Mas, se as trevas estão mais densas, isso indica que
o raiar do dia já está próximo.
A história da igreja já dura dois mil anos, e Deus não vai esperar Buscar as coisas lá do alto onde Cristo vive
mais para encerrar esta era. No primeiro século, o Espírito Santo
contou com Seus enviados, os apóstolos, mas, a partir do segundo
século, iniciou-se a degradação. No início do século XVI, houve
um esboço de restauração com a chamada Reforma Protestante,
mas alguns vícios continuaram, pois a degradação já estava
instituída na igreja. No século XVIII, o Senhor começou a usar
os irmãos moravianos, sob a liderança do conde Zinzendorf1. Eles
perceberam que o clericalismo e a hierarquia eram uma das causas

1
Conde Zinzendorf, natural da Morávia (República Tcheca atual). Em 1730
acolheu irmãos, passando a viver a unidade dos filhos de Deus. Inspirado
por essa experiência, em 1732 começou a formar missionários na aldeia de
Herrenhut, enviando-os depois para o Caribe, América do Norte, América
do Sul, África e Índia, conforme biografia impressa no Jornal Árvore da
Vida, nº 32, página 6. 57
da degradação no século II e passaram a chamar-se simplesmente de
irmãos, começando a viver o amor fraternal.
O mesmo aconteceu no final do século XIX, em Plymouth, na
Inglaterra, com os Irmãos Unidos2. Entretanto entre eles começaram
a surgir atritos e divisões por causa de diferentes interpretações
bíblicas. No século XX, Deus usou os irmãos Watchman Nee e
Witness Lee, e muitas verdades foram restauradas, especialmente
aquelas relativas à igreja.
Nós nos apoiamos sobre essa base, sobre essas verdades
concernentes à igreja. No entanto ainda faltava a consolidação da
realidade da igreja em Filadélfia. O Senhor usou aqui na América
do Sul, no Brasil, o irmão Dong Yu Lan para dar prosseguimento
a Sua obra. Sabemos que, nos quarenta anos de seu ministério,
ele sofreu muito, pois a primeira geração ainda estava sob forte
influência de uma cultura religiosa, mas o Espírito conseguiu
formar uma base, e hoje estamos sobre esse fundamento. O
Senhor está consolidando a realidade da igreja em Filadélfia em
nossos dias.
Para o Senhor completar Sua restauração, temos de ser uma
geração especial, que não serve a Deus da maneira tradicional,
pois esta não trará o Senhor de volta. A igreja em Filadélfia tem
pouca força e não é numerosa (Ap 3:8). Ela é chamada de pequeno
rebanho, mas aprouve a Deus dar Seu reino a esse pequenino
rebanho (Lc 12:32).
Somos os trabalhadores da última hora. Diferentemente dos
trabalhadores convencionais, trabalhamos de forma dinâmica,
reforçada, não vivendo uma vida da igreja estática e tradicional.
Como queremos trazer o Senhor de volta, temos de trabalhar “fora
da caixa”, ou seja, fora do convencional (Mt 20:1-16).
Buscar as coisas lá do alto

O Espírito é que conduz todas as coisas, como o vento que sopra para
onde quer, e não sabemos de onde vem nem para onde vai (Jo 3:8). A
palavra profética é uma grande segurança para nós, porque é a
candeia que brilha na noite escura e nos conduzirá ao raiar do dia
(2 Pe 1:19). Por isso não esperemos dias tranquilos, cômodos na vida
da igreja. O Senhor precisa de nós trabalhando intensamente!

2
John Nelson Darby, Irmãos Unidos, 1800-1882. Vida e obra descrita no
58 Jornal Árvore da Vida, nº 10, página 8.
Pergunta: O que podemos fazer para colaborar com a volta do Senhor?

