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Requer, desde já, seja intimado o Apelado para oferecimento de contrarrazões, bem
como seja o recurso encaminhado para julgamento pelo Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais,
independentemente do juízo de admissibilidade, nos termos do art. 1.010 do CPC/15.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Procuradora do Município
Estagiária de Pós-graduação
OAB/MG 186.476
EGRÉGIO TRIBUNAL,
ILUSTRÍSSIMOS JULGADORES.
I – SÍNTESE DA DEMANDA
(...)
De acordo com a Lei do Petróleo, 10% do valor bruto de toda a produção de petróleo e
gás natural no Brasil devem ser recolhidos junto ao Tesouro Nacional. São os chamados Royalties do
Petróleo. Além destas, existe um tributo incidente sobre a renda líquida dos projetos de grande produção,
denominado Participações Especiais. Uma parcela significativa destas receitas é distribuída a Estados e
Municípios que atendem a determinados critérios ligados à proximidade de áreas produtoras e/ou afetadas
pelas atividades relativas à indústria petroleira.
Nesse sentido, a parcela até 5% estabelecida no art. 48, da Lei 9.478/97, que mantém os
critérios de distribuição anteriores estabelecidos pela Lei 7.990/89, tem foco nos poços produtores, logo,
há um maior número de municípios beneficiários, possuindo um caráter mais distributivo. Para os
beneficiários por IEDs, o rateio igual para todos. Basta existir movimentação de petróleo ou gás natural
na instalação para que o município beneficiário entre no rateio.
Destaca-se que o royalty é distribuído segundo a origem do petróleo e gás natural, não
importando a localização da instalação (terrestre ou aquática).
Ainda, a lei 12.734/12 inovou em relação à lei 9.478/97, com a previsão de que "os
pontos de entrega às concessionárias de gás natural produzido no País serão considerados instalações de
embarque e desembarque, para fins de pagamento de royalties aos Municípios afetados por essas
operações". Estes pontos, que desde 2012 são equiparados às instalações de embarque e desembarque, são
os chamados city gates.
Em síntese, a lei 12.734/12 promove uma equiparação jurídica entre os pontos de entrega
e as instalações de embarque e desembarque de petróleo e gás natural, para atribuir os mesmos efeitos
jurídicos a situações que, tecnicamente, se diferem.
As normas que dispõem sobre a matéria são claras e precisas ao estender a vantagem do
recebimento de royalties a todos os entes políticos que possuam em seu território ou sejam afetados por
“instalações marítimas ou terrestres de embarque e desembarque de óleo bruto ou de gás natural’, sem
qualquer distinção ou restrição”.
Logo, a ANP não agiu dentro dos limites de regulamentação da matéria afeta ao setor
energético quando editou uma portaria que extinguiu direito conferido pela Constituição e pelas Lei nº
7.990/89 e nº 9.478 ao Apelante.
A Lei nº 12.734/2012 foi editada para alterar as bases da repartição das participações
governamentais devidas, nos termos da Constituição, aos Estados e Municípios em cujos territórios
ocorra a produção de petróleo.
Em síntese, o diploma estabelece uma nova forma de rateio das participações, colocando
no centro das preocupações, não os entes produtores – como determina a Constituição -, e sim os Estados
que (i) não sofrem os impactos e os riscos associados à exploração de petróleo, e (ii) já se beneficiam de
uma regra especial quanto à incidência do ICMS.
Logo, em decisão liminar, o STF, através da ADI 4917-DF, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgamento em 18.03.2013, publicação em 21.03.2013, pôs em questão a validade constitucional dos
“arts. 42-B; 42-C; 48, II; 49, II; 49-A; 49-B; 49-C; 50; 50-A; 50-B; 50-C; 50-D; e 50-E da Lei Federal n.
O advento das normas provocou uma ruptura do próprio equilíbrio federativo, pois os
Estados não produtores passaram a se beneficiar da arrecadação de ICMS e de uma inusitada
compensação por prejuízos que nunca tiveram e, mesmo que se viesse a considerar válido o novo regime
de partilha dos royalties, seria manifestamente inconstitucional que se pretendesse aplicar essas novas
regras às concessões instituídas com base na legislação anteriormente vigente.
.
III – DA PRETENSÃO RECURSAL
Procuradora do Município
Estagiária de Pós-graduação
OAB/MG 186.476