Meu ponto-chave:

Leitura de apoio:
“A palavra profética na era do Apocalipse” – cap. 3 – Pedro Dong.
“Vida cristã 110%” – cap. 1 – Pedro Dong.
“Sala de guerra – Uma palavra aos líderes” – cap. 4 – Pedro Dong.

Buscar as coisas lá do alto onde Cristo vive

59
SEMANA 4 – TERÇA-FEIRA
Leitura bíblica:
Cl 2:23; 1 Ts 2:13
Ler com oração:
“Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra” (Cl 3:2).

A FÉ VEM PELA PALAVRA


Pela misericórdia do Senhor, quando nos convertemos, recebemos
a palavra do evangelho e cremos, e a fé surgiu em nós. Não só a fé
de Cristo Jesus, mas a fé como uma reação a Cristo, à palavra do
evangelho. A fé que recebemos é um presente de Deus e nunca sairá
de nós. Ela nos faz ter acesso às coisas celestiais, algo que o homem
comum não tem. As pessoas que vivem para as coisas visíveis,
pensando nas coisas aqui da terra e buscando-as, não saem desta
dimensão, não passam da esfera terrena.
Portanto, pela fé que obtivemos ao receber o Senhor Jesus, passamos
a ter uma habilidade que os outros não têm: o acesso a Deus. A fé é
como uma porta pela qual entramos ao crer. Não precisamos viver
como os incrédulos, lutando pelas coisas da terra, mas temos acesso
às coisas eternas, ao próprio Deus, e tocamos em Sua própria essência,
que é luz e amor. Também temos acesso às virtudes humanas perfeitas
de Cristo, algo que muitos cristãos nem sequer percebem. Continuam
vivendo na esfera terrena, correndo atrás do vento como todo mundo,
tendo uma vida de conflitos, tentando ser bons cristãos, num ciclo de
pecar, arrepender-se e pecar novamente.
Acerca desse ciclo, Paulo escreveu em Romanos: “Nem mesmo
compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro,
e sim o que detesto” (7:15). E, mais adiante também: “Desventurado
homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (v. 24).
Buscar as coisas lá do alto

O Senhor, entretanto, proveu livramento, pois Paulo conclui: “A lei


do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da
morte” (8:2). Pela fé temos acesso à lei do Espírito da vida, que está
nos céus, em Cristo.
A solução para nossos pecados não está em combater nossa carne,
como os gnósticos e ascetas fazem. O ensinamento ascético (filosofia
que defende o autocontrole dos prazeres físicos e psicológicos
como caminho para se chegar a Deus) não tem valor algum contra a
sensualidade (Cl 2:23). Muitos cristãos caem em depressão, angústia
60 e têm uma vida atribulada, porque não sabem como viver na esfera
da fé. A fé é a porta de acesso às coisas celestiais, porque já fomos
crucificados com Cristo. Unimo-nos a Ele em Sua morte pelo batismo
e com Ele também ressuscitamos, para hoje viver em novidade de vida.
Em Romanos, se menciona: “Considerai-vos mortos para o pecado”
(6:11). Esse “considerai-vos” não é um exercício mental porque
por experiência já sabemos que, quanto mais nos esforçamos para
considerar-nos mortos, mais vivos ficamos. O caminho é a fé que vem
pela palavra de Deus, conforme lemos: “A fé vem pela pregação, e a
pregação, pela palavra de Cristo” (10:17). A fé nos leva a buscar as coisas
lá do alto, onde Cristo vive, e a pensar nelas. A fé nos foi dada quando
aceitamos o evangelho e continua funcionando por meio do operar da
palavra de Cristo. Muitos pensam que a fé é como uma capacidade
natural, usada, por exemplo, para se obter a cura de enfermidades sem
o uso de medicações. A fé depende da palavra de Deus. Se Ele nada
falou sobre cura, devemos tomar a medicação necessária.
Segundo Andrew Miller, em seu livro “A História da Igreja”, os
tesouros da palavra profética foram destrancados para a igreja em
Filadélfia. De fato, nestes últimos anos, o Senhor nos tem feito ver
como a palavra profética funciona. Essa também foi a experiência da
igreja em Tessalônica. Os tessalonicenses não questionaram a palavra
de Paulo, se era ou não palavra de Deus, mas creram, e ela operou
eficazmente neles (1 Ts 2:13).
Nossos colportores já descobriram esse segredo desde 2017. Eles
viram que a palavra lhes dá força para o exercício da fé, para viver
em realidade. Viram também que a colportagem não deve ser feita
Buscar as coisas lá do alto onde Cristo vive

visando a interesse próprio, mas por amor às pessoas; que praticar


a imersão na palavra profética é a maneira de se encher do amor de
Deus, de exercitar o espírito e de viver na dimensão da fé.

Pergunta: Como podemos fortalecer nossa fé?

Meu ponto-chave:

61
SEMANA 4 – QUARTA-FEIRA
Leitura bíblica:
Rm 8:5-6; 1 Co 14:14; 2 Co 3:6
Ler com oração:
“O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem,
nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito” (Jo 3:8).

COLOCAR A MENTE NO ESPÍRITO


PELA IMERSÃO NA PALAVRA
Somos os trabalhadores da última hora, e o Senhor tem pressa em
concluir a edificação da igreja. Por isso não podemos continuar a viver
da maneira tradicional. Quando imergimos na palavra, exercitamos o
espírito; a fé, então, vem, e passamos a viver em novidade de vida. A
fé é a porta pela qual temos acesso às coisas celestiais, e a mente é a
porta de entrada da alma.
Em sua primeira epístola aos coríntios, Paulo disse: “Os espíritos
dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas” (14:32). Quer dizer
que nosso espírito depende de um comando para ser ativado. No
versículo 14, lemos que, se oramos apenas em línguas, nossa mente
fica infrutífera. Antes vivíamos com a mente nas coisas terrenas,
satisfazendo aos anseios e prazeres da carne, e o resultado era a morte.
O Senhor hoje nos tem levado a exercitar o espírito pela imersão na
palavra. Quando exercitamos nosso espírito com a palavra, a mente
volta-se para o espírito e torna-se frutífera. O espírito se comunica com
a mente mediante a consciência. Quando ele é exercitado, a mente é
renovada e se inclina para o espírito (Rm 8:5-6). Por isso precisamos
manter nossa mente no espírito, pois ela é a porta de entrada para a
alma. Quando a mente é renovada pela palavra, passamos a gozar das
riquezas de Deus. O fato de estarmos crucificados com Cristo e termos
ressuscitado com Ele há dois mil anos torna-se realidade para nós.
Buscar as coisas lá do alto

Se não tomarmos posse desse fato, nunca teremos essa realidade. A


maneira de tomarmos posse é exercitar o espírito, praticar a imersão
na palavra e colocar a mente no espírito, o que resultará em vida e paz.
Assim passamos a discernir essa realidade não pela mente racional,
mas pelo espírito.
No serviço ao Senhor, não devemos apoiar-nos em experiências
passadas, em nosso histórico cristão, em nossa capacidade ou
conhecimentos bíblicos, enfim, tudo o que está na esfera terrenal. Na
62 verdade, nossa suficiência vem de Deus. E, por isso, devemos aprender
a buscar o suprimento do Espírito e deixar o Senhor fazer Sua obra,
como está escrito: “Não que, por nós mesmos, sejamos capazes de
pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa
suficiência vem de Deus” (2 Co 3:5).
Deus nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não
da letra, mas do Espírito (2 Co 3:6). Não agimos pelo que sabemos
ou por nossa própria capacidade, mas pelo Espírito. Jesus disse a
Nicodemos: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não
sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido
do Espírito” (Jo 3:8). Essa deve ser nossa experiência. O que nos faz
entrar nessa realidade espiritual e pensar nas coisas lá do alto é o amor
reverente à palavra e a imersão na palavra profética.

Pergunta: Quais são os benefícios de permanecer no espírito?

Meu ponto-chave:

Buscar as coisas lá do alto onde Cristo vive

63
SEMANA 4 – QUINTA-FEIRA
Leitura bíblica:
2 Co 10:5; Ap 14:19-20; 19:20; 20:1-4, 6-10
Ler com oração:
“Desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu
beneplácito que propusera em Cristo” (Ef 1:9).

A PALAVRA DESTRÓI AS FORTALEZAS DA MENTE


Para tomar posse das riquezas de Cristo, precisamos colocar a mente
no espírito e pensar nas coisas lá do alto. Em nossa luta espiritual, esse
princípio também se aplica, conforme lemos: “Embora andando na carne,
não militamos segundo a carne” (2 Co 10:3). Andamos na carne, isto é,
ainda estamos neste corpo, na terra, mas não lutamos segundo a carne,
segundo as armas da terra: “Porque as armas da nossa milícia não são
carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós
sofismas” (v. 4).
Que armas são essas? Segundo o contexto, a primeira arma a que Paulo
se refere é a palavra. Em nossa mente natural, há muitas resistências,
fortalezas que lutam contra a palavra de Deus e contra tudo o que o Senhor
faz. Não vamos criar fortalezas em nossa mente, mas anular sofismas e
toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus (2 Co 10:5).
Ter conhecimento de Deus significa conhecê-Lo como Ele é, compreender
a maneira como Ele faz as coisas, como age. Ele quer encerrar esta era!
Precisamos deixar toda altivez que se levanta contra o conhecimento de
Deus e levar cativo todo pensamento à obediência de Cristo. Por meio do
amor à palavra profética e da imersão, tornamo-nos obedientes a Cristo.
O mistério da vontade de Deus é fazer Cristo encabeçar todas as coisas,
tanto as do céu como as da terra, na plenitude dos tempos. Para isso ocorrer,
precisamos chegar à total obediência a Cristo. Isso consiste em obedecer à
Buscar as coisas lá do alto

palavra profética, sem opiniões próprias nem resistência.


A imersão na palavra tem acontecido no PAC e no CEAPE. Lá até mesmo
irmãos mais experientes são aperfeiçoados por irmãos mais jovens. Isso
porque a equipe é obediente, focada, ama a palavra e crê nela, imergindo
nela durante todo o dia. Isso é o que Deus quer para a igreja.
A imersão na palavra profética também se aplica à vida conjugal. Os
eventos especiais para casais são prazerosos, mas o efeito é apenas
momentâneo, de curto prazo. Um casal, porém, que vai ao PAC aprende a
amar a palavra, experimenta o poder do evangelho nas ruas e renova a mente
64 pela imersão na palavra. Toda mente imersa na palavra é transformada. A
palavra muda qualquer pessoa, mas primeiramente muda cada um de nós.
E com certeza traz ao casamento mudanças práticas.
Somos os trabalhadores da última hora. Viver da maneira convencional
não vai trazer o Senhor de volta. Por isso tenhamos os pontos da palavra
profética impressos no bolso e os usemos para falar com colegas, amigos,
aonde quer que formos. Isso mudará nossa vida, trará alegria ao coração,
ao casamento, e a relação com a família e com a igreja mudará.
À medida que imergimos na palavra, um tecido de amor se forma entre
nós porque o amor de Deus nos preenche e muda nosso viver. Perguntamos
às pessoas: “Posso orar por você?”, porque acreditamos que esta não é uma
simples frase, mas dela saem o amor e o poder de Deus. Ela causa um
impacto naqueles que a ouvem. Quando você ora, o poder flui, e as pessoas
sentem o amor de Deus e a salvação chegando até elas. Nesse momento o
Senhor consegue tecer um tecido de amor. O amor está aumentando entre
nós e alcançando as pessoas nas ruas, algo diferente de meros ensinamentos
e de doutrinas.
Cada vez mais o Senhor nos leva à unidade. É um fato: Deus nos está
unindo. Se a igreja toda praticar isso, viveremos a realidade da edificação.
O amor, de fato, vai aumentar entre nós, e a harmonia vai imperar. Com
a igreja edificada, o Senhor voltará. Deixemos nossas opiniões de lado e
sejamos obedientes a Cristo, a ponto de constituirmos um tecido acabado e
pronto. Quando a igreja chegar ao nível da total obediência, Cristo voltará!
Ele vai punir toda desobediência, e nós vamos lutar junto com Ele. Em
outras palavras, nossa plena obediência viabilizará a Deus pisar o lagar de
Sua ira, mandar o anticristo, o falso profeta e seu exército para o lago de
Buscar as coisas lá do alto onde Cristo vive

fogo e Satanás para o abismo (Ap 14:19-20; 19:20; 20:1-3).


Como galardão, reinaremos com Cristo durante mil anos e, no final
desse tempo, Satanás será lançado no lago de fogo (Ap 20:4, 6-10). Daí em
diante, não haverá mais inimigos nem mais desobediência. O Senhor fará
isso por meio da fé, da palavra profética e da imersão, ações que produzem
amor e obediência.

Pergunta: O que a palavra profética opera em nós?

Meu ponto-chave:

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SEMANA 4 – SEXTA-FEIRA
Leitura bíblica:
Gn 1:2; Êx 26:32-33; Dt 8:7; Ez 1:5; Mt 27:51; Jo 7:39; Rm 8:2
Ler com oração:
“Disto farás o óleo sagrado para a unção, o perfume composto segundo
a arte do perfumista; este será o óleo sagrado da unção” (Êx 30:25).

A LEI DO ESPÍRITO DA VIDA E O


ÓLEO COMPOSTO DA UNÇÃO
A lei do Espírito da vida nos livra da lei do pecado e da morte; ela a
sobrepuja e vence (Rm 8:2). A lei do pecado e da morte é como a lei da
gravidade, que tudo atrai para baixo. Se usarmos, entretanto, o motor de
um foguete, seremos capazes de vencê-la. Esse foguete se compara à lei do
Espírito da vida, a única que pode vencer a lei do pecado e da morte. Essa
lei está em outra esfera, sendo acessível pela fé. Para ter acesso à lei do
Espírito da vida e vivê-la o tempo todo, precisamos da imersão na palavra.
Quando vir que está voltando para a esfera terrena, pratique a imersão na
palavra. Ela é o foguete que nos transporta para a esfera celestial.
O Espírito se tornou disponível para nós (Jo 7:39). Nesse trecho Jesus
disse que o Espírito ainda não havia sido dado. Já havia o Espírito de
Deus, pois no livro de Gênesis é relatado que o Espírito de Deus pairava
por sobre as águas (1:2), mas o Espírito até aquele momento não havia
sido dado ao homem porque Jesus ainda não havia passado pelo processo
de morte, ressurreição e glorificação. Esse é o Espírito mencionado no
Evangelho de João: “Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador,
a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que
o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o
conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós” (14:16-17). Esse
é o Espírito da verdade, que dá ao homem realidade. Jesus precisava
terminar Seu trabalho para o Espírito ficar pronto para ser enviado à terra.
Buscar as coisas lá do alto

O Espírito é prefigurado no Antigo Testamento pelo óleo sagrado da


unção. Em Êxodo, está escrito: “Disse mais o Senhor a Moisés: Tu, pois,
toma das mais excelentes especiarias: de mirra fluida quinhentos siclos,
de cinamomo odoroso a metade, a saber, duzentos e cinquenta siclos, e
de cálamo aromático duzentos e cinquenta siclos, e de cássia quinhentos
siclos, segundo o siclo do santuário, e de azeite de oliveira um him. Disto
farás o óleo sagrado para a unção, o perfume composto segundo a arte do
perfumista; este será o óleo sagrado da unção” (30:22-25). A base desse
66 óleo é o azeite de oliva, que é o Espírito de Deus.
Conforme mencionado, no livro de Gênesis vemos o Espírito de
Deus pairar por sobre as águas (1:2), e em Deuteronômio: “A ti te
foi mostrado para que soubesses que o Senhor é Deus; nenhum outro
há, senão ele” (4:35). O número um representa o Deus único. Deus é
um só: “Há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens,
Cristo Jesus, homem” (1 Tm 2:5). Então o número um representa o
Deus único, o azeite puro, na quantidade de um him. Temos também
na composição quatro especiarias, número que representa as criaturas,
das quais o homem é o principal (Ez 1:5).
Essas quatro especiarias estão divididas em três medidas de peso,
de quinhentos siclos cada. O número três representa o Deus Triúno.
O capítulo oitavo de Deuteronômio apresenta o Deus Triúno como o
manancial profundo, como a fonte e como o ribeiro (v. 7). Das três
medidas de peso, a do meio é dividida pela metade, em duas unidades
de duzentos e cinquenta siclos.
A primeira especiaria é a mirra, com quinhentos siclos. A segunda é
o cinamomo, com duzentos e cinquenta siclos. A terceira é o cálamo,
também com duzentos e cinquenta siclos. A última especiaria é a cássia,
com quinhentos siclos. No Tabernáculo, separando o Santo Lugar do
Santo dos Santos, há quatro colunas e três entradas (Êx 26:32-33). A
primeira entrada representa o Pai, a última representa o Espírito Santo
e a do meio representa o Filho, Cristo. Quando Jesus expirou na cruz, o
véu do Tabernáculo foi rasgado em dois, de cima a baixo, representando
Cristo, que foi partido na cruz por nós, cumprindo Sua eterna redenção
(Mt 27:51). Por isso as duas especiarias do meio estão repartidas em
Buscar as coisas lá do alto onde Cristo vive

duzentos e cinquenta siclos cada. Essas quatro especiarias, nessa


proporção, mais um him de azeite, formam o óleo sagrado da unção.

67
Jesus precisava morrer e ressuscitar, com todas as Suas experiências
humanas de encarnação, sofrimentos na terra, Seu viver perfeito como
homem, Sua morte que cumpriu a redenção eterna e Sua ressurreição,
levando-nos a viver na esfera da ressurreição. Todas as experiências
pelas quais Jesus passou tinham de estar nesse um him de azeite puro,
para que nós hoje tivéssemos o Espírito de Deus, com todos esses
elementos. Assim Ele atende a todas as nossas necessidades.
No óleo sagrado da unção, está o viver humano perfeito, o
mortificar da carne, o andar em novidade de vida e tudo o mais de
que precisamos. A imersão na palavra nos levará a essa realidade, à
dimensão celestial. Aleluia!

Pergunta: Qual é a relação entre o óleo sagrado da unção e o Espírito


mencionado em João 14:16?

Meu ponto-chave:
Buscar as coisas lá do alto

68
SEMANA 4 – SÁBADO
Leitura bíblica:
Cl 3:1-2
Ler com oração:
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo
a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança,
mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1 Pe 1:3).

CONHECER O PODER DA RESSURREIÇÃO


Já vimos que a lei do Espírito da vida vence a lei do pecado e da
morte. Ela atua em outra dimensão, acessível pela fé e pela imersão na
palavra. A lei do Espírito da vida que está em nós é simbolizada pelo
óleo sagrado da unção, composto de quatro especiarias e um him de
azeite, que continha todas as experiências pelas quais Jesus passou.
Ele precisou completar todo o Seu trabalho, de passar pela morte e
ressurreição, e então o Espírito ficou pronto para ser dado ao homem.
O óleo da unção simboliza o Espírito consumado, a manifestação
última e máxima do Deus Triúno processado. Dessas quatro especiarias,
a mirra representa a doçura da morte de Cristo; o cinamomo, a eficácia
da morte de Cristo; o cálamo representa a ressurreição; e a cássia, a
eficácia da ressurreição.
No Espírito há tudo de que precisamos. Por meio da imersão na
palavra, somos levados à esfera celestial: “Porque, se viverdes segundo
a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes
os feitos do corpo, certamente, vivereis” (Rm 8:13). A morte de Buscar as coisas lá do alto onde Cristo vive
Cristo tem grande poder, e, pela fé na palavra, experimentamos sua
doçura e eficácia. Não precisamos continuar a viver na carne, pois
o cálamo representa a preciosa ressurreição de Cristo. O Senhor não
só mortificou nossa carne, mas também nos levou para dentro da
ressurreição. Agora podemos viver para Deus.
O óleo sagrado da unção nos leva a ter experiências na dimensão
celestial: “Juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar
nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Ef 2:6). Embora vivamos na
terra com um corpo, não lutamos segundo a carne porque já fomos
transferidos para os lugares celestiais em Cristo Jesus. Tudo isso por
causa da ressurreição, de sua eficácia contida no óleo sagrado da
unção: o Espírito consumado.
Não fiquemos ponderando nas coisas aqui da terra, mas nas coisas
lá do alto. Quando Cristo ressuscitou, fomos ressuscitados juntamente 69
com Ele, por isso devemos buscar as coisas lá do alto (Cl 3:1-2).
Deus, por Sua misericórdia, nos regenerou mediante a ressurreição
de Jesus Cristo dentre os mortos para uma viva esperança (1 Pe 1:3).
A grande maravilha que o Senhor nos deu é uma viva esperança na
esfera celestial, não na esfera terrena.
A ressurreição de Cristo é como um elevador que nos leva para a
esfera superior. Tudo o que Deus tem e é está no Espírito, que recebemos
quando cremos. Ele oferece ao homem Sua vida, Sua natureza santa e
Seus atributos, bem como Sua essência, luz, amor e ainda tudo o que
Cristo realizou desde a encarnação até Sua morte e ressurreição.
Deus tornou-se carne e fez Sua obra de redenção, porque ama o
homem. Ele fez um plano para se reconectar com o homem: “Assim
está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O
último Adão, porém, é espírito vivificante” (1 Co 15:45). O último
Adão é Espírito que dá vida. O último Adão é Cristo, que se tornou
o Espírito, capaz de dar ao homem vida e tudo de que ele precisa.
Louvado seja Deus!

Pergunta: O que o poder da ressurreição opera em nossa vida?

Meu ponto-chave:
Buscar as coisas lá do alto

70
SEMANA 4 – DOMINGO
Leitura bíblica:
Hb 1:3; 5:7-9
Ler com oração:
“Embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que
sofreu” (Hb 5:8).

OBEDIENTES, SIMPLES E FOCADOS


Vamos encerrar a semana com uma revelação profunda e gloriosa,
que a mente convencional não pode compreender: a forma gloriosa de
Deus e Sua expressão exata em Cristo Jesus.
Jesus veio ao mundo, teve um viver humano, passou pela morte
de cruz e ressuscitou, tornando-se o Espírito que dá vida. Ele foi fiel
e obediente até o fim para cumprir a vontade de Deus. Cristo tinha
a forma de Deus, mas não se apegou a isso, conforme lemos em
Filipenses: “Que a atitude de vocês para com os outros seja governada
pela união ao [Cristo Jesus]: Apesar de ele viver na forma de Deus,
não considerou a igualdade com Deus algo a ser mantido pela força”
(2:5-6 BJC). Vincent, explicando a palavra “forma” no original grego,
diz que ela não deve ser entendida como shape (em inglês), nem
simplesmente como “aparência” ou “configuração externa”, tampouco
como mero contorno. “Forma” aqui indica o que Cristo é antes de Sua
encarnação, a própria imagem do Deus invisível.
Como podemos entender Cristo como a imagem do Deus invisível?
Ele é o resplendor da glória de Deus (Hb 1:3). Deus é a glória, e Cristo
Buscar as coisas lá do alto onde Cristo vive
é a forma da glória, Seu resplendor. Por exemplo, ninguém pode
aproximar-se do sol. No entanto, os raios solares trazem o sol até nós
como calor e luz. Sem a luz do sol, nada existiria. Do mesmo modo,
Cristo é aquele que traz o sol para o homem, na forma dos raios solares,
como calor e luz. Cristo trouxe Deus ao homem, para seu benefício.
Ele é a forma de Deus e a expressão exata de Seu ser, Aquele que traz a
substância de Deus até o homem.
Mesmo sabendo quem era, Cristo não considerou a igualdade
com Deus como algo a ser mantido irrevogavelmente. Ele nunca se
autopromoveu aqui na terra, mas andou de forma humilde, passando
por todo tipo de sofrimento e humilhação para cumprir o propósito do
Pai, por amor ao homem.
Continuando a leitura de Filipenses: “Ao contrário, esvaziou a si
mesmo, ao assumir a forma de um escravo, tornando-se como os 71
seres humanos são” (Fp 2:7 BJC). Impressionante! Ele esvaziou a Si
mesmo para assumir a forma de um escravo. Mudou de estado, mas
não de natureza, pois Ele é o resplendor da glória, a expressão exata da
substância de Deus, a imagem do Deus invisível!
Jesus nunca tirou proveito de quem Ele era de fato, mas veio à terra
por nossa causa e “humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a
morte - morte na estaca como um criminoso!” (Fp 2:8 BJC). Segundo a
versão da Bíblia Judaica Completa, Ele morreu em uma estaca, que era
a forma de punição para criminosos no Império Romano. Foi obediente
até a morte para sermos obedientes a Ele. Por isso, quanto mais
imergirmos em Sua palavra e a praticarmos, mais obedientes seremos.
Cristo, por Sua obediência, nos está conduzindo à glória. Na Epístola
aos Hebreus, está registrado que Jesus, embora sendo Filho, como homem
precisou aprender a obediência, permitindo que assim, por Ele, pudéssemos
ser conduzidos à glória (5:7-9). Em Sua vinda, seremos todos glorificados.
Deus quer levar-nos a viver na esfera celestial. Mergulhar na realidade
da palavra com amor reverente permite que nossa mente seja inundada,
renovada e nossa alma transformada; que sejamos enchidos do amor
de Deus. Assim, o tecido de amor é produzido no casamento, no
relacionamento com os filhos e com os colegas de trabalho. Onde quer que
estejamos, podemos tecer esse tecido de amor. Não podemos mais agir
segundo nossa própria vontade, vivendo dias que não são contabilizados
para Deus.
Se quisermos ser o grupo de pessoas que o Senhor usará para trazer
Seu reino de volta, consagração e obediência são imprescindíveis. Cada
vez nos tornaremos mais obedientes ao Senhor, mais simples e focados.
O Senhor quer tirar-nos do viver convencional. O caminho para isso é
amar a palavra profética, fazer imersão e praticar essa palavra, tornando-
nos mais obedientes. Assim tecemos o tecido de amor, ganhando muitas
Buscar as coisas lá do alto

pessoas para o reino de Deus e edificando Sua igreja. Não temos


recebido apenas conhecimento bíblico, mas o próprio falar do Senhor
para fazer Sua vontade e trazer Seu reino. Jesus é o Senhor!

Pergunta: Como podemos ser obedientes, simples e focados?

Meu ponto-chave:
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